1 equação de schrödinger e suas aplicações · cálculo do centro de massa e para acharmos o...

22
1 Equação de Schrödinger e Suas Aplicações André Luis Bonfim Bathista e Silva Instituto de Física de São Carlos – Universidade de São Paulo São Carlos – 2003

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Page 1: 1 Equação de Schrödinger e Suas Aplicações · cálculo do centro de massa e para acharmos o ... Para resolvermos a equação acima é melhor escreve-la em coordenadas esféricas

1

Equação de Schrödinger e Suas Aplicações

André Luis Bonfim Bathista e Silva

Instituto de Física de São Carlos – Universidade de São Paulo São Carlos – 2003

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2

1 Introdução

Em 1926, o físico austríaco Erwin Schrödinger (1887-1961) publicou quatro trabalhos

nos Annales de Physique Leipzig (1) nos quais desenvolveu a sua famosa Mecânica Quântica

Ondulatória, cujo resultado principal é a equação para as órbitas estacionárias dos elétrons

atômicos, a igualmente famosa equação de Schrödinger:

( ) ( )[ ] ( ) 02 ,,,,

2

,,2 =Ψ−+Ψ∇ zyxzyxzyx VE

mh [1]

Em relação ao trabalho de Bohr, o trabalho de Schrödinger foi bem mais completo. Uma

vez que prevê também o seguinte:

• As autofunções são correspondentes a cada autovalor.

• Prevê o cálculo da probabilidade de um determinado estado.

• Prevê o cálculo da probabilidade de transição de um estado para outro.

• Calcula os momentos angulares orbitais.

A equação de Schrödinger nada mais é que uma equação diferencial de segunda ordem,a

qual podemos aplicar para um sistema como o átomo de 1H e calcularmos os seus níveis de

energias correspondentes. Historicamente foi o primeiro sistema que Schrödinger tratou, onde os

autovalores de energia são os mesmos que previstos por Bohr.

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3

2 Construção da Equação de Schrödinger

Primeiramente temos que resolver um problema de dois corpos. Neste caso, podemos

reduzir o sistema de dois corpos a um sistema de um corpo (2), considerando a massa reduzida

do sistema:

21

21

mmmm

+=µ [2]

Este é o termo que é introduzido na equação Schrödinger e podemos adquiri-lo através do

cálculo do centro de massa e para acharmos o centro de massa temos que fazer a seguinte

igualdade m1r1=m2r2 e se variarmos r logo teremos o centro de massa. Considerando m2>>m1

2211 rmrm = [3]

21 rrr += [4]

21 rrr −= ; 12 rrr −= [4.1]

Substituindo [4.1] em [3] obtemos,

rmm

mr12

21 +

= e rmm

mr21

12 +

= [5]

Como o próton e o elétron estão translacionando e girando com velocidades próprias. Podemos

obter a expressão da energia cinética total do sistema e a velocidade angular.

22

222

211 vmvmEK += [6]

1

1

rv

=ω e 2

2

rv

( )2222

22112

1ωω rmrmEK += [7]

( ) 2222

2112

1ωrmrmEK +=

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4

sendo ( )222

2112

1 rmrmI += [8]

Substituindo [5] em [8]

2

21

21

21 r

mmmmI

+

= [9]

21

21

mmmm

+=µ [10]

22

21

ωµrEK = [11]

No átomo de 1H o núcleo é massivo e o elétron tem massa reduzida µ dada pela eq. [10]

de tal maneira que gira em torno do núcleo estacionário.

Figura 1: representação do átomo de hidrogênio

O potencial de interação (coulombiano) do elétron-próton é dado pela relação

( ) 2/12220

2

,, )(4.

zyxeZV zyx ++

−=πε

[12]

Onde e- = carga do elétron, Z = carga do núcleo ( para o 1H, Z = 1)

A eq. de Schroedinger dependente do tempo para este sistema é a seguinte relação,

conforme mostrado abaixo:

elétron

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5

tiV

zyxtzyx

tzyxzyxtzyx ∂

Ψ∂=Ψ+Ψ

∂+

∂+

∂− ),,,(

),,,(),,(),,,(2

2

2

2

2

22

2h

h

µ [13]

ou numa notação mais compacta: onde se consideramos o operador laplaciano

2

2

2

2

2

22

zyx∂

+∂

+∂

=∇ [14]

Assim a eq. de Schroedinger pode ser reescrita assim:

