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REAPROVEITAMENTO DE ARGILAS ESMECTITAS IMPREGNADAS COM ÓLEO
VEGETAL NA PRODUÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS
Adalberto Luiz Rodrigues de Oliveira1 Tiago Tadeu Amaral Oliveira2, Victor T. A. Oliveira3,
Darlene Lopes do Amaral4,
1 Prof. do Curso de Engenharia Civil da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Campo Mourão (UTFPR-CM) [email protected]
2 Mestrando do Curso de Mestrado em Estruturas da Universidade Estadual de Maringá, 3, Acadêmico do Curso de Engenharia Civil da UNICESUMAR
4 Profa. do Curso de Engenharia Ambiental da UTFPR-CM
RESUMO: O presente trabalho objetivou realizar a recuperação de argila clarificante
utilizada no processo de refino de indústria oleífera e avaliar a sua aplicabilidade como matéria prima reciclável na produção de blocos cerâmicos. A acetona foi o solvente mais eficiente na extração do óleo residual do adsorvente usado. Foram
confeccionados corpos de prova (CPs) com as argilas impregnadas com óleo e as recuperadas com acetona em massas argilosas com teores de 0, 5, 10 e 20%, e sinterizados em 950 e 1150º C. Para análise das propriedades físico-mecânicas
foram realizados ensaios para obtenção do teor de umidade, retração linear, perda ao fogo, porosidade aparente, absorção de água e resistência à compressão. Como resultados têm-se que o óleo impregnado na argila não influencia os resultados
obtidos dos principais testes de qualidade avaliados para os CPs com acréscimo de até 10% de argila clarificante residual in natura e as recuperadas. Palavras chave: argila clarificante, propriedades físico-mecânicas, reciclagem.
INTRODUÇÃO
Na indústria oleífera, a etapa de remoção de pigmentos com o emprego de
materiais adsorventes, pode ser denominada de processo de branqueamento,
descoramento ou clarificação. Independente da denominação atribuída, esse
processo apresenta-se como uma das etapas do refino de óleos vegetais. Os termos
argila descorante, terra descorante, terra de branqueamento, argila clarificante ou
argila adsorvente são utilizados para designar argilas que no estado natural ou após
ativação química ou térmica apresentam a propriedade de adsorver os materiais
corantes (pigmentos) dissolvidos no óleo (1) .
As argilas, em especial as esmectitas, são utilizadas no processo de refino
apenas uma vez e retêm cerca de 20–35% de óleo vegetal em peso e são
depositadas em aterros sanitários causando sérios problemas ambientais. Uma das
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possíveis aplicações de resíduos oleosos é a sua incorporação em massas
cerâmicas para produção de tijolos.
Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os
resíduos, e reutilizá-los em um novo ciclo de produção. O reaproveitamento de
resíduos é uma forma de retardar sua disposição final em depósitos. Pelo fato da
matéria prima da indústria cerâmica ser constituída de material argiloso, estes
resíduos usados para clarificação de óleos podem ser incorporados em massas
cerâmicas, em quantidades controladas para que não prejudiquem as propriedades
finais das peças.
Os objetivos propostos para o desenvolvimento desta pesquisa visam contribuir
com informações para a minimização de problemas ambientais, promovendo uma
aplicação viável para as argilas esmectitas utilizadas no processo de
branqueamento em indústria oleíferas vegetais. Neste contexto o objetivo deste
trabalho é realizar a recuperação da argila esmectita e avaliar a sua reutilização nas
propriedades físico-mecânicas de uma massa argilosa utilizada na produção de
cerâmica vermelha.
MATERIAL E MÉTODOS
Os materiais utilizados no presente trabalho foram: argila vermelha proveniente
da região de Campo Mourão-PR utilizada na fabricação de blocos cerâmicos e argila
clarificante impregnada com óleo vegetal.
Material Adsorvente (Argila clarificante)
Foi utilizado o adsorvente da linha Tonsil da Süd Chemie (Tabela 1) que é uma
bentonita cálcica (mineral do grupo das esmectitas) natural de cor bege. Foram
coletadas amostras representativas da argila impregnada com óleo em diferentes
lugares no pátio de armazenagem da indústria para compor 40 quilos de uma
amostra composta. Estas amostras foram secas em estufa de circulação de ar á
temperatura de 45 ºC, moídas e passadas em peneira de 2 mm de diâmetro.
