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Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da Defesa Nacional Brasília, 2003 CONCEPÇÃO ESTRATÉGICA Ministério da Defesa - Ministério da Ciência e Tecnologia

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Page 1: CONCEPÇÃO ESTRATÉGICA - Página Inicial povo legitimamente almeja, é impossível deixar de pensar na centralidade da área de ciência, tecnologia e inovação. Não por outra

C i ê n c i a , Te c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d eI n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

Brasília, 2003

C O N C E P Ç Ã O E S T R A T É G I C A

Ministério da Defesa - Ministério da Ciência e Tecnologia

fabioanjos
Stamp
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Ministério da DefesaSecretaria de Logística e MobilizaçãoDepartamento de Ciência e TecnologiaDivisão de Apoio à Pesquisa e ao DesenvolvimentoEsplanada dos Ministérios, Bloco Q - 3º AndarCep: 70.049-900 - Brasília/DF

Ministério da Ciência e TecnologiaSecretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e DesenvolvimentoEsplanada dos Ministérios, Bloco E - 4° AndarCep: 70.067-900 - Brasília/DF

Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida desde que citada a fonte.

N o r m a l i z a ç ã o B i b l i o g r á f i c a B I B / S E G A B / G A B

Concepção estratégica : Ciência,Tecnologia e Inovação de Interesse daDefesa Nacional / Ministério da Defesa ; Ministério da Ciência e Tecnologia.- Brasília : MD/MCT, 2003.

56p.

1. Ciência e tecnologia. 2. Inovações tecnológicas. 3. Brasil - Defesa. I.Título. II. Título: Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da Defesa Nacional.

CDU 5/6:355.02(8l)

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S u m á r i o

A p r e s e n t a ç ã o

I n t r o d u ç ã o

M i s s ã o

V i s ã o 2 0 1 5

C o n t e x t o d e C i ê n c i a , Te c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d a D e f e s a

5

7

11

11

13

17

25

35

53

N a c i o n a l

O b j e t i v o s E s t r a t é g i c o s

S i s t e m a d e C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e

I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

Á r e a s e Te c n o l o g i a s d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

G l o s s á r i o

R e f e r ê n c i a s 55

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Apresentação

Congratulamo-nos com os organizadores deste útil volume pela oportuna incitativa de trazê-lo a público.

Não podemos mais conceber que as tarefas da defesa sejam tidas como afetas apenas a militares, nem que a

responsabilidade pelo desenvolvimento seja percebida exclusivamente como atribuição de órgãos específicos, que atuam

em isolamento. O mundo em que vivemos se caracteriza por múltiplos canais de interdependência e não deixa espaço para

uma visão estreita e compartimentada dos fenômenos sociais. As várias dimensões da realidade estão em constante

processo de entrelaçamento. E, nesse contexto, não tenhamos dúvida: a defesa, de um lado, e ciência, tecnologia e

inovação, de outro lado, interpenetraram-se de forma inexorável.

Ao livro que o leitor tem em mão deve ser reconhecido o mérito de fazer jus à complexidade de vários aspectos dessa

saudável interpenetração. E, ao fazê-lo, a obra refere-se, em última instância, a uma questão crucial do atual momento

político por que passa o Brasil: a busca do desenvolvimento pleno.

Já consolidamos a convicção, no Brasil, de que o caminho para o desenvolvimento pleno passa, necessariamente,

pelos bancos escolares, pelas bancadas dos laboratórios e pelos portões das nossas empresas. Sem uma integração de

esforços dificilmente responderemos ao desafio de tornar a sociedade brasileira mais justa e equilibrada.

Mas, nos dias de hoje, não basta saber fazer. É preciso fazer melhor e mais rápido. Por isso mesmo "parceria" e

"inovação" passam a ser as palavras de ordem a que temos de nos apegar.

Quando refletimos sobre o que é preciso para que o Brasil avance, de forma segura e autônoma, rumo ao futuro que

nosso povo legitimamente almeja, é impossível deixar de pensar na centralidade da área de ciência, tecnologia e inovação.

Não por outra razão, o adequado desenvolvimento científico e tecnológico figura entre os objetivos centrais do

Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sabemos que progressos nessa área estratégica são não apenas

essenciais para o efetivo desenvolvimento econômico e social do País, mas também imprescindíveis para os propósitos de

garantia da sua defesa. E acreditamos que os Ministérios da Defesa e da Ciência e Tecnologia têm muito a realizar em um

campo tão fértil.

Felizmente, a parceria entre as nossas Pastas já apresenta múltiplas dimensões. Cabe-nos aprofundá-las e diversificá-

las.

Na área espacial, por exemplo, a cooperação entre o Ministério da Defesa e o da Ciência e Tecnologia é antiga. É

orgulho para qualquer brasileiro que visite o museu da "La Villete", em Paris, ver o nosso País indicado como membro do

seleto grupo de nações do "clube espacial". E a nossa Força Aérea foi, como se sabe, o berço dessa iniciativa, em uma

demonstração nítida da relevância da contribuição das Forças Armadas para o desenvolvimento científico e tecnológico do

Brasil.

Com efeito, as Forças Armadas oferecem, em matéria de ciência e tecnologia, aportes valiosos para a elevação dos

graus de autonomia do País. A Marinha, o Exército e a Aeronáutica mantêm, tradicionalmente, centros de excelência cuja

produção, particularmente no que se refere a pesquisa aplicada, se mostra fundamental para as conquistas científicas e

tecnológicas havidas no Brasil. E, naturalmente, as atividades econômicas de maior densidade tecnológica, tributárias

dessas conquistas, além de formarem recursos humanos especializados e de gerarem empregos de elevado padrão,

contribuem para uma inserção mais qualitativa da economia brasileira nas trocas internacionais, produzindo efeitos sistêmicos

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sempre positivos.

São muitas as manifestações da contribuição científica e tecnológica das Forças Armadas para o desenvolvimento do

Brasil. Nossa Marinha está concentrada no projeto de um submarino de propulsão nuclear, cujos benefícios tendem

claramente a transcender os domínios daquela Arma. Nosso Exército, por sua vez, tem-se dedicado ao aperfeiçoamento

de sua tecnologia de comunicações, e, também nesse caso, haverá uma saudável irradiação de conhecimento em proveito

de outros segmentos da sociedade. Quanto ao setor aeronáutico, além dos avanços já mencionados em termos de

tecnologia espacial e dos conhecidos êxitos do País na seara da indústria aeronáutica, não podemos deixar de mencionar

o nosso renovado empenho em levar a bom termo o projeto do Veículo Lançador de Satélites.

Também o Programa Fronteiras constitui exemplo concreto do que os nosso Ministérios têm feito, juntos, pelo

desenvolvimento científico nacional. O cerne do programa, que se concentra na Amazônia, é o de pôr à disposição de

pesquisadores, para pronta utilização, tanto a experiência e as instalações de nossas Forças Armadas na região quanto a

capacidade técnica e financeira do BNDES. A iniciativa, da qual também participam os Ministérios da Integração Nacional,

da Educação e do Meio Ambiente, visa produção de conhecimento científico confiável, à formação de recursos humanos

e à garantia do desenvolvimento sustentável e da segurança do nosso espaço amazônico. Com o Programa Fronteiras,

desejamos promover a articulação de agentes produtivos e gerar benefícios não apenas para as populações locais, mas

para a sociedade brasileira em seu conjunto.

Imbuídos do mesmo espírito, estamos lançando, em parceria com outros Ministérios, o "Sistema de Ciência, Tecnologia

e Inovação de Interesse da Defesa Nacional". Da forma como o concebemos, esse sistema permitirá a definição de

prioridades conjuntas e uma mobilização política em torno de objetivos comuns.

Em suma, temos agido, ao longo de quase um ano de gestão, com base no entendimento de que os tempos atuais

não admitem ilhas nem feudos. Temos de ser inovadores, de construir sinergias, de operar em rede. Os resultados que

buscamos apenas serão obtidos se trabalharmos coletivamente.

Este livro - que privilegia, como seu título indica, a concepção estratégica dos assuntos de ciência, tecnologia e

inovação de interesse da defesa nacional - contempla várias das vertentes desse esforço conjunto. Que a obra que ora se

traz a lume seja, ao mesmo tempo, um retrato do que já temos feito e um incentivo para que sigamos construindo uma

nova forma de trabalhar em prol da defesa e do desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil.

José Viegas Filho

Ministro de Estado da Defesa

Roberto Amaral

Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

O tema Defesa Nacional, principalmente nos dias atuais, precisa ser considerado como da mais alta relevância no

universo das preocupações, do planejamento estratégico e das ações da área governamental e conhecido, em toda a sua

abrangência, pelos diversos setores da sociedade civil.

Digna de destaque é a ampliação que tem sido conferida ao conceito de Defesa Nacional. Esta, agora, deixa ser

entendida como objeto de preocupação exclusiva da caserna e passa a ser foco da atenção constante, também, de toda

a sociedade brasileira.

Diretamente associado à Defesa Nacional está o conceito de Segurança Nacional, a qual, quase sempre, esteve

vinculada à expressão militar do poder nacional. Relacionada à manutenção de objetivos nacionais, como a afirmação da

soberania, a manutenção da integridade territorial e da ordem interna, este assunto parecia distante das principais

preocupações de muitas nações que, por se sentirem mais seguras em relação à ameaça internacional, direcionavam seus

esforços estratégicos para outras áreas, até então, prioritárias.

O mundo, que passa por um amplo e acelerado processo da globalização, tem assistido resignadamente à deterioração

do conceito de soberania nacional em algumas regiões do planeta, em face de ousadas estocadas promovidas pelo

implacável terrorismo internacional, pelo tráfico de armas e de drogas e, também, pela ampliação do poder político,

econômico e militar de nações hegemônicas e globalizantes.

Cada vez mais, verifica-se a crescente descaracterização dos contornos nacionais, que vão perdendo a sua função de

demarcar a linha da atuação suprema e independente dos Estados, expressa nos campos do poder: fisiográfico, psicossocial,

político, econômico, militar e científico-tecnológico.

Fatos acontecidos recentemente têm mudado rapidamente este cenário: redes internacionais de terrorismo e crime

organizado exigem uma melhor coordenação dos diferentes setores envolvidos no combate e repressão dessas atividades,

fazendo com que esferas de responsabilidades que antes pareciam afastadas tornem-se mais próximas; ações políticas,

econômicas e militares de alguns países sobre outros, menos preparados para defender a sua soberania. Mesmo em nome

da defesa da paz mundial, atos de guerra têm sido perpetrados sem o necessário respaldo legal do direito e do apoio

internacionais. Faz-se mister, então, que os países que valorizam a democracia, a liberdade e o respeito mútuo entre os

povos, se mantenham devidamente preparados para sustentar a sua própria autodeterminação e, também, a das demais

nações livres e democráticas do planeta.

Na área de Ciência e Tecnologia, o Brasil, país que tem buscado com persistência o seu completo crescimento, tem

enfrentado, como acontece também com os demais países emergentes, ventos desfavoráveis soprados por nações do

primeiro mundo que, por meio de barreiras técnicas ou comerciais, procuram dificultar o vôo brasileiro em direção ao grande

desenvolvimento científico-tecnológico, a fim de evitar quaisquer progressos que venham permitir a aproximação de

eventuais países concorrentes.

