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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
ROSEMERI APARECIDA DOS SANTOS BROSIN
A ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO COMO MECANISMO DE EFICIÊNCIA E JUSTIÇA NO PROCESSO FALIMENTAR
CURITIBA
2017
ROSEMERI APARECIDA DOS SANTOS BROSIN
A ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO COMO MECANISMO DE EFICIÊNCIA E JUSTIÇA NO PROCESSO FALIMENTAR
Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado ao Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná, como Requisito Parcial para a Obtenção do Título de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Antonio Augusto Cruz Porto
CURITIBA
2017
TERMO DE APROVAÇÃO
ROSEMERI APARECIDA DOS SANTOS BROSIN
A ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO COMO MECANISMO DE EFICIÊNCIA E JUSTIÇA NO PROCESSO FALIMENTAR
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel no
Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do
Paraná.
Curitiba, _____de ________________ de 2017.
___________________________________________
Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite
Coordenador do Núcleo de Monografia
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador: ______________________________________
(ORIENTADOR)
Universidade Tuiuti do Paraná
Curso de Direito
Prof. Dr.:________________________________________
Universidade Tuiuti do Paraná
Curso de Direito
Prof. Dr.:_______________________________________
Universidade Tuiuti do Paraná
Curso de Direito
RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso objetiva compreender e verificar a importância da Análise Econômica do Direito (AED), no que tange a insolvência empresarial. Para tanto, investigar-se-á em que bases históricas e teóricas o referido instituto foi construído, assim como, se há ou não convergência entre o direito e a economia. Procurar-se-á entender, quais as benesses da nova lei falimentar e de que forma a atuação do judiciário pode influenciar no cenário econômico. Pretende-se compreender também qual a importância do pensamento econômico no processo falimentar, além de elencar os problemas advindos de um Judiciário ineficiente.
Palavras-Chave: Análise Econômica do Direito. Insolvência empresarial. Direito. Economia. Eficiência. Justiça. Processo Falimentar.
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO.........................................................................................................01
2 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO (AED) ........................................................03
2.1 AED POSITIVA E NORMATIVA...........................................................................04
2.2 APONTAMENTOS HISTÓRICOS SOBRE A ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO.....................................................................................................................06
2.3 AUTONOMIA DO DIREITO..................................................................................14
2.4 DIREITO E ECONOMIA........................................................................................17
2.5 ANÁLISE ECONÔMICA .......................................................................................21
2.6 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO COMO INSTRUMENTO ANALÍTICO NA PRÁTICA JURÍDICA...................................................................................................21
3 ANÁLISE ECONÔMICA NOS RAMOS DO DIREITO.............................................23
3.1 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO CONSTITUCIONAL.................................24
3.2 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO DE DANOS..............................................25
3.3 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO EMPRESARIAL.......................................27
3.4 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO FALIMENTAR..........................................29
4 OBJETIVOS MACROECONÔMICOS DA LEI FALIMENTAR ...............................31
4.1 A INSOLVÊNCIA EMPRESARIAL NO LIMITE DO DIREITO E DA ECONOMIA 34
4.2 O PAPEL DO JUDICIÁRIO EM UM AMBIENTE DE INSOLVÊNCIA EMPRESARIAL .........................................................................................................35
4.3 A NECESSIDADE DO PENSAMENTO ECONÔMICO NO PROCESSO
FALIMENTAR.............................................................................................................37
4 CONCLUSÃO......................................................................................................... 41
REFERÊNCIAS .........................................................................................................43
1
1 INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988 traz em seu artigo 170, IV, § único, o
princípio da livre iniciativa, que pode ser entendido como a liberdade de se exercer
qualquer tipo de trabalho sem precisar de autorização dos órgãos públicos, salvo
nos casos previstos em lei.
Entende-se que tal dispositivo visa incentivar que qualquer pessoa possa
realizar uma atividade empresarial privada e que assim contribua para o crescimento
e desenvolvimento econômico, uma vez que tais atividades geram riquezas para o
país, mediante produção de bens e serviços, empregos, rendas e tributos.
No entanto, o exercício desse direito não é tão simples, visto que, não
envolve apenas os benefícios que um empreendimento bem-sucedido pode trazer,
mas também envolve diversos riscos.
Conforme nos ensina SILVEIRA 1 , a atividade empresarial impulsiona o
crescimento e o desenvolvimento econômico da atualidade, e traduz a eficiência
econômica como sendo o resultado da otimização da produção e da maximização
de lucros.
Observa-se que houve uma grande preocupação do constituinte com a
fomentação e incentivo ao empreendedorismo, possivelmente, como forma de
alavancar o pleno emprego, a redução das desigualdades sociais, a livre
concorrência, entre outros importantes princípios almejados.
No entanto, para que a livre iniciativa traga os resultados esperados, as
regras e normas precisam ser condizentes com a realidade vivenciada pelos
agentes envolvidos, principalmente pelos devedores e credores.
Os mecanismos legais, por si só, nem sempre são capazes de garantir o
equilíbrio necessário para que as empresas possam atuar de forma a manterem
suas atividades e seus compromissos junto aos seus credores.
Uma gama complexa de variáveis surge quando se entra no mundo
empresarial. Sendo assim, não há como dissociar o direito da economia, quando se
pretende buscar a saúde empresarial e sua consequente permanência no mercado.
1 SILVEIRA, Marco Antônio Karam. A Atuação do Estado Constitucional na Atividade Econômico – Empresarial e a Análise Econômica do Direito. Revista dos Tribunais. Ano 100. Vol. 912 out/2011
2
A interdisciplinaridade entre direito e economia torna-se ainda mais vital
quando a empresa não vai bem, e corre o risco de insolvência, visto que a sua
credibilidade, junto ao mercado, fica abalada.
No entanto, há que se reconhecer que não basta que tais ciências se
coadunem, pois é necessário que sistema judiciário também se amolde, no sentido
de tornar-se mais eficiente, menos moroso, e assim contribuir para que os impactos
econômicos negativos sejam evitados.
A análise econômica do direito vem ao encontro da necessidade de se aliar
justiça com eficiência econômica, cujo arcabouço é extraído do ferramental
econômico, com o intuito de ajudar a prever como as normas jurídicas afetam o
comportamento humano e quais as possíveis consequências disso. .
Neste sentido, o presente trabalho propõe estudar a contribuição da análise
econômica do direito, no caso de insolvência da empresa, e qual o papel do
Judiciário para o alcance da eficiência econômica na maximização dos ativos da
massa falida. Para tanto, utilizar-se-á de pesquisas bibliográficas, baseadas em
livros, artigos, revistas e periódicos.
Sendo assim, dividir-se-á este trabalho em três importantes tópicos. Iniciar-
se-á pela Análise Econômica do Direito, cujos subitens apontarão uma breve
explanação da análise positiva e normativa, apontamentos históricos, direito e
economia, análise econômica do direito como instrumento na prática jurídica. No
segundo tópico, pretender-se-á entender como análise econômica pode atuar nos
diversos ramos do direito, no caso em tela, analisar-se-á sua interação junto ao
direito constitucional, ao direito do dano, empresarial e falimentar. No terceiro e
último tópico, procurar-se-á compreender, a luz da lei de falências 11.101/05, quais
os objetivos macroeconômicos da referida lei, a insolvência empresarial no limite do
direito e da economia, qual o papel do judiciário em um ambiente de insolvência e a
necessidade do pensamento econômico no processo falimentar.
3
2 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO (AED)
GICO JR 2 , diz que AED é a “aplicação do instrumental analítico da
economia, em especial da microeconomia e da economia do bem-estar social, para
se tentar compreender, explicar e prever as implicações fáticas do ordenamento
jurídico”.
Ele acrescenta que a AED objetiva, por meio da abordagem econômica,
compreender o “direito no mundo” e vice-versa.
BARBOSA 3 , entende que a disciplina de análise econômica do Direito
consiste na investigação do fenômeno jurídico e suas instituições “numa perspectiva
econômica”, com o objetivo de utilizar elementos da teoria econômica para assimilar
a função do Direito e também do processo de formação das normas jurídicas.
Ela diz que:
A AED é uma disciplina que estuda o Direito e suas instituições, tendo como
base a racionalidade individual. A AED pode ser definida como a aplicação
da teoria econômica e dos métodos econométricos no exame da formação,
da estrutura, dos processos e dos impactos do direito e das instituições
legais.
BARBOSA, apud Kornhauser, diz que “a análise econômica do Direito parte
de duas premissas: a primeira, de que o direito tem a capacidade, e tem por
objetivo, influenciar a conduta dos indivíduos; e a segunda, de que essa influência é
de caráter eminentemente econômico”.
Para ela, Kornhauser quer dizer que o direito é utilizado como um
mecanismo que prescreve a conduta das pessoas dentro da sociedade, com a
finalidade de apresentar um comportamento que se entende por ideal, cujos
enunciados normativos influenciam comportamentos, acima de tudo, econômicos.
2 GICO JR, Ivo. Introdução ao direito e Economia. In____ Direito e Economia no Brasil. SP. Editora: Atlas. 2012, p. 1-33. 3 BARBOSA, Louise Maria Barros. Análise Econômica Soluciona Conflito entre Princípios. Disponível em:http://www.conjur.com.br/2010-abr-24/analise-economica-direito-solucoes-conflitos-principios. Acesso em: 01-04-2017.
4
POSNER4 reforça a ideia supracitada ao dizer que as pessoas buscam
maximizar de maneira racional as suas satisfações, visto que elas, ao realizarem
suas diversas atividades tendem a realizarem escolhas, e estas advêm do poder de
racionalidade, inerente ao ser humano, ou seja, diante de uma situação em que haja
mais de uma opção, ou diferentes condutas possíveis; o homem, por ser
economicamente racional, analisará a relação existente entre o custo e o benefício
que as possíveis opções oferecem, de maneira a atender seus interesses.
BARBOSA apud Cristiano Carvalho, diz que “a análise econômica do direito,
ao avaliar os incentivos causados pelas normas, sempre busca propor alternativas
que julgue mais eficientes para os fins pretendidos pelo legislador ou pelo juiz”.
Diante do exposto, infere-se que haja uma estreita relação entre as normas
econômicas e jurídicas, uma vez que as primeiras permitem, por meio de seus
métodos de elaboração, interpretação e aplicação, auferir de maneira pragmática
qual a melhor maneira de se interpretar e utilizar as normas jurídicas para a solução
de litígios.
2.1 AED POSITIVA E NORMATIVA
GICO JR, explica que há uma diferença entre o “mundo dos fatos”, e “mundo
dos valores”, visto que aqueles, podem ser investigados por métodos científicos e
seus resultados “são passíveis de falsificação”, a isso ele dá o nome de “análise
positiva”. Segundo ele, o mundo dos valores, “não é passível de investigação
empírica, de prova ou de falsificação”, sendo assim, não é científico, por isso,
chamado de análise positiva.
Nesse sentido, quando um juiz investiga se A matou B, ele está realizando
uma análise positiva (investiga um fato). Por outro lado, quando o legislador
se pergunta se naquelas circunstâncias aquela conduta deveria ou não ser
punida, ele está realizando uma análise normativa (investiga um valor),
ainda que fatos sejam relevantes para a decisão.
4 POSNER, Richard A. Para Além do Direito. SP. 2009. Editora: WMF Martins Fontes
5
GICO JR, fala sobre a “suposta dicotomia entre eficiência e justiça”. Alega
que, mesmo a partir de uma análise normativa, ainda assim não é possível para a
AED “dizer o que é justo, o que é certo ou errado”, uma vez que esses são conceitos
advindos do “mundo dos valores”, portanto, subjetivos.
