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VALOR ECONÔMICO Investimentos: Imóveis e projetos de infraestrutura terão mais recursos Petros eleva participação em renda variável Vera Saavedra Durão e Janes Rocha, do Rio Segundo maior fundo de pensão do país, com R$ 44 bilhões em patrimônio, a fundação Petros, dos funcionários da Petrobras, já traçou as linhas gerais de seu programa de investimentos para 2010. Pretende aumentar a participação dos ativos de renda variável em seu portfólio, dos atuais 30% para algo em torno de 40% a 45%. No setor imobiliário, a fundação quer ampliar, em médio prazo, de 2,5% para 4%, com foco em imóveis comerciais para aluguel, contou o presidente Wagner Pinheiro. Atualmente, a Petros detém participação em 34 empreendimentos, que totalizam R$ 1,01 bilhão. Os imóveis comerciais representam 56% da carteira, dos quais 47% são imóveis locados à Petrobras. Dos planos futuros, os projetos mais avançados são a construção de edifício comercial em Salvador (BA) e a negociação para compra de imóvel comercial de primeira linha situado no Centro do Rio de Janeiro. Presente como acionista no bloco de controle de grupos empresariais gigantes, como Vale do Rio Doce, BRF - Brasil Foods, JBS Friboi, CPFL, ALL e Invepar, a Petros pretende manter estas posições e ao mesmo tempo avançar em grandes projetos de infraestrutura, principalmente energia. "Gostaríamos de ampliar a participação na CPFL, é uma empresa que vai crescer, acreditamos no setor de energia", disse Pinheiro, em entrevista ao Valor. Via CPFL ou mesmo diretamente, a fundação poderá entrar na composição de investimentos do consórcio que vem sendo formatado com CPFL, Neoenergia e Vale para disputar a usina hidrelétrica de Belo Monte. Na Invepar (empresa controlada pelos fundos de pensão Previ, Petros, Funcef e a Construtora OAS), que opera as concessões da rodovia Raposo Tavares e do Metrô do Rio, o plano é aumentar a fatia de 20% para 25% do capital. "O setor de concessões rodoviárias vai continuar dando rentabilidade em longo prazo." Além de energia, os gestores do fundo de pensão dos empregados da Petrobras analisam outros projetos de infraestrutura, como o do trem bala, eventos esportivos (Copa e Olimpíadas) e portos. A Petros já é sócia dos portos de São Francisco do Sul e Itapoá, ambos em Santa Catarina. Em Itapoá, o investimento foi viabilizado através da GP Logística, com a subscrição, em parceria com a Funcef - fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal - de uma emissão de CCB do porto, onde cada fundo investiu R$ 165 milhões. Pinheiro diz que não tem nenhuma intenção em sair da Vale, onde a Petros tem participação minoritária de R$ 3,3 bilhões dentro da Litel, cerca de 7%. A Litel abriga ainda outros fundos, Previ, Funcef e FunCesp, na Valepar, holding que controla a mineradora. "Não achamos que a empresa

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VALOR ECONÔMICO

Investimentos: Imóveis e projetos de infraestrutura terão mais recursos Petros eleva participação em renda variável

Vera Saavedra Durão e Janes Rocha, do RioSegundo maior fundo de pensão do país, com R$ 44 bilhões em patrimônio, a fundação Petros, dos funcionários da Petrobras, já traçou as linhas gerais de seu programa de investimentos para 2010. Pretende aumentar a participação dos ativos de renda variável em seu portfólio, dos atuais 30% para algo em torno de 40% a 45%. No setor imobiliário, a fundação quer ampliar, em médio prazo, de 2,5% para 4%, com foco em imóveis comerciais para aluguel, contou o presidente Wagner Pinheiro. Atualmente, a Petros detém participação em 34 empreendimentos, que totalizam R$ 1,01 bilhão. Os imóveis comerciais representam 56% da carteira, dos quais 47% são imóveis locados à Petrobras. Dos planos futuros, os projetos mais avançados são a construção de edifício comercial em Salvador (BA) e a negociação para compra de imóvel comercial de primeira linha situado no Centro do Rio de Janeiro. Presente como acionista no bloco de controle de grupos empresariais gigantes, como Vale do Rio Doce, BRF - Brasil Foods, JBS Friboi, CPFL, ALL e Invepar, a Petros pretende manter estas posições e ao mesmo tempo avançar em grandes projetos de infraestrutura, principalmente energia. "Gostaríamos de ampliar a participação na CPFL, é uma empresa que vai crescer, acreditamos no setor de energia", disse Pinheiro, em entrevista ao Valor. Via CPFL ou mesmo diretamente, a fundação poderá entrar na composição de investimentos do consórcio que vem sendo formatado com CPFL, Neoenergia e Vale para disputar a usina hidrelétrica de Belo Monte. Na Invepar (empresa controlada pelos fundos de pensão Previ, Petros, Funcef e a Construtora OAS), que opera as concessões da rodovia Raposo Tavares e do Metrô do Rio, o plano é aumentar a fatia de 20% para 25% do capital. "O setor de concessões rodoviárias vai continuar dando rentabilidade em longo prazo."Além de energia, os gestores do fundo de pensão dos empregados da Petrobras analisam outros projetos de infraestrutura, como o do trem bala, eventos esportivos (Copa e Olimpíadas) e portos. A Petros já é sócia dos portos de São Francisco do Sul e Itapoá, ambos em Santa Catarina. Em Itapoá, o investimento foi viabilizado através da GP Logística, com a subscrição, em parceria com a Funcef - fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal - de uma emissão de CCB do porto, onde cada fundo investiu R$ 165 milhões.Pinheiro diz que não tem nenhuma intenção em sair da Vale, onde a Petros tem participação minoritária de R$ 3,3 bilhões dentro da Litel, cerca de 7%. A Litel abriga ainda outros fundos, Previ, Funcef e FunCesp, na Valepar, holding que controla a mineradora. "Não achamos que a empresa (Vale) chegou ao ponto de venda ou que tenha atingido o máximo de distribuição de dividendos." A Litel detém a maior participação dentro do bloco de controle na Valepar. O presidente da Petros garante que nunca foi contatado pelo empresário Eike Batista, que andou sondando os fundos e a Bradespar para entrar na Vale. E explica que a única condição em que a Petros poderia vir a sair da Vale seria se a Previ (que tem 85% do capital da Litel) aceitasse uma boa oferta por sua participação, que necessariamente seria estendida aos demais sócios Petros, Funcef e FunCesp. "Aí, sairíamos todos (os fundos) juntos."Para o presidente da Petros, a governança da Litel é um problema, pois a gestão é da controladora Previ. "Não temos poder de decisão nenhum, somos muito pequenos e estamos presos a uma estrutura societária desenhada em 1997, que enfraquece a Petros e fortalece a Previ." Pinheiro defende que quem tem recursos aplicados na participação de uma empresa deve exercer seu direito. Para ele, fundo de pensão não pode ser apenas investidor financeiro. "Se tiver dinheiro colocado na empresa, tem também de exercer poder nesta empresa." "Por que andar dizendo que fundo de pensão só pode ser investidor financeiro?", disse Pinheiro numa referência a recente artigo de Fernando Henrique Cardoso (publicado no jornal "O Estado de S. Paulo", em 1º de novembro). No texto, o ex-presidente critica o fato de que no Brasil os fundos não são apenas acionistas (vendedores e compradores de ações), mas gestores que participam

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dos blocos de controle ou dos conselhos das empresas privadas ou "privatizadas". No seu entender, o direito de capitalização do fundo de pensão nas empresas lhe dá o direito de exercer o poder econômico nelas. "Não temos que terceirizar o poder, se colocamos capital, somos capitalistas com direito de influir no destino do ativo." Pinheiro afirmou ainda que não pretende rever a meta atuarial do plano de benefício definido (IPCA mais juros de 6% anuais), mesmo com a tendência atual de queda da taxa Selic. Ele explicou que isso é porque um terço do patrimônio está indexado a títulos federais de longo prazo (2023 a 2031), que pagam juros entre 9% e 11% anuais mais a correção monetária. "Achamos que a rentabilidade dos investimentos no Brasil ainda vai ficar acima de 6% ao ano por um longo período." Neste contexto, afirma, há muitas oportunidades de investimentos para o fundo de pensão em papéis privados, como CRI, debêntures e projetos de infraestrutura, embora isso demande mais análise técnica."Com mais crescimento do país, puxado pelas obras de infraestrutura, crescimento do mercado de consumo, pré-sal, eventos esportivos, além de novos investimentos, esse conjunto de eventos que está ocorrendo vai trazer um ciclo virtuoso de desenvolvimento e boa rentabilidade para os investimentos."A área de análise econômica da Petros está projetando um cenário de longo prazo com o PIB brasileiro crescendo a taxas acima de 4,5% em média ao ano, nos próximos 10 anos. "Isso vai gerar crescimento das empresas, aumento do mercado para as empresas no exterior e do crédito privado", calcula Wagner.

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Fundação encerra o ano em equilíbrio

Do RioA Petros está encerrando o ano praticamente em equilíbrio de suas contas. Pinheiro calcula um "pequeno superávit" de cerca de R$ 140 milhões. Até setembro, o superávit era de R$ 263 milhões. Ainda fortemente aplicada em renda fixa (64% do patrimônio), a fundação tende a avançar nos próximos 12 meses muito mais na renda variável de forma a cumprir a meta atuarial: garantir a aposentadoria de 130 mil pessoas, dos quais 76,3 mil ativos ."A tendência é os fundos de pensão terem muito mais recursos aplicados em renda variável. Nós devemos caminhar para um investimento de 50% a 60% de nosso patrimônio em ações, dependendo do plano de aposentadoria", disse Pinheiro, referindo-se aos modelos de planos de previdência administrados pela Petros. O maior deles é o de benefício definido (BD), fechado para entrada de novos participantes desde agosto de 2002. Esse plano, onde estão concentrados cerca de R$ 42 bilhões do patrimônio, tem 53 mil participantes aposentados e 32 mil ativos. O mais recente, de contribuições variáveis (CV), com R$ 1,1 bilhão em patrimônio, tem 27 mil participantes. A Petros também administra planos das empresas do sistema Petrobras, privatizadas nos anos 90, entre elas as petroquímicas Copesul, Ultrafertil e Nitriflex. Além desses, a Petros administra 37 planos de 83 empresas e instituições. Os mais recentes instituídos são Unimed Belo Horizonte e Unimed Fortaleza. A estratégia de trazer para dentro da fundação os planos de outras empresas fez com que a Petros saísse de 31 mil participantes em 2002 para 130 mil hoje. Pinheiro explica que a "escala" obtida resultou em ganhos também do ponto de vista administrativo. A equipe que administra a fundação diminuiu de 380 para 450 pessoas e os gastos de custeio da máquina, que consumiam 12% da receita previdenciária no início da década, hoje consomem apenas 6,5%. Com isso, a taxa de administração cobrada dos participantes baixou de 6% para 4%. (VSD e JR)

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Recuperação desigual traz incerteza, afirma BIS

De São PauloO sentimento de recuperação da economia global foi abalado pela notícia de que a companhia

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estatal Dubai World pediu a prorrogação de dívidas, no fim de novembro. Em um ambiente de muita incerteza, a evolução economia continua sendo conduzida pelos estímulos dos governos ao sistema financeiro. A avaliação é do Banco de Compensações Internacionais (BIS) e consta do relatório da trimestral da instituição, liberado para divulgação a partir de hoje.Embora relativo ao segundo trimestre deste ano, o documento avança na análise dos fatos mais recentes, sintonizado com o momento de cautela e expectativa dos mercados em relação ao ritmo da recuperação. Uma das avaliações indica que a retomada desigual nas várias regiões do mundo é parcialmente responsável pelo clima de incerteza ainda reinante. Na visão do BIS, o crescimento não uniforme das várias economias é um fator que "aumenta o risco" da economia global e "agrava os desafios para os formuladores" de políticas econômicas, em especial por políticas monetárias "expansionistas". O BIS nota que, embora haja uma corrente que considere um possível aumento da inflação, a evolução dos preços deve se manter sob controle na maior parte das economias desenvolvidas. Em compensação, as reduzidas taxas de juros dos países ricos tende a impulsionar o fluxo de capitais na direção das economias emergentes, "em especial da Ásia e Pacífico", diz o documento.O BIS detectou nova contração no mercado de crédito no primeiro semestre, embora em ritmo menor que no semestre anterior. Segundo o banco, houve queda de US$ 477 bilhões no volume bruto de crédito concedido na primeira metade do ano. A queda foi puxada pelo mercado interbancário, no qual a retração foi de US$ 481 bilhões. As demais modalidades registraram variações suaves, indicando estabilidade. Houve recuperação significativa, de 10% em relação ao semestre anterior, no volume de contratos de derivativos, com aumento de US$ 605 milhões nos seis meses iniciais de 2009.De acordo com o estudo de Rodrigo Alfaro, do Banco Central do Chile, e de Mathias Drehmann, do BIS, os testes de estresse aplicados aos bancos ao longo do período tiveram efeito limitado e detectaram poucas vulnerabilidades efetivas. O estudo sugere que os testes não têm sido conclusivos para apontar as reais condições da crise - se está de todo superada ou não. Os resultados dos testes de estresse "não coincidem com os padrões de saída" das crises passadas, afirma o relatório da instituição.

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Estratégia: Grupo fecha 2,5 milhões de contratos emdez meses e se prepara para crescer em automóveis

Bradesco Seguros ganha com apólice popular a R$ 9,90

Altamiro Silva Júnior, de São PauloSeguro de acidentes pessoais, auxílio para funeral e um título de capitalização. Tudo isso vendido por R$ 9,90 ao mês. Essa foi a embalagem que o Bradesco formulou para atrair o público de baixa renda. A ideia é vender um pacote de seguros como aqueles combos dos restaurantes de comida rápida. No lugar do lanche, apólices e coberturas para um público que nunca teve seguro antes. Só nos primeiros dez meses do ano, a seguradora do banco vendeu 2,5 milhões de seguros populares, que incluem apólices de perda e roubo do cartão, acidentes pessoais e residencial. É uma média de mais de 11 mil seguros vendidos por dia útil. "Esse público gosta da ideia de comprar um combo, de ter um pacote de produtos", diz Marco Antonio Rossi, presidente do Grupo Bradesco de Seguros e Previdência. Para apostar na população de baixa renda, estimada em mais de 100 milhões de pessoas, o Bradesco resolveu criar uma empresa específica, a Bradesco Affinity, com sede em Alphaville. Criada no ano passado, a empresa nasceu com cerca de 40 funcionários, mas o crescimento exigiu mais gente e ela deve encerrar o ano com 90. Os seguros são vendidos pelos mais diferentes canais, como internet, parcerias com redes de varejo, telemarketing e mala-direta. O seguro popular é encarado como a porta de entrada para o mercado de seguros. "Depois podemos oferecer a esse consumidor uma apólice de automóveis ou algum outro seguro", diz Rossi. Boa parte do público que está comprando esse produto não tem conta em banco. Por isso, a seguradora encara a estratégia de vender seguros para a baixa baixa renda também como uma forma de levar novos clientes para dentro da instituição.

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"Muitas dessas pessoas estão tendo o primeiro contato na vida com um banco e podem virar um correntista", diz Rossi. Mas o mais comum ainda, segundo ele, é o banco levar clientes para a seguradora. O Bradesco abre por dia 6 mil contas correntes, fora os clientes corporativos. Apesar de receber clientes do banco, Rossi avalia que boa parte da base dos correntistas do Bradesco ainda não tem seguro da casa. Na área de vida, por exemplo, a penetração é de 20%. Na área de previdência, é menor e está em 15%.Mas é no segmento de veículos, um dos mais disputados do mercado brasileiro, que a seguradora quer usar a própria base de clientes do banco para crescer e ganhar mercado. "Somos líderes em todas regiões do país em automóveis, exceto no Sudeste", diz Rossi. A região Sudeste é a mais disputada pelas seguradoras, principalmente em São Paulo e no Rio. A Porto é a líder isolada e deve consolidar essa liderança após a parceria com o Itaú. Há também o Banco do Brasil, que se associou à Mapfre, e também quer aumentar sua presença na região. "Não pensamos em liderança hoje, mas em evoluir e ganhar mercado", admite Rossi. Rossi tem menos de um ano no comando da seguradora. O executivo assumiu o cargo em março, substituindo Luiz Carlos Trabuco Cappi, que deixou o Grupo Bradesco de Seguros e Previdência para ser o presidente do banco. Rossi está no Bradesco há 28 anos e foi presidente da Bradesco Vida e Previdência.Este ano, a seguradora deve crescer 10%, puxada pelos segmentos de automóveis, residências e grandes riscos. Para 2010, a previsão é de expansão maior, de 15%, puxada pelas áreas de vida e previdência, que devem ter crescimento na casa dos 20%. Rossi também está otimista com os planos odontológicos, com previsão de expansão mínima de 20%. Em outubro, a seguradora fechou acordo societário com a Odontoprev, que incorporou a Bradesco Dental. Em troca, o banco terá participação no capital da empresa. A Bradesco Seguros é a maior seguradora da América Latina, segundo ranking que a Fundação Mapfre divulgou no final de novembro. Tem 7,6% dos prêmios totais da região. Dentro do Bradesco, responde por 35% do lucro líquido do banco. Trabuco tem dito que o Bradesco é uma moeda de duas faces, de um lado a seguradora e de outro os produtos como crédito, cartões e fundos de investimento. Rossi diz que trabalha para, pelo menos, manter essa participação nos próximos anos.

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Por Dentro do Mercado: Estratégia de saída e Copom de 2010

Cristiane Perini LucchesiA reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana não deverá trazer grandes surpresas ao mercado: a unanimidade absoluta dos analistas acredita que os juros básicos Selic serão mantidos em 8,75% ao ano. A grande dúvida sobre o futuro das taxas fica para o ano que vem. A visão de Alexandre Lintz, estrategista do BNP Paribas, pelo menos por enquanto, é uma rara exceção. Ele aposta que o Copom manterá os juros estáveis em 2010 e só elevará a Selic em 2011. Sua opinião se justifica, em parte, pelo impacto da retirada dos estímulos monetários dos bancos centrais americano e europeu dos mercados internacionais de forma mais determinante já a partir do final do primeiro trimestre do ano que vem. "As condições de liquidez no mundo todo terão mudanças agressivas quando o Fed (banco central americano) e o BCE (Banco Central Europeu) começarem a reduzir estímulos monetários mais heterodoxos, o que eles farão certamente antes de iniciar um movimento de alta nos juros", avalia.Lintz lembra que o Fed comprou um total de US$ 2,5 trilhões em ativos no mercado desde março. Já parou de comprar títulos públicos do governo americano. Iniciou a realização, ainda que só como uma forma de teste, dos chamados "reverse repos", uma forma de retirar reservas bancárias tomando dinheiro emprestado dos bancos com lastro em títulos públicos, algo semelhante às operações compromissadas do Banco Central brasileiro. O Fed anunciou ainda que, em março de 2010, vai parar de comprar títulos lastreados em hipotecas, e parar de expandir seu balanço. O BCE, por sua vez, anunciou que o último leilão de linhas de liquidez de prazo de um ano será neste ano e que linhas de seis meses serão oferecidas somente até março. Em junho, vencem € 442

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bilhões das linhas de um ano, de um total de € 562 bilhões em linhas de longo prazo que vencem durante o ano de 2010.Hoje, segundo lembra Lintz, com toda a liquidez dos BCs no mercado e as compras do Fed, já é possível perceber falta de ativos. "Por isso não temos presenciado realizações de lucros significativas." As linhas novas oferecidas pelo BCE e Fed têm cada vez menos interesse. As bolhas especulativas vão se tornando cada vez mais infladas. "A partir de março, com a mudança na atuação dos BCs, teremos uma alteração no fluxo de dinheiro no mundo", lembra o economista. Por isso, transações de emissão de ações ou bônus serão especialmente favorecidas quando realizadas logo no início do ano, acredita Alexei Remizov, responsável pela área de mercado de capitais do HSBC.Depois disso, os grandes bancos internacionais terão menos liquidez em casa e devem acabar repatriando recursos para se enquadrar, acredita Lintz. As incertezas com a estratégia de saída dos BCs devem impactar o mercado de juros futuros no Brasil, assim como o câmbio, que poderá bater nos R$ 1,90, na sua visão. Ele aposta que a fragilidade da recuperação econômica nos Estados Unidos e na Europa, principalmente, vai manter deprimida a demanda por manufaturados no Brasil. Ainda mais com o real forte e as moedas asiáticas desvalorizadas, tornando os produtos chineses e coreanos mais atrativos do que os brasileiros no mercado internacional e no mercado interno do país. "A geração de emprego no Brasil não será como a esperada por causa da manufatura fraca e a massa salarial vai crescer menos do que o esperado", acredita Lintz. O BC, dessa forma, não vai precisar subir os juros, pois a inflação de demanda vai permanecer sob controle. No mercado futuro, as taxas de juros dos Depósitos Interfinanceiros projetadas para janeiro de 2011 terminaram a sexta-feira a 10,43% ao ano, em alta em relação aos 10,29% da sexta-feira imediatamente anterior.Os números de emprego nos Estados Unidos, divulgados na sexta-feira, são uma mostra do que pode estar por vir. O Departamento do Trabalho divulgou a perda líquida de 11 mil postos de trabalho no mercado americano em novembro, após o tombo de 111 mil postos em outubro, o que surpreendeu os investidores. Diante da visão de que a economia americana pode estar crescendo mais do que o esperado e de que o Fed pode reduzir mais os estímulos monetários, tornando investimentos em dólar mais atrativos, o ouro despencou 5%. A moeda americana se valorizou no mundo todo e terminou a R$ 1,7250, uma alta de 0,94% no dia, mas em queda de 1,09% na semana.Cristiane Perini Lucchesi é repórter de Finanças. O titular da coluna, Luiz Sérgio Guimarães, está em férias.

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Citigroup quer que Tesouro venda ações antes de ser reembolsado

Bradley Keoun, Bloomberg News, de Nova YorkA recusa do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos em vender a sua participação, de 34%, no Citigroup está atrapalhando os planos do banco de liquidar os restantes US$ 20 bilhões devidos aos fundos de resgate do governo, informaram fontes familiarizadas com a instituição.Os executivos do banco estão ficando frustrados porque não podem vender ações para captar dinheiro para o reembolso até que o Tesouro sinalize quando e como vai descarregar os seus 7,7 bilhões de ações, disseram as pessoas, que não quiseram se identificar porque a questão ainda está sendo discutida. Os investidores talvez relutem em comprar ações porque uma venda por parte do Tesouro poderia derrubar o preço."A bola está no campo do governo", disse Chris Kotowski, analista da Oppenheimer & Co. de Nova York, que tem uma classificação de "desempenho equivalente à média do mercado" para as ações do banco. "Não está nas mãos do Citibank vendê-las ou não."Se o Bank of America concretizar o plano de liquidar os US$ 45 bilhões aos fundos de resgate, o Citi se tornará o único grande banco sujeito ao escrutínio de sua política de remuneração por parte de Kenneth Feinberg, o responsável do Tesouro pelo pagamento de funcionários. Entre as empresas que foram resgatadas e ficaram debaixo da tutela de Feinberg estão a seguradora American International Group (AIG) e as montadoras General Motors e Chrysler .

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O presidente do conselho do Citigroup, Richard Parsons, disse em setembro que o banco tem que pagar seus empregados de forma competitiva, para afastar o recrutamento por concorrentes. Por pressão de Feinberg, o banco reduziu este ano a remuneração total de seus 25 executivos mais bem pagos em cerca de 70% em relação aos níveis de 2008.Há mais de três meses, executivos do banco tentam persuadir o Tesouro a realizar a venda. Aos preços de mercado, as ações do Tesouro valem cerca de US$ 31,2 bilhões. Como as ações ordinárias foram convertidas a partir de US$ 25 bilhões dos fundos de resgate, isso equivale a um ganho de capital de cerca de 25%, mais de US$ 6 bilhões.Meg Reilly, porta-voz do Tesouro, recusou-se a comentar se o governo vendeu algumas ações ou sobre quando poderá fazê-lo."O Tesouro não faz comentários sobre instituições individuais, como uma política geral", disse ele. O porta-voz do Citigroup, Jon Diat, disse que não podia comentar o assunto.O Tesouro não informou o Citigroup como ou quando pretende se desfazer da participação, disseram as pessoas.O Citigroup recebeu um total de US$ 45 bilhões no ano passado do Programa de Ajuda a Ativos Problemáticos (Tarp, pelas iniciais em inglês) do Tesouro, de US$ 700 bilhões. Em setembro, US$ 25 bilhões desse montante foi convertido em ações ordinárias, que o Tesouro está livre para vender quando quiser.O principal executivo do Citigroup, Vikram Pandit, de 52 anos, disse em 15 de outubro que está "concentrado em reembolsar o Tarp logo que possível" e que fará isso "após consultar o governo e os nossos reguladores".

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Destaques - Cesce muda comando

A Fitch Ratings melhorou o rating da Globo Comunicação e Participações S.A. As emissões em moeda estrangeira passaram para da classificação "BBB-" para "BBB" . A mesma alteração foi feita em relação à dívida em moeda local, ao passo que a dívida de longo prazo passou de "AA+" para "AAA". De acordo com a agência classificadora, a perspectiva dos ratings corporativos é "estável". A Fitch destaca que a melhoria da classificação "reflete a força" dos negócios da empresa e sua capacidade de preservar o cumprimento de obrigações, mesmo no cenário econômico "mais desafiador" enfrentado em 2009.

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Destaques - Cesce muda comando

O grupo espanhol Cesce elegeu o Brasil como uma de suas prioridades para 2010. Focado em seguro de crédito e garantia, a CesceBrasil tem novo presidente. Enrique Asenjo veio da Espanha para comandar as operações aqui. Uma das primeiras medidas foi investir em tecnologia. No seguro garantia (modalidade que garante que uma obra será construída dentro do prazo) tudo será feito via internet, com apólice digital.

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Destaques - Brasil pode captar

O governo do Brasil poderá emitir um novo bônus no mercado internacional antes do final do ano, afirmou na sexta-feira o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. O bônus possivelmente vai ser denominado em dólares e terá um prazo de 10 anos. Augustin informou ainda que o governo estuda a emissão de um outro bônus no exterior em reais, mas somente em 2010. (Dow Jones)

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Destaques - BofA levanta US$ 19 bi

O Bank of America (BofA), a maior instituição de crédito dos Estados Unidos, captou US$ 19,3 bilhões com a venda de equivalentes a ações a US$ 15 cada. É a maior venda de ações, ordinárias ou preferenciais, por uma empresa de capital aberto dos EUA desde 2000. O banco, que pretende liquidar US$ 45 bilhões dos fundos de resgate do governo americano, vendeu 1,286 bilhão de instrumentos equivalentes a ações ordinárias. (Bloomberg News)

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Melhoria do cenário nos EUA impulsiona Wall Street

Agências internacionaisAs bolsas de valores americanas avançaram na sexta-feira, com a avaliação de que os dados melhores sobre o mercado de trabalho em novembro indicam perspectivas também mais favoráveis para os lucros e para a economia.Setores sensíveis como indústria, tecnologia, consumo e financeiro tiveram os melhores resultados no dia. O índice financeiro da S&P subiu 1,8%, ao passo que as ações da manufatureira 3M tiveram alta de 1,4%, fechando a sessão aos 78,24 dólares, impulsionando o índice Dow Jones.A força do dólar, no entanto, limitou o avanço do mercado, o que acabou pressionando os preços e as ações de commodities e ajudou a estimular expectativas de que o Federal Reserve possa ter de elevar mais cedo a taxa de juro. Mesmo assim, a sessão teve mais ações em alta do que em queda.O Dow Jones fechou em alta de 0,22%, a 10.388 pontos, e o Standard & Poor's 500 subiu 0,55%, para 1.105 pontos. O Nasdaq avançou 0,98%, para 2.194 pontos. Na semana, o Dow acumulou alta de 0,8%, o S&P 500 avançou 1,3% e o Nasdaq, 2,6%.O mercado europeu de ações fechou no maior nível em duas semanas, também devido aos bons indicadores da economia americana. O FTSEurofirst 300 subiu 1,14%, para 1.025 pontos. Foi o maior patamar de fechamento em mais de duas semanas, com destaque para o setor financeiro.O índice avançou 2,9% ao longo da semana. No ano, o FTSEurofirst 300 teve alta de 23%, e desde a mínima registrada em março já acumula alta de 59%."É fantástico. É positivo para a economia como um todo e todo mundo está comprando ações", disse Joshua Raymond, estrategista de mercado da City Index, sobre os dados de emprego dos Estados Unidos. "Foi cerca de 10 vezes menos que o mercado esperava. Isso dá um sinal forte de que o mercado de trabalho nos EUA está se recuperando".Os bancos estavam entre os que tiveram mais ganhos na Europa, com destaque para Banco Santander, BNP Paribas, Société Générale e UniCredit.Em Londres, o índice Financial Times fechou em alta de 0,18%, a 5.322 pontos. O DAX, de Frankfurt, subiu 0,82%, para 5.817 pontos. Em Paris, o CAC-40 avançou 1,25% (3.846 pontos). Houve alta de 1,37% em Milão, de 1,07% em Madri e de 0,09% em Lisboa.

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Regras: Novo órgão nacional vai recolher informaçõespara ajudar as autoridades a responderem às crises

EUA terão controle maior de seguradoras

Paul J Davies, Financial TimesCom um coro de "sim" que quase não foi ouvido fora de Washington, o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou na última quarta-feira uma lei que vai criar uma autoridade supervisora nacional para as companhias de seguros.O Federal Insurance Office (FIO) não será uma autoridade reguladora, mas estará acima das autoridades estaduais americanas e vai recolher informações para ajudar os formuladores de políticas a responderem às crises, reduzir os riscos sistêmicos e ajudar a garantir o bom funcionamento do sistema financeiro.

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A iniciativa é a mais recente amostra da atenção que as autoridades econômicas vêm dando aos riscos sistêmicos apresentados por um setor que passou os últimos meses afirmando que não causou a crise financeira, nem sofreu enormemente com ela. Na semana passada foi anunciado que o Financial Stability Board (FSB), um grupo internacional de bancos centrais e autoridades reguladoras, excluiu seis seguradoras - Aegon, Allianz, Aviva, Axa, Swiss Re e Zurich - de sua lista ainda não oficial de instituições internacionais consideradas importante do ponto de vista sistêmico, a maior parte dela formada por bancos.No mês passado, Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu (BCE), disse em um encontro de autoridades reguladoras da Europa que vê as grandes companhias de seguros e os fundos de pensão como instituições sistemicamente importantes. "A interação entre as seguradoras e os fundos de pensão, mercados financeiros, bancos e outros intermediários financeiro vem crescendo consideravelmente ao longo do tempo", disse Trichet, acrescentando que a visão que se tem delas, de estáveis e menos interconectadas, "precisa mudar". Os contra-argumentos do setor vêm se concentrando no fato de que as seguradoras possuem mais capital enquanto proporção de seus tamanhos, ou uma alavancagem menor, e que elas enfrentam a mesma demanda potencial por pagamentos, ou riscos de liquidez, que os bancos.Thomas Hess, principal economista da Swiss Re, diz que as seguradoras passaram no duro teste da crise não porque tinham modelos de risco superiores, e sim porque possuem modelos de negócios diferentes. "O negócio dos seguros não diz respeito à especulação, e sim à proteção dos interesses dos detentores de apólices", diz ele, acrescentando que desativar uma seguradora quebrada é um trabalho mais simples e mais vagaroso do que fazer isso em um banco falido. Como as seguradoras não enfrentam as mesmas demandas imediatas de pagamentos aos detentores de apólices que os bancos em relação aos correntistas, elas não precisam marcar agressivamente seus investimentos a preços de mercado. Isso significa que nos mercados de bônus em queda - mercado em que as seguradoras investem muito - elas não precisam aumentar agressivamente suas reservas contra defaults, que protegem suas bases de capital quando a solvência dos bancos está abalada pela queda dos mercados. Isso é ilustrado por Raghu Hariharan, analista do Citigroup, que avalia que as reservas contra calotes das companhias de seguros de vida do Reino Unido são hoje de menos da metade dos níveis registrados antes da crise, com base nos valores de mercado dos bônus corporativos.Muitos observadores e analistas concordam com esse quadro em termos amplos - embora com várias advertências -, mas o fato das seguradoras não representarem os mesmos riscos que os bancos não significa que elas não representam riscos sistêmicos. Autoridades econômicas apontam para os exemplos do passado, em que a disponibilidade de seguros caiu dramaticamente por causa das grandes perdas, o que levou os governos a interferirem para proporcionar cobertura. Isso aconteceu recentemente com os seguros de crédito comercial na França e no Reino Unido, e no passado com a cobertura contra terrorismo e furacões na Flórida.Houve também períodos em que as seguradoras de vida foram forçadas a vender certos ativos, como, por exemplo, ações durante o "crash" dos papéis das empresas pontocom. As autoridades econômicas afirmam que eventos do tipo podem provocar problemas substanciais além do setor de seguros.Além disso, existem incertezas sobre como as novas regras de capital propostas na Europa, que estão sendo discutidas para implementação em 2012, poderão afetar os incentivos e comportamento das seguradoras - e a alavancagem do setor como um todo.Para alguns, essas novas regras para as seguradoras, conhecidas como "Solvência II", são muito parecidas com as regras do acordo da Basileia 2 para os bancos, que tiveram um papel-chave na crise financeira. Por exemplo, elas deverão encorajar firmas individuais a diversificarem seus riscos para reduzirem suas exigências de adequação de capital. Andrew Haldane, do Banco da Inglaterra, vem afirmando que isso faz todo sentido para os bancos individualmente, mas permite que eles fiquem cada vez mais parecidos, minando assim a estabilidade do sistema.As novas regras também contam muito com as avaliações de crédito, de uma maneira que provavelmente vai concentrar - em vez de diversificar - a exposição de contrapartida. Segundo a Munich Re, as seguradoras conseguirão um alívio de capital muito maior comprando resseguros de uma contraparte com classificação de risco "AA" do que espalhando os riscos por seis contrapartes com classificações "A".

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Joachim Oechslin, diretor de risco da Munich Re, diz que as resseguradoras vão assumir cada vez mais riscos voláteis, complexos ou extremos.No entanto, ele diz que as similaridades entre o Solvência II e o Basileia 2 são superficiais e que as novas regras de capital para as seguradoras não serão tão influenciadas pelos movimentos do mercado como as regras para os bancos acabaram mostrando ser. Isso porque o capital das seguradoras deverá ser baseado em um histórico de dados maior e calibrado ao longo de um ano inteiro, um período de tempo maior que o verificado no caso dos bancos, diz ele. "Nossa esperança é de que isso signifique que as exigências de capital continuarão constantes ao longo do ciclo", diz Oechslin. Jonathan Hekster, analista da Bernstein Research, afirma que as resseguradoras - uma referência dos riscos e do capital para o setor como um todo - mostram seu real valor no manejo de riscos extremos. "Mas o risco real em modelos imaginários, conforme já vimos, é que as pessoas começam a acreditar muito nelas e expelem os excessos, ou margem de erro", diz ele. "Não estou convencido de que, com o Solvência II, mais sofisticado necessariamente significa melhor."Seguradoras e resseguradoras podem apresentar riscos muito menores de um colapso súbito e imediato que os bancos, mas elas fazem promessas por períodos de tempo muito longos. No jargão médico, os riscos sistêmicos que elas representam podem ser crônicos e de longo prazo, em vez de críticos e de curto prazo.

