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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Medicina Veterinária TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) Hellen Muniz Néquer Soares CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Curso de Medicina Veterinária

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C)

Hellen Muniz Néquer Soares

CURITIBA

2010

Reitor:

Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró- Reitor Administrativo:

Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró- Reitora Acadêmica:

Carmen Luiza da Silva

Pró- Reitor de Planejamento:

Afonso Celso Rangel Santos

Pró- Reitora de Promoção Humana:

Ana Margarida de Leão Taborda

Pró- Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão:

Roberval Eloy Pereira

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Sa úde:

João Henrique Faryniuk

Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária:

Ana Laura Angeli

Rua Sydnei Antônio Rangel Santos, nº 238- Santo Inácio

CEP: 82210-330 – Curitiba/ PR

Fone: (41) 3331- 7700

Reitoria

APRESENTAÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C) apresentado ao curso de

Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da

Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do título de

Médico Veterinário é composto de um relatório de estágio , no qual são descritas

as atividades realizadas durante o período de 19 de julho de 2010 a 08 de outubro

de 2010, período esse que estive no Centro de Produção e Pesquisa de

Imunobiológicos (CPPI), localizado no município de Piraquara, cumprindo estágio

curricular e também de uma monografia que versa sobre o tema “Produção de

soro antiloxoscélico no Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos (CPPI)

do Estado do Paraná” .

“Dedico esse trabalho principalmente aos

meus pais e irmão, amigos e professores”

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

Dedico esse trabalho a todos que me apoiaram na minha escolha de ser

Médica Veterinária.

A meus pais que se doaram de corpo e alma, por esse sonho, gerenciando

meus estudos com muita preocupação e respeito. Além de estarem sempre me

apoiando em momentos complicados e desanimo.

Agradeço meu irmão por me fazer rir em horas que eu precisava muito,

horas em que achava que iria desistir. Mas bastou um pensamento feliz que já me

levantava.

Á toda minha família, tias, avós, primos que me apoiaram me deram força

sempre. E nessa reta final demonstrando o quanto amadureci.

Não posso deixar de mencionar meus amigos queridos, todos eles, tanto

do Colégio Marista Santa Maria, quanto aqueles da Faculdade Tuiuti e aqueles do

G.E São Judas Tadeu. Um obrigada especial por tudo que passamos juntos.

Um agradecimento especial ao meu supervisor de estagio Paulo Guerra por

me dar a chance de aprender de verdade, colocando a mão na massa. Levo para

vida tudo que aprendi trabalhando com você.

Agradeço também a professora Silvana Krychak Furtado por ter aceito o

meu pedido e se tornar minha professora orientadora, foi indispensável sua ajuda

corrigindo meus erros e dando dicas sempre.

Aos meus amigos do estagio, obrigada por tornar meus dias muito mais

engraçados, e as viagens de ônibus para Piraquara muito mais divertidas.

Vocês fazem parte desse trabalho.

“A juventude é uma conquista da maturidade.”

Jean Cocteau

PENSAMENTO

Hellen Muniz Néquer Soares

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Silvana Krychak Furtado. Orientador Profissional: Paulo de Araújo Guerra.

CURITIBA

2010

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS iii

LISTA DE TABELAS iv

1. INTRODUÇÃO 01

2. RESPONSÁVEIS 02

3. INSTITUIÇÃO 03

4. ORGANOGRAMA 05

5. PRODUÇÃO 06

5.1 ANTÍGENOS PARA REAÇÃO INTRADÉRMICA 06

5.1.1 Antígeno de Montenegro 06

5.1.2 Antígeno de Mitsuda 08

5.2 INSUMOS LABORATORIAS 09

5.2.1 Esteriteste 09

5.3 SOROS HIPERIMUNES ANTIVENENOS 11

5.3.1 Soro Antiloxoscélico 11

5.3.2 Soro Antibotrópico 12

5.4 VENENO 13

6. ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO 14

7. CONCLUSÃO 16

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 17

ii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Principal área do CPPI e Seção de Grandes Animais 04

Figura 2: Organograma de Funcionamento do CPPI 05

iii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Posição e quantidades recomendadas para uso do esteriteste 10

Tabela 2: Atividades realizadas nas diversas seções do CPPI durante o período

de estágio curricular 15

iv

1. INTRODUÇÃO

O presente relatório pretende mostrar de maneira clara e detalhada o que foi

observado e desenvolvido durante o período de estágio curricular em um total de

366 horas, realizadas no período de 19 de julho de 2010 a 8 de outubro de 2010

no Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos - CPPI, localizado na

Avenida São Roque, nº716 Piraquara- PR.

Descreve também a estrutura desse Centro de Produção, bem como seus

departamentos e seus produtos. Além de demonstrar o trabalho realizado na

Seção de Grandes Animais com os eqüinos.

“O objetivo do estágio curricular é oferecer aos alunos a experiência do

aprender fazendo, no campo profissional, propiciando a complementação do

ensino ministrado na Universidade”.

2. RESPONSÁVEIS:

Responsáveis pela Instituição no período de Estágio.

Governador do Estado do Paraná

Roberto Requião de Mello e Silva

Vice-Governador do Estado do Paraná

Orlando Pessuti

Secretário de Estado da Saúde

Gilberto Berguio Martin

Diretor Geral

André Gustavo Lopes Pegorer

Superintendente de Gestão de Sistemas de Saúde

Irvando Luiz Carula

Diretor

Rubens Luiz Ferreira Gusso

Divisão de Produção

Maria Inês de Pizzol Corrêa

Divisão de Gestão da Qualidade e Biossegurança

Shirley Lasmar Lima

Divisão de Pesquisas

João Carlos Minozzo

Divisão de Suporte Operacional

Rubemyr Maria Secco Chaiben

Coordenação da Garantia da Qualidade

Adalgisa Lee Braga

3. INSTITUIÇÃO

A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná criou em 1987 o Centro de

Produção e Pesquisa de Imunobiológicos - CPPI, conhecido nacionalmente por

desenvolver antígenos e insumos para auxílio diagnóstico, produzir venenos-

padrão de animais peçonhentos e manter animais de laboratório (SESA, 2009).

A produção de imunobiológicos do Centro é destinada ao fornecimento de

insumos, medicamentos e produtos para unidades de saúde municipais, estaduais

e federais como o Ministério da Saúde, Laboratório Central de Saúde Pública

(Lacen), laboratórios de hospitais universitários, Centro de Diagnóstico Marcos

Enrietti da Secretaria de Estado da Agricultura, entre outros órgãos parceiros

como o Instituto Butantan, Tecpar, UFPR e Fiocruz (SESA, 2009).

O Centro é responsável pela produção do Soro Antiloxoscélico usado no

tratamento de pessoas picadas por aranhas-marrom e desenvolve pesquisas

voltadas à melhoria dos seus processos produtivos, desenvolvimento de novos

produtos e atua também na área de epidemiologia em parceria com Universidades

e instituições públicas (SESA, 2009).

