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08/08/18 Para analistas, inflação oficial recuou e ficou em 0,27% em julho Por Arícia Martins | De São Paulo Passados os efeitos da paralisação dos caminhoneiros, a inflação voltou rapidamente a uma trajetória mais comportada, movimento que deve se aprofundar em agosto, avaliam economistas. Segundo a estimativa média de 37 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,27% em julho, quase um ponto percentual abaixo da taxa registrada no mês anterior (1,26%). As projeções para o indicador oficial de inflação, a ser divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vão de alta de 0,21% a 0,47%. No acumulado em 12 meses, a inflação medida pelo IPCA deve ter aumentado ligeiramente na passagem mensal, de acordo com a média dos analistas, de 4,39% para 4,43%. A descompressão inflacionária observada de junho para julho foi generalizada, diz Leonardo França, da Rosenberg Associados, para quem o IPCA desacelerou a 0,24% no último mês. Em seus cálculos, a principal influência de baixa no índice foi o grupo alimentação e bebidas, que recuou 0,50% na medição atual, depois de ter avançado mais de 2% no sexto mês do ano. Os alimentos in natura, que têm um ciclo mais curto, foram os que mais subiram com a greve dos transportes e, agora, devem mostrar deflação expressiva, estima. Na parte de proteínas animais, carnes bovinas e de aves e ovos tendem a recuar já em julho, afirma França, mas leite e derivados se mantiveram em patamar elevado no mês passado. "Nestes setores houve também um ajuste de margem das empresas", explica. Como, em agosto, espera-se queda maior para todo o segmento de proteínas, os preços de alimentos vão diminuir ainda mais neste mês, levando a inflação total a ficar ao redor de zero no período, avalia o economista. França destaca, ainda, a desaceleração prevista para os transportes na passagem de junho para julho, de 1,58% para 0,60%. Segundo ele, o grupo não entrou no campo negativo em função das passagens aéreas, que subiram 45% no IPCA-15 do mês atual. Pela metodologia do IBGE, a taxa de bilhetes aéreos apurada na prévia quinzenal de cada mês é repetida no fechamento. Por outro lado, observa, os combustíveis devem ter recuado 1,46%, com retração mais forte no etanol. Para a gasolina, o cenário também ficou mais tranquilo, porque o petróleo está em queda no mercado internacional e o câmbio não pressionou os preços em julho, comentou. Mesmo desconsiderando o processo de normalização dos preços após o choque temporário, o comportamento da inflação segue benigno, diz Rafael Gonçalves Cardoso, economista-chefe da Daycoval Investimentos. Em suas estimativas, os preços de serviços seguiram rodando em 0,25% no mês passado, mesmo patamar de junho, enquanto a média dos três núcleos mais usados do IPCA cedeu para 0,13%, ante 0,55% na leitura anterior. Em 12 meses, tanto a média das três medidas usadas para expurgar ou reduzir o impacto de itens voláteis sobre o IPCA quanto a inflação de serviços devem seguir na casa de 3% daqui até o fim do ano, prevê Cardoso. "Mesmo com os efeitos secundários da greve de maio, os núcleos têm espaço para acomodar essas altas", diz o economista, que avalia que os juros básicos devem ficar estáveis, em 6,5% ao ano, até dezembro. "A dinâmica inflacionária não parece demandar nenhuma ação corretiva do Banco Central até agora", concordam os economistas Jankiel Santos e Flávio Serrano, do Haitong. Para o banco, o IPCA ficou em 0,25% em julho, o equivalente a 4,4% em 12 meses. A perda de fôlego, afirmam Santos e Serrano, se BRASIL Valor Econômico

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Para analistas, inflação oficialrecuou e ficou em 0,27% em julho

Por Arícia Martins | De São Paulo

Passados os efeitos daparalisação dos caminhoneiros, ainflação voltou rapidamente a umatrajetória mais comportada,movimento que deve se aprofundarem agosto, avaliam economistas.Segundo a estimativa média de 37instituições financeiras e consultoriasouvidas pelo Valor Data, o ÍndiceNacional de Preços ao ConsumidorAmplo (IPCA) subiu 0,27% emjulho, quase um ponto percentualabaixo da taxa registrada no mêsanterior (1,26%).

As projeções para o indicadoroficial de inflação, a ser divulgadohoje pelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE), vãode alta de 0,21% a 0,47%. Noacumulado em 12 meses, a inflaçãomedida pelo IPCA deve teraumentado ligeiramente napassagem mensal, de acordo com amédia dos analistas, de 4,39% para4,43%.

A descompressão inflacionáriaobservada de junho para julho foigeneralizada, diz Leonardo França,da Rosenberg Associados, paraquem o IPCA desacelerou a 0,24%no último mês. Em seus cálculos, aprincipal influência de baixa no índicefoi o grupo alimentação e bebidas,que recuou 0,50% na medição atual,depois de ter avançado mais de 2%no sexto mês do ano. Os alimentos

in natura, que têm um ciclo maiscurto, foram os que mais subiramcom a greve dos transportes e,agora, devem mostrar deflaçãoexpressiva, estima.

Na parte de proteínas animais,carnes bovinas e de aves e ovostendem a recuar já em julho, afirmaFrança, mas leite e derivados semantiveram em patamar elevado nomês passado. "Nestes setores houvetambém um ajuste de margem dasempresas", explica. Como, emagosto, espera-se queda maior paratodo o segmento de proteínas, ospreços de alimentos vão diminuirainda mais neste mês, levando ainflação total a ficar ao redor de zerono período, avalia o economista.

