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VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém - PA Brasil ____________________________________________________________ Planejamento e Estrutura no Polo Turístico Maracá-Cunani José Alberto Tostes Arquiteto e Urbanista, Pós-doutor em Estudos Urbanos Regionais, doutorado em Historia e Teoria da Arquitetura, professor da Universidade Federal do Amapá, [email protected] Fátima Maria Andrade Pelaes Arquiteta e Urbanista, Mestre em desenvolvimento regional, professora da Universidade Federal do Amapá. [email protected] Resumo O Polo/Roteiro Maracá-Cunani abrange 12 municípios do Amapá. Trata-se de um dos destinos turísticos do Brasil selecionados pelo Governo Brasileiro para obtenção de padrão de qualidade internacional e classificados como indutores do desenvolvimento turístico regional. O interesse turístico está diretamente relacionado à condição de Estado mais protegido da federação e a diversidade da excelência dos atrativos do Polo em um trajeto de 600 km. O objetivo deste trabalho é demonstrar como está configurado o planejamento e estrutura do Polo Roteiro Maracá- Cunani. Apresenta-se como hipótese a afirmação de que a infraestrutura existente no Polo Roteiro é deficiente, ocasionando entraves para o desenvolvimento do programa. O cenário encontrado no Polo/Roteiro Maracá-Cunani é de grande potencialidade turística, porém a infraestrutura receptiva é restrita e há divulgação deficiente. Os resultados obtidos demonstram que os municípios que integram o Polo são ainda pouco conhecidos entre os agentes de viagem, mas é um produto que desperta interesse de venda em grande parte do mercado. As ações previstas incluem um diversificado repertório de investimentos em melhorar e dotar a infraestrutura turística no Polo de todas as condições necessárias para garantir a viabilidade de desenvolvimento da área de planejamento. Palavras-chave: Polo Turístico, Turismo na Amazônia, Roteiro turístico no Amapá.

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VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém - PA – Brasil ____________________________________________________________ Planejamento e Estrutura no Polo Turístico Maracá-Cunani

José Alberto Tostes Arquiteto e Urbanista, Pós-doutor em Estudos Urbanos Regionais, doutorado em Historia e

Teoria da Arquitetura, professor da Universidade Federal do Amapá, [email protected]

Fátima Maria Andrade Pelaes Arquiteta e Urbanista, Mestre em desenvolvimento regional, professora da Universidade Federal

do Amapá.

[email protected]

Resumo

O Polo/Roteiro Maracá-Cunani abrange 12 municípios do Amapá. Trata-se de um dos destinos

turísticos do Brasil selecionados pelo Governo Brasileiro para obtenção de padrão de qualidade

internacional e classificados como indutores do desenvolvimento turístico regional. O interesse

turístico está diretamente relacionado à condição de Estado mais protegido da federação e a

diversidade da excelência dos atrativos do Polo em um trajeto de 600 km. O objetivo deste

trabalho é demonstrar como está configurado o planejamento e estrutura do Polo Roteiro Maracá-

Cunani. Apresenta-se como hipótese a afirmação de que a infraestrutura existente no Polo Roteiro

é deficiente, ocasionando entraves para o desenvolvimento do programa. O cenário encontrado

no Polo/Roteiro Maracá-Cunani é de grande potencialidade turística, porém a infraestrutura

receptiva é restrita e há divulgação deficiente. Os resultados obtidos demonstram que os

municípios que integram o Polo são ainda pouco conhecidos entre os agentes de viagem, mas é

um produto que desperta interesse de venda em grande parte do mercado. As ações previstas

incluem um diversificado repertório de investimentos em melhorar e dotar a infraestrutura turística

no Polo de todas as condições necessárias para garantir a viabilidade de desenvolvimento da

área de planejamento.

Palavras-chave: Polo Turístico, Turismo na Amazônia, Roteiro turístico no Amapá.

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I- Introdução

A região Amazônica se destaca pela natureza que, por sinal, constitui a base para um turismo

capaz de oferecer uma extensa gama de experiências a seus visitantes. A imensidão verde que

cobre sua área é acrescida de uma rica fauna e flora existente na região, caracterizada pelas

diversidades e variedades de sua biodiversidade. Neste rico repertório é que o Amapá apresenta

diferencial, qual seja, de proteger, aproveitar e desenvolver esses recursos turísticos, oferecendo

aos visitantes uma experiência de qualidade, preservando a integridade dos sistemas culturais,

ecológico e maximizando as receitas geradas pelo setor. (Figura 01)

Figura 01 - Localização do estado do Amapá na América do Sul

Fonte: Fundação Marco Zero, 2009.

Neste rico repertório é que o Amapá apresenta diferencial, qual seja, de proteger, aproveitar e

desenvolver esses recursos turísticos, oferecendo aos visitantes uma experiência de qualidade,

preservando a integridade dos sistemas culturais, ecológico e maximizando as receitas geradas

pelo setor. A capital do estado do Amapá localiza-se na foz do rio Amazonas. Esta bacia

hidrográfica é a maior bacia de água doce do mundo; é cortada pela linha do Equador, onde

ocorrem os fenômenos naturais como o Equinócio duas vezes por ano (março e setembro) e a

Pororoca. Localiza-se na faixa de fronteira brasileira, limitando-se a uma unidade ultramarina

francesa, estimulando o comércio de produtos amapaenses e brasileiros no mercado do euro;

ressalte-se, também, que esta posição permite a este Estado instalar projetos nos mais variados

setores da economia e na gestão de seu território.

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Dentre os tipos de turismo existentes na área do Polo/Roteiro Maracá-Cunani apresenta potencial

para o desenvolvimento do ecoturismo, característica de quase todos os municípios, possibilitando

à formatação de produtos turísticos diversificados, assim como, a prática do turismo histórico-

cultural, turismo rural, turismo de base comunitária, turismo de negócios e eventos.

As condições de acessibilidade e conectividade ao estado do Amapá e a área do Polo/Roteiro

ocorrem, exclusivamente, por via área e fluvial, e futuramente com a inauguração da Ponte

Binacional, por via terrestre, com ligação direta com a Guiana Francesa (União Européia), o que

irá favorecer maiores índices de conectividade com o mercado turístico internacional e

proximidade aos centros emissores de demanda turística.

