o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

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1 O DIREITO À EDUCAÇÃO NA ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL DE 1989. Nilce Aparecida de Freitas Fedatto PPGE/UFGD Email: [email protected] Larissa Wayhs Trein Montiel PPGE/UFGD Email: [email protected] A proclamação da educação como um direito requer a obrigação do Estado na universalização do ensino, visto que a extensão da educação como direito social significa que essa é condição essencial para o usufruto dos demais direitos e para a progressiva equalização social. No Brasil, o reconhecimento formal da educação como direito social a ser garantido pelo Estado se deu a partir da Constituição de 1934, ocasião em que foi incluído pela primeira num texto constitucional um capítulo sobre a educação. Mas somente com a Constituição Federal de 1988, esse direito veio a ser amplamente garantido. Essa Constituição instituiu instrumentos jurídicos para defesa desse direito e para a punição da negligência dos Poderes Públicos em assegurá-lo a todos. Este estudo buscou apreender nos documentos da Assembléia Constituinte de 1989 como ficou configurado o direito à educação básica no Estado de Mato Grosso do Sul procurando desvelar a sua trajetória e como este foi debatido e quanto no decorrer da formulação e elaboração da Constituição Estadual de 1989. Metodologicamente realizamos uma pesquisa qualitativa histórico-documental com auxilio da análise de conteúdos. As fontes utilizadas foram os documentos enviados à Assembléia Legislativa pelos órgãos representativos da sociedade e cidadãos da sociedade assim como entidades eclesiásticas. Além disso, examinamos também o Projeto de Constituição de Mato Grosso do Sul apresentado pela Comissão de Sistematização, em agosto de 1989 e o Texto Final da Constituição promulgado em outubro de 1989. Pelas análises foi possível verificar que o poder executivo assim como o legislativo esteve em sintonia na elaboração da Constituição Estadual de 1989, e que a representação do governo esteve presente na direção dos trabalhos da Assembléia Constituinte compondo a base de sustentação na implantação da segunda Constituição Estadual, prevalecendo os interesses da “democracia” do capital. A população participou do processo de construção da Constituição Estadual de 1989 enviando propostas de artigos que julgaram necessários ao texto da lei a fim de garantir o direito à educação aos cidadãos sul-mato-grossenses. Muitas discussões foram realizadas no âmbito do texto referente à educação, mas que em relação ao nosso tema que é o direito à educação básica constatamos a tentativa das igrejas em garantir o ensino religioso nas instituições públicas restringindo o direito a uma educação laica. As propostas encaminhadas pela população e seus órgãos representativos tentaram de várias formas garantirem o direito à educação de qualidade e o dever do Estado em proporcionar o atendimento do ensino público gratuito. Contudo o texto da Constituição Estadual aprovado não avança em relação à Carta Federal, visto considerar como promoção do direito à educação o acesso obrigatório e gratuito ao ensino fundamental assegurado como direito público e subjetivo. Palavras-chave: História da Educação de Mato Grosso do Sul, Educação Básica, Direito Educacional.

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Page 1: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

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O DIREITO À EDUCAÇÃO NA ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE DO

ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL DE 1989.

Nilce Aparecida de Freitas Fedatto – PPGE/UFGD

Email: [email protected]

Larissa Wayhs Trein Montiel – PPGE/UFGD

Email: [email protected]

A proclamação da educação como um direito requer a obrigação do Estado na

universalização do ensino, visto que a extensão da educação como direito social significa

que essa é condição essencial para o usufruto dos demais direitos e para a progressiva

equalização social. No Brasil, o reconhecimento formal da educação como direito social a

ser garantido pelo Estado se deu a partir da Constituição de 1934, ocasião em que foi

incluído pela primeira num texto constitucional um capítulo sobre a educação. Mas

somente com a Constituição Federal de 1988, esse direito veio a ser amplamente garantido.

Essa Constituição instituiu instrumentos jurídicos para defesa desse direito e para a

punição da negligência dos Poderes Públicos em assegurá-lo a todos. Este estudo buscou

apreender nos documentos da Assembléia Constituinte de 1989 como ficou configurado o

direito à educação básica no Estado de Mato Grosso do Sul procurando desvelar a sua

trajetória e como este foi debatido e quanto no decorrer da formulação e elaboração da

Constituição Estadual de 1989. Metodologicamente realizamos uma pesquisa qualitativa

histórico-documental com auxilio da análise de conteúdos. As fontes utilizadas foram os

documentos enviados à Assembléia Legislativa pelos órgãos representativos da sociedade e

cidadãos da sociedade assim como entidades eclesiásticas. Além disso, examinamos

também o Projeto de Constituição de Mato Grosso do Sul apresentado pela Comissão de

Sistematização, em agosto de 1989 e o Texto Final da Constituição promulgado em

outubro de 1989. Pelas análises foi possível verificar que o poder executivo assim como o

legislativo esteve em sintonia na elaboração da Constituição Estadual de 1989, e que a

representação do governo esteve presente na direção dos trabalhos da Assembléia

Constituinte compondo a base de sustentação na implantação da segunda Constituição

Estadual, prevalecendo os interesses da “democracia” do capital. A população participou

do processo de construção da Constituição Estadual de 1989 enviando propostas de artigos

que julgaram necessários ao texto da lei a fim de garantir o direito à educação aos cidadãos

sul-mato-grossenses. Muitas discussões foram realizadas no âmbito do texto referente à

educação, mas que em relação ao nosso tema que é o direito à educação básica

constatamos a tentativa das igrejas em garantir o ensino religioso nas instituições públicas

restringindo o direito a uma educação laica. As propostas encaminhadas pela população e

seus órgãos representativos tentaram de várias formas garantirem o direito à educação de

qualidade e o dever do Estado em proporcionar o atendimento do ensino público gratuito.

Contudo o texto da Constituição Estadual aprovado não avança em relação à Carta Federal,

visto considerar como promoção do direito à educação o acesso obrigatório e gratuito ao

ensino fundamental assegurado como direito público e subjetivo.

Palavras-chave: História da Educação de Mato Grosso do Sul, Educação Básica, Direito

Educacional.

Page 2: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

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Considerações Iniciais

O estudo buscou apreender nos documentos da Assembléia Constituinte de 1989

como ficou configurado o direito à educação básica no Estado de Mato Grosso do Sul

procurando desvelar a trajetória de tal direito e como este foi debatido e quanto no decorrer

do processo de elaboração da Constituição Estadual de 1989. A intenção era verificar como

ficaram configurados os indicadores de promoção e efetivação do direito à educação básica

na Assembléia Estadual Constituinte estimulando o interesse pela história de nosso estado,

Mato Grosso do Sul, e pelo processo de elaboração das leis estaduais, principalmente as

leis que se referem à educação básica e a garantia dessa como direito de todos. A nosso ver

isso tem relevância porque a atividade Legislativa não raro é entendida como uma

atividade específica de certo tipo de profissional: o político. Dessa forma, estudos como o

ora proposto certamente contribuem para tirar o resultado dessa atividade da clausura, pois

o desinteresse da maioria das pessoas em saber o que o Legislativo e o Executivo fazem é

porque as leis são escritas em linguagem complicada. Como afirma Marilena Chauí (1995,

p.436), no Brasil “As leis [...] não são vistas como expressão de direitos nem de vontades e

decisões públicas coletivas. [O poder legislativo] aparece misterioso envolto num saber

incompreensível e numa autoridade quase mística”.