A unidade tem um sistema de gestão da qualidade voltado à busca da

excelência na produção e pesquisa e conta com linhas de produção certificadas

pela norma ISO 9001/2000. Prioriza também a capacitação dos servidores

oportunizando desde treinamentos até o nível de doutorado (SESA, 2009).

O CPPI fornece estágios a alunos de segundo e terceiro graus de cursos das

áreas de biologia, farmácia, medicina veterinária entre outros. Outra atividade de

integração com a comunidade é a recepção a grupos de escolares onde são

ministradas palestras de prevenção de acidentes com animais peçonhentos

(SESA, 2009).

Localizado no município de Piraquara a 30 km de Curitiba, capital do Paraná,

em uma área de 19 alqueires, com 5.600 m2 de área construída, o CPPI de

acordo com seu organograma é composto pelas Divisões de Produção, Pesquisa,

Suporte Operacional e Gestão da Qualidade e Biossegurança, Seções de

Produção de Medicamentos Injetáveis, Insumos, Antígenos, Seção de Grandes

Animais, Biotério, Animais Peçonhentos, Serpentário, Laboratórios de

Experimentação e de Controle de Qualidade (biológico, físico-químico e

microbiológico) e Coordenação da Garantia da Qualidade (CPPI, 2010)

Figura 1: Principal área do CPPI e Seção de Grandes Animais.

Fonte: Arquivo do Autor. Fonte: Arquivo do Autor.

4. ORGANOGRAMA

O CPPI é composto por diferentes unidades caracterizadas pelos setores

de produção, pesquisa, qualidade e operacional. Essas unidades são divididas em

subseções que em conjunto geram os produtos finais (Figura 2).

Figura 2: Organograma de Funcionamento do CPPI.

Fonte: Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos, Seção de Garantia de Qualidade.

Direção Geral Rubens L. F.

Gusso

DIVISÃO DE PRODUÇÃO

Maria Inês de Pizzol Corrêa

DIVISÃO DE PESQUISAS João Carlos

Minozzo

DIVISÃO DE GESTÃO DA

QUALIDADE e BIOSSEGURANÇA

Shirley Lima

DIVISÃO DE SUPORTE

OPERACIONAL Rubemyr M. S.

Chaiben

Seção de Medicamentos

SPM Isolete Pauli

Seção de Insumos

SI Sandra Sella

Seção de Antígenos

SPA Regiane A. S.

Seção de Preparo de Materiais

SPM

Seção de Almoxarifado

SALMOX Isolete Pauli

Seção de Recursos

Humanos - RH

Paulo da R. L. Pacheco

Seção de Compras

e Contratos

Coordenação de Garantia da Qualidade

COGQ Adalgisa Lee

Seção de Controle de Qualidade

Biológico CQB Rosana Z. G.

Seção de Controle de Qualidade

Microbiológico CQM

Júlia S. Camillo

Seção de Controle de Qualidade

Físico-Químico CQFQ

Neide F.B.B. Seção de

Rotulagem e Embalagem Gisele P. M.

Laboratório de Experimentação

Animal INFECTÓRIO

Laboratório de Desenvolvimento

Cientifico e Tecnológico

Seção de Animais

Peçonhentos SAP

Walter Queiroz e Edson Alback

Seção de Grandes Animais

SGA Paulo Guerra

A seguir são elencados os produtos, insumos e soros produzidos pelo CPPI,

relacionando-se as finalidades específicas, os critérios de uso e os resultados

esperados.

5. PRODUÇÃO

ANTÍGENOS PARA REAÇÃO INTRADÉRMICA

5.1.1Antígeno de Montenegro:

Auxílio diagnóstico da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA).

PREPARAÇÃO:

1) Agitar o frasco por 30 vezes antes de usar;

2) Retirar o lacre central;

3) Fazer a assepsia da parte exposta da rolha com solução anti-séptica;

4) Perfurar a rolha com agulha de insulina retirando 0,1 ml do antígeno;

5) Aplicar imediatamente, evitando que a suspensão sedimente no frasco e/ou na

parede da seringa.

APLICAÇÃO:

1) Proceder à assepsia da pele do paciente, no local da aplicação, com solução

anti-séptica;

2) Injetar via “intradérmica” com a seringa de tuberculina ou insulina (preparada

com 0,1 ml do antígeno de Montenegro) na face anterior do antebraço 2 a 3 cm

abaixo da dobra do cotovelo (dobra antecubital);

3) Elevação ou pápula de ±1 cm deverá ocorrer no momento da inoculação, no

local da aplicação.

LEITURA DO TESTE:

A leitura deve ser realizada entre 48 a 72 horas após a inoculação;

Recomenda-se utilizar a técnica da caneta esferográfica para medir a enduração,

OMS/1990:

a) Exercer pressão moderada, traçando lentamente uma linha com uma caneta a

partir de um ponto exterior que dista 1 a 2 cm da área de inoculação até encontrar

resistência.

b) Quando encontrar resistência para seguir avançando, levantar a caneta da pele.

Este ponto indica um dos limites da enduração que será medida.

c) Repetir a mesma operação no lado oposto da enduração.

d) Esta técnica permite visualizar as bordas da enduração ou pápula, cujo

diâmetro pode-se determinar medindo a distância entre as linhas opostas.

RESULTADO:

Reação Negativa: Ausência de qualquer sinal no ponto de inoculação ou

presença de uma pápula ou nódulo com menos de 5mm de diâmetro.

Reação Positiva: Presença de uma pápula ou nódulo, igual ou superior a 5mm ou

ulceração.

OBSERVAÇÃO: Pode apresentar-se negativa nos seguintes casos:

• Nos primeiros 30 dias após início das lesões, excepcionalmente em tempo mais

prolongado.

• Nos casos de leishmaniose disseminada, positivando-se no decorrer do

tratamento.

• Na leishmaniose cutâneo-difusa

• Na leishmaniose visceral

• Em pacientes imunodeprimidos

• Na Leishmaniose anérgica

Pode apresentar reação cruzada com tripanossomoses, tuberculose e

hanseníase.

5.1.2 Antígeno de Mitsuda

Auxiliar na classificação de pacientes portadores de Hanseníase dos grupos

indeterminados e dimorfos.

O seu valor é prognóstico e não diagnóstico.

PREPARAÇÃO:

1) Agitar o frasco por 30 vezes;

2) Retirar o lacre central;

3) Fazer a assepsia da parte exposta da rolha com solução anti-séptica;

4) Perfurar a rolha com agulha de insulina retirando 0,1 ml do antígeno;

5) Aplicar imediatamente, evitando que a suspensão sedimente no frasco e/ou na

parede da seringa.