Do ponto de vista da Defesa Nacional é necessário, portanto, que o avanço científico-tecnológico brasileiro dê suporte

à consolidação do nosso país como potência emergente no cenário mundial, o qual, diante das crises internacionais, tem

pautado o seu procedimento pela busca incansável das soluções equilibradas e pacíficas.

"Si vis pacem, para bellum" ("Se queres a paz, prepara-te para a guerra").

Dentro dessa máxima, sobressaem as nossas demandas por Forças Armadas leves e eficientes, com rápida capacidade

de mobilização, portadoras de modernas tecnologias que amplificam a nossa capacidade de defesa e, também, de

dissuasão.

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Caminhando nessa direção, os Ministérios da Defesa (MD) e da Ciência e Tecnologia (MCT) têm alinhado alguns de

seus objetivos, visando ampliar iniciativas institucionais no sentido de buscar o engajamento de importantes representações

de nossa sociedade, no esforço comum de integração dos órgãos civis, militares, universitários e empresariais, que têm por

missão desenvolver Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) no País.

Orientados por essa visão, o MD e o MCT têm trabalhado em conjunto, no sentido de que sejam implementadas as

Diretrizes de C,T&I para a Defesa Nacional, propostas no Seminário realizado na Capital Federal, em 26 de novembro de

2002, as quais fundamentarão o planejamento estratégico, o desenvolvimento de processos de gerenciamento e de

avaliação, a gradual harmonização e a integração das atividades de C,T&I das Forças Armadas (FFAA) com o Sistema

Nacional de C,T&I. Outras tarefas foram realizadas por Grupos de Trabalho compostos de representantes do Ministério da

Defesa, do Ministério da Ciência e Tecnologia, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da

Academia e da Indústria, para a estruturação de um Sistema de C,T&I de interesse da Defesa Nacional (SisCTID) e a

identificação de Áreas e Programas Estratégicos atinentes à Defesa a ao desenvolvimento nacional.

Convém ressaltar que dentro desse novo ambiente de C,T&I de interesse da Defesa Nacional, alguns paradigmas

tiveram que ser rompidos ou naturalmente criados. A idéia de inovação, por exemplo, adquire agora grande relevância, ou

seja, a pesquisa e o desenvolvimento em C&T passam a ficar voltados para a indústria nacional. Com uma indústria

nacional de defesa fortalecida, os bons resultados gerados pelos novos produtos que brotarão das demandas tecnológicas

de Defesa estarão refletidos, ao final desse processo, no almejado desenvolvimento nacional. Cria-se, também, a partir da

necessidade de se buscar recursos para o suporte financeiro de projetos de interesse da Defesa Nacional, um novo modelo

de atuação para o MD, que passa a desempenhar, doravante, e de modo inédito, o papel de articulador, aproximando

detentores de boas idéias e investidores que estiverem nelas interessados.

Ao final deste grande esforço, que converge no lançamento do Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação de

interesse da Defesa Nacional (SisCTID), em 2003, pode-se verificar a enorme satisfação profissional experimentada por

todos os que colaboraram para o sucesso deste trabalho e concluir o seguinte: "O trabalho está apenas começando...".

I n t r o d u ç ã o

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O Ministério da Defesa, no que se refere à área de Ciência, Tecnologia e Inovação, tem a seguinte missão:

"Viabilizar soluções científico-tecnológicas e inovações, para a satisfação das necessidades do país atinentes à defesa

e ao desenvolvimento nacional”.

"O Ministério da Defesa será uma organização de referência na condução dos assuntos relativos à área de Ciência,

Tecnologia e Inovação de interesse da Defesa Nacional, por meio do(a):

• domínio de tecnologias que atendam às necessidades da Defesa Nacional;

• contribuição para o fortalecimento da indústria nacional;

• reconhecimento institucional, no Brasil e no exterior; e

• gestão eficiente e eficaz."

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C o n t e x t o d e C i ê n c i a ,Te c n o l o g i a e I n o v a ç ã od a D e f e s a N a c i o n a l

"A principal questão inquietante de hoje: estar vivo num mundo que decreta nossa falênciacotidianamente através da obsolescência de tudo".

(Nélida Piñon)

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

A r e v o l u ç ã o c i e n t í f i c o - t e c n o l ó g i c a

A humanidade tem assistido, nos campos da ciência e da tecnologia, à maior corrida de todos os tempos. O que

poucas pessoas podiam imaginar há alguns anos, hoje é realidade.

Tecnologias revolucionárias no campo da energia, p. ex., como células solares, células a combustível e turbinas eólicas,

ocupam na economia de hoje a mesma posição do motor de combustão interna e do gerador eletromagnético no fim do

século XIX. Embora essas importantes tecnologias já existam há algum tempo, elas são usadas, apenas, em pequenos

nichos de mercado, além do quê todo o seu potencial de emprego ainda não é completamente conhecido. Assim como

ocorreu com o automóvel e a lâmpada incandescente, muito lentamente a célula solar e o carro elétrico a hidrogênio estão

conquistando novas e importantes posições - e poderão resultar numa terceira revolução energética.

Outro exemplo, o avanço da tecnologia sem fio e, por conseqüência, o aumento da troca de mensagens curtas de

texto estão, neste momento, causando profundas mudanças na sociedade moderna. Em Tóquio, é mais comum ver gente

digitando mensagens no celular do que falando ao telefone. A tecnologia sem fio, a fusão entre computadores móveis e

a internet trarão grandes transformações para a comunicação pessoal e o trabalho em equipe. O computador pessoal, nos

anos 80, e a internet, na década de 90, foram os predecessores do que se chama hoje de smart mobs (celular inteligente

ou comunidades inteligentes).

As possibilidades para o melhor entendimento deste mundo e a busca de soluções para os problemas que o afligem,

implicam em mudanças em nossos instrumentos conceituais, ou seja, do paradigma da simplicidade (mecânico, reducionista

e linear) para o paradigma da complexidade (interdisciplinar, dinâmico e nonlinear), onde as soluções, em geral, não são

compartimentadas e limitadas a um círculo restrito de atores. Hoje, as soluções demandam o estabelecimento de parcerias

num ambiente aberto, multilateral, ágil e flexível.

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A p r e s s ã o p o l í t i c o - e c o n ô m i c a i n t e r n a c i o n a l

Incerteza. Tal é o princípio que baliza hoje a caminhada da humanidade. O campo de instabilidade alargou-se às

dimensões do planeta e, em quase todos os domínios, reina agora a indeterminação. Ao universo previsível da antiga

Guerra Fria sucede um contexto geopolítico fortemente perturbado, imprevisível, enigmático.

A globalização e o neoliberalismo são paradigmas que têm norteado as grandes movimentações econômicas nesta

década. A globalização, que na realidade é seletiva, pois visa a determinadas regiões, atividades e segmentos sociais a

serem integrados mundialmente, desenvolve-se em meio ao aprofundamento da revolução tecnológica, por meio da

regionalização dos blocos econômicos — nítida reação à crescente competição econômica —, e produz a fragmentação

social e a descaracterização geográfica, resultado negativo dos custos extraordinários desta gigantesca transformação

para muitos grupos sociais e regiões "perdedoras".

Na virada do século e do milênio, ao lado do progresso, configuram-se elementos de regressão social, política e

cultural-ideológica, prenunciando o que Alain Minc denominou de Nova Idade Média. A era da informática é, também, a

dos fundamentalismos, do desemprego estrutural e do renascimento dos nacionalismos tribais. Por trás do caos e do

cenário de "fim dos tempos", o que se processa é, na realidade, a luta pela articulação de um novo sistema mundial,

apoiado num novo paradigma social e produtivo que substitua o fordista-keynesiano. Este período de crise e transição,

cujos resultados não se encontram pré-determinados, poderá durar ainda mais algumas décadas.

Os principais países protagonistas do sistema internacional em transformação têm buscado reafirmar sua preponderância

por meio de formas menos onerosas. Não é mais possível arcar com os custos da época da Guerra Fria. Assim, têm sido

estabelecidos novos códigos morais e de conduta, ancorados em organizações e regimes internacionais, como forma de

exercer sua hegemonia mundial. Os princípios que começam a substituir o Direito Internacional abarcam cada vez mais

temas como democracia liberal, direitos humanos, economia de mercado, narcotráfico, terrorismo, defesa de minorias

étnicas e questões ambientais, entre outras. A decisão, porém, sobre quais violadores destes princípios são passíveis de

punição tem sido abertamente casuística.

Dentre as estruturas hegemônicas de poder, encontram-se aquelas destinadas a acelerar o progresso científico e

tecnológico em favor das potências já dominantes, bem como reorganizar o sistema produtivo mundial. Também, pode-se

mencionar a reincorporação de regiões ao sistema capitalista e a concentração de poder, ainda que realizada de forma

difusa ou camuflada. Por fim, as estruturas hegemônicas de poder visam à reorganização territorial e à limitação da

soberania das nações que não integram o condomínio do poder mundial. Alguns países periféricos, diga-se de passagem,

aderem a esta agenda de redução de seu próprio poder, aderindo a acordos de desarmamento unilateral, como o caso da

adesão ao TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), enquanto as grandes potências (as mais armadas) sequer cogitam

em discutir tal problema.

Há uma tendência de redução da soberania dos Estados nacionais, que pode ser percebida até mesmo pela nova

linguagem utilizada nas relações internacionais. Até a década de 1980, era comum referir-se a países como Brasil, México

e Índia, por exemplo, como potências médias, potências regionais, Estados em desenvolvimento ou países recém-

industrializados. Atualmente, são denominados mercados emergentes, o quê evidencia o desvanecimento das noções de

Estado, nação, desenvolvimento, potência ou mesmo de projeto nacional.

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A b u s c a d o d e s e n v o l v i m e n t o n a c i o n a l s u s t e n t á v e l

O esforço nacional em busca do desenvolvimento sustentável do País tem percorrido um caminho balizado por três

importantes placas de sinalização — a econômica, a social e a ambiental — e por um objetivo fundamental de

erradicação da pobreza. Há uma inequívoca indicação para políticos, empresários, profissionais e para a população em

geral, de que só haverá desenvolvimento sólido, permanente e adequadamente financiado (ou seja, sustentável) se as

mencionadas sinalizações estiverem devidamente alinhadas e focadas no bem-estar de todos os cidadãos brasileiros.

Neste sentido, devem ser preparados mecanismos destinados a garantir que todas as propostas legislativas importantes

incluam uma avaliação dos custos e dos benefícios econômicos, ambientais e sociais. Os preços devem refletir os custos

ambientais e sociais, o que dará origem a um mercado com produtos e serviços menos poluentes e que alterará os

comportamentos dos consumidores.

O fortalecimento do processo de integração proporcionado pelo Mercosul, o estreitamento de relações com os

vizinhos amazônicos — desenvolvido no âmbito do Tratado de Cooperação Amazônica —, a intensificação da cooperação

com os países africanos de língua portuguesa e a consolidação da Zona de Paz e de Cooperação no Atlântico Sul —resultado de uma ação diplomática positiva e concreta — conformam um verdadeiro anel de paz em torno do País,

viabilizando a concentração de ações com vistas à consecução do esforço nacional de desenvolvimento sustentável e de

combate às desigualdades sociais.

A implementação de uma política de defesa nacional, voltada para a paulatina modernização da capacidade de

autoproteção, depende da construção de um modelo de desenvolvimento sustentável, que compatibilize as prioridades

nos campos político, social, econômico e militar, com as necessidades de defesa e de ação diplomática.

