vitiligo: anÁlise de marcadores linfocitÁrios e do...
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VITILIGO:
ANÁLISE DE MARCADORES LINFOCITÁRIOS E
DO ANTÍGENO CUTÂNEO LINFOCITÁRIO (CLA)
Daniela Pereira Antelo
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Dermatologia,
Faculdade de Medicina, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Dermatologia.
Orientadores: Prof . Dr Absalom Lima Filgueira
Prof. Dr José Marcos Telles Cunha
Rio de Janeiro
Agosto de 2006
ii
VITILIGO: ANÁLISE DE MARCADORES LINFOCITÁRIOS E
DO “CUTANEOUS LYMPHOCYTE ANTIGEN” (CLA )
Daniela Pereira Antelo
Orientadores: Prof. Dr. Absalom Lima Filgueira
Prof. Dr José Marcos Telles Cunha
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Dermatologia, Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro -
UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em
Medicina (Dermatologia).
Aprovada por:
__________________________________________ Presidente, Profª. Drª.
_________________________________________ Prof. Dr.
_________________________________________ Prof. Dr.
Rio de Janeiro
Agosto de 2006
iii
Antelo, Daniela Pereira Vitiligo: análise de marcador linfocitário e do antígeno cutâneo linfocitário (CLA) / Daniela Pereira Antelo. – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2006. xvi, 163 f. : il. ; 29,7 cm. Orientadores: Prof. Dr. Absalom Lima Filgueira, Prof. Dr. José Marcos Telles Cunha Dissertação (Mestrado) – UFRJ / Faculdade de Medicina / Dermatologia, 2006. Referências Bibliográficas: f. 135-159. 1. vitiligo 2. linfócitos 3. antígeno cutâneo linfocitário 4. Fotoquimioterapia. I. Filgueira, Absalom Lima; Cunha, José Marcos Telles. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina. III. Título.
iv
A Deus, que me deu a vida, me ilumina e tornou possível
todos os passos da minha jornada.
Aos meus amados pais, Sarah e Jorge, pelo amor
incondicional, pelo carinho e apoio incansável em todos
os momentos e por todas as oportunidades da minha
vida.
Aos meus queridos avô Abelardo e avó Mercedes, pelo
amor, pela perseverança e por serem exemplos de vida,
mesmo a distância.
Aos meus lindos irmãos Alexandre e Gabriela, meus
companheiros de todas as horas, meus melhores
amigos, pela compreensão e pelo carinho.
A minha querida Tia Martha, minha querida madrinha,
exemplo de dermatologista, mãe, tia e amiga.
Ao meu querido Leonardo, que sempre valorizou a
necessidade do saber e busca pelo conhecimento, pelo
apoio e pelo seu amor.
v
AGRADECIMENTOS
Ao orientador Prof. Dr. Absalom Lima de Filgueira, verdadeiro mestre e pequisador,
pela sua inesgotável e contagiante energia na busca do conhecimento na
Fotodermatologia. Por todos os ensinamentos e a orientação extremamente
enriquecedora durante a realização deste projeto.
Ao orientador Prof. Dr. José Marcos Telles da Cunha, professor que une, com
extrema facilidade e extraordinária competência, a clínica e o laboratório, a
dermatologia e a imunologia, a bancada e o paciente; pela atenção, orientação e
dedicação durante a realização desta tese.
Ao Curso de Pós-Graduação em Dermatologia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, que tornou este projeto possível.
A todos os meus professores da Graduação na UFRJ, professores da Residência
em Dermatologia na UERJ e professores da Pós-Graduação em Dermatologia:
muitos exemplos de mestres, pela dedicação, pelos ensinamentos e por terem me
mostrado, que com força e vontade, é possível atingir nossos sonhos e proporcionar
aos pacientes uma medicina mais eficiente e humana mantendo a busca do
conhecimento.
Á CAPES, agradeço pelo suporte.
vi
Às amigas Clarice de Oliveira Martins, Ana Paula Sá Earp e Flávia Pretti pela
amizade, carinho e pela ajuda durante a dissertação.
À Rosângela Aparecida Martins Noé, excelente profissional, membro do Comitê de
Investigação Científica do HUCFF/UFRJ, responsável pela análise estatística dos
dados desta tese, que acompanhou este trabalho desde a sua criação, pelo seu
apoio, orientação e dedicação, sempre com muito prazer.
À Maria de Fátima Mello, competente responsável pelo laboratório de pesquisas da
DIP, pela atenção, auxílio e gentileza em disponibilizar o laboratório e o citômetro de
fluxo para realização dos experimentos.
Ao doutorando Jorge Ricardo da Silva Machado e mestrandos Alba Palermo Neves,
Luciana O. Lima e Daniel Obadia, pelo encaminhamento dos pacientes, pelo reforço
bibliográfico, pelo apoio e conversas em busca de soluções quando os problemas
surgiam.
À Claudete R. Lima, chefe da coleta de sangue no Laboratório Central do HUCFF,
que se mostrou extremamente gentil e atenciosa para coleta do sangue dos
pacientes desta tese.
À Rosângela Souza, enfermeira do SME da PUVA do HUCFF, pelo apoio durante a
pesquisa, pelo seu espírito humano ao lidar com os pacientes, pela preocupação em
me ajudar no projeto.
vii
Às secretárias Gilsara e Daisy, sempre competentes e dispostas a ajudar.
Aos voluntários para o grupo controle, pela cooperação e pronta disponibilidade ao
contribuir para este estudo.
Aos pacientes do setor de Fotodermatologia, pela adesão ao projeto e pelas
palavras de ânimo quando as dificuldades apontavam. Sem eles, meu aprendizado
não seria possível.
viii
“Se não queres cansar os olhos e os
sentidos, segue o sol pela sombra”
Friedrick Nietzche, A Gaia Ciência,
1882
ix
RESUMO
VITILIGO:
ANÁLISE DE MARCADORES LINFOCITÁRIOS E
DO ANTÍGENO LINFOCITÁRIO CUTÂNEO (CLA)
Daniela Pereira Antelo
Orientadores: Prof. Dr. Absalom Lima Filgueira
Prof. Dr. José Marcos Telles Cunha
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina (Dermatologia), Faculdade de Medicina, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção
do título de Mestre em Medicina (Dermatologia).
Vitiligo é uma doença adquirida, hereditária, freqüente, caracterizada por
máculas acrômicas devido à ausência de melanócitos. Diferente dos preceitos
anteriores, quando o anticorpo anti-melanócito exercia papel patogênico
fundamental, evidências recentes têm enfatizado o papel do linfócito T citotóxico
CD8+ na destruição dos melanócitos. Quinze porcento das células T periféricas
expressam um antígeno denominado CLA (antígeno cutâneo linfocitário), que orienta
a migração dos linfócitos T para a pele, onde irão constituir o infiltrado inflamatório
cutâneo. A primeira indicação terapêutica é a fototerapia nos portadores de vitiligo
x
generalizado, capaz de alterar os linfócitos T-CLA+ em outras dermatoses. Objetivo:
Descrever os aspectos quantitativos e qualitativos das células T e a expressão do
antígeno cutâneo linfócitário (CLA) nos linfócitos do sangue periférico de pacientes
com vitiligo não segmentar e em atividade, antes e após a fotoquimioterapia (PUVA).
Pacientes e métodos: 22 pacientes, com vitiligo não segmentar, em progressão,
foram submetidos a 30 sessões de PUVA. A imunofenotipagem foi realizada através
da citometria de fluxo, utilizando-se os anticorpos monoclonais anti-CD3-PerCP, anti-
CD8-PE e anti-CLA-FITC. Para o grupo controle, pareado por sexo e idade, foram
incluídos 15 indivíduos saudáveis. Resultados: Os pacientes apresentaram níveis
percentuais de linfócitos TCD8-CLA+ significativamente menor que o grupo controle
(p=0,008) e maior intensidade média de fluorescência (p=0,028). Entretanto estes
dados não se modificaram com a PUVA. Ao se comparar os doentes e os controles,
não houve diferença estatística na relação CD4/CD8 e linfócitos T CD4-CLA+, bem
como no grupo de doentes antes e após o tratamento. Conclusões: Os linfócitos T
CD8-CLA+ do sangue periférico estão reduzidos nos pacientes com vitiligo não
segmentar em atividade.
Palavras-chave: Vitiligo; linfócitos; antígeno cutâneo linfocitário; Fotoquimioterapia
Rio de Janeiro
Agosto de 2006
xi
ABSTRACT
VITILIGO: LYMPHOCYTE MARKERS AND CUTANEOUS-LYMPHOCYTE-
ASSOCIATED ANTIGEN (CLA) EVALUATION
Daniela Pereira Antelo
Orientadores: Prof. Dr. Absalom Lima Filgueira
Prof. Dr. José Marcos Telles Cunha
Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Medicina (Dermatologia), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Medicina (Dermatologia)
Vitiligo is a frequent acquired, hereditary disease, characterized by achromic
macules due the absence of melanocytes. Different from earlier studies, which the
main pathogenic role was attributed to anti-melanocyte antibodies, recent papers
have emphasized cytotoxic lymphocyte T CD8+ function on melanocyte destruction.
Fifteen percent of peripheral T cells express cutaneous-lymphocyte associated
antigen (CLA), responsible for skin-homing T cell. Phototherapy is the first choice for
patients with generalized vitiligo and it can modulate CLA+ T cell in other skin
diseases. Objective: To describe quantitative and qualitative aspects of T cell and
skin homing CLA molecule expression in patients with non segmental vitiligo, before
and after photochemotherapy (PUVA). Patients and Methods: 22 patients with
xii
generalized and active spreading vitiligo were submitted to thirty PUVA-8MOP
sessions. Immunophenotyping of lymphocytes was performed using anti-CD3, anti-
CD8 and anti-CLA monoclonal antibodies and flow cytometry. Fifteen healthy
volunteers, sex-, and age-matched, were included as the control group. Results:
Reduced numbers of CD8-CLA T cells were found with statistical significance
(p=0,008) when compared to controls and higher mean intensity fluorescence
(p=0,028). These figures did not change after PUVA treatment. When treated
patients were compare to controls, no significant difference was noticed in CD4/CD8
ratio nor in CD4-CLA+ T cells, as it was the case when comparing patients before and
after treatment. Conclusions: CD8-CLA+ T cell levels are reduced in peripheral blood
of patients with non segmental vitiligo.
Key-words: Vitiligo; lymphocytes; cutaneous-lymphocyte associated antigen;
photochemotherapy
Rio de Janeiro
August, 2006
xiii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1. O comportamento migratório da célula T CLA+ 35
FIGURA 2.2. A. O melanócito. B. Biossíntese da melanina 41
FIGURA 4.1. Anticorpos monoclonais utilizados no estudo 88
FIGURA 4.2. Citômetro de fluxo BD Biosciences FACScanTM 89
FIGURA 5.1História Familial (em %) 92
FIGURA 5.3.1 Padrão de repigmentação perifolicular (ilhotas de repigmentação)
95
FIGURA 5.3.2 Localização da lesão e grau de repigmentação com a terapia PUVA.
95
FIGURA 5.3.3. Boa resposta à terapia PUVA na face e colo. 96
FIGURA 5.3.4. Efeitos colaterais da terapia PUVA 97
FIGURA 5.3.5. Exemplos de efeitos colaterais pela terapia PUVA. 98
FIGURA 5.4.1. Paciente com vitiligo no tronco e axilas, com 8 anos de doença, evoluiu com repigmentação completa das lesões.
99
FIGURA 5.4.2. Imunofenotipagem de linfócitos T. Gráficos da citometria de fluxo utilizando anticorpos monoclonais anti-CD8 PE e anti-CLA-FITC.
100
FIGURA 5.4.3. Paciente com vitiligo generalizado e que abandonou o protocolo.
101
FIGURA 5.4.4. Paciente com vitiligo generalizado, de 40 anos de idade e 34 anos de doença.
102
FIGURA 5.4.5. Imunofenotipagem de linfócitos T.
103
FIGURA 5.4.6. Paciente com vitiligo universal.
104
FIGURA 5.4.7. Paciente de 45 anos de idade, com 14 anos de evolução de vitiligo, com mãe e irmã portadoras da doença.
105
xiv
FIGURA 5.4.8. Imunofenotipagem dos linfócitos T. Gráficos da citometria de fluxo da paciente da figura 5.4.7.
106
FIGURA 5.4.9. Fotos ilustrativas de algumas pacientes mostrando boa resposta clínica no colo e face.
107
FIGURA 5.4.10. Dificuldade de repigmentação. 108
FIGURA 5.4.11 Análise obtida na citometria de fluxo.
109
FIGURA 5.5.1.3. Gráfico de barras demonstrando a relação CD4/CD8 dos pacientes e indivíduos controles.
110
FIGURA 5.5.2.1. Gráfico de barras demonstrando o percentual dos linfócitos T CD3-CLA+ periféricos dos pacientes e controles.
111
FIGURA 5.5.2.2. Gráfico de barras demonstrando a Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD3-CLA+ dos pacientes e controles.
112
FIGURA 5.5.3.1. Gráfico de barras demonstrando o percentual de linfócitos T CD4-CLA+ periféricos dos pacientes e controles.
113
FIGURA 5.5.3.2. Gráfico de barras demonstrando a Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD4-CLA+ dos pacientes e controles.
114
FIGURA 5.5.4.1. Gráfico de barras demonstrando o percentual de linfócitos T CD8-CLA+ periféricos dos pacientes e controles.
115
FIGURA 5.5.4.2. Gráfico de barras demonstrando a Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD8-CLA+ dos pacientes e controles.
116
FIGURA 5.6.1.1. Gráfico de barras demonstrando a relação CD4/CD8 dos pacientes antes e após o tratamento.
117
FIGURA 5.6.1.2. Gráfico de barras demonstrando o percentual de linfócitos T CD3-CLA+ periféricos dos pacientes antes e após o tratamento.
118
FIGURA 5.6.1.3. Gráfico de barras demonstrando a Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD3-CLA+ dos pacientes antes e após o tratamento.
119
FIGURA 5.6.3.1. Gráfico de barras demonstrando o percentual circulante de linfócitos TCD4-CLA+ dos pacientes antes e após o tratamento.
120
xvi
LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1. Critérios de doença auto-imune
TABELA 2.2. Perfis descritos dos linfócitos T periféricos dos pacientes com vitiligo
27 54
TABELA 2.3. Radiação ótica e comprimento de onda
63
TABELA 2.4. Absorção percentual da RUV na pele de acordo com o comprimento de onda TABELA 2.5. Unidades básicas no estudo da RUV TABELA 5.1 . Caracterização da Amostra TABELA 5.2. Caracterização do grupo controle, por sexo e idade
63 64 91 93
TABELA 5.3. Características da evolução dos pacientes submetidos à terapia PUVA
94
TABELA 5.5.1.3 . RELAÇÃO CD4/CD8 dos pacientes e controles
110
TABELA 5.5.2.1. Percentual dos linfócitos T CD3-CLA+ dos pacientes e controles TABELA 5.5.2.2. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD3-CLA+ dos pacientes e controles TABELA 5.5.3.1 Percentual dos linfócitos T CD4-CLA+ dos pacientes e controles TABELA 5.5.3.2. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD4-CLA+ periféricos dos pacientes e controles
111 112 113 114
TABELA 5.5.4.1. Percentual dos linfócitos T CD8-CLA+
dos pacientes e controles
115
xvii
TABELA 5.5.4.2. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD8-CLA+ periféricos dos pacientes e controles TABELA 5.6.1.1. RELAÇÃO CD4/CD8 dos pacientes antes e após a terapia PUVA TABELA 5.6.1.2. Percentual dos linfócitos T CD3-CLA+ dos pacientes pré e pós tratamento TABELA 5.6.1.3. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD3-CLA+ periféricos dos pacientes antes e após o tratamento
116 117 118 119
TABELA 5.6.3.1 Percentual circulante de linfócitos TCD4-CLA+ dos pacientes antes e após o tratamento TABELA 5.6.3.2. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de linfócitos TCD4-CLA+ dos pacientes antes e após o tratamento
120 121
TABELA 5.6.4.1. Percentual circulante de linfócitos TCD8-CLA+ dos doentes, antes e após o tratamento.
122
TABELA 5.6.4.2. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de linfócitos TCD8-CLA+ dos pacientes antes e após o tratamento
123
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
a.C. antes de Cristo
CAA célula apresentadora de antígeno
CAC Citotoxicidade associada ao complemento
CD grupo de diferenciação (clusters of differentiation)
CD1a grupo de diferenciação da célula de Langerhans
CD3 linfócitos T (CD3+)
CD4 linfócitos T CD4 +
CD8 linfócitos T CD8 +
CD45RA+ linfócito T virgem (naive)
CD45RO+ linfócitos T de memória
CF citometria de fluxo
CLA antígeno cutâneo linfocitário
CLTA-4 antígeno associado ao linfócito T citotóxico
d.C. depois de Cristo
DNA ácido desoxirrubonucleico
ECA enzima conversora de angiotensina
EGFR receptor de fator de crescimento epidérmico
E-selectina selectina endotelial
EUA Estados Unidos da América
4-F-GlcNac 4-fluorada-D-glicosamina-N-acetilglicosaminaparacetilada
GM-CSF Fator estimulador de colônia de granulócitos e monócitos
GVHD doença do enxerto-verus-hospedeiro
HAART terapia antiretroviral de alta eficácia
(Highly active antiretroviral therapy)
HIV vírus da imunodeficiência humana
(Human immunodeficiency vírus)
HLA antígeno leucocitário humano
ICAM-1 molécula de adesão intercelular 1
IF imunofluorescência
2
IL interleucina
MCHR1 melanin-concentrating hormone receptor 1
MHC complexo principal de histocompatibilidade
NK célula citotóxica natural (natural killer cell)
PSGL-1 glicoproteína ligante de P-selectina
PUVA fotoquimioterapia com psoraleno e radiação UVA
RUV radiação ultravioleta
RUV-A radiação ultravioleta A
RUV-B radiação ultravioleta B
TRP-1 proteína relacionada a tirosinase (tirosinase related-protein)
S100 proteína S 100
SALT tecido linfóide associado a pele(skin-associated lymphoid tissue)
Th linfócito T auxiliar (helper)
TNF-alfa Fator de necrose tumoral alfa
Tr célula T regulatória
Ts célula T supressor
TUNEL Terminal deoxynucleotide transferase-mediated dUTP-biotin
nick-end labelling
VCAM-1 molécula de adesão celular vascular
VLA-4 antígeno de expressão muito tardia(very late-activation antigen)
;
3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 6
2. REVISÃO DA LITERATURA 8
2.1 - Vitiligo: Definição 8 2.2 - O melanócito 8 2.3 – Histórico 9 2.4 - A importância social e psicológica da melanina e o estigma da doença 9 2.5 – Incidência 12 2.6 - Manifestações clínicas 13
2.6.1 - Doenças associadas 15 2.6.2 - Hereditariedade e Fatores Genéticos 18 2.6.3 - Classificação clínica 20
2.7 – Histopatologia 22 2.8- Patogênese 25
2.8.1- Teoria Imunológica/Auto-imune 25 2.8.1.1 - Um breve passeio no Sistema Imune Cutâneo 28 2. 8.1.2 - Imunidade Inata e Adquirida 29 2.8.1.3 - O antígeno cutâneo linfócitário (CLA) 32 2.8.1.5- O CLA nas doenças cutâneas 36 2.8.1.6 - Imunidade Humoral e vitiligo 38 2.8.1.7 - Imunidade Celular e a relevância do CLA no vitiligo 44 2.8.2 - Teoria Neural 56 2.8.3 -Teoria da auto-destruição ou autotoxicidade 56 2.8.4 -Apoptose dos melanócitos 58 2.8.5 -Descolamento melanocítico 59 2.8.6– Melanocitorragia 59 2.8.7 -Defeito intrínseco do Melanócito 59 2.8.8 - Alteração local das citocinas produzidas 60 2.8.9 -Teoria convergente 60 2.8.10 -Teoria viral 61
2.9 - Um breve passeio na fotobiologia e a Radiação Ultravioleta 62 2.9.1 – A radiação ultravioleta 64
2.9.2 - A fotoquimioterapia (PUVA) e fotoimunomodulação 66 2.9.3.-Outros tratamentos fototerápicos para vitiligo 73 2.9.3.1 –RUV-B de Banda Larga (290-320nm) 73 2.9.3..2 -RUV-B de banda estreita(311-312nm) 73 2.9.3.3 – Microfototerapia 74 2.9.3.4 - 308nm-EXCIMER LASER 74
2.10 - Outras terapêuticas para o vitiligo 74 2.10.1 –Corticosteróides 75 2.10.2 –Inibidores da Calcineurina 75 2.10.3 -Calcipotriol 76 2.10.4 –Pseudocatalase 76
4
2.10.5-Kellina e RUV-A 77 2.10.6 –Aspirina 77 2.10.7 –Vitaminas 77 2.10.8 -Gingko-biloba 78 2.10.9 -Extrato de placenta 78 2.10.10 –Levamisole 78 2.10.11 -Extrato de polypodium leucotomos 79 2.10.12 –Despigmentação 79 2.10.13 -Tratamento cirúrgico do vitiligo 79
2.11 – Tratamentos em estudo 79 2.11.1 - Piperina 80 2.11.2 – Fenitoína 80
3. OBJETIVOS 81
3. 1 – Geral 81 3. 2 – Específicos 81
4. PACIENTES E MÉTODOS 82
4.1 - Desenho geral do estudo 82 4.2 – Pacientes e controles 83
4.2.1- Critérios de inclusão dos pacientes 83 4.2.2- Critérios de exclusão dos pacientes 83 4.2.3 – Critérios de inclusão dos controles 84 4.2.4- Critérios de exclusão dos controles 84
4.3 – Avaliação inicial dos pacientes 84 4.4 – Acompanhamento dos pacientes 85 4.5 - Métodos 85
4.5.1- Fotoquimioterapia (PUVA) 85 4.5.1 - A Citometria de Fluxo 86 4.5.2.1- Coleta de sangue 86 4.5.2.2 - Marcadores utilizados 87 4.5.2.3 - Protocolo para marcação de linfócitos de sangue periférico 87
4.6 - Cálculo amostral 89 4.7 - Análise Estatística 90 4.8 - Critério de determinação de significância 90
5. RESULTADOS 91
5.1 - Caracterização dos Pacientes 91 5.2 - Caracterização dos Controles 93 5.3- Acompanhamento clínico e resposta dos pacientes à terapia PUVA 94 5.4 – Ilustração de casos 99 5.5 – Comparação aos doentes de vitiligo e os indivíduos saudáveis (momento inicial do estudo) 110
5.5.1 Análise dos marcadores CD4 e CD8 dos linfócitos T periféricos 110 5.5.2 Comparação dos linfócitos T CLA+ (CD3-CLA+) 111
5
5.5.3 Comparação dos linfócitos T CD4-CLA+ 113 5.5.4 Comparação dos linfócitos T CD8-CLA+ 115
5.6 - Comparação entre os doentes de vitiligo antes e após a terapia PUVA 117 5.6.1 Análise dos marcadores CD4 e CD8 dos linfócitos periféricos 117
5.6.2 Comparação dos linfócitos T CLA+ (CD3-CLA+) 118 5.6.3 Comparação dos linfócitos T CD4-CLA+ 120 5.6.4 Comparação dos linfócitos T CD8-CLA+ 122
6. DISCUSSÃO 124
7. CONCLUSÕES 133
8. SUGESTÕES 134
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 135
10. ANEXOS 160
6
1 INTRODUÇÃO
A pele é o mais visível órgão do corpo. Ela exerce um papel importante na
aparência e nas relações sociais. A aparência é valorizada na medida em que o
indivíduo é percebido pelos outros membros da sociedade. Doenças cutâneas
crônicas podem alterar este aspecto e levar a conflitos psíquicos e sociais para seus
portadores. (ONGENAE, 2006)
O vitiligo é a hipomelanose adquirida mais freqüente, causada pela
destruição dos melanócitos (TAIEB, 2003; BELLET, 2005). Dentro da dermatologia,
sem dúvida, é uma das dermatoses com efeito psicológico mais devastador
(GRIMES,2004).
O fator que leva à destruição dos melanócitos permanece desconhecido. É
uma doença multifatorial, onde estão envolvidos fatores genéticos, hereditários,
imunológicos e ambientais.
A morte dos melanócitos, evidenciada nos pacientes com vitiligo, induz uma
resposta imune humoral a partir da liberação dos antígenos intracelulares e há
muitos dados inconclusivos sobre este tipo de resposta. Entretanto, evidências mais
recentes têm feito referência ao papel da célula T citotóxica na eliminação dos
melanócitos da camada basal da epiderme. A questão sobre a forma como a
resposta citotóxica é iniciada permanece sem respostas. (LE POOLE, 2004;
GUNDUZ, 2004)
Os trabalhos que correlacionam o papel da célula T citotóxica no vitiligo
apontam para resultados divergentes.
7
Persiste indefinido se as alterações imunológicas são a causa ou a
conseqüência da doença. Se elas representam um epifenômeno interessante, porém
irrelevante, ou são, de fato, responsáveis pela injúria ao melanócito in vivo.
Admitindo-se que as alterações imunológicas podem ser a principal causa da lesão
ao melanócito, como elas ocorrem? (BYSTRYN,1997)
De qualquer forma, a descoberta e descrição dos fenômenos imunológicos
são importantes para se entender o surgimento do vitiligo. Muitas terapêuticas
existem para esta doença, com resultados variáveis, diversas com embasamento
científico; outras nem tanto.
A fotoquimioterapia (PUVA) é uma terapêutica bem estabelecida para o
vitiligo, entretanto não são conhecidas todas as etapas da imunomodulação que a
mesma provoca nestes pacientes. Desta forma, a necessidade de trabalhos
originais, como este, é evidente.
