v3-18_geoestatística

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MODELAÇÃO GEOESTATÍSTICA NA INVESTIGAÇÃO IN SITU E AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO EM ÁREAS INDUSTRIAIS GEOSTATISTICAL MODELING FOR ENVIRONMENTAL SITE INVESTIGATION AND EVALUATION OF INDUSTRIAL SITES Brito, M. G., CIGA, FCT/UNL - Caparica – Portugal, [email protected] Costa, C.N., CIGA, FCT/UNL - Caparica – Portugal, [email protected] Vendas, D. F., CIGA, FCT/UNL - Caparica – Portugal, [email protected] RESUMO Nesta comunicação é apresentada uma metodologia faseada para a avaliação da contaminação de terrenos em áreas industriais degradadas, que visa a maximização do ratio benefício-custo das operações de investigação in situ, através da utilização de modelos da geoestatística e SIG, na caracterização espacial do grau de contaminação dos solos e águas subterrâneas. Esta metodologia foi implementada numa área industrial de 30ha do Parque Empresarial do Barreiro, contaminada com metais pesados após cerca de 100 anos de actividades industriais de química e metalurgia pesada. ABSTRACT It is presented an integrated methodology for the evaluation of land contamination on derelict industrial sites that aims for the definition of environmental action towards environmental site rehabilitation, taking into account best benefit/cost ratio for site investigation, through the integration of geostatistical models in the various stages of site investigation. The methodology was implemented at an old industrial site, contaminated by heavy metals due a hundred years chemical and metallurgical activity. 1. METODOLOGIA A avaliação do grau de contaminação e o subsequente tratamento de áreas contaminadas visa minimizar os riscos para a saúde a que está sujeita a população e proteger o meio ambiente. Nesta comunicação apresenta-se uma metodologia de investigação faseada que integra de uma forma sistemática a modelação geoestatística de forma a contribuir para a optimização dos recursos técnicos e económicos decorrentes das acções de caracterização do local e respectivas medidas de mitigação. Desta forma, para a investigação de um local contaminado, propõe-se uma abordagem que integre modelos geoestatísticos de estimação espacial das características do local, nas seguintes 3 etapas de investigação [1]: Etapa 1 – Avaliação da contaminação dos terrenos – em 3 fases sequenciais: fase 1 – fase de investigação preliminar fase 2 – fase de investigação exploratória fase 3 – fase de investigação detalhada Etapa 2 – Avaliação do risco de contaminação Etapa 3 – Selecção das medidas de remediação Os resultados da modelação geoestatística irão contribuir para o planeamento e racionalização dos trabalhos de campo a realizar na fase de investigação da contaminação, para a

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Apostila de Geoestatística

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MODELAO GEOESTATSTICA NA INVESTIGAO IN SITU EAVALIAO DA CONTAMINAO EM REAS INDUSTRIAIS GEOSTATISTICAL MODELING FOR ENVIRONMENTAL SITE INVESTIGATION AND EVALUATION OF INDUSTRIAL SITES Brito, M. G., CIGA, FCT/UNL - Caparica Portugal, [email protected] Costa, C.N., CIGA, FCT/UNL - Caparica Portugal, [email protected], D. F., CIGA, FCT/UNL - Caparica Portugal, [email protected] RESUMO Nestacomunicaoapresentadaumametodologiafaseadaparaaavaliaodacontaminao deterrenosemreasindustriaisdegradadas,quevisaamaximizaodoratiobenefcio-custo das operaes de investigao in situ, atravs da utilizao de modelos da geoestatstica e SIG, nacaracterizaoespacialdograudecontaminaodossoloseguassubterrneas.Esta metodologia foi implementada numa rea industrial de 30ha do Parque Empresarial do Barreiro, contaminada com metais pesados aps cerca de 100 anos de actividades industriais de qumica e metalurgia pesada. ABSTRACT Itispresentedanintegratedmethodologyfortheevaluationoflandcontaminationonderelict industrialsitesthataimsforthedefinitionofenvironmentalactiontowardsenvironmentalsite rehabilitation,takingintoaccountbestbenefit/costratioforsiteinvestigation,throughthe integration of geostatistical models in the various stages of site investigation. The methodology wasimplementedatanoldindustrialsite,contaminatedbyheavymetalsdueahundredyears chemical and metallurgical activity. 