França destaca, ainda, adesaceleração prevista para ostransportes na passagem de junhopara julho, de 1,58% para 0,60%.Segundo ele, o grupo não entrou nocampo negativo em função daspassagens aéreas, que subiram 45%no IPCA-15 do mês atual. Pelametodologia do IBGE, a taxa debilhetes aéreos apurada na préviaquinzenal de cada mês é repetida nofechamento.

Por outro lado, observa, oscombustíveis devem ter recuado1,46%, com retração mais forte noetanol. Para a gasolina, o cenáriotambém ficou mais tranquilo, porqueo petróleo está em queda nomercado internacional e o câmbio

não pressionou os preços em julho,comentou.

Mesmo desconsiderando oprocesso de normalização dospreços após o choque temporário,o comportamento da inflação seguebenigno, diz Rafael GonçalvesCardoso, economista-chefe daDaycoval Investimentos. Em suasestimativas, os preços de serviçosseguiram rodando em 0,25% no mêspassado, mesmo patamar de junho,enquanto a média dos três núcleosmais usados do IPCA cedeu para0,13%, ante 0,55% na leituraanterior.

Em 12 meses, tanto a média dastrês medidas usadas para expurgarou reduzir o impacto de itens voláteissobre o IPCA quanto a inflação deserviços devem seguir na casa de 3%daqui até o fim do ano, prevêCardoso. "Mesmo com os efeitossecundários da greve de maio, osnúcleos têm espaço para acomodaressas altas", diz o economista, queavalia que os juros básicos devemficar estáveis, em 6,5% ao ano, atédezembro.

"A dinâmica inflacionária nãoparece demandar nenhuma açãocorretiva do Banco Central atéagora", concordam os economistasJankiel Santos e Flávio Serrano, doHaitong. Para o banco, o IPCA ficouem 0,25% em julho, o equivalente a4,4% em 12 meses. A perda defôlego, afirmam Santos e Serrano, se

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concretizada, vai reforçar a avaliaçãoda autoridade monetária de que oimpacto da greve dos caminhoneirosnos preços foi transitório.

Para o Haitong, o IPCA cedeuno mês passado influenciadoprincipalmente pela queda de

alimentos e combustíveis - os doisitens que mais pressionaram osíndices no sexto mês do ano. Partedo ambiente inflacionário maistranquilo está relacionada também auma recuperação da atividade maisfraca do que o previsto, dizem oseconomistas do banco.

08/08/18

Barrar entrada de imigranteé inconstitucional, diz PGF

Por Luísa Martins e IsadoraPeron | De Brasília

A procuradora geral daRepública, Raquel Dodge, pediu aoSupremo Tribunal Federal (STF) a"imediata suspensão" do decretoeditado pelo Estado de Roraima quedificulta a entrada de imigrantesvenezuelanos no Brasil. Em parecerenviado à Corte, ela afirma que amedida é inconstitucional.

O decreto foi editado em 1º deagosto prevendo a deportação e aexpulsão de estrangeiros de fora doMercosul - e impondo condiçõespara que os venezuelanosacessassem serviços públicosessenciais, como saúde. O governode Roraima alega não ter condiçõesde absorver a quantidade deimigrantes que estavam chegando epede o fechamento temporário dafronteira.

No documento enviado àrelatora, ministra Rosa Weber, aProcuradoria-Geral da República(PGR) cita três pontosinconstitucionais do decreto: arestrição de acesso a serviçosessenciais, a deportação ou expulsão

por autoridades estaduais e ofechamento da fronteira. "A medidaofende a política brasileira demigração, incluindo o princípio daacolhida humanitária", argumentouDodge.

Após 15 horas fechada, afronteira entre Brasil e Venezuela foireaberta ontem, por decisão doTribunal Regional Federal da 1ªRegião. Na noite de segunda, Rosajá havia negado pedido do governode Roraima para impedir a entradade imigrantes.

Além da ação proposta pelogoverno estadual, tramitam naJustiça outros dois pedidos sobre oassunto, ambos requerendo asuspensão do decreto. Um é deautoria do Ministério Público Federal(MPF) e da Defensoria Pública daUnião (DPU); outro é do própriogoverno federal.

A União cita que o dispositivo éinconstitucional porque permiteforças especiais de segurança eestabelece tratamento diferenciadoaos venezuelanos - o que podereduzir o acesso aos serviços básicose afrontar o princípio da dignidade.

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08/08/18

Temer veta readmissão deexcluídos do Simples

Por Andrea Jubé e Carla Araújo| De Brasília

Em mais um capítulo das idas evindas em torno da lei que pretendiareadmitir empresas de pequenoporte no Simples Nacional, opresidente Michel Temer vetouontem um projeto de lei que permitiao acesso de empresas excluídas doregime em 1º de janeiro por causade débitos fiscais. O ministro daSecretaria de Governo, CarlosMarun, disse que a sanção "agrediriaa Lei de Responsabilidade Fiscal" eacrescentou que o governo solicitouao Ministério da Fazenda umaanálise do impacto e de sugestõespara compensação do setor.

Com a resposta da Fazenda, ogoverno pretende enviar aoCongresso, antes das eleições,alguma medida para compensar asmicro e pequenas empresas, e osmicroempreendedores individuais,prejudicados com o veto.

