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A IMPORTÂNCIA DO INTERLOCUTOR NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA NO ENSINO FUNDAMENTAL CICLO II
THE IMPORTANCE OF THE INTERLOCUTOR IN THE LITERACY PROCESS OF THE STUDENT WITH HEARING DEFICIENCY IN FUNDAMENTAL TEACHING CYCLE II
Graziely Passos de Angelis – [email protected] Hugo Santana Souza – [email protected]
Graduandos do UNISALESIANOProf. Dra. Fabiana Sayuri Sameshima – [email protected]
RESUMO
É importante a intervenção do professor interlocutor no processo de alfabetização do aluno com deficiência auditiva. Neste sentido, os objetivos foram avaliar sua participação no processo de inclusão do aluno com deficiência auditiva, verificar como este aluno é incluído no ensino regular, identificar as estratégias utilizadas pelo interlocutor durante as atividades de sala de aula com o aluno e analisar a atuação do interlocutor. A metodologia utilizada foi o estudo de caso, onde foram analisados e acompanhados os procedimentos aplicados pelo professor interlocutor por meio de questionário para desenvolvimento do Estudo de Caso. A pesquisa foi realizada na E.E. Valdomiro Silveira, da Cidade de Cafelândia/SP, de fevereiro a outubro de 2016, onde foi realizada interrogação direta acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise qualitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Conclui-se que é relevante a interferência de um interlocutor dentro da sala de aula, pois dele demanda a transformação na metodologia, facilitando sua aprendizagem.
Palavras- chave: Deficiência Auditiva. Interlocutor. Inclusão.
ABSTRACT
It is important the intervention of the interlocutor teacher in the literacy process of the student with hearing impairment. In this sense, the objectives were to evaluate their participation in the process of inclusion of the hearing impaired student, to verify how this student is included in the regular education, to identify the strategies used by the interlocutor during the classroom activities with the student and to analyze the performance of the student. Interlocutor The methodology used was the case study, where the procedures applied by the interlocutor teacher were analyzed and followed up by means of a questionnaire for the development of the Case Study. The research was carried out in E.E. Valdomiro Silveira, from the City of Cafelândia / SP, from February to October 2016, where a direct interrogation of the problem was carried out, and then, through qualitative analysis, the conclusions corresponding to the collected data were obtained. It is concluded that the interference of an interlocutor in
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the classroom is relevant, since it demands the transformation in the methodology, facilitating its learning.
Keywords: Auditory Deficiency. Interlocutor. Inclusion
INTRODUÇÃO
É relevante a interferência de um interlocutor dentro da sala de aula, pois dele
demanda não só transformar a metodologia, que deverá ser adaptada de acordo
com as dificuldades da criança, mas também suscitar a necessidade de mudanças
que devem ser feitas nos meios educacionais diariamente, para acompanhar a
aprendizagem do aluno. Ainda hoje é possível encontrar alunos com deficiência
auditiva incluídos no Ensino Fundamental de Ciclo II, e professores sem
capacitação, com dificuldade para trabalhar com esses alunos.
De acordo com Greguol (2013), deficiência auditiva é um desafio para a
educação especial por interferir tanto na recepção quanto na produção da
linguagem. Por conta da importância da linguagem em todas as dimensões do
desenvolvimento, ser incapaz de ouvir e de falar é uma deficiência crítica que
dificulta o ajuste social e acadêmico e pode, inclusive, colocar o indivíduo em
alguma situação de risco.
Portanto, a ajuda do interlocutor dentro da sala de aula, facilitará a
aprendizagem do aluno surdo, pois ele transmitirá ao aluno os conteúdos passados
pelos professores, facilitando, desta forma, o seu processo educacional.
Brasil (1997) ressalta que, atualmente, todo o fazer educacional com o aluno
surdo deve ter como objetivo o desenvolvimento de sua linguagem, focando no
bilinguismo, lembrando que o ritmo da aprendizagem, devido aos bloqueios na
comunicação, costuma ser mais lento, particularmente no período da alfabetização.
Neste sentido, o objetivo geral deste trabalho foi avaliar a participação do
professor interlocutor no processo de inclusão do aluno com deficiência auditiva. Já
os objetivos específicos foram verificar como o aluno com deficiência auditiva é
incluído no ensino regular, identificar as estratégias utilizadas pelo professor
interlocutor durante as atividades de sala de aula com o aluno e analisar a atuação
do interlocutor para com o aluno com deficiência, por meio de filmagens.
