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APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO POR UMA SOLUÇÃO PARTICIPATIVA PARA A QUESTÃO DA QUEIXA ESCOLAR Geraldo Natanael Orientadora: Profª Thaís Seltzer Goldstein A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse à renovação e a vinda dos novos e dos jovens. Hannah Arendt Salvador, Abril / 2008 FACULDADE SOCIAL DA BAHIA Curso de Psicologia Abordagens Fenomenológico-existenciais em Psicologia

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APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO POR UMA SOLUÇÃO PARTICIPATIVA PARA A QUESTÃO DA QUEIXA ESCOLAR

Geraldo Natanael

Orientadora: Profª Thaís Seltzer Goldstein

A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse à renovação e a vinda dos novos e dos jovens.

Hannah Arendt

Salvador, Abril / 2008

FACULDADE SOCIAL DA BAHIA

Curso de Psicologia Abordagens Fenomenológico-existenciais em Psicologia

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SUMÁRIO

1- Introdução....................................................................................................................................... 03

2- A realidade como experiência......................................................................................................... 04

3- Por uma clínica da queixa escolar que não reproduza a lógica patologizante................................ 05

4- Pro dia nascer feliz.......................................................................................................................... 08

5- A aprendizagem significativa na terapia e na educação................................................................. 10

6- Conclusão........................................................................................................................................ 11

7- Referências Bibliográficas Levantadas........................................................................................... 13

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1- Introdução.

Conforme a ementa do curso Abordagens Fenomenológico-existenciais em Psicologia uma

parte do campo de abrangência dessa disciplina estuda os fundamentos filosóficos, teóricos e

metodológicos da fenomenologia de Husserl1 e da psicologia centrada na pessoa de Carl Rogers.

Nesse primeiro momento discutimos em sala de aula os textos A realidade como experiência,

Por uma clínica da queixa escolar que não reproduza a lógica patologizante, o filme Pro dia nascer

feliz e finalizamos com o estudo do texto A aprendizagem significativa na terapia e na educação.

Como fruto dessa primeira etapa, elaboramos esse ensaio como forma de apresentar uma

análise crítica desse material. Realizaremos uma abordagem com o olhar voltado para a

aprendizagem e a educação, fazendo uma viagem através dos textos e filmes. Vamos analisar alguns

conceitos da fenomenologia de Husserl, da clínica psicológica, da realidade escolar brasileira e uma

proposta metodológica para a aprendizagem aplicada no mundo contemporâneo através da visão de

Carl Rogers.

1 Edmund Gustav Albrecht Husserl (1859-1938): filósofo alemão, conhecido como fundador da fenomenologia, pertencente a tradição da filosofia da consciência e da subjetividade características da modernidade. Para Husserl, a consciência é caracterizada pela intencionalidade, porque ela é sempre a consciência de alguma coisa. Aluno de Franz Brentano e Carl Stumpf, Husserl influenciou entre outros os alemães Edith Stein, Eugen Fink e Martin Heidegger, e os franceses Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty, Michel Henry e Jacques Derrida. Foi professor de Karl Jaspers e Martin Heidegger. Herdeiro direto da filosofia de Descartes e Kant, dá a teoria do conhecimento um lugar central em seu pensamento e a tradição racionalista moderna. O lema básico da fenomenologia é "de volta às coisas mesmas", procurando com isso a superação da oposição entre realismo e idealismo, entre o sujeito e o objeto, a consciência e o mundo. A epoché ou suspensão, coloca o mundo "entre parênteses". A epoché, de fato, não é propriamente uma dúvida, mas justamente um pôr entre parênteses, um não usar as convicções da vida cotidiana como premissas da filosofia. A redução fenomenológica leva assim à redução eidética, que nos revela a essência, o horizonte de potencialidade da coisa considerada, independentemente de sua existência real ou concreta. A própria subjetividade, a consciência subjetiva, também deve ser submetida a esse processo, que revela além da consciência empírica do sujeito concreto, sua natureza essencial enquanto sujeito transcendental ou "eu transcendental", núcleo constitutivo da experiência. De outra parte, a ontologia, ou seja a metafísica, voltou a ser objeto de investigação nos meios mais modernos da filosofia. Husserl definiu a fenomenologia em termos de um retorno à intuição (Anschauung) e a percepção da essência. Noesis é o ato de perceber enquanto noema é aquilo que é percebido. Através desse método, para Husserl, a pessoa pode perfazer uma "redução eidética", ou seja, os noema podem ser reduzidos à sua forma essencial ou "essência”, que será sua garantia de verdade. A afinidade entre Husserl e Kant está em que ambos buscam a condição de verdade do conhecimento. Husserl sustenta que a verdade está no conhecimento das essências, e Kant, que ela existe limitada às categorias do que é possível conhecer. Em A fenomenologia transcendental e a crise das ciências européias, Husserl procura superar o excessivo subjetivismo e idealismo de sua filosofia tentando dar conta da realidade social e da relação entre a subjetividade e o mundo, inclusive as "outras consciências" e a questão da intersubjetividade. A consciência transcendental é monádica; é minha consciência, a consciência de um eu pessoal. "A humanidade inteira e toda a distinção e a ordem dos problemas pessoais tornou-se fenômeno, na minha epoché, e com ela a preeminência do eu-homem entre outros homens. A bem verdade, o eu ao qual chego na epoché...chama-se eu somente por equivocação... sou eu, sou eu aquele que exerce a epoché, sou eu que interrogo o mundo como fenômeno...eu que sou o pólo subjetivo da vida transcendental na qual em primeiro lugar o mundo tem sentido para mim puramente como mundo". Em 1887, Husserl converte-se ao cristianismo e se junta à Igreja Luterana. Como aposentado, Husserl continuou suas pesquisas e atividades nas instituições de Friburgo, até que foi definitivamente demitido por causa de sua ascendência judia, sob o reitorado de seu antigo aluno e protegé, Heidegger (WIKIPÉDIA, 2008).

