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ApresentaçãoSe buscarmos no dicionário o significado de "apaixonar-se",

encontraremos a seguinte definição: "empolgar-se por", "demonstrar grande interesse em".

Talvez, então, seja por isso que o termo "empolgar-se" nos remeta ao que este precioso material tem para contribuir. Somente aquilo que fazemos com paixão é sentido e entendido pelos outros. Se formos apaixonados por algo, inflamamos nossos interlocutores e contagiamos os nossos ambientes. É a paixão que convence e arrasta quem tem alguma dúvida ou incerteza. A paixão não é um sentimento superficial, de pele ou de entendimento intelectual; é parte de nosso coração. Nasce no seu interior e se confunde com nossa própria existência.

Para vivermos o carisma de Murialdo, é necessário paixão. Com ela faremos brotar de nosso coração convicções interiores que nos impulsionam a termos um estilo de vida e a escolhas cotidianas coerentes com nossa crença. Sentindo o carisma, legado por Murialdo, seremos capazes de vivermos como família, preocupados para que nenhuma criança, adolescente ou jovem venha a se perder neste mundo.

Nossa paixão precisa transformar o carisma em lamparina: quando acesa, é deixada sobre a mesa para iluminar todo o ambiente. Nossa atitude e vivência contagiarão os que nos cercam e farão com que o carisma seja compartilhado e entendido por todos.

Façamos da leitura deste material um alimento para nosso espírito; ao seu término, estejamos tão apaixonados pelo carisma a ponto de não cabermos mais dentro de nós mesmos e saiamos para anunciá-lo a todos com vivência e atitude.

Leonel Wasem dos ReisCoordenador do Conselho Formativo da ANALAM

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Roma, 3 de novembro de 2013Comemoração da Beatificação de Leonardo

Murialdo

l.c. 33

APAIXONADOS POR UM CARISMA QUE APAIXONAViver e partilhar o carisma

como um dom e um estilo de vida

Estimados Amigos e Confrades! Para a circular anual que apresenta o tema de

aprofundamento do XXIICG, foi-me sugerido, neste ano, o dia 3 de novembro, no lugar do dia 26 de outubro, data de nascimento de nosso Fundador.

Aceitei de bom grado a sugestão, porque no dia 3 de novembro de 2013 recordamos o cinquentenário da Beatificação de Leonardo Murialdo, celebrada pelo papa Paulo VI, na Basílica de S. Pedro.

É uma data importante também para a minha vida. Quando tinha 10 anos e era seminarista da Escola

Apostólica de Valbrembo, tive a felicidade de estar presente naquele evento, do qual guardo belas recordações; hoje, me dou conta de que deixaram em mim marcas profundas e decisivas, talvez, também para minha vocação.

Paulo VI, naquele dia, assim falou sobre Murialdo: "Este novo Beato não é um homem do passado e nem

um homem complicado. Não é um santo estranho à nossa conversação. É um irmão nosso, é um sacerdote nosso, é um nosso companheiro de viagem.

Sem dúvida, se de fato nos aproximamos dele, não deixará de provocar em nós um sentimento de admiração, devido à grandeza de alma eleita, quando nos damos conta de sua profundidade de ser, de certa inflexibilidade na constância em muitas e não fáceis

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virtudes, em muita fineza de juízo, de trato e de estilo. Compreenderemos isso porque aqueles conviviam com ele, disseram ao encontrá-Io, como se tratasse de uma descoberta feliz: um santo".

Pareceu-me oportuno recordar esta data, no início desta circular sobre o carisma, porque a partir dela, e ainda mais a partir da canonização em 1970, foram aprofundados os estudos sobre MuriaIdo e seu carisma, graças, sobretudo, à paixão e ao empenho de alguns confrades, tornando estes escritos patrimônio da Congregação e agora também da Família de Murialdo. O carisma é a nossa riqueza maior, o laço espiritual que nos une na fraternidade.

Apropriarmo-nos do estilo de vida de Murialdo ("agir e calar", "extraordinário no ordinário", disse ainda Paulo VI, no dia 3 de novembro de 1963) significa, na verdade, viver o carisma com paixão!

O estilo de vida de Murialdo, no fundo, está inspirado na figura de São José: as duas expressões citadas por Paulo VI afirmam-no com clareza.

