COMISSÃO DE SISTEMATIZAÇÃO
ATA DA REUNIÃO DE INSTALAÇÃO DA COMISSÃO DE SISTEMATIZAÇÃO
Aos nove dias do mês de abril do ano
de mil novecentos e oitenta e, sete, às dezessete horas e trinta minutos, no Auditório Nereu Ramos – Anexo II da Câmara dos Deputados, reuniu-se a Comissão de Sistematização, com a finalidade de proceder à eleição para os cargos de Presidente e de Primeiro e Segundo Vice-Presidentes. Havendo quorum, nos termos regimentais, assumiu a Presidência dos trabalhos, por ser o mais idoso dentre os presentes à reunião, o Senhor Constituinte Afonso Arinos (PFL-RJ) que, apos fazer rápidas referências nominais a personalidades brasileiras ilustres que serviram ao nosso País em diversas oportunidades e nas mais variadas áreas de atividade, mesmo já em idade avançada, destacou as grandes responsabilidades que o momento reserva a todos os Constituintes; em seguida, passou a Presidência ao Senhor Constituinte Nelson Carneiro (PMDB- RJ), tendo em vista considerar-se impedido, diante de sua postulação ao cargo de Presidente do Órgão. Estiveram presentes os seguintes Senhores Constituintes: Paulo Ramos, Nilson Gibson, Carlos SantAnna, Luiz Eduardo, Gastone Righi, Francisco Benjamim, João Calmon, Osvaldo Coelho. Oswaldo Lima Filho, Afonso Arinos, Joaquim Bevilácqua, Prisco Viana, Antônio Carlos Mendes Thame, Rodrigues Palma. Milton Reis. Inocêncio Oliveira, José Luiz Maia, Renato Vianna, Paulo Pimentel, José Thomaz Nonô, Aloysio Chaves. Aluízio Campos, Haroldo Sabóia, Nelson Jobim, José Paulo Bisol, Sigmaringa Seixas, Raimundo Bezerra, Sandra Cavalcanti, Adolfo Oliveira, Celso Dourado, Alceni Guerra, Antônio Carlos Konder Reis, Egidio Ferreira Lima, José Ulysses de Oliveira, Artur da Távola, Francisco Pinto, Haroldo Lima, Manoel Moreira, Antônio Farias, Siqueira Campos, Carlos Chiarelli, Virgidásio de Senna, Lysâneas Maciel, Eraldo Tinoco, José Santana, José Fogaça, Enoc Vieira, Christovam Chiaradia, Marcondes Gadelha, Bernardo Cabral, Gerson Pares, Mário Assad, Cid Carvalho, Fernando Lyra, Fernando Gasparian, Arnaldo Prieto, Luis Ignácio Lula da Silva, Francisco Dornelles, José Freire, Alfredo Campos. Oscar Corrêa, João Hermann Neto, Nelton Friedrich, Severo Gomes, Ricardo Fiúza, Roberto Freire, Abigail Feitosa, Jarbas Passarinho, Ademir Andrade, Carlos Mosconi, Fernando Bezerra Coelho, Fernando Henrique Cardoso, José lgnácio Ferreira, José Richa, José Serra, Nelson Carneiro, Edme Tavares, José Jorge, José Lins, Darcy Pozza e Francisco Rossi – todos titulares e mais os suplentes Luiz Henrique, José Maranhão, Jonas Pinheiro, Márcio Braga, Chagas Rodrigues, Simão Sessin, Vilson Souza, Rose de Freitas, Aécio Neves, Albano Franco, Paes Landim, Itamar Franco, Roberto Balestra, José Genoino, Miro Teixeira, João Agripino, Roberto Brant, João Natal, Mozarildo Cavalcanti, Adylson Motta, Aldo Arantes, José Maria Eymael, Bocayuva Cunha, José Costa, Octávio Elísio, Daso Coimbra e Uldurico Pinto. O Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou, para integrarem a Mesa na condição de Secretários escrutinadores, os Senhores Cons
tituintes Oswaldo Uma Filho (PMDB-PE) e Sandra Cavalcanti (PFL-RJ); presente ao recinto da reunião, foi convidado, também, a sentar-se à Mesa, como homenageado, o Senhor Benjamim Farah, na condição de ex-Constituinte que participou da elaboração da Carta Magna de mil novecentos e quarenta e seis. Prosseguindo, foi concedida a palavra, pela ordem, aos Senhores Constituintes Adolfo Oliveira, Chagas Rodrigues, José Lourenço, Fernando Henrique Cardoso, Aluízio Campos, Mário Covas, Milton Reis, Lysâneas Maciel e, para questões de ordem, aos Senhores Constituintes José Genoíno, Luís Inácio Lula da Silva e Gerson