00 - apostila -elementos de robotica
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FUNDAÇÃO DE EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO DE MINAS GERAIS
Unidade de Vespasiano
TÉCNICO EM MECATRÔNICA
APOSTILA DE ELEMENTOS DE ROBÓTICA
Professor: Walter Giovanni
Vespasiano/MG
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 3
2. IMPLICAÇÕES SOCIAIS .......................................................................................................................... 4
3. CUSTOS ................................................................................................................................................... 4
4. AUTOMAÇÃO ........................................................................................................................................... 4
5. FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA DE ROBÔS ................................................................................... 8
6. BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................................... 36
7. PRÁTICAS .............................................................................................................................................. 37
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1. INTRODUÇÃO
Há séculos que o homem se tornou fascinado pelas máquinas e dispositivos capazes
de imitar suas funções e movimentos. Muitos dispositivos mecânicos eram destinados
à diversão e facilidades no decorrer do dia a dia; Leonardo da Vinci (1452–1519)
desenvolveu vários projetos mecânicos.
A palavra ROBÔ foi utilizada a primeira vez em 1921 pelo escrito checo Karel Capek
(1890–1938), onde estreou sua obra no Teatro de Praga chamada Rossum’s Universal
Robot (R.U.R), com o significado de “ trabalho realizado de maneira forçada”.
Em pouco tempo a robótica deixo de ser um mito, presente nas telas de cinema, para
fazer parte de nossa realidade, estando presente em quase todos os processos
industrializados e começando aos poucos a fazer parte do dia a dia em nossa
residência.
O crescimento da robótica possibilitou a formação de novos profissionais, assim como
a fazer parte do currículo de disciplinas para seu desenvolvimento, operação,
programação e manutenção em cursos técnico e superior.
Constituída por elementos como informática, mecânica, eletrônica, elétrica entre
outros, um profissional com tal habilidade possui uma visão de cada elemento que a
constitui, um termo hoje na qual também é chamado Mecatrônica.
Esta disciplina busca relatar os passos básicos para que o estudante conheça os
elementos que compõe a robótica, e na sua prática, os princípios iniciais poderão ser
compreendidos e colocados a instigar novas soluções e melhorias.
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2. IMPLICAÇÕES SOCIAIS
Com a automação foi observado o decréscimo do nível de emprego nas atividades
industriais. Em curto prazo, a automação levanta problemas como o desemprego,
necessária reconversão e treinamento pessoal, consequências da redução de horas
de trabalho, questões de aumento de salários em atividades de maior produtividade.
O robô tem claramente algumas vantagens sobre os humanos:
• Não se cansa;
• Não necessita de salário;
• Pode manter uma qualidade uniforme na produção;
• Não necessita de condições ambientais especiais
Em compensação, o robô tem: aprendizado, memória e movimentos limitados se
comparado a um homem.
3. CUSTOS O maior fator que impede a adoção em massa de robôs nas indústrias é seu alto
custo. O tempo que leva para se recuperar o investimento em um robô depende dos
custos de compra, instalação e manutenção. Este tempo não é fixo, depende da
fábrica onde o robô será instalado e de sua aplicação. Devem-se considerar as
seguintes condições:
• Número de empregados substituídos pelo robô;
• Número de turnos por dia;
• Custo de projeto e manutenção;
• Custo dos equipamentos periféricos.
O preço de um robô é determinado por seu tamanho; sofisticação ou grau de
complexidade; exatidão; confiabilidade.
4. AUTOMAÇÃO
Automação é uma tecnologia que faz uso de sistemas mecânicos, elétricos,
eletrônicos e de computação para efetuar controle de processos produtivos. Alguns
exemplos de processos de automação nas indústrias são:
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• Linhas de montagem automotiva
• Integração de motores – linha “transfer”
• Maquinas operatrizes do tipo CNC
• Robôs
Podem-se identificar três formas distintas de automação industrial:
• Automação fixa
• Automação flexível
• Automação programável
Automação fixa
Na automação fixa as máquinas são específicas para o produto a ser produzido. Elas
produzem grande quantidade um único produto, ou produtos com pequenas variações
entre eles. O volume de produção é elevado, e o custo da máquina é elevado, pois é
projetada para um produto especifico. Por outro lado, como o volume de produção é
alto, o custo do produto em geral é baixo.
Tais máquinas são encontradas em linhas transfer de motores, produção de
lâmpadas, fabricação de papel e de garrafas. Neste tipo de automação, deve-se ter
cuidado com o preço final do produto, pois, como o investimento de aquisição da
máquina é alto, a amortização só acontece com vendas elevadas. Além disso, se o
produto sair do mercado por obsolescência perde-se o investimento.
Figura 1 - A linha transfer é um sistema flexível, modular e robusto que se adapta a uma ampla gama de produtos.
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Figura 2 – Automação fixa / rígida
Automação flexível
Na automação flexível o volume de produção é médio e geralmente a máquina pode
ser programada para produzir outro produto, ainda que semelhante. Esta automação
possui características da automação fixa e da programável. A máquina deve ser
adaptável a um número grande de produtos similares, e, neste sentido, ela é mais
flexível que a automação fixa. A automação flexível é empregada, por exemplo, numa
linha de montagem automotiva.
Figura 3 – Automação flexível
Automação programável
Na automação programável o volume de produção é baixo, mas a variedade de
produtos diferentes é alta. Ela é adaptável por meio de programação. Os principais
exemplos de automação programável são as máquinas CNC e os robôs industriais.
De todos os processos de automação, a robótica mais se aproxima da automação
programável. Portanto, os volumes de produção de um robô industrial não são
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grandes, mas ele é extremamente adaptável a produtos diferentes. Embora robôs
industriais sejam produzidos em diversas configurações, algumas delas se
assemelham, até certo ponto, as características humanas (antropomórficas), e,
portanto, são propícias para substituir operações realizadas por humanos. Os robôs
são totalmente programáveis, possuem braços moveis, estão empregados em várias
atividades, entre as quais se destacam:
• Carregamento e descarregamento de máquinas
• Soldagem a ponto ou outra forma
• Pintura ou jateamento
• Processo de conformação ou usinagem
Figura 3 – Automação programável
Embora haja uma tendência de dotar os robôs industriais de mais habilidade humana,
ainda assim eles não possuem forma humana.