Não parece errado falar de paixão pelo nosso carisma e nosso estilo de vida referindo-nos, de modo concreto, também às nossas propostas formativas, à figura de nosso Patrono, "mestre de espiritualidade para a nossa vida" (XXIICG, 21).

1. QUANDO SE CONQUISTA O CORAÇÃO...A VIDA SE MOVE COM FACILIDADE!

Não pretendo com esta circular fazer um tratado sobre o carisma.

Talvez nem fosse capaz de fazê-lo; já dispomos de muitos estudos e aprofundamentos a este respeito. Farei um elenco no final desta circular de textos para a leitura.

Procurarei descrever a vocês como o Capítulo Geral falou de nosso carisma. Descreverei como o vejo vivenciado e amado no mundo, como nos últimos anos a consciência e o

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conhecimento do carisma amadureceram e se enriqueceram, também graças ao encontro, à partilha e à comunhão de vocações.

É necessário antes de tudo destacar o aspecto da "paixão" pelo carisma que qualifica nosso projeto de caminho e de renovação durante esses seis anos (visão).

Transmite-se aos outros com vibração somente aquilo que nos apaixona. Torna-se alegre notícia só aquilo que encontra espaço profundo no coração, somente aquilo do qual se está verdadeiramente enamorado. Esta é a lei fundamental da pastoral e da vida em geral.

Quando se conquista o coração, a vida caminha mais facilmente! A paixão é própria do apóstolo que sabe ter recebido um grande dom e está assim envolvido pela sua beleza e força que não pode guardá-lo só para si. Então faz de tudo para doá-lo e partilhá-lo com os outros através de palavras adequadas, calorosas, vibrantes, ligadas à vida de cada dia, compreensíveis para quem o escuta.

Cada um de nós, quando fala do carisma, fala de si mesmo, de suas mais profundas convicções interiores. Sabe que está manifestando o que vem de dentro de si, porque cada uma de suas palavras relembra o testemunho de sua vida, de suas escolhas, de suas prioridades.

A paixão pelo carisma não é um sentimento, mas uma disciplina, um estilo de vida. Somente apaixonam as palavras impregnadas de paixão. Estas, por sua vez, são apaixonadas porque brotam do coração e são coerentes com as escolhas cotidianas.

Pergunta para aprofundamento:

1. O que nos apaixona no carisma de Murialdo e da FdM? Vamos partilhar alguns sinais (atitudes e ações) que demonstram estarmos, de fato, apaixonados pelo carisma do amor de Deus, herdados de São Leonardo

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Murialdo.2. O CARISMA NO XXII CAPÍTULO GERAL

O XXIICG descreve que o carisma deu forma à nossa esperança; foi ele a luz que iluminou os nossos passos, aqueceu os nossos corações, indicou a direção de nosso caminho.

Acolhemos o carisma num sentido de continuidade que recolhe e dá sentido para a nossa história.

"Desde o seu início, nossa congregação entendeu que na dedicação aos jovens pobres está o coração de sua experiência apostólica e carismática; uma consciência que se traduziu numa multiplicidade de obras e realizações nos diferentes contextos nos quais a mesma está inserida.

O Espírito nos convoca para uma fidelidade renovada a este dom que desde o início nos foi confiado e que hoje é compartilhado com os membros da Família de Murialdo e exige-nos permanecer na escuta constante das vozes dos últimos" (XXIlCG, 1).

Lembro-me da grande passagem da Bíblia na qual o Senhor diz a Abraão, chamando-o para formar um novo povo e começar uma nova história:

"Sai da tua terra, de tua parentela, da casa de teu pai, e vai para a terra que te indicarei. Farei de ti uma grande nação e te abençoarei, tornando grande o teu nome e também tu possas ser uma bênção" (Gn.12, 1-2).

O carisma, dom do Espírito, que nos une na fraternidade e nos constitui como família é, na verdade, a terra abençoada e fecunda que nos foi deixada por herança. Nós nos tornamos uma bênção se este dom resplandecer em nossa vida, se o colocarmos em ação como o verdadeiro talento que nos foi dado para frutificar e não para ser escondido debaixo da terra.

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O nosso primeiro dever de renovada fidelidade provavelmente consiste em viver profundamente e com todas as consequências esta passagem “conciliar” em relação ao carisma, isto é, passar do fato de considerá-lo como uma propriedade para considerá-lo como um dom. Esta fidelidade vai se manifestar se o vivermos com alegria e se o partilharmos.

