0567 - noções de fiscalidade

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MANUAL / DOCUMENTAÇÃO DE APOIO Curso: 0537 – Noções de Fiscalidade Módulo: 0537 – Noções de Fiscalidade Formador: Álvaro Mendes Datas: 01/04/2015 a 10/04/2015 Pág. 1

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Noções básicas de fiscalidade

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1. Imposto

MANUAL / DOCUMENTAO DE APOIO

Curso: 0537 Noes de FiscalidadeMdulo: 0537 Noes de FiscalidadeFormador: lvaro MendesDatas: 01/04/2015 a 10/04/2015

31. Imposto

31.1. Noo

51.2. Distino de Figuras Afins

61.3. Fases do Imposto

61.4. Classificao dos Impostos

152. Breves Noes sobre Direito Fiscal

152.1. Fontes de Direito Fiscal

152.1.1. Lei Constitucional

162.1.2. Lei e Decreto-Lei

172.1.3. Regulamentos

172.1.4. Tratados Internacionais.

192.2. Interpretao e Integrao das Normas Fiscais

192.2.1. Interpretao das normas fiscais

202.2.2. Integrao das Lacunas

212.3. Aplicao da Lei Fiscal

212.3.1. O Princpio da Territorialidade

212.3.2. O Princpio da no retroactividade

232.4. Relao Jurdico-Tributria

232.4.1. Conceito

262.4.2. Elementos da Relao Jurdico-Fiscal

292.4.3. Extino da Obrigao Tributria

302.4.4. No Cumprimento da Obrigao Fiscal

31Bibliografia

1. Imposto1.1. Noo

O imposto traduz-se numa prestao pecuniria, coactiva, unilateral, definitiva e sem carcter de sano, exigida pelo Estado ou outros entes pblicos, com fundamento na lei, tendo em vista a satisfao de fins pblicos.

Prestao pecuniria

A pecuniaridade a susceptilidade de avaliao em dinheiro.

O imposto tanto pode ser pago em dinheiro como atravs de um ttulo que o represente e que a lei considere um meio vlido de efectuar a prestao. o que acontece com o cheque, o Multibanco, o Homebanking ou nos servios postais dos CTT.A Prestao coactiva

A prestao do imposto exigida pelo Estado aos sujeitos que se encontrem nas condies previstas na lei.

No est dependente da vontade dos cidados pagar ou no o imposto. Esse pagamento obrigatrio.

Prestao unilateralO facto de o contribuinte realizar a prestao no envolve nenhuma contraprestao directa por parte do Estado.

Prestao definitiva

O contribuinte jamais reaver o que prestou.

Sem carcter de sano

O imposto no tem por finalidade punir actos ilcitos. isto que o distingue das coimas.

Exigncia

O imposto exigido pelo Estado ou outros entes pblicos com fundamento na lei.

Objectivo

O imposto tem em vista a satisfao de fins pblicos.

Estes fins pblicos so vrios, pelo que a tributao pode ter diversos objectivos. H impostos que o Estado cobra apenas para obter receitas: so os IMPOSTOS FISCAIS. H outro tipo de impostos, os IMPOSTOS EXTRA FISCAIS, que so cobrados para obter receitas e, simultaneamente atingir outras finalidades, ou apenas para atingir essas outras finalidades. Exemplo deste tipo de impostos so os direitos alfandegrios que o Estado impe sobre certas mercadorias para proteger os fabricantes nacionais. Neste caso, a finalidade no obter receitas (apesar de as obter) mas sim satisfazer um interesse pblico, o de preservar a indstria nacional.

A actual Constituio da Repblica Portuguesa, no seu art. 103, afirma: Artigo 103.

Sistema fiscal

1. O sistema fiscal visa a satisfao das necessidades financeiras do Estado e outras entidades pblicas e uma repartio justa dos rendimentos e da riqueza.

2. Os impostos so criados por lei, que determina a incidncia, a taxa, os benefcios fiscais e as garantias dos contribuintes.

3. Ningum pode ser obrigado a pagar impostos que no hajam sido criados nos termos da Constituio, que tenham natureza retroactiva ou cuja liquidao e cobrana se no faam nos termos da lei.

No art. 104, n 3, l-se: A tributao do patrimnio deve contribuir para a igualdade entre os cidados.

Note-se que a principal finalidade deste imposto extrafiscal. No se pretende uma mera obteno de receitas; pretende-se, sim, contribuir para a igualdade entre os cidados.

Dispe ainda o n 4 do mesmo artigo que a tributao do consumo visa adaptar a estrutura do consumo evoluo das necessidades do desenvolvimento econmico e da justia social, devendo onerar os consumos de luxo.

Mais uma vez a Lei fundamental consagra a finalidade extrafiscal da tributao.

Isto no impede, porm, que a tributao do consumo vise tambm, a obteno de receitas. At porque esta tributao constitui a maior fonte de receitas efectivas do Estado.

1.2. Distino de Figuras Afins

Vimos que o imposto uma prestao definitiva. nisto que ele se distingue do emprstimo e da requisio administrativa.

Do objecto do emprstimo e da requisio administrativa, h sempre lugar a uma restituio, o que no sucede com o imposto.

H ainda uma outra caracterstica do imposto que no se aplica ao emprstimo: este no constitui uma prestao coactiva.

A obrigao do emprstimo no fixada por lei (como sucede com o imposto); decorre da vontade dos sujeitos.