2

22

tiV

∂Ψ∂

=Ψ+Ψ∇ hh

µ [15]

Cuja solução é dada:

e-iEt/z)y,(x,t)z,y,(x,

hϕ=Ψ [16]

Onde ψ(x,y,z) é a função onda independente do tempo dada pela resolução da eq. de Schroedinger

independente do tempo a seguir:

),,(),,(),,(),,(2

2

2 zyxzyxzyxzyx EV Ψ=Ψ+Ψ∇−µh [17]

ou

Ψ=Ψ+Ψ

∂+

∂+

∂− EV

zyx zyxzyxzyx ),,,(),,(),,,(2

2

2

2

2

22

2µh

(x,y,z) [18]

Para resolvermos a equação acima é melhor escreve-la em coordenadas esféricas e usar o

método de separação de variáveis

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elétron

φ

θ

Próton y

x

z

Figura 2: representação da interação coulômbiana entre o próton e o elétron, aplicando as notações de coordenadas esféricas para resolver a equação de Schrödinger.

De acordo com a Figura 2, r é o raio vetor posição do elétron,

222 zyxr ++= [19]

θ é o angulo polar, o qual cresce a partir do eixo z para o plano xy

222 yx arccos

zz

++=θ [20]

e φ é o ângulo azimutal, o qual cresce de x para y.

xyarctg=ϕ [21]

onde temos

===

θφθφθ

rcoszsenrsenycossenrx

E o laplaciano em coordenadas esféricas é dado assim:

2

2

2222

22

sen1)(sen

sen1)(1

ϕθθθ

θθ ∂∂

+∂∂

∂∂

+∂∂

∂∂

=∇rrr

rrr

[22]

A equação de Schroedinger em coordenadas esféricas fica assim após aplicarmos o operador laplaciano esférico: eq. [18]

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7

),,(),,(),,(2

2

2222

2

2

sen1sen

sen11

2 φθφθϕθϕθθθ

θθµ rrr EVrrr

rrr

Ψ=Ψ+

∂Ψ∂

+

∂Ψ∂

∂∂

+

∂Ψ∂

∂∂

−h [23

]

Nota importante: Podemos escrever a função de onda ),,( φθrΨ Como um produto de três funções

(3) tal que

( ) )()()(,, θφθφ ΘΦ=Ψ rRr

1. A primeira R(r) = dependência em r ( radial afastamento do elétron)

2. A segunda Θ(θ) = dependência em θ (mostra a posição polar do elétron)

3. A outra função Φ(ϕ) = mede a posição azimutal do elétron na sua trajetória

Podemos realizar esta representação porque há um campo de força central na equação.

Aplicando agora a separação de variáveis. A equação [23] pode ser reescrita (veja notação da

derivada e o que deriva parte constante fica fora da derivada)

ΘΦ=ΘΦ+

ΦΘ+

ΘΦ

+

ΘΦ

− ER sen1sen

sen11

2 ),,(2

2

2222

2

2

RVdd

rR

dd

dd

rR

drdRr

drd

r r ϕθϕθθθ

θθµh

ΘΦ=ΘΦ+

ΦΘ+

ΘΦ

+

ΘΦ

− ER )(sen1sen

sen11

2 2

2

2222

2

2RrV

dd

rR

dd

dd

rR

drdRr

drd

r ϕθθθ

θθµh

[24]

Substituindo o potencial V(r )=- ΘΦRpor divindo e 4 0

2

re

πε a equação [23] fica:

22

2

0

222

2

22

2

1

4sen2sen

sensen m

dd

reEr

dd

dd

drdRr

drd

R−=

ΦΦ

−=

++

Θ

Θ+

ϕπεθ

µθ

θθ

θθh

[25]

)(constante

1 22

2m

dd

−=Φ

Φ−

ϕ

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8

2

0

222

2

22

2

4sen2sen

sensen m

reEr

dd

dd

drdRr

drd

R−=

++

Θ

Θ+

πεθ

µθ

θθ

θθh

[26]

Multiplicando por r2sen2 θ todos os membros fica

04

sen2

1sen

sen1sen

0

222

22

222

2=

++

ΦΦ

+

Θ

Θ+

reEr

dd

dd

dd

drdRr

drd

R πεθµ

ϕθθ

θθθ

h

Ou

04

sen2sen

sensensen

sen

sen

0

222

22

2

22

22

2

222

2

22

=

++

ΦΦ

+

Θ

Θ+

reEr

dd

rr

dd

dd

rr

drdRr

drd

rRr

πεθ

µϕθ

θθ

θθθ

θθh

Isolando os termos em ϕ (passando ao segundo membro)

Note : do lado direito a equação depende só de ϕ e do lado esquerdo a dependência é em θ e r.