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Figura 4 – Tipos de Automação
5. FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA DE ROBÔS
A robótica abrange tecnologia de mecânica, eletrônica e computação. Além disso,
participam em menor grau teoria de controle, microeletrônica, inteligência artificial,
fatores humanos e teoria de produção.
A robótica esta passando por uma grande ampliação em seu campo de atuação. Boa
parte das definições do robô se refere a robôs industriais e de produção, onde possui
uma gama de funcionalidade.
Um Robô industrial pode ser definido de duas formas, uma japonesa e outra euro-
americano. Para os japoneses um robô industrial é qualquer dispositivo dotado de
articulações móveis destinados à manipulação, já a euro-americano é exigido uma
maior complexidade em termos de controle. A definição atualmente aceita é dada pela
Associação das Indústrias Robóticas (RIA), sendo:
Um robô industrial é um manipulador multifuncional reprogramável capaz de mover
materiais, peças, ferramentas ou dispositivos especiais, seguindo trajetórias variadas e
programadas para realizar diversas tarefas, já a Associação Francesa de
Normalização (AFNOR) define os seguintes termos:
• Manipulador: mecanismos formados por elementos em série, articulados entre
si, destinado a agarrar e soltar objetos.
• Robô: Manipulador automático servo-controlado, reprogramável, polivalente,
capaz de posicionar e orientar peças. Normalmente tem a forma de um braço,
podendo se adaptar a diversos ambientes.
As máquinas robóticas podem ser classificadas segundo critérios distintos. Por
exemplo, podem ser agrupadas quanto à aplicação, quanto à cadeia cinemática,
quanto ao tipo de atuadores, quanto à anatomia, etc. Sequer o termo robô possui um
significado único. Pode tanto representar um veículo autônomo quanto um humanoide
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ou um simples braço com movimentos. O grau de interatividade com agentes externos
permite classificá-los em totalmente autônomos, programáveis, sequenciais ou ainda
inteligentes. De certa forma, dada à quantidade de aplicações que surgem a cada
momento, é praticamente impossível haver uma única forma de classificação.
Podemos definir sem distinção os termos:
• Robô
• Braço mecânico
• Mecanismo robótico
• Manipulador
• Manipulador mecânico
• Manipulador robótico
Figura 5 – Tipos de robôs
Para compreender melhor a tecnologia robótica alguns fatores que caracterizam os
manipuladores e que são, em grande parte, responsáveis por tornar uma determinada
configuração de braço mais adequada a uma dada automação. Entre estas
características citam-se:
• Anatomia
• Volume de trabalho
• Sistemas de acionamentos
• Sistema de controle
• Desempenho e precisão
• Órgãos terminais
• Sensores
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• Programação
5.1. ANATOMIA DOS BRAÇOS MECÂNICOS INDUSTRIAIS
O braço robótico (Groover, 1988) é composto pelo braço e pulso. O braço consiste de
elementos denominados elos unidos por juntas de movimento relativo, onde são
acoplados os acionadores para realizarem estes movimentos individualmente, dotados
de capacidade sensorial, e instruídos por um sistema de controle. O braço é fixado à
base por um lado e ao punho pelo outro. O punho consiste de várias juntas próximas
entre si, que permitem a orientação do órgão terminal nas posições que correspondem
à tarefa a ser realizada. Na extremidade do punho existe um órgão terminal (mão ou
ferramenta) destinada a realizar a tarefa exigida pela aplicação. Nos braços reais, a
identificação dos elos/vínculos e juntas nem sempre é fácil, em virtude da estrutura e
de peças que cobrem as juntas para protegê-las no ambiente de trabalho.
Figura 6 – Vínculos e juntas
Todo robô possui uma base fixa e o primeiro vínculo está preso a esta base. A mobilidade dos
robôs depende do número de vínculos e articulações que o mesmo possui.
Figura 7 – Mobilidade dos braços robóticos
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Juntas Deslizantes
Este tipo de junta permite o movimento linear entre dois vínculos. É composto de dois vínculos
alinhados um dentro do outro, onde um vínculo interno escorrega pelo externo, dando origem
ao movimento linear.
Figura 8 – Juntas deslizantes
Junta de rotação
Esta conexão permite movimentos de rotação entre dois vínculos. Os dois vínculos são unidos
por uma dobradiça comum, com uma parte podendo se mover num movimento cadenciado em
relação à outra parte. As juntas de rotação são utilizadas em muitas ferramentas e dispositivos,
tal como tesouras, limpadores de para-brisa e quebra-nozes.
Figura 9 – Junta de rotação
Bola de Encaixe
Esta conexão se comporta como uma combinação de três juntas de rotação, permitindo
movimentos de rotação em torno dos três eixos. Estas juntas são usadas em um pequeno
número de robôs, devido à dificuldade de ativação. De qualquer maneira, para se ter a
performance de uma junta bola e encaixe, muitos robôs incluem três juntas rotacionais
separadas, cujos eixos de movimentação se cruzam em um ponto.
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Figura 10 – Bola de Encaixe
Figura 11 – Braço completo
As juntas (Fu, 1987) podem ser rotativa, prismática, cilíndrica, esférica, parafuso e
planar. Suas funcionalidades são descritas a seguir:
• A junta prismática ou linear: Move em linha reta. São compostas de duas
hastes que deslizam entre si;
• A junta rotacional: Gira em torno de uma linha imaginária estacionária chamada
de eixo de rotação. Ela gira como uma cadeira giratória e abrem e fecham
como uma dobradiça;
• A junta esférica: Funciona com a combinação de três juntas de rotação,
realizando a rotação em torno de três eixos;
• A junta cilíndrica: É composta por duas juntas, uma rotacional e uma
prismática;
• A junta planar: É composta por duas juntas prismáticas, realiza movimentos em
duas direções;
• A junta parafuso: É constituída de um parafuso que contém uma porca ao qual
executa um movimento semelhante ao da junta prismática, porém, com
movimento no eixo central (movimento do parafuso).