1. METODOLOGIA Aavaliaodograudecontaminaoeosubsequentetratamentodereascontaminadasvisa minimizarosriscosparaasadeaqueestsujeitaapopulaoeprotegeromeioambiente. Nestacomunicaoapresenta-seumametodologiadeinvestigaofaseadaqueintegradeuma formasistemticaamodelaogeoestatsticadeformaacontribuirparaaoptimizaodos recursos tcnicos e econmicos decorrentes das aces de caracterizao do local e respectivas medidasdemitigao.Destaforma,paraainvestigaodeumlocalcontaminado,prope-se uma abordagem que integre modelos geoestatsticos de estimao espacial das caractersticas do local, nas seguintes 3 etapas de investigao [1]: Etapa 1 Avaliao da contaminao dos terrenos em 3 fases sequenciais: fase 1 fase de investigao preliminar fase 2 fase de investigao exploratria fase 3 fase de investigao detalhada Etapa 2 Avaliao do risco de contaminao Etapa 3 Seleco das medidas de remediao Osresultadosdamodelaogeoestatsticairocontribuirparaoplaneamentoeracionalizao dostrabalhosdecampoarealizarnafasedeinvestigaodacontaminao,paraa Voltar ao men principal caracterizao das plumas de contaminao e estimao do volume de materiais a tratar, para o zonamentodereasderiscoe,consequentemente,paraadefiniodasacesderemediao, com base nas quantidades e tipologia dos materiais. 1.1 Etapa 1 Avaliao da contaminao dos terrenos Tem por objectivo a caracterizao da extenso e tipologia da contaminao do local. Inclui os trabalhosdeinvestigaodacontaminaoinsitu,nomeadamentearecolha,anlisee interpretao de informao do local, com vista elaborao de um modelo de contaminao. Dados os elevados custos envolvidos nas operaes de recolha e amostragem dos terrenos, esta etapadeverserrealizadadeformafaseadademodoaorientaroplaneamentoegestodos recursosenvolvidosnostrabalhosdeinvestigaoinsitu.Assimsendo,propem-se3fases sequncias de investigao: a) fase de investigao preliminar tem por objectivo a identificao das reas potenciais focos de contaminao (hot spots) com recurso a mtodos de investigao expeditos e de baixo custo cujosresultadospermitamorientarostrabalhosdeprospecoarealizarnumafase subsequente de investigao exploratria; b)fasedeinvestigaoexploratriaenglobaacaracterizaodomeioainvestigar(solos, resduos,sedimentos,guas)atravsdarecolhadeamostraseidentificaodatipologiae extensodasmanchasdecontaminao.Orefinamentodoslimitesdasreascontaminadas deverserrealizadocombaseemnovoselementosrecolhidos,numafaseposteriorde investigao detalhada;c)fasedeinvestigaodetalhadatemporobjectivoadefiniodomodeloderiscode contaminao,aidentificaodaextensoevolumedomeiocontaminado.Omodelode contaminao resultante servir de base para a etapa posterior de avaliao do risco do local. Nasfiguras1,2e3apresenta-se,deformaesquemtica,odiagramadeprocedimentos utilizados em cada uma das fases de investigao (adaptado de CETESB, (1999) in [1]). Figura 1 Metodologia de investigao preliminar Figura 2 Metodologia de investigao exploratria Figura 3 Metodologia de investigao detalhada Aintegraodemtodosdeestimaogeoestatsticanas3fasesdainvestigaopermiteo mapeamentodasreascontaminadaserespectivaszonasdeincertezacontribuindoparaa racionalizao dos trabalhos a realizar nas etapas de estudo posteriores. O modelo de contaminao final (modelo de contaminao 3 na figura 3) resulta do refinamento do modelo conceptual inicial (modelo de contaminao 1 na figura 1) durante as vrias fases de investigao.Apsconfirmaodaexistnciadecontaminaonolocal,aetapaseguintea avaliao do risco, para a sade e para o ambiente. 