Segundo GICO JR, os jus economistas entendem ser irrelevante o tipo de
política pública que uma sociedade deseja implementar, o foco principal deve ser
voltado para a eficiência, isto é, independente da escolha, não existe “justificativa
moral ou ética” que explique a implementação de dada política pública calcada no
desperdício. Tal argumento se válida na ideia de que não existe nada mais injusto
do que o desperdício em um mundo onde os recursos são poucos e as
necessidades humanas ilimitadas.
...todo desperdício implica necessidades humanas não atendidas, logo toda definição de justiça deveria ter como condição necessária, ainda que não suficiente, a eliminação de desperdícios... Não sabemos o que é justo, mas sabemos que a ineficiência é sempre injusta, por isso, não consigo vislumbrar qualquer conflito entre eficiência e justiça, muito pelo contrário, uma é condição da existência da outra.
GICO JR, faz outra importante abordagem ao falar sobre políticas públicas
redistributivas, segundo ele, embora elas sejam de grande valia, devem ser
realizadas de forma eficiente e responsável, diferente do que tem ocorrido no Brasil,
uma vez que juristas, promotores, legisladores e agentes públicos têm usado tais
políticas de maneira impensada.
Ele explica que o simples fato de redistribuir riqueza não implica que essa
medida seja “moralmente boa ou ruim em si, muito menos como socialmente
desejável”, visto que há outros fatores relevantes que precisam ser considerados,
uma vez que é de suma importância entender quais consequências tais medidas
trarão ao “agente afetado e para os demais grupos afetados”, uma vez que as
pessoas reagem a regras e incentivos, conforme esses mudam o comportamento
das pessoas também poderão mudar.
GICO JR, deixa claro que a AED tem importante papel por ser entendida
como uma “ciência da escolha humana”, é neste viés que a “abordagem econômica
é de maior utilidade para o direito ao auxiliar a compreensão (diagnóstico) e a
previsão (prognose) das consequências sociais de cada escolha”.
6
Ele afirma que a AED, por meio do arcabouço teórico, calcado na
abordagem econômica é suficiente para auxiliar na compreensão de como as
pessoas reagem diante das alterações de sua “estrutura de incentivos” e como o
direito pode desenvolver tais estruturas, cuja finalidade é maximizar o bem-estar
social.
Entende-se que a AED deve ser vista como uma ciência voltada a decisões
que visem o bem-estar social em sentido amplo, uma vez que, para conseguir esse
bem coletivo, há que se analisar o comportamento humano e como este poderá ser
afetado pelas mudanças de normas e regras, para só depois desse diagnóstico,
escolher quais medidas seriam mais eficientes e consequentemente, maximizadoras
do bem-estar social. Tarefa, provavelmente, desafiadora, mas merecedora de
esforços, cujo resultado positivo, trará benefícios inegáveis a população.
2.2 APONTAMENTOS HISTÓRICOS SOBRE A ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO.
Mister iniciar os apontamentos históricos sobre a análise econômica do
direito, com o economista e filósofo Adam Smith5.
PIMENTA e LANA6, ensinam que Adam Smith defendia que os recursos
seriam melhores alocados quando em livre concorrência. Salientam que na obra
“Riqueza das Nações” existem várias passagens onde são apresentadas críticas a
existência de leis relacionadas a intervenção. Mencionam a expressão “mão
invisível” utilizada por Adam Smith, quando se referia aos efeitos de um livre
mercado, sem intervenção, condição suficiente para regular a concorrência.
Conforme SAMUELSON 7 , as doutrinas de Adam Smith influenciaram o
filósofo Jeremy Bentham8, cujos estudos voltaram-se aos “princípios necessários à
5 Adam Smith, (1723-1790) foi um economista e filósofo escocês. Considerado o pai da economia moderna. O mais importante teórico do liberalismo econômico do século XVIII. Sua principal obra "A Riqueza das Nações", é referência para os economistas. 6 Jeremy Bentham, criador da filosofia política conhecida como utilitarismo. 7 SAMUELSON, Paul A. Economia. 19ª Edição. Editora AMGH Editora Ltda.– 2012
8PIMENTA, Eduardo Goulart, LANA, Henrique Avelino Rodrigues de Paula. Análise Econômica do Direito e sua Relação com o Direito Civil. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/analise_economica_do_direito_e_sua_relacao_com_o_direito_civil.pdf. Acesso em: 15 de março de 2017
7
elaboração da legislação social. Propôs que a sociedade devia ser organizada
segundo o princípio da utilidade”.
Conforme PIMENTA e LANA, para Jeremy Bentham, a dor e prazer seriam
os únicos estímulos aos homens em geral. Sendo assim, as decisões tomadas por
eles deveriam ser no sentido de minimizar a dor e aumentar a felicidade.
OTAVIANI9, diz que Bentham publicou uma obra intitulada “Introdução aos
Princípios da Moral e da Legislação”, cujo intento era apresentar uma espécie de
guia de como as questões éticas e morais deveriam ser seguidas na política ou
pelos governos.
No campo legislativo, Bentham publicou em 1789, justamente o ano da Revolução Francesa, sua obra Na Introduction to the Principles of Morals and Legislation Nessa obra, Bentham dá ênfase às suas ideias a respeito de política e governo, buscando apresentar um guia de como as ações morais e éticas deveriam ser tratadas e seguidas. Ele acreditava que as ações humanas poderiam ser abordadas da mesma maneira que os fenômenos que eram objetos da química ou da física, ou, ainda, da medicina. Para alcançar tal objetivo estabeleceu critérios para medir as forças que governavam as ações humanas, que segundo ele era o prazer e a dor e assim, desenvolveu um modo de mensurá-los incorporando-os numa “ciência da moral”.
OTAVIANI, afirma que Bentham 10 é considerado o fundador da corrente
utilitarista, cuja ideia é a de que “toda ação deve ser medida por sua utilidade”.
COPETTI NETO11, diz que o princípio da utilidade rompe “com a ideia de
direitos naturais”, a tomada de decisão, pelo poder público, deveria levar em conta,
“a busca da maior felicidade ao maior número de pessoas”, diferente do que ocorria,
9 OTAVIANI, Márcia Cristina. Jeremy Bentham: Prazer e Dor - como mensurá-los? História da Ciência e Ensino. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/hcensino/article/view/2906/2030. Acesso em: 17/03/2017, p. 1-9. 10 O autor considerava a legislação de sua época incompleta e apresentou uma proposta diferente para a legislação inglesa Isso ocorreu num período em que grandes acontecimentos tomaram o mundo, não só no campo filosófico, mas também no econômico. Eventos como a publicação da Enciclopédia Britânica (1771), a Declaração de Independência Americana e a publicação do livro A Riqueza das Nações de Adam Smith (1723-1790) em 1776, a Revolução Francesa (1789), a abertura do British Museum (1759) e o descobrimento da Pedra de Roseta (1799). (OTAVIANI)
11 COPETTI NETO, Alfredo .Entre o Princípio da Utilidade e o Princípio da Maximização da Riqueza, o que Permanece da Filosofia Política Utilitarista de Geremy Bentham no Movimento Lawand Economics Difundido na University of Chicago?.Disponível em: http://www.fdsm.edu.br/site/posgraduacao/volume271/04.pdf. Acesso em: 20/03/2017
8
uma vez que o poder público era utilizado para fins privados, no sentido de manter
os privilégios, tanto econômicos, como sociais e políticos dos mais ricos.
Segundo COPETTI NETO, Bentham entendia que tais abusos do poder
público 12 eram inadmissíveis, visto que, aumentavam as desigualdades sociais,
geravam estimulo as práticas monopolistas, e se estas se afastassem da utilidade
social, em último caso, o estado deveria intervir, no sentido de controlar e sanar.
A interferência do governo nas práticas econômicas – em casos especiais – deveria ser considerada de bom grado, segundo Bentham, se o mercado – entendido até então, como lugar privado, onde se desenvolviam as liberdades, regido por leis naturais – estivesse de alguma forma estimulando e provocando a desigualdade e, consequentemente, não estivesse voltado ao alargamento do interesse público.
Observa-se que a interferência do poder público era algo visto com
ressalvas, apenas para corrigir eventuais desigualdades passíveis de prejudicar o
interesse coletivo.
COPETTI NETO, entende que a intenção de Bentham era romper os abusos
e criticar a proteção de leis, que serviam apenas aos interesses de uma classe e não
estavam de acordo com as necessidades do povo em geral.
Depreende-se que Bentham defendia que as leis não deveriam ser usadas
como manobras políticas em benefício das castas elitizadas. Por conta dessa ideia,
o princípio da utilidade favoreceu um “avanço social”, uma vez que propunha uma
mudança de paradigma.
...é inerente afirmar que o princípio da utilidade constituiu à época na qual foi defendido um inegável avanço social, considerando que Bentham, por meio de uma nova teoria da legislação baseada no princípio da utilidade, visava condenar qualquer espécie de política institucional que agisse, sobretudo juridicamente, em benefício de determinada classe elitista e estimulasse a desigualdade
12 “Nesse sentido, mostra -se importante assumir posição e afirmar que Bentham era um reformador radical, cuja análise partia da peculiar situação em que se encontrava o poder público inglês no final do século XVIII – formalismo da Igreja anglicana e corrupção institucional do estado –, fundamentada em interesses antagônicos que provocavam o entrelaçamento de acordos políticos e que visavam à conservação de leis supostamente ilegítimas, as quais adquiriam perenidade em virtude da criação e da defesa de falácias dogmáticas postas como imutáveis” (COPETTI NETO)
9
Outro importante expoente da análise econômica do direito é o jurista
Richard Allen Posner.
DERZI e BUSTAMANTE13, dizem que Posner, em seus primeiros escritos
defendia que o raciocínio jurídico tinha que levar em conta a maximização da
riqueza, para ele “a racionalidade econômica deveria substituir a valoração moral do
direito”.
A pauta geral a indicar a postura interpretativa ou a teoria da decisão de Posner, portanto, deve ser justamente o ideal de enriquecer a sociedade como um todo, diminuindo-se o custo social e maximizando a riqueza geral. Esse método, por ser pautado em uma racionalidade exclusivamente econômica, é absolutamente indiferente em relação à justiça da forma como se fará a considerações morais ou igualitárias como fatores de valoração do direito ou como parâmetros para os discursos de aplicação do direito válido. Posner constrói, portanto, uma teoria que é rigorosamente indiferente ao valor da igualdade ou da justeza (fairness), que são vistos como irrelevantes para a interpretação do direito. Ao tratar das desigualdades de renda e da distribuição de justiça, por exemplo, o autor não descarta redistribuir a riqueza em favor dos mais ricos, caso essa medida se revele apta a maximizar a riqueza global da sociedade.
Infere-se que, para POSNER, a distribuição de riquezas não deveria ocorrer
por um critério moral, mas de maneira racional, pragmática, visando o
enriquecimento da sociedade, com redução de custos sociais e maximização da
riqueza. Mesmo que isso significasse deixar os ricos mais ricos e os pobres mais
pobres.