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Como conseguiremos uma solução participativa para a questão da queixa escolar? Essa é

uma pergunta que formulamos e deverá ser respondida até a finalização do nosso trabalho. Como

hipótese devemos buscar identificar formas de abordar essa questão e propor métodos que não

reproduza a lógica patologizante, comum ao mundo contemporâneo.

2- A realidade como experiência.

No texto A realidade como experiência que foi elaborado como parte da monografia da

professora Thaís Seltzer Goldstein, são abordados alguns conceitos e contribuições da

fenomenologia que foram aplicados à psicologia. A base do seu estudo é a filosofia fenomenológica

de Edmund Husserl que coloca o mundo real em suspensão, o que não quer dizer que as coisas não

existem, mas ele nos convida “a suspender a decisão sobre a sua existência, de modo que possamos

colocar tal questão ‘entre parênteses’”.(Goldstein, p.20).

Goldstein afirma que uma “descrição fenomenológica pode iniciar-se como uma descrição

qualquer, praticada espontaneamente por qualquer um” (Ibidem, p.16), sendo que a redução

fenomenológica se dá quando eu exerço a minha epoché, ou seja, quando eu interrogo e vejo o

mundo como fenômeno. Assim o mundo se apresenta para mim com uma realidade entendida como

“uma unidade que persiste nos modos variados pelos quais nós a apreendemos” (Ibidem, p.19). A

realidade ganha um caráter subjetivo, levando a uma redução fenomenológica ou redução eidética,

em que é revelada a essência da coisa considerada, independentemente da sua existência concreta.

A consciência para Husserl é sempre a consciência de algo, é um para-si assumindo um

caráter transcendental ou intencional, não estando nem dentro nem fora, o que importa é como o

conhecimento do mundo acontece, ou seja, através da visão do mundo que o indivíduo tem.

Acreditamos assim, que o que é importante para a fenomenologia aplicada à psicologia é

favorecer uma metodologia ao trabalho do psicólogo que deve buscar as diversas perspectivas de um

relato, ou seja, como os fatos se apresentam para um determinado sujeito. Devemos considerar a

subjetividade do outro através de uma atitude compreensiva sem pré-julgamentos ou pré-conceitos

criados por uma normalidade cultural estabelecida por padrões institucionalizados e ratificados pela

moral vigente.

A seguir vamos analisar dois casos clínicos que poderão ilustrar na prática, os conceitos que

foram abordados nesse tópico. Veremos uma atuação de uma psicóloga conduzindo uma pesquisa na

área educacional utilizando uma metodologia com base fenomenológica.

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3- Por uma clínica da queixa escolar que não reproduza a lógica

patologizante.

Foi através da visão fenomenológica2 que estudamos e analisamos os casos discutidos no

texto Por uma clínica da queixa escolar que não reproduza a lógica patologizante de Carla Biancha

Angelucci3.