1.2 Etapa 2 Anlise de risco para a sade e para o ambiente Tem por objectivo avaliar os efeitos nefastos da contaminao na sade humana e no ambiente, paradiferentescenriosdeusofuturodolocal.Estaetapaservedebaseparaatomadade decisoquantosacesderemediaoaseremimplementadasdemodoapromovera requalificao da rea. AAvaliaodeRiscoumaferramentautilizadatanto,paraestimaroperigoparaasade humana e meio ambiente que um determinado poluente pode causar, como tambm para tomar decises,elaboraracesemetasderemediaoeavaliarreascontaminadas[2].Esta avaliao exige a definio de um modelo conceptual de contaminao que assuma a existncia de trs entidades distintas: [Fonte (ou origem) Trajecto Alvo ou Receptor] [3], em que, a origemoufontedecontaminaotodoolocalcujasconcentraesdeelementospoluentes estejamacimadevaloresdereferncia;otrajectooumeiodetransfernciadacontaminao, queassumeaduplacondiodetransmissor/barreiraereceptorprimrio;oalvo(oureceptor secundrio) , para alm do meio biofsico, o meio antropognico. Neste estudo proposta uma metodologia em 2 etapas sequenciais [1], que se apresenta, de forma esquemtica, na figura 4: Etapa1Clculodoriscocancergenoeperigosidadeassociadacontaminaodos poluentesnosolo,emcadapontoamostrado,paradiferentescenriosemeiosde exposio; Etapa 2 Zonamento das reas de risco e perigosidade atravs da estimao geoestatstica dos valores de risco calculados em cada ponto amostrado. Figura 4 Metodologia genrica para anlise de risco (BRITO, 2005) AprimeiraetapautilizaametodologiadesenvolvidapelaAgnciadeProtecoAmbiental Americana, [4, 5]. A caracterizao do risco e perigosidade para a sade feita separadamente paracompostosqumicoscancergenos(riscocancergeno)enocancergenos(emtermosde perigosidade).Nocasodosriscossereminaceitveisparaasadeeparaoambiente estabelecem-seasbasesparaaelaboraodeumplanodedescontaminaoquedetalheas medidasderecuperaoaadoptarparaasuperaodoriscoeaselecodasmelhores metodologias disponveis para o tratamento dos terrenos. 1.3 Etapa 3 Medidas de remediao do local Aremediaodeumstiocontaminadotemcomoobjectivosgenricosfundamentais,nos protegerasadepblicaeoambiente,comotambmreabilitarolocalafectado,comvistaa possibilitarousofuturodosolo,emcondiesambientalmentefavorveis.Assim,umdos factores a ter em considerao quando se pretende fazer a reabilitao de um local degradado definir o seu uso futuro, de forma a procurar as medidas de remediao adequadas e capazes de minimizar o risco no receptor. Aselecodasestratgiaspossveisderemediaodeveroteremconsiderao:(i)areduo doriscodolocal-quemedeatquepontoaacoderemediaoreduzoriscoparaos humanos,ecossistemaseoutrosalvosnolocal;(ii)omritoambiental-quemedeobalano (positivo/negativo)daacoderemediaoemtermosambientaisemqueousoderecursos, energia,gua,espaoepoluiodeoutrosmeiostidoemconsideraoe;(iii)areduodos custos temporais e de operacionalidade. 2. APLICAO A UM CASO DE ESTUDO Ametodologiafoiimplementadanumareaindustrialcomcercade30ha.,situadanazona industrialdoBarreiroque,devidoaorpidocrescimentourbanonoconcelho,serobjectode requalificaoambiental.Nosepretendenestacomunicaodescreverempormenoros trabalhos realizados mas apenas ilustrar a utilizao da metodologia anteriormente descrita. 