O imposto distingue-se da coima por no ter carcter de sano.

na unilateralidade da prestao do imposto que reside a diferena entre este e a Taxa.Ao pagamento da taxa corresponde a contraprestao de um servio por parte do Estado, servio que especificamente dirigido ao indivduo que realiza o pagamento da taxa.Exemplo de Taxas: As propinas cobradas nas escolas superiores pblicas.1.3. Fases do Imposto

Tradicionalmente consideram-se quatro fases em que se desdobra a dinmica do imposto: Incidncia, Lanamento, Liquidao e Cobrana.

A primeira condio para a existncia de um imposto a identificao de um bem, uma espcie de riqueza ou um sujeito aos quais ele se aplique. isso que exprime o conceito de incidncia.Faz-se geralmente a distino entre incidncia real (referente a bens ou factos) e incidncia pessoal (referente a qualidades pessoais).

O Lanamento a srie de operaes administrativas com vista a identificar o sujeito passivo do imposto e a determinar a matria colectvel.

A Liquidao do imposto consiste na determinao do montante concreto da prestao, atravs da aplicao da taxa matria colectvel.

Uma vez que foi determinado o montante do imposto a pagar, atravs das operaes de liquidao, procede-se cobrana do imposto.

A Cobrana a operao administrativa que visa arrecadar o imposto nos cofres do Estado.

1.4. Classificao dos Impostos

I - DIRECTOS E INDIRECTOS

A classificao dos impostos em directos e indirectos tem levantado grande polmica. Tm sido muitos os critrios propostos, se bem que nenhum deles tenha recolhido aceitao unnime.

H dois tipos principais de critrios a respeito desta distino: Critrios econmicos e critrios jurdicos.

a) Critrios Econmicos

Dentro dos critrios econmicos, temos:

- Critrio do Modo de Avaliao da Capacidade Tributria:

Segundo este critrio, Impostos Directos so aqueles que incidem sobre a matria colectvel (rendimento ou patrimnio) que o contribuinte obtm ou mantm em seu poder. Impostos Indirectos sero aqueles que incidem sobre o rendimento ou patrimnio utilizado pelo contribuinte.

Assim, sero impostos diretos como o I.R.C. (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas) e o I.R.S. (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares).Impostos indirectos sero o I.V.A. e a IMT (Imposto Mucnipal sobre Transmisso Onerosa de Imveis).

- Critrio da Contabilidade Nacional:De acordo com este critrio, impostos directos sero os que no se incluem no custo de produo da empresa. Indirectos sero os que constituem elemento do custo de produo.

- Critrio da Repercusso:A Repercusso do Imposto consiste em o devedor do imposto, isto , aquele a quem exigida a entrega ao Estado do respectivo montante, transferir para outrem o encargo econmico em que esse imposto se traduz.

Assim, impostos directos seriam aqueles que se no repercutem; impostos indirectos seriam os impostos passveis de repercusso.

Este critrio pouco rigoroso, uma vez que, consoante o regime jurdico em que esto enquadrados, quase todos os impostos podem ser repercutveis.

b) Critrios Jurdicos

- Critrio do rol nominativo:O imposto ser directo quando for possvel fazer a determinao prvia dos contribuintes, organizando um rol nominativo.

Quando tal no for possvel, teremos um imposto indirecto. Assim, sero impostos directos: a Contribuio Autrquica

Indiretos sero o I.R.C. e o I.R.S.

- Critrio do Processo Administrativo:Segundo este critrio, os impostos directos seriam caracterizados pela existncia, entre a ocorrncia do facto gerador do imposto e o seu pagamento, de um processo administrativo (operaes de lanamento e liquidao).

No caso dos impostos indirectos no existiria tal interveno da Administrao.

Tais operaes seriam efectuadas pelo prprio contribuinte, pelo que a doutrina os apelida de impostos sem lanamento ou de auto lanamento.

II. REAIS E PESSOAIS

Os impostos reais ou objectivos, atingem a matria colectvel directamente, no se preocupando com a situao econmica do contribuinte e/ou do seu agregado familiar.

Os impostos pessoais ou subjetivos tm em conta as condies pessoais do contribuinte.Imagine-se que A casado, tem 3 filhos, e proprietrio de um prdio onde habita com o seu agregado familiar. Por outro lado, B solteiro, sem filhos, e proprietrio de um prdio, onde habita, idntico ao de A.

Nesta situao, e apesar das pessoas aqui intervenientes terem encargos familiares diferentes, quer A quer B pagaro idntica quantia a ttulo de Contribuio Autrquica.

Disse-se que os impostos pessoais atendem situao subjectiva do contribuinte. Mas de que forma?

H trs expedientes principais que permitem a pessoalizao:

Iseno do mnimo de existncia;

Dedues para encargos familiares;

Taxas progressivas.

nos impostos que atendem ao rendimento global (e no parcelar) dos contribuintes que pode fazer-se, em rigor, a pessoalizao.

Entre ns assumimos a natureza de imposto pessoal o imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (I.R.S.), uma vez que prev iseno do mnimo de existncia Artigo 70.