O texto discute dois atendimentos relacionados à queixa escolar: o caso de Lucas com 9 anos

de idade, que cursava a 3ª série em uma escola particular e que teve a participação efetiva da escola e

o caso Jackson que tinha 11 anos de idade e cursava a 4ª série em uma escola pública a qual se

recusou em cooperar, visto que a direção da escola não via motivos para participar das discussões,

2 Fenomenologia: Segundo o professor Luciano Kaminski, embora o termo já tenha sido utilizado por Hegel, em sua obra Fenomenologia do Espírito onde o termo designa aparição ou manifestação do Espírito, é com o filósofo alemão Edmundo Husserl que o termo assumiu o peso de um método próprio de se pensar, de se fazer filosofia, ou ainda de se fazer ciência. Para Husserl não se pode ter certeza de qualquer teoria se ela não for construída em solo seguro, em algum dado indubitável, numa evidência que não se possa questionar. Essa evidência, segundo é ele, é a da consciência, ou seja, nada que possamos conhecer, pensar, dizer, sentir, enfim, qualquer idéia ou representação que se faça do mundo, se dá, antes de tudo, na consciência. O homem se define não apenas por ser racional, mas fundamentalmente, por ter consciência de si e do mundo. Consciência, aqui, não significa um “saber o que estou fazendo”, em termos psicológicos como contrário de inconsciente. Também não se pode pensar consciência como um fato puramente mental, em oposição ao corpo, ao físico. Consciência deve ser compreendida como modo próprio do homem ser e perceber o mundo, enquanto totalidade física, mental, espiritual, emocional, racional e qualquer outra dimensão que se queira associar aqui. Consciência não é apenas um meio pelo qual algum objeto (o homem) conhece uma coisa (o mundo), como instâncias separadas. Portanto, não há uma realidade pura, isolada do homem, mas a realidade enquanto ela é percebida, que se dá à consciência humana. A partir disso é que se pode raciocinar, calcular, poetizar, agir, etc... A consciência é sempre consciência de alguma coisa, reza o princípio fundamental da fenomenologia. Ela estuda a consciência em si mesma, no ato do conhecimento. Ela é, num sentido mais geral, a descrição de um conjunto de fenômenos que se dão no tempo e no espaço e que se dispõe à consciência humana. Os empiristas diziam que a essência das coisas é inacessível ao pensamento, e que este se constrói a partir de experiências. O risco do empirismo é de cair na falta de certezas absolutas, válidas universalmente, ou seja, num ceticismo, além de retirar da mente, da razão, um papel preponderante no ato do conhecimento. Os idealistas, ao contrário, admitiam que o pensamento pode chegar a contemplar a essência, pois a mente humana possui condições a priori (as categorias de Kant, por exemplo), isto é, anterior a qualquer experiência, que a possibilita pensar conceitos universais. O seu risco é deixar o conhecimento à mercê da mente humana, numa atividade puramente psicológica (psicologismo). A fenomenologia, por seu turno, quer superar esse dualismo. Segundo Husserl, tanto a experiência, quanto as universalizações da metafísica, só fazem sentido e se organizam enquanto representações na consciência humana. Portanto, é a partir dela que devemos compreender como se dá o conhecimento. Se na concepção clássica, seja no empirismo ou no idealismo, o sujeito está separado do objeto no ato do conhecimento, para a Fenomenologia, eles estão numa relação indissociável. A consciência está entrelaçada com o mundo. Perceber é perceber o mundo, no mundo. Não é apenas um ato imaginativo, psicológico; nem uma pura recepção de sensações advindas da experiência, ou ainda um ato reflexivo-racional. Perceber é um movimento, uma atividade, é uma contemplação, com forte caráter emotivo. Isso quer dizer que a percepção do mundo sempre se dá com um caráter motivado: percebo aquilo que mais me chama a atenção, aquilo que quero. O mundo é captado, segundo Husserl, sempre em perspectiva, ou seja, sempre em relação a... e nunca absolutamente. A percepção não consegue, por esse motivo, apreender a realidade em sua totalidade. (KAMINSKI, 2008). 3 Carla Biancha Angelucci: possui graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1997) e mestrado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (2002). É doutoranda em Psicologia Social na Universidade de São Paulo. Atualmente é psicoterapeuta, professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie nos cursos de Pedagogia e Psicologia. Psicóloga, com ênfase nos estudos sobre Educação Inclusiva e Preconceito (ANGELUCCI-CNPQ, 2008).

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devido acreditar que o problema estava com o menino que estava com as funções cognitivas

“bloqueadas” e era por esse motivo que ele não conseguia aprender.

Angelucci adota uma postura fenomenológica, pois acredita que o primeiro objetivo para os

psicólogos que atuam na área escolar deve ser “compreender a situação na companhia dos atores que

a constituem” (SOUZA, 2007, p.354). Os pais, a escola e principalmente a criança envolvida na

questão devem ser ouvidos sendo que um dos objetivos é a “recuperação de saberes e de potências

que ficam submetidos à cotidianidade, ao automatismo das ações do dia-a-dia, da ausência de

reflexão e diálogo genuínos” (Ibidem, p.355). Outro objetivo é desconstruir a psicopatologização da

queixa escolar, possibilitando a compreensão do fenômeno da falta de aprendizagem sem a adoção

de rótulos criados muitas vezes por quem deveria ajudar na compreensão dessa questão.