A ideia de que o direito deve promover e facilitar o advento dos mercados competitivos, bem como simular os resultados destes em situações nas quais os custos de transação mercadológica sejam proibitivos - a ideia que chamo de "maximização da riqueza"- possui afinidades tanto com a ética kantiana quanto com a utilitarista: com a primeira, porque a abordagem protege a autonomia dos indivíduos produtivos ou ao menos potencialmente, produtivos (a maioria de nós); com a segunda, devido a relação empírica entre mercado livre e riqueza humana. Embora a abordagem econômica não possa ser deduzida de nenhum desses sistemas éticos e nem seja completamente coerente com eles, esta não é uma objeção decisiva desde um ponto de vista pragmático. A falta de fundamentação não perturba a nos pragmatistas. Não questionamos se a
13 DERZI, Misabel de Abreu, Machado, BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de. A Análise Econômica de Posner e a Ideia de Estado de Direito em Luhmann: Breves Considerações Críticas. Disponível em: https://www.direito.ufmg.br/revista/index.php/revista/article/download/P.../304. Acesso em: 20/03/2017
10
abordagem econômica do direito se funda adequadamente na ética de Kant, Rawls, Bentham, Mill, Hayek ou Nozick e nem se cada uma dessas éticas possui fundamentos satisfatórios, mas sim se é a melhor abordagem a ser seguida pelo atual sistema jurídicos dos Estados Unidos; em vista do que sabemos sobre os mercados
POSNER defende o pragmatismo14 em detrimento ao formalismo, acusa
este de romper “a ligação do conhecimento com a observação”. Segundo ele, não se
pode responder questões jurídicas a partir de uma investigação superficial, existente
da relação entre conceitos.
POSNER argumenta que o formalismo tem sua aplicação, e usa como
exemplo a lógica, baseada na probabilidade, ao dizer que, a partir de algumas
regras matemáticas pode-se inferir quantas bolas existem num baú, basta jogar uma
série delas, que é possível calcular o resultado sem ter que olhar dentro do baú. Em
seguida, propõe uma analogia à situação das bolas em um baú, mas desta vez,
pega-se as normas jurídicas que determinam que animais selvagens não possuem
direitos não usufrutuários, neste caso, basta saber se o animal é selvagem ou
domesticado, para se aplicar a norma.
Segundo POSNER, o problema surge quando se tende a generalizar a
norma e aplicá-la de maneira automática, como se a norma, utilizada como exemplo
no caso em tela, que trata dos direitos não usufrutuários dos animais selvagens
pudesse ser estendida e utilizada para se determinar a ausência dos mesmos
direitos em todos os recursos naturais não estacionários.
Conforme POSNER, se assim ocorrer, pode-se chegar a uma norma “para
os direitos de propriedade sobre o petróleo e o gás natural, sem a necessidade de
mergulhar nas profundezas da economia do desenvolvimento de tais recursos”.
Neste caso, corre-se o risco de que tais recursos sejam explorados de forma
ineficiente.
Ele afirma que a abordagem pragmática preocupar-se-ia em responder
perguntas como, qual é a norma correta para o petróleo e o gás, outros
questionamentos viriam intrínsecos, como buscar responder que tipo de norma – “a
sensível, a socialmente viável, a razoável ou a eficiente? ” No pragmatismo o
14 substantivo masculino- corrente de ideias que prega que a validade de uma doutrina é
determinada pelo seu bom êxito prático
11
empirismo predomina desde o início, “os conceitos devem servir as necessidades
humanas” a ideia é que haja um ajuste das categorias dos direitos com intuito de
que haja adaptação destas às práticas de outras comunidades que não a jurídica.
Ele faz uma interessante afirmação para defender sua ideia de que o pragmatismo
opera melhor do que o formalismo:
O formalista força as práticas dos homens de negócios e das pessoas em geral a encaixarem-se no molde dos conceitos jurídicos existentes, vistos como imutáveis, tais como o de “contrato”. O pragmatista, ao contrário, considera que os conceitos devem servir às necessidades humanas e, portanto, deseja que sempre se considere a possibilidade de se ajustar as categorias do direito, para que se adaptem às práticas das outras comunidades que não a jurídica.
Outro importante expoente na Análise Econômica do Direito é Ronald
Coase.
LARA15 ensina que foi a partir dos estudos de Ronald Coase, cujo marco
inicial foi o artigo “The Problem of Social Cost”16, em 1960, que a análise econômica
do direito desponta como método e disciplina.
BARBOSA, corrobora ao dizer que a obra de Ronald Coase intitulada “The
Problem of Social Cost”, tratou da aplicação da teoria do custo de transação na
tomada de decisões jurídicas, com o objetivo de mostrar que haveria uma maior
eficiência na solução dos conflitos, trazendo assim, os princípios da microeconomia
para o campo do direito.
O fortalecimento desse moderno método de análise do fenômeno jurídico é concomitante ao crescimento do chamado realismo jurídico, cujo desenvolvimento é fruto do descontentamento generalizado, mormente de juristas americanos, com o mecanicismo na aplicação da lei caracterizava o positivismo jurídico dominante.
LARA faz uma síntese da teoria de Coase, ao dizer que para este, os
prejuízos são sempre recíprocos, então, a melhor solução seria aquela em que o
15 LARA, Fabiano Teodoro de Rezende A Análise Econômica do Direito como método e disciplina. disponível em: revistas.unibh.br/index.php/dcjpg/article/download/2/2. Acesso em:: 28/03/2017. 16 Ronald H. Coase é Professor de Economia na Universidade de Chicago. Este ensaio foi publicado no Jornal of Law and Economics (Outubro, 1960)
12
prejuízo fosse minimizado, não importando investigar as causas que levaram a
ocorrência dos eventuais prejuízos.
Doravante, far-se-á uma análise diretamente da obra intitulada, em
português, “O Problema do Custo Social”, de Ronald H. Coase.
Observa-se que COASE17, inicia com uma crítica ao pensamento de Pigou
em “The Economics of Welfare”.
Contudo, antes de analisar as críticas de Coase, convém, de maneira muito
sucinta, expor a ideia central do pensamento de Pigou.
NEERTAM18, explica que para Pigou só haveria “eficiência econômica” se
fosse atribuído o preço correto aos recursos ambientais, visto que assim tornaria
possível existir eficiência econômica aliada a um aumento no bem-estar.
A eficiência econômica exige que se atribua o “preço correto” aos recursos ambientais. Uma melhoria de eficiência econômica com maior nível de bem-estar é possível quando se internaliza os custos (benefícios) ambientais via preços das externalidades nas atividades de produção ou consumo. Assim, a demanda por recursos ambientais poderia ser induzida via preços. Um imposto sobre o uso do recurso ambiental serviria para este fim desde que refletisse o custo marginal ambiental gerado por este uso.
COASE inicia seu ensaio, ao dizer que o problema a ser enfrentado são os
efeitos prejudiciais causados a terceiros, pelas empresas comerciais, ou as
“business firms”.
Segundo ele, quando se trata de analisar prejuízos a terceiros, é comum
entre os economistas acatarem o pensamento de Pigou, cujo exemplo é o caso da
fábrica que polui o ambiente com fumaça e prejudica quem ocupa as propriedades
ao entorno.
A solução apontada por Pigou se traduz em responsabilizar o dono da
fábrica, ou que ele seja tributado conforme a quantidade de fumaça produzida, cujo
valor do tributo deveria corresponder, em termos financeiros, ao prejuízo causado.
17 COASE, H. Ronald, O Problema do Custo Social - Tradução por Francisco Kümmel Direito e Economia da PUC/RS, coordenado pelo Prof. Dr. Luciano Benetti Timm.Revisão técnica de Antônio José Maristrello Porto (FGV DIREITO RIO) e Marcelo Lennertz (FGV DIREITO RIO)
18 Núcleo de Estudos Economia Regional, Território, Agricultura e Meio Ambiente do Paraíba do Sul
13
Outra solução apontada por Pigou seria a remoção da fábrica das áreas
urbanizadas, a fim de evitar o prejuízo a quem more nas áreas próximas.
COASE entende que as ações propostas por Pigou não são apropriadas,
visto que não conduzem a resultados almejados.
COASE explica que a “abordagem tradicional” não resolve o problema, visto
que há reciprocidade de prejuízos. Para ele a pergunta a ser feita não é como
impedir que o dono da fábrica cause prejuízo a vizinhança, visto que, evitar prejuízo
a esta, significaria, automaticamente, gerar prejuízo ao dono da fábrica. Então, ele
entende que o certo seria decidir se o dono da fábrica poderia ser autorizado a
causar prejuízo a vizinhança e se esta, também deveria ser autorizada a causar
prejuízo ao dono da fábrica. Ou seja, para ele, a questão relevante é analisar como
evitar o prejuízo mais danoso.
Em artigo anterior, citei como exemplo o caso de um confeiteiro que, em sua atividade, utilizava um maquinário do qual provinham ruído e vibrações que perturbavam o trabalho de um médico. Impedir um prejuízo ao médico significaria infligir um prejuízo ao confeiteiro. O problema posto nesse caso era, em essência, se valeria a pena, como resultado da restrição dos métodos de produção dos quais o confeiteiro poderia se utilizar, beneficiar a atividade médica ao custo da redução da oferta de produtos de confeitaria. Um outro exemplo pode ser identificado no problema do gado que, ao se desgarrar, destrói a plantação da propriedade vizinha. Em sendo inevitável que algumas cabeças de gado se desgarrarão e causarão prejuízo à propriedade vizinha, o aumento da oferta de carne somente será obtido mediante o decréscimo da oferta de produtos agrícolas. A natureza da escolha é clara: carne ou produtos agrícolas. A resposta para tal dilema, no entanto, não é clara. A menos que saibamos o valor do que é obtido, bem como o valor daquilo que é sacrificado para obtê-lo.
Infere-se do acima exposto, que para Coase, mesmo que uma atividade
gere danos ou custos a outros, ela não pode ser inviabilizada apenas pela análise
dessas variáveis, uma vez que toda atividade também tem seu viés positivo, então,
há que se avaliar uma maneira de se chegar a um meio termo, cuja variável mais
importante, parece ser, a minimização do custo como um todo.
ACCIARRI 19 apud COASE para afirmar que na ocorrência de uma
externalidade negativa, o problema que causou o efeito danoso tem “natureza
recíproca”, visto que o cerne da questão não é identificar o prejuízo de forma
19 ACCIARRI, Hugo A. Elementos da Análise Econômica do Direito dos Danos. Revista dos Tribunais. SP. 2014
14
isolada, e sim, criar critérios de decisão que evite o dano ou o custo mais grave, no
sentido de minimizá-los. Isso significaria garantir a mantença da atividade mais
valiosa.
ACCIARRI apud COASE, para explicar o “sistema de responsabilização”
diante de situações onde não existam os custos de transação e em outra, onde
esses custos estão presentes.
No entanto, num mundo sem custos de transação, pode-se concluir – em termos gerais e de acordo com suposições usuais da economia padrão de sua época – que, a alocação inicial dos direitos de propriedade sobre os bens não irá afetar a utilização final dos mesmos: pelo contrário, qualquer que seja a atribuição de direitos, os bens se destinarão às suas finalidades mais valiosas
ACCIARRI diz que as ideias de Coase deram início a “análises mais
refinadas sobre os efeitos que as diferentes regras de responsabilidade têm sobre o
comportamento humano em relação ao objetivo da eficiência econômica”.
2.3 AUTONOMIA DO DIREITO
A questão que surge quando se busca entender o mundo do direito e quais
ciências podem influencia-lo, é saber se o direito é ou não uma ciência autônoma,
mas há que se entender primeiro, qual o conceito de autonomia.
ZATTI20, define autonomia, etimologicamente, cujo significado é o “poder de
dar a si a própria lei, autós (por si mesmo) e nomos (lei) ”. Ele diz, que não significa
que este poder seja algo absoluto e ilimitado, também não é sinônimo de
“autossuficiência”.
Segundo o dicionário, autonomia significa a capacidade de governar-se
pelos próprios meios. ZATTI ensina que, para KANT, autonomia é a condição de
uma pessoa ou de uma coletividade cultural, que determina ela mesma a lei à qual
se submete”.