O rejeito que deixa os filtros está carregado de matéria orgânica (óleo)
impregnada nos sítios da argila, com temperatura elevada e pH bastante ácido o que
não possibilita a queima em caldeiras, o que poderia futuramente apresentar
problemas como corrosão, além de aumentar a poluição do ar. O risco de entrar em
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combustão espontânea é muito alto, tornando difícil o seu manuseio, podendo até
mesmo causar queimadura graves nos operários.
Tabela 1: Características da argila esmectita Tonsil® Supreme 180 FF da Sud Chemie.
CARACTERÍSTICA UNIDADE ESPECIFICAÇÃO
pH (5% sólidos em H2O) ---- 2,5 a 3,2
Umidade % 8,0 a 12,0
Acidez Livre – H2SO4 % Máx. 1,0
Massa Especifica aparente
Kg/m3 500 a 600
Velocidade de Filtração s Máx. 60
TAMANHO DE PARTÍCULAS (% EM PESO) DA ARGILA CLARIFICANTE
Peneira padrão Tyler Através da malha 100 (menos de 150 microns)
1
Peneira padrão Tyler Através da malha 325 (menos de 45 microns) 74 a 80%
CTC cmolc dm-3 105,4 ----
Área específica (m2/g) 77,54 ------
COMPOSIÇÃO MÁXIMO MÍNIMO
% SiO2 * 87 77
% Al2O3 * 8 2
% Fe2O3* 3 1
% MgO* 0,9 0,3
% CaO* 0,8 0,2
% TiO2* 1,3 0,7
% K2O* 0,3 0,1
% Na2O* 0,3 0,1
% Perda ao Fogo* 14,8 6,5
Fonte: Sud Chemie
Regeneração da Argila Clarificante Usada na Indústria Oleífera
Os testes de extração do óleo residual do adsorvente usado foram realizados
em extrator Soxhlet com os solventes orgânicos: álcool etílico, álcool metílico,
hexano e acetona. Para isso tomou-se 10 gramas do rejeito e a amostra foi
transferida para um cartucho de papel de filtro quantitativo o qual foi previamente
costurado com linha de algodão em forma retangular. Tomou-se o cuidado de deixar
o cartucho com uma abertura para que se pudesse colocar a amostra. O cartucho foi
colocado no extrator, que foi encaixado em balão volumétrico. Sobre o cartucho, foi
vertido o solvente (200 ml) responsável pela extração do resíduo impregnado com
óleo selecionado previamente. O condensador foi conectado e a manta de
aquecimento foi ligada. O tempo de extração para a avaliação inicial do melhor
solvente foi de 4 horas. O método utilizado foi descrito por (2). A escolha dos
solventes foi feita a partir da facilidade de dissolução das substâncias impregnadas
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na argila descartada pela indústria de óleo e da facilidade com que se pode isolar o
produto extraído, isto é do baixo ponto de ebulição do solvente para sua posterior
evaporação. Depois de finalizada a extração Soxhlet (período de 4h), retirou-se o
cartucho encaminhando-o á estufa para secagem a 100±5oC eliminando o solvente
residual na amostra tratada. A perda de massa da argila clarificante descartada foi
calculada através da fórmula:
% de perda de massa = ;
Em que:
Mi= massa inicial da argila clarificante antes da extração com solvente = 10 gramas;
Mf = massa final da argila clarificante depois do processo de extração
Depois de avaliado a eficiência da extração Soxhlet, foi selecionado o melhor
solvente, e proposto um experimento tendo em vista a quantificação cinética do
processo de dessorção/extração dos pigmentos. Levou-se em consideração o tempo
de extração e foi avaliada a perda de massa. Os tempos de extração avaliados
foram de 15, 30, 45, 60, 120, 240, 480 e 720 minutos.
Após a recuperação por extração, optou-se por fazer a recuperação da argila
por ativação térmica, visto que na argila impregnada com óleo mesmo após a
extração com solvente, ainda restava residual de pigmentos e óleo. A ativação
térmica foi realizada em forno Mufla a temperaturas de 350, 400, 450 e 500 ºC por
um período de 1h, utilizando 2g de argila tratada com o solvente acetona após
extração de 480min. Análises térmicas (Shimadzu, Diferential Thermal Analyzer
DTA-50 e Thermogravimetric Analyzer TGA-51) também foram realizadas com
velocidade de aquecimento de 10 ºC/min, sob o fluxo constante de 50 mL/min de ar
sintético.