Peres, os três últimos declarando-se contrários aos critérios utilizados para a composição desta Comissão e à distribuição das respectivas vagas entre os Partidos que integram a Assembléia Nacional Constituinte. O Senhor Constituinte Chagas Rodrigues, com a palavra, sugeriu fosse feita a eleição para o cargo de Presidente pelo processo de aclamação, por ser o Senador Afonso Arinos candidato único e de consenso, o que foi negado pelo Senhor Presidente, por vedação regimental. Antes de responder às questões de ordem levantadas, o Senhor Presidente prestou minuciosos esclarecimentos sobre os critérios a serem adotados na eleição a anunciou os nomes dos candidatos aos cargos em disputa, que foram os seguintes Senhores Constituintes: Senador Afonso Arinos (PFL-RJ) para Presidente; Deputados Pimenta da Veiga (PMDB-MG) e Aluízio Campos (PMDB-PB) para Primeiro Vice-Presidente e Brandão Monteiro (PDT-RJ) para Segundo Vice-Presidente. O Senhor Constituinte José Genoíno, reiterando a questão de ordem levantada antes, pediu, inclusive, a suspensão da reunião e o conseqüente adiamento da eleição, até que a Presidência da Assembléia decidisse sobre sua reclamação, no que concerne ao número de membros originários a integrarem esta Comissão que, no seu entendimento, como fixado no Regimento Interno, seria apenas quarenta e nove e não cinqüenta e três. Retomando a palavra, o Senhor Presidente respondeu às questões colocadas, declarando que houve, em verdade, um acréscimo de quatro vagas na composição originária deste Órgão, exatamente para atender ao dispositivo regimental que assegura a participação de todos os Partidos com assento na Assembléia; disse ainda que não podia acatar o pedido de suspensão da reunião, entretanto determinava, naquele momento, o registro em Ata das colocações feitas, assegurando que a Comissão se curvará à decisão que vier a ser dada na instância, superior: Feita a chamada nominal, pela Senhora Constituinte Sandra Cavalcanti, o Senhor Presidente determinou o início do processo de votação, do qual participaram oitenta e seis membros. Antes de iniciar a apuração, o Senhor Presidente convidou, em, para auxiliarem nos trabalhos, os Senhores Constituintes Inocêncio Oliveira (PFL-PE) e Daso Coimbra (PMDB-RJ). Aberta a uma e anunciados os votos, a eleição apresentou o seguinte resultado: para Presidente – Afonso Arinos (PFL-RJ), que obteve setenta e quatro votos, havendo doze votos em branco; para Primeiro-Vice-Presidente – Aluízio Campos (PMDB-PB), com quarenta e oito votos e Pimenta da Veiga (PMDB-MG), com trinta e cinco votos, havendo três em branco; para Segundo-Vice-Presidente – Brandão Monteiro (PDT-RJ), que recebeu setenta votos, havendo dezesseis em branco. Diante do resultado, o Se-
nhor Presidente declarou eleitos e empossados nos respectivos cargos os Senhores Constituintes: Senador Afonso Arinos – Presidente: Deputado Aluízio Campos – Primeiro-Vice-Presidente e Deputado Brandão Monteiro – Segundo-Vice-Presidente. Falando, em seguida, para cumprimentar os eleitos, o Senhor Constituinte Mário Covas congratulou-se com os empossados e discorreu sobre o processo de escolha adotado, analisando a extensão do resultado do pleito. Usou também a palavra o Primeiro-Vice-Presidente eleito, Senhor Constituinte Aluízio Campos, agradecendo a sua escolha para o cargo e conclamando os companheiros a emprestarem à nova Carta Magna a experiência. capacidade, trabalho e o devotamento que merece o povo brasileiro. Às vinte horas e dez minutos, após agradecer a colaboração dos escrutinadores, deixou a Presidência dos trabalhos o Senhor Constituinte Nelson Carneiro (PMDB-RJ), passando-a ao seu titular eleito. Na Presidência, o Senhor