A lógica que dá base a esta partilha é aquela da reciprocidade, do dar e do receber. Falamos tantas vezes, mas é na prática que se vê o quanto as palavras que escrevemos ou que dizemos estão de verdade mudando o nosso coração e a nossa vida. Por exemplo: em nossos caminhos espirituais e formativos como está crescendo a experiência da reciprocidade na partilha do carisma?

O XXIICG escreve:

"O Espírito de Deus nos chamou para a missão de sermos educadores cristãos dos jovens, especialmente daqueles pobres. É o carisma fundacional que assegura o equilíbrio dinâmico entre a dimensão contemplativa e a apostólica de nossa vida. A paixão por Cristo e pela humanidade nos leva a contemplar Jesus Cristo, colocando em seu coração os jovens que amamos e servimos, educando-os para a plena comunhão com Ele" (Ne perdantur - XXIICG, 22).

A passagem capitular resume com clareza dois aspectos do carisma que podem nos ajudar a vivê-lo com força dinâmica e com capacidade propositiva de modo a gerar vida em nós e ao nosso redor.

O primeiro consiste em retomar, quase como uma "fórmula", os quatro elementos que o especificam e que identificam nossa missão na Igreja: educadores - cristãos - de jovens, especialmente pobres.

O segundo exprime a ideia fundamental do XXIICG, destacando o empenho prioritário à renovação espiritual, isto é, no carisma podemos encontrar o "lugar" onde a nossa

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existência se unifica e os seus vários aspectos se integram. Essa é a nossa maior necessidade.

Juntamente a este problema (como o carisma possa regenerar-nos), é oportuno que nos coloquemos outro: verificar como e em que condições o carisma pode também regenerar-se. Esta regeneração do carisma acontece quando de modo "carismático" se vivencia o relacionamento humano na lógica da reciprocidade. Isto significa que o carisma se regenera quando o vivenciamos conscientes de que ele é dom que não me pertence e, se me pertence, só na condição de partilhá-lo e doá-lo aos outros. Quando partilho, recebo o sentido e a luz para a minha própria identidade carismática com aqueles com os quais o partilho.

Este aspecto me parece ser a mais recente conquista de nossa reflexão sobre o carisma, aquela que fundamenta em modo próprio o discurso sobre a FdM, aquela à qual somos chamados a compreender e aprofundar ainda mais para vivê-Ia em profundidade.

É um aspecto que, no hoje do caminho de nossa Congregação, recebe novo impulso através do processo da internacionalização, que faz com que o carisma se encontre com culturas e mundos novos. Acontece conosco um fenômeno particular. Ao mesmo tempo em que somos chamados a voltar às origens para reencontrar a fidelidade ao carisma, devemos ter a coragem de fazer um constante confronto com o novo, que está ao nosso redor e no meio de nós. Somente com este confronto a nossa fidelidade será "criativa" e o nosso carisma vivo e gerador de novas vidas.

Quais são, portanto, as condições para ficar dentro deste caminho "aberto" com fé e esperança, com uma atitude de quem é generoso em "dar" e cheio de fé em "recolher"?

1. Escuta e diálogo com as diferentes culturas; 2. Fidelidade à inspiração originária; 3. Respostas comunitárias.

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Perguntas para aprofundamento:

1. Nós, leigos da FDM, percebemos que se vive a fidelidade ao carisma em nossa realidade brasileira? Que aspectos são mais evidentes de fidelidade ou de infidelidade? O que fazer para garantir maior fidelidade carismática?

2. O que fazer para que o carisma se regenere (ganhe nova vida e identidade) na realidade em que vivemos e atuamos aqui no Brasil?

3. Que modos e disposições de vida podemos e devemos manifestar para que o carisma nos faça pessoas novas e que tenham a fisionomia do carisma?

2.1. Escuta e diálogo com as diferentes culturasA primeira condição é aquela de um constante contato com

a realidade social e cultural, na capacidade de escuta do mundo no qual estamos inseridos, na atitude positiva diante das novas linguagens e das novas tendências culturais.

Isto implica aproximação ao mundo e às pessoas, atitude positiva e simpática para com as tendências culturais contemporâneas.