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Estratégia: Consumidor usa plano para fazer festa de casamento e cirurgia plástica Serviços dão nova vida a consórcios

Altamiro Silva Júnior e Fernando Travaglini, de São PauloDepois de seis anos de namoro, Vanessa Aparecida Barroso, auxiliar jurídica que mora na zona norte de São Paulo, planeja casar em 2010, mas não tem dinheiro para a festa. Procurou um banco para pedir crédito e achou o juro muito alto. Ficou sabendo, então, de um novo tipo de consórcio de serviços, que surgiu em fevereiro deste ano, após a aprovação de mudanças na legislação do setor. Vanessa já havia contratado um consórcio de imóveis. Procurou sua administradora, a Embracon, e resolveu contratar um de serviços. Em setembro, aderiu a um grupo de 36 meses. Paga R$ 260 por mês para uma carta de crédito de R$ 7 mil. "Se fosse em um banco, pagaria mais de R$ 400 por mês e a burocracia seria muito maior, além dos juros muito altos", diz ela. O dinheiro será usado para pagar o casamento, planejado para dezembro de 2010. "Mas como segunda opção pensei em uma cirurgia plástica", diz Vanessa. O consórcio de serviços chega em um momento em que o setor bate recorde de vendas, principalmente em carros, motos e imóveis. No começo do ano, a falta de crédito bancário estimulou as vendas, que ganharam reforço extra com a nova lei para as administradoras, que trouxe maior visibilidade ao setor. Ao todo, 1,29 milhão de novas cotas foram vendidas de janeiro a agosto, crescimento de 14%. O total de participantes chegou a 3,77 milhões, segundo dados mais recentes da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac) e do Banco Central.Pesquisa da Abac mostra que 19 empresas já oferecem a modalidade de serviços. O número ainda é pequeno. Existem mais de 170 administradoras no país. "Está todo mundo avaliando esse segmento, que é novo e exige mais critério na análise do cliente", diz Idevaldo Rubens Mamprim, presidente do conselho nacional da Abac. A Rodobens fechou mil cotas do novo produto. "Ainda é embrionário, mas o potencial é grande", diz Sebastião Cirelli, diretor executivo da empresa. A carteira da Rodobens supera 117 mil clientes. Mas Cirelli avalia que o consórcio de serviços teria potencial para atingir ate 50% desse volume. Um dos focos é a baixa renda. "Com a economia estável, o sistema é uma possibilidade para que as pessoas tenham condições de poupar e se programar", diz Cirelli.A Embracon foi uma das primeiras a oferecer esse consórcio. Formou até agora quatro grupos de 144 pessoas, conta Mizael Catharino, gerente comercial da administradora. "Acreditamos que

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gradativamente esse produto será um canal de realização de sonhos. É um nicho promissor pela diversidade de utilização dos créditos."A carioca Priscila Lima dos Reis quer usar os recursos quando for contemplada para decorar sua futura clínica de estética. O dinheiro, cerca de R$ 22 mil, será usado para pagar o arquiteto responsável pelo projeto. Concluindo o curso de direito e ainda trabalhando na empresa da família, a ideia dela é montar um negócio próprio. "Pretendo fazer uma espécie de ambiente de beleza", diz. Priscila paga R$ 700 por mês a Rodobens, em um plano de 24 meses. "Essa é uma maneira de guardar dinheiro. E é menos burocrática, porque se quiser, posso usar o dinheiro para outras coisas como uma viagem ou o casamento", diz.Cirurgia plástica, tratamento odontológico, pagamento de cursos, reformas, projeto de arquitetura e tratamento estético são até agora os preferidos das pessoas contempladas, segundo pesquisa da Abac. De um grupo de 222 contemplados analisados, 25 optaram por saúde e estética (dos quais 18 utilizaram o dinheiro para cirurgia plástica). As cartas de crédito variam de R$ 2 mil a R$ 38 mil, com prazo médio de 39 meses. "Vamos olhar de perto esse mercado, como está a demanda e podemos lançar algo em 2010", diz Fábio Braga, gerente do Porto Seguro Consórcio. De janeiro a outubro, a Porto, focada em consórcio de imóveis, vendeu R$ 1,2 bilhão em créditos, expansão de 5%. Além de criar o consórcio de serviços, a nova legislação ajudou a estimular as vendas de outras modalidades. Até então, o consórcio, produto típico do Brasil, não tinha regulamentação própria. "A lei deu maior visibilidade e trouxe maior credibilidade para o sistema", diz o presidente da Abac. Outra mudança da nova lei é que o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também pode ser usado para quitar ou abater do saldo devedor, a exemplo do que já era permitido para o financiamento imobiliário. "As vendas de consórcio de imóveis cresceram 15% de janeiro a outubro", afirma Cirelli, da Rodobens. Na Porto, em setembro elas bateram recorde na empresa, com alta de 16%. Enquanto algumas administradoras procuram a baixa renda para vender consórcios, o HSBC foi na direção oposta. O banco acabou de lançar um consórcio para alta renda, afirma Antonio Barbosa, diretor da área. A modalidade atende carros importados de até R$ 240 mil, desde um Mini Cooper até uma BMW 325. Segundo Barbosa, é mais uma oportunidade de o banco atrair novos clientes.

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Sem crédito no banco, motos puxam vendas

De São PauloUm dos destaques de vendas no setor de consórcios este ano foram as motocicletas. Essa modalidade foi uma das que mais sofreram com a falta de crédito durante a crise e a migração para o consórcio cresceu exponencialmente. Mais de 770 mil cotas foram comercializadas de janeiro a agosto, segundo os dados mais recentes da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). A expansão foi de 16%. Na Rodobens, as vendas avançaram 124% no ano. Cerca de 40% das vendas de motos no país são feitas por consórcios, segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).Entre os que optaram por fazer um consórcio de moto está Nelson Miranda da Rocha, que adquiriu um contrato para a compra de uma moto de 150 cilindradas. "Comparando o valor da taxa de juros com a taxa do consórcio, preferi o consórcio", diz ele, que fez um plano na Rodobens. Rocha foi sorteado logo no primeiro mês. Apesar disso, enfrentou certa dificuldade para conseguir um fiador, exigência nos casos de contemplação no início do plano para aumentar a garantia para a empresa administradora. Idevaldo Rubens Mamprim, presidente da Abac, projeta que 2010 será um ano ainda melhor do setor, por conta das previsões de um maior crescimento da economia. No final do ano passado e começo deste, o aumento do desemprego chegou a assustar algumas administradoras, que temiam alta da inadimplência. Os dados do Banco Central mostram que isso acabou não acontecendo e as taxas ficaram estáveis, ao redor dos 3%, considerando as cotas contempladas. "As vendas chegaram a cair no quarto trimestre do ano passado, mas se recuperaram este ano", diz Fábio Braga, gerente do Porto Seguro Consórcio. A inadimplência na Porto ficou em 1%.

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O crescimento do setor pode estimular as vendas no mercado de automóveis, veículos pesados, motos e nos imóveis. Só as cotas contempladas, mas ainda com cartas de crédito não utilizadas, somam atualmente R$ 10 bilhões, segundo levantamento da Abac. Já os recebíveis do setor chegam R$ 62 bilhões. Com isso, os ativos totais das administradoras chegam a R$ 72 bilhões. (FT e ASJ)

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Empréstimo de ações: Mercado aparentemente "mais vendido", apostando na baixa,não deve ser negligenciado, mas aumento acompanhou evolução do pregão à vista

Em 12 meses, operações mais do que dobraram

Por Adriana Cotias, de São PauloComparativamente a novembro de 2008, os volumes de operações no Banco de Títulos (BTC) da CBLC mais do que dobraram, de R$ 12,520 bilhões para R$ 25,123 bilhões. Em certa medida, acompanharam a evolução das transações mensais no mercado à vista, que saltaram 67% nesse intervalo. O fato de o mercado de institucionais locais e estrangeiros estar aparentemente "mais vendido" (apostando na baixa dos ativos alugados) pode ser indício de que o caldo vai entornar no pregão?Não necessariamente, mas esse não é um dado que deva ser negligenciado, diz o analista-chefe da XP Investimentos, Rossano Oltramani. "O mercado ficou mais dinâmico e diversificado e, com o Ibovespa aos 68 mil pontos, ninguém quer ficar direcional e, sim, aproveitar as distorções de preços." Os formadores de mercado, contratados para garantir a liquidez de uma empresa na bolsa com ofertas firmes de compra e venda, também se valem do mecanismo.O aumento recente das operações de aluguel - em outubro, chegaram ao recorde do ano de R$ 29,546 bilhões - não significa que o mercado esteja estruturalmente "vendido", mas que houve um rebalanceamento dos portfólios que ficaram proporcionalmente "comprados" no mercado à vista, explica o economista da Um Investimentos, Hersz Ferman.O aluguel é um universo que o investidor individual vem aos poucos desbravando. Pelos dados mais recentes da CBLC, a pessoa física representava 28,32% dos doadores em novembro, à frente dos estrangeiros, com uma fatia de 23,76%, e em linha com os fundos de investimentos, com participação de 29,27%. Para quem tem carteiras de longo prazo, sempre vale a pena emprestar, reitera Ferman. "Os juros do aluguel reduzem o custo de oportunidade (de aplicar em outra modalidade de investimento, ganhando o CDI, por exemplo), é um dinheiro que entra fácil." Mas se as altas taxas de alguns papéis enchem os olhos do investidor - chegam a 35% ao ano em ativos com liquidez pífia -, isso não deve ser, entretanto, fator decisivo numa compra", diz Estevão Garcia de Oliveira Alexandre, coordenador do curso de pós-graduação em controladoria e finanças da faculdade Veris IBTA, do grupo IBMEC Educacional. "O investidor sempre terá de analisar as perspectivas para aquela empresa no médio e longo prazos, se há crescimento de resultado pela frente."Mesmo porque, uma ação que apresenta remuneração expressiva no BTC em certo dia pode não ter as mesma condição no seguinte, acrescenta Orlando Zainaghi, da Santander Corretora. Também não há garantia de que a ação ficará alugada por todo o tempo, já que os contratos podem ter cláusula de liquidação antecipada. Nesses casos, o proprietário recebe a remuneração de forma pro rata.

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Investidor tem de se manifestar em ofertas públicas

Ana Paulo Ragazzi, de São PauloUm investidor que emprestou as suas ações mantém o direito de participar de ofertas prioritárias de papéis de empresas já listadas em bolsa.Quando uma companhia aberta opta por captar recursos por meio de uma venda primária de ações, em que há emissão de novos papéis e, portanto, diluição da participação dos atuais

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acionistas, ela coloca a oferta prioritária para que aqueles que desejarem manter as fatias já detidas possam ser atendidos em primeiro lugar.Apesar de, ao emprestar as ações, transferir a titularidade para o tomador, pelas normas da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), o doador que desejar participar da oferta prioritária deverá comunicar seu desejo à corretora - isso deve ser feito dentro de um prazo preestabelecido.Ao manifestar a intenção, o doador também deverá depositar na bolsa (CBLC) os recursos necessários para a compra da posição a que tem direito. O investidor tomador usará esse dinheiro para comprar os ativos correspondentes e deverá entregá-los ao doador, após a liquidação da nova oferta - um contrato filhote é automaticamente gerado a partir do vigente. O tomador poderá comprar os papéis ou na oferta ou em mercado. O que importa é que eles sejam entregues no dia estabelecido. Muitas vezes o tomador aluga os papéis e os vende. Portanto, a titularidade, no momento que está acontecendo a oferta, já pode estar com uma terceira ponta -que, inclusive também poderá entrar na oferta prioritária.

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De Olho na Bolsa: Mercado interno vai dominar o Ibovespa

Daniele CambaA compra da Casas Bahia pelo Pão de Açúcar é mais um sinal de consolidação dentro do varejo brasileiro. A transformação de duas companhias numa única de grande porte deve ser um passo importante para que os setores voltados ao mercado interno se transformem naqueles com maior peso dentro do Índice Bovespa. Essa é a opinião da equipe de análise do banco Santander, que fez um estudo mostrando como será formado o Ibovespa nos próximos anos. A conclusão do banco é de que existem fortes motivos para que as ações mais ligadas ao ciclo econômico local ganhem destaque dentro do índice, pegando o lugar que hoje é das commodities, como petróleo, mineração e siderurgia."O processo de consolidação é o mais importante entre os vários elementos que tornarão os papéis do mercado interno as novas 'blue chips' da Bovespa nos próximos anos", diz o estrategista do Santander, Marcelo Audi. As primeiras mudanças já devem ocorrer no próximo Ibovespa, que passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2010. Pelos cálculos do banco, a participação dos setores internos, chamados pelo Santander de cíclicos domésticos, dentro do índice devem subir dos atuais 32% para 35,5% na carteira de janeiro, enquanto os de commodities, batizados de cíclicos globais, devem cair de 52,1% para 47,1%. Em outras palavras, isso significa que esses dois grandes grupos de companhias ficarão 8,5 pontos percentuais mais próximos.Dentro do grupo mercado interno estão setores como bancos e serviços financeiros, aéreo e transportes, varejo e construtoras. Pelas contas do Santander, a fatia das ações aéreas e de transportes deve subir dos atuais 3,9% para 5,6% em janeiro. Já as de varejo sobem de 3% para 3,5% e as de construtoras, de 2,8% para 5%. O setor financeiro deve perder um pouco de participação - de 17,1% para 16,9% -, mas nas próximas carteiras tem tudo para se fortalecer, com o possível ingresso de papéis como Cielo (ex-Visanet) e do próprio Santander. No caminho oposto, o setor de petróleo deve cair de 18,9% para 16,1% e o de mineração, de 18,4% para 16,5%.Audi não acredita, no entanto, que os papéis de commodities sofrerão o mesmo tombo dos de telefonia, cujo setor caiu dos 45% em 1992 para os atuais 4%. "Diferentemente das teles, que passaram por problemas de gestão e sérios conflitos societários, as commodities ainda possuem bons fundamentos, sem contar que as companhias brasileiras estão entre as líderes dos seus setores em termos mundiais", afirma o estrategista. A grande explicação para que as empresas ligadas às matérias-primas percam importância em comparação às companhias do setor interno é que o ciclo de alta expressiva das commodities ficou para trás, especialmente depois da crise. "O preço do petróleo está mais para US$ 70 ou US$ 80 o barril do que os US$ 150 que já chegou", diz o executivo.Motivos não faltam

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Desde meados de março, quando começou o processo de recuperação da bolsa, as ações do mercado interno são as preferidas dos investidores. Para Audi, motivos não faltam para que esse cenário continue pelos próximos anos. Ele lembra que, além do processo de consolidação desses setores, a demanda doméstica dos países emergentes contribuirá para o crescimento global mais do que os desenvolvidos, algo inédito na história. Nos próximos anos, o crescimento global deve ficar abaixo da média histórica de 3,4% ao ano, enquanto as economias emergentes devem voltar a ter desempenhos importantes. O estrategista lembra que atualmente os setores não refletem na bolsa o peso que possuem no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. As commodities, por exemplo, representam 50% do Ibovespa e apenas 7% do PIB, enquanto os setores do mercado interno têm só 30% dentro do índice, mas correspondem a 60% da atividade econômica brasileira.Daniele Camba é repórter de InvestimentosE-mail: [email protected]

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Fundos de ações: Ingresso de recursos se mantém na semana encerrada no dia 2,embora tenha somado apenas um terço dos valores registrados anteriormente

Emergentes captam, mas volume diminui com Dubai

Por Eduardo Campos, de São PauloA aversão ao risco decorrente do calote em Dubai teve reflexo na movimentação de recursos entre os fundos de ações de emergentes durante o fim de novembro e começo de dezembro. Segundo a EPFR Global, os volumes movimentados permaneceram em terreno positivo, mas somaram apenas um terço do registrado nas semanas anteriores.Entre os grandes grupos de emergentes, a consultoria notou que a busca por proteção contra a perda de valor do dólar beneficiou os países com exposição às commodities. Os fundos de ações voltados à América Latina, onde o Brasil tem posição de destaque, ganharam US$ 34 milhões na semana encerrada dia 2 de dezembro. Os fundos dedicados aos emergentes da Europa, Oriente Médio e África (EMEA, na sigla em inglês) captaram US$ 33 milhões. O destaque, mais uma vez, ficou por conta dos diversificados Mercados Emergentes Globais (GEM, na sigla em inglês), com US$ 687 milhões.Outra forma de exposição aos emergentes manteve desempenho positivo. Os fundos voltados para as ações dos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) levantaram recursos pela 12ª semana consecutiva. As cifras variaram entre US$ 110 milhões e US$ 123 milhões. Já as carteiras fundos voltadas para a Ásia (sem contar Japão) perderam US$ 306 milhões, mesmo com os dados macroeconômicos mais animadores para a região.Segundo o relatório da EPFR Global, na semana encerrada dia 2, todos os fundos de bônus captaram US$ 2,98 bilhões, enquanto todos os de ações acompanhados receberam US$ 3,1 bilhões.Entre os mercados desenvolvidos, o destaque ficou com os fundos de ações dedicados à Europa, que receberam mais de US$ 2 bilhões. Segundo o analista-sênior da EPFR Global, Cameron Brandt, tal comportamento atípico deve ser encarado mais como uma movimentação estratégica de fundos de índice (ETF) do que como uma mudança na percepção do investidor sobre a região.Ainda entre os desenvolvidos, as carteiras de ações voltadas ao Japão perderam US$ 271 milhões no período. Os investidores seguem pessimistas quanto ao desempenho do setor industrial do país, que sofre com a deflação e com o iene valorizado.Já os fundos de ações dos Estados Unidos tiveram uma semana neutra. A aversão ao risco decorrente do calote em Dubai trouxe dinheiro para alguns ETFs, o que equilibrou os saques.A demanda por matérias-primas deu o rumo dos negócios entre os fundos setoriais. As carteiras de commodities receberam mais de US$ 1 bilhão pela terceira semana consecutiva. Com isso, o total captado em 2009 já ultrapassa os US$ 24 bilhões.

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Palavra do gestor: É possível comprar na baixa e vender na alta?

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Clayton CalixtoEsta é uma revisão do artigo publicado neste espaço em maio de 2008, antes da crise financeira e econômica pela qual passamos.O estudo de Brinson, Hood and Beebower (2005), demonstra que no mercado americano de ações, conforme medido pelos retornos do S&P 500 entre 1989 e 1994, o chamado "timing" - a possibilidade de investidores acertarem o melhor momento para entrar e sair da bolsa -, é praticamente nula. Em 1.275 pregões, o retorno anualizado é de 10,35%, mas ao excluirmos os dez pregões de maiores altas o retorno do S&P 500 cai para 4,28%. Se o investidor errar em 0,78% dos pregões analisados, seus retornos caem pela metade, ao passo que, se perderem os 20 pregões de maior alta em um universo de 1275 pregões, seus retornos são praticamente zero, ou 0,14%. Já se excluirmos os 30 pregões de maiores altas, o retorno será -3,29%. Por fim, ao excluirmos os 40 pregões de maiores altas, o retorno anualizado será de -6,56%.Quando o estudo acima é discutido no Brasil, muitos investidores torcem o nariz e dizem que isso ocorre apenas nos EUA, onde o mercado é mais maduro e eficiente. Em países emergentes como o Brasil, com mercados ainda imperfeitos, haveria maior possibilidade de ganhos para o investidor que recorre ao "timing" dadas as ineficiências que o mercado possui.Sabendo que há grande correlação entre a variação da Bovespa e as bolsas americanas, resolvemos testar o argumento acima. Assim, elaboramos o mesmo estudo para o Ibovespa, no período de 1999 a abril de 2008, e observamos comportamento muito parecido. Nesse intervalo, a Bovespa proporcionou retorno anualizado de 27,87%. No entanto, ao excluirmos os dez maiores retornos do Ibovespa, a rentabilidade cai para 15,96%. Isso representa menos que a rentabilidade do CDI médio no período, de 16,80%. Excluindo da amostra os 20 pregões de maiores altas, o retorno cai para 9,83%. Já se excluirmos os 30 pregões de maiores altas, a rentabilidade (4,41%) do Ibovespa fica abaixo da inflação medida no período (6,73%), conforme medida pelo IPCA. Caso o investidor perca os 40 pregões de maior alta no ano, o retorno da parcela de sua renda investida em bolsa já caminha para o território negativo, com perda de 0,37%.Fizemos o mesmo estudo no período em que estávamos no momento de crise financeira acentuada, 1999 a janeiro de 2009. A bolsa brasileira proporcionou um retorno anualizado de 18,99%, quando excluímos os dez maiores retornos do Ibovespa, a rentabilidade cai para 6,04%. Isso fica abaixo da inflação medida no período (7,22%). Excluindo os 20 pregões de maiores altas, o retorno da parcela de sua renda investida em bolsa já caminha para o território negativo (-0,43%), se excluirmos os 30 pregões de maiores altas a perda é ainda maior (-4,96%) e, caso o investidor perca os 40 pregões de maior alta no ano, (-9,36%).Fazendo o estudo no período pós crise, de 1999 a outubro de 2009, a bolsa brasileira proporcionou um retorno anualizado de 23,11%, excluindo os dez maiores retornos do Ibovespa, a rentabilidade cai para 10,61%. Isso representa menos que a rentabilidade do CDI médio no período, de 17,18%. Excluindo os 20 pregões de maiores altas, o retorno cai para 4,06%, abaixo da inflação medida no período, de 6,89%, conforme o IPCA. Se excluirmos os 30 pregões de maiores altas, a rentabilidade caminha para o território negativo (-0,96%), caso o investidor perca os 40 pregões de maior alta, o retorno da parcela de sua renda investida em bolsa já caminha para o território negativo (-5,38%).Ao investir em ações, o brasileiro tem a ideia de que entrar e sair da bolsa é mais rentável do que permanecer aplicado por um período mais amplo e aguardar que o tempo permita que o potencial de alta desses ativos possam se materializar, a chamada diversificação temporal na teoria financeira. O investidor deve ter consciência de que não conseguirá prever os movimentos dos preços no curto prazo e que a lei das probabilidades joga pesadamente contra suas chances de sucesso. Na média, o investidor ganha muito mais se mantiver suas posições em bolsa. O investidor disciplinado precisa estar disposto a estar na bolsa em momentos de queda para que não perca a oportunidade de valorização durante as altas que, como demonstram os levantamentos acima, ocorrem de forma concentrada no tempo em um punhado de pregões a cada ano.Agora que temos os cenários divididos em três partes, pré-crise, crise acentuada e pós-crise, com o sobe-e-desce da Bovespa no período de crise mais acentuada, o que podemos tirar como lição é que o investidor deve permanecer aplicado em bolsa para obter ganhos consistentes. Se mesmo assim o investidor seguir tentando acertar o momento certo de entrar e sair, é preciso saber que,

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na média, os retornos com tais operações tendem a ser menores que os juros e, dependendo do caso, até da inflação. (Contribuiu Aquiles Mosc, estrategista de investimentos pessoais e superintendente executivo de vendas da Santander Asset Management)Clayton Calixto é economista e integrante da equipe de estratégia de investimentos pessoais da Santander Asset ManagementE-mail clayton.calixto@banco real.com.brEste artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

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Telefonia: Vivendi já tem 60% da GVT, sem contar opções do Tyrus

Graziella Valenti, de São PauloEm quatro dias, a Vivendi ampliou em pouco menos de 10% a participação na GVT, sem contar as opções compradas do fundo Tyrus Capital - objetivo de investigação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A fatia na companhia subiu de 50,9% para 59,4% de terça a sexta-feira da semana passada. Considerando as opções, a parcela do capital da GVT de direito do grupo francês alcançou 71,3%.Nesse intervalo, as ações movimentaram R$ 1,13 bilhão na Bovespa. O Credit Suisse foi o principal agente comprador no mercado: respondeu por 97% do volume, ou R$ 1,09 bilhão.A Vivendi afirma que o objetivo da aquisições das ações é consolidar sua posição como controladora da operadora.

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Telemar detalha oferta de ações

Vera Saavedra Durão e Janes Rocha, do RioA reorganização societária do bloco de controle da Oi será concluída com a venda, em leilão, de parte das ações da Telemar Participações e da holding CTX que pertence à BNDESPar, segundo comunicado da Telemar Participações. Serão ofertados dois lotes de ações: um composto por 198,7 milhões de ações ordinárias da CTX mais 198,7 milhões de ordinárias da Telemar Participações; outro por 197,3 milhões de ações ordinárias da CTX junto com a mesma quantidade de ordinárias da Telemar Participações. O leilão depende de aprovação da Comissão de Valores Mobiliários para um pedido da BNDESPar de dispensa de registro de oferta pública. A empresa detém 31,6% das ações do bloco de controle da Telemar Participações.

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Oferta de ações: Cadeia de varejo alimentar podechegar a bolsa valendo entre R$ 1,3 bi e R$ 1,8 bi

Advent quer levar IMC à bolsa ainda em 2009

Por Fernando Torres e Graziella Valenti, de São PauloA colocação das ações da International Meal Company (IMC), já conhecida no mercado como Frango Assado, será um termômetro para o mercado brasileiro. O fechamento do preço da oferta, que deve ser a última deste ano, foi marcado para o dia 17 de dezembro. Assim, as ações devem estrear na Bovespa já na semana do Natal, no dia 21.A empresa pretende captar até R$ 1,3 bilhão na oferta que lançou ao mercado, considerando a colocação dos lotes extras e o teto do intervalo de preço por ação, que varia de R$ 14 a R$ 17. Nesse caso, a fatia do capital que ficará em circulação no mercado será de 72,9%.A faixa de preços sugerida para os papéis indica que a companhia foi avaliada entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,8 bilhão.

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O negócio é novo e, portanto, tem pouco histórico. Além disso, não registrou lucro até o momento. No começo deste ano, antes do apetite por Brasil se consolidar, os banqueiros de investimentos repetiam o mantra da seletividade. O investidor queria abertura de capital apenas de empresas grandes, com histórico conhecido e que já tivessem algum resultado a oferecer ao investidor.Outro desafio da empresa será vender um negócio sem comparação aos investidores, já que esse setor não possui par no Brasil. Sem os lotes suplementar de 15% e adicional de 20%, a oferta deve movimentar R$ 885,7 milhões se for levado em conta o preço médio proposto. Por esse cenário, o percentual do capital da companhia em circulação no mercado ficaria em 59,6%.Desse total da oferta inicial, R$ 775 milhões serão em oferta primária, com a venda de 50 milhões de papéis, e R$ 110,7 milhões para o atual controlador FIB Brasil, que tem como principal cotista o fundo de participações da gestora de recursos Advent, e que pretende alienar pelo menos 7,14 milhões de ações. Na oferta suplementar o fundo pode vender mais 8,57 milhões de papéis. Na adicional, outros 1,42 milhões de ações.Do total de recursos arrecadados na oferta primária, 50% serão alocados para abertura de novas restaurantes e 35% para aquisições. Os 15% restantes terão como destino pagamento de dívidas.Constituída em 2006, a empresa do fundo de participações Advent se autodenomina a maior cadeia de varejo alimentar do Brasil, em número de lojas, e que também possui operações em Porto Rico, México e República Dominicana, com um total de 195 lojas. No Brasil, entre as cadeias de sua carteira estão Viena, Frango Assado, RA Catering e Brunella. Apesar de reunir cadeias tradicionais, com décadas de existência, o modelo da IMC é novo. Desde sua criação, em 2006, a empresa ainda não registrou lucro, embora traga crescimento de receita puxado pela estratégia de compras. Nos primeiros nove meses do ano, a IMC teve receita líquida de R$ 507 milhões, com alta de 65,6%. A linha final do balanço, contudo, apresentou prejuízo de R$ 19,8 milhões. Pesam na companhia as despesas financeiras elevadas, fruto do endividamento. De janeiro a setembro, essa conta era negativa em R$ 38,2 milhões, 65% mais que no mesmo período de 2008. A IMC fechou setembro com dívida de R$ 460 milhões e caixa de R$ 37 milhões. Dessa forma, ainda que apenas 15% da captação primária seja destinado para abatimento de dívidas, a operação é importante para melhorar os indicadores financeiros da empresa. Do total da dívida, R$ 194 milhões são com o Itaú, que é o coordenador líder da oferta de ações, e outros R$ 138 milhões com o Bradesco, que também atua como distribuidor. As dívidas são principalmente de longo prazo. Participam do comando da operação também o Credit Suisse e o Santander. Antes de IMC, também surpreendeu a colocação da Direcional Engenharia, a menor já realizada neste ano. A companhia captou R$ 250 milhões. E os sócios ficaram com parcela significativa da oferta, levando ao Novo Mercado uma empresa de pequeno porte e com liquidez reduzida, já que apenas 15% do capital está, de fato, livre para negociação em bolsa.Antes do fechamento de 2009, além de IMC, também a rede laboratórios Fleury terá ações na bolsa. O grupo pretende captar até R$ 669 milhões. O intervalo proposto para os papéis do laboratório vai de R$ 15 a R$ 17. Com base nesse intervalo de preço, a empresa deve ter valor de mercado entre R$ 1,89 bilhão e R$ 2,23 bilhões, enquanto a concorrente Diagnósticos da América (Dasa) está avaliada na bolsa em R$ 3,1 bilhões.O período para reservar ações da companhia será de 7 a 14 de dezembro. A fixação do preço deve ocorrer no dia 15 e a estreia do papel no Novo Mercado da Bovespa no dia 17.

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Retorno na casa dos dois dígitos de algumas operações de empréstimosde ações é um estímulo para investidores que mantêm carteiras de longo prazo

Alugue já

Por Adriana Cotias, de São PauloVocê tem ações dos frigoríficos Minerva, Marfrig, Açúcar Guarani, Nossa Caixa, Energias do Brasil, Banco Cruzeiro do Sul, MMX ou Guararapes na sua carteira? Então ponha para "alugar". No Banco de Títulos (BTC) da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), esses papéis

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têm ofertas registradas com taxas na casa dos dois dígitos, entre 10% e 18% ao ano. Para quem estiver disposto a fazer o que se chama formalmente de empréstimo a outro investidor - em geral os institucionais locais e estrangeiros -, tal transação pode representar um ganho extra, prefixado, para os portfólios de longo prazo. Ao mesmo tempo, reduz o custo de carregamento dos ativos, as despesas de manutenção, como a taxa de custódia e até mesmo a corretagem inicial.Apesar de soar complicado, emprestar ou colocar ações para alugar, como se diz no jargão do mercado, é uma operação relativamente simples. O investidor tem apenas de fechar um contrato com uma corretora, formalizando a sua intenção. Será a instituição, no seu papel de intermediadora, que procurará potenciais tomadores para aqueles papéis. A custódia é então temporariamente transferida para o locatário. No período em que as ações ficarem emprestadas, o proprietário mantém o direito a receber dividendos, juros sobre capital próprio ou eventuais bonificações, só perdendo a prerrogativa do voto em assembleias da empresa emissora."Se o investidor não tem perspectiva de venda no médio prazo, não tem sentido ficar simplesmente carregando a ação, vale a pena saber se há demanda pelo papel, isso vai definir o preço, é uma mensuração que todo mundo deveria fazer", diz o superintendente comercial da Santander Corretora, Orlando Zainaghi. "As taxas recebidas com o aluguel vão compor o rendimento total da carteira, junto com a valorização na bolsa e os dividendos."Na média, as taxas de aluguel representam um adicional de 5% ao ano na remuneração de um ativo, mas há casos que superam os dois dígitos. Tal preço resulta da relação entre a disponibilidade das ações no BTC e a sua procura, definida pelos institucionais estrangeiros e os fundos de investimentos, os grandes tomadores. Nesse ambiente, a liquidez não encontra, necessariamente, referências com o que ocorre com os papéis no mercado à vista, explica Maurício Ceará, também da Santander Corretora. "As empresas de construção civil, por exemplo, têm muita liquidez na Bovespa e pouca no mercado de aluguel." Cyrela, por exemplo, tem, na média, operações registradas a 8,88% ao ano; Rossi a 8,52%; Gafisa numa média de 6,23%; MRV, de 6,22%, e Rodobens, de 10,32%. Isso ocorre porque os contratos de aluguel servem a inúmeras estratégias dos fundos "long/short" (de arbitragem), que compram, por exemplo determinada ação e ficam "vendidos" numa outra do mesmo setor, apostando na baixa ou na valorização inferior.

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Rumo Certo: Carreiras e profissões também têm prazo de validade

Renato BernhoeftO glamour e o fascínio, que envolvem algumas atividades e segmentos do mercado consumidor, não permitem, muitas vezes, transparecer os desafios que as mesmas representam para aqueles que dele dependem.Estou me referindo aos artistas, modelos publicitários ou de beleza, esportistas e até alguns profissionais liberais. São algumas profissões que apresentam características muito transitórias no mercado de trabalho.O desafio é ainda maior para pessoas que foram transformadas em personagens- criaturas públicas muitas vezes dissociadas da figura humana- e cuja existência, atitudes e comportamentos são transformados em um produto que é oferecido ao mercado com prazo de validade previamente estabelecido.O grande desafio do profissional é tomar consciência do momento em que devem se reinventar antes de se tornar obsoletos em sua área de atuação. Ou seja, conseguir sair ainda no auge da carreira e não aguardar o período da decadência. E mais importante ainda, encontrar uma nova atividade onde possa manter seu brilho, autoestima e, de preferência, compatível com algum aspecto da sua experiência anterior.A modelo Letícia Birkheuer, que se afastou das passarelas com a perspectiva de um casamento, declarou que já estava se preparando e estudando interpretação há quase um ano. "É difícil, mas bem mais inteligente, planejar um afastamento quando está tudo ainda dando certo", disse.Uma das pioneiras nesta decisão foi a modelo Ana Hickmann, que dizia "ter horror só de pensar que alguém pudesse dizer que estava acabada para as passarelas". Desde sua volta ao Brasil fez carreira de apresentadora de programa em televisão e, emprestou, ou apareceu, com seu nome,

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em diversas campanhas publicitárias de produtos como sapatos, roupas, óculos, joias e guarda-chuvas. Apenas no ano de 2006 ela faturou mais de R$ 100 milhões em licenciamentos.Para agentes e profissionais relacionados com este mundo da moda essa transição nem sempre é fácil, embora seja necessária. Outra experiência digna de observação e análise, por sua complexidade e delicadeza, é a dos artistas. Jamie Lee Curtis, atriz norte-americana, filha de Janet Leigh e Tony Curtis, decidiu que ao completar 47 anos, no ano de 2006, deveria sair de cena. Ela declarou que achava muito melhor envelhecer sem correr o risco de amargar as aflições de quem insiste em fazer de conta que o tempo não passou.Referindo-se aos seus pais, ela disse que "embora eles não tenham chegado a perder a dignidade, foi muito duro vê-los encerrar a carreira". Ela diz que é muito triste ver o ator caminhar para o fundo do poço. E o pior é que ele não sabe que tudo acaba, que o telefone vai parar de tocar, que ninguém mais vai convidá-lo para as festas e que o dinheiro vai ou pode faltar. "Só espero que não interpretem minha aposentadoria como sinal de que me envergonho da minha aparência. Será apenas uma decisão inteligente. É melhor sair agora, e, desta forma, manter minha graça e dignidade", afirmou.No mundo dos esportes alguns dos nomes que podem ser lembrados, como referências nesta atitude e sabedoria de afastar-se no auge de uma carreira, podemos relacionar Pelé, Gustavo Borges, Zidane, Michael Schumacker, para ficar apenas com alguns mais conhecidos. A grande lição que todas estas experiências nos podem transmitir, e elas se aplicam a todas as atividades humanas, é a importância de compreender que existe um momento em que devemos nos despreender de alguma posição, carreira ou atividade. E, o ideal é fazer isto quando ainda estamos no auge, evitando uma saída melancólica. O que pode até se tornar motivo de pena dos demais. Este é um bom lembrete também para empresários, executivos e outras categorias profissionais que se empolgam com o poder ou status que lhes é "emprestado" pelas corporações ou mercado. E esta iniciativa não está relacionada diretamente com a idade. Mas da necessidade de preservação da auto-estima.Renato Bernhoeft é fundador e presidente do conselho de sócios da höft Consultoria

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Ensino executivo: Escola lança cursos e apostaem seu caráter internacional para atrair a nova geração

BSP quer conquistar os jovens

Por Stela Campos, de São PauloSob o comando do executivo peruano Jose Ignacio Palma, de 33 anos, a Business School São Paulo (BSP) amplia seu foco de atuação para atrair mais jovens para seus bancos escolares em 2010. A escola, desde 2007, pertence ao grupo Laureate, controlador de 42 instituições de ensino em três continentes. "Queremos que o estudante freqüente nossos cursos desde a época de trainee até quando chegar ao topo da organização", diz o diretor-superintendente, que assumiu o cargo em outubro de 2008. Para aqueles que acompanham a trajetória da escola, criada há 15 anos por dois empreendedores recém-chegados de um MBA na Suíça, a ampliação do número de cursos e do perfil menos sênior dos alunos pode causar certa estranheza. A BSP foi a primeira escola a lançar um curso de MBA ministrado totalmente em inglês e sempre reuniu uma elite de executivos, no geral, mais experientes e bem posicionados em suas empresas. "Agora vamos nos empenhar para conquistar a base da pirâmide corporativa", diz Palma. Em 2007, o executivo recebeu a missão dentro do grupo Laureate de elaborar os planos de expansão da escola. "A intenção é que ela se torne nos próximos anos um centro de excelência para nós", diz. O crescimento da BSP é um passo estratégico para firmar a presença da rede no ensino de administração na América Latina. A região responde pela maior parte dos 500 mil alunos de suas instituições de ensino. Embora a crise tenha diminuído o interesse das empresas pelos cursos customizados conhecidos como "in company", que representam 25% do faturamento anual da escola, não revelado por

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Palma, o ano não foi ruim para a BSP. "Crescemos 30% em relação a 2008", afirma. Ele diz que as metas para o próximo ano são agressivas. "Não posso revelar, mas digo que elas são ambiciosas."A primeira injeção de capital na escola aconteceu em 2008 quando o grupo investiu R$ 8 milhões na construção de uma nova sede na rua Roque Petroni, na zona sul da cidade de São Paulo. "Passamos a atuar mais próximos ao centro de negócios da Berrini e mantivemos a outra unidade menor na avenida Paulista", explica Palma. Paralelamente à expansão física, foram lançados ao longo de 2009 alguns cursos novos, mas a grande ampliação do portfólio acontecerá no ano que vem. Com as novas ofertas serão abertas 150 vagas. O grande objetivo da escola para 2010 é ampliar sua presença junto à nova geração. O caráter internacional dos cursos da BSP, segundo Palma, foi o que atraiu a rede Laureate na hora da compra e deve ser o diferencial ajudará o seu crescimento no país. "Sabemos que esse é um item importante para os jovens", diz. O executivo fala do tema com propriedade. Ele nasceu no Peru, fez o ensino médio no México e a graduação e pós-graduação nos Estados Unidos. O MBA foi realizado em Harvard. Palma ingressou no grupo Laureate há cinco anos, depois de passar por Wall Street onde trabalhou no JP Morgan. "As pessoas hoje querem ter a oportunidade de fazer uma carreira internacional", diz.O fato de alguns cursos de pós-graduação da escola oferecerem a possibilidade de uma dupla titulação pode ajudar nessa tentativa de atrair jovens interessados em ter uma atuação global. É o caso do "master" (lato sensu), com um ano de duração, na área de "supply chain" e de gestão de negócios internacionais. Ambos têm os currículos sincronizados com a escola de negócios EOI da Espanha, o que permite aos estudantes obter as duas certificações. No fim do curso, está prevista uma semana de estudos em solo espanhol, mas a viagem não é obrigatória. "Os estudantes em início de carreira, com menos recursos, não precisam viajar para obter o diploma internacional", afirma Palma.Outra aposta da BSP para 2010 são os cursos de curta duração dentro do programa de Educação Executiva Gerencial (EEG). A escola está lançando 56 opções de ensino. "Eles são indicados para jovens executivos que queiram suprir necessidades específicas no início da carreira, mas pode funcionar também para profissionais experientes que não têm tempo para fazer um MBA ou um master", diz Palma. Nesse sistema, o aluno escolhe o que quer estudar dentro de um leque de temas nas áreas de liderança, administração e organizações, marketing, finanças e recursos humanos. Os módulos duram, em média, dois meses. O sistema proporciona certificações progressivas. "O estudante vai realizando os estudos conforme a sua disponibilidade", informa Palma. Dependendo do número de cursos realizados, ele pode receber a certificação do nível 1, 2, 3 ou 4, que corresponde a um certificado de especialização gerencial (stricto sensu). Os cursos mais tradicionais da escola também sofreram algumas mudanças curriculares para 2010. O EMBA (ministrado em inglês) e o MBA Executivo, voltados para um público mais maduro, com dez ou mais anos de experiência profissional, têm 20 meses de duração. Uma das novas disciplinas para o próximo ano é a gestão da complexidade. "Estamos vivendo um momento de grandes transformações e os executivos precisam aprender a lidar com a instabilidade, o erro e a diversidade", diz. A escola hoje tem 100 professores. Palma não revela quantos são contratados e quantos atuam em tempo parcial. Ele lembra que para a escola a experiência de mercado é tão importante quanto a acadêmica. "Queremos ser uma escola de executivos para executivos, em qualquer estágio da carreira", conclui.