Preparação das massas argilosas com diferentes teores de rejeito
A confecção dos corpos de prova constitui-se de massas argilosas com adição
de proporções de 0, 5, 10 e 20% de argila clarificante. Em cada ensaio adicionou-se
16% de umidade às amostras com auxílio de um borrifador, confeccionando-se 6
corpos de prova por proporção. As amostras foram acondicionadas em sacos
plásticos afim de não perder a umidade durante o procedimento experimental. Os
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corpos de prova apresentavam cerca de 12 gramas de amostra. O molde metálico
para a confecção apresenta perfil retangular com dimensões de 60x20 mm. A força
de pressão utilizada foi de 2500 toneladas, em prensa hidráulica. Como produto
final, obteve-se corpos de prova com 5 mm de espessura. Os corpos de prova
recém-prensados (corpo verde) foram pesados, medidos e inicialmente secos ao ar
livre, em seguida em estufa de circulação de ar a 110º C por 24 horas e calculou-se
a retração linear de secagem. Após este procedimento suas medidas de peso e
massa foram aferidas (corpo seco). A última etapa de confecção dos corpos de
prova consiste na queima em forno mufla em temperaturas de 950 e 1150 ºC em
forno tipo mufla com microprocessador, sendo os corpos de prova mantidos na
temperatura final de queima por 2 h. A taxa de aquecimento foi de aproximadamente
2 ºC/min com patamar em 600 ºC durante 1 h. De 600 ºC até a temperatura final de
patamar a taxa foi de 10 ºC/min. O resfriamento foi realizado por convecção natural,
desligando-se o forno após os corpos de prova serem mantidos na temperatura de
patamar final pelo tempo determinado. As medidas dos corpos de prova cerâmicos
antes e após a sinterização foram obtidas com paquímetro e uma balança analítica
de precisão de 4 casas decimais. Estes dados permitiram determinar a retração
linear de queima(3), perda ao fogo, porosidade aparente, absorção de água(4) e
testes de resistência à compressão conforme descrito em ABNT NBR 15270-3:
2005(5). Foram também calculados os limites de consistência de Atterberg NBR
6459-84(6) e NBR 7180-84(7) para as massas cerâmicas com diferentes teores de
argila impregnada com óleo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Regeneração da Argila Clarificante
Verificou-se que a acetona obteve uma maior eficiência (37,5%) na remoção do
óleo e pigmentos (Figura 1a e 1b), através da extração Soxhlet. O óleo extraído com
hexano foi aquele que apresentou coloração menos intensa e de menor densidade,
talvez pelo fato deste solvente ser apolar.
A quantificação cinética do processo dessorção/extração dos pigmentos
(Figura 1c) realizada com acetona com total de 12 horas apresentou 3,78 g de
redução de massa da argila clarificante usada em que a velocidade de remoção do
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material orgânico (MO) impregnado foi maior nas duas primeiras horas de extração
(o que caracterizou uma remoção de 27,8% de massa dos 37,8% encontrados após
a extração de 12 horas). Os pigmentos removidos mais facilmente na fase rápida de
remoção possivelmente constam de camadas superiores adsorvidas fisicamente
sobre as primeiras camadas. A adsorção física, que constituiu o princípio da maioria
dos processos de purificação e separação, é um fenômeno reversível onde se
observa normalmente a deposição de mais de uma camada de adsorbato sobre a
superficíe adsorvente. Observou-se que a velocidade de remoção de MO após 8
horas de extração foi menor que a fase inicial com tendência a estabilização. De 8 a
12 horas a remoção de massa foi de 0.087 g (2,3% do total adicionado). É possivel
que os pigmentos restantes estejam adsorvidos irreversivelmente na superfície dos
poros da argila, formando uma camada superficial, em que a MO está adsorvida por
meio de interações químicas.
Figura 1-Eficiência em termos de porcentagem, na remoção do óleo residual
de argila clarificante: solventes (a e c) e gráfico da cinética da extração com acetona
(b).
A perda de massa (extensão da dessorção) é favorecida com o aumento da
temperatura. Essa perda de massa indica que essa amostra ainda contém uma certa
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Rem
oção
em
%
Hexano
Rec.
Hexano
P.A.