Mnimo de existncia

1 - Da aplicao das taxas estabelecidas no artigo 68. no pode resultar, para os titulares de rendimentos predominantemente originados em trabalho dependente ou em penses, a disponibilidade de um rendimento lquido de imposto inferior ao valor anual da retribuio mnima mensal acrescida de 20 % nem resultar qualquer imposto para os mesmos rendimentos, cuja matria calcetvel, aps a aplicao do quociente conjugal, seja igual ou inferior a (euro) 1911.2 - Ao rendimento calcetvel dos agregados familiares com trs ou quatro dependentes ou com cinco ou mais dependentes, cujo montante seja, respetivamente, igual ou inferior ao valor anual do salrio mnimo nacional mais elevado acrescido de 60% ou igual ou inferior ao valor anual do salrio mnimo nacional mais elevado acrescido de 120%, no so aplicadas as taxas estabelecidas no artigo 68..Prev ainda dedues pessoais:

Artigo 78.

Dedues colecta

1- colecta so efetuadas, nos termos dos artigos subsequentes, as seguintes dedues relativas:

a) Aos sujeitos passivos, seus dependentes e ascendentes;

b) s despesas de sade;

c) s despesas de educao e formao;

d) s importncias respeitantes a penses de alimentos; e) Aos encargos com lares; f) Aos encargos com imveis;

g) Aos encargos com prmios de seguros de vida previstos no artigo 87.h) s pessoas com deficincia;

i) dupla tributao internacional;

j) Aos benefcios fiscais.2 - So ainda deduzidos colecta os pagamentos por conta do imposto e as importncias retidas na fonte que tenham aquela natureza, respeitantes ao mesmo perodo de tributao, bem como as retenes efetuadas ao abrigo do artigo 11. da Diretiva n. 2003/48/CE, de 3 de Junho.3 - As dedues referidas neste artigo so efetuadas pela ordem nele indicada e apenas as previstas no nmero anterior, quando superiores ao imposto devido, conferem direito ao reembolso da diferena.

4 - Em caso algum, as dedues previstas no n. 1, sujeitas aos limites constantes da tabela prevista no n. 7, podem deixar aos sujeitos passivos rendimento lquido de imposto menor do que aquele que lhe ficaria se o seu rendimento calcetvel correspondesse ao limite superior do escalo imediatamente inferior. 5 - As dedues previstas no n. 1 aplicam-se apenas aos sujeitos passivos residentes em territrio portugus.

6 - As dedues referidas nas alneas a) a h) bem como na alnea j) do n. 1 s podem ser realizadas:

a) Mediante a identificao fiscal dos dependentes, ascendentes, colaterais ou beneficirios a que se reportem, feita na declarao a que se refere o n. 1 do artigo 57.;

b)(*) Nos casos em que envolvam despesas, mediante a identificao do sujeito passivo ou do membro do agregado a que se reportam:

i) Em fatura, fatura-recibo ou documento legalmente equiparado nos termos do Cdigo do IVA, quando a sua emisso seja obrigatria; ou

ii) Em outro documento, quando o fornecedor dos bens ou prestador dos servios esteja dispensada daquela obrigao.

7 - A soma das dedues colecta previstas nos artigos 82., 83., 83.-A, 84. e 85. no pode exceder os limites constantes da seguinte tabela:

Escalo de rendimento coletvel

Limite

At 7 000 Sem limite

De mais de 7 000 at 20 000

1250

De mais de 20 000 at 40 000 1000

De mais de 40 000 at 80 000 500

Superior a 80 000 08 - Os limites previstos para os 2., 3. e 4. escales de rendimentos na tabela constante do nmero anterior so majorados em 10 % por cada dependente ou afilhado civil que no seja sujeito passivo do IRS. 9 - Nos casos em que por divrcio, separao judicial de pessoas e bens, declarao de nulidade ou anulao do casamento as responsabilidades parentais relativas aos dependentes previstas na alnea a) do n. 4 do artigo 13. so exercidas em comum por ambos os progenitores, as dedues coleta so efetuadas nos seguintes termos:

a) 50 % dos montantes fixados na alnea d) do n. 1 e no n. 3 do artigo 79. e nos n 1, 2 e 6 do artigo 87., relativamente a cada dependente;

b) 50 % do limite previsto no n. 4 do artigo 87., respetivamente, por cada dependente;

c) 50 % dos restantes limites quantitativos estabelecidos para as dedues previstas nas alneas b), c), e) e j) do n. 1 deste artigo e no n. 2 do artigo 74. do Estatuto dos Benefcios Fiscais, salvo se no mesmo agregado existirem outros dependentes que no estejam nestas condies.Taxas progressivas (art. 68).

TAXAS

Artigo 68.Taxas gerais

1 - As taxas do imposto so as constantes da tabela seguinte:

Rendimento Coletvel( em euros)Taxas(em percentagens)

Normal(A)Mdia(B)

At 7 00014,5014,500

De mais de 7 000 at 20 00028,5023,600

De mais de 20 000 at 40 0003730,300

De mais de 40 000 at 80 0004537,650

Superior a 80 00048---

2 - O quantitativo do rendimento coletvel, quando superior a (euro) 7000, dividido em duas partes: uma, igual ao limite do maior dos escales que nele couber, qual se aplica a taxa da col. (B) correspondente a esse escalo; outra, igual ao excedente, a que se aplica a taxa da col. (A) respeitante ao escalo imediatamente superior

III. PRINCIPAIS E ACESSRIOSDiz-se Acessrio o imposto que recai sobre a matria colectvel ou sobre a colecta de um imposto - imposto principal.

Os impostos acessrios recaem sobre a colecta denominam-se ADICIONAIS. Os que recaem sobre a matria coletvel denominam-se Adicionamentos.IV. ESTADUAIS E LOCAISOs impostos Estaduais so aqueles cujo sujeito activo o Estado.