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Opinião Jurídica: Nova Lei Concorrencial e suas emendas

Gabriel Nogueira DiasNo imaginário cristão e literário é famoso o episódio envolvendo Pedro que, durante sua fuga da perseguição aos cristãos em Roma, reencontra Jesus pelo caminho e lhe pergunta: Quo vadis, Domine? (Para onde segues, Senhor?). Ao receber como resposta: Venio Romam iterum crucifigi (sigo a Roma para novamente me deixar ser crucificado), o apóstolo cai em si e corajosamente dá

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meia volta para, aceitando seu destino, ser preso e crucificado pelos romanos, sem, porém, nunca abrir mão de sua fé.Lenda ou verdade, o Projeto de Nova Lei Concorrencial, que une iniciativa da Câmara (PL nº 3.937, de 2004) e do Executivo (PL nº 5.877, de 2005) e ora se encontra no Senado (PL nº 06, de 2009), parece viver semelhante momento existencial. A despeito de ser considerado uma boa iniciativa, ao chegar em início de 2009 ao Senado e receber uma saraivada de críticas ao texto, ele parecia ter perdido um pouco do ímpeto para cumprir sua missão de aperfeiçoar a defesa da concorrência no país, tocada atualmente pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Secretaria de Direito Econômico (SDE) e Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae). Corria o risco de restar na prateleira e ser atropelado por um 2010 agitado eleitoralmente, o que pode parar o Legislativo. Revitalizado, porém, pelo apoio pessoal do presidente Lula e da base governista, que "sponte propria" precipitou discussões acerca de falhas no texto, o projeto tomou fôlego e se mostrou pronto para cumprir destino traçado no próprio PAC (2007), onde figurava com destaque. Com efeito, após conseguir ser aprovado em três comissões do Senado Federal (Ciência e Tecnologia, Infraestrutura e, Assuntos Econômicos) nas últimas oito semanas, restando também prestes a ser aprovado nas Comissões de Defesa do Consumidor e Constituição e Justiça, as cerca de 30 emendas que turbinaram a Nova Lei Concorrencial merecem cuidadosa atenção. Resumidamente, elas tocam em quatro pontos-chave.Em primeiro lugar, as emendas visam calibrar melhor poderes e funções do superintendente-geral e do Tribunal Administrativo. Como se sabe, no projeto, o Cade se torna tribunal e a SDE uma superintendência, com poderes tanto para abrir e fechar investigações (e.g. cartel) quanto para decidir sobre ato de concentração (e.g. fusões) que seguiria ao crivo do novo Cade, se impugnada. A decisão dos casos seria mais rápida, mas a concentração de poder é clara. Um grupo de emendas propõe maior equilíbrio ao sistema e: a) o tribunal poderá avocar qualquer investigação decidida pelo superintendente: menos poder e maior possibilidade de controle; b) inspeções em empresas sem ordem judicial estão proibidas: investigar sim, mas dentro da lei; c) procurador-geral, economista-chefe e conselheiro do tribunal (se vacante), não poderão ser nomeados diretamente pelo tribunal e superintendência. Eles devem indicados pelo governo e aprovados no Senado: controle externo é sempre bom. Em segundo lugar, atiçando atualíssima polêmica, houve um claro posicionamento das comissões no sentido de que a aplicação da lei concorrencial é subsidiária à legislação das agências reguladoras. Em tempos de disputa Cade/Banco Central e da alentada discussão sobre a eficiência das agências, o tema requer mais debate, pois é preciso avançar sobre a relação entre regulação e concorrência, que, por certo, não são esferas excludentes. Aqui, note-se também que as emendas propostas esvaziam e tornam quase protocolar a figura da Seae/MF, que fica impedida de opinar em consultas públicas sobre propostas feitas pelas agências reguladoras. Em terceiro lugar, as comissões do Senado se mostraram sensíveis à necessidade de dotar os órgãos concorrenciais de instrumentos para decidir com eficácia. Nesse sentido, aprovou-se emenda que, de um lado, abre ao investigado a possibilidade de propor, não só por uma única vez como previa originalmente o projeto, compromisso para negociar com a administração obrigações em troca do fim das investigações; de outro lado, o artigo que trata da leniência foi emendado para enfatizar a proibição de denúncia criminal contra o leniente. São avanços importantes, mas tímidos e não se pode perder a oportunidade de aperfeiçoar na lei institutos que, em teoria e na prática, proporcionam a todos os envolvidos caminhos para uma defesa da concorrência mais eficaz e segura. Neste particular, não se deve prescindir da experiência do Ministério Público, cuja atuação na seara concorrencial foi, aliás, enfatizada nas novas emendas.Por fim, até o momento, o Senado caminha no sentido de aprovar emendas que com critérios de faturamento ainda mais conservadores à apresentação de fusões ao novo Cade. No caso da fusão entre empresas A e B, por exemplo, os parâmetros mínimos de faturamento não seriam mais de R$ 400 milhões (empresa A) e R$ 30 milhões (empresa B), mas de R$ 150 milhões (empresa A) e R$ 30 milhões (empresa B). A mudança recepciona pleito por maior controle das operações, mas esquece que: a) segundo dados históricos do Cade e das autoridades concorrenciais mundiais, cerca de 90% das fusões analisadas são simples e não mereceriam maior atenção; e b) com a nova lei, adotar-se-á, como se sabe, sistema de análise prévia, ou seja, o negócio não segue em frente antes de aprovado. Se já há, porém, incerteza sobre a capacidade do Estado de munir o

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novo Cade, de imediato, com técnicos para examinar com rapidez o atual número de fusões, imagine se elas aumentarem. Uma enxurrada de notificações pode tapar a visão sobre o essencial.Como se vê, os temas à baila têm uma importância do tamanho do projeto. É preciso continuar este aperfeiçoamento cuidadosamente, mas uma coisa é certa: o projeto ganhou rumo e não abandonará sua profissão de fé, pela concorrência.Gabriel Nogueira Dias é mestre e doutor pela Universidade de Bonn - Alemanha, sócio do escritório Magalhães, Nery e Dias - AdvocaciaEste artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações

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Contas públicas afetam exportações

Sergio LeoA "bolha" de interesse pelo Brasil, apontada pelo economista prêmio Nobel Paul Krugman, promete permanecer inflada por muito tempo. A expectativa de continuidade no crescimento econômico traz previsões de investimentos estrangeiros em torno de US$ 35 bilhões no ano que vem, a exploração do petróleo das camadas pré-sal promete atrair ainda mais recursos do exterior. Tudo isso garante aos exportadores a desagradável certeza de que a tendência do dólar é seguir desvalorizado. Por isso, já se discutem no setor privado alternativas à desvalorização do real, para evitar o progressivo colapso das vendas ao exterior.Os empresários, apesar das previsões, ainda não abandonaram a discussão sobre a necessidade de valorização do dólar. A Fiesp, segundo seu diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior, Roberto Gianetti, apresentou ao governo e fará campanha por uma coleção de medidas destinadas a segurar a enchente de moeda estrangeira que ameaça afogar o mercado brasileiro."Não voltaremos ao patamar anterior, mas dá para chegar ao dólar a R$ 2,10", acredita. É um esforço heroico, mas é disseminada entre os especialistas a certeza de que a sobrevivência das exportações brasileiras não pode se fiar na esperança de melhora no câmbio e depende do aumento da competitividade do país. Há medidas importantes para isso, presas na mão do governo. Uma delas é a devolução dos impostos cobrados indevidamente na exportação, dinheiro que daria fôlego aos empresários para se manter à tona em um mercado tormentoso.É velho dito no comércio exterior brasileiro a reclamação contra a exportação de impostos. Imposto, por definição, não se cobra das exportações. Há países que, pelo contrário, pagam um "reintegro" para compensar exportadores pelos tributos colhidos em sua cadeia de produção. Tributam-se, no máximo, os lucros dos exportadores, que, se forem obrigados a repassar aos consumidores lá fora toda mordida fiscal dos governos locais, passarão a competir em desvantagem. Essa discussão voltou às conversas entre setor privado e governo, no Comitê de Aceleração do Crescimento (novo batismo do Comitê de Acompanhamento da Crise, criado no ano passado).Pelos cálculos da Fiesp, podem chegar a R$ 20 bilhões os tributos cobrados indevidamente dos exportadores, como PIS e Cofins, e não devolvidos. Nos Estados, a gula do fisco já acumula em torno de R$ 40 bilhões cobrados indevidamente, sem devolução. O cálculo é endossado pela secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior, Lytha Espíndola, mas é assunto tabu no Ministério da Fazenda, onde as autoridades, em conversas informais, alegam que as preocupações com a queda de arrecadação não abrem espaço para qualquer medida que toque em impostos.O governo federal não está sozinho na sabotagem tributária às exportações. A discussão sobre os problemas fiscais brasilieiros falha ao concentrar-se nas mazelas da administração dos cofres federais. Em seminário recente da Fiesp, Gianetti pode mostrar que, nos cinco anos entre 2003 e o ano passado, as exportações cresceram apenas 41%, enquanto a arrecadação do IPI e do PIS/Cofins cresceu 95.4%. Nesse mesmo período, a arrecadação do ICMS, estadual, aumentou 84,1%. O vigor do mercado interno responde por parte desse descompasso, claro, mas ele mostra

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também que o crescimento da produção tributável excede o crescimento das exportações, indício da fome irracional de impostos sobre as vendas ao exterior.Enquanto isso, competidores do Brasil no cada vez mais agressivo mercado externo azeitam mecanismos ágeis de compensação de impostos. A China devolve a seus produtores 17% dos impostos cobrados na produção, a Índia, 16%, e a vizinha Argentina, 6%, segundo dados da Organização Mundial do Comércio. Por isso, pesquisa da Fiesp com empresas, associações e sindicatos empresariais constatou que 28% consideram problema grave a acumulação de créditos tributários na esfera federal e 29% classificam o problema como "muito grave". No caso do ICMS, é problema grave para 20% e "muito grave" para 44%. O ICMS concentra o acúmulo de créditos não pagos para 53% das empresas. Na maioria (57%), são créditos de pequeno valor, abaixo de R$ 1 milhão, mas os tributos são um peso considerável, entre 10% a 20% para 26% das empresas e entre 20% e 40% para 36% das firmas. Ao apontarem os custos tributários que mais dificultam um preço de exportação mais competitivo (podendo apontar mais de um tributo), 57% das empresas citaram os encargos trabalhistas, 46%, o ICMS e 33% o PIS/Cofins.O tema foi levado à Comissão de Aceleração do Crescimento pela Confederação Nacional da Indústria, que preparou um estudo sobre o peso dos impostos na exportação e sugere um leque de medidas para eliminar a tributação sobre as vendas externa. "Não é benesse, não é subsídio: a desoneração fiscal das exportações é prevista na Constituição", defende o gerente-executivo de Políticas Econômicas da CNI, Flávio Castelo Branco, que coordena o estudo sobre as medidas necessárias para evitar o indevido peso dos tributos sobre as exportações. A CNI sugere mudanças nas normas da Receita para permitir a informatização dos registros de crédito tributário e sua compensação imediata, com a possibilidade de transferência a terceiros dos valores cobrados indevidamente na exportação.A discussão sobre tributos excessivos - um debate curioso, por acontecer enquanto os competidores do Brasil são criticados por dar estímulos fiscais às vendas externas de sua indústria - é apenas um ponto da necessária agenda de competitividade do Brasil. Ainda que a ação contra a excessiva valorização do real seja uma necessidade indiscutível, como ressalta Roberto Gianetti, o sequestro do potencial exportador brasileiro por cofres federais e estaduais sedentos de caixa é uma anomalia, a ser banida do cenário econômico, em qualquer discussão racional sobre o futuro do Brasil, com ou sem "bolha" financeira internacional.Sergio Leo é repórter especial em Brasília e escreve às segundas-feirasE-mail [email protected]

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Bolívia: Coordenador da campanha do presidenteprevê ano de "briga" no novo Congresso do país

Reeleito, Evo vai mandar cem leis para o Congresso

Marcos de Moura e Souza, de La PazO presidente da Bolívia, Evo Morales, que segundo pesquisas de boca de urna foi reeleito ontem, começará seu segundo mandato com a certeza de que 2010 será um ano com tanta tensão política quanto a que marcou praticamente todo o seu primeiro mandato. A razão é que o governo precisa aprovar no próximo ano leis para por em prática as muitas e polêmicas mudanças incluídas na Constituição aprovada em fevereiro. Algumas dessas mudanças desagradam profundamente a oposição, que deverá se lançar numa nova queda de braço com o governo. "Cem leis serão apresentadas à nova Assembleia já em fevereiro", disse ao Valor o deputado do Movimento ao Socialismo (MAS, partido do presidente) Jorge Silva Trujilo, coordenador da campanha de Morales. A correria se explica porque a nova Carta determina prazos para aprovação das leis."O ano de 2010 será um ano político porque serão discutidas essas leis. Entre elas está a das autonomias, que será como outra Constituição. Será uma briga. Até agora temos regras e instituições neoliberais e tudo isso cairá em 2010 para dar lugar a um novo modelo", prevê Trujilo.

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A lei das autonomias detalhará como serão criadas e dividias atribuições de departamentos (Estados), municípios, regiões e de comunidades indígenas - num total de 36 novos entes autônomos no país.Críticos dizem que a novidade fatalmente criará conflitos ou sobreposições de competências.Outro tema controverso que precisará de legislação complementar é a criação de um novo sistema judicial, pelo qual os magistrados passarão a ser eleitos pelo voto popular. A justiça comunitária, praticada por comunidades indígenas e camponesas no país, também precisará ser normatizada. Além disso, haverá leis que ampliarão o papel do Estado na economia, que reformarão os códigos penal, civil etc.Para facilitar a aprovação das leis, o governo trabalhou na campanha eleitoral para ampliar sua bancada no Congresso. Na legislatura atual, o governo tem maioria na Câmara dos Deputados, mas não no Senado. A meta de Evo e do MAS era eleger dois terços de congressistas da base na Câmara e no Senado. Muitas leis que serão apresentadas precisarão de uma aprovação qualificada, outras requerem maioria simples."A questão é: se o governo ganhar os dois terços no Congresso, não haverá tantas discussões para a aprovação das leis. Mas eu temo que se as leis forem aprovadas assim, por essa possível maioria, poderá haver conflitos nas ruas", diz Susanne Käss, analista política do escritório da Fundação Konrad Adenauer de La Paz.O problema, na avaliação de Käss, de se ter uma agenda política tão carregada é que a gestão corre o risco de ficar em segundo plano. "Este governo esteve até agora quase permanentemente em campanha e isso se refletiu na gestão. O Ministério da Infraestrutura, por exemplo, quer gastar agora 40% de seu Orçamento, fatia que não conseguiu gastar durante quase todo o ano. Outro exemplo é o da YPFB: em julho a empresa havia gasto mais ou menos 4% de seu orçamento."Nos quatro anos do primeiro mandato de Evo - iniciado em 2006 - os bolivianos votaram pela autonomia dos Departamentos opositores; para a formação de Assembleia Constituinte; num referendo revogatório dos mandatos dos governadores e do presidente; e, depois, pela aprovação da Constituição. Tudo isso em meio a um tenso ambiente de disputa e desestabilização política.Mas neste segundo mandato há uma diferença no equilíbrio de forças no país: "O MAS já aparece como um partido hegemônico - o único partido nacional (em 2005 ainda não o era) indispensável em todos os Departamentos", diz Rafael Archondo, professor da pós-graduação da Universidade Mayor de San Andrés (pública) e coordenador do curso de filosofia e ciência política. "E a oposição está muito debilitada e muito provavelmente será uma uma força mais moderada. Isso dará comodidade para o governo se tiver maioria também no Senado."Segundo a boca de urna feita pela rede estatal de televisão, Morales obteve 59,09% dos votos. A TV pública aponta Manfred Reyes Villa, seu principal adversário, com 24,01%.Já a rede privada ATB informa que Morales teria sido reeleito com 63,2% dos votos; Reyes Villa teria obtido 24,1%.

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Venezuela intervém em mais três bancos

Agências internacionaisA Venezuela interveio em mais três bancos e prendeu o presidente de um deles. O governo venezuelano não deu detalhes sobre os motivos da prisão. Com a ação, o Estado subiu para sete o número de instituições em que interveio: assumiu cinco delas e fechou duas.O governo interveio em novembro na administração de quatro bancos e na sexta assumiu outros três - o Banco Real, o Baninvest e o Central Banco - por irregularidades em seus indicadores, o que trouxe de volta lembranças de uma crise financeira que atingiu o país em 94 e acabou com metade dos bancos locais.O preso, Arné Chacón Escamillo, presidia o Real e é irmão do ministro de Ciência, Tecnologia e Indústrias da Venezuela, Jesse Chacón."O Ministério Público apresentará Arné Stevenson Chacón Escamillo a um tribunal de Caracas, por sua suposta participação na investigação iniciada na raiz da intervenção de sete instituições financeiras", informou a Promotoria em comunicado.

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O Bolívar Banco e o Confederado, que sofreram intervenção em novembro, estão sendo recuperados para passarem ao controle do Estado. Os bancos Canarias e Banpro foram fechados.O empresário Ricardo Fernández Barruecos, dono do Grupo Confederado - que agrupava os quatro primeiros bancos sob intervenção - e que é ligado ao governo, foi preso há duas semanas.

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Opinião - Política fiscal em sua hora da verdade

Gustavo LoyolaO superávit fiscal primário, acumulado em doze meses, despencou para 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em outubro de 2009. Um ano antes, esse indicador estava na confortável casa dos 4,3% do PIB. Mesmo considerando a hipótese de um resultado de 1,6% do PIB para o final deste ano, parece não haver dúvida quanto à piora sensível das contas públicas brasileiras nos últimos meses. A grande questão é saber se tal deterioração é fenômeno transitório, resultado direto da crise, ou se estamos diante de um problema mais grave de abandono da responsabilidade que caracterizou a política fiscal na última década.A resposta a essa questão será dada no decorrer de 2010. A perspectiva de crescimento robusto de 5% do PIB brasileiro afasta a possibilidade de se rotular de "anticíclica" uma política fiscal que apresente os mesmos resultados negativos que foram observados nos últimos meses. Assim, uma repetição do pífio desempenho das contas públicas despertaria fortes suspeitas de ruptura com a política de responsabilidade fiscal, que já não poderia ser mais escondida sob o manto da mera reação à crise.Porém, até aqui os sinais têm sido negativos. A forte expansão dos gastos de custeio em 2009 e a proliferação errática de isenções tributárias com vigência até 2010, combinadas com a crescente utilização de uma contabilidade criativa nas contas públicas, parecem indicar que a recuperação do superávit primário em 2010 será insuficiente para levar o quadro fiscal de volta à mesma situação confortável do período pré-crise. Com efeito, a própria meta estipulada pelo governo para 2010 indica um "esforço" primário efetivo de apenas 2,5% do PIB, muito aquém, portanto, dos resultados obtidos antes da crise.O cumprimento dessa modesta meta em 2010 estará associado basicamente à recuperação cíclica da arrecadação tributária, graças ao maior crescimento da economia. Com relação às despesas, tudo indica que seguirão apresentando forte crescimento real, notadamente os gastos com pessoal e com benefícios previdenciários. Assim, a qualidade do gasto público seguirá se deteriorando, com os investimentos numa posição secundária vis-à-vis as despesas de custeio, apesar de todo o rufar de tambores em relação ao PAC. Muito embora os principais indicadores de solvência - dívida líquida/PIB e dívida bruta/PIB - devam fechar o ano próximo em patamares ainda confortáveis e superiores aos percentuais observados em 2009, o desempenho das contas públicas em 2010 reforçará a ideia de mudança qualitativa para pior da política fiscal, com o abandono da estratégia de obtenção de superávits primários na faixa entre os 3% e os 4% do PIB que caracterizou a última década de política econômica. Pode-se argumentar que superávits dessa magnitude não são mais necessários, tendo em vista a queda verificada nos custos reais de financiamento da dívida pública nos últimos anos. Se assim for, os gastos primários adicionais estariam apenas "substituindo" uma menor despesa com o pagamento dos juros da dívida, sem que houvesse deterioração dos indicadores de sustentabilidade do endividamento público. Porém, trata-se de um argumento equivocado, ainda que se concorde com a tese da queda sustentada dos custos do financiamento da dívida pública. Ao contrário, caso se confirme nos próximos anos a tendência de menores superávits primários, serão múltiplas as consequências negativas sobre a economia brasileira. Em primeiro lugar, é necessário considerar que o Brasil ainda exibe pelo menos dois indicadores que são pontos "fora da curva" em relação a economias semelhantes: a carga tributária e os juros reais elevados. Tanto um quanto o outro oneram as empresas brasileiras e se constituem em fatores inibidores do crescimento econômico. Desse modo, a economia com o pagamento de juros da dívida deveria idealmente ser empregado na própria redução do endividamento público ou na diminuição da carga tributária. Ao se decidir pela elevação da despesa primária, o governo

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condena as empresas brasileiras a conviveram com um ambiente macroeconômico mais inóspito e que não favorece o investimento privado.Em segundo lugar, não devem ser ignoradas a rigidez estrutural das contas públicas e a necessidade de se conter o crescimento das despesas de custeio. Por razões demográficas, o déficit da previdência social tende a crescer inexoravelmente nos próximos anos, caso não haja uma profunda reforma. Do mesmo modo, é também inexorável o crescimento dos gastos com saúde. Dessa maneira, considerando essas tendências, seria prudente controlar a elevação dos gastos em outras rubricas de custeio, particularmente nas despesas com pessoal. Ao patrocinar, como fez em 2009, uma grande expansão dos gastos primários, o governo dificulta a gestão fiscal no futuro e aumenta os riscos de descontrole nas finanças públicas. Em terceiro, deve-se notar que o Brasil padece de insuficiente taxa de poupança privada, o que demanda a existência de um setor público que contribua positivamente na formação da poupança doméstica, a fim de reduzir a dependência de poupança externa. Embora a importação de poupança, via déficits nas contas correntes, não seja um mal em si, o fortalecimento da poupança doméstica ajuda a proteger o país em situações de súbita redução da liquidez externa, o que tenderia a reduzir a volatilidade do produto e do emprego. Lastimavelmente, a opção pela redução do superávit primário via elevação dos gastos de custeio ignora completamente esse fato. Melhor teria sido, obviamente, elevar os gastos de investimento, mantendo sob controle as despesas de custeio.Listamos acima apenas alguns dos problemas que poderão resultar da opção seguida pelo governo em 2009 e que provavelmente se repetirá no ano vindouro. Menores superávits primários, em consequência do aumento acelerado dos gastos de custeio, devem contribuir para o menor crescimento da economia nos próximos anos, ao contrário da crença hoje predominante na Esplanada dos Ministérios.Gustavo Loyola, doutor em economia pela EPGE/FGV, ex-presidente do Banco Central do Brasil, é sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada, em São Paulo. Escreve mensalmente às segundas-feiras. [email protected]

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Hoje, 57% da cana moída em todo o país é destinada à produção de etanol Opinião - A culpa é do mordomo

Arnaldo Luiz CorrêaO controle do preço do combustível coloca em xeque um dos setores mais promissores do agronegócio brasileiroMuito tem se falado sobre os recentes aumentos de preço do etanol para o consumidor. Ouviu-se até por parte de alguns setores mal informados que as usinas estão estocando o produto para forçar o aumento de preços. A cana-de-açúcar é matéria-prima para a produção de açúcar e etanol. As usinas planejam, no início da safra, o destino que querem dar à cana que vão moer para a produção de açúcar e etanol. Levam em consideração para o processo decisório a visão de preços, de remuneração, de logística, de capacidade industrial, de armazenagem e de necessidade de caixa e investimento, apenas para citar alguns fatores. Não se aperta um botão na usina e se decide naquele momento quanto se vai produzir de açúcar ou de etanol. Tudo tem um planejamento rigoroso. E a flexibilidade de mudá-lo ao longo do período de moagem é muito menor do que um leigo pode supor. Se uma usina produziu um mix de 50% de açúcar e 50% de etanol, poderá, se bem ajustada, alterar esse mix em no máximo 5-7%. Mais do que isso, ela não vai conseguir sem os devidos investimentos na área industrial, cuja análise mais abrangente deve ser realizada no projeto.O açúcar é genuinamente uma commodity na acepção da palavra, ou seja, tem seu preço livre no mercado, é negociado em bolsa no exterior, com excelente liquidez, que permite a todos os agentes (produtores, consumidores, processadores, investidores, fundos, etc.) entrar e sair de suas posições a qualquer momento. Como tal, é suscetível à implacável lei da oferta e da procura, que faz com que os preços subam quando a produção é menor do que a demanda e despenquem quando a produção é maior do que a demanda e ocorre a formação de estoques. Simples assim.

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O número crescente de contratos de açúcar negociados nas bolsas internacionais (mais de 25 vezes o volume negociado no mercado à vista) demonstra que existe por parte de toda a cadeia dessa commodity uma preocupação na gestão de risco, ou seja, na administração de situações adversas de preços que podem comprometer o produtor ou consumidor final se forem negligenciadas.A cana, portanto, matéria-prima, compete com dois produtos diversos: um - o açúcar, que é legitimamente uma commodity, como já dissemos, e cujo risco de preço pode ser mitigado pelo produtor brasileiro ao utilizar os mercados futuros; e outro - o etanol, que tem o preço limitado ao da gasolina que, por sua vez, é controlado pelo governo. Da mesma gramínea, temos uma dicotomia. Produz uma commodity e outro cujo preço não encontra respaldo nas leis de mercado. Isto é, 57% da cana moída no Brasil é destinada à produção de etanol, cujo preço o produtor não tem condições de proteger porque não existe um contrato futuro de etanol em volume suficiente que ele possa mitigar o risco de flutuações adversas de preço. O produtor, assim, coloca suas fichas na esperança de um mercado interno promissor, que deve consumir em 2012/2013 perto de 37 bilhões de litros de etanol, segundo levantamento da Archer Consulting.Se pegarmos a média de preço do álcool hidratado (usado pelos veículos flex), comercializado dos últimos 120 dias, tomando como base o índice ESALQ, verificaremos que as usinas venderam o produto, em média, 3% abaixo do custo de produção, não considerando aí o custo financeiro de carregar estoques. No último ano, na média, o hidratado foi negociado 8% abaixo do custo de produção. No início desse ano, em fevereiro e março, muitas usinas pressionadas pela crise de crédito chegaram a vender o hidratado a escorchantes 31% abaixo do custo de produção. E não tinham alternativas, pois precisavam de dinheiro para atender aos compromissos de início de nova safra.O açúcar vive um período favorável em termos de preços no mercado internacional em função do déficit de produção na Índia, maior consumidor mundial. E somente agora os preços do açúcar no mercado interno provocaram a elevação da curva de preços do etanol, que estava abaixo do ponto de equilíbrio. A perspectiva de que as usinas podem alterar o mix de produção no próximo ano dando preferência ao açúcar que remunera melhor, acende a luz amarela do suprimento, fazendo com que as distribuidoras se antecipem na compra do produto.Essa lei da oferta e procura seria perfeita se os preços não fossem regulados pelo governo. Imagine, agora, se o preço da gasolina no mercado interno fosse livre refletindo as bolsas internacionais. As usinas teriam aproveitado a chance de ter uma melhor remuneração pelo etanol que produziram e, certamente, teriam - se não evitado, pelo menos aliviado - o estresse financeiro pelo qual passaram depois do tsunami financeiro global. Seria uma excelente oportunidade de consolidar a presença dos carros flex. No entanto, o governo engessou o preço da gasolina por razões de cunho político, fiscal e sabe-se lá quais outras mais, quando poderíamos ter dado um passo em direção ao livre mercado.Enquanto não tivermos um mercado de combustível livre no Brasil, poderemos esquecer, pois não haverá um mercado futuro de etanol que dê ao produtor a possibilidade de mitigar seu risco ou de entregar seu produto na bolsa. A falta de um poderoso instrumento de gestão de risco inibe o crescimento sustentado e aumenta o risco do negócio, colocando em xeque um dos setores mais promissores do agronegócio brasileiro.Arnaldo Luiz Corrêa é gestor de riscos, especialista em commodities agrícolas, e co-autor do livro Derivativos Agrícolas, pela Editora Globo. E-mail: [email protected]

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A era das reformas não foi desperdício e definitivamente ajudou o Reino Unido a sair da crise Opinião - A Grã-Bretanha pós-pós-Thatcher

Martin WolfAs reformas de Thatcher não foi desperdício e definitivamente ajudou o Reino Unido a sair da crise. Margaret Thatcher tornou-se primeira-ministra do Reino Unido em 4 de maio de 1979 e permaneceu no cargo por mais de 11 anos. Seu governo remodelou a política no Reino Unido e,

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depois da eleição de Ronald Reagan como presidente dos EUA, em 1980, os dois remodelaram o mundo. Mas, depois da maior crise financeira desde a década de 30, cujo centro esteve nos EUA e Reino Unido, onde ficam os dois principais centros financeiros do mundo, o que restou da revolução Thatcher?A senhora (agora lady) Thatcher entrou no comando determinada a reverter o declínio nacional, marcado por alta inflação, baixo crescimento e militância sindical. Seu governo enfatizou o controle monetário; a desregulamentação, particularmente do setor financeiro; um mercado trabalhista mais flexível; e as privatizações. O governo trabalhista pós-1997 não abandonou essas políticas e até as aproveitou. Os trabalhistas aumentaram os gastos públicos, mas não imensamente: os gastos em 2007/08 foram inferiores aos de Thatcher em 1988/89. Os trabalhistas também abandonaram a política fiscal ativa, adotaram metas de inflação, introduziram a independência do banco central e deram boas-vindas ao vigor do setor financeiro.O mundo agora mudou. O Estado foi obrigado a resgatar o setor financeiro da implosão. A estabilidade macroeconômica desapareceu: no terceiro trimestre de 2009, o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido estava 10% abaixo do que estaria se a tendência de 1991 (crescimento anual de 3%) tivesse continuado desde o início de 2008. Também surgiu um imenso déficit fiscal: os gastos correntes para este ano financeiro previstos no orçamento de março de 2009 eram 3% maiores do que os projetados um ano antes, sendo que a previsão do PIB nominal era 9% menor e das receitas correntes, 18% mais baixas. Essa debacle explica amplamente os déficits enfrentados e os previstos.O rápido crescimento e alta rentabilidade do setor financeiro, ao que parece, desvaneceram-se. Assim como a suposição de que os governos deveriam simplesmente ficar fora do caminho dos mercados. Então, o que restou da crença de que essas reformas por muito tempo fortaleceram a economia do Reino Unido?Primeiro, mesmo com a recessão, o PIB do Reino Unido cresceu bem mais do que o dos grandes países da Europa continental ou o Japão. Entre o primeiro trimestre de 1991 e o terceiro de 2009, o PIB do Reino Unido subiu 48%, em comparação aos 35% da França, 22% da Alemanha, 19% da Itália e 16% do Japão. Dentro do grupo dos sete países de alta renda, apenas EUA e Canadá superaram os Reino Unido, com expansões de 63% e 60%, respectivamente, no PIB.Segundo, parte desse desempenho certamente se mostrará uma miragem. Mas a menos que a tendência de crescimento do Reino Unido fique abaixo dos índices de seus pares europeus e do Japão vistos entre 1991 e o início da crise (1,1% no Japão, 1,5% na Alemanha e Itália, e 2,1% na França) ou que estes melhorem significativamente (o que parece improvável), o Reino Unido manterá boa parte da vantagem que conquistou durante a expansão. A era das reformas, definitivamente, não foi desperdício.Terceiro, a estabilização claramente não foi longe o suficiente. Em particular, antes da crise, o endividamento fiscal - dívidas líquidas em relação ao PIB, em torno a 40% - e os déficits estavam altos demais para dar ao país o espaço de manobra que precisava. Isso tem implicações dolorosas. Agora, há o risco de que Reino Unido enfrente 20 anos fracos - dez para deixar os déficits de volta sob controle e outros dez para levar os níveis de dívida de volta ao ponto em que começaram.Por fim, para evitar tal resultado doloroso, as alternativas precisam ser ou um desastroso calote inflacionário ou o ressurgimento do crescimento. Quanto maior o crescimento, mais administrável será a crise fiscal.O caminho de menos resistência ao crescimento seria a perigosa esperança de que uma onda de políticas monetárias mais soltas em todo o mundo permitisse que o setor financeiro, renascido, mas não reformado em seus fundamentos, trouxesse a economia do Reino Unido de volta à tona. Isso seria perigoso, economicamente (por ser instável) e fiscalmente (por ser potencialmente custoso). O Reino Unido mal pode arcar com os custos de segurar seu atual setor financeiro, muito menos de um que seja maior.A solução precisar ser encontrada de outra forma: em uma política voltada ao crescimento, que encoraje a emergência de uma economia mais diversificada. Isso não deve ser buscado com a supressão dos mercados, mas apoiando-os e orientando-os. Cortes fiscais não devem recair sobre atividades que possam sustentar o crescimento - infraestrutura e pesquisa e desenvolvimento. Tanto a poupança como os investimentos terão de aumentar. A política de imigração deveria

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procurar os que têm mais condições de contribuir. Tendo em vista o endividamento das famílias, a atenção deveria ser voltada para atividades que atendam os mercados mundiais.As era Thatcher e pós-Thatcher não foram desperdiçadas. Durante os anos bons, o Reino Unido, no entanto, tornou-se complacente em relação à situação para a qual a economia foi levada pelos mercados e à real posição fiscal. Mercados financeiros sobreaquecidos são um guia econômico perigoso, como certa vez argumentou Keynes; e as posições fiscais também devem ser avaliadas com grande cautela. O que se precisa agora dos políticos é que direcionem o foco ao crescimento. Essa é a única forma palatável de administrar o choque.Martin Wolf é editor e principal comentarista econômico do FT.

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JORNAL DO COMMERCIO

Saldo ultrapassa R$ 4 bi em novembro

VICENTE NUNESO aumento da renda e do emprego abriu espaço para brasileiros investirem parte do salário. Segundo dados divulgados sexta-feira pelo Banco Central, a caderneta de poupança, a mais tradicional aplicação do País, registrou em novembro captação líquida (depósitos menos saques) de R$ 4,46 bilhões, o melhor resultado mensal para o ano. Em relação ao saldo de igual mês em 2008 (R$ 2,63 bilhões), auge da crise mundial, houve crescimento de 70%.

Na avaliação do economista-chefe do Banco Schahin, Sílvio Campos Neto, parte desse forte crescimento está associado ao pagamento da primeira parcela do 13º salário. Ao contrário de anos anteriores, em vez de usar integralmente a parcela extra do salário para quitar dívidas, neste ano, os trabalhadores honraram seus compromissos e ainda puderam investir uma parte da remuneração.