Constituinte Afonso Arinos convidou os eleitos a tomarem seus lugares à Mesa e agradeceu a deferência com que lhe tributaram na eleição, fazendo uma profecia de fé no sucesso das atividades constituintes que se iniciavam, discorrendo, num breve histórico, sobre a trajetória constitucionalista brasileira e chamando a atenção de todos para o anteprojeto de Constituição, da Comissão Provisória de Estudos Constitucionais que tivera a honra de presidir e cujo texto entendia ser peça de significativo valor na discussão e preparo da nova proposta da Constituição a ser produzida para o nosso País. Prosseguindo, o Senhor Presidente designou para o cargo de Relator da Comissão o Senhor Constituinte Bernardo Cabral (PMDB-AM). Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente encerrou a reunião às vinte horas e vinte minutos. O inteiro teor da reunião foi gravado, devendo ser traduzido e publicado no Diário da Assembléia Nacional Constituinte, passando a fazer parte integrante desta Ata. E, para constar, eu, Maria Laura Coutinho, Secretária, lavrei a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e irá à publicação. – Afonso Arinos.
O SR. PRESIDENTE (Afonso Arinos): – Havendo numero legal, está aberta a reunião.
Antes de passar a Presidência, que assumo, temporariamente, como membro mais velho da Comissão, ao meu colega e velho amigo Senador Nelson Carneiro, que divide comigo a condição de mais idoso, quer apenas fazer uma referência ligeira a essa situação. Entre os homens públicos brasileiros idosos – fiz uma pequena lista, hoje, de memória – homens públicos em todos os sentidos, não apenas no sentido político, mas também nas atividades relacionadas diretamente com as diferentes situações sociais, começaria, como mineiro que sou, pelo nome de Aleijadinho, o maior artista plástico do Brasil de todos os tempos, considerado por alguns críticos internacionais como o maior escultor do século XVIII, homem que se parece com Miguel Ângelo, pois, como este, era escultor, pintor, arquiteto, urbanista, além de ter vivido até os 86 anos. Ainda como exemplos de longenidade citamos: Padre Antônio Vieira, cujo auge da sua produção, não só nos Sermões, como nas Cartas, se deu depois dos 80 anos; meu velho amigo Raul Fernandes, um dos grandes juristas brasileiros, que teve ocasião de apresentar uma das conquistas nacionais
ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE (ATA DE COMISSÕES) 2 em matéria de Direito Internacional, ou seja, a dependência recíproca nos tratados internacionais. O signatário de um tratado, segundo a chamada doutrina Raul Fernandes, que ainda hoje vige nas Nações Unidas, e tem a correspondência de deveres igual à daquele outro que tiver assumido a mesma responsabilidade; Carlos de Laet, Barbosa Lima, que esta hoje em Brasília. Falei a seu respeito no dia do seu aniversário; Gilberto Freyre. Posso dar uma boa noticia a V. Ex.as sobre ele, fez uma operação anteontem e está passando admiravelmente bem. E ele o maior sociólogo, um dos maiores antropólogos é um dos maiores escritores brasileiros; Austregésilo de Athayde, Presidente da Academia Brasileira de Letras: não sendo preciso apresentar outra indicação; Abgar Renauet: Carlos Drumond, o maior poeta brasileiro; Manoel Bandeira, que o precedeu na morte; Drumond, vivo como um pêlo; Bandeira, há pouco tempo falecido, morreu com mais de 80 anos; Alceu Amoroso Lima, o maior crítico brasileiro de todos os tempos, morreu com mais de 80 anos; Pedro Calmon, o maior historiador da nossa geração, faleceu, também, acima dos 80 anos. Entre os empresários, citaria Amador Aguiar e Roberto Marinho. Entre os Advogados apontaria esse modelo de profissional que é Sobral Pinto.
