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10/04/18 Debandada de técnicos no MME desagrada e aumenta a descrença sobre privatização Por Daniel Rittner, Camila Maia e André Ramalho | De Brasília, São Paulo e Rio Moreira: "A capitalização da Eletrobras continua sendo a grande prioridade". O mercado reagiu mal, com um tombo nas ações da Eletrobras pelo segundo pregão consecutivo, à debandada de seus principais xodós do Ministério de Minas e Energia após o anúncio de Moreira Franco como novo chefe da pasta. Ontem foi a vez de Luiz Augusto Barroso, um prestigiado consultor que assumiu o comando da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em julho de 2016, entregar sua carta de demissão. Em uma tentativa de acalmar os investidores, Moreira definiu antes mesmo de sua posse, marcada para hoje, a promoção do engenheiro Márcio Félix Carvalho Bezerra ao cargo de secretário-executivo. O posto ficou vago na sexta-feira com a saída de Paulo Pedrosa, um dos mentores da privatização da Eletrobras, deflagrando a primeira queda dos papéis da estatal. Em apenas dois dias, as ações ON caíram 17,85%. Barroso e Pedrosa também atuaram juntos no desenho de reforma do setor elétrico, bem recebido pelo mercado, cujo texto já foi encaminhado à Casa Civil e ainda não tem data para seguir ao Congresso Nacional. "Não posso fazer mais nada", retrucou Moreira, em conversa com o Valor ontem à tarde, ao ser questionado sobre a repercussão negativa de seu deslocamento da Secretaria-Geral para o Ministério de Minas e Energia. "Já disse que nada vai mudar e que a capitalização da Eletrobras continua sendo a nossa grande prioridade", acrescentou, lembrando a incapacidade financeira do governo de fazer novos aportes públicos na estatal. "Ela é a cabeça do sistema e está mal das pernas." Félix é um nome bastante respeitado no mercado. Atual secretário de Petróleo e Gás, ele foi o articulador da retomada dos leilões do setor e hoje é peça-chave das negociações sobre a revisão do contrato de cessão onerosa à Petrobras. Algumas alas chegavam a apontá-lo como alternativa para a sucessão do ex-ministro Fernando Coelho Filho. Um dos defensores era o presidente da estatal petrolífera, Pedro Parente, que endossava sua nomeação em conversas no Palácio do Planalto. A escolha de Félix como nº 2 do ministério dá um impulso aos preparativos do megaleilão no pré- sal que o governo almeja realizar no segundo semestre. A oferta dos excedentes do petróleo cedido à Petrobras em 2010 pode render mais de R$ 100 bilhões ao caixa da União. Cogita-se fixar um bônus de assinatura parcelado em vários anos, o que tende a melhorar a situação fiscal não só deste, mas do próximo governo. Moreira enfatiza a intenção de organizar o certame ainda em 2018, mas rejeita o viés arrecadatório. Quer agilidade nos leilões de petróleo e usa uma comparação histórica. "A idade da pedra não acabou por falta de pedra. Temos que aproveitar essa riqueza natural enquanto é tempo." Por outro lado, a nomeação de Félix provoca dúvidas no setor elétrico, que não identifica claramente um interlocutor claro na equipe do ministério, devido à inexperiência do novo secretário-executivo nessa área específica. Outra fonte de incertezas é o futuro da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O grupo do MDB do Senado tem articulado indicações para ocupar a vaga do diretor-geral, Romeu Rufino, cujo mandato expira em agosto. BRASIL Valor Econômico

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10/04/18

Debandada de técnicos no MME desagradae aumenta a descrença sobre privatização

Por Daniel Rittner, Camila Maiae André Ramalho | De Brasília, SãoPaulo e Rio

Moreira: "A capitalização daEletrobras continua sendo a grandeprioridade".

O mercado reagiu mal, com umtombo nas ações da Eletrobras pelosegundo pregão consecutivo, àdebandada de seus principais xodósdo Ministério de Minas e Energiaapós o anúncio de Moreira Francocomo novo chefe da pasta. Ontemfoi a vez de Luiz Augusto Barroso,um prestigiado consultor queassumiu o comando da Empresa dePesquisa Energética (EPE) em julhode 2016, entregar sua carta dedemissão.

Em uma tentativa de acalmar osinvestidores, Moreira definiu antesmesmo de sua posse, marcada parahoje, a promoção do engenheiroMárcio Félix Carvalho Bezerra aocargo de secretário-executivo. Oposto ficou vago na sexta-feira coma saída de Paulo Pedrosa, um dosmentores da privatização daEletrobras, deflagrando a primeira

queda dos papéis da estatal. Emapenas dois dias, as ações ONcaíram 17,85%.

Barroso e Pedrosa tambématuaram juntos no desenho dereforma do setor elétrico, bemrecebido pelo mercado, cujo textojá foi encaminhado à Casa Civil eainda não tem data para seguir aoCongresso Nacional.

"Não posso fazer mais nada",retrucou Moreira, em conversa como Valor ontem à tarde, ao serquestionado sobre a repercussãonegativa de seu deslocamento daSecretaria-Geral para o Ministério deMinas e Energia. "Já disse que nadavai mudar e que a capitalização daEletrobras continua sendo a nossagrande prioridade", acrescentou,lembrando a incapacidade financeirado governo de fazer novos aportespúblicos na estatal. "Ela é a cabeçado sistema e está mal das pernas."

Félix é um nome bastanterespeitado no mercado. Atualsecretário de Petróleo e Gás, ele foio articulador da retomada dos leilõesdo setor e hoje é peça-chave dasnegociações sobre a revisão docontrato de cessão onerosa àPetrobras. Algumas alas chegavama apontá-lo como alternativa para asucessão do ex-ministro FernandoCoelho Filho. Um dos defensores erao presidente da estatal petrolífera,Pedro Parente, que endossava suanomeação em conversas no Palácio

do Planalto.

A escolha de Félix como nº 2 doministério dá um impulso aospreparativos do megaleilão no pré-sal que o governo almeja realizar nosegundo semestre. A oferta dosexcedentes do petróleo cedido àPetrobras em 2010 pode rendermais de R$ 100 bilhões ao caixa daUnião. Cogita-se fixar um bônus deassinatura parcelado em vários anos,o que tende a melhorar a situaçãofiscal não só deste, mas do próximogoverno.

Moreira enfatiza a intenção deorganizar o certame ainda em 2018,mas rejeita o viés arrecadatório. Queragilidade nos leilões de petróleo e usauma comparação histórica. "A idadeda pedra não acabou por falta depedra. Temos que aproveitar essariqueza natural enquanto é tempo."

Por outro lado, a nomeação deFélix provoca dúvidas no setorelétrico, que não identifica claramenteum interlocutor claro na equipe doministério, devido à inexperiência donovo secretário-executivo nessa áreaespecífica.

Outra fonte de incertezas é ofuturo da Agência Nacional deEnergia Elétrica (Aneel). O grupo doMDB do Senado tem articuladoindicações para ocupar a vaga dodiretor-geral, Romeu Rufino, cujomandato expira em agosto.