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Figura 12 – Tipos de Junta
A avaliação dos tipos de articulações e seu arranjo permitem ao projetista estimar a
área de atuação do robô, rigidez mecânica e facilidade de controle do braço,
possibilitando qual tarefa serão mais apropriadas para cada tipo de robô. O
movimento das articulações capacita o robô a mover seu atuador para qualquer
ponto na sua área de atuação, mas não habilitando o controle da orientação do
atuador no espaço; cuja importância não se restringe somente ao alcance da peça,
mas também em conduzir o atuador a certa altitude em relação à peça. Essa tarefa
pode ser realizada adicionando-se articulações para o pulso do braço, dando um
maior grau de liberdade. A partir disso, o robô fica habilitado a realizar os seguintes
movimentos:
• Roll ou rolamento-rotação do punho em torno do braço
• Pitch ou arfagem-rotação do punho para cima ou para baixo
• Yaw ou guinada-rotação do punho para a esquerda e para a direita.
Figura 13 – Tipos de movimentos
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Classificação pelo tipo de articulação
É usual classificar os robôs de acordo com o tipo de junta, ou mais exatamente, pelas
3 juntas mais próximas da base do robô. Esta divisão em classes fornece
informações sobre características dos robôs em várias categorias importantes:
• Espaço de trabalho.
• Grau de rigidez.
• Extensão de controle sobre o curso do movimento.
• Aplicações adequadas ou inadequadas para cada tipo de robô.
Robôs industriais utilizam em geral apenas juntas rotativas e prismáticas. A junta
planar pode ser considerado como uma junção de duas juntas prismáticas L, e,
portanto, é também utilizada. As juntas rotativas podem ainda ser classificadas de
acordo com as direções dos elos de entrada e de saída em relação ao eixo de rotação.
Têm-se assim as seguintes juntas rotativas:
• Rotativa de torção ou torcional T: Os elos de entrada e de saída têm a mesma
direção do eixo de rotação da junta.
• Rotativa rotacional R: Os elos de entrada e de saída são perpendiculares ao
eixo de rotação da junta.
• Rotativa revolvente V: O elo de entrada possui a mesma direção do eixo de
rotação, mas o elo de saída é perpendicular a este.
Figura 14 – Tipos de juntas rotativas ( Prismatic ou Linear L / Torcional T / Rotacional
R / Revolvente V )
O número de articulações em um braço do robô é também referenciado como grau de
liberdade (GDL). Quando o movimento relativo ocorre em um único eixo, a articulação
tem um grau de liberdade. Quando o movimento é por mais de um eixo, a articulação
tem dois graus de liberdade. A maioria dos robôs tem entre 4 a 6 graus de liberdade.
Já o homem, do ombro até o pulso, tem 7 graus de liberdade.
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Figura 14 – Grau de liberdade (GDL)
Robô cartesiano
O robô de coordenadas cartesianas usa três juntas lineares L (P - Prismatic). É o robô
de configuração mais simples e deslocam as três juntas uma em relação à outra. Este
robô opera dentro de um envoltório de trabalho cúbico.
Figura 15 – Robô cartesiano (LLL ou PPP)
Robô cilíndrico
Este braço possui na base uma junta prismática, sobre a qual apóia-se uma junta
rotativa (revolvente ou torcional). Uma terceira junta do tipo prismática é conectada na
junta rotativa formando uma configuração LVL. Este braço apresenta um volume de
trabalho cilíndrico, e pode-se apresentar também na configuração TLL.
Figura 16 – Robô cilíndrico (LVL ou TLL ou RPP)
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Robô esférico ou polar
Este tipo de braço robótico foi projetado para suportar grandes cargas e ter grande
alcance. É bastante utilizado para carga e descarga de máquinas, embora o braço
revoluto seja mais comum nestas aplicações. Ele conta com duas juntas rotativas
seguidas de uma junta prismática. A primeira junta move o braço ao redor de um eixo
vertical, enquanto que a segunda junta gira o conjunto ao redor de um eixo horizontal.
O volume de trabalho é um setor esférico, de onde este manipulador obteve seu
nome. A denominação “polar” deve-se às coordenadas polares de sistemas de eixos
cartesianos, caracterizadas por duas coordenadas angulares (juntas rotativas) e uma
coordenada radial (junta prismática). Este tipo de braço está em desuso, sendo
substituídos pelos braços revolutos.
Figura 17 – Robô esférico ou Polar (TTL ou RRP)
Robô SCARA ou Horizontal
Este é também um braço bastante utilizado, pois é compacto, tem grande precisão e
repetibilidade, embora com um alcance limitado. Estas características o tornam
próprios para trabalhos em montagem mecânica ou eletrônica que exigem alta
precisão. Possui duas juntas rotativas e uma junta linear, que atua sempre na vertical.
O volume de trabalho deste braço é cilíndrico, porém, como utiliza juntas rotativas, é
também considerado articulado. O nome é um acrônimo de Selective Compliance
Assembly Robot Arm, ou Braço Robótico de Montagem com Complacência Seletiva.
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Figura 18 – Robô SCARA ou Horizontal (TTL ou RRP)
Robô articulado ou revoluto ( Vertical / Angular / Antropomórfico)
Estes tipos de robôs (Groover, 1988, Adade Filho, 1992), possuem 3 juntas rotativas.
Eles são os mais usados nas indústrias, por terem uma configuração semelhante ao
do braço humano, (braço, antebraço e pulso). O pulso é unido à extremidade do
antebraço, o que propiciam juntas adicionais para orientação do órgão terminal. Este
modelo de configuração é o mais versátil dos manipuladores, pois assegura maiores
movimentos dentro de um espaço compacto. Os braços revolutos podem ser de dois
tipos: cadeia aberta ou cadeia parcialmente fechada. Nos primeiros pode-se distinguir
facilmente a sequência natural formada por elo-junta, da base até o punho. Nos braços
de cadeia parcialmente fechada o atuador da terceira junta efetua o movimento desta
por meio de elos e articulações não motorizadas adicionais.
Figura 19 – Robô articulado ou revoluto (TTT ou RRR)
Órgão terminal
Na robótica, órgão terminal (Groover, 1988) é usado para descrever a mão ou
ferramenta que está conectada ao pulso, como por exemplo, uma pistola de solda,
garras, pulverizadores de tintas, entre outros. O órgão terminal é o responsável por
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realizar a manipulação de objetos em diferentes tamanhos, formas e materiais, porém
esta manipulação depende da aplicação ao qual se destina.