Lucas tinha uma queixa escolar de um comportamento muito dependente o que prejudicava

seu convívio social na escola, pois não tinha muitos amigos. Ele tinha muitas marcas em seu corpo,

como pouca visão, estrabismo, daltonismo, peso acima do normal e era canhoto. Por esses motivos

era poupado por sua mãe e pelas professoras o que somente reforçava sua dependência e

imaturidade. Sua alfabetização foi realizada na sua casa, pois a escola infantil não tinha como

prioridade o aprendizado da leitura e da escrita, dando ênfase a brincadeiras. Lucas tinha consciência

dos motivos que estava sendo levado ao atendimento com um psicólogo e ele se achava:

... um menino desinteressante, que precisava chamar a atenção dos outros para que conseguisse ser olhado, pois não tinha nenhuma qualidade/habilidade especial, não fazia nada que merecesse destaque. Daí, a percepção de uma alternativa: manter-se “bobinho” para garantir que fosse olhado e cuidado (Ibidem, p.361).

A escola reconheceu que o tratava como “café com leite, mascote: menino de quem todos

gostam, por quem todos se penalizam, mas, na verdade, muito pouco conhecido em suas

potencialidades e suas dificuldades reais” (Ibidem, p.360). Seus pais reconheciam as marcas de

Lucas e não sabiam como aumentar a sua auto-estima e torná-lo independente, tratando-o como um

bebezão. Citando Donald Winnicott4, Angelucci acreditava que:

4 Donald Woods Winnicott (1896-1971): pediatra e psicanalista britânico de influência kleiniana, concentrou-se na transição do bebê de um estado de total dependência à formação de um "eu". Afirmou que, cada ser humano traz um potencial inato para amadurecer, para se integrar; porém, o fato de essa tendência ser inata não garante que ela realmente vá ocorrer. Isto dependerá de um ambiente facilitador que forneça cuidados suficientemente bons, sendo que, no início, esse ambiente é representado pela mãe. É importante ressaltar que esses cuidados dependem da necessidade de cada criança, pois cada ser humano responderá ao ambiente de forma própria, apresentando, a cada momento, condições, potencialidades e dificuldades diferentes. Assim, podemos pensar que, se amadurecer significa alcançar o desenvolvimento do que é potencialmente intrínseco, possíveis dificuldades da mãe em olhar para o filho como diferente dela, com capacidade de alcançar certa autonomia, podem tornar o ambiente não suficientemente bom para aquela criança amadurecer. Não basta, apenas, que a mãe olhe para o seu filho com o intuito de realizar atividades mecânicas que supram as necessidades dele; é necessário que ela perceba como fazer para satisfazê-lo e possa reconhecê-lo em suas

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... Lucas vivia um impasse relativo à sobreposição do fazer, em detrimento do ser. Lucas vivia uma situação em que sentia a existência como algo sustentado pelo campo da ação, do fazer. Entretanto, como agir sem se sentir aceito em suas forma próprias, seus ritmos? ... Lucas simplesmente não se colocou nesse projeto, não tentava ser mais rápido, não tentava ser mais magro, não tentava compensar suas dificuldades para enxergar. E sofria por não o ser, pois isto parecia implicar em não poder existir, em última instância. Paradoxalmente, Lucas aparecia naquilo que não conseguia fazer. (Ibidem, p.362).

A orientação realizada pela psicóloga foi que a escola não poupasse as atividades de Lucas,

entretanto considerasse o seu tempo de resposta, aceitando as diferenças com normalidade. Lucas

agora passou a se perceber não como assujeitado, mas como sujeito ativo dessa condição, produziu

movimento o que serviu para elaborar uma nova dinâmica, modificando o seu papel frente aos atores

desse palco.

O caso de Jackson foi diferente do de Lucas devido a recusa da escola em participar desse

processo, que também agravado pelo profundo descrédito de si mesmo, fez com que o período de

atendimento fosse aumentado de dois para sete meses.

Na sua história escolar, Jackson na 1ª série passou por uma experiência que o abalou muito,

pois sua professora amassou sua produção que tinha realizado para o dia das mães dizendo que não

era uma coisa que podia ser dada para uma mãe. Ele também já tinha sido reprovado na 3ª série e

estava para ser reprovado novamente na 4ª série. A atual escola acreditava que Jackson e alguns

alunos tinham:

... um “bloqueio” mental, algo neles que impedia o aprendizado, algum trauma ou algo semelhante. Portanto, a escola não teria nada a fazer senão indicar um profissional de saúde. Em sua hipótese, quando o psicólogo desbloqueasse Jackson,

particularidades. A capacidade da mãe em se identificar com seu filho permite-lhe satisfazer a função sintetizada por Winnicott na expressão holding. Ela é a base para o que gradativamente se transforma em um ser que experimenta a si mesmo. A função do holding em termos psicológicos é fornecer apoio egóico, em particular na fase de dependência absoluta antes do aparecimento da integração do ego. O holding inclui principalmente o segurar fisicamente o bebê, que é uma forma de amar. Winnicott também coloca que a mãe, ao tocar seu bebê, manipulá-lo, aconchegá-lo, falar com ele, acaba promovendo um arranjo entre soma (o organismo considerado fisicamente) e psiquê e, principalmente ao olhá-lo, ela se oferece como espelho no qual o bebê pode se ver. No início da passagem da dependência absoluta para a dependência relativa, os objetos transacionais exercem a indispensável função de amparo, por substituírem a mãe que se desadapta e desilude o bebê. A transacionalidade marca o início da desmistura, da quebra da unidade mãe-bebê. Na progressão da dependência absoluta até a relativa, Winnicott definiu três realizações principais: integração, personificação e início das relações objetivas. É nesse período de dependência relativa que o bebê vive estados de integração e não integração, forma conceitos de eu e não eu, mundo externo e interno, podendo então seguir seu amadurecimento, no que o autor denomina independência relativa ou rumo à independência. Aqui, o bebê desenvolve meios para poder prescindir do cuidado maternal. Isto é conseguido mediante a acumulação de memórias de maternagem, da projeção de necessidades pessoais e da introjeção dos detalhes do cuidado maternal, com o desenvolvimento da confiança no ambiente. É importante ressaltar que, segundo Winnicott, a independência nunca é absoluta. O indivíduo sadio não se torna isolado, mas se relaciona com o ambiente de tal modo que pode se dizer que ambos se tornam interdependentes (WIKIPÉDIA,2008).

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ele voltaria a aprender como as demais crianças, aí, sim, a escola poderia ensiná-lo. Enquanto isso, não haveria nada a se fazer. (Ibidem, p.365-366).

A psicóloga decidiu criar uma estratégia para refazer ou recontar a história de incapacidade

de Jackson, buscando uma reconstrução de si o que possibilitaria uma nova oportunidade para

aprender a ler e a escrever. Assim foi decidida a estratégia de intervenção participativa em que

Jackson deveria criar e escrever um livro, proporcionando-o um desafio que serviria para encontrar a

potência necessária para que algo pudesse ser transformado. A psicóloga também recomendou que

quando fosse possível, ele deveria ser transferido de escola, visto que a instituição de ensino tinha

contribuído decisivamente para o não aprendizado e pelo sentimento de impotência e fracasso

escolar.

Durante sete meses Jackson escreveu seu livro, inventando uma história, realizando as

ilustrações, elaborando a capa, a dedicatória, sempre sendo aceito o seu jeito de produzir e somente

era auxiliado quando pedia ajuda. A psicóloga adotou uma metodologia de ensino utilizada na

pedagogia que consistia do seguinte:

... a cada nova sessão com Jackson, para sabermos qual o ponto em que havíamos parado, era preciso ler aquilo que já tinha sido produzido. Com essa leitura, Jackson acabou por realizar uma re-escrita do livro. Assim nos originais, é possível reconhecer vestígios de palavras apagadas, trechos reescritos, etc. (Ibidem, p.368)

O objetivo principal dessa técnica não era alfabetizá-lo, mas “reconhecer e valorizar sua

possibilidade de aprender e de se expressar utilizando várias linguagens (oral, escrita, figurativa)”.

(Ibidem). Desse modo, a experiência e a continuidade do trabalho favoreceram a apropriação do

conhecimento adquirido por Jackson.

Quando o livro foi concluído o trabalho de acompanhamento da psicóloga também foi

finalizado. Angelucci termina seu texto refletindo que “talvez, a existência de um espaço/tempo em

que [Jackson] pôde dizer o indizível, pensar o impensável tenha aberto uma brecha para outros

dizeres, outro pensar” (Ibidem, p.373).

Após essa análise fenomenológica de dois casos clínicos realizados por uma psicóloga social

com especialização na área educacional, discutiremos a seguir a situação da realidade brasileira das

escolas públicas e privadas através do olhar do diretor João Jardim.

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4- Pro dia nascer feliz.

O filme Pro dia nascer feliz do diretor João Jardim5 foi realizado entre Abril/2004 a

Outubro/2005 nos mostrando duas realidades do nosso país: a de uma imensa população carente que

depende da precariedade da escola pública para que seus filhos estudem e de uma minoria que tem

acesso à escola particular bem estruturada, porém nem por isso deixa de existir a queixa escolar.

O filme tem um estilo de documentário e é iniciado mostrando uma escola pública de uma

das cidades mais pobres do país, Manari em Pernambuco. Uma professora fala sobre Frei Caneca

que foi condenado à morte por defender melhores condições de vida para os menos favorecidos.