A área turística do Polo/Roteiro Maracá-Cunani apresenta uma movimentação turística que não

interfere negativamente nos aspectos turísticos, naturais e culturais, permitindo uma harmonia

nesse sentido. Cabe enfatizar que a atividade turística do Polo/Roteiro tem recebido investimentos

do Governo do Estado, permitindo o crescimento das prestadoras de serviços turísticos, o que irá

favorecer o aumento da demanda turística potencial.

Os municípios do Polo/Roteiro estão em fase de organização e coordenação do processo de

planejamento turístico, a partir da instalação de órgãos oficiais. De acordo com a Secretaria de

Estado de Turismo - SETUR, as diretrizes para desenvolvimento do setor turismo estão com base

no Plano Nacional do Turismo – PNT, e ações do Ministério do Turismo – MTur. Apesar do Estado

do Amapá não ter ainda o Plano Estadual de Turismo, recentemente foi aprovada a Lei que define

a Política Estadual de Turismo. É importante destacar, referente aos aspectos legais que o Estado

do Amapá tem sido pioneiro na definição de legislação estadual referente a proteção da

sociobiodiversidade, que inclui neste âmbito, a preservação, proteção e conservação, não

somente do meio ambiente, mas de boa parte dos atrativos turísticos naturais.

Sobre as condições físicas e serviços básicos deve-se ressaltar os inúmeros avanços registrados

em infraestrutura: abastecimento de água, ampliação da rede de esgoto na capital, investimentos

em geração de energia e definição de parcerias com empresas telefônicas para a instalação de

internet de alta velocidade através de um convênio binacional com a Guiana Francesa. Em toda a

área do Polo/Roteiro Maracá-Cunani existem carências e dificuldades que devem ser suprimidas

com os investimentos programados para um período de cinco anos.

A vocação turística para o ecoturismo está reforçada pela existência de extensas áreas

protegidas, seja por unidades de conservação ou terras indígenas: tal característica estimula

atividades turísticas como o turismo cultural (pela expressão amazônica e pela identidade

indígena) e artesanato de produtos regionais.

A composição do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável do Polo/Roteiro

Maracá-Cunani tem como área de abrangência os municípios de Macapá (capital e portal de

entrada aeroviário), Santana (portal de entrada portuária), Mazagão (onde se encontra Mazagão

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Velho e Maracá), Porto Grande, Ferreira Gomes, Tartarugalzinho, Pracuúba, Amapá, Calçoene e

Oiapoque (fronteira internacional – portal das Guianas) e os atrativos turísticos complementares

no município de Serra do Navio (Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque) e em Cutias do

Araguari (Pororoca) (Figura 02).

Figura 02 - Região de abrangência da Área Turística Maracá-Cunani

Fonte: GEA, 2007.

A delimitação da área visa orientar os programas, projetos e investimentos para a consolidação do

Polo/Roteiro Maracá-Cunani para os mercados local, regional, nacional e internacional, em curto,

médio e longo prazo, otimizando os esforços já existentes por parte do Governo do Estado, e de

outros parceiros para difusão da marca Maracá-Cunani. Esta área tem grande valor simbólico

para o Amapá por ser palco dos principais acontecimentos históricos, econômicos, culturais

geopolíticos e sociais do Estado. Estes acontecimentos marcam em definitivo a história e a

configuração espacial amapaense, seja nos processos socialmente construídos ao longo da

história (registrados nos diversos sítios arqueológicos ali localizados), seja em processos

espacialmente configurados pela inserção de investimentos econômicos (exploração das matérias

primas, com destaque ao mineral e pesca) e culturais.

O relacionamento entre patrimônio histórico cultural e turismo há de se estabelecer por meio de

regras de convivência entre ambos numa perspectiva de rendimentos econômicos e do

desenvolvimento social. O desafio que se coloca ao turismo é o de utilizar os recursos

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patrimoniais numa perspectiva de desenvolvimento sustentável, assentado em critérios de

qualidade, para que os seus benefícios resultem numa efetiva melhoria da qualidade de vida das

populações envolvidas, tanto daqueles que visitam essas áreas como daqueles que nela residem.

Segundo PORTO (2009) o Polo/Roteiro Maracá-Cunani ocupa cerca de 70% do espaço

amapaense Fig. 02, em duas áreas distintas, porém complementares quanto ao uso do seu

território: de um lado abrange os dois principais municípios amapaenses (Macapá e Santana),

com elevados índices de urbanização, de dinamismo econômico, com características de cidades

de porte médio. Por outro lado, há municípios com extensas áreas a serem ocupadas e protegidas

que diminuem consideravelmente a área de atuação do estado (23,06%); com sedes municipais

de pequeno porte, porém estratégicas quanto à sua localização. Algumas observações, contudo,

devem ser ressaltadas, ao se analisar as informações concernentes à “área municipal exceto

Unidades de Conservação e Reserva Indígena”:

Gráfico 01 – Participação relativa da população residente no PDTIS- Amapá (2007)

1)Os municípios amapaenses são compostos por terras federais, de responsabilidade do

IBAMA, FUNAI e INCRA. O problema de regularização fundiária está sendo resolvido

através das ações institucionais entre os municípios, estado e a União;

2)As cidades pequenas (abaixo de 20.000 habitantes) não possuem Planos Diretores. Não

obstante, existe uma ampla parceria entre a Universidade Federal do Amapá e as

prefeituras com a finalidade de elaborar os planos diretores de todos os municípios em um

período de 03 anos;

Fonte: FMZ, 2007.

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3)Quanto à Floresta Estadual de Produção, que ocupa uma área de 23.691 km2, não foram

disponibilizadas informações sobre a participação de cada município como “colaborador”

deste espaço, as informações foram obtidas por módulos, cuja configuração é realizada ou

em conjunto ou por dupla de áreas municipais.