Cabe esclarecer, ainda, o significado atribuído aqui aos termos direito à educação,

promoção e efetivação. Para Monteiro (2003, p.764) o direito à educação é um direito

prioritário, mas não é um direito a uma educação qualquer: é direito a uma educação com

qualidade de “direito do homem”. Por sua vez Bobbio (1992, p.69) afirma que “[...] cada

[pessoa] revela diferenças específicas que não permitem igual tratamento e igual proteção”.

Assim direito pode ser entendido como algo indispensável:

[...] para que o ser humano possa atender as suas necessidades básicas,

materiais, afetivas e espirituais, vivendo com dignidade e podendo realizar

plenamente sua personalidade [...] E assim como a constituição deve fixar os

direitos fundamentais, é nela também que devem ser estabelecidos os deveres

básicos de cada indivíduo, de cada grupo social, do povo como um todo e do

governo. (DALLARI, 1984, p.27,28)

O direito à educação é um direito social a ser garantido pela ação estatal. A

proclamação da educação como um direito requer a obrigação do Estado na

universalização do ensino, visto que a extensão da educação como direito social significa

que essa é condição essencial para o usufruto dos demais direitos e para a progressiva

equalização social. Nessa direção a efetivação deste direito pode ser entendida da seguinte

forma:

Page 3: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

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A educação básica torna-se, dentro do artigo 4º da LDB, um direito do cidadão

mediante oferta qualificada. E tal o é por indispensável, como direito social, a

participação ativa e crítica do sujeito, dos grupos a que ele pertença, na

definição de uma sociedade justa e democrática. (CURY, 2002, p.171)

Nesse entendimento a promoção do direito à educação se concretiza através do

dever do Estado em proporcionar de forma laica e igual uma educação básica a todos.

Conforme disposto na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, p.49) em seu art. 205.

Afirma Costa (1998, p.355) que ao Estado cabe o dever de proporcionar não apenas

a garantia de liberdades civis, mas também na organização de programas de ação (política),

através de organização tributária administrativa e judiciária para prover a população dos

chamados serviços públicos, dentre eles a educação.

Optamos por estudar o direito à educação no Mato Grosso do Sul através do

processo Constituinte porque segundo Dallari (1984, p.36):

A convocação de uma Assembléia Constituinte, desde que haja real

preocupação com a autenticidade da constituição, significa dar ao povo a

oportunidade de expressar de maneira global sua vontade política. Desse modo,

jamais a convocação estará ofendendo a liberdade ou os direitos fundamentais

legítimos, uma vez que o próprio povo quem decide sobre a nova Constituição,

podendo manter aquilo que já conste da Constituição vigente e que seja considerado conveniente, bem como alterar tudo o que não corresponda ao

desejo do mesmo povo.

Quanto a Educação Básica, a expressão é polissêmica, ora refere-se ao ensino

obrigatório, ensino elementar ou fundamental, ora para caracterizar o conteúdo ou a idade

de população qual se destina.

No Art.21 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº. 9394/96, educação básica é

considerada “[...] um nível da educação nacional e que congrega, articuladamente, três

etapas que estão sob esse conceito: a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino

médio”. (CURY, 2002, p.170) Este é o conceito de educação básica nacional entendida no

âmbito da Lei Geral da Educação Brasileira e que servirá de base neste estudo.

Entendendo que o tema em questão nos instiga em vários questionamentos em se

tratando do cenário da legislação de Mato Grosso do Sul, buscamos responder algumas

questões como as que seguem:

Que momento histórico ocorre e que forças políticas, sociais e ideológicas estavam

presentes durante a Assembléia Estadual Constituinte de 1989 no Estado do Mato

Grosso do Sul?

Page 4: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

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Como foi o processo de elaboração da Constituição Estadual de 1989 e como foram

os debates sobre o direito à Educação Básica?

Qual o papel da Assembléia Estadual Constituinte de 1989 na concepção de

Educação Básica?

O que é possível constatar através da Assembléia Estadual Constituinte de 1989

sobre a garantia do direito à Educação Básica?

È possível analisar avanços na trajetória do direito à Educação Básica no Estado de

Mato Grosso do Sul através da Assembléia Estadual Constituinte de 1989?

Metodologicamente realizamos uma pesquisa qualitativa histórico-documental com

auxilio da análise de conteúdos tendo como fontes primárias os documentos da Assembléia

constituinte de 1989 disponíveis impressos ou na mídia eletrônica, as fontes secundárias de

produção bibliográfica sobre o tema forma acionadas sempre que preciso. Cabe esclarecer

que diante a quantidade de documentos optamos por analisar, prioritariamente, os

documentos enviados à Assembléia Legislativa pelos órgãos representativos da sociedade e

cidadãos da sociedade assim como entidades eclesiásticas. Além disso, examinamos

também, o Projeto de Constituição de Mato Grosso do Sul/Comissão de Sistematização de

agosto de 1989 e o Texto Final promulgado da em outubro de 1989. A análise dos

documentos foi realizada em três etapas. A primeira etapa analisa os documentos enviados

à Assembléia Legislativa pelos órgãos representativos da sociedade e de cidadãos da

sociedade assim como entidades eclesiásticas. A segunda etapa analisa o Projeto de

Constituição de Mato Grosso do Sul – Comissão de sistematização de agosto de 1989. A

terceira etapa se concentra no Texto Final promulgado da Constituição Estadual de Mato

Grosso do Sul de outubro de 1989.

Executivo e Legislativo: sintonia de Poderes na aprovação da Constituição sul-mato-

grossense de 1989?

A trajetória das legislações estaduais em Mato Grosso do Sul desde a sua criação,

em 1977, é marcada pelas disputas de interesses, sendo assim, a intenção primeira foi

apresentar um panorama do contexto histórico do Estado do Mato Grosso do Sul no final

da década de 1980 e inicio da década de 1990 procurando desvelar a correlação de forças

que compunham o poder Executivo e Legislativo do Estado naquele momento. Antes, é

preciso salientar que a economia de Mato Grosso do Sul no final da década de 1980

encontrava-se em crise, como em todo o Brasil.

