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UTILIZAÇÃO DE CONCHAS MARINHAS NA FORMULAÇÃO DE REVESTIMENTO CERÂMICO Gomes, Y.S.(1), Souza, M.M.(2), Nóbrega, L.P.(3) (1), (2), (3), (4), (5) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Av. Sen. Salgado Filho, 1559 - Lagoa Nova, Natal - RN, 59015-000 Rua Saara, 118 Cidade da Esperança, Natal RN. [email protected] RESUMO A pesca é uma das maiores atividades do setor primário brasileiro. No município litorâneo de Arês, a 60 quilômetros de Natal, a extração do molusco sururu, gera resíduos sólidos que causam impactos a área de manguezal. Visando tornar mínimos os impactos ao manguezal, foi pensado a utilização de conchas (sumariamente compostas de CaCO3) na massa do revestimento cerâmico a fim de fazer um produto de qualidade e baixo custo. As experimentações foram realizadas seguindo as normas técnicas do revestimento cerâmico ( NBR 13818: 1997). Foram testadas duas formulações distintas: F1 - 10% - pó de concha, 10% - quartzo, 40% - argila e 40% - feldspato e F2 15% - pó de concha, 10% - quartzo, 35% - feldspato e 40% - argila. Sinterizadas, as peças foram submetidas a testes físicos. A absorção de água numa média de 0,7 e 1,0 % para as formulações F1 e F2 (respectivamente), fazendo com que os corpos de prova se encaixassem no grupo de especificação: Grés - BIb. Palavras-chave: conchas, economia, pesca, grês porcelanato, recursos renováveis 60º Congresso Brasileiro de Cerâmica 15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP 634

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UTILIZAÇÃO DE CONCHAS MARINHAS NA FORMULAÇÃO DE

REVESTIMENTO CERÂMICO

Gomes, Y.S.(1), Souza, M.M.(2), Nóbrega, L.P.(3)

(1), (2), (3), (4), (5) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Rio Grande do Norte, Av. Sen. Salgado Filho, 1559 - Lagoa Nova, Natal - RN,

59015-000

Rua Saara, 118 – Cidade da Esperança, Natal – RN. [email protected]

RESUMO

A pesca é uma das maiores atividades do setor primário brasileiro. No

município litorâneo de Arês, a 60 quilômetros de Natal, a extração do molusco

sururu, gera resíduos sólidos que causam impactos a área de manguezal. Visando

tornar mínimos os impactos ao manguezal, foi pensado a utilização de conchas

(sumariamente compostas de CaCO3) na massa do revestimento cerâmico a fim

de fazer um produto de qualidade e baixo custo. As experimentações foram

realizadas seguindo as normas técnicas do revestimento cerâmico (NBR 13818:

1997). Foram testadas duas formulações distintas: F1 - 10% - pó de concha, 10% -

quartzo, 40% - argila e 40% - feldspato e F2 – 15% - pó de concha, 10% - quartzo,

35% - feldspato e 40% - argila. Sinterizadas, as peças foram submetidas a testes

físicos. A absorção de água numa média de 0,7 e 1,0 % para as formulações F1 e

F2 (respectivamente), fazendo com que os corpos de prova se encaixassem no

grupo de especificação: Grés - BIb.

Palavras-chave: conchas, economia, pesca, grês porcelanato, recursos

renováveis

60º Congresso Brasileiro de Cerâmica15 a 18 de maio de 2016, Águas de Lindóia, SP

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INTRODUÇÃO

De acordo com o Ministério da Pesca e da Agricultura, o Brasil produz,

anualmente, dois milhões de toneladas de pescado, sendo 40% cultivados. A

atividade gera um PIB pesqueiro de R$ 5 Bilhões. Com relação à aquicultura, o

país está em 12º e, se a produção for ampliada para 2 milhões de toneladas

ano, vai figurar entre os cinco maiores do mundo em 2020. A aquicultura

cresceu 8,6% em 22 anos, passando de 32,4 milhões de toneladas para 66,6

milhões de toneladas/ano. (1) A região Nordeste concentra o maior número de

pescadores, com 386.081, que representa 46,3% do total do país. O estado do

Rio Grande do Norte possui um total de 32.512 pescadores cadastrados, sendo

65,4% do sexo masculino e 34,6% do sexo feminino, ocupando o terceiro lugar

na Região Nordeste em quantidades de pescadores cadastrados. (2)

O material utilizado neste artigo é oriundo da cidade de Arês, localizada

a sessenta quilômetros de Natal (maior cidade e capital do Rio Grande do

Norte), no local, a economia é movimentada pela pesca, sendo uma das

principais fontes de renda da comunidade.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (3), estabelece as

diretrizes acerca da gestão integrada e ao tratamento dos resíduos sólidos e

ditando as responsabilidades de cada gerador e do poder público. Dessa

maneira, as instituições municipais têm a necessidade de gerenciar os resíduos

gerados, tanto pela população em geral quando pelas esferas produtivas de

baixa a larga escala.