Como temos uma igualdade a constante de separação (-m2) deve ser a mesma para ambas as

equações.

22

2

0

222

2

22

2

1

4sen2sen

sensen m

dd

reEr

dd

dd

drdRr

drd

R−=

ΦΦ

−=

++

Θ

Θ+

ϕπεθµ

θθ

θθθ

h

)(constante

1 22

2m

dd

−=Φ

Φ−

ϕ

2

0

222

2

22

2

4sen2sen

sensen m

reEr

dd

dd

drdRr

drd

R−=

++

Θ

Θ+

πεθµ

θθ

θθθ

h[27]

2

2

0

222

2

22

2

1

4sen2sen

sen1sen

ϕπεθµ

θθ

θθθ

dd

reEr

dd

dd

drdRr

drd

Φ−=

++

Θ

Θ+

h

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9

imraizes cujas 0dou 1 22

22

2

2±==+

Φ−=

ΦΦ

λϕϕ

md

mdd

logo a solução é

Ne)( imϕϕ ±=Φ [28]

que é a solução particular, sendo m número quântico magnético. Φ(ϕ) é a função onda átomo de 1H que contém toda a dependência em função do Potencial ϕ. Onde ϕ varia de 0 a 2π.

Normalizando a função Φ(ϕ)

1=ΦΦ

∫ ==ΦΦπ

ϕϕ ϕ2

0

im- 1Ne * deN im

∫ ==ΦΦπ

ϕϕ ϕ2

0

im-2 1e deN im [29]

ou π

π21N 1]2[2 =⇒=N

logo a função vale

ϕ

πϕ ime

21)( =Φ [30]

como única é )2()( ela⇒+Φ=Φ πϕϕ

mimeeee imimimim ππππϕϕ 2sen2cos11 22 +=⇒=⇒=

magnético) quântico número ( inteirom 3...210 m se satisfaz =±±±=queveja escolhe a

solução λ = im (movimento de giro elétron sentido horário).

Assim temos até o momento

)()(21),,( ϕπ

ϕθ ϕ Φ=Ψ rRer im [31]

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10

Tomando a equação [27] (5.15),

2

0

222

2

22

2

4sen2sen

sensen m

reEr

dd

dd

drdRr

drd

R−=

++

Θ

Θ+

πεθµ

θθ

θθθ

h

Dividindo por θ2sen fica

sen4

2sen

112

2

0

22

22

θπεµ

θθ

θm

reEr

dd

dd

drdRr

drd

R−=

++

Θ

Θ+

h [32]

Separando os termos da R(r ) da função Θ(θ) fica

sen

1sen4

212

2

0

22

22

Θ

Θ−−=

++

θθ

θθπεµ

dd

ddm

reEr

drdRr

drd

R h [33]

mesma a é separação de constante a igualdade a devido

)1(sen

1sen4

212

2

0

22

22 +=

Θ

Θ−−=

++

ll

dd

ddm

reEr

drdRr

drd

R θθ

θθπεµh

[34]

)1(4

21

0

22

22 +=

++

ll

reEr

drdRr

drd

R πεµh

[35]

Ou

)1(sen

1sen 2

2+=

Θ

Θ−− ll

dd

ddm

θθ

θθ [36]

Divide a [35] (5.19) por r2 e arrumando fica

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11

0)1(4

21

)1(4

21

0

22

22

2

0

22

22

2

=

++

++

+=

++

Rllr

eEdrdRr

drd

r

ou

RllRr

eEdrdRr

drd

r

πεµ

πεµ

h

h

[37]

Esta é a equação Radial – cujas soluções são as funções de Laguerre. Apresentaremos a solução

que é: Solução particular:

)(2)( 121

212/3

ξξξ +

+−

−= l

nl

n Lena

rR [38]

Sendo [ ]∑−−

=

+++ ++−−−

+−

+−−

=1

0

21

2/1

312

!)!12()!1()!()1(.