Outro dado importante, para comprovar o aumento da renda dos brasileiros, foi que, além da poupança, cresceu o volume de dinheiro aplicado nos fundos de investimentos. De início, pensou-se que a maior parcela dos recursos carreados para a caderneta seria fruto da migração dos fundos. Mas, pelas contas da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de renda fixa, que competem diretamente com a poupança, contabilizaram, no mês passado, saldo positivo de R$ 2,44 bilhões. Nos fundos DI, a captação líquida foi de R$ 1,22 bilhão.

Casa própria. Com as aplicações na caderneta bombando, os bancos estão mais confortáveis para financiar a compra da casa própria. Por lei, de cada R$ 100 depositados na poupança, R$ 65 devem ser destinados ao financiamento imobiliário.

No total, a caderneta tem R$ 308,39 bilhões em depósitos. Somente neste ano, as aplicações superaram os saques em R$ 21,1 bilhões, quase o dobro do registrado nos 11 primeiros meses de 2008 (R$ 12,36 bilhões). Até abril, o saldo da poupança estava negativo em R$ 1,5 bilhão. "A virada tem muito a ver com a melhora da renda e do emprego", reforçou o economista.

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Captações privadas deverão cair 30% em 2009

Mônica Ciarelli Agência EstadoA crise que colocou um freio no ritmo de crescimento da economia mundial em 2009 vai se traduzir em uma queda de, no mínimo, 30% no volume de captações privadas no Brasil. Dados registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostram que as emissões somaram até o início de dezembro R$ 79,2 bilhões e os pedidos em análise no órgão somam mais R$ 8,9 bilhões. Portanto, mesmo que todas as operações sejam aprovadas ainda este ano, a cifra representaria uma

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redução de 32,2% frente aos R$ 130 bilhões captados por empresas no Brasil em 2008, período em que a crise financeira internacional também provocou estragos, embora concentrado nos últimos meses.

Os dados da CVM revelam que a retração foi mais intensa no segmento de debêntures do que em ações.

Em 2009, as empresas captaram R$ 8,3 bilhões no segmento de debêntures, ante os R$ 37,4 bilhões registrados no ano passado. A expectativa, entretanto, é de uma forte recuperação em 2010. O diretor de investimentos da Previ, Fábio Moser, acredita que as operações com debêntures podem retornar ao período pré-crise internacional. O combustível viria do crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem. "A economia vai crescer e precisar ser financiada", afirmou. O chefe da área de análise da Modal Asset, Eduardo Roche, também enxerga um cenário promissor para o mercado de debêntures com a retomada mais firme do crescimento econômico brasileiro em 2010. Entretanto, os dois executivos são mais cautelosos ao traçar uma projeção de crescimento para o mercado de ações. Isso porque o desempenho desse ano não foi ruim nesse segmento, com volume de ofertas devendo repetir a cifra em torno de R$ 30 bilhões totalizada no ano passado. Mas também pela maior seletividade do investidor após a crise. Segundo Roche, a crise deixou os investidores muito mais cauteloso em suas aplicações, o que tem reflexo direto nas ofertas de ações. "Antes, qualquer empresa que viesse ao mercado tinha uma rentabilidade de 10% no mínimo. Os investidores pagavam um prêmio sem saber porque", lembrou.

seletividade. Apesar da recuperação do mercado internacional, Roche está convicto de que a dinâmica mudou e que a seletividade hoje fala mais alto na hora do investidor decidir aplicar seus recursos. Moser, da Previ, aponta ainda outros fatores que devem limitar uma expansão maior das ofertas de ações: a tributação sobre o capital externo e a possibilidade dos Estados Unidos elevarem suas taxas de juros.

"Acredito que esse é um ponto chave. Se eles subirem as taxas em 2010, isso pode trazer uma maior dificuldade de liquidez para países emergentes, como o Brasil", explicou. Já o diretor da Telemar Participações e coordenador do Instituto Brasileiro de Governança Corporativo (IBGC), Renato Gomes, é mais otimista em relação as perspectivas para o mercado de capitais brasileiro. Segundo ele, já há uma grande movimentação de empresas se preparando para emitir ações e debêntures no início de 2010. "Acredito que dá para voltar ao patamar pré-crise. As empresas estão tirando da gaveta seus projetos", disse. Segundo ele, essa recuperação pode beneficiar as atividades do Bovespa Mais, segmento da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) voltado para empresas de menor porte.

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RPPS devem investir mais em renda fixa

LUCAS VETTORAZZO Os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), que são aos fundos de previdência dos funcionários públicos municipais, estaduais e federais, precisam passar a investir mais em renda fixa para atingirem suas metas atuariais, afirmaram especialistas durante o congresso sobre o tema realizado pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec)-Rio, na sexta-feira, no Rio de Janeiro. Atualmente, os regimes próprios têm mais 90% de sua carteira de investimentos aplicados em renda fixa, de acordo com dados do Ministério da Previdência Social.

Com o movimento de queda da taxa básica de juros, a Selic, que reduz o percentual de retorno dessa modalidade de investimento, os gestores dos Regimes Próprios precisam encontrar solução para alcançar rendimentos que vão garantir o pagamento de benefícios aos aposentados e pensionistas no futuro. Essa solução, apontam os especialistas, está no investimento em ações.

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O coordenador geral de Auditoria Atuaria e Investimentos do Ministério da Previdência Social, Otoni Gonçalves Guimarães, afirma que a tendência é de que os RPPS migrem suas aplicações, paulatinamente, para a renda variável. Segundo ele, a maior parte dos 2,23 mil regimes próprios do País, "atuarialmente falando", é deficitária.

"Dada a situação da economia nacional, com queda da Selic, a estabilização do mercado de ações e a recuperação mais rápida do Brasil frente à crise, está se falando em uma tendência de se cumprir as metas atuariais por meio de investimento em renda variável. Todos os indicadores que temos hoje mostram que, se canalizarmos todo o investimento em renda fixa, a possibilidade de se alcançar as metas atuariais fica bastante limitada", afirmou Guimarães.

R$ 40 bilhões. Segundo ele, os RPPS administram patrimônio de cerca de R$ 40 bilhões. Um resolução recente do Conselho Monetário Nacional permitiu que 30% do investimento desse tipo de instituição sejam aplicados em renda variável. "A expectativa, e não estou dizendo que isso seja o ideal, é que haja um aumento de renda variável. Não estou dizendo que é uma expectativa do ponto de vista que a gente espera que aconteça. É uma expectativa de tendência", afirmou.

Por conta de ter a maior parte de seus ativos em renda fixa, 98,23%, segundo dados de abril computados pelo Ministério de Previdência Privada, a crise não trouxe grande perdas para os RPPS, explicou Guimarães. "Como renda variável representa menos de 2% do total, as perdas foram muito pequenas. Os investimentos são aplicados, em geral, em fundos multi-mercados, que foram os que menos perderam", analisou Guimarães.

O diretor superintendente da BB Previdência e gerente geral da Unidade de Gestão Previdenciária, Expedito Afonso Veloso, enfatizou que para que os RPPS aumentem sua participação em renda variável, é preciso que haja a adoção de rigorosas práticas de governança corporativa, que, traduzida para o mundo da previdência privada, recebeu a denominação de governança previdenciária.

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Ibovespa supera Dow Jones em 42 anos

ANTONIO ROGÉRIO CAZZALIA Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) atualizou recentemente um estudo que compara o desempenho do Ibovespa com o Índice Dow Jones Industrial Average, o principal dos Estados Unidos. Isso foi feito estabelecendo ao ano de 1967 como de base 100. "Fizemos cálculos em dólares norte-americanos, deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI), dos Estados Unidos", disse o presidente da associação Antônio Castro.

Segundo ele, com estes parâmetros, o estudo verificou que, em 42 anos, a rentabilidade real do Ibovespa apresentou, até outubro deste ano, média de valorização anual de 9,2%. Já o Índice Dow Jones registrou uma média de rentabilidade real anual de apenas 2,2%. O estudo da Abrasca comparou ainda a trajetória do Produto Interno Bruto dos dois países, o que foi confrontado com a rentabilidade real do Ibovespa e do Dow Jones. Enquanto o índice brasileiro (9,2% ao ano) bateu de longe o crescimento médio anual do PIB, da ordem de 4,3% desde 1967; o Dow Jones (2,2% ao ano) ficou abaixo do crescimento médio anual da economia dos Estados Unidos, da ordem de 3,1%, nesse mesmo período.

Por conta desses estudos, observou-se que as maiores oscilações negativas do Ibovespa ocorreram nos anos de 1971 e 1990, na ordem de, respectivamente, 51% e 74%. Já no Dow Jones, as maiores volatilidades negativas se deram em 1974 e 1977, na ordem de, respectivamente, 33% e 21%. "Vale, portanto, observar que as flutuações máximas do Dow Jones se posicionam num corredor de 33%, enquanto que no Brasil os níveis de volatilidade podem superar amplamente este corredor, acima dos 50%", enfatizou Castro.

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Diante deste quadro, Castro questionou se o Brasil consegue superar os problemas internos que causam esta volatilidade: "Será que as contas públicas vão se manter equilibradas ? Este parece ser um eterno desafio". Em setembro foi registrado um déficit fiscal primário de R$ 5,8 bilhões, o primeiro saldo negativo nas contas públicas neste ano, e o pior resultado para setembro, desde 2001.

Castro lembrou que o governo tem como meta um superávit primário de 2,5% do PIB para este ano e 2010. "Para atingir este resultado ele precisará aumentar a arrecadação e/ou reduzir gastos, hipótese pouco provável. A economia já está em recuperação, e uma política fiscal expansionista pode gerar pressões inflacionárias nos próximos anos", alertou.

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Dólar sobe 0,94% com foco nos EUA

Da RedaçãoA surpresa provocada pelo relatório de emprego dos Estados Unidos (EUA) aumentou a volatilidade no mercado internacional na sexta-feira, fazendo o dólar fechar em alta, depois de ter chegado a testar o nível psicológico de R$ 1,70 durante a semana. A moeda norte-americana subiu 0,94%, para R$ 1,725 na venda e R$ 1,723 para compra. Já o dólar turismo fechou a semana cotado a R$ 1,8070 para venda e R$ 1,6570 na ponta de compra, com 0,95% de apreciação e um alargamento do spread, o que, de acordo com analistas, pode ser um sinal de reversão na tendência de desvalorização. Apesar da alta diária, a divisa encerrou a semana com queda de 0,86% frente ao real.

Na sexta-feira, o governo dos Estados Unidos divulgou que foram fechados apenas 11 mil empregos em novembro, o que reduziu a taxa de desemprego do país de 10,2% para 10%. O dado sinalizou uma recuperação mais firme do mercado de trabalho norte-americano e permitiu ao mercado estimar uma alta dos juros antes do previsto nos EUA. "Apesar de ser uma notícia positiva, o mercado interpreta isso como se eles (os Estados Unidos) fossem elevar os juros um pouco mais cedo. E o dólar começa a ganhar valor", disse João Eduardo Santiago, operador do banco Alfa de Investimento.

Já o euro comercial encerrou a sexta-feira valendo R$ 2,567 para venda e R$ 2,563 na compra, desvalorizado em 0,46% ante o fechamento de quinta-feira. No turismo, recuo de 0,7%, com a divisa da União Europeia cotada a R$ 2,678 na venda e R$ 2,494 para compra.

Internacional. Enquanto o mercado interbancário fechava no Brasil, o dólar subia 1,3% em relação a uma cesta com as principais moedas, com destaque para a valorização diária de 1,36% ante o euro, encerrando a semana a U$ 1,4847. Frente ao iene, a divisa norte-americana saltou de 88,26 ienes para 90,48 ienes, numa apreciação de 2,5% - maior declínio diário da moeda japonesa frente ao dólar desde 1999.

As apostas de que o FED irá elevar os juros até sua reunião de junho aumentaram 53%, de 31% há uma semana, de acordo com as operações com futuros em Chicago. Na contramão, as commodities - principais componentes da balança comercial brasileira - recuavam uma média de 1,08%, de acordo com o índice Reuters-Jefferies.

Ao longo do ano, a taxa de juros entre zero e 0,25% nos Estados Unidos foi apontada como um dos principais fatores para a tendência de queda do dólar, já que os investidores buscavam aplicações em outros países para poder garantir um rendimento maior, bem como em relação às commodities. O Federal Reserve, no entanto, tem afirmado nas últimas reuniões e discursos de seus integrantes que os juros devem seguir muito baixos por um período longo.

A decisão do Federal Reserve de iniciar um ciclo de aperto monetário na maior economia do

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planeta é aguardada por investidores como um sinal de reversão nas principais tendências registradas nos mercados financeiros globais ao longo de todo o ano de 2009. Dentre elas, a derrocada do dólar, a valorização das commodities e a compra desenfreada de ativos em países emergentes, por conta do "carry trade". (Com Agências)

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Armínio Fraga vê "máquina de bolhas" na economia global

Agência ReutersA "máquina de bolhas" da economia mundial continua funcionando enquanto os formuladores de política econômica lutam contra a recessão com políticas fiscais e monetárias fáceis, disse o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, na quinta-feira.

Fraga, que também é presidente do conselho da BM&F Bovespa, acrescentou que as preocupações sobre a sustentabilidade da política fiscal em países desenvolvidos precisam ser administradas para evitar crises futuras. Ele disse que os juros em recorde de baixa em muitos países desenvolvidos também estão ajudando a criar um excesso de liquidez para as economias emergentes que não foram tão afetadas pela crise. "De muitas formas ainda temos uma máquinas de bolhas. Estamos tratando uma bolha com uma bolha", disse ele a jornalistas em Nova York antes de uma reunião do G30.

Fraga defendeu a estratégia do governo brasileiro de combater a recessão com gasto público, mas acrescentou que agora que a economia está se recuperando pode ser o momento de a política fiscal "tirar o pé do acelerador". Isso abriria espaço para o banco central reduzir mais o juro, segundo ele, e "seria uma forma muito eficiente de conter a apreciação do real". O real se valorizou em mais de 30% até agora neste ano, ameaçando exportadores, apesar de medidas do governo para conter fluxos "especulativos" externos.

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Ibovespa recua a 67.603 pontos

Da RedaçãoOs preços dos contratos futuros de metais e petróleo caíram e tiraram força das bolsas. O Ibovespa fechou a sexta-feira em queda de 1,04%, a 67.603,52 pontos. Além dos dados de desemprego dos Estados Unidos, o mercado acionário doméstico foi agitado no último dia da semana pelo anúncio da compra da Casas Bahia pelo Grupo Pão de Açúcar. Apesar dos dados positivos, que levaram o índice a subir até 1,53%, a bolsa acabou fechando no vermelho. A notícia de que o Pão de Açúcar comprou a Casas Bahia animou os negócios, fazendo disparar as ações da rede supermercadista e também da Globex, sua controlada.

Pelo anúncio feito pelas empresas, o Pão de Açúcar assumirá a Casas Bahia por meio da Globex, controladora da rede Ponto Frio, adquirida por ela recentemente, e ficará com 50% mais uma ação, enquanto a Casas Bahia terá, por enquanto, 47,84% das ONs e 2,21% das PNs. A intenção de ambas, segundo comunicado, é que a Casas Bahia atinja uma participação de 49% no capital votante da Globex. Na associação, também serão consolidados, em uma ou mais sociedades, os negócios de comércio eletrônico de bens duráveis na Nova PontoCom, que hoje são explorados por Globex, Casas Bahia e Pão de Açúcar. Isso acabou pesando sobre as ações da sua principal concorrente do setor: B2W ON perdeu 4,77%, na maior queda do índice, enquanto Pão de Açúcar PNA liderou as altas, com 9,73%. Globex ON disparou 28,36%.

Apesar dos números gigantes da operação, este negócio não teve força para conduzir o Ibovespa, que voltou a cair no início da tarde e seguiu assim até o final. As blue chips puxaram o índice para baixo, embora a queda depois tenha se espalhado numa oportuna realização dos lucros acumulados. Petrobras ON perdeu 2,02% e PN, 2,29%. Vale ON recuou 1,84% e PNA, 2,25%. O

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setor siderúrgico caiu em bloco: Gerdau PN, -1,04%, Metalúrgica Gerdau PN, -0,28%, Usiminas PNA, -0,49%, e CSN, -1,03%. Além de Pão de Açúcar na liderança, as maiores altas do Ibovespa também ficaram com Cesp PNB (+3,16%) e TAM PN (+2,55%). Na outra ponta, B2W foi a maior perda, seguida Celesc PNB (-4,37%) e Redecard ON (-3,45%).

Juros. Na sexta-feira o mercado de juros futuros ajustou para cima, novamente, as taxas projetadas nos contratos de prazo mais longo. No contrato que aponta os juros para outubro de 2010, a taxa prevista avançou de 9,89% ao ano para 9,92%; e no contrato de janeiro de 2011, a taxa projetada passou de 10,41% para 10,45%.

Ásia. As bolsas asiáticas apresentaram números mistos na sexta-feira. Alguns mercados da região seguiram no encalço das perdas em Wall Street, enquanto outros reagiram positivamente a fatores locais. O índice Nikkei 225 da bolsa de Tóquio fechou acima dos 10 mil pontos pela primeira vez em mais de um mês, depois que uma modesta desvalorização do iene e compras de ações por investidores estrangeiros ajudaram o mercado a ignorar a realização de lucros que se seguiu à alta generalizada do pregão anterior. O índice fechou com elevação de 44,92 pontos, ou 0,5%, para 10.022,59 pontos, na máxima intraday. Foi o primeiro fechamento acima dos 10 mil pontos desde 30 de outubro.

"Dados os grandes ganhos quinta-feira, o Nikkei poderia ter caído com a realização de lucros, mas os estrangeiros parecem estar comprando blue chips e sustentando o índice", comentou o analista Yukio Takahashi, da Mizuho Securities. As contas no exterior de 10 corretoras estrangeiras tinham colocado ordens de compra para 34,6 milhões de ações japonesas antes do sino de abertura, a maior quantidade em mais de quatro anos, de acordo com os traders.

Após quatro pregões consecutivos de alta, a bolsa de Hong Kong teve ligeira baixa por causa da realização de lucros. O Hang Seng caiu 0,3%, e terminou aos 22.498,15 pontos - na semana, o índice acumulou valorização de 6,5%. A bolsa de Xangai, na China, fechou em expressiva alta, liderada pelas ações de grandes bancos. Os papéis foram alavancados pela recomendação da Comissão Regulatória, que pediu às instituições bancárias que elevem sua taxa mínima de adequação do capital de 10% para 11% - a taxa é inferior à expectativa de 13%, o que reduz a pressão sobre os bancos. O Xangai Composto subiu 1,6% e encerrou aos 3.317,04 pontos. Já o Shenzhen Composto perdeu 1,6% e terminou aos 1.214,74 pontos. A bolsa de Taipé, em Taiwan, teve ligeira queda e o índice Taiwan Weighted caiu 0,4%, aos 7.650,91 pontos.

Na Coreia do Sul, os ganhos em ações de companhias aéreas e de tecnologia lideraram a alta da bolsa de Seul, em mais um dia de forte entrada de capital estrangeiro. O índice Kospi avançou 0,6%, para 1.624,76 pontos, o maior nível desde 27 de outubro. Na Austrália, o mercado sucumbiu à leve pressão vendedora antes da divulgação dos dados sobre o mercado de trabalho nos EUA e também sentiu o impacto negativo da renovação das atenções sobre os problemas da dívida da Dubai World. O índice S&P/ASX 200 baixou 1,5%, aos 4.702,2 pontos.

Europa. As principais bolsas europeias fecharam em alta sexta-feira. Em Londres, o índice FT-100 subiu 0,18% e fechou com 5.322,36 pontos; em Paris, o índice CAC-40 avançou 1,25% e fechou com 3.846,62 pontos; em Frankfurt, o índice Dax-30 subiu 0,82% e fechou com 5.817,65 pontos. A bolsa de Londres teve um desempenho mais fraco entre as principais praças europeias, uma vez que o dólar mais forte pesou sobre os futuros de ouro e as ações de mineradoras.

Com a alta do dólar, a queda do euro deu impulso as ações de companhias manufatureiras que vendem seus produtos em dólar, tais como a gigante EADS - fabricante dos aviões Airbus - que subiu 3,86%.

Entre outras notícias, a gigante do setor de varejo Casino Guichard-Perrachon Et Cie parabenizou o acordo de joint venture entre a unidade Globex da Companhia Brasileira de Distribuicao (CBD) - na qual possui uma participação acionária - e as Casas Bahia, outra grande companhia de varejo brasileira, e disse que espera que sua receita no Brasil continue crescendo. "O acordo permitirá a

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CBD consolidar sua posição de liderança na distribuição no Brasil", disse a Casino. "A Casino, portanto, confirma a prioridade que está dando ao seu desenvolvimento no Brasil, um país no qual o consumo está crescendo fortemente", disse a companhia, acrescentando que vê um continuado crescimento da contribuição do país para sua receita consolidada. As ações da Casino fecharam em alta de 0,72%.

EUA. As bolsas de valores norte-americanas avançaram na sexta-feira, com a avaliação de que os dados melhores sobre o mercado de trabalho em novembro indicam perspectivas também mais favoráveis para os lucros e para a economia. Setores sensíveis como indústria, tecnologia, consumo e finanças tive-ram os melhores resultados no dia. O índice financeiro da S&P subiu 1,8%, ao passo que as ações da manufatureira 3M tiveram alta de 1,4 %, impulsionando o índice Dow Jones.

A força do dólar, no entanto, limitou o avanço do mercado, o que acabou pressionando os preços e as ações de commodities. Mesmo assim, a sessão teve mais ações em alta do que em queda.

O Dow Jones fechou em alta de 0,22%, a 10.388,90 pontos, e o Standard & Poor's 500 subiu 0,55%, para 1.105,98 pontos. O Nasdaq avançou 0,98%, para 2.194 pontos. O Nasdaq galgou de 2,6%, aos 2.194,35 pontos. (Com Agências)

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Impulso no dólar diminui atratividade

DA REDAÇÃONa sexta-feira, o preço do barril de petróleo para janeiro recuou 1,2% para US$ 75,57 na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex). Na semana passada, o declínio foi de 0,6% e até agora, no ano, houve um aumento do preço da ordem de 69%. A recuperação do dólar frente às principais divisas, a partir de dados sobre o desemprego nos EUA, diminui a atratividade das commodities como investimento. Na ICE Futures Europe, em Londres, o preço do barril tipo Brent para janeiro cedeu 0,8%, fechando a US$ 77,76.

Ouro. O ouro teve o maior recuo diário em um contrato futuro mais ativo desde 1o de dezembro de 2008. A queda de sexta-feira foi de 4%, fechando a semana a US$ 1.169,50 a onça.

Reuters-Jefferies. O índice Reuters-Jefferies, que indica a média de preços entre 19 commodities, recuou 1,08% na sexta-feira, fechando a semana em 273,87 pontos.

Treasuries. Os títulos de dois anos do governo americano sofreram a maior queda desde agosto, com os juros por eles remunerados sendo empurrados para cima em 14 pontos-base, para 0,86% ao ano.

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Cosan está prestes a levar Petrosul por R$ 70 milhões

Eduardo Magossi Da Agência EstadoA Cosan deve sacramentar nos próximos dias a compra da Petrosul, segundo fontes próximas às negociações. O valor da transação deve ficar em torno de R$ 70 milhões. Com o negócio, a empresa vai impulsionar a estratégia de ampliar a rede Esso, adquirida em abril de 2008, por US$ 826 milhões . O plano do grupo é ampliar sua rede em cerca de 150 unidades ao ano. Atualmente, a Cosan tem cerca de 1,5 mil postos, espalhados por 20 estados.

Com a venda dos postos, a Petrosul vai se focar na distribuição de combustíveis. Segundo Silva, hoje a Petrosul Distribuidora atende 650 postos nos estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso. "Depois do negócio fechado com a Cosan, os 90 postos da Petrosul passarão a ser atendidos pela

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Cosan, mas ainda teremos 560 outros postos como clientes", disse o diretor comercial da Petrosul, Ronald Pereira da Silva. O executivo afirmou também que a empresa tem um projeto de ampliar seus clientes em postos de bandeira branca.

Na noite de quinta-feira, a Cosan informou em nota que o valor da operação será inferior a 1% do faturamento líquido acumulado dos dois últimos trimestres, que totalizou R$ 7,14 bilhões. Por esta contabilidade, 1% deste total atingiria R$ 71,4 milhões, o teto para o valor do negócio, segundo a Cosan.

Nas unidades próprias, a Cosan será proprietária do fundo de comércio e da bandeira, que passará a ser Esso. Nas demais unidades, apassa a deter o embandeiramento, que será trocado de Petrosul para Esso.Etanol é o grande atrativo da empresa

O diretor comercial da Petrosul, Ronald Pereira da Silva, disse que a venda para a Cosan está praticamente fechada, que falta apenas uma formalização do acordo. Segundo o executivo, que não revela os valores da operação, as negociações estão ocorrendo há cerca de um ano.

Silva afirmou que o interesse da Cosan no grupo deve-se à pulverização dos postos, em todo o estado de São Paulo, à tradição da marca, que está há mais de 15 anos no negócio e também à forte presença no mercado de etanol.

"Cerca de 40% de nossos negócios são voltados para o etanol e o restante, para gasolina e diesel", disse Ronald Silva. Fontes próximas à negociação também informaram que a Cosan estuda várias aquisições de grupos de postos menores como uma estratégia para crescer a sua rede, ao invés de compras de grandes grupos no setor.

A Petrosul é a quarta maior distribuidora de álcool do País, segundo dados da ANP, e está na segunda posição do ranking em São Paulo, seu principal estado de atuação. De acordo com a empresa, todos os seus produtos têm certificação da Petrobrás. Com sede em Sorocaba (São Paulo/SP), conta com mais sete unidades de negócios espalhadas pelo Brasil, entre elas Paulínia, Guarulhos e Araraquara, além de unidades em Uberaba (MG), Senador Canedo (GO), Araucária (PR) e Itajaí (SC).

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Australiana Mirabela terá fundição na Bahia

DA REDAÇÃOCom planos prontos para a construção de uma unidade de fundição para fazer o processamento do minério, a australiana Mirabela Nickel começou a operar na última sexta-feira a mina de níquel Santa Rita, a maior da América Latina, que fica no município de Itagibá, na Bahia.

Localizada 370 quilômetros a sudoeste de Salvador, a mina, pertencente à Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Santa Rita foi alugada à Mirabela, que poderá operá-la por 20 anos, pagando royalties de 2,5% sobre as vendas. Uma futura expansão da mina, que fica a céu aberto, deverá custar cerca de US$ 600 milhões, e vai depender de financiamento, disse o assessor técnico da CBPM Antônio de Jesus Santana.

A Mirabela se tornará a segunda maior mineradora de níquel do Brasil, depois do Grupo Votorantim, produzindo cerca de 150 mil toneladas de concentrados de níquel no primeiro ano da mina, disse Santana. A mina produzirá 210 mil toneladas por ano quando sua operação a céu aberto atingir a capacidade máxima e poderá expandir ainda mais, com a mineração subterrânea, segundo ele.

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"Uma mina subterrânea iria prolongar a vida produtiva da Santa Rita. Como mina de céu aberto, deve ter uns 10 anos de vida", disse Santana, em Salvador. "Os projetos de mina subterrânea e o "smelter" (fundição) devem complementar um ao outro."

O Grupo Votorantim vai comprar a metade da produção em contrato até 2014. A MMC Norilsk Nickel, a maior produtora mundial de níquel, comprará o restante, disse Santana.

O diretor-executivo da Mirabela, Nicholas Poll, confirmou que a empresa está comprando um projeto de mineração no Brasil, sem dar mais detalhes. A Mirabela é sediada em Perth, na Austrália. (Com agências)

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Curta - Bofa faz maior captação dos EUA desde 2000

O Bank of America (BofA), a maior instituição de crédito dos Estados Unidos, captou US$ 19,3 bilhões com a venda de equivalentes a ações a US$ 15 cada, na maior venda de papéis feita por uma empresa de capital aberto dos EUA desde, pelo menos, 2000. O banco, que pretende liquidar US$ 45 bilhões dos fundos de resgate do governo norte-americano, vendeu 1,286 bilhão de instrumentos equivalentes a ações ordinárias.

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Movimentações atípicas na Bolsa apressaram anúncio

Fabricio Vieira e Mariana Barbosa Da Agência FolhapressMovimentações atípicas com as ações da Globex (dona da rede Ponto Frio) no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo fizeram o anúncio da operação de aquisição do controle da Casas Bahia pelo Pão de Açúcar ser antecipado. A assinatura do contrato ocorreria apenas hoje, mas as oscilações atípicas levaram a BM&FBovespa a pedir explicações ao Pão de Açúcar. Abilio Diniz estava sobrevoando o Estado da Bahia em seu jato particular rumo a Paris quando soube do pedido de explicações da Bolsa e decidiu retornar a São Paulo.

A intenção do empresário era comunicar o fechamento do negócio com a Casas Bahia pessoalmente aos outros acionistas controladores do Pão de Açúcar - o grupo francês Casino.

Na quinta-feira, um dia antes de o negócio ser tornado público, as ações ordinárias (com direito a voto) da Globex avançaram 35,42% na Bolsa e foram responsáveis por 115 operações. Por ser uma ação de segunda linha, pouco negociada, a movimentação chamou a atenção. No pregão anterior, por exemplo, foram realizadas apenas 25 operações com a ação da companhia. Ou seja, entre quarta e ontem, o giro com o papel nos pregões aumentou 360%.

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Objetivo maior do grupo é atender a todos os públicos

O crescimento do grupo Pão de Açúcar no chamado mercado "não-alimentos" teve início com a aquisição, em junho deste ano, do Ponto Frio. O valor da transação foi de R$ 824,5 milhões e elevou o grupo à vice liderança do segmento, com faturamento bruto de R$ 7 bilhões na área. Com a associação com a Casas Bahia, líder do mercado, a receita bruta no varejo de bens duráveis passou a somar R$ 18,1 bilhões (dados de 2008), alcançando a liderança. A segunda colocada, a partir de agora, é a Magazine Luiza.

"Essa é uma operação bombástica, até porque o Pão de Açúcar tinha acabado de comprar o Ponto Frio e essa aquisição ainda não tinha apresentado os resultados", afirma o sócio responsável pela área da indústria de varejo e bens de consumo da Deloitte, Reynaldo Saad. "Há um movimento

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forte de consolidação em alguns segmentos do varejo", avaliou.

O analista lembrou que um dos fatores fundamentais para a expansão do mercado varejista de bens duráveis é o acesso ao crédito por parte dos consumidores. Nesse contexto, a associação com a Casas Bahia faz todo sentido ao Pão de Açúcar. "O consumo de bens duráveis é sensível ao crédito, o que não ocorre tanto no mercado de alimentos", disse Saad.

Boa parte do sucesso da Casas Bahia junto aos consumidores decorre das condições extremamente flexíveis de financiamento que a empresa oferece. Além do gigantismo e dos ganhos de escala, outro atrativo da associação é a complementaridade das operações em seus mercados-alvo. O perfil do Ponto Frio é formado pelas classes A, B e C. A Casas Bahia, por sua vez, possui exposição às classes C, D e E, que devem registrar forte crescimento no curto prazo com a expansão da renda da população brasileira.

Com isso, o Pão de Açúcar se coloca como o único grande varejista a se posicionar em todas as classes no varejo de bens duráveis. "O Pão de Açúcar está adotando no mercado de não-alimentos a mesma estratégia que usa no mercado de alimentos, que é a atuação por clusters", explicou Saad. A bandeira Pão de Açúcar é voltada para as classes de maior poder aquisitivo (A e B), enquanto as marcas Assai e Compre Bem são dirigidas aos consumidores de menor renda. "Esse é um movimento que vem acontecendo em todas as redes varejistas", acrescentou.

O anúncio da associação entre Casas Bahia e Pão de Açúcar também deve repercutir entre os concorrentes. Para Saad, as saídas para as empresas de pequeno e médio porte sobreviverem neste novo cenário são focar no consumidor e buscar recursos. "As outras redes terão que buscar diferenciais, avaliando o que o consumidor deseja. Além disso, terão que buscar capital, seja por IPO ou de fundos de private equity, para ganhar escala", disse o executivo, que não crê em movimento de fusão. Carrefour e Wal-Mart devem continuar focando a estratégia de crescimento no mercado de alimentos.

A fusão também foi uma provável reação à concorrência externa. "Nos últimos meses, ouvimos rumores sobre a possível venda das operações do Carrefour no Brasil. Se as outras não se posicionarem, o Wal-Mart toma conta'', avalia Ricardo Pastore, do Núcleo de Estudo em Varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

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Expectativa positiva em relação à economia

Da Agência EstadoA expectativa otimista dos analistas diante da recuperação da economia pós-crise financeira mundial manteve-se estável em novembro. É o que apontou o Índice de Sentimento dos Especialistas em Economia (ISE), calculado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) em parceria com a Ordem dos Economistas do Brasil (OEB) e divulgado na sexta-feira.

O indicador, que leva em conta a opinião de cerca de cem economistas da OEB, repetiu resultado observado em outubro, fixando-se em 111,5 pontos, maior patamar da série histórica do índice, divulgado desde junho de 2008. Na comparação anual, o indicador teve crescimento de 42%, passando dos 78,6 pontos em novembro para o desempenho atual.

A forte alta já era esperada pelos economistas da entidade, uma vez que novembro do ano passado foi um piores meses do agravamento da crise mundial. O índice da Fecomercio-SP tem escala de 0 a 200 pontos, indicando pessimismo abaixo de 100 e otimismo acima desse nível.

Na avaliação da entidade, os economistas permanecem otimistas em relação ao futuro da

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economia nacional em virtude dos sinais de arrefecimento da crise nos âmbitos nacional e internacional.

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Produtos de verão têm preços baixos

Da Agência EstadoA inflação dos produtos mais consumidos no verão é a menos intensa dos últimos três anos, e menor do que a variação média dos preços praticados no varejo. É o que mostra levantamento feito pela FGV, que apurou a movimentação de preços de 32 produtos mais demandados na estação.

Segundo a entidade, até novembro, a taxa acumulada em 12 meses de inflação dos produtos de verão foi de 3,20%, abaixo das taxas em 12 meses apuradas até novembro de 2008 (7,84%); e até novembro de 2007 (4,58%).

"Como a taxa acumulada até 2007 compreende o período desde dezembro de 2006, podemos dizer que esta é menor de inflação acumulada de produtos de verão dos últimos três anos", explicou o responsável pela pesquisa, André Braz.

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Consumidor otimista com o Natal

Alessandra Saraiva Da Agência estadoAs intenções de compras para o Natal deste ano estão melhores do que as do ano passado, influenciadas pelo otimismo dos consumidores de alta e média renda. É o que revelou a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que divulgou na sexta-feira a pesquisa Quesitos Especiais da Sondagem das Expectativas do Consumidor.

Segundo a economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Viviane Seda Bittencourt, os consumidores mais abastados estão confiantes que o pior da crise já passou, e se mostram estimulados a comprar mais do que no fim do ano passado - época em que havia ainda um alto grau de incerteza sobre a extensão e a duração da crise.

O universo da pesquisa abrange amostra de mais de 2 mil domicílios em sete das principais capitais do País. Em 2009, a parcela dos consumidores que informaram na pesquisa que vão gastar mais este ano com compras de Natal do que gastaram no ano passado foi de 14,0% - sendo que, no fim de 2008, o percentual de respostas para a mesma pergunta foi de 9,3%.

Já a fatia dos consumidores entrevistados que pretendem gastar menos caiu de 44,8% para 34,2%, de 2008 para 2009. "As intenções de compras do Natal no ano passado foram muito afetadas pela crise. Agora, as famílias, principalmente nas faixas de renda mais elevada, estão sentindo uma convergência de fatores positivos, como melhora na renda e no mercado de trabalho, e estão mais otimistas", disse.

No entanto, a pesquisadora fez uma ressalva. Ao focar a pesquisa nas famílias mais pobres, com renda mensal familiar de até R$ 2.100, a parcela dos consumidores pesquisados que pretendem gastar mais neste Natal caiu de 11,5% para 9,5%.

"O consumidor de baixa renda antecipou muito as compras este ano, devido aos vários incentivos fiscais do governo para gastos com produtos de linha branca", disse, lembrando do recuo no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) definido pelo governo para estimular compras de geladeiras e freezers. "Pode ser que este consumidor esteja mais cauteloso, já que comprometeu mais sua renda ao longo do ano."

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A redução do IPI feita pelo governo acabou influenciando a lista de preferências do consumidor quanto aos presentes de Natal. Pelo terceiro ano consecutivo, itens de vestuário foram os mais lembrados, sendo citados por 46% dos consumidores pesquisados, seguido por brinquedos (18,6%).

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Vendas de carros devem ter novo recorde em 2010

DA REDAÇÃOAs vendas de veículos no Brasil devem crescer 9,3% em 2010, para novo recorde de 3,4 milhões de unidades. A projeção é da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que espera aumento de 5,4% na produção, para 3,39 milhões de veículos.