Page 5: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

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Segundo Fernandes (2000 p. 104) nessa conjuntura, o PMDB operava de forma

dicotômica e populista, chegando a eleger 26 governadores de Estado em 1986, na esteira

do sucesso do Plano Cruzado1. É nessa euforia que Mato Grosso do Sul elege Marcelo

Miranda Soares do PMDB, para governador. E é nesse período da história de Mato Grosso

do Sul que focalizamos nosso estudo. Quando ocorreu a Assembléia Estadual que elaborou

a nova Constituição Estadual em 1989.

O Governo Marcelo Miranda chegou ao poder devido o impulso gerado pelo então

“Plano Cruzado” e ficou marcado pela concentração de interesses frente às necessidades

relacionadas ao desenvolvimento financeiro e industrial deixando de lado o atendimento

dos equipamentos sociais em suma a população urbana e rural.

Algumas conquistas do governo de Marcelo Miranda podem ser citadas como a

criação a Polícia Florestal, encarregada de defender principalmente o Pantanal, a instalação

de indústrias esmagadoras de soja, 956 km de rodovias e asfaltados 505. Foram construídas

algumas centenas de salas de aulas. E no dia 5 de outubro de 1989 foi promulgada a nova

Constituição do Estado. (CAMPESTRINI, GUIMARÃES, 2002)

Marcelo Miranda Soares governou Mato Grosso do Sul de 1987 a 1991, portanto o

processo constituinte estadual ocorreu durante o seu mandato. O Brasil nessa ocasião,

promulgada a Constituição de 1988, consolidava o processo de transição democrática com

a primeira eleição direta para presidência da República após quase trinta anos. Neves

(1994, p.103-104) atesta que:

Disputaram o 1º. Turno [nas eleições presidenciais de 1989] três blocos de

forças político-partidárias; um bloco conservador de direita, identificado com o

neoliberalismo; um bloco de centro e centro-esquerda, [...] e um bloco de

esquerda, identificado com um projeto socialista de organização social. No

primeiro bloco agruparam-se [...] PRN, PL, PFL, e PTB [...]. No bloco centro e

centro-esquerda se inscreveram [...] PMDB, PFL e PDT. e,[...] o bloco de

esquerda representado pelo PT, PSB, PC do B e PCB [...]

Como é sabido o bloco conservador, responsável por 45,62% dos votos válidos no

1º. turno, foi vencedor no 2º. turno eleitoral levando à presidência o jovem político

alagoano do PRN, Fernando Collor de Mello (1990-1992).

Nessa direção o Governo Marcelo Miranda, parte do bloco político que perdeu as

eleições no nível federal, estava na metade dos quatro anos de mandato, assim sentirá os

reflexos do cenário nacional, o final de seu governo ficou caracterizado por uma série de

1 O Plano Cruzado, todo brasileiro com mais de 30 anos sabe foi um plano econômico lançado pelo Governo

de José Sarney, em fevereiro de 1986, pelo Ministro da Fazenda Dílson Funaro que mudou a moeda do Brasil

de cruzeiro para cruzado, congelou preços e salários e criou o gatilho salarial. O plano conquistou o apoio

maciço da população brasileira.

Page 6: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

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greves dos funcionários públicos, que estavam com os salários atrasados que chegaram ao

extremo de invadir a Governadoria em 1990. Seu governo terminou melancolicamente e o

Governador praticamente foi expulso do Palácio do Governo e quase não passou a faixa

para o seu sucessor, Pedro Pedrossian (1991- 1994), que retornava ao poder e à cena

política sul-mato-grossense.

É possível afirmar que a Assembléia Constituinte que elaborou a nova Carta

Constitucional para Mato Grosso do Sul tinha um perfil conservador, foi instalada em 27

de outubro de 1988 tendo concluído seus trabalhos em agosto de 1989.

Quadro I

Deputados Eleitos para Assembléia Estadual Constituinte de 1989.

CANDIDATO PARTIDO VOTOS

André Puccinelli PMDB 19.115

Pedro Dobbes PMDB 14.575

João Leite Schimidt PMDB 14.150

Londres Machado PFL 19.003

Roberto Razuk PFL 14.107

Akira Otsubo PMDB 13.196

Jonatham Barbosa PMDB 11.342

Marilu Guimarães PFL 10.388

Cláudio Valério PMDB 9.766

Carlos Fróes PMDB 9.705

Ricardo Augusto Bacha PMDB 9.571

Ary Rigo PFL 9.551

Valdenir Machado PMDB 8.810

Cícero de Souza PFL 9.434

Armando Anache PTB 8.118

Benedito Leal PMDB 8.071

Ozéias Pereira PMDB 7.795

Onevan de Matos PMDB 7.668

Waldemir Moka PMDB 7.749

Nelson Trad PTB 7.343

Daladier Agi PFL 7.259

Zenóbio dos Santos PFL 6.858

Page 7: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

7

CANDIDATO PARTIDO VOTOS

Wlater Carneiro PTB 6.524

Marilene Coimbra PDS 6.415

FONTE: BITTAR, 1997, p. 441.

Muito se falava sobre democratização e melhora de qualidade da educação no país

ainda no clima de otimismo deixado pela promulgação da “Constituição Cidadã” de

outubro de 1988. Se tal otimismo chegou a Mato Grosso do Sul é o que veremos a seguir.

A Sociedade na Assembléia Legislativa Estadual: análise dos documentos enviados.

Dos Documentos analisados constam de propostas, sugestões e reivindicações enviadas

pelas instituições da sociedade aos Deputados Constituintes e que certamente auxiliaram

na elaboração do Projeto de Constituição de Mato Grosso do Sul.

Foi possível localizar nos arquivos da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do

Sul um total de 15 documentos dirigidos aos Deputados Constituintes, desses somente 10

trataram do direito à educação. Contudo ponderamos ser relevante apresentar todos os

ofícios enviados aos Constituintes, bem como o foco de interesse e nos restringir

especificamente ao texto das dez propostas que remetem ao tema em tela. A seguir

apresentamos um quadro com as entidades e os temas solicitados:

Quadro II - Propostas Enviadas aos Constituintes de 1989.

Instituição Documento Assunto 01. Diocese de Dourados/MS Abaixo-

assinado

Continuidade do Ensino Religioso

nas escolas públicas

02. IRPAMAT Ofício Ensino religioso em horário normal

de aulas

03. Associação de Educação Católica Oficio Ensino religioso em horário normal

de aulas

04. Federação Missão Sul Mato-Grossense das Igrejas Adventistas do Sétimo Dia

Ofício Sábado como dia sagrado para atividades religiosas

05. União Brasileira de Escritores

Ofício Ensino da matéria de literatura

Estadual nas escolas de Mato Grosso

do Sul.

06. Secretaria Municipal da Educação

SEMED – Campo Grande.

Ofício Sugestões para a questão ecológica

no estado de Mato Grosso do Sul

07. Escola de Pais do Brasil - Secção

Campo Grande

Ofício O documento se encontra ilegível.

