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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE E AGRÁRIA CURSO DE ENFERMAGEM Aline Ribeiro Murta Cleuzeir Gomes Sales Lopes Daysirret Soares de Paula Izabella da Silva Fernandes FATORES DE RISCO DE INFECÇÃO HOSPITALAR CUTÂNEA POR ÚLCERA DE PRESSÃO EM PACIENTES COM TRAUMA RAQUIMEDULAR INTERNADOS NO HOSPITAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES NO PERÍODO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2007 Governador Valadares 2008

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA SAÚDE E AGRÁRIA

CURSO DE ENFERMAGEM

Aline Ribeiro Murta

Cleuzeir Gomes Sales Lopes

Daysirret Soares de Paula

Izabella da Silva Fernandes

FATORES DE RISCO DE INFECÇÃO HOSPITALAR CUTÂNEA POR ÚLCERA DE

PRESSÃO EM PACIENTES COM TRAUMA RAQUIMEDULAR INTERNADOS NO

HOSPITAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES NO PERÍODO DE

JANEIRO A DEZEMBRO DE 2007

Governador Valadares

2008

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ALINE RIBEIRO MURTA

CLEUZEIR GOMES SALES LOPES

DAYSIRRET SOARES DE PAULA

IZABELLA DA SILVA FERNANDES

FATORES DE RISCO DE INFECÇÃO HOSPITALAR CUTÂNEA POR ÚLCERA DE

PRESSÃO EM PACIENTES COM TRAUMA RAQUIMEDULAR INTERNADOS NO

HOSPITAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES NO PERÍODO DE

JANEIRO A DEZEMBRO DE 2007

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem, apresentada à Faculdade de Área de Ciências Biológicas da Saúde e Agrária da Universidade Vale do Rio Doce. Orientadora: Elizabete Maria de Assis Godinho.

Governador Valadares

2008

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ALINE RIBEIRO MURTA

CLEUZEIR GOMES SALES LOPES

DAYSIRRET SOARES DE PAULA

IZABELLA DA SILVA FERNANDES

FATORES DE RISCO DE INFECÇÃO HOSPITALAR CUTÂNEA POR ÚLCERA DE

PRESSÃO EM PACIENTES COM TRAUMA RAQUIMEDULAR INTERNADOS NO

HOSPITAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES NO PERÍODO DE

JANEIRO A DEZEMBRO DE 2007

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem pela Faculdade da Área de Ciências Biológicas da Saúde e Agrária da Universidade Vale do Rio Doce.

Governador Valadares, ___ de novembro de 2008.

Banca Examinadora:

___________________________________________________

Profª Elizabete Maria de Assis Godinho - Orientadora Universidade Vale do Rio Doce

____________________________________________________

Profª. Erick da Silva Ramalho Universidade Vale do Rio Doce

_____________________________________________________

Profª. Liliam Maria Silva Ribeiro Universidade Vale do Rio Doce

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus que nos sustentou durante esta longa caminhada rumo a nossa formação

profissional.

Aos nossos pais Ivonete e Ilmar (Aline), Luzia Gomes e Meci Gomes (Cleuzeir), Vanessa e

Ronaldo (Daysirret), Ana Maria e Davi (Izabella) pela presença constante e incondicional em

nossas vidas.

Aos demais familiares: Oraci, Luana, Bruno, Marcos Eduardo e Lucas Gabriel por tantas

vezes terem se privado da minha presença e pela compreensão (Cleuzeir).

A minha avó Marta pela contribuição e disponibilidade em ajudar no momento em que mais

precisei (Izabella).

E em especial à nossa orientadora Elizabete Maria de Assis Godinho por ter aceitado o

convite e pela excelente contribuição a favor do nosso aprendizado. E aos demais que

contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.

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“Não sei... se a vida é curta ou longa demais

pra nós, mas sei que nada do que vivemos tem

sentido se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço

que envolve, palavra que conforta, silêncio que

respeita, alegria que contagia, lágrima que

corre, olhar que acaricia, desejo que sacia,

amor que promove. E isso não é coisa de outro

mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz

com que ela não seja nem curta, nem longa

demais, mas que seja intensa, verdadeira,

pura... enquanto durar [...]”

Cora Coralina

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RESUMO

Entende-se por trauma raquimedular (TRM) a lesão de qualquer causa externa da coluna vertebral e consiste em uma das mais graves complicações que causam incapacidade no ser humano. Ocorre preferencialmente no sexo masculino, na proporção de 4:1 e na faixa etária entre 15 a 40 anos, sendo que as principais causas desse trauma são: os acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo. Pacientes com TRM tem um elevado risco para desenvolver úlcera de pressão (UP) devido à perda da mobilidade e motricidade abaixo do nível medular acometido. A UP é uma lesão localizada na pele, causada pela interrupção do suprimento sanguíneo para a área. A pessoa hospitalizada tem seus mecanismos de defesa comprometidos pela própria doença, podendo desenvolver UP, tornando-se mais susceptíveis à infecção hospitalar (IH). A IH é aquela adquirida após admissão do paciente e que se manifesta durante a internação ou após a alta. A infecção hospitalar cutânea surge em decorrência de ruptura da integridade da epiderme e acomete os tecidos subcutâneo e muscular. O objetivo desta pesquisa foi identificar os fatores de risco para IH cutânea por úlcera de pressão em pacientes com lesão raquimedular internados no Hospital Municipal de Governador Valadares (HMGV) de janeiro a dezembro de 2007. Trata-se de um estudo de natureza descritiva, quantitativa, analítica e documental, onde se utilizou como fonte de pesquisa os livros disponíveis na biblioteca da UNIVALE, consultas às revistas, sites, artigos científicos e CDs relacionados à UP, trauma raquimedular e infecção hospitalar cutânea. Verificou-se que dos 58 pacientes investigados, 07 apresentaram UP, desses, três (42.86%) desenvolveram após a internação e quatro (57,14%) internaram devido infecção cutânea por UP. Desses 04 pacientes, 01(25%) apresentou infecção hospitalar e 03 (75%) infecção comunitária cutânea. Na maioria dos prontuários investigados não havia qualquer orientação pelos profissionais de saúde relacionados à prevenção de UP. Percebeu-se, portanto que para diminuir os fatores de risco de infecção hospitalar cutânea por UP, em pacientes com TRM no HMGV, será necessário a utilização de um instrumento que sirva como base para a coleta de dados e que possa ser planejada, além de implantada uma assistência qualificada e sistematizada na prevenção desse incidente.

Palavras-chave: Trauma raquimedular. Úlcera por pressão. Infecção Hospitalar cutânea.

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ABSTRACT

It is understood by spinal trauma (TRM) injury to any external cause of the spine and consists of one of the most serious complications that cause disability in humans. It occurs mainly in males, at a ratio of 4:1 and in the age group between 15 to 40 years, and the main causes of this trauma are: car accidents, falls from heights, diving into water by accident and injury by gun rasa of fire. Patients with TRM is a high risk for developing a pressure ulcer (PU) due to loss of mobility and drive below the spinal cord affected. The UP is a localized lesion on the skin, caused by interruption of blood supply to the area. The hospitalized patient is their defense mechanisms compromised by the disease itself and can build up and become more susceptible to infection hospital (IH). The IH is one gained after admission of the patient and that manifests itself during hospitalization or after discharge. The hospital infection skin is due to rupture the integrity of the epidermis and affects the subcutaneous tissue and muscle. The aim of this research was to identify risk factors for IH skin ulcer by the pressure in patients with spinal cord injury at the Hospital Municipal de Governador Valadares (HMGV) from January to December 2007. It is a descriptive study of nature, quantitative, analytical and documentary, which was used as a source of research the books available in the library of UNIVALE, consultations with magazines, websites, scientific papers and CDs related to the UP, spinal trauma and hospital infection skin. It was found that of the 58 patients studied, 07 showed up, of those, three (42.86%) developed after admission and four (57.14%) internal skin infection due by UP. Of these 04 patients, 01 (25%) had nosocomial infection and 03 (75%) Community skin infection. In most of the records had not investigated any guidance by health professionals related to prevention of UP. It was noticed, so that to reduce the risk factors of nosocomial infection by UP skin in patients with TRM in HMGV will require the use of a tool that serves as the basis for data collection and can be planned, in addition to implemented a systematic and qualified assistance in preventing this incident. Key-words: Spinal trauma. Ulcer under pressure. Hospital Infection skin.

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LISTA DE ABREVIATURA

FAF - Ferimento por arma de fogo

IC - Infecção Comunitária

IH - Infecção Hospitalar

IHs - Infecções hospitalares

LME - Lesão da Medula Espinhal

ME - Medula espinhal

TRM - Traumatismo Raquimedular

UP - Úlcera por Pressão

UPs - Úlceras por pressão

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Coluna vertebral....................................................................................... 08

Figura 2 – Anatomia e fisiologia da pele................................................................ 18

Figura 3 – Estágio I da UP...................................................................................... 23

Figura 4 - Estágio II da UP..................................................................................... 26

Figura 5 – Estágio III da UP.................................................................................... 27

Figura 6 – Estágio IV da UP.................................................................................... 27

Figura 7 – Escara..................................................................................................... 28

Figura 8 – Força de cisalhamento............................................................................ 28

Figura 9 - Pontos susceptíveis a ocorrência de UP.................................................. 33

Figura 10 – Maneira correta de transportar o paciente......................................... 41

Figura 11 – Posicionamento correto do paciente...................................................... 42

Figura 12 - Colchões especiais para prevenção de UP............................................. 43

Figura 13 – Alívio da pressão em pacientes restritos a cadeiras............................... 43

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Prevalência de trauma raquimedular conforme idade nos pacientes

internados no HMGV de janeiro a dezembro de 2007...................................................

52

Gráfico 2 – Prevalência de trauma raquimedular conforme sexo nos pacientes

internados no HMGV de janeiro a dezembro de 2007..................................................

53

Gráfico 3 - Fatores de risco que ocasionaram o trauma raquimedular nos pacientes

internados no HMGV de janeiro a dezembro de 2007...................................................

54

Gráfico 4 – Nível do trauma raquimedular dos pacientes internados no HMGV de

janeiro a dezembro de 2007...........................................................................................

55

Gráfico 5 – Tempo de permanência dos pacientes internados no HMGV de janeiro a

dezembro de 2007..........................................................................................................

56

Gráfico 6 – Presença de úlcera por pressão nos pacientes internados no HMGV de

janeiro a dezembro de 2007...........................................................................................

57

Gráfico 7 – Número de úlcera por pressão por nível de estágio nos pacientes

internados no HMGV de janeiro a dezembro de 2007...................................................

58

Gráfico 8 – Número de pacientes internados com TRM no HMGV no período de

janeiro a dezembro de 2007 que foram transferidos para outras instituições durante o

tratamento......................................................................................................................

59

Gráfico 9 – Relação dos pacientes com TRM que desenvolveram IH cutânea e

Infecção cutânea comunitária.........................................................................................

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LISTA DE SIGLAS

AHCPR - Agency of Health Care Policy and Research

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CCIH - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

CCIHs - Comissão de Controle de Infecções Hospitalares

CEP - Comitê de Ética e Pesquisa

CNS - Conselho Nacional de Saúde

EUA - Estados Unidos da América do Norte

HMGV - Hospital Municipal de Governador Valadares

JCAHO - The Joint Commission for the Acreditation of health Care Organization

NNIS - National Nasocomial Infections Surveillance

NPUAP - Nacional Pressure Ulcer Panel

OMS - Organização Mundial de Saúde

RS - Rio Grande do Sul

SAME - Serviço de Arquivo Médico e Estatística

UNIVALE - Universidade Vale do Rio Doce

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LISTA DE SÍMBOLOS

% - Porcentagem

m² - Metros quadrados

kg - Quilograma

mmHg - Milímetros de mercúrio

@ - Arroba

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 14

2 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL..........................................................

18

20

3 TRAUMA RAQUIMEDULAR................................................................................

22

4 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE...............................................................

25

5 ÚLCERA POR PRESSÃO......................................................................................

26

5.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO.......................................... 26

5.1.1 Estágio I............................................................................................................... 27

5.1.2 Estágio II............................................................................................................. 27

5.1.3 Estágio III............................................................................................................ 28

5.1.4 Estágio IV............................................................................................................. 28

5.1.5 Escara................................................................................................................... 29

5.2 FATORES DE RISCO............................................................................................. 29

5.2.1 Fatores de risco intrínsecos................................................................................ 29

5.2.1.1 Idade................................................................................................................... 30

5.2.1.2 Raça................................................................................................................... 30

5.2.1.3 Peso corporal..................................................................................................... 30

5.2.1.4 Anemia............................................................................................................... 30

5.2.1.5 Nutrição............................................................................................................. 31

5.2.1.6 Imobilidade........................................................................................................ 31

5.2.1.7 Infecção e febre.................................................................................................. 31

5.2.1.8 Fatores neurológicos......................................................................................... 31

5.2.1.9 Fatores vasculares............................................................................................. 31

5.2.2 Fatores de risco extrínsecos............................................................................... 32

5.2.2.1 Pressão............................................................................................................... 32

5.2.2.2 Cisalhamento..................................................................................................... 33

5.2.2.3 Fricção............................................................................................................... 33

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5.2.2.4 Umidade............................................................................................................. 33

5.3 ETIOPATOGENIA................................................................................................. 34

5.3.1 Intensidade da pressão........................................................................................ 34

5.3.2 Duração da pressão............................................................................................ 35

5.3.3 Tolerância tecidual............................................................................................. 35

5.4 ESCALAS PARA AVALIAÇÃO DE RISCO....................................................... 35

5.4.1 Norton.................................................................................................................. 36

5.4.2 Gosnell................................................................................................................. 36

5.4.3 Waterlow.............................................................................................................. 38

5.4.4 Braden................................................................................................................. 39

5.5 ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA PREVENÇÃO DE UP.. 40

5.5.1 Avaliação do risco............................................................................................... 42

5.5.2 Cuidados da pele e tratamento inicial para prevenção................................... 44

5.5.3 Superfícies de suporte e alívio da carga mecânica........................................... 45

5.5.4 Educação para prevenção................................................................................. 46

6 INFECÇÃO HOSPITALAR....................................................................................

47

6.1 CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE IH......................................................... 48

6.1.1 Causas................................................................................................................. 49

6.1.2 Infecção hospitalar cutânea............................................................................... 49

6.1.3 Métodos de controle e prevenção...................................................................... 49

7 METODOLOGIA.....................................................................................................

50

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................

51

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................

61

REFERÊNCIAS...........................................................................................................

63

APÊNDICES................................................................................................................

69

ANEXOS.......................................................................................................................

75

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1 INTRODUÇÃO

Entende-se por traumatismo raquimedular a lesão de qualquer causa externa da coluna

vertebral, incluindo ou não medula ou raízes nervosas, em qualquer dos seus segmentos,

cervical dorsal ou lombo-sacro (POETSCHER, 2004).

“A lesão da medula espinhal (LME) ocorre em cerca de 15% a 20% das fraturas da

coluna vertebral e a incidência desse tipo de lesão apresenta variações nos diferentes países”

(MULLER, MUHR e GREVE, 1997, p.388).