Nesse processo, é fundamental a conciliação das necessidades da Defesa Nacional com a disponibilidade de recursos

humanos e financeiros existentes no País, buscando sempre o envolvimento dos segmentos acadêmico, científico-

tecnológico e industrial.

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O b j e t i v o s E s t r a t é g i c o s

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

Para cumprir a sua Missão de "viabilizar soluções científico-tecnológicas e inovações, para a satisfação das necessidades

do País atinentes à Defesa Nacional e ao desenvolvimento nacional", por meio do Sistema de Ciência, Tecnologia e

Inovação de interesse da Defesa Nacional (SisCTID), o Ministério da Defesa, em coordenação com outros Ministérios da

República e com representações dos setores Empresarial e Acadêmico, desenvolverá suas ações de modo a atingir

prioritariamente dez objetivos, que são abaixo apresentados.

Fica implícito que todos os objetivos e ações doravante estabelecidos neste documento estarão sempre voltados para

os interesses da Defesa Nacional.

Conforme foi mostrado anteriormente, a Visão 2015 é composta de quatro temas. E esses temas deram origem aos

seguintes objetivos estratégicos:

TEMA 1 - Domínio de tecnologias que atendam às necessidades da Defesa Nacional

1. Ampliação do conteúdo tecnológico dos produtos e serviços de Defesa.

2. Elevação do nível de capacitação de recursos humanos.

3. Aprimoramento da infra-estrutura de C&T de apoio a programas e projetos de interesse da Defesa Nacional.

TEMA 2 - Contribuição para o fortalecimento da indústria nacional

4. Criação de um ambiente favorável à inovação e à competitividade industrial.

5. Implantação de mecanismos de financiamento das atividades de C,T&I de interesse da Defesa Nacional.

TEMA 3 - Reconhecimento institucional, no Brasil e no exterior

6. Ampliação do interesse dos diversos segmentos da sociedade pelas iniciativas nas áreas da C,T&I voltadas para

a Defesa Nacional.

7. Aprimoramento da imagem de excelência institucional.

TEMA 4 - Gestão eficiente e eficaz.

8. Integração das iniciativas de C,T&I de interesse da Defesa Nacional, conduzidas nas organizações militares de

P&D, nos institutos, nas universidades civis e na indústria.

9. Estabelecimento de política para a valorização de recursos humanos, baseada em resultados.

10. Implantação de sistemática que integre o planejamento estratégico, o ciclo de desenvolvimento de produtos e

serviços de Defesa e a avaliação de resultados.

A seguir, são apresentadas ações estratégicas que darão sustentação aos objetivos acima estabelecidos.

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O b j e t i v o 1

Ampliação do conteúdo tecnológico dos produtos e serviços de Defesa

Em uma leitura acurada da história da nação brasileira é possível constatar a inquestionável importância do papel

desempenhado pela indústria bélica nacional no desenvolvimento científico-tecnológico do País, haja vista as extraordinárias

contribuições para diversos setores produtivos, entre as quais, podem ser citadas a implantação da indústria aeronáutica

brasileira; a participação na implantação do programa do álcool automotivo; o enriquecimento do urânio, dentro do

Programa Nuclear Brasileiro, para abastecimento de Angra I e Angra II; e outras contribuições.

É possível, também, observar o quanto foi importante identificar corretamente e executar programas de P&D de

materiais e serviços de interesse da Defesa Nacional, duradouros no tempo, os quais, quase sempre, tiveram correspondência

direta com a expansão tecnológica dos produtos nacionais e, em conseqüência, com o desenvolvimento do País.

Por outro lado, a busca pela inovação tecnológica, que agrega altos valores a novos processos e produtos, pode se

constituir em uma alavanca fundamental para a elevação do conteúdo tecnológico dos materiais e serviços de defesa, por

meio do incentivo e da realização de projetos inovadores.

AÇÕES ESTRATÉGICAS

• Viabilizar a execução de programas mobilizadores.

• Viabilizar a execução de projetos inovadores.

O b j e t i v o 2

Elevação do nível de capacitação de recursos humanos

A capacitação de recursos humanos decorrente da grande evolução científico-tecnológica experimentada,

principalmente, nos últimos cinqüenta anos, tem sido um dos principais fatores indutores do expressivo salto qualitativo no

processo de desenvolvimento dos países.

No que se refere ao SisCTID, a ampliação da competência profissional dos diferentes atores que o compõem deverá

ser constantemente buscada pelos principais agentes (o governo, o setor educacional e as empresas) e estar direcionada

para metas bem definidas no tempo e no espaço, visando a disponibilidade de recursos humanos bem qualificados.

Deve-se observar que, de acordo com os bons procedimentos preconizados pela visão moderna de gestão de

projetos, só faz sentido investir no aprimoramento intelectual de pesquisadores, técnicos e cientistas, desde que os

objetivos a serem alcançados estejam muito bem delineados.

AÇÕES ESTRATÉGICAS

• Buscar o intercâmbio científico-tecnológico das instituições militares de P&D com instituições no Brasil e no exterior,

que possa permitir o acesso do País às tecnologias de interesse da Defesa Nacional.

• Estimular as Forças Armadas a priorizar a capacitação de recursos humanos, vinculada a programas e projetos de

O b j e t i v o s E s t r a t é g i c o s

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

interesse da Defesa Nacional.

• Condicionar o aporte de recursos financeiros às capacitações de recursos humanos que estejam alinhadas às

tecnologias de interesse da Defesa Nacional.

O b j e t i v o 3

Aprimoramento da infra-estrutura de C&T de apoio a programas e projetos de interesse daDefesa Nacional

Para que as atividades a serem desenvolvidas nos institutos de P&D integrantes do SisCTID possam ser realizadas

com a eficácia e a eficiência almejadas, é imprescindível, entre outros fatores, que a infra-estrutura desses órgãos passe

por um permanente processo de manutenção de instalações e de adequação tecnológica (absorção de novos equipamentos,

metodologias e processos laboratoriais), no sentido de apoiar, no momento oportuno, a execução de programas mobilizadores

e projetos inovadores.

Esse aperfeiçoamento constante, geralmente, relegado a segundo plano, será necessário à vitalização do SisCTID e

requererá o ingresso contínuo de recursos financeiros oriundos dos principais agentes (governo e setor empresarial) para

o aprimoramento de laboratórios, campos de provas, oficinas, redes informatizadas e outros.

AÇÕES ESTRATÉGICAS

• Estabelecer um processo orgânico de investimento nos laboratórios e nas demais instalações das instituições que

integram o SisCTID.

• Implementar redes de laboratórios.

• Buscar a certificação e o reconhecimento nacional e internacional, dos laboratórios que integram o SisCTID.

• Buscar o estabelecimento de reciprocidade entre órgãos nacionais e internacionais certificadores de laboratórios.

O b j e t i v o 4

Criação de um ambiente favorável à inovação e à competitividade industrial

A indústria de Defesa, que sempre desempenhou um papel ativo na sustentação do desenvolvimento brasileiro,

principalmente nos anos 80, vive, hoje, um período caracterizado pela redução da taxa de produtividade, devido à queda

geral e pronunciada das encomendas militares e do volume das exportações. Tais fatos, que têm levado à falência e à

obsolescência do parque industrial nacional ligado à fabricação de materiais de emprego militar, geram reflexos bastante

negativos, principalmente sobre as pequenas e médias empresas, justamente, as que mais investem, proporcionalmente,

nos esforços de desenvolvimento bélico.

A queda da taxa de produtividade da indústria leva, em conseqüência, à perda de competitividade dentro do setor. A

reversão desse desempenho indesejável dependerá do nível de engajamento das empresas industriais no processo de

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inovação, que aponta, inicialmente, para a necessidade de priorização de seus investimentos em projetos de pesquisa e

desenvolvimento.

Portanto, é fundamental que seja incentivada a busca pela inovação e criado um ambiente fomentador de

competitividade no âmbito da indústria nacional de materiais e serviços de interesse da Defesa, visando o seu fortalecimento

e desenvolvimento dentro do SisCTID, pois, entende-se que, com uma indústria de defesa robusta, a Defesa Nacional

estará também fortalecida.

AÇÕES ESTRATÉGICAS

• Inserir C,T&I de interesse da defesa no contexto da cadeia produtiva nacional.

• Estimular a substituição de tecnologias e de produtos importados de interesse da Defesa Nacional por correspondentes

nacionais competitivos.

• Incentivar a criação de centros de excelência.

• Implementar uma política de proteção do conhecimento e de propriedade intelectual.

• Adequar o tempo de P&D de produtos de defesa às necessidades da indústria.

• Incentivar o registro de patentes.

O b j e t i v o 5

Implantação de mecanismos de financiamento das atividades de C,T&I de interesse daDefesa Nacional

Para a execução de programas mobilizadores e a concretização de projetos inovadores, o SisCTID precisará da

garantia de um fluxo contínuo de recursos financeiros, como forma de se contrapor ao vazio provocado pela retração dos

valores orçamentários destinados aos investimentos em C,T&I para a Defesa Nacional, e aos sistemáticos

contingenciamentos.

A estabilidade de regras e a continuidade de recursos são absolutamente necessárias para sinalizar ao setor produtivo

o acerto de suas decisões na direção de busca de mais inovação e, por conseguinte, mais competitividade.

AÇÕES ESTRATÉGICAS

• Captar recursos financeiros nos fundos setoriais, no mercado de capitais, em contratos com a indústria, e em outras

fontes.

• Estabelecer mecanismos que assegurem a continuidade dos projetos estratégicos ao longo dos períodos

orçamentários e governamentais.

• Ampliar a prestação de serviços pelas instituições militares de P&D.

• Estimular contatos de representantes das Forças Armadas no exterior, visando o estabelecimento de parcerias e

arranjos financeiros com instituições ou empresas estrangeiras voltadas para tecnologias de interesse da Defesa Nacional.

O b j e t i v o s E s t r a t é g i c o s

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

O b j e t i v o 6

Ampliação do interesse dos diversos segmentos da sociedade pelas iniciativas nas áreasda C,T&I voltadas para a Defesa Nacional

A Defesa Nacional não deve mais ser considerada como objeto de preocupação, apenas, das Forças Armadas. Deve,

também, ser foco da atenção permanente de toda a nossa sociedade.

Algumas razões para tal mudança de paradigma podem ser citadas: a crescente convergência de interesses estrangeiros

no País; a necessidade de vigilância eficaz e constante na linha de nossas fronteiras; a existência de vulnerabilidades no

campo da segurança pública; e outras.

Atuando como aglutinador de objetivos e catalisador de esforços, o SisCTID deverá criar condições para a formação

de um ambiente pró-ativo em P&D, que atraia demandas da sociedade e, em especial, a participação dos diversos setores

nacionais, com ênfase para a interação com o segmento estudantil, na discussão e no equacionamento de soluções para

as questões afetas à segurança da população, à defesa de nossos espaços territorial, marítimo e aéreo, enfim, à Defesa

Nacional.

AÇÕES ESTRATÉGICAS

Divulgar as atividades desenvolvidas pelas Forças Armadas na área de C&T, em linguagem apropriada para os diversos

públicos, de modo a ampliar o apoio e a simpatia da sociedade às iniciativas de interesse da Defesa Nacional.

• Criar programas de participação da comunidade estudantil em áreas de interesse da Defesa Nacional.

• Ampliar a participação das Forças Armadas no esforço nacional de educação.

• Transformar conhecimentos científico-tecnológicos desenvolvidos nos institutos militares de P&D em tecnologias

que atendam aos interesses mais amplos da sociedade.