08. cidadão Elpídio Reis, advogado,

Assistente social, Professor, escritor e

Jornalista

Ofício Pedido de artigo que garanta o

incentivo as instituições destinadas a

promover programas de prevenção e

atendimento especializado à crianças

Page 8: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

8

Instituição Documento Assunto e adolescentes dependentes de

entorpecentes e drogas afins.

09. Igreja adventista da Promessa – Campo

Grande

Ofício Pedido de garantia do direito ao

sábado como dia de repouso nos

estabelecimento de ensino públicos e

particulares.

10. SINDESUL (Sindicato dos Estabelecimentos

de Serviços de Saúde do estado de Mato Grosso do

Sul) e FEBESUL (Federação das Instituições Filantrópicas e Beneficentes do estado de Mato

Grosso do Sul) – Dourados, MS.

Ofício Sugestões a melhoria do atendimento

a saúde do estado, através de

medidas a serem formalizadas na Constituição do Estado. 2

11. Secretaria da Educação – Estado de Mato

Grosso do Sul

Proposta

Educacional

Artigos referentes à educação

12. Grupo de Trabalho e Estudos Zumbi - TEZ Ofício O Estado deve zelar para que a

Educação e os meios de

comunicação estejam a serviço de

uma cultura igualitária

13. FEPROSUL- Federação dos Professores de

Mato Grosso do Sul.

Proposta

Educacional

Artigos referentes à educação

14. União Campograndense de Estudantes Ofício Proposta doze itens a serem

considerados na Constituição de

Mato Grosso do Sul

15. Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino/MS Proposta

Educacional

Artigos referentes à educação

FONTE: ORG. MONTIEL, 2007

Apresentadas sinteticamente as propostas no quadro acima passamos à verificação

dos conteúdos à luz das categorias que procuramos apreender, os indicadores de promoção,

efetivação e restrição do direito à educação básica.

01.Abaixo-assinado da Diocese de Dourados Mato Grosso do Sul

O documento é composto por um ofício e de 96 assinaturas de cidadãos ligados à

Diocese de Dourados, solicitando a garantia da educação religiosa em processo contínuo

nas escolas da Rede Oficial. Fica clara a restrição do direito à educação quando o

documento propõe receber formação em processo contínuo, os estudos de Cury (1978);

Buffa (1979) e Romanelli (1985) informam que desde a separação Estado/Igreja pela

Constituição Republicana de 1891 a laicidade das escolas públicas constituiu preocupação

para o clero. Ou seja, sendo a escola pública laica e gratuita não poderia representar

nenhum credo, pois restringe o atendimento aos que não professarem do mesmo credo que

a escola defende e o poder do Estado em atender o ensino gratuito aterrorizava a

sobrevivência das instituições privadas. Assim, da mesma forma que na Assembléia

2 Documentos citados na numeração 5,6,7,8,10 , não serviram para nossa pesquisa, pois nada constavam

sobre o Direito à Educação Básica.

Page 9: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

9

Nacional Constituinte a Igreja se fez presente no processo de elaboração da Constituição

Estadual.

02.Ofício do Instituto Regional da Pastoral de MT: solicita artigo referente ao

ensino religioso

“O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários

normais em todas as séries de ensino de 1º e2º graus.”

Para o tema que ora nos ocupa a proposta do IRPAMAT é muito sugestiva, pois

reproduz no nível regional a polêmica sobre o ensino religioso que tem permeado os

debates a cerca da educação pública como direito de todos desde a década de 1930. Nesse

particular são esclarecedoras as palavras de Cunha, (1987, p.9):

O período letivo brasileiro é muito pouco denso [...] para que disciplinas ou

atividades que não são próprias da escola sejam introduzidas no currículo, como

é o caso do ensino religioso, reduzindo ainda mais o tempo disponível para [...]

o ensino sistemático da leitura, da escrita, do cálculo, das ciências, dos estudos sociais.

Para o direito à educação isso tem relevância porque quando se pensa em ensino

religioso não se inclui os credos que não são reconhecidos oficialmente como religiões,

como por exemplo, as religiões da tradição africana.

03.Oficio da Associação de Educação Católica de Mato Grosso do Sul

Novamente a preocupação do ensino religioso permanece em grande discussão no

âmbito regional, o documento encaminhado pela Associação de Educação Católica de

Mato Grosso do Sul pede um artigo referente ao ensino religioso, contudo já propõe

matrícula facultativa nas séries de 1º e 2º graus, assim cabe aos pais e responsáveis a

decisão da educação religiosa na escola pública. Medida tomada para garantir o ensino

religioso desde a Constituição de 1934.

04.Ofício da Federação Missão Sul Mato-Grossense das Igrejas Adventistas

do Sétimo Dia/09.Oficio Igreja Adventista da Promessa – Campo Grande

A proposta reivindica o sábado como dia sagrado e destinado ao dia de repouso nos

estabelecimentos de ensino particulares e públicos.

O ofício nº. 002/89 do dia 27 de Janeiro de 1989 solicita que os fiéis das Igrejas

Adventistas do Sétimo Dia tenham o sábado como dia sagrado e destinado às atividades

religiosas, compreendendo que o sábado sagrado começa no por do sol de sexta-feira e

termina no por do sol de sábado. Pedido de efetivação do direito aos que dele necessitam

em virtude de suas crenças. Essa solicitação contraria o Artigo 5º. da Constituição

Brasileira.

05.Oficio da União Brasileira de Escritores

Page 10: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

10

Pedido da inclusão da matéria de literatura estadual nas escolas de Mato Grosso do

Sul.

06.Oficio da Secretaria Municipal de Educação SEMED – Campo Grande.

Sugestões para com a preocupação ecológica no estado de Mato Grosso do Sul.

07.Oficio Escola de Pais do Brasil – Secção Campo Grande

O documento encontrava-se ilegível.

08. Oficio do Cidadão Elpídio Reis.

Reivindicação de artigo que garanta o incentivo as instituições destinadas a

promover programas de prevenção e atendimento especializado a crianças e adolescentes

dependentes de entorpecentes e drogas afins.

09.Igreja Adventista da Promessa – Campo Grande, MS.

O documento reivindica a garantia do direito ao sábado como dia de repouso nos

estabelecimentos de ensino públicos e particulares. Novamente a preocupação com o

respeito as crenças e a influência da religião na educação pública.

10.Ofício conjunto do SINDESUL (Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de

Saúde do estado de Mato Grosso do Sul) e do FEBESUL (Federação das Instituições

Filantrópicas e Beneficentes do estado de Mato Grosso do Sul) – Dourados, MS.

Faz sugestões à melhoria do atendimento a saúde do estado, através de medidas a

serem formalizadas na Constituição do Estado.