O Congresso havia autorizado emjulho o retorno ao Simples dasempresas que aderiram ao programade refinanciamento fiscal (Refis).Para o governo, se concretizado esseretorno, a renúncia de arrecadaçãoseria ampliada a níveis insustentáveisem relação ao esforço deconsolidação fiscal.

O Sebrae Nacional criticou adecisão de Temer e reiterou que vaitrabalhar pela derrubada do veto noCongresso. "Fomos surpreendidoscom uma medida que vai prejudicarcentenas de milhares de empresasantes beneficiadas pelo SimplesNacional", diz. O Sebrae afirmaainda que com o veto, "das cerca de470 mil firmas, mais de 300 mil vãoficar fora deste regime tributário"."Vamos procurar uma saída políticapara fazer valer a vontade doCongresso Nacional, que é quem tema palavra final, inclusive no tema dosvetos, como já aconteceu porunanimidade no caso do Refis",completa a entidade.

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08/08/18

Cessão onerosa e Eletrobrassofrem bloqueio no Senado

Por Vandson Lima, Daniel Rittnere Fabio Murakawa | De Brasília

Cássio Cunha Lima: Nenhumtema polêmico será subemtido avotação.

O governo sofreu ontem um durorevés com a decisão do Senado devotar apenas depois das eleiçõesdois projetos de lei - o da cessãoonerosa e o das distribuidoras daEletrobras - que estavam na lista deprioridades do Palácio do Planalto.Se não for revertida nos próximasdias, a indefinição política em tornodas duas propostas praticamenteenterra os planos de organizar ummegaleilão do pré-sal ainda nesteano e de vender no fim de agostomais quatro distribuidoras de energiacontroladas pela estatal.

Os planos do governocomeçaram a ruir na reunião delíderes do Senado, que chegaram aoconsenso de deliberar sobreprojetos controversos somentedepois de escolhido um novopresidente da República. "Nada quetenha qualquer polêmica, e essesdois temas são polêmicos, serásubmetido a votação. Recomenda o

bom senso que possamos esperar avontade soberana do povo. Aí sim,teremos a pauta desse novogoverno", apontou o vice-presidentedo Senado, Cássio Cunha Lima(PSDB-PB), logo após deixar areunião.

A perspectiva de uma definiçãorápida sobre a cessão onerosa nopré-sal e as distribuidoras daEletrobras ficou ainda mais distantecom a iniciativa do presidente daCasa, Eunício Oliveira (MDB-CE),de encaminhar os dois projetos delei para análise das comissõestécnicas. "Essas matérias chegaramaqui no final do semestre passado. Eé natural que tenhamos de fazer ummínimo de debate de propostasdessa magnitude. São matériaspolêmicas e elas terão um debatemais amplo", justificou Eunício.

Nos bastidores, o clima noMinistério de Minas e Energia era deperplexidade e decepção. Haviaotimismo quanto à votação dos doisPLs na primeira quinzena de agosto.A aprovação até meados do mês eraconsiderada fundamental parapermitir o leilão de excedentes depetróleo nos seis blocos da cessãoonerosa até o fim deste ano. Ocertame pode render mais de R$100 bilhões aos cofres públicos.Para organizar os preparativos dadisputa, no entanto, o ministériocalcula pelo menos três a quatromeses após a sanção do projeto delei.

A venda de outras quatrodistribuidoras da Eletrobras,marcada para o dia 30 de agosto,também depende de projeto pararesolver passivos das empresas e darmais atratividade ao negócio. Só aCepisa (PI), mais saudável entretodas as distribuidoras, foi leiloadaaté agora. Sem o PL, a privatizaçãoda Amazonas Energia fica inviável.Outras três empresas - Boa Vista(RR), Ceron (RO) e Eletroacre (AC)- também estão no pacote. "Vamosver se alguma delas ainda tem omínimo de viabilidade", dissereservadamente uma autoridade dosetor elétrico.

Assessores presidenciais serecusaram a jogar oficialmente atoalha. O ministro Carlos Marun(Secretaria de Governo), articuladordo Planalto com o CongressoNacional, tentou amenizar a derrota."Não desistimos de nada", garantiuMarun. "Nossas prioridades noSenado Federal continuam sendo acessão onerosa e a questão dasdistribuidoras da Eletrobras. Temosa convicção que chegaremos a bomtermo para que isso possa ser votadoo mais rápido possível, nesta semanaou na outra, ainda em agosto."

Moreira Franco (Minas eEnergia), um dos auxiliares maispróximos do presidente MichelTemer, disse esperar que oadiamento da votação pelo Senadoainda possa ser revertido. Ele relatou

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ter pedido ao presidente paraconversar com Eunício sobre oassunto e afirmou que ele mesmofará um apelo ao senador. Moreiraadmitiu dificuldades na negociação,mas acrescentou que "conversa ecaldo de galinha não fazem mal aninguém". "Não é uma questão dogoverno atual ou futuro. É umaquestão do país. O país precisaavançar."

Os dois projetos de lei já foramaprovados na Câmara dosDeputados. Por causa das eleições,o Senado está em regime de esforçoconcentrado. Reúne-se esta semanae só deve voltar a se encontrar naúltima semana de agosto e em umasemana do mês de setembro. Avotação dessas duas matériasdiretamente em plenário dependeriada aprovação de requerimentos deurgência.