Os impostos Locais tm como sujeito activo as autarquias locais.

Os impostos Gerais abrangem todo o territrio nacional. Os Impostos Locais apenas abrangem uma fraco do territrio.

Posto isto, fcil verificar a diferena existente entre estas duas classificaes:

A primeira (Impostos Estaduais vs. Impostos Locais) define-se em funo do Sujeito Activo da Obrigao.

A segunda, em funo do mbito territorial de aplicao do imposto.

V. PERIDICOS OU DE OBRIGAO NICA.Os impostos de obrigao nica incidem sobre acontecimentos no regulares; o caso da IMT (Imposto Municipal sobre Transmisso Onerosa de Imveis), por exemplo, dadas as transmisses dos prdios no se repetirem em ciclos regulares.

Os impostos peridicos so os que incidem sobre factos que se prolongam indefinidamente.

O I.R.S. e o IMI (Imposto Municipal sobre Imveis) so exemplos de impostos peridicos, porquanto as situaes de trabalhador e de proprietrio presumem-se contnuas.

VI. QUOTA FIXA - QUOTA VARIVELEstamos em face de um imposto de quota fixa quando o legislador se abstrai da matria colectvel, estabelecendo apenas o valor da colecta. No se trata aqui de aplicar uma taxa a uma quantia. Trata-se de estabelecer uma quantia a pagar, indiscriminadamente, por todos os indivduos que se encontrem em determinada situao.

O imposto ser de quota varivel quando a quantia a pagar (prestao tributria) varia com as diferenas da matria colectvel dos contribuintes.

Conforme a variao da quota poder-se- estar perante:

impostos de quota varivel proporcional (impostos proporcionais);

impostos de quota varivel progressiva (impostos progressivos);

impostos de quota varivel regressiva (impostos regressivos)

Impostos ProporcionaisA taxa a aplicar matria colectvel sempre a mesma, variando a colecta do imposto na proporo da matria colectvel.

A matria colectvel do Sr. Z 1.000.

A matria colectvel da Sra. Y 2.000.

A ambas se aplica a mesma taxa (10%, por exemplo).

O valor da colecta sobre Z 100; sobre Y 200.

Entre ns, assume a natureza de imposto proporcional o I.R.C. e a Imposto Municipal sobre Imveis (IMI).

Impostos ProgressivosSo aqueles cuja taxa se eleva medida que a matria colectvel aumenta.

O legislador estabelece, por exemplo, as seguintes taxas para diferentes matrias colectveis:

Matria Colectvel Taxa

Z1.00010%

P1.50020%

Y2.00025%

R3.00050%

Repare-se que, no exemplo relativo aos Impostos Proporcionais, Z e Y pagariam, respectivamente, 100 e 200.

Neste caso (Imposto Progressivo) Z pagaria 100 e Y 500.

Exemplo de imposto progressivo: IRS.2. Breves Noes sobre Direito Fiscal2.1. Fontes de Direito Fiscal

Aonde vai o Direito Fiscal buscar as normas por que se rege?

2.1.1. Lei Constitucional

na Constituio que encontramos os princpios fundamentais do Direito Fiscal:

O Princpio da Legalidade Tributria

O Princpio da Igualdade Tributria e

Princpio da Autorizao Anual de Cobrana.Princpio da Legalidade Tributria

Pertence lei formal o estabelecimento dos impostos.

Aps a Revoluo Francesa, entende-se que qualquer interveno que tocasse na propriedade e liberdade dos cidados s poderia provir dum rgo que estivesse em condies de defender os interesses dos prprios cidados.

Reservou-se, deste modo, um lote de matrias competncia do Parlamento; entre elas o estabelecimento de impostos.

O princpio da Legalidade tributria encontra-se consagrado no art................................ 103, n 2 da C.R.P. (Constituio da Repblica Portuguesa):

Os impostos so criados por lei, que determina a incidncia, a taxa, os benefcios fiscais e as garantias dos contribuintes.

Princpio da Igualdade Tributria

Os impostos tm aplicao geral e uniforme.

aps a revoluo Francesa que se do os primeiros passos no sentido da instaurao da igualdade tributria. Ps-se fim s isenes do Clero e da Nobreza, ficando todos adstritos ao pagamento dos impostos.

nisto que consiste a primeira caracterstica do Princpio da Igualdade Tributria - a generalidade dos impostos. Todos so iguais perante a lei. Ningum, em princpio, goza de isenes.

Mas isto no basta para que se realize a igualdade tributria. Porque se verdade que todos so iguais perante a lei, tambm certo que a lei pode no ser igual para todos.

Ora, para evitar esta situao, necessrio encontrar um novo critrio.

Da a segunda caracterstica da Igualdade Tributria - a uniformidade; a repartio dos impostos, pelos cidados deve obedecer ao mesmo critrio.

Este Princpio encontra-se indiretamente referido no art. 13, nos 1 e 2 da C.R.P.: Todos os cidados tm a mesma dignidade social e so iguais perante a lei Princpio da Autorizao Anual de Cobrana

Os impostos so uma das fontes de receita do Estado, pelo que tm de ser discriminadamente inscritos no Oramento do Estado (art. 105, n1, alnea a) da C.R.P.).

O Oramento do Estado votado anualmente pelo Parlamento. Apenas com a aprovao, pela Assembleia da Repblica, do Oramento fica a Administrao autorizada a cobrar os impostos que nele esto previstos (art. 106 da CRP).