II – planejamento e estrutura no polo turístico maracá-Cunani no amapá

O diagnóstico do Polo/Roteiro Maracá-Cunani, quanto à oferta turística, apresenta atrativos e

recursos naturais, culturais e infraestrutura turística. Os atrativos e recursos naturais mais

significativos identificados são: a Reserva Biológica do Lago Piratuba, a Estação Ecológica

Maracá-Jipióca e o Balneário da Rasa em Amapá; a Cachoeira Grande e a Praia do Goiabal em

Calçoene; a Pororoca (Rio Araguari) em Cutias do Araguari; o Balneário de Mazagão Velho; os

sítios arqueológicos de Maracá; o Parque Nacional Cabo Orange, as Corredeiras do Marripá em

Oiapoque; os Lagos e Ninhais e o Balneário Olho D’Água em Pracuúba; o próprio Município de

Serra do Navio, tombado como patrimônio histórico; Lago Novo e Cumprido e o Vale do Aporema

em Tartarugalzinho. Os segmentos mais importantes identificados são os seguintes de acordo

com a figura 03.

Figura 03 – Segmentos principais de turismo nos municípios Mini âncora

Fonte: Fundação Marco Zero, 2009.

Quanto à tipologia, a maioria dos atrativos e recursos naturais do estado classificam-se como

balneários e praias, porém observa-se a categoria de unidades de conservação, seguida por

cachoeiras, corredeiras e rios. Com relação aos balneários, 50% são considerados populares e se

encontram em condições afetadas pelo excesso de visitação ou pela própria falta de estrutura

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turística e manutenção. Em relação às Unidades de Conservação, deve haver maior atenção

quanto à falta de condições para uso, devido à dificuldade de acesso e fragilidade ambiental.

Quanto ao aspecto cultural de maior importância consiste no alto grau de preservação,

representada pelo povo do Amapá e suas manifestações, reflexo da miscigenação de hábitos e

costumes incorporados ao longo de sua história. São negros, indígenas e ribeirinhos, que foram

acrescidos de migrantes nordestinos recentes e de outras regiões do país, que dividem o espaço

das preferências culturais originando danças, crenças, rezas, culinária e costumes. Tais aspectos

são expressos na culinária, no linguajar, no artesanato e no modo de vida.

Quanto à infraestrutura turística, diagnosticaram-se de maneira geral, necessidades de

aperfeiçoamento nos equipamentos e serviços do Polo/Roteiro Maracá-Cunani. Destacam-se os

municípios de Macapá, Santana e Oiapoque que apresentam empreendimentos suficientes para

atender os níveis atuais de visitação. O restante dos municípios terá que ocorrer novos

investimentos através do mercado consumidor e poder competir com outros de maior influência. O

setor de hospedagem compreende maior concentração de leitos nos municípios de Macapá,

Oiapoque e Santana e a grande maioria dos equipamentos identificados são estabelecimentos

simples, de até 20 unidades habitacionais, com administração familiar, necessitando de

incrementos em relação aos padrões de qualidade e quantidade da oferta e qualificação de

recursos humanos.

Identificou-se que na maioria dos empreendimentos hoteleiros não é utilizada a Ficha Nacional de

Registro de Hóspedes; os recursos humanos empregados parcialmente, não têm registro

trabalhista, a grande maioria trabalha em caráter transitório, um número reduzido de

estabelecimentos possui registro nas entidades de classe e órgãos de turismo; a documentação

oficial encontrada é o alvará emitido pelo município com licença para outro tipo de atividade; não

há uma organização administrativa, na maioria dos empreendimentos a gestão é realizada pelo

próprio dono ou por parentes.

Com relação aos equipamentos de alimentação, observa-se que a oferta é bastante limitada e os

principais tipos de cardápio são: cozinha regional, churrascarias e especializados em peixes. É

recomendável que sejam tomadas medidas no sentido de estimular o surgimento de novos meios

de entretenimento nos demais municípios, principalmente em Calçoene e Cutias do Araguari. A

maioria dos serviços de agenciamento levantada está localizada em Macapá, no entanto, há três

empresas em Oiapoque e três em Santana com serviços emissivos.

A situação de infraestrutura no Polo/Roteiro Maracá-Cunani permitiu verificar as condições de

serviços básicos. Macapá concentra a maior oferta de abastecimento de água, rede de esgoto,

energia e iluminação pública, portanto há necessidade de melhorias significativas para ampliar as

deficiências em relação aos serviços básicos nos demais municípios do Polo. Nos itens

relacionados aos transportes aéreos, rodoviários, ferroviários e fluviais, deve-se considerar a

ampliação do terminal do Aeroporto Internacional de Macapá que possibilitará o avanço e o

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aumento da oferta de voos e maior fluxo de turistas. Entretanto, no que se referem aos demais

tipos de transportes, tornam-se necessários investimentos para integrar os municípios do

Polo/Roteiro Maracá-Cunani aos demais centros emissores de turistas. A Seguir a tabela 01

evidencia a distância dos municípios que fazem parte do polo em relação a capital Macapá que

concentra o maior volume de atividades e serviços.

Os resultados do quadro institucional identificados mostram o cenário das políticas públicas e

privadas na gestão do turismo. De que forma tem ocorrido à capacidade para lidar com a gestão,

impactos e limitações das políticas sobre o desenvolvimento da atividade turística, e que

perpassam pelo fortalecimento das instituições públicas, capacitação, modernização

administrativa e tecnológica, componentes fundamentais para que o cenário institucional municipal

tenha uma mudança efetiva e se constitua embasado por planos, programas e projetos, cujo

planejamento turístico se configure territorial e setorialmente no Polo/Roteiro Maracá-Cunani.

Tabela 01 - Distância dos municípios em relação a Macapá (Km)

Legenda: MCP = Macapá; PTG = Porto Grande; FRG = Ferreira Gomes; TTG + Tartarugalzinho; AMP = Amapá; CÇN = Calçoene; OPQ = Oiapoque; CTA = Cutias do Araguari; STN = Santana; SRN = Serra do Navio; PCB = Pracuuba; MZG = Mazagão. Fonte: SETRAP/GEA-AP