“No Brasil, estudos demonstram cerca de quarenta novos casos anuais por milhão de

habitantes, perfazendo um total de seis a oito mil por ano” (MULLER, MUHR e GREVE,

1997, p.388).

Algumas pesquisas informam a prevalência de LME preferencialmente no sexo

masculino, na proporção de 4:1 e na faixa etária entre 15 a 40 anos, sendo que as principais

causas desse trauma são: os acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por

mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo. A freqüência do Trauma

Raquimedular (TRM) em decorrência de ferimentos por projéteis de arma de fogo tem

aumentado de modo considerável, refletindo o alto nível de violência nos grandes centros

(DELFINO, 1999).

Tais traumatismos geralmente determinam lesão grave com acentuado

comprometimento neurológico, às vezes irreversíveis, caracterizado por paraplegia - paralisia

parcial ou completa de ambas as extremidades inferiores e todo ou parte do tronco, como

resultado do dano à medula espinhal torácica ou lombar ou às raízes sacrais e tetraplegia -

paralisia parcial ou completa envolvendo todas as quatro extremidades e o tronco, incluindo

os músculos respiratórios, como resultado do dano á medula espinhal cervical ou mesmo

ocasionando a morte do indivíduo. Uma vez que os atuais recursos terapêuticos são

praticamente ineficazes no sentido de reverter graves lesões neurológicas é de fundamental

importância salientar as medidas preventivas capazes de evitar ou minimizar os efeitos do

trauma (CASTRO, 2008).

Pacientes com TRM tem um elevado risco para desenvolver úlcera de pressão (UP)

devido à perda da mobilidade e motricidade abaixo do nível medular acometido

(NOGUEIRA, 2008).

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As úlceras por pressão também já foram denominadas “escaras de decúbito” e “úlceras

de decúbito”. Uma UP pode ser descrita como uma lesão localizada na pele, causada pela

interrupção do suprimento sanguíneo para aquela área (DEALEY, 2001).

Segundo Costa (2007, p.14) a UP é “uma área localizada de morte celular que se

desenvolve quando um tecido mole é comprimido entre uma proeminência óssea e uma

superfície dura, por um prolongado período de tempo”.

São causadas por fatores intrínsecos e extrínsecos ao paciente. Existem quatro fatores

extrínsecos que podem levar ao aparecimento dessas lesões: a pressão, o cisalhamento, a

fricção e a umidade. Dentre os fatores intrínsecos destacam-se: a idade, o estado nutricional, a

perfusão tecidual, o uso de alguns medicamentos, as doenças crônicas e as doenças

cardiovasculares (BLANES e DUARTE, 2008).

Para esses pacientes, o meio mais exeqüível para a prevenção de úlcera de pressão é a

mudança da posição do corpo, de forma que a pressão seja redistribuída (SAVONITTI, 2008).

“A atuação de uma equipe multiprofissional integrada é de fundamental importância

para que haja qualidade na assistência prestada ao paciente. Enfermeiros, médicos,

fisioterapeutas e nutricionistas contribuem no fornecimento de um cuidado mais completo e

abrangente” (CASTILHO e CALIRI, 2005, p. 598).

É muito importante que o enfermeiro saiba identificar os fatores de risco para úlcera

de pressão, como a restrição ao leito, à incontinência urinária ou fecal, o nível alterado de

consciência ou ainda uma nutrição deficiente. Tal habilidade facilita a prevenção das úlceras e

proporciona a contenção dos custos de cuidado de saúde (FERNANDES, 2007).

“Muitas escalas ou instrumentos de avaliação de risco podem ser eficientes na

identificação precoce de pacientes com risco de desenvolvimento de úlcera de pressão. Dentre

as escalas mais citadas estão: de Norton, Gosnell, Waterlow e Braden” (FERNANDES 2007,

67-69p).

A escala de Braden tem sido a mais utilizada nos serviços de saúde americanos tanto

por enfermeiros como por outros profissionais na prática e pesquisa. A pontuação total obtida

na escala irá predizer o risco do paciente para a úlcera e nortear a seleção das medidas

preventivas necessárias. São considerados em risco pacientes adultos com pontuação igual ou

menor que 16 ou idosos com pontuação igual ou menor que 17 (BERGSTROM et al, 1992).

Como os pacientes com UP apresentam várias alterações de suas funções fisiológicas,

tornam-se deste modo mais susceptíveis a infecções hospitalares. Esses pacientes necessitam

de uma avaliação completa e tratamento imediato, pois, qualquer tipo de infecção pode ser

ameaçador à vida (SARAIVA et al., 2008).

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Segundo a Portaria do Ministério da Saúde GM n° 2616 de 12/05/1998 (BRASIL,

1998), anexo II, “Infecção Hospitalar (IH) é aquela adquirida após admissão do paciente e que

se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a

internação ou procedimentos hospitalares”.

Os primeiro dados colhidos com metodologia adequada pelo Ministério da Saúde,

apontam que entre 1% e 15% dos pacientes internados em hospitais brasileiros adquirem IH

(ANVISA, 2004).

Segundo a Portaria do Ministério da Saúde n° 930 (BRASIL, 1992), “Infecção

Comunitária é a infecção constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde

que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital”.

Entre os fatores que podem causar ou facilitar a ocorrência de IH estão o uso de

material hospitalar contaminado, a má assepsia das mãos, uso desnecessário e abusivo de

antibióticos, a falta de hábitos de higiene da equipe de saúde, dos pacientes e das visitas, a

baixa resistência de alguns tipos de pacientes como idosos, obesos, diabéticos, com câncer e

outras doenças graves, crianças prematuras e com baixo peso e tempo prolongado de

internação (ANVISA, 2002).

As infecções hospitalares são as mais freqüentes e importantes complicações ocorridas

em pacientes hospitalizados. No Brasil estima-se que 5% a 15% dos pacientes internados

contraem alguma infecção hospitalar e essa acresce, em média, 5 a 10 dias ao período de

internação. Além disso, os gastos relacionados a procedimentos diagnósticos e terapêuticos da

infecção hospitalar fazem com que o custo seja elevado (LIBERMAN et al., 2008).

O conhecimento dos mecanismos de transmissão, aliados a ampliação dos recursos

diagnósticos laboratoriais, delineou medidas objetivas para o controle de IH. Entre os

principais meios de prevenção incluem-se a lavagem das mãos, isolamento de doenças

transmissíveis e medidas especificas para cada sitio de infecção. A prevenção deve constituir

o objetivo de todos os profissionais de saúde (LARSON, 2008).

A infecção hospitalar cutânea surge em decorrência de ruptura da integridade da

epiderme e acomete os tecidos subcutâneo e muscular. Os fatores predisponentes em

infecções por anaeróbios são trauma, isquemia e cirurgia. Os organismos freqüentemente são

provenientes da flora oral ou fecal, particularmente em feridas associadas à cirurgia intestinal,

úlcera de decúbito e mordidas humana. A infecção instala-se com a invasão da derme e do

subcutâneo pelo patógeno e mecanismos inflamatórios são elicitados como resposta à invasão

(SOUZA, 2008).

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O interesse por esta pesquisa decorreu após realização pelo grupo de estágio curricular

supervisionado em enfermagem, na clínica médica, durante o sexto período de graduação no

segundo semestre de 2007 e da clínica cirúrgica, no sétimo período durante o primeiro

semestre de 2008 no Hospital Municipal de Governador Valadares (HMGV).

Após pesquisas sobre o assunto em livros e revistas, o interesse se intensificou e

concluiu-se que o trauma raquimedular (TRM) é uma das mais graves complicações que

causam incapacidade no ser humano, além de repercussões físicas e psicológicas, podendo

levar ao aparecimento de úlcera de pressão (UP) durante o período de internação em pacientes

acamados, que não tiveram uma assistência eficaz pela equipe de saúde, tornando-o mais

susceptível a infecção hospitalar (IH) cutânea.

Sabe-se que um aumento no índice de IH prolonga a permanência do paciente no

hospital e diminui sua qualidade de vida, tornando o seu tratamento mais dispendioso para a

instituição.

Diante dessa pesquisa ficou evidente a necessidade de conhecer com maior

profundidade o tema, e assim decidiu-se dar continuidade ao trabalho realizado pelas

acadêmicas do curso de enfermagem da UNIVALE no ano de 2006 com o tema: “Prevalência

dos casos de úlcera por pressão em pacientes com trauma raquimedular no período de janeiro

a dezembro de 2006 no Hospital Municipal de Governador Valadares”, através de uma

pesquisa de campo em prontuários de pacientes internados com TRM no HMGV no período

de janeiro a dezembro de 2007, além de fornecermos um instrumento para os profissionais da

saúde para subsidiar uma assistência qualificada.

Neste contexto o objetivo deste estudo é de identificar os fatores de risco para infecção

hospitalar cutânea por úlcera de pressão em pacientes com lesão raquimedular internados no

HMGV de janeiro a dezembro de 2007.

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2 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral é composta por um conjunto de 33 (trinta e três) vértebras que

formam um canal ósseo ao longo da maior parte do corpo, sendo 7 cervicais, 12 torácicas, 5

lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas. Além de sustentáculo do esqueleto, a coluna é muito

importante pelo precioso conteúdo que encerra. Ao longo de quase toda a sua extensão,

protegidas pelas vértebras que a envolvem, situa-se a medula espinhal que é o prolongamento

do encéfalo. Com quase meio metro de comprimento, cerca de 44 centímetros, a medula

espinhal do adulto é uma das mais importantes estruturas do corpo humano. Começa junto à

cabeça, em conexão direta com o encéfalo. A porção mais baixa do tronco cerebral, o

chamado bulbo, liga-se diretamente à porção inicial da medula espinhal (FLORÊNCIO,

1990).

Figura 1 - Coluna vertebral Fonte: www.magnaspine.com

Da base do crânio, a medula se estende pelo tronco, até o nível da primeira ou segunda

vértebra lombar, pouco acima da cintura. Terminando em forma de um cone medular, que é

envolvido por um tecido conjuntivo especial, meníngeo, que se estende até o cóccix. É o

filamento terminal, que liga a medula à coluna vertebral. Na porção final da medula

localizam-se, além do filamento terminal, as raízes dos últimos nervos espinhais. Dispostos

em torno do cone medular e do filamento terminal, esses nervos formam a cauda eqüina

(FLORÊNCIO, 1990).

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Apesar de estar tão bem protegida, a medula espinhal às vezes sofre as conseqüências

de traumatismos que podem atingir o que constitui seu envoltório, são os chamados traumas

raquimedulares (FLORÊNCIO, 1990).

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3 TRAUMA RAQUIMEDULAR

A lesão da medula espinhal é uma das mais graves complicações que causam

incapacidade no ser humano, pois provoca falência de uma série de funções vitais como na

locomoção, sensibilidade, sexualidade, sistema urinário e intestinal e do sistema nervoso

autônomo. Considerando ainda que as principais causas do traumatismo raquimedular sejam

as traumáticas e que a maioria da população atingida tem menos de 40 anos e são jovens

ativos, pode-se observar uma grave incapacidade que os acomete, de forma abrupta com

repercussões físicas e psicológicas (GREVE, CASALIS e FILHO, 2001).

A medula espinhal (ME) conduz impulsos para o encéfalo e impulsos que dele se

originam. As várias vias aferentes e eferentes proporcionam um elo vital no controle do

sistema nervoso autônomo, portanto a transecção da medula irá resultar na perda da

capacidade motora, sensibilidade superficial e profunda, controle vasomotor, controle

intestinal e da bexiga e função sexual (BROMLEY,1997).

Segundo Gebrin et al. (1997), “a incidência do trauma raquimedular vem se

estabilizando em vários países desenvolvidos, mais há ainda um grande custo de vidas,

sofrimento humano e repercussões econômicas. A incidência varia de 9 a 49 casos por milhão

de pessoas, sendo a menor na Dinamarca, seguida pelo Japão, mesmo com excelentes

programas de prevenção”.

No Brasil, a incidência do TRM é de 32 a 52 casos por milhão de habitantes, tendo um

total de 8.000 casos por ano. Ocorre preferencialmente no sexo masculino, na faixa etária dos

15 aos 40 anos (SOUZA, 2003).

Os acidentes automobilísticos, projéteis de armas de fogo, objetos perfurantes e os

próprios fragmentos ósseos destacados das vértebras fraturadas ou luxadas costumam causar

lesões na medula. Fatores mecânicos que não atuam diretamente sobre a coluna vertebral, mas

à distância, como explosões, descargas elétricas, descompressões bruscas, podem também ser

causa de traumas (FLORÊNCIO, 1990).

Segundo Florêncio (1990), a região torácica da medula é a mais atingida por acidentes:

cerca de 50% dos casos. Seguem-se a lombar (25%), a cervical (20%) e a sacral (5%).

O grau máximo da lesão é quando a medula chega a ser seccionada parcial ou

completamente, em decorrência, por exemplo, de penetração por corpos sólidos como

projéteis balísticos ou armas brancas. As lesões medulares interrompem a passagem de

impulsos pelas fibras nervosas, podendo haver perda da mobilidade voluntária (paralisia) no

caso de lesão das fibras motoras, ou da sensibilidade (anestesia), se as fibras afetadas forem as

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sensitivas. Quando ocorre fratura ou deslocamento ao nível da primeira e da segunda vértebra

cervicais, o acidente costuma acarretar a morte. Entre a quinta e a sétima vértebras cervicais,

onde se situam os centros motores dos membros superiores, a paralisia atinge os quatro

membros ficando tetraplégica; quando a medula é agredida na altura do segmento torácico,

apenas os membros inferiores ficam paralisados causando a paraplegia (FLORÊNCIO, 1990).

Em pacientes acometidos por lesão medular, que permanecem deitados por longos

períodos sem poderem se movimentar espontaneamente, o peso do corpo exerce pressão sobre

as proeminências ósseas e, conseqüentemente, a pele adquire coloração esbranquiçada

decorrente da isquemia, por falta de irrigação sangüínea na área da compressão. Se essa

compressão for eliminada pela mudança de decúbito do paciente, essa área de coloração

esbranquiçada dará lugar a uma área de coloração avermelhada devido à hiperemia reativa

que ocorre como resposta ao súbito aumento do fluxo de sangue na região antes

comprimida. Caso essa pressão não seja periodicamente aliviada, através das mudanças de

decúbitos desses pacientes, a área de coloração esbranquiçada evolui para um estágio de

sofrimento tecidual adquirindo o aspecto cianosado, que tem coloração roxa, seguido de

formação de bolhas que se rompem facilmente e necrosam, por morte dos tecidos na falta de

oxigênio e nutrientes, produzindo escaras ou úlceras por pressão (DANTAS, 2004).

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4 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE

A pele constitui o maior órgão do organismo humano. No adulto, em média, ela tem

uma área total de 2m2, pesa aproximadamente 2,7 kg, recebe 1/3 do 2006

volume de sangue circulante, é ativa e suas funções são vitais para a manutenção dos

mecanismos de defesa contra doenças. Portanto, a pele se mostra como um revestimento do

corpo que forma uma barreira contra o meio externo, ao mesmo tempo em que mantém a

homeostase (SILVA, 2008).