Nesse momento passa imagens da escola cujos banheiros não tem descarga e o ônibus escolar está

quebrado. Mostra também um depoimento de uma aluna que elabora lindos poemas e cuja professora

não acredita que foi ela quem os fez.

O filme se desenvolve mostrando outras escolas municipais nas cidades de Irajá e Duque de

Caxias no Rio de Janeiro e uma escola estadual em São Paulo, visando mostrar a falta de qualidade

de ensino nas escolas públicas. Os professores estão desestimulados pela falta de reconhecimento,

agressões e desinteresse dos alunos, ou seja, a falta de dignidade e o descrédito com o ensino

público. Os alunos se desinteressam devido a sua condição de vida precária, a falta de estímulo dos

seus pais, a falta de professores nas salas de aula, ou seja, uma realidade social em que predomina o

uso de drogas e da violência. É um círculo vicioso em que toda a sociedade acaba perdendo.

O filme também mostra uma outra realidade, a de uma minoria que estuda em colégios

privados como no Colégio Santa Cruz em São Paulo, que é uma escola católica, com condições

materiais e educacionais favoráveis ao aprendizado. Uma professora fala sobre o que é um cortiço

para que possa haver o entendimento da classe, cujos alunos vivem em uma das bolhas de

prosperidade. Os alunos se preocupam em passar de ano, de saber qual a profissão irão escolher, com

a falta de atenção e carinho dos pais e com questões de valorização pessoal como a de uma menina

que só ficou com um namorado o ano inteiro e acreditava que por isso, poderia existir algo errado

com ela.

5 João Jardim: Seu primeiro longa-metragem para cinema,Janela da alma (2002), co-dirigido com o fotógrafo Walter Carvalho, foi o quarto maior público para um documentário desde a década de 90, e ganhou o prêmio do júri e do público na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Carioca, estudou cinema na Universidade de Nova York e começou como assistente de direção. Trabalhou com Paul Mazursky emLuar sobre Parador (1988), com Murilo Salles emFaca de dois gumes (1989) e com Carlos Diegues em Dias melhores virão (1989). Montou programas musicais para televisão, produzidos pela Conspiração Filmes, entre os quais Tudo ao mesmo tempo agora (1991), com os Titãs, Mais (1991), com a cantora Marisa Monte, e Caetano 50 anos (1992), com Caetano Veloso. Na Rede Globo integrou o núcleo de produção dirigido por Carlos Manga e editou e dirigiu minisséries, entre elas Engraçadinha. Em 2005, finalizouPro dia nascer feliz, documentário que aborda a educação pública na adolescência em diversas regiões do país, que ganhou o prêmio especial do júri no 10º Cine-PE e foi selecionado pro Festival de Gramado 2006 (FILMEB, 2009).

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Assim são mostradas as duas realidades sociais presentes no nosso país, em que de um lado

estão as escolas públicas dominadas pela violência com assassinatos de alunos e professores dentro

das escolas, pois os outros alunos que cometeram os assassinatos “não tinham nada a perder” e de

outro lado retrata a realidade de uma elite privilegiada. Essa situação de degradação social é

sustentada por políticos corruptos que não tem interesse de mudar essa realidade, se beneficiando da

ignorância e da dependência assistencial da população carente.

Podemos relacionar essa realidade mostrada no filme com o texto Por uma clínica da queixa

escolar que não reproduza a lógica patologizante de Carla Biancha Angelucci que mostrou a falta de

apoio da escola pública ao aluno Jackson transferindo a “culpa” pela falta de aprendizagem para o

próprio aluno devido a ele ter um “bloqueio” que só poderia ser realizado pelos psicólogos, isentando

a responsabilidade da escola em criar e fornecer as condições para o ensino. A outra realidade que

podemos relacionar foi o da escola privada no caso Lucas, que apesar de tê-lo protegido dificultando

a sua independência, se dispôs a criar condições para o seu aprendizado, seguindo as recomendações

da psicóloga.

Após essa discussão sobre a realidade educacional brasileira, veremos uma proposta do

psicólogo Carl Rogers6, sobre um método que ele desenvolveu para sua clínica psicológica e que

também poderia ser aplicado na área da educação, favorecendo uma melhor motivação e

aprendizagem dos alunos.