Há resistências, no entanto,espalhadas pela base aliada e nopróprio partido de Temer. Dois dossenadores mais influentes do MDBse posicionam abertamente contra oPL das distribuidoras da Eletrobras."Eu, sinceramente, acho que não temsentido o governo correndo contrao tempo na reta final para se desfazer

do patrimônio público a preço debanana", disse Renan Calheiros(AL).

Eduardo Braga (AM), ex-ministro de Minas e Energia, foicontundente na crítica ao projeto ealerta para o risco de um "tarifaço"no Amazonas. "Algumas empresasestão em condições de serprivatizadas. Outras, não. É o casoda Amazonas Energia. Não existemcondições econômicas, nemregulatórias. A dívida da empresa éde R$ 20 bilhões e o PL só resolveR$ 7 bilhões", afirma.

"Outros R$ 13 bilhões ficariampara o consumidor amazonense. Nósjá temos a terceira tarifa de energiamais cara do Brasil e ela ficariaimpagável", completa Braga. Paraele, não há como votar o projeto dojeito que está. "Ou a União preparaefetivamente a Amazonas Energiapara ser comercializada ou oconsumidor vai pagar um preço muitoalto pela privatização. A modelagemestá errada. Ela foi feita para umaempresa como a Cepisa, Celg ouEletroacre", conclui o emedebista.(Colaboraram Carla Araújo, deBrasília, e Rodrigo Polito, do Rio)

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Com PL, distribuidoras teriaminvestidores interessados em leilão

Por Rodrigo Polito e CamilaMaia | Do Rio e de São Paulo

O mercado de energia elétricaenxerga interesse de companhias eaté de disputa no leilão das quatrodistribuidoras da Eletrobraslocalizadas no Norte - AmazonasDistribuidora de Energia (AM),Ceron (RO), Boa Vista Energia (RR)e Eletroacre (AC) -, marcado para30 de agosto na B3. A nãorealização do leilão e consequenteliquidação das concessões, porém,seria "catastrófica" para o setor,podendo deixar os mais de 10milhões de habitantes dessesEstados sem um fornecedor deenergia a partir de 2019.

Na avaliação de especialistas eexecutivos do setor, o baixo quórumdo leilão da distribuidora piauienseCepisa, no fim de julho, vencidopela Equatorial Energia, únicaparticipante, não pode ser encaradonecessariamente como umtermômetro para as próximaslicitações, pois os ativos sãodiferentes.

"Cada empresa analisamos deforma individualizada. As condiçõesque são colocadas em cada empresavariam muito. Alguma empresa temmais dívida, outra tem maiscontingência, a questão da distânciado nível regulatório [estipulado pelaAgência Nacional de EnergiaElétrica (Aneel)] é diferente", disse

o executivo de uma empresa dosetor. "Cada empresa está de umjeito. Então cada análise é feita deum jeito. Continuamos avaliando asempresas que têm leilão previstopara o fim de agosto".

Um fator determinante para osucesso do leilão das distribuidorasdo Norte é, de fato, a aprovaçãopelo Senado do Projeto de Lei (PL)que garante neutralidade de custos esoluciona pendências financeirasdessas empresas para o próximocontrolador. A expectativa dogoverno é que o PL seja aprovadoantes do leilão. "Para elas[distribuidoras] serem viabilizadas, épreciso aprovar o PL", disse oexecutivo.

Mesmo as distribuidoras Cerone Eletroacre, que não dependemdiretamente do PL para seremviáveis, ficam consideravelmentemais "atrativas" com a mudança nalegislação.

A não aprovação do PL é umcenário temido pelo setor elétricopois não há "plano B" para asconcessões desses estados. Omesmo vale para a Ceal, do Alagoas,cuja privatização está vetada poruma liminar do Supremo Tribunal deJustiça (STF). Juntas, as trêsconcessões têm mais de 3 milhõesde unidades consumidoras, queficarão sem um concessionário deenergia a partir de janeiro, caso aprivatização não saia. Sem recursos

para investir nessas empresas, aEletrobras devolveu as concessõesem julho de 2016, e está prestandoo serviço apenas como "designada".

O cenário também é péssimo paraa Eletrobras, que teria um custo deR$ 21 bilhões com a liquidação dasconcessões.

Para o coordenador do Grupo deEstudos do Setor Elétrico (Gesel),da UFRJ, professor Nivalde deCastro, o fato de a Equatorial tersido a única participante do leilão daCepisa não indica necessariamenteque as distribuidoras da Eletrobrasnão são atrativas. "O prêmio pagopela Equatorial Energia mostrou queela via atratividade na Cepisa", disseo especialista.

Segundo ele, os demais gruposde energia do país estão olhando asoutras empresas da Eletrobras. Háinteresse também pela Ceal, cujaprivatização está suspensa porliminar do ministro do STF RicardoLewandowski, no contexto de umadisputa entre o governo do Estado ea União.

Para Claudio Sales, presidente doInstituto Acende Brasil, aparticipação de uma única empresano leilão da Cepisa não foi algonegativo. "Havia uma conjunturaapertada e alguns players já tinhamse posicionado em outros ativos[Como a Enel, que adquiriurecentemente a Eletropaulo]. Todos

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as distribuidoras da Eletrobras sãodifíceis, mas seguramente asempresas estão olhando para elas",disse.