APLICAÇÃO:

1) Proceder à assepsia da pele do paciente, no local da aplicação, com solução

anti-séptica;

2) Injetar via “intradérmica” com a seringa de tuberculina ou insulina (preparada

com 0,1 ml do antígeno de mitsuda) na face anterior do antebraço 2 a 3 cm

abaixo da dobra do cotovelo (dobra antecubital);

3) Uma pápula de ±1 cm deverá ocorrer no momento da inoculação, no local da

aplicação.

LEITURA DO TESTE

A leitura deve ser realizada entre 21° e 28° dia ap ós a inoculação;

Observar a presença de pápula, nódulo ou ulceração no ponto de

inoculação;

Com uma régua milimetrada, medir o diâmetro mais longo da resposta da

intradermoreação.

RESULTADO:

• Reação Negativa: Ausência de qualquer sinal no ponto de inoculação ou

presença de pápula ou nódulo inferior a 5 mm de diâmetro.

• Reação Positiva: Presença de pápula ou nódulo, igual ou superior a 5 mm ou

presença de ulceração.

INSUMOS LABORATORIAIS

5.2.1Esteriteste

O indicador biológico Esteriteste possibilita a verificação rotineira da

eficiência dos processos de esterilização pelo vapor sob pressão. É um método

simples, que não exige técnica de transferência asséptica dos esporos para o

meio de cultura e permite a fácil visualização dos resultados possibilitando a

avaliação do funcionamento das autoclaves.

APLICAÇÃO

1- Retirar os frascos da refrigeração, deixando-os à temperatura ambiente por

uma a duas horas;

2- Identificar os frascos-ampola com as informações apropriadas para o processo,

tais como data, lote da esterilização, posição do frasco na autoclave;

3- Acondicionar cada frasco-ampola em um Becker, tubo de ensaio, frasco de

vidro ou embalado com papel grau cirúrgico próprio para esterilização, a fim de

evitar a contaminação da carga no caso de quebra do produto;

4- Embalar com o mesmo tipo de embalagem dos pacotes da carga a ser

autoclavada;

5- Identificar os pacotes-teste;

6-Colocá-los nas posições e quantidades abaixo recomendadas ou a critério das

necessidades do usuário.

Tabela 1: Posição e quantidades recomendadas para uso do esteriteste.

Fonte: Bula informativa esteriteste.

7- Esterilizar o material como de rotina. 8-Após a esterilização remover os

indicadores da autoclave, aguardar seu resfriamento pelo menos até a

temperatura recomendada de incubação;

9-Incubar a 55 º-60 ºC por 48 horas;

10-Fazer uma leitura após 24 horas de incubação e a leitura final após 48 horas;

LEITURA

Capacidade da Autoclave Nº de Indicadores Posição Até 50 litros 01 Central

De 50 a 100 litros 03 Superior, central e inferior.

Acima de 100 litros 10 1-Inferior atrás, à direita

2-Inferior, atrás à esquerda.

3-Inferior, no centro

4-Inferior, na frente, à direita.

5-Inferior na frente à esquerda

6-Superior, atrás, a direita.

7-Superior, atrás à esquerda

8-Superior, no centro.

9-Superior, na frente, à direita

Se os esporos sobreviveram ao ciclo de esterilização o meio de cultura vai

ficar amarelo (positivo), indicando esterilização ineficiente.

Se os esporos não sobreviveram ao ciclo de esterilização o meio de cultura

vai continuar violeta (negativo), indicando esterilização eficiente.

5.3 SOROS HIPERIMUNES ANTIVENENOS

5.3.1 Soro Antiloxoscélico

O soro antiloxoscélico é uma solução injetável de fração F(ab’)2 de

imunoglobulinas específicas purificadas, a ser administrada por via intravenosa,

que conferem imunidade passiva. São derivadas de plasmas de eqüinos

hiperimunizados com venenos de aranhas das espécies Loxosceles laeta,

Loxosceles gaucho e Loxosceles intermedia.

É apresentado em frasco ampola de 5 mL em caixa contém 5 unidades.

Este soro contém anticorpos específicos com capacidade de neutralizar o

efeito dos envenenamentos causados por picadas de aranhas do gênero

Loxosceles das três espécies mais importantes na América do Sul e Brasil do

ponto de vista médico (L. laeta, L. intermedia e L. gaucho). Estudos experimentais

confirmam e enfatizam as diferenças de composição e toxicidade dos venenos

entre as espécies Loxosceles, incluindo a capacidade para produzir hemólise,

dermonecrose e letalidade, indicando que a soroterapia deve conter anticorpos

específicos contra todas as espécies de interesse médico na região em questão.

Conforme dados existentes na literatura, a eficácia terapêutica é dependente do

tempo de início do tratamento e da dose, devendo, portanto ser iniciado o mais

rapidamente possível e na dose recomendada. Deve-se considerar o estado do

paciente e a evolução do quadro, podendo ser necessária dose complementar

conforme evolução.

Contra indicações praticamente inexistem, porém deve ser usado com

precaução em pacientes com antecedentes alérgicos ou que já tenham feito uso

de soro de origem eqüina. Nestes casos, pode ser administrado anti-histamínicos

e corticóides com 15 minutos de antecedência a soroterapia, que deverá ser

realizada em condições de estrita observação médica.

5.3.2 Soro Antibotrópico

O soro antibotrópico é uma solução injetável de fração F(ab’)2 de

imunoglobulinas específicas purificadas, a ser administrada por via intravenosa,

que conferem imunidade passiva. São derivadas de plasmas de eqüinos

hiperimunizados com venenos de serpentes do gênero Bothrops, espécies B.

jararaca, B. jararacussu, B. alternatus, B. neuwiedi e B. moojeni.

É apresentado em frasco ampola de 10 mL em caixa contendo 4 unidades.

Este soro contém anticorpos específicos com capacidade de neutralizar o

efeito dos envenenamentos causados por picadas de serpentes do gênero

Bothrops, das espécies B. jararaca, B. jararacussu, B. alternatus, B. neuwiedi e B.

moojeni vulgarmente conhecidas em algumas regiões do Brasil como: jararaca,

jararacuçu, urutu, jararaca pintada e caiçaca.

Conforme dados existentes na literatura, a eficácia terapêutica é

dependente do tempo de início do tratamento e da dose, devendo, portanto ser

iniciado o mais rapidamente possível e na dose recomendada. Deve-se considerar

o estado do paciente e a evolução do quadro, podendo ser necessária dose

complementar conforme evolução.

O Soro Antibotrópico é o único medicamento eficaz para o tratamento de

picadas por serpentes do gênero Bothrops. Este soro não é indicado em casos de

acidentes provocados serpentes dos gêneros Crotalus, Micrurus e Lachesis. É

importante, assim, o reconhecimento da serpente ou o diagnóstico do acidente

botrópico, através dos sintomas característicos.