20 ZATTI, Vicente. Autonomia e Educação em Immanuel Kant e Paulo Freire .Disponível em: http://www.pucrs.br/edipucrs/online/autonomiaeeducacao.pdf. Acesso em: 17/05/2017.
15
Em que pese a exposição do significado de autonomia, ainda não há como
inferir se o direito é ou não autônomo. Para tanto, há que se investigar como e
porque as normas surgem e qual sua força normativa.
Diante do contexto abordado, observa-se que a mais importante fonte do
direito de um país é a sua Constituição. É a partir dela que princípios, normas e
regras são regulamentados.
Sendo assim, para analisar a autonomia do direito, recorrer-se-á, de maneira
sucinta, a obra “A Força Normativa da Constituição”, de Konrad Hesse.
Antes, porém, há que se entender a tese central de Ferdinand Lassalle cuja
obra instigou Hesse a desenvolver seu pensamento de maneira a contradizer as
ideias de Lassale.
LASSALLE21, conta que foi convidado para fazer uma conferência, cujo tema
escolhido por ele foi falar sobre o que é uma constituição e qual a verdadeira
essência dela.
Entende-se que para LASSALLE, a Constituição escrita tem que ter
correspondência com os “fatores reais do poder” visto que, são eles que dão a força
normativa a constituição, uma vez que deve retratar a identidade da população como
um todo.
Para LASSALLE, a essência da Constituição é “a soma dos fatores reais do
poder que regem um país”
Essa é, em síntese, em essência, a Constituição de um país: a soma dos fatores reais do poder que regem um país. Mas, que relação existe com o que vulgarmente chamamos Constituição; com a Constituição jurídica? Não é difícil compreender a relação que ambos conceitos guardam entre si. Juntam-se esses fatores reais do poder, escrevemo-los em uma folha de papel, dá-se lhes expressão escrita e a partir desse momento, incorporados a um papel, não são simples fatores reais do poder, mas sim verdadeiro direito, nas instituições jurídicas e quem atentar contra eles atenta contra a lei, e, por conseguinte é punido...
Infere-se que, nas ideias de Lassalle, uma Constituição escrita, para ser
efetiva, deverá ter correspondência com a Constituição real, e ser estruturada nos
fatores reais e efetivos do poder que regem o país. De nada valerá a constituição
21 LASSALE, Ferdinan. Que é uma Constituição?. Disponível em: http://bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/services/e-books/Ferdinand%20Lassalle-1.pdf. Acesso em: 21/03/2017.
16
escrita ou a chamada “folha de papel”, se não estiver ajustada aos “fatores reais e
efetivos de poder”
LAMAS, diz que para Lassalle, os fatos são mais importantes que as
normas, uma vez que estas se apoiam naquelas, o que faz com que a realidade
prevaleça.
A tese defendida por Lassalle afirma que os fatos têm mais peso que as normas. Para ele, as normas se apoiam nos fatos, enunciando-os como eles já são, e, por conseguinte, adquirem força de realidade. Quando as normas ignoram os fatos, estabelecendo uma situação ideal que ainda não existe, se tornam um documento ineficaz, apenas uma "folha de papel", sem qualquer poder normativo. Acreditar que a Constituição pode mudar a realidade é um equívoco.
Pode-se supor que, para Lassalle, as normas não podem desconsiderar os
fatos, uma vez que não adianta, por meio das normas, estipular uma situação ideal,
que, no entanto, é hipotética, neste caso, será apenas um “pedaço de papel”, visto
que, não terá força normativa. Para ele, acreditar que a constituição possa criar uma
nova realidade é um engano.
Uma vez, minimamente, exposta a tese central de Lassalle, poder-se-á
retornar a análise de Konrad Hesse, cuja obra “A Força Normativa da Constituição”,
surge com a finalidade de contrapor as ideias de Lassalle.
HESSE22, se manifesta contrário ao pensamento de Lassale, no que tange a
afirmação de que questões constitucionais são questões de poder, portanto, não se
confundem com questões jurídicas. Para ele, as questões constitucionais surgem
das questões políticas.
Afirma que “a norma constitucional não tem existência autônoma em
face da realidade”. Para que haja eficácia da norma jurídica, ela precisa refletir o
mundo do ser e o do dever ser; “tem que exprimir mais do que o simples reflexo
das condições fáticas de sua vigência”, visto que, as forças políticas, sociais e
econômicas representam as coisas como elas são (mundo do ser).
Infere-se que para HESSE, a constituição só adquire força normativa
quando vai ao encontro da realidade vivenciada por um povo, visto que esse, em
22 HESSE, Konrad. A Força Normativa da Constituição. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/1604103/konrad-hesse---a-forca-normativa-da-constituicao. Acesso em 19/03/2017
17
sua maioria, respeitará e cumprirá os ditames legais, por concordarem com as
regras impostas pela constituição.
Diante do exposto, pode-se inferir que o direito, entendido como norma,
pode ser autônomo no sentido etimológico, uma vez que cria leis, as quais não tem
poder absoluto ou ilimitado e sua autonomia não se confunde com a
autossuficiência.
Ao sair do campo etimológico, e adentrar na discussão de Lassale e Hesse,
sem entrar no mérito de quem está certo (uma vez que a investigação proposta é
inferir se o direito é ou não autônomo). Percebe-se que ambos dizem que a
Constituição não se constrói de forma isolada, ao afirmarem que existem outras
forças que a influenciam.
Infere-se que o direito é construído pela junção de diversas áreas, sejas elas
sociais, políticas, culturais, econômicas, filosóficas, entre outras. Para que a
constituição tenha a força normativa dita por HESSE, o direito por si só, não
conseguiria abarcar todas as questões trazidas pelo mundo real, uma vez que as
demais ciências existem, justamente, pela complexidade do comportamento
humano, cuja proteção e justiça só se realizam com a inter-relação do direito e as
demais áreas existentes.
2.4 DIREITO E ECONOMIA
Pode-se dizer que nenhum ramo do conhecimento subsiste sem a
interferência ou sem a interdisciplinaridade com outras áreas. Não seria diferente
com o Direito e a Economia.
Inicialmente, é necessário entender essas duas áreas, separadamente, para
perceber suas afinidades e suas convergências.
18
PINHEIRO e SADDI 23 , ensinam que é importante saber “o conceito de
justiça”:
Remete-se à noção corrente de justiça (da qual deriva o conceito de justo) a ideia de que algo (uma coisa ou uma situação) está conforme um direito – aqui, num sentido amplo e genérico, seja um direito positivo, seja um direito natural-; o justo é aquilo que vem do direito. Finalmente, a última ideia de justiça que podemos expor é um sentido mais geral de justo: aquele que possui um bom juízo moral ou que sua vontade se conforma no respeito aos demais, nas suas ideias, nos seus sentimentos, na sua liberdade, na sua relação patrimonial e, em especial, em proibir ou admitir certos atos. O justo é, acima de tudo, um “homem do bem”- aquele cuja vontade é conforme a lei moral.
Não há como falar em direito sem entrar no conceito de justiça, num sentido
amplo, pode-se dizer que justiça é tudo aquilo que se coaduna com os valores
morais do homem médio.
No entanto, PINHEIRO e SADDI, alertam para o fato de que direito não é
sinônimo de justo. O direito, entendido como lei, costumes, jurisprudências, forma
um “conjunto de normas jurídicas que constituem as regras de conduta social”. Tem
por finalidade “regular a atividade dos homens em suas relações sociais” e também
um meio de resolução de conflitos.
Enquanto o direito ocupa-se com a justiça e equidade, a economia
preocupa-se em resolver como atender as necessidades humanas, que são infinitas,
com recursos finitos ou escassos.
Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade escolhem o emprego de recursos escassos, que podem ter usos alternativos, de forma a produzir vários bens e a distribuí-los para consumo, agora e no futuro, entre as várias pessoas e grupos na sociedade.)
Fato é, que o direito e a economia fazem parte do cotidiano da vida das
pessoas.
ALBUQUERQUE24, diz que um influencia o outro, visto que, existem normas
que impactam no campo econômico, e alguns acontecimentos de cunho econômico
podem gerar a necessidade de se aplicar determinadas normas.
23 PINHEIRO, Armando Castelar, SADDI, Jairo. Direito, Economia e Mercados. 4º Tiragem.
SP.Editora. 2005
19
À primeira vista, parece que o conceito sobre direito (justiça e equidade),
não condiz com o entendimento que se tem sobre a economia (estudo da escassez,
comportamento do consumidor, mercados, juros, etc.).
Por conta desse aparente antagonismo, PINHEIRO e SADDI, narram que
economistas e juristas também acreditavam estarem em lados opostos, dadas as
piadas e recriminações mútuas.
PINHEIRO e SADDI, dizem que os planos de estabilização econômica
distanciou ainda mais os economistas dos advogados, visto que, aqueles foram
acusados de ignorar as “liberdades públicas e os direitos fundamentais”, enquanto
estes foram vistos como “interesseiros e desprovidos de espírito cívico”, ora por
obrigar o governo, por meio da justiça, a pagar valores que desestabilizaria as
contas públicas, ora por, encher o judiciário com demandas “já pacificadas pelos
tribunais superiores, prejudicando todo o país em busca de gordos honorários”
OLIVEIRA FILHO25, entende que o antagonismo existente entre essas duas
áreas, possa vir do fato de que o objeto de análise do direito ser a justiça e a
equidade, enquanto a economia preocupa-se com a alocação de recursos, com o
comportamento humano e com a eficiência.
Ele complementa dizendo que outro fator que contribui para o afastamento
entre direito e economia é a “impressão” que se tem de que a economia leva em
consideração apenas questões ligadas as finanças e a riqueza material. No entanto,
ele faz um alerta no sentido de que, é possível estreitar os laços entre direito e
economia se houver o reconhecimento de que, muitas vezes; os conflitos resolvidos
pelo direito, acabam na seara econômica, uma vez que os pedidos envolvem
indenizações, multas, entre outros, tipicamente financeiros.
Infere-se que o direito e a economia estão intimamente ligados a questões
de cunho comum, isto é, a resolução de conflitos de interesses que decorrem do
comportamento humano, cujas necessidades tendem a ser infinitas, versus a
escassez de recursos disponíveis para satisfazer os anseios dos homens. 24 ALBUQUERQUE, Luiz. Introdução ao Estudo da Análise Econômica do Direito. Disponível em: http://www.fmd.pucminas.br/Virtuajus/1_2006/Docentes/pdf/Luiz.pdf. Acesso em: 23/03/2017 25 OLIVEIRA FILHO, Umberto Lucas de. Direito e Economia: A Importância da Análise Econômica
Direito. Disponível em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI236921,91041-
Direito+e+Economia+a+importancia+da+analise+economica+do+direito. ACESSO EM:01-04.2017
20
Diante deste paradoxo (necessidades infinitas x recursos escassos), os
defensores da análise econômica do direito encontram um campo fértil para
desenvolver sua teoria, que defende a aplicação do raciocínio econômico no direito,
com a finalidade de analisar as leis e outros institutos jurídicos, como a decisão
judicial e seus impactos.
SOEIRO26 , apresenta alguns exemplos de interação entre o direito e a
economia:
Preceitos jurídicos relativos aos custos do processo litigioso, normas legais e
constitucionais acerca da responsabilidade civil, direitos de propriedade e direitos
contratuais, influenciam o crescimento econômico e constituem apenas alguns
exemplos da relação entre o Direito e a Economia. A globalização, também
caracterizada pelo processo de integração econômica internacional que envolve
contratos e regulamentações, ressalta a necessidade de integração entre as
disciplinas.