Centrais sindicais, contrárias àprivatização das distribuidoras,porém, têm trabalhado junto aossenadores para tentar evitar avotação do projeto, pelos menosantes das eleições, o que jácomprometeria o leilão previsto parao fim deste mês. "Estamos indo aosgabinetes dos senadores", disseNailor Gato, vice-presidente daFederação Nacional dosUrbanitários (FNU) e presidente doSindicato dos Urbanitários deRondônia (Sindur-RO).

08/08/18

Teto só muda com reforma, diz Vescovi

Por Fábio Pupo | De Brasília

Ana Paula Vescovi: É preciso uma"discussão robusta com Congressoe sociedade".

A secretária-executiva doMinistério da Fazenda, Ana PaulaVescovi, afirmou que uma eventualaceleração no ritmo de aprovaçãode reformas macroeconômicaspoderia levar o próximo governo arediscutir a regra do teto de gastos.No entanto, ela ressaltou que anorma constitucional - que impedeo crescimento real das despesas -precisaria, neste caso, sernovamente debatida com oCongresso.

"Fizemos o teto de gastosprevendo um ajuste gradual em dezanos. Se as reformas foremaceleradas e houver um ajuste maisrápido, ele [próximo governo]poderá eventualmente rediscutir aregra do teto", afirmou. "Agora, éuma emenda constitucional e tem quefazer uma discussão robusta com oCongresso e a sociedade",completou.

A secretária, que participou deseminário em Brasília, disse que asreformas em discussão no Congresso- como a da Previdência - são oprincipal instrumento parareequilibrar as contas públicas. Osindicadores fiscais, segundo ela, têmproblemas como a indexação dosgastos obrigatórios e o"engessamento" orçamentário, o quedeixa para o governo pouca margempara escolher no que vai gastar.

A secretária mencionou ainda areforma tributária e disse que arecente redução da carga deimpostos das empresas aplicadapelos Estados Unidos traz um"desafio enorme" para o Brasil. "Elesreduziram a tributação corporativa,e as empresas estão pagando 21%de impostos lá. Na Europa [a carga]é similar", disse.

No Brasil, de acordo com ela, ascompanhias pagam carga tributáriamaior, de 34%. "É óbvio que issogera pressão adicional sobre osistema tributário brasileiro e é algoque se estabelece como um novodesafio para a nossa discussão dereforma."

Ela defendeu ainda que sejarepensado o pagamento de impostospelos mais ricos e afirmou que ogoverno tomou iniciativa nessesentido ao criar uma proposta detributação sobre fundos de

investimentos exclusivos. "A gentedevia pensar a tributação na parte decima da pirâmide. E temos umaproposta concreta sobre os fundosfechados. É uma forma de darisonomia e um exemplo claro decomo tributar o andar de cima",afirmou.

A proposta do governo foienviada na semana passada e prevêque o recolhimento de impostossobre esses fundos seja semestral -atualmente a cobrança ocorresomente nos casos de resgate dascotas ou em amortização.

A taxação sobre dividendos outrotema recorrente na área tributária,poderia ser feita, segundo asecretária, de duas formas: sobre apessoa física ou a jurídica. "Quandoesses lucros são distribuídos para apessoa física, deixam de estar nosistema produtivo como fonte definanciamento à produção e aoinvestimento e têm que ser tributadoscomo pessoa física", defendeu.

A segunda opção seria atributação dos dividendos antes deeles saírem das companhias. "Aí temque tomar cuidado para não tributara poupança. Porque distorceria aintenção de poupar, que é a reservade lucros e resultados para fazerinvestimentos e abater dívidas",afirmou.

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Além de participar das discussõessobre as reformas, a secretáriaanalisou medidas microeconômicasao considerar que o governo podeaté estudar antecipar medida queeleva para R$ 1,5 milhão o teto devalor das unidades que podem seradquiridas por meio do SistemaFinanceiro de Habitação (SFH).Apesar disso, ela ponderou que oCMN decidiu pelo começo devigência da regra em janeiro de 2019justamente para dar previsibilidadeao setor.

Por isso, considera o intervalo atéa implementação importante. "Achoque precisa de um tempo para o setorentender a medida e se organizar,acho que é importante", disse.

08/08/18

Reajuste de salários opõe ministros no Supremo

Por Isadora Peron e LuísaMartins | De Brasília

O ministro RicardoLewandowski: "Primeiro, não éaumento, é reajuste. Nós estamosdefasados em mais de 40%".

O reajuste no salário dosministros do Supremo TribunalFederal (STF) será debatido hojepelos integrantes na Corte em umasessão administrativa marcada paracomeçar às 18h. A presidente doSTF, ministra Cármen Lúcia,defende não incluir o aumento naproposta orçamentária que seráenviada ao Congresso, masministros devem contestar a decisãoda magistrada.

"Primeiro, não é aumento, éreajuste. Nós estamos defasados emmais de 40% (em relação às perdascom a inflação)", disse ontem oministro Ricardo Lewandowski.

Segundo ele, "a boa técnicaorçamentária" prevê que o STF deveencaminhar uma proposta dereajuste para a categoria para seravaliada tanto pelos parlamentaresquanto pelo Executivo. "Se o

Congresso vai conceder ou não, seo presidente veta ou não, isso é umoutro problema, a gente está só noplano da técnica orçamentária",defendeu.

