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16/02/18 O dinheiro público que escorre pelo ralo CLAUDIA SAFATLE O megaprojeto da ferrovia Transnordestina está paralisado há mais de um ano e não há decisão sobre o seu destino. Há quem, no governo, defenda uma solução radical para o impasse: abandonar a obra. Deixar o mato crescer, a essa altura, sairia mais barato, argumenta- se entre os técnicos do governo. O ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho, responsável por uma boa parcela dos recursos destinados à ferrovia, dos fundos regionais, acredita que a melhor solução é relicitar o projeto, tirando-o das mãos da Transnordestina Logística S.A., subsidiária da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Cita, no entanto, um porém que preocupa: as cláusulas punitivas do contrato, nesse caso, deixariam a empresa de Benjamin Steinbruch em situação de "comprometimento gravíssimo". O grupo de trabalho criado no ano passado, logo após a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que em janeiro suspendeu os repasses de recursos públicos para a construção da ferrovia, concluiu que a CSN não tem uma proposta viável para o seu término. Somente quando a companhia entregar o projeto executivo -- o que está previsto para março - será possível ter uma noção do que dá para ser feito. Isso, depois que metade do projeto já foi executado ao custo de mais de R$ 6 bilhões e oito anos de atraso. O governo previa entregar a ferrovia pronta em 2010. CSN terá em março projeto executivo da Transnordestina Em meio a esse imbróglio de grande dimensão que envolve a CSN, a estatal Valec, os fundos regionais, o BNDES e o Banco do Nordeste, há questões de difícil compreensão. De um lado, por exemplo, o empresário argumenta que tem dinheiro a receber do governo e o governo, por sua vez, sustenta que tem crédito junto a companhia. "A discordância é da ordem de bilhões", disse o ministro da Integração. Com 1.728 km de extensão e uma das estrelas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo anterior, a Transnordestina tem dois trechos planejados: um de Eliseu Martins (PI) ao porto de Suape (PE) e outro de Salgueiro (PE) ao porto de Pecém (CE). Na opinião de Barbalho, porém, o cronograma de investimento teve um erro de origem. Em vez de começar do centro para o litoral, a obra deveria ter sido iniciada ao inverso, do litoral para o centro pois, nesse caso, o trecho concluído, que corresponde a 52% do total, teria funcionalidade. "Fazer do centro para o litoral foi um erro, porque hoje há blocos de construção que levam nada para lugar nenhum", disse o ministro. Em meio a tudo isso ainda haveria uma disputa política sobre para qual porto levar a ferrovia primeiro, se para o Ceará ou Pernambuco. De obra prioritária na gestão anterior, a Transnordestina virou um projeto sem solução. Ela não consta do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) nem do Avançar, BRASIL Valor Econômico

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16/02/18

O dinheiro público que escorre pelo raloCLAUDIA SAFATLE

O megaprojeto da ferroviaTransnordestina está paralisado hámais de um ano e não há decisãosobre o seu destino. Há quem, nogoverno, defenda uma soluçãoradical para o impasse: abandonar aobra. Deixar o mato crescer, a essaaltura, sairia mais barato, argumenta-se entre os técnicos do governo.

O ministro da IntegraçãoNacional, Hélder Barbalho,responsável por uma boa parcelados recursos destinados à ferrovia,dos fundos regionais, acredita que amelhor solução é relicitar o projeto,tirando-o das mãos daTransnordestina Logística S.A.,subsidiária da CompanhiaSiderúrgica Nacional (CSN). Cita,no entanto, um porém que preocupa:as cláusulas punitivas do contrato,nesse caso, deixariam a empresa deBenjamin Steinbruch em situação de"comprometimento gravíssimo".

O grupo de trabalho criado noano passado, logo após a decisãodo Tribunal de Contas da União(TCU), que em janeiro suspendeuos repasses de recursos públicospara a construção da ferrovia,

concluiu que a CSN não tem umaproposta viável para o seu término.Somente quando a companhiaentregar o projeto executivo -- o queestá previsto para março - serápossível ter uma noção do que dápara ser feito. Isso, depois quemetade do projeto já foi executadoao custo de mais de R$ 6 bilhões eoito anos de atraso. O governoprevia entregar a ferrovia pronta em2010.

CSN terá em março projetoexecutivo da Transnordestina

Em meio a esse imbróglio degrande dimensão que envolve aCSN, a estatal Valec, os fundosregionais, o BNDES e o Banco doNordeste, há questões de difícilcompreensão. De um lado, porexemplo, o empresário argumentaque tem dinheiro a receber dogoverno e o governo, por sua vez,sustenta que tem crédito junto acompanhia. "A discordância é daordem de bilhões", disse o ministroda Integração.