É composta por três camadas: a epiderme, a derme e a hipoderme. A epiderme é a

camada mais externa, tendo quatro camadas ou regiões, por vezes denominadas estratos,

divididas em stratum basale, stratum spinosum, stratum granulosu e stratum corneum. As

três regiões mais exteriores consistem em células mortas que estão sendo constantemente,

empurradas à superfície e varridas, ao mesmo tempo em que novas células surgem na região

mais interna. A principal substância da camada externa da epiderme é a queratina, que

proporciona uma proteção à prova d’água evitando o ressecamento da pele e possui uma

reação levemente ácida, produzindo a acidez da pele que age como uma barreira contra

agentes patogênicos invasores. A epiderme contém, também, o pigmento chamado melanina

que propicia a coloração da pele, ajudando a evitar o surgimento de câncer local, protegendo-

a da exposição excessiva à luz solar (HOOD e DINCHER, 1995).

A derme está firmemente conectada à epiderme, consistindo em duas camadas. A

camada mais externa e superficial contém pequenas elevações que se projetam para fora, na

epiderme. A camada reticular ou mais profunda contém numerosos vasos capilares e fibras

nervosas que são responsáveis pelo sangramento e dor quando uma pessoa perfura um dedo.

Algumas das fibras nervosas possuem receptores para o calor e o frio, outras, para o tato, a

pressão e algumas estão envolvidas com a vasodilatação e a vasoconstrição. A derme contém

também as glândulas sudoríparas que produzem o suor e as glândulas sebáceas o óleo. Todas

as estruturas estão unidas pelo tecido conetivo fibroso e elástico (HOOD e DINCHER, 1995,

p. 615).

A camada mais profunda da pele, por sua vez, é a hipoderme, também intitulada de

camada subcutânea. Essa camada contém grandes quantidades de gordura e algumas

glândulas sudoríparas. A espessura da pele e a quantidade de tecido subcutâneo variam nas

diferentes partes do corpo. Suas funções são de isolamento, de proteção e de regulação da

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temperatura corpórea. As unhas, o cabelo e as glândulas sebáceas e sudoríparas, com seus

ductos, constituem apêndices da pele (HOOD e DINCHER, 1995).

Hess (2002) considera que existem seis funções atribuídas à pele:

a) proteção: a pele atua como barreira física contra microorganismos e contra

substâncias estranhas, protegendo-o de infecções e de perda excessiva de líquidos;

b) sensibilidade: na pele, há terminações nervosas que permitem a sensação de dor, de

pressão, de frio e de calor;

c) termorregulação: a temperatura corporal é regulada pela pele, através da

vasodilatação e da sudorese;

d) excreção: a pele ajuda o processo de termorregulação, através da excreção de

resíduos, como eletrólitos e água;

e) metabolismo: é através da pele que ocorre a síntese de vitamina D pela exposição à

luz solar, o que ativa o metabolismo do cálcio e do ferro e garante a formação óssea;

f) imagem corporal: a pele detalha aparência e identifica o modo único de cada

indivíduo.

Figura 2 – Anatomia da pele Fonte: RIBEIRO (2007).

O conhecimento da anatomia e da fisiologia da pele é essencial para classificar as feridas, avaliar e documentar o grau de destruição tecidual. Além disso, é fundamental tanto para a prevenção quanto para os cuidados eficazes da ferida (BENBOW e DEALEY, 2007, p.23).

O prejuízo na epiderme, na derme e na hipoderme pode ser causado por diversas

condições fisiopatológicas, degenerativas, ou ambas. Como por exemplo, pode-se citar a UP,

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considerada uma ferida crônica de reincidência freqüente e de cicatrização difícil. Embora não

ameace diretamente a vida do paciente, a UP representa um problema para os indivíduos

afetados, uma vez que lhes acarreta considerável desconforto e influência a permanência no

hospital, dificultando o retorno ao convívio familiar (SILVA, SANCHES e CARVALHO,

2007).

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5 ÚLCERA POR PRESSÃO

A importância da UP teve marco a partir de 1987, quando o governo norte-americano

criou um órgão para avaliação e credenciamento dos serviços de saúde, The Joint Commission

for the Acreditation of health Care Organization (JCAHO), o qual estabeleceu que a lesão

fosse um indicador de qualidade do cuidado. No mesmo ano e também nos Estados Unidos

(EUA), organizou-se um painel nacional de consultoria em UP, o Nacional Pressure Ulcer

Panel (NPUAP), formado por especialistas de diversas áreas com o objetivo de melhorar a

prevenção e o tratamento dessas feridas por meio de educação, de pesquisa e de políticas

públicas (SOUZA, 2007).

Segundo Costa (2007, p.14) a UP “é uma área localizada de morte celular que se

desenvolve quando um tecido mole é comprimido entre uma proeminência óssea e uma

superfície dura, por um prolongado período de tempo”.

Outros termos freqüentemente usados são: úlceras de decúbito, úlcera de compressão,

escara e escara de decúbito. Todos se referem ao mesmo fenômeno. O termo escara

antigamente era atribuído como sinônimo de UP, porém inadequado, pois, representa a crosta

ou camada de tecido necrótico que pode estar cobrindo a lesão em estágios mais avançados

(BENFATI, 2008).

A UP é caracterizada por uma lesão da pele causada pela associação de fatores

internos e externos que, após um período de fluxo sanguíneo deficiente, os nutrientes deixam

de ser carreados para a célula e os produtos de degradação se acumulam, assim, ocorre à

isquemia seguida de hiperemia, edema e necrose tecidual, evoluindo para a morte celular. A

interrupção de suprimento sanguíneo para a área geralmente é provocada por pressão,

cisalhamento e fricção. Por ser a pressão o agente principal para a sua formação, recomenda-

se a adoção do termo UP, por ser o mais aceito, uma vez que se mostra mais acurado e mais

descritivo, o que justifica sua utilização neste estudo (LISE e SILVA, 2008).

Os locais mais susceptíveis ao desenvolvimento de UP são as proeminências ósseas

devido à distribuição desigual de peso e excesso de pressão nessas áreas. São elas: o sacro,

ísquio, trocânter do fêmur, cotovelo, calcâneo, escápula, osso occipital, esterno, costelas,

crista ilíaca, patela e maléolos (DUARTE e DIOGO, 2000).

As UPs podem ocorrer também embaixo do gesso ou da tala, já que o peso do paciente

se concentra totalmente nessas partes do corpo durante o repouso prolongado em superfície

inadequada (DUARTE e DIOGO, 2000).

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5.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO

As alterações da integridade da pele que comumente resultam em lesões denominadas

UP têm sido relatadas como sendo objeto de preocupação da enfermagem desde o seu início

com Florence Nightingale, porém o problema continua sendo bastante comum em paciente

cuidados nos hospitais e domicílios (CALIRI, 2008).

Hoje se sabe que algumas lesões são decorrentes de fatores inerentes à doença e ao

estado do paciente de alto risco, no entanto a maior parte do problema pode ser evitado

através do uso de materiais e equipamentos adequados para alívio da pressão, cuidados

adequados com a pele e considerações com os aspectos nutricionais (CALIRI, 2008).

Um dos meios mais precoces para classificar as UPs é através de um sistema de

gradação ou estagiamento que tem a finalidade de fornecer aos profissionais de saúde um

método uniforme e objetivo para avaliação e descrição das UPs, de acordo com sua

manifestação clínica, isto é, com sua profundidade e/ou a severidade, o que vai de eritema à

extensiva destruição da pele, necrose do tecido, dano ao músculo, ao osso ou às estruturas de

suporte. De modo geral, esses sistemas de classificação adotam os critérios estabelecidos pela

NPUAP, que estabelecem a sua graduação em estágios do I ao IV (POTTER e PERRY,

2004).

5.1.1 Estágio I

No estágio I a epiderme e a derme estão lesadas, mas não destruídas. É um eritema da

pele intacta que não embranquece após a remoção da pressão. Em indivíduos com a pele mais

escura, a descoloração da pele, o calor, o edema ou o endurecimento também podem ser

indicadores de danos (BENFATI, 2008).

Figura 3 – Estágio I da UP. Fonte: BENFATI, 2008.

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5.1.2 Estágio II

No estágio II, a epiderme e derme se encontram rompidas, podendo envolver o

tecido subcutâneo. A úlcera é superficial e apresenta-se como uma abrasão, uma bolha ou

uma cratera rasa. Neste caso, a úlcera é dolorosa, porque os terminais de nervos da derme

estão expostos (BENFATI, 2008).

Figura 4 – Estágio II da UP Fonte: BENFATI (2008).

5.1.3 Estágio III

No estágio III há uma perda da pele na sua espessura total, envolvendo danos ou uma

necrose do tecido subcutâneo que pode se aprofundar, não chegando até a fáscia muscular. A

úlcera se apresenta clinicamente como uma cratera profunda (BENFATI, 2008).

Figura 5 – Estágio III da UP. Fonte: BENFATI (2008).

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5.1.4 Estágio IV

No estágio IV há uma perda da pele na sua total espessura com uma extensa destruição

ou necrose dos músculos, ossos ou estruturas de suporte como tendões ou cápsulas das juntas

(BENFATI, 2008).

Figura 6 – Estágio IV da UP Fonte: BENFATI (2008).

5.1.5 Escara

É o termo que antigamente era atribuído como sinônimo de UP, porém inadequado,

pois, representa a crosta ou camada de tecido necrótico que pode estar cobrindo a lesão em

estágios mais avançados (BENFATI, 2008).

Figura 7 – Escara Fonte: BENFATI (2008).

A classificação da UP em estágios comporta algumas limitações, como: a UP de

estágio I pode ser superficial ou um sinal de dano de um tecido mais profundo, não sendo

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facilmente avaliada, especialmente em pacientes com uma pele de pigmentação escura,

sugere-se que, quando se examinam clientes com pele intensamente pigmentada tenha uma

iluminação adequada, pois é importante para avaliar corretamente a pele; uma úlcera coberta

por tecido necrótico, como a escara, não pode ser estagiada, até que seja debridada e possa ser

observada a profundidade do tecido destruído na UP; é difícil avaliar a UP em pacientes que

estejam com aparelhos ortopédicos e talas (POTTER e PERRY, 2004).

5.2 FATORES DE RISCO

Vários fatores podem predispor um cliente à formação da UP. Estes fatores são

classificados em intrínsecos, que criam condições favoráveis para UP e extrínsecos, que

podem provocar UP isoladamente ou em conjunto (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

5.2.1 Fatores de risco intrínsecos:

Dentre os fatores de risco intrínsecos estão: a idade, a raça, o peso corporal, anemia,

nutrição, imobilidade, infecção e febre, fatores neurológicos e vasculares (SAVONITTI e

SGAMBATTI, 2000).

5.2.1.1 Idade

Os idosos apresentam ocorrência mais freqüente de UP. Existe maior incidência do

desenvolvimento de úlcera em pessoas com mais de 75 anos de idade. Algumas das alterações

normais na pele envelhecida contribuem para o maior risco de UP nos idosos (POTTER e

PERRY, 2004).

Embora as velocidades para os estágios da cicatrização de feridas entre os idosos

possam ser lentas, os aspectos fisiológicos da cicatrização não são diferentes daqueles no

adulto. Os problemas que se originam durante a cicatrização podem ser difíceis de atribuir ao

processo de envelhecimento ou a outras possíveis causas, como a nutrição deficiente,

ambiente ou resposta individual ao estresse (POTTER e PERRY, 2004).

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5.2.1.2 Raça

Maior incidência na cor de pele escura, que dificulta a observação das

primeiras fases da lesão, sem que se dê início ao processo preventivo (SAVONITTI e

SGAMBATTI, 2000).

5.2.1.3 Peso corporal

Todo grande desvio de peso corporal (obesidade e caquexia). Estes pacientes podem

apresentar maior dificuldade de movimentação, sofrendo os efeitos da força de cisalhamento

por técnicas de movimentação incorretas (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

5.2.1.4 Anemia

Qualquer anóxia tissular ou redução do suprimento sanguíneo causada pela

compressão levará mais tempo para ser corrigida (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

5.2.1.5 Nutrição

A carência protéica, devido a perdas ou ingestão inadequadas, com balanço

nitrogenado negativo, predispõe o edema, diminuição da elasticidade, da resistência e da

vitalidade dos tecidos. A deficiência de ácido ascórbico interfere na integridade normal do

tecido (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

5.2.1.6 Imobilidade

O movimento é uma defesa natural do corpo contra a pressão. Pacientes paraplégicos,

tetraplégicos, comatosos, sedados e politraumatizados permanecem por um período de tempo

mais prolongado na mesma posição, levando a um ciclo vicioso de atrofia muscular e

contraturas, evidenciando os pontos de pressão nas proeminências ósseas, surgindo às

ulcerações ou piora das mesmas (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

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5.2.1.7 Infecção e febre

Febre prolongada pode interferir na capacidade do corpo de lutar contra os efeitos da

pressão. Infecções podem causar distúrbios nutricionais e diminuição da resistência da pele e

dos músculos. As bactérias tendem a se localizar no local da compressão, prejudicando a

circulação e precipitando a isquemia (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

5.2.1.8 Fatores neurológicos

Distúrbios mentais e alterações do nível de consciência, plegias e paresias são

condições que reduzem a capacidade de aliviar a dor e de movimentação, conseqüentemente

aumentando o risco de lesão cutânea (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

5.2.1.9 Fatores vasculares

Distúrbios vasculares periféricos afetam o suprimento de oxigênio sanguíneo da pele,

aumentando sua vulnerabilidade aos efeitos da pressão (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

5.2.2 Fatores de risco extrínsecos

Existem quatro fatores de risco extrínsecos principais que podem levar ao

aparecimento dessas lesões que são: a pressão, o cisalhamento, a fricção e a umidade

(SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

5.2.2.1 Pressão

É o fator etiológico primário e o mais importante no desenvolvimento de UP. Quando

o tecido mole do corpo é comprimido entre uma saliência óssea e uma superfície dura,

provoca pressões maiores do que as pressões capilares, ocorrendo isquemia localizada. A

pressão normal do organismo a este tipo de pressão é mudar a posição do corpo, de forma que

a pressão seja redistribuída, depois da pressão ser aliviada, a palidez da pele sobre a área

comprimida é substituída por um rubor vermelho-vivo sobre a saliência óssea, e é

conseqüência de um aumento temporário do fornecimento de sangue para a região, que

remove detritos e traz oxigênio e nutrientes (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

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Esta hiperemia permanece até que o detrito metabólico seja totalmente removido,

restaurando a oxigenação dos tecidos e retornando ao aspecto normal. Entretanto, a

intensidade da pressão não é o componente mais importante, e sim o tempo durante o qual ela

é exercida, visto que a lesão gerada por uma pressão de determinada intensidade, por um

tempo maior, torna-se mais externa do que aquela causada por uma maior intensidade e menor

tempo (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

Se esta pressão não for aliviada e persistir por um longo período de tempo, haverá

necrose dos tecidos. A pressão prolongada provoca distorção dos tecidos moles, resultando na

destruição do tecido próximo ao osso. Criando uma úlcera em forma de cone, com a parte

mais larga do cone próxima ao osso e a mais estreita na superfície do corpo. Portanto, a úlcera

visível não revela extensão real da lesão do tecido (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

5.2.2.2 Cisalhamento

É a força paralela ao plano da pele e perpendicular às protuberâncias ósseas,

provocando oclusão dos capilares por acotovelamento, resultando em hematoma seguido por

uma área de isquemia. Quando a pele destas áreas se rompe, observa-se o aparecimento de

uma cavidade profunda. Com a cabeceira da cama elevada acima de 30°, o paciente

escorrega, sendo necessário reposicioná-lo. Durante este movimento o tronco e os tecidos

mais próximos de movimentam, mas a pele da região glútea permanece aderida ao lençol,

enquanto o esqueleto do paciente é levado para cima. O que colabora para que esta força de

cisalhamento aconteça são, mas e cadeiras que estimulam o escorregar, sem manter uma boa

postura (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

5.2.2.3 Fricção

Ocorre quando duas superfícies entram em atrito, podendo levar à formação de bolhas

e abrasões superficiais. Isto acontece durante a movimentação voluntária ou involuntária.