Contra indicações praticamente inexistem, porém deve ser usado com

precaução em pacientes com antecedentes alérgicos ou que já tenham feito uso

de soro de origem eqüina. Nestes casos, podem ser administrados anti-

histamínicos(antagonistas H 1 e H2) e corticóides com 15 minutos de antecedência

a soroterapia, que deverá ser realizada em condições de estrita observação

médica.

5.4 VENENOS

São extraídos no próprio CPPI através do seu plantel de animais

peçonhentos.

Venenos de aranhas do gênero Loxosceles e de serpentes do gênero

Bothrops utilizados na produção e controle de qualidade de soros e em pesquisas.

6. ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO:

O estágio foi realizado na Seção de Grandes Animais, que tem como

responsável técnico, o médico veterinário Paulo Guerra.

Na seção é realizado a produção de Plasma Hiperimune eqüino, para a

partir desse obter-se o Soro Antibotrópico (Serpente do Gênero Jararaca) e Soro

Antiloxoscélico (Aranha Marrom). A manutenção diária dos eqüinos que

permanecem no local também é atividade de responsabilidade desta seção.

As atividades desenvolvidas durante o estágio incluíram além da

participação na rotina da seção de grandes animais também o acompanhamento

dos procedimentos de alguns outros setores como serpentário, verificando o manejo

das serpentes, setor de animais peçonhentos, na extração de veneno Loxoscélico

(Aranha Marrom), além de exames no setor de qualidade biológica utilizando

camundongos e coelhos.

Dentro do setor, as atividades de estágio se concentraram no manejo dos

eqüinos. Realizou-se exames coproparasitológicos, administração de anti-

helmínticos, teste de Anemia Infecciosa Eqüina (A.I.E), Brucelose e Leptospirose,

estes exames são parte do protocolo de rotina do CPPI e são utilizados para o

controle de doenças infecciosas e parasitarias do rebanho. Os tratamentos dos

abscessos gerados pelas aplicações de venenos são os procedimentos mais

freqüentes. Estes abscessos são drenados e submetidos aos devidos curativos.

Também faz parte da rotina de trabalho a produção dos soros, que envolve o

preparo do veneno, a imunização dos animais, a sangria e a separação do plasma.

A etapa de produção de plasma foi o objetivo principal deste estágio.

Tabela 2: Atividades realizadas nas diversas seções do CPPI durante o

período de estagio curricular

Atividades Realizadas

Seção responsável

no CPPI

N° de vezes efetuada.

Extração do veneno Loxosceles

(Aranha Marrom)

SAP 2

Hiperimunização Tropa Botrophs SGA 2

Hiperimunização Tropa Loxoscélicos SGA 2

Coleta de Sangue Botrophs SGA 2

Coleta de Sangue Loxosceles SGA 2

Teste De Prova Botrophs SCQB 2

Teste de Prova Loxoscélico SCQB 2

Sangria Tropa Botrophs SGA 6

Sangria Tropa Loxoscélico SGA 6

Separação de Plasma Botrophs SGA 6

Separação de Plasma Loxoscélico SGA 6

Identificação dos Animais da tropa

através da Resenha

SGA 3

Tirar fotos dos animais para

identificação.

SGA 4

Preparação do Soro para exame de

Anemia Infecciosa Eqüina,

Leptospirose e Brucelose.

SGA e SCQB 3

Aprimoramento das atividades da

Seção.

SGA 9

Tratamento dos abscessos gerados

pela aplicação dos venenos.

SGA 18

7. CONCLUSÃO:

Esse estágio foi um complemento para minha vida acadêmica, permitiu

colocar em prática os conhecimentos adquiridos na Universidade e aprender

novos assuntos, atendendo, desta forma os objetivos do estágio curricular.

O período de permanência na Seção de Grandes Animais permitiu conviver

com profissionais de formações variadas, incrementando meus conhecimentos

sobre a ciência veterinária bem como as inter-relações humanas além de

demonstrar novas maneiras de tratar e manejar os eqüinos, que foram o objetivo

da realização do curso em medicina veterinária.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANTÍGENO DE MITSUDA baseia-se na resposta imunológica do indivíduo através

de reação retardada do tipo celular - Responsável Técnica: Gisele P. M, Local:

Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos - Nº registro no MS:

80151040003

ANTÍGENO DE MONTENEGRO traduz resposta alérgica de hipersensibilidade

celular retardada - Responsável Técnica: Gisele P. M, Local: Centro de Produção

e Pesquisa de Imunobiológicos - Nº registro no MS: 8015040004

CPPI Arquivo interno do Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos do

Paraná, 2010

ESTERITES consiste de um caldo nutritivo, indicador de pH e esporos viáveis de

Geobacillus stearothermophilus contidos em um frasco-ampola - Responsável

Técnica: Gisele P. M, Local: Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos.

SESA Secretaria Estadual de Saúde do estado do Paraná, 2010

http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1266

SESA Relatório Anual de Gestão, 2009

http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/CPPI/arquivos/relatorio_gestao2009/RAG2009.pdf

SORO ANTIBOTRÓPICO solução injetável de fração F(ab’)2 de imunoglobulinas

específicas purificadas - Responsável Técnica: Gisele P. M, Local: Centro de

Produção e Pesquisa de Imunobiológicos - Nº registro no MS: 1.1731.0002.001-9

SORO ANTILOXOSCÉLICO POLIESPECÍFICO solução injetável de fração

F(ab’)2 de imunoglobulinas específicas purificadas - Responsável Técnica: Gisele

P. M, Local: Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos - Nº registro no

MS: 1.1 731. 0001. 0013

Hellen Muniz Néquer Soares

PRODUÇÃO DE SORO ANTILOXOSCÉLICO NO CENTRO DE PRODU ÇÃO E

PESQUISA DE IMUNOBIOLÓGICOS (CPPI) DO ESTADO DO PAR ANÁ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Silvana Krychak Furtado. Orientador Profissional: Paulo de Araújo Guerra.

CURITIBA

2010

RESUMO

Os acidentes com aranhas marrom (Loxosceles) representam um

importante problema de saúde pública no Brasil, por haver grande predominância

desse gênero no país principalmente no estado do Paraná onde ocorre a maioria

dos casos. A picada da aranha produz um quadro clínico de necrose cutânea

muito grave chamado de Loxoscelismo, onde o único tratamento específico é o

Soro Antiloxoscélico. O soro antiloxoscélico é uma solução injetável de fração

F(ab’)2 de imunoglobulinas específicas purificadas, a ser administrada por via

intravenosa, que conferem imunidade passiva. São derivadas de plasmas de

eqüinos hiperimunizados. Todo processo de produção desse soro é feito no

Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos (CPPI) no estado Paraná no

município de Piraquara. Esse estudo mostra todo o processo de produção desse

soro antiloxoscélico desde a extração do veneno até o produto final. Além de

demonstrar todo o cuidado exigido pelo manejo dos eqüinos produtores pelos

médicos veterinários responsáveis. Concluindo que a muito a ser estudado e feito

sobre produção de Soro Hiperimune.