Assim, inteiramente tranqüilo quanto a esse pequeno ponto e ciente das responsabilidades que me incumbem como possível escolhido pela Comissão para a sua Presidência, convoco o Senador Nelson Carneiro, meu sucessor em idade, para assumir a Presidência da Comissão durante o transcurso do restante da Ordem do Dia prevista.
Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Nelson
Carneiro): – Srs. Constituintes, cumpre-me, em face do impedimento do eminente Senador Afonso Arinos, presidir temporariamente esta reunião.
Inicialmente, convido para integrar a Mesa, como Primeiro-Secretário, os ilustres Constituintes Oswaldo Lima Filho. (Palmas) e Sandra Cavalcanti. (Palmas.)
Está aberto o período destinado às intervenções dos Srs. Constituintes.
Com a palavra o nobre Deputado Adolfo Oliveira.
O SR. CONSTITUINTE ADOLFO OLIVEIRA: – Sr. Presidente, Sr.as e Srs. companheiros da Comissão de Sistematização, há cerca de 10 dias um grupo de colegas Constituintes lembrou-se do meu nome, propondo minha candidatura como uma alternativa para Presidência da Comissão de Sistematização. Devo dizer, Sr. Presidente, que esta simples lembrança veio gratificar alguém que procurou dar o melhor de si durante três mandatos cumpridos em época tormentosa, difícil, de 1963 a 1975. Naquela época os atos de arbítrio se sucediam; os partidos foram extintos da noite para o dia e em seu lugar surgiu a todo-poderosa ARENA e a resistência do Movimento Democrático Brasileiro. Tenho muito orgulho de lembrar minha condição de um dos fundadores do Movimento Democrático Brasileiro, lutando e resistindo neste Congresso, ao lado de figuras ilustres que, afortunadamente, vejo hoje entre nós, a começar pelo eminentíssimo Líder do Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Senador Mário Covas, bem como Bernardo Cabral, Gastone
Righi, Paulo Macarini e tantos outros. Cumprimos nosso papel histórico de resistir, a fim de que se tornasse possível o que estamos a viver agora: a abertura política e a perspectiva de uma nova Constituição para este País. Certamente essa experiência anterior foi o motivo da generosa lembrança do meu nome, mas o homem público deve ser realista. Formou-se nesta Casa o que se convencionou chamar acordo de cavalheiros. Através desse acordo foram partilhados todos os cargos e funções da Assembléia Nacional Constituinte. Parte desse acordo destinou ao Partido Liberal um modesto cargo de 1º Vice- Presidente da Subcomissão do Sistema Tributário. Acontece, Sr. Presidente, que o acordo foi desfeito ontem. O Partido da Frente Liberal, previamente aquinhoado com todas as funções e cargos que lhe eram atribuídos, apoderou-se também da Presidência dessa Subcomissão e, de roldão, a Vice-Presidência do Partido Liberal foi sepultada pelo rompimento do acordo. Então, não me venham falar em acordo para a eleição que agora vai realizar-se. A consideração deve ser outra, porque, em termos de acordo, não se justificaria a indicação de um nome do Partido da Frente Liberal. Acontece que esse nome é o do Senador Afonso Arinos. Convenceram- me de que o cargo e os encargos da Presidência desta Comissão deveriam caber àquele que possui maior soma de títulos e de saber jurídico, inegavelmente o Senador pelo meu Estado. Mas desejo, e disso não abro mão, Sr. Presidente, deixar aqui a minha palavra de protesto contra o rompimento do acordo de cavalheiros contra a sua transformação num pequenino conchavo e contra o esquecimento do trabalho intensíssimo que esta Comissão vai ter de desenvolver, quando faltam normas de trabalho regimentais ou pararregimentais, para orientar a tarefa, quando teremos de organizar o acompanhamento das atividades de todas as Comissões e Subcomissões, zelando já pela sistematização do trabalho final. Mas tudo isso deixa de ser levado em conta quando se pretende – reconheço, com justiça – homenagear a figura do grande Senador Afonso Arinos.
