uso racional e propaganda de medicamentos maria beatriz cardoso ferreira docente do departamento de...

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USO RACIONAL E PROPAGANDA DE USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área de Farmacologia Pesquisadora CNPq na área de Farmacologia Coordenação e facilitação de Cursos Sobre Ensino Para o Uso Coordenação e facilitação de Cursos Sobre Ensino Para o Uso Racional de Medicamentos (ANVISA, OPAS) Racional de Medicamentos (ANVISA, OPAS) Endereço eletrônico: Endereço eletrônico: [email protected] Ausência De Conflitos De Interesse Ausência De Conflitos De Interesse

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Page 1: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

USO RACIONAL E PROPAGANDA USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOSDE MEDICAMENTOS

Maria Beatriz Cardoso FerreiraMaria Beatriz Cardoso Ferreira

Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGSDocente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGSPesquisadora CNPq na área de FarmacologiaPesquisadora CNPq na área de Farmacologia

Coordenação e facilitação de Cursos Sobre Ensino Para o Uso Racional de Coordenação e facilitação de Cursos Sobre Ensino Para o Uso Racional de Medicamentos (ANVISA, OPAS)Medicamentos (ANVISA, OPAS)

Endereço eletrônico:Endereço eletrônico: [email protected]

Ausência De Conflitos De InteresseAusência De Conflitos De Interesse

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O QUE ÉO QUE ÉUSO RACIONAL DE MEDICAMENTOS?USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS?

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PRINCÍPIOS DE USO DE MEDICAMENTOSPRINCÍPIOS DE USO DE MEDICAMENTOS

Mas há 30 anos ...Mas há 30 anos ...

USO TRADICIONALUSO TRADICIONAL

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XX

CIÊNCIACIÊNCIA RELIGIÃORELIGIÃO

PRINCÍPIOS DE USO DE MEDICAMENTOSPRINCÍPIOS DE USO DE MEDICAMENTOSUSO RELIGIOSOUSO RELIGIOSO

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Isto é ultrapassado!Isto é ultrapassado!Eu só uso o que há de mais Eu só uso o que há de mais

moderno nessa área...moderno nessa área...

PRINCÍPIOS DE USO DE MEDICAMENTOSPRINCÍPIOS DE USO DE MEDICAMENTOSUSO “FASHION”USO “FASHION”

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USO NÃO-RACIONAL DE MEDICAMENTOSUSO NÃO-RACIONAL DE MEDICAMENTOSUso excessivo faz com que, a cada ano, novos Uso excessivo faz com que, a cada ano, novos

produtos sejam lançados, sem que isso produtos sejam lançados, sem que isso necessariamente redunde em proporcional melhora no necessariamente redunde em proporcional melhora no

estado geral de saúde dos consumidores.estado geral de saúde dos consumidores.

Estudo francêsEstudo francêsDe 508 novos produtos farmacêuticos lançados entre 1975 De 508 novos produtos farmacêuticos lançados entre 1975

e 1984, 70% não ofereciam vantagens terapêuticas.e 1984, 70% não ofereciam vantagens terapêuticas.

Avaliação da FDAAvaliação da FDADe 348 novos medicamentos comercializados entre 1981 e De 348 novos medicamentos comercializados entre 1981 e 1988, só 3% representaram uma contribuição importante 1988, só 3% representaram uma contribuição importante

em relação aos tratamentos já existentes.em relação aos tratamentos já existentes.

Page 7: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

““Existe uso racional quando os Existe uso racional quando os pacientes recebem os medicamentos pacientes recebem os medicamentos

apropriados à sua condição clínica, em apropriados à sua condição clínica, em doses adequadas às suas necessidades doses adequadas às suas necessidades

individuais, por um período de tempo individuais, por um período de tempo adequado e ao menor custo possível para adequado e ao menor custo possível para

eles e sua comunidade.”eles e sua comunidade.”

OMS, Conferência Mundial Sobre Uso Racional de Medicamentos, OMS, Conferência Mundial Sobre Uso Racional de Medicamentos, Nairobi, 1985.Nairobi, 1985.

