comÉrcio electrÓnico e fiscalidade indirecta

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COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS Bruxelas, 17.06.1998 COM(1998) 374 final COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO CONSELHO, AO PARLAMENTO EUROPEU E AO COMITE ECONÓMICO E SOCIAL COMÉRCIO ELECTRÓNICO E FISCALIDADE INDIRECTA

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COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

Bruxelas, 17.06.1998 COM(1998) 374 final

COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO

AO CONSELHO, AO PARLAMENTO EUROPEU E AO COMITE ECONÓMICO E SOCIAL

COMÉRCIO ELECTRÓNICO E FISCALIDADE INDIRECTA

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I. Antecedentes

Na sua Comunicação "Uma iniciativa europeia para o comercio electrónico" COM(97)157 a Comissão sublinhou a necessidade de garantir um ambiente fiscal claro e neutro e a importância da aplicar regras fiscais que evitem distorções do mercado: "para que o comércio electrónico se possa desenvolver, é crucial que os sistemas fiscais proporcionem segurança jurídica (de modo a que as obrigações fiscais sejam claras, transparentes e previsíveis) e neutralidade fiscal (para que estas novas actividades não estejam sujeitas a encargos maiores do que o comércio mais tradicional)". Foi igualmente declarado que o IVA, ao contrário de qualquer novo tipo de imposto, pode ser aplicado ao comércio electrónico tal como para as outras transacções comerciais tradicionais.

Por outro lado, na declaração conjunta UE-EUA (5 de Dezembro de 1997) sobre o comércio electrónico, foi aceite que "os impostos sobre o comércio electrónico deveriam ser claros, coerentes, neutros e não discriminatórios". Na declaração de Bona, assinada por 29 países ení 6 de Julho de 1997, os ministros apoiaram "o princípio da aplicação de impostos não discriminatórios utilizados nas redes globais de informação" c declararam que "as questões (iscais no domínio do comércio electrónico exigem uma cooperação internacional e, se necessário, uma coordenação com vista a evitar as distorções da concorrência".

Além disso, num contexto multilateral, a OMC tomou a decisão de lançar um vasto programa de trabalho sobre o comércio electrónico. As recomendações de acção na sequência deste programa serão apresentadas na Conferência ministerial da OMC em 1999. A Comissão desempenhará um papel activo nestes trabalhos que incluirão a tomada em consideração dos regimes de fiscalidade indirecta a aplicar às transacções electrónicas.

Nesta perspectiva, o objectivo geral da Comissão c garantir que este novo tipo de comércio possa desenvolver-se num ambiente fiscal com um mínimo de encargos. Caso seja necessário proceder a alterações legislativas, estas não deverão beneficiar ou prejudicar o comércio electrónico relativamente a outras formas de comércio. Pretende-se igualmente que qualquer futuro sistema fiscal neste domínio seja concebido juntamente todos os meios empresariais interessados e parceiros comerciais o que implicará ter devidamente em conta as práticas comerciais no novo contexto.

O IVA é aplicável à globalidade as entregas de mercadorias e prestação de serviços para consumo na UE, independentemente dos meios de comunicação ou sistema de comercialização utilizado na transacção. Por conseguinte, o sistema comunitário do IVA deverá proporcionar a devida segurança jurídica, simplicidade e neutralidade necessárias ao desenvolvimento pleno do comércio electrónico.

A segurança jurídica permite que as transacções sejam efectuadas num quadro de regras claras e coerentes que reduzam os riscos de litígios ou de responsabilidades fiscais imprevisíveis.

A simplicidade é necessária para que os encargos associados ao cumprimento das obrigações fiscais sejam reduzidos ao mínimo. A este respeito, a Comissão mantém o seu propósito de instituir no futuro um sistema comum do IVA baseado na tributação na

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origem c estabelecer um único país de registo cm que o operador determinará o imposto devido e realizará as deduções para as transacções comunitárias sujeitas a IVA1.