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10/04/18

Ainda não há confirmação, masoutras duas saídas bastanteprováveis do ministério são a dosecretário de Geologia e Mineração,Vicente Lôbo, e a do secretário deEnergia Elétrica, Fábio Lopes Alves.Lôbo já considera sua missãocumprida. Lopes deve migrar para apresidência da Chesf no lugar deSinval Gama, cotado para assumiruma das diretorias abertas noOperador Nacional do SistemaElétrico (ONS).

O presidente da Eletrobras,Wilson Ferreira Jr., não deu sinais deseguir a onda. Ele disse que tem"mandato" a cumprir na empresa e

"compromisso" com um trabalho quevem sendo feito.

"O setor elétrico ficou intranquilocom a saída do Barroso e doPedrosa, porque são técnicosrenomados e estavam tocando apauta das reformas do setor, mas aEPE é uma instituição do Estado.Vamos dar continuidade à pauta quevinha sendo tocada", afirmou aoValor o atual diretor de petróleo egás da EPE, José Mauro Coelho,que assumiu a presidência emexercício da estatal de planejamentoenergético. (Colaboraram RodrigoPolito, Francisco Góes e JulianaSchincariol, do Rio)

10/04/18

Eletrobras é prioridade"número 1", afirma Félix

Por Cláudia Schüffner | Do Rio

Novo secretário-executivo doMinistério de Minas e Energia, oengenheiro Márcio Félix Bezerradisse que a prioridade "número 1"no cargo é a Eletrobras. "Antes deser engenheiro de petróleo, souengenheiro elétrico, e acho que épreciso promover o diálogo emtorno do marco do setor elétrico,para que ele possa ser votado. E aoutra coisa é a Eletrobras. O óleo egás vai continuar sendo muito bemcuidado mas o tema número 1 é aEletrobras", disse. "Quem apostarem queda das ações da Eletrobrasvai perder."

Félix disse que esteve ontem comPaulo Pedrosa, seu antecessor, e quecombinaram conversar nos próximosdias. "Ele vai continuar nos apoiando.

Pedrosa continua no conselho deItaipu representando a União ecombinamos de nos encontrarmosvárias vezes para conversar sobre oandamento dos projetos do setorelétrico, para consolidar e concluir otrabalho dele e do ministro FernandoCoelho Filho", afirmou.

Félix procurou acalmar ostemores manifestados pelasassociações do setor elétrico de quevá dar mais ênfase à área de petróleoe gás, sua origem. "Quando vim paracá e fui conversar com o presidente[da Petrobras ] Pedro Parente, eleme perguntou de que lado eu ficaria,se houvesse uma bola dividida entrea Petrobras e a União. Respondi quetrabalhei sempre para não ter boladividida. Mas se tiver alguma, voutrabalhar ao lado do Brasil", disse oexecutivo, que é funcionáriolicenciado da estatal.

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10/04/18

Reforma e solução de riscohidrológico devem ser adiados

Por Camila Maia e AndréRamalho | De São Paulo e do Rio

Depois de uma leitura inicialnegativa, especialistas e empresáriosdo setor elétrico avaliaram que opapel de Moreira Franco como 'pai'do Programa de Parcerias deInvestimentos (PPI) reforça suahabilidade de avançar com aprivatização da Eletrobras. Outraspautas essenciais, porém, como asolução para o problema do riscohidrológico e a reforma do setorelétrico, devem ficarcomprometidas.

A nomeação de um nome políticopara o comando do Ministério deMinas e Energia (MME) foiconsiderada uma "surpresa negativa"no setor, que esperava um "técnico"para a pasta. "Não sendo umtécnico, ele é o melhor cenário", disseuma fonte.

"O ministro Moreira Franco, porsua atuação à frente do PPI, terácondições de dar efetividade aosprojetos já lançado pelo governo, nosentido de buscar a tão almejadamodernização do setor elétrico",disse Gustavo De Marchi, advogado

do escritório Décio Freire &Associados.

Segundo outra fonte, porém, pormais que Moreira Franco tenhainiciado o diálogo no ministério coma bandeira de privatização daEletrobras, será difícil a pasta seconcentrar em questões importantese relacionadas à consulta pública 33,feita ano passado e que deu origema projeto de lei, hoje parado naCasa Civil, que altera o marco legaldo setor.

Havia grande expectativa nosetor elétrico de que Paulo Pedrosa,ex-secretário-executivo do MME,fosse promovido a ministro. "Agora,a motivação deixou de ser técnica oueconômica para ser política. Então,se as mudanças no setor elétricorepresentarem uma perda de capitalpolítico, poderão não avançar",ponderou um executivo do setor.

"Temos a expectativa de que elevai escalar uma equipe técnica, usara capacidade dessa equipe e seupoder de articulação para removerentraves normativos e burocráticos",disse Nelson Leite, presidente daAssociação Brasileira deDistribuidoras de Energia Elétrica

(Abradee).

Até agora, o único nomeconfirmado é o de Márcio Félix,atual secretário de Petróleo e Gás doMME, que vai passar a ocupar asecretaria-executiva da pasta nolugar de Pedrosa. "Espero que eleequilibre bem os assuntos dosegmento de energia elétrica competróleo e gás", disse Leite. "Ele[Félix] é de altíssimo nível", disseXisto Vieira, presidente daAssociação Brasileira das GeradorasTermelétricas (Abraget).

Organizações de diferentes áreasdo setor elétrico já se articulam paramanter o diálogo que marcou agestão de Fernando Coelho Filho.Abraget, Abrademp (dedistribuidoras de menor porte),Abrapch (de pequenas centraishidrelétricas), Abegás (dasdistribuidoras de gás) e Abragel (dasgeradoras de energia limpa),enviaram cartas à Moreiracumprimentando pela a nomeação ese oferecendo para contribuir com aformulação das mudançasnecessárias. As cartas exaltam acapacidade de articulação deMoreira e sua condução do PPI.

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10/04/18

Setor teme 'loteamento' político na Aneel

Por Camila Maia | De São Paulo

Ao mesmo tempo em queretomou o comando do Ministériode Minas e Energia (MME), com anomeação de Moreira Franco comotitular da pasta, fontes no setor jácomentam que o MDB assumiriatambém indicação da maior partedos nomes da Agência Nacional deEnergia Elétrica (Aneel).

Segundo fontes ouvidas peloValor, o único membro da atualdiretoria que deve continuar na Aneelé André Pepitone. Ele deve assumira diretoria-geral do órgão regulador,no lugar de Romeu Rufino. O diretorTiago Correia, que tem bom trânsitocom o mercado, não deve serreconduzido. Segundo fontes, aindicação para esta vaga está sendoinfluenciada pelo senador EdisonLobão (MDB-MA). E o MDB deRoraima estaria ainda articulandoindicação para uma outra vaga naagência.

"A percepção do mercado é queo MDB está novamente loteandocargos para terminar o mandato",disse uma fonte que pediu para nãoser identificada. O Valor apurou que,no caso da Aneel, a percepção demuitos integrantes do setor é a de queos nomes representam notíciapreocupante, especialmente porqueos mandatos são de quatro anos.