8
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Vitiligo: Definição
Vitiligo é uma doença adquirida, geralmente hereditária, freqüente,
caracterizada por máculas hipocrômicas ou acrômicas devido à ausência de
melanócitos (ORTONNE et al., 2003). Vitiligo é uma entidade clínica que muitos
autores acreditam ser uma doença sistêmica com manifestações extracutâneas
envolvendo o sistema endócrino e o sistema nervoso, embora com um dano
altamente seletivo, quase totalmente restrito ao melanócito (BYSTRYN,1997). Quase
um quarto dos pacientes apresentam destruição das células pigmentadas oculares,
denotando uma atividade autoimune generalizada. (BYSTRYN,1997)
2.2 - O melanócito
O melanócito, que é o alvo de destruição no vitiligo, corresponde de 3 a 5%
da população da epiderme. Sua função é produzir a melanina, que irá proteger a
pele da radiação ultravioleta (RUV). Entretanto, recentemente foi reconhecido seu
papel como agente no sistema imune, pois expressam moléculas de adesão (ICAM-
1 e VCAM-1), antígenos do complexo de histocompatibilidade classe I e II (MHC I e
MCH II), produzem diversas citocinas (IL-1,IL-6, IL-8 e TGF-beta); realizam
fagocitose, processam antígenos e os apresentam às células T (ORTONNE et al.,
1997; VAN DEN WIJNGAARD et al., 2001).
As diferenças de pigmentação entre as diferentes raças se devem ao número
distinto de melanossomos e ao conteúdo de melanina dentro deles, mas não há
9
variações da densidade de melanócitos. (ORTONNE et al., 2003; VAN DEN
WIJNGAARD et al., 2001).
2.3 - Histórico
O uso do termo vitiligo foi documentado no primeiro século depois de Cristo
(d.C.) quando o médico romano Celsius escreveu De Medicina em 30 d.C. A
literatura indiana de 1500 a 1000 a.C. fez referência à doença que cursava com
manchas brancas na pele (NAIR, 1978). No livro sagrado indiano Atharva Veda, de
1400 a.c, há descrição da doença “Kilas” que cursava com leucodermia e que era
curada com certas sementes escuras. Acredita-se que a planta mencionada no livro
seja uma espécie contendo psoralenos (ORTONNE et al., 2003).
A origem da palavra vitiligo apresenta controvérsias entre dermatologistas e
lexicógrafos. Acredita-se que a palavra vitiligo derive do latim vitium, um defeito ou
mancha, seguido do suffixo igo. (KOVACS, 1998; LEIDER et al.,1968 apud NAIR,
1978).
Em escritos indianos de 200 a.C., há relatos de que membros da sociedade
que sofriam de manchas brancas progressivas não eram respeitados (NAIR, 1978).
2.4 - A importância social e psicológica da melanin a e o estigma da doença
Sabe-se que há uma correlação entre fatores psicológicos e doenças
dermatológicas. O estresse pode precipitar ou exacerbar doenças da pele através de
mecanismos psicossomáticos. (ONGENAE et al., 2006).
Neste contexto, o efeito psíquico do vitiligo, que na maioria dos casos leva a
lesões nas áreas expostas como face e mãos, não deve ser subestimado. Esta
doença tem implicações psicossociais facilmente observadas através de tensão
10
psíquica, exclusão social, nervosismo, estresse emocional e depressão, detectados
em muitos pacientes (MOSHER et al., 2003).
O estigma associado ao vitiligo vem de longa data, quando a doença era
confundida com hanseníase e permanece até hoje. Hipócrates, em 460-355 a.C.,
não fazia distinção entre ambas (NAIR, 1978).
No sistema hindu de casamentos arranjados, em época remota, era
impossível que uma moça com vitiligo conseguisse se casar. (ORTONNE, 2003).
Hoje podemos observar que muitos portadores de vitiligo sofrem de efeitos
que estão para além da doença. Há dificuldades de acesso a empregos, limitações
no convívio social, pensamentos suicidas, diminuição da auto-estima e transtornos
familiares. Mais de 50% dos pacientes com vitiligo dizem sofrer algum tipo de
discriminação social (PORTER et al., 1987). Existe um impacto negativo nas
relações sexuais dos pacientes (PORTER, 1990). Os impactos social e psicológico
trazido por esta enfermidade levam os doentes a se reunirem em associações,
procurarem acompanhamento psicoterápico e recorrerem a uma ampla gama de
tratamentos e recursos, muitas vezes de origem duvidosa (AUSTIN, 2004).
Quem acredita que o vitiligo seja apenas uma doença de cunho cosmético,
certamente negligencia a totalidade do indivíduo como um ser doente. Na nossa
experiência, o grau de impacto psicológico e a exclusão social vivenciados por
muitos pacientes transcende o aspecto meramente estético atribuído a doença.
Estima-se que um terço dos pacientes com doença dermatológica possua
aspectos emocionais associados. Uma doença crônica e inestética como o vitiligo
traz o maior grau de sofrimento psíquico aos pacientes quando comparada com
outras dermatoses, como psoríase, talvez porque o tratamento exija disciplina e
dedicação, além do fato do paciente lidar muitas vezes com terapêuticas de
11
resultados frustrantes. Sendo que o sofrimento independe do tempo de evolução da
doença (ONGENAE et al., 2005; TABORDA et al., 2005).
Há que se considerar os distintos contextos sócio-culturais dos diferentes
países, mas a comorbidade psiquiátrica ocorre nos pacientes com vitiligo em
qualquer parte do globo.
Na Índia a prevalência de doença psiquiátrica entre os portadores de vitiligo é
16-34%, enquanto na Itália é 25% e na Inglaterra é 35% (PARSAD et al., 2003 apud
ONGENAE et al, 2006; PICARDI et al., 2000). As doenças descritas foram variadas,
em um grupo indiano: depressão (10%), distimia (7-9%), episódio depressivo (18-
22%), distúrbios do sono (20%), pensamentos suicidas (10%), tentativas suicidas
(3,3%) e ansiedade (3,3%). (PARSAD et al, 2003 apud ONGENAE et al, 2006)
12
2.5 - Incidência
Vitiligo tem prevalência variável na literatura de 0,14 a 8,8%, sendo descrita
geralmente de 1-2% da população mundial (ORTONNE et al., 2003). Steiner et al ,
em 2004, o descreveram como tendo prevalência de 0,5-2%. Castanet et al , em
1997, referem como 1-4%. Acomete homens e mulheres de forma equivalente,
embora alguns estudos descrevam prevalência maior em pacientes do sexo
feminino, talvez pela mulher buscar com maior freqüência o auxílio médico (KURTEV
et al., 2004; MORELLI 2000; ZHANG et al., 2004). Ele acomete todas as etnias,
todas as raças e ambos os sexos, embora seja mais desfigurante nos pacientes com
fototipos mais elevados (GRIMES, 2004). A prevalência da doença varia entre os
diferentes grupos étnicos, sendo estimada em 2% no Japão, 1% nos EUA e 0,14%
na Rússia (STEINER et al., 2004).
Em uma investigação epidemiológica na ilha de Borholm, na Dinamarca, com
população estável e homogênea de 47.033 pessoas, foi encontrada a prevalência de
vitiligo de 0,38% (diferente do referido na literatura de 1-2%), sendo semelhante nos
sexos feminino (0,40%) e masculino (0,36%) (HOWITZ et al., 1977).
13
2.6 - Manifestações clínicas
O vitiligo ocorre principalmente nas áreas fotoexpostas e em fototipos mais
elevados, podendo surgir em qualquer idade (há casos descritos desde o
nascimento até 81 anos de idade). Entretanto, a maioria dos casos surge entre os 10
e 30 anos de idade (adolescentes e adultos jovens), com maior prevalência entre os
10 e 14 anos (ORTONNE et al., 2003; ZHANG et al., 2004). Cinqüenta por cento
dos pacientes apresentam as lesões antes dos 20 anos de idade e 25% antes dos
10 anos (KURTEV et al., 2004; MORELLI, 2000). Foi observado que o vitiligo com
história familial positiva geralmente se inicia mais precocemente (LABERGE et al.,
2005).
A lesão típica de vitiligo consiste em máculas inicialmente hipocrômicas,
depois acrômicas, marfínicas, de limites bem definidos, não pruriginosas, de
dimensões variáveis. Em alguns casos as lesões exibem uma hipopigmentação
tricômica – com a tez de coloração intermediária (hipocrômica) entre a área
acrômica e pele sã, geralmente no tronco de pacientes com vitiligo em atividade.
(FITZPATRICK, 1964 apud HANN et al., 2000; KOVACS, 1998). As lesões,
caracteristicamente, apresentam fenômeno de Koebner, descrito inicialmente para
pacientes com psoríase (SWEET, 1978). Eventualmente as lesões podem
apresentar uma borda elevada, eritematosa correspondendo ao vitiligo inflamatório.
Entretanto, o eritema da mácula de vitiligo pode ser desencadeado pela exposição
solar e nesse caso não deve ser considerada como uma alteração inflamatória. O
eritema nas máculas em áreas expostas ocorre com freqüência no Brasil (COSTA,
1947). As lesões podem ser únicas ou bem numerosas e as máculas podem crescer
e coalescer (ORTONNE, et al., 2003). Pode ocorrer inicialmente de forma rápida e
progressiva ou evoluir de forma intermitente durante anos (MORELLI, 2000).
14
No Brasil, Costa descreveu dois casos raros de vitiligo palmo-plantar
(COSTA, 1947).
Anormalidades oculares também podem ocorrer: alterações na íris (irite) e na
retina (coriorretinite). Alterações hipopigmentares ocorrem, em até 40% dos
pacientes, no epitélio pigmentar da retina (que deriva da porção cefálica da crista
neural) e na coróide (cujos melanócitos derivam da porção espinhal da crista neural)
(KOVACS, 1998).
O vitiligo pode estar associado a outras alterações cutâneas como
leucotríqua, poliose, observada em 9-45% dos pacientes, embranquecimento
prematuro dos cabelos (37%), nevo-halo e alopecia areata (16% dos casos)
(ORTONNE et al.,2003).
O início do quadro geralmente é atribuído a eventos específicos ou momentos
de “crise” na vida dos pacientes (perda de emprego, morte na família, doença grave
etc). Em um trabalho cubano, foi constatado que 70% dos pacientes referem um
evento estressante antes do início da doença (LÓPEZ 1995 apud GONZÁLEZ,
2000). Foi sugerido que o estresse eleva os níveis de hormônios neuroendócrinos,
altera o nível de neuropeptídeos e neurotransmissores no sistema nervoso central
além de afetar o sistema imune. Os neuropeptídeos circulantes alterados interferem
com a atividade das células Natural Killer; sendo encontrados níveis elevados de
catecolaminas (norepinefrina circulante) nos pacientes com vitiligo. Estes fatores
poderiam levar ao início ou exacerbação do vitiligo (O´LEARY, 1990).
Traumas locais (acidentes ou cirurgias) também podem ser considerados
fatores precipitantes do vitiligo, já que o fenômeno de Koebner é característico dessa
doença.
15
Medicamentos como cloroquina e clofazimina também foram descritos como
possíveis desencadeares de vitiligo (KOVACS,1998).
2.6.1 - Doenças associadas
Doenças endócrinas são freqüentemente encontradas nos pacientes com
vitiligo. A principal associação é com doença tireoideana, hipotireoidismo,
hipertireoidismo, doença de Graves, bócio tóxico e tireoidite, que ocorre em 30-40%
dos pacientes (MASON et al., 2005), embora alguns autores questionem a validade
desta associação (ORTONNE et al., 2003). A prevalência da tireoidite auto-imune,
por exemplo, é de 30% entre os pacientes com vitiligo e de 1% na população em
geral (KEMP et al., 2001). Em uma coorte de pacientes com vitiligo, observou-se que
ele ocorre antes ou simultaneamente com a doença tireoideana auto-imune
(ZETTINIG et al., 2003). No Brasil, encontrou-se a ocorrência de doenças da
tireóide em 11,9% de 261 pacientes com vitiligo, valor inferior aos dados relatados
(CASTRO,2005). Anticorpos antimicrossomais e antitireoglobulina são geralmente
encontrados nos portadores de vitiligo. Em crianças observou-se 13% de doença
tireoideana e 50% positividade de anticorpos antitireoideanos (antimicrossomal e
antitireoglobulina) (KURTEV et al.,2004). Três casos de sarcoidose foram relatados
em associação com vitiligo, dois destes com tireoidite auto-imune associada
(TERUNUMA et al., 2000).
Outras moléstias associadas são diabetes mellitus, 1-7% dos pacientes com
vitiligo; doença de Addison, 2%; anemia perniciosa e síndrome da poliendocrinopatia
múltipla. Esta última ocorre particularmente nos pacientes com vitiligo extenso
(KOVACS,1998; ORTONNE et al., 2003). A associação com doenças auto-imunes
ocorre principalmente nos pacientes com vitiligo familial (LABERGE et al., 2005).
16
Sendo o vitiligo uma doença comum, não é de se surpreender que várias
doenças tenham sido associadas a ela. Há muitos relatos de caso. Entretanto, para
se estabelecer uma verdadeira associação são necessários estudos epidemiológicos
com uma amostra grande suficiente para validar a associação (NORDLUND et al.,
1997). Os relatos de casos serão importantes na medida em que permitirem uma
discussão dos mecanismos patogênicos das doenças envolvidas.
Na China, encontrou-se maior freqüência de artrite reumatóide, ictiose e
urticária crônica entre os pacientes com vitiligo quando comparados com a
população sadia (LIU et al.,2005).
A associação de psoríase e vitiligo é conhecida desde 1890 e a relação entre
as duas doenças não é bem conhecida (NEUMANN, 1936 apud SANDHU et al.,
2004). São descritas com prevalência semelhantes, de 1-2% (ORTONNE et al, 2003;
CASTRO, 2005). Embora alguns autores descrevam maior ocorrência de psoríase
entre os pacientes de vitiligo, em uma coorte de 4700 pacientes com psoríase
observaram-se apenas 38 casos de vitiligo. Neste estudo, o curso clínico do vitiligo
independia da evolução da psoríase, inclusive a distribuição topográfica das lesões
era distinta (SANDHU et al., 2004).
No Brasil, em um estudo retrospectivo com 740 pacientes submetidos à
fototerapia, foi encontrado 3,06% de prevalência da associação de vitiligo e
psoríase. (CASTRO,2005).
Em pacientes com infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV),
está relatada o ocorrência de vitiligo após o início da infecção. Sabe-se que o vírus
HIV leva à imunodepressão além de desregulação do Sistema Imune que pode se
manifestar como reatividade autoimune. Já foram relatados casos de pacientes que
17
apresentaram repigmentação das lesões de vitiligo apenas após o início da terapia
antiretroviral HAART (ANTONY et al., 2003).
O vitiligo também pode ocorrer como manifestação auto-imune em pacientes
pós-transplante que apresentam doença do enxerto-verus-hospedeiro (GVHD). As
biópsias destes pacientes demonstram infiltrado inflamatório dérmico, que pode
corresponder ao vitiligo em evolução ou à lesões vitiligóides de GVHD bem
estabelecida (SILVA et al.,2006).
18
2.6.2 -Hereditariedade e Fatores Genéticos
Embora o vitiligo seja caracterizado como uma entidade clínica singular, sua
etiologia é complexa. Estão envolvidos fatores hereditários e uma gama de fatores
precipitadores potenciais. Embora o padrão de herança não tenha sido estabelecido,
o vitiligo é uma doença hereditária.
A agregação familiar é observada desde 1933 (MAJUNDER, 2000 apud
ZHANG et al., 2004; LIU et al.,2005). Mais de 30% dos pacientes relatam outros
casos de vitiligo na família (ORTONNE et al., 2003). Quanto maior o grau de
parentesco, maior a chance de desenvolver a doença. Parentes de 1º grau de
doentes com vitiligo tem um risco 3 a 13 vezes maior de desenvolver a doença; os
de 2º grau, 2 a 4 vezes maior e os de 3º grau, apresentam a mesma chance de
desenvolver todos os subtipos de vitiligo (exceto o vulgar) que a população geral. Os
parentes podem observar embranquecimento prematuro dos cabelos. Alguns
estudos demonstram certos marcadores de HLA em grupos específicos (HLA-A2,
HLA-Dw7, HLA-DR4, B13, Bw35, Cw7,DR6), mas são dados inconsistentes . Os
trabalhos que tentam determinar HLAs específicos geram resultados variáveis
devido ao pequeno número de pacientes em cada estudo (KOVACS,1998).
Embora tenha sido descrita anteriormente como doença de herança
autossômica recessiva com apenas 3 ou 4 loci controlando a doença, sabe-se hoje
que doença está associada com loci genéticos em distintos cromossomos (pelo
menos 7), evidenciando a natureza poligênica desta moléstia (DAS et al., 1995;
MAJUNDER et al., 1993; ZHANG et al., 2004).
Em modelos animais para estudos dos melanócitos e controle da
pigmentação, a quantidade de loci genéticos que afetavam a pigmentação
19
ultrapassava o número 100. Sendo que todos estes loci, ou virtualmente todos,
apresentam equivalente humano (BENNET, 2003).
É possível que o locus de maior suceptibilidade ao vitiligo esteja localizado no
cromossomo 1p (chamado AIS1). Este confere um fenótipo autoimune, levando a
doenças autoimunes como tireoidopatias e endocrinopatias, além do vitiligo. Outros
sete loci nos cromossomos 1,7,8,11,19 e 22 atuariam como “sinais” adicionais
(SPRITZ, 2003)
O polimorfismo do gene da enzima conversora de angiotensina (ECA),
estudado nas doenças auto-imunes, foi também avaliado no vitiligo. Viu-se que a
distribuição genotípica do gene da ECA era diferente nestes pacientes, quando
comparados ao controle. Desta forma inferiu-se sua relação com o surgimento do
vitiligo (JIN et al., 2004)
Recentemente, o vitiligo foi descrito como doença com modo de herança não
mendeliana, multifatorial, poligênica aditiva, isto é, deve-se considerar, além da
influência de fatores ambientais, os fatores genéticos para cada subtipo de vitiligo.
As variações genéticas são responsáveis por 50% das variações fenótipicas do
vitiligo, sendo o restante atribuído aos fatores ambientais (GRIMES, 2004; ZHANG et
al., 2004).
20
2.6.3 - Classificação clínica
O vitiligo é classificado em quatro subtipos: focal, segmentar, generalizado e
universal, de acordo com o grau de acometimento do tegumento cutâneo
(ORTONNE et al., 2003; KOVACS,1998).
• Focal: uma mácula isolada ou escassas lesões, limitadas em tamanho, em
distribuição que não corresponde a um dermátomo. Vinte por cento das crianças
com vitiligo apresentam esse subtipo.
• Segmentar: caracterizado por uma mácula unilateral com distribuição
correspondente a um dermátomo, assimétrico. É um subtipo especial, de curso
estável e que não está associado a doenças auto-imunes ou história familial de
vitiligo. A koebnernização não é característica. Corresponde a 5% dos casos de
vitiligo em adultos e mais de 20% dos casos em crianças (LIU et al.,2005). Em mais
de 50% dos casos há acometimento trigeminal e 50% dos casos estão associados
com poliose.
• Generalizado ou vulgar: é o subtipo mais comum. Caracteriza-se por várias
lesões acrômicas, de distribuição geralmente simétrica e que acomete as superfícies
extensoras dos membros (articulações interfalangeanas, articulações
metatarsianas/metacarpianas, cotovelos e joelhos) além dos punhos, maléolos, área
periumbilical, axilar e regiões periorificiais. O vitiligo acrofacial é aquele em que há
acometimento dos dedos distalmente e das áreas faciais periorificiais.
• Universal: ocorre quando o vitiligo é tão generalizado de forma que
encontramos apenas pequenas áreas de coloração normal da pele. Este subtipo
está associado à síndrome da poliendocrinopatia múltipla.
Numa grande coorte de 3742 indivíduos com vitiligo, 54% dos que tinham a
forma focal evoluiram para os outros subtipos clínicos (LIU et al.,2005).
21
Outras classificações são encontradas. Hann classifica a doença em
localizada, generalizada ou universal (HANN et al., 2000 apud ZHANG, 2004).
Zhang estabeleceu a classificação da doença em focal (que inclui a forma mucosa),
vulgar, universal, acrofacial e segmentar, encontrando as prevalências de 25,9%,
46,1%, 2,9%, 10,8% e 14,2% respectivamente para cada uma das formas (ZHANG
et al., 2004).
O envolvimento mucoso pode ocorrer, acometendo genitália, mamilos, lábios
e gengiva.
Foi também proposta uma classificação dividindo o vitiligo em apenas duas
formas: segmentar e generalizado, já que o vitiligo segmentar apresenta
características clínicas, evolutivas e de resposta aos tratamentos distintos da forma
generalizada (BELLET et al.,2005).
O diagnóstico diferencial de vitiligo inclui outros distúrbios da pigmentação:
pitíriase alba, hipopigmentação pós-inflamatória, piebaldismo, morféia, hanseníase,
esclerose tuberosa e líquen esclero-atrófico, além do vitiligo induzido quimicamente
(leucodermia vitiligo-símile) por catecóis, fenóis alquilados e aldeído cinâmico
usados em germicidas, inseticidas e resinas e o monobenzil éter de hidroquinona
usado na indústria da borracha (BELLET et al.,2005; STEINER et al, 2004).
22
2.7 - Histopatologia
O exame histopatológico das lesões de vitiligo não identifica a presença de
melanócitos. Essa ausência de melanócitos pode ser confirmada por anticorpos
monoclonais, anticorpos policlonais dirigidos contra as células melanocíticas e
exame ultraestrutural (LE POOLE,1993). Embora todas as descrições
anatomopatológicas de vitiligo tenham como foco a conhecida destruição dos
melanócitos e o desaparecimento do pigmento na epiderme, graus variados de
processo inflamatório foram descritos na pele perilesional ou mesmo lesional em
fase inicial (GOKHALE et al., 1983; HANN et al., 2000; HORN et al., 1997; MONTES
et al., 2003).
Além de infiltrado inflamatório mononuclear dérmico (perivascular e
perifolicular) em lesões acrômicas e hipocrômicas, espongiose focal também foi
observada na pele marginal em 48% dos pacientes com lesões ainda hipocrômicas,
em fase inicial de despigmentação (SHARQUIE et al.,2004)
Foram relatadas alterações inflamatórias inicialmente sugestivas de linfoma T
cutâneo (infiltrado inflamatório perivascular, perifolicular e intersticial de linfócitos
TCD4+, porém sem clonalidade evidenciada pelo estudo do rearranjo de receptor de
célula T) em pacientes com lesões hipocrômicas de diagnóstico incerto que
evoluíram para total ausência de melanócitos e lesões francamente acrômicas,
características de vitiligo (HORN et al.,1997). Estes achados indicam uma reação
mediada pelo sistema imune, através da qual os linfócitos teriam papel importante na
destruição dos melanócitos.
A análise histológica e imunoistoquímica (com os marcadores S100 e CD1a)
do vitiligo tricrômico demonstrou alterações inflamatórias epidérmicas e dérmicas
principalmente na área intermediária hipocrômica e na pele perilesional, comparadas
23
com pele lesada e pele sã. Os achados encontrados foram: degeneração vacuolar
da camada basal, infiltrado mononuclear e presença de melanófagos na derme e
redução de melanócitos na área hipopigmentada em relação à pele sã. Além disso,
alguns melanócitos estavam presentes até mesmo na própria lesão de vitiligo e
houve aumento das células de Langerhans na área hipopigmentada e perilesional
comparadas com pele sã e lesão de vitiligo. Desta forma, pode-se observar que a
área hipocrômica demonstra atividade intensa da doença e o aumento das células
de Langerhans pode ocorrer no vitiligo ativo. A área perilesional, embora com clínica
normal, apresenta também alterações inflamatórias (HANN et al.,2000).
A análise ultraestrutural, além de confirmar a ausência de melanócitos,
destruídos por vacuolização, demonstra aumento das células de Langerhans e
alterações vacuolares dos queratinócitos (MONTES et al.,2003).
Panuncio et al observaram, através de análise ultraestrutural de lesões
estáveis de vitiligo, alterações nos melanócitos, sinais de degeneração nos
queratinócitos e alterações nas células de Langerhans que indicaram atividade
macrofágica intensa. Além disso, foram vistos elementos compatíveis com linfócitos
na epiderme e derme e macrófagos na derme, sendo que em certas áreas havia
desaparecimento da camada basal. Esse estudo sugeriu que mesmo no vitiligo
estável, a acromia implicou em atividade citológica intensa, provavelmente devido à
citotoxicidade mediada por células pois os achados ultraestruturais lembram uma
reação liquenóide (PANUNCIO et al., 2003).
A análise dos dois tipos de melanina (eumelanina e feomelanina), através de
cromatografia líquida de alta performance, das lesões de vitiligo demonstrou que as
lesões acrômicas e repigmentadas apresentavam os dois tipos de melanina, mas a
proporção entre elas diferia. Assim, manchas acrômicas apresentaram uma maior
24
quantidade de feomelanina e lesões repigmentadas preferencialmente eumelanina.
De qualquer forma, melanina foi detectada mesmo em lesões com 5 anos de
evolução. Isto está de acordo com alguns trabalhos que demonstraram poder haver
melanócitos viáveis em lesões com longo tempo de evolução (PARSAD et al.,2003).
Atividade residual da tirosinase também podem ocorrer nas lesões, sendo que esta
enzima é exclusiva dos melanócitos (LE POOLE et al.,1997)
Todas estas alterações histológicas encontradas, além da conhecida
ausência de melanóticos, sugerem uma atividade inflamatória presente na qual os
linfócitos teriam como alvo os melanócitos e uma atividade subclínica em potencial,
visto que linfócitos foram encontrados na área perilesional. Embora a quantidade de
linfócitos seja pequena nas biópsias de vitiligo, poucas células são necessárias para
induzir citoxicidade celular dependente de anticorpos. (NORRIS et al., 1988).
25
2.8- Patogênese
A causa precisa da destruição dos melanócitos é desconhecida.
A patogênese do vitiligo é complexa e há o fato irrefutável da ausência de
melanócitos nas lesões de vitiligo. Assim mecanismos etiológicos são propostos
para explicar a destruição melanocítica.
A comparação do quadro do vitiligo segmentar e do generalizado sugerem
diferenças clínicas fundamentais e correlação com mecanismos patogenéticos
distintos. Pacientes com vitiligo segmentar geralmente são mais jovens, a doença
estabiliza-se no primeiro ano, não há fenômeno de Koebner, nem história familiar e
associação com doenças auto-imunes.