Também chamado de atuador (end effector) é todo um sistema montado na
extremidade do vínculo mais distante da base do robô, cuja tarefa é agarrar objetos,
ferramentas e\ou transferi-las de um lugar para outro. O atuador é de extrema
importância na execução de uma tarefa, portanto é necessário que o mesmo seja
adequadamente projetado e adaptado as condições do seu meio e área de trabalho.
É válido ressaltar que os órgãos terminais requerem cuidados ao serem projetados,
pois é necessário controlar a força que está sendo aplicada num objeto. Para isso,
alguns órgãos terminais são dotados de sensores que fornecem informações sobre os
objetos.
Existe uma grande variedade de modelos de garras que podem ser utilizadas em
diversas aplicações, como por exemplos:
Garra de dois dedos;
Garra para objetos cilíndricos;
Garra articulada.
Tipos de terminais
A garra é comparável à mão humana. No entanto, ela não é capaz de simular seus
movimentos, resultando na limitação dos movimentos a uma faixa de operações. A
grande demanda tem levado ao desenvolvimento de garras que podem manusear
objetos de diferentes tamanhos, formas e materiais. Estas garras são divididas em
vários tipos de classe:
• Garra de dois dedos;
• Garra de três dedos;
• Garra para objetos cilíndricos;
• Garra para objetos frágeis;
• Garra articulada;
• Garra a vácuo e /ou eletromagnética,
• Adaptador automático de garras.
A garra de dois dedos é um modelo simples e com movimentos paralelos ou
rotacionais. Este modelo de garra proporciona pouca versatilidade na manipulação dos
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Garra de dois dedos
Garra de Três dedos
Garra para objetos cilíndricos
Garra para objetos frágeis
Garra articulada Garra a vácuo ou eletromagnético
objetos, pois existe limitação na abertura dos dedos. Desta forma a dimensão dos
objetos não pode exceder esta abertura.
A garra de objetos cilíndricos, também consiste de dois dedos com semicírculos, os
quais permitem segurar objetos cilíndricos de diversos diâmetros diferentes.
Figura 20 – Garras
Agarra articulada tem a forma mais similar à mão humana, a qual proporciona uma
versatilidade considerável para manipular objetos de formas irregulares e tamanhos
diferentes. Esta característica está relacionada com a quantidade de elos. Estes elos
são movimentados por cabos ou músculos artificiais, entre outros.
Sensores
Sensores são dispositivos cuja finalidade é obter informações sobre o ambiente em
que se encontram, e são utilizados como componentes do sistema de controle de
realimentação do robô. Há diversos tipos de sensores que podem ser classificados de
acordo com os princípios físicos sobre os quais eles estão baseados.
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Sensor de posição
O sensor de posição determina as posições dos elos ou de elementos externos,
informando ao sistema de controle que, então, executa as decisões apropriadas para o
funcionamento. Um tipo de sensor de posição, por exemplo, é o “encoder” que tem
como propriedade informar a posição por meio de contagem de pulsos. Neste caso,
tem-se uma fonte de luz, um receptor e um disco perfurado, que irá modular a
recepção da luz ao girar. Este disco está preso a uma junta, de forma a criar um
movimento rotacional, enquanto que a fonte de luz e o receptor estão fixos. A rotação
do disco cria uma série de pulsos pela interrupção ou não da luz recebida pelo
detector. Estes pulsos de luz são transformados pelo detector em uma série de pulsos
elétricos. Os “encoders” podem ser classificados em absoluto e incremental.
Sensor de toque
O sensor de toque fornece um sinal binário de saída que indica se houve ou não
contato com o objeto. Um dos modelos mais simples é feito com duas chapas de metal
que devem ser tocadas ao mesmo tempo pelos dedos de uma pessoa. A resistência
dos dedos é suficiente para acionar um circuito sensível.
Sensor de pressão
O sensor de pressão é uma estrutura mecânica planejada a deformar-se dentro de
certos limites. Um modelo simples deste tipo de sensor pode ser feito com material de
esponja condutora, pois ela tem uma resistividade elevada que se altera quando
deformada.
Outro modelo mais sofisticado e versátil é o strain-gage, que é, na sua forma mais
completa, um resistor elétrico composto de uma finíssima camada de material
condutor. As tensões mecânicas são proporcionais às deformações medidas pelo
sensor.
Sistemas de acionamento
Os acionadores (Groover, 1988) são dispositivos responsáveis pelo movimento das
articulações e do desempenho dinâmico do robô. Esses dispositivos podem ser
elétricos, hidráulicos ou pneumáticos, cada um com suas características.
Driver’s é o dispositivo ligado direto ou indiretamente na junta do robô para
proporcionar movimento ao mesmo.
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Existem vários tipos de Driver's que são classificados genericamente como:
a) pela forma de movimento – Driver’s de Rotação e de Deslizamento.
b) pela forma de acionamento – Driver’s Elétrico, Hidráulico, Pneumático
c) pela forma de conexão – Driver’s Direto e Indireto
Classificação pela forma movimento: Drivers de rotação e de deslizamento
Driver’s de rotação - consiste em um motor, que quando conectado à sua fonte de
energia, o eixo do motor responde em um movimento de rotação.
Driver’s deslizante - consiste em um cilindro hidráulico ou pneumático. O movimento
linear também pode ser produzido por um movimento rotativo usando correias ou
hastes empurradas pelo motor, fazendo uma conversão de movimento rotativo em
linear.
Acionadores hidráulicos
Os principais componentes deste sistema são: motor, cilindro, bomba de óleo, válvula
e tanque de óleo. O motor é responsável pelo fluxo de óleo no cilindro em direção ao
pistão que movimenta a junta. Assim, este tipo de acionador é geralmente associado a
robôs de maior porte, quando comparados aos acionadores pneumáticos e elétricos.
Entretanto a precisão em relação aos acionadores elétricos é menor.