Completariam a diretoria osnomes já divulgados - Rodrigo LimpNascimento, indicado ano passadopara o lugar do ex-diretor JoséJurhosa, e Sandoval Feitosa Neto,que atualmente responde pelaSuperintendência de Fiscalizaçãodos Serviços de Eletricidade e deveocupar o lugar do ex-diretor ReiveBarros.

Atualmente, a Aneel conta apenascom os diretores Rufino, Pepitone eCorreia, o que aumenta a urgênciadas indicações. A reunião ordináriade hoje, por exemplo, foi canceladapor ausência de quórum mínimo paradeliberação, pois são necessários nomínimo três votos para que asdecisões sejam tomadas.

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10/04/18

BNDES se une a fintechs para baratear crédito

Por Raquel Balarin

A concentração bancária noBrasil tem sido especialmenteproblemática para um público: aspequenas e médias empresas. Nosúltimos anos, as linhas de créditodisponíveis para essas empresasdiminuíram, ao mesmo tempo emque o risco percebido cresceu, assimcomo os juros cobrados. Comdesemprego na casa dos 13 milhõesde pessoas, a opção de empreender,para muitos, passou a esbarrar nafalta de recursos disponíveis parainvestir em máquinas, mobiliário ouaté para comprar o primeiro estoque.

Sem crédito fácil nos bancos ecom o Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico eSocial (BNDES) amarrado porconta de sua dívida com o Tesouro,um novo personagem surgiu parasuprir em parte a demanda porrecursos de pequenas e médiasempresas - as fintechs, empresastecnológicas com foco em serviçosfinanceiros. Com quase nenhumaregulamentação, essas fintechspassaram a oferecer crédito àsempresas, muitas vezes no modelo"peer to peer" (empréstimo entrepessoas), em que ela realiza a análisede crédito de quem quer tomardinheiro emprestado, dá uma nota eabre em seus sites a possibilidade depessoas físicas comuns, como eu evocê, emprestarem dinheiro paraaquela empresa, com uma taxa de

juro predefinida, como faz a Nexoos(www.nexoos.com.br).

Em tempos de juro mais baixo,em que as aplicações financeiras jánão rendem tanto, o empréstimo viafintechs pode ser uma opção deretorno maior para o investidorpessoa física. Mas o risco nemsempre é percebido adequadamentepelos aplicadores. É esse equilíbriodifícil que o Banco Central (BC)busca hoje. Até o fim do mês ainstituição deve anunciar uma novaregulamentação para as fintechs."Nosso desafio é realizar essaadaptação e, ao mesmo tempo,garantir que os riscos sejamentendidos de forma apropriada eestejam sujeitos aos requerimentosprudenciais adequados", disse nasemana passada o diretor deRegulação do BC, Otávio Damaso.O BC precisa zelar pelo bomfuncionamento do mercado, mas nãopode estrangular o surgimento dasempresas que farão a verdadeiraconcorrência às instituiçõesfinanceiras, além de garantirinovações que provavelmente nãoprosperariam em bancostradicionais, pelo menos não namesma velocidade.

Um bom exemplo de como essasfintechs podem ajudar naconcorrência e na redução dos jurosé o do programa do BNDES queprevê a integração de soluçõesdesenvolvidas por fintechs ao CanalMPME, utilizado pelas pequenas e

médias empresas para pedirempréstimos em linhas do banco. OBNDES abriu no início do anoconsulta pública para apoiar fintechsem quatro segmentos: educaçãofinanceira, análise de risco de crédito,"matching" (encontro) entre quemquer tomar crédito e instituições quefornecem financiamentos e em leilãoreverso, em que as instituições"disputam" quem dará o crédito, oque em geral leva a taxas menores.

Preocupação do BC incluipercepção correta dos riscos

"Nas pequenas e médiasempresas, a assimetria deinformações é enorme, e isso setraduz nas condições do crédito. Ametodologia e a tecnologia de análisede risco de crédito das fintechs geramuma simetria e isso deve se traduzirem um custo mais adequado paraessas empresas. Esse é o objetivo",diz Marcelo Porteiro,superintendente de operaçõesindiretas do BNDES. Em outraspalavras: com competição e comconhecimento mais abrangente dacapacidade de pagamento, o jurocobrado nos empréstimos deve cair.

Na primeira fase, 26 empresas seinscreveram. Dessas, 20 foramselecionadas para realizar uma provade conceito (POC), em que têm demostrar que de fato suas tecnologiasfuncionam e que podem ser

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10/04/18

integradas à plataforma BNDES.Muitas delas se apresentaram paramais de uma atividade, como a F(x),que se classificou para apresentarsoluções de "matching" e de leilãoreverso. A POC deve ser concluídaaté fim deste mês. No fim de maio,segundo Nelson Tortosa, gerente dodepartamento de modelagem dobanco, os resultados devem serdivulgados. O objetivo é ter algumassoluções já funcionando no segundosemestre de 2018.

No programa do BNDES, aspropostas das fintechs estão restritasà integração da plataforma MPMEcom instituições financeiras. Não há,pelo menos por enquanto, qualqueriniciativa prevista de créditos "peerto peer", diretas, entre tomadores decrédito e investidores pessoa física.Vale a pena acompanhar a iniciativae ver se, de fato, as taxas de jurocairão. A opção das operaçõesdiretas, porém, não deve ser deixadade lado pelo governo, porquerepresentam uma alternativaimportante para o financiamento demicro e pequenas empresas. Naregulamentação prevista para o fimdo mês, espera-se que essasoperações sejam limitadas a R$ 50mil. Não será pouco, BC?

Raquel Balarin é diretora deConteúdo e Negócios Digitais

E - m a i l :[email protected]

10/04/18

10/04/18

Decisão do TCU vai ajudar resultado fiscal

Por Ribamar Oliveira | De Brasília

O governo ganhou uma ajudainusitada para fechar as suas contasneste ano. Na semana passada, oTribunal de Contas da União (TCU)determinou que o Banco Centraltransfira, em 30 dias, os recursosdisponíveis na Reserva para oDesenvolvimento Institucional doBanco Central (Redi-BC) à contaúnica do Tesouro Nacional.

Em resposta a consulta feitaontem pelo Valor, a instituiçãoinformou, por meio de sua assessoriade imprensa, que a atualdisponibilidade da Redi-BC - quetem como objetivo custear açõesestratégicas do BC - é de R$ 1,48bilhão e que os recursos serãotransferidos ao Tesouro "no prazoassinalado pela Corte de Contas".

A decisão do TCU foi tomadadepois de uma auditoria destinada averificar se a autoridade monetáriahavia cumprido ordem detransferência dos recursos dareserva ao Tesouro, proferida peloTribunal em 2012. O BC alegou queo TCU não havia especificado prazopara a devolução dos valores doRedi-BC. Para não deixar dúvidassobre a questão, o tribunal deu umprazo de 30 dias para que a

transferência seja feita (acórdão 711/2018).

