farmacologia (resumos)

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Conceitos Gerais Matéria-prima: nome genérico dado a todas as substâncias utilizadas em Farmácia para preparação de medicamentos, que sejam compostos biologicamente activos, quer sejam compostos sem actividade farmacológica intrínseca. Excipiente: nome genérico dado a certas substâncias empregues em Farmácia, biologicamente inactivas, essenciais para o fabrico de medicamento final e para a obtenção do efeito terapêutico desejado do fármaco em causa (Excepientes e Adjuvantes) Droga: Nome genérico de certas substâncias ou matérias-primas, minerais, animais ou vegetais, empregues em Medicina, com finalidade medicamentosa ou sanitária Sinónimo de Fármaco ou de qualquer substância quimicamente definida, que possua acção sobre sistemas orgânicos, podendo ter origem natural ou sintética Fármaco: Todas as drogas utilizadas em Farmácia, com acção farmacológica ou com interesse médico Toda a matéria-prima de origem vegetal, animal, mineral, humana ou de síntese química, de estrutura definida por método adequado, à qual se atribui uma actividade farmacológica apropriada para constituir um Medicamento Qualquer substância com actividade endógena, utilizada com fim medicinal Todos os agentes químicos capazes de modificar as funções dos seres vivos Exercem Acções Farmacológicas o Quando um fármaco exerce acções altamente nocivas para o organismo humano – Substância tóxica ou veneno o Acções farmacológicas podem resultar, para os humanos ou para os animais, efeitos benéficos no tratamento de doenças – Efeitos terapêuticos – designam-se Medicamentos Medicamento: Produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico 1

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Page 1: Farmacologia (resumos)

Conceitos Gerais

Matéria-prima: nome genérico dado a todas as substâncias utilizadas em Farmácia para preparação de medicamentos, que sejam compostos biologicamente activos, quer sejam compostos sem actividade farmacológica intrínseca.

Excipiente: nome genérico dado a certas substâncias empregues em Farmácia, biologicamente inactivas, essenciais para o fabrico de medicamento final e para a obtenção do efeito terapêutico desejado do fármaco em causa (Excepientes e Adjuvantes)

Droga:

Nome genérico de certas substâncias ou matérias-primas, minerais, animais ou vegetais, empregues em Medicina, com finalidade medicamentosa ou sanitária

Sinónimo de Fármaco ou de qualquer substância quimicamente definida, que possua acção sobre sistemas orgânicos, podendo ter origem natural ou sintética

Fármaco:

Todas as drogas utilizadas em Farmácia, com acção farmacológica ou com interesse médico

Toda a matéria-prima de origem vegetal, animal, mineral, humana ou de síntese química, de estrutura definida por método adequado, à qual se atribui uma actividade farmacológica apropriada para constituir um Medicamento

Qualquer substância com actividade endógena, utilizada com fim medicinal

Todos os agentes químicos capazes de modificar as funções dos seres vivos

Exercem Acções Farmacológicas

o Quando um fármaco exerce acções altamente nocivas para o organismo humano – Substância tóxica ou veneno

o Acções farmacológicas podem resultar, para os humanos ou para os animais, efeitos benéficos no tratamento de doenças – Efeitos terapêuticos – designam-se Medicamentos

Medicamento:

Produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico

Forma Farmacêutica complexa que contém o fármaco, geralmente em associação com excipientes e adjuvantes farmacêuticos inertes

Especialidade Farmacêutica: nome comum dado a todos os Medicamentos de fabrico industrial e introduzidos no mercado com denominações e acondicionamento próprios

Medicamentos genéricos:

São produtos farmacêuticos desenvolvidos e fabricados a partir de princípios activos, formas farmacêuticas e dosagem idênticas às de um medicamento considerado de referência, para o princípio activo em causa, já existente no mercado farmacêutico.