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Foi realizada uma pesquisa descritiva com revisão bibliográfica e abordagem
qualitativa com um professor interlocutor e um aluno deficiente auditivo. A pesquisa
de campo foi realizada na escola E.E. Valdomiro Silveira, da Cidade de
Cafelândia/SP, no período de fevereiro a outubro de 2016.
Foram observados, analisados e acompanhados os procedimentos aplicados
pelo professor interlocutor por meio de questionário, como suporte para
desenvolvimento do Estudo de Caso, com a realização de interrogação direta acerca
do problema estudado para, em seguida, mediante análise qualitativa, obterem-se
as conclusões correspondentes aos dados coletados.
1 CONCEITO DE AUDIÇÃO
A audição é o primeiro sentido da vida, pois de dentro da barriga de sua mãe,
o bebê já tem contato com os sons do mundo. Quando uma pessoa tem dificuldades
para ouvir, pode-se dizer que essa pessoa apresenta uma deficiência auditiva,
porém é considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida, e
parcialmente surdo aquele cuja audição é funcional com ou sem prótese auditiva.
Segundo Redondo e Carvalho (2000), sempre é mais fácil descobrir a perda
severa ou profunda do que a leve ou moderada. De qualquer forma, é importante
que os familiares e o médico pediatra sejam observadores e atentos, para detectar
eventuais sinais de perturbação, desde as primeiras semanas após o nascimento.
É importante que a surdez seja diagnosticada o quanto antes, pois quanto
mais tempo passa, maiores são as dificuldades no seu desenvolvimento. É
importante que os pais procurem informações com profissionais especializados
como médicos, psicólogos e fonoaudiólogos para que analisem o grau da deficiência
e, se for o caso, indiquem o uso de um aparelho auditivo.
Dentre as principais causas da deficiência auditiva, destacam-se as causas
pré-natais, quando a criança adquire a surdez no período de gestação, as causas
peri-natais, quando a criança fica surda por problemas durante o parto e as causas
pós-natais quando a criança fica surda pois surgem problemas após seu nascimento
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Para Vigotsky (2001), a linguagem é adquirida na vida social do ser humano
no contato entre o homem e a linguagem, na integração em sociedade. Deste modo,
para as pessoas surdas esse contato apresenta-se prejudicado, em virtude de a
linguagem oral ser reconhecida pelo canal auditivo, e este apresentar-se alterado
nas pessoas surdas. Porém a audição é um fator muito importante para que haja o
bom desenvolvimento da linguagem, mas se houver uma deficiência auditiva pode
prejudicar no desenvolvimento da mesma.
Ao contrário do que imaginamos, a Libras é uma língua natural como qualquer
outra, a diferença é que ela também utiliza a imagem para se expressar. Portanto,
para se aprender libras, deve-se passar por um processo de aprendizagem de uma
nova língua, da mesma maneira quando nos propomos a aprender outras línguas
como inglês, francês, etc. (ARAUJO, 2014).
O deficiente auditivo sofre vários preconceitos e dificuldades para se
enquadrar na sociedade, onde um dos fatores que dificultam essa inclusão é a falta
de comunicação oral, que prejudica o aprendizado, como também a aplicação de
metodologias não contextualizadas com a realidade do aluno. A falta de preparo da
maioria dos professores também é outro fator que prejudica o deficiente auditivo,
pois em sua formação não tem o preparo adequado. Porém, a surdez não significa
inferioridade, pois, ao desenvolver suas capacidades, o surdo pode sim se integrar
na vida social e cultural da comunidade como qualquer outro cidadão. Com isso, a
inclusão veio justamente ampliar as possibilidades para se construir uma sociedade
mais justa, dando a oportunidade para todos.
2. O PROFESSOR INTERLOCUTOR
O professor interlocutor tem a função de facilitar a comunicação entre o aluno
que possui algum tipo de deficiência auditiva e o professor da classe, e é por meio
do estudo de Libras que o interlocutor possibilita ao aluno participar das atividades
teóricas e práticas desenvolvidas na escola, fazendo com que ele seja incluso em
ambiente formal como os outros colegas de classe. Porém, para que o aluno surdo
compreenda o que é ensinado em sala de aula, é necessário que o interlocutor
também compreenda a proposta da aula. Com o aumento de alunos com deficiência
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na rede regular de ensino, e posteriormente a inclusão em sala regular, tornou-se
mais difícil o professor regente trabalhar com a classe toda e suprir as necessidades
do aluno com deficiência, pois muitas vezes o professor não tem conhecimento
suficiente para lidar com a necessidade do aluno.