Assim como aconteceu no anopassado, Lewandowski deve pedira inclusão no orçamento da propostade elevação da remuneração dosministros. Na época, ele defendeu umreajuste de 16,38%, mas foi vencidopela maioria - apenas dois dos onzeministros o acompanharam, Luiz Fuxe Marco Aurélio Mello.

Na época, venceu o grupo deCármen Lúcia. A última propostaenviada pelo STF ao Legislativo foi2015, quando Lewandowski estavana presidência da Corte e sugeriuelevar o subsídio mensal dosministros de R$ 33,7 mil para até R$39,2 mil. "No meu tempo, eu fiz oorçamento, fiz os remanejamentosnecessários, agora não sei de nada",comentou o ministro ao serquestionado se haveria espaço parafazer uma remanejamento derecursos para viabilizar o reajuste.

A tendência, porém, é que otribunal fique mais dividido este ano.Fux também avalia submeter durantea reunião a proposta da Câmara deConciliação da Advocacia-Geral daUnião (AGU) de incorporar oauxílio-moradia ao valor do saláriodo ministros. O relatório da AGUsobre o pagamento do benefício deR$ 4,3 mil a juízes e promotores foi

devolvido ao STF no mês passadosem um acordo fechado.

Nos dois anos em que esteve àfrente da presidência do Supremo,Cármen Lúcia decidiu não endossaro reajuste para a magistratura. Aposição da ministra é que não é omomento para discutir o assunto,devido à crise econômica pela qualpassa o país.

Nas últimas semanas,representantes de juízes e doMinistério Público Federal tiveramdiversas reuniões com a ministra eapresentaram uma proposta derevisão de 12%, o que teria umimpacto de R$ 3 bilhões nos cofrespúblicos.

Atualmente, os integrantes daCorte recebem R$ 33,7 mil. Oincremento na remuneração elevariao teto salarial para todo ofuncionalismo público, gerando ochamado "efeito cascata", pois servede base para aumentos de outrascategorias.

Também sob o comando deCármen Lúcia, o Conselho Nacionalde Justiça (CNJ) apresentou ontema proposta orçamentária do órgãoque será encaminhada ao Congresso.O valor proposto será de R$ 231,1milhões, o que representa umaumento de 4,7% em relação aoorçamento do Conselho em 2018.

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08/08/18

Segundo CNJ, o valor respeitouo limite estabelecido pelo Ministériodo Planejamento com base napolítica de teto de gastos do governo."O valor é suficiente e adequado paraas despesas necessárias para odesempenho das atividades do CNJe de acordo com projeções feitas",disse.

A presidente do STF tambémafirmou que realizou uma"administração extremamenteaustera" à frente do órgão para queo Poder Judiciário pudesse contribuircom o momento do País.

08/08/18

Ajuste fiscal 'é o que estáno cardápio', diz Arminio

Por Leila Souza Lima | De SãoPaulo

O ex-presidente do BancoCentral Armínio Fraga disse ontemque, independentemente dosresultados nas urnas, o país nãopoderá se esquivar de fazer o ajustefiscal. "O maior problema hoje é nãotomar decisões difíceis, o que podeacarretar sacrifícios maiores. Muitasvezes a gente ouve: 'vamos fazer oajuste fiscal ou ser felizes?' Não temisso no cardápio. O que está nocardápio é fazer o ajuste e nãomergulhar numa crise maisprofunda", afirmou o economista,após participar de debate noGovTech Brasil - evento em SãoPaulo para discutir o papel dainovação e tecnologia na construçãode governos eficientes.

Segundo Arminio, "em passadonão muito distante", o Brasil seguiuna direção oposta. "A partir de umdiscurso populista, tomamos ocaminho das péssimas políticaspúblicas e deu no que deu. O paísestá aí quebrado, com desempregoalto, um sofrimento enorme, quandodeveríamos estar crescendo",observou.

Arminio destacou que, noambiente atual, com recrudescimentodesse populismo, é preciso passarpara as pessoas a sensação de que

elas têm oportunidades. Estimular osentimento de solidariedade e decontarem com uma rede deproteção. "Esse é o nosso maiordesafio. O mercado fez muitosavanços, mas está perdendo nocampo da felicidade geral daspessoas", disse o fundador da GáveaInvestimentos.

Ao abordar as perspectivas paraa inovação no país, o ex-presidentedo BC foi taxativo ao dizer que aparceria entre o governo e o setorprivado não tem sido bem-sucedida.O "ecossistema" brasileiro, pontuou,ainda favorece "predadores", com acaptura do Estado por grupos deinteresses. "Há um desequilíbrio. E,nesse campo, o terceiro setor temestado à frente de iniciativasinteressantes", ressaltou oeconomista.

As reformas necessárias aocrescimento, segundo Arminio,dependerão da qualidade do debatepolítico nos próximos 60 dias,período que precederá a sucessãopresidencial: "Se alguém se eleger emcima de uma plataforma realista, queencare os problemas do país, aschances de algo acontecer no campodas reformas aumentarãoimensamente. Não só em tecnologia,mas nas áreas básicas: educação,saúde, meio ambiente, segurança."