Para fins terapêuticos, os medicamentos genéricos são produtos essencialmente similares aos medicamentos de marca (Especialidades Farmacêuticas), contendo os mesmos princípios activos, sob a forma farmacêutica, com dosagem idêntica e igual indicação terapêutica

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Page 2: Farmacologia (resumos)

Classificação dos fármacos:

Origem Natural:

o Obtidos através de diversos processos de extracção e de purificação a partir de matérias-primas existentes na Natureza, sendo utilizados em terapêutica sem lhes serem efectuadas operações de transformação química

Mineral

Vegetal

Fungos

Animal

M.O

Origem Semi-sintética:

o Obtidos através do aproveitamento da molécula farmacológica natural, à qual se retiram, acrescentam ou substituem determinados grupos químicos, de modo a melhorar os seus efeitos terapêuticos

o Todas as substâncias activas resultantes de transformações química parciais operadas industrialmente em substâncias naturais

Origem Sintética:

o Fármacos obtidos em laboratório, através da utilização de técnicas de química orgânica, que visam a construção de moléculas biologicamente activas e complexas, com racionalização das etapas sintéticas, grau de pureza analítico e rendimento sintético máximos

o Substâncias activas úteis em terapêutica de complexidade variável, que apresentam melhor perfil farmacoterapêutico, análogas a substâncias existentes na natureza, mimetizantes de substâncias orgânicas complexas ou estritamente artificiais

Fármacos Organotrópicos: condicionam a alteração de um parâmetro biológico, num sentido favorável à recuperação.

Fármaco Etiotrópico: actuam sobre agentes patogénicos que infectam o organismo, quer por destruição dos m.o, quer impedindo a sua multiplicação

Fármaco substituição: compensam a deficiência de uma dada substância, podendo ser de uso temporário ou permanente.

Fármaco etiológico: tratam a causa de uma doença (infecciosas e parasitárias)

Fármaco preventivo: utilizados como quimioprevenção para evitar situações patológicas prováveis em certas circunstâncias

Fármaco diagnóstico: substâncias capazes de absorver raios X (contrastes); compostos e reagentes para avaliação do funcionamento de glândulas endócrinas; preparações radiofarmacêuticas

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Page 3: Farmacologia (resumos)

Sistemas de classificação de Fármacos

ATC – sistema mais utilizado no âmbito internacional para classificação de moléculas com acção terapêutica; classificação dos fármacos com diferentes grupos, de acordo com: sistema ou órgão sobre o qual actuam, as suas propriedades químicas, farmacológicas e terapêuticas

CFT – sistema para classificação de substância com acção terapêutica utilizado pelo ST e pelo PT, obras de referência; classificação dos fármacos em diferentes grupos, de acordo com as suas propriedades farmacológicas e terapêuticas

Farmacologia:

Ramo da ciência que se dedica ao estudo das substâncias que interagem com os sistemas vivos por meio de processos químicos.

Engloba o conhecimento da história, origem, propriedades físicas e químicas, associações, efeitos bioquímicos e fisiológicos, mecanismos de absorção, biotransformação e excreção de fármacos, para uso terapêutico ou não.

Farmacologia médica: estudo das substâncias utilizadas na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, abrangendo a composição dos medicamentos, propriedades, interacções, toxicologia e efeitos terapêuticos que podem ser úteis em terapêutica

Farmacoterapia: estudo da aplicação dos fármacos existentes no arsenal terapêutico à pratica clínica para prevenção e tratamento de doenças

Farmacognosia: estudo das matérias-primas naturais, para obtenção, identificação e isolamento de princípios activos potencialmente úteis em terapêutica

Farmacotécnica: estudo dos diversos processos necessários para o fabrico de medicamentos, de modo a proporcionar o uso mais adequado para cada fármaco.

Farmacologia clínica: ramo da farmacologia que avalia a segurança e eficácia dos fármacos nos seres humanos.

Toxicologia: ramo da farmacologia que estuda os efeitos adversos dos fármacos e dos agentes tóxicos em geral

Farmacocinética: ramo da farmacologia que estuda quantitativamente os fenómenos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção dos fármacos.

Farmacodinâmica: ramo da farmacologia que estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de acção

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Page 4: Farmacologia (resumos)

Vias de Administração

Factores que determinam a escolha da via:

Tipo de acção desejada

Rapidez de acção necessária

Natureza do medicamento

Disponibilidade física

Classificação das Vias de AdministraçãoEnterais Parenterais Tópicas

Oral Sublingual Rectal

Endovenosa Intramuscular Subcutânea Percutânea Inalatória

Intra-óssea

Cutânea Inalatória Oftálmica Vaginal Auricular Bucal Oral Rectal Uretral

Intra-arterial Intra-articular Intrapleural Intraperitoneal Intracardíaca Intratecal Epidural

Aplicação Tópica:

Visam obter um efeito terapêutico numa área localizada do organismo

Algumas das vias de aplicação tópica podem também ser utilizadas para administração sistémica intencional ou acidental (indesejável)