2.1.2. Lei e Decreto-Lei

Est reservada Lei proveniente da Assembleia da Repblica a criao de impostos e a determinao da incidncia, taxa, benefcios fiscais e garantias dos contribuintes, como vimos.

No entanto, o governo poder legislar nestas matrias, desde que para tal esteja autorizado pela Assembleia da Repblica. E f-lo atravs de decretos-leis.

Fora dos elementos essenciais dos impostos, (incidncia, isenes, taxas e garantias dos contribuintes) tanto o governo como a Assembleia da Repblica podem legislar (competncia concorrente).

2.1.3. Regulamentos

So preceitos jurdicos emanados pelo poder executivo, no desempenho da funo administrativa.

O Executivo possui um poder normativo exercido na obedincia lei mas que no se confunde com esta.

A Constituio da Repblica Portuguesa refere claramente a subordinao dos Regulamentos Lei.

Compete ao Governo, no exerccio de funes administrativas (...) fazer os regulamentos necessrios boa execuo das leis. (art. 199 alnea c)).

Os Regulamentos desempenham, assim, uma funo de auxlio lei.

Como resulta do Princpio da Legalidade, atravs de regulamentos no podem ser criados impostos; nem pode disciplinar-se os seus elementos essenciais.

J os restantes aspectos tributrios podem ser definidos (em observncia lei) atravs de regulamentos.

2.1.4. Tratados Internacionais.

Os Tratados Internacionais so actos jurdicos plurilaterais, concludos entre sujeitos de Direito Internacional e por eles submetidos a esta ordem jurdica.

A aceitao, ou no, dos tratados como fonte de direito depende da Constituio de cada pas.

H dois sistemas principais de incorporao dos tratados no direito interno:

Sistema de recepo plenaEstamos perante uma clusula de recepo plena quando o direito internacional adquire relevncia, no espao jurdico interno, independentemente do seu contedo, por meio de uma norma que habitualmente no exige outra formalidade que no seja a publicao.

Sistema de Transformao

Estamos perante um sistema de transformao quando a vigncia do Direito Internacional na ordem interna s possvel depois do seu contedo ser repetido num acto legislativo nacional.

Apenas no sistema de recepo plena se reconhece ao Direito Internacional convencional a dignidade de Fonte de Direito.

No sistema da transformao as normas internacionais valem pela pronncia de um rgo nacional, o que descaracteriza o Direito Internacional como criador jurdico autnomo.

Em Portugal o Direito Internacional Fonte de Direito; a Constituio de 76 acolheu o sistema de Recepo Plena, apenas com uma condicionante no que se refere ao Direito Internacional Convencional: este tem que ser previamente aprovado ou ratificado para vigorar na ordem interna. Assim, os preceitos fiscais constantes de convenes internacionais em que o Estado Portugus seja signatrio, consideram-se em vigor na ordem jurdica interna portuguesa desde que ratificados e publicados.

Quanto ao Direito Internacional geral ou comum (formado pelo direito consuetudinrio internacional e pelos princpios fundamentais do direito reconhecidos pelas Naes Civilizadas), as suas normas fazem parte integrante do direito portugus, sem necessidade de qualquer processo especial de vinculao.

2.2. Interpretao e Integrao das Normas Fiscais

2.2.1. Interpretao das normas fiscais

As normas jurdicas prestam-se, por vezes, a interpretaes diversas.

necessrio encontrar um critrio que permita determinar o seu contedo em termos objectivos, de modo que uma mesma norma no seja aplicada com sentido diferente em situaes semelhantes.

Ao longo dos tempos foram surgindo mltiplas doutrinas sobre a interpretao. As mais importantes so as seguintes:

a) Interpretao LiteralEsta corrente entende que a interpretao deve ser feita de acordo com o sentido estrito das palavras da norma.

b) Interpretao FuncionalSegundo esta corrente, o sentido exacto e alcance da norma fiscal s se apreende se se tiver presente os diversos aspectos do fenmeno tributrio: o aspecto poltico, o econmico, o jurdico e o tcnico.

Esta forma de interpretao tem-se por afastada pois, em nome da colheita de dados sobre os diversos aspectos do fenmeno financeiro, poderia o intrprete abalanar-se a tributar situaes no previstas na letra da lei, nem abrangidas pelo esprito desta, acolhendo um elemento normativo novo, o que constituiria uma violao do princpio da legalidade.

c) Interpretao ExtensivaA maioria da Doutrina hoje constituda por adeptos da aplicao s normas fiscais das regras gerais de interpretao (art. 11, n1 da Lei Geral Tributria); isto , a interpretao extensiva:

O intrprete no deve cingir-se letra da lei, mas reconstituir a partir dos textos o pensamento legislativo, tendo sobretudo em conta a unidade do sistema jurdico, as circunstncias em que a lei foi elaborada (...) Art. 9, n 1 C.C. (Cdigo Civil).

, portanto, permitido ao intrprete procurar o sentido da norma que corresponde ao esprito desta. O sentido encontrado pelo intrprete tem de ter um mnimo de correspondncia verbal na letra da lei, ainda que, nesta, imperfeitamente expresso.

2.2.2. Integrao das Lacunas

Uma lacuna um caso no previsto na lei. A existncia de lacunas justifica-se pela impossibilidade prtica de o legislador prever todas as situaes capazes de ocorrer na vida normal.