Palavras Chaves: Aranha-Marrom, Hiperimunização, Eqüinos, Soro

Antiloxoscélico, Loxoscelismo.

ii

SUMÁRIO:

RESUMO ii

LISTA DE FIGURAS v

LISTA DE TABELAS vi

LISTA DE QUADROS vi

INTRODUÇÃO 01

2. OBJETIVO 02

3. MÉTODOS 02

4. RESULTADO DA ANÁLISE DOCUMENTAL E REVISÃO BIBLIOGRÁ FICA 03

4.1 ARANHA MARROM (Loxosceles sp) - CARACTERÍSTICAS, ESPÉCIES E

VENENO 03

4.1.1. Características Principais 03

4.1.2 Espécies mais importantes e sua distribuição no Paraná 04

4.1.3 O Veneno 05

4.2 LOXOSCELISMO: DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA, SINAIS CLÍNICOS E

TRATAMENTO 06

4.2.1 Definição 06

4.2.2 Epidemiologia 07

4.2.3. Sinais Clínicos 08

4.2.4Tratamento 10

5. PRODUÇÃO DO SORO ANTILOXOSCÉLICO NO CPPI 12

iii

5.1PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO (POP) PARA PRODUÇÃO DO

SORO ANTILOXOSCÉLICOS 12

5.1.1 Coleta manutenção e extração de veneno de aranhas do gênero Loxosceles

5.1.2 Imunização de eqüinos para produção de plasma hiperimune 17

5.1.3 Determinação da Potência do soro Antiloxoscélico 23

5.1.4 Sangria de produção 25

6. PRODUÇÃO DO SORO ANTILOXOSCÉLICO NO CPPI: QUANTI TATIVOS,

DISTRIBUIÇÃO E USO NO ESTADO DO PARANÁ 26

7. ROTINA DE PROCEDIMENTOS RELIZADOS NA SEPARAÇÃO D E PLASMA

SETOR DE ANIMAIS PENÇONHENTOS 27

7.1 SEÇÃO DE ANIMAIS PENÇONHENTOS 28

7.2 TRONCO DE CONTENÇÃO 28

7.3 PREPARO DO VENENO 29

7.4 INOCULAÇÃO 29

7.5 SANGRIA DE PROVA 30

7.6 SANGRIA 30

7.7 SEPARAÇÃO DO PLASMA 31

7.8 SORO ANTILOXOCÉLICO 31

8. CUIDADOS COM OS EQUINOS 32

9. ATUAÇÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO NO PROCESSO DE PRO DUÇÃO DO

SORO HIPERIMUNE 32

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS 34

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35

iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Aranha Marrom em seu Habitat natural e Aranha Marrom sendo Contida

– CPPI 4

Figura 2: Loxosceles laeta 5

Figura 3: Loxosceles gaucho 5

Figura 4: Loxosceles intermédia 5

Figura 5: Necrose em orelha de coelho, após 72 horas de inoculação de veneno

de aranha marrom 24

Figura 6: Retirada do veneno através de estímulo elétrico 28

Figura 7: Contenção do Animal tanto para inoculações, sangrias e curativos 28

Figura 8: Mistura de veneno com seus Adjuvantes 29

Figura 9: Inoculação da Solução de veneno em 4 pontos diferente no Dorso do

Cavalo 29

Figura 10: Retirada de sangue para Titulagem 30

Figura 11: Sangria de produção, e bolsa de coleta de sangue 30

Figura 12: Plasma sendo separado da parte Hemolisada do sangue 31

Figura 13: Embalagem do Soro Antiloxoscélico 31

v

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Número de acidentes por Loxosceles sp, por Regional de Saúde, no

Estado do Paraná entre os anos de 2006 a 2010 8

Tabela 2: Freqüência de uso do Soro Antiloxoscélico, no Paraná de 2006 a

2010 27

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Quantidades de ampolas de soro antiloxoscélico necessárias em

relação à gravidade do acidente 11

Quadro 2: Plano de imunização de base para animais novos no plantel no

CPPI 19

Quadro 3: Plano de re-imunização para animais do plantel no CPPI 21

vi

INTRODUÇÃO

As aranhas do gênero Loxosceles, também conhecidas por aranhas

marrons, tem distribuição mundial, com mais de 100 espécies já descritas em

vários países da Europa, África, Oceania e principalmente a America do Sul

(Fisher et al., 2005).

Os acidentes causados por picadas de aranha marrom são a terceira causa

entre os acidentes por animais peçonhentos no Brasil tornando-se um importante

problema de saúde pública com ênfase no Estado do Paraná e especialmente na

cidade de Curitiba e Região Metropolitana (Ministério da Saúde 2010).

Anualmente cerca de 4000 casos destes acidentes são notificados no

Paraná, a grande maioria ocorrendo em Curitiba. Como tratamento é preconizado

em casos graves à soroterapia antiloxoscélica (SINAN, 2010).

A produção de soro hiperimune no Brasil iniciou-se em 1990, com a ajuda

do Dr. Vital Brazil no Instituto Butantan, para tratamento de casos de ofídismo

(acidentes causados por serpente). No Paraná a produção de soro antiloxosceles

(Aranha Marrom) iniciou em 1995 no Centro de Produção de Imunobiológicos do

Paraná (CPPI), com base na produção de soro no Butantan, adaptando às novas

técnicas e criando seu próprio método de produção (Instituto Butantan, 2000;

CPPI, 2009).

No processo de produção do soro uma das etapas mais importantes é a

produção do plasma hiperimune nos eqüinos, que é a matéria prima para o soro.

Esta etapa necessita a participação efetiva de médicos veterinários, para o manejo

adequado dos animais.

Diante do exposto e, considerando-se que no CPPI as etapas e as

informações sobre a produção do plasma hiperimune em eqüinos para produção

do soro antiloxoscélico não estavam organizadas e sistematizadas, propôs-se um

estudo com o intuito de sistematizar estes documentos.

Estudos baseados em documentos como material primordial, sejam

revisões bibliográficas, sejam pesquisas historiográficas, extraem deles toda a

análise, organizando-os e interpretando-os segundo os objetivos da investigação

propostos (Pimentel, 2001).

2. OBJETIVOS:

Sistematizar informações e documentos disponíveis para descrever as

etapas produção do soro antiloxoscélico no CPPI, enfatizar a produção de plasma

hiperimune em eqüinos e destacar o papel do médico veterinário neste processo.

3. MÉTODO:

Realizou-se análise documental em relatórios, protocolos e textos

disponíveis no CPPI, além de revisão bibliográfica relativa ao tema de estudo.

Os documentos foram confrontados com a literatura disponível sobre o

tema, tendo como embasamento as atividades realizadas durante o percurso do

estágio em Medicina Veterinária no CPPI.