2.1 Etapa 1 Avaliao da contaminao dos terrenos 2.1.1 Fase de investigao preliminar Estafasedeinvestigaoinsituteveporobjectivooreconhecimentopreliminardolocalea identificaodasreaspotenciaisfocosdecontaminao(hotspots)deformaaorientaros trabalhos de prospeco a executar na fase seguinte. Nesta etapa foram realizados os seguintes trabalhos: a)Colheita de dados histricos: Levantamento histrico de actividades e processos industriais, matrias primas utilizadase resduos produzidos; b)Avaliao das caractersticas do terreno: Levantamentotopogrfico,deestruturasenterradas(atravsdautilizaodemtodosde georadar), geolgico e hidrogeolgico; c)Identificao espacial de hot spots atravs da utilizao de equipamentos expeditos de screening (varrimento), tais como: - espectroradimetro porttil para a identificao de metais pesados na superfcie do terreno (NITON XLi700), atravs de fluorescncia de raio X;-aparelhoporttil(PID-Photovac2020)paraaidentificaodecompostosorgnicos volteis (COVs) nos solos e infraestruturas,- mtodos de prospeco geofsica de resistividade elctrica e electromagntica (EM31), de baixo custo de aquisio de dados para a identificao de concentraes anmalas de metais e sais dissolvidos, nas zonas saturadas e no saturadas do terreno. Nafigura5ilustra-seoequipamentoNITONXLi700utilizadoparaaleituraexpeditada concentraodemetaisnossolos,em83locaisnasuperfciedoterrenoenafigura6,atitulo ilustrativo, o mapa estimado dos valores de concentrao de Cu na superfcie do solo. Figura 5 Medio de metais pesados no solo com o NITON XLi 700 Figura 6 Mapa estimado de teores De Cu no solo Nafigura7apresentam-se,atituloilustrativo,10dos12perfisderesistividadeelctrica realizadosparadetecodaconcentraesanmalasdesaisdissolvidosemetaisnamatrizdo terrenos. O espaamento dos perfis foi de 50 em 50 metros o que permitiu uma profundidade de investigao at cerca de 13.5 metros. Nafigura8apresentam-seosvaloresdecondutividadeelectromagnticamdiadomeio, medidos com o equipamento GEONIX EM31 DL pelo mtodo EM31, em 19 perfis espaados de 25 metros, que permitiu a deteco da concentraes anmalas de sais e metais na zona saturada dos terrenos, aos 3 e 6 metros de profundidade. Figura 7 Perfis de resistividade elctrica Figura 8 Condutividade electromagntica Comosepodeobservarnafigura7,osterrenosapresentamemprofundidadegrande heterogeneidadeespacialnassuaspropriedadeselctricasoquesignificaqueexistegrande variabilidadenaconcentraodemetaisesaisdissolvidos.Estesperfisforneceminformao indirecta,nossobreaocorrnciademetaisnossoloscomopodemtambmdarindicaes sobreapresenadeinfraestruturasenterradas.Relativamentefigura8podereferir-seque existem zonas onde a condutividade muito elevada (relativamente aos valores de background, quevariamentre40a60mS/m)oquepressupeaexistnciadeelevadasconcentraesde metaisesaisdissolvidosnaszonassaturadasdosolo.Ainformaorecolhidanestafasede investigao serviu de base para orientar a elaborao do plano de investigao in situ a realizar na fase seguinte. Assim, para a definio da geometria e malha de amostragem foi utilizado o software FIELDS [6],(quesebaseia-seemestudosprobabilistas[7]paraaestimaodonmerodelocaisa amostrarconsoanteadimensoegeometriadosfocosdecontaminao)eainformaolocal recolhida,nomeadamente,ozonamentodospotenciaiselementosqumicosnasuperfciedos terrenoeomapeamentodaszonasdemaiorcondutividadedosterrenos.Assim,oplanode amostragemdesolosconsiderou,numaprimeirafase,aaberturade41poosdeamostragem (figuras 9 e 10), numa malha triangular com espaamento mdio de cerca de 70 metros, ajustada de forma a cobrir as zonas de ocorrncia das maiores concentraes de metais pesados e as reas ondeseobservaramosvaloresmaiselevadosdecondutividadedomeio,resultantesda interpretao dos dados de prospeco geofsica. Figura 9 Plano de amostragem tericoFigura 10 Plano de amostragem real A integrao da informao num sistema de informao geogrfica (SIG) resultou na elaborao deummodeloconceptualpreliminardacontaminao(modelodecontaminao1,conforme figura1).Essemodeloserviudebaseparaadefiniodosobjectivos,mtodoseestratgiasa utilizar na fase posterior de investigao exploratria. 