Para o direito civil a soluo encontra-se no Art. 10 do C. C. (Cdigo Civil):

Os casos que a lei no preveja so regulados segundo a norma aplicvel aos casos anlogos.

Na falta de caso anlogo, a situao resolvida segundo a norma que o prprio intrprete criaria, se houvesse dentro do esprito do sistema.

Ser esta soluo de direito civil adoptada s lacunas que surgem no Direito Fiscal?

A resposta negativa no que diz respeito aos elementos essenciais dos impostos (art. 11, n4 da Lei Geral Tributria).

Segundo o art. 103, n3 da C.R.P.: Ningum pode ser obrigado a pagar impostos que no hajam sido criados nos termos da Constituio ...Os termos da Constituio constam do n 2 do mesmo artigo: Os impostos so criados por lei, que determina a incidncia, a taxa, os benefcios fiscais e as garantias dos contribuintes.

Como vemos, a lei criadora que determina os elementos essenciais do imposto; o recurso analogia no cabe, nos termos da Constituio, quanto a estes elementos essenciais.

, no entanto, lcito recorrer-se analogia relativamente s restantes normas fiscais, designadamente: o lanamento, a cobrana, etc.

2.3. Aplicao da Lei Fiscal

2.3.1. O Princpio da Territorialidade

Vigora, no Direito Fiscal, a regra da territorialidade no que respeita aplicao da lei fiscal no espao.

A lei fiscal, salvo algumas excepes, aplica-se aos factos que ocorram no territrio nacional (art. 13, n1 da Lei Geral Tributria).

Esto sujeitas a Imposto sobre o Valor Acrescentado:

As transmisses de bens e as prestaes de servios efectuadas no territrio nacional... (alnea a) do art................................ 1 do Cdigo do IVA ).

Para alm deste exemplo, outros existem em que a lei fiscal expressamente aplica a regra da territorialidade.

2.3.2. O Princpio da no retroactividade

A aplicao temporal das normas pe-nos em face de trs questes comuns a todos os ramos do direito. Importa saber: quando comea a lei a vigorar; quando termina a sua vigncia; como proceder perante um conflito de leis no tempo.

Incio da Vigncia

Dispe o artigo 5. do Cdigo Civil:

1 - A lei s se torna obrigatria depois de publicada no Jornal Oficial.

2 - Entre a publicao e a vigncia da lei decorrer o tempo que a prpria lei fixar ou, na falta de fixao, o que for determinado em legislao especial.

Esta legislao especial -nos fornecida pela lei 3/76, de 10 de Setembro (com algumas alteraes introduzidas pela lei 8/77). Na hiptese de os diplomas no preverem a data de incio de vigncia, as normas entram em vigor, no Continente, no quinto dia aps a publicao e nos Arquiplagos dos Aores e Madeira no dcimo dia.

Termo da Vigncia1 - Quando se no destine a ter vigncia temporria, a lei s deixa de vigorar se for revogada por outra lei (art. 7, n 1 C. Civil).2 - A revogao pode resultar de declarao expressa, da incompatibilidade entre as novas disposies e as regras precedentes ou da circunstncia de a nova lei regular toda a matria da lei anterior (art. 7, n2 C. Civil).

Assim, as leis fiscais (como todas as outras) deixam de vigorar por caducidade (art. 7, n 1 C.C.) ou revogao (art. 7, n 2, C. C.).

Note-se que, como dispe o Cdigo Civil, no art. 7, n4, a revogao da lei revogatria no importa o renascimento da lei que esta revogara. Conflito de leis no tempoQuando novas leis vm provocar alteraes dos regimes jurdicos, torna-se necessrio resolver eventuais conflitos entre a lei nova e a lei antiga.

Por vezes, a prpria lei nova contm preceitos destinados a solucionar possveis conflitos.

Mas, caso a lei nova no preveja estes conflitos, qual das leis h-de prevalecer?Pode causar uma certa confuso colocar a questo nestes termos aps o que estudamos a respeito da cessao de vigncia da lei. Mas o seguinte exemplo facilmente dissipar todas as dvidas:

Em Janeiro de 2000 ocorre o facto gerador da obrigao. Nessa data vigora a lei X.

Em Julho do mesmo ano, enquanto decorre ainda o processo administrativo anterior cobrana do imposto, entra em vigor uma nova lei (Y), que regula de forma diferente a mesma situao.

Temos, assim, um caso em que, durante o perodo em que decorre a relao entre o contribuinte e o Estado, existem duas leis diferentes que regulam a mesma matria.

Qual delas se h-de aplicar?Vigora, nestes casos, o princpio de no retroactividade: As normas tributrias aplicam-se aos factos posteriores sua entrada em vigor (art. 12, n1 da Lei Geral Tributria).

Este princpio da no retroactividade aplica-se aos elementos essenciais do imposto (incidncia, isenes, taxas e garantias dos contribuintes), uma vez que as normas sobre procedimentos e processo so de aplicao imediata (art. 12, n3 da Lei Geral Tributria).

2.4. Relao Jurdico-Tributria

2.4.1. Conceito

A relao na qual um particular se v investido na qualidade de devedor perante o Estado, em virtude da percepo de certos rendimentos ou do exerccio de certa actividade d-se o nome de Obrigao Fiscal.

O contedo da Obrigao Fiscal consiste, por parte do contribuinte, no dever de pagar o imposto; por parte do Estado no direito de o receber, no poder de o exigir.