Existem diversos tipos diferentes de motores hidráulicos, como motor de palheta, de
engrenagem, de lóbulos, etc., e todos eles apresentam características de alto torque
específico, ou seja, torque elevado com massa e volume reduzidos. São, portanto,
apropriados para braços que manipulam grandes cargas. Em contrapartida, a
exigência de elementos de controle e pressurização do fluido hidráulico faz com que o
custo destes sistemas seja elevado, tornando-se vantajoso apenas em braços de
grande porte. Apresentam, adicionalmente, problemas de manutenção, já que podem
ocorrer vazamentos do fluído e desgaste na bomba e motores.
Deve ser mencionado, finalmente, que atuadores hidráulicos lineares são mais
compactos e robustos do que seus equivalentes elétricos ou mesmo pneumáticos, e
com isso são indicados para uso em robôs do tipo pórtico ou esféricos, que utilizam
juntas prismáticas.
Acionadores elétricos
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Geralmente robôs de tamanho pequeno a médio utilizam acionadores elétricos. Os
acionadores elétricos mais comuns em uso nos robôs são: motor de corrente contínua
ou DC, servo-motor e motor de passo. Esses tipos de acionadores não propiciam
muita velocidade ou potência, quando comparados com acionadores hidráulicos,
porém atingem maior precisão. Em geral são dotados de redutores para reduzir a
velocidade e aumentar o torque.
Acionamentos elétricos podem ser utilizados em juntas prismáticas, com a
transformação do movimento rotativo do motor em movimento linear por meio de um
fuso. Motores elétricos lineares não são utilizados, pois produzem forças de pequena
intensidade.
O custo do acionamento elétrico cresce com o torque necessário para acionar o braço
mecânico, já o tamanho do motor é praticamente proporcional ao conjugado
produzido. Por outro lado, a simples redução da velocidade, por meio de redutor,
embora propicie maior precisão e maior torque, reduz significativamente a
produtividade. Maior torque significa maior velocidade ou maior carga, e ambos são
desejáveis. O custo de acionadores hidráulicos cresce também com a demanda de
torque, porém de forma mais lenta, já que tais motores tendem a ser mais compactos.
Adicionalmente o custo dos equipamentos de condicionamento e controle do fluido
hidráulico é alto e pouco influenciado pela escala. Isto que o acionamento elétrico é
mais vantajoso economicamente em braços de pequeno e médio porte, ao passo que
o acionamento hidráulico é melhor quando se trata de gerar grandes potências e
cargas.
Gráfico 1 – Custo dos drivers de acionamento por capacidade de carga
Servo Motores Servo-motores são compostos por motores DC e um redutor de velocidades, junto
com um sensor de posição e um sistema de controle realimentado. Em outras
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palavras, os servo-motores podem ser considerados como sendo motores
comandados em posição (angular ou linear), já que, do ponto de vista de quem os
utiliza, o controle interno em malha fechada é irrelevante. Os servo-motores são
pequenos, com ampla variação de torques. O mecanismo de posicionamento ajusta a
posição angular por meio de um sinal codificado que lhe é enviado. Enquanto esse
código estiver na entrada, o servo irá manter a sua posição angular. Em geral o sinal é
do tipo PWM (Pulse Width Modulation), ou seja, a posição angular irá depender da
largura do pulso enviado.
Motor de passo
Os motores de passo são usados em aplicações de serviço relativamente leves e
algumas das suas características de desempenho são apresentadas a seguir:
• Rotação em sentido horário e anti-horário;
• Variações incrementais de precisão angular;
• Repetição de movimentos bastante exatos;
• Baixo torque;
• Um torque de sustentação à velocidade zero;
• Possibilidade de controle digital.
Os motores de passo podem ser bipolares ou unipolares. Em ambos os casos as
fontes utilizadas são de tensão contínua e requerem um circuito digital que produza as
sequências de sinais para que o motor funcione corretamente.
A forma com que o motor irá operar dependerá bastante do que se deseja controlar.
Existem casos em que o torque é mais importante, em outras a precisão ou mesmo a
velocidade são mais relevantes. Ao trabalhar com motores de passo, precisa-se de
algumas características de funcionamento, como a tensão de alimentação, a máxima
corrente elétrica suportada nas bobinas, o grau (precisão), o torque. Motores de passo
podem ser acionados de diversas formas. As duas formas mais comuns são: passo
completo e meio passo.
Figura 21 – Motor de passo
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No modo de operação em passo completo pode-se acionar apenas uma ou duas
bobinas a cada passo. No primeiro caso apenas uma bobina é energizada a cada
passo, o torque gerado é menor, assim como o consumo.
A Tabela 1 mostra a sequência dos passos em sentido horário e o acionamento das
bobinas num motor acionado em passo completo com apenas uma bobina energizada.
Nº do
passo
Bobinas
B3 B2 B1 B0 Decimal
1 1 0 0 0 8
2 0 1 0 0 4
3 0 0 1 0 2
4 0 0 0 1 1
Tabela 1- Passo completo com uma bobina energizada em rotação com sentido horário. No caso de modo completo com duas bobinas energizadas, tem-se um maior torque, e um consumo maior do que no caso anterior. A velocidade costuma ser maior do que
nas demais formas, mas a velocidade máxima de um motor de passo e altamente
dependente da eletrônica e da estratégia de controle.
A Tabela 2 mostra a sequencia dos passos em sentido horário e o acionamento das
bobinas.
Tabela 2 - Passo completo com duas bobinas em rotação no sentido horário
Por outro lado, no modo de operação em meio passo combinam-se as duas
estratégias anteriores, obtendo-se com isso um efeito de meio passo a cada mudança
no acionamento das bobinas. Este modo consome mais energia que os dois
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anteriores, mas atinge maior precisão em virtude do menor passo. O torque gerado e
próximo ao do acionamento completo com duas bobinas, mas a velocidade costuma
ser menor.
A Tabela 3 mostra a sequencia dos passos em sentido horário e o acionamento das
bobinas com sequencia de meio passo.
Tabela 3 - Meio passo em sentido horário
Para mudar a direção de rotação do motor nos dois modos de acionamento, basta
inverter a sequencia dos passos.
Acionadores pneumáticos
Os acionadores pneumáticos são semelhantes aos acionadores hidráulicos, porem a
diferença e a utilização de ar ao invés de óleo. Entretanto o ar e altamente
compressível, o que causa uma baixa precisa o e forca, mas estes acionadores
possuem alta velocidade.