Com 1.728 km de extensão e

uma das estrelas do Programa deAceleração do Crescimento (PAC),do governo anterior, aTransnordestina tem dois trechosplanejados: um de Eliseu Martins(PI) ao porto de Suape (PE) e outrode Salgueiro (PE) ao porto dePecém (CE).

Na opinião de Barbalho, porém,o cronograma de investimento teveum erro de origem. Em vez decomeçar do centro para o litoral, aobra deveria ter sido iniciada aoinverso, do litoral para o centro pois,nesse caso, o trecho concluído, quecorresponde a 52% do total, teriafuncionalidade. "Fazer do centropara o litoral foi um erro, porque hojehá blocos de construção que levamnada para lugar nenhum", disse oministro. Em meio a tudo isso aindahaveria uma disputa política sobrepara qual porto levar a ferroviaprimeiro, se para o Ceará ouPernambuco.

De obra prioritária na gestãoanterior, a Transnordestina virou umprojeto sem solução. Ela não constado Programa de Parcerias deInvestimentos (PPI) nem do Avançar,

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uma lista de 7,4 mil obras inconclusasque o governo Temer se propôs aterminar ainda este ano. Todos osprazos que o governo imaginou paradecidir o que fazer já foramsuperados. As tentativas deSteinbruch para encontrar um sóciopara aportar recursos tambémfalharam.

Espera-se, agora, uma decisãodo TCU. Só a partir disso é que,segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, MoreiraFranco, o governo terá o que decidir.Nos cálculos da área técnica pelomenos mais R$ 6 bilhões teriam queser investidos na ferrovia paraconclui-la até 2030.

Concebida desde o Império,quando dom Pedro II determinou arealização de estudo para ligar osertão ao litoral do Nordeste, aTransnordestina começou a serconstruída em 2006 com a promessade melhorar as condições de vida departe da população brasileira, poisestimularia as economias das regiõesenvolvidas. Salgueiro, no sertão dePernambuco, onde funcionava ocanteiro de obras da ferrovia, é oretrato da desolação.

"Hoje, Salgueiro é uma cidadefantasma", conta Barbalho. "E cadadia que passa o prejuízo [com a obra]

fica maior", disse ele, ao concluir que"claramente há uma desconfiança dogoverno nas reais intenções da CNSem terminar a obra".

Esse é mais um dramático retratodo descaso com que se trata odinheiro público. A maior parte dosrecursos investidos na ferrovia veiodo Orçamento da União e dosFundos de Investimento doNordeste (Finor), Constitucional deFinanciamento do Nordeste (FNE)e de Desenvolvimento do Nordeste(FDNE), administrados peloMinistério da Integração.

__________________________________________________________A Câmara Legislativa do Distrito

Federal (CLDF) é a mais cara doBrasil e da América Latina, segundodados da Transparência Brasil. Os24 deputados distritais custarão, esteano, R$ 524,17 milhões, conformeo orçamento fiscal (que nãocontabiliza a seguridade social).

Além do salário de pouco maisde R$ 25 mil, cada deputado tem odireito de receber R$ 25,32 mil pormês de verba indenizatória (quecinco parlamentares não usam) eoutros R$ 230,6 mil de verba degabinete, perfazendo um total de R$281,24 mil mensais.

Para reduzir em R$ 300 milhões

a despesa total da CLDF no prazode quatro anos, foi elaborado, pelaprimeira vez no país, um anteprojetode lei de iniciativa popular que buscao apoio de pelo menos 20 milpessoas (equivalente a 1% doseleitores do DF). A iniciativa foilançada em janeiro e é coordenadapelo Observatório Social de Brasíliae pelo Instituto de Fiscalização eControle (IFC).

O anteprojeto reduz as despesasda Câmara Distrital com verbasindenizatórias (gastos com locaçãode carros, serviços gráficos econsultorias, entre outros), verbas degabinete e com publicidadeinstitucional, mediante critériosobjetivos.

O Observatório Social é umaassociação civil sem fins lucrativosque está presente em 16 Estados. Eleprega a transparência e o controlesocial dos gastos públicos, promovea educação fiscal e incentiva o acessode mais empresas aos processos decompras públicas.

Claudia Safatle é diretora adjuntade Redação e escreve às sextas-feiras

E - m a i l :[email protected]

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Em meio a caos, Rio ainda teráde cortar R$ 9,8 bi de gastos

Por Rodrigo Carro e Bruno VillasBôas | Do Rio

Em um começo de ano marcadopor graves problemas na área dasegurança pública e temporais quecausaram quatro mortes, queevidenciam os efeitos da falta deinvestimentos nessas áreas, o Estadodo Rio ainda terá que enfrentar umcontingenciamento de R$ 9,81bilhões em despesas. Isso ocorre emface do déficit orçamentário deaproximadamente R$ 10 bilhõesprevisto para este ano.