USO RACIONAL DE MEDICAMENTOSUSO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

Page 8: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

15% da população mundial consomem mais de 90% do que é produzido 15% da população mundial consomem mais de 90% do que é produzido pelas indústrias farmacêuticas.pelas indústrias farmacêuticas. 25-70% do gasto em saúde nos países em desenvolvimento 25-70% do gasto em saúde nos países em desenvolvimento correspondem a gastos com medicamentos, comparativamente a menos de correspondem a gastos com medicamentos, comparativamente a menos de 15% nos países desenvolvidos.15% nos países desenvolvidos. 50-70% das consultas médicas geram uma prescrição medicamentosa.50-70% das consultas médicas geram uma prescrição medicamentosa. 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou usados 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou usados inadequadamente.inadequadamente. Somente 50 % dos pacientes, em média, tomam corretamente seus Somente 50 % dos pacientes, em média, tomam corretamente seus medicamentos.medicamentos. Brundtland, Gro Harlem. Global partnerships for health. Brundtland, Gro Harlem. Global partnerships for health. WHO Drug WHO Drug InformationInformation 1999; 13 (2): 61-64. 1999; 13 (2): 61-64.

POR QUE PROMOVERPOR QUE PROMOVERO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS?O USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS?

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O QUE É PROPAGANDA?O QUE É PROPAGANDA?

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““Conjunto de técnicas utilizadas com objetivo de Conjunto de técnicas utilizadas com objetivo de divulgar conhecimentos e/ou promover adesão a divulgar conhecimentos e/ou promover adesão a

princípios, idéias ou teorias, visando exercer influência princípios, idéias ou teorias, visando exercer influência sobre o público por meio de ações que objetivem sobre o público por meio de ações que objetivem

promover determinado medicamento com fins promover determinado medicamento com fins comerciais”comerciais”

Resolução – RDC NResolução – RDC No o 102, de 30 de novembro de 2000102, de 30 de novembro de 2000

PROPAGANDA/PUBLICIDADEPROPAGANDA/PUBLICIDADE

Page 11: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

Etimologicamente, propaganda deriva de propagar.Etimologicamente, propaganda deriva de propagar.Já publicidade tem origem em público.Já publicidade tem origem em público.

PROPAGANDA: visa criar opinião favorável a PROPAGANDA: visa criar opinião favorável a determinado produto, serviço, instituição ou idéia, de determinado produto, serviço, instituição ou idéia, de

modo a orientar o comportamento humano em modo a orientar o comportamento humano em determinado sentido.determinado sentido.

PUBLICIDADE: relaciona-se à promoção de produtos e PUBLICIDADE: relaciona-se à promoção de produtos e serviços, cultivando a preferência pela marca; é a serviços, cultivando a preferência pela marca; é a

propaganda com objetivos comerciais.propaganda com objetivos comerciais.

PROPAGANDA e PUBLICIDADEPROPAGANDA e PUBLICIDADE

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““É a técnica de convencer os indivíduos de que É a técnica de convencer os indivíduos de que têm a necessidade absoluta, vital, de algo que têm a necessidade absoluta, vital, de algo que

jamais imaginaram precisar”.jamais imaginaram precisar”.

SEDUÇÃOSEDUÇÃOPODER DE PERSUASÃOPODER DE PERSUASÃO

PROPAGANDA/PUBLICIDADEPROPAGANDA/PUBLICIDADE

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E QUAL É A RELAÇÃO ENTREE QUAL É A RELAÇÃO ENTREUSO RACIONAL EUSO RACIONAL E

PROPAGANDA/PUBLICIDADEPROPAGANDA/PUBLICIDADEDE MEDICAMENTOS?DE MEDICAMENTOS?