O ex-presidente do Banco

Central disse que somente serápossível ter uma visão melhor dasopções entre os candidatos daqui aum mês, quando eles estiverem seposicionando melhor sobre osassuntos. "Se não conseguiremapresentar propostas concretas apartir de diagnósticos rigorosos,minha impressão é que vamos ficarsofrendo. Mas está um pouco cedoe não quero prejulgar ninguém. Aspessoas podem ter uma história deadesão a ideias ou modelosequivocados - e temos muito dosdois no Brasil -, mas de repentemudam. Vamos ver", ponderou.

Presente ao debate, o economistaMarcos Lisboa, ex-secretário depolítica econômica do Ministério daFazenda e atual presidente do Insper,defendeu que é preciso discutir o queclassifica como apego da sociedadee do mercado brasileiros a projetosmal sucedidos. Segundo ele, apobreza no país, em parte, temrelação com a prática de socorrofinanceiro aos negócios que dãoerrado.

"O Estado tem que protegermenos indústrias atrasadas", afirmouLisboa, ao defender o fim dasatividades de empresas ineficientes:

"Não deu certo? Fecha e vendeos ativos. Não tem que gastar maisdinheiro", disse o economista.

BRASILValor Econômico

08/08/18

Cientistas protestam contra cortes edivulgam estudos nas redes sociais

Pesquisadores tiveramengajamento bastante elevado,segundo análise da FGV, paraexplicar o que já estudaram comfinanciamento público

Phillippe Watanabe

São Paulo "Eu pesquisoaglomerados de galáxias", escreveua astrofísica Stephane Werner,mestranda da USP, no Twitter,"para, no fim, tentar entender comoo Universo funciona". "Eu tentootimizar o tratamento de tuberculosepara diminuir os efeitos colaterais",relatou o graduando de farmáciabioquímica @Araujo_Renan.Histórias como essa inundaram asredes sociais na última semana,acompanhadas da hashtag#existepesquisanobr. O temaganhou força após as declaraçõesde Jair Bolsonaro (PSL) noprograma Roda Viva, no último dia30. "Nós somos carentes nessa área,nós não temos pesquisa no Brasil",disse o presidenciável. Dois diasdepois, o conselho superior daCapes, maior agência de fomento àpós-graduação no país, emitiu umanota endereçada ao MEC dizendoque, se o orçamento anual viessecomo planejado, em agosto de 2019não haveria mais recursos. Outraonda de manifestações ganhou asredes sociais com a hashtag

#minhapesquisacapes. Protestos eexplicações sobre inúmeraspesquisas desenvolvidas no paísganharam as redes e geraram umengajamento atipicamente elevadopara os padrões do Twitter. Ageneticista Mayana Zatz disse que ocorte seria "um desastre irreversível",o neurocientista Miguel Nicolelischamou de "juízo final da ciênciabrasileira", e, para o climatologistaPaulo Artaxo, a situação seria"surreal".

Werner recebe R$ 1.500 mensaisda Capes para realizar sua pesquisa."Temos que nos dedicar em tempointegral, não temos vale-refeição,vale-transporte e não há tempo paratrabalhar em paralelo." Sem o auxílio,ela não teria como terminar omestrado. "Meus pais não têm comome bancar. Eu teria que largar acarreira científica."

Marcela Latanda, doutorandapelo programa de biotecnologia,também da USE iniciou há doismeses uma pesquisa sobre resistênciade tumores à quimioterapia. Ela, querecebe cerca de R$ 2.200 mensais,classificou a notícia comodesesperadora. "Pensando comocidadã, é desperdício deinvestimento público."

Uma análise da FGV Dapp

(Diretoria de Análise de PolíticasPúblicas) quantificou esseengajamento na rede social. Entre oinício da tarde de quinta (2) e o meio-dia de sexta (3), foram 124.300mensagens sobre o tema no Twitter.

No pico das menções sobre oassunto, foram registrados 213 tuítespor minuto. Para os pesquisadoresda FGV, a quantidade é expressiva,sendo comparável à menção denomes de candidatos à presidênciadurante a participação emprogramas de TV.

Com as hashtags, predominouuma visão negativa sobre o futurocientífico no Brasil. Uma das váriascomparações feitas pelos internautasfoi com o auxílio-moradia recebidopor magistrados.

Ildeu Moreira, presidente daSBPC (Sociedade Brasileira para oProgresso da Ciência) afirma que a#existepesquisanobr é um primeiropasso, mas que não pode parar poraí. "Temos uma tradição no Brasil dea comunidade científica ser maisfechada em si mesma, com umainteração pequena com a sociedade.Temos que superar isso."

Os cientistas muitas vezes nãodivulgam suas pesquisas com acrença de que não serão

CIÊNCIAFOLHA DE SÃO PAULO

08/08/18

compreendidos pela população leiga,de acordo com Carlos Hotta,cientista da USP que estuda o relógiobiológico das plantas e que tambémentrou na #existepesquisanobr.

"O cientista pode educar apopulação cientificamente ao mesmotempo em que ele divulga suapesquisa", diz Hotta. "No cenáriobrasileiro, isso é uma obrigação. Umcientista que não faz isso, para mim,é um profissional incompleto."

As redes sociais podem servircomo arma para que a populaçãoveja de modo mais transparente paraonde vai — pelo menos na ciência— o dinheiro público. Além de,claro, ter contato com um mundo queparece inacessível.

Procurados, o Ministério daEducação e o Ministério doPlanejamento, Desenvolvimento eGestão afirmam que a Proposta deLei Orçamentária ainda pode sofreralterações. "O Ministério daEducação reafirma que não haverásuspensão do pagamento das bolsasda Capes", diz, em nota, a pasta.