Riscos comuns:

o Efeitos irritantes locais

o Sensibilização alérgica local e geral

o Efeitos sistémicos e intoxicações agudas por absorção significativa

Sobretudo utilizada para aplicação de fármacos que visam efeitos locais:

o Pele

o Pulmonar

o Mucosa da nasofaringe

o Mucosa da orofaringe

o Mucosa vaginal

o Mucosa da conjuntiva

o Mucosa do colo intestinal

o Mucosa da uretra

o Mucosa da bexiga

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Page 5: Farmacologia (resumos)

VIA ORALVantagens Desvantagens

Mais seguro (remoção do medicamento)

Mais conveniente

Mais económico

Mais cómoda

Indolor

Absorção satisfatória

Efeitos locais sistémicos

Diversas formas farmacêuticas

Automedicação

Absorção variável (limitada, ineficiente)

Período de latência médio a longo

Emése (irritação da mucosa GI)

Contra-indicada para fármacos irritantes (patologias inflamatórias gástricas e intestinais)

Acção dos sucos gástricos e de enzimas digestivas

Interacção com alimentos

Interacção com outros fármacos

Sindroma de malabsorção

Colaboração do paciente

Maior metabolização (local e 1ª passagem)

pH do tracto GI

Desvantagens organolépticas

Situações de emergência médica

VIA SUBLINGUALVantagens Desvantagens

Fácil acesso e aplicação = comodidade

Menor espessura do epitélio

Maior vascularização

Circulação sistémica (rápido acesso)

Latência curta

Sem efeito de 1ª passagem

Adequada para fármacos: instáveis a pH gástrico; maior metabolização hepática

Situações clínicas de emergência

Várias formas farmacêuticas disponíveis

Pacientes inconscientes

Utilização em pediatria

Irritação da mucosa oral

Características organolépticas desfavoráveis

Somente adequada para fármacos mais lipossolúveis

Menor superfície de absorção disponível

Formas farmacêuticas especificas

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Page 6: Farmacologia (resumos)

VIA RECTALVantagens Desvantagens

Efeitos locais e sistémicos

Pacientes não colaboradores/eméticos

Sem risco de provocar emése

Utilização em Pediatria

Automedicação

Impossibilidade de via parenteral

Evita as alterações químicas digestivas

Menor efeito de 1ª passagem (50%)

Maior fracção na circulação sistémica

Absorção mais rápida que por via oral

Permite a administração de fármacos com propriedades irritantes GI

Sem interferência de propriedades organolépticas

Absorção irregular, incompleta ou nula

Maior grau da mucosa rectal (rectite)

Eventuais lesões graves perfurantes, etc)

Incomodidade

Maior risco de expulsão (omissão da dose)

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Page 7: Farmacologia (resumos)

VIA ENDOVENOSAVantagens Desvantagens Complicações

Biodisponibilidade mais rápida, completa e previsível

Efeito farmacológico imediato (emergência)

Controlo preciso da dose eficaz

Libertação controlada do fármaco

Possibilidade de ajuste da dose de acordo com a resposta do paciente

Possibilidade de administração de fármacos irritantes por via IM ou SC, sem causar dor e agressão tecidular

Via fundamental para determinados fármacos (libertação de forma activa, proteínas de elevado PM, peptideos)

Possibilidade de administração de fármacos com pH diferente da neutralidade

Possibilidade de administração de grandes volumes de medicamento (perfusão, hidratação)

Urgência clínica

Colheita de sangue para exames

Tipos de medicamentos: soluções aquosas (líquidos hiper, iso ou hipotónicos); suspensões aquosas, emulsões O/A

Inadequada para fármacos: em veículos oleosos; com cristais visíveis em suspensão, precipitantes de constituintes sanguíneos; causadores de hemólise eritrócita

Efeito farmacológico imediato

Maiores concentrações de fármaco no plasma e nos tecidos alcançados muito rapidamente

Impossibilidade de recuperação do medicamento

Maior facilidade de intoxicação

Maior ocorrência de complicações graves

Dependente da manutenção de um acesso venoso

Material especifico e esterilizado/pessoal habilitado

Dor e irritação locais

Inadequada para automedicação

Embolia

Formação de coágulos e trombos

Tromboflebites

Flebites

Infecções locais e sistémicas

Extravasamento para o tecido perivascular

Necrose tecidual

Trombose venosa (aplicações repetidas, infusão)