Quanto ao acordo-conchavo, não posso resistir à vontade de enunciar aqui conceitos do inesquecível e grande Quintino Bocaiúva, que tem um de seus mais ilustres descendentes a honrar esta Assembléia. Dizia ele: "O burla das burlas, ó País admirável, ditosa condição, ditosa gente que não se precata jamais contra as espertezas e os passes mágicos desses prestidigitadores saltinbancos". Palavras cruéis, Sr. Presidente, mas reais e sempre oportunas. O que cada um de nós deve fazer a partir de agora e procurar ajudar seriamente na elaboração desta nova Carta Magna, para que ela seja mais humana, mais justa e – corresponda aos anseios da sociedade. Para isso iremos contar na Comissão de Sistematização – sem nos desfazermos das eminentíssimas figuras como o Senador Afonso Arinos, concorreram – com o Relator, Constituinte Bernardo Cabral.
Para finalizar, Sr. Presidente, quero agradecer a todos aqueles que me estimularam a prosseguir e dizer que esta eleição que agora vai ter lugar certamente consagrará o voto unânime, com todas as honras que lhe são peculiares, ao Constituinte Afonso Arinos. (Palmas.)
Termino, Sr. Presidente, prestando – estou certo em nome de toda a Casa – uma singela
homenagem a um Constituinte de 1946, que, passados quarenta e um anos, volta e esta prestigiando esta reunião, o ex-Senador Benjamin Farah, para quem peço uma salva de palmas. (Palmas.)
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Constituintes, mais uma vez, meus agradecimentos pela gentileza, pela atenção, pelo estimulo e pela generosidade com que meu nome foi tratado durante os últimos dias. Hoje tomo a decisão de não concorrer, para unir a Comissão e para contribuir no sentido de que prestigiado seja em toda a linha o trabalho do Constituinte Afonso Arinos.
Era o que tinha a dizer. (Palmas.) O SR. CONSTITUINTE CHAGAS
RODRIGUES: – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Nelson Carneiro): – Antes de dar a palavra pela ordem a V. Ex.ª e se estiver de acordo a Comissão, homenagearia neste momento aqueles que em 1946 votaram a mais democrática das Constituições brasileiras, convidando para que integre a Mesa o ex- Senador, ex-Deputado e ex-Constituinte de 1946, Benjamin Farah. (Palmas.)
Tem a palavra, pela ordem, o nobre Constituinte Chagas Rodrigues.
O SR. CONSTITUINTE CHAGAS RODRIGUES: – Sr. Presidente, Srs. Constituintes, membros da Comissão de Sistematização, quero inicialmente congratular- me, e o faço de modo sincero e caloroso, com o eminente Constituinte Adolfo Oliveira. Tive a honra de ser colega de S. Ex.ª e, quando o então Chefe do Poder Executivo enviou, em 1967, o projeto de Constituição – que era mais uma Carta, porque votada por um Congresso já mutilado – quatro Deputados da antiga Oposição foram designados para integrar a Comissão Central, que apreciou aquele projeto de Constituição que se converteu na Carta de 1967. E entre os elementos da Oposição, entre os dignos Deputados, lá estavam os Deputados Adolfo Oliveira, Ulysses Guimarães, José Barbosa. E eu, modesto representante do meu Estado, também tive a honra de integrar, com aqueles quatro companheiros, a Comissão Central. De modo que conheço há muito S. Ex.ª e admiro este eminente homem público que cresceu hoje, mais ainda em meu conceito, com a atitude que teve espontaneamente de retirar sua candidatura para homenagear aquele que, sem nenhum favor, é um dos maiores constitucionalistas deste País, um homem público liberal, que teve, como outros grandes liberais, momentos de tormenta. Por isso, receba V. Ex.ª minhas congratulações e homenagens. A atitude de V. Ex.ª não me surpreendeu.