])![(2!)1()(

ln

p

ppl

ln pplplnln

lnnlnL ξξ

Com na

r2=ξ

n = 1,2,3..., l = 0,1,2,3..., m = l,-l+1,...l-1,l

Se n=1, l=0, area

rR /2/3

10 21)( −

=

Veja que se n=2, l=1 temos dois l=o e l=1, Nota 2

2

mqa h

=

arl

ar ea

ra

rReear

arR 2/

2/3

22/

2/3

20 321)()2(

21)( −−

=−

=

A outra equação:

( ) 0sen

1sensen

12

2=Θ

−++

Θ

θθθ

θθmell

dd

dd

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12

As soluções desta equação são as funções associadas de Legendre. Os harmônicos esféricos –

são soluções das equações diferenciais: )().( θϕ ΘΦ representadas por

[ ]

θξξ

ξξ

θ

ξθθ

θπ

ϕθ ϕ

cos

)1(!2

1)(

)(cos

)(sen)(

)()!(4)!(12

),(

2

2/1

=

−=

=

+

−+=

onded

dl

P

d

PdPonde

ePmlmll

Y

l

ll

ll

ml

mmm

l

immllm

A solução geral para o átomo de Hidrogênio é : ),()(),,( ϕθϕθ lmnnlm YrRr =Ψ e-(i/h)Et

Que pode ser escrita assim:

Com na

r2=ξ

n =1,2,3... número quântico principal

l =0,1,2,3... número quântico de momento angular

m = l,-l+1,...l-1,l número quântico magnético

[ ] tnEilm

ln

p

ppl

lnl

nlm eYpplpln

lnlnn

lnLena

r )/(1

0

21

2/1122

12/3 ),(.

!)!12()!1()!()1(.

! ][2!)1()()2(),,( h−

−−

=

+++

−∑ ++−−−

+−

+−−

−=Ψ ϕθξ

ξξϕθξ

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13

3 Números Quânticos

Cada conjunto de n, l, m define uma função de onda – que é um estado eletrônico do

átomo.

n = 1 camada k

n = 2 camada l

n = 3 camada m

n = 4 camada n

n = 5 camada o

As funções de onda de cada camada são chamadas de orbitais.

a) para cada valor de n, há n-1 valor de l

n = 1 l = 0

n = 2 l = 1

n = 3 l = 2

n define o estado de energia

b) para cada valor de l há (2l+1) valor de m. -l< m < l

l = 0 m = 0

l = 1

==

−=

10

1

mmm

c) para cada valor de n há n2 autofunções. Exemplo, se n = 3, há 9 autofunções

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14

l = 2 -l<m<l

===

−=−=

210

12

mmmmm

l = 1 -l<m<l

==

−=

10

1

mmm

l = 0 m = 0

Concluindo, quando resolvemos a equação de Schrödinger para o átomo de hidrogênio,

obtemos as energias para os níveis energéticos (En) e os orbitais atômicos (Ψn,l,m). Temos então

um diagrama de níveis energéticos no interior do átomo, i. e., dizemos que um átomo se constitui

de um sistema energético quantizado.

Foi no Annales 80, que Schrödinger estudou o efeito Stark através de sua Mecânica Quântica

Ondulatória (1).

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15

4 Função de Onda na Concepção de Max Born

Born (1928) deu um passo a esta dificuldade propondo uma interpretação estatística das

funções de ondas do elétron, à qual, devido às inúmeras vantagens apresentadas, tem sido

amplamente aceita. Born supôs que as ondas não têm existência real, e assim, as define como

ondas de probabilidade.

O produto Ψ*Ψ ou 2Ψ em um ponto representa a densidade de probabilidade de

encontrar o elétron, ou um outro corpúsculo qualquer, em um ponto x, y, z, num dado instante t e

igualdade

dvdxdydz 22 Ψ=Ψ

Representando a densidade de probabilidade de encontrar o mesmo elétron em um

elemento de volume dv, e também o número de elétrons dentro do mesmo volume. Esta

interpretação teve um pleno acordo com as condições de Schrödinger (5).

Em processos vibratórios o conhecimento da amplitude é importante como o

conhecimento da freqüência própria; analogamente, é de se esperar que, em mecânica

ondulatória, esteja ligado um importante significado físico à função de onda Ψ ou antes, ao

quadrado do seu módulo, visto ser evidente que o valor instantâneo da própria função oscilatória

não pode desempenhar qualquer papel em virtude da sua alta freqüência. O motivo por que se

toma o quadrado do módulo é que a própria função de onda (devido ao coeficiente imaginário da

derivada em ordem ao tempo da equação diferencial) é uma quantidade complexa, enquanto as

grandezas suscetíveis de interpretação física devem evidentemente ser reais (6).