Apenas na rubrica de despesascom pessoal e encargos sociais, aprevisão de desembolsos é R$ 6,66bilhões inferior ao valor previsto naLei Orçamentária Anual (LOA) de2018 (R$ 42,21 bilhões). Asinformações constam daprogramação financeira divulgadasemana passada pela Secretaria deEstado de Fazenda e Planejamentodo RJ.

A intenção, informou a secretaria,é a de que os recursoscontingenciados sejam liberadosgradualmente ao longo do ano, àmedida que se confirme a entradade novas receitas. Entre as verbasadicionais projetadas estão R$ 3bilhões em recursos provenientes da

securitização de receitas futuras deroyalties e participações especiais dopetróleo. Dentro da programaçãofinanceira do governo fluminense, aprevisão é de que as receitastributárias totalizem R$ 49,83 bilhõesem 2018, contra R$ 47,21 bilhõesno ano anterior. O contingenciamentode recursos no início de 2018 repetea estratégia financeira já adotada peloEstado nos últimos anos.

Ontem, depois de um Carnavalmarcado por arrastões, assaltos etiroteios, um temporal recordecastigou o Rio na madrugada eprovocou pelo menos quatro mortes.Os transportes públicos entraram emcolapso e vias expressas importantesna região metropolitana ficarambloqueadas. Bairros ficaram sem luze um trecho da ciclovia Tim Maia,na altura do bairro de São Conrado,desabou.

Em meio a este quadro, o prefeitoMarcelo Crivella (PRB) escreveunas redes sociais que estava"acompanhando a situação" daSuécia. "O alerta de crise para achuva intensa foi dado e a DefesaCivil foi colocada em prontidão paraatuar prontamente em caso deacidentes graves", escreveu oprefeito, acrescentando que enviousecretários para "coordenar asequipes".

Bispo licenciado da IgrejaUniversal do Reino de Deus, oprefeito chegou a declarar emfevereiro que iria aos desfiles dasescolas de samba. No domingo,porém, divulgou vídeo no aeroporto,comunicando que embarcaria para aEuropa durante a "folguinha doCarnaval" para buscar "tecnologiapara melhorar a nossa segurança".

O governador Luiz FernandoPezão (MDB) passou o Carnaval emsua cidade natal, Piraí (RJ). Naquarta, ele reconheceu que houvefalha no planejamento do esquemade segurança para o evento.

Para Sergio Besserman,professor de economia da PUC-Rio,o principal problema não seria aausência física dos governantes, masa percepção da população de que oaparelho do Estado falhou tanto emrelação à falta de segurança duranteo Carnaval como no temporal damadrugada. "Não é possível impedirum temporal, mas preparar a cidadepara eventos como esse é obrigaçãode qualquer cidade do mundo. NoRio, um dos problemas é que asgalerias pluviais não dão vazão. Saimais barato se preparar para isso doque tentar correr atrás dos danosdepois ", disse.

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Recurso 'empoçado' explica gasto menor em 2017

Por Ribamar Oliveira | De Brasília

O governo gastou R$ 30 bilhõesa menos do que tinha programadoem 2017 porque "os recursosficaram empoçados", segundoexplicação de fonte da áreaeconômica ao Valor. De agosto adezembro, segundo a fonte, osministérios e demais órgãos públicosgastaram menos do que foiautorizado pelos decretos deprogramação orçamentária efinanceira.

"Não houve controle depagamento na boca do caixa para adespesa ficar abaixo doprogramado", explicou umaautoridade. "Os recursossimplesmente ficaram empoçados",disse. "Os órgãos tinham autorizaçãopara gastar e, durante todo osegundo semestre do ano passado,as despesas realizadas ficaramabaixo dos limites autorizados".

No fim de 2017, o Ministério daSaúde foi quem ficou com maisdinheiro em caixa (R$ 4,4 bilhões),

de acordo com dados do Tesouroaos quais o Valor teve acesso. Umtotal de R$ 4,8 bilhões das emendasparlamentares não foi pago, mesmocom o dinheiro estando à disposiçãodos ministérios.

Segundo o Tesouro, o Ministérioda Justiça ficou com R$ 1,2 bilhãoem caixa e o Ministério da Educação,com R$ 900 milhões, entre outros.No total, os ministérios deixaram degastar R$ 14,2 bilhões liberadospara despesas discricionárias e R$2,6 bilhões para pagar despesasobrigatórias com controle de fluxo.

Não houve, no entanto, economiaefetiva. As despesas foramempenhas, mas não foram pagas. Oempenho é a autorização para ogasto, que precisa ter sua realizaçãocomprovada para somente depoisser pago. Como foram empenhadas,as despesas terminaram inscritas emrestos a pagar no Orçamento de2018. Ou seja, pressionarão oOrçamento deste ano.