SOEIRO, destaca outra importante questão, ao falar sobre a concorrência no mercado internacional, cujo direito volta-se a regularização da produção de bens e serviços, enquanto a economia ocupa-se em elaborar modelos econômicos que melhorem o desempenho da produção e da prestação de serviço para garantir uma melhor competição num mundo globalizado.
Conclui-se que direito e economia não são ciências antagônicas, uma vez
que ambas buscam alcançar o bem-estar geral da população, seja pela solução
pacífica dos conflitos, seja pela utilização de ferramentas econômicas que
possibilitem decisões pautadas na melhor escolha no que tange maximizar o bem-
estar social e minimizar os efeitos negativos aos envolvidos.
2.5 ANÁLISE ECONÔMICA
SAMUELSON Entende por análise econômica a aplicação de métodos e a
utilização de princípios, com a finalidade de interpretar fatos de natureza econômica,
26 SOEIRO, Susan Emily Iancoski. A Relação Entre o Direito e a Economia.
Disponívelem:http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php/principal.php?n_link=revista_artigos_leit
ura&artigo_id=12533. Acesso em: 01-04-2017
21
mediante um processo sistemático, cuja base de conhecimento é disponibilizado
pela teoria econômica.
Segundo ele, a análise econômica visa avaliar os fenômenos econômicos
que envolvem as escolhas no processo de decisão, sejam elas no campo da
microeconomia ou da macroeconomia.
SAMUELSON, referida análise abrange todo um universo de relações
econômicas, tais como: custos, produtividade, renda, consumo, gastos públicos,
importações, exportações, balanço de pagamentos, entre outros.
Infere-se que a importância da análise econômica está no fato de que é por
meio dela que se torna possível reunir informações, aumentar a margem de
segurança na tomada de decisões e permite avaliar o desempenho das políticas
públicas.
2.6 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO COMO INSTRUMENTO ANALÍTICO NA
PRÁTICA JURÍDICA
Acredita-se que um dos maiores desafios enfrentados pelos juristas é balizar
princípios, visto que, não existem hierarquia entre eles, e para determinar qual
princípio é o mais adequado ao caso concreto, algumas variáveis, que escapam ao
direito terão que ser consideradas.
Essa linha de pensamento é defendida por LEÃO27, cuja ideia é de que, a
tarefa dos juristas é complexa, dá como exemplo, algumas situações em que o
jurista precisa decidir qual princípio se sobrepõe, no caso concreto, quando estão
em confronto o princípio da propriedade privada e do da função social da
propriedade, ou o princípio da livre iniciativa e intervenção estatal, o princípio da
legalidade e do livre convencimento, da autonomia funcional e o da impunidade, do
princípio da proteção ao meio ambiente e o do desenvolvimento econômico, o
princípio dos direitos fundamentais e o da reserva do possível.
27 LEÃO, Gustavo Ramos Carneiro. A Análise Econômica do Direito como Instrumento Analítico
na Prática Jurídica: A Forma e o Conteúdo do Direito: Uma VisãoInterdisciplinar.Disponívelem:http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php/index.php%3Fn_link3Drevista_artigos_leitura%26artigo_id%3D11391?n_link=revista_artigos_leitura&art go_id=13951&revista_caderno=15. Acesso em: 27/03/2017.
22
A ponderação desses princípios não é tarefa fácil, e exige subjetividade.
Ocorre que essas escolhas são feitas adentrando campos diversos ou além do
direito, como a política, a psicologia, a moral, entre outros. A utilização de conceitos
ou critérios econômicos objetivos, possibilita uma argumentação mais apropriada,
posto que, mais fácil de aferir e controlar.
Segundo BARBOSA, a análise econômica do direito “fixa critérios mais
objetivos para a tomada de decisões” visto que pode ajudar o jurista a solucionar, o
caso concreto, com mais eficiência.
Ela diz que os juristas se preocupam em não ficarem restritos aos limites do
sistema jurídico, por isso, precisam de ferramentas que ajudam a entender o
“fenômeno jurídico em suas mais diferentes percepções”.
BUSSE28 acredita que, ao menos aparentemente, “juristas e economistas
estão caminhando rumo a uma convergência interessante; no sentido de tutelar a
dignidade humana”.
Diante do exposto, pode-se entender que a análise econômica do direito
pode ser um importante instrumento analítico para a prática jurídica, uma vez que
oferece ferramentas econômicas extremamente importantes para uma melhor
compreensão das regras e decisões judiciais.
Se a função do direito é, em suma “tutelar a dignidade humana”, infere-se
que essa missão só será bem realizada se conseguir maximizar o bem-estar de uma
sociedade, no entanto, para mensurar se o direito consegue realizar, a contento, sua
função, há que se utilizar critérios objetivos, é neste ponto que AED pode ajudar,
cujo mecanismo contribui na aferição da eficiência que se espera pela prática
jurídica.
3. ANÁLISE ECONÔMICA NOS RAMOS DO DIREITO
28 BUSSE, Diogo Nascimento A Constitucionalização do Direito Civil e a Perspectiva Econômica dos Aplicadores do Direito na Realidade Jurídica Brasileira: Uma Polarização Estéril. Disponível em: http://www.portal.ufpr.br/teses_acervo.html. Acesso em:15/05/2017
23
Depreende-se de tudo que foi visto até agora, que a análise econômica do
direito pode ser aplicada em vários ramos do direito, seja para tratar de questões de
propriedade, das relações contratuais, da responsabilidade civil, falimentar, entre
outros.
GICO JR, afirma que a AED “tem por característica a aplicação da
metodologia econômica a todas as áreas do direito, de contratos a constitucional, de
regulação civil a processo civil, de direito ambiental a família”.
Ele explica que é exatamente essa ampla possibilidade de atuação que
faz com que a AED se diferencie da simples aplicação do conhecimento econômico
em áreas associadas a economia.
GICO JR, fundamenta que haverá sempre um momento em que o juiz
precisará estimar valores, seja numa ação de reparação de danos, ou de “direito
concorrencial e regulatório”, para tanto, é necessário um conhecimento razoável do
“ferramental econômico”. Nestes casos, o economista pode ser chamado para atuar
como perito.
Infere-se que se os problemas que envolvem direito e economia fossem
apenas na ordem financeira, a presença de outros profissionais atuando como perito
já seria suficiente.
No entanto, GICO JR, explica que a AED é utilizada em questões que nem
sempre são de cunho econômico. Ele aponta que a AED pode ajudar a resolver
questões advindas de outras searas.
Quando usamos o termo Análise Econômica do Direito, estamos nos referindo à aplicação do ferramental econômico justamente às circunstâncias a que normalmente não se associam a questões econômicas. Por exemplo, a jus economia pode ajudar a reduzir a ocorrência de estupros, pode ajudar a reduzir o número de apelações protelatórias, pode ajudar a compreender por que algumas leis pegam e outras não.... a jus economia pode, inclusive, auxiliar na concreção dos direitos fundamentais, que requerem decisões sobre recursos escassos (2012, p. 15)
Segundo GICO JR, os jus economistas 29 , preocupam-se em tentar
responder quais as consequências de uma dada regra e que “regra jurídica deveria
ser adotada”. Para um melhor entendimento, ele esclarece que para saber “como
seria a regra ideal, precisamos saber quais são as consequências dela decorrentes”. 29 GICO JR, ensina que jus economistas são pessoas que possuem dupla formação ou são juristas.
24
Dentro do breve panorama apresentado, conclui-se que a AED é um
instrumental valioso para que a resolução de questões jurídicas ocorra de maneira
mais justa e eficaz.
3.1 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO CONSTITUCIONAL
BUSSE constata que o direito e a economia preocupam-se com o estudo do
desenvolvimento, uma vez que, ambas as ciências já comprovaram que “há uma
crescente demanda pelo respeito às garantias fundamentais das pessoas”, em que
pese todos os avanços tecnológicos.
Ele diz que a ideia neoclássica de que os critérios marginalistas das
escolhas sociais são determinantes para o crescimento econômico de uma
sociedade, cuja eficiência é o objetivo a ser observado como critério de justiça, já
não se sustenta mais. Salienta que a verdadeira importância do direito para o
desenvolvimento mudou de foco:
A expansão da doutrina econômica neoclássica alegava, e assim ainda sustenta nos dias de hoje, que o fator determinante para o crescimento econômico de uma determinada sociedade deveria levar em conta unicamente os critérios marginalistas das escolhas sociais, sendo a eficiência o objetivo ordinário a ser observado. O fato é que é quase inconteste que este movimento ardoroso de defesa da eficiência como critério de justiça chegou ao limite, sendo inclusive contestado por outras escolas econômicas. Nesse contexto, o feixe de luz que ilumina a passagem à procura da real importância do direito para o desenvolvimento muda de foco. Não se procura mais uma fórmula geral que possa ser indistintamente aplicada em qualquer contexto, sob qualquer circunstância, com resultados seguros que garantirão o desenvolvimento. A descoberta de que o crescimento econômico, por si só, não implica desenvolvimento, traduz o abandono da "teoria do transbordamento", levando os estudiosos a desviar o foco do plano "global" para o plano "local". A partir de então, passaram a constituir objeto de estudo temas de macroeconomia e microeconomia em conexão com o direito, além de questões de ambiente institucional e mecanismos de governança contratual, como fatores de fundamental importância para explicar os avanços da ideia de desenvolvimento.
BUSSE afirma que “a constitucionalização do direito privado e a Análise
Econômica do Direito” são capazes de atuar de forma integrada no sentido atingir
“os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal brasileira e reduzir as
desigualdades sociais”.
25
Neste viés, ele diz que dever-se-ia verificar se a constitucionalização do
direito privado, diante da perspectiva da pessoa como centro do direito como um
todo, poderia ser melhorada com a análise Econômica do Direito, a ponto de
estabelecer elementos que possam assegurar a realização da dignidade da pessoa.
3.2 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO DE DANOS
Segundo ACCIARRI, a responsabilidade civil está intrinsecamente ligada a
obrigação de indenizar, no entanto, ele adere a teoria da prevenção, por entender,
que se deve observar a questão em tela, além da “tradicional responsabilidade
indenizatória”
Ele aborda os conceitos da “prevenção General Deterrence e Specific
Deterrence”, cuja tradução pode ser entendida como “prevenção geral e específica
ou especial”.
Ele explica que na “General Deterrence” o potencial causador do dano, para
prevenir-se, enfrentará uma escolha, no sentido de decidir entre “o benefício que lhe
proporcionará realizar uma atividade de acordo com certas bases” e, caso ocorra
algum dano, quanto isso custaria em termos de indenização. Nesta situação, caberá
decidir “se irá empreender essa atividade ou não, e que precauções adotar nesse
caso”.
Na Specific Deterrence, ele diz que a situação diverge da anterior, uma vez
que não depende da simples escolha do potencial empreendedor, uma vez que
“haverá uma decisão estatal que impedirá a realização de certas atividades,
subtraindo do causador do dano a decisão sobre realizá-las ou não”.
Neste sentido, sequestrar um automóvel (por exemplo, por carecer de aptidão técnica para circular) ou fecha compulsoriamente uma fábrica, constituem claramente remédios que geram a specifc deterrence. Estas medidas podem ser resultado de um processo civil (por meio de medidas auto satisfativas, ou cautelares, ou no caso, medidas de cessação substanciais) ou também, decisões administrativas ou penais (2014, p.64).