Quando um paciente é arrastado na cama, ao invés de ser levantado, ou apresenta exacerbação

da motricidade involuntária, o atrito entre a pele e os elementos situados sobre ela (lençol,

roupas, plásticos, restos de alimentos, entre outros) faz com que as camadas superiores de

células epiteliais sejam retiradas (SAVONITTI e SGAMBATTI, 2000).

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5.2.2.4 Umidade

A umidade causa maceração da pele. A presença constante de suor excessivo; urina

e/ou fezes, por incontinência; vazamento de curativos; sistema de drenagem ou alimentação,

em contato com a pele, macera-a, pois a pele molhada torna-se mais adesiva, aumentando o

efeito iatrogênico da fricção e efeitos da força de cisalhamento. Outro fator é o risco de

infecção devido às condições favoráveis ao desenvolvimento de germes (SAVONITTI e

SGAMBATTI, 2000).

Figura 8 – Força de cisalhamento Fonte: SAVONITTI e SGAMBATTI (2000, p.259).

5.3 ETIOPATOGENIA

Três elementos constituem o sustentáculo do desenvolvimento da UP: a intensidade e

a duração da pressão e a tolerância dos tecidos para suportar essa pressão (POTTER e

PERRY, 2004).

5.3.1 Intensidade da pressão

Uma UP ocorre em conseqüência de relação tempo-pressão. Quanto maior for a

pressão e a duração da pressão, maior será a incidência da formação de úlcera. A pele e os

tecidos subcutâneos podem tolerar alguma pressão. Contudo, a pressão aplicada

externamente, maior que a pressão no leito capilar, diminui ou oblitera o fluxo sanguíneo para

os tecidos adjacentes. Tais tecidos tornam-se hipóxicos, resultando a lesão isquêmica. Quando

esta pressão é maior que 32 mmHg e permanece sem ser aliviada até o ponto da hipóxia, os

vasos colaram-se e sofrem trombose (POTTER e PERRY, 2004).

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5.3.2 Duração da pressão

É um fator relevante no aparecimento das UPs. Precisa ser considerado em associação

com a intensidade da pressão, pois existe um relacionamento inverso entre a duração e a

intensidade da pressão para a criação da isquemia tecidual. Os danos podem ocorrer com:

pressão de baixa intensidade durante um longo período de tempo que são mais significantes

na formação das UPs ou com pressão de intensidade elevada durante um curto período de

tempo (POTTER e PERRY, 2004).

5.3.3 Tolerância tecidual

A tolerância tecidual é o terceiro fator que determina o efeito patológico do excesso de

pressão e é influenciada por fatores extrínsecos e intrínsecos ao paciente. Os extrínsecos se

referem à umidade, à fricção e a força de cisalhamento. Já os intrínsecos estão relacionados à

nutrição, à idade e a pressão arteriolar. O efeito da pressão também pode ser aumentado pela

distribuição desigual do peso corporal. Por causa da gravidade, uma pessoa está sujeita às

pressões constantes do corpo contra qualquer superfície em que ela repousa. Quando a

pressão é distribuída de maneira desigual pelo corpo, há um gradiente de pressão sobre os

tecidos que recebem a pressão (BENFATI, 2008).

O metabolismo celular da pele encontra-se alterado no ponto da pressão. A resposta

compensatória dos tecidos à isquemia: hiperemia reativa permite que o tecido isquêmico seja

inundado pelo sangue, quando a pressão é removida. O fluxo sangüíneo elevado aumenta a

liberação de oxigênio e nutrientes para o tecido. O equilíbrio saudável é restaurado, sendo

evitada a necrose do tecido comprimido. A hiperemia reativa é efetiva apenas quando a

pressão é removida, antes que ocorra a lesão (POTTER e PERRY, 2004).

Se a pressão não for aliviada, a oclusão capilar e isquêmica tissular levam os tecidos a

privação de oxigênio, nutrição e restos metabólicos se acumulam. Os capilares lesados se

tornam mais permeáveis, fazendo a transposição de líquidos para o espaço intersticial,

causando edema. Este, depois de instalado, dificulta a perfusão sanguínea e

conseqüentemente, acentua o quadro de hipóxia, e a inflamação tissular é exacerbada,

consolidando o inicio da UP, visualizada como úlcera de estágio I (FERNANDES, 2007).

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5.4 ESCALAS PARA AVALIAÇÃO DE RISCO

Com a intenção de colaborar na prevenção de UP, dando subsídios para que os

enfermeiros pudessem mais objetivamente indicar quais os pacientes que correm risco para

desenvolvê-las, vários pesquisadores elaboraram escalas para predizer o risco para sua

formação. Entre as mais citadas estão as de Norton, de Gosnell, de Waterlow e a de Braden

(SILVA, 2008).

Cada instrumento apresenta um número diferente dos fatores de risco. O escore de

avaliação de risco do cliente é obtido, adicionando o número individual conferido a cada fator

de risco. A interpretação do significado do escore numérico difere conforme a escala (SILVA,

2008).

5.4.1 Norton

A primeira escala a ser desenvolvida foi à escala de Norton, no início dos anos 60. A

escala consiste em cinco fatores de risco: condição física, condição mental, atividade,

mobilidade e incontinência do paciente. Cada um dos fatores de risco está dividido em vários

níveis e cada nível é pontuado em uma escala de 1 a 4, com uma ou duas palavras descritas

em cada nível. O escore total varia de 5 a 20; um escore mais baixo indica risco mais elevado

para o desenvolvimento de UP (SILVA, 2008).

5.4.2 Gosnell

Gosnel, em 1973, fez uma adaptação da escala de Norton, acrescentando nutrição e

retirando condição física. A escala de Gosnell está constituída também de cinco fatores de

risco: estado mental, continência, mobilidade, atividade e nutrição, contendo três ou mais

palavras ou sentenças descritivas para cada fator de risco. Além de variáveis adicionais, tais

como temperatura corporal, pressão sanguínea, cor e aparência geral da pele, medicação e

diagnóstico médico (SILVA, 2008).

A faixa de pontuação possível para a escala de Gosnell varia de 5 a 20; ressaltando que

ainda estão em desenvolvimento testes para determinar a pontuação crítica na escala (SILVA,

2008).

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5.4.3 Waterlow

Waterlow acrescentou alguns fatores de risco em sua escala, considerando a

constituição peso/altura, continência, áreas visuais de risco, tipo de pele, sexo/idade,

mobilidade, apetite, má nutrição dos tecidos, débito neurológico, cirurgia de grande porte/

trauma e medicação. Os últimos quatros fatores são considerados de risco especial. “A

pontuação de Waterlow classifica o grau de risco em: “de risco”, “alto risco”, “risco muito

alto” (SILVA, 2008).

5.4.4 Braden

A escala de Braden é composta de seis subescalas: percepção sensorial, umidade,

atividade física, mobilidade, nutrição, fricção e cisalhamento. Das seis, três medem

determinantes clínicos de exposição para intensa e prolongada pressão – percepção sensorial,

atividade e mobilidade; e três mensuram a tolerância do tecido à pressão – umidade, nutrição,

fricção e cisalhamento. As primeiras cinco são pontuadas de 1, menos favorável; a 4, mais

favorável; a sexta subescala, fricção e cisalhamento, é pontuada de 1 a 3. Cada uma é

acompanhada de um título e cada nível, de um conceito descritor chave e uma ou duas frases

descrevendo ou qualificando os atributos a serem avaliados (SILVA, 2008).

A contagem de pontos baixa na escala de Braden, indica uma baixa habilidade

funcional, estando, portanto, o indivíduo em alto risco para desenvolver a úlcera de pressão. A

pontuação pode ir de 4 a 23. Pacientes adultos hospitalizados, com uma contagem igual ou

menor do que 16 pontos são considerados de risco. Uma pontuação de 16 é considerada risco

mínimo; de 13 a 14, risco moderado; de 12 ou menos, risco elevado (SILVA, 2008).

A escala de Braden tem sido a mais utilizada nos serviços de saúde americanos tanto

por enfermeiros como por outros profissionais na prática e pesquisa. A pontuação total obtida

na escala irá predizer o risco do paciente para a úlcera e nortear a seleção das medidas

preventivas necessárias (BERGSTROM, ALLMAN e CARLSON et al, 1992).

Dealey (1996) ressalta que as escalas de risco são úteis, trazendo benefícios na

avaliação sistemática do paciente, devendo a equipe de enfermagem ter o cuidado de utilizar

as medidas preventivas cabíveis quando o paciente é considerado de risco.

Segundo SILVA (2008) essa avaliação deve ser regular e não ocasional, como é o caso

de sua aplicação unicamente na admissão do paciente.

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Ao fazer uma análise das escalas descritas, verificou-se que a de Braden é a que está

melhor definida operacionalmente. Mas, acredita-se que, para melhor se adequar à realidade

brasileira, alguns itens deveriam ser levados em conta como a idade do paciente, as condições

da pele, o peso corporal e as condições predisponentes, ou seja, o estado geral de saúde do

paciente (SILVA, 2008).

Os autores pesquisados, tais como Braden e Bergstrom (1987) e Bryant (1992) citado

por Silva (2008), dividem os fatores de risco para úlceras de pressão em intrínsecos e

extrínsecos. Entretanto, deve-se também investigar a relação entre eventos presentes no curso

clínico da doença, em especial na época do diagnóstico – e sua relação com a evolução do

processo.

Ainda referindo-se à causalidade, Pereira (1995) diz que a relação do tipo ‘causa e

efeito’ entre dois eventos, significa que a presença de um deles contribui para a presença de

outro.

A NPUAP estima que, nos EUA, mais de 1 milhão de pessoas por ano, hospitalizadas,

desenvolveram UP e que aproximadamente 60 mil morrem no ano por complicações

decorrentes dessas úlceras. O custo do tratamento da UP é estimado nesse mesmo país, entre 2

mil e 25 mil dólares por individuo ao ano. Já que no Brasil, não existem estudos que estimem

os custos de um paciente portador de tais lesões, principalmente quando as adquirem no

ambiente hospitalar. Portanto, por representar um acréscimo no sofrimento físico e emocional

desses pacientes, reduzindo a sua independência e sua funcionalidade na realização das

atividades diária, as UPs merecem, por parte da equipe multiprofissional, toda atenção no

sentido de prevenir o seu aparecimento ou de favorecer seu tratamento (SILVA, SANCHES e

CARVALHO (2007).

Segundo Nogueira (2008) os pacientes com TRM têm um elevado risco para o

desenvolvimento de UP, devido à perda da mobilidade e motricidade abaixo do nível medular

acometido. Portanto devem ser instituídos cuidados preventivos evitando-se a formação de

UP pela eficaz mudança de decúbito, uso adequado de recursos materiais que favoreçam os

diferentes decúbitos e posicionamento no leito e em cadeira de rodas.

Há que se considerar que o enfermeiro deve conhecer os fatores de risco relacionados

às possíveis complicações. Os fatores de risco para UP em lesados medulares são subsídios

para a prevenção de feridas (MANCUSSI, 2008).

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5.5 ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA PREVENÇÃO DE ÚLCERA

POR PRESSÃO

As UPs são dolorosas e podem pôr em perigo a vida do paciente. Prolongam o tempo

de convalescença em hospitais ou centros de recuperação e aumentam o custo. A prevenção é

a prioridade máxima e as UPs profundas quase sempre podem ser evitadas com uma atenção

intensiva dada ao paciente (POTTER e PERRY, 2004).

A atuação de uma equipe multiprofissional integrada é de suma importância para que haja qualidade na assistência prestada ao paciente. Enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, farmacêuticos e nutricionistas contribuem no fornecimento de um cuidado mais completo e abrangente (CASTILHO e CALIRI, 2005, p. 598).

O conhecimento do profissional que presta o cuidado ao paciente crítico é

fundamental, pois a qualidade do cuidado prestado para a prevenção de UP pode estar

prejudicada se a habilidade e o conhecimento destes não forem adequadamente conduzidos. A

realização de programas educacionais com o objetivo de identificar os fatores de risco para

prevenir as UP é uma medida recomendada pela Agency of Health Care Policy and Research

(AHCPR) e esta destaca ainda a importância de que as orientações estejam voltadas para

todos prestadores de serviços de saúde, sendo disponibilizadas para pacientes e seus

familiares e/ou cuidadores (POTTER e PERRY, 2004).

Na busca pela qualidade da assistência nos serviços de saúde, é importante reconhecer

a UP como um problema extenso, capaz de interferir nesta qualidade. Portanto, é necessário

que não só os enfermeiros, mas toda a equipe multiprofissional sinta-se envolvida e

comprometida em conhecer e entender o que são as UP, suas causas e os fatores de riscos, a

fim de implementar ações efetivas de prevenção e tratamento (BENFATI, 2008).

Todos os indivíduos em risco devem ter uma inspeção sistemática da pele pelo menos

uma vez por dia prestando-se atenção particular às regiões de proeminência ósseas. Os

resultados da inspeção da pele devem ser documentados no prontuário. Indivíduos restritos no

leito ou na cadeira ou aqueles indivíduos que estão com dificuldade de se reposicionar devem

ser avaliados para fatores adicionais que aumentam o risco para desenvolver UP. Esses fatores

incluem imobilidade, incontinência e fatores nutricionais tais como uma ingestão dietética

inadequada ou alteração do estado nutricional e alteração do nível de consciência. Devem ser

avaliados no momento da admissão nas unidades de internação ou reabilitação hospitalares,

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nos asilos, nos programas de visita domiciliar e outras situações de cuidado de saúde

(BENFATI, 2008).

O risco de UP deve ser reavaliado periodicamente e sempre que houver mudanças no

estado do paciente e todas as avaliações de risco devem ser documentadas (BENFATI, 2008).

Na figura abaixo, apresentam-se os pontos mais sensíveis para o surgimento de

úlceras, que merecem cuidadosa inspeção em pacientes acamados ou restritos á cadeira

(BENFATI, 2008).