Distinção entreDistinção entrepromoção de produtos com objetivos comerciaispromoção de produtos com objetivos comerciais

eedisseminação de informações científicasdisseminação de informações científicas

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Distinção entre promoção de produtos Distinção entre promoção de produtos com objetivos comerciais ecom objetivos comerciais e

disseminação de informações científicasdisseminação de informações científicas

““... ... Ethical pharmaceutical companies Ethical pharmaceutical companies should communicate should communicate important developments in medical science to the medical important developments in medical science to the medical professionprofession. The medical information department at Bayer will be . The medical information department at Bayer will be pleased to supply scientific and technical information relating to pleased to supply scientific and technical information relating to such developments to any member of the profession in Britain such developments to any member of the profession in Britain so that individual doctors can assess such information and so that individual doctors can assess such information and formulate their own prescribing policiesformulate their own prescribing policies.”.”

Graham Leighton, Michael E. Telford. Graham Leighton, Michael E. Telford. BMJBMJ 1997; 315: 1621 (13 December). 1997; 315: 1621 (13 December).

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““Existe uso racional quando os pacientes Existe uso racional quando os pacientes recebem os medicamentos apropriados à sua recebem os medicamentos apropriados à sua

condição clínica...”condição clínica...”

Diagnóstico: Diagnóstico: medicalização da vida; massificação da conduta medicalização da vida; massificação da conduta versus versus análise das condições específicas do paciente.análise das condições específicas do paciente.

Eficácia clínica: Eficácia clínica: uso da melhor evidência disponível (medidas de uso da melhor evidência disponível (medidas de impacto clínico)impacto clínico)

USO RACIONAL DE MEDICAMENTOSUSO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

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INFORMAÇÕES SEM APRESENTAÇÃO DAS EVIDÊNCIASINFORMAÇÕES SEM APRESENTAÇÃO DAS EVIDÊNCIASPropagandas de produtos farmacêuticos em 10 fascículos consecutivos de Propagandas de produtos farmacêuticos em 10 fascículos consecutivos de

BMJBMJ (março a maio de 1997) (março a maio de 1997)

46 diferentes propagandas de 40 produtos farmacêuticos46 diferentes propagandas de 40 produtos farmacêuticos

ausência de referências: 15 (32,6%)ausência de referências: 15 (32,6%)

apenas referências não publicadas: 7 (15,2%)apenas referências não publicadas: 7 (15,2%)

apenas referências publicadas: 15 (32,6%)apenas referências publicadas: 15 (32,6%)

referências publicadas e não publicadas: 9 (19,6%)referências publicadas e não publicadas: 9 (19,6%)

qualquer referência de publicação com corpo de revisores: 40%qualquer referência de publicação com corpo de revisores: 40%

55 referências de publicações com corpo de revisores: 13 55 referências de publicações com corpo de revisores: 13 abstractsabstracts ou ou simpósios patrocinados pela indústria, publicados na própria revista (4) ou em simpósios patrocinados pela indústria, publicados na própria revista (4) ou em suplementos (9)suplementos (9)

Mindell J; Kemp T. Mindell J; Kemp T. BMJBMJ 1997; 315(7122): 1621 1997; 315(7122): 1621

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INFORMAÇÕES SEM APRESENTAÇÃO DAS EVIDÊNCIASINFORMAÇÕES SEM APRESENTAÇÃO DAS EVIDÊNCIASIdentificação de propagandas de Identificação de propagandas de BMJBMJ em 6 meses em 6 meses

(julho a dezembro de 1996)(julho a dezembro de 1996)

63 medicamentos em 81 diferentes propagandas63 medicamentos em 81 diferentes propagandas

citação de apenas 2 metanálises e 41 ensaios clínicoscitação de apenas 2 metanálises e 41 ensaios clínicos (vários na mesma propaganda)(vários na mesma propaganda)

apenas 25% com alto nível de evidênciaapenas 25% com alto nível de evidência

50% sem qualquer tipo de evidência para embasamento da prescrição50% sem qualquer tipo de evidência para embasamento da prescrição

Smart S; Williams C. Smart S; Williams C. BMJBMJ 1997; 315(7122): 1621 1997; 315(7122): 1621

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EVIDÊNCIAS GERADAS COM A PROMOÇÃO DAS EVIDÊNCIAS GERADAS COM A PROMOÇÃO DAS INDÚSTRIAS FARMACÊUTICASINDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS

Estudos patrocinados pelas indústrias farmacêuticasEstudos patrocinados pelas indústrias farmacêuticas

Associação estatisticamente significativa entre esse patrocínio e asAssociação estatisticamente significativa entre esse patrocínio e as conclusões obtidas nos estudos.conclusões obtidas nos estudos. ((LancetLancet 2000; 356(9230): 635-638 / 2000; 356(9230): 635-638 / BMJBMJ 2002; 325(7358): 249-253 / 2002; 325(7358): 249-253 / BMJBMJ 2003; 326(400): 1167-1170) 2003; 326(400): 1167-1170)

Análise de estudos publicados em 13 revistas de cirurgia e clínica:Análise de estudos publicados em 13 revistas de cirurgia e clínica: 39% foram favoráveis ao novo tratamento ou produto da indústria;39% foram favoráveis ao novo tratamento ou produto da indústria; 62% daqueles envolvendo medicamentos foram custeados pela indústria;62% daqueles envolvendo medicamentos foram custeados pela indústria; em estudos com fármacos, observou-se RC = 1,6 (IC95%: 1,1 – 2,8) paraem estudos com fármacos, observou-se RC = 1,6 (IC95%: 1,1 – 2,8) para resultado positivo naqueles promovidos pela indústriaresultado positivo naqueles promovidos pela indústria ((CMAJCMAJ 2004; 170(4): 477-480) 2004; 170(4): 477-480)

Estimativa, a partir de metanálise de 1.140 artigos, de RC = 3,60Estimativa, a partir de metanálise de 1.140 artigos, de RC = 3,60 (IC95%: 2,63 - 4,91)(IC95%: 2,63 - 4,91) ( (JAMAJAMA 2003; 289(4): 454-465) 2003; 289(4): 454-465)

Unindo dados dos estudosUnindo dados dos estudos ((JAMAJAMA 2003; 289(4): 454-465 / BMC Health Serv Res 2002; 2003; 289(4): 454-465 / BMC Health Serv Res 2002; 2(1): 18-24 / 2(1): 18-24 / CMAJCMAJ 2004; 170(4): 477-480 2004; 170(4): 477-480): ): RC = 2,3 (IC95%: 1,3 – 4,1)RC = 2,3 (IC95%: 1,3 – 4,1)

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EVIDÊNCIAS GERADAS COM A PROMOÇÃO DAS EVIDÊNCIAS GERADAS COM A PROMOÇÃO DAS INDÚSTRIAS FARMACÊUTICASINDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS

Razões levantadas para a observação de associação estatisticamente Razões levantadas para a observação de associação estatisticamente significativa entre patrocínio pelas indústrias farmacêuticas e conclusões significativa entre patrocínio pelas indústrias farmacêuticas e conclusões

positivas dos ensaios clínicospositivas dos ensaios clínicos

Qualidade da metodologia empregada: não justifica os resultados.Qualidade da metodologia empregada: não justifica os resultados. Questionamento de interesse próprio da indústria farmacêutica.Questionamento de interesse próprio da indústria farmacêutica.

Escolha inapropriada da intervenção para ser comparada ao novo Escolha inapropriada da intervenção para ser comparada ao novo tratamento proposto, sendo freqüentemente escolhido como controle um tratamento proposto, sendo freqüentemente escolhido como controle um grupo que recebe placebo.grupo que recebe placebo.

Ausência de divulgação de resultados negativos (pela indústria ou pelas Ausência de divulgação de resultados negativos (pela indústria ou pelas publicações).publicações).

Emprego de doses menores ou maiores que as recomendadas para o Emprego de doses menores ou maiores que as recomendadas para o tratamento padrão (controle), de modo a reduzir a eficácia ou aumentar os tratamento padrão (controle), de modo a reduzir a eficácia ou aumentar os efeitos adversos, respectivamente.efeitos adversos, respectivamente.