2.1.2 Fase de investigao exploratria Esta fase de investigao teve por objectivo a confirmao da hiptese de contaminao atravs da recolha amostras de solo e guas subterrneas, utilizadas para a determinao da naturezae concentraodassubstnciascontaminantes,aidentificaodopadrodedistribuioespacial dacontaminaodosterrenos(soloseguassubterrneas)eacaracterizaodograude contaminao,tendoporbasevaloresderefernciapreviamenteestabelecidos(normasde Ontrio,[8]).Ametodologiadeamostragemdesoloseguasseguiuosprocedimentosda USEPA,[9,10].Ostrabalhosdeinvestigaoinsitutiveramporbaseoplanodeprospeco definido na fase anterior de investigao e incluram a realizao dos seguintes trabalhos: -aberturade41poosdeprospeco,atprofundidademximade4metros(solono saturado) e recolha de 62 amostras de solo, para 3 nveis do terreno; - realizao de 8 sondagens a trado oco, at uma profundidade mxima de 10 metros, com instalaodepiezmetros,desenvolvimentoeestabilizaodosfurosecolheitade8 amostrasdeguasubterrnea.Assondagensforamtambmaproveitadaspara reconhecimento geolgico e recolhidas4 amostras de solo, na zona no saturada do terreno, atravs de amostrador do tipo SPT (Standard Penetration Test); - a identificao da contaminao qumica e das caractersticas fsicas e geotcnicas do meio atravsdemediesinsitueensaiosdecaracterizaolaboratoriais(mediodopHe condutividadenasguaseensaiosdegranulometriaedeterminaodoslimitesde consistncia nos solos); -acaracterizaodageometriadosterrenos(naturaiseantropognicos),atravsda realizaodeperfislitolgicosinterpretativosedaestimaogeoestatsticadas propriedades fsicas do terreno, para dois nveis do terreno,-acaracterizaodosentidoedirecodefluxodasguassubterrneasatravsda utilizao de modelos matemticos de fluxo; -orefinamentodomodelodecontaminao(modelodecontaminao2,conformefigura 2). Osmapasdecontaminaoestimadospermitiramaidentificaodageometriaeextensodo meio contaminado e o refinamento dos trabalhos de investigao a realizar na fase posterior de investigaodetalhada.Nafigura11apresenta-se,atituloilustrativo,umdiagrama tridimensionaldosmapasdeprobabilidadedecontaminaonossolos,estimadoparadois nveis do terreno. Figura 11 Diagrama tridimensional de probabilidade de contaminao dos solos 2.1.3 Fase de investigao detalhada Teve por objectivo o refinamento dos limites das reas contaminadas. Com base nos resultados obtidosnafaseanterior,foramrealizados,naszonasdemaiorincertezadecontaminao,11 poos adicionais para a recolha de 23 amostras de solo e realizadas 14 novas sondagens do tipo trado oco, com profundidade mxima at cerca de 14 metros, e recolhidas 14 amostras de gua e 15 amostras de solo, at uma profundidade de amostragem mxima de 7.5 metros. Aestimaodamorfologiadasreascontaminadasfoirealizadapara3nveisdoterreno, atravs domtodo da krigagem da indicatriz[11] do softwareGeoms[12].Ovolume de solos contaminados foi calculado para vrios cenrios de ocupao do local (valores de referncia de Ontrioparausoresidencialecomercial).Estafasedeinvestigaocumpriucomosseguintes objectivos: a determinao do volume de solos e guas contaminadas; o refinamento do modelo conceptual de contaminao. Nafigura12apresenta-seomodeloconceptualderiscodecontaminao,tendoem considerao:afonteouorigemdacontaminao,otrajectoouviasdetransfernciae exposio dos poluentes e o alvo - a populao residente e o meio receptor. Figura 12 Esquema do modelo conceptual de contaminao Omodeloderiscodecontaminaoserviudebaseparaaavaliaodoriscoassociado contaminao em face da previsvel ocupao futura dos terrenos, que deve concluir se os riscos soaceitveisparaasadehumanaeoambientee,nocasoafirmativo,quaisasmedidasde monitorizao e controlo que garantam a manuteno desse nvel de risco, aceitvel a mdio e longo prazo 2.2 Etapa 2 Anlise de risco Com base no modelo de contaminao e nos cenrios de ocupao previstos foi calculado, para cada local amostrado, o risco para a sade para os seguintes cenrios de ocupao e exposio: a)Cenrios de ocupao: Cenrio 1 Uso residencial adulto e criana; Cenrio 2 Uso comercial trabalhador