11.Propostas Educacionais Para a Constituinte Estadual - Secretaria da Educação –

Estado de Mato Grosso do Sul

O documento é composto por sete folhas datilografadas, possuindo capa e uma

carta de apresentação assinada pelo Deputado Valter Pereira, Secretário de Estado de

Educação, na época. Trata-se de uma proposta para a Constituinte no que se refere à

educação, está dividido em seis itens que tratam dos Fins da Educação, da Educação

Estadual, do Direito à Educação, do Dever e da Liberdade de Educar, do sistema Estadual

de Educação, da Administração da Educação.

No que diz respeito ao Direito à Educação a Proposta/Sed apresenta um item nos

seguintes termos: 1. A Educação é direito de todos e será promovida e incentivada por

todos os meios legítimos disponíveis na sociedade. (MS, 1989, p.2) Referente à gratuidade

do ensino o documento assinala, gratuidade do ensino público em estabelecimentos

oficiais.

Page 11: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

11

Quanto ao item destinado ao Dever e da Liberdade de Educar o documento propõe

que é dever do Estado garantir:

- ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que não tiveram

acesso na idade própria;

- atendimento em creches e pré-escolas as crianças de zero a seis anos de idade;

- progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade do ensino médio;

- atendimento educacional especializado a portadores de deficiência, preferencialmente, na rede pública de ensino;

- oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; (MS,

1989, p.02)

O quinto item do texto trata do Sistema Estadual de Educação, e o documento

reivindica a garantia do Estado como coordenador e articulador de seu sistema de educação

se responsabilizando pela oferta obrigatória e gratuita do ensino fundamental e da

educação pré-escolar, bem como a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao

ensino médio. (MS, 1989, p.4).

Assim é possível perceber na Proposta/Sed encaminhada pela Secretaria de

Educação que já se configurava uma preocupação com o atendimento aos níveis de ensino

ulteriores ao fundamental. Mas não propõe que tipos de articulações e de políticas serão

tomados para o atendimento nesses níveis.

Apesar de a Proposta prever o atendimento do ensino fundamental e da educação

pré-escolar pelo Estado o quarto subitem estipula a obrigação dos Municípios em

desenvolver prioritariamente os níveis de educação pré-escolar e ensino fundamental e a

modalidade de ensino especial não podendo expandir para outros níveis enquanto esses não

forem plenamente atendidos. Ou seja, a rigor é o Estado deixando para os Municípios a

responsabilidade da educação da maioria da população.

A Proposta em questão não foi analisada na integra, pois faltam páginas. Contudo

fica clara a intenção do atendimento ao nível fundamental de ensino e a progressiva

extensão aos demais níveis, sem medidas concretas que formalizem essa extensão. O que é

possível também perceber que a Proposta/Sed pouco se afasta do já disposto na

Constituição Federal quanto à promoção e efetivação do direito à educação básica.

12.O ofício de 30/01/1989, encaminhado pelo Grupo de Trabalho e Estudos Zumbi

– TEZ

O ofício encaminhado pela TEZ propõe à Comissão da Constituinte Estadual que é

dever do Estado zelar para que a Educação e os meios de comunicação estejam a serviço

de uma cultura igualitária. Acreditamos na importância do documento porque propõe a

igualdade cultural, direito constituído e dever do Estado em assegurá-lo. Havemos apenas

ter o cuidado de não sugerir homogeneização cultural por que o que fazer das diferenças?

Page 12: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

12

Nesse particular e considerando o tema que ora nos ocupa é esclarecedor as palavras de

Valente (1999, p.107):

[...] a tendência à globalização estaria alimentando um processo de

homogeneização que, a princípio, negaria o movimento inverso de

reivindicação das diferenças. Nessas condições, a insistência com que vem

sendo defendido o reconhecimento da diferença seria tempestade passageira.

13.Propostas Educacionais FEPROSUL- Federação dos Professores de Mato

Grosso do Sul.

O documento encaminhado pela Federação dos Professores de Mato Grosso do Sul

à Comissão de Ordem Econômica e Administração Pública é constituído de oito páginas,

com 21 artigos referentes à educação, 03 artigos referentes ao Sistema Tributário, do

Orçamento e das Finanças, 01 artigo sobre a Legislação Complementar com Propostas

Funcionais e Propostas Sindicais em subitens.

A respeito do Direito à educação básica foi possível notar no documento enviado

pela FEPROSUL a preocupação com o ensino gratuito e público, sendo assim é possível

perceber no Artigo 2º. a proposta de que o ensino público, gratuito e laico a todos os níveis

de escolaridade é direito de todos os cidadãos brasileiros. Completando no Parágrafo

Único do mesmo Artigo o dever do estado quanto ao provimento em todo o seu território

de vagas em número suficiente para atender à demanda. Percebe-se que a proposta é

realmente elaborada com o propósito de atender a todos os níveis de ensino, ou seja, a

educação básica e o ensino superior.

O Artigo IV da Proposta/FEPROSUL prevê o ensino de primeiro grau obrigatório

com duração de oito anos visando à formação básica comum indispensável a todos. E o

ensino de 2º Grau o Artigo V da Proposta prevê como a segunda etapa do ensino básico e

direito de todos, sendo assim é possível perceber na proposta o alinhamento com

reivindicações dos educadores brasileiros que, desde o início da Assembléia Nacional

Constituinte, em 1986, se reuniram no Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública

(FNDEP) para reivindicar a educação como um direito de todo cidadão, sendo dever do

Estado oferecer o ensino gratuito e laico.

Para completar o atendimento da educação básica o Artigo IX acrescenta:

Inclui-se na responsabilidade do estado, na forma do artigo 01:

I- A oferta de creches para crianças de zero a três anos e ensino pré-escolar

dos quatro aos seis anos;

II- A garantia de educação especializada para os portadores de deficiências

físicas, mentais e sensoriais em qualquer idade. (FEPROSUL, 1989, p. 03)

A proposta prevê a garantia de 25% de recursos no mínimo anualmente destinados

pelos Estados e Municípios na manutenção do ensino.

Page 13: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

13

È possível perceber que a proposta encaminhada pela FEPROSUL, outras

preocupações do FNDEP no sentido da efetivação da promoção do direito à educação,

trata-se do seu financiamento.

14.O oficio encaminhado pela União Campograndense de Estudantes

O oficio encaminhado á Comissão de Ordem Econômica e Social de 31 de Janeiro

de 1989 propõe doze itens a serem considerados na Constituição de Mato Grosso do Sul,

referente ao direito á educação o documento propõe a garantia e dever do Estado, a

Educação, Saúde, Alimentação e Habitação ao menor. Assim além de prever o dever do

Estado no atendimento também prevê a garantia do atendimento pelo Estado na educação

do menor. A proposta vai na mesma direção da apresentada pela FEPROSUL.

15.Sugestão de Projeto para Constituição Estadual do Sindicato dos

Estabelecimentos de Ensino/MS.