A neutralidade significa que:

• as consequências em termos de fiscalidade devem ser as mesmas para as transacções de mercadorias e de serviços independentemente do meio de comercialização utilizado ou de a entrega ser feita ou não em linha;

• as consequências da fiscalidade devem ser as mesmas para os serviços e mercadorias, independentemente de o seu local de aquisição se situar dentro ou fora da União Europeia.

Estes três factores, isto é, segurança, simplicidade e neutralidade, são essenciais para garantir condições concorrenciais equitativas para lodos os operadores num mercado global cm desenvolvimento e evitar as distorções de mercado.

II. Comércio electrónico: oportunidades e desafios

O rápido crescimento da utilização da Internet e da sua evolução como instrumento para facilitar as transacções comerciais está a proporcionar um volume crescente de novas oportunidades para as empresas e os consumidores na Europa. A já referida Comunicação "Uma iniciativa europeia para o comércio electrónico" indicava que "pela sua própria natureza, o comércio electrónico é transnacional e encoraja a encomenda e entrega de mercadorias e serviços transfronteiras no mercado único, o que incentiva directamente o crescimento e a competitividade europeias, representando um potencial factor vital para a coesão e integração na Europa".

No entanto e simultaneamente, o comércio electrónico coloca novos desafios, nomeadamente no domínio da fiscalidade indirecta. Os novos mercados mundiais em evolução não conhecem limites geográficos e será cada vez mais difícil conhecer a localização e identidade das partes nas transacções. Tudo isto constituirá um desafio para as autoridades fiscais que exigem um estudo cuidadoso juntamente com os meios empresariais. Neste processo é fundamental que a fiscalidade seja aplicada por forma a garantir que o comércio electrónico possa evoluir e atingir o seu pleno potencial em benefício da economia comunitária e promover níveis mais elevados de emprego.

A Internet está a evoluir rapidamente de um simples instrumento de comunicação para se tornar uma plataforma comercial a nível mundial. A comunidade empresarial já tomou consciência do seu potencial como meio de comercialização e de vendas. Actualmente, a sua utilização comercial centra-se sobretudo no domínio da publicidade e encomenda de produtos, encontrando-se em desenvolvimento outras utilizações inovadoras, quer no domínio do comércio electrónico "indirecto" (encomenda electrónica de bens materiais) quer do comércio electrónico "directo" (encomenda por via electrónica e entrega de produtos e serviços em linha através da rede). Ainda que o mercado se mantenha a uma dimensão reduzida, em termos absolutos, a rede está a expandir-se rapidamente e a tornar-sc cada vez mais sofisticada. Com velocidades de transmissão cada vez maiores e

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o desenvolvimento de meios seguros de pagamento, prevè-se uma rápida expansão do mercado nos próximos anos.

A entrega de mercadorias e prestação de serviços na UE estão sujeitas a imposto ao abrigo das actuais disposições do IVA. Tal é igualmente o caso das importações de mercadorias pelas empresas e particulares, assim como a aquisição por empresas da maioria dos serviços fora da UE. Uma vez que até à data a aquisição directa de serviços por particulares na UE era pouco frequente, não é em geral sujeita a IVA. Prevê-se que este último tipo de transacção, que será aquele que eventualmente colocará os problemas mais complicados às administrações fiscais, aumente consideravelmente à medida que as entregas em linha se tornem mais rápidas e mais seguras. No entanto, é pouco provável que venham a assumir grandes proporções em termos económicos até ao ano 2001. Ainda que não haja uma necessidade imediata de alterações às actuais disposições fiscais, é contudo essencial acompanhar a evolução destes mercados e desenvolver soluções conjuntamente com o sector. Essas soluções devem simplificar as actuais disposições fiscais e ser compatíveis com o carácter eminentemente descentralizado e internacional dos novos mercados mundiais por via electrónica.