Há uma grande diferença entre intérprete interlocutor, o intérprete precisa
dominar no mínimo duas línguas para que possa desenvolver seu papel, que é o de
traduzir, ou seja, fazer a tradução para a língua de origem. Já o interlocutor
normalmente é um professor que procura desenvolver da maneira mais fácil o que o
aluno precisa compreender em sala de aula, buscando sempre a melhor estratégia
para que seu educando compreenda a metodologia do professor regente.
(QUADROS, 1997)
O cargo de professor interlocutor foi criado de acordo com a Resolução
SE38/2009 da Secretaria do Estado da Educação, considerando a necessidade de
se garantir aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso às informações e
aos conhecimentos curriculares dos ensinos fundamental e médio.§ 2º - A admissão do docente interlocutor da LIBRAS/Língua Portuguesa assegurará, aos alunos surdos ou com deficiência auditiva, a comunicação interativa professor-aluno no desenvolvimento das aulas, possibilitando o entendimento e o acesso à informação, às atividades e aos conteúdos curriculares, no processo de ensino e aprendizagem.Artigo 2º - O docente interlocutor cumprirá o número de horas semanais correspondente à carga horária da classe ou da série em que irá atuar, no desenvolvimento de cada uma das aulas diárias, inclusive das de Educação Física, mesmo quando ministradas no contra turno de funcionamento da classe/série atendida.(SÃO PAULO, 2009)
Contudo, o papel do professor interlocutor é mediar os conteúdos abordados
na aula, adotando uma metodologia própria para que facilite o aprendizado do aluno
surdo, e o professor regente deixando sempre de maneira clara e objetiva o
conteúdo, para que o interlocutor leve ao aluno surdo à compreensão.
Segundo Marcos Masetto (2013), a mediação pedagógica significa a atitude e
o comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou
motivador da aprendizagem, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue
aos seus objetivos.
O aluno com deficiência auditiva tem, por lei, um professor interlocutor que
permanece na sala de aula regular transmitindo, através de libras, o conteúdo
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trabalhado pelo professor regente, além de ter direito a frequentar aulas em salas de
recurso com professores especializados para o seu atendimento.
Algumas escolas tem a disponibilidade para as crianças frequentar salas de
recursos multifuncionais em horários opostos ao horário da aula regular. Essas salas
de recurso multifuncionais tem o objetivo de apoiar a organização de um
atendimento educacional especializado (AEE) fazendo a complementação aos
estudantes com algum tipo de deficiência que estão matriculados em classe comum
de ensino regular. Essas salas tem um atendimento especializado com mobiliários
pedagógicos diferenciados, materiais didáticos adaptados como jogos pedagógicos
adaptados, livros didáticos impressos em letras ampliadas ou em Braille, pranchas
de comunicação alternativa, livros falados ou cantados, materiais em autorrelevo,
cadernos de pauta ampliada, materiais de informática adaptados, entre vários outros
materiais que facilitam a aprendizagem do aluno com deficiência.
Segundo o MEC (BRASIL, 2006, p.39): “Incluem-se, nesses grupos, alunos
que enfrentam limitações no processo de aprendizagem devido a condições,
distúrbios, disfunções ou deficiências, tais como, autismo, hiperatividade, déficit de
atenção, dislexia, deficiência física, paralisia cerebral e outros”.
É importante que o interlocutor saiba transmitir o conteúdo com clareza, pois
assim o aluno surdo pode criar suas ideias a partir da boa interpretação do professor
interlocutor.
Portanto, o papel do interlocutor não é somente interpretar uma língua para
outra, sua função é maior que ser apenas ponte para uma boa comunicação. Ele
está completamente envolvido na interação comunicativa (social e cultural) com
poder completo de influenciar o objeto e o produto da interpretação (QUADROS,
2004).
Atualmente a área da Tecnologia Assistiva vem para contribuir e proporcionar
a autonomia e independência de pessoas com alguma necessidade especial. É uma
área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos,
recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência,
incapacidades ou mobilidade reduzida (BRASIL, 2004).