Figura 9 – Pontos susceptíveis a ocorrência de úlcera por pressão Fonte: BENFATI (2008).

5.5.1 Avaliação do risco:

a) considere em risco para úlcera todas as pessoas restritas ao leito ou cadeira de rodas,

ou aquelas cuja capacidade de se reposicionarem está debilitada;

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b) identifique todos os fatores individuais de risco como diminuição do estado mental,

umidade, incontinência, deficiências nutricionais; de forma a direcionar as medidas

preventivas específicas (BENFATI, 2008).

5.5.2 Cuidados da pele e tratamento inicial para prevenção:

a) limpar a pele no momento que se sujar ou em intervalos de rotina. A freqüência

de limpeza da pele deve ser individualizada de acordo com a necessidade ou

preferência do paciente;

b) diminuir os fatores ambientais que levam ao ressecamento da pele como: umidade

baixa, menos que quarenta por cento, e exposição ao frio. A pele seca deve ser

tratada com cremes hidratantes;

c) evite massagens nas proeminências ósseas. Antigamente acreditava-se que as

massagens em regiões com hiperemia auxiliavam a melhorar o fluxo sanguíneo.

As evidências atuais sugerem que massagem pode causar mais danos;

d) minimizar a exposição da pele à umidade devido à incontinência urinária,

perspiração ou drenagem de feridas. Quando essas fontes de umidade não podem

ser controladas devem-se usar fraldas descartáveis ou forros feitos de materiais que

absorvam a umidade e que mantenham seca a superfície em contato com a pele.

Agentes tópicos que agem como barreira para umidade como cremes, películas

protetoras ou óleos também podem ser usados;

e) as lesões da pele devido à fricção e força de cisalhamento devem ser minimizadas

através de um posicionamento adequado e uso de técnicas corretas para transferência

e mudança de decúbito. Além disso, os danos causados pela fricção podem ser

reduzidos pelo uso de lubrificantes (como cremes e óleos), películas protetoras

(como curativos transparentes e selantes para a pele) e curativos protetores (como

hidrocolóides extrafinos) Recomenda-se também que os pacientes não sejam

"arrastados" durante a movimentação, mas que sejam "erguidos" utilizando-se o

lençol móvel;

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Figura 10 - Maneira correta de transportar o paciente.

Fonte: BENFATI (2008).

f) quando indivíduos aparentemente bem nutridos desenvolvem uma ingestão

inadequada de proteínas ou calorias, os profissionais devem primeiro tentar

descobrir os fatores que estão comprometendo a ingestão e então oferecer uma

ajuda na alimentação. Às vezes outros suplementos nutricionais podem ser

necessários. Se a ingestão dietética continuar inadequada e se for consistente com

os objetivos gerais da terapia, intervenções nutricionais mais agressivas como

alimentação parenteral ou enteral devem ser consideradas. Para indivíduos

comprometidos nutricionalmente um plano de suporte nutricional e ou

suplementação deve ser implementada desde que atenda as necessidades do

indivíduo e seja consistente com os objetivos gerais da terapia;

g) se existe um potencial para melhorar a mobilidade do indivíduo e o estado de

atividade, esforços de reabilitação fisioterápica devem ser instituídos se forem

consistentes com objetivos gerais da terapia. A manutenção do nível atual de

atividade, mobilidade e amplitude de movimentos é uma meta apropriada para maior

parte dos indivíduos;

h) todas as intervenções e resultados devem ser monitorizados e documentados no

prontuário (BENFATI, 2008).

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5.5.3 Superfícies de suporte e alívio da carga mecânica:

a) qualquer indivíduo na cama que seja avaliado como estando em risco para ter UP

deverá ser reposicionado pelo menos a cada duas horas se não houver contra-

indicações relacionadas às condições gerais do paciente. Um horário por escrito

deve ser feito para que a mudança de decúbito e reposicionamento sistemático do

indivíduo seja feito sem esquecimentos;

b) para indivíduos no leito, materiais de posicionamento como travesseiros ou

almofadas de espuma devem ser usados para manter as proeminências ósseas

(como os joelhos ou calcanhares) longe de contato direto um com o outro ou com a

superfície da cama, de acordo com um plano de cuidados por escrito;

Figura 11 – Posicionamento correto do paciente Fonte: BENFATI (2008).

c) os indivíduos acamados que estão completamente imóveis devem ter um plano de

cuidados que inclua o uso de equipamentos, como travesseiros e almofadas, que

aliviem totalmente a pressão dos calcanhares mais comumente elevando os

calcanhares da superfície da cama. Nunca use almofadas com orifício no meio;

d) quando a posição lateral é usada no leito, evite posicionar diretamente sobre o

trocânter do fêmur, mas sim em uma posição lateralmente inclinada de 30°. Nesta

posição a maior pressão corporal estará na região glútea que poderá agüentar

melhor o excesso de pressão;

e) mantenha a cabeceira da cama num grau mais baixo de elevação possível, que seja

consistente com as condições clínicas do paciente. Se não for possível manter a

elevação máxima de 30º, limite à quantidade de tempo que a cabeceira da cama

fica mais elevada;

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f) Para pacientes que podem auxiliar na movimentação use equipamentos auxiliares

como o trapézio. Para aqueles que não conseguem ajudar na movimentação ou na

transferência e mudanças de posição use o lençol móvel ou o forro da cama para a

movimentação, ao invés de puxar ou arrastar;

g) qualquer indivíduo avaliado como estando em risco para desenvolver UP deve ser

colocado em um colchão que redistribua o peso corporal e reduza a pressão como

colchão de espuma, ar estático, ar dinâmico, gel ou água;

Figura 12 – Colchões especiais para prevenção de UP

Fonte: SAYEG (2008).

h) qualquer pessoa em risco para desenvolver UP, deve evitar ficar sentada

ininterruptamente em qualquer cadeira ou cadeira de rodas. Este indivíduo deve

ser reposicionado, mudando os pontos de pressão pelo menos a cada hora ou ser

recolocado de volta na cama se isto for consistente com os planos gerais de

tratamento do paciente. Os indivíduos que são capazes devem ser ensinados a

levantar o seu peso a cada quinze minutos para fazer a descompressão na região

isquiática;

Figura 13 – Alívio da pressão em pacientes restritos a cadeiras

Fonte: BENFATI (2008).

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i) para indivíduos que ficam sentados em cadeiras é recomendado o uso de

equipamentos para reduzir a pressão como aqueles feitos de espuma, gel, ar ou

uma combinação destes. Não usar almofadas redondas em forma de anel ou argola;

j) o posicionamento dos pacientes em cadeira deve incluir considerações com o

alinhamento postural à distribuição do peso, o balanço e a estabilidade e o alívio

da pressão;

k) um plano por escrito, para o uso de aparelhos de reposicionamento e os horários de

mudança pode ser útil para aqueles indivíduos restritos à cadeira (BENFATI,

2008).

5.5.4 Educação para a prevenção:

a) implemente programas educacionais para a prevenção de UP que sejam

estruturados, organizados e amplos, dirigidos para todos os níveis de profissionais

de saúde, para pacientes, familiares e cuidadores;

b) inclua informação sobre:

• etiologia e fatores de risco para UP;

• instrumentos de avaliação de risco (escalas) e sua aplicação;

• avaliação da pele;

• seleção e uso de superfícies de suporte;

• desenvolvimento e implementação de programas individualizados de cuidados

com a pele;

• demonstração do posicionamento para diminuir o risco de perda da integridade

dos tecidos;

• documentação correta de dados pertinentes (BENFATI, 2008).

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6 INFECÇÃO HOSPITALAR

Pela abordagem histórica apresentada por diversos autores, a década de 50 foi

caracterizada pelo início de uma nova era para as infecções hospitalares (IHs) e

epidemiologia. Infecções hospitalares são definidas como aquelas adquiridas após a admissão

do paciente no hospital, que se manifestam durante a internação ou após a alta e podem ser

relacionadas com a internação ou procedimentos hospitalares (SILVA e SANTOS, 2001).

Uma das primeiras medidas de controle dessas infecções foi a criação de Comissões

de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), sob a recomendação da American Hospital

Association, em 1958, com objetivo de prover os hospitais americanos de um sistema que lhes

permitisse apurar as causas das infecções neles adquiridas e dotá-los de instrumentos

necessários contra possíveis ações legais movidas pela clientela. O entusiasmo pela vigilância

epidemiológica das infecções hospitalares adentra as décadas seguintes com a implementação

de novas medidas e empreendimentos, com vistas à prevenção e controle das mesmas (SILVA

e SANTOS, 2001).

No Brasil, a preocupação com o controle de infecções hospitalares surge na década de

60 através de publicações dos primeiros relatos sobre o tema. A primeira iniciativa para

criação de uma CCIH data de 1963, no Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre-RS

(SILVA e SANTOS, 2001).

A criação de comissões multidisciplinares, vinculadas aos hospitais universitários,

surgiu a partir da década de 70. As próximas décadas foram contempladas com a publicação

do Manual de CCIH, pelo Ministério da Saúde, e com a promulgação de portarias, tornando

obrigatória a instituição de CCIH em todos os hospitais brasileiros. Nessas portarias são

enfatizadas a composição, suas atividades, as competências de seus membros, bem como

algumas recomendações e indicadores epidemiológicos para o controle das infecções (SILVA

e SANTOS, 2001).

Diferentes experiências passam a ser objeto de publicação, salientando a importância

de implementação das CCIHs e as dificuldades enfrentadas pelos profissionais com vistas a

minimizar ou a buscar soluções para os problemas a elas relacionados (SILVA e SANTOS,

2001).

De acordo com a definição da ANVISA (2004), Infecção Hospitalar (IH) é a infecção

adquirida durante a hospitalização ou em período de incubação por ocasião da admissão do

paciente. As infecções hospitalares são consideradas as principais causas de morbidade e

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mortalidade, além de aumentarem o tempo de hospitalização do paciente, elevando o custo do

tratamento.

Os primeiro dados colhidos com metodologia adequada pelo Ministério da Saúde,

apontam que entre 1% e 15% dos pacientes internados em hospitais brasileiros adquirem IH.

Nos Estados Unidos da América (EUA) entre 2,2% e 4,1% dos pacientes adquirem pelo

menos uma infecção durante a hospitalização de acordo com o sistema de vigilância

americano, National Nasocomial Infections Surveillance (NNIS), numa pesquisa que

envolveu mais de 200 hospitais (ANVISA, 2004).

A IH é um dos problemas de saúde pública em todo mundo, pois ela tem importância

humana, social e econômica. Afirma ainda que, seu surgimento ocorre com a internação e a

sua manifestação, durante ou após a saída do paciente do hospital, podendo ter origem

endógena ou exógena (BRASIL, 1992).

A grande maioria das infecções hospitalares tem origem endógena as quais são

processos infecciosos adquiridos no ambiente hospitalar. Elas ocorrem fundamentalmente

devido ao desequilíbrio entre flora microbiana normal de um doente e seus mecanismos de

defesa, a microbiota. Esse desequilíbrio é provocado por determinadas doenças responsáveis

pela hospitalização, que se juntam a utilização de procedimentos invasivos, constituindo

“portas de entrada” de microrganismos e a pressão seletiva a favor dos germes resistentes,

exercida pelos antibióticos (SANTOS, 2008).

A infecção exógena é limitada pela pequena capacidade que estes microrganismos

apresentam de sobrevivência no meio ambiente, na ausência de matéria orgânica que favoreça

a sua proliferação, principalmente sangue, secreções e excreções eliminadas pelos pacientes

(SANTOS, 2008).

A transmissão cruzada de infecções ocorre, essencialmente, pelas mãos da equipe ou

por artigos recentemente contaminados pelo paciente. É fácil de concluir que muitas, embora

não todas, das infecções hospitalares são evitáveis (SANTOS, 2008).

6.1 CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO HOSPITALAR

Segundo a Portaria 2.616, de 12 de maio de 1998, os critérios para diagnóstico de

infecção hospitalar seguem os seguintes princípios:

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a) Diagnóstico das infecções hospitalares: deverá valorizar informações colhidas

através de evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu

prontuário; resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos; a

pesquisa de antígenos, anticorpos e métodos de visualização realizados; evidências de estudos

com métodos de imagem; endoscopia, biópsia e outros;

b) Critérios gerais: convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de

infecção que se apresentar a partir de 72 (setenta e duas) horas após a admissão, podendo ser

quando, na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, foi isolado um

germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente; quando se

desconhecer o período de incubação do microorganismo e não houver evidência clínica e/ou

dado laboratorial de infecção no momento da internação:

• são também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes

de 72 (setenta e duas) horas de internação, quando associadas aos procedimentos

diagnósticos e/ou terapêuticos realizados durante este período;

• as infecções de recém-nascidos são hospitalares, com exceção das transmitidas

de forma transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota superiores a 24 (vinte

e quatro) horas; os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com

infecção hospitalar Municipal e/ou o hospital de origem deverão ser informados

para computar o episódio como infecção hospitalar naquele hospital (BRASIL,

2005).

6.1.1 Causas

A IH é geralmente provocada pela própria flora bacteriana do paciente, que se

desequilibra pelo estado de saúde, cujo mecanismo de defesa contra infecções fica debilitado,

outras causas incluem a esterilização e desinfecção inadequada dos artigos e equipamentos,

quebra nas rotinas de limpeza do hospital, quebra dos procedimentos de rotina da enfermagem

do hospital de origem. A infecção pode ser desencadeada pelo uso de procedimentos

invasivos como soros, cateteres e cirurgias, ou pelo contato da flora do paciente com a flora

bacteriana do hospital. Existem fatores de risco inerentes à saúde de cada indivíduo que

isoladamente elevam suas chances de complicações infecciosas (MEZEI, 2008).

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As bactérias envolvidas nas infecções hospitalares são freqüentemente transmitidas a

partir do ambiente ou de paciente para paciente. Mais recentemente, o termo “infecção

adquirida durante os cuidados de saúde” foi proposto para abranger as infecções adquiridas

nos cuidados de longo prazo e nas instalações de reabilitação (MEZEI, 2008).

As infecções hospitalares tendem a afetar pacientes que são imunocomprometidos

devido à idade, doença de base ou tratamento. Outras populações vulneráveis são aquelas com

implante de corpos estranhos (tais como cateteres) ou os que recentemente se submeteram a

transplante de órgão (MEZEI, 2008).

6.1.2 Infecção hospitalar cutânea

As infecções hospitalares cutâneas envolvem uma grande diversidade de agentes

etiológicos e mecanismos patogênicos múltiplos. Estas infecções são classificadas em

primárias ou secundárias, dependendo da existência ou não de uma porta de entrada anterior à

infecção, agudas ou crônicas, de acordo com a duração da infecção, podendo ainda ser mono

ou polimicrobianas. As que têm o foco primário em estruturas profundas podem manifestar-se

como erupções cutâneas e ocorrem em pacientes sem porta de entrada evidente, como, por

exemplo, erisipelas. As infecções secundárias ocorrem como complicações de lesões de pele,

abrasões, traumas cirúrgicos ou feridas penetrantes, podendo ser localizadas ou disseminadas,

dependendo da extensão das doenças de base, ou precipitadas por algum trauma. Como

exemplo de infecções agudas ou crônicas pode-se citar um furúnculo estafilocócico que acaba

em poucos dias, enquanto que algumas infecções fúngicas crônicas podem durar meses ou

anos (ANVISA, 2004).