III. Dimensão internacional

As declarações do Tesouro americano, no início de 1997, sobre a sua política em matéria de comércio electrónico lançaram as bases do amplo debate que decorre actualmente sobre este novo fenómeno. Desde então, o debate foi alargado, passando a incluir muitos parceiros comerciais europeus em instâncias internacionais tais como a OCDE e a OMC. A Comissão contribui activamente para todas estas iniciativas, em especial na área fundamental da fiscalidade. Tal inclui, nomeadamente, uma vasta gama de consultas com os representantes dos meios empresariais sobre as questões fiscais tanto por iniciativa da Comissão como conjuntamente com a OCDE. Por conseguinte, a fiscalidade será um dos quatro temas principais a debater na Conferência ministerial da OCDE subordinada ao tema "Um mundo sem fronteiras: concretizar o potencial do comércio electrónico", a realizar em Otava de 6 a 8 de Outubro de 1998.

IV. Objectivo da presente comunicação

O objectivo da presente comunicação consiste em preparar a contribuição da UE e dos Estados-Membros sobre as questões de fiscalidade indirecta a debater na Conferência de Otava. Assim, a Comunicação pretende definir orientações no domínio da fiscalidade sobre as quais assentarão os futuros debates com as partes interessadas - autoridades públicas, empresas e consumidores - tanto no contexto do mercado interno como a nível internacional, numa tentativa de encontrar soluções globais. Enquanto contribuição para o futuro debate, permite igualmente ao Conselho apreciar os trabalhos realizados até à data pela Comissão e pelos Estados-Membros no domínio fiscal. Propõe uma série de orientações gerais que servirão de base a futuras análises, com vista à adaptação do sistema comunitário do IVA por forma a estabelecer regras simples e claras destinadas a satisfazer as necessidades e a apoiar o desenvolvimento do comércio electrónico na Europa.

A presente comunicação não aborda directamente a problemática das futuras alterações do IVA no quadro do mercado interno. A Comissão tem plena consciência de que os problemas colocados aos operadores e em especial às PME pelo actual sistema comunitário do IVA constituem o principal obstáculo ao desenvolvimento do comércio electrónico no mercado interno. Por este motivo, a Comissão continua empenhada na

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introdução de um sistema comum do IVA assente na tributação na origem e que estabeleça um único país de registo em que o operador pudesse simultaneamente determinar o imposto devido e proceder às deduções relativamente a todas as suas transações comunitárias sujeitas a IVA2

V. Orientações

Orientação 1: Não serão criados novos impostos

O primeiro princípio foi formulado tendo por base o conceito fundamental de que os impostos existentes devem ser aplicados ao comércio electrónico:

/. No domínio da fiscalidade indirecta todos os esforços se devem centrar para adaptar os impostos existentes e em especial o IVA, afim de fazer face à evolução do comércio electrónico. Por conseguinte, não estão previstos quaisquer impostos novos ou suplementares.

Orientação 2: Consideração das transmissões electrónicas como serviços

O IVA foi concebido como um imposto geral sobre o consumo aplicável, em princípio, à globalidade das entregas de mercadorias e prestações de serviços. De qualquer modo, as transacções realizadas na UE por via electrónica e que resultem num consumo na UE, estão sujeitas ao IVA comunitário nos termos das actuais disposições do imposto. No entanto, tal nem sempre é o caso quando estão em causa entregas de países não comunitários. No caso de mercadorias fornecidas por um país não comunitário a um cliente na UE, os procedimentos normais de importação garantem que o IVA seja aplicado independentemente das modalidades da transacção. Do mesmo modo, determinados tipos de serviços prestados a empresas comunitárias a partir de países não comunitários estão sujeitos a IVA. Porém, com algumas excepções, os serviços prestados a particulares na UE não são, no quadro das disposições em vigor, sujeitos a IVA, na medida em que o seu volume é actualmente pouco significativo.