Tradicionalmente existem três hipóteses básicas para explicar o vitiligo:
hipótese neural, da auto-destruição e imunológica. Outros possíveis fatores
etiológicos, como deficiência de fatores de crescimento dos melanócitos, defeito
intrínseco na estrutura e função dos melanócitos ou fatores genéticos, estresse
oxidativo por alteração mitocondrial, um fenômeno descrito como melanocitorragia,
também foram propostos para explicar o processo de despigmentação (AL´ABADIE
et al., 1994; GAUTHIER et al., 2003; PICARDO, 2003;).
2.8.1- Teoria Imunológica/Auto-imune
Estudos recentes fornecem evidências a favor da hipótese auto-imune, de
forma que ela se tornou o objetivo desta dissertação. A associação com doenças
auto-imunes, a presença de alterações inflamatórias na pele e a detecção de auto-
anticorpos nos pacientes de vitiligo demonstram uma base imunológica para a
etiopatogenia dessa doença.
Diversos esquemas terapêuticos que envolvem imunomodulação e
imunossupressão são eficazes para o vitiligo e confirmam a autoimunidade envolvida
26
nessa doença. Incluem-se, neste grupo, a fotoquimioterapia (PUVA) e o uso de
corticóides tópicos que levam à repigmentação através da supressão da resposta
imunológica local responsável pelo dano ao melanócito.
Para que ocorra uma doença auto-imune é necessária uma ruptura da
homeostase normal do sistema imunológico, levando à destruição tecidual. Em
pessoas normais, o sistema imune mantém a habilidade de reconhecer 25 milhões
de antígenos diferentes (ARSTILA et al., 1999 apud LEE et al., 2004).
Existem dois mecanismos básicos que levam à tolerância ou irresponsividade
a autoantígenos. O primeiro é o da tolerância central ou deleção central: as células B
e T deletam, no timo e na medula óssea, as células auto-reativas. Mesmo com este
mecanismo, alguns destes precursores irão escapar à deleção, irão amadurecer e se
dirigirão para os tecidos periféricos, mas sem causar lesão. O outro mecanismo é o
da tolerância periférica, que envolve a regulação das células auto-reativas através
de muitas etapas regulatórias. Uma hipótese para explicar o vitiligo seria a quebra da
tolerância à auto-antígenos (LEE et al.,2004).
Hoje em dia, conhecem-se as “Tregs” como sendo uma subpopulação de
linfócitos T com propriedades imunoregulatórias. A depleção ou disfunção destas
células, que são CD4+ expressando, na sua maioria, CD25, pode levar ao
surgimento de doença auto-imune. Ao se comparar indivíduos sadios com pacientes
de vitiligo, viu-se que eles apresentavam níveis elevados do marcador de superfície
CD25, sugerindo o envolvimento destas células nos pacientes com vitiligo
(MAHMOUD, 2002).
O polimorfismo do CTLA-4 (antígeno associado ao linfócito T citotóxico)
também foi relatado, mas apenas em pacientes com vitiligo associado a outra
27
doença auto-imune. O CTLA-4 controla a apoptose da célula T e está envolvida
negativamente na ativação da célula T. (KEMP et al., 1999)
A auto-imunidade é definida como a responsividade do Sistema Imune
Adquirido (ou Adaptativo ou Adaptável) para auto-antígenos que ocorre quando os
mecanismos de auto-tolerância falham. Neste contexto, definiremos como doença
auto-imune aquela causada pela perda da auto-tolerância, de forma que o Sistema
Imune Adquirido responde aos auto-antígenos, levando à lesão celular e tecidual.
(ABBAS et al., 2003).
Existem critérios estabelecidos para classificar uma doença como auto-imune
(Tabela 2.1).
TABELA 2.1. Critérios de doença auto-imune Critérios de doença auto-imune
1. Ocorrência de auto-anticorpos
2. Especificidade de auto-anticorpos contra antígenos, que se correlacionam com
a atividade da doença
3. Habilidade dos auto-anticorpos em causar injúria e destruição celular in vitro
4. Modelos animais demonstrando in vivo o papel dos anticorpos como prova
definitiva do seu papel na gênese da doença Extraído de Jérome Castanet and Jean-Paul Ortonne IN: Skin Immune System (SIS) Second Edition, 1997 edited by Jan D.
Bos.
Desta forma, observamos no vitiligo: presença de autoanticorpos,
especificidade dos autoanticorpos, capacidade de destruição dos melanócitos pelos
autoanticorpos e utilização de modelos animais (CASTANET et al., 1997; KEMP et
al., 2001).
Diversas anormalidades na imunidade humoral e celular também foram
descritas nesses pacientes. Provavelmente, a concomitância das ações imunitárias
do tipo humoral e celular atuam de forma sinérgica na destruição dos melanócitos. A
presença de vitiligo em animais como as galinhas da linhagem Smith, gato siamês,
28
cachorros belgas, cavalos árabes e porcos possibilitou o uso de modelos
experimentais (BYSTRYN, 1997). Em modelos animais de vitiligo, usando galinhas
da linhagem Smith, observou-se que a bursectomia, que prejudica a formação de
anticorpos e o uso de ciclosporina A, que inibe seletivamente a resposta imune
mediada por células T levaram ao retardo na ocorrência e reduziram a gravidade da
despigmentação, sugerindo o papel dos dois tipos de resposta imune na patogênese
da doença (LAMONT et al., 1981 apud CASTANET et al.,1997). Nestes mesmos
modelos animais de vitiligo, observou-se anticorpos séricos contra os melanócitos
destas, mas não no soro de galinhas com pigmentação normal (AUSTIN et al., 1992
apud KEMP et al., 2001).
2.8.1.1 - Um breve passeio no Sistema Imune Cutâneo
A palavra imunologia é derivada do Latim immunis ou immunitas cujo
significado é “isento de carga”, sendo que a carga pode referir-se a uma taxa
monetária imposta ao cidadão, uma regra ou lei de restrição de direitos e liberdade,
ou uma enfermidade. Indivíduos que não sucumbem a uma doença quando
infectados são ditos imunes e o status de uma resistência específica a uma
determinada doença é chamado de imunidade.
Desde o início do século, muitos foram os prêmios Nobel de Medicina dados a
imunologistas ou pesquisadores deste assunto, denotando ser este um campo em
constante evolução que leva a avanços na patogenia das doenças imuno-mediadas,
contribuindo para a terapêutica destas moléstias.
A pele é o primeiro órgão de defesa aos insultos do ambiente, assim não é de
se surpreender que a pele apresente uma grande capacidade de gerar uma resposta
imune. Todos os seus componentes celulares e solúveis podem ser englobados em
um verdadeiro parênquima cutâneo, em constante dinamismo. Denomina-se SALT
29
(skin-associated lymphoid tissue) os componentes do sistema imune cutâneo
(SCHWARZ, 2003).
O conhecimento dos princípios da imunologia são importantes para o estudo
de muitas doenças cutâneas como por exemplo: psoríase, dermatite atópica e
vitiligo.(ROBERT et al.,1999).
Nesta dissertação, estudou-se um dos aspectos do papel da célula T no
vitiligo.
2. 8.1.2 - Imunidade Inata e Adquirida
Dois conceitos são importantes ao se estudar Imunologia: a resposta da
Imunidade Inata e a da Imunidade Adquirida (SCHWARZ, 2003).
A Imunidade Inata representa uma resposta rápida, inespecífica, primitiva,
porém eficaz. É composta por neutrófilos, eosinófilos, células Natural Killer,
mastócitos, citocinas, complemento e peptídeos microbianos. Não há memória para
este tipo de resposta (SCHWARZ, 2003).
Já a Imunidade Adquirida é caracterizada pela especificidade e pela memória
(a cada encontro com o mesmo antígeno, a resposta será mais eficaz). É composta
pelas células apresentadoras de antígeno e pelas células T.
No caso da pele, temos, na epiderme, as células de Langerhans e na derme,
as células dendríticas dérmicas, atuando como células apresentadoras de antígenos
(SCHWARZ, 2003). As células de Langerhans da epiderme, embora representem
menos de 1% da população celular ocupam mais de 25% da área da superfície da
epiderme (ABBAS et al.,2003).
As células T de memória são recrutadas em caso de inflamação cutânea
(esta, em resposta a um insulto). Estas células, que sofreram previamente expansão
30
clonal como resposta ao encontro com o antígeno, são importantes para a vigilância
imunológica da pele (ROBERT et al.,1999).
As células T não reconhecem macromoléculas, como fazem os anticorpos, e
sim fragmentos de macromoléculas ligados a peptídeos específicos expressos na
superfície da célula apresentadora de antígeno (ROBERT et al.,1999).
As células T efetoras podem ser CD4+ ou CD8+. As células T CD4+ irão
reconhecer o antígeno na superfície das células apresentadoras de antígeno (CAA)
quando ligado à molécula de histocompatibilidade tipo II ao passo que as células T
CD8+ irão reconhecer o antígeno quando ligado ao MHC classe I da CAA (ABBAS et
al.,2003).
As células T-helper CD4+ estão principalmente envolvidas na resposta contra
antígenos externos enquanto que as células T-citotóxicas CD8+ participam das
respostas antitumorais e antivirais.
As células T helper (Th) podem ser divididas em Th1 ou Th2, de acordo com
seu padrão de secreção de citocinas: as Th1 produzem interferon-gama, TNF-alfa e
IL-2 (gerando resposta imune mediada por células, como vista nas lesões
granulomatosas de hanseníase) e as Th2 produzem IL-4, -5, -6, -9, -10 e -13
(induzindo produção de anticorpos, como ocorre na dermatite atópica). Desta forma
as células Th1 e Th2 produzem diferentes respostas.
As células T CD8+ são citotóxicas para as células que possuem o antígeno. O
papel destas células tem sido reconhecido em diversas doenças como dermatite de
contato alérgica (SCHWARZ, 2003). Assim como as células Th1 e Th2 têm padrões
diferentes de secreção de citocinas, as células Tcitotóxicas (Tc)-1 e Tc-2 também
podem ser diferenciadas (MOSSMAN et al., 1997 apud SCHWARZ , 2003).
31
Recentemente foi descrita a célula T regulatória (Tr), com importante papel na
inibição da resposta imune. A maioria destas células expressa CD4 e CD25 e seu
papel anteriormente era atribuído às células Tsupressor (Ts). A alteração da sua
função pode estar relacionada ao surgimento das doenças auto-imunes (SCHWARZ,
2003).
33
IL-1 e TNF-alfa, têm sua expressão aumentada (ROBERT et al.,1999). Além da E-
selectina outros mediadores facilitam a localização cutânea das células T CLA+
como citocinas e receptores de quimiocinas. Além da interação CLA/E-selectina,
também são descritas as interações VLA-4/VCAM-1 e LFA-1/ICAM-1 entre os
linfócitos e o endotélio, respectivamente, para a migração transendotelial das células
T-CLA+ (SANTAMARÍA-BABÍ, 2004).
A população de linfócitos T circulantes que expressa o CLA (que corresponde
a 10-20%, média de 15%, do total de linfócitos no sangue) e que migrará para a pele
constituirá mais de 85%-90% do infiltrado linfocitário das doenças inflamatórias
cutâneas (HUNGER et al., 1999; SIGMUNDSDOTTIR et al., 2003).
As células T de memória (CD45RO+) que expressam o CLA são geradas nos
linfonodos que drenam a pele e são recrutadas para a pele durante o processo
inflamatório. Embora o papel inicial destas células T de memória seja vigilância
imunológica, elas estão envolvidas em muitas doenças como dermatite de contato
alérgica, alopecia areata, psoríase, dermatite atópica, vitiligo, farmacodermias,
líquen plano, doença do enxerto-contra-hospedeiro e linfoma cutâneo de células T
(ROBERT et al.,1999; SANTAMARÍA-BABÍ, 2004).
As células T naive (CD45RA+) são aquelas que nunca entraram em contato
com o antígeno e estão continuamente recirculando entre o sangue e os órgãos
linfóides, sendo que é a expressão da L-selectina por estas células que permite sua
entrada nos linfonodos. Quando esta célula T naive encontra o antígeno, específico
para seu receptor, expresso na célula apresentadora de antígeno no linfonodo que
drena a pele, ela se torna ativada e se torna uma célula T de memória (CD45RO+)
que expressa o CLA. Com a expressão do CLA, ela adquire o elemento-chave para
migrar para a pele, deixando os linfonodos pelos linfáticos eferentes e indo atingir a
34
pele, local onde inicialmente o antígeno foi apresentado à célula apresentadora de
antígeno. (ROBERT et al.,1999) .
A distribuição dos linfócitos T-CLA+ no organismo foi estudada. Evidenciou-se
que, em condições basais, 98% das células T residentes da pele expressam o CLA,
sendo células T de memória (CD45RO+). Menos que 5% das células T de sítio
extracutâneos são CLA+. As células T de memória podem ser funcionalmente
divididas em: células T de memória central CCR7+L-selectina+ e células T de
memória efetora. As células T de memória central (CCR7+L-selectina+) recirculam
entre o sangue e os linfonodos, e as células T de memória efetoras (CCR7-L-
selectina-), entre o sangue e a pele, sem passar pelos linfonodos. Na pele, apenas
20% das células T tem o perfil de célula T de memória central (CCR7+L-selectina+),
assim a grande maioria do infiltrado de células T residentes na pele é de célula T de
memória efetora. Foi analisada a polarização das células T CD4+ residentes na pele
e constatou-se que 95% destas são produtoras de citocinas do tipo Th1 e há apenas
uma pequena proporção de células produtoras de citocinas Th2. Neste estudo fez-se
uma estimativa da subpopulação de células T da pele e do sangue e constatou-se
que a pele apresenta duas vezes mais a quantidade de células T residentes do que
a presente na circulação sistêmica. Desta forma, diferentemente do que se
acreditava anteriormente, as células T-CLA+ estavam presentes na circulação e
somente atingiam a pele, através do endotélio, em caso de inflamação, há uma
grande quantidade de células T residindo na pele em condições basais (CLARK et
al., 2006).
O comportamento migratório destas células T-CLA+ é importante para a
compreensão de como elas exercem o papel de vigilantes imunológicos e na
35
patogenia das doenças cutâneas mediadas por célula T. Sendo esta migração, um
evento controlado (SANTAMARÍA-BABÍ, 2004)
Extraído de ROBERT, C.; KUPPER, T.S. Inflammatory skin diseases, T cells and immune surveillance. New Eng J Med, v.341:1817-1828,1999.
As células T-CLA+ podem ser CD4+ ou CD8+ e uma vez ativadas podem levar
à produção das citocinas conforme o perfil citado anteriormente (ROBERT et
al.,1999).
Para entender a dinâmica das células T-CLA+, estudou-se também, através
de citometria de fluxo usando anticorpos anti-HECA 452, as células de linfa de pele
normal de indivíduos sadios, e observou-se que grande parte das células da linfa
(TCD8+; TCD4+; CD56+ que marca a célula NK; CD1a, marcador da célula de
Langerhans) expressavam o CLA de forma intensa. Após radiação destes
FIGURA 2.1. O comportamento migratório da célula T CLA+
36
indivíduos, com fonte de Radiação ultravioleta B (RUV-B)/Radiação ultravioleta A
(RUV-A) e indução de dermatite de contato alérgica com dinitroclorobenzeno
(DNCB), a expressão do CLA não se alterou, embora tenha aumentado o fluxo da
linfa após o estímulo inflamatório. Desta forma confirmou-se o CLA como marcador
do SALT (HUNGER et al., 1999)
2.8.1.5- O CLA nas doenças cutâneas
A presença do CLA, um determinante contendo ácido siálico, pode ser
demonstrada através da reação com o anticorpo monoclonal anti-HECA 452, que
também reconhece um tetrassacarídeo sialyl-Lewisx (S-Lex) em neutrófilos e
monócitos (SANTAMARIA BABÍ,2004).
Estudos demonstraram que linfócitos T citotóxicos autoreativos melanócito-
específico que expressam o CLA, causam a destruição dos melanócitos vista no
vitiligo auto-imune (OGG et al., 1998; VAN DEN WIJNGAARD et al., 2000;). Eles se
encontram justapostos aos melanócitos em destruição na área perilesional
(GRIMES, 2004).
Em outros modelos de doença, como a psoríase, o tratamento com RUV-B
por três semanas levou à redução na expressão do CLA pelos linfócitos, o que
coincidiu com a melhora clínica dos pacientes. Inclusive, previamente a este estudo,
viu-se que a freqüência de células T que expressavam o CLA estava diretamente
relacionada à atividade e extensão da doença (SIGMUNDSDOTTIR et al., 2003).
Assim, os níveis de CLA ou o grau de ativação das células se correlaciona com a
atividade clínica da doença (SANTAMARÍA-BABÍ, 2004). Os novos tratamentos com
agentes biológicos como alefacept e efalizumab estão relacionados à função das
células T-CLA+. Alefacept depleta as células T de memória circulantes e efalizumab
inibe a migração cutânea via LFA-1, já que a interação LFA-1 do linfócito T CLA+ e a
37
molécula de ICAM-1 do endotélio permite a chegada da célula T à pele (GOTTLIEB
et al., 2002).
Estudou-se linfoma cutâneo de células T (micose fungóide) e sua forma
leucêmica, a Síndrome de Sézary, e viu-se que que há expansão clonal de células
TCD4-CLA+ , sendo que nos pacientes com Síndrome de Sézary encontrou-se
elevada relação CD4/CD8 (de 6 a 93) e alta expressão de CLA pelas células T-CD4+
(média de 46%), o que não foi observado nos pacientes de micose fungóide (média
de 23%, discretamente elevada expressão de CLA pelas células T-CD4+) e
voluntários sadios (média de 10%) (SOKOLOWSKA-WOJDYLO et al., 2005).
Expansão de células T-CD4-CLA+ (25% de células do sangue periférico), com
produção de citocinas tipo Th2 e redução de células CLA+ com padrão Th1 de
produção de citocinas foi demonstrada em pacientes com dermatite atópica (TERAKI
et al.,2000).
Na forma cicatricial do lupus eritematoso discóide (crônico), observou-se
através de estudo de imunoistoquímica da pele lesada, presença de células T CD8-
CLA+ de forma mais intensa do que em pacientes com lupus subagudo e controles
sadios. Assim, estas células citotóxicas poderiam desempenhar papel importante na
forma cicatricial desta doença crônica autoimune (WENZEL et al., 2005).
A inibição da síntese do CLA pode constituir um caminho para se obter
atividade anti-inflamatória in vivo. Viu-se que o análogo fluorado da 4-fluorada-D-
glicosamina-N-acetilglicosaminaparacetilada (4-F-GlcNac), um metabólito inibidor da
síntese do CLA, evita a fase efetora da dermatite de contato alérgica em
camundongos. Desta forma, a inibição do CLA pode constituir um alvo terapêutico
para as dermatoses mediadas por célula T (DIMITROFF et al.,2003). De forma
análoga, os controles das variáveis que controlam a glicosilação da PSGL-1 para
38
sua transformação em CLA poderiam representar outro sítio para tratamento destas
doenças (FUHLBRIGGE et al.,1999).
2.8.1.6 - Imunidade Humoral e vitiligo
A associação com doenças auto-imunes e presença de anticorpos
circulantes no soro de pacientes com vitiligo dão fundamento à participação da
imunidade humoral na patogênese da doença. Confirmam um dos critérios para
doença auto-imune (critério 1 da tabela 2.1.) ( GRIMES et al.,1983).
Na realidade, não se sabe o papel verdadeiro dos autoanticorpos no vitiligo:
se eles levariam à destruição dos melanócitos ou se seriam secundários à
destruição destas células (CASTANET et al., 1997).
Como citado previamente, o vitiligo está associado a diversas doenças auto-
imunes, inclusive endocrinopatias, como a doença tireoideana com presença de
autoanticorpos. A freqüência de autoanticorpos órgão-específicos é variável:
anticorpos anti-célula parietal, anti-adrenal, anti-músculo liso, anti-nuclear e anti-
tireoideanos. Geralmente estes podem ser encontrados sem que haja doença auto-
imune clinicamente manifesta naquele órgão (MANDRY et al.,1996; MORGAN et al.,
1986; ORTONNE et al., 2003). Acredita-se que, de todos os auto-anticorpos
encontrados em pacientes com vitiligo, apenas os anti-tireoglobulina, anti-peroxidase
e anti-microssomal estariam elevados de forma consistente (encontrados em 10-
17% dos pacientes com vitiligo); sendo os outros auto-anticorpos apenas
marcadores de possibilidade de desenvolvimento de doença auto-imune
(CASTANET et al., 1997). Sendo que, inclusive nos parentes de 1º e 2º grau de
indivíduos com vitiligo, há aumento estatístico considerável na freqüência dos
anticorpos antitireoglobulina e antimicrossomal (MANDRY,1996). O achado desses
39
anticorpos, especialmente na ausência de doença clínica, não explica, isoladamente,
a injúria específica ao melanócito.
Em virtude destes achados, deve-se solicitar anualmente a dosagem de TSH e
anticorpo anti-tireoglobulina (anti-TPO) nos adultos e crianças com vitiligo, embora
não exista um protocolo estabelecido para acompanhamento destes indivíduos
(GRIMES, 2006; KURTEV et al., 2004).
Autoanticorpos contra melanócitos também foram encontrados no soro de
pacientes com vitiligo, demonstrando assim a especificidade dos anticorpos nesta
doença (critério 2 da doença auto-imune - vide Tabela 2.1.). Diversas técnicas foram
utilizadas para detectá-los: imunoprecipitação, imunofluorescência indireta,
immunoblotting e ELISA. Usando técnicas de imunoprecipitação, antígenos
imunodominantes foram inicialmente caracterizados com peso molecular de 40-45,
75, 90 e 150 Kd, designados VIT40, VIT75 e VIT90 (BYSTRYN,1997). Alguns desses
antígenos (35 e VIT90) são exclusivos das células pigmentadas (SEGHAL et
al.,2005). Mas a identidade desses antígenos permanece indefinida. Não se sabe se
estes, especificamente, correspondem a tirosinase ou TRP-1 ou à proteína S100
(BYSTRYN,1997; ONGENAE et al.,2003). Alguns dos anticorpos parecem reagir com
múltiplos antígenos presentes, não apenas nos melanócitos, como também em outros
tecidos; assim observa-se uma heterogeneidade na resposta de anticorpos. Embora
haja essa heterogeneidade de anticorpos, não se sabe porque ocorre destruição
seletiva dos melanócitos e não de outros tipos celulares. Talvez porque os
melanócitos sejam tipos celulares mais sensíveis a injúria tóxica e imunitária
(ONGENAE et al.,2003)
Oitenta por cento dos pacientes com vitiligo tem anticorpos circulantes contra
antígenos de superfície dos melanócitos, esses anticorpos são citotóxicos para os
40
melanócitos normais e células de melanoma in vitro e in vivo (FISHMAN et al., 1993;
ORTONNE et al., 2003). Alguns trabalhos encontraram estes anticorpos em 50% dos
pacientes com escassas lesões e em 93% dos pacientes com doença extensa
(NAUGHTON et al., 1986). Num estudo de caso-controle iraniano, encontrou-se 30%
de anticorpos antimelanócitos nos pacientes com vitiligo, e ausência deste nos
indivíduos sãos, além de redução de complemento C3 e C4 entre os doentes. Esta
redução do complemento pode estar relacionada ao seu consumo durante o processo
auto-imune (FARROKHI et al., 2005). Esses anticorpos citotóxicos se correlacionam
com a extensão e atividade da doença (NAUGHTON et al., 1986).
Imunoglobulina G purificada de pacientes com vitiligo quando injetada em
camundongos com pele humana transplantada resultou em redução do número de
melanócitos no enxerto e tem efeito destrutivo contra células de melanoma in vitro e
em camundongos (FISHMAN et al.,1993). Estes resultados foram confirmados por
Gilhar et al, que em 1995, demonstraram que IgG de pacientes com vitiligo, quando
injetadas em camundongos transplantados com pele humana, levava à destruição
dos melanócitos, evidenciada por IF direta, imunoistoquímica e microscopia
eletrônica (GILHAR et al., 1995). Sendo que esta citólise dos melanócitos pelo soro
de pacientes com vitiligo ocorria especialmente no vitiligo ativo (CUI et al., 1993).
Definiu-se assim a citotoxicidade mediada por anticorpos.
Foi observado que na ocorrência simultânea de vitiligo e melanoma, a
progressão do melanoma em modelos animais (porcos e cavalos) é mais lenta
provavelmente porque anticorpos antimelanoma destroem os melanócitos em
pacientes com metástase (CUI et al.,1995 apud KOVACS,1998).
Anticorpos anti-tirosinase (proteína de 69-kDa/75kDa), uma enzima-chave na
síntese da melanina, catalisando as duas primeiras reações (ver fig 2.2), portanto um
41
antígeno intracelular, foram identificados, através de Western Blot, em 77% dos
pacientes com vitiligo e em 12% dos pacientes com doença endócrina auto-imune
sem vitiligo.
FIGURA 2.2. – A. O melanócito . B. Biossíntese da melanina - Os melanócitos sintetizam a
tirosinase e quando incorporadas em organelas especiais (melanossomos) são iniciados uma série de eventos que levam à
síntese e deposição da melanina. A tirosinase(*) (monofenol; L-dopa) catalisa a primeira reação da biossíntese da
eumelanina: a hidroxilação da tirosina a DOPA (3,4 dihidrofenilalanina quinona). A DOPA será oxidada a DOPAquinona pela
tirosinase até formar dopacromo. Ele se descarboxilará espontaneamente para formar DHI, que será rapidamente oxidado para
produzir 5,6 indolequinona. Na presença de cátions divalentes, um intermediário carboxilado DHICA será formado e quando
oxidado formará ácido carboxílico 5,6 indole-quinona , que será autooxidado para formar a eumelanina. Quando a
DOPAquinona encontra compostos sulfidrílicos, será formada cisteinilDOPA e subseqüentemente, feomelanina.
Dois tipos de tirosinase foram isoladas dos melanócitos: uma intracelular ligada
à membrana, e outra solúvel (BARAHAV et al.,1996). Sendo que estes estudos
demonstraram inicialmente que os títulos se correlacionavam com a atividade da
doença, sugerindo também que os pacientes com doença mais extensa
apresentariam títulos mais elevados do que pacientes com a doença focal
(BARAHAV et al.,1996; NAUGHTON et al., 1986). Acredita-se também que estes
autoanticorpos não sejam dirigidos contra o sítio catalítico da enzima (BARAHAV et
al.,1996). Entretanto são necessárias evidências mais substanciais para poder
afirmar esta correlação de forma irrefutável (CASTANET et al.,1997).