O b j e t i v o 7

Aprimoramento da imagem de excelência institucional

A fim de associar o desempenho do SisCTID à excelência e liderança na condução da P&D de materiais e serviços de

Defesa, deverá ser construída a imagem institucional do Sistema por meio de elementos de comunicação com os públicos

interno e externo, incluindo a apresentação física e arquitetônica, a apresentação e a qualidade de suas mensagens e

serviços, e todas as suas manifestações gráficas, ou seja, marca, logotipo, tipografia e cores em todas as formas de aplicação.

Essa imagem também pressupõe uniformidade e coerência na comunicação e visa a construir um ambiente de

simpatia com o público, onde o SisCTID seja reconhecido pelos benefícios expandidos à sociedade e, também, pela

excelência gerencial, calcada em princípios de qualidade total, focada nos clientes (Forças Armadas, Indústria e Sociedade),

embasada na permanente avaliação de resultados e conectada a uma política de valorização pessoal de seus colaboradores.

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AÇÕES ESTRATÉGICAS

• Criar a logomarca Defesa para a área de C, T&I.

• Implementar um programa de identidade visual que consolide a marca Defesa.

O b j e t i v o 8

Integração das iniciativas de C,T&I de interesse da Defesa Nacional, conduzidas nasorganizações militares de P&D, nos institutos e nas universidades civis

Avalia-se que o potencial científico-tecnológico-inovador, latente nos institutos militares de ensino, de pesquisa e

desenvolvimento, deverá ganhar um grande impulso no sentido de sua materialização em bens e serviços, quando tais

órgãos estiverem plenamente integrados aos institutos e universidades civis congêneres, que compõem o sistema nacional

de C,T&I, sempre buscando a geração de benefícios tangíveis para a nossa sociedade.

Tem-se observado, nos últimos anos, a existência de significativos passos no campo da C&T, desenvolvidos tanto no

meio dos institutos civis de P&D, quanto nos órgãos militares de ensino e pesquisa, entretanto, sem qualquer orientação

estratégica, alinhamento de metas, e a mínima coordenação de ações, que permitam uma complementaridade de

potencialidades, uma profícua integração de esforços.

Portanto, pretende-se buscar a formação de um ambiente de intensa cooperação entre as instituições militares e civis

que atuam em C,T&I, a fim de promover o aproveitamento intelectual de cientistas e pesquisadores, o compartilhamento

de laboratórios e equipamentos e o emprego racional de recursos financeiros.

AÇÕES ESTRATÉGICAS

• Incentivar parcerias com universidades, centros de excelência e a indústria, para o desenvolvimento de novos

produtos, tecnologias e serviços.

• Integrar as atividades correlatas dos centros militares de P&D.

• Integrar os centros militares de P&D às redes temáticas de C&T.

• Incentivar o cadastramento de pesquisadores e tecnólogos, que integram o SisCTID, em base de dados de

abrangência e de reconhecimento nacionais.

O b j e t i v o 9

Estabelecimento de política para a valorização de recursos humanos, baseada em resultados

O País deve preservar a competência de seus pesquisadores e cientistas, reconhecidos internacionalmente, tanto

pela capacidade de trabalho quanto pelo poder criativo, que muito têm contribuído para a evolução científico-tecnológica

no mundo moderno. Entretanto, para manter esses brilhantes profissionais no País, é necessário que lhes sejam

O b j e t i v o s E s t r a t é g i c o s

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proporcionadas melhores condições de trabalho (traduzidas, p.ex., por boa infra-estrutura laboratorial e equipamentos

modernos), planos de carreira adequados e remuneração compatíveis com a relevância dos serviços prestados.

É possível constatar que não são poucos os casos de cientistas e técnicos brasileiros que, por não se sentirem

atraídos e integrados ao ambiente de C,T&I nacional, acabam emigrando, a fim de poder melhor desenvolver o seu

potencial.

AÇÕES ESTRATÉGICAS

• Implementar programa de incentivo à P&D, por meio de premiações e recompensas a recursos humanos.

• Empenhar-se no aperfeiçoamento do plano de carreira dos servidores vinculados às instituições militares de C,T&I.

O b j e t i v o 10

Implantação de sistemática que integre o planejamento estratégico, o ciclo de desenvolvimentode produtos e serviços de Defesa e a avaliação de resultados

Para consolidar uma posição de excelência e se tornar referência nacional, o SisCTID deverá ter uma estrutura capaz

de facilitar a implantação de processos de gestão fundamentada em princípios de qualidade total, focada nos clientes

desse sistema (Forças Armadas, Indústria e Sociedade), voltada para uma política de reconhecimento profissional e

embasada na avaliação permanente de resultados.

É imprescindível, também, estabelecer uma linha de trabalho em prospecção, para que seja possível acompanhar a

evolução mundial de materiais e serviços de Defesa no campo científico-tecnológico-inovador e identificar os programas e

projetos estratégicos que possam produzir impactos positivos para a Defesa e para a Sociedade (caráter dual dos materiais

e serviços de Defesa).

AÇÕES ESTRATÉGICAS

• Implementar sistemas de informação e prospecção tecnológica, e de identificação de áreas estratégicas emergentes

de C,T&I, de interesse da Defesa Nacional.

• Desenvolver indicadores de C,T&I assentados em referências metodológicas internacionais.

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S i s t e m a d e C i ê n c i a ,Te c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d eI n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

I n t r o d u ç ã o

A Constituição Federal de 1988, no seu Capítulo IV - Da Ciência e Tecnologia - estabelece no caput do Artigo 218 que

o "Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas." Os três primeiros

parágrafos deste Artigo dizem que:

§ 1.º A pesquisa científica básica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público

e o progresso das ciências.

§ 2.º A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e

para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.

§ 3.º O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, e

concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho.

Em complemento, o Artigo 219 da Carta Magna estabelece que o "mercado interno integra o patrimônio nacional e

será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a

autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal."

Por outro lado, conforme disposto no Pensamento Estratégico da Escola Superior de Guerra, o Poder Nacional é

composto por Expressões, dentre as quais se situa a Expressão Científica e Tecnológica. As Funções Administrativas ou

Estratégicas desta Expressão compreendem as funções dos órgãos com responsabilidade pelas ações estratégicas,

visando alcançar os objetivos decorrentes das políticas estabelecidas. Compreendem as atividades de fiscalização, de

formação de recursos humanos, de suporte à pesquisa e ao desenvolvimento experimental e de realização de serviços

científicos e tecnológicos. Incluem, também, as atividades de incentivo, promoção, fomento e informação relativos à

Ciência e Tecnologia.

Em cumprimento aos dispositivos constitucionais, às políticas estabelecidas para a área de Defesa e às Funções

Administrativas da Expressão Científica e Tecnológica do Poder Nacional, o Ministério da Defesa realizou em 2002 um

Seminário conjunto com o Ministério da Ciência e Tecnologia, onde foi divulgado o documento Ciência, Tecnologia e

Inovação - Proposta de Diretrizes Estratégicas para a Defesa Nacional. Neste documento, o Ministro da Defesa decidiu criar

o Sistema de Ciência Tecnologia e Inovação da Defesa Nacional e definiu a seguinte orientação: “O Sistema de Ciência e

Tecnologia de Defesa deve atingir o efetivo domínio dos conhecimentos científicos e tecnológicos e da capacidade de

inovação, visando cooperar com a satisfação das necessidades do País atinentes à Defesa e ao desenvolvimento nacional”.

Em decorrência dessa orientação, em 2003 foram formados grupos de trabalho regionais em Brasília, São Paulo, Rio

de Janeiro, São José dos Campos e Campinas, destinados a estabelecer procedimentos para a estruturação e a

implementação do SisCTID, e identificar áreas e programas estratégicos de interesse da Defesa Nacional com base em

cultura de trabalho em redes e de gestão por processos.

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P r e m i s s a s b á s i c a s

Para a concepção do SisCTID, foram tomadas como base as seguintes premissas:

Quanto à estrutura

• ter baixa interferência nas organizações já atuantes;

• possibilitar atuação descentralizada;

• ser flexível e adaptável a mudanças;

• estar preparado para não desperdiçar oportunidades; e

• revitalizar a visão estratégica.

Quanto à atuação

• buscar novas parcerias e integração;

• identificar inovações e fomentar idéias inovadoras;

• identificar e explorar oportunidades;

• ser transparente aos usuários;

• possibilitar a salvaguarda de informações estratégicas ou sigilosas; e

• possibilitar o planejamento, organização, direção e controle.

Quanto à implementação

• ser de fácil acesso e utilização;

• voltar-se para a eficiência, eficácia e efetividade; e

• permitir avaliar o desempenho com vistas ao seu aperfeiçoamento.

Tais premissas, agrupadas ou isoladas, e acrescidas de Objetivos Estratégicos; Diretrizes e Ações Estratégicas; Áreas,

Programas e Projetos Estratégicos, formatarão o SisCTID.

E s t r u t u r a

As capacidades desejadas para o sistema, de modo a ter baixa interferência nas organizações já atuantes, possibilitar

atuação descentralizada, flexível e adaptável às mudanças e permitir foco estratégico, apontam para o conceito de gestão

por processos, e não para uma mudança estrutural, pois, deseja-se evitar qualquer redimensionamento no organograma

do Ministério da Defesa.

Na gestão por processos, que prioriza os processos essenciais e não as funções das pessoas das organizações,

verifica-se que há vantagens, como:

• ganho em motivação (cada unidade é responsável pelos seus resultados), embora possa haver perda de controle;

• conciliação de ambientes externos com a estrutura interna das organizações;

S i s t e m a d e C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

• maior dinamismo, pela operacionalização horizontal das ações;

• valorização do trabalho em equipe e maior cooperação entre as pessoas;

• ampliação da visão dos processos envolvidos;

• identificação das interfaces funcionais.

Verifica-se, na gestão por processos, a maior flexibilidade na coordenação das ações internas e a menor susceptibilidade

do sistema considerado a perturbações externas. Faz necessário, entretanto, que haja uma clara atribuição de cada ator

desse sistema e a definição do fluxo e do tipo das informações nele veiculadas.

A t u a ç ã o

As características desejadas para o sistema - integrador, inovador e seguro -, indicam que o SisCTID deve ter dois

modos de acesso: controlado e livre.

No primeiro, onde são realizados o planejamento, a execução e o controle (avaliação e tomada de decisões gerenciais)

das ações, estarão contidos os projetos estratégicos e as informações sigilosas. Em conseqüência, a concessão de acesso

ao Sistema deverá seguir a legislação sobre salvaguarda de assuntos sigilosos.

No segundo modo, o livre, espera-se que os acessos gerem um ambiente do tipo caótico ou randômico, com múltiplas

entradas de informações, a fim de fomentar a inovação tecnológica e as parcerias a ela vinculadas. Observa-se que as

características almejadas para esse modo de acesso são típicas de uma rede, com cada nó representando um ator

diferente. Nesse modo "caótico" de acesso, denominado Rede de Cooperação (Figura 1), a atuação do Sistema será

desenvolvida visando a formação dos processos de parcerias e a integração, por meio das seguintes etapas: apresentação

de dados; negociação; formalização; execução e acompanhamento das negociações.

Figura 1 - Rede de Cooperação

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O dinamismo deverá caracterizar o desempenho dessa Rede de Cooperação.