Álcool
Metílico
Álcool
Etílico
Acetona
y = 1,2017x 0,169
R 2 = 0,9404
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0 100 200 300 400 500 600 700 800
T empo de ex tra ç ã o (min)
Per
da
de
mas
sa (
g)a)
b)
c)
Hexano Metanol
Etanol
Acetona
Argila in
natura
Argila
impregnada
com óleo
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quantidade de óleo residual e/ou impurezas adsorvidas nos poros. Pode-se inferir
também que a argila sob ação de altas temperaturas pode estar sofrendo alterações
em sua estrutura já que as curvas de DTA (análise térmica diferencial), segundo
Souza Santos(1), obtidas para as bentonitas apresentam uma faixa de desidratação
entre 80 a 210 °C, relativa as águas que estão nas camadas entre as folhas de
silicatos, somadas às àguas adsorvidas na superfície do material (umidade).
Os gráficos de TG/DTG da argila impregnada com óleo (Figura 2a) mostram
que há uma perda de massa (total) da ordem de 47%, das quais aproximadamente
30 % equivalem à queima de óleo residual. Na análise da derivada da curva
termogravimétrica desta amostra, verifica-se a presença de dois picos de perda de
massa (em 296 e 471oC) durante o seu aquecimento. Essas perdas de massa
ocorrem, principalmente, devido à queima do óleo presente na amostra e a perda de
hidroxilas pela argila, respectivamente.
Tabela 2 - Limites de Atterberg para as massas cerâmicas com argila
impregnada com óleo
Limites de Consistência de Atterberg
Amostra Limite de Limite de Índice de
Liquidez Plasticidade Plasticidade
………………………..%...................................
A0 69 25 44
A5 64 28 36
A10 62 27 35
A20 53 24 29
Considerando que os fornos utilizados para a produção de blocos cerâmicos usam
madeira como combustível e que a energia liberada (calor de combustão) da lenha
varia de 4000 a 5000 cal/g e que o óleo vegetal libera energia muito maior, podemos
inferir que a incorporação da argila impregnada com óleo à massa cerâmica irá
liberar calor durante a sinterização das peças cerâmicas. Essa liberação de calor
pelas peças cerâmicas com argila + óleo incorporada poderá colaborar no processo
de sinterização das peças cerâmicas e para a economia de energia e combustível.
Os limites de consistência de Atterberg (Tabela 2) para as massas cerâmicas
preparadas com a argila impregnada com óleo. Os resultados mostram que as
massas argilosas apresentaram um índice de plasticidade da ordem de 29-44%.
Pode-se notar o efeito desplastificante do resíduo pela diminuição do índice de
plasticidade em função do aumento dos teores do rejeito.
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Propriedades físico mecânicas
a) Retração linear de secagem
Foi verificado que as amostras A0 apresentam maior retração linear de
secagem quando comparada às demais composições, pois quando submetida à
temperatura de 110°C na estufa toda a água presente na amostra evapora e
ocasiona a aproximação das partículas com ocorrência da retração da peça durante
a secagem. As amostras A5 apresentam menor retração devido à adsorção do óleo
pela argila em substituição à água, tornando-se mais difícil a decomposição deste no
interior da massa quando comparado à água a 110°C. A retração linear de secagem
é caracterizada por acréscimo para as amostras A10 e A20 devido à permanência
da água e do óleo na composição quando esta é direcionada ao processo de
secagem.
b) Retração linear de queima
Nota-se que com o aumento da temperatura, ocorre um aumento da retração
linear para todas as argilas conforme ilustra a Tabela 3. A retração linear de queima
das amostras não apresenta alterações de valores significantes nas temperaturas de
950°C e 1050°C. Nestas temperaturas, a amostra A0 apresenta maior retração linear
devido à facilidade de aproximação e coalescimento das partículas durante a queima
quando comparada às demais amostras devido à ausência do óleo quando em
temperaturas inferiores. Observa-se que para adição de 5 e 10% de rejeitos à
massa argilosa, não ocorre alterações dos valores de retração linear. Entretanto nos
corpos de prova com incorporação de 20% dos diferentes teores de argila
impregnada com óleo e com argila recuperada com acetona sofrem uma diminuição
da retração. Ao contrário, a temperatura de queima afeta significativamente a
retração linear dos corpos de prova. Quanto maior for a temperatura de queima,
maior é a retração dos corpos de prova devido o grau de vitrificação ser maior.