ACCIARRI, diz que o conceito moderno de danos abrange um “gênero de
medidas mais estreitamente relacionadas com a specific deterrence, que são
entendidas - em certas condições - como recursos adequados para lidar com o dano
como fenômeno social”.
26
Após explicar a diferença entre as espécies de prevenção, ACCIARRI
aborda as consequências advindas da general e especific deterrence. Ele diz que,
“sob o ponto de vista da AED”, existem diversas diferenças entre os citados tipos de
prevenção.
ACCIARRI, convida a uma reflexão, cuja hipótese é a de que os agentes
sejam solventes e racionais (informação simétrica), e submetidos a prevenção
general deterrence, neste caso, as atividades que tenham um custo social superior
ao seu benefício não seriam realizadas.
...se um sistema jurídico impusesse, a título de indenização, um valor idêntico ao dano que essa atividade fosse infligir a outros, só se realizariam atividades que excedessem esse custo e, portanto, que tenham um benefício social preciso. Caso contrário, empreender a atividade seria ruinoso, pois o benefício esperado desta não compensaria o custo que irrogado ao autor em empreendê-la.
Ele diz que “a specific deterrence pode ser analisada sob as mesmas
bases”, a hipótese seria a de que o Estado ao conhecer a relação de custo
benefício, poderia impedir a realização de atividades entendidas como
desfavoráveis. Assim, não precisaria criar um sistema de responsabilidade, bastaria
criar um “sistema administrativo único que decidisse, com base na informação
perfeita” supostamente dada, qual a atividade deveria ser realizada e qual não,
assim chegar-se-ia aos mesmo resultados.
Segundo ACCIARRI, significa dizer que em um cenário ideal, cujos agentes
tem informação perfeita, são solventes e não existem custos de transação, tanto
faria projetar o general ou specific deterrence, visto que os resultados seriam os
mesmos quanto a alocação de recursos.
No entanto, ACCIARRI, lembra que os agentes nem sempre possuem todas
as informações, sendo assim, a equivalência na locação de recursos deixaria de
existir.
Ele diz que nesta situação, “o sistema de responsabilidade, dispositivo
gerador típico de general deterrence, por vezes, lida melhor com o balanço entre
custos e benefícios sociais que as medidas de specific deterrence”.
Ele alerta para o fato de que “nem sempre as coisas caminham no mesmo
sentido”, visto pode acontecer de os agentes não serem solventes ou ter solvência
27
limitada, neste caso, a ameaça de pagar uma indenização pode não gerar incentivo
para prevenção, assim, a general deterrence se torna um “instrumento fraco para
discriminar as atividades socialmente benéficas e as que não o são”.
ACCIARRI, diz que a análise econômica do direito do dano, enxerga o outro
lado do mesmo problema, ao enfatizar que, quanto menos ativos o agente possui,
menor será o seu incentivo para investir medidas de prevenção. Tal agente, se
condenado a pagar uma indenização, mas não possui bens para a execução, não
teria o seu bem-estar afetado, visto que não sofreria consequência negativa pelo
não cumprimento da obrigação.
ACCIARRI, diz que a hipótese acima exposta, mostra claramente um
problema de eficiência.
Quando os agentes são insolventes surgem dois problemas em torno da eficiência. Por um lado, os causadores carecem de incentivos para adotar o nível de precaução (e prevenirão menos) e de atividade adequadas (e realizarão mais atividades que a socialmente ótima) e por outro lado, as potenciais vítimas, em contrapartida, poderão tender a adotar um nível de precaução socialmente excessivo (... seguramente é considerado injusto para qualquer jurista tradicional)
Compreende-se que a análise econômica do direito do dano traz um
importante ferramental, cujo arcabouço econômico pode ser de grande valia para
analisar e prevenir as situações de risco, advindas do comportamento das pessoas e
as prováveis escolhas que estas podem realizar, dentro de um certo contexto ou
cenário.
3.3 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO EMPRESARIAL
RIBEIRO, ISFER e KLEIN30, “dizem que o estudo do direito empresarial sob
a perspectiva da interdisciplinaridade entre o direito e a economia é de extrema
relevância”, visto que as referidas ciências estão intimamente ligadas às questões
30 RIBEIRO, Márcia Carla Pereira, ISFER, Mayara e KLEIN, Vinicius. Reflexões Acerca do Direito Empresarial e a Análise Econômica do Direito de Falências e Recuperações no Ambiente Econômico. Disponível em: http://www.gedai.com.br/sites/default/files/publicacoes/livro_reflexoes_acerca_do_direito_empresarial.pdf. Acesso em: 17/05/2017
28
empresariais, dada a importância da análise dos comportamentos e racionalidade
que se espera de quem administra a atividade empresarial.
RIBEIRO, ISFER e KLEIN, explicam que uma empresa em dificuldades
econômicas costuma avaliar qual o melhor caminho a seguir, dentre eles, o
encerramento de suas atividades, negociar prazos com credores, esperar que seus
credores peçam sua falência, etc.
Eles comprovam, a partir de um estudo, cuja análise foram as falências no
período de 1999-2011, que a queda das falências é explicada por “fatores
econômicos, em especial pela “estabilidade econômica”, favorecida pelo aumento
dos salários, pela queda dos juros e pelo controle e manutenção dos índices
inflacionários e também pelo crescimento econômico.
A existência de fortes indícios de uma correlação inversa entre o número de decretações de falência e o Índice de Atividade Econômica é evidente e pode ser explica a partir dos efeitos benéficos para as empresas do aumento da atividade econômica. Logo, quanto mais a economia brasileira caminhava para um quadro de maior estabilidade e desenvolvimento, menor o número de falências.
Fato é, que a falência do empresário, pode causar importantes impactos
socioeconômicos no país, visto que, a falência significa o encerramento das
atividades de uma sociedade empresarial. Uma vez encerradas, poderá causar a
redução de oferta de trabalho e consequente desemprego, menos pessoas
empregadas, significa que a demanda por produtos e serviços, principalmente os
não essenciais, ficará contraída.
Haverá também uma redução na arrecadação tributária por parte do Estado,
que terá menos dinheiro para atender as necessidades da população e ainda terá
um aumento de gastos com benefícios de seguro-desemprego. Outro grupo que,
provavelmente, será afetado são os fornecedores, que além de terem sua carteira
de clientes reduzida, ainda correm o risco de não receberem seus créditos devidos.
29
3.4 ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO FALIMENTAR
Pode-se dizer que, com o advento da revolução tecnológica, a preocupação
com a assimetria da informação tornou-se quase irrelevante, visto que, as
informações circulam em tempo real, principalmente quando o assunto é crise
econômica.
É por conta deste cenário que BUSNARDO JR31, lembra que uma crise
financeira, pode evoluir para uma crise econômica, basta que seja capaz de gerar
incertezas no cenário internacional.
Ele diz que na conjuntura econômica atual, os “mercados internacionais
estão interconectados” cujas informações sobre a crise se espalham em tempo real
e geram uma “espiral de notícias econômicas” por vezes, desesperadoras.
BUSNARDO JR, diz que a crise econômica afeta também as economias
emergentes, e que, ao contrário do que se acreditava, estas também são afetadas
pelos “graves efeitos da crise mundial”. Tal afirmação é justificada por ele, diante
das reais consequências sociais enfrentadas pelos países emergentes, entre elas, a
retração econômica local e demissões em massa.
Diante dessas circunstâncias, ele acredita que é de se esperar “uma postura
mais cautelosa por parte dos empresários”, uma vez que o “empresário local em
dificuldades econômicas ou financeiras se encontra em um momento de avaliar suas
opções”.
BUSNARDO JR, diante da conjuntura apresentada, faz uma perspectiva
analítica sobe o ponto de vista jurídico, ao considerar que:
... a empresa adquire singular relevância jurídica como atividade, na medida em que a empresa produz e circula bens e serviços, gera empregos, renda e arrecadação tributária. A empresa, juridicamente, pode ser entendida como "atividade econômica organizada, exercida profissionalmente pelo empresário"...Neste sentido a empresa passa a cumprir, além das funções de obtenção de lucro determinadas por seus acionistas e administradores, uma relevante função social, tal como referido na nova lei de falências e recuperação de empresas...
31 BUSNARDO JR, Paulo C. Alternativas Legais Para a Empresa em Crise. Disponível em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI84042,51045Alternativas+legais+para+a+empresa+em+crise. Acesso em: 18/05/2017
30
É inegável a importância da empresa para a produção de riquezas, visto que
é a partir dela que se obtém bens e serviços, empregos, rendas, arrecadação de
tributos, favorecendo assim, o crescimento e desenvolvimento do país.
Sendo assim, entende-se que AED é ferramenta útil no direito falimentar, uma
vez que, dificilmente seria possível dissociar a empresa da economia, muito menos
do direito.
Para falar de direito falimentar é necessário trazer à tona a lei de falências
11.101/05, que tem sido analisada pela doutrina como um mecanismo que busca
incluir os elementos intrínsecos na AED.
RIBEIRO e BECUE 32 , afirmam que a doutrina entende que “uma das
grandes conquistas da lei 11.101/05 foi tratar do problema da insolvência sob o
enfoque da preservação da atividade econômica”.
Outra vantagem apontada por elas, foi a inclusão, na referida lei, do
dispositivo que permite meios “alternativos de realização dos ativos da massa falida
com a intenção de maximizar os recursos”.
Salientam que o legislador entendeu a necessidade de “resguardar a
empresa”, por ser indispensável ao desenvolvimento da economia, uma vez que é
“fonte geradora de empregos”, bens e serviços, geração de riquezas. O fato de a
legislação afastar as obrigações em geral do adquirente, mostra a preocupação com
a manutenção da atividade produtiva.
O princípio basilar no novo diploma concursal brasileiro consiste na preservação da empresa. Esta opção deve ser lida a partir dos fundamentos constitucionais da livre iniciativa (art. 1, IV, CF) e proteção da ordem econômica (art. 170, CF), tal a razão para que, conforme citado no introito, tanto na recuperação de empresa, como no caminho oposto, a falência, este princípio seja observado (art. 47 e 75 da LRF).
RIBEIRO e BECUE, entendem que a lei de falências deixou de ser mera
protetora do crédito, uma vez que o foco está em reconhecer o quão importante é
atividade econômica exercida pela empresa, cuja função social é inegável.
32 RIBEIRO, Márcia Carla Pereira, BECUE, Sabrina Maria Fadel O Trespasse na Recuperação Judicial Sob a Òtica dos Princípios da LRF da Interpretação dos Tribunais Disponível em: http://www.gedai.com.br/sites/default/files/publicacoes/livro_reflexoes_acerca_do_direito_empresarial.pdf. Acesso em: 18/05/2017.
31
4 OBJETIVOS MACROECONÔMICOS DA LEI FALIMENTAR
Sabe-se que a abertura comercial e econômica ocorrida nos anos 90, aliada
a globalização e a aos avanços tecnológicos, trouxeram grandes mudanças,
principalmente, para o âmbito empresarial brasileiro.
Diante de um novo cenário, as empresas brasileiras precisavam se tornar
competitivas, mas para isso havia a necessidade de conseguir empréstimos a juros
razoáveis. Diante do risco envolvido, a lei que protegia credores e devedores
precisava ser eficiente.
PINHEIRO e SADDI, confirmam o pensamento acima, ao dizerem que a
legislação que protege credores e devedores precisa ser eficiente, visto que ambos
precisam de proteção legal, para correrem risco em caso de o empreendimento
fracassar. A lei precisa ter o condão de gerar segurança jurídica a ponto de
incentivar o credor a emprestar, uma vez que existindo empréstimos disponíveis em
condições e quantidades suficientes, a taxa de juros tende a ser razoável.