A Anfavea também melhorou suas estimativas para a indústria automotiva em 2009. A estimativa agora é de estabilidade na comparação com 2008, com 3,22 milhões de veículos produzidos. A projeção anterior era de recuo de 5,2%. A produção neste ano ainda acumula queda de 6%, em 2,93 milhões de unidades. A Anfavea mostrou ainda mais otimismo em relação às vendas no mercado interno fechadas em 2009, esperando aumento de 10,3%, para número inédito de 3,11 milhões de unidades, e não mais de 6,4%.

"As projeções consideram os benefícios fiscais até o fim de março de 2010. Com esses números, consolidamos o Brasil como o quinto maior mercado consumidor e o sexto maior produtor do mundo", disse o presidente da Anfavea, Jackson Schneider

Em novembro, a produção de veículos recuou 8% em relação a outubro, a 292,1 mil unidades, mas subiu 48% sobre novembro do ano passado, segundo a Anfavea. As vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no mês passado no País totalizaram 251,7 mil unidades, queda de 14,5% em relação a outubro, porém avanço de 41,5% sobre novembro de 2008. Nos 11 primeiros meses do ano, as vendas subiram 8,5%, para 2,85 milhões de unidades, impulsionadas pelo incentivo às vendas com a redução do IPI sobre veículos, em medida tomada pelo governo para contornar os efeitos da crise global de meados do ano passado sobre o setor.

A Fiat manteve a liderança, vendendo 60.227 unidades de automóveis e comerciais leves no mês passado, queda de 11,4% ante outubro. A Volkswagen, em seguida, vendeu 53.288 unidades, retração de 10,1% na mesma comparação. A General Motors comercializou 47.643 unidades, queda de 13,9%. A Ford teve vendas de 21.297 unidades, baixa de 24,1% mês a mês.

O número de empregados nas montadoras somou em novembro 123.913 trabalhadores, 2.093 a mais do que no mês anterior, mas ainda abaixo do contabilizado em outubro de 2008 (131.717), quando houve o agravamento da crise internacional.

Em novembro, as exportações recuaram 0,6% na comparação mensal, para US$ 857,1 milhões, e caíram 12,7% sobre um ano antes. De janeiro a novembro, as vendas externas têm queda de 44,1%, para US$ 7,31 bilhões.

A Anfavea revisou para cima também seu prognóstico para as exportações em 2009. A entidade espera agora vendas externas de US$ 8,2 bilhões, queda de 41% ante 2008. Antes, a estimativa era de US$ 7,9 bilhões. Para 2010, as exportações devem crescer 12,2%, para US$ 9,2 bilhões, ou 530 mil unidades.

"Devemos ter uma balança (comercial) praticamente neutra este ano e no ano que vem. Estaremos importando o mesmo volume que exportamos", projetou Schneider. "Claro que o dólar em queda não ajuda a competitividade do produto brasileiro lá fora. As medidas que já foram adotadas pelo Ministério da Fazenda, porém, sinalizam uma clara vontade do governo de alguma coisa ser feita

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para evitar essa pressão sobre o produto nacional contra os importados", acrescentou. (Com agências)

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De R$ 25 bi, só R$ 2 bi não voltaram

Da redaçãoO presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta sexta-feira, em Lisboa, que os empréstimos que foram concedidos por causa da crise já estão sendo devolvidos. "O Brasil adotou algumas medidas que são automaticamente revertidas. Foram emprestadas reservas para os bancos emprestarem para as companhias. Esse valor chegou a US$ 25 bilhões. Hoje já está em cerca de US$ 2 bilhões porque, com a recuperação da economia, os bancos preferiram pagar essas dívidas".

No discurso feito ao receber o prêmio Personalidade do Ano da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, Meirelles afirmou que a questão para o Brasil é como manter o sucesso da economia: "Entramos na crise com US$ 205 bilhões e estamos agora com US$ 239 bilhões. Temos um crescimento anualizado de 7,8%, o crescimento do ano será levemente positivo e o crescimento previsto para o próximo ano é de 5%, com tendência para cima. A grande preocupação é administrar o sucesso, justamente para evitar a formação de desequilíbrios na economia".

Falando à imprensa depois da entrega do prêmio, Meirelles disse que apesar da expansão econômica, que poderá passar os 5%, não há expectativa de aumento da inflação. "O mercado não está prevendo o aumento da inflação, que deverá ficar levemente abaixo da meta em 2010. O Banco Central está atento a todos os desenvolvimentos para manter o equilíbrio macroeconômico do Brasil e esse é o grande sucesso do País".

O presidente do Banco Central afirmou que o crédito no País vai continuar em expansão. "O Brasil, que tinha um nível de crédito em relação ao produto de cerca de 22% em 2003, hoje está em 45% e continua a expandir. Temos ainda campo para a expansão, na medida em que é um patamar ainda baixo em comparação com a média internacional."

Nessa área, a preocupação do BC é que não seja formada uma bolha de crédito, que poderia colocar em risco o crescimento da economia. "O Banco Central está atento às normas prudenciais para que o crédito continue sendo concedido de uma forma adequada, que não coloque em dificuldade nem o tomador de crédito, nem o emprestador em dificuldade e muito menos a economia brasileira. Portanto, não permitiremos de nenhuma maneira a formação de bolhas de crédito". Segundo Meirelles, a estabilização da economia fará com que a taxa de juros continue a cair.

DÓLAR . Questionado sobre a queda do dólar, Meirelles afirmou que "o Banco Central continua a comprar reservas normalmente". Em relação às medidas de liberação do mercado de câmbio, que tinham sido interrompidas no início da crise, o presidente do BC disse que os estudos já estão retomados. "São medidas de longo prazo e de efeito importante para a economia, que visam a modernização e a liberalização do mercado de câmbio." Ele não quis entrar na questão se haverá mais medidas como a recente elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). "Essa é uma medida fiscal, prerrogativa do Ministério da Fazenda e não do governo".

Segundo Meirelles, na área do câmbio a preocupação do Banco Central é evitar a possibilidade de formação de uma bolha. "O importante é que haja um mercado equilibrado, que se evite a formação de bolhas, que se evite a distorção na formação de preços e exageros. O Banco Central está alerta, no momento o mercado está relativamente equilibrado, mas certamente a manutenção deste equilíbrio é fundamental e estamos monitorando isso cuidadosamente."

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Ele também disse que o Brasil está estudando implantar o comércio em moedas que não o dólar com a Rússia, Índia e China. "Existem estudos em andamento com a Rússia, a China e a Índia. Vamos prosseguir nesse caminho que eu acho que é um caminho natural, visando a diminuição de custos, diminuição da necessidade de hedge, de riscos". Além desses países, Meirelles destacou as exportações em moedas locais com a Argentina, o que já está ocorrendo, e com o Uruguai, país com o qual o Brasil já tem um convênio firmado. "Isto é uma tendência e o Brasil é líder neste processo", avaliou.

Questionado se as denúncias contra Michel Temer poderiam fazer com que se tornasse o candidato a vice da candidatura de Dilma Roussef a presidente, Meirelles disse que não tinha esse cargo em vista: "Não temos nenhuma expectativa neste sentido, estamos completamente focados no trabalho do Banco Central do Brasil. No momento, o importante é que nosso compromisso total e nosso foco é com o Banco Central do Brasil."

Armínio Fraga. A "máquina de bolhas" da economia mundial continua funcionando enquanto os formuladores de política econômica lutam contra a recessão com políticas fiscais e monetárias fáceis, disse o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. Ele, que também é presidente do conselho da BM&F Bovespa, acrescentou que as preocupações sobre a sustentabilidade da política fiscal em países desenvolvidos precisam ser administradas para evitar crises futuras.

Segundo Fraga, os juros em recorde de baixa em muitos países desenvolvidos também estão ajudando a criar um excesso de liquidez para as economias emergentes que não foram tão afetadas pela crise. "De muitas formas ainda temos uma máquina de bolhas. Estamos tratando uma bolha com uma bolha", disse ele a jornalistas em Nova York, antes de uma reunião do G30.

Fraga defendeu a estratégia do governo brasileiro de combater a recessão com gasto público, mas acrescentou que agora, que a economia está se recuperando, pode ser o momento de a política fiscal "tirar o pé do acelerador". Isso abriria espaço para o Banco Central reduzir mais o juro, segundo ele, e "seria uma forma muito eficiente de conter a apreciação do real". O real se valorizou em mais de 30% até agora neste ano, ameaçando exportadores, apesar de medidas do governo para conter fluxos especulativos externos. (Com agências)

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Selic deve permanecer em 8,75%

DA REDAÇÃOOComitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deverá manter em 8,75% ao ano, pela terceira vez consecutiva, a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), em sua próxima reunião, amanhã e quarta-feira. A avaliação é unânime entre 21 analistas ouvidos pelo Jornal do Commercio e pela agência Bloomberg. De acordo com os analistas, somente em meados de 2010 haverá alteração na política do BC, com elevação de juros.

Para os entrevistados, os fatores que levaram o Copom a cortar a Selic não oferecem mais riscos à economia brasileira - os impactos da crise internacional não estão tão fortes quanto no primeiro semestre deste ano, a inflação está sob controle e a oferta de crédito se expandiu nos últimos meses.

A Selic vinha em trajetória descendente desde janeiro deste ano, quando o Copom fez corte de 1 ponto percentual, para 12,75% ao ano. Em junho, a taxa chegou pela primeira vez a patamar inferior a dois dígitos e desde julho está no nível atual.

"O Banco Central está se preservando, está observando o comportamento da demanda, que certamente tem uma tendência de elevação a partir do segundo trimestre do ano que vem. Só então o BC deve iniciar a retomada da elevação da taxa de juros", disse o presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP), Walter

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Machado de Barros.

estrangeiros. Segundo ele, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) está recebendo muitos recursos estrangeiros, o que deve ajudar a desenvolver o segmento industrial. "Este aumento de produção da indústria vai ao encontro da demanda do mercado e talvez esse possa ser um fator que faça o BC aguardar mais um pouco a elevação da taxa."

Walter Machado de Barros afirmou que os cortes no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) promovidos para os setores de eletrodomésticos, móveis e automóveis podem ampliar a pressão inflacionária no País. "Isto pode ser um fator para que o BC eleve a taxa de juros. Estas medidas foram adequadas no auge da crise, para aumentar a demanda, mas a forma como o governo está fazendo, prolongando este benefício, começa a não se fazer tão necessária", disse. "Este é um fator que contribui para elevar o consumo e se as indústrias não tiverem estoques suficientes para atendimento certamente o BC vai ter que elevar a taxa Selic."

Para a economista chefe do Rosenberg & Associados, Thaís Marzola Zara, a manutenção da taxa seria o comportamento ideal esperado do Banco Central no momento. "A economia nacional está mostrando sinais de retomada. Diversos setores estão se reerguendo, como a indústria e o comércio, além do crédito para pessoa física", comentou. "O BC deve manter este resultado ao longo do próximo ano. Se começar a sinalizar mudanças antes de mexer na Selic, o governo deve elevar o compulsório."

De acordo com o sócio-tesoureiro do Banco Modal, Eduardo Cotrim, o fato de o BC manter as mesmas palavras nos dois últimos comunicados das reuniões do Copom indica que a autoridade monetária deve manter também a taxa no mesmo patamar nesta semana.

"A leitura que fazemos é que haverá necessidade de aumento da taxa de juros para o ano que vem, provavelmente no segundo trimestre. Então, se o BC fizer alguma movimentação em termos de comunicado o mercado vai antecipar essa mudança e acreditar que a instituição já está planejando elevar a taxa já em janeiro ou março."

Cotrim foi ainda mais longe nas previsões. "O consenso de mercado projeta uma aumento de 2,5 a 3 pontos percentuais da Selic em 2010. Isto distribuído ao longo do ano, depois de abril. Seria bastante razoável. Chegando ao fim de 2010, no máximo, a 11,75%. A elevação é gradual de acordo com as respostas e a situação econômica."

Segundo o analista da LCA Consultores, Braulio Borges, há necessidade de elevar a taxa no próximo ano, pois em 2011 o risco inflacionário será grande. "Mesmo com o PIB crescendo ano que vem 5,6%, que é a nossa expectativa, o risco de descumprimeto da meta de inflação está em 2011. Por isso o BC não precisaria mexer na Selic tão cedo. A Selic deve terminar 2010 em 10% e não deve parar por ai, deve chegar a abril de 2011 em 11,25% e ficaria estável ao longo de 2011. Isso considerando o cenário econômico atual."

Na avaliação do presidente do Sindicato das Financeiras do Estado do Rio de Janeiro (Secif-RJ), José Arthur Assunção, ao contrário do que projeta o mercado futuro, o Brasil tem condições de voltar a promover novos cortes na Selic no próximo ano.

novo status. "É preciso lembrar, a cada dia, que o Brasil mudou de status internacionalmente. Nós não precisamos mais trabalhar com juros altíssimos para atrair capital estrangeiro, por exemplo. Muito pelo contrário. Já fazemos parte de um seleto rol de nações e é crendo nisso fielmente que penso ser até possível uma nova redução dos juros em 2010."

Para Assunção, nem a inflação, que seria um obstáculo, se constitui num grande problema. "Muitos consideram que um forte crescimento econômico, nos próximos anos, poderia ser um fator que dificulte a queda dos juros pela possibilidade de pressionar a inflação, mas a tendência da curva de inflação é declinante. Se pegarmos os últimos doze meses do IPCA, por exemplo, a taxa já está

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abaixo da meta de 4,5%. Tenho absoluta certeza que o investimento no País será fortíssimo. Vem muito capital por aí, o que contribui para fortalecer o real."(Colaborou Luan Seixas)

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Queda do desemprego anima

DA REDAÇÃOFoi recebida com cautela pelo presidente Barack Obama a notícia da queda na taxa de desemprego nos Estados Unidos em novembro, anunciada na última sexta-feira pelo Departamento de Trabalho. O dado caiu para 10% no mês passado, da marca de 10,2% em outubro, que havia sido o maior nível desde abril de 1983. Obama celebrou o recuo, mas alertou para o fato de que ainda existem obstáculos pelo caminho da recuperação da economia norte-americana depois da crise.

"É uma boa notícia, oportuna para animar a esperança, mas quero colocar isso em perspectiva. Ainda temos um longo caminho a percorrer", afirmou Obama. Anteriormente, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que o fato de os Estados Unidos terem perdido apenas 11 mil postos de trabalho em novembro mostra que a economia está na direção correta. Ainda foi anunciado que a redução de postos de trabalho no país praticamente voltou ao equilíbrio, com 11 mil demissões líquidas, 10 vezes menos do que o ocorrido em outubro.

A queda da taxa de desemprego foi inesperada. Analistas previam que o valor se mantivesse nos 10,2% registrados em outubro. A recuperação indica, portanto, que os Estados Unidos avançam a grandes passos para o momento em que sua economia criará mais empregos do que cortará. A perda de empregos em novembro foi a mais baixa desde dezembro de 2007, mês em que o país entrou oficialmente em recessão.

O economista independente Joel Naroff afirmou que os Estados Unidos ainda não superaram de todo o problema, mas que é cada vez mais evidente que o mercado de trabalho começa a melhorar. "Creio que veremos contratações líquidas no primeiro trimestre a nível nacional", afirmou, por sua vez, Avery Shenfeld, analista do CIBC World Markets.

O retrocesso de 0,2 ponto percentual da taxa de desemprego em novembro é o mais forte desde 2006. Segundo o relatório de sexta, o setor de serviços, que domina amplamente a economia americana, voltou a criar empregos em novembro, com 58 mil novos postos. Apesar de a maior parte (52 mil) se referir a contratos temporários, trata-se de uma primeira fase indispensável à criação de postos estáveis. No setor industrial foram perdidos 69 mil postos em novembro, contra 113 mil no mês anterior.

SETORES. Em detalhe, novembro criou empregos nos mesmos subsetores do mês precedente: serviços para empresas, educação e saúde, e serviço público. Na indústria, os setores de informática e eletrônica, que voltaram a receber pedidos de clientes, pareciam a ponto de começar a incorporar mais pessoas a seu plantel. O relatório divulgado pelo Departamento de Trabalho mostrou também aumento de 0,1% da remuneração média por hora, ou US$ 0,01, para US$ 18,74. A semana de trabalho média aumentou em 0,2 hora, para 33,2 horas em novembro.

Numa reunião com líderes empresariais na Casa Branca, Obama declarou que o governo deveria agir rapidamente para combater o desemprego, mas que possui recursos limitados. "Não podemos adiar indefinidamente uma solução, esperando de braços cruzados", afirmou Obama, ao inaugurar o foro sobre a criação de empregos. "Não quero ficar olhando para ver o que acontece", afirmou. (Com agências)

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Credores vão rejeitar pedido de moratória

DA REDAÇÃOOs credores da empresa Dubai World vão rejeitar o pedido de moratória apresentado pelo conglomerado público do emirado, o que ameaça atrasar as negociações sobre a enorme dívida em jogo. As informações foram divulgadas na sexta-feira pelo jornal britânico The Guardian.

O jornal acrescentou que a negativa de uma moratória precipitará de forma automática um cessar dos pagamentos do Dubai World e conduzirá a uma batalha com credores em torno da reestruturação do grupo público, do qual o governo de Dubai pareceu se afastar esta semana ao indicar que jamais havia se apresentado como avalista de suas dívidas.

A Dubai World tem de reestruturar uma dívida de US$ 25 bilhões e espera obter prazo de seis meses para pagar seus reembolsos. O Emirado de Dubai representa 40% da economia dos Emirados Árabes Unidos. De 2005 a 2008, o PIB dos Emirados, excetuando petróleo, cresceu 9%.

O emirado pegou os mercados de surpresa no fim de novembro ao pedir aos credores da estatal Dubai World - o conglomerado por trás de sua rápida expansão, e da Nakheel, construtora de suas ilhas - que aguardem o pagamento de bilhões de dólares em dívida, em um primeiro passo de uma reestruturação. Dias depois, o governo de Dubai afirmou que não vai garantir a dívida da estatal responsável pelos projetos de expansão do emirado. O governo admitiu que credores serão afetados no curto prazo pela reestruturação.

ARÁBIA SAUDITA. O setor bancário saudita está fora de perigo, pesar das dificuldades financeiras do conglomerado público Dubai World, anunciou na sexta-feira o diretor do banco central da Arábia Saudita. "A dívida do grupo Dubai World não constitui uma ameaça para o sistema bancário do reino", declarou Mohammad al Jaser ao canal de capitais sauditas Al Arabiya.

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Bank of América capta US$ 19 bi

DA REDAÇÃOMaior instituição de crédito dos Estados Unidos, o Bank of America Corp. (BofA) captou US$ 19,3 bilhões com a venda de equivalentes a ações a US$ 15 cada, na maior venda de ações, ordinárias ou preferenciais, por uma empresa de capital aberto dos EUA desde, pelo menos, 2000.

O banco vendeu 1,286 bilhão de instrumentos equivalentes a ações ordinárias. Os valores são compostos de uma ação depositada em bolsa e de uma garantia, e são conversíveis em ações ordinárias depois da aprovação do aumento de capital pelos acionistas, segundo documento apresentado pelo banco, sediado em Charlotte, Estado da Carolina do Norte, às autoridades reguladoras.

O Bank of America pretende usar esses recursos para se livrar das restrições impostas pelo governo depois que a instituição aceitou fundos do Programa de Ajuda a Ativos Problemáticos (Tarp, pelas iniciais em inglês). Bancos, corretoras e seguradoras captaram US$ 1,5 trilhão para se capitalizar, depois que a maior crise financeira desde a década de 1930 levou a mais de US$ 1,7 trilhão em baixas contábeis e prejuízos com crédito em todo o mundo.

BÔNUS. "É ótimo para o Bank of America, é uma coisa saudável que precisa acontecer", disse Jason Brady, diretor-executivo da Thornburg Investment Management, sediada em Santa Fe, no Novo México.

O Thornburg Income Builder Fund, da corretora, tem US$ 4 bilhões em bônus do Bank of America. "Isso não significa necessariamente que a ação do Bank of America seja um investimento maravilhoso, porque a instituição gastou um bocado de dinheiro para tirar o governo do caminho."

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Em maio, o Bank of America captou US$ 13,5 bilhões com a emissão de 1,25 bilhões de ações ordinárias a US$ 10,77 cada.

O Bank of America planeja devolver rapidamente os US$ 45 bilhões em ajudas públicas que recebeu em fundos federais desde outubro de 2008 para fazer frente à crise. (Com agências)

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Brasil já é visto como credor

DA REDAÇÃOOs Estados Unidos já não veem mais o Brasil como um país de menos importância e devedor no âmbito nas negociações econômicas mundiais. Sinal claro disso foi a declaração da subsecretária do Tesouro americano para a América Latina, Nancy Lee, na última sexta-feira, na qual deixou claro que a potência vê o País como um sócio credor do Fundo Monetário Internacional (FMI), depois das reformas de cota implementadas pela entidade neste ano.

"Agora conversamos com o Brasil e com outros países emergentes como sócios credores, e já não mais em função da antiga linha divisória entre países credores e países devedores", disse a funcionária em um discurso na sessão plenária anual do Conselho de Negócios Estados Unidos-Brasil. "É uma evolução transformadora em nossas relações", acrescentou. Na semana passada, o Brasil aumentou seu aporte ao programa de compra de bônus do FMI, de US$ 10 para US$ 14 bilhões.

Durante a última cúpula dos países ricos e emergentes (G20), o Brasil também conseguiu junto às outras nações em desenvolvimento uma declaração para transferir "pelo menos 5%" do poder de voto no FMI e 3% no Banco Mundial para os países emergentes. Essas reformas não só aumentaram o peso dessas nações nas instituições multilaterais, como também representam uma "grande apólice de seguros para os países emergentes com políticas adequadas", explicou Lee. Os Estados Unidos compartilham com o Brasil a visão de que as mudanças de governança "são essenciais para a efetividade e legitimidade dessas instituições", acrescentou.

OCDE. Indagada sobre o eventual ingresso brasileiro na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Lee defendeu a ideia. "Certamente acreditamos que é um grupo no qual Brasil deve estar interessado. Seria uma decisão lógica, mas é totalmente brasileira", frisou.

Lee falou ainda sobre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que deve sofrer uma reforma e prestar mais atenção ao setor privado antes de concluir sua esperada ampliação de capital. "Brasil e Estados Unidos compartilham a visão de que o BID precisa ser reformado, à medida que busca mais capital, e em particular necessita fazer muito mais para financiar o setor privado", explicou.

As reformas de instituições multilaterais como o BID e o Banco Mundial devem ser concluídas na primeira metade de 2010, lembrou Lee, referindo-se à declaração do G20, em Pittsburgh, em setembro. Em março, o BID se reunirá em assembleia geral em Cancun, no México, e o principal tema das discussões será a ampliação de capital. Os diretores do banco abriram a fase final de negociações há pouco mais de um mês, em Madri.

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BRASIL S/A - ANTONIO MACHADO

Do rico ao pobre

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O empresário Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, há muito tempo olhava com olhos gordos para o latifúndio do rival Casas Bahia na base da pirâmide de renda - a de maior crescimento desde 1994 com a estabilidade da inflação, primeiro, e pelas políticas sociais e os aumentos reais do salário mínimo, depois de 2003.

O maior acionista da Casas Bahia, Michael Klein, em princípio não olhava para nada mais, nem precisaria: voltada ao público de menor poder aquisitivo desde a fundação por seu pai Samuel, ela crescera à base de publicidade maciça e, sobretudo, um esquema agressivo de vendas a prazo, o crediário no carnê, sem comprovação de renda.

Dinis e Klein agora estão juntos num negócio anunciado como fusão que cria um gigante no comércio de bens duráveis, com 1.015 lojas, 68 mil funcionários, 43 centros de distribuição e presença em 18 estados, fora os supermercados, excluídos dessa associação. O Pão de Açúcar se torna com o negócio o único grupo varejista nacional a atingir todas as letras do alfabeto das classes sociais, de A, a mais alta, à E, a menor, onde impera a Casas Bahia.

A ascensão gradativa e consistente da base da pirâmide de renda - 18,5 milhões de brasileiros subiram de classe social entre 2005 e 2008, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - foi um poderoso energético para o varejo, especialmente para as redes com estratégia de marketing e lojas direcionadas para tal público.

Esse consumidor fiel, de renda baixa, mas pontual nos pagamentos, levou a Casas Bahia a se esparramar por 12 estados e mais de 500 lojas. Suas vantagens se diluíram com a entrada maciça dos bancos e cartões de crédito no varejo de massa, tornando menos rentável o financiamento direto, com funding próprio, pelo comércio.

Era daí que a Casas Bahia tirava a maior parte de seu resultado: da cobrança de juros, não bem da margem operacional e giro rápido de estoques. De algum modo também a saída em agosto do irmão mais novo Saul, o responsável pela operação comercial da rede, deve ter influenciada a decisão de Michael de procurar outro parceiro.

O que surpreendeu foi ter aceitado trocar o status de dono pelo de sócio, ainda que mantenha, pelo acordo com Diniz, a presidência do Conselho de Administração de um negócio muito mais avantajado.

Dominando o varejo

A Casas Bahia será incorporada à divisão de eletrodomésticos e de eletrônicos do Pão de Açúcar, representada pelas lojas Ponto Frio e Extra Eletro. Ambas operam debaixo da subsidiária Globex - ela, por sua vez, a antiga holding do Ponto Frio, comprada em junho por Diniz, que vai redesenhando, e concentrando, o varejo no país, já que também é comprador no segmento de supermercados.

Casas Bahia e Globex, juntas, vão totalizar faturamento bruto de R$ 18,5 bilhões, e o grupo Pão de Açúcar chegará a vendas totais de R$ 40 bilhões, incluindo a rede supermercados. O Pão de Açúcar passa a equivaler, em tamanho, à soma do Carrefour, cujas vendas atingiram R$ 22,5 bilhões em 2008, ao Wal-Mart (R$ 16,9 bilhões).

Sócio, mas mais rico

Pelas ações do irmão Saul, Michael pagou, segundo os comentários, pouco mais de R$ 1 bilhão. Associado à CBD, a Cia. Brasileira de Distribuição - holding do Pão de Açúcar, partilhada por Diniz com o grupo varejista francês Casino, maior concorrente do Carrefour, também da França -, o seu patrimônio deve valorizar-se de quatro a cinco vezes, supondo-se que não tenha vendido nenhuma das ações.

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O negócio se dará no nível da Globex, na qual Pão de Açúcar terá 51% do capital votante; Klein, 49%. Outra empresa assumirá a área comércio eletrônico das duas redes, sob controle do Pão de Açúcar.

Apoio à concentração

As conseqüências do negócio entre Diniz e Klein são grandes. Para a concorrência, implica menos oportunidade tanto para o consumidor como para a indústria. Para o setor de comunicações também, já que a Casas Bahia é o maior anunciante do país, com investimento de R$ 1,47 bilhão só no primeiro semestre, conforme o Ibope.

A fusão passará pelo crivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do Ministério da Justiça responsável pela preservação da concorrência. Com histórico de inoperância, de uns tempos para cá tem se tornado mais ativo, exercendo o seu poder de veto ou exigindo a venda de ativos para diminuir a concentração.

Certo é que concentração do capital está na economia como onda e com apoio do governo. A idéia é criar grupos nacionais fortes, com porte para competir com empresas estrangeiras. Voltaremos ao tema.

A harmonia no BNDES

Uma disputa em torno de um benefício salarial, negociado em 2007, surpreendeu as lideranças sindicais do BNDES. A diretoria do banco negou incorporar o benefício nas negociações salariais deste ano. Os sindicalistas exigiram o pronunciamento da categoria em votação secreta, na quinta-feira. Resultado: perderam por algo como 900 a 400, e mesmo com um tumulto, que impediu cerca de 250 funcionários de votar, quando estava clara a derrota. Foi um sinal de prestígio do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, junto à corporação. Ele venceu, e não tripudiou. À noite, tentou convencer um sindicalista que se sentira desautorizado pelos colegas a não renunciar.

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Opinião - Bancos e derivativos

JAYME MAGRASSI DE SÁNotícias que se diriam oficiosas, comentários objetivos mas sem raízes expostas, zumzum e matérias diversas inseridas na imprensa fazem crer que o governo está estudando a delicada questão da política monetária e sua expressão cambial. Há indícios de que as perquirições se distribuem entre o BC e a Fazenda (dois bicudos que ultimamente não se têm beijado, em prejuízo de sadia política econômica), de modo a que o presidente da República tenha condições de decidir sem levar em conta a precedências das eventuais propostas a respeito do tema. O fulcro seria a taxa de câmbio, precisamente sua formação. O fato de ser o assunto objeto de amplas indagações pode até recomendar-se, desde que corresponda a competentes análises, mas o que não se pode é fazer do assunto um tour de force sobre este ou aquele posicionamento em termos de autoridade e de encomendado autoritarismo.

Há várias sendas para a configuração do assunto, que é sem dúvida complexo e de armação impositiva ao longo da política fiscal - financeira. Tornando-se, assim, operacionalmente um ângulo de grande abertura, com dupla exposição, isto é, interna e externa. Em função disso, concebe-se que o campo indagativo não só se amplia como se reveste de forte mobilidade, bem cabendo um conjunto de especulações a respeito de diversas posições opinativas, algumas mais pronunciadas em termo de vertente, outras mais diretas em termos de impacto e outras ainda mais sensíveis em matéria de interesses econômicos castiços, mas o que não pode e não se aceita é que se chegue a preciosismos perigosos, como é o caso do exercício de derivativos na área cambial e sua feição financeira. É esse um terreno verdadeiramente minado e fortemente explosivo, com reverberação que alcança os mais altos níveis da administração política.

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A esse respeito, a imprensa escrita anuncia que o BC avalia a possibilidade de que os bancos façam operações de derivativos a partir do próprio País. De assustar, sabendo-se que no mundo todo os casos de derivativos se transformar em uma espécie de mecanismo especializado de explorar e corromper a pecúnia e seus gestores. Tudo que se tem, no plano internacional a respeito de tentativas de regulagem financeira, dá precedência de configuração às tramas dos derivativos e suas variações. Já no âmbito do próprio BC transparece a ansiedade ao farejar-se o porquê da circular 3.474 como ato, diz-se, de ação ou atitude preventiva. Informações coletadas pela intimidade do BC indicam que os bancos estão captando linhas de crédito externo e repassando-as a seus clientes com cláusulas de derivativos. Por enquanto, diz-se também, que as informações pertinentes referem-se a operações pequenas, sem ultrapassarem margens de segurança. Mesmo que se acreditasse nessa contenção implícita, o fato não perde o caráter de periculosidade. Isso indica, por si e pelas possíveis derivações, que o assunto específico não deverá prosperar. Imagine-se esses colossos bancários nacionais e estrangeiros, autorizados pelo plano superior do governo via BC a bancar e operar derivativos, impondo-os à financeirização interna através de operações das do tipo, por exemplo, que vitimou a Aracruz, a VCP, a Sadia e quem sabe quantas mais vítimas ainda aparecerão por aí, ou que sucumbiram num silêncio atroz e fatal.

Autorizados formalmente, duas coisas ocorrerão, diríamos compulsoriamente: a) tipo e magnitude de remuneração implícita mercê o encapsulamento por algorítimos especializados; b) a burla ao escorreito, que é o próprio cerne dos derivativos e das securitizações como condestáveis da usura sem peias.

O BC não deve e dizemos não pode vulnerabilizar o mercado financeiro interno com tal autorização. Banco não é para operações do tipo, cuja regulação deve ser específica, rigorosa e tecnicamente moldada. Dar aos bancos esse pérfido cheque em branco será possivelmente caminho certo para algo que ocorreu alhures, com os Svis, conduits, etc, originando problemas de patrimônio e de escapes em operações de crédito e débito. Melhor caminho será o de ampliar os termos da circular 3.474, ampliando suas indagações e trazendo ao âmbito do assunto a responsabilidade de colaterais que alcancem o raio de ação fiscalista de operações escarmentosas pela sua intrínseca e um tanto enigmática complexidade. Esse, aliás, o temor que originou a circular mencionada linhas atrás.

Estando o assunto básico - formação da taxa de câmbio- sendo considerado também pela Fazenda, segundo o que se noticia, nada mais apropriado do que essa pasta use seus poderes no esforço de preservação de bancos e outros organismos, cuja segurança e liquidez são indispensáveis para que exercitem suas funções econômicas. Ressalte-se que a evolução do sistema bancário concebe aberturas, inovações, adequações e outros avanços de progresso e para o progresso. Mas isso dentro de um rigoroso clima de segurança, de capacidade técnica e de responsabilidade patrimonial, algo do qual a sociedade não abre mão.

A preservação da segurança, da eficiência e da liquidez do sistema bancário deve ser, portanto, prioridade absoluta do BC, cujo ingresso no ramo dos derivativos pode ilidir projetos e propósitos. Alias, a bem da verdade deve-se registrar que há autoridades no seio do Banco Central postulantes de ação deste, juntamente com a CVM, no ramo dos fundos financeiros de investimento, ramo que também está a merecer incursões mais amplas e profundas da ação fiscalizadora. Sinal de alerta de que a área dos derivativos não pode ser incluida na atuação operacional regular do sistema bancário. Que o governo, no seu todo, esteja bem atento à questão aqui comentada a guisa de cooperação e advertência isentas de sentido que não o de caráter opinativo.

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O ESTADO DE S. PAULO

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Fundo soberano do Kuwait vende fatia no CitiVenda de ações compradas em meio à crise, há menos de dois anos, deu lucro de US$ 1,1 bilhão

A Autoridade de Investimento do Kuwait, o fundo soberano do país do Golfo, informou ontem que vendeu a participação de US$ 4,1 bilhões que possuía no Citigroup tendo lucro com o negócio.

O fundo, conhecido como KIA (Kuwait Investment Authority, em inglês), afirmou que lucrou US$ 1,1 bilhão com a venda da participação adquirida menos de dois anos atrás, quando o Citigroup estava precisando de dinheiro com urgência.

Ao todo, a transação rendeu um retorno de 36,7% sobre o valor investido, segundo um comunicado divulgado pelo KIA, por e-mail. "A autoridade converteu suas ações preferenciais para ações ordinárias, após negociações com a administração do banco, vendendo todas as ações por US$ 4,1 bilhões", diz o comunicado.

O KIA investiu US$ 3 bilhões no Citi e outros US$ 2 bilhões no Merrill Lynch em 2008, conforme os bancos de Wall Street se voltaram para investidores do exterior, a fim de repor o capital atingido pelas perdas com hipotecas de alto risco nos EUA. Os fundos soberanos estão se desfazendo de investimentos em bancos ocidentais, após comprar grandes participações quando as ações atingiam cotações mínimas, no auge da crise financeira global.

A saída do Kuwait do Citi ocorre quando um fundo soberano rival, a Autoridade de Investimento de Abu Dabi, pode ter de pagar mais por US$ 7,5 bilhões em ações da Citi. O fundo de Abu Dabi se comprometeu a comprar essas ações por US$ 31,83 cada, em um acordo fechado há dois anos.

O fundo baseado nos Emirados Árabes Unidos, também conhecido como ADIA (Abu Dhabi Investment Authority), comprometeu-se em novembro de 2007 a injetar bilhões no Citi, em troca de um dividendo de 11% até março do ano que vem, quando tem de começar a vender as ações ordinárias do banco. A ação do banco comercializada em Nova York fechou a US$ 4,09 na semana passada.

Tanto o KIA como o ADIA ajudaram a resgatar o Citi, que recebeu duas injeções de capital do Tesouro dos EUA, o que deixou o governo norte-americano com 34% do banco. Em março, as ações do Citi chegaram a valer menos de US$ 1.

Os fundos soberanos do Golfo, cheios de petrodólares vindos de uma valorização de seis anos do petróleo encerrada em 2008, injetaram bilhões nos bancos ocidentais no ano passado, quando as instituições estavam em dificuldade.

Além dos bancos, grandes empresas também têm sido alvo de investimentos por parte de fundos soberanos dos países árabes. É o caso das alemãs Volkswagen e a Daimler, matriz da Mercedes Benz.

O KIA é um dos mais antigos e experientes de vários fundos soberanos de governos do Oriente Médio, com investimentos estimados em mais de US$ 200 bilhões. Seu investimento no Citi gerou críticas por parte de autoridades do Kuwait, temendo grandes perdas para a riqueza da nação.

O movimento do fundo foi uma surpresa. Em setembro, o KIA disse que não tinha intenção de vender as suas participações no Citigroup, pois suas politicas visavam o longo prazo.

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OCDE corteja países emergentesOrganização quer se livrar do rótulo de ''clube dos ricos''e acompanhar o avanço dos países em desenvolvimento

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Raquel Landim, PARISA agenda do mexicano Angel Gurría, secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), há algumas semanas, incluía encontros com representantes da China, da América Latina ? incluindo o Brasil ? e da Índia. Nada incomum para o dirigente de uma organização internacional, não fosse um pequeno detalhe: esses países não são membros da OCDE.

A OCDE corteja Brasil, China, Índia, África do Sul e Indonésia para se tornarem países-membros. A instituição quer se livrar do rótulo de "clube de nações ricas" e atrair os emergentes. Mas não será uma missão fácil. Os governos resistem à adesão, pois temem comprometer sua imagem de líderes dos países em desenvolvimento.