A pessoa hospitalizada tem seus mecanismos de defesa comprometidos pela própria

doença, podendo desenvolver UP, tornando-se mais susceptíveis à IH. Além disso, a infecção

hospitalar cutânea pode ser predisposta por fatores tais como: idade, condições de higiene,

movimentação e estado de nutrição. Esses pacientes necessitam de uma avaliação completa e

tratamento imediato, pois, qualquer tipo de infecção pode ser ameaçador à vida (SARAIVA et

al., 2008).

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49

6.1.2 Métodos de controle e prevenção

6.1.2.1 Precaução padrão

a) lavar com água e sabonete ou friccione as mãos com álcool 70%, se as mãos não

estiverem visivelmente sujas, antes e após o contato com qualquer paciente, após a

remoção das luvas e após o contato com sangue ou secreções;

b) usar luvas apenas quando houver risco de contato com sangue, secreções ou

membranas mucosas. Calçar imediatamente antes do contato com o paciente e

retirar logo após o uso, higienizando as mãos em seguida;

c) usar óculos, máscara e/ou avental quando houver risco de contato com sangue ou

secreções, para proteção da mucosa de olhos, boca, nariz, roupa e superfícies

corporais;

d) descartar, em recipientes apropriados, seringas e agulhas, sem desconectá-las ou

reencapá-las (ANVISA, 2004).

6.1.2.2 Precaução por contato:

a) higienizar as mãos antes e após o contato com o paciente;

b) usar óculos, máscara cirúrgica e avental quando houver risco de contato com

sangue ou secreções e descarte adequadamente os perfuro-cortantes;

c) usar luvas e avental em toda manipulação do paciente, de cateteres e de sondas, do

circuito e do equipamento ventilatório e de outras superfícies próximas do leito;

d) colocar imediatamente antes do contato com o paciente ou com as superfícies e

retirar logo após o uso e higienizar as mãos em seguida;

e) quando não houver disponibilidade de quarto privativo, a distância mínima entre

dois deve ser de um metro;

f) equipamentos como termômetro, esfignomanômetro e estetoscópio devem ser de

uso exclusivo do paciente (ANVISA, 2004).

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50

7 METODOLOGIA

Este estudo se caracteriza por natureza descritiva, quantitativa, analítica e documental

que visa identificar e descrever os fatores de risco de infecção hospitalar cutânea em pacientes

acometidos por trauma raquimedular que desenvolveram úlcera por pressão internados no

HMGV de janeiro a dezembro de 2007.

Para a realização do levantamento bibliográfico, utilizou-se como fonte de pesquisa os

livros disponíveis na biblioteca da UNIVALE, consultas à revistas, sites, artigos científicos e

CDs relacionados à UP, trauma raquimedular e infecção hospitalar cutânea.

Analisou-se dados estatísticos em documentos arquivados pela Comissão de Controle

em Infecção Hospitalar (CCIH) do HMGV e prontuários do Serviço de Arquivo Médico e

Estatística (SAME) de pacientes com trauma raquimedular internados durante o período de

janeiro a dezembro de 2007, onde foram investigados quais tiveram úlcera por pressão e

conseqüente infecção hospitalar cutânea.

A coleta de dados nestes prontuários foi realizada após aprovação do CEP (Comitê de

Ética e Pesquisa) da UNIVALE conforme CNS 196/96 e após autorização pela diretora

clínica e executiva, da coordenação do Serviço de Enfermagem, do coordenador do SAME

além da Comissão de Ética Médica do Hospital Municipal de Governador Valadares, por um

período de 7 (sete) dias, durante 4 (quatro) horas por dia no local.

Foi utilizado um questionário elaborado exclusivamente para esta pesquisa para

detectar quais os fatores de risco que levaram ao aparecimento de úlcera por pressão que

causaram infecção cutânea em pacientes com trauma raquimedular internados no HMGV

durante o período de janeiro a dezembro de 2007, e neste, as variáveis de interesse foram à

idade do paciente, sexo, número de clientes que apresentaram infecção hospitalar cutânea por

UP, período de internação, data de aparecimento e estágio da úlcera de pressão, quais foram

os cuidados realizados pelos profissionais da saúde do HMGV com o paciente para prevenção

de UP e se utilizaram alguma escala e/ou outro instrumento para a identificação de fatores de

risco que os levaram a adquirir infecção cutânea por UP.

Através da análise retrospectiva dos prontuários investigaram-se quais as intervenções

empregadas pelos profissionais da saúde aos pacientes e será apresentada, como proposta para

a instituição, a utilização da escala de Braden para avaliar os fatores de risco no

desenvolvimento de úlcera por pressão e conseqüentemente infecção hospitalar cutânea em

pacientes com trauma raquimedular. Durante o estágio de clínica médica e clínica cirúrgica

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51

foi observado pelo grupo não haver nenhum instrumento e/ou profissionais que avaliassem

esses fatores.

A pesquisa foi realizada com recursos próprios, a proposta do projeto apresentada dia

10/06/2008 na sala 111 D2 no Campus II da UNIVALE à professora Yara Maria Diniz

Figueiredo e aos alunos do 7º período de Enfermagem vespertino.

Iniciou-se a coleta de dados no SAME e na CCIH do HMGV, após autorização pelo

CEP da UNIVALE já que a diretora clínica e executiva, a coordenação do Serviço de

Enfermagem, o coordenador do SAME e a Comissão de Ética Médica do Hospital Municipal

de Governador Valadares assinaram o termo de solicitação para acesso e uso de dados

documentais (Apêndice B).

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52

8 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em análise retrospectiva dos prontuários referentes aos pacientes internados com

trauma raquimedular, arquivados no Serviço de Arquivos Médicos e de Estatística (SAME) e

na CCIH do HMGV, durante o período de janeiro a dezembro de 2007, constatou-se 58

internações devido a esse incidente. Nesses prontuários foram investigados dados como idade,

gênero, data da internação e alta do paciente; causa e localização do TRM, estágio das UPs,

fatores de risco das úlceras relacionados à escala de Braden, número de infecção comunitária

e hospitalar cutânea por UP e presença ou ausência de registros quanto à assistência pela

equipe multidisciplinar. Essas informações serão discutidas nos gráficos abaixo.

Gráfico 1 – Prevalência de trauma raquimedular conforme idade, nos pacientes internados, no

HMGV, de janeiro a dezembro de 2007.

0

4

44

5 5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Idade

0-11 anos

12-18 anos

19-50 anos

51-69 anos

Maior que 70

Fonte: Serviço de Arquivos Médicos e Estatísticos do HMGV, 2008.

O gráfico acima demonstra que o número absoluto de pacientes internados por TRM,

no período de janeiro a dezembro de 2007, no HMGV, foram 58 clientes. Observou-se que

desse total, 4 (6,89%) foram pacientes adolescentes com idade de 12 a 18 anos, 44 (75,86%)

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dos pacientes adultos jovens com idade variando de 19 a 50 anos; 5 (8,62%) foram pacientes

adultos com idade variando entre 51 a 69 anos e 5 (8,62%) pacientes idosos com idade acima

de 70 anos.

A maior prevalência dos casos de TRM, segundo Cintra (2001), ocorre em indivíduos

adultos com idade variando entre 20 a 35 anos, compreendidos na segunda ou na terceira

década de vida.

Gráfico 2 – Prevalência de trauma raquimedular conforme sexo nos pacientes internados no

HMGV de janeiro a dezembro de 2007.

14

44

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Sexo

Feminino

Masculino

Fonte: Serviço de Arquivos Médicos e Estatísticos do HMGV, 2008.

Constatou-se ainda que entre os sexos masculinos e femininos acometidos pelo TRM

em pacientes internados no período de janeiro a dezembro de 2007, no HMGV, 75,84% foram

do sexo masculino e 24,14% do sexo feminino, na proporção de 3:1.

Segundo Cintra (2001), os homens na segunda ou na terceira década de vida são os

mais acometidos pelo TRM, pois estão mais susceptíveis aos fatores externos, já Delfino

(1999) afirma que a prevalência de LME é preferencialmente no sexo masculino, na

proporção de 4:1.

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Gráfico 3 – Fatores de risco que ocasionaram o trauma raquimedular nos pacientes internos,

no HMGV, de janeiro a dezembro de 2007.

20

12

98

6

21

0

5

10

15

20

25

Causas

Queda

Acid. motociclístico

Acid. automobilístico

ferimento por arma de fogo

Outros

Acid. ciclístico

Mergulho em águas rasas

Fonte: Serviço de Arquivos Médicos e Estatísticos do HMGV, 2008.

Quanto aos fatores de riscos para TRM nos pacientes pesquisados, o gráfico 3 mostra

que 34,48% foram por quedas, 20,69% causados em acidente motociclísticos e 15,52%

relacionados com o automobilístico; 13,79% por ferimento com arma de fogo, 3,45% em

acidente ciclístico, 1,73% durante mergulho em águas rasas e 10,34 por outros fatores como

história de espancamento.

Faro (2003) relata que as causas externas que mais causam o TRM no Brasil são

ferimentos por arma de fogo (FAF) que têm aumentado de modo considerável, refletindo o

alto nível de violência nos grandes centros. Os acidentes automobilísticos ou de trânsito

relacionados com a velocidade dos veículos, no momento da colisão, o mergulho em águas

rasas, que no Brasil representa uma importante causa de TRM, principalmente durante o

verão, dado à sua exuberante hidrografia e clima quente, as quedas de altura em geral,

sobretudo na região sudeste, que estão relacionadas à construção civil e às construções

artesanais, na periferia da cidade. Ainda, há os acidentes domésticos, como queda do telhado,

do muro, de árvore que têm ocasionado lesões medulares.

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Gráfico 4: Nível do trauma raquimedular nos pacientes internados no HMGV de janeiro a

dezembro de 2007.

27

18

13

0

5

10

15

20

25

30

Nível do trauma

Qua

ntid

ad

e

Cervical

Lombar

Torácico

Fonte: Serviço de Arquivos Médicos e Estatísticos do HMGV, 2008.

A localidade do TRM encontrado nos pacientes internados, de janeiro a dezembro de

2007 no HMGV, mostra que 46,55% dos pacientes sofreram lesões em nível cervical, 22,41%

em nível torácico e 31,03% em nível lombar, conforme mostra o gráfico 4.

De acordo com Bromley (1997), as vértebras mais envolvidas são a 5ª e a 7ª cervicais,

a 12ª torácica e a 1ª lombar. Tais vértebras são as mais suscetíveis, pois há uma grande faixa

de mobilidade nessas áreas da coluna.

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Gráfico 5 - Tempo de permanência dos pacientes com TRM no HMGV de janeiro a

dezembro de 2007.

32

11

5

7

3

0

5

10

15

20

25

30

35

Variação de tempo

Qua

ntid

ad

e 1-5 dias

6-10 dias

11-15 dias

16-29 dias

Mais que 30 dias

Fonte: Serviço de Arquivos Médicos e Estatísticos do HMGV, 2008.

Conforme ilustra o gráfico 5, o tempo de permanência desses pacientes no HMGV foi

de 55,2 % durante 1 a 5 dias; 18,9 % entre 6 a 10 dias; 8,7% de 11 a 15 dias, 12 % de 16 a 29

dias e 5,2% acima de 30 dias.

Segundo Costa (2005) a prevalência de úlceras de pressão no ambiente hospitalar no

país varia de 2,7% à 29,5%. Pacientes tetraplégicos e/ou paraplégicos (60%) e idosos com

fraturas de colo de fêmur (66 %) atingem as mais altas taxas de complicações, seguidos por

pacientes criticamente doentes (33%). De uma forma geral, aproximadamente 40% dos

pacientes com lesões medulares que completam o seu tratamento, desenvolverão uma úlcera

de pressão. Essa ferida pode se desenvolver em 24 horas ou levar até 5 dias para sua

manifestação. Todos os profissionais da área de saúde, responsáveis pelo acompanhamento do

paciente devem estar familiarizados com os principais fatores de risco. Neste sentido, a

observação das medidas profiláticas para eliminar forças de pressão contínua, cisalhamento

ou fricção é de vital importância para evitar a formação das úlceras.

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57

Gráfico 6 – Presença de úlcera por pressão nos pacientes internados por trauma raquimedular,

no HMGV, de janeiro a dezembro de 2007.

7

51

0

10

20

30

40

50

60

Sim

Não

Fonte: Serviço de Arquivos Médicos e Estatísticos do HMGV, 2008.

Em relação ao aparecimento de UP nos 58 pacientes investigados, como ilustra o

gráfico 6, percebeu-se que no período de janeiro a dezembro de 2007, 12% desenvolveram

úlcera por pressão e 88 % não apresentaram.

A pesquisa realizada no ano anterior (Godinho et al, 2007) identificou que dos 18

pacientes que foram internados no HMGV de janeiro a dezembro de 2006 com TRM, 27,7%

desenvolveram úlcera por pressão e 72,3 não desenvolveram.

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58

Gráfico 7: Número de úlcera por pressão, por nível de estágio, nos pacientes com trauma

raquimedular, internados no HMGV, de janeiro a dezembro de 2007.

2

1

2 2

0

0,5

1

1,5

2

2,5

Estágio I

Estágio II

Estágio III

Estágio IV

Fonte: Serviço de Arquivos Médicos e Estatísticos do HMGV, 2008.

Dos 7 pacientes internados no HMGV de janeiro a dezembro de 2007 com TRM e que

apresentaram UP, 1 (14,2%) desenvolveu úlcera de pressão no estágio II e 2 (28,6%) nos

estágios I, III e IV.

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Gráfico 8 - Número de pacientes internados com TRM no HMGV no período de janeiro a

dezembro de 2007 que foram transferidos para outras instituições durante o tratamento.

44

14

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Não

Sim

Fonte: Serviço de Arquivos Médicos e Estatísticos do HMGV, 2008.

Percebe-se também que no quadro 8, que 76% dos pacientes estudados permaneceram

no HMGV durante todo o tratamento e 24% foram transferidos para outra instituição

hospitalar, sendo essas localizadas em Belo Horizonte ou Ipatinga.

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Gráfico 9 – Relação dos pacientes com TRM que desenvolveram IH cutânea e Infecção

cutânea comunitária

1

3

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

Infecção hospitalar cutânea

Infecção comunitária cutânea

Fonte: Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HMGV, 2008.

Quanto aos dados coletados em registros de documentos arquivados na CCIH do

HMGV encontrou-se que entre os 07 pacientes internados com TRM e que apresentaram UP,

4 (57,14%) apresentaram infecção cutânea, sendo 3 (75%) comunitárias e 1 (25%) hospitalar.

Os primeiro dados colhidos com metodologia adequada pelo Ministério da Saúde,

apontam que entre 1% e 15% dos pacientes internados em hospitais brasileiros adquirem IH

(ANVISA, 2004).