A evidencia empírica indica que a boa proteção legal aos credores leva a juros mais baixos e a um mercado de crédito mais ativo... As comparações internacionais revelam que a legislação que define os direitos de credores e devedores no Brasil é pouco eficiente, no que se refere ao favorecimento do mercado de crédito... Também em relação ao processo de falência, o Brasil se destaca pela morosidade do processo. (Esperamos que a nova lei possa mudar isso).
Observa-se que a lei acima mencionada é a antiga Lei de Falências e
Concordatas, criada via decreto lei nº 7661/45. Numa análise mais detida da referida
lei, infere-se que não havia a preocupação em recuperar a empresa, visto que, a
simples recusa de exibir os livros ou alguma irregularidade neles, já geravam prova
contra o credor e esse já poderia ter sua falência decretada.
Art. 1º Considera-se falido o comerciante que, sem relevante razão de direito, não paga no vencimento obrigação líquida, constante de título que legitime a ação executiva. § 1.º Torna-se líquida, legitimando a falência, a obrigação provada por conta extraída dos livros comerciais e verificada, judicialmente, nas seguintes condições: III - a recusa de exibição ou a irregularidade dos livros provam contra o devedor, salvo a sua destruição ou perda em virtude de fôrça maior... (Decreto Lei 7661/45)
32
Acredita-se que uma lei criada em 1945, visava a conjuntura do período,
cuja dinâmica empresarial mudou muito com o tempo. Esse descompasso entre a
referida lei e as mudanças causadas na economia, de fato, exigiam uma nova lei de
Falências, baseada na nova realidade empresarial.
Diante do problema apresentado, PINHEIRO e SADDI, ensinam-nos que
existem princípios gerais para se criar um “bom sistema falimentar”.
Eles dizem que a lei de Falências deve ter como princípio norteador a
eficiência do sistema de crédito, visto que há que existir um instrumento que
possibilite, de maneira justa e rápida, a preservação da entidade econômica, sempre
que possível, e evitar prejuízos aos credores.
No entanto, isso não é tarefa fácil, visto que não basta atingir a eficiência,
mas há que se buscar também a eficácia33:
A reforma de qualquer processo falimentar, portanto, deve vir acompanhada de e associada a outros fatores, como, por exemplo, o treinamento de juízes, a implantação de mecanismos de governança corporativa depois da escolha do regime do falido e o fortalecimento dos direitos de propriedade ao longo do processo, entre tantas outras prioridades. Em resumo a norma falimentar por si só não é capaz de mudar o sistema. É preciso a conjunção de outros fatores institucionais.
Entende-se que há um conjunto de fatores de ordem governamental que
precisam ser implantados ou melhorados, para que a norma falimentar atinja a
eficácia necessária para o sucesso do processo falimentar.
Ainda na visão de PINHEIRO e SADDI, o problema da falência é relevante
para a economia, principalmente em momentos de crises, uma vez que, não há
como impedir a falência de certas empresas, cuja insolvência e incapacidade de
adimplir seus compromissos financeiros tornaram-se “crônicas”.
Uma vez expostas algumas considerações importantes sobre o problema da
falência, interessa-nos saber quais os objetivos macroeconômicos da nova lei
falimentar, visto que, diante do que já foi dito, infere-se que a vigência de uma nova
lei falimentar vem ao encontro da necessidade de existir uma norma que melhor se 33 Peter Drucker, considerado como o pai da administração moderna, nos ensina que Eficiência e Eficácia, não são sinônimos, uma vez que, deve-se entender que “A eficiência consiste em fazer certo as coisas: geralmente está ligada ao nível operacional, como realizar as operações com menos recursos – menos tempo, menor orçamento, menos pessoas, menos matéria-prima, etc…" "Já a
eficácia consiste em fazer as coisas certas: geralmente está relacionada ao nível gerencial".
33
ajuste a resolução das insolvências das empresas, dentro de parâmetros mais
objetivos e coordenados e que favoreça uma melhor resolução dos conflitos, com
um menor impacto socioeconômico negativo.
Conforme PINHEIRO e SADDI, a nova lei falimentar é considerada como
uma instituição legal de suma importância para a economia de mercado, e deve ter
três objetivos centrais, quais sejam:
A lei falimentar é uma importante instituição legal para a economia de mercado. São três os objetivos para tê-la: primeiro, e obviamente, ver-se livre das empresas ineficientes; segundo, realocar ativos dos menos para os mais competentes, e de devedores para credores, aumentando dessa maneira, a eficiência do sistema; e finalmente criar um sistema de incentivos para que o comportamento dos agentes econômicos que se mostre mais ou menos em linha com o desejado. (PINHEIRO e SADDI, 2005, p.208)
Diante do que foi afirmado, percebe-se que a ideia é de que a lei falimentar
deve ser objetiva, pois visa uma dinâmica calcada na praticidade econômica, isto é,
eliminam-se as empresas ineficientes, provavelmente para que essas não produzam
estragos ainda maiores no campo econômico e social; sugere a realocação dos
ativos para aqueles que demonstrem serem capazes de gerir o empreendimento
com maior competência empresarial. Realocar ativos também como forma de
pagamento (dos devedores aos credores). E por fim, gerar um sistema que incentive
os agentes econômicos a se comportarem por um viés próximo ao proposto.
4.1 A INSOLVÊNCIA EMPRESARIAL NO LIMITE DO DIREITO E DA ECONOMIA
FERNANDES34, entende que “um sistema de insolvência deve se orientar
pela distribuição de riscos, previsibilidade, tratamento justo e transparência entre os
interessados, no âmbito de uma economia de mercado”
Tal entendimento é justificado pelo autor pela necessidade de se preservar o
que chama de “unidade produtiva viável” e também pela importância de se
maximizar os valores dos ativos, cuja liquidação deve ser rápida e eficiente.
34 FERNANDES, Jean Carlos. A Insolvência Empresarial na Fronteira do Direito e da Economia. Acesso em: http://www.fumec.br/revistas/meritum/article/view/896/678. 16/05/2017
34
FERNANDES acredita que a lei falimentar deve prever de forma nítida quais
as regras de “repartição de riscos”, pois assim, os credores o os interessados
poderão gerir seus riscos e assim sentirem-se mais seguros e dispostos a investir e
a conceder crédito.
O autor salienta que nos processos de insolvência empresarial, dada a sua
característica de natureza coletiva, os credores, cujas situação são similares, devem
ter tratamento justo e eficiente; para tanto, a legislação falimentar deve desestimular
“fraudes e favoritismos”.
FERNANDES aponta a importância da transparência das informações, que
devem ser simétricas, isto é, num processo falimentar todos os envolvidos precisam
saber quais os “custos de suas ações”, para que possam decidir de forma pensada e
consciente para tomarem a melhor decisão em relação a proposta apresentada na
assembleia de credores.
O autor supracitado considera de grande importância que a lei falimentar
estabeleça, inclusive, “a forma de atuação do magistrado, do administrador judicial,
do gestor judicial”, e também dos credores, cujas decisões devem ser amplamente
divulgadas.
FERNANDES apud ALAN SCHWARTZ, reconhece que, muitas vezes, o
mais interessante para os credores é que haja a liquidação da empresa, para que
possam satisfazer sua necessidade de recebimento de seus créditos. Salienta que
nem sempre é possível recuperar a empresa, por isso, o importante é que exista um
sistema falimentar eficiente, calcado num procedimento célere com viés na
maximização dos ativos.
Um eficiente sistema falimentar ex post maximizaria o saldo que credores receberiam de empresas insolventes. Para alcançar tal objetivo, torna-se necessário minimizar o tempo de duração do processo, alocar os ativos em seu maior valor de uso e escolher corretamente o procedimento para sanar a situação de crise econômico-financeira
Outro importante apontamento dos autores SCALZILLI, TELLECHEA e
SPINELLI35 é em relação a segurança jurídica e a previsibilidade, entendidos como
35 SCALZILLI, João Pedro ,TELLECHEA Rodrigo,SPINELLI, Luis Felipe. Objetivos e Princípios da Lei de Falências e Recuperação de Empresas. Acesso em: http://www.sintese.com/doutrina_integra.asp?id=1229. Acesso em: 16/05/2017
35
princípios essenciais a ser objetivados na lei de falências, visto que indispensáveis
para a tomada de decisões no campo econômico.
Diante do exposto, infere-se que não há como se pensar em
insolvência empresarial sem considerar a importância e a interdisciplinaridade
existente entre o direito e a economia, cujas ciências se complementam, e por vezes
até se misturam, tão intrincadas estão as questões que envolvem o problema da
insolvência empresarial. Parece não ser possível atingir bons resultados utilizando-
se apenas do direito, visto que a realidade implica em considerar muitas variáveis
que envolvem a seara econômica; não apenas no que tange a questões financeiras,
mas também como gerir escolhas que tragam resultados eficientes e maximizadores
para os envolvidos e porque não dizer, para a sociedade em geral.
4.2 O PAPEL DO JUDICIÁRIO EM UM AMBIENTE DE INSOLVÊNCIA
EMPRESARIAL
PINHEIRO e SADDI, dizem que um dos maiores problemas no que tange a
aplicação das leis, em especial no Brasil, é a “lentidão do Judiciário”, salienta que a
simples notificação de um devedor pode levar três anos e as ações de conhecimento
e execução cinco anos cada”.
Outro problema apontado por eles, “são as muitas maneiras de postergar
uma decisão”, visto que a lei garante a possibilidade de recursos “em mais de uma
instância”, razões estas, apontadas como o cerne da morosidade do processo
falimentar.
Se não bastasse os problemas gerados nas questões processuais,
PINHEIRO e SADDI, afirmam que há também questões, provavelmente, de cunho
subjetivo, uma vez que, afirmam que há uma tendência por parte dos juízes
brasileiros em agir em favor do devedor; fato que contribui para prejudicar o
equilíbrio que deve ser alcançado entre os direitos dos agentes envolvidos, sob pena
de prejudicar o funcionamento do mercado de crédito.
O Judiciário tem papel vital nas situações de insolvência empresarial,
conforme PINHEIRO e SADDI, é crucial que as leis e os tribunais possibilitem a
rápida e segura execução de garantias.
36
FERNANDES, compreende que é fundamental que o judiciário seja
conscientizado da importância do papel que exerce no cenário econômico, pois,
para que o sistema de insolvência empresarial seja, de fato, um “mecanismo justo e
célere e que preserve, na medida do possível, a entidade econômica, sem prejuízo
aos credores legítimos da massa”, não basta apenas a existência de uma boa lei
falimentar.
Neste viés, FERNANDES apud CARLOS HENRIQUE ABRÃO, para explicar
que é preciso um “judiciário especializado que se envolva com a realidade da crise
da empresa ou transmita, pelo menos, a eficiência prática no momento da quebra”,
do contrário a lei de falências resumir-se-á em mera “redução de capital de custo”.
Para tanto, FERNANDES diz que o judiciário deve compreender como se dá
atividade econômica na atualidade, precisa se aperfeiçoar “além das fronteiras do
direito”, para a partir de então, tornar-se apto a transformar o texto legal em ação em
prol da recuperação da empresa em crise econômica.
...uma lei de falências deve perseguir objetivos, além de mera redução de capital de custo. Há que se considerar o assunto sob uma perspectiva mais voltada à análise econômica do Direito. Com base nisso, o Judiciário deve estar sintonizado na percepção da atividade econômica no século XXI, aprimorando-se além das fronteiras do Direito, sendo um verdadeiro partícipe na recuperação da empresa em crise.