O documento é composto de seis folhas datilografadas e dividido em duas seções a

primeira seção referente à educação com dez artigos e a segunda relativa à cultura com

cinco artigos. No Artigo I da Seção I é tratado o dever do Estado e da família em garantir

educação. Já o Artigo II Inciso quarto dispõe sobre a gratuidade do ensino público em

estabelecimentos oficiais disposto no artigo 242 da Constituição Federal.

O Artigo IV propõe o dever do Poder Público com a educação mediante o ensino

fundamental obrigatório e gratuito, progressiva extensão da obrigatoriedade, atendimento

educacional especializado aos portadores de deficiência, atendimento em creche e pré-

escolas as crianças de zero a seis anos e atendimento ao educando, no ensino fundamental,

através de programas suplementares. Percebe-se a preocupação com o atendimento

prioritário no nível fundamental, contudo já se verifica a inclusão do atendimento à

educação infantil e aos portadores de necessidades especiais.

O Parágrafo 1º. do Artigo IV propõe o acesso ao ensino obrigatório e gratuito como

direito público subjetivo. Fica entendido como ensino obrigatório e gratuito o nível

fundamental restringindo o direito aos outros níveis.

O Parágrafo 3º. do mesmo Artigo propõe o recenseamento e a chamada dos

educandos pelo Poder Público ao acesso ao nível fundamental, desconsiderando os níveis

ulteriores e enfatizando a responsabilidade do atendimento só ao nível obrigatório de

ensino.

O Parágrafo 4º. do Artigo IV ainda prevê que toda escola pública deve manter

curso regular noturno, visando o atendimento dos que se encontram fora da faixa etária e

Page 14: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

14

menores trabalhadores. Medida de efetivação do direito à educação que visa agregar os que

passaram da faixa etária de atendimento educacional.

O Artigo VII propõe o regime de colaboração entre Estado e Municípios nos

sistemas de ensino, assim no Parágrafo 2º. da proposta prevê que os Municípios atuarão

prioritariamente no ensino fundamental e pré-escolas, assim os municípios se obrigam a

atender o nível obrigatório de ensino (fundamental) e a pré-escola será atendida a medida

que restarem recursos.

O Artigo VIII da Proposta do sindicato dos professores propõe 25% da receita de

impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino. Garantia de um mínimo de

percentual para o atendimento, contudo no Parágrafo 3º. do mesmo Artigo há uma clara

restrição ao direito á educação básica quando propõe a distribuição dos recursos públicos

assegurará prioritariamente ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, assim

em primeira instância o atendimento ao nível fundamental.

A proposta encaminhada pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino /MS, se

baseia no disposto na Constituição Federal, contudo já assinalam para algumas mudanças

em relação à educação básica como o atendimento em creches e pré-escolas e a progressiva

extensão da obrigatoriedade ao nível médio, mas o que é possível perceber que em matéria

de recursos o atendimento se concentra no nível fundamental.

O que podemos deduzir das propostas enviadas pela sociedade sul-mato-grossense,

que tivemos acesso e que tinham a ver com nosso tema, é que o direito à educação foi

objeto de preocupação nos documentos encaminhados pela Secretaria de Educação de

Mato Grosso do Sul, União Campo-grandense de Estudantes, Sindicato dos

Estabelecimentos de Ensino/MS, Federação dos Professores de Mato Grosso do Sul, Grupo

de Trabalho e Estudos Zumbi que de alguma maneira procuraram garantir esse direito.

Igualmente percebemos que a Igreja esteve empenhada em garantir o ensino religioso nas

instituições públicas assim podemos citar a manifestação da Diocese de Dourados, Mato

Grosso do Sul, IRPAMAT, Associação Católica de Mato Grosso do Sul, Federação Missão

Sul Mato-Grossense das Igrejas Adventistas do Sétimo Dia, Igreja Adventista da

Promessa.

Em suma, a sociedade sul-mato-grossense participou da elaboração da lei maior do

Estado, através de seus representantes, embora tenhamos encontrado apenas 15 sugestões

não deixa de ser significativo, porque como já mencionamos a maioria das pessoas não se

interessa pelos trabalhos realizados pelo Poder Legislativo. A conseqüência desse

Page 15: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

15

desinteresse é a falta de fiscalização das decisões políticas tomadas sem levar em

consideração as necessidades e vontade da maioria da população.

O Projeto de Constituição de Mato Grosso do Sul3 – Comissão de Sistematização –

Agosto de 1989.

A Comissão de Sistematização que organizou o Projeto de Constituição em 23 de

agosto de 1989 era composta dos seguintes Constituintes: Deputado Roberto Razuk (PFL)_

Presidente, Deputado Nelson Trad (PTB)– Vice-Presidente, Deputado Ricardo Bacha

(PMDB) – Relator Geral, Deputado Fernando Saldanha (PMDB) – Secretário, Deputado

Cícero de Souza (PFL) – Relator Geral Adjunto, Deputado Waldemir Moka (PMDB),

Deputado André Puccinelli (PMDB), Deputada Marilene Coimbra (PDS), Deputado

Cláudio Valério (PMDB); e como Suplentes: Deputado Henrique Dedé (PTB), Deputado

Benedito Leal (PMDB), Deputado Ozéias Pereira (PMDB), Deputado Valdenir Machado

(PMDB), Deputado Pedro Paulo (PMDB).

O projeto é composto de 71 folhas digitadas divididas em um Preâmbulo, seis

Títulos e doze Capítulos. O Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto e a

Seção I – da Educação é a que serviu de base empírica para nosso estudo referente ao

direito à educação básica. O Artigo 192 refere-se ao direito à educação e no dever do

Estado e da família na garantia desse direito, e no item d - garantia de gratuidade do ensino

público em estabelecimentos oficiais, sem a cobrança de taxas de qualquer natureza,

podemos notar uma preocupação com a garantia de ensino gratuito medida de efetivação

do direito de educar.

O Artigo 194 estipula o dever do Estado em garantir:

I-o ensino fundamental, que será obrigatório e gratuito para todos e para os que a

ele não tiveram acesso na idade própria; (P.C.M.S4, 1989, p.50) Assim o Estado se obriga a

atender prioritariamente o ensino fundamental considerado como oficial e em segundo

plano e ensino médio e a educação infantil, clara restrição ao atendimento dos níveis

ulteriores.

II- o atendimento em creches e em pré-escolas às crianças de até seis anos de idade;

(P.C.M. S, 1989, p.50) Aqui aparece à garantia ao atendimento à educação infantil,

contudo não há garantias de recursos e de atendimento a todos que necessitarem.

III- a progressiva extensão de obrigatoriedade e a gratuidade do ensino médio;

(P.C.M. S, 1989, p.50) Apesar de o parágrafo terceiro garantir a “progressiva extensão” da

3 (P.C.M.S. - PROJETO DE CONSTITUIÇÃO DE MATO GROSSO DO SUL, 1989, p. 50)

Page 16: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

16

obrigatoriedade e da gratuidade ao ensino médio não prevê quando nem como isso irá

acontecer, não foi possível analisar a efetivação do direito.