Sobrecarga circulatória

Reacções alérgicas, anafiláticas e tóxicas

Efeitos cardiovasculares e respiratórios deletérios = choque osmótico (aplicação rápida)

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Page 8: Farmacologia (resumos)

VIA INTRAMUSCULARVantagens Desvantagens Complicações

Rápida absorção de fármacos (veiculo aquoso)

Efeito farmacológico rápido em situações clínicas de emergência (veiculo aquoso)

Maior perfil de segurança

Possibilidade de modulação de taxa de fluxo sanguíneo no local de aplicação

Obtenção de um perfil de libertação lento, prolongado e constante do fármaco: via de depósito (suspensão) e efeitos sustentados (veículo oleoso)

Menor número de administrações necessárias (formas farmacêuticas de libertação lenta)

Alternativa menos dolorosa para fármacos irritantes por via SC

Alternativa para fármacos alteráveis pelos sucos digestivos

Alternativa para situações clínicas de paciente não cooperante

Inadequada para a maioria das substâncias irritantes

Restrição a substâncias com pH entre 4,5 e 8,5

Impossibilidade de administração de grandes volumes

Absorção dependente das características do medicamento

Contra-indicadas a pacientes sob terapia anticoagulante, doença vascular periférica oclusiva, sindromas hemorrágicos, alterações plaquetárias e/ou factores de coagulação, infecção local, edema e choque.

Interferência com algumas determinações analíticas

Dolorosa (veículo não aquoso)

Pessoal habilitado/material específico

Trauma ou compressão acidental de nervos

Injecção acidental em veia ou artéria

Difusão da solução

Injecção em músculo contraído

Lesão muscular por soluções irritantes (fibrose)

Eritema, hematoma, hemorragia

Pigmentação cutânea

Dor persistente

Abcessos

Gangrena

VIA SUBCUTÂNEAVantagens Desvantagens

Absorção imediata (soluções aquosas)

Absorção constante, lenta e com efeitos sustentados, reduzindo administrações (suspensões e implantes)

Adequada para administração de: soluções aquosas; suspensões insolúveis e pallets sólidas (implantes)

Possibilidade de modulação da taxa de absorção

Administração de maiores volumes de medicamento

Menor risco de lesão tecidual

Menor risco de intercepção de vasos e nervos de grande calibre

Automedicação

Muito inadequada para administração de fármacos irritantes, não isotónicos ou não neutros: dor intensa, descamação tecidual, necrose tecidual

Gera desconforto para maiores volumes de medicamento

Contra-indicações: locais inflamados, emaciados, cicatrizados, pacientes sob terapia anticoagulante

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Page 9: Farmacologia (resumos)

VIA PERCUTÂNEAVantagens Desvantagens

Acção local (cutânea) ou sistémica (transdérmica)

Maior interesse para fármacos lipofílicos e de menor PM

Obtenção de níveis plasmáticos eficazes por longos períodos e sem apreciáveis flutuações

Menos efeitos secundários devido a “picos” de concentração plasmática (sobredosagens/doses subterapêuticas)

Substituição de administrações repetidas (vias clássicas) por uma única aplicação diária ou semanal = maior adesão à terapêutica/comodidade

Evita problemas associados às vias parenterais e oral

Meio de diagnóstico (testes alergenos, prova de tuberculina, vacinas)

Aplicabilidade reduzida por menor velocidade de absorção sistémica (transdérmica)

Como terapêutica única (Cutânea) o resultado farmacológico depende: variabilidade individual; gravidade patológica.

Poucas formas farmacêuticas disponíveis

Exige menores volumes de medicamento

Dependente da constituição corporal

Possibilidade de efeitos tóxicos sistémicos

VIA INALATÓRIAVantagens Desvantagens

Possibilidade de obtenção de efeitos locais ou sistémicos

Acesso quase instantâneo à circulação sistémica (acção rápida)

Sem perdas de fármaco devido a efeito de 1ª passagem

Maior absorção de fármacos lipossolúveis

Maior absorção de fármacos gasosos ou voláteis

Absorção de fármacos com menor coeficiente de partilha quando administrados sob a forma de aerossol

Deposição de fármacos na parede brônquica para produção de efeitos na mucosa e na musculatura brônquica