T cisteinilDOPA Feomelanina
TIROSINA * DOPA DOPAquinona Dopac romos
D
DHICA DHI
Ácido carboxílico 5,6 indolequi nona 5,6 indolequinona
B
E Eumelanina
A
42
Outro grupo encontrou uma freqüência de 40% de pacientes com anticorpos
anti-tirosinase. (OKAMOTO et al., 1998) Xie et al. não encontrou anticorpos anti-
tirosinase nos pacientes com vitiligo (XIE et al.,1999) Mesmo com dados conflitantes,
muitos autores sugerem que a tirosinase é o principal antígeno do vitiligo auto-imune
(SONG et al.,1994).
Os resultados possivelmente diferem pois o soro de pacientes com vitiligo
reage contra múltiplos epítopos da tirosinase, além de duas proteínas relacionadas à
ela (TRP-1 e TRP-2: proteína relacionada a tirosinase 1 e 2 respectivamente) (KEMP
et al.,1999).
Estes anticorpos anti-tirosinase, além de serem encontrados em pacientes
com vitiligo, foram encontrados em pacientes com melanoma, especialmente na
forma metastática e pacientes em imunoterapia para melanoma. Este dado pode ter
implicações terapêuticas (FISHMAN et al., 1997).
Outros antígenos de diferenciação melanocítica, além da TRP-1 e TRP-2,
foram reconhecidos: gp100/Pmel17 (glicoproteina de matriz melanossômica), os quais
se localizam nos melanossomos . Entretanto, esses anticorpos dirigidos a Pmel17 e
TRP- possuem baixa freqüência, o que reflete um papel secundário na destruição dos
melanócitos no vitiligo auto-imune (KEMP et al., 1998).
Recentemente foi descoberto o autoanticorpo contra o receptor de superfície
melanin-concentrating hormone receptor 1 (MCHR1), de alta especificidade em
pacientes com vitiligo, usando-se IgG do soro de pacientes com vitiligo através da
técnica de radioimunoensaio. Sendo que permanece a discussão se este anticorpo
seria fundamental na gênese da doença ou se surgiriam secundariamente ao
processo de destruição dos melanócitos. Mesmo porque o receptor MCHR1 também
foi encontrado em outros elementos celulares como queratinócitos e células do
43
sistema nervoso central, embora os melanócitos realmente pareçam mais sensíveis
à injúria imune-mediada (KEMP et al.,2002).
Alguns estudos de imunidade celular demonstraram atividade de linfócitos
citotóxicos dirigida contra Melan A (MART1), uma proteína específica dos
melanócitos, mas autoanticorpos contra Melan A não foram encontrados no soro de
pacientes com vitiligo, em estudos controlados sobre o papel da imunidade humoral
(WATERMAN et al., 2002).
Enquanto anticorpos contra melanócitos têm papel importante na destruição
dos mesmos, a destruição dos queratinócitos é provavelmente secundária a
inflamação. O soro de pacientes com vitiligo é citotóxico para melanócitos, mas não
para queratinócitos in vitro.
A citólise mediada pelo complemento dos melanócitos humanos pelo soro do
paciente com vitiligo está aumentada nos pacientes J295.374 0 Td[(f)-12.1703(o)-
44
2.8.1.7 - Imunidade Celular e a relevância do CLA n o vitiligo
Estudos sobre imunidade celular também foram realizados com pacientes de
vitiligo. Durante muito tempo o infiltrado de células T no vitiligo foi menosprezado
talvez por estar presente, de forma mais intensa, apenas nas margens das lesões de
pacientes com a doença em atividade (LE POOLE et al., 2004)
Os primeiros relatos do envolvimento da imunidade celular na patogênese do
vitiligo se originaram nos estudos do infiltrado inflamatório observado ocasionalmente
nas biópsias dos doentes. Investigação histológica da área perilesional sugeria o
envolvimento de linfócitos no processo de acromia. Estudos imunoistoquímicos
confirmaram a presença de células T no infiltrado inflamatório, bem como sua
freqüente localização próxima aos melanócitos perilesionais. Estes infiltrados foram
estudados em pacientes com vitiligo generalizado, o que corresponde à grande
maioria dos mesmos, assim ainda permanece a necessidade de investigação dos
infiltrados de doentes com vitiligo segmentar ou ocupacional (LE POOLE et al., 1996;
OGG et al., 1988)
O fato do vitiligo vulgar se apresentar com lesões localizadas, simétricas,
acometendo os mesmos sítios anatômicos de forma bilateral, bem demarcadas, ao
invés de uma perda de coloração generalizada, gerou a inferência de que clones de
linfócitos com predileção por determinadas áreas (algo parecido com o que ocorre no
linfoma) fossem importantes para a destruição dos melanócitos, mais do que a ação
dos autoanticorpos (GOUDIE et al., 1990 apud AL BADRI et al., 1993).
Al Badri et al. demonstraram, através de estudos de imunoistoquímica das
margens de lesões de vitiligo, presença de células T CD4+ e CD8+, sem aparente
45
alteração na relação entre elas, e um número maior de células T HECA-452+ do que
a pele de controles sem vitiligo ou de pele não acometida de pacientes com vitiligo.
Sendo que muitos destes linfócitos T direcionados para a pele encontravam-se
ativados (MHC-II+ e IFN-gama+). Esse fato contribui para a hipótese de que as células
T lesionais estão envolvidas na destruição auto-imune dos melanócitos. Os autores
inclusive especulam que as células T lesionais sejam mais importantes para a
destruição auto-imune dos melanócitos do que os autoanticorpos antimelanocíticos
(AL BADRI et al., 1993).
A sugestão de Al Badri et al. sobre o papel da célula T no vitiligo foi reforçada
com os achados de Van den Wujngaard et al. e Le Poole et al. Através de estudos de
imunoistoquímica da área perilesional no vitiligo generalizado em atividade,
detectaram-se principalmente células TCD4+ e TCD8+ no infiltrado celular, geralmente
com um alto número de linfócitos T CD8+/CD45RO+ na área marginal da lesão e uma
relação CD4/CD8 reduzida (aproximadamente 0,48). (VAN DEN WUJNGAARD et al.,
2000). Sendo que estas células T perilesionais expressaram moléculas de adesão
(ICAM-1) e moléculas de ativação como o receptor de interleucina 2 (IL-2R (CD25));
HLA-DR e o complexo maior de histocompatibilidade II (MHC II) (AHN et al., 1994; LE
POOLE et al., 1997).
Estas células T citotóxicas, adjacentes à melanócitos em destruição na pele
perilesional, eram CLA+. (VAN DEN WIJNGAARD et al., 2000).
Expandido-se os linfócitos da parte marginal das lesões de pacientes com
vitiligo associado ao melanoma, viu-se que eles eram constituídos
predominantemente por linfócitos TCD8+, que reconheciam antígenos de
diferenciação melanocítica, sendo que a grande maioria (97%) expressava o CLA.
46
Vinte e seis porcento dos mononucleares periféricos autólogos expressavam o
antígeno cutâneo linfocitário (LE GAL et al., 2001).
O aumento da população TCD8+ na pele de pacientes com vitiligo é diferente
do que ocorre em outras dermatoses inflamatórias como psoríase, dermatite atópica e
de contato e líquen plano, nas quais os linfócitos T que infiltram a pele são
predominantemente células T CD4+ de memória (BARKER et al., 1992).
Diferentes dos trabalhos realizados sobre vitiligo, Ahn et al. encontraram,
através de imunoistoquímica, uma maior proporção de células T CD4+ na periferia das
lesões em atividade e número normal de T CD8+ (AHN et al., 1994). Estes dados
estavam de acordo com os resultados de A´l Badri et al., que encontraram expressão
elevada de MHC-II e ICAM-1 pelos melanócitos perilesionais em 13 de 21 pacientes
estudados. Uma vez que estas moléculas desempenham papel importante na
ativação da célula T helper e na apresentação do antígeno (AL BADRI et al., 1993).
Foi analisado também o perfil de citocinas in vitro produzidos por clones de
células T perilesionais estimuladas. Com a análise de todo espectro de citocinas
produzidas pelas células T CD4+ e TCD8+, tanto da área perilesional como não
lesada, houve tendência a um padrão tipo 1. Sendo que em dois pacientes foi
demonstrada citotoxicidade dos clones de células TCD8+ contra melanócitos
autólogos, sendo específicos para MART-1 (WANKOWICZ-KALINSKA, 2003).
Através da medida sérica dos níveis de IL-1, IL-1beta, IL-6, IL-8, TNF-alfa e GM-
CSF, observou-se apenas elevação dos níveis de IL-6, GM-CSF e IL1-beta,
especialmente nos pacientes com vitiligo generalizado e em progressão (TU et al.,
2003).
47
Além de células T no infiltrado celular, macrófagos CD68+ são abundantes na
derme e não foram encontradas células B no infiltrado inflamatório destes pacientes
(LE POOLE et al.,1996)
O papel das células de Langerhans, que agem com células apresentadoras
de antígenos e ativadoras das células T no vitiligo não é bem definido. Acredita-se
que a célula de Langerhans tenha um papel importante na interação melanócito-
queratinócito, embora não tenha sido esclarecida sua função. A escolha do local de
biópsia, tipos de vitiligo e técnicas utilizadas explicam os resultados divergentes
sobre estas células na pele de pacientes com vitiligo. Foram encontradas alterações
degenerativas das células de Langerhans, além de sua depleção em lesões ativas e
em repigmentação e ressurgimento destas células quando as lesões estabilizam
(KAO et al., 1990). Sua depleção no momento da atividade da doença pode ocorrer
em conseqüência aos fatores citotóxicos liberados durante o processo imunológico.
Entretanto, outros encontraram aumento destas células e retorno à normalidade
quando ocorre a repigmentação (WESTERHOF et al., 1986)
Outras evidências do papel da imunidade celular na patogênese do vitiligo
surgiram a partir de estudos com melanoma. A destruição seletiva das células
pigmentadas é o objetivo terapêutico no melanoma (BYSTRYN, 1997). Viu-se que a
presença de vitiligo, dentro das lesões de melanoma, circundantes ou distal à lesão
tumoral, estava relacionada com o aumento da sobrevida de pacientes com
melanoma. Em estudos com imunoterapia com IL-2, observou-se que os pacientes
que apresentavam regressão do melanoma desenvolviam, em 20% dos casos,
simultaneamente, lesões de vitiligo. Presume-se que a IL-2 estimule a resposta
imune pré-existente contra os melanócitos, levando à morte dos melanócitos
normais (BYSTRYN,1997) Assim, a despigmentação foi tida, por alguns como um
48
fator prognóstico para pacientes com melanoma, embora outros não demonstrem
aumento da sobrevida em pacientes com melanoma (BYSTRYN et al., 1987;
BYSTRYN; 1997).
A contribuição do estudo de pacientes com melanoma também veio elucidar
contra quais antígenos melanocíticos os linfócitos T citotóxicos se dirigiam. As
células T do infiltrado tumoral reconhecem antígenos de diferenciação melanocítica
que também são expressos por melanócitos normais como tirosinase, gp100, MART-
1, TRP-2, proteína P e TRP-1. Estes alvos são a base da terapia imunológica para
melanomas (ENGELHARD et al., 2002 apud LE POOLE et al., 2004; YEE et al.,
2000). A infusão de clones de T CD8+ específicos para MART1, acompanhados de
IL-2, em um paciente com melanoma metastático levou ao surgimento de eritema
seguido de alterações vitiligóides. A biópsia desta pele inflamada, após a infusão,
revelou a presença de células névicas degeneradas e um infiltrado inflamatório
intenso. Neste infiltrado, após imunoistoquímica, demonstrou-se que 28% dos
linfócitos tratava-se de células T CD8+-específicas para MART1, presentes também
no sangue (correspondendo a 1,2% de todas as células TCD8+). Caracterizou-se
desta forma o componente migratório das células, que saíram do sangue para a
pele, atraídas pelo antígeno MART-1 (YEE et al., 2000).
Outros estudos envolvendo antígenos que estimulariam linfócitos T CD8+ com
ação antitumoral, foram realizados em modelos animais e humanos. Viu-se que a
vacinação com plasmídeo expressando TRP-2, em camundongos, estimulou
linfócitos TCD8+ levando à destruição das células tumorais, mas não ocasionou
vitiligo. Assim, sugeriu-se que a proteção imunológica poderia ocorrer sem agressão
autoimune difusa. Além disso, a patogênese do vitiligo em pacientes com melanoma
estaria mais relacionada com a ação dos anticorpos contra antígenos melanocíticos
49
do que a atividade da célula T citotóxica (BRONTE et al., 2000). Embora achados
anteriores, in vivo, tenham demonstrado que a vacinação com TRP-2 leva ao
surgimento de anticorpos anti-TRP-2, cujos títulos se correlacionariam com o
surgimento de vitiligo e melhora do prognóstico (OKAMOTO et al., 1998)
Por outro lado, em outra pesquisa com camundongos, apenas a vacinação
com TRP-1 e não com outros antígenos como TRP-2, gp100, MART-1 e tirosinase,
levou à despigmentação e destruição das células de melanoma. Além disso, a ação
“imunogênica” do TRP-1 estava, surpreendentemente, associada ao recrutamento
dos linfócitos T CD4+ e presença de linfócitos T CD4+ anti-TRP1, além dos
anticorpos IgG antiTRP1, demonstrando ter um papel importante no processo de
despigmentação. Este dado foi discordante de todos os outros estudos em que o
foco de atenção era o linfócito T CD8+ citotóxico (OVERWIJK et al., 1999).
Avaliando-se o tratamento com interferon-alfa2b para 200 pacientes com
melanoma avançado, viu-se que a autoimunidade era um fator de bom prognóstico,
relacionado ao aumento de sobrevida destes pacientes. Entre os pacientes,
observou-se uma ocorrência de 6% de vitiligo e 10% de outras manifestações auto-
imunes como tireoidopatias com autoanticorpos positivos (GOGAS et al., 2006).
Uma outra estratégia, na imunoterapia em pacientes com melanoma, é
estimular a ativação da célula T através do bloqueio do CLTA-4 (um antígeno
associado ao linfócito T citotóxico), um receptor crucial para a redução da ativação
da célula T. Como durante a imunoterapia, alguns pacientes desenvolvem vitiligo, a
contribuição para o entendimento do mecanismo imunológico do vitiligo a partir de
modelos com melanoma é óbvia (LEE et al.,2004).
Acredita-se que as mesmas células T do infiltrado adjacente a um melanoma
sejam as células T encontradas nas biópsias das lesões em despigmentação.
50
Restando, então, a pergunta se as células T são as responsáveis pelo processo de
despigmentação em pacientes sem neoplasia e sem nenhuma causa aparente para
a perda da tolerância a auto antígenos (BECKER et al., 2002)
Quando estas células T CD8+ Melan-A-específicas eram infundidas em
pacientes com melanoma metastático, eles desenvolviam lesões inflamatórias e
máculas acrômicas, além de regressão do melanoma.
51
molécula que a qual o anticorpo fluorescente se liga. As suspensões das células são
incubadas com o anticorpo fluorescente e a quantidade de fluorescência de cada
célula e o número de células são medidas quando estas células passam no
fluorímetro com um feixe incidente de Laser (ABBAS et al., 2003), O Laser utilizado
é o argônio que possui comprimento de onda de 488nm e emite luz azul-esverdeada
(COON et al.,1991). O feixe de argônio de 488nm promove boa excitação para os
fluorocromos como ficoeritrina (PE) e fluoresceína (isotiocianato de fluoresceína –
FITC).
Em 1978, já se estudava as subpopulações linfócitárias do sangue periférico
através de imunofluorescência, pois se suspeitava da ação das células linfocitárias
com os antígenos melanocíticos, mas nenhuma alteração significativa foi encontrada
na época (ORTONNE et al., 1978). Posteriormente alguns estudos de caso-controle,
ainda envolvendo imunofluorescência, demonstraram que pacientes com vitiligo,
estável por mais de um ano, apresentaram elevada relação CD4/CD8, com aumento
percentual e absoluto das células T CD4+,o que ocorre freqüentemente nas doenças
autoimunes com produção de autoanticorpos. O foco então, tornou-se nestes
estudos, o papel da célula T CD4+ e seu desempenho como agente de
imunoregulação. Estes achados também foram encontrados nos pacientes de
primeiro grau dos doentes. (D’AMELIO et al., 1990; SOUBIRAN et al., 1985).
O fato desta relação TCD4+/TCD8+ ter sido elevada em pacientes de 1o grau
de portadores de vitiligo sugere que ela possa ser um marcador da doença, mesmo
em um estado latente ou subclínico. A expansão das células T CD4+ circulantes é
um fenômeno comum em várias doenças auto-imunes e a relação CD4/CD8 é
regulada por uma série de mecanismos homeostáticos. Uma perturbação nesse
52
sistema finamente regulado pode levar à uma desordem auto-imune como o vitiligo
(D’AMELIO et al., 1990).
Entretanto, Grimes et al. encontraram redução dos linfócitos CD3+ e CD4+ e
redução da relação CD4/CD8, em estudos de imunofluorescência, em pacientes com
vitiligo em atividade e menos de um ano de evolução. Especulou-se que esta
redução dos linfócitos T CD4+ poderia estar relacionada com a migração destas
células da circulação periférica para a pele com vitiligo (GRIMES et al., 1986). Além
disso, esta redução de linfócitos totais pode estar relacionada com ativação mediada
pelo antígeno e subseqüente morte celular (SEHGAL et al.,2005)
À semelhança de Grimes et al., Halder et al., no mesmo ano, também
evidenciou redução dos linfócitos T totais e da células T CD4+ em pacientes com
vitiligo de curta evolução (HALDER et al., 1986). Posteriormente, esta redução de
linfócitos T CD4+ e da relação CD4/CD8 foi descrita em pacientes turcos (GUNDUZ
et al., 2004).
Crianças foram também avaliadas. Em estudos feitos sobre imunidade celular
encontrou-se redução dos níveis periféricos de linfócitos T citotóxicos, aumento de
linfócitos T ativados e redução de células com atividade natural Killer (KURTEV et
al.,2004).
Foi demonstrado, em seres humanos, que as células T apresentam um ritmo
circadiano e uma modulação sazonal. Assim, foram realizados estudos para
determinar se havia alteração no ritmo circadiano das células T em pacientes com
vitiligo. Viu-se que pacientes com a doença em atividade perderam o ritmo
circadiano das células T CD4+, enquanto que nos pacientes com a doença estável
não ocorria. Neste mesmo estudo viu-se que as células T CD4+ estavam reduzidas
nos pacientes com vitiligo ativo e as células T CD8+ estavam diminuídas tanto nos
53
pacientes com a doença estável como na doença ativa. Desta forma, parece que um
percentual baixo de células TCD4+ associa-se com a atividade da doença e a
redução das células TCD8+, com a existência do vitiligo. (MOZZANICA et al., 1990).
Em 1992, Abdel-Naser et al., estudaram 16 pacientes com vitiligo, incluindo a
forma estável e ativa, tendo encontrado valores normais para as subpopulações
linfocitárias (ABDEL-NASER et al., 1992) Estes foram os mesmos resultados de
Mahmoud et al., que estudou 34 pacientes com vitiligo em atividade. Entretanto eles
encontraram expressão elevada de CD25 e HLA-DR pelos linfócitos nos pacientes
com vitiligo, indicando ativação das células T (GUNDUZ et al., 2004; MAHMOUD et
al., 1998).
Todas estas alterações discrepantes, entre os diferentes autores, podem ter
sido ocasionadas por inclusão de grupos heterogêneos em relação à atividade, e
evolução do vitiligo, diferentes etnias, além de técnicas de coleta e processamento
distintos (ver tabela 2.2) Foi descrito, inclusive, que as populações de linfócitos
periféricos podem sofrer influência de fatores como estresse, tabagismo, drogas,
atividades esportivas e envelhecimento. (WESTERMANN et al., 1990 apud ABDEL-
NASER et al., 1992).
54
TABELA 2.2. – Perfis descritos dos linfócitos T periféricos dos pacientes com vitiligo AUTOR Número de
Pacientes
Controles
pareados
Atividade
Da doença
Contagem
de Linfócitos
T TOTAIS
Contagem
de Linfócitos
T CD4+
Contagem
de Linfócitos
T CD8+
RELAÇÃO
CD4/CD8
Técnica
Utilizada
ORTONNE,
1978
38 Não Não
informada
normal Não
avaliado
Não
avaliado
Não
avaliado
Roseta de
hemácias
de carneiro
SOUBIRAN,
1985
32 Não estável normal elevado normal Elevada IF
GRIMES,
1986
20 Sim Não
informado
reduzidos redução Redução IF e
Citox assoc
Ao complem
HALDER,
1986
25 SIM Ambos
Incluídos
reduzidos reduzidos elevado Tende
a redução
CF
D’AMELIO,
1990
22 Sim Estável normal elevado Tende a
redução
Elevada IF
MOZZANICA,
1990
12 Sim Ambos
Incluídos
Não
informado
Reduzido
na forma
ativa
Reduzido
na forma
estável e
ativa
Não
informado
CF
ABDEL-
-NASER,
1992
16 Sim Ambos
Incluídos
normal normal normal Normal CF
HANN, 1993 50
Coreanos
Sim Ativo normal reduzido elevado 40% relaçao
Invertida
(<1)
CF
MAHMOUD,
1998
34
kwaitianos
Sim Ativo Não
informado
Normal
(tende a
Redução)
normal Normal
(tende a
Redução
CF
GUNDUZ,
2004
45
turcos
Não
informado
Ambos
Incluídos
normal reduzidos normal Reduzida CF
CAC= Citotoxicidade associada ao complemento; IF=imunofluorescência; CF=citometria de fluxo
Desta forma, em 1993, estudou-se um grupo homogêneo de cinqüenta
pacientes coreanos com vitiligo em atividade, generalizado, nos quais foi detectada
redução dos linfócitos TCD4+ e aumento dos linfócitos T CD8+, além de inversão da
relação CD4/CD8 em 40% destes indivíduos (HANN et al., 1993).
Além desses achados, a ativação de linfócitos T circulantes também foi
observada. A ativação de células T foi confirmada no vitiligo através da detecção de
níveis elevados de receptores de interleucina 2 solúveis (sIL2-R) especialmente na
forma generalizada e no vitiligo de curta duração. Sabe-se que os níveis de receptor
solúvel de interleucina 2 no soro indicam ativação de células imunocompetentes,
55
especialmente linfócitos, uma vez que a IL-2 é uma citocina que age com fator de
crescimento para a célula T. Uma correlação significante do nível elevado de sIL2-R
com a atividade da doença e período menor que 1 ano de evolução foi observada
(GALADARI, 2005; HONDA et al., 1997).
Ogg et al. e Mantovani et al. demonstraram, através de complexos
tetraméricos de HLA, a presença de linfócitos T CD8+ Melan-A-específicos no
sangue de pacientes com vitiligo auto-imune. Melan-A é um antígeno de
diferenciação melanocítica e estas células correlacionaram-se com a extensão e
atividade da doença. Neste estudo, essas células, reconhecedoras do Melan-A,
expressavam o CLA, o que não ocorria no grupo controle. (MANTOVANI et al., 2003;
OGG et al., 1998). Utilizando esta mesma técnica, observou-se também reatividade
das células TCD8+ para outros antígenos, além do Melan-A, tendo sido encontrada
para os peptídeos gp-100, mas não para tirosinase. Sendo que esta reatividade era
maior nos pacientes com a doença em atividade (MANDELCORN-MONSON et al.,
2003). Desta forma definiu-se um papel consistente das células T melanócito-
específicas no vitiligo, sendo a imunidade celular dependente de TCD8+ um possível
alvo de intervenção terapêutica. (MANDELCORN-MONSON et al., 2003;
MANTOVANI et al., 2003; OGG et al., 1998).
Utilizando avançadas técnicas genéticas de imunização para indução de
resposta imune antígeno-específica em modelos animais, sem indução de células
TCD4+ e anticorpos, foi evidenciado que as células pigmentares da epiderme eram
destruídas por linfócitos TCD8+, que se dirigiam contra TRP-2, uma enzima
melanossômica envolvida na síntese da melanina (STEITZ et al., 2004; STEITZ et
al., 2005).
57
ocorre a liberação dos melanossomos no citosol. Os melanócitos possuem um
mecanismo protetor intrínseco que elimina os precursores melanotóxicos
(ORTONNE, et al., 2003). Existem variantes desta hipótese:
A primeira hipótese sugere uma desrregulação desse mecanismo que levaria
a produção de radicais livres (peróxido de hidrogênio) e compostos tóxicos que são
destrutivos para os melanócitos. Talvez ocorra deficiência em inativar certas
enzimas e os intermediários tóxicos (MOELLMAN et al., 1982). A ocorrência de
leucodermia química que induz lesões semelhantes ao vitiligo devido destruição de
melanócitos por compostos fenólicos de estrutura similar a tirosina apóia esta
hipótese. Os melanócitos vacuolizam e retraem seus dendritos na presença de
produtos fenólicos (LE POOLE et al.,1997)
A segunda aponta para defeitos na enzima catalase. Uma alteração da
atividade da catalase e na síntese de tetrahidrobiopterina e de catecolamina na
epiderme poderia levar a níveis tóxicos de peróxido de hidrogênio resultando em
dano melanocítico (SCHALLREUTER et al., 1991 apud BYSTRYN 1997)
A terceira aponta para a ocorrência de estresse oxidativo por alteração
mitocondrial nestes doentes. Sabe-se que as mitocôndrias são consideradas umas
das principais fontes de radicais livres intracelulares. As mitocôndrias de linfócitos de
pacientes com vitiligo em atividade foram estudadas e encontraram-se alterados o
processo apoptótico, expressão de algumas enzimas do ciclo de Krebs, o potencial
transmembrana mitocondrial associados à elevada geração de radicais livres
intracelulares. Assim as mitocôndrias poderiam estar envolvidas no processo
patogênico, alterando o estado redox do indivíduo (DELL´ANA et al., 2003)
É importante ter em mente que o melanócito é extremamente sensível a
injúria. O limiar tóxico para a morte dos melanócitos pelo peróxido é 100 vezes
58
menor que do que a morte dos fibroblastos e consideravelmente inferior ao limite dos
queratinócitos. Isto pode tornar o melanócito particularmente sensível aos
intermediários tóxicos e ação dos radicais livres que ele produz (BYSTRYN,1997).