IV-o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino; (P.C.M. S, 1989, p.50) O atendimento

educacional especializado aos portadores de deficiência restringe o atendimento a esses

alunos a salas “especiais” apesar da inclusão a rede pública de ensino.

VII-o atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas

suplementares de material didático, de transporte, de alimentação e de assistência a saúde;

(P.C.M.S., 1989, p.50) A garantia do direito à educação no nível fundamental é visível,

medidas que procuram efetivar o ensino fundamental.

Parágrafo 1 - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

(P.C.M.S., 1989, p.50) Não é colocado no texto do inciso 1º que o ensino obrigatório e

gratuito é só o nível fundamental sendo assim direito público e subjetivo somente é

assegurado para este nível de ensino, restrição ao atendimento aos outros níveis.

Parágrafo 2 - O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público ou sua

oferta irregular importam em responsabilidade da autoridade competente. (P.C.M.S., 1989,

p.50) Medida de efetivação do direito ao ensino obrigatório.

Parágrafo 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino

fundamental, fazer-lhes a chamada anual e zelar, junto aos pais ou aos responsáveis, pela

freqüência à escola. (P.C.M.S., 1989, p.50) A preocupação do atendimento se restringe

especificamente ao ensino fundamental. Já o artigo 195 propõe que o Estado estimulará o

acesso da população carente ao ensino médio e superior através de programas

[...](P.C.M.S., 1989, p.50) Caberá ao Estado somente “estimular” o acesso não garantir o

acesso ao ensino médio e superior.

O Artigo 197 propõe a atuação prioritária dos Municípios no atendimento ao nível

fundamental, educação pré-escolar e a “modalidade” de ensino especial. (P.C.M.S., 1989,

p.50) O estado centraliza a responsabilidade do atendimento do nível fundamental e pré-

escolar para os municípios e direciona a educação especial como uma “modalidade de

ensino” divergente dos outros níveis de ensino.

O artigo 202 prevê o estabelecimento do plano estadual, visando à articulação e ao

desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis visando reduzir:

I- erradicação do analfabetismo;

II- universalização do atendimento escolar;

III- melhoria da qualidade de ensino;

Page 17: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

17

Medidas pensadas em longo prazo para melhoria do sistema educacional estadual,

contudo as condições existentes de recursos não condizem com as iniciativas tomadas. É o

que anuncia o artigo 208 do projeto de Constituição que prevê os recursos anuais de nunca

menos de trinta por cento da receita resultante de impostos, incluída a proveniente de

transferências na manutenção, no desenvolvimento e na qualidade do ensino. Esse Artigo

chama a atenção tendo em vista o tema que ora nos ocupa, o direito à educação, porque

avança ao disposto na Constituição Federal em seu Artigo 212 que prevê o mínimo de 25%

a ser aplicado anualmente na educação do estado.

Resumindo, em relação à educação o projeto primitivo da Constituição Estadual

contava com um capítulo de 20 artigos, 03 parágrafos, 13 inciso, 08 alíneas, que

estabeleciam além do disposto na Constituição Federal: o mínimo de 30% das receitas a ser

aplicado na educação a fim de manter a melhoria e a qualidade do ensino. Prevê ainda o

estabelecimento do Plano Estadual de Educação, visando a articulação e ao

desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis visando reduzir: erradicação do

analfabetismo, universalização do atendimento escolar, melhoria da qualidade de ensino.

A Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul – promulgada em 05 de outubro de

1989.

O texto aprovado da Constituição Estadual após discussões e emendas possui 75

páginas contendo, um Preâmbulo, seis Títulos e mais um apêndice com Ato das

Disposições Constitucionais Gerais e Transitórias.

Centramos nossa atenção no Título VI Da Ordem Social e Econômica, Capítulo III

– Da educação, da Cultura e do Desporto – Seção I – Da Educação. A Seção destinada à

educação no texto final está dividida em treze artigos que a exemplo do projeto primitivo

estabelecem o disposto na Constituição Federal. Nessa sessão procuramos buscar

indicadores da garantia do direito à educação básica. Sendo assim o Artigo 189 trata do

direito à educação e do dever do Estado e da família de promover e incentivar à educação.

Assim a responsabilidade em garantir a educação fica dividida entre o Estado e a família. E

o Parágrafo IV do mesmo artigo garante a gratuidade do ensino público vedada a

cobranças de taxas de qualquer natureza, sendo assim caberia ao poder público a garantia

de atendimento a todos que necessitarem de educação em estabelecimentos oficiais.

O Artigo 190 propõe o dever do Estado em garantir:

I- o ensino fundamental, que será obrigatório e gratuito para todos e para os que

não tiveram acesso na idade própria; (MS, 1989, p.60) A restrição dos níveis ulteriores fica

clara quando garante a obrigatoriedade e gratuidade ao nível fundamental.

Page 18: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

18

II – o atendimento em creche e pré-escolas às crianças de até seis anos de idade;

(MS, 1989, p.60) Não garante condições de atendimento nem como será realizado.

III- a progressiva extensão da obrigatoriedade e da gratuidade do ensino médio;

(MS, 1989, p.60) em que condições será realizada esta progressiva extensão? O ensino

médio não é visto pela legislação Estadual como parte da educação básica neste momento

ainda.

IV- o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino; (MS, 1989, p. 60) Os portadores de

deficiência apesar de serem atendidos na rede regular de ensino ainda possuem um

atendimento educacional especializado.

VII- o atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas

suplementares de material didático, de transporte, de alimentação e de assistência à saúde.

(MS, 1989, p.60) Medida que torna possível a efetivação do direito à educação, pois prevê

sanear as necessidades básicas do educando.

§ 1º o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público e subjetivo. (MS,

1989, p.60) A Constituição estadual prevê o acesso ao ensino obrigatório e gratuito como

direito público e subjetivo sendo assim o que a própria Constituição considera como ensino

obrigatório e gratuito é o nível fundamental, restrição aos demais níveis de ensino.

§ 2º O não – oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público ou sua oferta

irregular importam em responsabilidade da autoridade competente; (MS, 1989, p.60) O

estado assume a responsabilidade de garantia de fiscalização ao atendimento no nível

oficial.

§3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental,

fazer-lhes a chamada anual e zelar, junto aos pais ou aos responsáveis, pela freqüência à

escola. (MS, 1989, p.60) Medida de efetivação do direito à educação a competência do

Poder Público em recensear os educandos do ensino fundamental, contudo mais uma vez a

garantia de atendimento se restringe ao nível obrigatório de ensino.