Quando a receita começou amelhorar, a partir de agosto do ano

passado, a fonte explicou que ogoverno deu início a um processo dedescompressão dos gastos,liberando as despesas que estavambloqueadas. "Não faltou dinheiro nosegundo semestre, mas, mesmoassim, o gasto ficou abaixo doautorizado", afirmou. "O dinheiro eraliberado, mas não era gasto. Ficouempoçado", disse.

Segundo os dados do Tesouro,o Legislativo, o Judiciário e oMinistério Público da União (MPU)também não usaram todo os seuslimites legais, pois deixaram de gastarR$ 2,2 bilhões. No total, R$ 8 bilhõesliberados para despesas obrigatóriasnão foram utilizados.

Várias foram as razões para omenor gasto em 2017, de acordocom a autoridade. Diante da reduçãoexpressiva da projeção para areceita da União, que provocou umcontingenciamento de R$ 42,1bilhões das dotações orçamentárias,anunciado pelo governo no início doano, os gestores públicos partirampara ajustes das contas dos seusórgãos. Os ajustes foram feitos por

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meio de revisões de contratos, cortede gastos e outras medidas deeconomia, disse a fonte.

Outra razão apontada é adificuldade de execução de despesascom receitas vinculadas, mas que tema sua execução descentralizada. Esseé o caso, por exemplo, dos recursosdo Fundo Penitenciário Nacional(Funpen), que são transferidos aosEstados e municípios, de acordocom uma série de critérios queprecisam ser cumpridos. Adificuldade de pagar as emendasparlamentares decorre do fato deque o governo federal é obrigado aassinar convênios com municípios, oque demanda tempo.

Houve também, de acordo coma fonte, desvio nas estimativas feitaspara algumas despesas importantes.O gasto com abono salarial e comseguro-desemprego ficou R$ 2,7bilhões abaixo da previsão

encaminhada ao Tesouro peloMinistério do Trabalho. A despesacom subsídios e subvenções foi R$1,5 bilhão menor do que o projetado.

Outra razão é a maneira comoalgumas despesas sãocontabilizadas. Uma parte do gastocom benefícios previdenciários só épago no início de janeiro, masprecisam ser empenhadas emdezembro do ano anterior. Para fazero empenho, o gestor precisa ter limitefinanceiro, ou seja, ter autorizaçãopara pagar o gasto.

Mas como só impacta o caixa doTesouro no ano seguinte, quando adespesa é efetivamente paga, o gastocom benefícios previdenciáriosexecutado fica menor do que oprogramado. Em 2017, a diferençafoi de R$ 4,2 bilhões, segundo oTesouro. Esse método é conhecidona área técnica como "pagamento defronteira". Ele é utilizado também

para parte da despesa com pessoalrelativa a dezembro, que só éefetivamente paga em janeiro. Assim,o gasto efetivo com pessoal ficamenor do que o programado. Adiferença em 2017 foi de R$ 1bilhão.

Consultado sobre a existência dedisponibilidade de R$ 4,4 bilhões emseu caixa no fim de 2017, oMinistério da Saúde informou que "ovalor é o resultado de uma gestãoaustera para o melhor planejamentodo gasto público e a expansão dosserviços à população".

Segundo nota da assessoria doministério, "a partir da revisão erenegociação de contratos reduzindoseus preços sem perder escopo, oMinistério da Saúde economizou R$4,5 bilhões. Isso permitiu que novashabilitações pudessem serrealizadas".

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Receita prevê arrecadar menos com autuações em 2018

Por Edna Simão e Fábio Pupo |De Brasília

Após cobrar R$ 204,9 bilhões decontribuintes em decorrência defiscalizações e autuações em 2017,a Receita Federal estabeleceu umameta menor para este ano. Mesmoassim, o cumprimento por parte dosauditores dos R$ 148,9 bilhõesprogramados para 2018 aindadepende da regulamentação do"bônus de eficiência", umaremuneração acertada com governoe que ainda não está em vigor.

Segundo o subsecretário deFiscalização da Receita, Iágaro JungMartins, a expectativa derecebimento do bônus despertou umtrabalho "fora da curva" em 2017por parte dos auditores, o queimpulsionou o lançamento dascobranças. Em valores correntes, ovalor de autuações no ano passado,68% maior do que um ano antes ebem acima da estimativa inicial deR$ 143,3 bilhões, decorreu tambémda avaliação de processos queficaram parados em 2016. O

secretário da Receita, Jorge Rachid,e o Ministério do Planejamento aindanão chegaram a consenso sobre afórmula de cálculo que será usadapara o cálculo do bônus.

Questionado sobre se a Receitanão está fazendo chantagem parapressionar a regulamentação dobônus, o subsecretário reconheceuque os auditores têm remuneraçãoacima da média no Brasil, masquerem tratamento semelhante ao deoutras categorias do Executivo. "Équestão de equivalência. O que osauditores estão buscando éregularização do previsto em lei. Em2017, havia compromisso que aregulamentação aconteceria ebuscamos empenho extraordinário,o que se refletiu nesse resultado."