Município MCP PTG FRG TT G AMP CÇN OPQ CTA STN SRN PCB MZG

Macapá ***** 105 142 230 302 374 590 150 25 228 279 39

Porto Grande

105 ***** 37 125 197 269 485 255 130 111 174 144

Ferreira Gomes

142 37 ***** 88 160 232 488 292 167 148 140 212

Tartarugal-zinho

230 125 88 ***** 72 144 360 339 209 353 52 269

Amapá 302 197 160 72 ***** 72 288 442 327 295 69 341

Calçoene 374 269 332 144 72 ***** 216 524 399 497 131 413

Oiapoque 590 485 448 360 288 216 ***** 740 605 713 347 629

Cutias do Araguari

150 255 293 339 442 524 740 ***** 175 378 429 200

Santana 25 130 167 255 327 399 515 175 ***** 253 304 64

Serra do Navio

228 98 148 353 295 497 713 378 253 ***** 402 267

Pracuuba 279 174 140 52 69 131 347 429 304 402 ***** 318

Mazagão 39 144 212 269 241 413 629 200 64 267 318 *****

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A estratégia de desenvolvimento do turismo no Polo/Roteiro Maracá-Cunani não poderia

prescindir de uma especial atenção às questões institucionais, pois são necessárias novas

perspectivas para o turismo regional, com o intuito de evitar que as ações projetadas não se

consolidem pela ausência de instrumentos de gestão pública. A institucionalização possível e

adequada, no âmbito administrativo, deverá ocorrer por meio da articulação entre os atores

públicos e privados, observando o caráter deliberativo e operacional, sendo os agentes privados

responsáveis pela concretização dos objetivos projetados e das relações desejadas. Um dos

pontos mais adversos verificados no diagnóstico do Polo refere-se aos órgãos de turismo nos

municípios, apesar de existirem parcialmente, não têm nenhuma estrutura para realizar o controle

e gestão para o desenvolvimento da atividade turística.

A gestão socioambiental verificada evidencia que a gestão pública que se expressa nas extensas

áreas preservadas e no grande potencial da área do Polo/Roteiro Maracá-Cunani, estão

resguardadas por um grande número de Unidades de Conservação (UC’s). Um dos maiores

entraves está diretamente relacionado à carência de fiscalização, e de planos de manejo destas

UC’s, que ocupam cerca de 70% do espaço amapaense, dentre elas, ressaltam-se: a Reserva de

Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru de jurisdição estadual; os Parques Nacionais

Montanhas do Tumucumaque, Cabo Orange e a APA do Curiaú, que estão com seus planos de

manejo concluídos e a Floresta Nacional do Amapá com os estudos avançados no inventário

biológico.

Todo o processo observado no diagnóstico em relação aos investimentos em infraestrutura nas

Reservas Particulares de Patrimônio Natural emerge como áreas de alto potencial natural para o

desenvolvimento do turismo, porém são poucas as empresas instaladas na área do Polo/Roteiro

Maracá-Cunani que possuem programas de gestão ambiental e que atendam às exigências e à

legislação vigente, o que implica no melhoramento da efetividade de políticas de proteção ao meio

ambiente.

Outro fator considerado, é a exposição dos instrumentos de planejamento e controle referentes à

gestão territorial e ao desenvolvimento social, contempla os programas e projetos implementados

pelas instituições e desenvolvidos no estado com sua interface no turismo. As políticas no Polo

necessitam de maior integração entre as instituições de planejamento e empresas atuantes no

setor, para que possam atender as demandas e os princípios de desenvolvimento sustentável. É

importante ressaltar a necessidade de empoderamento das comunidades locais (atores que

resguardam e promovem a conservação do meio ambiente e dos atrativos turísticos).

A apresentação das Estratégias de Desenvolvimento do Turismo está dividida em cinco partes,

assim segmentada: Estratégia de Produto Turístico; Estratégia de Comercialização; Infraestrutura

e Serviços Básicos Requeridos; Fortalecimento Institucional; Gestão Socioambiental. Tais

componentes são fundamentais para alcançar as metas estabelecidas para o setor turismo,

avaliou-se o número de visitantes, estada e gasto médio. E para assegurar que os benefícios do

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turismo alcancem a população residente, são planejados e implementados investimentos e ações,

através da elaboração de planos de ordenação dos atrativos turísticos, fortalecimento das

administrações municipais, capacitação do capital humano e infraestrutura básica e turística.

As ações propostas neste plano estão em consonância com a Estratégia para o Desenvolvimento

do Turismo, que identifica ações de caráter geral para todo o Polo/Roteiro Maracá-Cunani. Foram

definidos projetos, de maneira a concretizar as Diretrizes Básicas e a abordar as diversas

dimensões do desenvolvimento do turismo no Polo. Os projetos que fazem parte de cada

programa tratam dos componentes necessários à efetivação destes, orientando as ações

concretas e definindo os recursos tecnológicos, humanos e financeiros necessários à sua

realização. Para cada projeto, procurou-se determinar os objetivos, as ações propostas, os

principais executores e parceiros prováveis, fontes de financiamento e estimativas de custo de

implantação e manutenção, a prioridade e os prazos de início e execução.

O PDITS reúne um conjunto de informações importantes para servir como referência para o

desenvolvimento do turismo no Polo/Roteiro Maracá-Cunani. As metas estipuladas levam em

conta a perspectiva dos próximos cinco anos garantindo, assim, a definição de investimentos

prioritários nos 18 meses iniciais. A elaboração deste projeto evidencia com mais clareza as reais

necessidades do fortalecimento público e privado em toda a cadeia de produção do turismo. As

expectativas quanto aos resultados no futuro serão definidas também pelas ações idealizadas

para aperfeiçoar e melhorar a gestão do turismo, tanto na parte de execução quanto nas

comunidades rurais, que terão um importante papel enquanto agentes do processo de mudança

no feedback e na avaliação do produto através de todas as etapas que ocorrerão no Polo.

Esses índices são inferiores ao dado real. Mesmo assim, percebe-se o impacto que essas áreas

protegidas exercem sobre a gestão do Polo/Roteiro Maracá-Cunani. Dentre as áreas do

Polo/Roteiro Maracá-Cunani, é evidente, no extremo norte do Amapá, o município de Oiapoque,

que precisa de uma intervenção peculiar para fortalecer a porta de entrada com a União Européia

(Guiana Francesa/França). Um dos caminhos está na concretização da construção da Ponte

Binacional que ligará o Oiapoque/Brasil a Guiana Francesa/França, que promoverá o incremento

da atividade turística com a União Européia, Guiana Inglesa, Suriname e Região do Caribe.