O TCU solicitou ainda que o BCadote medidas com vistas àimplementação, no prazo máximo de90 dias, de sistemática na qual osrecursos de titularidade destareserva, que ainda venham a serrecebidos ou recuperados também,sejam transferidos diretamente aoTesouro, sem que haja necessidadede transitarem pela conta específicada Redi-BC.

Ainda em 2006, em auditoriarealizada no BC, os técnicos daControladoria-Geral da União(CGU) identificaram que os recursosda Reserva para o DesenvolvimentoInstitucional do Banco Central eramexecutados fora do Orçamento Geralda União. Após fiscalização, osauditores do TCU chegaram àmesma conclusão, considerandoindevida a execução dos recursos doRedi-BC sem consignação na peçaorçamentária e propuseram osaneamento da irregularidade.

Em 2010, o TCU determinou(acórdão 7.706) que a autoridademonetária se abstivesse de iniciarnovos projetos com recursos doRedi-BC sem que suas despesasfossem executadas por meio doOrçamento Geral da União. O BC

recorreu da decisão. Em 2012, otribunal reafirmou sua posição(acórdão 1.448) e determinou que ainstituição mantivesse entendimentoscom a Secretaria de OrçamentoFederal para que os recursosremanescentes da Redi-BC fossemtransferidos ao Tesouro comidentificação de fonte específica.

A transferência não foi feita. OBC alegou que o acórdão 1.448 nãodefiniu um prazo para o envio dosrecursos da reserva ao Tesouro. Nasemana passada, o TCU deu prazode 30 dias.

A Redi-BC foi regulamentadapela Resolução CMN 3.074, de 24de abril de 2003, e pelo Voto BCB234/2003, de 20 de agosto de 2003.Ela incorporou o patrimônio daextinta Reserva para a Promoção daEstabilidade da Moeda e do Uso doCheque (Recheque) e tem porobjetivo, de acordo com o artigo 1ºdo regulamento anexo à Portaria37.687/2006, "custear a execuçãode projetos relevantes e essenciaisvoltados para o funcionamento edesenvolvimento institucional e quevisem à implementação dasestratégias definidas no âmbito doplanejamento estratégico".(Colaborou Eduardo Campos, deBrasília)

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10/04/18

Dyogo deve rever últimasmedidas de Paulo Rabello

Por Francisco Góes, JulianaSchincariol e André Ramalho | DoRio

Dyogo de Oliveira, novopresidente do BNDES, quer banco"ágil e eficiente".

O novo presidente do BancoNacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES),Dyogo de Oliveira, indicou que deverever decisões recentes tomadaspelo seu antecessor, Paulo Rabellode Castro, que deixou o cargo paraconcorrer à Presidência daRepública pelo PSC. Ontem, aotomar posse na sede do banco, noRio, em cerimônia com a presençado presidente Michel Temer, Dyogoafirmou que vai revisar oplanejamento estratégico do bancorecentemente anunciado porRabello.

"Da revisão sairão novas metas,novas diretrizes e novodirecionamento do banco", afirmouDyogo. Ele disse, porém, que arevisão será feita com "serenidade"e sem "açodamento". Outra medida

planejada pelo novo presidente doBNDES, e já antecipada pelo Valor,será o retorno dos diretores do bancoàs áreas originais. Antes de deixar ainstituição, Rabello havia feito uma"dança das cadeiras", mudando osdiretores de posição.

Dyogo disse que pediu aosdiretores do BNDES que continuemtrabalhando "normalmente" até quese faça uma avaliação detalhada daestrutura do banco. Após a posseontem, Dyogo respondeurapidamente a perguntas daimprensa, mas preferiu não comentaro plano de Rabello de abrirrepresentações do BNDES nos 27Estados. "O que é importante é queo BNDES precisa estar maispróximo do cliente. Vamos ser maisativos, buscar os clientes. Teremosuma ação mais propositiva."

No discurso de posse, Dyogodefendeu a ideia que na "era do jurobaixo" o BNDES passará a tratartodas as empresas como clientes queprecisam de "agilidade e eficiência"e não como alguém que recebe um"benefício", afirmou, em referênciaaos subsídios embutidos nas taxas dejuros do banco, na época da TJLP.Hoje uma taxa em extinção a TJLPfoi substituída nos novos contratos,a partir de janeiro, pela Taxa deLongo Prazo (TLP).

Na visão de interlocutores doBNDES, a presença de Temer e dosnovos ministros da Fazenda,

Eduardo Guardia, e doPlanejamento, Esteves ColnagoJunior, na posse de Dyogo, no Rio,passou um sinal de que o novopresidente do banco terá "cartabranca" para fazer as mudanças queentender necessárias nos cerca denove meses que terá no comando dobanco.

No discurso, Dyogo disse que oBNDES será promotor do mercadofinanceiro e do mercado de capitaisde longo prazo, desenvolvendonovos produtos. "Temos que estarao lado do mercado, não há motivopara haver competição [entre oBNDES e o mercado na oferta decrédito]." E acrescentou: "Se hárecursos no mercado para atenderuma demanda, o BNDES vaiprocurar outras alternativas, atuarjunto com o mercado desenvolvendonovos produtos, atraindo novosinvestidores, ampliando [a oferta de]recursos para financiarinvestimentos", afirmou.

O estímulo do banco ao mercadode capitais é um ponto que deve seraprofundado na gestão Dyogo noBNDES, mas é algo que Rabellotambém havia incentivado em suapassagem de dez meses pelainstituição. Rabello assumiu o bancoem maio de 2017 depois que MariaSilva Bastos Marques renunciou àpresidência do BNDES em meio àdivulgação de conversas gravadaspor Joesley Batista, um dos donosda JBS, com o presidente Temer.

BRASILValor Econômico

10/04/18

Para Dyogo, no atual cenário dejuros e inflação baixos, o BNDESterá um papel diferente. O banco nãoserá "nem maior, nem menor", masserá importante para atender àsnecessidades de desenvolvimento dopaís, que serão outras, disse Dyogo.Ele afirmou que no passado oBNDES era o único financiador deinfraestrutura do país, algo que estámudando.

"O sistema financeiro privado, omercado de capitais oferecemalternativas. Elas não atendemplenamente às necessidades, masestão se desenvolvendo. É papel doBNDES impulsionar essasalternativas", afirmou.

Dyogo disse que uma dasreclamações que recebe deinvestidores é que os projetosdemoram a ficar prontos para seremleiloados. "Esse é um papel doBNDES, desenvolver projetos deenergia, transporte, infraestruturaurbana, saneamento, mobilidade efazê-lo rapidamente." Dyogo disseque muitos de seus planos para obanco já estão em curso, mas quepretende acelerar o processo paracriar mais impactos na economia.