Acionadores pneumáticos lineares (cilindros) requerem sistemas sofisticados e
complexos para controlarem a posição em pontos ao longo do curso. Justamente por
isso, são pouco utilizados em aplicações que tenham tal necessidade. Porem, diversas
tarefas de produção podem ser automatizadas com atuadores pneumáticos lineares
trabalhando entre os extremos de posição, ou seja, totalmente recolhido ou totalmente
estendido, que apresentam boa repetitividade. Estas tarefas em geral são simples,
consistindo de movimentação de material, fixação de pecas e separação de objetos,
chamadas genericamente de operações “pega-e-põe”.
O baixo custo dos acionadores pneumáticos e da geração de ar-comprimido faz com
que a automação pneumática seja a mais adequada se o trabalho a ser realizado for
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simples. Pode-se utilizar o acionamento pneumático em juntas rotativas de forma
direta (acionadores rotativos) ou com redutores (motores pneumáticos de lóbulos ou
palhetas). Tais aplicações são, contudo, muito especificas e indicadas apenas quando
houver restrições quanto ao acionamento elétrico ou hidráulico.
A programação de sistemas pneumáticos pode ser realizada com controladores
lógicos programáveis (PLC), ou mesmo por chaves distribuidoras e chaves fim-de-
curso. Este tipo de programação permite certa flexibilidade na sequencia de
acionamentos, porem e bastante limitada no que se refere a mudanças na forma e no
tipo de tarefa executada. Pode-se dizer, portanto, que sistemas pneumáticos estão
mais próximos de uma automação fixa do que da automação programável.
Métodos de acionamento
Os acionadores elétricos (Groover, 1988) tendem a ser maiores e mais pesados que
acionadores hidráulicos e pneumáticos. Por este motivo, nem sempre e possível
posicionar tais atuadores próximos as respectivas juntas, em virtude de restrições no
espaço disponível ou de problemas com deflexões devido ao peso. Assim sendo, os
acionadores podem ser acoplados de forma direta ou indireta.
Acionamento indireto
Uma vez que os atuadores das juntas são pesados, os fabricantes tentam introduzir
alterações no projeto que permitam redução do peso nas juntas próximas ao pulso e
transferir este peso, quando possível, para a base. Desta forma consegue-se uma
capacidade de carga maior para o braço. Este tipo de acionamento e denominado
indireto, já que o atuador fica afastado da junta movida por ele.
Neste tipo de acionamento, e necessário usar algum tipo de transmissão de potencia,
como polias, correntes, rodas dentadas, engrenagens, parafusos e correias, ou seja, o
acionador e adaptado longe da junta pretendida do manipulador. Entretanto este
método sofre efeitos indesejados no desempenho do robô, devido a folga nas
engrenagens, flexão dos vínculos do manipulador, escorregamento dos sistemas de
polias.
Acionamento direto
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Neste método, o acionador e adaptado diretamente na junta, o que, em determinados
casos, proporciona melhor precisão e rendimento de potencia em relação ao
acionamento indireto. Contudo, devido ao baixo torque por unidade de peso alcançado
pelos motores elétricos, costuma-se utiliza-los em conjunto com redutores de
engrenagens, que aumentam o torque, porem reduzem a velocidade. Neste caso, se o
acionador estiver fixado no elo motor, o acionamento e considerado direto. Nas juntas
rotativas com acionamento direto, o sensor de 33 posição angular (“encoder”) fornece
o angulo relativo entre o elo motor e o elo movido. No acionamento indireto esta leitura
fornece o angulo do elo movido em relação a um outro elo, anterior ao elo motor.
Volume de trabalho
O volume de trabalho (Groover, 1988) e o termo que se refere ao espaço que um
determinado braço consegue posicionar seu pulso. Este volume, em geral, e
estabelecido conforme os limites impostos pelo projeto estrutural do braço, ou seja, a
configuração física do braço robótico, os limites dos movimentos das juntas e o
tamanho dos componentes do corpo, braço e pulso. Por exemplo, o volume de
trabalho de um braço esférico (TRL) seria, teoricamente, o volume da esfera cujo raio
e o comprimento do braço esticado. Braços robóticos possuem volumes que
dependem, e claro, da geometria e dos limites impostos ao movimento por motivos
estruturais ou de controle. Na maior parte deles, o volume e altamente dependente de
detalhes construtivos e raramente aparenta ou aproxima-se do volume teórico. Por
exemplo, o volume de um manipulador cilíndrico deveria ser um cilindro, mas em geral
não e. Em resumo, o volume de trabalho de um manipulador depende, basicamente,
da configuração do braço, dos comprimentos dos elos (braço e punho) e de limites e
restrições construtivas a movimentação das juntas.
Figura 22 – Manipulador cilíndrico
Construção dos vínculos
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Um importante fator na construção dos vínculos é a carga que o mesmo suporta, o
peso do próprio braço e o grau de rigidez do mesmo. Um braço pesado necessita de
um motor maior, tornando o custo do robô mais elevado. Um braço de baixa rigidez
reduz a precisão do robô devido às vibrações e resposta à tensão. Para aumentar a
rigidez mecânica do braço sem aumentar seu peso, frequentemente usa-se uma
estrutura oca. A utilização deste tipo de estrutura tem uma melhor dureza quando
comparada com uma construção maciça utilizando a mesma massa de material.
Figura 21 – Tipos de vínculos
Sistema de Controle
Controlador é a parte do robô que opera o braço mecânico e mantém contato com
seu ambiente. O dispositivo em si é composto por hardware e software, combinados
para possibilitar ao robô executar suas tarefas.
Níveis de Controle do robô
O controle do robô pode ser dividido em três níveis que constituem a hierarquia de
controle.
Os níveis são:
• Controle do acionador: ou controle de cada eixo do robô separadamente. Nível
mais baixo.
• Controle da trajetória: ou controle do braço do robô com coordenação entre os
eixos para percorrer a trajetória especificada. Nível intermediário.
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• Controle de coordenação com o ambiente: é o controle do braço em
coordenação com o ambiente. Nível mais alto.