Colaborou Gabriel Alves

08/08/18

ELEIÇÕES 2018 »Um anexo de R$ 80 milhões

A Secretaria de Patrimônio daUnião e a Fundação OscarNiemeyer assinam contrato quepermitirá a construção de um prédioao lado do Ministério doPlanejamento, no bloco K, paraalocar 2,7 mil servidores

» ALESSANDRA AZEVEDO

Após quatro anos de discussãoentre a Secretaria do Patrimônio daUnião (SPU), vinculada aoMinistério do Planejamento,Desenvolvimento e Gestão, e aFundação Oscar Niemeyer, o anexodo bloco K da Esplanada dosMinistérios poderá, enfim, sair do

papel. Eles assinaram ontem umcontrato que permite a construção doprédio ao lado do Ministério doPlanejamento, que poderá alocar até2,7 mil dos 6,3 mil servidores ativosda pasta.

O governo federal pagará R$797,6 mil à fundação para poder usare alterar o projeto arquitetônicooriginal dos anexos, incluindo túnelsuspenso de conexão com o edifícioprincipal, por tempo indeterminado.Com a construção do prédio, oobjetivo é reduzir despesas comaluguel de imóveis pela União — R$1,788 bilhão saiu dos cofres públicosem 2017 para pagar aluguéis econdomínios para alocar parte dos

633 mil servidores públicos ematividade nos diversos órgãos.

Como a área é tombada, o anexoserá feito nos mesmos moldes dosnove que já foram construídos naEsplanada, conforme exige oInstituto do Patrimônio Histórico eArtístico Nacional (Iphan). Ou seja,será composto por dois blocosinterligados em forma de H, cada umcom cinco pavimentos acima do solo— um térreo e quatro superiores —e um subsolo. Espaço suficiente paraalocar pelo menos um terço dos 4,4mil funcionários da pasta quetrabalham atualmente no DistritoFederal.

A SPU não informou quanto aUnião precisará gastar para erguero prédio com as mesmasespecificações dos que já existem.O órgão afirmou que vai esperar orecebimento do projeto para estudá-lo e estimar o valor. Todos osdocumentos serão digitalizados eenviados à secretaria nas próximasduas semanas, garantiu o diretorexecutivo da Fundação OscarNiemeyer, Ciro Pirondi.

Pelas estimativas de Pirondi,feitas a pedido do Correio em março,a obra não deve sair por menos deR$ 80 milhões, sem contar gastoscom instalações elétricas e opagamento dos direitos autorais àfundação. Por esses cálculos, casoo governo decida construir os oitoprédios que ainda não têm anexos

POLÍTICACORREIO BRAZILIENSE

Governo pagará mais R$ 797,6 mil para alterar o projetoarquitetônico original dos edifícios da Esplanada

08/08/18

na Esplanada, precisará desembolsarpelo menos R$ 640 milhões.

O contrato assinado ontem porPirondi e pelo subsecretário deassuntos administrativos doMinistério do Planejamento, WalmirGomes, autoriza o governo federal areplicar o projeto original dos anexospara a edificação, por enquanto,apenas do prédio complementar aobloco K, onde está instalado oMinistério do Planejamento. Paraconstruir outros anexos, o governoprecisará de uma nova autorizaçãode uso do projeto.

Consenso

As negociações entre a SPU e afundação estavam em curso há anos,com dificuldades de entendimentoentre as partes, como noticiou oCorreio. O que impedia o anexo deser construído era a falta de acordoquanto ao preço que deveria serpago pelo projeto. “Estamos hojesuperando entraves jurídicos que, pormuito tempo, nos impediam deprojetar as novas unidades”,comemorou ontem o subsecretáriode Assuntos Administrativos dapasta, Walmir Gomes.

Segundo Pirondi, o grandeobstáculo à assinatura desse contratofoi a discussão sobre a propriedadedos direitos autorais das obras deNiemeyer. “Havia uma discussão nafamília. Finalmente, estamos saindode uma dimensão familiar para umadimensão maior”, afirmou o diretorexecutivo da fundação.

08/08/18

Maia quer realismo

O presidente da Câmara dos Deputados, RodrigoMaia (DEM-RJ), voltou a afirmar ontem que sócolocará em votação o projeto de lei que trata demudanças na Lei Kandir caso os governadores eentidades interessadas apresentem soluções realistassobre de onde o governo federal pode retirar recursospara compensar Estados e municípios.

“Eu disse para os governadores que, apesar deentender que não cabe mais a Lei Kandir no país. Sefor para ser tributada, os estados deveriam ter liberdade,como entes federados, para fazê-lo. Mas eu não sou odono da Casa e disse que me comprometeria a pautara matéria se me mostrassem de onde, dos 104% dedespesas obrigatórias que o orçamento tem hoje, vãotirar os recursos para que se possa votar a matéria”,disse.

De acordo com Maia, se não houver esseconvencimento, “será muito difícil pautar (as mudançaspara) a Lei Kandir”. “A mesma crise fiscal que osestados vivem, o governo federal vive também”,completou. Por isso, soluções como a retirada dosrecursos de investimentos não têm a menor condição.“Se há um deficit primário, o investimento não existe.Temos que organizar as contas públicas primeiro”,afirmou.

POLÍTICACORREIO BRAZILIENSE