10/04/18

Governo decide vender Infraero

Privatização da rede de 54aeroportos renderia até R$ 15 bi.Congonhas é a joia da coroa

Geralda Doca

-Brasília- O governo bateu omartelo sobre o futuro da Infraero eplaneja privatizar toda a empresa,transferindo para o setor privado arede administrada pela estatal, queinclui 54 terminais, entre aeroportoslucrativos e deficitários. A ideia écopiar o modelo de leilão do setorelétrico, como o que foi feito com aantiga distribuidora de energia deGoiás (Celg), com mudança deCNPJ e transferência de todos osfuncionários. Em contrapartida, onovo concessionário poderáexplorar o serviço público por umprazo de 30 anos. O chamariz parao investidor é Congonhas, aeroportoque é considerado a joia da coroa,e outros terminais importantes, comoSantos Dumont, Belém, Manaus,Curitiba e Goiânia.

O plano do governo é venderpelo menos 51% de toda a Infraero,podendo chegar a 80%. A medidapode gerar uma receitaextraordinária entre R$ 10 bilhões eR$ 15 bilhões. O BNDES serácontratado para realizar os estudosda modelagem e indicar o caminhomais vantajoso para a União:licitação em lotes ou em um únicobloco.

O modelo já era defendido pela

equipe econômica, mas haviaresistência da Infraero e de uma alado governo, que insistia nanecessidade de manutenção daestatal para cuidar de terminaisdeficitários, mas importantes doponto de vista de integração do país.A alternativa da privatização foicolocada sobre a mesa pela própriaInfraero numa reunião com aSecretaria de Estatais (Sest) e outrasautoridades do setor, na última sexta-feira, o que acabou surpreendendotécnicos do Executivo. A Sest,segundo interlocutores, apoiou aproposta de forma irrestrita.

OPERAÇÃO DEVE FICARPARA 2019

Pela proposta, será umaconcessão como qualquer outra,cabendo à Agência Nacional deAviação Civil (Anac) fiscalizar ocontrato, a execução dosinvestimentos previstos e a qualidadedo serviço prestado, além dequestões relacionadas às tarifas. Noencontro, ficou acertado que ospróximos passos são levar o modeloaos ministros responsáveis pelo setore incluir os ativos no Plano Nacionalde Desestatização (PND).

Uma das vantagens da propostaé a redução de gastos para a Uniãocom funcionários da Infraero, o quedaria também um indicativo de maiorausteridade com as contas públicas.Por isso, todos os técnicos queparticiparam do encontro

endossaram o plano alternativo paraa estatal — que registra prejuízo porcinco anos consecutivos. O balançode 2017 fechou no vermelho em R$1,8 bilhão.

Segundo autoridades a par doassunto, a solução resolve o maiorproblema da Infraero hoje, que é depessoal. Isso porque, mesmo tendoconcedido nove aeroportos, a estatalenfrenta restrições para reduzir oquadro de funcionários.

— Você demite os empregados,eles entram na Justiça e acabamvoltando — disse uma fonte da áreaeconômica, citando o caso daCompanhia Brasileira de TrensUrbanos (CBTU), a parte urbana daantiga Rede Ferroviária Federal.

Nesse caso, os empregados queforam demitidos entraram na Justiçae conseguiram retornar para aCBTU. Segundo essa fonte, oproblema de pessoal da Infraeroacabou sendo determinante naproposta de privatizar toda aempresa.

Diante do pouco tempo que aindaresta ao governo do presidenteMichel Temer, a ideia é assumir todoo desgaste político agora e deixartudo pronto para o novo presidente.O objetivo é colocar os estudos emconsulta pública para iniciar o debatecom a sociedade e fechar amodelagem ainda este ano, disse uminterlocutor.

ECONOMIAO GLOBO

10/04/18

A Infraero negociou com ostrabalhadores um acordo que vedademissões até 2020, ressalta umafonte. O vencedor da disputa pelaestatal saberá, porém, que, a partirde 2021, poderá reduzir o quadrode pessoal. Nas concessões deaeroportos realizadas até agora, osfuncionários que não foramabsorvidos pelo novo concessionáriopermaneceram na Infraero.

Em 2012, quando o governo deuinício aos leilões no setoraeroportuário, a Infraero tinha14.131 funcionários. Seis anosdepois, mesmo após ter transferidoao se-tor privado nove grandesaeroportos, a empresa ainda tem9.974, dos quais 1.136 estãocedidos a outros órgãos públicos.

Apesar das restrições adesligamentos, o governo pretendeque a Infraero chegue ao fim do anocom um quadro entre 6,5 mil e 7 milempregados. Cerca de 1.800funcionários das torres de controleserão transferidos para a nova estatalque será criada, chamada Nav Brasile que ficará ligada à Aeronáutica. Anova empresa está dependendoapenas da aprovação do Ministérioda Fazenda.

RISCO DE FICARDEPENDENTE DA UNIÃO

Outro argumento do governopara privatizar a Infraero é que, senada for feito, a empresa ficarátotalmente dependente da União,dentro de um ano e meio. Depois dedois anos seguidos de queda, a estatal

registrou resultado operacionalpositivo de R$ 505,4 milhões em2017.

Segundo autoridades envolvidasnas discussões, a solução estáprevista no trabalho realizado poruma auditoria especial, contratadapela própria Infraero. Na avaliaçãode analistas do mercado, háinvestidores interessados nos ativosda estatal. As regras dos editais e otratamento a ser dado aosfuncionários podem ser cruciais paraatrair investidores.

— Há interesse do mercado naconcessão dos aeroportos daInfraero desde que o governo assumaos funcionários e que osinvestimentos sejam por gatilho (quevaria de acordo com o movimentonos aeroportos) — disse André

Soutelino, especialista em DireitoAeronáutico. — Quanto ao estudosque serão realizados pelo BNDES,defendo uma aproximação dogoverno com a academia e omercado. A Secretaria de AviaçãoCivil teria que fornecer todos osdados (inclusive o financeiro) dosaeroportos da rede Infraero. Assim,o debate será fortalecido.

De acordo com outra fonte domercado, seja qual for o modeloadotado pelo governo, seráimprescindível incluir aeroportosmaiores para assegurar odesenvolvimento dos menores.

— Neste sentido, Santos Dumonte Congonhas são extremamenteimportantes — observou.

10/04/18

Opinião : Trava

COMO O decreto queregulamenta a nova Lei dos Portosestá no centro de investigaçõessobre corrupção em que o própriopresidente Temer é alvo,negociações sobre a prorrogaçãodo arrendamento de terminaisestão paralisadas.

O QUE é compreensível. Masnão se entende por que há atrasosem áreas como o TCU, cujoparecer técnico é necessário paraque adaptações de contratos deconcessionárias possam ser feitaspelo Ministério dos Transportes, afim de que investimentosportuários sejam destravados.

10/04/18

Dyogo Oliveira defendereinvenção do BNDES

Ao assumir banco, ex-ministrodiz que não há mais espaço parasubsídio

Danielle Nogueira

O novo presidente do BNDES,Dyogo Oliveira, tomou posse ontemcom o discurso de que o banco teráde se reinventar e se adaptar a umnovo cenário, de juros baixos, noqual não há mais espaço parasubsídio. Disse ainda que quem baterà porta do banco para tomar créditoserá tratado como cliente e nãocomo beneficiado e que o objetivoé tornar a instituição mais ágil naconcessão de crédito, para elevarsua competitividade: — Na era dojuro baixo, o BNDES será diferente,não será maior nem menor. Nopassado, o BNDES era o principalfinanciador de infraestrutura. Não émais assim. O BNDES será maiságil, passará a tratar aquele que bateà sua porta não como beneficiário,mas como cliente, que merece seratendido com rapidez.