O artigo 191 propõe que o Estado “estimulará o acesso da população carente ao

nível médio e superior através de programas” diferente do que proclama o parágrafo VII do

artigo 190 que afirma que o atendimento ao educando no ensino fundamental através de

programas suplementares. O artigo 191 deixa muito vago a proposta de atendimento as

necessidades básicas de atendimento ao nível médio e superior.

Já o artigo 194 da Constituição Estadual prevê a elaboração do plano estadual de

educação visando à articulação e o desenvolvimento nos diversos níveis a fim de que haja

Page 19: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

19

erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar; melhoria da

qualidade de ensino. (MS, 1989, p.61) Apesar de propor a universalização do atendimento

escolar a Constituição Estadual não conceitua educação básica, nem garantia de

atendimento aos três níveis básicos de ensino.

Referente aos recursos em educação o estado garante nunca menos que trinta por

cento da receita resultante de impostos, recursos que garantem a efetivação do

atendimento.

É possível perceber que à educação básica ainda não está presente na Constituição

Estadual de 1989, pois fica claro no texto da lei que o atendimento será prioritariamente

direcionado para o atendimento ao nível fundamental obrigatório e gratuito de ensino. E a

efetivação do atendimento está voltada para o nível fundamental e a restrição do direito à

educação fica explicita quando privilegiam o atendimento ao nível fundamental sem

garantias de atendimento aos demais níveis.

As análises dos documentos revelam que a Federação dos Professores de Mato

Grosso do Sul foi que encaminhou uma proposta que reivindicava o direito de todos em

terem uma escola laica e gratuita. Referente ao direito à Educação Básica foi possível

perceber um pequeno avanço no texto da Constituição no que se refere ao atendimento à

educação infantil e ao ensino médio com programas suplementares de atendimento, todavia

o que mais podemos salientar foi o aumento da receita de impostos destinados à educação

passar de 25% como esta na Constituição Federal e como ficou na Constituição Estadual

com 30% do mínimo destinados à educação. E a elaboração de um plano estadual de

educação que visa à erradicação do analfabetismo, a universalização do atendimento

escolar e a melhoria da qualidade de ensino.

Fato a ser registrado e que os Deputados Constituintes de 1989, de Mato Grosso do

Sul, merecem aplausos foi o percentual de 30% a ser aplicado na educação dos sul-mato-

grossenses, mas ao mesmo tempo e paradoxalmente, atendendo não sabemos a que

interesses os Constituintes comprometem essa elevação de recursos ao criar a Faculdade de

Zootecnia e a Universidade Estadual (Artigos 46 e 48 Ato das Disposições Constitucionais

Gerais e Transitórias), mesmo sabedores de que a Constituição Federal no Parágrafo 1º. Do

Artigo 211, estabelece que o Estado deve responsabilizar-se prioritariamente pela educação

básica. Assim, na nossa avaliação não tinha cabimento a criação de duas instituições de

ensino superior sem a resolução do atendimento universal à educação básica, nos termos da

Carta Magna Brasileira.

Page 20: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

20

Contudo, o perfil conservador de Mato Grosso do Sul “falou” mais alto e o

percentual de 30% a ser aplicado na educação dos sul-mato-grossenses, conforme disposto

no Artigo 198, teve vida curta e foi substituído pela proposta de Emenda Constitucional nº.

6 de 02/07/1997, publicada no Diário Oficial de 07/07/1997 (p.28) que “optou” pela

aplicação dos dispositivos contidos na Constituição Federal, suprimindo dessa forma 5%

do percentual. Qual lógica moveu os Deputados de Mato Grosso do Sul? Com a palavra a

população ainda excluída dos benefícios da educação!

Considerações Finais

O propósito inicial deste estudo foi apreender nos documentos da Assembléia

Constituinte de 1989 como ficou configurado o direito à educação básica no Estado de

Mato Grosso do Sul procurando desvelar a sua trajetória e como este foi debatido e quanto

no decorrer da formulação e elaboração da Constituição Estadual. Pelas análises foi

possível verificar que o poder executivo assim como o legislativo esteve em sintonia na

elaboração da Constituição Estadual de 1989, e que a representação do governo esteve

presente na direção dos trabalhos da Assembléia Constituinte compondo a base de

sustentação na implantação da segunda Constituição Estadual. Essa sintonia fica clara com

a composição central da presidência da constituinte de 1989, como Presidente Londres

Machado do PFL, partido co-ligado ao Governo do Estado (PMDB), 1º Vice-Presidente,

Cláudio Valério (PMDB) partido do então Governador do Estado Marcelo Miranda Soares,

Roberto Razuk (PFL) 2º Vice-Presidente, Benedito Leal (PMDB) 3º Vice-Presidente.

É interessante observar que a população participou do processo de construção da

Constituição Estadual de 1989 com propostas e artigos que julgaram necessários ao texto

da lei a fim de garantir os interesses e necessidades dos cidadãos sul-mato-grossenses. Isso

é muito significativo porque segundo Norberto Bobbio (1992) o nascimento de direitos

está vinculado a mudanças sociais provocadas por demandas populares. Assim, o direito à

educação incluído no âmbito dos direitos sociais só ocorre em sociedades com um mínimo

de evolução econômica, social e política.

Os trabalhos dos deputados foram realizados em apenas doze meses desde a

abertura dos trabalhos na Sessão Solene outubro 1988 até a aprovação do texto final em

outubro de 1989. Ocorreram muitas discussões no âmbito do texto referente à educação,

mas que em relação ao nosso tema que é o direito à educação básica foi possível perceber a

tentativa das igrejas em garantir o ensino religioso nas instituições públicas restringindo o

direito a uma educação laica. As propostas encaminhadas pela população e seus órgãos

representativos tentaram de várias formas garantir o direito á educação de qualidade e o

Page 21: o direito à educação na assembléia constituinte do estado de mato

21

dever do Estado em proporcionar o atendimento do ensino público. Contudo o que

prevaleceu no texto da lei, que podemos considerar como promoção do direito à educação

foi o acesso obrigatório e gratuito ao ensino fundamental assegurado através do direito

público e subjetivo. E a melhoria do atendimento em creches e pré-escolas destinando este

atendimento aos municípios. Assim como no nível médio de ensino como progressiva

extensão da obrigatoriedade e gratuidade. Porém em relação à efetivação do direito à

educação a Constituição de 1989, apesar de garantir a melhoria do percentual de recursos

destinado à educação 30%, cinco por cento a mais do que determina a Constituição

Federal, ainda não garantiu o atendimento à educação básica e proporcionou a criação da

Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, medida inconstitucional, pois o nível

superior só poderia ser atendido mediante a universalização do atendimento aos níveis

básicos de ensino.

A pesquisa contribuiu para a construção do cenário educacional do Mato Grosso do

Sul, e proporcionou verificar a importância do direito á educação na construção de uma

sociedade democraticamente representativa buscando a efetivação dos direitos sociais do

cidadão.

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