Presume-se que uma ampliação dessa rede poderá indicar reflexos de uma maior participação dos órgãos de C&T

integrantes do SisCTID, uma maior expressão da criatividade, o aproveitamento de oportunidades de negócios e/ou a

geração de inovações. Por outro lado, um encolhimento da rede poderá mostrar a ineficácia da gestão, a existência de

poucos negócios e/ou a baixa participação dos órgãos de C&T.

O primeiro teste da viabilidade de sua implantação foi concretizada com o estabelecimento da primeira parceria, portanto,

a criação dos primeiros nós da rede, envolvendo o MD e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), mediante a obtenção

e a instalação do programa Sistema de Gestão de Projetos Estratégicos (SGPE), customizando para o MD, para atender o

modo de acesso "controlado".

O SGPE - versão MD é uma ferramenta desenvolvida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), para

uso via web, construída a partir da plataforma Lotus Notes.

Com o delineamento físico do SisCTID, pôde-se iniciar a concepção do modo de gestão do sistema.

G e s t ã o

O MD dispõe de uma Comissão Assessora de Ciência e Tecnologia para a Defesa (COMASSE), órgão que tem por

competência a avaliação e a otimização permanente da gestão do SisCTID.

A COMASSE deverá atuar como Comitê Estratégico, coordenando o ciclo de definição estratégica e criando as metas e as

medidas para o estabelecimento da carteira de projetos (Figura 2) de C,T&I do MD, pelos Comitês Técnicos.

Figura 2 - Ciclo de Definição da Carteira de Projetos (baseada em concepção da Petrobrás)

Devido à implantação desse Sistema em redes, a COMASSE deverá redirecionar o seu modo de atuação, ampliando

suas funções gerenciais por meio de sua Secretaria-Executiva, que focará atenção na gestão de cinco áreas de coordenação,

conforme Fleisch & Österle (2002), a seguir apresentadas:

• Gestão da Cadeia Produtiva: tem por objetivo conduzir o planejamento operacional e a execução dos processos,

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o mais eficientemente possível. Ao contrário da inovação, a gestão da cadeia de produção não redesenha nada, masmultiplica saídas claramente definidas e busca utilizar os efeitos da economia de escala de forma a gerar lucro;

• Gestão de Relacionamentos: tem por objetivo conquistar clientes e/ou fornecedores e ganhar suas lealdades.Baseada nas idéias dos sistemas cooperativos de saída, tenta cobrir o mais amplo espectro possível de requisitos declientes , para utilizar os efeitos da economia de escopo. As parcerias nesta área incluem todos os clientes com os quaisexiste um relacionamento do tipo de mercado;

• Inovação: tem por objetivo a criação rápida de novos produtos. Nas fases iniciais de um projeto, a inovação requerum ambiente dinâmico. Conforme este avança, flui de forma mais sistemática ao longo da organização;

• Infra-estrutura: distingui-se da gestão da cadeia produtiva em termos de conteúdo, tratando das atividades deapoio. O seu conteúdo não tem alto grau de repetição e suas transações, por vezes, são complexas. Como regra geral,existe um alto grau de dependência entre os parceiros da infra-estrutura, o que torna os relacionamentos estáveis;

• Desenvolvimento Organizacional: incentiva a disposição dos próprios colaboradores e dos parceiros para a cooperação.Emprega procedimentos especiais para avaliar e premiar o desempenho, para desenvolver parcerias e para conquistar parceiros.

Em qualquer sistema, são fatores decisivos para a obtenção de credibilidade a eficiência, a eficácia e a efetividade,sendo a velocidade no trâmite das informações um componente fundamental. Hoje, as trocas de informações dentro doSistema de Defesa seguem um fluxo ditado por normas estabelecidas pelas cadeias de comando, que são morosas e,geralmente, unidirecionais, não fomentando a discussão de novas idéias. A modernização do modus operandi da COMASSEocorrerá com a instituição de uma estrutura matricial de trabalho, pelo menos nos níveis de execução, com uma novaSecretaria-Executiva constituída por um escritório virtual, envolvendo as Forças e o MD. Em conseqüência, as resoluçõese as ações derivadas da COMASSE serão conhecidas em reduzido espaço de tempo e sem burocracia, por todos osenvolvidos em um determinado processo.

Atualmente, a Secretaria-Executiva é exercida pela Divisão de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (DIAPD), doDepartamento de Ciência e Tecnologia (DEPCT), da Secretaria de Logística e Mobilização (SELOM).

Outras vantagens desta proposta são: a ampliação da capacidade geral de trabalho; a padronização de dados einformações; e, principalmente, a consolidação das posições das Forças, em todos os assuntos ligados à C,T&I.

Essa Secretaria-Executiva deverá ser ampliada com a inclusão dos pontos focais (contatos) de outras organizações ea criação de um escritório virtual mais abrangente e bem articulado, conforme a Figura 3.

Figura 3 - Um escritório virtual ideal

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O u t r o s M e c a n i s m o s

Para a operacionalização do SisCTID, foram apresentados alguns mecanismos e ferramentas, porém, ainda com

algumas limitações quanto à busca da inovação, que poderão comprometer a formação de parcerias e a própria efetividade

do sistema. São exemplos de limitações a ausência de:

• flexibilidade da Instituição Científica e Tecnológica - ICT, visando a exploração da criação, a prestação de serviços,

o pagamento de prêmio por aumento de produtividade, etc.;

• titularidade das criações, disciplinando a propriedade intelectual;

• estímulo ao pesquisador, disciplinado os incentivos, o licenciamento e o afastamento;

• arranjos pré-competitivos, visando a formação de alianças estratégicas;

• atividade inovadora nas empresas e estímulo à formação de empresas de base tecnológica, permitindo a utilização

e o compartilhamento de laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e instalações das ICT, mediante remuneração.

Espera-se que a aprovação da Lei de Inovação (PL7282/2002) possibilite o estabelecimento de medidas que venham

a corrigir as restrições acima apontadas. Com a implantação do SisCTID, novos problemas e desafios deverão surgir, o que

demandará soluções inteligentes e melhoras progressivas do sistema.

E s b o ç o d o S i s t e m a

O sistema está hierarquizado nos níveis estratégico, tático e operacional, conforme a Figura 4.

Figura 4 - Componentes principais do SisCTID

S i s t e m a d e C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

A correspondência entre os níveis hierárquicos e os componentes principais do SisCTID é a seguinte:

Estratégico ⇒ COMASSE.

Tático ⇒ DIAPD/ Pontos Focais nas Forças/ Comitês Técnicos.

Operacional ⇒ Rede de Cooperação e SGPE.

No nível estratégico, o processo inicia-se com o alinhamento das diretrizes definidas para a área de C,T&I, feito pela

Secretaria de Logística e Mobilização (SELOM), quando são gerados os objetivos e as ações, focados na Missão e na Visão

do MD para a área de C,T&I e confrontados com as necessidades dos clientes (Forças, Indústria e Sociedade) do Sistema

e com os cenários (Figura 5).

Figura 5 - Planejamento estratégico de C,T&I.

Em um segundo momento, a COMASSE transforma esses objetivos e ações estratégicas em metas e medidas de

gestão. Para tanto, os objetivos e as ações são confrontados com a Carteira de Projetos de C,T&I do MD, vigente, com os

cenários desejados e com as prospecções para o setor (Figura 6).

Observa-se que as metas consolidam as ações estratégicas em objetivos de gestão, dotados de valor e de prazo. Já

as medidas são os meios e os métodos para se atingir as metas.

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Figura 6 - Primeira focalização das Diretrizes do MD para C,T&I.

O nível tático, por sua vez, é controlado pelos Comitês Técnicos (CT).

Os CT's são os formuladores da Carteira de Projeto, colhendo e analisando as informações estratégicas, as necessidades

e as oportunidades de negócios (Figura 7). Os CT´s analisam as novas propostas de projetos, verificando, primeiramente, seu

alinhamento com as Diretrizes Estratégicas de C,T&I de interesse da Defesa e, após, procedendo ao seu enquadramento em

Áreas ou Tecnologias de interesse, definidas pelos próprios Comitês, com base nas metas e medidas estipuladas pela

COMASSE.

Para a construção da Carteira de Projetos inicial do sistema, foram constituídos quatro Grupos de Trabalho (GT's),

envolvendo os setores militar, industrial e acadêmico, que determinaram as Áreas e as Tecnologias de interesse da Defesa

e identificaram as oportunidades de desenvolvimento de projetos inovadores e competitivos.

Figura 7 - Papel dos Comitês Técnicos.

S i s t e m a d e C i ê n c i a , Te c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

A Secretaria-Executiva da COMASSE é a responsável pela execução operacional do SisCTID, que será realizada por

meio da administração do programa SGPE - versão MD e da Rede de Cooperação (Figura 8).

Figura 8 - Papel da Secretaria-Executiva da COMASSE.

A Secretaria-Executiva realiza todo o processamento e o controle das informações disponibilizadas no SGPE - versão

MD e na Rede de Cooperação, dando-lhes um formato que seja adequado à análise pela COMASSE ou pelos CT´s,

emitindo pareces técnicos preliminares e, principalmente, realizando a gestão da inovação, da cadeia produtiva, da infra-

estrutura e do relacionamento, e do desenvolvimento organizacional. Por meio da gestão, a Secretaria-Executiva identificará

ou receberá propostas de novos projetos, emitirá pareceres técnicos preliminares e os encaminhará aos CT´s para

apreciação.

A apresentação das propostas de projetos poderá ocorrer em qualquer dos ambientes: controlado ou livre (Figura 9).

No ambiente controlado, o acesso poderá ser feito em dois níveis — o de gestor, responsável pela introdução das

informações e o de leitor, usuário geral que realiza somente consulta — e será limitado pelo número de pessoas que

poderão utilizá-lo. Já no ambiente livre, qualquer pessoa poderá propor projetos, desde que esteja previamente cadastrada,

não havendo restrição ao número de usuários.

Figura 9 - Opções para apresentação de propostas de projetos.

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Á r e a s e Te c n o l o g i a s d eI n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

Na tarefa de identificação de Áreas e Tecnologias de Interesse, o grupo regional de São Paulo, Rio de Janeiro, São

José dos Campos e Campinas realizou uma pesquisa sobre os modelos existentes e praticados no exterior no campo da

C,T&I de Defesa, e sobre eles fez uma análise crítica, considerando os seguintes fatores:

• o alinhamento das tecnologias com a doutrina e a Política de Defesa Nacional;

• os interesses comuns entre as Forças Armadas Brasileiras;

• a sinergia com os demais segmentos nacionais de CT&I;

• o impacto econômico e industrial das áreas identificadas;

• a exploração da capacidade de exportação de resultados decorrentes;

• as tecnologias de baixa relação custo/desempenho;

• o aproveitamento da dualidade civil/militar das tecnologias;

• o impacto político e social das Áreas Tecnológicas identificadas;

• o impacto das tecnologias na formação de recursos humanos; e

• o impacto das tecnologias na infra-estrutura laboratorial e metrológica nacional.

Dentre os modelos pesquisados, foram selecionados os quatro a seguir: o modelo desenvolvido no Air Force Institute

of Technology - AFIT, o modelo denominado Militarily Critical Technologies List - MCTL, o modelo do Western European

Armaments Group - WEAG - e o modelo do Battelle Memorial Institute. Os dois primeiros modelos foram gerados dentro

do Department of Defense dos Estados Unidos da América - DoD; o terceiro, dentro do cenário integrado das Forças

Armadas da Comunidade Européia; e o quarto, dentro de um instituto norte-americano civil de pesquisas, desenvolvimento

e inovação tecnológica. Além desses modelos, o Grupo Regional fez ampla consulta às informações disponibilizadas na

rede mundial pela. Os modelos são descritos a seguir.