•
ACIONADORES
São unidades que provocam o movimento dos eixos do robô. Cada eixo de
movimento inclui, pelo menos, uma articulação, um vínculo e um acionador. Em
alguns robôs, os eixos incluem dispositivos de transferência de movimento assim
como unidades para identificar a posição relativa dos vínculos. Um eixo que contém
tais unidades possui controle de malha fechada.
Os sinais de controle provêm de um computador (quando se fala em computador,
deve-se ter em mente que pode ser também um microcontrolador, ou um
microprocessador) é digital, então deve passar por um conversor digital/analógico.
Mas isso ainda não é suficiente, pois a potência necessária para operar a unidade
acionadora é relativamente alta, então se usa um amplificador.
Figura 23 – Acionadores
CONTROLE DE TRAJETÓRIA
Cada tarefa executada por um robô pode ser considerada como uma série de
operações, através das quais o atuador é movido pelo braço do robô entre dados
pontos e operado como programado nesses pontos.
O controle de trajetória pode ser dividido em dois métodos: controle ponto a ponto e
controle contínuo.
Controle Ponto a ponto: é definida uma coleção de pontos para o robô. Então
construímos a série e guardamos na memória do controlador. Quando rodamos a
série, o braço do robô vai se mover pelos vários pontos, de acordo com a ordem dos
passos na série. Em cada passo o robô sabe para onde ir, mas não conhece a
trajetória que traçará para chegar a certo ponto.
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O sistema de controle de qualquer robô e realizado por meio de um sistema de
“software” e “hardware”. Este sistema processa os sinais de entrada e converte estes
sinais em uma ação ao qual foi programado.
O software pode ser desenvolvido em um computador pessoal ou num micro
controlador. Neste aspecto, deve-se levar em consideração os pontos fortes e fracos
de cada possibilidade. O microcontrolador reduz o custo do projeto, e rápido, dedica-
se apenas ao controle do robô, porem possui limitações em relação ao tamanho do
software. Já o computador pessoal possui alta taxa de processamento e maior espaço
para a alocação do software. Pode-se ainda aplicar uma solução mista, em que a
parte mais leve do software fica no micro controlador e a parte de maior
processamento fica no computador pessoal.
O sistema de hardware pode constituir, por exemplo, de motores de passos, cabos,
dispositivo de entrada, sensores e amplificadores de potencia. Um dos fatores mais
importantes e a utilização de sensores (Bolton, 1995), pois podem ser dispositivos de
um sistema de malha fechada, ou seja, consiste em verificar o estado atual do
dispositivo a ser controlado e comparar essa medida com um valor pré-definido. Esta
comparação resultara num erro, ao qual o sistema de controle fara os ajustes
necessários para que o erro seja reduzido a zero. Um esquema simples de malha
fechada e apresentado em diagrama de blocos.
Figura 24 – Sistema de malha fechada
CONTROLE DE COORDENAÇÃO COM O AMBIENTE
O movimento de um braço de robô é baseado em movimento coordenado de todos
seus acionadores. As condições em que esses acionadores trabalham são diferentes.
Diferem na carga, no momento de inércia e na velocidade, por exemplo. Portanto,
31
essas condições variáveis podem exigir um diferente planejamento de controle para
cada malha de controle.
Em robôs modernos, cada malha de controle do acionador é controlada por um
microcomputador. Se quisermos que o atuador se mova até determinado ponto,
podemos ditar as coordenadas daquele ponto para o computador controlador que irá
coordenar os movimentos das várias articulações. O operador não precisa se
preocupar com o controle de cada eixo separadamente nem coordenar o movimento
dos vários eixos, isso é função do computador controlador.
Uma das principais diferenças entre controladores relaciona-se com o momento em
que a trajetória de movimento é calculada, e com a habilidade de realizar mudanças
na trajetória enquanto o braço está em movimento. Existem dois tipos de controle:
programação off-line e programação e controle em tempo real.
PROGRAMAÇÃO OFF-LINE
Neste modo, o controlador do robô guarda a trajetória de movimento em sua memória
como uma série de pontos e os correspondentes movimentos das várias articulações.
Enquanto o programa está sendo executado, o controlador não realiza cálculos de
trajetória. Ao invés disso, o controlador simplesmente lê os comandos de movimento
da memória que já foram previamente processados. Portanto, neste método não
podem ser usadas séries em que ocorrem mudanças durante a execução do
programa, tais como as que envolvem o uso de sensores. Programação off-line não
necessita de computadores rápidos e complexos, por isso é menos dispendiosa do
que controle em tempo real.
PROGRAMAÇÃO E CONTROLE EM TEMPO REAL
Neste modo, o controlador recebe instruções gerais sobre a trajetória de movimento.
Enquanto o braço está se movendo, o controlador deve calcular a extensão do
movimento das vária articulações a fim de se mover pela trajetória desejada. As
informações recebidas dos sensores sobre mudanças no ambiente do robô enquanto
o braço se move são processadas pelo controlador em tempo real.
Controle em tempo real é preferível a programação off-line, por ser mais flexível na
sua habilidade de mudar o curso de ação enquanto uma tarefa está sendo
executada. Esta flexibilidade exige um controlador mais complexo, incluindo um
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computador rápido o suficiente para processar a informação sem diminuir a
velocidade de operação do robô.
MÉTODOS PARA TREINAR O ROBÔ
Os atuais métodos para treinar o robô podem ser divididos em dois grupos: métodos
de ensino e métodos de programação.
Os métodos de ensino há um movimento físico do braço do robô numa série de
pontos de uma a outra posição. Dentro dos métodos de ensino podem-se ter
variações como o método de ensino por meio de chaves (teach in), ensino manual
(teach-through), e ensino por sensores.
Nos métodos de programação determina-se uma série de pontos que o braço deverá
percorrer, sem que o mesmo se mova fisicamente durante a programação. Nestes
métodos de programação, caso em que não se utiliza o acionamento de sensores
físicos ou atuadores, pode-se trabalhar com: definições de coordenadas,
deslocamento do sistema de coordenadas, uso de sensores de visão e apontadores
e modelagem de mundo (world modeling).
Figura 25 – Controle remoto e pendulo
ENSINO MANUAL (TEACH-THROUGH) DIRETO.