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““Existe uso racional quando os pacientes Existe uso racional quando os pacientes recebem os medicamentos... em doses recebem os medicamentos... em doses

adequadas às suas necessidades individuais, por adequadas às suas necessidades individuais, por um período de tempo adequado...”um período de tempo adequado...”

Doses analisadasDoses analisadas

Tempo de tratamento avaliado nos estudosTempo de tratamento avaliado nos estudos

USO RACIONAL DE MEDICAMENTOSUSO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

Page 21: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

““Existe uso racional quando os pacientes Existe uso racional quando os pacientes recebem os medicamentos... ao menor custo recebem os medicamentos... ao menor custo

possível para eles e sua comunidade.”possível para eles e sua comunidade.”

Reações adversas a medicamentosReações adversas a medicamentos

Custo econômicoCusto econômico

USO RACIONAL DE MEDICAMENTOSUSO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

Page 22: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOSREAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS Ocorrência em 10-20% pacientes hospitalizadosOcorrência em 10-20% pacientes hospitalizados Responsáveis por 1,7-6,0% das admissõesResponsáveis por 1,7-6,0% das admissões 1,5-35% durante a internação (26% em hospital universitário brasileiro)1,5-35% durante a internação (26% em hospital universitário brasileiro) Quarta causa estimada de morte em serviços de urgência nos EUAQuarta causa estimada de morte em serviços de urgência nos EUA Aumento significativo de tempo de internação, custos hospitalares e Aumento significativo de tempo de internação, custos hospitalares e individuaisindividuais

Alertas mínimos ou ausentes sobre sua ocorrência em propaganda de Alertas mínimos ou ausentes sobre sua ocorrência em propaganda de medicamentosmedicamentos Falsa idéia de segurança: condiciona o profissional de saúde a buscar Falsa idéia de segurança: condiciona o profissional de saúde a buscar outras causas para as manifestações apresentadas (“cascata da outras causas para as manifestações apresentadas (“cascata da prescrição”)prescrição”)

USO RACIONAL DE MEDICAMENTOSUSO RACIONAL DE MEDICAMENTOSE PROPAGANDA/PUBLICIDADEE PROPAGANDA/PUBLICIDADE

Page 23: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

CUSTOSCUSTOS Mensagens implícitas:Mensagens implícitas: “ “o que é bom custa mais caro”o que é bom custa mais caro” “ “o preço não importa, frente à possibilidade de o preço não importa, frente à possibilidade de obtenção do que se deseja (cura dos males ou obtenção do que se deseja (cura dos males ou cessação do sofrimento)”cessação do sofrimento)”

Estudo mostrou que contato freqüente com Estudo mostrou que contato freqüente com representantes das indústrias farmacêuticas representantes das indústrias farmacêuticas associa-se de modo forte e independente com associa-se de modo forte e independente com maiores custos de prescrição.maiores custos de prescrição.

PROPAGANDA/PUBLICIDADEPROPAGANDA/PUBLICIDADEDE MEDICAMENTOSDE MEDICAMENTOS

ANALGÉSICOANALGÉSICO

Page 24: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

MAS SERÁ QUE A PROPAGANDA INFLUENCIA MAS SERÁ QUE A PROPAGANDA INFLUENCIA REALMENTE A PRESCRIÇÃO?REALMENTE A PRESCRIÇÃO?

Visitas de representantes de Visitas de representantes de laboratórios a consultórios, hospitais laboratórios a consultórios, hospitais

e ambientes acadêmicose ambientes acadêmicos

Patrocínio de eventos científicos Patrocínio de eventos científicos diversosdiversos

Page 25: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

• Em estudo sobre uso de novos medicamentos nos EUA, os médicos Em estudo sobre uso de novos medicamentos nos EUA, os médicos entrevistados (especialistas e de atenção primária) relataram que vêem os entrevistados (especialistas e de atenção primária) relataram que vêem os representantes das indústrias farmacêuticas como uma fonte importante de representantes das indústrias farmacêuticas como uma fonte importante de informação. Para alguns, são sua única fonte de informação informação. Para alguns, são sua única fonte de informação (Jones MI et al. (Jones MI et al. BMJBMJ 2001; 323: 1-7 [4 Aug]).2001; 323: 1-7 [4 Aug]).