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Existem diversos meios de adaptar os materiais, podendo variar de uma
simples bengala a um sistema computadorizado, brinquedos adaptados, softwares e
hardwares especiais que contemplem a acessibilidade para a necessidade da
criança, dispositivos para adequação da postura, recursos para mobilidade manual e
elétrica, acionadores adaptados, recursos de comunicação alternativa, aparelhos de
escuta assistiva, auxílios visuais, materiais e objetos ampliados, entre milhares de
outros itens que podem ser confeccionados na própria escola ou ate mesmo
comprado para ser trabalhado o desenvolvimento do aluno.
Figura 1: Material Escolar Adaptado
Fonte:http://pt.slideshare.net/Cariocaseventos/tecnologia-assistiva-na-incluso
O trabalho de linguagem é desenvolvido de forma a dar à criança surda um
instrumento linguístico que a torne capaz de se comunicar, tanto em língua
portuguesa (oral) quanto na língua brasileira de sinais. Os recursos utilizados para o
desenvolvimento da linguagem são feitos com atividades de imitação, jogos,
desenhos, dramatizações, brincadeiras de faz de conta, histórias infantis, com o
apoio da Libras, como, por exemplo:
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Figura 2: História adaptada em Libras
Fonte:http://amigasdaedu.blogspot.com.br/2010/09/fabulas-em-libras-10-fabulas.html
Figura 3: História adaptada em Libras
Fonte: http://amigasdaedu.blogspot.com.br/2010/09/fabulas-em-libras-10-fabulas.html
3. A PESQUISA
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Foi realizada pesquisa bibliográfica e questionário aplicado a uma professora
interlocutora de uma aluna surda, de 13 anos de idade, matriculada no 8º ano do
ensino fundamental em uma escola no município de Cafelândia/SP.
O instrumento de pesquisa continha 13 questões, que versaram a respeito da
metodologia abordada para facilitar a comunicação com a aluna, a utilização de
material didático para a inclusão da aluna no ambiente escolar, o processo de
avaliação, assim como a importância do interlocutor para o processo de
aprendizagem escolar.
Inicialmente foi feito o primeiro contato com a professora interlocutora e
esclarecido sobre o objetivo da pesquisa, seguido da assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido.
A professora é graduada em Letras pela Faculdade Unisalesiano de Lins, Pós-
Graduada em Língua Brasileira de Sinais pela Faculdade Unisalesiano de Lins e
Curso de Libras Básico e Intermediário. Assim, em conformidade com a legislação, a
interlocutora apresenta certificado de curso de pós-graduação em libras, e
certificado de proficiência em Libras expedido pelo MEC, o que a capacita para a
função. (SÃO PAULO, 2009).
Com relação à segunda pergunta, quando questionada sobre a busca de
formação complementar para aperfeiçoar o seu trabalho com o aluno surdo, a
mesma respondeu que busca formação complementar por meio de cursos e procura
utilizar materiais adaptados como figuras, desenhos, computador e internet. Ao
questioná-la sobre a maior dificuldade encontrada diariamente, ao transmitir o
conteúdo passado pelos professores da sala ao aluno surdo, a mesma relata que é
a falta do domínio em libras.
Segundo Marcos Masetto (2013), a mediação pedagógica significa a atitude e
o comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou
motivador da aprendizagem, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue
aos seus objetivos. Mas a inclusão do aluno surdo não se faz somente pela ação de
um único agente, sendo este o interlocutor. Toda a escola precisa providenciar
ações inclusivas para que o educando faça parte do contexto educacional e se sinta
realmente inclusivo. A resposta ofertada pela interlocutora, reforça ainda mais a
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necessidade de se pensar em uma inclusão de qualidade e proporcionar
capacitação em Libras para todos da escola.
Em relação à questão de número cinco, quando questionada sobre quais
recursos e estratégias são utilizados ao se trabalhar com o aluno surdo, a professora
relatou que utiliza figuras e desenhos como meio de explicação e palitos para contar
e trabalhar a matemática. Essa prática é exaltada como positiva por diversos
autores, como Godoi, Santos e Silva (2013), enfatizam que é papel do professor
interlocutor é fazer com que o aluno surdo avance e desenvolva seus
conhecimentos, da melhor forma possível. O uso de recursos concretos como os
citados pela interlocutora, são facilitadores para a compreensão e execução de
conteúdos e tarefas escolares.
Quando questionada sobre a maior dificuldade enfrentada pelo aluno com
deficiência auditiva no ambiente escolar, e como é a interação do aluno com os
demais colegas ouvintes da escola a professora relata que a falta de comunicação e
a socialização são as maiores dificuldades enfrentadas pela aluna, por isso, na
maioria das vezes, acaba se isolando de todos.