O XXII CG convoca-nos a viver no horizonte da teologia da encarnação pela qual

"vemos o mundo juvenil que está no centro da nossa missão, como um valor, porque revela a presença de Cristo e o lugar onde se realiza o projeto de Deus; a espiritual idade que anima nosso apostolado, valoriza as realidades terrenas, o compromisso social como antecipação do Reino e os valores humanos e juvenis como indicações do caminho para Deus" (XXIICG, 58).

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Com esta atitude, o sopro do Espírito terá outros horizontes sobre os quais poderá atuar.

O constante confronto com o externo, com a atitude "receptiva" e com abertura ao novo impede de se dobrar sobre si mesmo, e a realizar uma repetição estéril do passado, enfim a centralizar-se sobre si mesmo. Somente com esta nossa disponibilidade a entrar na vida real da sociedade e das pessoas - para nós particularmente os jovens - o carisma que nós vivemos e partilhamos é provocado a manifestar-se de maneira coerente, a desenvolver aspectos e potencialidades ainda latentes, a manter uma constante criatividade e a manter-se vigoroso e propositivo.

Esta atitude de escuta e de reciprocidade tem particular importância no empenho a crescer numa família verdadeiramente internacional e intercultural.

É necessário verificar se existe, não só em palavras ou nos escritos, uma real abertura para as novas culturas. Nossa prática vai dizer se cada um de nós está livre de atitudes manifestantes de presunção de superioridade de uma cultura sobre a outra, enfim se estamos livres de todo o preconceito.

Pode suceder, também, que o carisma permaneça substancialmente ligado a seu primitivo mundo cultural, sem deixar-se desafiar e certamente enriquecer-se das outras culturas.

A audácia do cristianismo primitivo, que teve a coragem de deixar o seu berço cultural do mundo hebraico e aramaico para deixar-se plasmar pela cultura grega e latina, testemunha uma atitude que é ainda necessária hoje.

Não basta declarar-se uma congregação internacional. É necessário ajudar a cada um, e a cada grupo cultural,

usar a própria linguagem e a própria cultura para implantar o carisma em seu contexto cultural.

Assim descobrimos novos modos de atuar e viver o carisma, fazendo emergir ulteriores riquezas e permitindo nova fecundidade.

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Recordo-me sempre o que me aconteceu alguns anos atrás no noviciado da Índia, quando encontrei, por acaso, um escrito que um jovem indiano tinha feito sobre o carisma, sublinhando que o aspecto que mais o tinha impressionado em Murialdo era o abandono filial à vontade de Deus ... Nada de novo, mas certamente não é o aspecto provavelmente que impressiona um noviço italiano, brasileiro ou mexicano ...

A escuta e o diálogo entre as culturas são um processo não fácil, que deve superar a resistência, às vezes inconsciente, de quem sempre expressou o carisma na cultura original, mas também a preguiça intelectual por parte daqueles que pertencem a outras culturas, que ficam tentados a repetir preguiçosamente o que já foi dito.

Perguntas para aprofundamento:

1. Quando e como manifestamos nosso diálogo com a realidade que nos cerca, procurando entendê-Ia, oferecendo nossa contribuição de leigos da FdM para mudarmos o que deve ser mudado, sem nos fecharmos em nossos próprios grupos?

2. Na FdM no Brasil, temos grupos de sul a norte e, portanto, de diferentes culturas. Como manifestamos apreço e respeito pelas pessoas e suas culturas diferenciadas?

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2.2. Fidelidade à inspiração originária A segunda condição para que o carisma possa regenerar-

se é o contato constante com a inspiração originária. Sobre este assunto, o Concílio Vaticano 11, que inspirou e estimulou o processo de renovação da vida consagrada, foi muito claro.

Se por um lado provocou a renovação e o olhar para frente, por outro recordou que os motivos inspiradores para poder responder aos novos desafios são aqueles os quais o Espírito sugeriu ao Fundador.

Na nossa história de Congregação, o caminho percorrido desde 1969 com o Capítulo Geral especial e, em 1970, com a canonização de Murialdo e com todos os capítulos gerais sucessivos até hoje, é de graça, que nos permitiu reconfirmar sempre mais claramente o empenho a viver o carisma fundacional no conjunto de seus aspectos: conhecê-lo, ínteriorizá-lo, enamorar-se cada vez mais dele e a partilhá-lo.

a XXIICG vê uma congregação renovada porque "apaixonada por um carisma que apaixona".