Em 1991 foi publicado o livro Critical Technologies for National Defense, com o resultado de um estudo desenvolvido

no ano anterior no US Air Force Institute of Technology - AFIT. Este estudo identificou, à época, as 20 Áreas Tecnológicas

Estratégicas para a Defesa dos Estados Unidos da América. Essas Áreas foram divididas em três grupos: Áreas Tecnológicas

de Mais Alta Prioridade, Áreas Tecnológicas em Capacitação e Áreas Tecnológicas Emergentes.

As tecnologias identificadas neste estudo como sendo de mais alta prioridade são as seguintes:

• Materiais Conjugados (Compostos/Compósitos),

• Dinâmica de Fluidos Computacional (Computational Fluid Dynamics - CFD),

• Fusão de Dados,

• Sensores Passivos,

• Fotônica,

• Materiais Semicondutores e Circuitos de Microeletrônica,

O M o d e l o A F I T

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O M o d e l o M C T L

Mais de uma década após o lançamento do Modelo AFIT, o US Department of Defense - DoD - divulgou novas listas

de Áreas Tecnológicas Estratégicas, agora dentro de um outro enfoque. Essas listas, denominadas Military Critical Technol-

ogy Lists - MCTL - foram separadas em três partes, a saber:

Parte I: Tecnologias de Sistemas de Armas - tecnologias que estão no nível mínimo necessário ou acima dele para

garantir o desempenho contínuo dos Sistemas de Armas em uso pelo DoD e por suas entidades de apoio.

Parte II: Tecnologias de Armas de Destruição em Massa - tecnologias requeridas para o desenvolvimento, integração

e implantação de armas biológicas, químicas ou nucleares e seus meios de entrega.

Parte III: Tecnologias Críticas em Desenvolvimento - tecnologias que irão produzir desempenho continuamente

superior de sistemas militares ou manter a atual capacidade de operação a um custo inferior.

Uma análise preliminar das definições anteriores permite verificar que o enfoque deste Modelo deslocou-se um pouco

do conceito de Áreas Tecnológicas Estratégicas para o conceito de Sistemas de Armas. A Parte I representa a situação

atual dos Sistemas de Armas empregadas pelas Forças Armadas dos Estados Unidos da América, enquanto a Parte III

representa a evolução que tais Sistemas poderão ter no futuro. A Parte II representa o contexto bastante específico dos

Sistemas de Armas de Destruição em Massa que, no Brasil, resume-se à Área Tecnológica Estratégica de Defesa Química,

Biológica e Nuclear (Defesa QBN).

• Processamento de Sinais e

• Produção de Softwares.

As tecnologias identificadas como em fase de capacitação são as seguintes:

• Propulsão com Ar Aspirado,

• Inteligência de Máquinas e Robótica,

• Arquiteturas de Computadores Paralelos,

• Radares de Alta Sensibilidade,

• Controle de Assinaturas,

• Simulação e Modelagem e

• Ambiente de Sistemas de Armas.

Finalmente, as tecnologias identificadas à época, como sendo emergentes, são as seguintes:

• Materiais e Processos em Biotecnologia,

• Materiais de Alta Densidade Energética,

• Projéteis Hipervelozes,

• Potência Pulsada e

• Supercondutividade.

Á r e a s e Te c n o l o g i a s d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

A Parte I da MCTL - Tecnologias de Sistemas de Armas - consiste no seguinte conjunto de 18 tecnologias:

• Tecnologia de Sistemas Aeronáuticos,

• Tecnologia de Armamentos e Materiais Energéticos,

• Tecnologia de Sistemas Químicos e Biológicos,

• Tecnologia de Sistemas de Energia Cinética Dirigida,

• Tecnologia de Eletrônica,

• Tecnologia de Sistemas de Solo,

• Tecnologia de Guiamento, Navegação e Controle de Veículos,

• Tecnologia de Sistemas de Informação,

• Tecnologia de Informação de Guerra,

• Tecnologia de Manufatura e Fabricação,

• Tecnologia de Materiais,

• Tecnologia de Sistemas Navais,

• Tecnologia de Sistemas Nucleares,

• Tecnologia de Sistemas de Potência,

• Tecnologia de Sensores e Lasers,

• Tecnologia de Controle de Assinaturas,

• Tecnologia de Sistemas Espaciais e

• Tecnologia de Efeitos de Armas e Contramedidas.

A Parte II da MCTL - Tecnologias de Armas de Destruição em Massa - é discriminada como segue:

• Tecnologia de Meios de Entrega,

• Tecnologia de Sistemas de Informação,

• Tecnologia de Armas Biológicas,

• Tecnologia de Armas Químicas,

• Tecnologia de Armas Nucleares e

• Tecnologia de Efeitos de Armas Nucleares.

Finalmente, a Parte III da MCTL - Tecnologias Críticas em Desenvolvimento - é constituída pelas seguintes tecnologias:

• Aeronáutica,

• Armamentos e Materiais Energéticos,

• Tecnologia Biológica,

• Tecnologia Biomédica,

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• Tecnologia Química,

• Tecnologia de Energia Cinética Dirigida,

• Tecnologia de Sistemas de Energia,

• Tecnologia Eletrônica,

• Tecnologia de Sistemas de Solo,

• Tecnologia de Sistemas de Informação,

• Tecnologia de Lasers e Óptica,

• Tecnologia de Manufatura e Fabricação,

• Tecnologia de Sistemas Navais,

• Tecnologia de Materiais e Processos,

• Tecnologia Nuclear,

• Tecnologia de Posicionamento, Navegação e Tempo,

• Tecnologia de Sensores,

• Tecnologia de Controle de Assinaturas,

• Tecnologia de Sistemas Espaciais e

• Tecnologia de Efeitos de Armas.

Mais detalhes podem ser encontrados na Internet, nos endereços eletrônicos fornecidos na lista de Referências. Para

cada uma das Áreas identificadas, encontra-se na rede mundial um arquivo com uma descrição do significado da Área

Tecnológica, suas principais características e principais recomendações para a manutenção da posição norte-americana no

domínio mundial de cada tema.

O M o d e l o W E A G

O Western European Armaments Group - WEAG - tem suas origens históricas iniciadas em 1976 e congrega atualmente

19 países, a saber: Áustria, Bélgica, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália,

Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Polônia, Portugal, Espanha, Suécia, Turquia e Reino Unido. O Modelo WEAG não se

limita a elaborar uma lista de Áreas Tecnológicas Estratégicas; trata-se de um modelo muito mais integrado e complexo

que os anteriores. Ele funciona baseado em painéis que são realizados periodicamente e que visam aos seguintes

objetivos:

Painel I: Programas Cooperativos de Sistemas de Armas - este painel é conduzido sob responsabilidade dos

Diretores Nacionais de Armamentos dos países participantes do Grupo e é dedicado à harmonização de requisitos militares

de cada país. Deste trabalho surgem programas cooperativos de Sistemas de Armas que sejam de interesse de dois ou

mais países membros.

Painel II: Programas Cooperativos de Pesquisa e Tecnologia - este painel é conduzido por autoridades científicas

Á r e a s e Te c n o l o g i a s d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

representativas dos países membros, que procuram organizar as Áreas Tecnológicas Estratégicas e projetos decorrentes

do atendimento às recomendações do Painel I. Deste trabalho resultam listas de Áreas que são denominadas Common

European Priority Areas - CEPAs.

Painel III: Procedimentos e Assuntos Econômicos - este painel é dedicado a assuntos de política industrial resultantes

dos programas cooperativos delineados nos painéis anteriores. Este painel é conduzido por representantes do European

Defense Industry Group - EDIG.

As Áreas Tecnológicas Estratégicas identificadas pelo Modelo WEAG (CEPAs) são listadas a seguir:

• Tecnologia Moderna de Radares,

• Microeletrônica,

• Materiais Avançados e Estruturas,

• Aviônica Modular,

• Não-declarado,

• Processamento Avançado de Informações e Comunicações,

• Não-declarado,

• Equipamentos Optoeletrônicos,

• Satélite de Vigilância e Tecnologia Espacial Militar,

• Tecnologia Subaquática e Hidrodinâmica Naval,

• Tecnologias de Modelagem de Defesa e Simulação,

• Não-declarado,

• Defesa Química, Biológica e Nuclear (QBN),

• Materiais Energéticos,

• Tecnologia de Mísseis, Aeronaves Não-tripuladas (UAV) e Robótica e

• Engenharia Elétrica.

Este Modelo tem o mérito de integrar de maneira explícita o trabalho de três eixos fundamentais para que uma Defesa

Nacional possa efetivamente ocorrer: o eixo militar, especificando os requisitos de defesa a serem satisfeitos, o eixo de

Ciência e Tecnologia, elencando os temas, programas e projetos a serem explorados, e o eixo da indústria, demonstrando

as capacidades produtivas que podem transformar concepções e especificações em produtos, processos, serviços e

atividades de interesse da sociedade.

O M o d e l o B a t t e l l e

O Battelle Memorial Institute é uma organização privada de pesquisa e desenvolvimento fundada em 1929 com sede

em Columbus, Ohio, nos Estados Unidos da América, com diversos laboratórios espalhados por aquele país. O Instituto

coordena o trabalho de cerca de 16 mil cientistas, com um orçamento anual da ordem de 2,7 bilhões de dólares. O moto

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do Instituto é "O Negócio da Inovação". De seus laboratórios saíram produtos como, por exemplo, a máquina copiadora e

o disco compacto (CD).

Os temas pesquisados pelo Instituto abrangem um largo espectro. Apesar da maioria deles serem conectados à área

de energia, o Instituto também atua nas áreas espacial e de segurança nacional. Mais informações sobre esta organização

podem ser encontradas na página da Internet registrada nas Referências deste documento.

Em 17 de junho de 2003, o Instituto publicou um Battelle News Release em que descreve o resultado de um workshop

realizado sob seus auspícios em Washington, D.C., em que especialistas identificaram as Áreas Tecnológicas Estratégicas

consideradas as 10 mais importantes inovações na Segurança e Defesa Nacional dos Estados Unidos da América até o

ano de 2012.

Em 17 de junho de 2003, o Instituto publicou um Battelle News Release em que descreve o resultado de um workshop

realizado sob seus auspícios em Washington, D.C., em que especialistas identificaram as Áreas Tecnológicas Estratégicas

consideradas as 10 mais importantes inovações na Segurança e Defesa Nacional dos Estados Unidos da América até o

ano de 2012. A relação dessas Áreas é dada a seguir:

• Gestão de Informações e Inteligência,

• Fontes Renováveis de Energia,

• Armas Não-letais,

• Sistemas Avançados de Detecção e Acompanhamento,

• Vacinação Universal,

• A Cyber Net Global,

• Equipamentos Individuais de Alerta,

• Desdobramentos e Movimentos Rápidos,

• Edifícios Seguros e

• Materiais Multifuncionais Avançados.

Esta relação, apesar de limitada, é sem dúvida atual, pois reflete a visão de Defesa Nacional dos Estados Unidos da

América após os atentados terroristas de 11/09/2001 e após a recente Guerra do Iraque. Desta forma, este Modelo

acresce novos elementos que foram considerados nos estudos realizados por este Grupo Regional.