Segundo ele, o banco será maispró-ativo, identificando,especialmente no setor detecnologia, as empresas que podemser alvo de apoio. A proatividade vaise somar à agilidade, disse Dyogo.

Na sua visão, como os juros dobanco serão próximos aos domercado, a celeridade nos processosserá fundamental. Dyogo nãoestabeleceu meta de redução deprazo ou de desembolso

— a estimativa de liberação deR$ 80 bilhões em 2018 está mantida.

"PROMOTOR DODESENVOLVIMENTO"

Dyogo afirmou também que,nesse cenário de juros baixos, osfundos de pensão, as seguradoras,os family officies "estarão ávidos poraplicações que ofereçam um poucomais de rentabilidade que os títulosdo Tesouro". Por isso, o BNDESdeve focar na estruturação deprojetos. Segundo ele, osinvestidores têm reclamado que háescassez de projetos.

— O BNDES tem capacidadepara isso (estruturar projetos).Vamos reinventar o BNDES paraque continue a ser o que sempre foi,o maior promotor dodesenvolvimento do Brasil— disseDyogo, frisando que o banco vaiapoiar micro e pequenas empresase fortalecer o mercado de capitais.

ECONOMIAO GLOBO

10/04/18

Análise : Fase de transição

Desafio é manter atratividade de financiamento em cenário dejuro baixo

Dyogo Oliveira assume o BNDES num momento de transição.O banco está reduzindo seu tamanho, tem o desafio de emprestardaqui para frente a uma nova taxa, a TLP (Taxa de Longo Prazo),mais próxima à do mercado, e acaba de reorganizar sua diretoria.Tudo isso num cenário econômico que combina juro baixo eretomada do crescimento.

Dyogo é o terceiro presidente do BNDES em menos de doisanos. Seu desafio será justamente o de dotar o banco deinstrumentos capazes de manter a atratividade dos financiamentossem subsídios. Se perder a chance, pode acabar freando o ritmode recuperação econômica, tal o peso que o BNDES ainda temna promoção de investimentos.

Dyogo tomou posse ontem defendendo mais proatividade eagilidade nos processos internos do banco.

No primeiro bimestre, o apetite por crédito foi tímido: quedade 30%. A estimativa para o ano, porém, sugere leve melhora:liberação de R$ 80 bilhões sobre os R$ 71 bilhões de 2017. Se oempresariado estiver mais confiante na economia e Dyogo e suaequipe conseguirem convencê-lo de que vale a pena tomar créditojunto ao BNDES, pode ser um ponto de inflexão numa curvacadente desde 2013. (D.N.)

ECONOMIAO GLOBO

10/04/18

Temer defende que bancos públicosdevam manter ‘função social’

MERCADOFOLHA DE SÃO PAULO

10/04/18

10/04/18 NOTAS & INFORMAÇÕESO ESTADO DE S. PAULO

A nova equipe de governo

Com a posse de nove novos ministros de Estado,que substituem os que deixaram o cargo em razão desuas pretensões eleitorais ou para permitir arranjostécnicos e políticos do governo, o presidente MichelTemer tem pronta a equipe com a qual completará ospouco menos de nove meses que lhe restam de mandato.

Apesar de ser relativamente curto, este será um“momento difícil”, admitiu o presidente, ao dar posseao novo presidente do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES), DyogoOliveira, que deixou o Ministério do Planejamento.Espera-se que os novos auxiliares diretos do presidente,parte dos quais desconhecida do público, tenham oconhecimento necessário da área na qual atuarão e,sobretudo, sejam rigorosos com o austero uso dosrecursos públicos postos à sua disposição.

Todo rigor será pouco, porque o governo não aguentanovos escândalos nem o País está mais disposto a tolerá-los. Na semana passada, o presidente exonerou, além deDyogo Oliveira, os ministros da Fazenda, HenriqueMeirelles; da Educação, Mendonça Filho; de Minas eEnergia, Fernando Coelho Filho; de DesenvolvimentoSocial, Osmar Terra; do Esporte, Leonardo Picciani; doMeio Ambiente, José Sarney Filho; do Turismo, MarxBeltrão; e da Integração Nacional, Helder Barbalho.

Também deixaram seus cargos os presidentes dosCorreios, Guilherme Campos Júnior; do Banco daAmazônia, Marivaldo Gonçalves de Melo; e do BNDES,Paulo Rabello de Castro. Também será substituído odiretor-geral da Itaipu Binacional, Luiz Fernando Leonede Viana. Os exonerados, com poucas exceções (comoDyogo Oliveira), pretendem disputar cargos eletivos emoutubro.

Em seu discurso de posse no BNDES, Oliveira deuindicações do que pretende fazer no cargo. São propostasbaseadas em princípios que deveriam se estender a todoo setor público, como “velocidade de resolver eimplementar”, “dinamizar com muita qualidade etransparência tudo o que é feito”. Oliveira não pretende,com isso, fazer grandes mudanças em relação às ações

em andamento na instituição, mesmo porque o tempode que disporá é exíguo.

Procurará, isto sim, fortalecer uma das principais linhasde atuação do banco, que é o financiamento dainfraestrutura do País, por meio de dinamização deinstrumentos já disponíveis. Da mesma forma, espera-se que o novo ministro da Fazenda, Eduardo Guardia –que ocupava a secretaria executiva do Ministério nagestão de Meirelles –, preserve os pontos básicos dapolítica econômica, como o rigor na gestão das finançasfederais.

Uma importante tarefa já o aguarda, que é a elaboraçãodo Orçamento da União de 2019, tarefa que executarácom a colaboração do novo ministro do Planejamento,Esteves Colnago, que, como seu novo colega da Fazenda,tem perfil marcadamente técnico.

Com o estreitamento da parcela de gastos doOrçamento passível de cortes, em razão do aumentodas chamadas despesas obrigatórias, a nova equipe terádificuldade para cumprir as exigências legais,especialmente a chamada “regra de ouro”, norma queimpede o governo de contrair dívida para pagar despesascorrentes, como a folha de pessoal.

Não se conhece com profundidade a formação deboa parte dos demais novos integrantes da equipeministerial. Em razão de este ser um ano eleitoral, emarcado por episódios não corriqueiros – como a inéditaprisão de um ex-presidente da República condenado porprática de crime comum –, certamente serão fortes aspressões por destinação de recursos para áreas deinteresse da base de apoio do governo.

É nesses momentos que precisa se impor uma boaadministração, marcada por seriedade, responsabilidadefiscal e competência técnica. Há, no entanto, sinais quepreocupam. A demissão, a pedido, do secretárioexecutivo do Ministério de Minas e Energia, PauloPedrosa, pode tornar mais lento o processo deprivatização da Eletrobrás, do qual ele era o grandeestimulador dentro do governo.