O objetivo da OCDE é não perder importância política e econômica com o crescimento dos gigantes emergentes. A organização também quer se aproximar do G-20, que virou o principal fórum de discussão da crise global. A OCDE é uma espécie de conselheira do G-8 (grupo dos 7 países mais ricos do mundo mais a Rússia), mas assistiu ao esvaziamento do seu papel com a emergência do G-20.

Para Gurría, a definição da OCDE como grupo de países ricos é "uma caricatura equivocada". Criada em 1961, a organização possui 30 membros, como Estados Unidos, Japão e os países europeus, e representa 61,3% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Alguns países em desenvolvimento já fazem parte, como Turquia e México. É dado como certo na entidade que o Chile será aceito como membro até o final do ano.

Desde maio de 2007, Brasil, China, Índia, África do Sul e Indonésia são considerados "enhanced countries" ? que, em português, significa algo como países com uma posição aprimorada, em vias de adesão. Ainda assim, a imagem da OCDE é de um de clube elitista e europeu. Colaboram para a percepção a sede estar em Paris e a entidade suceder a Organização Europeia para Cooperação Econômica (OECE), cujo objetivo era impulsionar o Plano Marshall, elaborado pelos EUA para ajudar na reconstrução da Europa após a 2ª Guerra.

"Hoje, países como Brasil, China e Índia têm de fazer parte de qualquer solução para as questões globais", disse Gurría. O secretário-geral afirmou que a entidade não vai insistir para que esses países se tornem membros, já que é uma decisão política dos governos, mas vai trabalhar ativamente nas regiões. Segundo ele, a OCDE planeja, em breve, ter escritórios próprios nesses países.

O esforço da entidade para atrair os emergentes está diretamente ligado à sua importância internacional. "Claramente a OCDE corre o risco de se tornar menos relevante", reconheceu o diretor do Centro de Administração e Política Tributária da entidade, Jeffrey Owens. Ele calcula que a participação da entidade no PIB mundial pode cair para 50% em 2025, caso se mantenha com os mesmos países-membros.

"Se a OCDE quiser manter seu papel internacional ? não digo nem aumentar ? vai ter de construir uma ponte com o G-20", disse o embaixador de Portugal para a organização, Eduardo Ferro Rodrigues, que já foi secretário-geral do Partido Socialista português e é líder do grupo informal de reflexão sobre o Brasil na OCDE. Ele esteve no País e conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sobre a possível adesão brasileira. "A percepção no Brasil é que existe um namoro que pode se transformar em um casamento feliz, mas a cerimônia não é para amanhã", afirmou.

Entre as vantagens de fazer parte da OCDE está o acesso a trabalhos técnicos, feitos por mais de 200 especialistas. A organização é famosa por publicações que comparam o desempenho dos países em áreas como tributação, corrupção, meio ambiente ou emprego. Também colabora para uma melhor percepção dos mercados sobre os países, o que reduz o custos dos empréstimos para as empresas. Mas essa vantagem está em xeque para o Brasil, depois que o País conquistou a

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classificação de grau de investimento. Assim como outras organizações internacionais com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a OCDE também está sendo cobrada por não ter sido capaz de antecipar a crise.

A repórter viajou a convite da OCDE

FRASES

Angel GurríaSecretário-geral da OCDE

"Países como o Brasil, China e Índia têm de fazerparte de qualquer solução para questões globais"

Eduardo Ferro RodriguesLíder de grupo sobre o Brasil na OCDE

"Se a OCDE quiser manter seu papel internacional ? não digo nem aumentar ?, vai ter de construir uma ponte com o G-20"

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BB terá de aumentar capital em 2010No atual ritmo de concessões de empréstimos, o BBdeve bater no próximo ano no limite das normas de Basileia

Leandro ModéHá dez dias, o Banco do Brasil (BB) enviou ao mercado um comunicado que era esperado por analistas havia algum tempo. Informava que estuda fazer uma emissão de ações para ampliar a quantidade de papéis em circulação, atendendo a exigência da BM&FBovespa. Na realidade, porém, a captação tem outro objetivo mais urgente: permitir que o BB mantenha o ritmo de concessão de crédito, que se acelerou com a crise.

Existe um indicador mundial que define quanto um banco pode emprestar em relação a seu patrimônio. É o chamado Índice de Basileia. Nos países desenvolvidos, é de 8%. No Brasil, de 11%. No caso brasileiro, significa que, para cada R$ 1 de patrimônio, a instituição financeira pode conceder no máximo R$ 9 em crédito. Ao final do terceiro trimestre, o BB tinha um Basileia de 13%, o menor entre os principais bancos brasileiros ? no Itaú Unibanco, era de 16,3% e no Bradesco, 17,7%.

Isso significa que o BB precisa ampliar o patrimônio para poder emprestar mais, sem correr risco de ter o Basileia encostando em 11%. O banco já fez recentemente duas captações com esse objetivo, uma no mercado interno (por meio da chamada dívida subordinada) e outra no mercado externo (por um instrumento conhecido como bônus perpétuo). Incluindo o dinheiro, o que ainda depende de aprovação do Banco Central (BC) e não tem prazo para ocorrer, o Basileia vai a 13,9%.

Apesar da pequena folga obtida com as operações, a analista de instituições financeiras da Ativa Corretora, Laura Lyra Shuch, considera a situação "preocupante". "Ainda bem que o banco já está tomando providências", observou.

O analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu, fez as contas e concluiu que, se o BB mantiver nos próximos meses o ritmo de concessão de empréstimos que adotou em 2009 (expansão de 41% nos 12 meses encerrados em setembro), o Índice de Basileia

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chegaria ao mínimo exigido pelo BC (11%) entre o primeiro e o segundo trimestre de 2010. "O banco vai ter de dar uma solução rápida, fazer uma emissão até o segundo trimestre."

Segundo Santacreu, a diferença entre o Basileia atual e o mínimo exigido pelo BC equivale a cerca de R$ 70 bilhões em empréstimos (sem contar lucros da instituição, que também são incorporados ao patrimônio).

Se o ritmo de concessões entre janeiro e setembro de 2009 for mantido no quarto trimestre, isso equivaleria a mais R$ 30 bilhões. Sobrariam, portanto, cerca de R$ 40 bilhões, que, em tese, já seriam consumidos no primeiro trimestre de 2010.

O presidente do BB, Aldemir Bendine, faz um cálculo diferente. Segundo ele, a diferença entre o Basileia de 13,9% e o exigido pelo BC equivale a R$ 100 bilhões. Portanto, o banco não estaria tão apertado para realizar a emissão.

Ainda assim, ele reconhece que "a estrutura de capital do banco não é a mais adequada" no momento. "Fizemos muitas aquisições. De qualquer forma, os R$ 100 bilhões permitem passar 2010 com tranquilidade."

NÚMEROS

R$ 224,8 bilhõesera a carteira de crédito do Banco do Brasil em dezembro de 2008

R$ 285,5 bilhõesera a carteira de empréstimos do Banco do Brasil em 30 de setembro deste ano

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Captação pode ser no Brasil ou no exteriorNo mercado interno, emissão poderia ser no início de 2010

O mercado especula, agora, sobre duas questões: quando exatamente o Banco do Brasil (BB)realizará a emissão de ações e qual mercado acessará para fazê-la. O analista Fernando Salazar, do Banco Fator, acredita que ambas estão ligadas. Se o BB decidir captar no Brasil, explica, poderá fazê-lo já no início de 2010. Mas, se quiser emitir no mercado externo, será obrigado a esperar, provavelmente, até o fim do primeiro semestre.

É que, para lançar papéis novos no exterior, a empresa tem de seguir uma série de trâmites burocráticos para se adaptar à legislação local. O BB ainda não está preparado para isso. O que o banco já acertou é a emissão de recibos de ações em Nova York (ADR), mas de nível 1. Isso quer dizer que trocará papéis já negociados na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) por esses recibos. Não se trata de nova captação de dinheiro.

O Estado apurou, no fim de outubro, que o BB já estudava uma emissão de ADRs de nível 2 em Nova York, o que foi negado pela instituição. Na semana passada, o vice-presidente de Finanças do BB, Ivan Monteiro, admitiu a hipótese. "Estamos preparando a infraestrutura do banco para fazer o ADR de Nível 2 ou 3", disse à agência Dow Jones. "Estamos concentrados em estar preparados até fevereiro de 2010."

Se o banco conseguir cumprir o prazo, terá acesso ao mercado já no primeiro trimestre. Por ora, demanda por papéis do BB não falta. Na captação feita recentemente lá fora, de US$ 1,5 bilhão, a procura alcançou US$ 14 bilhões. Essa, aliás, é outra variável citada pelos analistas. João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, lembra que o mercado externo vive um bom momento. Mas frisa que ondas de instabilidade podem voltar, como na semana passada, quando o governo de Dubai anunciou moratória na dívida de uma de suas empresas.

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Emergentes recebem mais dólaresBIS diz que o Brasil foi um dos principais beneficiadospelos investimentos, mas alerta para os riscos do câmbio

Jamil Chade, CORRESPONDENTE, GENEBRAO fluxo de dólares para o Brasil passou a ser um dos maiores do mundo e o País poderá crescer em média quase 5% anualmente até 2014. Os dados e projeções estão sendo divulgados hoje pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, o banco central dos bancos centrais), que revela que a expansão nos países emergentes servirá de base para a recuperação dos países ricos.

Mas o BIS alerta que o mercado não confia na capacidade dos governos em lidar com o desafio da apreciação de moedas como o real. Só no segundo trimestre, a entrada de capitais ao Brasil somou US$ 15 bilhões.

O BIS admite que o mundo deixou a recessão. Mas faz sérias advertências: as incertezas sobre o crescimento são profundas e a volatilidade nos mercados não está superada. Os problemas em Dubai são o reflexo mais nítido das incertezas que ainda pairam sobre a economia mundial.

Por enquanto, a percepção é de que a recuperação está sustentada de forma perigosa apenas nas baixas taxas de juros e nas medidas de estímulo. O resultado é que, apesar dos dados positivos em vários mercados, a confiança do investidor continua "frágil".

Os países emergentes foram os que reagiram de maneira mais consistente e podem ajudar a sustentar a retomada da produção industrial nas nações ricas, diz o BIS.

"As grandes economias emergentes, como China, Índia e Brasil, que tiveram quedas menos pronunciadas de crescimento que os países avançados, se recuperaram de forma bem mais rápida e a previsão é de que se expandam em um ritmo substancialmente mais rápido nos próximos cinco anos", afirmou o banco.

O Brasil, diz o BIS, deve ter um crescimento de perto de 5% e praticamente estável entre 2010 e 2014. A projeção ainda indica que o Brasil crescerá menos que a Índia, com uma média de expansão de 7,5%. Na China, a expansão cairia de quase 10% em 2010 para cerca de 8% em 2014. Já nos Estados Unidos, a taxa deve ficar em 3,5%, acima da Europa e Japão.

Ao contrário dos países ricos, as economias emergentes vivem uma expansão dos créditos externos. O Brasil tem sido o maior exemplo disso, segundo o BIS. O País recebeu US$ 15 bilhões a mais em crédito apenas no segundo trimestre do ano. Entre os emergentes, só foi superado pela China, com US$ 49,2 bilhões e por Hong Kong, com US$ 46,8 bilhões.

O Brasil ainda fez emissões de US$ 35 bilhões em papéis no exterior. Desse total, US$ 23 bilhões foram emitidos pelo governo. No geral, a expansão de empréstimos internacionais para os países emergentes foi de US$ 77 bilhões no segundo trimestre, uma alta de 3,3% e a primeira elevação em um ano.

Mas a expansão dos créditos ao Brasil vem acompanhada de riscos. O principal deles é a apreciação da moeda brasileira diante do dólar em razão da entrada de capitais. "Nos últimos meses, isso (a apreciação) se tornou uma fonte significativa de preocupação em relação a exportação e estabilidade financeira (nos países emergentes)", afirma o BIS.

O banco lembra que o Brasil adotou um imposto de 2% sobre a entrada de capital estrangeiro para tentar frear o fluxo de dólares. Mas o fenômeno vem atingido outros mercados emergentes e Indonésia, India, Coreia e Taiwan também pensam em adotar as mesmas taxas.

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TRECHO

Relatório do BIS

"As grandes economias emergentes, como China, Índia e Brasil,que tiveram quedas menos pronunciadas de crescimento que os países avançados, se recuperaram de forma bem mais rápida e a previsão é de que se expandam em um ritmo substancialmente mais rápido nos próximos cinco anos"

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Crédito entre bancos continua em queda

Jamil Chade, GENEBRAA crise internacional já transformou o uso do dólar pelo sistema financeiro, enquanto os créditos entre bancos continuam a cair apesar do esforço bilionário de governos. Dados do Banco de Compensações Internacionais publicados hoje revelam que os bancos comerciais reduziram sua exposição em dólar e que os créditos denominados na moeda americana são as que mais tiveram queda.

Nos últimos meses, a desvalorização do dólar e as tentativas de governos em várias partes do mundo de substituir a moeda americana em algumas operações vem dando margem a um debate sobre o fim do domínio do dólar como a única moeda de referência no mundo. Entre abril e junho, os créditos de bancos continuaram a sofrer uma contração, mas em ritmo menor que nos meses anteriores. Segundo o BIS, a redução foi de US$ 477 bilhões nas balanças das instituições financeiras. Entre outubro de 2008 e março de 2009, a redução havia sido de US$ 3 trilhões.

Uma das boas notícias é de que a retração dos créditos se limitou ao setor de bancos. No restante da economia, os empréstimos tiveram alta, de US$ 4 bilhões. No mercado de contratos de derivativos, o primeiro semestre do ano somou US$ 605 trilhões, 10% acima dos valores de dezembro de 2008.

Segundo o BIS, os créditos em dólares foram os que mais caíram: 58% da queda registrada no trimestre ocorreu na moeda americana, US$ 278 bilhões. O BIS admite que as maiores reduções de exposição e empréstimos são as de residentes nos Estados Unidos e Reino Unido, o que poderia explicar a queda no dólar.

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Reforço do BNDES custa até R$ 14 bi ao TesouroEsse é o custo anual do empréstimo subsidiado deR$ 100 bilhões que o governo cogita fazer ao banco estatal

Alexandre Rodrigues e Fernando Dantas, RIOO custo fiscal anual dos empréstimos do Tesouro ao BNDES, caso se confirme mais um aporte de R$ 100 bilhões, deverá variar entre R$ 5,2 bilhões e R$ 13,8 bilhões, segundo cálculos do economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Almeida acha que, provavelmente, o valor deve se situar próximo a R$ 10 bilhões, o que equivale a 85% dos recursos programados para o Bolsa-Família em 2009, de R$ 11,9 bilhões.

O economista é favorável à política industrial, mas acha que faltam clareza nos objetivos e transparência nos custos do ampliado papel do BNDES. Para calcular o custo dos empréstimos do Tesouro ao BNDES, ele partiu da cifra de R$ 237,5 bilhões, que inclui os R$ 137,5 bilhões emprestados até agosto com o possível novo aporte de R$ 100 bilhões.

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Mansueto analisou a composição da remuneração que o BNDES dará ao Tesouro, na qual predomina a indexação à TJLP, com o custo do Tesouro para captar o dinheiro que empresta ao banco.

Em recente nota técnica, ele esmiuça questões metodológicas para se fazer esse cálculo, cujo resultado muda se for considerada ? como custo de captação do Tesouro ? a Selic, de curtíssimo prazo, ou títulos de longo prazo da dívida pública. No primeiro caso, tem-se o piso da diferença entre o custo e a remuneração do Tesouro, de R$ 5,2 bilhões e, no segundo, o teto de R$ 13,8 bilhões. "O fortalecimento do BNDES tem um custo, que não é pequeno, e que deveria ser explicitado pelo Tesouro Nacional; o banco deveria mostrar qual o benefício do uso desse dinheiro."

Ele nota ainda que a política de formação de grandes grupos empresariais no Brasil, abraçada pelo BNDES, não está voltada para a diversificação dos investimentos daqueles conglomerados, nem inclui condicionalidades, como metas de exportação ou de investimento em pesquisa e investimento. Para Almeida, esses são elementos que já constaram da célebre política industrial sul-coreana, na qual ele vê mais méritos do que naquela hoje praticada no Brasil.

"Quando se vê a taxa de investimento por setor e os dados da balança comercial nos últimos 12 anos, a atuação do BNDES parece estar consolidando a nossa atual estrutura industrial, e não modificando-a", diz. Assim, ele não vê sinais de uma política industrial que aumente o valor agregado das exportações ou aumente os investimentos em setores mais avançados tecnologicamente. "Estamos consolidando a nossa estrutura produtiva de hoje, que é a mesma de 12 anos atrás."

Já para o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, professor da Unicamp, a agilidade e a imensa capacidade de desembolsos torna o BNDES naturalmente o instrumento preferido do governo para intervir na atividade econômica. Ele ressalva, porém, que é preciso ter outras fontes. "O governo está parado na busca de alternativas de investimentos. Como é muito difícil fazer isso, ainda não definiu um caminho. Mas é preciso encarar o problema."

Ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, ele acha que o governo deveria aproveitar o atual patamar da taxa básica anual de Juros (Selic) a 8,75%, próximo aos 6% da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) do BNDES, para estimular os bancos privados a disputarem os grandes financiamentos. "Com spreads numa média de 3,5%, o BNDES não está fazendo concorrência predatória", diz. Para ajudar, ele acha que o Banco Central poderia elevar o limite de uso dos depósitos compulsórios em financiamentos longos.

Para ele, a diversificação da carteira do BNDES não preocupa e sim o seu protagonismo. "O BNDES não é o problema, é a solução. E temos de dar graças a Deus por tê-lo agora. Há muito tempo o BNDES é chamado a múltiplos objetivos. O banco faz isso bem, sem prejudicar sua ação na política industrial."

"Não adianta ficar discutindo o tamanho do BNDES, mas a falta de alternativa. Como ele é sozinho, vai sempre precisar de uma tonelada de recursos. É preciso criar incentivos para o mercado de capitais e para os bancos entrarem no crédito de longo prazo", conclui.

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Energia e telecom ficam para trásDos 62 papéis do Ibovespa, principal referência daBolsa, apenas 23 superam alta do índice em 2009

Yolanda FordeloneA Bovespa acumula alta de 81,9% em reais e de 148,7% em dólar até 3 de dezembro. Nem todas as 62 ações do Ibovespa, porém, têm conseguido superar o índice de referência. Segundo dados

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da consultoria Economática, até o dia 3 de dezembro, apenas 23 ações tinham valorização anual acima do indicador. Entre os papéis com desempenho inferior ao índice destacam-se os setores de energia e telecomunicações, com 18 ações abaixo do principal indicador. Outras ações que ficaram para trás foram as preferenciais e ordinárias da Petrobrás.

No caso do setor de energia, todas as dez ações têm gerado retorno ao investidor abaixo do Ibovespa. ''É natural que isso ocorra já que elas são consideradas ações defensivas'', diz o economista da Win Trade, José Góes. ''Na baixa da Bolsa elas não caem tanto. E quando a Bolsa vai bem, essas ações tendem a ter um desempenho inferior'', diz.

Situação semelhante ocorreu no setor de telecomunicações, também considerado uma alternativa conservadora. ''O segmento fechou 2008 com recorde de assinantes'', lembra o analista sênior da Tov, André Mello. ''Com a recuperação da Bolsa, a tendência é que os investidores abandonem essas alternativas e partam para opções mais arriscadas'', afirma o economista-chefe da Ágora, Álvaro Bandeira. Outra ação abaixo do Ibovespa é a da Petrobrás. ''O marco regulatório e a capitalização da empresa geraram dúvidas. Na indecisão, o investidor não compra'', avalia Mello.

Apesar de ter desempenho inferior ao Ibovespa, essas empresas continuam a ser recomendadas por especialistas. ''Em geral, o mercado tem avaliado que a regulamentação do pré-sal foi positiva'', diz Góes. No caso de energia e telecomunicações, a recomendação dos analistas é de compra porque elas são boas pagadoras de dividendos. Para aproveitar o momento de mercado, o bancário Leonardo Bacco, de 35 anos, investiu na Cemig em setembro. ''O papel estava com desempenho inferior aos seus pares. Depois, acabei ficando com a ação por causa dos dividendos.''

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Fique de Olho

No cenário doméstico, a agenda é forte, com destaque para o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre e para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sobre juros. O PIB merece atenção especial, já que deverá confirmar que a economia manteve no terceiro trimestre a recuperação vista no segundo. Para o Copom, levantamento do AE Projeções com 60 casas mostrou unanimidade em torno da previsão de manutenção da Selic em 8,75%. No exterior, as atenções estarão voltadas para a China, que terá uma série de divulgações de indicadores macroeconômicos de novembro, com destaque para a balança comercial, índices de atividade industrial e de inflação do período. Nos Estados Unidos a agenda é fraca, mas há interesse nos anúncios das vendas no varejo e do índice do sentimento do consumidor.

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Campo perde com câmbio e preços

Raquel LandimO câmbio deixou de ser um problema apenas da indústria e os produtores rurais se juntaram ao coro de reclamações contra o real forte. Sem a ajuda dos preços internacionais recordes de antes da crise, a valorização da moeda prejudica a rentabilidade das exportações agrícolas. Depois de três anos de bonança, o setor agropecuário experimenta queda da remuneração em moeda local. Os preços em reais das exportações agrícolas cederam 14,5% entre junho e setembro, diz o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em relação a setembro de 2008, antes da crise, a queda é de 11%.

O câmbio anulou os ganhos da recente recuperação das commodities, que voltaram a subir com o início da retomada da economia global. Enquanto os preços em dólares das exportações agrícolas avançaram 6,3% no terceiro trimestre, o real se valorizou 19,6% em relação às moedas dos principais parceiros do agronegócio.

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Estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que, se o câmbio ceder abaixo de R$ 1,60, muitos setores agrícolas "ficam no vermelho". O câmbio limite, que zera a margem de lucro, está, por exemplo, em R$ 1,71 para os exportadores de frango. "Se o agronegócio, que é a menina dos olhos, está nessa situação, imagine o resto", disse o diretor de comércio exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca. O setor agrícola garante o superávit da balança comercial brasileira.

O impacto do real forte na agricultura é bem menos danoso que na indústria. Cálculo preliminar da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) aponta que a rentabilidade das exportações da agricultura e da pecuária caiu 24% em outubro ante outubro de 2008, voltando para o patamar do início do ano passado. A rentabilidade das vendas externas da indústria amarga o pior desempenho desde 1985. "No curto prazo, o prejuízo é razoável, mas a agricultura só perdeu os ganhos excepcionais da véspera da crise", disse Fernando Ribeiro, economista da Funcex.

O setor agrícola só começou a sentir o peso do câmbio no terceiro trimestre. Quando a crise explodiu, as commodities caíram, mas o real se desvalorizou. Antes da turbulência, o câmbio estava num patamar parecido com o atual, mas os preços dos alimentos viviam uma bolha. Entre setembro de 2007 e setembro de 2008, os preços externos das exportações agrícolas subiram 33% e, apesar da alta de 11% da moeda brasileira, os produtores tiveram ganho de 18,4% em reais. "Os preços estavam nas nuvens, o que corrige qualquer câmbio", disse o presidente da Itambé, Jacques Gontijo.

Para o economista-chefe da RC Consultores, Fábio Silveira, o problema é a queda na renda do agricultor. Para a consultoria, os produtores de grãos perderam US$ 10 bilhões este ano na comparação com 2008. Mas ainda não há previsão de redução de safra ou de exportação.

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Empresas adiam projetos de expansãoFrigoríficos e laticínios aguardam recuperação para voltar a investir

Raquel LandimCom a queda dos preços das commodities e a valorização do real, as empresas ligadas ao agronegócio adiaram os investimentos. Frigoríficos e laticínios aguardam uma recuperação mais consistente das cotações internacionais para desengavetar os projetos.

A Cooperativa Central Oeste Catarinense Aurora paralisou a construção de duas plantas de abate de aves em Canoinhas (SC) e em Carazinho (RS). O investimento nas fábricas somava R$ 800 milhões. "Ainda não temos cronograma para retomar", disse o vice-presidente da Aurora, Neivor Canton.

Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne de Frango (Abef), Francisco Turra, a empresa está longe de ser um caso isolado. "Tudo parou este ano." Nos últimos oito anos, a produção de carne de frango cresceu, em média, 11% ao ano. Em 2009, produção e exportação devem ficar estáveis.

O setor de carnes é o que sofre com a valorização do real, porque os preços tiveram recuperação menos expressiva que os demais produtos agrícolas. "Quanto mais nobre o alimento, mais sensível à queda de renda provocada pela crise", explicou o diretor da consultoria MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros.

Ainda existe excesso de oferta no mercado, porque não houve ajuste de produção compatível com a queda de consumo, principalmente nos Estados Unidos. "Começamos a forçar um pouco a venda no mercado interno, que tem sido mais previsível, mas ainda temos que disciplinar a oferta",

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disse Canton.

Na carne bovina, o câmbio está provocando perda de competitividade do Brasil em relação aos principais concorrentes. O real forte levou a arroba do boi gordo brasileiro para US$ 43 em novembro - patamar parecido com os US$ 41,5 da Austrália, e superior aos US$ 25 da Argentina e aos US$ 34 do Uruguai, conforme levantamento da MB. O preço histórico da arroba do boi gordo brasileiro varia entre US$ 25 e US$ 30.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Carne Bovina (Abiec), Roberto Giannetti da Fonseca, os frigoríficos estão deslocando parte da exportação para o mercado interno, principalmente de cortes nobres, que são consumidos em países ricos, afetados pela crise. A movimentação derrubou os preços do filé mignon e da picanha no mercado brasileiro.

O laticínio mineiro Itambé também adiou a duplicação da fábrica de Uberlândia, que é voltada a produção de leite em pó para a exportação. "Ainda está paralisado, mas podemos retomar o projeto no ano que vem, dependendo do nível do câmbio", disse Jacques Gontijo, presidente da empresa.

A Itambé, que tinha interrompido os embarques para o exterior, prepara-se para retomar as exportações de leite em pó, por causa da recuperação do preço do produto no mercado internacional, que começou em setembro. "Com o preço atual e o câmbio a R$ 1,7, já temos alguns negócios fechados, que devemos embarcar no fim do mês", disse Gontijo. Ele afirmou que a exportação pode se tornar complicada se o dólar bater em R$ 1,60.

Conforme Mendonça de Barros, o impacto do câmbio na agricultura brasileira está variando bastante conforme o setor e a região do País. O açúcar é a grande exceção, porque graças à "recuperação violenta" dos preços, provocada por problemas climáticos na Índia, não percebe o efeito do real forte.

Os produtores de suco de laranja estão entre os mais prejudicados. A crise reduziu consumo de suco nos Estados Unidos e na Europa, os preços despencaram, e a citricultura brasileira teve seu pior ano da última década. O setor não tem a opção de desviar produto para o mercado interno, porque exporta 97% da produção. Nas últimas semanas, o preço começou a se recuperar. "Agora a gritaria é com o câmbio", disse o presidente da Associação Nacional de Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus BR), Christian Lohbauer.

No setor de soja, os agricultores do Mato Grosso estão no zero a zero, enquanto os produtores paranaenses mantém lucro. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Glauber Silveira, explica que a valorização do real tem impacto direto no custo do frete, que representa mais de 42% do preço da soja.

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Pecuarista diz que câmbio reduz ganhos na reposição dos bezerrosChico Siqueira, ESPECIAL PARA O ESTADO, ARAÇATUBA

O pecuarista Luiz Pereira Moraes, de Araçatuba (SP), perdeu nos últimos meses 50% da margem de lucro que pretendia ter com a venda de 800 bois para um frigorífico da região. "Minha expectativa era conseguir ter um lucro de pelo menos 20%, mas consegui apenas 10%", diz. A culpa, segundo ele, não é só do preço da arroba do boi gordo, que está em baixa, (R$ 74,00), mas principalmente do bezerro de reposição, cujo preço continuou alto, apesar da queda da arroba, que no ano passado, estava em R$ 84,00.

Com o dinheiro da venda do gado, Moraes esperava repor dois bezerros para cada boi vendido. Essa relação, que deveria ser de 2,5 bezerros para cada boi gordo, é uma fórmula usada tradicionalmente pelos pecuaristas para calcular a remuneração da venda do bezerro dois anos

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depois de comprado. "Esse é o tempo que um boi demora a ficar pronto para o abate", explica Moraes.

Durante esse período, o criador passa por todas as transformações do mercado. "Foi isso que aconteceu do ano passado para cá: o preço da arroba estava alto, o dos insumos também, agora caiu; mas o preço do bezerro para reposição continua no mesmo patamar de 2008", diz. Segundo Moraes, um boi de 16 ou 17 arrobas é vendido hoje em torno de R$ 1,2 mil, enquanto um bezerro está em R$ 650,00 ou R$ 700,00: "Se você computar, os custos de criação, com aluguel de pasto e sal para engordar o bezerro, você verá que ele estará custando em torno de R$ 1.130 quando estiver pronto para o abate. É uma margem de lucro muito pequena."

Para o presidente do Sindicato Rural da Alta Noroeste (Siran), Alfredo Ferreira Neves Filho, o preço da arroba está em queda por conta da sobrevalorização do dólar. "Os frigoríficos para não perderem com a defasagem do dólar nas exportações, forçam os preços para baixo. Eles fazem isso para tirar a diferença das exportações", diz. Para Neves Filho, o preço do boi em dólar, em torno de US$ 42 a arroba, está bom, mas como o real está sobrevalorizado, esse valor se torna ínfimo para os criadores. "Além do problema da reposição, o custo de produção ainda é alto e o pecuarista acaba tendo prejuízo, por isso muitos deles estão migrando para a produção de cana", afirmou Neves Filho.

Ele ainda alerta para o preço da carne, que chega ao consumidor sem o repasse da queda de preço. "Hoje as peças vendidas no atacado não estão no mesmo patamar de 2008 e por isso essa queda de preços, sentida na arroba do boi, não chegou aos consumidores". Segundo ele, o preço da carne deveria estar pelo menos 20% mais baixo que o atual.

No fechamento das exportações da carne bovina até outubro, a queda em dólares, em relação a 2008, foi de 28%, segundo a Associação Brasileira dos Importadores e Exportadores de Carne (Abiec).

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''Geladeira, TV e carro têm mais valor que os alimentos''

José Maria Tomazela, SOROCABAOs 450 hectares do milharal que sobe e desce as colinas formando um imenso tapete verde nas margens do rio Turvo, entre Itapetininga e Capão Bonito, no sudoeste do Estado de São Paulo, podem ser a última lavoura da vida dos irmãos João Coan, de 61 anos, e Ari Coan, de 59. Há 40 anos eles enfrentam intempéries, pragas e as agruras do mercado para produzir grãos na fazenda Sobrado Velho, adquirida à custa de calos e suor. Nos últimos quatro anos, tiveram de consumir as reservas para manter a produção. "Vamos parar antes que nosso patrimônio vá embora", diz o experiente João.

As últimas safras de milho, feijão e trigo foram a gota d"água. Ele conta que em 2007, com o trigo a R$ 800 a tonelada, os produtores foram incentivados a plantar, mas o governo, preocupado com a alta no preço do pãozinho, tirou o imposto das importações. "Veio trigo da Rússia, do Canadá, de toda parte e o produtor brasileiro se lascou, mas o preço do pãozinho continua igual." Este ano, os Coan plantaram 400 hectares e desta vez foi a chuva que chegou na hora da colheita. "Vendemos trigo a R$ 200 a tonelada, menos da metade do custo de produção. Perdemos R$ 1 mil por alqueire." O excesso de chuva prejudicou também o feijão, mas pior que a quebra na produção foi o preço ruim. "O governo garante um preço de R$ 80 a saca, mas não compra, alegando que não tem como estocar. Estamos vendendo a R$ 50." A baixa cotação do dólar e a grande oferta mundial afetaram o mercado do milho. Os Coan venderam a R$ 17 a saca, quando o mínimo para dar sustentabilidade à lavoura seria R$ 20. "O preço do adubo baixou, mas as sementes continuam muito caras", reclama Ari. Os Coan são produtores que usam técnicas modernas de plantio. No sequeiro, colhem 450 sacas de milho e 170 de soja por alqueire.

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Planejavam instalar pivôs centrais de irrigação em grande parte da área. Mostram o projeto que, pronto, custaria R$ 2 milhões. "Como estávamos pagando o secador, que instalamos com recurso próprio, decidimos segurar o negócio. Foi a nossa sorte, pois a coisa entortou."

Os Coan já decidiram arrendar as terras da fazenda para uma empresa de sementes. Eles culpam o governo por terem sido obrigados a "pendurar a botina antes da hora", como diz João. "Hoje tem mais valor o carro, a geladeira e a televisão do que o alimento na mesa", diz, numa crítica à política do governo de reduzir o imposto desses produtos. "O produtor não quer esmola, só um pouco mais de segurança", acrescenta Ari. "Todos os governos protegem a agricultura, menos o nosso."

Ele olha com tristeza as nuvens de chuva que se formam no horizonte e os pés de milho vigorosos, trazendo a expectativa de uma grande produção. "Que adianta? A gente trabalha que nem burro e não sobra nada."

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ENTREVISTA - ''Competição global pós-crise será feroz''Diretor do BNDES prevê forte disputa entre os paísese defende apoio do banco à formação de múltis brasileiras

Alexandre Rodrigues e Fernando Dantas, RIOEntrevistaJoão Carlos Ferraz: diretor de Planejamento do BNDES

A competição global no mundo pós-crise será "de uma ferocidade horrível", o que reforça ainda mais a estratégia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de apoiar a fusão de grandes empresas brasileiras, com foco na internacionalização. A visão é de João Carlos Ferraz, diretor de Planejamento do BNDES, e considerado o braço direito de Luciano Coutinho, presidente do banco de fomento.

Ele prevê que vai haver uma disputa por "cada milímetro dos mercados", com os países buscando proteger, induzir e fortalecer as suas empresas. Para Ferraz, não existe país avançado sem grandes empresas que sejam competidores no mercado global.

Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com doutorado na Universidade de Sussex, o economista defende a atuação recente do BNDES, que em dois anos quase duplicou os seus desembolsos, de R$ 65 bilhões em 2007 para algo entre R$ 120 bilhões e R$ 130 bilhões neste ano.

Um dos pontos principais dessa estratégia é justamente o apoio à fusão de grandes empresas brasileiras, frequentemente com foco na internacionalização. O BNDES esteve envolvido em operações como Oi/Brasil Telecom, JBS Friboi/Marfrig, Votorantim/Aracruz (Fibria) e Sadia/Perdigão (Brasil Foods). O banco não está participando, porém, da recente transação envolvendo Pão de Açúcar, Casas Bahia e Ponto Frio.

Ferraz relatou ainda a participação do BNDES na política anticíclica do governo que ajudou o País a sair mais rapidamente da recessão. Para ele, a garantia de bom uso dos enormes repasses recentes do Tesouro ao BNDES ? mais R$ 100 bilhões podem estar a caminho ? é a própria credibilidade do banco. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Com a perspectiva de um novo aporte de R$ 100 bilhões do Tesouro Nacional, quanto o BNDES pretende emprestar em 2010? Mesmo num cenário de recuperação, o banco quer aumentar ainda mais a sua presença no financiamento da economia?

Em 2007, o desembolso foi de mais ou menos R$ 65 bilhões. Em 2008, de R$ 90 bilhões. Este ano vai fechar em R$ 120 bilhões ou 130 bilhões. O salto foi maior antes, a taxa de crescimento é

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decrescente. Não há meta para 2010. Se ficarmos no nível de 2009, será uma maravilha.

Essa nova transferência do Tesouro é necessária para quê?

A demanda de recursos para 2010 ainda é muito forte e cresce por causa da inércia característica dos projetos de infraestrutura. Os recursos próprios não são suficientes para a demanda que já temos em carteira. O número de R$ 100 bilhões foi dado pelo presidente, mas não está cravado que tem que ser isso. Posso dizer que é suficiente para passarmos 2010 com tranquilidade, desativando as linhas emergenciais, mantendo a posição de infraestrutura e fazendo a transição para o novo governo sem que o investidor se assuste.

Com o reforço de R$ 100 bilhões, o banco já superou em mais de 50% o volume de desembolsos do ano passado. Que critério norteou as decisões?

O BNDES é um instrumento provedor de recursos para a economia, e a economia levou uma pancada num momento virtuoso, quando crescia o investimento, produção, emprego, produtividade. Na margem, o investimento estava crescendo a 19% entre um trimestre e outro. Além das medidas para manter o consumo, foi tomada uma decisão que mais à frente vai ser vista como a mais estratégica: o empréstimo de R$ 100 bilhões para o BNDES. Ele tem um significado simbólico importante: mostrar que para bons projetos não falta dinheiro.

Na crise, a missão, que é o investimento, passou a ser também a de manter a atividade econômica. Então lançamos várias linhas, algumas não usuais para nós, como exportação e giro, para segurar a onda. Mas se olharmos uma linha de tempo mais longa, o BNDES está saindo das coisas simples e entrando nas complexas. Temporariamente, com a crise, voltou às simples e agora vai sair. A agenda nesse final de ano torna-se o investimento de novo.

Quando esse foco no investimento voltou?