4. RESULTADO DA ANÁLISE DOCUMENTAL E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA :

4.1. ARANHA MARROM (Loxosceles sp) - CARACTERÍSTICAS,

ESPÉCIES E VENENO

4.1.1. Características Principais:

As aranhas do gênero Loxosceles pertencem à família Sicariidae, subordem

Araneomorphae, ordem Araneae, classe Arachnida e filo Arthropoda (Ruppert e

Barnes, 1996; Soerensen, 1996).

Mundialmente conhecidas como aranha marrom as Loxosceles se tornaram

importantes nos estudos devido a seu hábito cosmopolita, principalmente em

ambientes humanos (Appel et al., 2005 citado por Sene, 2009).

São aranhas pequenas, com 1,0 a 1,5 cm de comprimento de corpo, pernas

finas e longas e seis olhos com disposição em forma de três díades. A coloração

vai do marrom claro ao escuro (Andrade et al., 2007).

Quanto aos hábitos, não são agressivas, gostam de lugares escuros,

quentes e secos. No ambiente externo, vivem debaixo de cascas de árvores, em

folhas secas, em buracos, muros velhos, paredes de galinheiro e outros. Dentro

das casas, ficam atrás de quadros, armários, entre livros, caixas de papelão e

outros materiais que não são muito remexidos. Importante lembrar que materiais

de construção como tijolos, telhas, lajotas, azulejos e madeiras guardados

também servem de abrigo para as aranhas (SESA, 2010).

Constroem teias irregulares com aparência de algodão esfiapado e se

alimentam de pequenos animais principalmente insetos, como formigas, pulgas e

traças, mas tem preferência por cupins (SESA, 2010).

Estas aranhas podem viver de 3 até 7 anos (Andrade et al. 2000 citado por

Sene 2009) e suportam extremos de temperaturas desde 8 até 43ºC, além de

sobreviverem por diversos dias, e até meses sem água ou alimento (Futrell, 1992

citado por Sene, 2009).

Ambos os sexos são peçonhentos, porém a fêmea produz uma maior

quantidade de veneno cuja atividade dermonecrótica, em coelhos, mostrou-se

mais potente quando comparada à do macho (Oliveira et al., 2005 citado por

Moura, 2005).

Figura 1: Aranha Marrom em seu Habitat natural e Aranha Marrom sendo

Contida - CPPI.

Fonte: Hudson Garcia. Fonte: Hudson Garcia.

4.1.2 Espécies mais importantes e sua distribuição no Paraná

No Brasil, existem muitas espécies do gênero Loxosceles mas três delas

são de interesse médico: Loxosceles Intermedia, Loxosceles Gaucho e

Loxosceles Laeta (Ministério da Saúde 2001).

Em Curitiba predomina a espécie Loxosceles intermedia.

Figura 2:

Fonte: Nelmann.

Figura 3:

Fonte: Nelmann. Figura 4:

Fonte: Nelmann.

4.1.3 O Veneno

O propósito do veneno das aranhas é paralisar e matar a presa, mas ele

também pode ter papel na pré-digestão do suposto alimento. Acredita-se

também que os venenos tenham função defensiva contra predadores. Qualquer

Loxosceles laeta

Loxosceles gaucho

Loxosceles intermedia

que seja a função dos venenos, eles evolutivamente foram mais eficazes do que

o uso da teia (Ruppert; Barnes, 1996).

O veneno da “aranha-marrom”, gênero Loxosceles, é um líquido protéico,

com ação enzimática. Entre estas enzimas, o veneno apresenta identificado em

sua composição várias toxinas, incluindo fosfatases alcalinas, hialuronidases,

metalloproteases (proteases semelhante às astacinas), peptídeos inseticidas de

baixo peso molecular (5,6 – 7,9 kDA), e esfingomielinase D de 32-35 kDa

aparentemente envolvida na agregação plaquetária (Futrell, 1992).

A esfingomielinase D atua sobre os constituintes das membranas das

células principalmente do endotélio vascular ou hemácias. Assim, são ativadas as

cascatas do sistema complemento, da coagulação e plaquetas, o que

desencadeia um intenso processo inflamatório no local da picada, com

conseqüente obstrução de pequenos vasos, edema, hemorragia e necrosa focal

(Futrell,1992).

4.2 LOXOSCELISMO: DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA, SINAIS CLÍNICOS E

TRATAMENTO

4.2.1 Definição:

A picada da aranha marrom pode causar uma síndrome necrotizante-

hemolítica, conhecida como loxoscelismo, a forma mais grave de araneísmo no

Brasil, cujos acidentes se concentram principalmente na região Sul, nos Estados

do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Da Silva, 2002). São descritas

duas formas clínicas de loxocelismo: a cutânea e a cutâneo-visceral (Ministério da

Saúde, 2010).

4.2.2 Epidemiologia

O primeiro caso de loxoscelismo no Brasil foi diagnosticado no ano de 1954

na cidade de São Paulo, no Hospital Vital Brazil, integrante do Instituto Butantan

(Cardoso & De Cillo, 1990).

O loxoscelismo é de alta prevalência na cidade de Curitiba e região

metropolitana. O acidente atinge crianças e adultos, com predomínio em

mulheres; é comum ocorrer acidentes sem que a vítima perceba, devido à picada

ser indolor. Sendo que a coxa, o braço, a perna e o tronco são os locais mais

acometidos (SINAN, 2010).

A 2ª Regional de Saúde, que inclui o município de Curitiba, registra em

torno de 4000 acidentes por loxosceles por ano, a maior incidência do estado do

Paraná. As notificações dos acidentes loxoscélicos foram mais intensificadas a

partir do ano de 2006, por isso os dados anteriores não são demonstrados (Tabela

1).

Tabela 1: Número de acidentes por Loxosceles sp, por Regional de Saúde, no

Estado do Paraná entre os anos de 2006 a 2010.

REGIONAL SAÚDE 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL

02RS Metropolitana 4 4.851 3.947 4.034 1.647 14.483

1357 03RS Ponta Grossa 0 288 307 287 143 1.025

1358 04RS Irati 0 478 305 393 262 1.438

1359 05RS Guarapuava 0 189 200 195 147 731

1360 06RS União da Vitoria 5 188 164 200 124 681

1361 07RS Pato Branco 0 264 290 296 173 1.023

1362 08RS Francisco Beltrão 1 69 64 77 65 276

1364 09RS Foz do Iguaçu 0 11 12 14 7 44

1365 10RS Cascavel 0 75 51 42 31 199

1365 11RS Campo Mourão 0 5 8 3 6 22

1366 12RS Umuarama 0 1 0 2 1 4

1367 13RS Cianorte 0 0 0 4 5 9

1368 14RS Paranavaí 0 1 1 1 0 3

1369 15RS Maringá 0 5 1 6 4 16

1370 16RS Apucarana 0 3 1 1 2 7

1371 17RS Londrina 0 8 7 4 7 26

1372 18RS Cornélio Pro. 0 0 1 3 8 12

1373 19RS Jacarezinho 0 5 7 6 4 22

1374 20RS Toledo 0 3 2 7 5 17

1375 21RS Telêmaco Borba 0 73 64 56 32 225

1376 22RS Ivaipora 0 2 2 11 5 20

TOTAL 10 6.523 5.441 5.653 2.682 20.309

Fonte: SINAN- Sistema nacional de notificações de Agravos, 2010.