c) Análise da porosidade aparente
Os valores obtidos da porosidade aparente evidencia que com o aumento do
teor de óleo na composição a porosidade aparente aumenta. Tal fato se dá devido a
uma maior quantidade de matéria orgânica presente na amostra que contém o óleo
e a partir do aumento da temperatura de queima a matéria orgânica irá se decompor
e deixar nas amostras a presença de vazios o qual ficará mais susceptível a
absorção de água. Se analisarmos em termos de temperatura, os corpos de prova
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quando submetidos à temperatura de queima de 1050°C, ocorre o intenso declínio
da porosidade aparente o que pode estar relacionado com a formação de fase
líquida que permeia os poros existentes no material e ocasiona a densificação da
amostra.
d) Análise de perda ao fogo
As amostras apresentadas na Tabela 3, de modo geral, apresentam elevação
de perda ao fogo (% relacionada ao teor de matéria orgânica) da massa padrão com
o aumento da temperatura. As amostras com adição de óleo apresentam valores
pouco superiores à amostra sem adição de óleo, no entanto, a elevação da perda ao
fogo se dá de forma paralela ao percentual de óleo adicionado à massa, pois, para
as amostras A0 a perda ao fogo é referente à perda de hidroxilas e matéria orgânica
existente na argila em pequena proporção já as amostras A5, A10 e A20 além dos
elementos constituintes receberam em sua composição mais matéria orgânica a
partir da inclusão do óleo na massa. A perda ao fogo de 7,60% está dentro da faixa
habitual para as argilas usadas em cerâmica vermelha, geralmente associada a
perda de constituintes voláteis, queima de matéria orgânica e decomposição de
carbonatos (1).
e) Absorção de água
É possível verificar que o percentual de absorção de água (Tabela 3) aumenta
com a elevação do teor de óleo adicionado às amostras (argila impregnada
com óleo e argila recuperada com acetona), comportamento influenciado pelo
percentual de porosidade aparente das peças. Pode-se observar redução da
absorção de água a partir da elevação da temperatura de queima para
1050°C.
Quando comparadas as amostras sem óleo e com adição de óleo, estas
últimas obtiveram resultados superiores em termos de absorção de água. Os
dados de porosidade aparente dos corpos de prova seguem o mesmo
comportamento observado para a absorção de água. O valor especificado de
absorção de água para tijolos maciços e blocos cerâmicos (< 25%) (5) é
atingido já a partir de 950 ºC.
f) Resistência à compressão e cor de queima
A Tabela 3 apresenta os valores médios de ruptura obtidos para os
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blocos cerâmicos de vedação fabricados com 0 (referência) e até 20% em
peso dos rejeitos. Observa-se um decréscimo do valor obtido para a
resistência à compressão para os blocos cerâmicos de vedação fabricados
com a presença do rejeito quando comparado aos blocos cerâmicos fabricados
sem a incorporação destes residuos. Para os blocos cerâmicos fabricados
somente com a mistura de massa cerâmica o valor da resistência foi de 4,6
MPa, enquanto que para os blocos cerâmicos contendo 20% em peso de argila
impregnada com óleo foi de 3,7 MPa, ou seja, houve uma diminuição em torno
de 20% do valor da resistência quando foi incorporado este resíduo na
composição dos blocos cerâmicos. Tabela 3- Resultados das propriedades mecânicas das formulações das diferentes massas argilosas com os diferentes resíduos oleosos nas diferentes temperaturas de queima
Argila in natura Argila Rec. Acetona Argila Impregnada c/
óleo
950oC 1050o C 950oC 1050o C 950oC 1050o C
Dose Retração Linear de Queima (%)
A0 2,0 2,1 2,0 2,1 2,0 2,1
A5 2,0 2,0 2,0 2.1 1,9 2,1
A10 2,0 2,0 2,0 2.0 1,9 2,0
A20 2,0 2,1 1,6 1,6 1,7 1,9
Dose Porosidade aparente (%)
A0 15,0 12,0 15,0 12,0 15,0 12,0
A5 15,0 12,0 20,2 22,2 25,4 25,6
A10 16,0 12,0 24,6 24,8 28,2 28,4
A20 15,0 10,0 27,2 28,2 29,0 29,4
Dose Perda ao fogo (%)
A0 5,2 5,4 5,2 5,4 5,2 5,4
A5 5,2 5,5 5,5 5,7 5,7 5,9
A10 5,3 5,7 6,3 6,5 7,0 7,4
A20 5,5 5,7 6,6 6,8 7,4 7,7
Dose Absorção de água (%)
A0 12,0 8,0 12,0 8,0 12,0 8,0
A5 12,2 8,2 12,5 9,0 13,6 10,5