Neste ano, a Receita vai manteroperações iniciadas em anosanteriores como a de evasão nossetores de cigarros, bebidas e decombustíveis e venda direta porcatálogos. Além disso, serãomantidas as operações especiaiscomo Lava-Jato, fraudes em títulospúblicos, Zelotes, dentre outras. Uma

das investigações da Receita nesteano será sobre os recursos oriundosdo Refis. Segundo o Fisco, serãofeitas diligências para combatercrimes de lavagem de dinheiro.

Segundo Martins, do total de R$204,99 bilhões em autuações no anopassado, R$ 136,64 bilhões foramlançados pela Receita Federal. "Dosprocessos de 2017, 97,2% estão emfase de julgamento ou cobrança epodem ter sido incluídos noPrograma de RegularizaçãoTributária."

Segundo o balanço feito pelaReceita, dos lançamentos (autuaçõesda fiscalização) efetuados em 2010,apenas 5,84% dos processos foramjulgados improcedentes atédezembro de 2017. Em termos devalores, os julgamentosimprocedentes representam apenas20,49%. Em relação aos processosformalizados em 2010, ainda restam15,48% em número de processos e22,84% em termos de valorespendentes de julgamento.

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Sem bônus para auditor, Receitadeve reduzir fiscalização este ano

Categoria esperaregulamentação de um adicional aosalário; no ano passado, autuaçõescresceram 68,5%

Lorenna Rodrigues /BRASÍLIA

A briga dos auditores fiscaispela fixação de bônus àremuneração mensal poderáreduzir as multas aplicadas pelaReceita Federal em 2018. Depoisde as autuações do fisco atingiremvalor recorde de R$ 204,99bilhões no ano passado, osauditores mandaram o recado: asfiscalizações vão encolher nesteano se o adicional salarialprometido pelo governo não forregulamentado. Em 2017, o valorautuado apenas com a OperaçãoLava Jato somou R$ 5,5 bilhões –as multas aplicadas emdecorrência das irregularidadesdescobertas pela Polícia Federalsomam R$ 17,1 bilhões desde oinício das investigações, em 2014.

Para 2018, a expectativa éencerrar a maioria dasfiscalizações em andamento. "Doponto de vista tributário, a LavaJato está, sim, em uma reta final.Faltam apenas algumasinformações adicionais paraconcluir os procedimentos",

afirmou o subsecretário deFiscalização da Receita, IágaroMartins. O valor recordealcançado em 2017, segundoMartins, explica- se pelo empenho"fora da curva" da categoria depoisde ser aprovado o projeto quereajustou o salário dos auditoresem 21,3%, no fim de 2016.

Havia no texto a previsão depagamento de um bônus variável,que ainda não foi regulamentado.Mesmo sem essa regulamentação,no entanto, os auditores estãorecebendo um valor fixo de R$ 3mil todos os meses a título deadicional de eficiência. Para 2018,a previsão da Receita é que asautuações cheguem a R$ 148,99milhões, valor que já é menor doque o de 2017 porque é feito combase em uma média de anosanteriores, excluindo dadosatípicos. Martins afirmou, porém,que mesmo esse valor estimadonão deve ser alcançado caso obônus não seja regulamentado.

Parte dos auditores já tem feitoparalisações e a categoria ameaçacom novas greves. "Teremosdificuldade de atingir esseresultado em 2018 permanecendoa situação que temos agora." Osauditores afirmam que o governoestá segurando a regulamentação

para evitar o impacto fiscal dopagamento do bônus em ummomento de contas apertadas.Segundo o Ministério doPlanejamento, a regulamentaçãoestá em discussão na área jurídica.

Crescimento. As autuações dofisco cresceram 68,5% no anopassado em relação a 2016. Osvalores, porém, se referem àsmultas aplicadas, mas o montanteefetivamente arrecadado é bemmais baixo, já que a maioria daspenalidades é discutidaadministrativa e judicialmente. Osnúmeros de 2017 só serãoconhecidos no futuro, já que, emmédia, os recursos levam 15 anospara serem julgados.Historicamente, entre 2% e 7% dototal autuado pela Receita sãoefetivamente pagos .

Das autuações aplicadas aempresas, 79,3% se referem agrandes contribuintes, que sãoempresas com faturamento acimade R$ 200 milhões por ano. "Afiscalização da Receita Federal dámuito mais atenção aos grandestubarões do que aos peixespequenos. Temos mais horas denossas auditorias para combater osgrandes esquemas de evasão fiscal.A malha fina é pouco relevante",afirmou.