• Em estudo envolvendo 430 médicos, informação sobre os últimos fármacos Em estudo envolvendo 430 médicos, informação sobre os últimos fármacos novos prescritos foi derivada de informações de representantes das indústrias novos prescritos foi derivada de informações de representantes das indústrias farmacêuticas em 42% dos casos farmacêuticas em 42% dos casos (McGettigan P et al. (McGettigan P et al. Br J Clin PharmacolBr J Clin Pharmacol 2001; 51: 184-9). 2001; 51: 184-9).

• Em estudo sobre o uso de 2 fármacos descritos na literatura como ineficazes, Em estudo sobre o uso de 2 fármacos descritos na literatura como ineficazes, mas pesadamente promovidos como tendo eficácia, 68% dos médicos mas pesadamente promovidos como tendo eficácia, 68% dos médicos entrevistados consideraram a propaganda minimamente importante como entrevistados consideraram a propaganda minimamente importante como fonte de influência. No entanto, 49-71% relatavam informações similares às das fonte de influência. No entanto, 49-71% relatavam informações similares às das indústrias sobre os 2 fármacos em estudo indústrias sobre os 2 fármacos em estudo (Arvon J et al. (Arvon J et al. Am J MedAm J Med 1982; 73(1): 4-8). 1982; 73(1): 4-8).

INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA SOBRE A INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA SOBRE A PRESCRIÇÃOPRESCRIÇÃO

Page 26: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

• Número de presentes que o médico recebe correlaciona-se com a crença de Número de presentes que o médico recebe correlaciona-se com a crença de que os representantes não exercem impacto no comportamento de que os representantes não exercem impacto no comportamento de prescrição prescrição (Warzana A. (Warzana A. JAMAJAMA 2000; 283: 373-380). 2000; 283: 373-380).

• Em apresentações de representantes farmacêuticos promovendo seus Em apresentações de representantes farmacêuticos promovendo seus produtos foi detectada uma taxa de 11% de afirmativas falsas. No entanto, produtos foi detectada uma taxa de 11% de afirmativas falsas. No entanto, apenas 26% dos médicos que assistiram essas apresentações detectaram apenas 26% dos médicos que assistiram essas apresentações detectaram pelo menos uma dessas incorreções pelo menos uma dessas incorreções (Ziegler MG et al. (Ziegler MG et al. JAMAJAMA 1995; 273(16): 1296-1298). 1995; 273(16): 1296-1298).

• Observou-se associação entre encontros dos médicos com representantes Observou-se associação entre encontros dos médicos com representantes das indústrias farmacêuticas e maior requisição de inclusão em formulários das indústrias farmacêuticas e maior requisição de inclusão em formulários hospitalares dos medicamentos promovidos. Houve, ainda, associação com hospitalares dos medicamentos promovidos. Houve, ainda, associação com alterações na prática de prescrição, incluindo aumento de seu custo e alterações na prática de prescrição, incluindo aumento de seu custo e prescrição menos racional prescrição menos racional (Warzana A. (Warzana A. JAMAJAMA 2000; 283: 373-380). 2000; 283: 373-380).

INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA SOBRE A INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA SOBRE A PRESCRIÇÃOPRESCRIÇÃO

Page 27: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

Propaganda de medicamentos para consumidores – isto pode Propaganda de medicamentos para consumidores – isto pode pressionar o médico a prescrever determinado medicamento?pressionar o médico a prescrever determinado medicamento?

• 57% de médicos entrevistados nos EUA relataram que os pacientes 57% de médicos entrevistados nos EUA relataram que os pacientes freqüentemente chegam com propaganda de medicamentos em suas mãos freqüentemente chegam com propaganda de medicamentos em suas mãos ou referindo-se a material promocional (ou referindo-se a material promocional (Josefson D. Josefson D. BMJBMJ 1997; 315: 445-448 [23 Aug]). 1997; 315: 445-448 [23 Aug]).