De acordo com a política da UE, os produtos encomendados e através de redes são considerados serviços. A legislação comunitária do IVA estabelece uma distinção fundamental entre entrega de bens e prestação de serviços. Todas as transmissões electrónicas e quaisquer bens incorpóreos fornecidos por esses meios são considerados serviços, para efeitos do IVA comunitário. Tal está de acordo com a posição adoptada pela UE e pelos Estados-Membros na OMC. No domínio fiscal, este princípio permite igualmente aplicar um conjunto de regras claras na matéria.

2. Uma transacção através da qual um produto é colocado à disposição do destinatário sob forma digital através de uma rede electrónica, deve ser considerada, para efeitos do IVA, uma prestação de serviços1 ".

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Estes produtos distribuídos electronicamente podem igualmente ser fornecidos por meios mais tradicionais, de forma material e, de acordo com as suas características, ser considerados, para efeitos do IVA, quer prestações de serviços quer entregas de bens. As operações actualmente consideradas como entrega de bens tais como a distribuição de obras musicais ou cinematográficas em disco ou cassete podem ser sujeitas a impostos aduaneiros na importação. Os produtos que sob forma corpórea,

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Orientação 3: Garantir a neutralidade

Tal como já foi referido, prevê-se um rápido crescimento de todos os tipos de comércio electrónico do que resultará um aumento dos produtos provenientes de países terceiros destinados aos consumidores finais na UE. Inevitavelmente, tal incluirá fornecimentos em linha de bens incorpóreos tais como música, vídeos ou software.

É extremamente difícil calcular o volume de negócios relativo ao consumo final na UE atribuível ao comércio electrónico (isto é, fornecimentos a particulares e não a empresas). Prevê-se que atinja 5 mil milhões de ecus no ano 2001 para todos os tipos de comércio electrónico - mercadorias c serviços, encomendados e pagos em linha, independentemente da forma de entrega. Apenas uma parte deste total será atribuível aos fornecimentos não comunitários e desta apenas uma fracção dirá respeito parcialmente ao comércio electrónico "directo", ou seja, serviços prestados cm linha.

Estes últimos representam serviços encomendados por consumidores privados da UE a fornecedores não comunitários para entrega em linha e são as actividades que constituem o maior desafio em termos de cobrança do IVA. Se o aumento previsto desses serviços fornecidos aos consumidores finais, que actualmente não pagam IVA, atingir um nível importante do ponto de vista económico pode ser necessário, conjuntamente com os meios empresariais, conceber mecanismos de tributação destes fornecimentos.

Na ausência de tributação, criar-se-á um contexto concorrencial desleal para os operadores comunitários que já têm de aplicar o imposto aos serviços prestados para consumo privado na UE. Do mesmo modo, uma vez que muitos serviços em linha estão já sujeitos a imposto no local de origem por força das regras comunitárias, o IVA deve ser pago por todos os fornecedores comunitários relativamente à globalidade de serviços que prestam aos clientes não comunitários. Em contrapartida, os fornecimentos de países não comunitários à UE não seriam sujeitos a imposto - o que constitui uma dupla desvantagem concorrencial para as empresas comunitárias. Essas discrepâncias na aplicação do imposto são claramente contrárias ao princípio da neutralidade.

Com vista a evitar este tipo de distorção e garantir a neutralidade do sistema fiscal será conveniente o seguinte:

3. O sistema comunitário do IVA deve garantir que:

• os serviços introduzidos no consumo na União Europeia independentemente de serem ou não prestados por via electrónica, sejam tributados no território da UE, qualquer que seja a sua origem,

• tais serviços prestados por operadores comunitários e consumidos fora da União Europeia não sejam sujeitos a IVA no território da UE, podendo o correspondente IVA a montante ser passível de dedução.

são considerados como bens, para efeitos do IVA, são considerados serviços se a sua distribuição for feita por via electrónica.