Neste método, o robô é movido manualmente ao longo da trajetória desejada, e o
controlador grava a posição das juntas por amostras (sampling) ou toma a leitura em
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um intervalo de tempo fixo; sendo que seus motores devem estar inoperantes. Este
método tem duas limitações:
• O operador tem de vencer o peso do robô e o atrito nas juntas e engrenagens,
tornando inaplicável para robôs de grande e médio porte; onde é requerida precisão.
• O controlador necessita de uma memória muito grande para armazenar a
informação amostrada a uma taxa de 10 vezes por segundo, comprometendo a
precisão do processo. Para amenizar o problema de peso do robô pode-se utilizar
uma unidade de balanço, a qual suporta o peso estático do braço.
Figura 26 – Ensino Manual
ENSINO MANUAL (TEACH-THROUGH) USANDO UM SENSOR DE FORÇA
Este método é semelhante ao anterior, porém utiliza o auxílio de um sensor de força
ligado ao atuador. Quando o operador move o braço (robô) é exercida uma força no
atuador, o sensor converte a força em sinais elétricos, que ativam os motores do robô
na direção fixada. A vantagem deste método sobre o anterior é que o operador não
necessita de um grande esforço para mover o robô, podendo obter um alto grau de
precisão; entretanto ainda é restrito a modelos experimentais
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ENSINO POR MEIO DE SENSORES.
Neste método os sensores auxiliam o operador no direcionamento do robô ao longo
da trajetória através de transmissão de informações ao controlador. Com isso torna-
se mais caro que os outros métodos uma vez que utiliza equipamentos mais
sofisticados. Contudo os sensores são utilizados somente durante o processo de
aprendizagem, uma vez que na execução da tarefa não serão afetados pela
interferência do robô. Com a utilização dos sensores há uma diminuição do tempo e
da força necessária para ensinar o robô a realizar as tarefas.
Dinâmica do braço robótico
O desempenho dinâmico do braço robótico (Groover, 1988) esta associado a
velocidade de resposta, estabilidade e precisão. A velocidade de resposta refere-se a
destreza do braço robótico ao mover-se de um lugar para outro num curto período de
tempo. Desta forma, o torque existente em cada junta do braço e a aceleração em
cada elo devem ser analisadas. Já a estabilidade pode ser estimada com base no
tempo necessário para amortecer as oscilações que ocorrem durante o movimento de
uma posição para a outra. Se a estabilidade for baixa pode-se aplicar elementos de
amortecimento no braço, que melhoram a estabilidade, mas influem na velocidade de
resposta.
A precisão esta relacionada com a velocidade e estabilidade, pois e uma medida de
erro na posição do órgão terminal.
Precisão dos movimentos
A precisão de movimento esta intrinsecamente correlacionada com três
características, como segue:
• Resolução espacial
• Precisão
• Repetitividade.
A resolução espacial depende diretamente do controle de sistema e das inexatidões
mecânicas do braço robótico. O sistema de controle e o responsável por controlar
todos os incrementos individuais das articulações. Já as inexatidões relacionam-se
com a qualidade dos componentes que formam as uniões entre as articulações, como
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as folgas nas engrenagens, tensões nas polias, e histereses mecânicas e magnéticas,
entre outros fatores.
A precisão esta relacionada com a capacidade de um braço posicionar o seu pulso em
um ponto marcado dentro do volume de trabalho. A precisão relaciona-se com a
resolução espacial, pois a precisão depende dos incrementos que as juntas podem
realizar para se movimentar e atingir um ponto determinado.
Por fim, a repetitividade esta relacionada com a capacidade do braço robótico de
posicionar repetidamente seu pulso num ponto determinado. Estes movimentos
podem sofrer influencias de folgas mecânicas, da flexibilidade e das limitações do
sistema de controle.
Segurança com robôs industriais
A presença de robôs no ambiente industrial pode provocar riscos à segurança dos
operários não familiarizados, sendo estes mais rápidos que outras máquinas.
A segurança humana em ambientes de robôs industriais, Colisões com robôs em
movimento ou suas ferramentas podem causar ferimentos graves ao ser humano,
devendo ser adotadas precauções tais como:
• Primeiramente, verifique se não este energizado, conferindo se esta realmente
bloqueada a chave de energia.
• Não ultrapasse o isolamento ao redor de um robô em movimento;
• Prestar atenção na sinalização local;
• Não colocar as mãos na parte interna da garra do robô;
• Tomar cuidado ao tocar o controlador do robô e seu sistema de energia.
• Utilize as EPIs e ferramentas adequadas para realizar manutenções.
• Não submeta o robô a cargas maiores que o suportado.
• Verifique o tamanho da peça que será movida e sua relação com o isolamento
para não atingir outra pessoa ou equipamento.
• Ao voltar à energia removendo o bloqueio de força, certifique-se que não
possuem operadores dentro da área de segurança de trabalho do robô.
O isolamento de robôs para pessoas não autorizadas é adequado, e normalmente
utilizam-se mecanismos que interrompem o funcionamento do robô instantaneamente
caso a área de segurança seja invadida.
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6. BIBLIOGRAFIA
• Groover, M. P.; Weiss, M.; Nagel, R. N.; Odrey, N. G. Robótica. Tecnologia e
Programação. McGraw-Hill, Sao Paulo, 1989. (Edicao esgotada). (1)*
• Adade Filho, A. Fundamentos de Robotica: Cinematica, Dinamica e Controle de
Manipuladores Roboticos. Apostila publicada pelo ITA-CTA. Sao Jose dos Campos,
1992.
• Groover, M. P.; Weiss, M.; Nagel, R. N.; Odrey, N. G. Industrial Robotics: Technology,
Programming, and Applications. McGraw-Hill Higher Education, 1986.
• Craig, J. J. Introduction to Robotics: Mechanics and Control (2nd Edition). Addison-
Wesley, 1989.
• Asada, H.; Slotine, J.-J. E. Robot Analysis and Control. John Wiley and Sons, New
York, 1986.
• Salant, M. A. Introdução à Robótica. Sao Paulo, SP: Makron Books, 1988. (1)*
• Fu, K. S. Robotics: Control, Sensing, Vision and Inteligence. McGrall-Hill, New York,
1987. (1)*
• Bolton, W. Engenharia de controle. Sao Paulo, SP: Makron Books,1995.