Foram encontrados elevados níveis teciduais de superóxido dismutase,
glutationa peroxidase e malondialdeído na biópsia de pacientes com vitiligo. Este
achado reforça o envolvimento dos radicais livres nesta doença (YILDIRIM et al.,
2004)
Através desta teoria, justificar-se-ia a suplementação de antioxidantes no
tratamento desta doença (DELL´ANA et al., 2003).
2.8.4 -Apoptose dos melanócitos
Outra hipótese levantada para explicar a destruição dos melanócitos no
vitiligo é a indução de apoptose. Os argumentos relevantes pró-apoptose advêm do
fato de citocinas como IL-1, IFN-gama ou TNF-alfa liberadas por linfócitos,
queratinócitos e melanócitos poderem iniciar apoptose. Uma alteração no balanço
das citocinas no microambiente epidérmico da pele perilesional de vitiligo poderia
alterar a vida normal e a função dos melanócitos (HUANG et al., 2002)
Embora alguns autores acreditem que a morte dos melanócitos ocorra por
apoptose sem componente inflamatório importante (NORIS 1994 apud LE POOLE
2004), observou-se que tanto os melanócitos de pacientes com vitiligo como os
melanócitos de indivíduos controles apresentam mesmo nível de morte celular
quando submetidos a um estímulo apoptótico como a RUVB (VAN DEN
WIJNGAARD et al., 2000). Assim acredita-se que os melanócitos de pacientes com
vitiligo não sejam mais susceptíveis a apoptose do que os melanócitos de pessoas
sadias. (LE POOLE, 2004).
59
2.8.5 - Descolamento melanocítico
Em 2003 foi estudado o efeito da fricção repetida da pele na adesão e
sobrevivência dos melanócitos na pele não lesada de indivíduos com vitiligo e as
biópsias seqüenciais após o trauma inicial sugeriram um destacamento (ou
descolamento) dos melanócitos seguido de sua eliminação transepidérmica. Isto
poderia explicar a resposta isomórfica (fenômeno de Koebner) e também ocorrer
secundariamente a outros mecanismos de lesão celular (GAUTHIER et al.,2003)
2.8.6 -Melanocitorragia
Esta teoria tende a integrar todos os conceitos anteriores e propõe que o
vitiligo não segmentar seja uma desordem melanocitorrágica primária com
melanócitos alterados pela fricção ou outras formas de stress que sofreriam
eliminação transepidérmica. Esta teoria é baseada no pobre sistema de adesão dos
melanócitos, diferente do que ocorre com os queratinócitos e na perda da
dendriticidade dos melanócitos, na presença de radicais livres (teoria do stress
oxidativo) ou de epinefrina (teoria neural) o que levaria ao destacamento dos
melanócitos e sua morte. Isto explicaria o fato das lesões ocorrerem em áreas de
fricção contínua, como pálpebras e extremidades. A liberação de autoantígenos
pelos melanócitos degenerados levariam a perda da tolerância imunológica, gerando
uma resposta imune que amplificaria o dano melanocítico (GAUTHIER et al., 2003).
2.8.7 -Defeito intrínseco do Melanócito
Melanócitos de vitiligo cultivados em cultura não apresentam diferenças na
síntese de DNA, atividade da tirosinase e resposta a RUV-B quando comparados
com melanócitos controle. Apenas em culturas de longa duração, eles irão
60
apresentar alterações no retículo endoplasmáticos detectadas com microscopia
eletrônica, entretanto estas alterações não são letais (BOISSY 1991 apud
CASTANET et al., 1997).
2.8.8 - Alteração local das citocinas produzidas
Além das teorias citadas, também foi descrito um aumento local na produção
de citocinas, entre elas: TNF-alfa, interferon-gama e interleucina 10 na pele lesada e
adjacente dos pacientes com vitiligo. Sabe-se que TNF-alfa e interferon-gama são
mediadores de apoptose, um potencial mecanismo para a destruição dos
melanócitos. O TNF-alfa inibe a proliferação dos melanócitos e a melanogênese. Se
esta alteração local das citocinas é um evento primário ou secundário, permanece
em aberto. No entanto, todas as terapêuticas visam controlar o processo
imunológico local, através de sua supressão ou modulação (GRIMES et al., 2003
apud GRIMES,2004).
2.8.9 -Teoria convergente
Através da teoria convergente, acredita-se que todos os mecanismos citados
anteriormente possam simultaneamente contribuir para a destruição dos melanócitos
(ONGENAE et al.,2003; ORTONNE et al., 1983 apud BYSTRYN 1997). Desta
forma, uma injúria ao melanócito, ou estímulo neural, poderia estimular seu
metabolismo e uma superprodução dos intermediários tóxicos, o que levaria à lesão
celular e liberação de antígenos das células pigmentadas. Estes antígenos liberados
poderiam gerar uma resposta imune contra antígenos dos melanócitos, o que
amplificaria a lesão destas células (ORTONNE et al., 1983 apud BYSTRYN 1997).
61
2.8.10 -Teoria viral
A presença direta de DNA de citomegalovírus, através de PCR, em pacientes
com vitiligo, tanto na área lesada como na pele não comprometida e relação da sua
presença na biópsia com a atividade de doença levou a uma especulação de
possível infecção viral na gênese da doença (GRIMES et al., 1996 apud YAMAUCHI
et al., 2002). Reforçando esta hipótese, encontrou-se expressão de genes virais em
galinhas da linhagem Smith, que é o modelo animal para estudo do vitiligo (OGG et
al., 1998).
62
2.9 - Um breve passeio na fotobiologia e a Radiação Ultravioleta
John Ritter descobriu em 1801, a região ultravioleta do espectro solar,
demonstrando a existência de uma ação química causada por um tipo de energia
oriunda da parte visível do espectro subseqüente ao violeta (DIFFEY,2002).
63
TABELA 2.3. – Radiação ótica e comprimento de onda Radiação Comprimento de onda (em nm)
(1nm=10 -9m) Luz visível De 400nm (roxa) a 700nm (vermelha) Ultravioleta UVC UVB UVA
100nm-280nm* 280-315nm* 315-400nm*
Infravermelha 760nm-1mm Obs.: * Modo de classificação da RUV recomendado no Second International Congresso on Light, em Copenhagen (1932). Entretanto, fotobiologistas comumente utilizam UVA:400-320nm;UVB:320-290nm e UVC: 290-200nm
A radiação UVC não atinge a superfície da Terra, pois é bloqueada pela
camada de ozônio, embora exposição acidental possa ocorrer com as lâmpadas
germicidas (MATSUMURA et al., 2004).
O marco divisor de 320nm entre as faixas radiação UVA (RUV-A) e RUV-B é,
possivelmente, mais arbitrária. Avanços na fotobiologia molecular indicam que a
subdivisão entre 330-340nm seja mais apropriada, assim dividiu-se a RUV-A em
UVA I (340-400nm) e UVA II (320-340nm). Uma vez que a UVAII é mais
eritemogênica, sendo semelhante a RUVB na sua capacidade de causar
queimaduras, bem como no seu potencial carcinogênico e ação no sistema imune
(DIFFEY,2002; OKUNO et al.,2005).
A transmissão percentual da RUV através da pele varia de acordo com o
comprimento de onda (OKUNO et al., 2005).
TABELA 2.4. – Absorção percentual da RUV na pele de acordo com o comprimento de onda Comprimento
de onda 290nm 297nm 313nm 365nm
Topo da epiderme
100%
100%
100%
100%
Base da camada
córnea
6,5% 15% 33% 50%
Base da epiderme 0,27% 2,4% 9,5% 19%
(OKUNO, E; VILELA MAC, 2005. Temas atuais de física: Radiação Ultravioleta: Características e Efeitos, pág 16, 1ª Ed, Ed. Livraria da Física)
64
A RUV-A atinge a epiderme, derme superficial e média, sendo que a RUV-B
atinge principalmente a epiderme (DUARTE et al., 2006).
As moléculas que absorvem a luz na pele são os cromóforos. São eles: a
melanina (que absorve RUV-A e RUV-B), DNA (que absorve RUV-A e RUV-B),
triptofano, 7-deidrocolesterol, ácido urocânico, colágeno e elastina (estes 5 últimos,
cromóforos para RUV-B). Nem todos os cromóforos são capazes de iniciar uma
reação fotoquímica na pele (DUARTE et al.,2006).
Algumas unidades básicas devem ser consideradas no estudo da RUV.
Temos a quantidade de energia transmitida, transferida ou recebida, como forma de
radiação. É transportada por uma onda eletromagnética e é medida em Joules (J). O
fluxo (tempo para transferência da energia) radiante é a potência, medida sob a
forma de Watt (W), sendo 1W=1J/s.
TABELA 2.5. – Unidades básicas no estudo da RUV Grandeza Unidade
Energia radiante J
Fluxo radiante W
(OKUNO, E; VILELA MAC, 2005. Temas atuais de física: Radiação Ultravioleta: Características e Efeitos, pág 21, 1ª Ed, Ed. Livraria da Física)
2.9.1 - A radiação ultravioleta
Além dos efeitos benéficos sobre algumas doenças e seu uso na medicina
(fototerapia, fotoquimioterapia, terapia fotodinâmica e laserterapia), A RUV,
componente da radiação ótica, causa bem estar, ilumina, aquece, participa da
fotossíntese e da síntese da vitamina D (OKUNO et al., 2005).
65
A exposição inadvertida, sem proteção adequada, pode levar a
actinossenescência, carcinogênese cutânea, depressão imunológica e lesões
oculares como catarata e pterígio. (OKUNO et al.,2005).
O padrão esperado de resposta a exposição a RUV da pele é bronzeamento
(aumento da melanogênese) e espessamento do estrato córneo, da epiderme e da
derme, o que irá prevenir dano futuro pela RUV, além de edema intercelular e
infiltrado perivascular (MATSUMURA et al., 2004; OKUNO et al.,2005).
A exposição aguda a RUV levará a lesões do DNA como os dímeros de
pirimidinas e os outros fotoprodutos, que podem levar a mutações do DNA se não
reparados. Para evitar as mutações, as células apresentam mecanismos de reparo
ou induzem apoptose para evitar a transmissão das mutações do DNA as células
filhas. Esta exposição induzirá imunossupressão, por depletar as células de
Langerhans da pele, suprimindo a hipersensibilidade de contato e tardia.
Clinicamente haverá bronzeamento e imunomodulação (MATSUMURA et al., 2004).
A longo prazo, a RUV deteriora a estrutura cutânea, provavelmente por dano
cumulativo ao DNA: fotoenvelhecimento e indução de câncer cutâneo não
melanoma. Embora os fótons de RUV-B sejam mais energéticos os que de RUV-A,
causando mais eritema, bronzeamento e fotocarcinogênese, a RUV-A também
participa da senescência da pele por induzir a formação de radicais livres que
reagem com as estruturas celulares, levando a ativação dos genes responsivos a
RUV (MATSUMURA et al., 2004).
O uso terapêutico da RUV é demonstrado através da terapia PUVA e
fototerapia com RUV-B. Usadas para outras dermatoses, além do vitiligo.
66
2.9.2 - A fotoquimioterapia (PUVA) e fotoimunomodul ação
A fotoquimioterapia (PUVA) consiste na combinação de psoraleno e RUV-A
(320-400nm) que traz benefício terapêutico que não é obtido quando se usa apenas
a droga ou a radiação separadamente. O relato do uso de plantas contendo
psoralenos associado à exposição solar são encontrados na literatura indiana antiga.
No Egito antigo, o uso da planta Amni majus, encontrada no delta do Nilo foi feito por
séculos entre os egípcios para o tratamento de vitiligo (NAIR, 1978). Os relatos do
uso de psoralenos orais e tópicos na medicina moderna são a partir de 1947, com El
Mofty, na universidade do Cairo usando psoraleno purificado para vitiligo.
(MATSUMURA et al., 2004; MORISON, 2001).
Os psoralenos são compostos de ocorrência natural e muitos deles são
encontrados em plantas, onde provavelmente funcionam como inseticidas. Em
contato com a pele humana e exposição solar resulta em fitofotodermatose. O
psoraleno mais usado é o metoxsalen ou 8-MOP (8-metoxipsoraleno), uma droga
originária das sementes do Amni majus, introduzido nos EUA, em 1951. O trioxsalen
(4,5,8 trimetilpsoraleno), um composto sintético, foi introduzido em 1964.
Ele pode ser administrado através da via oral ou de forma tópica, a depender
da extensão da doença. O ideal é que o pico de nível sérico do psoraleno, um
composto lipofílico, coincida com o momento de exposição a RUV-A. Sua eliminação
é hepática e a excreção, predominantemente, renal (MORISON, 2001).
Outros agentes fotossensibilizadores via oral foram utilizados como a
fenilalanina, mas sem vantagem adicional sobre os compostos existentes
(ROELANDTS, 2003).
Fontes de RUVA comumente utilizadas na terapia PUVA são lâmpadas
fluorescentes ou lâmpadas halógenas metálicas de alta pressão. As típicas
67
lâmpadas fluorescentes de UVA têm um pico de emissão de 352nm e emitem
aproximadamente 0,5% no comprimento de RUVB. Outros tipos de lâmpada
utilizados são os de pico de emissão de 370nm e menos de 0,1% de RUV-B e mais
recentemente, tubos com pico de emissão de 325nm e contaminação maior de RUV-
B também têm sido demonstrados benéficos na terapia PUVA (DIFFEY,2002).
O objetivo da PUVA é induzir remissão das dermatoses através de reações
fototóxicas repetidas e controladas. Estas ocorrem quando o psoraleno é fotoativado
por RUV-A. Além da absorção de fótons pela pele, o PUVA exerce efeitos sistêmicos
através das células circulantes. Uma superdosagem poderia levar ao surgimento de
bolhas e necrose cutânea (MATSUMURA et al., 2004).
As moléculas do psoraleno se intercalam entre as bases de DNA sem a
radiação ultravioleta e quando ocorre a absorção de fótons de RUVA há ativação
para o estado singleto e com o passar do tempo, o estado singleto decai para o
estado tripleto, e como este é mais longo, ele é responsável pela maior parte dos
efeitos fotoquímicos (MORISON, 2001) . Há formação de um produto de 3,4 ou 5,6
ciclobutano com a ligação 5-6 de bases pirimidínicas de DNA nativo (é a reação
fotoquímica tipo I ou direta). Ocorre também a formação de compostos adutos
monofuncionais de timidina ou citosina. O 8-MOP pode absorver um segundo fóton
que leva à formação de um composto bifuncional de 5,6 dupla ligação de bases
pirimidínicas do lado oposto, produzindo um cross-link na dupla hélice. Esta junção
do psoraleno com o DNA epidérmico leva à supressão da síntese de DNA e da
divisão celular. Além disso, ocorre a reação fotoquímica tipo II (ou indireta), através
da qual os psoralenos reagem com RNA, proteínas e outros componentes celulares,
modificando proteínas e lipídios e gerando radicais livres. Estes radicais reativos
podem danificar o DNA através da quebra de ligação nas hélices (MORISON, 2001;
68
ORTONNE et al, 2003). Não está indicado para indivíduos com idade inferior a 12
anos (MORELLI,2000).
Acredita-se que se encontrem melanócitos sem atividade melanogênica nas
lesões de vitiligo. Tobin et al. demonstraram melanócitos presentes na epiderme
despigmentada de paciente com lesões de vitiligo estáveis por 25 anos (TOBIN et
al., 2000 apud PARSAD et al., 2004). A PUVA leva a repigmentação das lesões de
vitiligo através da estimulação dos melanócitos inativos da bainha externa do folículo
piloso (porções inferior e média), através de migração radial e ativação. Essa
estimulação é seguida de proliferação, divisão, migração e maturação dos
melanócitos através da movimentação destes a partir da superfície da bainha
externa em direção à junção dermo-epidérmica, onde se tornam melanócitos ativos
(MONTES et al.,2003; ORTONNE, 1979; ORTONNE et al., 2003). Estes melanócitos
inativos não produzem pigmento e não são reconhecidos pelo processo vitiliginoso
auto-imune. Não se sabe, detalhadamente, quais os processos de sinalização que
levam à ativação destes melanócitos. Uma das hipóteses seria de que a RUV levaria
a liberação de fatores de crescimento melanocítico pelos queratinócitos e outras
células inflamatórias que iriam estimular os melanócitos inativos do reservatório
folicular (PARSAD et al., 2004). É possível que esta sinalização e ativação até
ocorra de forma espontânea, já que muitos pacientes apresentam ilhotas de
repigmentação sem tratamento específico (MORELLI, 2000). Além da migração
folicular, os melanócitos ativos da pele normal circundante seriam atraídos para o
centro das lesões de vitiligo, onde se encontrariam fatores de crescimento,
ocupando progressivamente aquela área e produzindo melanina (CUI, 1995 apud
PARSAD et al., 2004).
69
Quando o melanócito é ativado e produz normalmente o pigmento, ele é
capaz de sofrer a agressão imunológica (MORELLI, 2000).
A PUVA poderia não apenas resgatar as stem cells melanocíticas do
reservatório folicular, que podem ser acometidas em uma fase mais tardia (TAIEB,
2003). Foram descritos outros reservatórios de melanócitos, além dos folículos, já
que marcadores de melanócitos foram detectados, através de reação da polimerase
em cadeia, em pele acrômica de pacientes, inclusive nas amostras desprovidas de
pêlos, sobre os quais a fototerapia poderia atuar (GOTTSCHALK et al., 2003).
Outro fator que contribui para a repigmentação é a liberação de citocinas e
mediadores inflamatórios liberados na pele, principalmente pelos queratinócitos em
resposta a PUVA. Os queratinócitos liberam prostaglandina E, diminuindo a
expressão das moléculas de adesão e conseqüentemente a ativação das células T
(DUARTE et al., 2006).
Além disso, PUVA leva à imunossupressão seletiva através da redução do
número de células de Langerhans, dos antígenos OKT6 e HLA-DR, receptores de Fc
e C3b na superfície das células de Langerhans, alterando sua função nas reações
imunológicas (REE, 1982; BANDEIRA-WERBER, 2003). Estes efeitos podem levar
ao bloqueio da participação das células de Langerhans na apresentação de
antígenos e citotoxicidade dependente de anticorpos. Outra observação feita é a
depleção do antígeno associado ao melanócito após tratamento com PUVA, o que
poderia contribuir para o bloqueio da citotoxicidade (mediada por células e
dependente de anticorpos) aos melanócitos no vitiligo (MORISON, 2001;ONGENAE
et al., 2003).
Além de induzir fatores solúveis (citocinas, neuropeptídeos) com ações anti-
inflamatórias e imunossupressivas, a RUV reduz a expressão e função das
70
moléculas de superfície, incluindo moléculas de adesão (ICAM-1), receptores de
citocinas (receptor de interleucina I e II) e receptores de fatores de crescimento
(receptor de fator de crescimento epidérmico - EGFR) (MATSUMURA et al., 2004;
ONGENAE et al., 2003).
Uma vez que foi demonstrado aumento na produção local de citocinas
mediadoras da apoptose (TNF-alfa, IFN-gama e interleucina 10) em pacientes com
vitiligo, sabe-se que a PUVA resulta em inibição da transcrição gênica e significante
redução da proteína do TNF-alfa e “TNF-alfa-specific transcripts”, além de causar
downregulation de IL-1 e IL-6 (NEUNER,1994). Assim, a RUV também induz
apoptose das células T que infiltram a pele, levando a ação anti-inflamatória (
MATSUMURA et al., 2004; ONGENAE et al., 2003). Os marcadores de controle
apoptótico foram estudados em pacientes com micose fungóide tratados com PUVA,
observando-se redução das células marcadas pelo p53 e Bcl-2 (MANHAES, 2004).
Outro efeito observado no tratamento com PUVA é a redução do títulos de
autoanticorpos em pacientes de vitiligo tratados com sucesso (ONGENAE et al.,
2003).
Uma ação da PUVA em pacientes com vitiligo, recentemente descrita, foi a
reversão de parâmetros de disfunção simpática após a fotoquimioterapia. A atividade
eletrodérmica foi medida como uma alteração da condutância da pele, controlada
pelos sistema nervoso simpático através da reação sobre as glândulas sudoríparas.
Os pacientes com vitiligo apresentavam inicialmente condutância da pele aumentada
em relação aos controles e esta normalizou com a PUVA (DOLU et al., 2005).
São necessárias de duas a três sessões semanais inicialmente por 4 a 6
meses até dois anos (150-300 sessões) para alcançar bons níveis de repigmentação
(MORELLI, 2000; MORISON, 2001). A área de melhor resposta é a face, seguida do
71
tronco e decresce até as extremidades, onde os resultados são precários
(MORISON, 2001). Os resultados são melhores em pacientes com fototipo mais
elevado (ROELANDTS, 2003).
A PUVA leva à repigmentação em mais de 50% dos pacientes com vitiligo. A
repigmentação com a PUVA varia muito e em poucos casos atinge 100%. Em geral
os pacientes de pele mais escura apresentam melhor repigmentação que os
pacientes de pele clara (BELLET et al.,2005). Se não ocorrer resposta após 6 meses
ou aproximadamente 50 tratamentos, a PUVA deve ser suspensa (KRUTMANN et
al., 2003). A responsividade é definida através de máculas perifoliculares de
repigmentação. Estas áreas repigmentadas podem permanecer estáveis após uma
década ou mais sem recidiva. Em um estudo observou-se que 60% dos pacientes
apresentaram recidiva das lesões após 6 meses a um ano do término do tratamento
(KWOK et al., 2002).
O padrão de repigmentação perifolicular foi encontrado em 83% das lesões
submetidas à terapia PUVA tópica ou sistêmica. Sendo que este padrão de
repigmentação foi tido como mais estável, permanecendo após 6 meses da
suspensão do tratamento, se comparados com o padrão de repigmentação marginal
(visto com a terapia PUVA associada a calcipotriol) ou o padrão difuso (observado
com o uso de corticóides) (PARSAD et al., 2004).
A PUVA apresenta alta taxa de efeitos adversos como náuseas, intolerância
gastrintestinal, vômitos, reações fototóxicas, catarata e um risco teórico aumentado
de câncer da pele a longo prazo (BELLET et al.,2005). É bem documentada a
ocorrência de carcinoma epidermóide nos pacientes submetidos a PUVA por longo
prazo, entretanto, contrário ao que muitos dermatologistas acreditam, não há risco
aumentado de melanoma (KOO et al., 2001 apud BANDOW et al., 2004). Por isto
72
este método não tem sido a primeira escolha de tratamento para vitiligo
generalizado, sendo indicado geralmente a terapia com RUV-B de banda estreita
(311-312nm), especialmente nos Estados Unidos (BELLET et al.,2005).
Uma vez que a base imunitária é fundamental para o vitiligo, não é de se
surpreender que todos os tratamentos não-cirúrgicos que se mostraram eficazes no
vitiligo são baseados na imunossupressão e imunomodulação (terapia PUVA
sistêmica e tópica, corticóides tópicos e orais, inibidores da calcineurina tópicos). Até
mesmo a imunoglobulina intravenosa para tratamento de um paciente com ataxia-
telangectasia levou à repigmentação de suas lesões de vitiligo, denotando o papel
do sistema imune (TAIEB,2000).
Recomenda-se que os pacientes com vitiligo evitem exposição solar
intencional e usem fotoprotetores nas áreas acometidas, pois desprovidas de
melanina elas seriam mais susceptíveis para o câncer da pele. Embora isto seja
sensato, surpreendentemente há pouca evidência de que a área despigmentada
seja mais susceptível a RUV-B e ao desenvolvimento de neoplasia maligna
(SCHALLREUTER et al., 2003).
Em estudos de pacientes com psoríase citados anteriormente (ver seção
patogênese), o tratamento com RUV-B levou à redução da expressão do CLA pelos
linfócitos o que coincidiu com a melhora clínica dos pacientes. Desta forma, há de se
supor que o tratamento com PUVA leve também a uma redução da expressão do
CLA concomitante com a repigmentação nos pacientes com vitiligo. Uma vez que os
linfócitos citotóxicos que expressam o CLA estão envolvidos na destruição dos
melanócitos no vitiligo auto-imune. Mas isto é uma hipótese que necessita
confirmação, uma vez que trabalho desta natureza ainda não foi relatado na
literatura (SIGMUNDSDOTTIR et al., 2003)
73
2.9.3.-Outros tratamentos fototerápicos para vitili go
2.9.3.1 – RUV-B de Banda Larga (290-320nm)
Ela atua através da indução de apoptose e imunossupressão sistêmica. Não há
necessidade de fotossensibilizador. Devido a sua inabilidade em penetrar na derme,
seu efeito biológico é devido à ação na epiderme. A imunossupressão sistêmica
ocorre pela liberação de mediadores solúveis como IL-1alfa, IL-10, TNF e ácido cis-
urocânico, a partir da epiderme irradiada, que entram na circulação. A expressão do
antígeno Ki-67, do ciclo celular, é reduzida, levando a ação anti-proliferativa.
(MATSUMURA et al., 2004).
2.9.3.2 – RUV-B de banda estreita (311-312nm)
Recentemente tem sido utilizada a RUV-B de 311-312nm para o tratamento de
diversas dermatoses, com algumas vantagens em relação a PUVA: maior facilidade
de execução, maior aderência ao tratamento, ausência da necessidade de
medicação oral e seus efeitos colaterais, além possibilidade de uso em crianças e
gestantes (KANWAR et al., 2005; NJOO et al., 2000). A utilização desta radiação em
vitiligo foi descrita inicialmente, em 1997, por Westerhof e Nieuweboer-Krobotoa,
com bons resultados (ROELANDTS, 2003; WESTERHOF et al.,1997). Ela atuaria
através da indução de imunossupressão local, redução das citocinas pró-
inflamatórias pelas células T, alteração das moléculas de adesão, estimulação do
MSH, aumentaria a proliferação dos melanócitos e da melanogênese (GRIMES,
2006; SIGMUNDSDOTTIR et al, 2005). Há depleção das células T que infiltram a
pele, através da apoptose, identificada por ensaio com TUNEL. A vantagem da
banda estreita sobre a banda larga, seria a menor freqüência de episódios de
queimadura para um mesmo esquema terapêutico (MATSUMURA et al., 2004)
74
Alguns estudos referem como o tratamento de escolha para pacientes com vitiligo
moderado a extenso (GRIMES et al., 2004). Embora seja uma terapia eficaz e
segura, com melhora da qualidade de vida, a estabilidade da pigmentação requer
acompanhamento a longo prazo (HARTMANN et al., 2005; KANWAR et al., 2004).