Diante deste cenário, sugere-se que investimentos sociais, como infraestrutura, moradia e outros

tenham uma atenção especial para municípios turísticos ligados à área de fronteira, neste sentido,

a urbanização tende também a crescer. Atualmente não existe um controle rígido para entrada de

franceses em território brasileiro. Outra questão, pouco debatida, são as políticas de

desenvolvimento na fronteira com os habitantes locais, este fato gera uma discordância com o

afastamento da comunidade da elaboração e execução de políticas nestas áreas fronteiriças.

Oiapoque detém em seu território área dos Parques Nacionais de Cabo Orange e Montanhas do

Tumucumaque, este último, o maior parque nacional brasileiro com floresta tropical contínua.

Nessa região, apesar da exuberância de florestas e as belezas das planícies inundáveis,

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balneários, corredeiras, o turismo ainda é pouco desenvolvido. Observa-se que no Parque

Nacional do Cabo Orange, já se desenvolve o ecoturismo, ainda não consolidado em parceria

com agentes brasileiros e franceses.

O município de Oiapoque recebe muitos visitantes que vêm de Saint George na Guiana Francesa.

Porém os fluxos de guianenses e franceses têm sido prejudicados pelas dificuldades estruturais

existentes na cidade de Oiapoque, onde não há planejamento e controle de entrada de visitantes,

os conflitos se instalam com as atividades ilegais, migração clandestina, ocupações

desordenadas, caça e pesca predatórias.

Os investimentos em infraestrutura básica e turística, a consolidação de roteiros turísticos

integrados, a qualificação de recursos humanos e novas estratégias efetivas de comercialização

de produtos são ações essenciais para o desenvolvimento social e econômico do Polo/Roteiro. O

contexto ambiental que representa a Amazônia, especialmente o Amapá, tem grande significado,

com a presença de inúmeras bacias hidrográficas no seu território, onde rios navegáveis como

Oiapoque, Araguari, Cassiporé, entre outros, despontam com grande potencialidade para

formatação de roteiros fluviais que farão parte dos produtos turísticos do Polo. Nesse viés, torna-

se importante a proteção e preservação desses mananciais. Outro aspecto, não menos relevante,

é a proteção das florestas tropicais e, em especial, as áreas de manguezais que se estendem em

franja na linha de costa do setor Atlântico que se caracteriza pela fragilidade deste ecossistema

sujeitos a ocupação desordenada por empreendimentos turísticos.

Os impactos cumulativos são provocados pelo aumento dos impactos crescentes do turismo na

área de investimento, podendo provocar possíveis danos causando a degradação dos recursos

naturais ou ameaçar a sustentabilidade ambiental. No que se refere aos ambientes naturais, estes

impactos podem se configurar em no desmatamento para implantação desses empreendimentos,

que se não atenderem a legislação ambiental vai resultar no assoreamento de rios interferindo no

fluxo natural das marés, na erosão e compactação do solo, poluição e contaminação pela

deposição de lixo e efluentes domésticos e sanitários. Nos espaços urbanos, pequenas obras

individualmente podem ter impacto que somados e concentrados em uma área modificam a

paisagem, qualidade da água e a cultura local.

Neste sentido, torna-se de fundamental importância a Avaliação Ambiental Estratégica - AAE do

Polo/Roteiro considerando questões como os procedimentos que venham contemplar potenciais

impactos ambientais e/ou impactos cumulativos locais e/ou regionais de projetos de grande

escala. A melhoria da qualidade de vida dos habitantes do Polo poderá ser mensurada

parcialmente em função de que os investimento previstos devem ser pautado em uma escala

gradual, de acordo com as necessidades previstas no PDITS, o que poderá ocasionar, também,

outros investimentos públicos e privados que irão possibilitar a significativa melhoria do setor

econômico e do Índice de Desenvolvimento Humano da área.

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O turismo pode vir a representar um crescimento como fenômeno social poderoso de

desenvolvimento econômico nas áreas receptoras, claramente sentido em termos de produto e

valor agregado e acrescentado no Polo. Outro aspecto implica as mudanças quanto ao

rendimento no nível de vida e estrutura socioeconômica no local de destino. Associado a estes

fatores, emerge novos ritmos de trabalho e de distribuição de renda, que quando bem distribuídos,

têm aspecto positivo com o desenvolvimento do turismo, possibilitando à comunidade receptora o

seu crescimento na sociedade com o exercício de seus direitos e deveres individuais e coletivos,

além de oportunizar o desenvolvimento econômico e social, utilizando-se dos seus próprios

recursos. Para que ocorra o desenvolvimento, é preciso priorizar a satisfação de algumas

necessidades humanas no que diz respeito à saúde, educação, lazer, emprego e renda.

A capacidade do turismo como atividade econômica de gerar efeitos sensíveis em outras áreas da

economia é inegável, tanto por trazer resultados quase imediatos, quanto por democratizar a

distribuição de renda em razão da horizontalidade das suas atividades, considerando o efeito

multiplicador do turismo. É necessário planejar ações para que os efeitos da multiplicação do

turismo possam ocorrer.

A atividade turística tem impactos econômicos positivos de fácil avaliação e mensuração. Há um

aumento das receitas de quase todos os tipos de serviços, com um incremento direto na renda

dos habitantes. Há geração de empregos em todos os setores de serviços relacionados. Em

decorrência da própria atividade turística, ocorre uma elevação do nível cultural da população. A

geração de emprego incentiva cursos de qualificação e requalificação para os profissionais que

atuam na área: a expansão da construção civil com a expansão da rede hoteleira, restaurantes,

pousadas; incremento de pequenos negócios artesanais. Geralmente cidades turísticas tornam-se

polos de migração atraindo pessoas em busca de oportunidade de trabalho.

As perspectivas para implementação de novos investimentos dão conta de que em algumas

regiões do Polo/Roteiro Maracá-Cunani terão impactos com o crescimento de atividades

econômicas, porém pode ocorrer a indução de tendências migratórias, ocasionando possíveis

inchaços em áreas periféricas às proximidades dos atrativos turísticos.

O turismo produz inflação, seja por demanda excessiva de bens, seja por atividades especulativas

dos agentes econômicos. Pode haver especulação imobiliária que traga prejuízos para a

população local, ou aumentos em atividades de comércio e serviços que também sejam utilizados

pela população local. Para isto atividades de regulação de políticas públicas podem ser

fundamentais, estimulando ou impedindo a ação especulativa, através de mecanismos fiscais.