10/04/18

» Desapega.Já fora do cargo, o ex-ministro

Henrique Meirelles participou deeventos do governo sexta, sábado esegunda, quando até falou na posse deDyogo Oliveira no BNDES. Ontem, elefoi a debate de presidenciáveis. NoMDB, seu partido, o candidato é MichelTemer.

COLUNA DO ESTADÃOO ESTADO DE S. PAULO

ANDREZA MATAIS E MARCELODE MORAIS

10/04/18

Presidente vai dar posse a novosministros hoje

O presidente Michel Temer daráposse hoje a pelo menos 11 novosministros em cerimônia que serárealizada no Palácio do Planalto. O atualinterino da Fazenda, Eduardo Guardia,será oficializado no lugar de HenriqueMeirelles, que deixou o cargo na sexta-feira para tentar concorrer às eleições.Moreira Franco assumirá o Ministériode Minas e Energia e deixará aSecretaria- Geral.

POLÍTICAO ESTADO DE S. PAULO

10/04/18

Nova equipe econômica temenão ter força para conter despesas

Novo ministro não teria omesmo trânsito que Meirelles tinhacom o presidente Temer e nem amesma autonomia

Adriana Fernandes- BRASÍLiA

O risco de isolamento da novaequipe econômica é a principalpreocupação no Ministério daFazenda. O temor, segundo fontesouvidas pelo Estadão/Broadcast,é que o ministro Eduardo Guardianão tenha canal de comunicaçãocom o Palácio do Planalto e amesma liberdade de ação que oseu antecessor HenriqueMeirelles, que deixou o cargo paratentar viabilizar sua candidatura àPresidência.

Guardia será efetivado hojecomo ministro da Fazenda emcerimônia no Palácio do Planalto.Por enquanto, integrantes doprimeiro escalão do ministério,que chegou a ser apelidado de"dream team", seguem comGuardia na Fazenda, mas baixasmais à frente estão no radar e ficamdependentes da articulação dogoverno para manter a direção depolítica econômica e barrar novasperdas de receitas e aumento dedespesas. A avaliação de

integrantes do primeiro escalão daequipe econômica é a de que oprotagonismo do Ministério daFazenda não é mais o mesmo doinício do governo e pode diminuirainda mais.

Uma das cotadas para assumira secretaria executiva doministério é a secretária doTesouro, Ana Paula Vescovi, quetambém não tem trânsito muito bomcom parlamentares da base degoverno, o que poderia dificultaro diálogo com o grupo deministros mais próximos dopresidente Michel Temer eaumentar ainda mais a resistênciaàs medidas de contenção dasdespesas. Segundo um integranteda equipe econômica, a semanapassada foi muito ruim para oajuste fiscal com a derrubada devetos presidenciais,principalmente com o Refis(parcelamento de débitostributários) das micro e pequenasempresas e de produtores rurais.

Receitas. A perda de receitasignifica revisão do Orçamentonão só de 2018, mas também em2019. A meta indicativa de déficitde R$ 139 bilhões para o ano que

vem, que contava com uma folgade R$ 10 bilhões, poderia cairpara um déficit de R$ 129 bilhões,mas já não há mais espaço agorapara essa melhora.

A meta indicativa deverá sereferendada no envio ao Congressona sexta-feira do projeto de Lei deDiretrizes Orçamentárias (LDO)para o ano que vem. Os técnicosdo ministérios do Planejamento eda Fazenda defendem amanutenção dessa meta, que nãoconsidera receitas atípicas quedependem de decisões de políticaeconômica ainda não aprovadas.

Além do impacto dos vetos naarrecadação em 2018, o governoperdeu receitas também em 2019,valor que, num cálculo preliminar,supera R$ 10 bilhões. A equipeeconômica também já não podecontar em 2019 com a arrecadaçãode R$ 2,2 bilhões com a MedidaProvisória que elevava de 11%para 14% a contribuiçãoprevidenciária dos servidores. AMP perdeu validade. Tambémcaducou a MP que eleva atributação de fundos deinvestimentos exclusivos parainvestidores de alta renda.

ECONOMIAO ESTADO DE S. PAULO

10/04/18

Dyogo assume e diz que BNDESagora vai ser diferente

O ex-ministro de Planejamento,Dyogo Oliveira tomou posse ontem comopresidente do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social(BNDES). Na cerimônia de posse,prestigiada pelo presidente MichelTemer e ministros de governo, Dyogodefendeu o legado do atual governo edisse que o País vive um novo ciclo decrescimento, que deverá durar de 10 a12 anos e no qual o banco terá papelcrucial. "Na era de juros baixos, oBNDES será diferente.

Não será nem maior nem menor, serádiferente", garantiu o novo presidente dobanco, que pediu que a atual diretoriapermanecesse, anunciou que revisará oplanejamento estratégico, mas prometeumanter as metas de desembolso. Alémde Temer, dois presidenciáveisassistiram a posse: Henrique Meirellese Paulo Rabello de Castro.

ECONOMIAO ESTADO DE S. PAULO

10/04/18

GOVERNO »Dyogo quer BNDES mais ágil no crédito

Novo presidente do banco dizque vai abrir oportunidades paratodas as companhias com potencialde crescimento, evitando a estratégiaadotada no governo passado deescolher "campeões nacionais". Epromete atenção especial apequenas e médias empresas

» ROSANA HESSEL

O ex-ministro do PlanejamentoDyogo Oliveira tomou posse ontemna presidência do Banco Nacionaldo Desenvolvimento Econômico eSocial (BNDES) com a promessa

de agilizar os empréstimos dainstituição. “Trabalharemos em umprocesso de digitalização parapermitir mais celeridade naaprovação e liberação dos recursos.O banco vai dinamizar sua atuação,mas com muito controle etransparência”, afirmou Oliveira. Acerimônia, na sede da instituição, noRio de Janeiro, contou com apresença do presidente MichelTemer.

No discurso, o ex-ministrodestacou que o BNDES deveráatuar em conjunto com outros bancospara promover, desenvolver eestruturar grandes projetos

produtivos e de infraestrutura. “Nãovamos ficar apenas esperando quenos batam à porta. Vamos buscaroportunidades de investimento,desenvolver projetos, buscarparceiros corretos, comtransparência”, afirmou. Ele aindadestacou que dará “atençãoespecial” às micro, pequenas emédias empresas do setor industrial,além de continuar apoiando ocomércio exterior e ainternacionalização das companhiasbrasileiras.

Oliveira ressaltou que o bancoestará focado na identificação demédias empresas com potencial deexpansão e evitará a estratégia dosgovernos petistas de apoiar “grandescampeões nacionais”. “Em vez defocar apenas em grandes empresase escolher os vencedores, vamosabrir oportunidade para todos quetenham potencial e permitir que sedesenvolvam”, completou.