6 Carl Ransom Rogers (1902-1987): psicopedagogo americano formado em História e Psicologia. Foi um precursor da psicologia humanista e criador da linha teórica conhecida como Abordagem Centrada na Pessoa (ACP). Aspirante a pastor protestante, na cidade de Nova York, Carl Rogers trocou a religião pela psicologia. Completou os estudos na Universidade de Colúmbia e se especializou em problemas infantis na Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra Crianças, em Nova York, da qual foi diretor a partir de 1930. Como professor na Universidade de Ohio, desenvolveu o então polêmico método não-diretivo, Aconselhamento e psicoterapia. Criou, com outros, um centro de aconselhamento na Universidade de Chicago, influenciando o aconselhamento psicológico, o aconselhamento pastoral e a orientação educacional. Levou suas idéias à prática, com bons resultados, e combinou essas conclusões com novas abordagens teóricas, que expôs em 1951 com a Terapia centrada no cliente. A Abordagem Centrada na Pessoa desenvolveu-se essencialmente a partir das suas próprias experiências clínicas, e mais tarde descobriu paralelos ao seu trabalho em fontes orientais, no Zen Budismo e nos trabalhos de Lao Tsé. Rogers concebe o ser humano como fundamentalmente bom e curioso, que, porém, precisa de ajuda para poder evoluir. Eis a razão da necessidade de técnicas de intervenção facilitadoras. Rogers pressupõe que o professor dirija o estudante às suas próprias experiências, para que, a partir delas, o aluno se autodirija. Rogers propõe a sensibilização, a afetividade e a motivação como fatores atuantes na construção do conhecimento. Uma das idéias mais importantes na obra de Rogers é a de que a pessoa é capaz de controlar seu próprio desenvolvimento e isso ninguém pode fazer para ela. Em 1979, perdeu a sua companheira Helen após união de 55 anos. Rogers morreu aos 85 anos, mesmo ano em que é indicado ao Prêmio Nobel da Paz, ainda ativo, escrevendo, realizando conferências e cuidando de seu jardim, ao lado de colegas mais jovens, filhos e netos. A grande crítica à teoria de Rogers é feita pela utopia que ela implica, sendo sua teoria caracterizada como idealista, da corrente também denominada de romântica e irrealizável para os seus críticos. Porém, na obra rogeriana são relevantes os seguintes aspectos: o desejo de mudança, a intenção de realização de algo concreto e a preparação da opinião pública para as mudanças possíveis.

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5- A aprendizagem significativa na terapia e na educação.

O texto A aprendizagem significativa na terapia e na educação de Carl Rogers explica como

aplicar a terapia centrada na pessoa ao ambiente escolar. Rogers afirma então que a aprendizagem

significativa é:

... uma aprendizagem que provoca uma modificação, que seja no comportamento do indivíduo, na orientação da ação futura que escolhe ou nas suas atitudes e na sua personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimento, mas que penetra profundamente em todas as parcelas da sua existência. (Rogers, 1982, p.258).

Conforme Carl Rogers, a terapia centrada na pessoa busca os seguintes resultados práticos:

a) A pessoa começa a ver-se de modo diferente.

b) Se aceita e aceita seus sentimentos de uma maneira mais total.

c) Torna-se mais autoconfiante e mais autônoma.

d) Torna-se mais a pessoa que gostaria de ser.

e) Torna-se mais flexível, menos rígida nas suas percepções.

f) Adota objetivos mais realistas.

g) Comporta-se de uma forma mais amadurecida.

h) Modifica os seus comportamentos desadaptados, mesmo que se trate de um

comportamento há muito estabelecido, como o alcoolismo crônico.

i) Aceita mais abertamente o outro.

j) Torna-se mais aberta à evidência, tanto no que se passa fora de si mesma como no seu

íntimo.

k) Modifica as suas características básicas de personalidade, de uma maneira construtiva.

Rogers aplicou essa técnica também para a educação, sendo que o objetivo principal é o de

criar uma atmosfera que leve a uma aprendizagem, em que o aluno se motive e se auto-realize.

Devemos introduzir para os alunos, questões da vida cotidiana discutindo suas realidades,

propiciando a eles condições, para que futuramente se tornem sujeitos instruídos e conscientes de si.

Essa técnica segundo Rogers é utilizada quando surge um problema sério e significativo e o

sujeito não consegue resolver devido a estar receoso de descobrir algo perturbador em si mesmo.

Essa é uma dificuldade percebida proveniente de um desejo indefinido e ambivalente de aprender ou

de se modificar.

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O professor deve ser congruente, ou seja, uma pessoa unificada, integrada, sendo aquilo que

realmente é, aplicando sua experiência aos assuntos estudados, através de um processo crítico e

consciente. Isso possibilita desenvolver uma relação de confiança com os alunos aplicando uma

aprendizagem significativa que favorecerá a aceitação do método de ensino e mudanças

comportamentais na turma. O professor deve ser uma “pessoa que é e que tenha uma consciência

plena das atitudes que assume” (Ibidem, p.265), que ele seja autêntico nas relações com os alunos. O

professor deve ser capaz de “aceitar o aluno tal como ele é e de compreender os sentimentos que ele

manifesta” (Ibidem, p.266).