comercial e trabalhador construtor; b)Vias de exposio: contacto drmico, ingesto de solo e ingesto de vegetais. Na etapa de avaliao e clculo do risco em cada ponto amostrado foi utilizado o software RISC WorkBench [13]. A modelao geoestatstica dos valores de risco obtidos permitiu o zonamento do local em termos de perigosidade e risco. Nas figuras 13 e 14 apresenta-se, a titulo ilustrativo, o zonamento da rea em termos de risco cancergeno, para os cenrios trabalhador comercial e trabalhador construtor, para a exposio por contacto drmico. Figura 13 Trabalhador comercial zonamento das reas de risco cancergenoFigura 14 Trabalhador construtor zonamento das reas de risco cancergeno Ozonamentodasreasderiscopermitiudistinguir,dentrodazonaindustrial,duassubzonas: umaescassamentecontaminadaequenoapresentariscoparaasadeeumaoutra,cuja concentraodoselementosqumicosnosolo,constituiriscoparaasade.Combasenestes resultados foi possvel influenciar a repartio do uso do territrio, procurando que no projecto deocupaoseprivilegieousoresidencial,maisexigente,nasubzonaondeaanlisederisco apresentou ndices menos gravosos para os receptores mais sensveis. 3. CONCLUSES A utilizao de uma metodologia de investigao faseada permitiu o conhecimento gradual das condies do local e, consequentemente o racionalizao dos trabalhos de investigao in situ e a reduo dos respectivos custos. Amodelaogeoestatsticautilizadanasvriasfasesdeinvestigaopermitiu,deforma sistemtica(i)aracionalizaodostrabalhosdecampoarealizar,(ii)acaracterizaodas plumasdecontaminao,respectivasreasdeincertezaevolumedemateriaisatratar,(iii)o zonamento de reas de risco e a definio das aces de remediao, com base nas quantidades edefinioespacialdotipodemateriaisatratar,conduzindooptimizaodosmeiose tecnologias de tratamento a adoptar, para diferentes cenrios de ocupao. 4. REFERNCIAS [1]Brito,M.G.,Metodologiaparaaavaliaoeremediaodacontaminaopormetais pesados em reas industriais degradadas, Dissertao Doutoramento Univ. Nova de Lisboa, (2005), 366p. [2]LaGrega,M.D.,Buckingham,P.L.&Evans,C.,HazardousWasteManagementand Environmental Resources Management, 2nd ed. McGraw-Hill, NY, (2001), 1157p. [3]Petts,J.,Cairney,T.&Smith,M.,Risk-BasedContaminatedLandInvestigationand Assessment, John Wiley & Sons, New York (1997), 352p. [4] USEPA, Risk Assessment Guidelines for Superfund Volume 1 Human Health Evaluation Manual(PartA).EPA/540/1-89/002,U.S.EnvironmentalProtectionAgency,Officeof Emergency and Remedial Response, Washington, D.C. (1989), 278p. [5] USEPA, Integrated Risk Information System (IRIS), http://www.epa.gov/iris/ (1989). [6]ESRI,UsingArcViewGIS,TheGeographicInformationSystemforEveryone,ESRI Press, U.S., (1996), VI+250 p. [7]GILBERT,R.O.,StatisticalMethodsforEnvironmentalPollutionMonitoring.John Wiley (Eds.), New York, (1987), 336 p. [8]OMEE,GuidelinesforuseatcontaminatedsitesinOntario.RevisedFebruary1997. Queens Printer Ontario, (1997), XXI + 90 + 68 p. [9]USEPA,SoilSamplingQualityAssuranceUsersGuide.EnvironmentalMonitoring System Lab. Las Vegas, 2nd ed., EPA/600/8-69/046 (1989), 266 p. [10]USEPA,(Puls,R.W.&Barcelona,M.J.),Low-Flow(MinimalDrawdown)Ground-Water Sampling Procedures. EPA Ground Water Issue, Off. Solid Waste Emerg. Response, Washington, EPA/540/S-95/504 (1996), 12 p. [11]SoaresA.,GeoestatsticaAplicadasCinciasdaTerraedoAmbiente.ISTPRESS, (2000), 206 p. [12] CMRP-IST, Manual de utilizao do geoMS Geostatistical Modelling Software, (v.1.0). Lisboa, (1999), 137 p. [13]WATERLOOHYDROGEOLOGIC,RISCWorkbenchUsersManual.HumanHealth Risk Assessment Software for Contaminated Sites. Waterloo, 1 vol. (2001), text (XI + 1-1 12-5 p.) & appendix (IX + A1-R 25 p.) 5. AGRADECIMENTOS Osautoresagradecemoacessoinformao,relativaaocasodeestudo,Administraoda Quimiparque, Parque Empresarial do Barreiro.