Os impactos econômicos negativos são muito relativos, como a diminuição de atividades do setor

primário em detrimento de investimento no setor secundário em um dado local onde o turismo

esteja em ascensão. Este fato leva ao entendimento que a dependência apenas do turismo pode

gerar impactos na economia local considerando-se as alterações cambiais e outras conjunturas.

Os impactos econômicos, positivos ou negativos, é uma das dimensões das atividades turísticas,

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e são fundamentais na análise global da atividade, interferindo em boa parte de seus impactos

ambientais. O monitoramento da atividade na implementação do PDITS (Quadro 01) implica

controlar e avaliar dados fornecidos através da coleta e da análise para orientação do manejo da

área do Polo/Roteiro Maracá-Cunani.

Quadro 01- Parâmetros e de Indicadores para monitoramento da atividade turística no

Polo/Roteiro Maracá-Cunani

PARÂMETROS INDICADORES ÍNDICES/VARÍÁVEIS

Físico Solos

Grau de susceptibilidade a erosão, compactação, drenagem e densidade;

Qualidade da água

Assoreamento, poluição, sedimento em suspensão; índices de coliformes fecais estabelecidos pela Resolução do CONAMA 20/86 e 274.

Biológicos Vegetação

Recomposição, perda da cobertura vegetal, galhos quebrados - (Trilhas e camping).

Fauna Comportamento, frequência, diversidade e adversidade com ênfase em peixes e aves.

Socioeconômicos Emprego Percentual de pessoas empregadas direta e indireta no turismo; Índice de satisfação do visitante; Nível de participação da comunidade; Indício de pressão antrópica sobre o ambiente natural.

Histórico- Cultural Tolerância ao turista Nível de tolerância ao turista.

Mudança de hábitos e costumes

Nível de mudança aceitável para os hábitos e costumes locais; erosão cultural, perda identidade; descaracterização das manifestações culturais locais.

Patrimônio histórico e arqueológico

Quantitativo de patrimônios perdidos.

Fonte: Fundação Marco Zero, 2009.

III- Organização do processo de planejamento turístico

A gestão como a fiscalização dependem da organização e qualificação técnica para formação de

capital humano envolvido no processo de desenvolvimento local sustentável. O que se observa no

Polo é a inadimplência das prefeituras, que provoca dificuldade na captação de recursos para

projetos na área da saúde, educação, urbanização da cidade, entre outros, além de dificuldades

na promoção da melhoria na qualidade vida das comunidades locais. Ressalta-se que um dos

grandes problemas da gestão municipal é a falta de planejamento das ações locais, aliados ao

baixo índice de qualificação técnica de funcionários e falta de articulação com o setor privado,

devido à baixa capacidade de organização social.

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Outro aspecto aferido neste diagnóstico é que as prefeituras municipais apresentam um

coeficiente bastante representativo de cargos em comissão, o que gera uma dinâmica intensa na

mudança do quadro técnico, implicando a descontinuidade de ações que quase sempre resulta

em perda de informações.

As propostas de fortalecimento da gestão para o turismo precisam estar cruzadas com as políticas

de ordenamento do território que, fundamentalmente, promova a interação do ser humano com o

meio natural onde vive, através do planejamento das ocupações, potencialização e

aproveitamento das infraestruturas existentes. Os planos, programas e projetos, para serem

eficazes, têm que abranger a diversas escalas de análise, dependendo da efetividade da

coerência dos mesmos. Por exemplo, um plano nacional de ordenamento do território tem que se

basear na lógica dos planos de diferentes estados; estes, por sua vez, têm como base os planos

municipais, que definem o uso do solo e estabelecem princípios para a gestão das cidades e das

comunidades locais.

Gráfico 01 - Avaliação da Infraestrutura do Polo

Fonte: Projeto de Governança do Turismo no Estado do Amapá – MTUR 2009/SEBRAE; Pesquisa de Demanda Turística - Oiapoque e Ferreira Gomes / SETUR-AP, 2010.

Vale reforçar que os municípios do Polo Maracá-Cunani contemplam diretamente planos,

programas e projetos de alcance estadual, com ações pontuais. Destaca-se a implantação e

execução do Zoneamento Ecológico e Econômico, com estudos realizados que resultaram no

Macro diagnóstico do Estado do Amapá, na escala de 1: 1.000.000 e o Atlas do Sul do Estado,

onde o município de Mazagão se encontra. Outro instrumento é o Plano de Gerenciamento

Costeiro, que atinge grande parte da área de planejamento do PDITS e outros em

desenvolvimento, em atendimento à implantação de planos nacionais.

Quanto à análise sobre as unidades administrativas de meio ambiente e turismo, nas esferas

municipais, observa-se que poucos são os municípios que possuem suas leis regulamentadas e

com conselhos instituídos atuantes, ainda que a maioria dos municípios do Polo possua

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Conselhos de Meio Ambiente e Fundo de Meio Ambiente. A maior problemática está na falta de

regulamentação destes; a exceção se faz aos municípios de Santana e Macapá que, na avaliação

do fortalecimento institucional, apresentam avanços na sua matriz organizacional.

De acordo com TOSTES (2009) os municípios do Polo Roteiro Maracá-Cunani refletem, em parte,

além da fragilidade administrativa, carência de investimento e rigorosidade na aplicação e

fiscalização de leis. Torna-se necessário um investimento na organização e qualificação de capital

humano, fortalecimento dos Conselhos Municipais de Meio Ambiente na revisão de seus

regimentos, regulamentação dos Fundos Municipais, promoção e conclusão dos planos de

manejo e operativo das UC do Amapá, Criação dos Conselhos de Turismo que são instrumentos

de planejamento fundamentais no processo de planejamento turístico. Outro aspecto a se

considerar é o fomento da organização da sociedade civil, no sentido de inseri-la no processo de

planejamento e gestão, tornando-a protagonista e promovendo, desta forma, sustentabilidade das

ações em seus municípios.