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Relatório do TCU rejeita concessão de Temer

Documento diz que edital daRodovia de Integração do Sul"omite importantes investimentos"e favorece aditivos contratuaisapós a realização do leilão

André Borges/ BRASÍLIA

A primeira concessão derodovia prevista pelo governoMichel Temer para este ano deuorigem a um conflito entreauditores do Tribunal de Contas daUnião (TCU) e integrantes daSecretaria Especial do Programade Parcerias de Investimentos,comandada pelo ministro MoreiraFranco. O impasse surgiu com umrelatório da Corte de contas, querejeitou a minuta do edital e osestudos para a concessão dachamada Rodovia de Integraçãodo Sul (RIS), uma rota de 473quilômetros que integra trechosdas BR-101 no Rio Grande do Sulcom mais três rodovias federais.

O Estado teve acesso comexclusividade ao relatório, queainda será submetido aoMinistério Público junto ao TCUe ao plenário da corte. Osauditores desqualificam o materialapresentado pelo governo. Aconclusão é de que o estudo"omitiu importantes investimentos"necessários para o trecho,apresentou "diversasinconsistências" e "assimetria de

informações", além de favorecer ainclusão de aditivos contratuaisapós a realização do leilão,favorecendo a empresa com oaumento de tarifas de pedágio.

O documento, que traz 34determinações de mudanças noedital e condiciona sua aprovaçãoa uma nova avaliação pelo TCU,critica ainda a elaboração dosestudos técnicos pela TriunfoParticipações e Investimentos(TPI), dona da concessionáriaConcepa, que já atua em trecho daBR-290, rodovia que integra anova concessão. Estudos. A TPI foia única empresa a realizar estudospara o leilão da Rodovia deIntegração do Sul (RIS), por meiode um contrato de Procedimento deManifestação de Interesse Público(PMI), modelo que repassa daUnião para a iniciativa privada osestudos de concessões.

Na elaboração do relatório, osauditores tiveram acesso adocumentos apreendidos pelaPolícia Federal na Operação"Cancela Livre", deflagrada emagosto de 2017 e que investigavapossíveis fraudes e desvio derecursos públicos pela empresadurante em obras da BR-290.Segundo a análise técnica,diversos documentos apreendidosfaziam menção aos estudos

elaborados pela Triunfo para anova concessão, com omissão deobras que, após a realização doleilão, poderiam ser incluídas nocontrato por meio de aditivos, semlicitação.

O levantamento alerta que "ésabida a necessidade de execuçãode obras e investimentos nosegmento mais crítico daconcessão, como revelam asevidências apresentadas", masdestaca que, "apesar disso, osestudos de viabilidadeencaminhados pela ANTT(Agência Nacional de TransportesTerrestres) optaram por omitircompletamente estesinvestimentos." O processo daRodovia de Integração do Sul érelatado pelo ministro BrunoDantas, que não comenta o assunto.

Dantas tem adotado posturamoderada em relação às análisestécnicas dos auditores. Procurada,a Triunfo informou que sóparticipará do leilão da rodovia"se as condições estabelecidas noedital forem condizentes com suapolítica de investimento". Aempresa afirmou que os estudos"seguiram todos os requisitos doedital". A ANTT informou querecebeu o relatório, mas que aindanão há manifestação da corte sobreo assunto.

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‘Auditores não são papas’, reage secretário

BRASÍLIA

A avaliação dos auditores doTribunal de Contas da União(TCU) sobre os estudos e a minutade edital da Rodovia de Integraçãodo Sul (RIS) causou revolta noPalácio do Planalto. O secretáriode coordenação de projetos daSecretaria Especial do PPI,Tarcísio Gomes de Freitas, disseque o governo irá contestarfrontalmente a avaliação. "Há umainvasão clara de atuação do poderconcedente. Não vamos permitirque o tribunal tome decisões pornós e que seja o Poder Executivo.Temos que combater ainfantilização da gestão. Temosque esperar o TCU decidir tudo?Isso não vai acontecer."

Freitas acusou a equipe técnicado Tribunal de levantar suspeitassem apresentar provas do que julgaestar irregular. "Esse relatóriocausou muita revolta aqui dentro.Os auditores do TCU não são os"papas" do universo. Tem muitoabsurdo nesse relatório, que fazinsinuações e não apresentaevidências. Vamos rechaçar.Estamos seguros do que colocamoslá e vamos nisso até o fim", disse.Claramente irritado, Freitas disseque tem conversado com todas as

áreas técnicas do tribunal, mas sóencontra dificuldades com aunidade ligada às concessõesrodoviárias.

Ele reconheceu, no entanto, queo governo deixou de usar o modelode Procedimento de Manifestaçãode Interesse Público (PMI) paracontratação de estudos, limitando-se a tocar quatro concessões derodovias que já estavam emandamento por meio desse modelode concessão. "Não estamos maisfazendo PMI. Temos um contratocom o Banco Mundial, quecontrata empresas especializadaspara fazer os estudos. O grandeproblema da PMI é que asempresas podem omitirinformações.