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A orientação supra não afecta as regras a aplicar na União Europeia.

No entanto, uma vez que a aplicação prática desta orientação colocará problemas, a Comissão pretende prosseguir a sua reflexão em consulta com os Estados-Membros, no âmbito de um grupo de trabalho conjunto da Comissão c dos meios empresariais. A última frase confirma o compromisso da Comissão cm introduzir um sistema comum do IVA baseado na tributação na origem e que estabeleça um único país de registo em que o operador determinará o imposto devido e procederá às deduções relativamente a todas as transacções sujeitas a IVA comunitário. Esse sistema não só simplificaria o funcionamento do regime fiscal para as empresas comunitárias, como proporcionaria igualmente às empresas não comunitárias a possibilidade de cumprirem as suas obrigações cm termos de IVA comunitário num único país.

Em suma, esta orientação constitui uma alteração significativa relativamente à actual situação, implicando que todos os serviços prestados em linha por operadores não comunitários a particulares na UE passem a ser sujeitos a IVA e que todos esses serviços exportados da UE para outros países fossem isentos do IVA. Tal garantiria a neutralidade fiscal entre fornecedores comunitários e não comunitários. A fim de manter a neutralidade fiscal entre entregas em linha e por outras vias, os serviços prestados por operadores não comunitários a particulares na UE através de meios tradicionais, tais como o telefone ou telecópia, seriam igualmente sujeitos a IVA, ao contrário do que se verificou até ao presente.

Orientação 4: Facilitar o cumprimento das obrigações

A credibilidade de qualquer sistema de tributação assenta no seu carácter prático e na viabilidade da sua aplicação. As regras deverão ser inequívocas e o cumprimento das obrigações deverá ser o mais simples possível a fim de evitar encargos desnecessários para as empresas. Deverão igualmente existir garantias, tanto do ponto de vista das empresas cm causa como das autoridades fiscais, de que o imposto possa ser efectivamente controlado e cobrado de forma eficiente. O carácter mundial destas actividades comerciais deve ser tido em conta no quadro de um consenso e cooperação internacionais com vista a criar os instrumentos adequados que facilitem o cumprimento das obrigações fiscais.

Os mecanismos fiscais devem ser concebidos por forma a serem totalmente compatíveis com as práticas comerciais as quais deverão sofrer uma mutação sob a influência do comércio electrónico. Deverão igualmente ser proporcionais, tendo em conta as necessidades específicas das operações utilizadas via Internet, devido sobretudo à natureza transnacional, diversificada e descentralizada do mercado. A adaptação dos sistemas fiscais às práticas empresariais existentes é fundamental para a eficiência da determinação do imposto devido tanto por parte dos operadores como das autoridades fiscais e, : este respeito, as seguintes formulações vêm ao encontro das eventuais necessidades do novo contexto do comércio electrónico:

4. O cumprimento das obrigações por parte de todos os operadores no domínio do comércio electrónico deve ser o mais fácil e simples possível.

Orientação 5: Garantir o controlo e o cumprimento da lei

Tal como já foi referido, os sistemas fiscais deverão garantir que todos os tipos de consumo na UE sejam tributados do mesmo modo. As regras deverão ser limitadas ao

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mínimo e há que evitar obrigações desproporcionadas, com vista a garantir o desenvolvimento do comércio electrónico. No entanto, e simultaneamente, deverão existir garantias de que o imposto possa ser eficazmente controlado.

5. O sistema fiscal e os seus instrumentos de controlo devem garantir que a tributação seja efectivamente aplicada à prestação de serviços por via electrónica na União Europeia, tanto às empresas como aos particulares.

No que diz respeito aos particulares, os mecanismos previstos devem estar de acordo com a legislação comunitária relativamente à protecção dos dados pessoais.