• A expectativa do paciente de receber medicamento parece ser superior à A expectativa do paciente de receber medicamento parece ser superior à percepção do médico e ao nível de prescrição. Em estudo realizado na percepção do médico e ao nível de prescrição. Em estudo realizado na Inglaterra (Inglaterra (Britten N, Ukoumunne O. Britten N, Ukoumunne O. BMJBMJ 1997; 315: 1506-1510 [6 Dec]) 1997; 315: 1506-1510 [6 Dec]):: 67% dos pacientes esperavam por uma prescrição;67% dos pacientes esperavam por uma prescrição; 25% destes não a receberam;25% destes não a receberam; em 66% das prescrições, elas estavam indicadas e eram esperadas;em 66% das prescrições, elas estavam indicadas e eram esperadas; a percepção do médico sobre as expectativas do paciente foi o principal a percepção do médico sobre as expectativas do paciente foi o principal determinante para a decisão de prescrever.determinante para a decisão de prescrever.

INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA SOBRE A INFLUÊNCIA DA PROPAGANDA SOBRE A PRESCRIÇÃOPRESCRIÇÃO

Page 28: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

Reguladoras: legislação, diretrizes nacionais de tratamento, Reguladoras: legislação, diretrizes nacionais de tratamento, lista de medicamentos essenciais, formulário terapêutico lista de medicamentos essenciais, formulário terapêutico

nacionalnacional

Gerenciais: Comitês de Farmácia e TerapêuticaGerenciais: Comitês de Farmácia e Terapêutica

Educativas: ensino de farmacoterapia baseado em solução Educativas: ensino de farmacoterapia baseado em solução de problemas e em evidências; ensino permanente de de problemas e em evidências; ensino permanente de

profissionais de saúdeprofissionais de saúde

De pesquisa: financiamento de fontes não comerciais, sobre De pesquisa: financiamento de fontes não comerciais, sobre questionamentos clinicamente relevantes e abordando também questionamentos clinicamente relevantes e abordando também

condições clínicas típicas de países em desenvolvimento condições clínicas típicas de países em desenvolvimento (menor poder aquisitivo).(menor poder aquisitivo).

ESTRATÉGIAS PARA O USO RACIONALESTRATÉGIAS PARA O USO RACIONALDE MEDICAMENTOSDE MEDICAMENTOS

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USO RACIONAL DE MEDICAMENTOSUSO RACIONAL DE MEDICAMENTOSCriação de nossos Criação de nossos slogansslogans publicitários publicitários

Medicamentos.Medicamentos.Prescreva com moderação!Prescreva com moderação!

Medicamento é como gente.Medicamento é como gente.Tem qualidades e defeitos.Tem qualidades e defeitos.

Não se deixe enganar!Não se deixe enganar!Seja mais inteligente!Seja mais inteligente!

Page 30: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

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USO RACIONAL DE MEDICAMENTOSUSO RACIONAL DE MEDICAMENTOSCriação de nossos Criação de nossos slogansslogans publicitários publicitários

Medicamento é como gente. Tem qualidades e defeitos. As Medicamento é como gente. Tem qualidades e defeitos. As qualidades – a gente admira. Os defeitos – a gente agüenta ou qualidades – a gente admira. Os defeitos – a gente agüenta ou não. Por isso, podemos ficar, namorar ou até se juntar com algum não. Por isso, podemos ficar, namorar ou até se juntar com algum medicamento. Mas ele deve atender ao nosso jeito de ser (eficácia medicamento. Mas ele deve atender ao nosso jeito de ser (eficácia para a condição clínica), deve ter uma convivência regrada (dose e para a condição clínica), deve ter uma convivência regrada (dose e tempo de tratamento) e não deve proporcionar mais problemas do tempo de tratamento) e não deve proporcionar mais problemas do que aqueles que já temos (custo econômico e reações adversas).que aqueles que já temos (custo econômico e reações adversas).

Page 31: USO RACIONAL E PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS Maria Beatriz Cardoso Ferreira Docente do Departamento de Farmacologia – ICBS/UFRGS Pesquisadora CNPq na área

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