Suponhamos que no estado caracterizado pela função de onda Ψ1 se efetua uma medição

que conduz com certeza a um determinado resultado, e que o mesmo fazendo o estado no estado

Ψ2, conduz ao resultado 2. Admite-se então a combinação linear de Ψ1 e Ψ2, o que significa que

toda função de forma CΨ1 + CΨ2 (C1 e C2 , constantes) representa um estado em que a mesma

medição pode dar um resultado 1 ou o resultado 2. Podendo afirmar, que se conhecemos a

dependência dos estados com respeito ao tempo, dependência a qual é dada pela função Ψ1 (x,t)

e em outro, por Ψ2 (x,t), pode-se notar que qualquer combinação linear destas dá também a

possível dependência de um estado do tempo. Estas afirmações constituem o conteúdo do

princípio de superposição dos estados – um princípio positivo fundamental de mecânica quântica

(7).

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16

5 Valor Esperado da Função de Onda

Consideramos uma partícula e onda associada, a função Ψ(r,t) e se essa função não se

anula num intervalo entre r e r + dr, na medida de sua posição há uma probabilidade finita dessa

partícula ser encontrada. Não podemos, atribuir a coordenada um valor bem definido, no entanto,

é possível especificarmos uma posição média da partícula.

Imaginemos a medida da posição da partícula no instante t, a probabilidade de encontrá-

la entre r e r + dr é dada pela equação.

),(),(),( trtrtrP ψψ ∗= (16)

onde P(r,t) é a probabilidade de encontramos a partícula. Repetindo essa experiência a uma certa

freqüência no mesmo instante e registrando os valores de P(r,t), podemos usar a média dos valores

observados para caracterizar a posição da partícula no instante t.

Este valor é representado por <r>, valor esperado da coordenada r. Veja abaixo como

podemos demonstrar matematicamente este cálculo.

∫+∞

∞−

>=< drrPr tr ),( (17)

como: ),(),(),( trtrtrP ψψ ∗= ,

substituímos (16) em (17) temos que: ∫+∞

∞−

∗>=< drrr trtr ),(),( ψψ (18)

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17

6 Aplicação da Equação de Schrödinger

Tabela 1: Exemplos do operador Hamiltoniano para o movimento de uma partícula de massa m em diferentes campos de força definidos pela função (operador) potencial V. Operador

(a) Partícula livre V=0x

2

22

dxd

mH h

−=

(b) barreira de

potencial V=V0

x0 a

2

22

dxd

mH h

−= (x<0; x>0)

02

22

2ˆ V

dxd

mH +−=

h (0<x<a)

(c) Oscilador

harmônico V=(1/2)Kx2

x

K

22

22

21

2ˆ Kx

dxd

mH +−=

h

Tabela 3: Exemplos do operador para átomos e moléculas.[4.A]

Operador H

(a) Átomos de

um elétron rZe

mH

22

2

2ˆ −∇−=

h

(b) Átomos de

muitos elétrons ∑∑∑∑

>==

+−∇−=i ij ij

n

j j

n

i re

rZe

mH

2

1

2

1

22

2ˆ h

(c) moléculas ∑∑ ∑ ∑∑ ∑∑∑

> >==

++−∇−∇−=i ij ij

n

i i ii

n

i reZZ

re

reZ

mmH

α αβ αβ

αα

β α

αα

α

22

1

22

2

1

22

21

2ˆ hh

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18

6.1 Poço de Potencial não relativístico

Considerando um potencial degrau unidimensional definido por

( ) 0,0 <= xxV

( ) 0,0 >= xVxV

ΨΙ

ΨΙΙV0

x (0)= 0 x

Supor que uma energia incidente da esquerda para a direita tem energia E = 4V0. Neste exemplo

podemos calcular a probabilidade de que a onda será refletida (coeficiente de reflexão).

Analisando o contorno do problema, para 0)( =xV quando x<0, o potencial na região I é nulo e

consideramos a partícula livre. A equação de Schrödinger se reduz à.