Por se tratar de uma atividade extrativa, resíduos são gerados e, em sua

maioria, não possuem uma destinação correta. Segundo a National Research

Council dos Estados Unidos, os principais impactos ambientais da malacocultura

são: distúrbios das comunidades naturais de fitoplâncton, deterioração da

qualidade da água devido à acumulação de dejetos e introdução de espécies que

competem com as já existentes ou que transmitem doenças (4).

A presença desses dejetos em locais inadequados ocasiona problemas

ambientais dos mais diversos como a poluição do mangue, a proliferação de

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insetos transmissores de doenças além do o mau cheiro causado pela

decomposição da matéria orgânica presente nas conchas.

Neste trabalho, os detritos trabalhados serão as conchas marinhas, que

delas, é extraída um fruto do mar muito apreciado no litoral nordestino, o

molusco bivalve Mytella charruana popularmente chamado de Sururu (4).

O processo de formação das conchas dos moluscos é um processo

biológico ocasionado pela secreção do nácar das células ectodérmicas. O

sangue dos moluscos é rico em uma forma líquida de cálcio que se concentra

fora do fluxo de sangue e é cristalizado em duas camadas, sendo uma

intermedia entre a camada de escleroproteínas e a outra como a carapaça

protetora, as duas são formadas por carbonato de cálcio (CaCO3 - aragonita e

calcita). Os cristais se diferem da forma e orientação durante a cristalização de

acordo com cada camada das ectodérmicas. Vale salientar que as conchas são

muito resistentes e duráveis, e com o passar do tempo, onde há um grande

acumulo desse material pode gerar sedimentos, que por meio de uma rocha

compressora, tornar-se-ão calcário.

O revestimento cerâmico é, segundo a NBR 13 816 - 1997: Material

composto de argila e outras matérias primas inorgânicas geralmente utilizadas

para revestir pisos e paredes, sendo conformadas por extrusão, por

prensagem, ou ainda por outros processos. As placas são então secadas e

queimadas a temperatura de sinterização. Podem ser esmaltadas (GL =

glazed) ou não esmaltadas (UGL = unglazed). As placas são incombustíveis e

não são afetadas pela luz. (5)

Objetivando minimizar os impactos ambientais e tornar o material viável

a reutilização, essa pesquisa tem como propósito unir as atividades pesqueira

e ceramista, com a incorporação da concha marinha na formulação de

revestimento cerâmico e assim gerar um produto com um menor custo e que

se enquadre nas normas técnicas propostas pelas agências e institutos

reguladores.

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MATERIAIS E MÉTODOS

As matérias-primas utilizadas foram as tradicionais: o quartzo, a argila

plástica e o feldspato sódico que foram coletadas na empresa Parelhas/RN na

empresa Armil Mineração do Nordeste Ltda., enquanto as conchas foram

coletadas no mangue do Rio Jacu localizadas na cidade de Arês/RN (os

pescadores descartam o material após retirar a carne).

Os ensaios que serão descritos abaixo seguiram a norma NBR 13818:

1997 para revestimento cerâmico (5). O processamento dos materiais e a

conformação da massa cerâmica foram realizados no Laboratório de

Processamento Mineral e Resíduo do IFRN e a caracterização química das

conchas foi realizada no Laboratório de Caracterização de Minerais/Materiais

do IFRN. Os materiais supracitados passaram pelos processos de cominuição:

britagem (britador de mandíbulas), moagem (moinho de martelos e em seguida

moinho de bolas) e no fim, após o peneiramento, obtiveram a granulometria

esperada de 200# (mesh)/0,074 mm (parâmetro para ensaios laboratoriais). A

figura abaixo sistematiza os processos.

Fluxograma dos processos realizados durante este trabalho.

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Para caracterizar quimicamente as conchas foi utilizado a técnica de

fluorescência de raios X, utilizando o equipamento Niton™ XL3t GOLDD+ XRF Analyzer.