2.9.3.3 – Microfototerapia
Com a microfototerapia com RUV-B, ao invés do corpo todo ser irradiado, um
feixe de RUV-B de banda estreita, emitindo luz de alta intensidade, atua
exclusivamente nas máculas hipopigmentadas. Pode ser usado no vitiligo segmentar
e não segmentar. Gera 75% de área de repigmentação em 70% dos pacientes
(MENCHINI et al., 2003) Os resultados terapêuticos são rápidos, o que facilita a
terapêutica por reduzir a dose cumulativa de RUV (LOTTI et al., 1999).
2.9.3.4 - 308nm-EXCIMER LASER
Com emissão próxima à RUV-B de banda estreita, o uso do Laser de 308nm
está indicado para lesões localizadas e permite um resultado rápido, com alto grau
de repigmentação, embora ainda com custo elevado. Sua associação com
tacrolimus tópico, inibidor de calcineurina, acelera os resultados (KAWALEK et al.,
2004). Uma outra possibilidade de uso recente é a luz monocromática excimer de
308nm, com resultados semelhantes ao laser, mas com a vantagem de tratar áreas
maiores e com maior adesão do paciente. Com a luz, 95% dos pacientes
apresentam repigmentação em 8 sessões. (LEONE et al., 2003;
ROELANDTS,2003).
2.10 - Outras terapêuticas para o vitiligo
75
2.10.1 –Corticosteróides
É, eventualmente, a primeira escolha para a forma localizada do vitiligo
(STEINER et al., 2004) Os corticosteróides potentes tópicos levam a repigmentação
dos pacientes, especialmente da face e tronco. Uma metanálise , realizada em 1988,
demonstrou que o uso do corticóides de classe 3 e 4 resultou em mais de 75% de
repigmentação em vitiligo segmentar e 55% daqueles com vitiligo generalizado
(NJOO et al., 1998). Podem ser alternados esquemas com corticóides de alta, média
e baixa potência (GRIMES, 2006). Não são necessários corticóides de alta potência,
pois são igualmente eficazes, porém com mais efeitos colaterais. Podem ser
utilizados corticóides intramusculares ou via oral, em curtos ciclos, porém com maior
ocorrência de eventos adversos (KOVACS, 1998; PASRICHA et al., 1993). Em um
estudo com 121 crianças, o tratamento com PUVASOL tópico se mostrou superior
ao uso de corticóide tópico de baixa potência (CAVALCANTI, 1998).
2.10.2 – Inibidores da Calcineurina
Tacrolimus e pimecrolimus são agentes inibidores da calcineurina e inibem a
ativação da célula T, portanto bloqueiam a produção e a liberação de citocinas pró-
inflamatórias. Os relatos do seu uso mostrando eficácia no vitiligo são desde 2002
(CAELLES et al., 2005; GRIMES et al., 2002; SMITH et al., 2002). Os melhores
resultados são observados na face e áreas fotoexpostas (SILVERBERG et al., 2004;
TRAVIS et al., 2003). Acredita-se também que o tacrolimus leve à redução da
supressão de TNF-alfa, o que colaboraria na repigmentação (GRIMES et al., 2002;
GRIMES, 2004). Foi comparado com clobetasol, corticóide de alta potência, em
termos de eficácia (LEPE et al., 2003). A vantagem é ser bem tolerado por crianças
76
e adultos, podendo ser usado por longo prazo sem os efeitos indesejáveis da
corticoterapia como atrofia e telangectasia (KANWAR et al., 2004). Pelo fato de ser
imunomodulador tópico e ter uma controversa e discutível associação com a
carcinogênese, convém utilizar um esquema rotatório a cada 6 meses. (GRIMES,
2006). A segurança a longo prazo é desconhecida (SMITH et al., 2002). A grande
maioria dos trabalhos é com o uso do tacrolimus, embora o pimecrolimus seja
mencionado em alguns relatos de casos (MAYORAL et al., 2003).
2.10.3 -Calcipotriol
Este pode ser usado em combinação com RUV-B de banda estreita, PUVA ou
exposição solar. Acredita-se que os melanócitos expressem receptores para 1-alfa-
25-dihidroxivitamina D3. Assim, o calcipotriol estimularia a melanogênese assim
como modificando a homeostase do cálcio nos pacientes com vitiligo
(GRIMES,2004). Embora outros autores não tenham encontrado benefício do
calcipotriol associado a PUVA, em pacientes com vitiligo (BAYSAL et al., 2003).
2.10.4 -Pseudocatalase
Os baixos níveis de catalase na epiderme e a teoria do estresse oxidativo
sustentaram o uso da pseudocatalase tópica. Um estudo feito com a climatoterapia e
exposição solar no Mar Morto, sabidamente benéfica para o vitiligo, demonstrou que
a pseudocatalase associada a climatoterapia era mais eficaz do que a
pseudocatalase ou a climatoterapia isoladamente (SCHALLREUTER et al.,2002).
Entretanto, outros autores não observaram eficácia no seu uso (PATEL, 2002).
77
2.10.5 -Kellina e RUV-A
A kelina é um agente mitótico e estimulador da melanogênese, que pode ser
associado a RUV-A. Foi usado de forma tópica com exposição à RUV-A, com
resultados comparáveis a PUVA sistêmica, embora seja um tratamento longo
(VALKOVA et al. 2003). Outros autores encontraram resultados favoráveis apenas
na face (DU TOIT, 2003).
2.10.6 -Aspirina
São conhecidos os efeitos antiinflamatórios da aspirina. Desta forma, foi
realizado ensaio clínico controlado com pacientes com vitiligo submetidos à terapia
oral com 300mg de aspirina por 12 semanas. O grupo tratado com aspirina
apresentou parada de progressão das lesões associado a repigmentação e
laboratorialmente, redução dos níveis de IL-1beta, IL-6,IL-8 e TNF-alfa, que se
encontravam elevadas nos pacientes de vitiligo no início do tratamento (ZAILAIE,
2005).
2.10.7 -Vitaminas
Pacientes com vitiligo são sensíveis aos agentes peroxidativos e radicais
livres. Desta forma, está indicada a terapia antioxidante oral, como por exemplo, com
ácido fólico, ácido ascórbico e vitamina B12. Embora os estudos apontem que uma
suplementação vitamínica seja útil para estabilizar o vitiligo, os trabalhos não são
controlados e os pacientes são orientados a exposição solar (GRIMES, 2006).
78
2.10.8 -Gingko-biloba
Devido ao seu poder antioxidante e considerando a teoria do stress oxidativo,
o extrato de gingko-biloba oral foi utilizado em pacientes com vitiligo, mostrando
repigmentação. Entretanto foram tratados pacientes com vitiligo localizado e com
pouca atividade de doença (PARSAD et al., 2003).
2.10.9 -Extrato de placenta
A melagenina é um extrato hidroalcoólico de placenta humana, cujo agente
ativo é a alfa-feto-proteína, usado na terapêutica do vitiligo em Cuba em 1970.
Embora os resultados iniciais dos pesquisadores cubanos tenham sido promissores,
eles não foram reproduzidos nos trabalhos realizados em outras partes do mundo
(NORDLUND et al., 1990 apud STEINER et al., 2004).
2.10.10 -Levamisole
A ação imunomodulatória do levamisole foi considerada na terapêutica do
vitiligo. É uma droga que suprime a resposta Th2 por inibir a IL-4, desviando o pólo
para uma resposta Th1. Embora um estudo aberto, não controlado, realizado em
1994 envolvendo pacientes com vitiligo localizado, tenha verificado que após 2-4
meses de uso de levamisole oral, 94% apresentaram repigmentação, um outro
estudo, desta vez, controlado foi realizado com resultados distintos (PASRICHA et
al., 1994; AGARWAL et al., 2005). Um trabalho duplo-cego, randomizado,
demonstrou falta de eficácia do levamisole em controlar a progressão do vitiligo
(AGARWAL et al., 2005) .
79
2.10.11 -Extrato de polypodium leucotomos
O extrato de polypodium leucotomos (PL) apresenta propriedades
fotoprotetoras e imunomodulatórias. Foi realizado um trabalho duplo-cego,
randomizado, placebo-controlado, com o extrato de PL utilizado de forma adjuvante
a PUVA. Observou-se normalização dos marcadores de ativação dos linfócitos T
com PUVA e extrato de PL, o que não foi confirmado apenas com a PUVA
isoladamente (REYES et al., 2003). Entretanto, são necessários outros estudos
para assegurar sua eficácia.
2.10.12 -Despigmentação
Para pacientes com poucas áreas de coloração normal, como ocorre em
alguns casos de vitiligo generalizado e extenso, pode ser usada a despigmentação
com monobenzil-éter-hidroquinona ou solução de fenol a 88% nas escassas áreas
de pele não acometida. (ZANINI et al.,2005)
2.10.13 -Tratamento cirúrgico do vitiligo
Indicado para vitiligo segmentar e lesões estáveis de vitiligo, não responsiva a
fototerapia ou aos agentes tópicos e imunomoduladores e (NJOO et al., 1999).
São utilizadas cinco técnicas: enxertos finos obtidos por dermátomos, enxerto
epidérmicos obtidos por bolha de sucção, minienxertos obtidos por punch,
suspensão de melanócitos em cultura e epiderme cultivada in vitro e transplante de
folículos pilosos (FALABELLA, 2006; NA et al., 1998; OLSSON et al., 1995). Os
resultados são favoráveis quando o procedimento é bem indicado. As complicações
constam de hiperpigmentação pós-inflamatória, cicatrizes, fenômeno de Koebner na
área doadora e infecção (FALABELLA, 2006).
80
2.11 – Tratamentos em estudo
2.11.1 - Piperina
O alcalóide da pimenta negra, piperina, estimula seletivamente in vitro, a
proliferação dos melanócitos em camundongos. Existem mais de 30 análogos de
piperina sintetizados, mas apenas metade apresenta esta ação. O tratamento com
piperina tópica e seus derivados levou a repigmentação dos camundongos,
confirmado por biópsia e imunoistoquímica. Mas esta droga ainda não foi usada em
humanos (RAMAN et al., 2003).
2.11.2 - Fenitoína
Foi avaliada a ação imunomodulatória deste anticonvulsivante que suprime a
ativação de linfócitos T, especialmente da célula T citotóxica, polariza a resposta
imune para o pólo Th2, aumenta a relação Th/Ts e em altas doses, inibe a liberação
de norepinefrina que se encontra aumentada nos pacientes com vitiligo. Mas são
necessários ensaios clínicos controlados (NAMAZI, 2005)
81
3. OBJETIVOS
3. 1 - Geral:
Analisar o efeito imunomodulador da Puvaterapia em pacientes com vitiligo não
segmentar
3. 2 - Específicos:
• Descrever os aspectos quantitativos e qualitativos das células T e a expressão do
antígeno cutâneo linfócitário (CLA) nos linfócitos do sangue periférico de
pacientes com vitiligo não segmentar e em atividade, comparando-os com
indivíduos saudáveis.
• Comparar a expressão do CLA (antígeno cutâneo associado ao linfócito) nos
linfócitos do sangue periférico antes e após 30 sessões de Puvaterapia em
pacientes com vitiligo não segmentar.
82
4. PACIENTES E MÉTODOS
4.1 - Desenho geral do estudo
Estudo experimental, ensaio clínico, do tipo “antes-depois”, comparando a
relação dos linfócitos T CD4+ e T CD8+ e a expressão do CLA por estes linfócitos do
sangue periférico de pacientes com vitiligo antes e após 30 sessões de PUVA.
Foram utilizados para comparação a expressão do CLA e relação CD4 e CD8 de 15
indivíduos controles (PEREIRA, 1995).
Esta tese faz parte da linha de pesquisa em Fotodermatologia, idealizada pelo
Professor Absalom Lima Filgueira, Coordenador do curso de Pós-Graduação em
Dermatologia da UFRJ e responsável pelo setor de Fotodermatologia há dezesseis
anos.
Durante o período de junho de 2005 a janeiro de 2006, foram 22 incluídos
pacientes com o diagnóstico clínico de vitiligo não segmentar, sem tratamento prévio
por três meses, que foram encaminhados para o ambulatório de Fotodermatologia
do Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.
A forma não segmentar compreendeu as formas: generalizada, acrofacial e
universal. Considerou-se como vitiligo em progressão o surgimento de novas lesões
nos últimos seis meses.
Estes pacientes foram informados da natureza da pesquisa e assinaram,
voluntariamente, o termo de consentimento livre e esclarecido, após o que foram
submetidos à coleta de sangue para citometria de fluxo e iniciaram a
fotoquimioterapia (PUVA). Após 30 sessões de PUVA, foram submetidos à nova
83
coleta de sangue. Foram incluídos 15 indivíduos controles que foram submetidos à
coleta de sangue no momento inicial do estudo, após assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido.
4.2- Pacientes e Controles
4.2.1 - Critérios de inclusão dos pacientes
Pacientes com vitiligo não segmentar, em progressão, não submetidos a tratamento
prévio por três meses, com idade superior a 18 anos, de ambos os sexos, com
exames laboratoriais e exame oftalmológico pré-fototerapia normais.
4.2.2- Critérios de exclusão dos pacientes
1. pacientes com vitiligo estável, isto é, sem o surgimento de novas manchas nos
últimos seis meses
2. pacientes submetidos a tratamento prévio para vitiligo por três meses
3. pacientes com outras dermatoses inflamatórias concomitantes como psoríase e
dermatite atópica, que pudessem interferir com a marcação dos linfócitos
circulantes
4. pacientes com incapacidade de comparecer ao hospital para realizar da PUVA,
por questões de deficiência física ou incapacidade de permanecer de pé ou
sentado na cabine de PUVA
5. gestantes
6. mulheres em período de lactação
7. pacientes menores de 18 anos de idade
84
4.2.3. – Critérios de inclusão dos controles
Indivíduos pareados por sexo e idade de acordo com os doentes e sem os critérios
de exclusão.
4.2.4- Critérios de exclusão dos controles
1. Doenças autoimunes
2. História pessoal ou familial de vitiligo
3. Dermatoses de natureza inflamatória, inclusive atópica
4. Gestantes
4.3 - Avaliação Inicial dos pacientes
Cada paciente foi submetido inicialmente a anamnese, exame clínico, exames
bioquímicos laboratoriais, exame oftalmológico e documentação fotográfica antes do
tratamento fotoquimioterápico (PUVA).
Anamnese : De cada paciente foram avaliados os seguintes dados: idade do
indivíduo, idade de início e tempo de evolução da doença, sexo, fototipo da pele,
cor, presença de doenças comumente associadas, tratamentos prévios e localização
das lesões. Todos os dados referentes à história clínica e exame físico foram
coletados e registrados em fichas individuais (vide ANEXO).
Exames bioquímicos : Hemograma completo, uréia, creatinina, VHS, glicemia, TSH,
T4 livre, anti-tireoperoxidase, transaminase glutâmica oxalacética (TGO),
transaminase glutâmica pirúvica (TGP), gama-glutamiltransferase (GGT) e fosfatase
alcalina.
Exame oftalmológico : constou de fundoscopia com lâmpada de fenda e acuidade
visual.
85
Documentação fotográfica : foram realizadas fotografias, com a mesma máquina
digital NIKON 7.1 megapixels, com mesmo padrão de iluminação fornecido pelo
ambiente, no pré-tratamento, com 15 sessões e ao final das 30 sessões propostas.
Foram realizadas fotografias extras para documentar eventos adversos.
4.4 -Acompanhamento dos pacientes
Os pacientes foram acompanhados semanalmente pela médica assistente.
Nas visitas semanais, a pesquisadora verificou o eritema da lesão e progrediu a
dose da radiação; registrou e tratou, consoante a necessidade, efeitos como prurido,
queimação, ardência, náuseas, vômitos, tonteiras e ressecamento da pele. Foram
analisados o grau de repigmentação (surgimento de ilhotas de máculas
normocrômicas ou hipercrômicas) e resposta clínica de cada paciente. Estes dados
foram registrados nas fichas dos pacientes no Setor de Fotodermatologia e na ficha
do estudo (ver anexo).
4.5 - Métodos
4.5.1 - Fotoquimioterapia (PUVA)
Os pacientes ingeriram o 8-metoxipsoraleno (OXSORALEN®), doado pelo
laboratório ICN, lotes 001/03 e 002/03, na dose de 0,6mg/kg/dia e duas horas após
foram submetido à RUV-A, com fotoproteção ocular (óculos com proteção para
RUVA) e proteção da genitália, (com roupa íntima). A dose inicial foi de 0,5J/cm2. O
paciente permaneceu no centro da cabine, expondo toda a área do corpo, exceto a
área genital e com proteção ocular, mantendo os braços em repouso, durante o
tempo estabelecido pela pesquisadora e controlado pela cabine. Foram asseguradas
as condições de segurança, como a utilização da proteção ocular durante a
exposição à radiação e após 18-24h da sessão. Além do uso de fotoprotetor FPS15
86
em loção nas áreas após a exposição a RUV-A. Os pacientes foram orientados
quanto a possíveis complicações como queimaduras, prurido e intolerância
gastrintestinal ao psoraleno.
Todos os pacientes fizeram duas sessões semanais até completarem 30
sessões.
O protocolo de aplicação de PUVA é o adotado no Setor de Fotodermatologia
do Departamento de Dermatologia/Faculdade de Medicina/Universidade Federal do
Rio de Janeiro/Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, de acordo com a
literatura (GRIMES, 1997; ZANOLLI, 2000).
As dosimetrias de RUV-A das unidades foram aferidas uma vez por semana,
de acordo com a orientação do fabricante de cada unidade, para assegurar a dose
de radiação.
A dose inicial de RUV-A foi de 0,5J/cm2, considerando o fototipo da
mancha de vitiligo (sempre tipo I). A progressão semanal da dose, pela
pesquisadora, foi de acordo com a intensidade do eritema. Nos casos sem eritema
na mancha, o aumento foi de 0,5J/cm2 por semana; na mácula com eritema rosado
claro ou rosa-chá, a dosagem era mantida e nos casos de eritema violáceo, a
dosagem era reduzida em 0,5J/cm2.
4.5.2 - A Citometria de Fluxo
4.5.2.1 - Coleta de sangue
Foi realizada a coleta de sangue dos pacientes, em jejum, no laboratório de
do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, entre as 7:30 e 9:00 da manhã,
com os cuidados universais. Foram colhidos 5ml de sangue de veia periférica, com
sistema VacutainerTM, sendo armazenado em tubos de coleta com EDTA,
87
homogeneizados delicadamente, mas sem agitá-los. Os tubos foram mantidos em
temperatura ambiente e protegidos da luz solar.
O material foi processado 2h após a coleta no Laboratório da DIP, localizado
no 3º andar do HUCFF/UFRJ, onde foi realizada a citometria de fluxo.
4.5.2.2- Marcadores utilizados
O anticorpo CD3-PERCP foi utilizado para marcação dos linfócitos T; o
anticorpo monoclonal anti-CLA-FITC (HECA-452) foi utilizado para determinar a
expressão do CLA e o anticorpo CD8-PE foi utilizado para marcação dos linfócitos T
CD8+. Estes três anticorpos monoclonais foram produzidos pelo laboratório BD
Biosciences PharmigenTM. Através da subtração dos linfócitos TCD3+ e TCD8+,
obtivemos a contagem dos linfócitos TCD4+. As células coradas foram submetidas
imediatamente a citometria de fluxo no aparelho BD Biosciences FACScanTM para
análise quantitativa e qualitativa da expressão do antígeno CLA.
4.5.2.3 - Protocolo para marcação de linfócitos de sangue per iférico
a) Identificar os tubos com caneta (paciente, marcadores)
b) Colocar, em cada tubo, 100 µl de sangue total, aplicando a amostra no fundo do
tubo de citometria.
c) Sobre a amostra de sangue, adicionar o (s) anticorpo (s) monoclonal (is)
adequados com uma ponteira, homogeneizando com a própria ponteira (geralmente
2-10 µl de anticorpo). Descartar a ponteira após o procedimento.
d) Após a adição dos anticorpos, incubar em temperatura ambiente
(25o C) pôr 20 a 30 minutos, protegendo da luz (incubar toda a estante numa gaveta
ou armário, ou envolver a estante em papel alumínio)
e) Após a incubação, adicionar solução hemolítica a cada tubo (1-2 ml por tubo).
Tampar os tubos e homogeneizar cada um no Vortex
88
f) Após a adição de solução hemolítica, incubar em temperatura ambiente (25o C)
por 20 minutos, protegendo da luz.
g) Centrifugar por 10 minutos a 300xg.
h) Descartar o sobrenadante de todos os tubos, conservando o depósito ("pellet")
onde estão os leucócitos.
l) ressuspender o "pellet" em 0,5 ml de solução fixadora (paraformaldeído a 1% em
tampão fosfato PBS).
As amostras marcadas foram submetidas à análise no citômetro de fluxo BD
Biosciences FACScanTM, utilizando-se o programa CELL QUESTTM.
FIGURA 4.1 – Anticorpos monoclonais utilizados no estudo
89
FIGURA 4.2. - Citômetro de fluxo BD Biosciences FACScanTM
4.6 - Cálculo amostral
Tendo como objetivo principal verificar se existiu diferença estatística na
variação da expressão do CLA entre dois momentos (antes e após o
tratamento), foram consideradas as seguintes suposições para o cálculo
amostral:
• Nível de significância de 5%
• Poder do teste estatístico de 80%
• Variação esperada relativamente grande (no mínimo de 50%)
De acordo com Jacob, o número de casos necessários foi de 20
pacientes com vitiligo e 15 controles.
90
4.7 - Análise Estatística
A análise estatística foi feita pelos seguintes métodos:
i) Para comparação dos dados quantitativos entre os pacientes e o grupo controle
(momento inicial do estudo) foi utilizado o teste de Mann-Whitney.
ii)Para comparação dos dados quantitativos pré e pós-tratamento, foi utilizado o
teste dos postos sinalizados de Wilcoxon.
4.8 - Critério de determinação de significância
Para que os resultados das comparações estatísticas fossem considerados
significativos, o valor de prova (p) deveria ser menor que 0,05. Foi considerado como
não significativo p maior que 0,1; como próximo ao significativo, p de 0,1 a 0,05 e
significativo, p valor menor que 0,05.
91
5. RESULTADOS
5.1 - Caracterização dos Pacientes
Inicialmente, o grupo constou de 22 pacientes, sendo dois casos excluídos
(abandono do projeto por razões não relacionadas ao estudo). A idade dos
pacientes variou de 24 a 64 anos (média de 42,3 anos+11,3anos), sendo 16 (80%)
do sexo feminino e 4 (20%) do sexo masculino. O tempo mediano de evolução da
doença foi de 15 anos.
TABELA 5.1 – Caracterização da amostra de acordo com idade, sexo e tempo de evolução do vitiligo
PACIENTE IDADE SEXO TEMPO DE DOENÇA (anos)
AML 25 F 5
ETN 64 F 10
VLSM 48 F 37
AESM 52 F 47
SML 34 F 27
FAM 31 M 6
MASM 62 F 50
EAS 58 F 4
FCM 24 F 14
AMSB 45 F 8
JAS 45 F 14
MFC 55 M 30
MMC 46 F 15
GGC 31 M 13
ALPS 40 F 34
SD 51 F 48
DCC 43 F 33
JMS 53 F 1
NDP 40 F 15
UDC 30 M 3
SRBES 35 F 15
LCNRB 45 F 10
92
Cinco (20%) pacientes apresentavam fototipo III de Fitzpatrick; 11 (50%),
fototipo IV de Fitzpatrick e 6 (30%), fototipo V.
Um paciente, ao exame oftalmológico (retinografia) apresentava áreas de
rarefação pigmentada de epitélio, o que foi interpretado com pigmentação das
células da retina que pode ocorrer em pacientes com vitiligo.
Cinco (22,7%) dos 22 pacientes apresentavam anticorpo antitireoideano
positivo, com títulos que variaram de 101 a 672, considerado reagente acima de 35.
Dos 22 pacientes, 14% (3) tinham doença autoimune associada, incluindo
doença tireoideana (2 casos) e diabetes mellitus (1 caso). Em relação à história
familial, 27% dos pacientes (6 casos) tinham história familial de vitiligo, sendo todos
em pacientes de 1º grau; 14% (3 casos) de alopecia areata, em pacientes de 1º
grau; 36% (8 casos) de diabetes mellitus e 31% (7casos) de doença tireoideana.
FIGURA 5.1. História familial (em %)
A duração do vitiligo foi menor que cinco anos em 3 casos, de 5 a 10 anos em
5 casos e maior que 10 anos em 14 pacientes.
HISTÓRIA FAMILIAL
6 3
8 7
0 2 4 6 8
10 12 14 16 18 20 22
vitiligo (27%) alopecia areata (14%) diabetes mellitus (36%) doença tiroideana (31%)
93
5.2 - Caracterização dos controles
O grupo controle pareado constou de 15 indivíduos com idade que variou de
24 a 65 anos (média de 44,7 anos+12,7anos), sendo 13 (86,6%) indivíduos do sexo
feminino e 2 (13,3%) do sexo masculino.
TABELA 5.2. Caracterização do grupo controle, por sexo e idade
Caracterização do Grupo Controle PACIENTE IDADE SEXO
LOA 30 M APSE 29 F LLSG 24 F
NS 52 F ZNS 35 F JVPV 59 M ACF 45 F LBSS 48 F EMVC 64 F CRL 48 F VLN 54 F RCA 43 F NSS 65 F
FMNPA 35 F AAPN 40 F
94
5.3- Acompanhamento clínico e resposta dos paciente s à PUVA
Os pacientes realizaram de 22 a 31 (mediana de 30) das 30 sessões
propostas, sendo a dose inicial de RUVA de 0,41J/cm2+0,05 J/cm2 e a dose total de
43J/cm2.
A repigmentação, observada através da documentação das ilhotas de
repigmentação, ocorreu com média de 9 sessões (vide tabela 5.3).