4.2.3. Sinais Clínicos

Após a picada dificilmente se evidencia lesão imediata. Os sintomas locais

evoluem lentamente, assim a picada pode evoluir para duas formas clínicas:

a) Forma Cutânea: corresponde a maioria dos acidentes. É de instalação lenta e

progressiva e tem como sintomas dor, edema endurado e eritema no local da

picada. Estes são pouco visualizados pelo paciente e podem ser confundidos com

picada de insetos ou até mesmo dermatites. Estes sintomas acentuam–se nas

primeiras 24 a 72 horas após o acidente, evoluindo para: lesão não característica

apresentando bolha de conteúdo seroso, edema, calor e rubor, com ou sem dor

em queimação; lesão sugestiva, onde observa-se enduração, bolha, equimose e

dor em queimação; ou lesão característica, com dor em queimação, lesões

hemorrágica focais, mescladas com áreas pálidas de isquemia, chamada placa

marmórea e necrose. Podem ocorrer alterações do estado geral, como astenia,

febre nas primeiras 24 horas, cefaléia, exantema, prurido generalizado, mialgia,

náuseas, vômitos, visão turva, sonolência, entre outras (Carvalho, 2004).

b) Forma cutâneo-visceral: corresponde a minoria dos casos. Associado ao

comprometimento cutâneo há também outras manifestações clínicas decorrentes

da hemólise intravascular como anemia, icterícia e hemoglobinúria, que se

instalam geralmente nas primeiras 24 horas. A principal complicação é a

insuficiência renal aguda, em casos graves e pode levar inclusive a óbito

(Carvalho, 2004).

Com base nas alterações clínico-laboratoriais e na identificação do agente

causal, o acidente classifica-se em:

a) leve: onde há lesão não característica, sugestiva ou característica sem

alterações clínicas ou laboratoriais. Deve ser afastada qualquer hipótese de

infecção de pele, dermatite de contato, picadas de insetos ou de outras aranhas

(Carvalho, 2004).

b) moderado: o critério fundamental baseia-se na presença de lesão sugestiva

acompanhada de rash cutâneo, ou lesão característica com menos de três

centímetros de diâmetro (Carvalho, 2004).

c) grave: caracteriza-se pela presença de lesão característica com mais de três

centímetros de diâmetro e/ou alterações clínico-laboratoriais indicativas de

hemólise intravascular (Carvalho, 2004).

4.2.4 Tratamento

A terapia adequada nos casos de loxoscelismo ainda é controversa. Existe

tanto a soroterapia como o tratamento de suporte (Ministério da Saúde, 2010).

A soroterapia antiveneno tem como finalidade a neutralização da maior

quantidade possível de veneno circulante, acreditando-se que reduza o risco de

envenenamento sistêmico e complicações potencialmente fatais como hemólise,

insuficiência renal e coagulação intravascular disseminada, além de reduzir o dano

local e encurtar o tempo de convalescença (Pauli, 2008).

Existem dois antivenenos para aranhas marrom o soro Antiaracnídico, que

atua contra os venenos das aranhas Loxosceles sp e Phoneutria sp, conhecida

por aranha armadeira e escorpiões e, o soro Antiloxocélico que age apenas sobre

o veneno de Loxosceles sp (Ministério Saúde, 2010). Os antivenenos são

indicados a partir do momento em que a hemólise é detectada e, no quadro

cutâneo, quando o diagnóstico é feito nas primeiras 72 horas.

O diagnóstico tardio, realizado quando já está presente a necrose cutânea,

e o desconhecimento dos profissionais de saúde sobre o tratamento do

loxocelismo tem limitado o uso dos soros antiveneno de forma adequada

(Ministério Saúde, 2010).

Por outro lado, como o soro é heterólogo, existe a possibilidade de

complicações como choque anafilático ou doença do soro, devido a sua origem

eqüina. Estas complicações precisam ser monitoradas e tratadas prontamente

(Pauli, 2008).

Nos casos de loxoscelismo em que não é possível ou indicado o uso do

soro, medidas de suporte, como uso de antissépticos, lavagem com

permanganato de potássio e curativos locais são recomendados até ser realizada

a remoção da escara e acompanhamento cirúrgico para o manejo da úlcera e

correção da cicatriz (Ministério da Saúde, 2010).

A terapia indicada na maioria dos casos é o soro antiloxocélico em

associação com corticóides (Guilherme et al. 2001 citado por Paulini, 2008). O

Ministério da Saúde orienta o seu uso nos casos que são considerados

moderados a graves, para diminuir a severidade da reação e encurtar o tempo de

cicatrização, dependendo de quão cedo seja a administração (quadro 1).

Quadro 1: Quantidades de ampolas de soro antiloxoscélico necessárias em

relação à gravidade do acidente:

Acidentes Soros Gravidade N° de

Ampolas

Leve: aranha identificada,

lesão incaracterística, ausência de

comprometimento sistêmico.

-------------

Moderado: independentemente da identificação

do agente, lesão sugestiva ou característica,

manifestações sistêmicas inespecíficas

(exantema, febre), ausência de hemólise.

5

LOXOCELISMO

SORO

ANTILOXOSCELICO

(SALOX).

Grave: lesão característica, manifestações

clínicas e/ou evidências laboratoriais de

hemólise intravascular

10

Fonte: Guia de Bolso - Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância e Saúde, departamento de Vigilância

Epidemiológica, 2010.

5. PRODUÇÃO DO SORO ANTILOXOSCÉLICO:

O soro antiloxoscélico foi desenvolvido por Vellard em 1954, passou a ser

realizado no Brasil a partir da década de 60. Atualmente este soro é produzido no

Estado do Paraná pelo CPPI, que abastece todo o Brasil através do Ministério da

Saúde . O soro produzido pelo CPPI contém anticorpos contra os venenos das

três espécies da aranhas Loxosceles mais importantes do ponto de vista médico

no país, ou seja, L. gaucho, L. laeta, L. intermedia (Pauli, 2008).

A produção de soro no Brasil foi normatizada a partir da portaria N° 174 de

11 de novembro de 1996 da Secretaria de Vigilância Sanitária/ Ministério da

Saúde (Ministério da Saúde, 1996)

5.1. PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO (POPs) PARA PRODUÇÃO

DO SORO ANTILOXOSCÉLICO

O CPPI com base na portaria N° 174 de 11 de novembr o de 1996 da

Secretaria de Vigilância Sanitária/ Ministério da Saúde elaborou os Procedimentos

Operacionais Padrão (POPs), descritos a seguir:

5.1.1 Coleta, manutenção e extração de veneno de aranhas do gênero loxosceles

(POP 9.01.01).