Segundo o Programa de Gestão Ambiental Municipal do Estado do Amapá (2009), os maiores

entraves das prefeituras municipais para fortalecimento institucional são: Falta de estrutura física;

Carência de técnicos especialistas na área ambiental; Dificuldades financeiras; Falta de

integração com órgãos afins; Falta de planejamento; Modernização na estrutura administrativa

Esta problemática na esfera administrativa tende a reduzir com a criação do Fórum dos Prefeitos

que, com o objetivo de discutir as dificuldades enfrentadas pelos municípios, cria e/ou fortalece

parcerias institucionais, com foco no desenvolvimento local sustentável.

Outro componente aqui em análise são as propostas de gestão do espaço amapaense, através de

sistemas de regionalização. São inúmeras as propostas de regionalização, visando ao

planejamento integrado, entre elas destacam-se: a Meso e Microrregiões (IBGE); Áreas

Prioritárias (Governo do estado do Amapá); Regiões Geoeconômicas (PORTO, 2003; 2006);

Corredor da Biodiversidade (Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico do governo do

estado do Amapá; Faixa de Fronteira (BRASIL 2005), Polos Regionais Turísticos (SETUR/AP) e a

área de abrangência do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS).

Enquanto o Programa Faixa de Fronteira do Ministério da Integração reconhece a participação de

oito municípios amapaenses, com identidades de políticas públicas territorializadas pelo Governo

Federal, os Polos Regionais Turísticos (Figura 04) identificam características de ações públicas

específicas, com ênfase no seu potencial turístico, em todos os municípios do Amapá, porém em

cinco sub-regiões. O PDITS, por sua vez, busca orientar programas, projetos e investimentos para

a consolidação do turismo em doze municípios amapaenses, em uma única regionalização.

O Fórum Estadual de Turismo figura como a instituição que confere transversalidade ao

planejamento da área, passando por todos os municípios. É uma instituição que possui autonomia

para lidar com demandas, facilitando a abordagem do planejamento do Polo como um todo,

ultrapassando os limites territoriais de cada município. O Polo não possui um marco regulatório da

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atividade turística da região. Nesse contexto a atuação do Fórum Estadual é fundamental para a

gestão da atividade, principalmente pelo fato de ter a participação do poder público e de entidades

de proteção do meio ambiente. No entanto o seu maior papel está no fortalecimento do setor e na

busca por incentivos e fomento para o crescimento da atividade.

O Estado do Amapá tem grande parte de seu território regulado por leis ambientais, além de

contar com a criação das Unidades de Conservação de Proteção Integral (Parques Nacionais,

Reservas Biológicas e Estação Ecológica) e de Uso Sustentável (Reserva Extrativista, Reserva de

Desenvolvimento Sustentável, APA’s, Floresta Nacional e Reservas de Patrimônio Natural).

Segundo TOSTES (2006) os municípios que possuem Plano Diretor no Polo são: Macapá,

aprovado em 2004 e Santana em 2006. Em Macapá, observa-se pouca execução de políticas

urbanas expressas no Plano, o que implica a revisão deste instrumento, de acordo com a

dinâmica do fluxo na capital do Estado. O município de Oiapoque está com seu Plano Diretor

Participativo em fase de construção e os demais municípios do Polo não possuem e não há

previsão de investimentos para realização desta ação, pois a falta de instrumentos de

planejamento resulta na fragilidade da gestão local.

Para o desenvolvimento do setor turismo nas instâncias municipais, apontam-se três

componentes essenciais descritos, a seguir:

1) Reestrutura Administrativa: somente o município de Serra do Navio possui uma pasta para o

turismo, enquanto que em Macapá, capital do estado, o planejamento do turismo é realizado através

de uma Coordenadoria de Turismo, ligada diretamente ao Gabinete do Prefeito. Nos outros

municípios, as Secretarias de Turismo estão ligadas ao Meio Ambiente ou Cultura;

2) Conselho Municipal de Turismo - COMTUR: entidade que busca organizar o setor, de forma

que o desenvolvimento aconteça ordenadamente. Apenas o município de Macapá tem Conselho

Municipal aprovado pala Câmara de Vereadores. Outra instância, o Fórum de Turismo do Amapá,

tem representatividade de todos os municípios que constituem o Polo;

3) Inventário da Oferta Turística: o estado possui um banco de informações sobre a oferta turística

realizada, quando da elaboração da Estratégia de Ecoturismo do Estado do Amapá em 2002 e

atualmente foi realizado em 2009 um novo inventário com atualização de dados da infraestrutura

turística local agregada ao Projeto Governança no Turismo no Amapá.

Os municípios do Polo ainda possuem baixa organização e coordenação do processo de

planejamento, aliado à fragilidade institucional. De acordo com a Secretaria de Estado de Turismo

- SETUR, todas as diretrizes para desenvolvimento do setor turismo estão com base no Plano

Nacional do Turismo – PNT e ações do Ministério do Turismo – MTur. Isso se deve ao fato de o

Amapá não ter seu Plano Estadual construído, seguindo, desta forma, as orientações do Governo

Federal. Como já citado, os município não contam com uma base normativa e legal suficiente na

área do planejamento e fiscalização do uso do solo como o zoneamento, fiscalização das

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construções e em todo o sistema de licenciamento que reduz capacidade de infraestrutura

adequada.

Portanto, a infraestrutura é inadequada para instrumentalizar o turismo nas esferas municipais,

além de haver pouca participação das comunidades locais no planejamento e na implementação

de políticas públicas. Corre-se o risco de inoperância na ação de proteger os territórios municipais

de danos que podem ser causados com o possível aumento de fluxo turístico: pressões

indesejáveis sobre os aspectos sociais e ambientais desses municípios.

Figura 04- Polos Regionais Turísticos do Amapá

Fonte: ATLAS, 2008.

Quanto à Legislação Urbanística no Polo/Roteiro Maracá-Cunani, apenas os municípios de

Macapá e Santana, este último, segundo maior em número de habitantes, possuem um arcabouço

significativo de leis regulamentadas. Nas cidades-sede dos municípios do Polo/Roteiro, a maioria

tem como instrumentos legais norteadores o Código de Postura do Município e a Constituição

Federal, o que reforça a necessidade da elaboração dos Planos Diretores Participativos nos

demais municípios do Polo.