O novo presidente elogiou Temer,que concordou em nomear ministrodo Planjejamento Eteves Colnago,secretário executivo e seu braçodireito na pasta. “A história lhe farájustiça, presidente. Seu governo serálembrado como o que realizou maisreformas num período tão curto”,disse o ex-ministro, citando osnúmeros da recuperação econômica,após uma situação que classificoucomo “o fundo do poço mais fundoonde nunca o Brasil havia estado”.

ECONOMIACORREIO BRAZILIENSE

Segundo Oliveira, o papel da instituição não é mais o de oferecerrecursos com juros subsidiados

10/04/18

Transparência

Oliveira é o terceiro presidente doBNDES do governo Temer. Após umano no cargo, a administradora MariaSílvia Bastos Marques deixou ocomando do banco em maio de2017, alegando motivos pessoais. Adecisão foi anunciada poucos diasapós a divulgação da primeiraacusação de corrupção contra ochefe do Executivo, feita pelos irmãosJoesley e Wesley Batista, donos daJBS . A principal crítica à executivana época era a de que o banco,embora tivesse bastante liquidez, nãoconseguia liberar rapidamente osempréstimos às empresas.

O economista Paulo Rabello deCastro, até então presidente doInstituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), assumiu ocomando do BNDES em maio de2017, cargo que deixou paraconcorrer à Presidência da Repúblicapelo PSC.

Apesar da troca sucessiva depresidentes, especialistasreconhecem que, desde o início dogoverno Temer, o banco passou aatuar no mercado de forma maistransparente. A instituição, inclusive,voltou a repassar dividendos para aUnião. “Minha impressão é que nãodeve mudar muita coisa com a novagestão. Trata-se de mais umaquestão da contingência que estamosvivendo. Não vejo como pode

piorar. A situação, em geral, é maisdifícil”, avaliou o economista eespecialista em contas públicas RaulVelloso. “Não consigo ver nadacontra a indicação de Dyogo, porqueele mostrou eficiência no comandodo Planejamento”, destacou.

Após receber mais de R$ 400bilhões do Tesouro Nacional nogoverno Dilma Rousseff, o BNDESvem reduzindo o volume deempréstimos. Entre 2016 e 2017, osdesembolsos da instituição recuaram22,4%, somando R$ 72,1 bilhões,o menor volume registrado na sériehistórica levantada pela TendênciasConsultoria, com início em 2003. Ovolume de operações da instituiçãoatingiu o pico em 2010, somando R$266,9 bilhões, e vem caindo desdeentão. Para este ano, a previsão erade R$ 90 bilhões, mas foi reduzidapor Castro para R$ 80 bilhões.Desse montante, R$ 13 bilhões serãopara o setor de energia elétrica.

A economista Alessandra Ribeiro,sócia da Tendências, lembrou que aqueda dos desembolsos está maisrelacionada à redução da demandaque à oferta de crédito. “Passamospor uma crise muito dura e asempresas não estavam comcondições de tomar empréstimos.Agora, com a economia serecuperando, é possível que ademanda, aos poucos, volte”,apostou.

Na avaliação de Dyogo Oliveira,a diminuição do volume de créditonão é um desafio, mas “uma grandeoportunidade”. “O Brasil mudou depatamar. Não vai ter mais os jurosbásicos do passado e o papel dobanco não será mais o de oferecerjuros subsidiados, porque a TLP(nova taxa de juros dos empréstimosdo banco estatal) estará muitopróxima às taxas do mercado”,afirmou.

Mais otimismo com o Brasil

A agência de classificação derisco Moody’s melhorou aperspectiva de nota de crédito doBrasil de negativa para estável.Apontou que há expectativa de queas “reformas fiscais” serãoaprovadas no próximo governo e vêo crescimento econômico do paísmais forte do que o esperado a curtoe médio prazos. O movimento écontrário ao de outras agências, queacham incerta a votação dessasmedidas. “A Moody’s acredita, emresumo, que os riscos negativos parao crescimento e as incertezasrelacionadas ao ímpeto parareformas, que levaram à atribuiçãoda perspectiva negativa para o ratingBa2 em maio do ano passado,diminuíram”, informou em nota. OMinistério da Fazenda atribuiu amelhora às ações realizadas pelaequipe econômica desde maio de2016.

10/04/18

10/04/18

GOVERNO »Sem agenda no Congresso

Os novos ministros doPlanejamento, Esteves Colnago, eda Fazenda, Eduardo Guardia,assumem, hoje, as respectivas pastassem despertar grandes expectativasdo mercado. Os dois sãoconsiderados de perfil técnico e depouco traquejo para negociaçãopolítica, o que dificulta a discussãoe aprovação de pautas econômicasno Congresso Nacional. Osanalistas avaliam que não haveráuma grande agenda nas duas áreasnos próximos oito meses, quandoterminam as gestões.

“O governo dificilmenteconseguirá aprovar propostas maisespinhosas no Congresso, como areoneração da folha e a privatizaçãoda Eletrobras, apesar de MoreiraFranco (que assume a pasta deMinas e Energia hoje) afirmar queserá a prioridade”, avalia aeconomista Alessandra Ribeiro, daTendências Consultoria. “Achomuito difícil, porque a equipe apenasconseguirá avançar em temas debaixo impacto político, como é ocaso do cadastro positivo. No fim,eles vão tentar tocar o barco até

dezembro e bloquear outras pautas-bombas que acabam tendo impactofiscal forte”, destacou.

O projeto de reoneração da folha,por exemplo, está na Câmara dosDeputados desde o ano passado,sob relatoria do deputado OrlandoSilva (PCdoB-SP). Ele discorda daequipe econômica na quantidade desetores que vão manter o benefíciotributário. De acordo com analistas,a falta de força política dos novosministros deve fazer prevalecer aposição do parlamentar.

O economista-chefe da RioBravo, Evandro Buccini, já nãoespera “resultados positivos”. “Areoneração é um assunto que estásendo requentado há dois anos, masacho que a receita está vindo muitoboa (para o governo federal). Então,independentemente do que foraprovado, não deve ser um grandeproblema para as contas públicas”,destacou. Para ele, os novosministros devem recorrer a medidasque não precisem passar para oCongresso, como pequenasmudanças microeconômicas.

Mobilização

O economista-chefe da GradualInvestimentos, André Perfeito, afirmaque, de fato, a capacidade de ogoverno federal avançar em agendaeconômica é muito pequena. “Háuma intervenção (no Rio de Janeiro),que impossibilita alterar aConstituição, além disso, assuntosmais agudos não serão feitos, atémesmo porque (o presidente Michel)Temer quer preservar suacapacidade de mobilização noCongresso numa eventual terceiradenúncia”, disse.

Perfeito também destacou que2018, por ser um ano eleitoral, nãodeve trazer muitas emoções nasvotações das duas CasasLegislativas. “Outras áreas vãocontinuar com suas ações, mas, doponto de vista econômico, não deveocorrer. Economia está ligado àpolítica, então dificilmente haverátemas de reformas ou polêmicos”,apontou. (HF e RH)

ECONOMIACORREIO BRAZILIENSE