O M o d e l o p a r a o S i s C T I D

Tomando como referência o documento Ciência, Tecnologia e Inovação - Proposta de Diretrizes Estratégicas para a

Defesa Nacional, foram definidas as seguintes Áreas Estratégicas de Demanda da Defesa Nacional:

• Ambiental;

• Biomédica;

• Sistemas de Armas;

Á r e a s e Te c n o l o g i a s d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

• Energia;

• Espacial;

• Materiais;

• Micro e Nano tecnologias;

• Tecnologia de Informação; e

• Telecomunicações.

Considerando que a lista acima não é suficientemente específica para orientar as ações nacionais de pesquisa e

desenvolvimento (P&D), optou-se por fazer um detalhamento dessas Áreas Estratégicas em um espaço delimitado por

três eixos, capazes de criar vetores interagentes e coordenados, denominados de Tecnologias de Interesse da Defesa

Nacional.

Eixo da Defesa - contempla as especificações e os requisitos militares da Defesa Nacional a serem satisfeitos por

Sistemas de Armas. Relaciona-se primordialmente às Expressões Política e Militar do Poder Nacional.

Eixo da Ciência e Tecnologia - contempla as Áreas Tecnológicas Estratégicas necessárias para atender às especificações

e aos requisitos definidos para os Sistemas da Defesa Nacional. Relaciona-se primordialmente à Expressão Científica e

Tecnológica do Poder Nacional.

Eixo da Indústria - contempla as capacidades inovadoras e características industriais próprias para satisfação das

especificações e dos requisitos estabelecidos para os Sistemas da Defesa Nacional. Relaciona-se, primordialmente, às

Expressões Econômica e Psicossocial do Poder Nacional.

As Tecnologias de Interesse da Defesa Nacional são:

• Fusão de Dados;

• Microeletrônica;

• Sistemas de Informação;

• Radares de Alta Sensibilidade;

• Ambiente de Sistemas de Armas;

• Materiais de Alta Densidade Energética;

• Hipervelocidade;

• Potência Pulsada;

• Navegação Automática de Precisão;

• Materiais Compostos;

• Dinâmica dos Fluidos Computacional - CFD;

• Sensores Ativos e Passivos;

• Fotônica;

• Inteligência de Máquinas e Robótica;

• Controle de Assinaturas;

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• Reatores Nucleares;

• Sistemas Espaciais;

• Propulsão com Ar Aspirado;

• Materiais e Processos em Biotecnologia;

• Defesa Química, Biológica e Nuclear (QBN);

• Integração de Sistemas;

• Supercondutividade;

• Fontes Renováveis de Energia.

Cada uma das Tecnologias acima teve o seu conteúdo analisado de acordo com os seguintes tópicos:

• Descrição da Área Tecnológica (resposta à pergunta O quê?);

• Relevância da Área Tecnológica para a Defesa Nacional (resposta à pergunta Por quê?);

• Avaliação atual e futura do domínio da Área Tecnológica no Brasil (respostas às perguntas Quem? e Onde?);

• Impacto da aplicação da Área Tecnológica em Sistemas de Armas da Defesa Nacional (respostas às perguntas

Quando? e Quanto?); e

• Programas Estratégicos ou Mobilizadores (resposta à pergunta Como?).

Os Programas Mobilizadores são programas nacionais que estruturarão o esforço do Brasil na busca de excelência em

áreas de interesse estratégico para a Defesa Nacional. Eles serão definidos em um amplo processo de consulta à

sociedade e articulação de apoios do qual façam parte diversos segmentos nacionais, notadamente os Ministérios da

Defesa, da Ciência e Tecnologia, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, a Indústria Nacional e a Academia. Este

processo, que está se iniciando, busca contínuo aperfeiçoamento a partir de atividades de prospecção tecnológica e da

criação de uma rede de inteligência em C,T&I.

Á r e a s e Te c n o l o g i a s d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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M a p e a m e n t o e n t r e Á r e a s e T e c n o l o g i a s

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Fusão de Dados

Objetivo

Visa criar ambientes onde sejam integrados meios de comando, controle, comunicações e inteligência (C3I), essenciais

para o desenvolvimento de operações de defesa.

Descrição da área tecnológica

Trata da capacidade de reunir dados oriundos de bancos de memória já estabelecidos e continuamente realimentados

e dados oriundos de sensores ativos e passivos distribuídos na cobertura de uma área de interesse para, em tempo real,

auxiliar o processo decisório em situações complexas e de conflito, com todas as restrições aplicáveis ao cenário considerado.

As tecnologias envolvidas nesta área são interface homem-máquina, sistemas distribuídos de sensoriamento em tempo

real, segurança multinível, desenvolvimento de algoritmos e de sistemas especialistas. Tem grandes interfaces com as

áreas dos Sistemas de Informação, Ambiente de Sistemas de Armas e Inteligência de Máquinas e Robótica.

Microeletrônica

Objetivo

Visa permitir o desenvolvimento de componentes e circuitos dedicados a sistemas nacionais de defesa, com baixa

dependência externa, evoluindo-se daí para aplicações em nanotecnologia.

Descrição da área tecnológica

Trata da concepção, desenvolvimento, teste, produção e utilização de componentes e circuitos microeletrônicos. As

principais tecnologias envolvidas são a produção de materiais semicondutores em escala de micrômetros, processos de

preparação e fabricação de wafers, encapsulamento, montagem e teste de componentes, ferramentas de projeto de

circuitos complexos de microeletrônica auxiliada por computador (Computer-Aided Design - CAD) e robustez de circuitos

perante interferências e radiações.

Sistema de Informação

Objetivo

Visa permitir o desenvolvimento de sistemas computacionais completos, robustos e dedicados à operacionalidade dos

meios nacionais de defesa.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias de hardware e software dedicadas a aplicações em sistemas de defesa. Dentre elas

Á r e a s e Te c n o l o g i a s d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

T e c n o l o g i a s d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

pode-se citar o grupo de arquiteturas de computação paralela (integração de processadores heterogêneos e distribuídos,

de sistemas e periféricos dedicados, projeto de arquiteturas, desenvolvimento de algoritmos, ferramentas, linguagens,

compiladores, sistemas operacionais e debugadores), confiabilidade de software (software para aplicações em tempo real,

software tolerante à falha, ambientes e processos de geração automática de software), e processamento de sinais

(desenvolvimento de técnicas de filtragem, processamento multidimensional adaptativo e processamento de sinais de

matrizes controladas por fases). Tem grandes interfaces com as áreas de Fusão de Dados, de Ambiente de Sistemas de

Armas e de Inteligência de Máquinas e Robótica.

Radares de Alta Sensibilidade

Objetivo

Visa dotar a Defesa Nacional da capacidade de sensoriar remotamente qualquer área do País, a qualquer instante do

dia ou da noite, e em qualquer condição meteorológica.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias associadas a radares de banda larga, radares a laser, sensores para identificação

não-cooperativa e radares de abertura sintética (SAR) de pequeno tamanho. Tem grande interação com as áreas de

Sistemas de Informação e Controle de Assinaturas.

Ambiente de Sistemas de Arma

Objetivo

Visa permitir à Defesa Nacional o conhecimento do ambiente da atmosfera, das águas e da superfície terrestre onde

poderão desenvolver-se ações militares, bem como da propagação de sinais de quaisquer tipos nestes ambientes, de

forma a poder extrair as melhores condições de operação.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias associadas a sensoriamento remoto ambiental de alta resolução, previsão de

características ambientais com alta acurácia (meteorologia de precisão) e modelos de cenário para projeto e avaliação de

sistemas de armas. Tem grande interação com as áreas de Fusão de Dados, Sistemas de Informação e Sensores Ativos

e Passivos.

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Materiais de Alta Densidade Energética

Objetivo

Visa permitir à Defesa Nacional o desenvolvimento, a fabricação e o emprego de propelentes e explosivos de alto

desempenho ou destinados a aplicações especiais.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias associadas a materiais energéticos de alto desempenho, baixa vulnerabilidade e

baixa sensibilidade à ativação, propelentes não-tóxicos e de alto desempenho para aplicações espaciais e explosivos de

alto desempenho, alta energia de fragmentação e alto poder de penetração.

Hipervelocidade

Objetivo

Visa permitir à Defesa Nacional conceber, desenvolver e utilizar Sistemas de Armas que empreguem projéteis com

velocidades hipersônicas.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias associadas a escoamentos de alta velocidade, no regime hipersônico, ou outros

meios propulsivos em conexão com o projeto, propulsão e interação de projéteis hipervelozes e seus alvos em potencial.

Potência Pulsada

Objetivo

Visa permitir à Defesa Nacional conceber, desenvolver e utilizar Sistemas de Armas que empreguem energias

concentradas em espaços geográficos limitados e com efeitos localizados.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias associadas com a concentração e liberação de alta quantidade de energia em local

de dimensões reduzidas, em pulsos, envolvendo técnicas de micro-ondas, laser e acústica, ente outras possibilidades.

Essas técnicas envolvem genericamente fontes compactas de alta potência, condicionamento e comutação de potência.

Á r e a s e Te c n o l o g i a s d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

Navegação Automática de Precisão

Objetivo

Visa permitir à Defesa Nacional a capacidade de ter veículos navegando precisamente segundo trajetórias pré-

definidas, de maneira controlada ou autônoma.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias requeridas para identificar posição geo-referenciada e velocidade em tempo real, de

forma a permitir a navegação, segundo controle humano do solo, ou navegação autônoma, segundo programação prévia,

incluindo os sensores, computadores embarcados, atuadores e interfaces analógicas e/ou digitais requeridas. Tem forte

interação com as áreas de Tecnologia da Informação e Inteligência de Máquinas e Robótica.

Materiais Compostos

Objetivo

Visa permitir à Defesa Nacional a capacidade de conceber, desenvolver e construir estruturas resistentes e eficientes

para diversas aplicações militares.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias necessárias para a pesquisa, desenvolvimento, qualificação, produção e emprego de

novos materiais envolvendo matrizes poliméricas, metálicas, cerâmicas, de carbono, ou de outras classes, com diversos

tipos de fibras reforçadoras. O objetivo a atingir nesta área é o de obter condições cada vez mais vantajosas em termos de

peso, absorção de energia eletromagnética, resistência mecânica estática, dinâmica, a impactos, à fadiga e à cargas

térmicas e resistência à erosão pela submissão desses materiais a escoamentos química e eletromagneticamente reativos.

Dinâmica de Fluidos Computacional - CFD

Objetivo

Visa dotar a Defesa Nacional da capacidade de equacionar e resolver qualquer problema de seu interesse que envolva

o escoamento de fluidos, com ou sem efeitos de calor, reação química ou de origem eletromagnética.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de conhecimentos e tecnologias associadas à modelagem e solução em computador das equações

da Mecânica dos Fluidos envolvendo variáveis como massa específica, pressão, temperatura e três componentes da

velocidade do fluido. Essas seis variáveis aparecem em forma não-linear e intricada nas equações de Navier-Stokes:

conservação da massa, momentum, energia e gás perfeito. No contexto de escoamentos hipersônicos, vêm se juntar a

esse conjunto equações de cinética química, interações eletromagnéticas e outras relações constitutivas.