Mas esse modelo é uma decisãoque o outro governo tomou lá atrás,em 2015." No caso da Rodovia deIntegração do Sul, disse, essesajustes resultaram numa redução deR$ 3,8 bilhões, entre custos deinvestimento e operação darodovia, impactando numa reduçãode R$ 2 na tarifa de pedágiopretendida. A licitação ocorreriaem meados de junho, contrariandoo cronograma oficial, que previaa oferta do trecho ainda noprimeiro trimestre deste ano. / A.B.

ECONOMIAO ESTADO DE S. PAULO

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INFRAESTRUTURA »Russos vão disputar concessão da Norte-Sul

Edital da ferrovia deve seraprovado hoje na reunião daAgência Nacional de TransportesTerrestres. Representante daempresa RZD, responsável por 85mil quilômetros de trilhos nomundo, afirma que grupo "vaipartir com tudo" para arrematara concessão da FNS

» SIMONE KAFRUNI» ROSANA HESSEL

O primeiro grande projeto deconcessão ferroviária do governoMichel Temer, a Ferrovia Norte-Sul(FNS), deve ter seu edital aprovadohoje, na reunião da diretoria daAgência Nacional de TransportesTerrestres (ANTT). A expectativado secretário especial do Programade Parcerias de Investimentos (PPI),Adalberto Vasconcelos, é de quevários consórcios participem doleilão, sobretudo, estrangeiros.

A Ferrovias Russas (RZD, nasigla em russo), responsável por 85mil quilômetros de trilhos, prometeentrar forte na disputa. “Vamos partircom tudo. No mínimo, vamos fazeras concessionárias que já operam nopaís pagarem mais caro paraarrematar a Norte-Sul”, garantiu orepresentante dos russos no Brasil,Bernardo Figueiredo, ex-presidenteda Empresa de Planejamento eLogística (EPL) e da ANTT.

Na Rússia, a RZD transporta 1bilhão de passageiros e 1 bilhão detoneladas de carga por ano namesma linha, sem conflitos entre ostrens. A companhia tem uma jointventure com os chineses paraviabilizar a rota Moscou-Pequimcom trem de alta velocidade, operano Leste Europeu e iniciou obras emCuba. “São operações de alto nível,que podem contribuir para o sistemano Brasil”, afirmou Figueiredo. Umadas maiores preocupações dosinvestidores russos, no entanto, é adiscrepância da estrutura da Norte-Sul com a malha ao Sul, controladapela Rumo, que tem velocidademédia muito baixa. Figueiredolembrou que a FNS foi projetadapara uma velocidade de até 80km/h, mas o governo acha normalderrubar a média para 42km/h.

Para o representante dos russos,o governo sinaliza que não estápreocupado com a concentração dosetor nas mãos das empresas que játêm operações no país, algo quepode travar a retomada dodesenvolvimento do setor ferroviário,com a ampliação da competição. “AFNS não chega aos portos. Para oprojeto ser atrativo, o direito depassagem é fundamental. Issofunciona no mundo inteiro, onde otransporte ferroviário é eficiente. NoBrasil, as operadoras preferemcobrar caro para garantir omonopólio. Não à toa, apenas 8 milkm estão concedidos e 20 mil km

precisam ser recuperados”, criticou.“O país já teve uma malha maior doque a dos Estados Unidos. Masparou no tempo. Está na hora devoltar a favorecer a cultura de rede”,acrescentou.

O governo assegurou que haverácompetição. “Vários consórciosdevem participar do leilão,principalmente, compostos porestrangeiros, como chineses,espanhóis e russos”, estimou osecretário Adalberto Vasconcelos,do PPI. Apesar da confiança dogoverno de que os chineses entrarãona disputa pela FNS, de acordo comfontes próximas às autoridades daChina, é pouco provável que issoocorra. Analistas também lembraramque os chineses anunciaram interesseem construir uma ferrovia para oPacífico, via Peru, mas até agora tudoficou na carta de intenções.

Vasconcelos ressaltou que aperspectiva é de que o leilão ocorrano segundo trimestre deste ano, comdireito de passagem “garantido noedital”. O superintendente deferrovias da ANTT, Alexandre Porto,explicou que o dispositivo não énovidade. “Existe desde 1997,quando o setor foi privatizado. Oacesso ao porto de Santos é umexemplo em que três concessionáriasutilizam a mesma malha. No Norte,no Porto de Itaqui, também”,ressaltou. Porto admitiu, contudo,que houve uma discussão mais

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“profunda” sobre direito depassagem na modelagem econômicada concessão da FNS.