Sr. Presidente, em meu nome e em nome do eminente Relator Bernardo Cabral – de quem também tive a honra de ser colega, pois fomos cassados todos no mesmo ano, ele, Covas, este modesto orador e outros –, quero homenagear aqueles que hoje estão verdadeiramente convictos de que a Nação precisa ter uma Constituição que vá ao encontro dos reclamos do nosso povo, uma Constituição moderna, que atenda aos rigores da técnica constitucional e, sobretudo, aos grandes apelos das populações marginalizadas e exploradas deste País.
Quero também, Sr. Presidente, render homenagem ao grande Constituinte Afonso Arinos. Já que temos apenas um candidato, quero propor
3 ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE (ATA DE COMISSÕES) neste congraçamento em torno da liberdade e da justiça social, por aclamação, para Presidente da Comissão de Sistematização, o nome, sob todos os títulos honrado e brilhante, do grande mestre Afonso Arinos de Melo Franco. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Nelson Carneiro): – Atendendo a questão de ordem levantada no final do discurso do ilustre Constituinte Chagas Rodrigues, devo informar a S. Ex.ª lamentando, da impossibilidade de acolhe-la, já que o Regimento exige a votação.
Concedo a palavra ao nobre Constituinte José Lourenço.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LOURENÇO: – Sr. Presidente. Sr.as e Srs. Constituintes. Srs. Líderes partidários, minhas Senhoras, meus Senhores, meus caros jornalistas, creio que estamos aqui, hoje, para o encontro final do trabalho de estruturação da Constituinte do País: o Regimento, as comissões temáticas e subcomissões, designação dos dirigentes das respectivas Mesas. Hoje estamos reunidos para eleger o Presidente e os dois Vice-Presidentes que irão dirigir a Comissão de Sistematização. Difícil não foi chegarmos até aqui; fácil também não foi realizar esse encontro, que significa, antes de tudo, conciliação, diálogo; significa "sobretudo" que o entendimento prevalece sempre sobre o enfrentamento. Este encontro que se está realizando agora é resultado "portanto" do entendimento.
Eminente Professor Afonso Arinos, Senador Constituinte pelo Rio de Janeiro. V. Ex.ª significa para todos nós conciliação, encontro com a Constituinte, com a Nação. Os candidatos a Vice-Presidentes, indicados pelas respectivas Lideranças, terão apoio do meu partido. V. Ex.ª, eminente Professor Afonso Arinos, candidato do Partido da Frente Liberal, candidato único depois do gesto louvável do ilustre Constituinte Adolfo Oliveira, tem do nosso partido total apoio e a certeza de que sempre ao seu lado estaremos nos momentos das grandes decisões que certamente serão tomadas nesta Comissão: decisões em que prevalecerá sempre a vontade da Nação e estará sempre presente, como disse ao início de minhas palavras, o espírito do entendimento e da conciliação. V. Ex.ª e Bernardo Cabral. Constituinte pelo Amazonas, interpretam bem o espírito do diálogo que deve prevalecer entre todos os homens responsáveis pela elaboração da nova Constituição brasileira. Eu saúdo todos: saúdo V. Ex.ª, Constituinte Nelson Carneiro, que preside esta reunião; saúdo V. Ex.ª, Constituinte Afonso…