Mas no se esgota nesta relao pagar > receber a ligao existente entre o contribuinte e o Estado. Ao lado da obrigao principal (a obrigao fiscal) surgem outras obrigaes ou deveres acessrios que oneram o contribuinte.

o que acontece com a obrigatoriedade de apresentar a declarao de incio de actividade, de guardar e conservar em boa ordem os livros de escriturao durante dez anos, permitir o exame a estes livros, etc.

Para designar o conjunto de relaes que abrange no s a obrigao fiscal mas tambm as outras obrigaes e deveres acessrios, cunhou-se a expresso Relao Jurdico-Fiscal (ou Relao Jurdico-Tributria).

OBRIGAO FISCAL

OBRIGAO CIVIL

H, naturalmente, diferenas entre as obrigaes que os particulares estabelecem entre si e aquelas estabelecidas entre o Estado e os particulares.

As principais diferenas so:

a) A Obrigao Civil depende da vontade das partes. E por elas modelada.Os particulares, em princpio, s entram em relao jurdica se assim o entenderem.

Assim o particular A compra um carro se quiser. O particular B vende esse mesmo carro se o desejar fazer.

Depende da vontade dos particulares entrar, ou no, em determinada relao obrigacional.

Tal no acontece j, no que respeita Obrigao Fiscal.

Aqui, no depende da vontade das partes o entrar, ou no, nessa relao. A lei prev que, verificando-se determinados pressupostos (a percepo de determinados rendimentos ou o exerccio de certa actividade) se estabelece entre a Administrao e os particulares uma determinada relao.

Os particulares, agora contribuintes, tm o dever de prestar. A Administrao tem o direito de exigir e receber.

Dissemos tambm que a obrigao civil modelada pelas partes.

Voltando ao nosso exemplo, se A pretende comprar o automvel e B pretende vend-lo, pode haver negociao entre ambos. B pretende 1.000, A oferece 500; B desce para 900, A oferece 600; 800, 700; etc.

Por outro lado, aps o ajustamento de preo, pode haver lugar discusso sobre o modo de pagamento, etc. Tudo isto depende da vontade das partes.

No domnio da obrigao fiscal isto no acontece. No h lugar a negociao. A obrigao fiscal no modelada pelas partes; da lei que decorre o quantitativo da prestao e o modo como esta deve ser paga.

b) Na Obrigao Civil o credor pode dispor do seu crdito.

A deve X a B. Este resolve perdoar a dvida de A, por ser seu amigo.

O Estado, credor da obrigao fiscal, no pode proceder assim.

A obrigao fiscal no susceptvel de renncia. (...) O Estado tem (como decorre do princpio da igualdade tributria) o poder-dever de exigir o pagamento dos impostos.

c) Privilgio da execuo prvia.

Os actos da Administrao, como expresso do poder Estadual, possuem uma fora vinculativa prpria totalmente desconhecida no direito privado, onde um particular no pode, por sua nica vontade, constituir terceiros em deveres.

Entende-se que o poder pblico confiado Administrao no se traduz apenas na criao de actos autoritrios, mas que as faculdades deles nascentes podem ser exercitadas imediata e coativamente pelos rgos administrativos.

2.4.2. Elementos da Relao Jurdico-Fiscal

2.4.2.1. Sujeitos

Qualquer relao jurdica pressupe a existncia de, pelo menos, dois sujeitos: Sujeito Activo e Sujeito Passivo.

Sujeito ActivoSujeito activo da relao jurdico-fiscal a entidade de direito pblico titular do direito de exigir o cumprimento das obrigaes tributrias, quer directamente quer atravs de representante (art. 18, n1 da Lei Geral Tributria)

Sujeito PassivoO Sujeito Passivo o devedor do imposto, aquele que est vinculado ao cumprimento da prestao tributria, seja como contribuinte directo, substituto ou responsvel (art.............................. 18, n3 da Lei geral tributria).

Substituio TributriaVerifica-se a substituio tributria quando, por imposio da lei, a prestao tributria for exigida a pessoa diferente do contribuinte (art..20, n1 da Lei geral tributria).

A substituio tributria efectivada atravs do mecanismo de reteno na fonte do imposto devido (art. 20, n2 da Lei geral tributria)

Exemplos de substituio tributria verificam-se no I.R.S. relativamente a rendimentos da categoria A (remuneraes dos trabalhadores por conta de outrem). - Vide art..98 do Cdigo do IRS e seguintes.

A substituio tributria tem vantagens para a Administrao Fiscal:

menor o nmero de casos de evaso fiscal. E lgico que, quem no sofre de facto o encargo constitudo pelo pagamento do imposto, no tem estmulo a fugir a essa obrigao

Por outro lado, simplifica-se o processo burocrtico, uma vez que o nmero de contribuintes menor.

Por ltimo, o patrimnio do substituto oferece, geralmente mais garantias Administrao do que o patrimnio do substitudo.

Sucesso FiscalEm caso de morte do sujeito passivo da obrigao fiscal, aos seus herdeiros que compete o pagamento das dvidas fiscais daquele.

No que diz respeito a esta responsabilidade, vigora o Princpio da Limitao da dvida s foras da herana: os herdeiros apenas respondem pelas dvidas fiscais do falecido at ao montante da herana que lhes deixou.