A nossa parte é a de fazer com que a nossa vida seja a "palavra viva" que o Espírito pronunciou quando nos deu o carisma.

Daqui emana a luz para responder aos sinais dos tempos e dar sentido a novas respostas.

2. 3. Respostas comunitárias A terceira condição para que o dom do carisma possa

regenerar-se e nos regenerar é a capacidade de dar testemunho comunitário da sua vitalidade.

Quero dizer, vamos testemunhar que o carisma recebido como presente dá fisionomia e sentido para a nossa vida, transforma as nossas relações, dando a elas características próprias. Poder-se-ia dizer, de fato, que o nosso carisma "relaciona!"

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nos conduz à relação com Deus, com Aquele que nos ama de modo infinito, pessoal, atual, terno e misericordioso. Põe-nos também em relação entre nós "na unidade de afeto e de amizade" e ainda nos coloca em relação com os jovens, especialmente os mais necessitados, como "amigos, irmãos e pais".

É de suma importância que os outros vejam e experimentem tudo isso na história cotidiana de nossas relações. Assim, o carisma continuará seu caminho de regeneração e irá também nos regenerando.

O futuro de nosso carisma e a sua capacidade de incidir no todo depende da comunidade inteira.

A comunidade é o sujeito próprio sobre o qual o Espírito manda o seu sopro de sabedoria e de coragem. No dia de Pentecostes, o Espírito não desceu sobre os indivíduos, mas sobre toda a comunidade.

É a ótica da comunhão que nos faz ir além das dimensões da congregação, isto é, de pensar e agir só enquanto Josefino de Murialdo. Com esta abertura à comunhão, o carisma é posto em relação fecunda com outras vocações.

Parece ser este o caminho para que o carisma possa continuar a ser uma força que regenera e que nos transforma.

Pergunta para aprofundamento:1. Vamos fazer uma tempestade mental sobre o que

recordamos, sobre como, onde e em que circunstâncias o Espírito suscitou a inspiração carismática em Murialdo. Qual é o núcleo central do carisma? Como ele chegou até nós?

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3. CARISMA: MUDANÇAS DESENSIBILIDADE E APROFUNDAMENTOS

A reflexão dos anos recentes sobre o carisma fez amadurecer uma compreensão mais dinâmica, juntamente com a compreensão e o empenho de vivê-lo e testemunhá-lo numa lógica de dom e de partilha.

Dentro desta passagem fundamental, a Conferência Interprovincial do mês de abril de 2013 destacou três aspectos particularmente importantes: 1.Carisma e relações humanas 2.Carisma e nova evangelização 3.Carisma e formação

3.1. Carisma e relações humanas A atenção às relações humanas está no coração da

sensibilidade humana e espiritual de Murialdo. Esta entrelaça problemáticas muito vivas e difundidas: a

dificuldade de comunicação e de diálogo; a solidão ampliada; a cura das feridas relacionais.

São problemáticas também nossas, que nos envolvem como pessoas, como comunidade e como instituição.

Aprofundar a paixão pelo nosso carisma e vivê-lo com coerência nos abre para o verdadeiro sentido das relações.

Antes de tudo desperta em nós o sentido da gratidão, da gratuidade e da comunhão. Torna-nos atentos, mais uma vez, ao primado da Graça na nossa vida e na dos outros. Nós repetimos muitas vezes expressão de Murialdo: "Deus me ama!" Mas com a mesma verdade podemos repetir para cada irmão: "Deus te ama! Que alegria! Que consolação!" E assim mudaria já o nosso modo de olhá-lo e de encontrá-lo.

Em relação ao carisma, foi escrito na Conferência Interprovincial de 2013:

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"O carisma nos empenha a interiorizar a verdade das relações humanas. É o desafio da relação consigo mesmo, do reconhecer-se ligado ao outro, de reconhecer-se como dom. Todos devemos estar atentos para não nos deixar envolver por atitudes unilaterais, de juízos sobre confrades, de não sermos capazes de se ler os sinais de vida, do caminho e da presença de Deus, também em situações mais difíceis. Uma atitude pessimista, por mais que olhando os fatos, possamos ter razão, esta atitude, cria por si mesma o pessimismo" (Cl 2013,3).

Pergunta para aprofundamento:1. Como pessoas e grupos que se inspiram no carisma do amor de Deus, nosso relacionamento conosco, com os outros e com o próprio Deus terá características particulares. Conversar sobre isto.