A10 12,0 8,0 13,2 10,3 14,5 12,4
A20 12,0 7,9 14,2 12,4 15,3 14,4
Dose Resistência à compressão (MPa)
A0 18,0 19,2 18,0 19,2 18,0 19,2
A5 18,0 19,1 18,2 19,1 18,2 18,8
A10 18,2 19,0 17,0 18,2 17,4 17,8
A20 18,4 19,2 16,2 17,0 15,8 17,1
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Os blocos cerâmicos fabricados com argila impregnada com óleo são em torno
de 10% mais pesados que os blocos cerâmicos comuns, fato comprovado
experimentalmente pela diferença de peso entre eles. Provavelmente este fato
contribui para esta diminuição na resistência à compressão dos blocos que contém
argila impregnada com óleo, pois o ensaio de absorção comprova um aumento do
teor de água nos blocos. Apesar da diminuição do valor apresentado para o ensaio
de resistência quando se aumenta o teor de rejeito oleoso incorporado em massa
cerâmica, os valores encontram-se dentro dos valores estabelecidos para blocos
cerâmicos de vedação (NBR 15.270-3/05)(10), com valor mínimo de 1,5 MPa. A cor
após queima é também um critério importante usado para classificação de uma
massa argilosa para fins cerâmicos. Todos os corpos de prova obtidos no presente
trabalho apresentaram cor vermelha (2,5 YR/6 no dicionário Munsell de cores),
independente do conteúdo do resíduo oleoso adicionado e temperatura de queima
utilizada.
CONCLUSÕES
As propriedades físico-mecânicas são afetadas tanto pelo resíduo oleoso
adicionado quanto pela temperatura de queima. Por meio da análise dos resultados
foi possível observar a influência do óleo nas propriedades físico-mecânicas dos
produtos obtidos, sendo este, responsável pela elevação da absorção de água,
porosidade aparente, perda ao fogo e diminuição da resistência a compressão.
Sendo que o efeito da temperatura é mais acentuado, principalmente na temperatura
de 1050 ºC. A cor de queima vermelha das massas contendo os resíduos é
apropriada para produtos de cerâmica estrutural. Os resultados mostram que o
resíduo oleoso apresenta potencial para ser utilizada como constituinte de massas
argilosas para fabricação de produtos de cerâmica estrutural.
REFERÊNCIAS
1-SOUZA SANTOS, Ciência e Tecnologia de Argilas, Vol.1, 3ª edição. Ed. Edgard Blücher Ltda., S. Paulo, SP p. 214, 1997) 2- FOLETTO, E.L; ALVES, C. C. A.; e PORTO, L. M., Regeneração e Reutilização
de uma Argila Comercial Utilizada na Clarificação de Óleo Vegetal, Departamento de Engenharia Química e Engenharia de Alimentos Universidade Federal de Santa Catarina, Janeiro/Fevereiro, 2003.
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[3] ABNT, NBR MB-305, Solo: Determinação da Retração Linear (1984).
[4] ASTM, C 378-88, Test Method for Water Absorption, Bulk Density, Apparent Porosity, and Apparent Specific Gravity of Fired Whiteware Products (1988).
[5]- NBR 15.270-3/05 - Componentes Cerâmicos. Parte 3: Blocos Cerâmicos para Alvenaria Estrutural e de Vedação – Métodos de Ensaio (2005)
[6] ABNT, NBR 6459-84, Solo: Determinação do Limite de Liquidez (1984).
[7] ABNT, NBR 7180-84, Solo: Determinação do Limite de Plasticidade (1984).
CLAY SMECTITE LOADED FOR REUSE WITH VEGETABLE OIL BLOCKS IN PRODUCTION OF CERAMIC
ABSTRACT: This study aimed to carry out the recovery clarifier clay used in oleifera
industry refining process and assess their applicability as raw recyclable material in the production of ceramic blocks. The acetone was the most efficient extraction of residual solvent in the oil adsorbent used. specimens were made (CPs) to the clay
impregnated with oil and recovered with acetone in clayey masses with levels of 0, 5, 10 and 20%, and sintered at 950 and 1150º C. For analysis of physical and mechanical properties were tests performed to obtain the moisture content, linear
shrinkage, loss on ignition, apparent porosity, water absorption, bulk density and compressive strength. The results are that the oil impregnated in the clay does not influence the results of key quality tests evaluated for CPs with 10% increase of
residual fining clay raw and recovered.
Key-words: clarifier clay, physical and mechanical properties, recycling.
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