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V- Considerações finais

De acordo com o diagnóstico verifica-se que toda a área do Polo/Roteiro Maracá- Cunani

apresenta um amplo potencial de desenvolvimento, reúne todas as condições para se transformar

em uma referência para o estado do Amapá, porém deve-se considerar que há pontos para serem

equacionados, a pesquisa de campo e a coleta de dados primários secundários demonstraram

que vários investimentos são prioritários, principalmente aqueles relacionados a infraestrutura

básica, a realidade atual do Polo, carece de inúmeras melhorias em saneamento básico e geração

de energia para atender as demandas existentes, a questão institucional e socioambiental é outro

gargalo a ser superado.

Segundo RUSCHMANN (2002) atestava as carências dos municípios que já

apresentavam fragilidades de gestão que precisam resolvidas para o futuro. Os maiores entraves

estão relacionados ao gerenciamento e planejamento dos mecanismos institucionais, tais

aspectos, interferem na solução das adversidades relacionadas ao desenvolvimento do turismo

como organização tributária, sistema de fiscalização, aplicabilidade de planos, programas e

projetos, tal dificuldade está somada ao reduzido número de recursos humanos especializados

para atuar na cadeia do turismo, outro fator expressivo está relacionado aos atrativos turísticos

onde o estágio precisa ser aperfeiçoado com a melhoria dos serviços e equipamentos turísticos

oferecidos e o atendimento e controle de visitação turística nos atrativos. As principais indicações

referentes as ações e estratégias previstas visam corrigir e aperfeiçoar os atuais problemas

existentes no Polo.

O PDITS deve ser monitorado com o objetivo de detectar quaisquer desvios que possam vir a

ocorrer e ser avaliado para mensurar seu desempenho, isto é, verificar se os resultados

pretendidos foram alcançados. Deve-se verificar a efetividade do programa quanto ao

atendimento de seus objetivos. A fixação de metas decorre da identificação de prioridades e

requer, simultaneamente, uma precisa compreensão dos processos de trabalho envolvidos, dos

resultados e dos efeitos esperados do Programa.

Os resultados da avaliação fornecem as bases de informação que permitem ao Polo Roteiro

Maracá-Cunani se adaptar às mudanças do meio, através de: Índice de Permanência Média do

Turista; Arrecadação municipal (Receita); Número de Prestadoras de Serviços. Um objetivos do

PDITS é possibilitar o desenvolvimento do Polo/Roteiro Maracá-Cunani, para isso um dos

principais mecanismos para consolidar no futuro serão os investimentos que serão realizados, é

aumentar a média de permanência do turista, esse será um dos principais indicadores para aferir

a avaliação e acompanhamento das estratégias e ações idealizadas.

A atividade turística é fundamentalmente uma atividade comercial do terceiro setor. Atividade que

é acometida pela taxa municipal – Imposto sobre serviços. Sendo a economia do Polo deverá ser

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fortemente influenciada pelo turismo em suas atividades direta e indiretamente, o índice de

arrecadação sobre serviços é um indicador confiável de acompanhamento da situação da

atividade turística do ponto de vista comercial, ou seja, pode ser referenciado pelo fluxo e gastos

turísticos, o que implica diretamente a rentabilidade do setor.

Com as ações propostas pelo PDITS nos âmbitos da gestão e fortalecimento institucional e das

estratégias de qualificação do produto turístico, espera-se um aumento significativo da

arrecadação pela maior dinamização e maiores lucros da atividade turística, seguidos por uma

maior eficiência no sistema de tributação das prefeituras assim com uma crescente formalização

dos empreendimentos do terceiro setor, isto pelos esforços no sentido de fortalecimento

institucional.

A aferição destes dados é simples e objetiva. Pode ser feita diretamente nas Prefeituras

Municipais ou junto ao Ministério da Fazenda. Da mesma forma como acontece com a

arrecadação, a taxa de turismo se mostra um indicador efetivo do desempenho da atividade

turística, isso porque é um valor diretamente proporcional ao fluxo de turistas e ao tempo de

permanência desses turistas. Continuando na mesma linha do indicador, podemos fazer uma

referência ao aumento da arrecadação da taxa de turismo com o sucesso das ações de

fortalecimento institucional, pela maior integração do setor privado, organização do empresariado

e formalização dos empreendimentos, todos seriam resultados esperados com o sucesso das

ações de fortalecimentos institucional.

Este é um indicador que atualmente não existe para formatação da linha de base, inclusive a

inexistência deste índice indica a desarticulação do trade turístico, sendo que esta é uma taxa

cobrada. No entanto é obscura a sistematização e divulgação destes valores. Sendo assim a

própria existência destas informações e a facilidade de acesso a elas através do COMTUR já

seria um indicador de integração, organização e articulação do trade turístico. E após a

sistematização destes números a comparação ano a ano possibilitará a averiguação e avaliação

do resultado das ações do PDITS, principalmente as voltadas para fortalecimento institucional e

qualificação do produto.

A definição destes indicadores de acompanhamento e avaliação dos resultados do PDITS

possibilita de forma simples, fácil e objetiva a análise da forma como este Plano foi implementado

e a obtenção de um parâmetro de comparação que possa embasar futuras revisões e

adequações. Este indicador visa quantificar em quanto foi aumentado no Polo/Roteiro Maracá-

Cunani o número de prestadoras de serviços. Tal fato está diretamente relacionado ao incremento

das ações previstas de curto em longo prazo, possibilitará aferir em quais os setores ocorreu

maior perspectiva de avanço, e quais as possibilidades de abrir novas linhas crédito para criar

melhorias dos prestadores de serviços.

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VII – Referências

Livro

Ministério do turismo – FIPE, 2009.

RUSCHMANN, D. Inventário turístico do estado do Amapá, 2002.

TOSTES, J. A. Planos diretores no estado do Amapá. J a editor. Macapá, 2006.

PORTO, J. (Re) construções amapaenses: 60 anos de transformações espaciais. Macapá:

percepções do Amapá, vol.4, 2006.

Relatório

Relatório do ministério do turismo-MTur, 2007/2009.

Relatório do projeto do governo do estado do Amapá e SEBRAE, 2009. (RELATÓRIO)

Plano

Plano de desenvolvimento sustentável do polo/roteiro Maracá-Cunani, Macapá, 2011.