Após a cominuição e o peneiramento, foi dado início aos ensaios

laboratoriais. Duas formulações de corpos de prova foram propostas, F1 e F2,

contendo 10% e 15% de concha em peso respectivamente. No processo de

preparação da massa, os materiais são pesados e homogeneizados

manualmente atingindo um peso final de 12 g de massa seca. Em seguida a

água destilada é adicionada a 10% de peso em relação a massa final seca.

Finalizado o processo de mistura das matérias, os produtos são ensacados e

deixados a descansar por um período de 24h antes de serem conformados por

prensagem uniaxial. Prensados, os corpos de prova vão para uma estufa por

mais 24h a fim de perder qualquer umidade restante antes de seguirem para a

sinterização. A queima ocorre num forno tipo mufla, onde a temperatura segue

da do ambiente até o máximo de 1200°C com taxa de aquecimento de 10°C

por minuto, permanecendo em patamar de 1200°C por 1h.

Após a queima, foi feita a caracterização tecnológica dos corpos de prova

com os ensaios de: retração linear de queima (RLQ), Perda ao fogo (PF) e

absorção de água (AA). Para a caracterização micro estrutural foi utilizado a

microscopia eletrônica de varredura (MEV) e a espetroscopia de raios X por

dispersão em energia (EDS).

RESUTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado da fluorescência de raios X, as conchas demonstraram

uma alta porcentagem de Carbonato de Cálcio (CaCO3) e alguns comuns

contaminantes como o Silício (Si), o Cloro (Cl), o Estrôncio (Sr) e o Ferro (Fe)

em menores proporções, como demonstra a tabela 01. Na tabela abaixo, “Bal”

é um balanço em porcentagem dos elementos químicos difíceis de mensurar

com a fluorescência de raios X, pelo seu baixo número atômico (ex:

Hidrogênio, Lítio, Hélio, Carbono, Oxigênio, Flúor e etc.).

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Tabela 01 - Porcentagem de massa dos elementos na massa das conchas

Elemento Bal* Ca Si Sr Cl Fe

% massa 61.328 37.279 0.377 0.098 0.059 0.028

Os resultados do ensaio de retração linear de queima (RLQ) procederam

duas médias muito próximas nas duas formulações, na Formulação 01 (F1), a

porcentagem de retração do corpo de prova foi de 5.7 %, enquanto na

Formulação 02 (F2), a porcentagem de retração foi de 5.8% em relação ao

comprimento dos corpos de prova antes da sinterização, assim como o gráfico

abaixo ilustra.

Tabela 02 – Média de porcentagens de retração linear de queima dos corpos

de prova

RETRAÇÃO LINEAR DE QUEIMA (%)

Formulação 01

Formulação 02

5 , 8

5,7

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Os resultados do teste de absorção de água indicaram o percentual em

peso de água absorvida pelo corpo de prova seco. A porcentagem expressa

uma média de absorção na ordem de 0,2% e 0,3% do peso total do corpo de

prova na formulação 01 e 02, respectivamente, como demonstra tabela 02.

Tabela 02 – Média de absorção de água dos corpos de prova

ABSORÇÃO DE ÁGUA (%)

Formulação 01

Formulação 02

0,

3

0,2

Resultantes do ensaio de perda ao fogo (PF), as médias de perda de

massa durante a sinterização foram, para a formulação 01, 8.3 % e para a

formulação 02, 9.3 %. Indicando o processo da calcinação do carbonato de

cálcio, onde ao atingir em torno de 900°C de temperatura, o composto passa

por uma reação onde parte da massa se transforma em óxido de cálcio (CaO),

e outra parte é transformada em dióxido de carbono (CO2), ou seja em gases

que retardam o processo de densificação dos corpos cerâmicos, gerando os

poros, esse processo explica a alta porcentagem de massa perdida durante a

queima, a equação química abaixo ilustra o processo de calcinação.(A)

CaCO3 = CaO + CO2 (A)

O Gráfico abaixo representa as porcentagens médias do ensaio de

perda ao fogo (PF) nas duas formulações.

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Tabela 03 – Média de porcentagens de perda ao fogo dos corpos de prova

PERDA AO FOGO (%)

Formulação 01

Formulação 02

9 , 3

8,3

A caracterização microestrutural por microscopia eletrônica de varredura

(MEV) e espetroscopia de raios X por dispersão em energia (EDS), findou em

resultados que possuem extrema relevância para o entendimento dos efeitos

da utilização das conchas na massa cerâmica. As figuras abaixo mostram o

resultado da microscopia para formulação 01, possuindo 10% de massa em

conchas. Na imagem é possível identificar uma porosidade uniforme e uma

quase inexistente fase vítrea.