TABELA 5.3. Características da evolução dos pacientes submetido s à terapia PUVA. Início da repigmentação, dosagem cumulativa de RUV-A até r epigmentação, número de sessões do protocolo e dose cumulativa de RUV-A durante o proj eto . Variável N Média Desvio
Padrão
Mediana Mínimo Máximo
Tempo de doença (anos) 20 21,70 15,23 15 3 50
Repigmentação(sessões) 20 9,5 4,86 9 4 25
Quantidade de RUVA até
repigmentação (J/cm2)
20 11,37 20,48 6,93 2,84 97,5
Número de sessões 20 29,35 2,78 30 22 34
Dose acumulada de
RUVA (J/ cm2)
20 47,52 25,83 43,03 11,36 117
Nas lesões observadas detectamos ilhotas de repigmentação (repigmentação
perifolicular) nas lesões de vitiligo em 100% dos pacientes, embora em 3 pacientes
tenham sido observados alguns aspectos relevantes. Em 2 pacientes verificou-se o
surgimento de algumas lesões novas, mesmo com a repigmentação das lesões
iniciais. Ao final do estudo, foi observado que as lesões repigmentadas eram em
número e extensão superior às lesões novas. Uma das pacientes, com lesões
predominantemente nos membros inferiores, apresentou escassas ilhotas e
repigmentação mínima com o tratamento (ver fig 5.3.2).
95
LOCALIZAÇÃO DA LESÃO E GRAU DE REPIGMENTAÇÃOCOM A TERAPIA PUVA
18 1820
15
20 19 18
12
17
14 15
10
17
9 9 9
0
5
10
15
20
25
Face
Tronc
o
Mem
bros S
uperio
res
Mem
bros I
nferio
res
Mão
sPés
Genitá
lia
Região
Cervi
cal
Núm
ero
de P
acie
ntes
(n=
20)
Lesões
Repigmentação
FIGURA 5.3.1 Padrão de repigmentação perifolicular (ilhotas de repigmentação)
FIGURA 5.3.2 – Localização da lesão e grau de repigmentação com a terapia PUVA.
Presença de repigmentação perifolicular (ilhotas de repigmentação) em cada área acometida
após 30 sessões de terapia PUVA. Observa-se melhor resposta na face e pior nos pés.
96
B
Os efeitos colaterais observados durante o tratamento estão demonstrados
na figura 5.3.4.
A
FIGURA 5.3.3. Boa resposta à terapia PUVA na face e colo. A. antes
do tratamento; B. após 15 sessões; C. após 30 sessões; D. detalhe do
colo
B
C
D
C
97
FIGURA 5.3.4. Efeitos colaterais da terapia PUVA
EFEITOS COLATERAIS DA TERAPIA PUVA
14
2
65
2 2
17
15
13
3
1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Náuse
as
Cefalé
ia
Tont
eira
Vômito
s
Diarréia
Queim
adura
s
Eritem
a Ace
ntuado
Resse
cam
ento
Prurid
o
Insô
nia
Depre
ssão
Núm
ero
de P
aci
ente
s (n
=20)
99
5.4 – Ilustração de casos
Alguns casos, pré e pós tratamento, foram documentados, a seguir:
A
FIGURA 5.4.1. Paciente com vitiligo no tronco e axilas, com 8 anos de doença (A e B), evoluiu com repigmentação completa das lesões após 30 sessões de fotoquimioterapia (C e D). Relação CD4/CD8 pré=3,0 e pós=3,6. Percentual de Linfócitos T-CLA+=3,8% sendo TCD8-CLA+=1,0% e após 30 sessões: 2,85% e 0,76% respectivamente. Queda de 25% dos linfócitos T-CLA+ circulantes e dos linfócitos TCD8-CLA+ após a terapia. A Citometria de fluxo está ilustrada na página seguinte.
A B
C D
100
FIGURA 5.4.2. Imunofenotipagem de linfócitos T. Gráficos da citometria de fluxo utilizando anticorpos monoclonais anti-CD8 PE e anti-CLA-FITC. Os linfócitos T CD8-CLA+ correspondem ao quadrante superior direito; os linfócitos T CD4-CLA+, ao quadrante superior esquerdo; os linfócitos T CD8+, à soma dos quadrantes superior e inferior direitos e os linfócitos T CD4+, à soma dos quadrantes superior e inferior esquerdos. Estes gráficos correspondem aos resultados da paciente da figura 5.4.1. que obteve repigmentação completa com o tratamento.
101
FIGURA 5.4.3. Paciente com vitiligo generalizado e que abandonou o protocolo. Antes (A, C
e E) e após 20 sessões de PUVA (B,D e E). Halo de hiperpigmentação marginal evidente
demonstrando resposta clínica. Relação CD4/CD8 pré=2,0 e pós=2,8. Percentual de
Linfócitos T-CLA+=2,0% sendo TCD8-CLA+=0,38% e após 20 sessões: 1,34% e 0,45%
A
C
E
B
F
D
102
FIGURA 5.4.4. Paciente com vitiligo generalizado, de 40 anos de idade, com 34 anos de doença, anti-TPO reagente (101UI/ml, sendo negativo até 35 UI/ml) evoluiu com surgimento de repigmentação perifolicular. As fotos da esquerda são pré tratamento e da direita, após. Os gráficos da citometria estão representados nas páginas seguintes.
Basal 15 sessões 30 sessões 1 ano
103
FIGURA 5.4.5. Imunofenotipagem de linfócitos T. Gráficos da citometria de fluxo utilizando anticorpos monoclonais anti-CD8 PE e anti-CLA-FITC. Os linfócitos T CD8-CLA+ correspondem ao quadrante superior direito; os linfócitos T CD4-CLA+, ao quadrante superior esquerdo; os linfócitos T CD8+, à soma dos quadrantes superior e inferior direitos e os linfócitos T CD4+, à soma dos quadrantes superior e inferior esquerdos. Estes gráficos correspondem aos resultados da paciente da figura 5.4.4. Paralelamente ao surgimento de repigmentação, houve aumento do percentual de linfócitos TCD4-CLA+ e redução dos linfócitos T CD8-CLA+
104
FIGURA 5.4.6. Paciente com vitiligo universal, de 31 anos de idade, com 6 anos de doença. Antes do início da doença (fotos A e D), correspondia ao fototipo III. Apresentou máculas levemente acastanhadas e ilhotas na face durante a fotoquimioterapia (B e E). Entretanto após o período de acompanhamento do protocolo, as lesões evoluíram (foto C) e após 6 meses, o tratamento foi suspenso. A dosagem de anticorpos antitireoperoxidase não foi reagente. O % de linfócitos T CD8-CLA+ inicial foi de 0,91 e elevou para 1,94, já o de CD4-CLA+ não apresentou grande variação (de 2,43% para 2,63%). A MFI dos linfócitos T CLA+ não alterou de forma importante.
A B C
D E
105
FIGURA 5.4.7. Paciente
de 45 anos de idade, com
14 anos de evolução de
vitiligo, com mãe e irmã
portadoras da doença,
apresentou ilhotas de
repigmentação em todas
as lesões, inclusive nas
extremidades (fotos pré:
A,C,E e fotos pós: B,D,F).
Previamente, no dorso do
antebraço (foto E),
realizou tatuagem para
camuflar a lesão.
A B
C D
E F
106
FIGURA 5.4.8. Imunofenotipagem dos linfócitos T. Gráficos da citometria de fluxo da
paciente da figura 5.4.7. Ela apresentou queda de 60% dos linfócitos T CD8-CLA+ e redução
dos linfócitos TCD4-CLA+ de 2,12 para 1,89.
107
FIGURA 5.4.9. Fotos ilustrativas de algumas pacientes mostrando boa resposta clínica
no colo e face. As fotos A,D,G correspondem ao momento inicial; as fotos B,E,H após
30 sessões e a foto C,F,I ao resultado após o protocolo.
A B. 30 sessões C . 6 m eses
D E . 30 sessões F . 1 ano
G H. 30 sessões I.1 ano
108
FIGURA 5.4.10. Dificuldade de repigmentação. Fotos ilustrativas de algumas pacientes
mostrando dificuldade de repigmentação das extremidades. Embora tenha sido observado
um leve eritema nas máculas das mãos e halo de pigmentação nas lesões das pernas.
Pré Pós
Pré Pós
109
FIGURA 5.4.11 Resultados obtidos na citometria de fluxo. O gráfic o A ilustra a janela ( gate ) com a população celular de interesse (linfócitos). Em B pode-se ver a imagem obtida após calibração (células não marcadas). Nos gráficos C e D estão representadas a distribuição das células marcadas com o anticorpo C D3. Em E podem-se ver as células marcadas com anti corpo anti-CD8 e anti-CLA, após compensação. Em F, vemos o controle de células sem anticorpo monoclonal.
110
5.5. COMPARAÇÃO ENTRE OS DOENTES DE VITILIGO E OS I NDIVÍDUOS
SAUDÁVEIS (MOMENTO INICIAL DO ESTUDO)
5.5.1 ANÁLISE DOS MARCADORES CD4 E CD8 DOS LINFÓCITOS
PERIFÉRICOS DOS PACIENTES E DOS CONTROLES
Não foi observada diferença significativa entre a relação CD4/CD8 entre os
pacientes e os controles (p=0,97), ao nível descritivo do teste de Mann-Whiteny.
TABELA 5.5.1.3 – RELAÇÃO CD4/CD8 dos pacientes e controles Variável Grupo n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD4/CD8 paciente 22 1,96 0,73 1,823 0,807 4,048controle 15 2,09 1,08 1,741 1,098 5,382
0,97
RELAÇÃO CD4/CD8 NOS PACIENTES COM VITILIGOE NOS INDIVÍDUOS CONTROLE
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
Paciente Controle
Rel
ação
CD
4/C
D8
FIGURA 5.5.1.3 Gráfico de barras demonstrando a relação CD4/CD8 dos pacientes e indivíduos controles. A análise estatística indicou que não houve diferença significativa entre os dois grupos.
111
5.5.2 COMPARAÇÃO DOS LINFÓCITOS T-CLA + (CD3-CLA+) ENTRE OS
PACIENTES E O GRUPO CONTROLE NO MOMENTO INICIAL DO
ESTUDO
Em termos percentuais da população linfocitária:
Não foi observada diferença significativa entre o percentual circulante de linfócitos T-
CLA+ entre os pacientes e os controles (p=0,19), ao nível descritivo do teste de
Mann-Whiteny.
TABELA 5.5.2.1. Percentual dos linfócitos T CD3-CLA+ dos pacientes e controles
Variável Grupo n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD3/CLA % paciente 22 3,30 1,71 3,075 1,08 6,51controle 15 4,16 2,00 3,54 1,92 8,66
0,19
PERCENTUAL DE LINFÓCITOS T CD3 +- CLA+ PERIFÉRICOS NOS DOENTES DE VITILIGO
E NOS INDIVÍDUOS CONTROLE
0
1
2
3
4
5
6
7
Paciente Controle
% d
e lin
fóci
tos
T C
D3
+ - C
LA+
FIGURA 5.5.2.1. Gráfico de barras demonstrando o percentual dos linfócitos T CD3-CLA+ periféricos dos pacientes e controles. A análise estatística indicou que não houve diferença significativa entre os dois grupos.
112
Análise da Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de
linfócitos T-CLA +
Não foi observada diferença significativa entre a Intensidade Média de
Fluorescência (MFI) da população de linfócitos TCD3-CLA+ periféricos entre os
pacientes e os controles (p=0,23), ao nível descritivo do teste de Mann-Whiteny.
TABELA 5.5.2.2. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD3-CLA+ dos pacientes e controles
Variável Grupo n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD3/CLA MFI paciente 22 141,41 60,25 137,265 57,81 285,54controle 15 113,88 42,09 114,42 41,09 174,41
0,23
INTENSIDADE MÉDIA DE FLUORESCÊNCIA (MFI) DOS LINFÓCITOS T CD3+- CLA+ NOS DOENTES DE VITILIGO E
NOS INDIVÍDUOS CONTROLE
0
50
100
150
200
Paciente Controle
MF
I dos
linf
ócito
s T
CD
3+ -
CLA
+
FIGURA 5.5.2.2. Gráfico de barras demonstrando a Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD3-CLA+ dos pacientes e controles. A análise estatística indicou que não houve diferença significativa entre os dois grupos.
113
5.5.3 COMPARAÇÃO DOS LINFÓCITOS T CD4-CLA + ENTRE OS
PACIENTES E O GRUPO CONTROLE
Em termos percentuais da população linfocitária:
Não foi observada diferença significativa entre o percentual circulante de linfócitos
TCD4-CLA+ entre os pacientes e os controles (p=0,39), ao nível descritivo do teste
de Mann-Whiteny.
TABELA 5.5.3.1 – Percentual dos linfócitos T CD4-CLA+ dos pacientes e controles Variável Grupo n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD4/CLA % paciente 22 2,18 1,17 1,875 0,6 4,58controle 15 2,80 2,01 2,35 0,62 7,7
0,39
PERCENTUAL DE LINFÓCITOS T CD4 + - CLA+
PERIFÉRICOS NOS DOENTES DE VITILIGO E NOS INDIVÍDUOS CONTROLE
0
1
2
3
4
5
6
Paciente ControlePer
cent
ual d
e lin
fóci
tos
T C
D4
+ - C
LA+
FIGURA 5.5.3.1. Gráfico de barras demonstrando o percentual de linfócitos T CD4-CLA+ periféricos dos pacientes e controles. A análise estatística indicou que não houve diferença significativa entre os dois grupos.
114
Análise da Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de
linfócitos TCD4-CLA +
Não foi observada diferença significativa entre a Intensidade Média de Fluorescência
(MFI) da população de linfócitos TCD4-CLA+ periféricos entre os pacientes e os
controles (p=0,74), ao nível descritivo do teste de Mann-Whiteny.
TABELA 5.5.3.2. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD4-CLA+ periféricos dos pacientes e controles
Variável Grupo n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD4/CLA MFI paciente 22 68,29 35,18 57,405 25,07 167,73controle 15 66,11 28,92 60,76 19,53 120,66
0,75
INTENSIDADE MÉDIA DE FLUORECÊNCIA (MFI) DOS LINFÓCITOS T CD4+ - CLA+ NOS DOENTES DE VITILIGO E
NOS INDIVÍDUOS CONTROLE
0
20
40
60
80
100
120
Paciente Controle
MF
I dos
linf
ócito
s T
CD
4+ -
CLA
+
FIGURA 5.5.3.2. Gráfico de barras demonstrando a Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD4-CLA+ dos pacientes e controles. A análise estatística indicou que não houve diferença significativa entre os dois grupos.
115
5.5.4 COMPARAÇÃO DOS LINFÓCITOS T CD8-CLA + ENTRE OS
PACIENTES E O GRUPO CONTROLE
Em termos percentuais da população linfocitária:
Observou-se que o grupo de pacientes apresentou níveis percentuais de linfócitos
TCD8-CLA+ pré-tratamento significativamente menor que o grupo controle
(p=0,008), ao nível descritivo do teste de Mann-Whiteny.
TABELA 5.5.4.1. Percentual dos linfócitos T CD8-CLA+ dos pacientes e controles Variável Grupo n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD8/CLA % paciente 22 0,926 0,541 0,835 0,260 2,310controle 15 1,361 0,552 1,180 0,660 2,430
0,008
PERCENTUAL DE LINFÓCITOS T CD8 + - CLA+ PERIFÉRICOS NOS DOENTES DE VITILIGO E NOS INDIVÍDUOS CONTROLE
0
0,5
1
1,5
2
2,5
Paciente Controle
% d
e lin
fóci
tos
T C
D8
+ - C
LA+
FIGURA 5.5.4.1. Gráfico de barras demonstrando o percentual de linfócitos T CD8-CLA+ periféricos dos pacientes e controles. A análise estatística indicou que os pacientes apresentaram níveis percentuais de linfócitos TCD8-CLA+ pré-tratamento significativamente menor que o grupo controle (p=0,008).
116
Análise da Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de
linfócitos TCD8-CLA +
Observou-se que os linfócitos TCD8-CLA+ pré-tratamento dos pacientes
apresentaram Intensidade Média de Fluorescência (MFI) significativamente maior
que no grupo controle (p=0,028), ao nível descritivo do teste de Mann-Whiteny.
TABELA 5.5.4.2. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD8-CLA+ periféricos dos pacientes e controles
Variável Grupo n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD8/CLA MFI paciente 22 73,12 37,26 68,11 30,48 136,06controle 15 47,76 26,85 41,34 21,47 102,13
0,028
INTENSIDADE MÉDIA DE FLUORESCÊNCIA (MFI) DOS LINFÓCITOS T CD8+- CLA+ NOS DOENTES DE VITILIGO
E NOS INDIVÍDUOS CONTROLE
0
20
40
60
80
100
120
Paciente Controle
MF
I dos
linf
ócito
s T
CD
8+ -
CLA
+
FIGURA 5.5.4.2. Gráfico de barras demonstrando a Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD8-CLA+ dos pacientes e controles. A análise estatística indicou que linfócitos TCD8-CLA+ dos pacientes pré-tratamento apresentaram Intensidade Média de Fluorescência (MFI) significativamente maior que os do grupo controle (p=0,028).
117
5.6 COMPARAÇÃO ENTRE OS DOENTES DE VITILIGO ANTES E DEPOIS DA
TERAPIA PUVA
5.6.1 Análise dos marcadores CD4 e CD8 dos linfócit os T periféricos
Não foi observada diferença significativa entre a relação CD4/CD8 entre os
pacientes antes e após a fotoquimioterapia, (p=0,59), ao nível descritivo do teste dos
postos sinalizados de Wilcoxon.
TABELA 5.6.1.1. RELAÇÃO CD4/CD8 dos pacientes antes e após a terapia PUVA Variável n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD4/CD8 pré 20 1,92 0,75 1,761 0,807 4,048CD4/CD8 pós 20 1,96 0,72 1,8125 0,962 3,85
Delta CD4/CD8 20 0,04 0,31 0,046 -0,513 0,6590,59
RELAÇÃO CD4/CD8 ANTES E APÓS A TERAPIA PUVA
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
CD4/CD8 pré CD4/CD8 pós
Rel
ação
CD
4/C
D8
FIGURA 5.6.1.1. Gráfico de barras demonstrando a relação CD4/CD8 dos pacientes antes e após o tratamento. A análise estatística indicou que não houve diferença significativa entre os dois momentos.
118
5.6.2. COMPARAÇÃO DOS LINFÓCITOS T-CLA +(CD3-CLA+) ENTRE OS
PACIENTES DE VITILIGO PRÉ E PÓS FOTOQUIMIOTERAPIA ( PUVA)
Em termos percentuais da população linfocitária:
Não foi observada diferença significativa entre o percentual circulante de linfócitos T-
CLA+ entre os doentes antes e após o tratamento (p=0,45), ao nível descritivo do
teste dos postos sinalizados de Wilcoxon. Neste caso o delta se aproxima do valor
zero. Quando o delta é menor do que zero (pós-pré) indica queda daquele índice.
Embora ele tenha sido de -0,12, não houve significância estatística.
TABELA 5.6.1.2. Percentual dos linfócitos T CD3-CLA+ dos pacientes pré e pós tratamento
Variável n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
119
Análise da Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de
linfócitos T-CLA +
Não foi observada diferença significativa entre a Intensidade Média de Fluorescência
(MFI) da população de linfócitos TCD3-CLA+ periféricos entre os doentes antes e
após o tratamento (p=0,89), ao nível descritivo do teste dos postos sinalizados de
Wilcoxon.
TABELA 5.6.1.3. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD3-CLA+ periféricos dos pacientes antes e após o tratamento
Variável n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD3/CLA MFI pré 20 144,75 61,03 137,265 57,81 285,54CD3/CLA MFI pós 20 142,31 52,89 144,34 63,21 238,19
Delta CD3/CLA MFI 20 -2,44 39,33 0,995 -103,04 50,850,89
INTENSIDADE MÉDIA DE FLUORESCÊNCIA (MFI) DOS
LINFÓCITOS T CD3-CLA + ANTES E APÓS A TERAPIA PUVA
0
50
100
150
200
CD3/CLA MFI pré CD3/CLA MFI pós
MF
I dos
Lin
fóci
tos
TC
D43
-CLA
+
FIGURA 5.6.1.3. Gráfico de barras demonstrando a Intensidade Média de Fluorescência (MFI) dos linfócitos T CD3-CLA+ dos pacientes antes e após o tramento. A análise estatística indicou que não houve diferença significativa entre os dois momentos.
120
5.6.3. COMPARAÇÃO DOS LINFÓCITOS T CD4-CLA + ENTRE OS PACIENTES DE
VITILIGO PRÉ E PÓS FOTOQUIMIOTERAPIA (PUVA)
Em termos percentuais da população linfocitária:
Não foi observada diferença significativa entre o percentual circulante de linfócitos
TCD4-CLA+ dos doentes antes e após o tratamento (p=0,36), ao nível descritivo do
teste dos postos sinalizados de Wilcoxon.
TABELA 5.6.3.1. Percentual circulante de linfócitos TCD4-CLA+ dos pacientes antes e após o tratamento
Variável n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD4/CLA % pré 20 2,24 1,21 2,19 0,6 4,58CD4/CLA % pós 20 2,23 1,90 1,825 0,33 8,72
Delta CD4/CLA % 20 -0,01 1,57 -0,115 -2,29 5,410,36
PRECENTUAL DOS LINFÓCITOS T CD4 - CLA +
ANTES E APÓS A TERAPIA PUVA
00,5
11,5
22,5
33,5
44,5
5
CD4/CLA % pré CD4/CLA % pós
% L
infó
cito
s T
CD
4 -
CLA
+
FIGURA 5.6.3.1. Gráfico de barras demonstrando o percentual circulante de linfócitos TCD4-CLA+ dos pacientes antes e após o tratamento. A análise estatística indicou que não houve diferença significativa entre os dois momentos.
121
Análise da Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de linfócitos
TCD4-CLA+
Não foi observada diferença significativa entre a Intensidade Média de Fluorescência
(MFI) da população de linfócitos TCD4-CLA+ periféricos dos doentes, antes e após o
tratamento (p=0,38), ao nível descritivo do teste dos postos sinalizados de Wilcoxon.
TABELA 5.6.3.2. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de linfócitos TCD4-CLA+ dos pacientes antes e após o tratamento
Variável n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD4/CLA MFI pré 20 70,81 35,87 58,335 25,07 167,73CD4/CLA MFI pós 20 63,18 19,35 61,555 35,34 114,34
Delta CD4/CLA MFI 20 -7,63 30,37 -2,82 -95,99 42,450,38
INTENSIDADE MÉDIA DE FLUORESCÊNCIA (MFI) DOS
LINFÓCITOS T CD4-CLA + ANTES E APÓS A TERAPIA PUVA
0
20
40
60
80
100
120
CD4/CLA MFI pré CD4/CLA MFI pós
MF
I dos
Lin
fóci
tos
TC
D4-
CLA
+
FIGURA 5.6.3.2. Gráfico de barras demonstrando a Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de linfócitos TCD4-CLA+ dos pacientes antes e após o tratamento. A análise estatística indicou que não houve diferença significativa entre os dois momentos.
122
5.6.4. COMPARAÇÃO DOS LINFÓCITOS T CD8-CLA + ENTRE OS PACIENTES
DE VITILIGO PRÉ E PÓS FOTOQUIMIOTERAPIA (PUVA)
Em termos percentuais da população linfocitária:
Não foi observada diferença significativa entre o percentual circulante de linfócitos
TCD8-CLA+ dos doentes, antes e após o tratamento (p=0,12), ao nível descritivo do
teste dos postos sinalizados de Wilcoxon. Neste caso, porém, o delta se aproxima
do valor zero. Quando o delta é menor do que zero (pós-pré) indica queda daquele
índice. Embora ele tenha sido de -0,12, não houve significância estatística.
TABELA 5.6.4.1. Percentual circulante de linfócitos TCD8-CLA+ dos doentes, antes e após o tratamento.
Variável n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD8/CLA % pré 20 0,97 0,55 0,88 0,26 2,31CD8/CLA % pós 20 0,86 0,53 0,755 0,19 2,06
Delta CD8/CLA % 20 -0,12 0,65 -0,21 -1,32 1,270,12
PERCENTUAL DOS LINFÓCITOS T CD8-CLA +
ANTES E APÓS A TERAPIA PUVA
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
CD8/CLA % pré CD8/CLA % pós
% L
infó
cito
s T
CD
8-C
LA+
FIGURA 5.6.4.1 Gráfico de barras demonstrando o Percentual circulante de linfócitos TCD8-CLA+ dos doentes, antes e após o tratamento. A análise estatística indicou que não houve diferença significativa entre os dois momentos.
123
Análise da Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de
linfócitos TCD8-CLA +
Não foi observada diferença significativa entre a Intensidade Média de Fluorescência
(MFI) da população de linfócitos TCD8-CLA+ periféricos dos doentes, antes e após o
tratamento (p=0,40), ao nível descritivo do teste dos postos sinalizados de Wilcoxon.
TABELA 5.6.4.2. Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de linfócitos TCD8-CLA+ dos pacientes antes e após o tratamento
Variável n Média DP Mediana Mínimo Máximo p valor a
CD8/CLA MFI pré 20 73,93 37,82 68,11 30,48 136,06CD8/CLA MFI pós 20 79,13 44,39 60,47 17,6 145,26
Delta CD8/CLA MFI 20 5,19 30,98 3,655 -78,35 50,090,4
INTENSIDADE MÉDIA DE FLUORESCÊNCIA (MFI) DOS
LINFÓCITOS T CD8-CLA + ANTES E APÓS A TERAPIA PUVA
0
20
40
60
80
100
120
140
CD8/CLA MFI pré CD8/CLA MFI pós
% M
FI d
os L
infó
cito
s T
CD
8-C
LA+
FIGURA 5.6.4.2. Gráfico de barras demonstrando a Intensidade Média de Fluorescência (MFI) da população de linfócitos TCD8-CLA+ dos pacientes antes e após o tratamento. Não houve diferença significativa entre os dois momentos.
124
5 DISCUSSÃO
A patogenia do vitiligo é complexa e multifatorial. Embora evidências mais
atuais sugiram que a imunidade celular, em especial a célula T citotóxica,
desempenhe um papel importante no surgimento da doença em detrimento das
premissas anteriores, quando se admitia que o anticorpo contra o melanócito era o
principal “vilão” contra a célula pigmentada, muitas etapas do processo de destruição
melanocítica ainda não são conhecidas (GUNDUZ, 2004; SEHGAL, 2005).