Compartilhamento

Para o diretor executivo daAssociação Nacional de TransporteFerroviário (ANTF), Fernando Paes,o compartilhamento da infraestruturapor meio do direito de passagem éuma prática recorrente edevidamente regulamentada noBrasil. “De acordo com os dadosmais recentes da ANTT, cerca de10% do total das cargas transportaspelo modal ferroviário em 2017ocorreu por meio desse dispositivo”,disse. “É uma prática regular, naturale exercida há muito tempo, de formacontratual, entre as concessionárias.Não por acaso não temosconhecimento de litígios em relaçãoa direito de passagem levados àagência reguladora”, acrescentou.

Porém, a ANTF reconhece que,em alguns pontos da malha — comoos acessos aos portos de Santos ede Itaqui (MA) — há saturação enecessidade de novos investimentos.“A solução de curto e médio prazosé a ampliação da capacidade pormeio da renovação dos contratos”,explicou Paes (leia mais amanhã).

Além da FNS, Porto lembrouque mais duas ferrovias devem ser

concedidas (veja quadro). “Estamostrabalhando em outros processos. Oedital da Ferrogrão, de Sinop aMiritituba, temos chance deapresentar ao Tribunal de Contas daUnião (TCU) no início do segundosemestre. A Fiol ainda está na fasede estudos, pode ficar para 2019.Estamos discutindo a modelagem,precisamos realizar audiência públicae o cronograma não foi definido”,afirmou. Conforme Vasconcelos, doPPI, os estudos de viabilidade paraa Fiol serão concluídos até março.

Cronograma

O superintendente da ANTTdisse que a agência está preparandoo certame licitatório e a previsão éque o leilão da Norte-Sul ocorra nosegundo trimestre de 2018,conforme o cronograma do PPI.“Devemos aprovar a documentaçãotécnica na sexta-feira (hoje). A ideiaé protocolar no TCU (Tribunal deContas da União) na semana quevem. Mas pode acontecer de ficarpara a reunião de diretoria dapróxima semana”, disse. A estimativade Alexandre Porto é de que aunidade técnica da corte de contasavalie o edital em 45 dias. “Depoisdisso vai a plenário para viraracórdão. A expectativa é publicar oedital em 60 dias”, destacou.

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INFRAESTRUTURA »Briga será acirrada

Como a Ferrovia Norte-Sul(FNS) está praticamente pronta, jáé operada em um trecho pela estatalValec e há poucas obras por fazer,os especialistas apostam que seráalvo de grande disputa. O mesmonão dizem sobre as outras duasferrovias, Ferrogrão e Ferrovia deIntegração Oeste-Leste (Fiol), quevisa integrar o Porto de Ilhéus (BA)a Figueirópolis (TO).

Na avaliação de ClaudioFrischtak, da Inter.B ConsultoriaInternacional de Negócios, a Fiol éum elefante branco que não deveatrair muitos interessados porqueexige muitos investimentos e, nomomento, não há tanta demandapara justificar o desembolso. ParaBernardo Figueiredo, que representainvestidores russos, a Ferrogrão éisolada e não favorece a operaçãoem rede.

“A Norte-Sul é mais viável doque as demais, que estão nogreenfield (projeto do zero). Eclaramente despertará o interesse de

vários operadores e setores”,afirmou Frischtak. “Essa é umaferrovia praticamente pronta e não éum negócio de ferrovias, e sim deoperadores e de donos de carga.Uma ferrovia, para ser rentável,precisa ter carga e ter ligações entreas áreas de produção e as deescoamento”, explicou. Elereconhece que existem duasinteressadas naturais no negócio. AVLI, concessionária privada que fazligação com a Norte-Sul, no litoralnorte do país, e a Rumo, que assumiuas redes mais concorridas doSudoeste, que ligam ao maiorterminal portuário do Brasil, o Portode Santos.

Passagem

Para os especialistas, a questãodo direito de passagem não éinsuperável, mas não deixa de seruma dificuldade para quem assumira Norte-Sul. “É muito importantediscutir o assunto durante o processopara estar definido antes do leilão,porque vem atrapalhando a

renovação dos contratos deconcessão”, destacou Frischtak,lembrando que há muitas questõesem aberto. “Ainda não se sabe quemvai assumir as obras em curso queestão sendo executadas porempreiteiras contratadas pela Valec”,alertou.

No entender de Frischtak, quantomaior o número de concorrentes,melhor. “Seria muito ruim que o leilãoda Norte-Sul tivesse apenas umofertante. Atualmente, existem doiscompetidores naturais, mas não sãoos únicos”, avisou. Ele não descartouum terceiro consórcio comembarcadores e operadoreslogísticos interessados em entrar nosetor ferroviário, assim comoinvestidores estrangeiros. “Se, emum ano eleitoral, o governoconseguir licitar a Norte-Sul eresolver a questão da renovação dasconcessões, ao menos com a malhapaulista e a MRS, e ainda conseguirdestravar a obra do Ferroanel (SP),já seria uma vitória”, avaliou. (SK eRH)

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