A questão 8 teve como referência as avaliações pedagógicas realizadas pela
aluna no ambiente escolar, obtendo como resposta:
Professora: A avaliação é igual para todos, sendo as vezes de múltipla escolha e outras de perguntas e respostas.
Nas questões 10 e 11 a interlocutora foi indagada se o seu trabalho facilita o
aprendizado da criança surda. A mesma respondeu que é muito importante ter um
interlocutor junto ao aluno, e que sua presença facilita em todos os aspectos desde
os conteúdos trabalhados até a comunicação, pois quando não há a presença do
interlocutor, aumenta a dificuldade na comunicação e no entendimento diante dos
conteúdos trabalhados. Portanto, para trabalhar com o aluno surdo em uma sala de
aula regular, o professor interlocutor precisa utilizar metodologias que atendam à
necessidade do aluno, promover a interação do mesmo com a sala de aula e o
ambiente escolar, seja por meio da libras ou até mesmo sinais e gestos indicativos e
representativos, pois a ênfase na resposta da professora interlocutora se volta para
a dificuldade do aluno surdo se comunicar com os ouvintes. A falta de comunicação
entre os pares desencadeia processos que atrasam o desenvolvimento integral do
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aluno, tendo em vista pressupostos que orientam a indissociabilidade entre aspectos
afetivos, cognitivos e motores para o pleno desenvolvimento do indivíduo. A falta de
um desses aspectos pode provocar dificuldades no processo de aprendizagem.
Finalizando a análise, quando questionada se os conteúdos a serem
ministrados nas aulas são recebidos com antecedência ou se existem horários
específicos para conversar sobre as atividades a serem desenvolvidas na aula, a
professora relata que não recebe material antecipadamente, mas há diálogos com
os professores da sala nos horários de ATPC.
Após a analise do questionário e respostas da professora foi possível perceber
que ainda há um desfalque para o ensino do aluno surdo, havendo ainda o
despreparo dos profissionais para trabalhar com esses alunos no mesmo ambiente
que os demais, cabendo a escola proporcionar aos professores mais preparo para
trabalhar com o aluno deficiente, fazer também adequações para receber esses
alunos, proporcionando a interação com o outro, sem separação de categorias de
aprendizagem, fazendo do ambiente escolar único e capaz de atender a toda
sociedade.
CONCLUSÃO
Conclui-se que a presença de um interlocutor no ambiente escolar faz toda a
diferença no processo ensino-aprendizagem da criança surda, facilitando sua
aprendizagem e possibilitando a comunicação tanto da criança em seu aprendizado
como também dos professores da sala com o aluno deficiente auditivo, facilitando o
seu aprendizado.
Está pesquisa abordou um tema cada vez mais comum na história da
educação, uma vez que sempre é possível encontrar alunos com deficiência auditiva
no Ensino Fundamental de Ciclo II, e professores sem capacitação encontram
dificuldade para trabalhar com esses alunos. Para isso, notamos que é relevante a
interferência de um interlocutor dentro da sala de aula, pois dele demanda, não só
uma transformação na metodologia, que deverá ser adaptada de acordo com as
dificuldades da criança, mas também é a solução para as mudanças que devem ser
feitas nos meios educacionais diariamente, visando acompanhar a aprendizagem do
aluno de uma forma mais efetiva.
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Para trabalhar com o aluno surdo em uma sala de aula regular, o professor
interlocutor precisa fazer adaptações no sistema educacional, utilizar metodologias
que atendam a necessidade do aluno, promover a interação do mesmo com a sala
de aula e o ambiente escolar, seja através da libras ou até mesmo de sinais e gestos
não padronizados.
Portanto, é muito importante que se criem espaços educacionais onde a
diferença esteja presente, ou seja, fazer com que crianças com diferentes
necessidades convivam no mesmo ambiente e que cada um possa aprender com o
outro sem que nenhum seja prejudicado no seu aprendizado, desta maneira, escola
e família trabalham em parceria para proporcionar espaços e momentos que forcem
a integração de todos.
REFERÊNCIAS
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GREGUOL, M.; COSTA, R. F. Atividade Física Adaptada: Qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. São Paulo: Manole, 2013,348p.
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REDONDO, M. C. da F.; CARVALHO, J. M.. Deficiência Auditiva. Brasília: MEC/SED, 2000.
VIGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
_______. Resolução SE Nº 38 DE 19 de Junho de 2009.
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