Orientação 6: Facilitar a tarefa das autoridades fiscais

Para que os meios empresariais tenham confiança no sistema fiscal este deve poder ser aplicado de forma justa e segura para permitir a concretização de todos os benefícios decorrentes do comércio electrónico. A UE c os Estados-Membros têm todo o interesse em criar condições que facilitem aos operadores não comunitários a determinação do IVA devido na UE relativamente ao comércio electrónico. Do mesmo modo, é fundamental garantir que neste domínio as obrigações fiscais não sejam mais onerosas para os operadores comunitários do que para os não comunitários. Será essencial, neste novo ambiente, garantir a possibilidade de facturação e cumprimento das obrigações através de meios electrónicos.

6. A ausência de suportes documentais será uma das características da facturação electrónica e deve ser autorizada para efeitos do IVA, no que diz respeito às operações efectuadas no interior da União Europeia. No entanto, ao estabelecer as condições uniformes de utilização da facturação electrónica na União Europeia devem ser salvaguardados os interesses legítimos dos Estados-Membros graças à previsão de instrumentos suficientes de controlo e de prevenção da fraude. De igual modo, deverá ser dada especial prioridade à instauração de um enquadramento de cooperação entre a UE e os outros países a Jim de garantir igualmente condições equivalentes às existentes na UE para a facturação electrónica a nível internacional.

7. Sob reserva da adopção de condições uniformes a nível comunitário, as administrações fiscais devem proporcionar aos operadores que participam no comércio electrónico os meios necessários ao cumprimento das suas obrigações fiscais em matéria de IVA através de declarações e de uma contabilidade por via electrónica.

Aqui também, as administrações fiscais devem desempenhar um papel activo no universo electrónico e estar preparadas para integrar os seus conceitos e práticas nas relações que estabelecerem com os operadores e consumidores no contexto de um comércio electrónico à escala mundial.

VII. Conclusões

Os princípios atrás expostos estão em total sintonia com os objectivos e metas do sistema comunitário do IVA. No entanto, permitem igualmente a neutralidade face aos regimes fiscais de países não comunitários na medida em que apenas prevêem a tributação de

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bens consumidos no território da UE. Os fornecimentos de outros países à UE não seriam sujeitos ao imposto comunitário c, à semelhança do que se passa actualmente com os bens e grande parte dos serviços, incumbiria a esses países decidir da aplicação de impostos indirectos a essas entregas vindas do exterior. Este aspecto é de especial importância nos debates que terão lugar na Conferência ministerial da OCDE com os meios empresariais, a realizar em Otava no próximo mês de Outubro sobre a instituição de um enquadramento fiscal à escala mundial.

Por conseguinte, a Comissão convida o Conselho a analisar os supramencionados princípios comunitários no domínio dos impostos indirectos a aplicar na UE ao comercio electrónico. Estes princípios devem constituir a base da contribuição da UE para a próxima Conferencia de Otava, constituindo simultaneamente o ponto de partida para futuras discussões no âmbito da UE e a nível internacional com todas as partes envolvidas no desenvolvimento c participação no comercio electrónico. Na actual fase, em que a tecnologia associada ao comercio electrónico se encontra ainda em desenvolvimento e as estruturas comerciais estão ainda por definir, não é necessário ou possível alterar o regime fiscal vigente. No entanto, há que definir grandes linhas de orientação que enquadrem o actual debate c orientem, em consulta com os meios empresariais, o futuro desenvolvimento do sistema fiscal aplicável a este novo mercado internacional em rápido crescimento. A Comissão considera que um sistema fiscal assente nestes princípios contribuirá para o êxito do comércio electrónico e o desenvolvimento da economia comunitária na medida em que proporcionará às suas empresas condições equitativas de concorrência.

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ISSN0257-9553

C()M(98) 374 final

DOCUMENTOS

PT 15 02 10 16

N.° de catálogo : CB-CO-98-399-PT-C

ISBN 92-78-37320-6

Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias

L-2985 Luxemburg)