De acordo com Saraiva et al (2008) a pessoa hospitalizada tem seus mecanismos de

defesa comprometidos pela própria doença, podendo desenvolver UP, tornando-se mais

susceptíveis à IH cutânea. Esses pacientes necessitam de uma avaliação completa e tratamento

imediato, pois, qualquer tipo de infecção pode ser ameaçador à vida.

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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desta pesquisa foi possível compreender com maior profundidade o conceito

de TRM, UP, IH, e observar a existência de uma baixa prevalência de úlcera por pressão, em

paciente portador de trauma raquimedular no HMGV. O presente trabalho aglomerou dados

de um ano, delimitado de janeiro a dezembro de 2007.

Após a coleta de dados constatou-se que a maior prevalência dos casos de TRM,

ocorre na faixa etária de 19 a 50 anos, o que pode ser confirmado por Cintra em 2001, quando

relata que a maioria dos casos acomete indivíduos adultos jovens com idade variando entre 20

a 35 anos. A prevalência de TRM ocorre preferencialmente no sexo masculino, na proporção

de 4:1, o que também foi evidenciado nesse estudo demonstrado em quadro 2, com proporção

de 3:1.

Nesse estudo identificaram-se várias causas de TRM entre os pacientes internados no

HMGV no período de janeiro a dezembro de 2007, sendo a principal por queda de altura,

apesar dos ferimentos por projéteis de arma de fogo estar aumentando de modo considerável,

refletindo o alto nível de violência nos grandes centros.

Dos 58 pacientes internados no HMGV, percebeu-se que 12% desenvolveram úlcera

por pressão e 88% não apresentaram úlcera. Acredita-se que a baixa prevalência de UP em

pacientes com TRM internados no HMGV de janeiro a dezembro de 2007 foi decorrente da

ausência de notificação e/ou registros relacionados à presença ou ausência de UP, podendo

também ter contribuído para essa taxa a assistência prestada pelos acadêmicos de enfermagem

da UNIVALE, mas que não foram registrados na maioria dos prontuários.

Nos prontuários analisados no SAME do HMGV não houve registro de ocorrência de

infecção hospitalar cutânea por UP, evidenciando-se também um registro precário e/ou

ausente sobre cuidados e prevenção relacionados a esse assunto pelos profissionais de saúde

da instituição, sendo que os relatos de forma mais completa foram registrados pelos

estagiários do curso de enfermagem da UNIVALE e por uma enfermeira da instituição.

Detectou-se a falta de equipe multidisciplinar no cuidado com o paciente com TRM

para prevenção de UP, bem como de um instrumento pelos profissionais para conhecer e

detectar precocemente os fatores de risco para o seu desenvolvimento. Os dados relacionados

à infecção hospitalar cutânea e comunitária foram encontrados em arquivos da CCIH sendo

que desses 3 com infecção comunitária e 1 com infecção hospitalar.

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Verificou-se ainda, que dos 58 pacientes investigados, 07 apresentaram UP e desses

três (42.86%) desenvolveram UP após a internação e quatro (57,14%) internaram devido

infecção cutânea por UP. Desses 04 pacientes, 01(25%) apresentou infecção hospitalar e 03

(75%) infecção comunitária cutânea. Considerando que o Ministério da Saúde, aponta que

entre 1% e 15% dos pacientes internados em hospitais brasileiros adquirem IH, acredita-se

que a taxa de infecção cutânea por UP foi acima do esperado por não ter sido identificado um

instrumento para avaliação dos fatores de risco para sua aquisição em pacientes internados no

HMGV de janeiro a dezembro de 2007.

De acordo com a escala de Braden, os fatores de risco para o desenvolvimento de UP

são fricção e cisalhamento, nutrição, mobilidade, atividade física, umidade e percepção

sensorial, mas na maioria dos prontuários não havia qualquer orientação pelos profissionais de

saúde relacionados a esses cuidados, uma vez que 100% dos 58 pacientes investigados

apresentaram mobilidade alterada devido ao TRM e em apenas 03 prontuários foram

encontrados registros quanto à prevenção de UP solicitando mudança de decúbito de 02/02

horas, em 01 quanto ao uso de colchão d’água, mas nenhum relato quanto à nutrição,

atividade física, manutenção de lençol limpo e seco, entre outros.

Percebeu-se, portanto que para diminuir os fatores de risco de infecção hospitalar

cutânea por UP, em pacientes com TRM no HMGV, será necessário a utilização de um

instrumento que sirva como base para a coleta de dados e que possa ser planejada, além de

implantada uma assistência qualificada e sistematizada na prevenção desse incidente.

Portanto, espera-se que este estudo sirva como um instrumento de qualificação para os

profissionais da área da saúde em suas ações na assistência ao paciente com TRM e

portadores de UP, além de servir como fonte de referência para discentes na elaboração de

novas pesquisas.

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REFERÊNCIAS

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DELFINO, H. L. A. Trauma raquimedular. Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/1999/vol32n4/trauma_raquimedular.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2008. DUARTE, Y. A. de O; DIOGO, M. J. D. E. Atendimento domiciliar:Um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu, 2000. 630p. FARO, A.C.M.A. Reabilitação da pessoa com lesão medular: Tendências da investigação no Brasil. Revista eletrônica semestral de enfermeira. São Paulo, n.3, nov.2003. Disponível em: <http:// um.es/eglobal/> Acesso em: 27 out. 2008. FERNANDES, L. M. Úlcera de pressão em pacientes hospitalizados: uma revisão integrativa na literatura. In: In: GODINHO, Elizabete Maria de Assis (Ori.). et al. Assistência de Enfermagem na Prevenção de Úlcera por Pressão em Pacientes idosos internados em Unidade de Terapia Intensiva. Governador Valadares: 2007. FLORÊNCIO, J. H. O. Grandes Temas da Medicina : Sistema Nervoso 1. 2. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1990. FLORÊNCIO, J. H. O. Grandes Temas da Medicina : Sistema Nervoso 2. 2. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1990. GEBRIN, A. S.; CUNHA, A. S.; SILVA, C. F.; BARROS, T. E. P.; AZZE, R. J. Perspectivas de recuperação do lesado medular. Revista. Brasileira de Ortopedia, v.32, n.2, p.2-12, 1997. GREVE, J. M. D.; CASALIS, M. E. P.; FILHO, T. E. P. B Diagnóstico e tratamento da lesão da medula espinal. São Paulo: Roca, 2001. GODINHO, E. M. de A. (Ori.). et al. Prevalência dos casos de úlcera por pressão em pacientes com trauma raquimedular no período de janeiro a dezembro de 2006 no Hospital Municipal de Governador Valadares. Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Faculdade de Enfermagem da Universidade Vale do Rio Doce. Governador Valadares: 2007. HESS, C. T. Tratamento de feridas e úlceras. Rio de Janeiro: Reichnma & Affonso, 2002. p. 9-11. HOOD, G. H; DINCHER, J. R. Fundamentos e prática da enfermagem: Atendimento completo ao paciente. 8. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1995. p.614-615.

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LARSON. Prevenção de infecção hospitalar. Disponível em: <http://www.crmgo.cfm.org.br/include/diretrizes/100_diretrizes/Infeccao_Hospitalar.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2008. LIBERMAN, B. Prevenção da infecção hospitalar. Disponível em: <http://www.crmgo.cfm.org.br/include/diretrizes/.pdf> Acesso em: 25 mai.2008. LISE, F; SILVA, L. C. da. Prevenção de úlcera por pressão instrumentalizando a enfermagem e orientando o familiar cuidador. Disponível em:<http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHealthScbr>. Acesso em: 30 set. 2008. MAGNASPINE. Tração. Disponível em<http://www.magnaspine.com/versao_em_portugues.htm.> Acesso em: 02 out. 2008. MANCUSSI, A. C. A reabilitação da pessoa com lesão medular: tendências da investigação no Brasil. Disponível em: <http://www.um.es/ojs/index.php/eglobal/article/view/609/670>. Acesso em: 06 out. 2008. MEZEI, V. Infecção hospitalar. Disponível em: <http://www.wyeth.com.br/br/paciente_infeccaoh.htm>. Acesso em: 09 out. 2008. MULLER; MUHR; GREVE. Trauma raquimedular. Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista.pdf.> Acesso em: 20 mar. 2008. NOGUEIRA, P. C. Ocorrência de úlcera de pressão em pacientes hospitalizados. Disponível em:< http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/>. Acesso em: 20 mar. 2008. PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. POETSCHER, A. W. Trauma raquimedular. 2004. Disponível em: <http://www.fm.usp.br/lnc/trm.ppt. >.Acesso em: 10 abr. 2008. POTTER, P. A; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 5. ed. Guanabara Koogan, 2004. 1509p. RIBEIRO, R. Anatomia da pele. Disponível em:< http://feridas.no.sapo.pt/pele.htm>. Acesso em: 30 set. 2008.

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SAYEG, N. Úlcera por pressão. Disponível em: <http://www.envelhecercomsaude.com.br/>. Acesso em: 09 out. 2008. SANTOS, L. W. Infecção Hospitalar. Disponível em: <http://ogintonico.weblog.com.pt/arquivo/2004/04/infeccao_hospit.html>. Acesso em: 09 out. 2008.

SARAIVA, R. Â. et al. Infecção hospitalar.Disponível em:<http://www.fmrp.usp.br/revista/2002/vol35n2> Acesso em: 27 mai. 2008. SAVONITTI. Úlcera de pressão em pacientes com lesão medular: um problema constante. Disponível em:<http:// http://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/terra_cultura> Acesso em: 25 mar. 2008. SAVONITTI, B. H. R. de A; SGAMBATTI, M. S. Cuidado da pele e dos pés e prevenindo úlceras de pressão no idoso em domicílio. In: DUARTE, Y. A. de O; DIOGO, M. J. D. E. Atendimento Domiciliar: Um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu, 2000. p. 257-264. SILVA, G. F; SANCHES, P. G; CARVALHO, M.B. Refletindo sobre o cuidado de enfermagem em unidade de terapia intensiva. In: GODINHO, Elizabete Maria de Assis (Ori.). et al. Assistência de Enfermagem na Prevenção de Úlcera por Pressão em Pacientes idosos internados em Unidade de Terapia Intensiva. Governador Valadares: 2007. SILVA, M. F. I; SANTOS, B. M. de O. Estudo histórico: organizacional da comissão de controle de infecção hospitalar de um hospital universitário. USP, 2001. v. 134, n. 2 Disponível em:<http://www.fmrp.usp.br/revista/2001/vol34n2/.pdf>. Acesso em: 09 out. 2008. SILVA, M. do S. M. L. Fatores de risco para úlcera em pacientes hospitalizados. Disponível em:< http://www.feridologo.com.br/teseup.htm>. Acesso em: 06 out. 2008 SIQUEIRA, S. O trabalho e a pesquisa científica na construção do conhecimento. Governador Valadares: Univale, 1999. SOUZA, C. da S. Infecção de tecidos moles. FMRP – USP, 2003 Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/2003/36n2e4/20infeccoes_tecidos_moles_sindromes_infecciosas.pdf>. Acesso em: 14 set. 2008.

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SOUZA, D.M.S.T. Incidência de Úlceras por pressão e fatores de risco em idosos institucionalizados. In: GODINHO, Elizabete Maria de Assis (Ori.). et al. Assistência de Enfermagem na Prevenção de Úlcera por Pressão em Pacientes idosos internados em Unidade de Terapia Intensiva. Governador Valadares: 2007. SOUZA, D. S. Trauma raquimedular. Disponível em: <http://www.liat.ufsc.br/Downloads_files/TRMLiAT.ppt>. Acesso em: 08 out. 2008.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO

1) Iniciais do paciente: ______________

2) Idade:_________

3) Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

4) Diagnóstico: _____________________

5) Data de internação: __/___/___.

6) Procedência: _____________________

7) Data de alta: __/__/____.

8) Transferência: ( )Sim ( ) Não. Se sim, para onde:______________________

9) Causa do acidente: ___________________________

10) Estágio da úlcera: _________________

11) Data que apareceu a úlcera: __/__/____.

12) Causas da úlcera: ____________________________________________________

13) Escala de Braden:

13.1) Percepção sensorial: ( ) Completamente limitado ( ) Muito limitado ( ) Levemente

limitado ( ) Nenhuma limitação.

13.2) Umidade: ( ) Constantemente úmida ( ) Muito úmida ( ) Ocasionalmente úmida

( ) Raramente úmida.

13.3) Atividade física: ( )Acamado ( ) Restrito à cadeira ( ) Caminha ocasionalmente

( ) Caminha freqüentemente

13.4) Mobilidade : ( ) Completamente imobilizado ( ) Muito limitado ( ) Levemente

limitado ( ) Nenhuma limitação.

13.5) Nutrição: ( ) Muito pobre ( ) Provavelmente inadequado ( ) Adequado ( )

Excelente.

13.6) Fricção e cisalhamento: ( ) Problema ( ) Potencial para problema ( ) Nenhum

problema aparente.

14) Cuidados com o paciente:

14.1) Mudança de decúbito: ( ) 2/2 horas. ( ) 3/3 horas. ( ) 4/4 horas. ( ) 6/6 horas

( ) Outros. Como:___________________________

14.2) Fisioterapia motora: ( ) Sim ( ) Não.

14.3) Aplicação de óleo lubrificante na pele e proeminências ósseas: ( ) Sim ( ) Não. Se

sim, especificar: ______________________________________

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14.4) Uso de coxins: Onde: _______________________________

14.5) Inspeção cuidadosa da pele durante o banho: ( ) Sim ( ) Não. Se sim, locais:

_______________________________

15) Incontinência urinária: ( ) Sim ( ) Não. Se sim: ( ) Sonda ( ) Fralda descartável.

16) Existência de equipe interdisciplinar no cuidado com o paciente. Se sim,

quais:____________________________________________________________________.

17) Existência de um plano de cuidados pelo enfermeiro para prevenção de úlcera de pressão:

( ) Sim ( ) Não.

18) Orientação pelo enfermeiro durante a internação: ( ) Sim ( ) Não. Se sim, quantas

vezes:_________

19) Orientou a quem: ( ) Paciente ( ) Família ( ) Cuidador.

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APÊNDICE B

TERMO DE SOLICITAÇÃO PARA ACESSO E USO DE DADOS DOCUMENTAIS.

1 IDENTIFICAÇÃO DO RESPONSÁVEL PELA EXECUÇÃO DA PESQUISA Ao: Hospital Municipal de Governador Valadares. Título: Fatores de risco de infecção hospitalar cutânea por úlcera de pressão em pacientes com trauma raquimedular internados no Hospital Municipal de Governador Valadares no período de janeiro a dezembro de 2007. Pesquisador Responsável: Elizabete Maria de Assis Godinho. Nome das alunas participantes: Aline Ribeiro Murta Cleuzeir Gomes Sales Lopes Daysirret Soares de Paula Izabella da Silva Fernandes Contato com pesquisador responsável Endereço: Rua Dezoito n° 460 Ilha dos Araújos Telefone(s): (33) 3275-3373 / (33) 3275-3394 / (33) 99891780

Comitê de Ética em Pesquisa Rua Israel Pinheiro, 2000 – Campus Universitário – Tel.: 3279 5575

2 INFORMAÇÕES AO PARTICIPANTE OU RESPONSÁVEL

Você está sendo convidado a participar de um trabalho de conclusão de curso

intitulado: “Fatores de risco de infecção hospitalar cutânea por úlcera de pressão em pacientes

com trauma raquimedular internados no Hospital Municipal de Governador Valadares no

período de janeiro a dezembro de 2007, na área de Enfermagem”.