3.2. Carisma e nova evangelização Somos chamados a nos situarmos na Igreja e na pastoral segundo o sentir próprio de nosso carisma. Trata-se mais do que identificar um setor apostólico específico, mas de interpretar a nova evangelização a partir do modo próprio do sentir carismático de Murialdo.

Um ponto de vista privilegiado e identificador pode ser, para nós, a centralidade da pessoa e de seu amadurecimento.

"O nosso estilo educativo centra-se sobre o encontro e sobre o acompanhamento pessoal, sobre o real interesse pelos problemas dos jovens, onde se insere a proposta do Evangelho, sobre o empenho e a capacidade de acolher e compreender os jovens em seu modo de expressar o carisma e o Evangelho. É um estilo que se assemelha ao de Jesus com os discípulos de Emaús" (CI2013, 6).

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Quem tem a sensibilidade como a de Murialdo sabe que na evangelização se deve partir da pessoa do jovem, das exigências de afeto, de pão, de trabalho, de cultura que ele carrega dentro de si; mantém viva a perspectiva do outro, sem cair na preocupação em si mesmo; acolhe o pedido do Papa Francisco para "sair", ir em busca dos jovens, em todos os sentidos, sem temer eventuais "incidentes de percursos"! Melhor estes incidentes - diria o Papa - do que que a doença da autorreferência.

Pergunta para aprofundamento:

1. O noticiário quotidiano apresenta relata a situação dos jovens, principalmente aqueles das periferias, em geral qualificando-os como vilões (noticiário policial, situação de trabalho, manifestações sociais). Que sensibilidade predomina em nós em torno das juventudes?

3.3. Carisma e formação Os nossos caminhos formativos, em todos os níveis e em

todas as direções, devem estar impregnados por um processo de renovação, que tenham mais "sabor de carisma"

A cultura da relação-partilhada é central na formação, critério de vocação. Longe desta, reina o individualismo presunçoso e arrogante, às vezes sutilmente escondido atrás de posturas falsamente espirituais.

Somos chamados todos os dias a seguir percursos formativas que assumem e reassumem plenamente a verdade da relação... na salvação, na vida consagrada, na espiritualidade e no aposto lado.

Formar-se para a relação significa voltar-se constantemente para o outro. Andar à sua procura como o lugar onde acontece a vida e o Eterno nos aguarda e se revela. É perceber a relação como possibilidade de crescimento e de enriquecimento e como companhia necessária para a nossa viagem.

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É uma exigência da caridade, mas também da misteriosa dignidade do irmão e da irmã na perspectiva de quem acredita no fato de que cada pessoa é sempre carregada de um dom que desce do alto, absolutamente original e digno de ser acolhi- do para a construção da comunidade.

O XXII Capítulo Geral sublinha que, nos caminhos da formação, continuam ser atuais e nos devem empenhar aqueles objetivos propostos no sexênio precedente. São eles: o crescimento na unidade, na partilha, na interculturalidade e na internacionalidade. O Capítulo diz que estes objetivos nos interpelam a uma "maior abertura, diálogo, aceitação das diferenças, comprometimento, disponibilidade ao perdão e capacidade de caminhar com o outro, enquanto irmão e companheiro de vocação e de vida" (XXIICG, 72).

Insiste ainda que "o carisma unifica e dá identidade à consagração josefina" (XXIICG, 59) e sugere algumas indicações novas na formação, afirmando que esta deve ser "pensada em relação à vida da congregação, verdadeira "sede formativa”, no contexto da Família de Murialdo e em conexão com a pastoral Josefina, partindo de algumas particularidades da nossa tradição, como a centralidade do jovem pobre, a comunidade educativa e a colaboração com os leigos (XXIICG, 74).

Pergunta para aprofundamento:

Cultura de relações, de abertura ao outro, diálogo, unidade, partilha, interculturalidade e internacionalidade, aceitação das diferenças, perdão, centralidade dos jovens pobres são pontos atuais e que devem estar presentes em nossa formação. Dialogar sobre isso.

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4. CARISMA E QUALIDADE EVANGÉLICA DE NOSSA VIDA

Poder-se-ia dizer com ênfase que o carisma é o nosso Evangelho, o nosso modo de viver o Evangelho.