Entre abril e maio deste ano, notamos os primeiros sinais de estabilidade da economia. Estava claro que era hora de lançar um programa que animasse os investidores a recuperar aquilo que tinham postergado ou a suplementar planos. A estrutura institucional da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) foi ativada. Os comitês mostravam o que estava acontecendo nos setores. Sabíamos o que estava apertando o calo de cada um e vimos que era hora de um sinal forte. E aí foi decisão de governo ? e o ministro (Guido) Mantega teve papel fundamental ? de lançar o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) em junho (com juros de 4,5%). Foi um "V" ? a curva da Finame (linha para aquisição de máquinas e equipamentos), que tinha caído de R$ 160 milhões diários em setembro de 2008 para R$ 60 milhões em junho de 2009, inverteu-se e deve estar em R$ 120 milhões.

Com a recuperação da produção industrial e a manutenção da atividade econômica, o foco do BNDES agora será o investimento em infraestrutura?

Apesar de a disposição ao investimento ter se mantido relativamente, ainda é insuficiente para o crescimento sustentado. Antes, estávamos soprando junto com o vento a favor. Agora, com a vela meio parada, estamos começando a remar. Desde 2007, o BNDES vinha entrando mais na infraestrutura. Nesses projetos, a decisão de investimento é mais lenta. A nossa carteira continuou crescendo na crise, por isso o desembolso do banco não cai. Há decisões que só agora começam a se efetivar. E aqui há um problema do País. Qual é a grande dificuldade do PAC? Projeto de infraestrutura tem um pacote de regras institucionais, técnicas e financeiras que demora muito a dar a partida. Em 2008, os chineses soltaram um programa de infraestrutura de US$ 600 bilhões, mas o governo central tinha o que desengavetar. O Brasil não tem estoque de projetos de qualidade para serem implementados rapidamente. Isso está se recuperando pouco a pouco.

Uma das críticas à política industrial do governo hoje é a de que a atuação do BNDES está reforçando a estrutura produtiva atual e os setores tradicionais, quando os principais

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esforços deveriam se concentrar na inovação e nos segmentos de maior densidade tecnológica.

Não há esse reforço da estrutura. A PDP é muito simples. O Brasil não tem uma economia de dois setores, o tradicional e o tecnológico. É uma economia complexa. Cada setor está num estágio de desenvolvimento, que não tem fim. A política foi desenhada para induzir o avanço a partir do estágio em que cada um está. Então, nos setores que já são competitivos, as empresas têm que se lançar para o mundo. E essas soluções são via mercado. Quando o BNDES apoia a internacionalização de uma empresa, é com uma lógica financeira completamente diferente do que faz no apoio à pequena empresa de risco tecnológico. Essa vai ter muito dinheiro barato, que o grande negócio não vai ter. Estamos diante de um mundo complexo, mas é simples.

Por que é importante, como estratégia, ter grandes competidores brasileiros no mercado global?

Não há um país avançado que não tenha um grande player. A dinâmica do tal capitalismo faz ele crescer além das suas fronteiras. É a teoria básica de organização industrial e da competição. Se olharmos padrões de concorrência, vemos que existem certas lógicas setoriais. O produtor de commodities precisa de escala, porque ele ganha no custo. Ele tem que sair para o mundo, não tem jeito. Aí a empresa vai para fora. Vou parar de apoiá-la porque tirou o passaporte? Eu quero ir com ela, quero ser o banqueiro dela lá fora. É óbvio que isso vai reverter para a economia brasileira, porque o lucro dela é aqui. Produz lá, mas a retaguarda fica aqui. E nosso papel é gerar mais e melhores empregos no País.

O BNDES então promove o casamento de empresas?

A ideia que se tem é de que esse banco, de forma maniqueísta/simplista, tem a capacidade de juntar empresas. Mas nós não damos subsídio. Apoiamos isso com preços de mercado, de debêntures, não usamos nem TJLP. Não dou dinheiro barato para empresa que é grandinha. Dou porque nos interessa, vamos ser sócios deles. Queremos ganhar dinheiro. Grande parte do que emprestamos vem das nossas participações acionárias. Com esse braço, eu posso financiar os pequenos.

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ARTIGO - O problema está na outra ponta

Antonio P. Mendonça*A recente fusão entre Amil e Medial tem gerado discussões importantes sobre os planos de saúde privados. Na mira está, antes de tudo, a concentração do setor. A este respeito cabem algumas explicações.

Em primeiro lugar, é preciso se ter claro que, nos países onde existe a saúde privada, o mercado tem um desenho parecido com o que vai se consolidando no Brasil, isto é, poucas grandes operadoras com abrangência nacional, ou forte participação no mercado, e um número maior de operadoras pequenas, com atuação regional ou focadas em nichos específicos.

O problema brasileiro não é a concentração resultante da união da Amil com a Medial, mas o que acontece na outra ponta, onde as pequenas operadoras estão sendo inviabilizadas pela ação da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que as vai sufocando, em nome de garantias nem sempre pertinentes e que elas, pelo porte, não conseguem oferecer.

O negócio entre a Amil e a Medial não é uma ameaça ao sistema. Juntas, não terão 11% do mercado de planos de saúde privados, ou seja, não é por este lado que a fusão deve ser analisada. O que deve ser visto, e aí todo cuidado é pouco, são as condições econômicas e financeiras resultantes da unificação. Qual o grau de capitalização e quais as reservas destinadas

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a garantirem sua massa de clientes. De outro lado, vale lembrar que, neste tipo de operação, escala é indispensável para um determinado tipo de empresa que baseia seus serviços em produtos massificados e que este é o desenho de Amil e Medial.

Enquanto algumas empresas operam em campos específicos, outras atuam no geral, oferecendo planos destinados a todos os segmentos da população. O drama deste desenho é que, no Brasil, por conta da Lei dos Planos de Saúde, da demagogia governamental e de decisões do Judiciário, vários tipos de planos estão se mostrando inviáveis ou gerando distorções graves. É o caso dos planos individuais e familiares, além de vários planos ditos coletivos (no sentido usado para os planos empresariais), que, de verdade, não passam de planos individuais, oferecidos com foco num determinado universo de consumidores e que, por isso, ou custam mais barato ou oferecem algumas vantagens em prazos e padrões de atendimento.

A Lei dos Planos de Saúde Privados brasileira é muito ruim. Em função dela, a maioria das seguradoras não atua neste ramo e as que operam com saúde privada se afastaram dos planos de saúde individuais e familiares. A razão é simples: eles são deficitários para elas.

É aqui que as tipicidades das operadoras começam a fazer diferença. As operadoras de planos de saúde não têm o mesmo desenho e isto faz com que a estrutura de custos seja diferente entre elas. Nem poderia ser diferente, já que as seguradoras são sociedades anônimas, as Unimeds são cooperativas e as assistências médicas obrigatoriamente devem atuar com rede própria, independentemente da figura societária adotada.

Muito mais importante para a sociedade do que a fusão entre a Amil e a Medial é a quase que extinção das pequenas operadoras periféricas, com foco em comunidades específicas, para cujas necessidades seu desenho e estrutura de custos são mais que suficientes.

Elas atendem mais de 90% dos casos que são encaminhados para os hospitais a que estão ligadas. Doenças como sarampo, cirurgias de apendicite, braços quebrados, partos, etc., ficam a seu cargo, enquanto os procedimentos mais complexos são encaminhados para hospitais mais sofisticados. O resultado são planos muito baratos para a população, mas suficientes para manter os hospitais que os comercializam. Com sua inviabilização, estes hospitais devem fechar, já que não há como a remuneração do SUS pagar integralmente seus custos.

Enquanto este segmento não for tratado de forma profissional, levando em conta a realidade brasileira, não há como a conta fechar. E o que é pior, a tendência é todos ficarem insatisfeitos.

*Antonio Penteado Mendonça é advogado, sócio da Penteado Mendonça Advocacia, professor da FIA-FEA/USP e do PEC da Fundação Getúlio Vargas e comentarista da Rádio Eldorado

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OPINIÃO - Extrafiscalidade e mudança climática

Everardo Maciel*Nesta semana se instala, em Copenhague, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15). Sou pouco otimista quanto à possibilidade de adoção de medidas efetivas relacionadas com orçamento de carbono, desmatamento, mitigação das mudanças climáticas, etc. Ainda que venham a ser fixadas metas, receio que não serão apresentados projetos efetivos.

De qualquer forma, não há dúvida de que a questão ambiental ingressou definitivamente na agenda política internacional, sendo inevitáveis desdobramentos em termos de acordos, programas, avaliações, etc.

Há algum tempo, a questão ecológica passou a interagir com o direito tributário, merecendo a denominação de ecotributação ou tributação ambiental. Trata-se de matéria inscrita no domínio da

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extrafiscalidade, que diz respeito ao uso dos instrumentos tributários para fins que ultrapassam o interesse estritamente arrecadatório com vistas à cobertura dos encargos públicos. Por essa via, a política tributária abdica de sua finalidade natural e busca modelar comportamentos da sociedade segundo determinados padrões.

Nos países de cultura anglo-saxônica usa-se a expressão "impostos do pecado" (sin taxes) para qualificar tributos que incidem sobre atividades tidas como contrárias à moralidade (jogo, tabaco e bebida). Nos anos 30, esse conceito foi reformulado por Arthur Pigou, no âmbito da doutrina do Estado de bem-estar social, para, afastando-se da fundamentação moral, vincular a tributação seletiva à ideia de externalidade.

Assim, as atividades que gerassem externalidades negativas, ou seja, aquelas cujos custos sociais suplantam os privados, deveriam merecer uma tributação mais elevada, como forma de induzir mudanças de conduta. Por força dessa tese, alguns países europeus tributam bebidas em razão dos respectivos teores alcoólicos.

A tributação ambiental é a nova fronteira da extrafiscalidade. Em alguns países europeus, foram criadas espécies tributárias específicas em proveito do meio ambiente. Aqui, foram adotadas, igualmente, iniciativas que podem ser consideradas como ecotributação.

No caso brasileiro, não vislumbro a possibilidade, sem alteração constitucional, de criação de tributos ambientais: as contribuições sociais e as de intervenção no domínio econômico não são adequadas para esse objetivo; as taxas, quando muito, se prestam a recuperar custos de fiscalização ou de utilização de ecossistemas sensíveis; a competência residual para instituição de impostos (art. 154, I, da Constituição) é de difícil consecução, pela sobreposição de requisitos bastante severos. Nesse juízo, não tomei em conta, obviamente, as multas por danos ambientais ? necessárias, mas insuficientes para outorgar eficácia à política ambiental.

A solução que tem sido adotada no Brasil passa por conferir interesse ambiental à incidência tributária convencional. No governo de Fernando Henrique, por exemplo, a legislação do Imposto Territorial Rural (ITR) foi alterada para permitir que fossem deduzidas da base de cálculo as áreas de preservação ambiental, identificadas por meio de Ato Declaratório Ambiental (ADA). Os resultados pouco expressivos da medida decorrem não dela mesma, mas da baixa representatividade do próprio tributo.

A esse exemplo se associam outros. À época do apagão foram desonerados todos os equipamentos relacionados com fontes alternativas de energia. Ao mesmo tempo, elevou-se a tributação de produtos com elevado consumo de energia. Pretendeu-se, por meio de medida provisória, lamentavelmente rejeitada pelo Congresso, conceder crédito presumido ao aproveitamento de aparas de plástico destinadas à reciclagem. Malgrado o absoluto ceticismo dos fabricantes quanto à possibilidade tecnológica dos automóveis flex, equiparou-se a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre eles incidente à dos carros a álcool, desde muito tributados com alíquota inferior à dos movidos a gasolina. Essa última medida mudou completamente o mercado brasileiro de automóveis, pois a participação relativa dos automóveis flex nesse mercado cresceu desde um insignificante porcentual para quase 90%, hoje.

Na mais recente alteração do IPI de automóveis, prorrogou-se a alíquota reduzida dos automóveis flex, eliminando-se os incentivos dos carros a gasolina. A despeito da boa intenção dos que patrocinaram a medida, não vejo como ela possa estimular a opção pelos automóveis flex, já definitivamente eleitos como preferência nacional. Ao contrário, preocupa-me a recorrente concessão de estímulos fiscais e creditícios a automóveis e motocicletas. Será que nossas cidades estão aptas para acolher uma frota automobilística grande e crescente? Os engarrafamentos e a poluição passaram a ser constantes em todas as médias e grandes cidades brasileiras. Parece que estamos diante de um caso de externalidade negativa, em que o tributo deveria ser utilizado para conter a expansão da demanda, em nome do interesse ecológico.

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De tudo, resta a certeza de que estamos diante de um novo e desafiador campo tributário.

*Everardo Maciel, consultor tributário, foi secretário da Receita Federal (1995-2002)

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OPINIÃO - A frente fria deve chegar só em 2011

Marco Antonio Rocha*Investidores modernos não gostam de perder tempo com pesquisas meticulosas sobre qual o ramo de negócios mais lucrativo ? a indústria, o agribusiness, os serviços. Essas pesquisas são mais úteis para investidores institucionais ? os fundos de pensão, por exemplo ? que precisam olhar para as coisas que podem acontecer no médio e no longo prazos. Pessoas físicas, empresas, particularmente os bancos, gostam mesmo é de lucrar rápido, no curto prazo ? investem em papéis, não em negócios, atentos às expectativas para esses papéis nos próximos meses, no máximo. Se elas são positivas, a boiada adere rapidamente. Se são negativas, fogem mais rapidamente ainda. Por isso, hoje em dia, saber das expectativas tornou-se talvez mais importante do que saber dos fatos.

O ano de 2009 contrariou as expectativas e saiu melhor do que a encomenda. No mês de dezembro do ano passado a expectativa para 2009 era desoladora. Quem mostrasse otimismo para a macroeconomia seria tachado de sonhador. O presidente Lula mereceu olhares de comiseração quando disse que a crise era uma "marolinha". Só não foi chamado de louco porque se entendeu que, afinal, um presidente tem mesmo a obrigação de se mostrar otimista; e também porque, para os analistas, como ele não entende nada de economia, podia ser perdoado.

Com o que aconteceu depois na economia brasileira, ele acabou podendo posar de profeta.

O ano foi ótimo, em comparação com o que se dizia ou se pensava que seria, mas não por causa do otimismo do presidente ? embora o comum dos brasileiros, ofuscado pela aura que emana de Lula, pense que foi o pensamento positivo dele que fez a economia andar como locomotiva, e não como carroça. O que nos lembra de uma velha marchinha de carnaval. Quando Getúlio Vargas foi apeado do poder em 1945, como ditador, as repartições públicas federais receberam ordens de tirar da parede o retrato obrigatório que o mostrava de casaca e faixa cerimonial. Ao ser eleito democraticamente em 1950, e reconduzido à Presidência, veio a marchinha: "Bota o retrato do velho, outra vez, bota no mesmo lugar. O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar..." (Haroldo Lobo e Marino Pinto, 1951).

Mas, em 2009, não foi o sorriso de Lula que fez a economia trabalhar. Houve vários fatores favoráveis, bem objetivos. Em primeiro lugar, uma política de monitoramento e controle da inflação e de acumulação de reservas internacionais, conduzida com habilidade pelo Banco Central desde antes da crise internacional de 2008, sob protestos, aliás, de empresários, de gente do governo, do partido do governo, mas que Lula teve o mérito de bancar ? e que em boa medida protegeu o Brasil dos efeitos da crise. Essa política também impunha aos bancos brasileiros normas de boa governança bancária mais rigorosas até do que as que eram recomendadas pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla inglesa), de Basileia, na Suíça. E isso evitou que as instituições bancárias brasileiras passassem pela quebradeira que afetou as dos EUA e da Europa, embora alguns bancos nossos tenham financiado arriscadas operações com derivativos feitas por empresas privadas, suas clientes.

O segundo fator favorável foi que o governo, com a assinatura de Lula, puxava a atividade econômica pela corrente do aumento da demanda: Bolsa-Família, reajustes generosos do salário mínimo, crédito consignado, juros cadentes e aumentos dos gastos públicos de custeio alavancaram o consumo de uma maneira que não pôde ser refreada do dia para a noite pela crise. E não foi. Ao contrário, ao perceber que a crise poderia fazer o público fechar o bolso e refrear o ritmo de crescimento da demanda, o governo partiu para desonerações fiscais que derrubaram os

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preços de muitos bens, principalmente automóveis ? o grande objeto do desejo da maioria dos brasileiros ?, cujas vendas cresceram mais de 10% sobre 2008.

Isso tudo ajudou a manter a economia em alta rotação, de modo que o ano fecha com taxa de crescimento econômico em torno de 5% ou mais.

E qual a expectativa do mercado para o ano que vem?

Do ponto de vista da atividade econômica corrente, 2010 deverá ser até melhor, com uma taxa de crescimento do PIB acima de 5%, pois os fatores que puxaram a demanda continuarão produzindo efeitos e os gastos, privados e públicos, no ano que vem ? com campanha eleitoral, preparativos para os eventos esportivos, programas do PAC, pré-sal, etc. ?, estimularão ainda mais a demanda interna, sem falar na possível melhoria do cenário econômico mundial.

No entanto, isso suscita muita preocupação entre os economistas. Por quê? Justamente porque, se a demanda crescer em ritmo forte, há que haver muito investimento para aumentar a oferta de bens de consumo e evitar que a inflação dispare. Como nada garante que os investimentos aumentem em proporção suficiente ? uma vez que é baixo o nível de poupança interna, que a externa é incerta e que eleição e mudança de governo inibem decisões de investir ?, o mais provável será um aumento da inflação a partir do segundo trimestre de 2010.

Contra isso o Banco Central e o Conselho de Política Monetária terão de tomar providências ? aumentando juros e contraindo o crédito para o consumo, ou seja, contendo a demanda que tem sido o motor da economia.

Esse cenário, de contenção, ficará mais claro ainda em 2011, quando um novo governo, seja com quem for, terá de arrumar as contas fiscais, cuja deterioração, já evidente neste ano, não será combatida no ano que vem, em virtude do empenho do governo em ganhar a eleição, e desaguará no colo do próximo presidente.

É em virtude dessa expectativa que o mercado de juros futuro está em ritmo ascendente, e não porque os investidores querem irritar o presidente do nosso Banco Central. Em suma, como diz o velho ditado, depois da bonança (2009/2010) vem a borrasca (2011).

*Marco Antonio Rocha é jornalista. E-mail: [email protected]

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OPINIÃO - Mais crescimentos e mais juros

Carlos Alberto Sardenberg*Ocorre no mundo todo: os prognósticos para 2010 são cada vez melhores. A sensação geral é a seguinte: a crise aguda passou mais depressa do que o esperado e a recuperação é mais rápida. Sim, há muitos problemas pela frente ? velhos (como o desequilíbrio entre países que gastam demais e os que poupam demais) e novos (como os imensos déficits e as montanhas de dívidas dos governos). Mas são problemas a administrar, e não emergências do tipo "salve-se quem puder".

A prova de que essa emergência passou está na atenção que os governos e a imprensa dão à Conferência do Clima de Copenhague. Se estamos tratando de metas para depois do ano de 2020, só pode ser porque 2010 parece mais ou menos administrável.

No Brasil, estudos mais recentes já preveem que o País poderá crescer mais de 6% no próximo ano. Seria simplesmente o melhor dos oito anos de Lula ? um imenso trunfo no período eleitoral. Esse é um lado da moeda. O reverso: o Banco Central (BC) vai subir os juros, tal é o entendimento

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dominante entre analistas e investidores. Podem verificar: nos títulos com vencimento no ano que vem já está embutida uma alta dos juros.

E por que o BC elevará os juros, se a inflação demonstra comportamento benigno?

Porque a economia brasileira estará crescendo acima de sua capacidade, o que aponta para um futuro de inflação para cima e déficits mais elevados nas contas externas ? tal é também o consenso.

Só há divergências quanto à data em que o BC iniciará o processo de alta dos juros. Para alguns, já em abril; para outros, a partir de setembro. Em qualquer caso, reparem, será antes das eleições presidenciais (3 de outubro). Ou seja, será uma decisão econômica e, especialmente, política.

Vítimas de legalidade ? Dia desses, chego a um restaurante de São Paulo, de alto prestígio justamente pela sua combinação rara de boa comida e astral elevado. A casa estava cheia, como sempre, mas o chef, criador e dono não estava numa boa. Foi logo falando de uma notícia recente, a de que fiscais sanitários haviam apanhado um matadouro clandestino que fornecia carne de cachorro para um restaurante que atendia a comunidade coreana.

Tudo ilegal, ação correta, portanto. "É mesmo?" ? comentou o nosso chef. "E você viu por quanto tempo o matadouro e o restaurante funcionaram? Três anos!"

"Pois é, demoraram, mas pegaram", alguém comentou.

O chef esperava mesmo essa dica. "E você sabe quantas vezes os fiscais vêm aqui? Duas vezes por mês! Para encrencar com o tamanho da pia!"

Os fiscais aparecem em horário de movimento, vigiam os mínimos detalhes, amparados em legislação que estabelece normas tão minuciosas que sempre é possível apanhar ou encrencar com alguma coisa.

Mas demoram três anos para descobrir um matadouro de cachorros conhecido por muita gente no bairro.

Conversa vai, conversa vem, alguém contou que, num outro restaurante de São Paulo, igualmente badalado, a polícia apareceu uma noite com duas viaturas e agentes para apurar uma denúncia de barulho excessivo. Não era música, mas aquele ruído de conversa de festa.

OK, há restrições em bairro residencial. Agora, pode fazer o teste: tente ligar para o telefone do Programa de Silêncio Urbano (Psiu) e reclamar de um barulho na vizinhança, digamos, comum. Eu mesmo já tentei. É difícil completar a ligação e, mesmo completando, não aparece nem um guarda de bicicleta.

Isso é custo Brasil. Quem está legal sofre a "fiscalização rigorosa", o ilegal vai levando.

Esse custo Brasil está espalhado por toda a atividade econômica. A legalização é cara, a fiscalização, pesada. O formal está tão pressionado que torna o informal mais vantajoso. E toda vez que há um problema, a tendência é detalhar ainda mais a legislação.

Tome-se o caso das farmácias. Sabe-se que muitas delas vendem remédios controlados sem receita. É ilegal. Ora, o que faz a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)? Resolve restringir e dificultar a venda legal de remédios que não precisam de receita.

A carga tributária no Brasil alcança o equivalente a 37% do Produto Interno Bruto (PIB), contra algo como 25% nos países emergentes parecidos. Isso é custo Brasil. Mas, além disso, há o custo de administrar a vida tributária de uma empresa. Pesquisa do IOB mostra que, de janeiro a setembro

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deste ano, a legislação tributária sofreu 742 alterações. No total, considerando as três instâncias de governo, são 5 mil normas regulando 79 tributos. É difícil calcular, mas há estimativas indicando que as empresas e as pessoas têm um custo equivalente a mais 2% do PIB para manter em dia suas obrigações tributárias e para discutir com o Fisco.

E a reforma tributária? Vaga por aí ? Há uma discussão forte ? e importante ? no Brasil sobre a cotação do dólar. Outro dia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, comentou que, com o dólar a R$ 2,60, a indústria brasileira ganharia tanta competitividade que seria imbatível na exportação.

Ora, se a indústria pagasse 25% de imposto, se o sistema fosse simples e se o governo pagasse o que deve aos exportadores, também ganharia eficiência. Mas fica todo mundo discutindo o dólar, cuja cotação depende de fatores complexos, nacionais e internacionais, em vez de tentar a reforma tributária, que só depende da gente. Talvez o problema seja este, só depende da gente.

E, para tentar ajudar, esta coluna vai pedir a colaboração das leitoras e dos leitores. Se você tiver alguma história dessas de "vítimas da legalidade" ? absurdos da fiscalização e da burocracia ?, mande para os endereços abaixo. Obrigado.

*Carlos Alberto Sardenberg é jornalista Site: www.sardenberg.com.brE-mail: [email protected]

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FOLHA DE S. PAULO

Pessoa física pode comprar papéis do BNDES até quinta Investimento deverá oferecer rentabilidade superior à dos fundos de renda fixa

Aplicação é uma opção de investimento para pessoas avessas aorisco da Bolsa; valor mínimo é de R$ 1.000 e máximo, de R$ 500 mil

TONI SCIARRETTADA REPORTAGEM LOCAL O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) retomou a venda de debêntures (papéis de dívida privada que rendem juros) da BNDESPar, seu braço de participações em empresas privadas. O banco havia feito ofertas semelhantes em 2006 e 2007.Segundo analistas, a aplicação é uma opção de investimento para pessoas avessas ao risco da Bolsa e que buscam um retorno superior ao dos fundos de renda fixa, que seguem a variação dos juros da dívida pública, hoje em 8,75% ao ano.O prazo para aplicação vai até quinta-feira, dia 10 deste mês. Para comprar os papéis, o investidor precisa ter conta em uma corretora de valores, como ocorre com as transações com ações e com títulos do Tesouro Direto. O investimento mínimo é de R$ 1.000 e o máximo, de R$ 500 mil.A taxa de juros desses papéis será fixada de acordo com a demanda do mercado -quanto maior a procura, menor a taxa paga. O risco é o do próprio governo, como nos papéis do Tesouro Direto. A diferença é que se trata de um papel de dívida privada de uma empresa.São dois tipos de debêntures: uma prefixada no momento da compra, com vencimento em 1º de janeiro de 2013, e outra com rendimento atrelado ao IPCA (índice de inflação medido pelo IBGE) mais uma taxa de juros também prefixada, que vai até 1º de janeiro de 2015.A primeira debênture só paga os juros no dia do vencimento, e a segunda, em quatro parcelas anuais, sendo a primeira em 15 de janeiro de 2012.A expectativa é que o papel prefixado tenha retorno anual em torno de 12,5% a 12,8%. A taxa Selic, que referencia o CDI, está hoje em 8,75% ao ano, mas o mercado acredita em aumento a partir de abril de 2010 diante do aquecimento da economia brasileira.Para Fabio Colombo, administrador independente de investimentos, a aplicação valerá a pena se a taxa final ficar pelo menos um ponto percentual acima da de títulos semelhantes vendidos no

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Tesouro Direto. "É o prêmio por ser um título privado e pela liquidez baixa [dificuldade para negociar]."Segundo Mauro Halfeld, consultor financeiro, dificilmente os papéis sairão com juros abaixo dos vendidos no Tesouro Direto. Para Halfeld, uma taxa entre 0,5 ponto e 1 ponto percentual acima da do Tesouro Direto já se torna interessante. "Diria que é o melhor investimento em renda fixa disponível hoje no mercado."Na última sexta-feira, o Tesouro Direto oferecia LTN (título prefixado) com vencimento em 1º de janeiro de 2012 com juros de 11,83% ao ano.Os papéis corrigidos pelo IPCA com rendimentos mais próximos dos da debênture do BNDES são as NTNB e NTNB série especial com vencimento em 15 de abril de 2015. Esses papéis eram negociados com juros de 6,76% e 6,8% mais a variação do IPCA.Quem não pretende ficar com o título até o vencimento poderá vendê-lo a outro investidor por meio do Bovespa Fix ou da CetipNet, o chamado mercado secundário. No caso, o papel sairá com um deságio que refletirá o juro parcial aferido no momento da venda.Dependendo da demanda, o BNDES pode ampliar a oferta em até 35%, o que levaria à venda de R$ 1,35 bilhão. Dessa forma, os juros não ficarão muito baixos e não haverá rateio entre os investidores. Do total oferecido, o BNDES reservou 50% para pequenos investidores pessoas físicas. O restante vai para fundos de investimento.

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Cresce interesse de investidores pelos títulos

DA REDAÇÃO O processo de redução da taxa básica de juros, que se estendeu até o fim de julho e levou a Selic até os atuais 8,75% ao ano, ajudou a despertar o interesse do investidor privado por debêntures. Isso porque esse movimento derrubou a rentabilidade de outras aplicações.No primeiro semestre, a fatia de debêntures emitidas que foi parar nas mãos de pessoas físicas chegou a 11% do total. No ano passado inteiro, esse percentual ficara em só 0,1%. Há dois anos, em 1,3%.O aumento do retorno desses papéis ajuda a explicar esse interesse maior. No primeiro semestre, as taxas pagas oscilaram entre 113,55% e 142,26% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, que é um título negociado entre os bancos e serve de parâmetro para as taxas de várias operações no mercado). Em 2008, a taxa ficara entre 100% e 127% do CDI.O que pesa contra as debêntures é o prazo de vencimento dos papéis, que, na média, supera 2 anos e acaba desestimulando o pequeno investidor. Para conseguir toda a taxa oferecida pelo título, é necessário manter a aplicação até o vencimento. No caso de um fundo ou de um CDB, é mais fácil sair da aplicação em pouco tempo.Uma das formas de adquirir uma debênture é participar da oferta da empresa, que publica um aviso, com prazos e valores. Os interessados procuram uma instituição financeira credenciada para fazer seu pedido.

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Inflação, juro e PIB dominam a agenda da semana Na quarta-feira, Copom decide como ficará a Selic

DA REPORTAGEM LOCAL Apesar da relevância do humor internacional para os rumos a serem tomados pelo mercado financeiro doméstico, os investidores brasileiros estarão muito atentos a dados econômicos locais que vão ser conhecidos nos próximos dias. Inflação, PIB e juros compõem a agenda de eventos econômicos nacionais da semana.Nesse sentido, a quarta-feira tende a ser o dia mais intenso e agitado, pois ocorrerá a reunião do Copom sobre a taxa básica de juros e a apresentação do IPCA de novembro.Para o encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), a expectativa predominante é a de que a taxa básica Selic seja mantida nos atuais 8,75% ao ano. O mercado conta com a elevação da

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taxa em 2010 e o que se espera neste momento é que os membros do Copom deem algum sinal sobre quando será possível isso ocorrer.No mesmo dia, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga o resultado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O mercado espera que o índice oficial de preços tenha registrado alta de 0,38% em novembro.O IPCA é utilizado pelo BC para monitorar sua meta de inflação, que é de 4,5% em 2009. Até o mês de outubro, o IPCA tinha alta acumulada de 3,5%. Se a meta não é ameaçada, o BC pode manter os juros em patamares mais baixos. Com o esperado aquecimento econômico no país em 2010, os analistas esperam que a Selic seja elevada no próximo ano.Para fechar os dados mais relevantes da agenda brasileira semanal, na quinta-feira vai ser conhecido o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre do ano, a ser apresentado pelo IBGE. O mercado projeta alta trimestral de 1,9% no PIB.No acumulado de 2009, o relatório Focus realizado semanalmente pelo BC junto a cem bancos mostra que a expectativa é de crescimento de 0,20% do PIB. Para 2010, a projeção do mercado é de que haja expansão de 5% da economia."Um aumento de volatilidade pode vir com a divulgação de importantes dados domésticos na semana, já que serão conhecidos a decisão do Copom, que não deve trazer grandes surpresas, e o desempenho do PIB brasileiro do terceiro trimestre", afirma José Góes, economista da WinTrade.

Cena externaNo exterior, também não faltarão dados para serem acompanhados. Hoje haverá um importante indicador na maior economia do planeta, que é nível do crédito ao consumidor americano em outubro.Na quarta-feira, o nível dos estoques no atacado nos EUA e as solicitações de empréstimos hipotecários formam os principais indicadores do dia.Na quinta-feira, a apresentação do resultado do Orçamento do Tesouro americano em novembro e os dados da balança comercial do país estão na agenda. Na quinta também é dia dos dados de novos pedidos de seguro-desemprego no país. Após o inesperado recuo na taxa de desemprego americano, que caiu de 10,2% para 10% no mês passado, os investidores querem ver como ficaram os últimos números sobre o mercado de trabalho no país.A reunião do BoE (sigla em inglês do BC britânico) para definir como fica sua taxa básica fecha a agenda de eventos internacionais da quinta-feira. A expectativa é que a autoridade monetária mantenha a taxa nos atuais 0,50% ao ano.Na sexta-feira, saem os dados das vendas no varejo americano, dos estoques das empresas no país e, para encerrar, a confiança do consumidor, medido pela Universidade de Michigan.

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Ações indicadas por corretoras são destaques de alta na Bolsa

DA REPORTAGEM LOCAL Apesar de ter batido mais de uma vez nos 69 mil pontos nos últimos pregões, a Bovespa encerrou a semana com 67.603 pontos, com leve alta de 0,78%.Nas sugestões feitas pelas corretoras, as altas predominaram. A carteira teórica da Planner acabou por ser a de melhor desempenho -apenas uma de suas sugestões, o papel preferencial da Petrobras, terminou com baixa de 1,29%.Na carteira da Planner apareceu a ação sugerida que mais subiu: Gol PN, que acumulou valorização de 8,83% na semana. Outros destaques ficaram com Natura ON, que ganhou 5,71%, e Cyrela ON, que acumulou alta de 5,53%.Outro papel indicado que se destacou foi Lojas Americanas PN, que registrou ganho de 5,99% na semana. A ação foi sugerida pela corretora Alpes.No índice Ibovespa, as altas também predominaram. Dentre as 62 ações que compõem o principal índice da Bolsa brasileira, 40 registraram ganhos na última semana.No pregão de sexta-feira, a Bovespa fechou em baixa, de 1,04%, em meio à depreciação das commodities.Os mercados se acalmaram na semana passada, após as turbulências recentes envolvendo o

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temor de moratória do conglomerado Dubai World e o risco que o evento representava para os bancos europeus."Se o ocaso de Dubai será apenas uma nota de rodapé na história dessa persistente crise financeira, ainda não sabemos. Porém tudo indica que o efeito desse imbróglio está sob controle", afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Investimentos.

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Investidor paulista ganha a disputa virtual de novembro

DA REPORTAGEM LOCAL A disputa de novembro do pregão virtual do Folhainvest foi bastante acirrada. A vitória acabou por ficar nas mãos de Alex Costa, da cidade de José Bonifácio (interior paulista).A carteira virtual do vencedor registrou valorização de 34,79% no mês. O segundo colocado, Fábio Calmon, encerrou o mês com ganhos de 34,78%. Na terceira posição apareceu Cristiano Rosa Ribeiro, que conquistou lucro virtual de 34,77% no mês.O vencedor levou como prêmio por sua conquista uma passagem aérea de ida e volta para qualquer cidade brasileira atendida pela companhia TAM, além de uma assinatura de três meses do sistema Enfoque Cotações Tempo Diferido.Para o campeão da disputa anual está reservada como premiação uma viagem de uma semana à Costa do Sauípe (BA), com as despesas pagas pela Fator Administração de Recursos.Quem quiser entrar na disputa virtual, basta acessar o site folhainvest.folha.com.br e se inscrever, de forma gratuita.Cada novo participante recebe um montante fictício de recursos para negociar ações e tentar as maiores rentabilidades. Aos mais bem colocados em cada mês e no ano é concedida uma premiação.

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Apetite por riscos aumenta entre bancos Dados atualizados do BIS, que reúne BCs em todo o mundo,revelam procura maior por papéis emitidos por empresas

Emissões corporativas, embora ofereçam retorno superior, têmrisco maior do que papéis lançados por governos, lembra o BIS

FERNANDO CANZIANDE NOVA YORK O mercado internacional de emissão de dívidas corporativas mostra um repentino aumento do apetite de investidores por mais rentabilidade.A contrapartida é que muitos dos compradores desses papéis, principalmente os bancos, começam a assumir riscos cada vez maiores.Trabalho publicado hoje pelo BIS (Bank for International Settlements, o banco central dos bancos centrais), sugere que a coordenação sem precedentes de taxas de juro próximas a zero nas principais economias do mundo pode estar levando muitos investidores e o setor financeiro a se tornar menos cuidadosos.Como praticamente não ganham nada aplicando em títulos de governos (remunerados pelos juros de seus respectivos BCs), há tentação de comprarem papéis mais rentáveis, mas que embutem mais riscos.Para o BIS, a mesma tendência de maior exposição a riscos em troca de mais retorno foi observada em outros momentos. Mas o quadro atual, de vários países com juro praticamente negativos e ao mesmo tempo, é inédito."Em um período de taxas de juro em queda, a remuneração [desses papéis] excede a de títulos de governos, que são altamente seguros. A diferença no ganho proporcionado [entre papéis estatais e privados] leva bancos e empresas a investir em títulos com maior remuneração, que também são instrumentos de alto risco", diz o BIS.

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No terceiro trimestre deste ano, por exemplo, o setor corporativo de três países avançados e fortemente atingidos pela crise financeira global (Reino Unido, Irlanda e Itália) liderou, em termos percentuais, as emissões de dívidas.Na comparação com os papéis vendidos pelo setor corporativo a investidores, esses países tenderam a oferecer remuneração mais elevada a fim de atrair compradores -o que produziu resultados.O Reino Unido, por exemplo, emitiu US$ 91 bilhões em títulos no terceiro trimestre, 147% a mais do que nos três meses anteriores. Foi o combalido sistema financeiro inglês quem liderou as emissões, com um total de US$ 79 bilhões.No caso da Irlanda, o aumento do endividamento bancário e corporativo foi de 75%, em um total de US$ 41 bilhões. Na Itália, de 98% (US$ 36 bilhões) -sempre na comparação entre o terceiro trimestre de 2009 sobre o segundo.As emissões dos três países contrastam com a média das economias avançadas, onde o lançamento de papéis caiu cerca de 45% entre o terceiro e o segundo trimestres.De um modo geral, com poucas exceções (como nos três casos acima), foram os emergentes que lideraram as emissões de dívidas no trimestre passado. Elas cresceram 52%, para um total de US$ 34 bilhões.Nesses casos, a oferta de papéis pode ter sido menor do que a demanda. Pois muito mais investidores gostariam de comprar esses títulos levando em conta que os emergentes saíram primeiro da crise e se mostraram menos afetados por ela.Na América Latina e Caribe, segundo o BIS, as emissões de dívidas foram realizadas predominantemente por empresas do setor não-financeiro.Na Ásia, diferentemente, quase 80% das emissões de dívidas foram feitas por bancos.A concentração no setor decorre principalmente do fato de os bancos da região (especialmente na China) tentarem, com respaldo estatal, sustentar o crescimento por meio da ampliação do crédito para investimentos e ao consumo.