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Sensores Ativos e Passivos

Objetivo

Visa dotar o País da independência externa na concepção, desenvolvimento e fabricação de sensores de qualquer tipo, de

forma a permitir a defesa contra vetores inimigos e o monitoramento em tempo real do status de nossos Sistemas de Armas.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias associadas ao desenvolvimento, qualificação e integração a sistemas de defesa de

sensores que recebam sinais de qualquer tipo (passivos) ou que ativamente emitam algum tipo de sinal e recolham

respostas das emissões para fins de identificação e/ou coleta de inteligência sobre alvos de interesse (ativos). Inclui

sensores que operam nas faixas do ultravioleta, visível e infravermelho do espectro eletromagnético e outros que operam

nas faixas de freqüências do espectro acústico. Esta área tem forte interação com a área de Controle de Assinaturas.

Fotônica

Objetivo

Visa dotar o País de soluções próprias quanto a dispositivos sensores, de comunicação e de transmissão de potência

que empreguem a luz em substituição à corrente eletrônica, permitindo robustecer sistemas quanto a interferências de

radiações ionizantes e não-ionizantes que costumam desabilitar a operação de circuitos elétricos e eletrônicos usuais.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias associadas a dispositivos que empreguem a luz como elemento sensor, condutor de

informações de qualquer tipo ou condutor de potência. Dentre esses dispositivos, citam-se aqueles baseados em fibra

óptica, como sensores e redes de comunicação e de potência, dispositivos ópticos como diodos laser, moduladores,

comutadores e interconectores, e circuitos de óptica integrada.

Inteligência de Máquinas e Robótica

Objetivo

Visa dotar o País da capacidade de conceber, desenvolver, produzir e operar veículos que possam operar de maneira

pré-programada ou autônoma, reagindo de maneira inteligente a mudanças de cenários em tempo real.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias associadas à aquisição e à representação do conhecimento, inteligência artificial,

sistemas especialistas, interface homem-máquina, sensores, atuadores, controladores e dispositivos mecânicos articulados

para atuação em tempo real. Esta área tem forte interação com as áreas de Tecnologia da Informação e Guiagem

Automática de Precisão.

Á r e a s e Te c n o l o g i a s d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

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C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o d e I n t e r e s s e d a D e f e s a N a c i o n a l

Controle de Assinaturas

Objetivo

Visa desenvolver todos os meios para dificultar a identificação e a visualização pelo inimigo de nossos vetores de

defesa e maximizar a nossa capacidade de identificação e visualização dos vetores de ataque do inimigo.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias associadas ao controle de assinaturas de alvos em todo o espectro de freqüências

conhecido. Incluem-se aqui as assinaturas de sinal radar, termal, visual e acústico, bem como as formas de propagação

desses sinais, particularmente das ondas acústicas em meio ao ar e à água. Esta área tem grande interação com a área

de Sensores Ativos e Passivos.

Energia Nuclear

Objetivo

Visa dotar o País de soluções energéticas móveis de natureza nuclear, de forma a permitir a operação de grandes

Sistemas de Armas autônomos em regiões desprovidas de infra-estrutura, quer seja na superfície de terras ou águas, ou

ainda de Sistemas de Armas submersos.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias requeridas para o domínio do conhecimento, da capacidade de concepção,

desenvolvimento, qualificação, produção, operação e manutenção de reatores nucleares para aplicações de interesse da

Defesa Nacional.

Sistemas Espaciais

Objetivo

Visa dotar o País da capacidade de sondar o nosso espaço aéreo em qualquer altitude com quaisquer tipos de

sensores e de colocar em órbita do planeta satélites de quaisquer aplicações de interesse da Defesa Nacional.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias requeridas para o domínio do conhecimento, da capacidade de concepção,

desenvolvimento, qualificação, produção, operação e acompanhamento de foguetes de sondagem, veículos lançadores

de satélites, satélites e outros sistemas espaciais para aplicações de interesse da Defesa Nacional. Trata-se de área

bastante verticalizada, com forte interação com muitas outras Áreas Estratégicas.

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Propulsão com Ar Aspirado

Objetivo

Visa dar ao País a capacidade autônoma de propulsão de qualquer tipo na atmosfera inferior, com aproveitamento do

oxigênio como comburente.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias associadas a escoamentos quimicamente reativos da aerotermodinâmica, sistemas

com alta razão de compressão, câmaras de combustão e turbinas de alta temperatura, escapamentos de geometria

variável, de baixa assinatura, e materiais leves e resistentes, estrutural e termicamente.

Materiais e Processos em Biotecnologia

Objetivo

Visa capacitar o País a desenvolver, processar e empregar materiais naturais de origem orgânica ou materiais sintetizados

de mesma origem que tenham propriedades de interesse da Defesa Nacional.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias da área biológica que têm aplicação dual e podem ser adaptadas para emprego na

Defesa Nacional. Dentre elas citam-se o uso de materiais naturais, fibras, enzimas, catalisadores, lubrificantes, aromáticos,

bio-sensores, materiais orgânicos com propriedades eletro-ópticas, resinas orgânicas estruturais, técnicas em biocorrosão,

em biomímica, processos naturais e ambientais.

Defesa Química, Biológica e Nuclear

Objetivo

Visa congregar e coordenar tecnologias para ampliar a capacidade nacional de desenvolver ações de caráter

eminentemente defensivo, corretivo e de sobrevivência em um cenário envolvendo uso de armas de origem química,

biológica e nuclear.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias requeridas para a Defesa Nacional em caso de ataques terroristas ou de forças

regulares que empreguem armas de destruição em massa de operação química, biológica ou nuclear.

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Integração de Sistemas

Objetivo

Visa estimular a capacidade nacional de integrar a operação de dois ou mais Sistemas de Armas de qualquer tipo, de

forma a alcançar-se na operação conjunta uma maior eficiência e sinergia das potencialidades de cada Sistema

individualmente considerado.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias requeridas para integração de áreas tecnológicas, de forma a produzir macro-

sistemas de operação em tempo real. Fala-se aqui da integração das áreas de Fusão de Dados, Sistemas de Informação,

Ambiente de Sistemas de Armas, Controle de Assinaturas e outras, dependendo do tipo de aplicação.

Supercondutividade

Objetivo

Visa identificar, pesquisar e desenvolver aplicações de qualquer tipo, de interesse da Defesa Nacional, que empreguem

materiais supercondutores.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias associadas ao desenvolvimento, processamento e aplicação de materiais de classe

HTS (com temperatura de transição menor que 23 K) e LTS (com temperatura de transição maior que 23 K), bem como

a integração dos mesmos com dispositivos semicondutores. Sem dúvida, tecnologias de criogenia fazem parte desta área.

Fontes de Energia Renováveis

Objetivo

Visa dotar tanto defensores isolados quanto Sistemas de Armas de maior dimensão da capacidade de operação em

qualquer cenário com razoável margem de oferta energética, de forma a reduzir a dependência logística.

Descrição da área tecnológica

Trata do conjunto de tecnologias que permitam o funcionamento por longo período de unidades móveis autônomas

ou que apóiem as necessidades de energia de soldados, individualmente considerados, a qualquer hora do dia ou da noite.

Dentre as possibilidades conhecidas hoje destacam-se as células combustível à base de hidrogênio e fontes nucleares

móveis. Não estão descartadas outras opções, como a energia solar, desde que elas venham a demonstrar praticabilidade

operacional.

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G l o s s á r i o

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Área tecnológica - conjunto de tecnologias que têm em comum um mesmo tema ou que apresentam alguma afinidade, de forma a tornaro conjunto distintivo.

Área tecnológica estratégica - área tecnológica que agrega tecnologias que têm ou poderão ter grande e/ou duradouro impacto sobrea Defesa Nacional.

Atividade - conjunto de ações de caráter permanente, destinadas a manter e/ou aprimorar capacitações existentes, serviços estabelecidosou infra-estruturas operacionais atualizadas. Deve ser o resultado de projetos e/ou programas completados.

COMASSE (Comissão Assessora de Ciência e Tecnologia para a Defesa) - órgão colegiado que orienta as ações na área deC,T&I de interesse da Defesa Nacional, composto de representantes dos seguintes órgãos: Ministério da Defesa; Ministério da Ciência eTecnologia; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior; Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão e ComandosMilitares.

DEPCT (Departamento de Ciência e Tecnologia) - órgão de segundo escalão da estrutura do MD. Seu titular é o Secretário-Executivo da COMASSE.

DIAPD (Divisão de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento) - órgão de terceiro escalão da estrutura do MD encarregado deapoiar a COMASSE.

Estrutura Analítica do Projeto (EAP) - organograma hierarquizado que representa o trabalho que será executado ao longo do Projetoe define seu escopo total. Cada nível representa o Projeto em nível crescente de detalhamento. O que estiver previsto na EAP representaatividades que serão feitas ao longo do Projeto e o que for omitido não será executado.

Organização Executora (OE) - instituição que empreenderá o Projeto, nomeando o gerente e se responsabilizando pelos seus resultados.Ela pode conduzir o Projeto isoladamente ou em parceria com outras organizações. No entanto, como norma geral, deverá haver sempre umaempresa nacional envolvida com o desenvolvimento, de modo a se acelerar o ciclo de produção e inovação dos produtos do Projeto.

Pacote de Trabalho - nível mais baixo de uma EAP, onde as tarefas necessárias à execução do Projeto devem ser associadas. Todaalocação de recursos e estimativas de tempo devem ser feitas nesse nível. A duração dos Pacotes de Trabalho deve ser da ordem degrandeza do nível de controle que se deseja para o Projeto.

Produtos do Projeto - o que é especificado nos objetivos do Projeto (incluindo serviços, relatórios, testes, etc) e entregue ao cliente.Os produtos podem ser atualizados no decorrer do Projeto, desde que documentado e acordado entre as partes envolvidas.

Programa - conjunto de ações que envolvem dois ou mais projetos, que têm um ou mais objetivos a serem atingidos em prazosestabelecidos e recursos definidos em planejamento prévio.

Programas Estratégicos ou Mobilizadores - programas nacionais que estruturarão o esforço do País na busca de excelência em áreasde interesse estratégico para a Defesa Nacional e visam reposicionar o país no plano estratégico quer militar, quer científico, quer social.

Projeto - processo único, consistindo de um grupo de atividades interdependentes, empreendido para alcançar objetivos especificados,conforme requisitos técnicos acordados antecipadamente, e obedecendo a restrições de duração, custos e recursos.

Projetos Inovadores - iniciativas que derivam de oportunidades de negócios identificadas pelos diferentes elementos do SisCTID e quevisam incorporar novidades em produtos ou serviços ofertados à sociedade, aumentando o seu valor econômico.

SELOM (Secretaria de Logística e Mobilização) - órgão de primeiro escalão do MD ao qual se subordina a área de Ciência eTecnologia do MD.

SGPE/MD (Sistema de Gestão de Projetos Estratégicos - Versão MD) - ferramenta de comunicação e trabalho cooperativocom acesso pela internet, que permite o planejamento e o desenvolvimento dos Projetos veiculados pelo SisCTID.

SisCTID (Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação de Interesse da Defesa Nacional) - conjunto de instituições,procedimentos e ferramentas que visa "viabilizar soluções científico-tecnológicas e inovações, para a satisfação das necessidades do Paísatinentes à Defesa e ao Desenvolvimento Nacional."

Sistema de Armas - conjunto integrado de equipamentos (hardware), procedimentos (software) e capacidades humanas (humanware)de forma a permitir a busca com razoável probabilidade de sucesso de um objetivo militar.

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R e f e r ê n c i a s

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