Ele nos apaixona porque, antes de tudo, é o lugar que o Senhor, chamando-nos, nos fez reconhecer a resposta à nossa necessidade de salvação e à plenitude do sentido da vida.

O carisma determina e dá a indicação a toda a nossa vida e cria a nossa identidade.

O carisma é antes de tudo a fonte de nossa espiritualidade. Por ele sabemos que somos reconhecidos, amados pessoalmente por Deus. Ele sempre e amorosamente nos perdoa e nos sustenta com a sua graça.

A misericórdia de Deus é o respiro da nossa vida espiritual e do nosso apostolado. a convite é para nos deixamos amar para bem evangelizar.

O carisma determina o estilo de nossas relações. Ele nos pede para sermos capazes de apreciar e abençoar,

de sabermos conviver com as dificuldades e os conflitos, sem desanimar.

O testemunho de vida segundo o carisma é o bom exemplo que nos damos uns aos outros.

Nestes anos, encontrando confrades, colaboradores e leigos, aprendi tantas coisas sobre o carisma, talvez até mais do que está nos livros.

Isto é importante: viver o carisma significa ser generoso em dar, mas também ter fé no receber.

Algum tempo atrás tive a ocasião de falar longamente com um jovem colaborador, que queria partilhar comigo algumas de suas profundas inquietudes. Procurei consolá-lo e dizer-lhe: "Não desanime...". Ele deu-me esta resposta: "Mas eu tenho um força comigo, que é mais forte do que eu. E, quando já não

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aguento mais, eu vou lá para me regenerar. Treze anos atrás eu lavei com estas minhas mãos o sangue do padre Ettore Cunial, no quarto onde foi morto com uma faca em Durazzo: o sanguedaquele padre, a sua fortaleza e o seu testemunho são a minha força e o meu exemplo. Quando sinto necessidade, vou ao cemitério do Verano em Roma, junto ao túmulo dele, e sinto que a força de esperar e de lutar retornam".

E eu não tive mais nada a dizer: queria abraçá-lo e pensei que de verdade o carisma é um vínculo espiritual que une, pelo dom de Deus e pela graça da pessoa que o transmite com testemunho convicto e alegre.

Posso garantir a vocês, caros confrades, que no mundo muitos leigos aprenderam a amar o carisma pela paixão com a qual o viram vivenciado por confrades josefinos.

Se olharmos a nós mesmos, às nossas fragilidades às nossas fraquezas, talvez nos desencorajemos, mas o dom do carisma tornou fecunda uma terra maior da nossa congregação e formou uma família muito maior.

Se guardarmos, testemunharmos e partilharmos com alegria e convicção este grande dom que o Senhor nos deu, seremos muitos, seremos sempre mais porque é um carisma que apaixona! E a paixão não deixa os jovens indiferentes! Ajude-nos, São José, nosso Patrono e modelo de vida, a sermos sempre mais apaixonados por este carisma que apaixona.

O seu estilo de vida, humilde e generoso, todo dedicado ao cumprimento da vontade de Deus e à missão que lhe foi confiada é a Regra falante para a nossa Congregação: a Ele olhemos e o invoquemos. O XXIICG olhou com confiança a nossa realidade.

É com este olhar e citando o XXII Capítulo Geral que concluo esta circular.

"Constatamos com alegria que a nossa pastoral josefina continua sendo no mundo um sinal de esperança para muitos, que permite que sejam reconhecidos como educadores cristãos dos jovens. Cada um de nós carrega em si uma marca

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carismática que nos torna reconhecidos: é um tesouro acumulado na história e na vida de nossa congregação, que devemos cuidar e fazer crescer com amor para responder à emergência educativa do nosso tempo" (XXIICG, 63).

Esta circular se tornou mais longa do que as outras ... porque o carisma é um tema que apaixona e nos apaixona ... Peço desculpas pela sua extensão, criando dificuldade para que alguns chegassem até o fim!

A todos saúdo e deixo uma bênção. Com afeição e viva cordialidade.

Pe. Mario Aldegani

Padre Geral

Pergunta para aprofundamento:

O Pe. Mario Aldegani afirma que o carisma é o nosso Evangelho e o modo de vivê-Io. Diz ainda que o carisma dá um estilo às nossas relações, que, se o vivermos e o testemunharmos com alegria e paixão, estaremos fazendo animação e promoção vocacional para nossa família e, então, seremos sempre mais numerosos. Concordamos com isso? Comentar.