Responsabilidade TributriaH lugar responsabilidade tributria quando a lei, pretendendo reforar a garantia do cumprimento da prestao do imposto, corresponsabiliza pelo seu pagamento outras pessoas alm do sujeito passivo, (responsabilidade dos liquidatrios, dos administradores, gerentes e membros dos rgos de fiscalizao das sociedades).

O responsvel fiscal goza, no entanto, do benefcio da excusso (os seus bens s respondero aps executados todos os bens do devedor originrio) e do direito de regresso.

2.4.2.2. Facto Jurdico

Facto jurdico todo o acontecimento que produz consequncias jurdicas.

No direito fiscal, em particular, esse acontecimento consiste na ocorrncia de uma situao prevista na lei como criadora de uma relao jurdico-fiscal: o exerccio de uma actividade, a percepo de determinados rendimentos, a aquisio de bens. a ocorrncia destes elementos que faz nascer a obrigao do imposto.

2.4.2.3. ObjetoO Objeto da relao jurdico-fiscal a prestao a que o sujeito passivo est obrigado, sendo quantitativamente determinado atravs da operao de liquidao.

Aps a criao do imposto e a ocorrncia do facto jurdico, desenvolve-se um processo administrativo cuja finalidade a cobrana da prestao tributria.

2.4.2.4. Garantia

A Garantia das obrigaes o conjunto de sistemas legais da proteco do sujeito activo com vista ao cumprimento da prestao tributria pelo sujeito passivo.

A Garantia Geral das obrigaes (fiscais e civis) o patrimnio do devedor.

Para alm desta Garantia Geral h ainda certas garantias especiais que consistem na responsabilizao do patrimnio de outras pessoas, que no o sujeito passivo, pelo cumprimento da obrigao; ou na afectao de determinados bens garantia de cumprimento da obrigao.

Temos assim, Garantias Pessoais (entre ns a responsabilidade tributria - que j estudamos) e Garantias Reais.

As Garantias Reais so:Privilgios Creditrios

O privilgio creditrio pode ser caracterizado como um direito que a lei concede a certos credores de serem pagos antes de todos os outros (com preferncia a outros).

Os privilgios creditrios relativos administrao fiscal encontram-se, hoje, todos no cdigo civil, nos artigos 733 e seguintes.

De um modo muito geral pode dizer-se que o Estado e as Autarquias Locais gozam de preferncia em face de outros eventuais credores, gozando o Estado de supremacia em relao s Autarquias.

HipotecaA noo de Hipoteca -nos dada pelo art. 686 n. 1 do Cdigo Civil: A hipoteca confere ao credor o direito de ser pago pelo valor de certas coisas imveis, ou equiparadas, pertencentes ao devedor ..., com preferncia sobre os demais credores que no gozem de privilgio especial ou de prioridade de registo. A hipoteca deve ser registada, sob pena de no produzir efeitos, mesmo em relao s partes (art............................... 687 do C. C.).

O Estado e as Autarquias Locais gozam de hipoteca legal (hipoteca legal aquela que resulta da lei, sem dependncia da vontade das partes) sobre os bens cujos rendimentos esto sujeitos ao IMI (Imposto Municipal sobre Imveis), para garantia desta contribuio.

Prestao de Cauo uma garantia facultativa cuja finalidade assegurar o cumprimento da obrigao fiscal atravs do depsito de dinheiro ou outros valores.

2.4.3. Extino da Obrigao Tributria

A obrigao tributria extingue-se pelas seguintes formas:

CumprimentoDao em cumprimentoPrescrioCompensaoConfusoCumprimentoO pagamento a forma normal de extino da obrigao fiscal.

Pode ser voluntrio ou coercivo.

O pagamento pode ser pago a pronto ou, apenas em certos impostos, em prestaes. O pagamento a prestaes pode acontecer, entre outros, no Imposto Sucessrio.

Dao em cumprimentoEm lugar de a prestao ser feita em dinheiro, a lei admite, dentro de certos limites, o seu pagamento por coisa de valor idntico ao da prestao devida.

o que sucede nas transmisses por morte. Os contribuintes podem cumprir a obrigao tributria atravs da dao em cumprimento de bens englobados na transmisso (bens esses avaliados pelos valores que serviram de base liquidao do imposto).

PrescrioAs dvidas fiscais podem ser cobradas no prazo de quatro anos contados, nos impostos peridicos, a partir do termo do ano em que se verificou o facto tributrio e, nos impostos de obrigao nica, a partir da data em que o facto tributrio ocorreu.

Aps esse perodo de tempo, extingue-se a obrigao tributria.

CompensaoA obrigao tributria extingue-se desde que seja compensada por uma anulao da liquidao anterior.

ConfusoVerifica-se a Confuso quando na mesma pessoa se renem as qualidades de credor e devedor da mesma obrigao. Neste caso extingue-se o crdito e a dvida.

Assim, o Estado no pode ser sujeito passivo da obrigao fiscal.

2.4.4. No Cumprimento da Obrigao Fiscal

Findo o prazo de pagamento voluntrio estabelecido nas leis tributrias, ser extrada pelos servios certido de dvida para efeitos de cobrana coerciva do imposto (art. 88, ns 1 e 4 do Cdigo de Procedimento e de Processo Tributrio).

Bibliografiahttp://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspxhttp://info.portaldasfinancas.gov.pt/pt/informacao_fiscal/codigos_tributarios/http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_estrutura.php?tabela=leis&artigo_id=775A0009&nid=775&nversao=&tabela=leis&so_miolohttp://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_main.php

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