(A

(B

Micrografia do corpo de prova F1. Queimado a 1200 °C, durante 1 hora. (A –

3000x; (B – 7000x.

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As figuras abaixo mostram o resultado da microscopia de um corpo de

prova da formulação F2, contendo 15 % de conchas. Nas imagens é possível

notar pequenos poros, resultantes da acumulação de CO2, durante a

sinterização da peça, a fase vítrea é pouco presente.

(A (B

Micrografia do corpo de prova F2. Queimado a 1200 °C, durante 1 hora. (A –

3000x; (B – 7000x.

CONCLUSÕES

A concha estudada é rica é calcita, sendo em torno de 98 % de sua

massa mensurada pelo equipamento utilizado neste artigo.

Os ensaios tecnológicos resultaram em corpos de prova com pouca fase

vítrea, perda ao fogo elevada e absorção de água numa média de 0,5% e 1,0%

que caracteriza os corpos de prova como grés porcelanato, grupo BIb segundo

os parâmetros de revestimento da NBR 13818: 1997 - classificação.

Por ter uma baixa absorção de água e uma alta resistência, esse tipo de

revestimento é indicado para uso em locais de grande tráfego de pessoas,

como shopping-centers, escolas, hospitais e etc.

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As conchas estudadas se mostraram viáveis para utilização na

fabricação de revestimento cerâmico como um material complementar, na

formulação, às matérias primas originais.

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande

do Norte, em especial à Diretoria Acadêmica de Recursos Naturais, corpo

docente e funcionários em geral por fornecerem todos os meios para a

finalidade deste presente artigo.

Aos maricultores artesanais da cidade de Arês que forneceram as

conchas necessárias, além das informações acerca de seu trabalho.

REFERÊNCIAS

1. Portal Brasil, Economia e Emprego - Aquicultura tem potencial para dobrar

produção em cinco anos. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/economia-e-

emprego/2015/06/aquicultura-tem-potencial-para-dobrar-producao-em-cinco-

anos#. Acesso em: 05 de Fevereiro de 2016.

2. BRASIL. Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura – Brasil 2008 -

2009. Ministério da Pesca e Aquicultura, Brasília, 2011, 100 p.

3. BRASIL (2010). Lei 12.305 Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;

altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

Brasília-DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-

2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em 28 de fevereiro de 2016

4. Smithsonian Marine Station at Fort Pierce - Mytella charruana. Disponível

em: http://www.sms.si.edu/irlspec/Mytella_charruana.htm. Acesso em: 05

de Fevereiro de 2016.

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5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS -ABNT. NBR

13818:1997 Versão Corrigida: 1997. Placas cerâmicas para revestimento:

terminologia. Rio de Janeiro.

6. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS -ABNT. NBR

13816:1997 Versão Corrigida: 1997. Placas cerâmicas para

revestimento: especificação e métodos de ensaios. Rio de Janeiro.

7. INMETRO, Informação ao Consumidor - Pisos e Azuleijos. Disponível em:

http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/revestimentos.asp. Acesso em:

21 de março de 2016.

8. Associação Brasileira de Cerâmica – Informações Técnicas – Matérias-

Primas Naturais. Disponível em:

http://www.abceram.org.br/site/index.php?area=4&submenu=47. Acesso em:

5 de Fevereiro de 2016.

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USE OF MARINE SHELLS IN THE CERAMIC TILE FORMULATION

ABSTRACT

Fishing is one of the major activities of the Brazilian primary sector. In the

coastal city of Ares , 60 kilometers from Natal , the extraction of shellfish mussels ,

generates solid waste that impact the mangrove area . In order to make minimum

the impacts on the mangrove, it was thought to use shells ( briefly composed of

CaCO3 ) in the mass of the ceramic coating in order to make a quality product at

low cost. The trials were carried out following the technical standards of the ceramic

coating ( NBR 13818 : 1997 ) . two different formulations were tested: F1 - 10% -

shell powder , 10 % - quartz 40 % - clay and 40 % - feldspar and F2 - 15 % - shell

powder , 10 % - quartz 35 % - feldspar and 40 % - clay. Sintered , the pieces were

subjected to physical testing . The absorption of water by an average of 0.7 and 1.0

% for formulations F1 and F2 (respectively) , so that the specimens would fit the

specification group : Stoneware – Bib.

Key-words: shells, economy, fishing, porcelain stoneware, environmental

impacts

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