Diante do exposto, acredita-se que não há mais espaço para um judiciário
desvinculado da realidade, cujo entendimento pauta-se apenas no campo do direito.
O judiciário precisa cada vez mais de uma visão panorâmica, que abarque outras
ciências, no caso em tela, a econômica, para que possa atuar de acordo com a
realidade vivenciada pelo país.
4.3 A NECESSIDADE DO PENSAMENTO ECONÔMICO NO PROCESSO
FALIMENTAR
Depreende-se do que já exposto, que a ineficiência do judiciário gera uma
espiral danosa, como se inferirá do exposto a seguir.
37
PINHEIRO 36 , diz que que a falta de um judiciário eficiente, prejudica os
estágios de reforma já conquistado por um país, diz que no caso do Brasil, as
reformas ocorridas a partir dos anos 90, dentre elas, a abertura econômica e
comercial, a “eliminação de monopólios”, venda de estatais, redução significativa da
inflação, entre outras, correm o risco de ter seus impactos positivos reduzidos,
diante do mau funcionamento do judiciário.
Ele afirma que “um judiciário ineficiente prejudica o crescimento pois
aumenta o risco e os custos de transação, distorcendo o sistema de preços e a
alocação de recursos”. Tal afirmação é justificada por ele, diante do que ocorre com
os “spreads37 bancários, cujo aumento estaria, em parte, ligado a falta de eficiência
do judiciário. Ele salienta que o fato de o Banco não conseguir reaver de forma
rápida as garantias dadas, uma vez que, “uma cobrança judicial leva em geral de 8 a
10 anos” e por conta disso precisa “compensar o custo financeiro extra no spread”.
PINHEIRO, alerta que são inúmeros os motivos para acreditar que não são
“eficientemente garantidos” os contratos, seja por decisões das firmas, em não
executar alguns negócios, seja por não explorar economias de escala, falhas na
alocação de insumos, recursos e de produção. Salienta que outro fator corriqueiro
que leva a ineficiência e a e necessidade que os agentes econômicos têm em se
manter atualizados diante das mudanças na legislação, cujo conteúdo tende a ser
mais complexo, na tentativa de substituir o bom funcionamento do judiciário”.
Um judiciário eficiente é essencial também para que firmas e indivíduos se sintam seguros para fazer investimentos dedicados, sejam eles físicos ou em capital humano. Isto porque uma vez realizado um investimento dedicado, é natural a outra parte em um negócio tentar agir oportunisticamente e expropriar o dono do investimento, procurando pagar apenas o custo variável de provisão do serviço contratado. Não basta nesse caso que haja um contrato entre as partes especificando que o pagamento inclua também a remuneração do capital. É necessário que haja um judiciário eficiente e independente que faça com que esse contrato seja respeitado. Mas não é apenas esse o papel do judiciário.
36 PINHEIRO, Armando Castelar. A Reforma do Judiciário: Uma Análise Econômica. Disponível em:
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/13049/000085167_td.pdf?sequence=1.
Acesso em: 19/05/2017
37 Spread bancário é a diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo para uma pessoa física ou jurídica
38
As críticas ao mau funcionamento do judiciário são pertinentes e ajudam a
entender, quão necessário é utilizar o pensamento econômico no processo
falimentar, uma vez que, na prática, os ativos da massa falida serão utilizados para
cumprir contratos não adimplidos.
PINHEIRO e SADDI, argumentam sobre a importância de legislação
falimentar, no sentido de efetivamente proteger credores e devedores, visto que,
ambos precisam ter segurança jurídica em suas tomadas de decisões.
A qualidade da legislação e a proteção que ela confere a devedores e credores são importantes determinantes tanto da taxa de juros como do tamanho e da composição do mercado de crédito. Idealmente, deve-se procurar um equilíbrio entre incentivar o devedor a buscar recursos e tomar riscos - e para isso ele deve ter alguma proteção em caso de fracasso -, estimular o credor a emprestar, de forma que haja empréstimos disponíveis e nas condições apropriadas.
Valendo-se da premissa de que, tanto os empreendedores quanto os
credores são racionais, a forma com que a legislação brasileira conduz a proteção
de devedores e credores, parece não ser suficiente para motivar as pessoas a
correrem riscos em seus empreendimentos, cuja incerteza jurídica é latente.
PINHEIRO e SADDI, reforçam a ideia de que o maior problema de uma
justiça morosa são os riscos de deterioração das garantias, visto que, enquanto uma
ação tramita, “as garantias se depreciam ou simplesmente desaparecem; logo,
quando uma decisão é tomada, elas não são mais suficientes para compensar o
crédito”
PINHEIRO e SADDI, explicam que a lei precisa dar segurança jurídica aos
credores, visto que, “o comportamento e as expectativas deles são fatores
fundamentais para que o processo falimentar seja eficiente”
PINHEIRO e SADDI, informam que a legislação brasileira, até então, quando
comparada com a internacional, é pouco eficiente no que tange ao “favorecimento e
desenvolvimento do mercado de crédito”, para corroborar esse fato, apontam que o
Brasil tirou nota 2, numa escala de 0 a 10, no referido quesito, enquanto a média na
América Latina é 3, nos países emergentes é 4 e nos países desenvolvidos a média
é 7. Eles apontam também uma outra estatística desfavorável ao Brasil, visto que a
tramitação dos processos de falências é considerada demasiadamente morosa.
39
A análise dos procedimentos a serem seguidos em uma cobrança judicial de dívida reforça a visão de que esse é, com efeito, um processo moroso no Brasil. Quando um devedor deixa de pagar uma dívida, a tendência é o credor procurar uma solução amigável, algumas vezes envolvendo um novo escalonamento do débito. Quando isso não funciona, em geral se aciona o departamento de recuperação de crédito da instituição, se a dívida for grande, ou uma empresa de cobrança, se a dívida for pequena. Se a inadimplência não for resolvida dessa maneira, pode-se então recorrer a uma cobrança judicial, que não se justifica para valores pequenos – a inscrição em listas negras é o método mais comum de 'proteção' ao credor
Entende-se que a análise acima contemplava a lei de concordatas, e que com
o advento da nova lei falimentar, espera-se uma mudança de cenário, mesmo que a
médio ou a longo tempo.
PINHEIRO e SADDI, apontam que a lei de falências (11.101/05), trazem
mudanças significativas, uma vez que a ideia de recuperar as empresas condiz
muitos mais com a realidade atual, cuja atuação dos credores é mais efetiva.
Apontam também mudanças importantes, como a possibilidade de que o
processo falimentar ocorra de forma mais célere, quando irreversível, visando evitar
a depreciação dos ativos e a maximização do valor a ser arrecadado com a venda
dos bens da massa falida.
PINHEIRO e SADDI, explicam que os credores, em um ambiente de
incerteza, tendem a agirem de forma individual e acabam por prejudicar o interesse
coletivo.
...Em geral é melhor vender o negócio do devedor como um todo (que tende a valer mais) do que fatiá-lo. No entanto, na medida em que lutam individualmente para reduzir suas perdas com a falência, os credores criam um problema de ação coletiva, prejudicando o interesse coletivo...’a liquidação de ativos’ às pressas, e quase sempre com concorrentes (que não são credores) ávidos pela quebra da empresa ou para adquirir em leilão seus ‘restos mortais’, reduzindo o valor de mercado de negócio.
Infere-se do que foi exposto, que os credores têm papel fundamental na
tomada de decisões, cuja confiança tem que ser efetivamente conquistada para que
ele possa pensar de forma racional e coletiva e assim ajudar a garantir que os bens
da massa falida possam ser vendidos com o maior valor possível, favorecendo
assim, o pagamento de um maior número de credores.
40
Outro importante mecanismo encontrado na lei de falências (artigos 168 a
178) é o de responsabilização dos maus gestores. Acredita-se que esse tipo de
dispositivo possa aumentar a confiança e consequentemente a eficiência da lei
falimentar, dado o risco gerado aos maus gestores.
Diante do exposto, acredita-se que a inclusão do pensamento econômico no
processo falimentar é de crucial importância, uma vez que as ferramentas utilizadas
pela AED permitem melhorar a eficiência do processo falimentar, cuja tendência
será a redução dos enormes desgastes vividos, principalmente por parte da
coletividade de credores.
41
5. CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou a reflexão sobre a
importância da análise econômica do direito, assim como a compreensão do que
vem a ser o referido instituto e qual sua aplicação prática no mundo empresarial,
principalmente no que tange a insolvência da empresa.
Observou-se que não há como se desvincular o direito da economia, uma
vez que o mundo empresarial é formado também a partir dessas ciências, cujas
normas e regras e conceitos balizam o comportamento empresarial.
Inferiu-se que o direito é um tipo de mecanismo que indica uma conduta
social, isto é, um comportamento aceito como ideal. Nesta mesma linha, a economia
também influência comportamentos, sejam eles individuais ou coletivos, uma vez
que, ambas as ciências ajudam a realizar as melhores escolhas dentro de um
cenário específico, seja social, cultural ou econômico.
Percebeu-se que a eficiência e a justiça não são controversas, como muitos
imaginam, visto que, ambas fazem parte dos fundamentos e objetivos norteados
pela economia e pelo direito. Tentar dissociar a justiça da eficiência, na atual
conjuntura, seria retroceder na busca da concretização de diversos princípios
constitucionais, entre eles o da dignidade da pessoa.
Notou-se que o estudo da escassez é importante para a realização de
escolhas racionais, cuja utilização da análise econômica favorece esse processo,
principalmente quando os atores envolvidos são potenciais empreendedores,
investidores e por que não dizer, juristas e promotores.
Constatou-se que a análise econômica do direito é um importante
instrumento analítico na prática jurídica, visto que, são muitos os desafios
enfrentados pelos juristas; na busca da solução dos conflitos, cujas decisões
precisam ser eficientes para que sejam justas e surtam os resultados, não apenas
no papel, mas principalmente na vida real.
Constatou-se também, que a insolvência da empresa, cujo resultado é a
falência do empresário, gera impactos socioeconômicos, muitas vezes, nefastos;
visto que, o encerramento de uma atividade, pode gerar uma espiral negativa, onde
a retração da oferta de trabalho gera a retração da renda, que gera a retração do
42
consumo, que gera a retração da capacidade contributiva tributária e assim por
diante.
Embora a maioria da doutrina diga que os efeitos são piores, quanto maiores
forem as empresas, atrevo-me a discordar e dizer que nem sempre, visto que, se um
número considerável de pequenos empreendimentos falirem, os efeitos poderão ser
tão prejudiciais quanto os advindos de uma grande empresa, visto que, há que se
considerar, entre outras variáveis, principalmente o número global de desemprego
gerado e como esse afeta a economia local.
Verificou-se que a nova lei de falências foi recepcionada pela doutrina, como
um grande trunfo, visto que trata o problema da falência pelo prisma da preservação
da atividade econômica, fato que possibilita a manutenção da geração de bens e
serviços, de empregos, rendas e tributos.
Observou-se, no entanto, grande receio por parte da doutrina quanto a (in)
capacidade do Judiciário, uma vez que a recorrente morosidade pode afetar a
concretização dos princípios que norteiam a lei de falências.
Investigou-se o problema que ocorre, no processo falimentar, quando o
judiciário não consegue atuar de maneira célere, e os prejuízos, algumas vezes
incalculáveis por não conseguir maximizar os ativos da massa falida.
Inferiu-se que a análise econômica do direito pode auxiliar juristas em suas
decisões, cujo arcabouço econômico oferece ferramentas que possibilitam aos
juristas decidirem de forma mais objetiva, calcados dentro de uma lógica mais
racional e realista, conforme a conjuntura do país.
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