O professor deve ter uma consideração positiva incondicional, ou seja, demonstrando

preocupação com a aprendizagem do aluno, sem que isso implique em qualquer gratificação pessoal.

Entretanto o aluno deve ser tratado como uma pessoa independente, permitindo-lhe que questione e

trace a sua própria maneira de se expressar e de realizar as sua atividades.

O professor deve experimentar uma compreensão empática do mundo dos alunos, como se

estivesse em seu lugar, entretanto sem as angústias que o afetam. O professor deve realizar uma

“relação de empatia com as reações de medo, de expectativa e de desânimo que estão presentes

quando enfrenta uma nova matéria” (Ibidem, p. 266).

Essa é uma técnica aplicada na clínica e que foi reaplicada na sala de aula. Adaptamos a

atitude do terapeuta ao do professor que deve considerar os seguintes aspectos:

a) O professor deve ser capaz de compreender bem os sentimentos dos alunos.

b) O professor deve buscar não ter dúvidas sobre o que os alunos pretendem dizer.

c) As observações do professor devem se ajustar aos interesses e atitudes dos alunos.

d) O tom de voz do professor deve mostrar a sua perfeita capacidade para partilhar dos

sentimentos dos alunos.

Para que esse trabalho de desenvolva também é necessário que os alunos aceitem a empatia

do professor. O objetivo final é que os alunos se tornem mais flexíveis e abertos para aprender e ter

novas experiências.

6- Conclusão.

Retomando a questão elaborada no início desse ensaio, “Como conseguiremos uma solução

participativa para a questão da queixa escolar?” Podemos dividir essa questão em duas realidades,

uma que pode ser aplicada à escola pública e outra aplicada à escola privada brasileira.

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Para a escola pública, acredito que devem ser criados mecanismos governamentais que

propicie melhores condições de ensino. Inicialmente deve-se investir na contínua formação dos

professores e melhores condições físicas das escolas. O investimento em segurança física e

patrimonial também deve ser priorizado para que possa garantir um clima de respeito mútuo entre

alunos, funcionários e professores. Com essas condições poderemos buscar barrar um ciclo vicioso

em que os alunos desmotivados e sem perspectiva de vida, agridem aos professores que faltam as

aulas e não ensinam aos alunos. É importante observar que nas universidades públicas federais e

estaduais não são encontrados esses graves problemas estruturais, provavelmente devido à limitação

de vagas que estão vinculadas ao vestibular para acesso dos alunos e exigências de mestrado e

doutorado para a contratação e qualificação dos professores.

Na escola privada não encontramos os problemas estruturais comuns às escolas públicas,

entretanto encontramos em menor proporção o fenômeno da queixa escolar. A metodologia

defendida por Carl Rogers aplicada à educação deve ser vista como mais uma ferramenta a ser

desenvolvida e aplicada nas instituições de ensino visando uma melhorar a motivação e

aprendizagem dos alunos. Entretanto existem críticas a teoria de Rogers qualificando-a como

utópica, sendo essa corrente por alguns caracterizada como idealista ou romântica.

O trabalho em equipe envolvendo a direção da escola, os pedagogos e psicólogos

educacionais, deve ser defendido como forma de promover melhores condições para o ensino e a

aprendizagem. A lógica patologizante envolvendo a queixa escolar deve ser desconstruida pelos

médicos, psicólogos e pedagogos através de discussões, trabalhos de pesquisa e pelo

desenvolvimento das práticas profissionais.

Retornando a Husserl, ele foi o fundador da fenomenologia cuja filosofia se prolongou até a

atualidade através do existencialismo fenomenológico. O lema básico da fenomenologia é "de volta

às coisas mesmas", procurando com isso a superação da oposição entre realismo e idealismo e entre

o sujeito e o objeto. Husserl nos seus últimos trabalhos procurou superar o subjetivismo e o

idealismo de sua filosofia tentando dar conta da realidade social. A técnica fenomenológica tem sido

aplicada com bastante aceitação pela psicologia contemporânea.

Concluindo esse ensaio, defendo a visão nietzschiana, em que devemos entender e aceitar a

nossa subjetividade buscando ser o que se é, se afirmando no próprio homem com seus erros e

diferenças, com a sua humanidade, com a sua vontade de poder, eliminando o sentimento de culpa

causado pela construção idealista do pecado ou da moral vigente e que por isso, muitas vezes fizeram

com que houvesse a remissão dos atos, a inibição dos impulsos e a supressão da vida.

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7- Referências Bibliográficas Levantadas.

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Observação: as notas de rodapé envolvendo principalmente a vida e obra dos pensadores foram

realizadas através de um resumo biográfico, cujas referências bibliográficas estão relacionados no

tópico nº 7- Referências Bibliográficas Levantadas, incluindo dicionários e sites na Internet.