Muitos são os fenômenos imunológicos descritos, mas não se definiram, até
o momento, quais seriam apenas epifenômenos e qual seria o principal determinante
da doença. O conhecimento da patogenia da doença é fundamental para se
estabelecer a conduta terapêutica adequada, especialmente em se tratando de uma
doença freqüente e com inúmeras implicações psicossociais, na qual os avanços
podem beneficiar grande número de pessoas.
A terapia PUVA é um tratamento, há muito conhecido e bem estabelecido,
para o vitiligo. Algumas ações da PUVA são conhecidas, outras estão por serem
descobertas. A análise de como a fotoquimioterapia leva à repigmentação dos
pacientes pode contribuir para o entendimento do mecanismo de doença do vitiligo.
Este trabalho estudou o papel da célula T circulante, dotada de capacidade
de entrar e sair da pele em condições basais, a célula T-CLA+, que corresponde a
98% das células T da pele em indivíduos normais e que é atraída para o parênquima
cutâneo em dermatoses inflamatórias (CLARK, 2006; ROBERT,1999).
125
Os estudos que versam sobre o vitiligo geram resultados controversos entre
si, talvez por metodologia inadequada ou por agrupar, em uma mesma amostra,
pacientes de vitiligo em progressão e vitiligo estável, lesões focais e lesões
generalizadas, ou ainda, por realização de biópsias em locais não padronizados. Há
que se considerar ainda a variabilidade genética entre as diferentes etnias.
Há que se considerar, também, a distinção patogenética entre o vitiligo
segmentar, não estudado neste trabalho, e as formas de vitiligo não segmentar.
Desta forma, o estudo realizado foi desenhado de forma a evitar, na medida
do possível, vieses. Foi reunido um grupo de pacientes com vitiligo não segmentar,
com lesões simétricas, em progressão, sem outras dermatoses, sem terapias
imunossupressoras ou imunomoduladoras de qualquer natureza, não submetidos a
tratamento prévio por seis meses, sendo que este grupo foi comparado com outro
pareado por sexo e idade.
Talvez o grupo controle ideal fosse o de pacientes com lesões
generalizadas, em progressão, simétricas, sem tratamento para o vitiligo. Neste caso
faríamos a mesma análise dos pacientes tratados após o tempo determinado para o
tratamento, com o objetivo de checar se as alterações linfócitárias encontradas
seriam decorrentes da história natural da doença. Entretanto, por questões éticas,
não poderíamos deixar pacientes sem tratamento.
A literatura mostra que não há variação da prevalência de vitiligo entre
mulheres e homens, embora alguns autores tenham encontrado freqüência maior
entre as mulheres. Já foi descrito que a maior procura da mulher ao médico poderia
gerar uma maior freqüência. No nosso estudo, houve maior freqüência entre as
mulheres, talvez por que elas tenham maior vontade e/ou interesse em obter
126
melhora das manchas. A demanda dos pacientes foi espontânea, de forma que não
houve busca ativa dos casos.
Outro aspecto observado foi uma rápida resposta dos pacientes ao
tratamento. Embora o objetivo deste trabalho não seja avaliar a eficácia da
terapêutica, uma vez que ela já está bem estabelecida para o vitiligo, há que se
considerar o grau de resposta obtido em 100% dos pacientes em curto tempo de
tratamento (início da repigmentação com média de nove sessões). Poderia a relação
médico-paciente abreviar o tempo de tratamento? Se fenômenos psicossociais
podem influenciar o sistema imune, é possível que intervenções psicossociais
possam alterar a função imunológica (O´LEARY, 1990).
A expansão das células T CD4+ circulantes é um fenômeno comum em várias
doenças auto-imunes e a relação CD4/CD8 é regulada por uma série de
mecanismos homeostáticos. Uma perturbação nesse sistema finamente regulado
pode levar a uma alteração auto-imune como o vitiligo. (D’AMELIO, 1990).
Ao estudar a presença e variação da célula T na patogenia do vitiligo, autores
encontraram células T CD4+ e CD8+ no infiltrado linfocitário nas áreas marginais das
lesões de vitiligo e outros encontraram variações destes linfócitos no sangue
periférico (ABDEL-NASSER, 1992; AHN, 1994; AL BADRI, 1993; D´AMELIO et al,
1990; GUNDUZ, 2004; LE POOLE, 1997; MAHMOUD, 1998; PARK, 1992;
SOUBIRAN et al, 1985; VAN DEN WIJNGAARD, 2000).
Para análise das características imunofenotípicas das subpopulações de
linfócitos T circulantes CD4+ e CD8+ e determinação da relação CD4/CD8, utilizamos
o grupo controle como valor de referência normal. Rotineiramente analisa-se a
relação CD4/CD8 dentro de valores de referência internacionais fornecidos pelo
laboratório. Uma vez que não há um padrão nacional, consensual, de análise destes
127
linfócitos, os do grupo controle foram utilizados como parâmetro de comparação.
Um estudo brasileiro encontrou, entre indivíduos sadios, relação CD4/CD8 de 1,73
com variação de +0,53 (SOUZA, 2003). Estes valores foram próximos aos
encontrados no nosso grupo controle, onde a mediana da relação CD4/CD8 foi de
1,74 com desvio padrão de 1,08.
A relação entre os linfócitos TCD4+ e T CD8+ periféricos, os chamados T
helper/inducer e T supressor/citotóxico, respectivamente, é utilizada na avaliação da
regulação imune e estão quantitativamente alteradas em muitas doenças com
disfunção imunológica como, por exemplo, na avaliação do grau de imunodeficiência
em pacientes com SIDA, nos quais ocorre depleção dos linfócitos T CD4+ e no
acompanhamento de pacientes com micose fungóide, dermatose neoplásica-reativa
em que há expansão de linfóticos CD4+ , nos quais a elevação desta relação indica
piora clínica (BACAL, 2003). Ao analisarmos a relação CD4/CD8 nos pacientes de
vitiligo e seu comportamento frente à terapia PUVA, tentamos inferir algum caráter
prognóstico, admitindo ser a célula T CD8+ a principal causadora da destruição
citotóxica dos melanócitos. Entretanto, este fenômeno não foi observado, já que a
relação CD4/CD8 não se modificou com a PUVA a despeito da repigmentação e do
bom padrão de resposta clínica observado na grande maioria dos pacientes.
No caso do vitiligo, esta relação foi analisada para se estudar a patogenia
da doença e foi descrita como elevada em pacientes de vitiligo estável (D´AMELIO et
al, 1990; SOUBIRAN et al, 1985) e normal ou reduzida em alguns dos pacientes
com vitiligo ativo (MAHMOUD et al., 1998; HANN et al. 1993). Alguns autores
incluíram, em um mesmo grupo de estudo, pacientes em momentos distintos de
atividade de doença e encontraram valores da relação CD4/CD8 normais ou
reduzidos (ABDEL-NASSER, 1992; GUNDUZ, 2004). Assim alguns autores
128
encontraram resultados controversos devido às distintas características do grupo de
pacientes estudado. Além disso, os estudos prévios foram pontuais, isto é, avaliaram
os linfócitos T circulantes em momentos isolados da doença. Nosso estudo avaliou o
efeito de uma intervenção (fotoquimioterapia PUVA) sobre estes linfócitos. A relação
CD4/CD8 encontrada foi normal (1,96+0,73) nos pacientes com vitiligo ativo
estudados, não apresentando diferença estatística com o grupo controle (2,08+1,08).
Estes achados estão de acordo com alguns autores (ABDEL-NASSER, 1992;
MAHMOUD, 1998; PARK, 1992). A fotoquimioterapia não alterou estes valores
durante 30 sessões. Este tempo de tratamento foi suficiente para induzir maior ou
menor grau de repigmentação, não apenas na face (que repigmenta com mais
facilidade, mas inclusive nas mãos e nos pés) em 100% dos pacientes, mas não
alterou seus linfócitos T CD4+ e CD8+ circulantes.
Estes resultados talvez não sejam os melhores parâmetros a serem
analisados, porque todos os linfócitos foram estudados e não apenas o subgrupo
específico de linfócitos circulantes, CLA+, que tem a capacidade de entrar na pele.
Desta forma, resolvemos estudar a subpopulação linfocitária, que tem a capacidade
de circular entre o sangue e a pele, e que sofre redução em pacientes com psoríase
submetidos à fototerapia com RUV-B (SIGMUNDSDOTTIR et al, 2003).
Para restaurar a tolerância nas doenças auto-imunes existem três formas:
induzir anergia (tornando a célula T não reativa ao auto-antígeno), deletar células T
autoreativas, através da apoptose, ou induzir células imunoregulatórias (Tregs)
específicas para os autoantígenos alvos das células T patogênicas (LEE,2004).
Assim, terapias que levassem a anergia das células T inflamatórias ou reduzissem o
recrutamento das células T para a pele seriam uma promessa futura de sucesso
para o tratamento do vitiligo (SEHGAL,2005).
129
Desta forma, tendo em vista que a fototerapia é capaz de, em outras
dermatoses, reduzir a subpopulação sanguínea de linfócitos T recrutados para a
pele, isto foi estudado no vitiligo. A indução da apoptose dos linfócitos T pela PUVA
já foi demonstrada na pele de pacientes com micose fungóide (MANHAES, 2004).
Sabemos que menos que 5% das células T de sítio extracutâneos são CLA+
(CLARK, 2006). Não foram observadas no nosso estudo diferenças significativas
entre o valor das células T CLA+ no sangue periférico dos pacientes com vitiligo e
dos controles, seja de forma quantitativa (3,3%+1,71 dos linfócitos circulantes dos
doentes e 4,2%+ 2,0 dos linfócitos periféricos dos controles), como quantitativa
(MFI=141,41 e MFI=113,88, respectivamente).
Alguns autores encontraram não apenas no sangue periférico de pacientes
com vitiligo ativo linfócitos T-CD8+CLA+ citotóxicos, dirigidos contra antígenos de
diferenciação melanocítica, como também in situ, através de estudos de
imunoistoquímica da pele acometida (LE GAL, 2001; MANDELCORN-MONSON,
2003; MANTOVANI, 2003; OGG, 1998; VAN DEN WIJNGAARD, 2000). Foi definido
um papel consistente das células T melanócito-específicas no vitiligo, sendo a
imunidade celular dependente de TCD8+ um possível alvo de intervenção
terapêutica. (MANDELCORN-MONSON, 2003; MANTOVANI, 2003; OGG, 1998).
Justifica-se desta forma o estudo desta subpopulação celular.
Nossos resultados evidenciaram que o grupo de pacientes apresentou níveis
percentuais de linfócitos TCD8-CLA+ pré-tratamento significativamente menor
(0,96% +0,5) que o grupo controle (1,36%+0,5 com p valor=0,008). Este dado está
de acordo com os resultados dos autores citados, pois mesmo sendo um população
celular minoritária no sangue dos doentes e nos indivíduos controles, devido ao seu
comportamento migratório entre o sangue e a pele, eles possivelmente estão
130
direcionados para o tecido cutâneo. Uma vez que a intensidade média de
fluorescência (MFI) da população celular estudada estima a quantidade de
antígenos expressos na sua superfície, ela seria uma medida do número de
moléculas CLA e CD8 que estão presentes naquele momento. É interessante poder
estimar o grau de expressão do antígeno através da imunofluorescência. Foi
observado que os linfócitos TCD8-CLA+ dos doentes antes do tratamento
apresentavam MFI significativamente maior que no grupo controle (p=0,028), o que
contribui para sugerir o fato de que as células T CD8-CLA+, que expressam o CLA
de forma intensa, estão sendo realmente atraídas para o sítio de destruição
melanocítica, atravessando o vaso e se dirigindo para a pele. A fotoquimioterapia
não alterou de forma significativa, durante o período estudado, no sangue periférico,
o perfil de linfócitos TCD8-CLA+. Embora tenha ocorrido uma queda, em torno de
12% (de 0,96%+0,5 para 0,86%+0,5), ela não foi estatisticamente significativa.
Como em relação à célula T CD4-CLA+, não foi observada variação alguma (de
2,24%+1,21para 2,23%+1,9) e como houve redução, embora sem significância
estatística, das células T-CLA+(CD3-CLA+) em torno de 12% (de 3,21%+1,6 para
3,09%+2,1), na mesma magnitude das células T CD8-CLA+ , acreditamos que a
redução nos linfócitos T tenham ocorrido devido às custas da ação sobre os
linfócitos T CD8-CLA+. Estas populações celulares são minoritárias no sangue
periférico e acreditamos não ter encontrado relevância estatística dos parâmetros
analisados após a intervenção clínica porque talvez a principal ação da PUVA seja a
redução das células T na pele e isto não possa ser mensurado através do sangue.
Outra possibilidade, ainda que improvável, é o fato de que o modo de ação da PUVA
não seja este nos pacientes de vitiligo, ou ainda, a célula T CD8-CLA+ não
desempenhe um papel patogênico determinante na doença, ainda que tenha sido
131
descrito por outros autores (MANDELCORN-MONSON, 2003; MANTOVANI, 2003;
MATSUMURA, 2004; OGG, 1998; ONGENAE, 2003). A metodologia realizada para
imunofenotipagem dos linfócitos é universalmente aceita e foi realizada de acordo
com os protocolos de citometria de fluxo. Outras possibilidades a serem
consideradas são: o número de pacientes estudados, que talvez seja inferior ao
necessário para se estabelecer uma inferência ou ainda, o tempo de tratamento
estabelecido não tenha sido suficiente para gerar esta imunomodulação. Isto parece
ser improvável uma vez que a ação da PUVA sobre a imunidade celular é verificada
em 48h após a sessão de PUVA (REE, 1982).
Em relação às células TCD4-CLA+, não foi observada diferença significativa
entre o percentual circulante dos pacientes e dos controles (p=0,39), nem na
Intensidade Média de Fluorescência (p=0,74). Estes dados são originais e estão de
acordo com o esperado uma vez que os linfócitos T CD4+ circulantes encontram-se
elevados apenas nos pacientes com vitiligo estável, sem lesões em progressão
(D´AMELIO, 1990; SOUBIRAN, 1985). Era de se esperar, com a terapia PUVA e
consoante a melhora clínica, uma elevação dos linfócitos T CD4+ e da relação
CD4/CD8. Embora ela tenha elevado, tal elevação foi discreta (de 1,92 para 1,96),
sem valor estatístico (p=0,59). Desta forma sugerimos que, diferentemente do que
ocorre em outras dermatoses, a aferição dos linfócitos totais TCD4+ e TCD8+ para o
prognóstico e acompanhamento dos pacientes de vitiligo não seja o ideal.
Outro efeito observado no tratamento com PUVA é a redução do títulos de
autoanticorpos em pacientes de vitiligo tratados com sucesso (ONGENAE, 2003).
Nos nossos pacientes, apenas cinco dos 22 apresentaram anticorpo anti-
tireoperoxidase positivo, constituindo um subgrupo muito reduzido, de forma que
nenhuma inferência sobre o efeito da PUVA sobre estes anticorpos pode ser feita.
132
Com os dados apresentados, reforçamos, ainda que de forma indireta, o
papel da célula T-CD8-CLA+ na gênese da doença, visto que esta subpopulação
estava significantemente reduzida no sangue dos doentes e foi a única
subpopulação, dentre as estudadas, a sofrer modificação com a PUVA. Sugere-se
que estes achados tenham implicação no estudo dos mecanismos patogenéticos do
vitiligo e não implicação prognóstica direta.
133
7. CONCLUSÕES
1. Os pacientes com vitiligo apresentaram níveis reduzidos de linfócitos T
CD8-CLA+ circulantes, de forma significativa, se comparados com os
indivíduos controles.
2. A relação dos linfócitos T CD4/CD8 no sangue periférico foi semelhante
entre os pacientes de vitiligo não segmentar e os indivíduos controles.
3. Os linfócitos T CD4-CLA+ e T CD8-CLA+ não apresentaram diferenças
quantitativas e qualitativas, com significância estatística, antes e após 30
sessões de puvaterapia, assim como a relação CD4/CD8.
134
8. SUGESTÕES
a. Um acompanhamento por longo prazo destes pacientes pode ser realizado.
Permitindo avaliar após um ano de fotoquimioterapia os parâmetros estudados, a fim
de observar se a duração do tratamento influenciou na imunomodulação.
b. Considerando o comportamento migratório das células T-CLA+, a presença
das células T-CLA+ frente à terapia PUVA poderia ser analisada através da
imunoistoquímica da pele. Elucidando se ocorre de fato deleção destas células,
especialmente da subpopulação TCD8-CLA+.
c. Marcadores de apoptose poderiam ser estudados na pele de pacientes com
vitiligo, visto que os linfócitos do infiltrado cutâneo de indivíduos submetidos a
fotoquimioterapia entram em apoptose,
d. Estas e outras etapas da imunomodulação poderiam ser analisadas com a
fototerapia com RUV-B de banda estreita, uma vez que se trata de uma nova terapia
para o vitiligo que carece de estudos a respeito de seus mecanismos controladores
da doença.
135
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160
10. ANEXOS
A seguir:
• Ficha clínica dos pacientes
• Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)
• Parecer (Aprovação) do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética
161
FICFICHA DOS PACIENTES – PROJETO DE VITILIGO –
IDENTIFICAÇÃO: Número no projeto: __________________ __
Nome: _______________________________________________________IDADE: __________
PRONTUÁRIO: _________________ Endereço: _________________________ CEP: _______________
Telefone: __________________
Data de Nascimento: _____/_____/_____ Sexo: _______ Naturalidade: _____________________
Escolaridade: ________________________ Profissão: __________________________________
Data desta avaliação: ____ /____/____
Data na 1ª consulta na dermatologia: ___ /____ /_____
2. INFORMAÇÕES DE SAÚDE: Idade atual: _________
PARA MULHERES EM IDADE FÉRTIL DUM: ____/___/___
Método Aco em uso _______________________________________________
1. Início do vitiligo/ evolução das lesões : ______________________________________________ 2. Início de quadro (em que ano?)_______________________ Tempo de evolução_________________________________
Casos na família_____________________________________________________
3. Tratamentos prévios: ___________________________________________
Antes da Puvaterapia:
( )Viticromin oral Início____________Tempo de duração______________
Resposta clínica: ( )inalterado ( ) modificado ( )melhora discreta ( )melhora moderada ( )melhora intensa
( ) progressão da doença
( ) Viticromin tópico Início____________Tempo de duração______________
Resposta clínica: ( )inalterado ( ) modificado ( )melhora discreta ( )melhora moderada ( )melhora intensa
( ) progressão da doença
( ) Corticóide oral Início____________Tempo de duração______________
Resposta clínica: ( )inalterado ( ) modificado ( )melhora discreta ( )melhora moderada ( )melhora intensa
( ) progressão da doença
( ) Corticóide tópico Início____________Tempo de duração______________
Resposta clínica: ( )inalterado ( ) modificado ( )melhora discreta ( )melhora moderada ( )melhora intensa
( ) progressão da doença
( ) Oxsoralen tópico + sol Início____________Tempo de duração________
Resposta clínica: ( )inalterado ( ) modificado ( )melhora discreta ( )melhora moderada ( )melhora intensa
( ) progressão da doença
( ) Outros Citar: ________________________________________
Resposta clínica: ( )inalterado ( ) modificado ( )melhora discreta ( )melhora moderada ( )melhora intensa
( ) progressão da doença
3. História Familial (colocar grau de parentesco):
162
( ) Hipo ou hipertireoidismo___________________________________
( ) Diabetes mellitus_________________________________________
( )Anemia perniciosa________________________________________
( )Halo nevus_______________________________________________
( )Alopécia areata____________________________________________
( )Melanoma_________________________________________________
( ) Outras____________________________________________________
4. Outras doenças associadas nos familiares? (colocar grau de parentesco e respectiva doença se for o caso)
5.Comorbidades no pacientes: ________________________________________________
Outros medicamentos em uso? ________________________________________________
Alergias? _________________________________________________________________
4. Exame físico: A. Fototipo ___________________________ I – branco bem pálido – queima com muita facilidade , intensamente e NUNCA bronzeia
II – branco – queima facilmente, bronzeia pouquíssi mo E com muita dificuldade
III – branco – queima moderadamente, bronzeia moder adamente e uniformemente
IV- beige or lightly tanned – queima pouquíssimo, b ronzeia com facilidade e moderadamente
V – moderate Brown or tanned – fica muito bronzeada (marrom intenso) – raramente queima
VI – dark Brown or black – NUNCA queima e bronzeia i ntensamente (marrom forte ou negro)
B. Peso corporal _________ (minha balança) Altura: ________________
C. Lesões acrômicas: ( ) face ____________________________
( ) tronco ____________________ ( ) MMSS _________________________
( ) MMII _____________________
( ) mãos _____________________ ( ) pés ____________________________
( ) genitália ___________________________________________________________
( ) região cervical ____________________________________________________
área de superfície corporal : estimada em _______________(Current. Medical Diagnosis & Treatment, 1998)
Cabeça + pescoço 9% ____________
Parte superior e posterior do tronco 9% ________
Parte inferior e posterior do tronco 9%________
Parte superior e anterior do tronco 9%_________
Parte inferior e anterior do tronco 9%________
Cada braço com mão 9% (total 18%)_________
Parte anterior de perna e coxa com pé 9%_________
Parte posterior de perna e coxa com pé 9%________
Genitália 1%_____________
5. Exames laboratoriais: Data: ___ / __ / ___
hemoglobi hematocrito hemácias leucocitos Uréia creatinina VHS glicemia
A) Diferencial de leucócitos: ____________________________________________________
163
TSH T4livre ANTI-TPO
TGO TGP Fosf alc GGT Bil Dir Bil IND Bil total
6. Exame oftalmológico ( __/ __ /__): ____________________________________________
7. Documentação Fotográfica – Data: ___ /__ /___ máquina usada _____________________
8. PUVA: Dose de oxsoralem: __________ ( ) ICN lote __________________( ) manipulado
Data de início: ___ / ___ / ____
Número de Joules iniciais: ______________
Número e frequência de sessões:___________________
Incremento de Joules: ___________________________
9. 11. Relação CD4/CD8 : _________________________ Data: __ /__ / __
10. CD4 ABS _____________________ CD8 ABS _______________ DATA: ___/___/____
11. Expressão do CLA: _________________________ Data: __ /__ / __ 12. Biopsia inicial de pele n°__________________ data da biopsia:_________ Local biopsiado_________________________ Descrição da lâmina___________________________________
13. Biopsia após tratamento com PUVA- n° da biópsia_________________ Número de sessões de PUVA até a repigmentação_________________
Dose de PUVA até a repigmentação____________________________
Data da biopsia:_________ Local biopsiado_______________________________________
Rio de Janeiro, _________ de ___________________ de _______.
FICHA DE EVOLUÇÃO CLÍNICA (15 sessões)
Avalição clínica Data: ___/___/____
1. Exame clínico:
Lesões acrômicas COM SINAIS DE REPIGMENTAÇÃO
( ) face ( ) SIM ____________________________ ( ) Não
( ) tronco ( ) SIM ____________________________ ( ) Não
( ) MMSS ( ) SIM ____________________________ ( ) Não
( ) MMII ( ) SIM __________________________ ( ) Não
( ) mãos ( ) SIM ___________________________ ( ) Não
( ) pés ( ) SIM ___________________________ ( ) Não
( ) outros
2. Eventos adversos ( ) sim, especificar ___________________________
( ) náuseas ( ) cefaléia ( ) tonteiras ( ) Vômitos ( ) diarréia ( ) queimadura
( ) vermelhidão ( ) ressecamento da pele ( ) coceira ( ) insônia ( ) depressão
( ) urticária ( ) cãibras - outros ( ) _______________________________
164
conduta:
resultado da intervenção:
( ) Não
3. Dose cumulativa (NÚMERO DE JOULES TOTAIS ATÉ HOJE): _____________________________
4. Aderência ao tratamento
Aderência ( ) sim ( ) não
Abandono ( ) sim ( ) não
5. PROGRIDO JOULES HOJE? ( ) SIM, para ___ J ( ) Não
6. Foi prescrito adjuvante:
( ) emoliente tópico ( ) sim, ________________________________ ( ) Não
( ) anti-histamínico oral ( ) sim, ________________________________ ( ) Não
7. FOTOS Hoje ( ) Sim ( ) Não
8. Recoleta de sangue e pele em ___ /___/___
FICHA DE EVOLUÇÃO (APÓS 30 sessões de PUVA)
Avalição clínica
Lesões acrômicas COM SINAIS DE REPIGMENTAÇÃO
( ) face ( ) SIM ____________________________ ( ) Não Data: ___/____/_____
( ) tronco ( ) SIM ____________________________ ( ) Não Data: ___/____/_____
( ) MMSS ( ) SIM ____________________________ ( ) Não Data: ___/____/_____
( ) MMII ( ) SIM ____________________________ ( ) Não Data: ___/____/_____
( ) mãos ( ) SIM ____________________________ ( ) Não Data: ___/____/_____
( ) pés ( ) SIM ____________________________ ( ) Não Data: ___/____/_____
2. Eventos adversos ( ) sim, especificar ___________________________
( ) náuseas ( ) cefaléia ( ) tonteiras ( ) Vômitos ( ) diarréia ( ) queimadura
( ) vermelhidão ( ) ressecamento da pele ( ) coceira ( ) insônia ( ) depressão
( ) urticária ( ) cãibras
conduta:
resultado da intervenção
( ) Não
3. Relação CD4/CD8: _________________________ Data: __ /__ / __
4. Expressão do CLA: _________________________ Data: __ /__ / __ 5. Biopsia após tratamento com PUVA- n° da biópsia_________________
165
Número de sessões de PUVA até a repigmentação_________________
Dose de PUVA até a repigmentação____________________________
Data da biopsia:_________
Local biopsiado_______________________________________
Descrição da lâmina___________________________________
6. Aderência ao tratamento
Aderência ( ) sim ( ) não
Abandono ( ) sim ( ) não
Situação clínica no momento do abandono_________________________
Número de joules totais (acumulados) até momento da 2ª coleta do material _____________________
AVALIAÇÃO GLOBAL DO PACIENTE : ( ) ótimo ( ) bom ( ) –regular ( ) nulo
AVALIAÇÃO GLOBAL DO MÉDICO : ( ) ótimo ( ) bom ( ) -regular ( ) nulo
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