A pesquisa terá como objetivo identificar os fatores de risco para infecção hospitalar

cutânea por úlcera de pressão em pacientes com lesão raquimedular internados no HMGV de

janeiro a dezembro de 2007.

Antes de aceitar participar da pesquisa, leia atentamente as explicações que informam

sobre o procedimento: Este estudo será realizado através de pesquisa analítica retrospectiva

aos prontuários de pacientes internados com lesão raquimedular no Hospital Municipal de

Governador Valadares no período de janeiro a dezembro de 2007. Em momento algum da

pesquisa os pacientes serão abordados e o nome dos mesmos não serão mencionados. A coleta

dos dados será realizada no Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME), os prontuários

não serão removidos da instituição em momento algum e somente iniciará após aprovação do

Comitê de Ética e Pesquisa - CEP da UNIVALE conforme CNS 196/96 e autorização pela

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Diretoria Clínica, Diretoria Executiva, Coordenação do Serviço de Enfermagem, Coordenador

do SAME e Comissão de Ética Médica do Hospital Municipal de Governador Valadares.

Esta pesquisa não trará nenhum risco e desconforto ao paciente e à Instituição.

Prevêem-se como benefícios para a realização dessa pesquisa a ampliação dos

conhecimentos técnicos quanto aos fatores de risco para úlcera de pressão, trauma

raquimedular e infecção hospitalar cutânea, a qual servirá como instrumento para os

profissionais da área da saúde na prevenção de úlcera por pressão em pacientes que sofreram

trauma raquimedular e possibilitará graduação no curso de enfermagem.

Os resultados obtidos com a pesquisa serão apresentados como trabalho de conclusão

de curso à banca examinadora do curso de enfermagem na área de Ciências Biológicas da

Saúde e Agrária da UNIVALE em novembro de 2008, em eventos como congressos,

seminários, em publicações científicas, será enviado relatório final ao CEP da UNIVALE e

ficará uma cópia da pesquisa disponível na Biblioteca da UNIVALE no Campus II e uma no

Hospital Municipal de Governador Valadares.

Confirmo ter sido informado e esclarecido sobre o conteúdo deste termo. A minha

assinatura abaixo indica que concordo em participar desta pesquisa e por isso dou meu livre

consentimento.

Governador Valadares, _____de _____de____________. Nome do participante: Presidente da Comissão de Ética Médica do HMGV Fábio Mesquita de Souza. Assinatura do participante:__________________________________ Nome do participante: À Diretora Clínica: Dra. Márcia Maria Magalhães Oliveira Assinatura do participante:__________________________________ Nome do participante: Á Diretora Executiva: Raquel Rocha Lacerda Assinatura do participante:__________________________________ Nome do participante: À Coordenadora do Serviço de Enfermagem: Nelma Assunção Gonçalves. Assinatura do participante: __________________________________ Nome do participante: Ao coordenador do Serviço de arquivo médico e estatística: Wesley Pires. Assinatura do participante: __________________________________ Pesquisadora responsável: Elizabete Maria de Assis Godinho Assinatura :____________________________________________

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APÊNDICE – C

À Direção Clínica e Executiva do Hospital Municipal de Governador Valadares.

Nós alunos do curso de bacharelado em Enfermagem da UNIVALE, vimos solicitar autorização para realizar projeto de pesquisa com o título “Fatores de risco de infecção hospitalar cutânea por úlcera de pressão em pacientes com trauma raquimedular internados no hospital municipal de Governador Valadares no período de janeiro a dezembro de 2007”, com o objetivo de identificar os fatores de risco para infecção hospitalar cutânea por úlcera de pressão em pacientes com lesão raquimedular internados no HMGV de janeiro a dezembro de 2007.

Solicitamos também autorização para utilização de prontuários de pacientes com lesão raquimedular internados no respectivo período.

A coleta de dados somente se iniciará após autorização do Comitê de Ética e Pesquisa - CEP da UNIVALE conforme CNS 196/96 e das diretorias do Hospital Municipal de Governador Valadares.

Nenhum dano ocorrerá aos sujeitos da pesquisa e o nome dos mesmos não serão mencionados pois trata-se de uma análise retrospectiva de prontuários de pacientes internados no HMGV com lesão raquimedular no período de janeiro a dezembro de 2007.

A pesquisa não trará nenhum risco ou desconforto aos pacientes e ao HMGV e servirá como instrumento que contribuirá para a melhoria da assistência dos profissionais da área de saúde aos pacientes portadores de trauma raquimedular.

Os resultados obtidos com a pesquisa serão apresentados como trabalho de conclusão de curso à banca examinadora em novembro de 2008, em eventos como congressos, seminários, em publicações científicas, ficará uma cópia disponível na biblioteca da UNIVALE no Campus II e uma no Hospital Municipal de Governador Valadares.

Governador Valadares, ______ de ___________ de 2008.

__________________________________________________ Pesquisador Responsável: Elizabete Maria de Assis Godinho

Cientes das informações apresentadas acima autorizam a realização da pesquisa

mencionada na instituição na qual somos responsáveis.

__________________________________

Diretora Clínica: Dra. Márcia Maria Magalhães Oliveira

__________________________________

Diretora Executiva: Raquel Rocha Lacerda

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ANEXOS

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ANEXO 1

ESCALA DE AVALIAÇÃO DE RISCO DE NORTON NOME DO PACIENTE: NOME DO EXAMINADOR: DATA: CONDIÇÃO

FÍSICA ESTADO MENTAL

ATIVIDADE MOBILIDADE INCONTINÊNCIA TOTAL DE PONTOS

Bom 4 pontos

Alerta 4 Deambulante 4 Total 4

Não 4

Regular 3 pontos

Apático 3 Caminha com ajuda

3

Ligeiramente 3

Ocasionalmente 3

Ruim 2 pontos

Confuso 2 Limitado a cadeira

2

Muito limitada 2

Usualmente/urina 2

Muito ruim 1 ponto

Esturpor 1 Acamado 1

Imóvel 1

Dupla 1

Fonte: Silva, Sanches e Carvalho (2007).

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ANEXO 2

ESCALA DE AVALIAÇÃO DE RISCO DE GOSNEL IDENTIDADE: IDADE, SEXO, ALTURA, PESO: DIAGNÓSTICO MÉDICO: DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: DATA DE ADMISSÃO: DATA DE SAÍDA:

Estado mental Continência Mobilidade Atividade Nutrição Total de pontos

Alerta 1

Completamente controlada

1

Completa 1

Deambulando 1

Boa 1

Apático 2

Usualmente controlada

2

Ligeiramente limitada

2

Caminha com cadeira

2

Regular 2

Confuso 3

Minimamente controlada

3

Muito limitada 3

Limitado a cadeira

3

Pobre 3

Torporoso 4

Ausência de controle

4

Imóvel 4

Acamado 4

Inconsciente 5

APARÊNCIA GERAL DA PELE D A T A

Sinais Vitais

Dieta Balanço Hídrico de24 H

Cor Umidade Temperatura Textura Intervenções

Pálida 1

Seco 1

Baixa 1

Lisa 1

Manchada 2

Úmido 2

Muito baixa 2

Áspera 2

Rósea 3

Oleoso 3

Quente 3

Delgada 3

Rubra 4

Escamosa 4

Cianótica 5

Grosseira 5

Ictérica 6

Outros 6

Outro 7

MEDICAÇÃO DOSAGEM VIA FREQÜÊNCIA INÍCIO TÉRMINO Fonte: Silva, Sanches e Carvalho (2007).

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ANEXO 3

ESCALA DE AVALIAÇÃO DE RISCO DE WATERLOW

CO

NST

ITU

IÇÃ

O

PE

SO/A

LT

UR

A

SEX

O

AP

ET

ITE

TIP

O D

E P

EL

E

MO

BIL

IDA

DE

BIT

O

NE

UR

OL

ÓG

ICO

CO

NT

INÊ

NC

IA

RIS

CO

S E

SPE

CIA

IS

NU

TR

IÇÃ

O

TE

CID

UA

L

CIR

UR

GIA

GR

AN

DE

P

OR

TE

OU

TR

AU

MA

ME

DIC

ÃO

Normal 0

Masc. 1

Fem. 2

Normal 0

Sau- dável

0

Total 0

MMSS Para- plégia

Normal 0

Caquexia terminal

8

Ortopédica Abaixo da

cintura espinhal

Esteróides 4

Acima da

média 1

Idade Dimi- nuído

1

Fina 1

Agita do 1

Inconti Nência

ocasional 1

Insuficiên- cia

cardíaca 5

Na mesa de cirurgia > 2

h 5

Citotóxicos 4

Obeso 2

14-49 1

Seca 1

Apá ti

Co 2

Cateter inconti Nência

2

Doença vascular periférica

5

Anti- inflamatório

4

Abaixo da

média 3

50-64 2

Ede Mato

sa 1

Res- trita

3

Incon tinência Dupla

3

Anemia 2

65-74 3

Visco- sa 1

Inerte tração

4

75-80 4

Dês- Cora-

da 2

Preso À

Cadeira 5

Fumo 1

Fonte: Silva, Sanches e Carvalho (2007).

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ANEXO 4

ESCALA DE BRADEN PACIENTE:_____________________REGISTRO:_____ LEITO: ___ TRADUÇÃO FEITA POR DRA. MARIA HELENA CALIRI ( EERP-USP), AUTORIZADA PELA AUTORA BARBARA BRADEN.

1 PONTO 2 PONTOS 3 PONTOS 4 PONTOS Percep ção senso- rial: Habilidade de responder significativa- mente à pressão relacionada com o descon- forto.

Completamente limitado: Não responde a estímulo doloroso (não geme, não se esquiva ou agarra-se), devido à diminuição do nível de consciência ou sedação, ou devido à limitação da habilidade de sentir dor na maior parte da superfície corporal.

Muito limitado: Responde somente a estímulos dolorosos Não consegue comunicar o desconforto a não ser por gemidos ou inquietação, ou tem um problema sensorial que limita a habilidade de sentir dor ou desconforto em mais da metade do corpo.

Levemente limitado: Responde aos comandos verbais, porém nem sempre consegue comunicar o desconforto ou a necessidade de ser mudado de posição. Ou tem algum problema sensorial que limita a sua capacidade de sentir dor ou desconforto em uma ou duas extremidades.

Nenhuma limitação: Responde aos comandos verbais. Não tem problemas sensoriais que poderiam limitar a capacidade de sentir ou verbalizar dor ou desconforto.

Umidade: Grau ao qual a pele está exposta à umidade.

Constantemente úmida: A pele é mantida úmido-molhada quase constantemente por suor, urina, etc. A umidade é percebida cada vez que o paciente é movimentado ou posicionado.

Muito úmida: A pele está muitas vezes, mas nem sempre úmido-molhada. A roupa de cama precisa ser trocada pelo menos uma vez durante o plantão.

Ocasionalmente úmida: A pele está ocasionalmente durante o dia úmida- molhada, necessitando de uma troca de roupa de cama uma vez por dia aproximadamente.

Raramente úmida: A pele geralmente está seca, a roupa de cama só é trocada nos horários de rotina.

1 PONTO 2 PONTOS 3 PONTOS 4 PONTOS Atividade física: Grau de atividade física

Acamado: Mantém-se sempre no leito

Restrito à cadeira: A habilidade de caminhar está severamente limitada ou inexistente. Não agüenta o próprio peso e/ ou precisa ser ajudado para sentar-se na cadeira ou cadeira de roda.

Caminha ocasionalmente: Caminha ocasionalmente durante do dia, porém por distâncias bem curtas, com ou sem assistência. Passa a maior parte do tempo na cama ou cadeira.

Caminha freqüentemente: Caminha fora do quarto pelo menos duas vezes por dia e dentro do quarto pelo menos a cada duas horas durante as horas que está acordado.

Mobilidade: Habilidade de mudar e controlar as posições corporais

Completamente imobilizado: Nenhum movimento do corpo por menor que seja ou das extremidades sem ajuda.

Muito limitado: Faz pequenas mudanças ocasionais na posição do corpo ou das extremidades, no entanto é incapaz de fazer mudança freqüentes ou significantes sem ajuda

Levemente limitado: Faz mudanças freqüentes, embora pequenas, na posição do corpo ou das extremidades, sem ajuda.

Nenhuma limitação: Faz mudanças grandes e freqüentes na posição sem assistência.

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Nutrição: Padrão usual de ingestão alimentar.

Muito pobre: Nunca come toda a refeição. É raro quando come mais de 1/3 de qualquer comida oferecida. Come 2 porções ou menos de proteína(carne ou derivados do leite) por dia. Toma pouco líquido. Não toma nenhum suplemento dietético líquido. Está em jejum ou mantido em dieta de líquidos claros ou hidratação EV por mais de 5 dias.

Provavelmente inadequado: Raramente faz uma refeição completa e geralmente come somente metade de qualquer alimento oferecido. A ingestão de proteína inclui somente três porções de carne ou derivados de leite. De vez em quando toma um suplemento alimentar. Ou recebe menos que a quantidade ideal de dieta líquida ou alimentação por sonda.

Adequado: Come mais da metade da maior parte das refeições. Ingere um total de quatro porções de proteína (carne, derivado do leite) por dia. Ocasionalmente recusa uma refeição, mas usualmente irá tomar um suplemento dietético oferecido. Ou está recebendo dieta por sonda ou nutrição parenteral total, que provavelmente atende a maior parte das suas necessidades nutricionais.

Excelente: Come a maior parte de cada refeição. Nunca recusa a alimentação. Come geralmente um total de quatro ou mais porções de carne e derivados do leite. De vez em quando come entre as refeições. Não necessita de suplemento alimentar.

1 PONTO 2 PONTOS 3 PONTOS 4 PONTOS Fricção e cisalhamento

Problema: Necessita assistência moderada ou assistência máxima para mover-se. É impossível levantar-se completamente sem esfregar-se contra os lençóis. Escorrega freqüentemente na cama ou cadeira, necessitando assistência máxima para freqüente reposição do corpo. Espasmos, contrações leva a uma fricção constante.

Potencial para problema: Movimenta-se livremente ou necessita assistência mínima. Durante o movimento a pele provavelmente esfrega-se em uma extensão contra os lençóis, cadeiras, ou restrições ou outros equipamentos. A maior parte do tempo mantém relativamente uma boa posição na cadeira ou na cama porém de vez em quando escorrega para baixo.

Nenhum problema aparente: Movimenta-se independentemente na cama ou cadeira e tem força muscular suficiente para levantar o corpo completamente durante o movimento. Mantém o tempo todo, uma boa posição na cadeira ou na cama.

Total de pontos

Fonte: Silva, Sanches e Carvalho (2007).