Menos efeitos secundários por permitir a utilização de pequenas doses de fármaco

Quando se pretende uma acção local, apresenta risco de absorção sistémica de: fármacos não-lipossolúveis; partículas sólidas

Necessidade de adequação precisa das formas farmacêuticas para acção local

Muito inadequada para fármacos irritantes para o epitélio e para os alvéolos

Variabilidade de acção dependente das condições ventilatórias individuais e das características particulares das vias respiratórias

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Page 10: Farmacologia (resumos)

VIA OFTÁLMICAVantagens Desvantagens

Efeitos locais mais rápidos (globo ocular e conjuntiva)

Possibilidade de modulação da duração de acção: gotas oftálmicas; suspensões oftálmicas; pomadas/geles oftálmicos; implantes oculares

Absorção sistémica indesejável

Sem efeito de 1ª passagem hepática

Formas farmacêuticas especiais (esterilidade, limpidez, não irritativas, neutras, isotónicas com fluido lacrimal)

VIA VAGINALVantagens Desvantagens

Efeitos locais mais rápidos (globo ocular e conjuntiva)

Efeitos sistémicos sustentados

Acesso privilegiado para determinados tratamentos de urgência

Irritação/fenómenos alérgicos/intolerância local de difícil tratamento posterior

Lesões na mucosa vaginal

Absorção sistémica de fármacos para acção local

Algumas formas farmacêuticas são de desagradável utilização

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Page 11: Farmacologia (resumos)

Ciclo Geral dos Medicamentos

Designa o conjunto dos processos que um fármaco sofre num organismo vivo (ciclo dinâmico) Dose Via de administração Absorção Distribuição Biotransformação Eliminação

Farmacocinética: Produzir os seus efeitos característicos, um fármaco deve estar presente em

concentrações apropriadas nos seus locais de acção

o Extensão e taxa de absorção

o Distribuição (ligação a proteínas plasmáticas e teciduais)

o Biotransformação (metabolismo)

o Eliminação

Membranas Biológicas:

Membranas Biológicos

Colesterolo Situado entre as moléculas de fosfolípidos da bicamadao Estabilizador da membranao Impede a agregação dos fosfolípidoso Mantém a fluidez da membrana

Fosfolípidoso Bicamada fosfolipídicao Extremidades hidrofílicas formam a face interna e externa da membranao Extremidades hidrofóbicas formam uma fase hidrofóbica contínua no interior

da membrana

Glicolípidoso Localizados na superfície externa da bicamadao Reconhecimento de substâncias presentes no meio extracelular através da sua

porção glicídica

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As etapas ADME de um fármaco envolvem a sua passagem através de membranas celulares

Mecanismos de travessia de membranas pelos fármacos

Propriedades físico-quimicas das moléculas

Propriedades das membranas

Factores de maior importância para o estudo das etapas ADME

A Membrana Citoplasmática representa a Barreira Comum

Page 12: Farmacologia (resumos)

Proteínas Intrínsecas = integraiso Inseridas na dupla camada fosfolípidicao Fortemente ancoradas às extremidades hidrofílicas dos fosfolípidoso Algumas possuem terminações glicídicas (glicoproteínas)o Algumas atravessam a membrana desde o meio intracelular ao meio

extracelular (transmembranares) Função estrutural Transporte de substâncias químicas Enzimas catalisadoras Receptores de estímulos

Proteínas extrínsecas = periféricaso Situadas à superfície da membranao Fracamente unidas às zonas hidrofílicas dos fosfolípidos ou de proteínas

integraiso Movimentação fluida

A célula recebe do meio extracelular substâncias essenciais ao seu metabolismo e liberta moléculas resultantes da sua actividade biológica

Passagem de substâncias entre o meio extra e intracelular ocorre através da membrana citoplasmática

o Difusão simpleso Difusão facilitada

Canal Transportador

o Transporte activoo Endocitose

Fagocitose Pinocitose

Difusão simples:

Transporte passivo

Não há gasto de energia

Passagem a favor do gradiente de concentração

Não é saturável

Não é inibido

Difusão facilitada:

Não há gasto de energia

Transporte passivo

A favor do gradiente de concentração

Intervenção de proteínas transportadoras (permeases)

Transporte Activo:

Contra gradiente de concentração

Intervenção de proteínas transportadoras (ATPases)

Implica gasto de energia (ATP)

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Page 13: Farmacologia (resumos)

Pinocitose:

Transporte activo

Implica gasto de energia (ATP)

Absorção

Movimento (transporte) do fármaco desde o seu local de administração até à circulação sanguínea

Dependente: Local de Administração

o Mucosa oralo Intestinoo Músculoso Dermeo Peleo Alvéolos pulmonares

Via de Administraçãoo Sublingualo Oralo Rectalo Parenteralo Transdérmicao Inalatória

Distribuição

Proporção do fármaco que é distribuído aos diversos locais do organismo, após ter alcançado a circulação sanguínea

Dependente: Factores fisiológicos

o Débito cardíacoo Vascularização do tecidoo Volume tecidualo pH do meio

Propriedades físico-quimicas fármacoo Lipossolubilidadeo Grau de ionizaçãoo Tamanho da moléculao Ligação a proteínas

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Page 14: Farmacologia (resumos)

Ligação a Proteínas

Ligação a Proteínas – Albumina:

Produção hepática

60% das proteínas presentes no plasma

Condiciona a distribuição de elevado nº moléculas

Ligação albumina-molécula é instável, não selectiva, saturável e reversível

Ligação a Proteínas – Teciduais:

Ligação das moléculas de fármaco a:

o Fosfolípidos

o Proteínas citosólicas especificas

o Proteínas nucleares

Ligação irreversível

Barreiras específicas: Distribuição heterogénea de muitos fármacos, constituindo barreiras fisiológicas à sua

distribuição BHE Placenta

Redistribuição “Movimentação” especial dos fármacos altamente lipofílicos, em particular dos que

são administrados em bólus por via EV

Acumulação de fármaco inicial e rápida nos tecidos que apresentam elevada irrigação sanguínea

Após a distribuição do fármaco aos tecidos de maior perfusão sanguínea, ocorre passagem lenta de volta para a circulação sanguínea

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Somente moléculas de fármaco na forma livre apresentam capacidade de atravessar membranas celulares ou de ligação a receptores específicos, produzindo efeitos farmacológicos

Fenómenos mais frequentes mas de difícil avaliação

Diferenças entre espécies animais Variabilidade de métodos de

avaliação do grau de ligação Dificuldade de avaliação da ligação

a proteínas teciduais Somente avaliado pelo grau de

ligação a proteínas plasmáticas

Ligação às Albuminas Plasmáticas

Page 15: Farmacologia (resumos)

A partir do sangue o fármaco é redistribuído aos tecidos de maior massa mas de menor irrigação.

Posteriormente, o fármaco abandona os tecidos de maior massa, sendo lentamente depositado no tecido adiposo.

Biotransformação

Alteração na estrutura química de um fármaco, devido à sua interacção com o organismo, através de uma série de reacções químicas em etapas sucessivas, que o transforma em substâncias químicas e farmacologicamente diferentes da substância original, bioactivas ou inactivas.

Acções enzimáticas que alteram propriedades físico-químicas e farmacológicas, facilitando a excreção, inactivação ou activação de um fármaco

Facilitar a excreção de fármacos apolares e lipofílicos por transformação em substâncias polares e hidrossolúveis.

Citocromo P-450

Superfamília de proteínas do tipo heme-tiolato

Enzimas microssomais

Famílias/subfamílias segundo sequências de a.a

Cada isoforma isolada tem especificidade característica para um substrato

Metabolismo de diversos compostos químicos (endógenos e exógenos)

Reacções de biotransformação de Fase I

Vias de Biotransformação de Fármacos

Metabolismo de Fase I

o Reacções funcionais (não sintéticas)

o Introduzem ou expõem um grupo funcional na molécula de fármaco inicial, implicando nos metabolitos formados:

Perda de actividade

Manutenção da actividade

Aumento da actividade

Alteração da actividade

o Metabolitos resultantes:

Apresentam menor toxicidade

São rapidamente excretados pela urina

Reagem com compostos endógenos formando conjugados mais hidrossolúveis

Pró-fármaco: molécula normal de um fármaco onde se liga a um transportador. Fazem-se para proteger princípio activo ou em princípios activos que necessitam de actuar mais tempo

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Page 16: Farmacologia (resumos)

Metabolismo de Fase II

o Reacções biossintéticas

o Formação de uma ligação covalente entre um grupo funcional no fármaco ou no seu metabolito fase I e um composto endógeno:

Ácido glicurónico

Glutationa

Sulfatos

Acetatos

Aminoácidos

o Metabolitos resultantes:

Mais polares

São inactivos

São rapidamente excretados

Factores que alteram a Biotransformação de Fármacos:

Factores internos:

o Variabilidade genética

o Condições patológicas

o Estado nutricional

o Sexo

o Idade

o Raça

Factores externos:

o Indução enzimática

o Inibição enzimática

Indução Enzimática – biotransformação de certos fármacos é acelerada pela presença de outras substâncias exógenas que estimulam a síntese enzimática

Inibição Enzimática – biotransformação de certos fármacos é reduzida pela presença de outras substâncias exógenas que inibem a síntese enzimática ou que competem com os fármacos (substratos) pelas enzimas metabólicas

Eliminação

Após exercerem a sua finalidade terapêutica, os fármacos activos necessitam de ser eliminados do organismo (inactivação para término de acção)

A eliminação de fármacos de organismos biológicos baseia-se em 2processos: Biotransformação Excreção

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Page 17: Farmacologia (resumos)

Excreção:

Um fármaco pode ser eliminado do organismo:

Por excreção do composto quimicamente inalterado

Por conversão em metabolitos e posterior excreção

A via de excreção depende das características físico-químicas da molécula original

Via de Excreção de Fármacos:

Vias Principais:

o Rins (urina)

o Tracto GI (bile, fezes)

o Pulmão (ar expirado)

Vias Auxiliares:

o Suor

o Muco nasal

o Saliva

o Lágrimas

o Leite materno

o (outras secreções)

Alterações fisiológicas que interferem na farmacocinética (Idoso)

Absorção

o Menor produção de HCl

o Menor pH gástrico

o Menor motilidade GI

o Menor fluxo sanguíneo

o Menor superfície de absorção

Distribuição

o Menos massa muscular total

o Menor proporção de água

o Menos albuminas plasmáticas

o Mais gordura corpórea

o Alteração da perfusão tecidular

Metabolização

o Menor massa hepática

o Menor fluxo sanguíneo

o Menor capacidade enzimática

Excreção

o Menor taxa de filtração glomerular

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Page 18: Farmacologia (resumos)

o Menor função tubular renal

o Menor fluxo sanguíneo

Farmacocinética: Os processos farmacocinéticos (ADME) são determinantes para a prescrição de

medicamentos:o Dose a administraro Via de administração a escolhero Intervalo entre doses a recomendar

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Page 19: Farmacologia (resumos)

Farmacocinética Clínica

Adaptação à prática clínica dos conceitos e conhecimentos obtidos no estudo da etapa farmacocinética de um fármaco, de forma a melhorar a sua eficácia terapêutica num dado paciente.

Posologia prescrita e modificada de acordo com:

Dados farmacocinéticos do medicamento

Variáveis fisiológicas e fisiopatológicas do paciente

Os parâmetros farmacocinéticos que se devem ter em conta para determinação da necessidade de ajuste da dose são vários, sendo os mais importantes:

Depuração

Volume de distribuição

Tempo de semi-vida biológica

Biodisponibilidade

Depuração ou Clearance

Eliminação de um fármaco do organismo é quantificada, expressa pelo volume de plasma do qual o fármaco é completamente removido por unidade de tempo (mL/min)

Quando a concentração plasmática estável de fármaco, dentro da sua janela terapêutica (concentração desejável), é conhecida, a taxa de depuração do fármaco pelo paciente determina a taxa na qual o fármaco deve ser administrado

Volume de distribuição

Parâmetro que relaciona a quantidade de fármaco no corpo com a concentração de fármaco no sangue ou no plasma

Traduz o volume líquido que seria necessário para conter todo o fármaco que se encontra no organismo na mesma concentração com que se encontra no sangue ou no plasma

Tempo de Semi-Vida

Traduz o tempo necessário para que a concentração plasmática de um determinado fármaco seja reduzida para metade

Biodisponibilidade

Fracção de fármaco administrado disponível para utilização nos seus locais de acção

Quantidade de fármaco que alcança a circulação sistémica depende:

o Da dose administrada

o Da fracção que é absorvida e que escapa à 1ª metabolização

Biodisponibilidade – Vias de AdministraçãoEV =100%IM 75 a <100%SC 75 a <100%

Rectal 30 a <100%

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Page 20: Farmacologia (resumos)

Oral 5 a <100%Inalatória 5 a <100%

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