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Hypermarcas paga R$ 1,3 bi por laboratório

JOANA CUNHADA REPORTAGEM LOCAL A Hypermarcas anuncia hoje a aquisição da Neo Química, um dos maiores fabricantes de medicamentos genéricos do país. O valor será de R$ 1,3 bilhão, sendo a metade em ações da Hypermarcas, e o restante em dinheiro.Nos últimos anos, a Hypermarcas se notabilizou por uma série de aquisições, como a farmacêutica DM (dos remédios Doril e Engov), a Bozzano, a Niasi e os preservativos Jontex e Olla, entre outras marcas. Tornou-se uma das maiores empresas em bens de consumo do país.As negociações duraram dez dias e fizeram a Hypermarcas passar à frente do laboratório americano Pfizer, que discutiu a compra por meses. A Hypermarcas pagará R$ 250 milhões à vista, o que deve lhe deixar com caixa para novas aquisições.

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AGU cresce, mas União tem perdas maiores Sob Lula, quadro de advogados do órgão quase dobrou, masderrotas judiciais para servidores elevam despesa da União

Gastos do governo devido a decisões da Justiça, que em 2002 eramde R$ 2,2 bi, neste ano, somente até outubro, já somam R$ 13 bi

GUSTAVO PATUDA SUCURSAL DE BRASÍLIA "Servidor aposentado ou pensionista! O Supremo Tribunal Federal já decidiu: se você entrar na Justiça, irá receber entre R$ 11,7 mil e R$ 200 mil."

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Ao lado de um cartão de boas festas, a mensagem é o destaque da página da Associação Nacional dos Servidores Públicos na internet, que conclama seus representados a tirarem proveito de uma vitória judicial que pode parecer inexplicável aos menos familiarizados com o cotidiano do serviço público.Trata-se, simplificando o caso, de uma sentença do STF que abriu caminho para elevar o pagamento de uma série de gratificações aos funcionários inativos do Executivo. Em comum, todas essas gratificações foram criadas para premiar os funcionários mais produtivos -da ativa, presumivelmente.Pela tese dos vencedores, a falta de critérios objetivos de avaliação do desempenho dos servidores mostrava que as gratificações eram reajustes salariais disfarçados. Logo, pelo princípio constitucional da paridade, deveriam valer também para os aposentados, ao menos nos percentuais mínimos pagos aos ativos.Se a causa em particular é inusitada, derrotas judiciais do gênero, em especial envolvendo aposentados e funcionários públicos, tornaram-se uma despesa crescente para o governo federal e um próspero negócio para escritórios de advocacia, entidades sindicais e até investidores em renda fixa.A despeito da multiplicação do quadro de pessoal e das verbas da AGU (Advocacia Geral da União), os gastos definidos por sentenças da Justiça mais que triplicaram na administração petista. Em 2002, foram R$ 2,2 bilhões, equivalentes a R$ 3,5 bilhões em valores atuais; neste ano, até o início do mês passado, o volume já chegava aos R$ 13 bilhões.De nota de rodapé no Orçamento, os pagamentos de dívidas judiciais ultrapassaram em 2009 os benefícios do Bolsa Família, principal marca do governo Lula. A tendência de crescimento constante nos últimos anos (veja quadro nesta página) se manterá no próximo, para o qual estão reservados R$ 15,3 bilhões.A quase totalidade do dinheiro é dividida em ações movidas por servidores públicos, ativos e inativos, e pela clientela do INSS. O peso das derrotas na Justiça passou a ter influência decisiva na evolução das despesas com previdência e pessoal, as maiores da União.Em janeiro deste ano, mês de concentração dos pagamentos de sentenças, o gasto com o funcionalismo teve crescimento de 31% em relação a janeiro de 2008 -excluídas as vitórias judiciais dos servidores, o crescimento teria sido de 17%. Na Previdência Social, as despesas judiciais responderam por R$ 5,8 bilhões de um deficit de R$ 41,5 bilhões até outubro.Os volumes crescentes alimentam comissões de advogados e departamentos jurídicos de sindicatos, que procuram servidores e aposentados para causas coletivas a partir de precedentes abertos pela Justiça -a decisão do STF relativa às gratificações por desempenho, por exemplo, é de 2007, mas ainda produz ações.

Expansão da AGUNão é por falta de defensores que a União acumula cada vez mais gastos com as sentenças. Proporcionalmente, a AGU foi o órgão que mais cresceu no governo Lula, em grande parte devido à incorporação de procuradores antes espalhados pela administração federal. Houve ainda mais de 3.000 ingressos por concurso para a área jurídica, o que contribuiu para praticamente duplicar o quadro de advogados da União.A carreira, da elite do Executivo, foi uma das mais beneficiadas pelos pacotes de reajustes salariais concedidos pelo governo. Sob Lula, o teto dos vencimentos de advogados e procuradores aumentou de R$ 7.500 para R$ 18,3 mil.Em nota enviada à Folha, a AGU apresentou, como razões para o aumento das despesas com sentenças judiciais, a instituição dos juizados especiais em 2001 e o processo de "interiorização da Justiça", com a criação de novas varas federais."Tal fato tem aumentado sensivelmente a quantidade de novas ações judiciais, tendo em vista a demanda reprimida da sociedade em decorrência do difícil acesso à Justiça."O órgão acrescenta que grande parte das ações decorre de políticas previdenciárias e de recursos humanos das décadas de 80 e 90, decorrentes, por exemplo, dos planos econômicos para combater a inflação.

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Outro lado - Vitórias trazem economia de bilhões, diz AGU

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Em defesa de sua atuação, a AGU lista uma série de vitórias judiciais que, segundo suas contas, chegam à casa das centenas de bilhões de reais.Quando José Antonio Dias Toffoli deixou o cargo de advogado-geral para assumir uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, em outubro, foi divulgada a estimativa de que sua gestão havia proporcionado uma economia "de quase meio trilhão de reais" aos cofres públicos.Em documento enviado à Folha, a AGU afirma ter obtido vitórias equivalentes a R$ 168 bilhões em ações previdenciárias no STF. Outros R$ 12 bilhões teriam sido poupados em uma ação no Superior Tribunal de Justiça que pleiteava a inclusão de valores recebidos a título de auxílio-doença no cálculo do valor dos benefícios de aposentados por invalidez.Parte dos ganhos listados diz respeito a obras de infraestrutura do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Segundo a nota, uma força-tarefa conseguiu garantir o sucesso do leilão da hidrelétrica de Jirau, no Estado de Rondônia, e o baixo preço obtido pela energia "representou economia para a sociedade brasileira de cerca de R$ 24,8 bilhões".A AGU afirma que as vitórias judiciais neste ano proporcionaram receita de R$ 735 milhões em honorários advocatícios para o Tesouro Nacional.O órgão diz ter iniciado em 2008 um programa de redução de demandas judiciais contra a Previdência, permitindo que o INSS não recorra a instâncias superiores quando a derrota se refere a causas já pacificadas na Justiça. Estima-se que, até 2010, o número de processos, hoje em torno de 160 mil ao mês, seja reduzido em 30%.

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Aquisição de empresas visa a baixa renda Assim como o Pão de Açúcar, que comprou o controle da Casas Bahia, empresas de elite estão de olho em grupos populares

Meta é antecipar conquista do consumidor da classe C; para consultor,movimento reflete amadurecimento da elite empresarial do país

MARIANA BARBOSADA REPORTAGEM LOCAL A aquisição do controle da Casas Bahia pelo Grupo Pão de Açúcar, na sexta-feira, é emblemática de um movimento que vem acontecendo em diferentes setores da economia, de alimentos à construção civil.Para atingir o consumidor da emergente classe C, que hoje responde por mais da metade da população, empresas que nasceram e cresceram focadas no mercado de média e alta renda estão comprando empresas populares."O Abílio Diniz [presidente do conselho do Grupo Pão de Açúcar] representa a aristocracia paulistana. Quando ele se une a um cara que veio do nada, um judeu errante como Samuel Klein, é uma demonstração de que a elite está começando a entender o "Brasilzão'", afirma o publicitário André Torreta, sócio-diretor de A Ponte, consultoria especializada em baixa renda. "Uma empresa como o Pão de Açúcar é uma empresa de nicho. Fala com apenas 15% da população, que são os ricos."No setor da construção civil, esse entendimento já aconteceu. Incorporadoras como Gafisa e Cyrela, voltadas para imóveis de médio e alto padrão, criaram unidades de negócios voltadas para a baixa renda, mas só ganharam musculatura com a compra de empresas focadas no mercado popular.O empresário Elie Horn, da Cyrela, associou-se à Construtora Cury em 2007, um ano antes de o programa "Minha Casa, Minha Vida" impulsionar o setor com a previsão de construção de 1 milhão de casas para famílias com renda até dez salários mínimos. A Cury, de Elias Cury, conhece de perto esse consumidor. Já construiu mais de 15 mil imóveis populares em São Paulo, na faixa de R$ 50 mil a R$ 130 mil. Seus representantes visitam favelas e bairros da periferia com frequência e, antes de cada lançamento, promovem reuniões com lideranças comunitárias para discutir

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problemas locais.Impulsionada pela Cury, hoje a divisão de baixa renda da Cyrela responde por 40% das vendas totais da companhia, fatia que deve chegar a 50% no ano que vem.A Gafisa já tinha desenvolvido uma marca popular, a Fit, mas alavancou sua presença no segmento ao comprar o controle da Tenda, em setembro de 2008. A Tenda tem como diferencial a venda de imóveis em lojas, localizadas perto de seu público e com atendimento personalizado. Para este ano, a previsão é que as vendas da Tenda (R$ 1,4 bilhão a R$ 1,6 bilhão) superem as da Gafisa ( R$ 1 bilhão a R$ 1,2 bilhão)."Existe um know-how muito específico para criar produtos e vender para a baixa renda. A aquisição é uma forma de acelerar esse processo."Na visão de Torreta, as empresas de elite sempre tiveram "um enorme preconceito e um desconhecimento" em relação à baixa renda. Ele acredita que, desta vez, o Pão de Açúcar deverá manter o modelo de negócio, diferentemente do que foi feito com o Barateiro em 1998. "Eles compraram o Barateiro e mudaram o nome para CompreBem, talvez porque "barateiro" seja coisa de pobre."Outra empresa que tem crescido forte no mercado popular com aquisições é a Hypermarcas, dona de Monange, Niasi, Hydrogen, fraldas Pom Pom, Bozzano, Etti e Assolan.

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DINHEIRO EM CAIXA: PÃO DE AÇÚCAR ANUNCIA EMISSÃO DE ATÉ R$ 500 MI

O Pão de Açúcar anunciou na noite de sexta-feira que emitirá debêntures simples, não conversíveis em ações, no valor total de até R$ 500 milhões. As debêntures terão valor nominal unitário de R$ 1 milhão e vencimento de 60 meses a partir da data de emissão, em 15 de dezembro.

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Lula deve vetar perda de receita com pré-sal Equipe econômica pedirá ao presidente que não aceite reduçãode R$ 1,7 bi por ano na parcela da União na participação especial

Acordo contràrio à União foi fechado entre deputados e Estados;sem veto, parcela da União na receita do pré-sal cairia de 50% para 35%

VALDO CRUZLEILA COIMBRADA SUCURSAL DE BRASÍLIA A equipe econômica vai sugerir ao presidente Lula que vete qualquer mudança na divisão da receita da chamada participação especial dos campos já licitados do pré-sal, tributo cobrado sobre a renda líquida da exploração de petróleo.A orientação da área econômica do governo veio depois que foi fechado na Câmara um acordo com os governadores reduzindo a parcela da União na receita desse tributo -de 50% do total para 35%.Se o acordo vingar, a União poderia perder cerca de R$ 1,7 bilhão por ano pelas projeções de arrecadação, que hoje é de R$ 5,8 bilhões anuais. Esse valor tende a crescer ainda mais, já que as áreas já concedidas da região do pré-sal estão apenas iniciando sua produção.A negociação atendeu a pleito dos Estados não produtores de petróleo e preservou a fatia dos produtores na divisão do bolo tributário da participação especial, elaborada para viabilizar a votação do projeto que cria o modelo de partilha de produção no setor.Pelo acordo, os 15 pontos percentuais que seriam retirados da União seriam distribuídos da seguinte forma: 10 pontos para os Estados não produtores e 5 pontos para os municípios não produtores.Inicialmente, os governadores do Nordeste queriam reduzir a parcela desse tributo dos Estados produtores, como Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. A resistência do governador Sérgio

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Cabral (PMDB-RJ) fez o relator do projeto, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), propor a redução da parcela da União.Apesar da resistência do governo, o peemedebista alega que sem esse acordo não será possível votar o projeto na Câmara ainda neste ano.Na avaliação da área política do governo, talvez seja preciso deixar o acordo ser aprovado para concluir a votação dos projetos do pré-sal na Câmara. Depois, Lula avaliaria se realmente vetaria o corte na parcela da receita da União.Segundo a Folha apurou, a tendência é Lula optar pelo veto para evitar problemas fiscais e a descapitalização do futuro Fundo Social, que será formado pela renda obtida pelo governo na exploração do pré-sal.A equipe econômica avalia que o principal prejuízo seria nas contas do Tesouro, já que o próximo presidente terá de enfrentar um quadro de gastos públicos crescentes.Quanto à redução no bolo de receitas da União nos royalties -tributo cobrado como compensação a Estados e municípios pelos impactos causados na exploração de petróleo-, o governo topou a redução contida no acordo.O relator propôs usar o mesmo modelo que será adotado no sistema partilha de produção de petróleo. Nele, a receita de royalties da União caiu de 30% para 22%.Dos quatro projetos do novo marco regulatório do pré-sal, só o que cria a Petro-Sal, estatal que irá administrar a nova riqueza, foi aprovado pela Câmara. O que define as regras de capitalização da Petrobras já está na pauta de votação do plenário. Lula quer aprovar os quatro projetos na Câmara ainda neste ano, para que sigam ao Senado no início de 2010.

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ATRASOS: SEM URGÊNCIA, PROJETOS DEMORAM MAIS QUE O PREVISTO

Os quatro projetos que tratam do pré-sal foram enviados pelo presidente Lula ao Congresso no fim de agosto, com regime de urgência, o que forçava uma votação em até 90 dias pela Câmara e o Senado para não trancar a pauta de votações. Após muita pressão, Lula retirou o caráter de urgência com acordo entre as bases para votação até 10 de novembro de todos os projetos na Câmara. Mas o prazo foi superado.

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Cinco Estados teriam participação elevada de R$ 94 mi para R$ 1,2 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O acordo que está sendo costurado entre a Câmara e governadores -a emenda do deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF)- beneficia em especial os Estados do Ceará, do Maranhão, de Pernambuco, do Pará e da Paraíba.Com a proposta, essas cinco unidades da federação teriam incremento na sua arrecadação anual em royalties e participação especial de R$ 94 milhões para R$ 1,2 bilhão. No caso, um aumento de 1.176%.O Ceará, maior beneficiado, que hoje recebe R$ 16,7 milhões por ano em recursos oriundos da exploração do petróleo, passaria a receber R$ 274 milhões -mais 1.541%.O Maranhão, que não recebe nenhum centavo atualmente, passaria a ganhar R$ 269 milhões. Pernambuco passaria dos R$ 68,8 milhões ao ano para R$ 257 milhões (mais 273%). Já o Pará teria sua participação anual elevada de R$ 1,6 milhão para R$ 228 milhões (aumento de 14.150%).Pela proposta, a União deixaria de arrecadar R$ 875 milhões anuais em royalties do pré-sal. Os municípios produtores, por sua vez, teriam de abrir mão de R$ 1,3 bilhão por ano.

Perdas e ganhosA emenda de Rollemberg propõe a diminuição do percentual de recursos destinados à União provenientes de royalties de áreas do pré-sal licitadas até 31 de dezembro deste ano. Isto significa que a União passaria a receber 22% em vez dos 30% atuais.A parcela dos Estados produtores (atualmente prevista em 26,25%) seria mantida, enquanto os

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Estados não produtores ficariam com uma parcela de 22% dos royalties. O problema é que os municípios produtores de petróleo saem perdendo, ficando com 12,25%, contra os 26,25% atuais.No total, os Estados não produtores de petróleo teriam sua arrecadação aumentada em 261%, passando dos R$ 997 milhões arrecadados em 2008 para R$ 3,6 bilhões.

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Fundo soberano do Kuait vende fatia no Citi por US$ 4,1 bi Participação havia sido adquirida no início de 2008,quando o banco dos EUA necessitava de recursos

DA REDAÇÃO O fundo soberano do Kuwait anunciou ontem a venda da fatia que detinha no capital do banco norte-americano Citigroup por US$ 4,1 bilhões. Não foi informado, no entanto, quem adquiriu as ações.O valor da venda representa um ganho de US$ 1,1 bilhão para o fundo soberano em pouco menos de dois anos. Isso porque ele havia adquirido as ações preferenciais do Citi em janeiro de 2008 por US$ 3 bilhões, em um momento em que a saúde da instituição financeira dos EUA já estava debilitada e necessitava de capital.Fundos soberanos dos Emirados Árabes e de Cingapura também compraram fatias do Citi na mesma época.No fim de 2008, no auge do agravamento da crise financeira, o Citi só não quebrou graças a uma operação de socorro do governo norte-americano, que injetou US$ 45 bilhões e garantiu mais de US$ 300 bilhões em empréstimos de má qualidade do banco. O governo ainda se tornou seu maior acionista.O governo brasileiro também teria sido procurado -e teria recusado- pelo Citi para adquirir quase um terço de seu capital, segundo afirmou em novembro o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Ele contou o episódio em evento com investidores em Nova York, citando como fonte o presidente Lula. A direção do banco no Brasil negou a oferta.

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Correção "tira" 6,6% de aposentado pelo INSS Perda ocorre devido a aumento do teto das contribuições acima da inflação

Em janeiro de 2002, por exemplo, teto saltou de R$ 1.869,34para R$ 2.400; perda é maior após fator previdenciário ser aplicado

ELVIRA LOBATODA SUCURSAL DO RIO Os segurados do INSS que contribuem para uma aposentadoria pelo limite máximo têm perda de 6,6% no valor do benefício por conta do cálculo de atualização das contribuições. A perda só é perceptível no momento em que o segurado requer a aposentadoria, e a Previdência calcula a média atualizada de suas contribuições mensais, contadas a partir de julho de 1994, quando entrou em vigor o Plano Real.O segurado que tiver contribuído pelo máximo durante todo o período terá uma média atualizada das contribuições de R$ 3.012,87 -o teto previdenciário atual é de R$ 3.218,90.Essa perda, de R$ 206,03, acontece antes da aplicação do fator previdenciário, que encolherá ainda mais o valor do benefício. O fator previdenciário é um redutor que leva em conta o tempo total de contribuição, a idade e a expectativa de vida do segurado. O redutor é aplicado sobre o valor médio atualizado das contribuições.A diferença vai se perpetuar no valor dos benefícios recebidos pelo resto da vida. Uma mulher que se aposenta aos 56 anos, e que tenha contribuído sempre pelo teto, perderá, até o final de sua vida, R$ 36,7 mil, tomando-se por base a expectativa de vida de 86 anos. Ou seja, em 30 anos de gozo do benefício, ela perderá o equivalente a um ano de aposentadoria.A projeção foi feita por uma das mais conceituadas especialistas em atuária (cálculo de seguros e

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de previdência) do país, Marília Vieira de Castro, que desempenhou a função por 21 anos na Previ, fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil. Atualmente, é consultora de grandes fundos de pensão.A existência da diferença é desconhecida pela massa de segurados e passa despercebida até por especialistas em atuária porque a maioria deles se dedica à previdência privada e à dos funcionários públicos.

Difícil de perceberPara o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Atuária, Richard Dutzmann, a percepção geral é que, se o segurado contribuiu pelo teto ao longo de sua vida, a aposentadoria seria calculada com base no teto vigente no momento da concessão do benefício."Pela lógica, não deveria haver diferença. O descasamento acontece por causa das mudanças econômicas havidas ao longo do tempo e da própria elevação do teto previdenciário. É uma história de difícil compreensão pelo público."Para comprovar a diferença, a repórter agendou atendimento em uma agência do INSS no Rio de Janeiro e solicitou a contagem de seu tempo de contribuição (33 anos e 5 meses, dos quais 30 pelo teto) e o benefício a que teria direito.De agosto de 1994 a novembro de 2009 foram 184 contribuições mensais. Para o cálculo da média, são excluídas as contribuições mais baixas e levadas em consideração as 80% maiores. É uma forma de a Previdência Social dar uma chance aos segurados que enfrentaram períodos difíceis de melhorar sua média. Sobre a média apurada é aplicado o fator previdenciário e calculado o valor da aposentadoria.Os valores de julho de 1994 a fevereiro de 2004 são atualizados pelo IGP-DI (indicador calculado pela FGV). A partir daí, a correção passou a ser feita pelo INPC (calculado pelo IBGE).As contribuições de cada mês são trazidas a valor presente e registradas em uma tabela, em que constam o salário nominal de contribuição da época, o índice de correção aplicado e o valor corrigido.O teto de contribuição aumenta uma vez por ano, mas a inflação vai corroendo os valores. De junho de 2000 a maio de 2001, por exemplo, o teto era de R$ 1.328,25. Na tabela do INSS, o valor atual da contribuição de junho de 2000 corresponde a R$ 2.847,71, mas a de maio de 2001 já cai para R$ 2.578,88.

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Outro lado - Previdência não vê perda e afirma cumprir a lei

DA SUCURSAL DO RIO O Ministério da Previdência Social informou que a razão básica para a diferença de 6,6% constatada pela Folha, entre o teto previdenciário atual e o valor corrigido das contribuições pagas pelos segurados que sempre contribuíram pelo máximo, é reflexo de duas emendas constitucionais.As emendas, segundo o ministério, elevaram abruptamente o valor do teto previdenciário. A primeira foi a EC nº 20, de 1998, que aumentou o teto de R$ 1.081,50 para R$ 1.200, em valores nominais da época. A segunda foi a de nº 41, de dezembro de 2003, que aumentou o teto de benefícios de R$ 1.869,34 para R$ 2.400.Por meio da assessoria de imprensa, o ministério afirmou que o aumento real nessas duas ocasiões criou um distanciamento entre o teto e o valor médio das contribuições.O ministério diz que cumpre a lei e que entende não haver perda para o trabalhador. Afirma que a correção incidiu sobre as contribuições pagas e que a única distorção estaria no fato de que a média corrigida fica abaixo do teto atual.Indagado sobre se o fenômeno acontece também com as demais faixas de contribuição, o ministério informou ser preciso fazer um cálculo detalhado de cada caso.Há três faixas de contribuição previdenciária. Os trabalhadores com salário até R$ 965,67 recolhem 8%. Os que ganham entre R$ 965,68 e R$ 1.609,45 pagam 9%. Os com rendimento entre R$ 1.690,46 e R$ 3.218,90 recolhem 11%.

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LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA - Afeganistão e segurança nacional

NO FUTURO , provavelmente o presidente Barack Obama lamentará haver tomado a decisão de enviar mais 30 mil soldados para o Afeganistão, triplicando dessa forma o número em relação ao que havia no início de seu governo. A decisão não surpreendeu, porque era isso o que o establishment e a maioria da população americana desejavam. Mas demonstrou que um presidente que tanta esperança provocou -e que está sendo firme em defender seu projeto de universalização dos cuidados de saúde- afinal não teve força e coragem suficientes para mudar o conceito de segurança nacional vigente e, dessa forma, atender melhor aos reais interesses de seu país. Se ele tivesse a visão de um estadista, perceberia que existe em relação a esse problema um equívoco básico -o de que a segurança nacional americana não é fortalecida, mas enfraquecida quando os EUA apoiam governos corruptos que se antepõem a projetos de formação de um Estado nacional nos países do Oriente Médio. Ele se daria conta de que, para combater o terrorismo da Al Qaeda e para ter acesso comercial ao petróleo produzido na região, a melhor solução não é dar apoio a títeres locais, mas fazer acordos com os grupos, hoje geralmente islâmicos, como é o caso do Taleban, e não se opor a seus projetos de formação de um Estado nacional e capitalista. Os movimentos islâmicos que se inspiram na Revolução Iraniana de 1979 são movimentos nacionalistas que visam fundar Estados-nação dignos desse nome. Usam da religião para lograr legitimidade e unidade, da mesma forma em que os países hoje desenvolvidos, a começar pela Inglaterra, usaram da religião para legitimar suas revoluções nacionais. Seu combate é contra regimes como aquele que foi implantado pelos EUA no Afeganistão (e também na Somália), sobre os quais o editorial de "O Estado de S. Paulo" (3/12/2009) é claro: "Hamid Karzai chefia o que é considerado o segundo mais corrupto governo do globo (o primeiro seria o da Somália). Os afegãos são extorquidos a cada passo, não admira que tolerem ou simpatizem com o Taleban". Há equívocos históricos que são trágicos para um povo. Os EUA estão ainda dominados pelo "complexo industrial-militar" que o presidente Dwight D. Eisenhower denunciou em seu discurso de despedida do governo, em janeiro de 1961. Por isso não compreendem que o tempo da geopolítica imperialista que era praticada há cem ou mesmo há 50 anos está perempto. Seus custos são maiores que seus benefícios. Vivemos no tempo da globalização e da democracia. Do ponto de vista político, a globalização significa que a superfície da Terra passou a ser coberta por Estados-nação soberanos e que nenhum deles pode se recusar a vender pelo preço de mercado os bens que produz. Não é, portanto, necessário controlar as fontes de matéria-prima do mundo. A democracia no plano internacional significa que existe hoje uma vigilância política para que esses princípios sejam respeitados. O Taleban está interessado na independência nacional de seu país. Os EUA, em combater o terrorismo da Al Qaeda. O melhor, tanto para um quanto para o outro, seria chegarem a um acordo que envolvesse o compromisso do Taleban de não abrigar a Al Qaeda e envolvendo também as ações no Paquistão. Dessa forma, os EUA estariam servindo melhor sua segurança nacional e sendo mais fiéis aos princípios democráticos do que ao tentarem a vitória militar sobre um povo com o auxílio de um governo local apoiado no tráfego de drogas e nos interesses de senhores de guerra.

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 75, professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Globalização e Competição". Internet: www.bresserpereira.org.br [email protected]

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - [email protected]

Fabricante de móvel escolar quer manter isenção de IPI Uma das grandes vítimas da crise, o setor de móveis, que foi beneficiado pelo governo com a desoneração do IPI no final de novembro, começa a questionar a iniciativa.O segmento especializado na fabricação de materiais escolares quer estender a medida e pedir ao Ministério da Fazenda isenção total do imposto para o mobiliário que produz, mesmo depois do dia 31 de março, quando o tributo volta a ser recolhido normalmente."Queremos que a isenção seja continuada para os móveis escolares e hospitalares. O sistema de arrecadação da Receita deveria ser orientado pela finalidade do produto, e não pela fabricação ", diz Airton Bohrer Oppitz, presidente da Abime (Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário Escolar).Oppitz diz que considera injusto que os móveis de madeira sejam tributados com taxa de 5%, enquanto os que levam aço e plástico são taxados com 10%. "Se um móvel muito luxuoso for produzido só com madeira, paga só 5%. Uma cadeira escolar com metal paga mais."A discussão é antiga entre os fabricantes, segundo José Alberto Chiuratto, presidente da Alberflex. A empresa, que hoje é especializada em móveis para escritórios, até 1995 produzia mobiliário escolar. "Eu acredito que a alíquota deveria ser zero nesses casos, principalmente se a venda vai ser feita para o governo. Essa era a nossa demanda, para que um produto que tem uma finalidade social seja menos tributado."Se o imposto fosse zerado, de acordo com os cálculos de Oppitz, os consumidores de móveis escolares poderiam ter uma economia de aproximadamente R$ 100 milhões ao ano.

NOVOS RUMOS Com a compra de uma fatia da Casa do Pão de Queijo, na semana passada, a recém-estabelecida área de private equity do Standard Bank no Brasil efetivamente começou as suas atividades. Depois de doze anos apenas com um escritório de representação, o grupo sul-africano está mudando de estratégia, com o objetivo de se tornar um banco de investimentos "líder nos países emergentes", segundo Marcelo Di Lorenzo, que dirige o novo setor. O seu objetivo é, em um prazo de dois a três anos, adquirir uma participação em cinco a sete empresas de capital fechado. "Nosso foco são as companhias bem administradas e com boa geração de receitas", diz o executivo. A captação de recursos de terceiros para essas operações está no plano futuro, assim como trazer para o país outras divisões do banco, como a de aplicação em negócios imobiliários e a de compra de dívidas de consumidores.

ESTETOSCÓPIO Abrão Luiz Melnik será o novo presidente da Abimed (Associação Brasileira dos Importadores de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares) para o biênio 2010-2011. Melnik é executivo da Promedon do Brasil e tem como vice Adriana Serrão, da GE Healthcare.

BÊ-Á-BÁ O BNDES reuniu em uma cartilha informações sobre a todas as linhas de crédito do banco disponíveis para a construção civil. O material será lançado dia 16 na Apeop (associação de empresários de obras públicas). O trabalho ajudará pequenas e médias empresas, segundo o presidente da entidade.

VOLTA À NORMALIDADE O economista Nilson Teixeira, do Credit Suisse, projeta crescimento do PIB de 0,2% em 2009 para 6,5% em 2010. "Ao sair da recessão, o crescimento tende a ser mais forte, pois a capacidade ociosa era maior. Superado o pico de produção anterior à recessão, a atividade tende a retornar para um crescimento mais próximo do potencial, que estimamos em torno de 5%", diz Teixeira, que prevê desaceleração no segundo semestre ante o primeiro em 2010.

VENTO A FAVOR

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O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, recebeu na sexta passada o prêmio Personalidade do Ano, em evento da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, em Lisboa. Presidentes das maiores empresas portuguesas, além de autoridades, como o presidente do BC de Portugal, Vítor Constâncio, participaram da cerimônia no Hotel Ritz, onde muitos elogiaram a gestão da crise pelo governo brasileiro, e em especial pela autoridade monetária. Dentre as companhias que manifestaram interesse no Brasil está a EDP, que pretende investir em energias hidrelétrica e eólica.

com JOANA CUNHA e DENYSE GODOY

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Painel

RENATA LO PRETE - [email protected]

Aviso de cobrança Necessitado de toda ajuda possível na tentativa de se segurar na cadeira, José Roberto Arruda (DEM) pressiona fortemente o PT a ficar fora de qualquer esforço real para fazer andar um processo de impeachment na Câmara Legislativa do Distrito Federal.O alvo prioritário do governador é a líder da bancada petista, Erika Kokay. Acusada em 2007 de ter usado conta-laranja, em nome de um ex-funcionário de seu gabinete, para movimentar caixa dois na campanha eleitoral, a deputada distrital foi socorrida por colegas da base aliada, que arquivaram o caso no Conselho de Ética sem nem mesmo ouvir testemunhas. Agora, Arruda quer acertar a conta.

Pede pra sair. Faixa estendida numa quadra de Brasília: "Arreda, Arruda". Ufa! A cúpula do DEM comemorava ontem ter atravessado o fim de semana sem a aparição de vídeo que arraste algum de seus integrantes para o inferno de Arruda. Next. Palpite de quem conhece bem os personagens do faroeste candango: menina dos olhos de Paulo Octávio (DEM), o programa Pró-DF, que envolve a concessão de lotes e outros incentivos a empresas, ainda dará muita dor de cabeça ao vice-governador. Produções. Durval Barbosa, o gravador-geral da capital, disse às autoridades que, temendo ser vítima de um atentado, teve o cuidado de fazer três cópias de seus vídeos. Foram enviadas respectivamente a "um amigo pessoal", a "uma pessoa da família" e ao jornalista Edson Sombra. Padrão 1. Advogados que analisaram o despacho do ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, dando sinal verde à Polícia Federal para deflagrar a Operação Caixa de Pandora apontam sucessivos alertas aos agentes: não usar armas nem trajes da corporação, manter sigilo absoluto e, especialmente, nada de entrevistas dos delegados. Padrão 2. A Caixa de Pandora foi a primeira operação em que procuradores da República acompanharam a PF nas buscas e apreensões.

Mais ou... Com o apoio dos deputados Luciana Genro e Ivan Valente, a presidente do PSOL, Heloisa Helena, conseguiu construir maioria (41 a 19) no Diretório Nacional para que prossigam as negociações em torno do eventual apoio do partido a Marina Silva (PV). Do lado derrotado estavam, entre outros, os ex-deputados João Alfredo e Babá. ...menos verde. "Mas tudo vai depender do discurso da Marina", adverte Luciana Genro. "Ela precisa se apresentar como alternativa, não como continuidade. Se continuar a falar bem do Lula e do Fernando Henrique, aí não vai dar para o PSOL." Termômetro. Ontem, com as urnas do segundo turno da eleição interna do PT ainda por apurar, uma liderança nacional do partido previa que a candidatura própria no Rio é possível, e em Minas, certa. Sobe-desce. O redesenho de forças no PT de Mato Grosso deve levar o deputado Carlos Abicalil a disputar o Senado, e a senadora Serys Slhessarenko, vaga na Câmara.

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Cofre 1. Auditoria do TCU solicitada pelo Senado aponta irregularidades em transferências voluntárias do Ministério das Cidades para Estados, municípios e entidades privadas sem fins lucrativos. O volume de repasses foi de R$ 5,7 bilhões em 2007 e de R$ 623 milhões em 2008. Cofre 2. Segundo os técnicos, houve deficiência no acompanhamento dos contratos, ausência de relatórios da CEF e de um manual com os critérios de seleção dos programas contemplados, abastecidos com verba de emendas parlamentares.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Marcos Valério é um hábil negociador. Coordenou o mensalão do PT, do PSDB e do DEM, unindo todas as correntes, igualando os desiguais. Que carisma!"

De ROBERTO JEFFERSON , comentando a gravação em que um deputado distrital diz ter sido orientado a direcionar licitação para favorecer agência de publicidade de Valério no Distrito Federal.

Contraponto

Dever cívico No último fim de semana de novembro, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, atravessava o rio Jari, afluente do Amazonas que banha os Estados do Pará e do Amapá, num barco que fazia as vezes de juizado itinerante para atender a população ribeirinha.O ponto alto da programação foi um casamento comunitário. Quando o juiz deu sinal de que iria iniciar a cerimônia, o DJ mandou ver som na caixa. Só que, em vez da Marcha Nupcial, o que se ouviu foi o Hino Nacional.Noivos e convidados se entreolharam espantados, e um dos presentes comentou com Gilmar em tom reprovador:-Casar por amor à pátria ninguém merece!

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Editorial - Deterioração em curso

O AQUECIMENTO da economia nos últimos meses vem causando uma piora considerável do saldo comercial brasileiro, que fechou novembro com o pior resultado do ano.A combinação entre crescimento acelerado, taxa de câmbio desfavorável às exportações e recuperação econômica mundial ainda hesitante aumenta o deficit de bens e serviços do país com o exterior, situação que o Brasil já viveu no passado.É verdade que o cenário atual não apresenta dificuldades para o financiamento desse deficit nas contas externas. O país é objeto de euforia dos investidores estrangeiros, cujos recursos têm contribuído para financiar com folga o consumo de importados e os demais compromissos externos. Tal situação, entretanto, só tende a acentuar o problema a ser enfrentado mais à frente.Nosso crescimento não poderá ser financiado indefinidamente por poupança externa. Trata-se de um padrão que envolve em simultâneo a deterioração de duas variáveis fundamentais: o potencial exportador, combalido pelo câmbio desfavorável e pela elevada carga tributária, e a saúde das contas públicas, cada vez mais comprometida pelo aumento de gastos do governo e pelos custos fiscais da aquisição de dólares para atenuar a valorização do câmbio.Em diversos momentos no passado, trajetórias semelhantes foram colocadas em xeque pelo mercado -que abruptamente inverteu a direção do fluxo de recursos ao país, provocando crises, recessão e desemprego.Evitar esse risco requereria diminuir a dependência de poupança externa, por meio, por exemplo, da redução dos gastos correntes do governo. Trata-se do único caminho para reduzir as taxas de juros e permitir uma queda da carga de tributos, que oneram a produção e o investimento privados.

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Infelizmente, contudo, as decisões de política econômica do governo Lula têm caminhado em sentido oposto.

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