II E

xmΨ=

Ψ∂− 2

22

2h

II Em

xΨ=

Ψ∂− 22

2 2h

0222

2

=Ψ+∂

Ψ∂I

I Emx h

sendo 2

21

2h

mEk =

0212

2

=Ψ+∂

Ψ∂I

I Ekx

As raízes da equação:

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021

2 =+ kλ , 21

2 k−=λ , 1ik±=λ

xikxikI BeAe 11 −+=Ψ

sendo

− refletidaondaBe

incidenteondaAe

xik

xik

1

1

Solução geral

h/iEt

II e−Ψ=Ψ

( ) h/11 iEtI

xikxikI eBeAe −− Ψ+=Ψ

( ) ( )hh /1/1 EtxkiiEtxkiI BeAe +−− +=Ψ

Na região II há um potencial )(xV , sendo assim a partícula sofre uma ação do potencial.

IIIIII EVm

Ψ=Ψ+Ψ∇− 02

2

2h

[ ] IIII VEm

Ψ−=Ψ∇− 02

2

2h

[ ] 0202

2 =Ψ−+Ψ∇ IIII VEmh

Considerando [ ]022 2 VEmk II −=

h

022 =Ψ+Ψ∇ IIIIII k

Achando as raízes da equação

022

2 =+ kλ , 22

2 k−=λ , 2ik±=λ

( )xikxikII DeCe 22 −+=Ψ

A solução aceitável é xik

II Ce 2=Ψ

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Solução geral

h/iEt

IIII eΨ=Ψ

h/2 iEtxikII eCe=Ψ

( )h/2 EtxkiII Ce −=Ψ

logo temos as duas funções para as duas regiões I e II

xikxik

I BeAe 11 −+=Ψ para 0≤x

xikII Ce 2=Ψ para 0≥x

Analisando as condições de contorno

a) 00 || == Ψ=Ψ xIIxI xikxikxik CeBeAe 211 =+ −

A+B=C deve ser contínua no ponto x=0

b) A sua derivada também

00 || == ∂Ψ∂

=∂Ψ∂

xII

xI

xx xikxikxik CeikBeikAeik 2

21

11

1 =− −

( ) CikBAik 21 =−

( ) Ckk

BA1

2=−

Montando o sistema

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21

Achando B Achando C

=−

=++

Ckk

BA

CBA

1

2

CCkk

A +=1

22

+=

1

212 k

kCA

−⋅=−

=++

)1(1

2 Ckk

BA

CBA

−=

1

212kk

CB

−=

1

21

2 kkkCB

CBk

kkC=+

+

1

21

2

021

1

21 =

++

kkk

CB

+−=

1

212k

kkBC

Substituindo os valores de A, B e C em IΨ e IIΨ

( ) ( )hh /1

1

21/1

1

21

22EtxkiEtxki

I ek

kkCek

kkC −−−

−+

+=Ψ x<0

( ) ( )

−+

+=Ψ −−− hh /1

1

21/1

1

21

2EtxkiEtxki

I ek

kkek

kkC x<0

( )h/2

1

212 EtxkiII e

kkkB −

−−=Ψ

Obedecendo ao princípio da complementaridade temos a combinação linear do dois estados da

função de onda

IIITotal Ψ+Ψ=Ψ

( ) ( ) ( )hhh /2

1

21/1

1

21/1

1

21 22

EtxkiEtxkiEtxkiTotal e

kkk

Bek

kke

kkkC −−−−

−−

−+

+=Ψ

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BIBLIOGRAFIA:

(1) Bassalo, J. M. F. Nascimentos da Física (1901-1950), Belém: EDUFPA, 2000. 503 p

(2) Peixoto, E.M.A. Química Nova, (1978)

(3) Eisberg, R. Resnick, R. Física Quântica, Ed. Campus, Rio de Janeiro, 1979. 15ª Edição.

(4) Bathista, A.L.B.S., Nogueira, J. S. Uma Breve Discussão da Mecânica Quântica IX Encontro

de Iniciação Científica, Cuiabá, UFMT. 2001.

(5) Rey, A.B. Mecânica Quântica e Ondulatória, In: Fisica/Química Modernas. V. 3, SP, Ed.

Fortaleza, 1970.

(6) Born, M., Física Atômica, 1962, 4ª Edição. Ed: Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

(7) Landau, L. Lifshitz, E. Mecânica Quântica, Teoria não relativista, 1985. Mir, Moscou. Vol.1.