Objetivo: Padronizar a produção de venenos de aranhas Loxosceles sp visando a

obtenção de antígenos, dessecado ou cristalizado, para a produção de soro anti-

Loxoscélico.

Estes procedimentos são realizados no Setor de Animais Peçonhentos-

SAP/CPPI/SESA.

Captura de aranhas:

A captura é realizada em propriedades particulares por equipes formadas

por no mínimo 02 funcionários especializados.

Manualmente, com o auxílio de uma pinça é feita a captura dos animais.

Estes são colocados em potes individuais de plástico com tampa, que são

armazenados em sacos plásticos para posterior transporte. Quando o transporte é

muito longo é colocada uma pequena bola de algodão umedecido dentro do pote

plástico para hidratação da aranha evitando óbitos.

São capturadas por dia em média 240 aranhas vivas do gênero

Loxosceles. A coleta ocorre em ambientes quentes, secos e escuros, de

preferência forros, galpões, garagens, pilhas de entulhos, madeiras tijolos, telhas,

etc. Além de lugares como atrás de quadros, entre livros, jornais e papéis velhos.

Identificação e triagem das aranhas:

A identificação taxonômica das espécies de Loxosceles é realizada pela

equipe de captura baseando- se em caracteres morfológicos externos das

espécies como coloração, tamanho, entre outros. Após a identificação elas são

registradas por siglas nos potes.

Se houver alguma duvida de identificação a aranha é separada do lote e é

feita uma verificação microscópica detalhada pelo biólogo responsável pelo

plantel. Uma vez identificada o animal volta novamente ao lote.

Após a identificação as aranhas devem ser mantidas em quarentena por

pelo menos 3 dias para futuras extrações de venenos.

Extração do Veneno:

São separadas 200 a 300 aranhas da espécie a ser extraída (L. gaucho ou

L. leata ou L. intermedia) em uma bandeja e levadas à sala de extração um dia

antes do procedimento. A extração do veneno deve ser feita em sala climatizada a

23°C (+- 2 °).

A Extração é feita da seguinte maneira:

Retira-se a aranha do pote de plástico com o auxílio de uma pinça

anatômica, com a ajuda da mesma contem-se a aranha entre os dedos indicador e

polegar, de modo que suas pernas fiquem presas entre os dedos e a região

ventral do seu corpo fique virada para cima, deixando o externo completamente

evidente na mão do manipulador.

É aplicado um choque através de uma fonte elétrica de 15 a 20 Voltz. Para

facilitar a transmissão elétrica a ponta do eletrodo é umedecida em uma solução

salina imediatamente antes do uso. Encosta-se suavemente a ponta do eletrodo

no externo da aranha, entre o 1° e 2° pares de pata s, até que se verifique a

afloração de uma ou duas gotículas de veneno nos ferrões.

Com a ajuda de um conta-gotas o veneno é sugado por capilaridade. E

necessário cuidado nesta etapa do procedimento para não encostar a ponta do

material que fará a coleta do veneno na quelíceras do animal, evitando a

contaminação com pêlos.

Após o procedimento a aranha é colocada novamente dentro do pote. O

veneno extraído é depositado na região central de um vidro de relógio limpo e

seco e mantido em banho de gelo. Evitar sempre a contaminação do conta-gotas.

Depois da extração os animais ficam em descanso por um período de 30

dias, após este período podem sofrer uma nova extração.

Dessecagem do veneno:

O recipiente com o veneno (vidro de relógio) deve ser colocado em

dessecador a vácuo, onde se mantém uma atmosfera de vácuo de

aproximadamente 40mm de Hg (mercúrio) e lá deve permanecer por no mínimo

15 minutos. Após este período, a bomba de vácuo é desligada e o recipiente

contendo o veneno é levado a geladeira até que ocorra toda a extração do veneno

do lote.

Pesagem do veneno:

Com auxílio de um bisturi é feito uma raspagem de todo o veneno contido

no vidro de relógio. Esse veneno é armazenado em frasco estéril e é

posteriormente pesado. Para o cálculo do peso faz-se a diferença entre o peso do

frasco com o veneno e do frasco vazio.

Os frascos são identificados e armazenados em freezer a uma temperatura

de -25°C (+- 5°C).

Preparo da solução de veneno:

Consiste na diluição do veneno bruto cristalizado, em solução salina estéril

0,85%, na proporção desejada. È filtrado em membrana de porosidade 0,8µ e

aliquotado para estoque.

O preparo é feito em cabine de fluxo laminar vertical. As medições de

salina são feitas através de pipeta, proveta ou balão volumétrico.

Os lotes de veneno selecionados para o pool são retirados do freezer. Para

cada frasco de veneno é adicionado solução salina estéril até atingir a

concentração desejada. A solução é homogeneizada e acondicionada em um

Becker para filtragem.

Esse pool é filtrado através de uma unidade filtrante descartável de

membrana em éster de celulose com 8µ de poro, 25 mm de diâmetro, corpo em

PVC, estéril. O filtrado é dispensado para outro Becker e dividido em pequenos

frascos identificados com a espécie (LVLl= Loxosceles leata, LVLg= Loxosceles

gaucho ou LVLi= Loxosceles intermedia), a data de fabricação, o volume do

frasco, o lote e numero do frasco.

Controle de qualidade do veneno:

Após o preparo do veneno uma amostra vai para verificação dos controles

de qualidades, onde ocorre a determinação de atividades tóxicas (DMN) e das

proteínas totais desse veneno.

A determinação de atividades tóxicas, denominada dose mínima necrosante

(DMN), determine a toxicidade do veneno segundo o Método Furlanetto.

Neste método, uma quantidade mínima de veneno, injetada

intradermicamente na face interna da orelha de coelhos, determina a quantidade

mínima de veneno capaz de causar uma lesão dermonecrótica em torno de 1 cm

de diâmetro entre 24 e 72 horas.

Quarentena:

Durante esse período de testes o veneno fica em quarentena no freezer á

- 70°C aguardando resultados.

Liberação:

Após o resultado dos testes, o lote é liberado para uso.

5.1.2 Imunização de eqüinos para produção de plasma hiperimune (POP 0.01.04).

Objetivo: Ativar o sistema imunológico dos eqüinos para produzir plasma

hiperimune em quantidade e qualidade suficientes visando atender a demanda de

soros antipeçonhentos.

Utiliza-se o cavalo para esse fim, por ser um animal que responde bem ao

estímulo dos antígenos e por ser de tamanho adequado para permitir sangrias

suficientemente volumosas para o preparo de grande número de doses de soro

hiperimune (Instituto Butantan, 2000).

Preparo do veneno:

Existem duas maneiras de preparo do veneno. A primeira com o adjuvante

de Freund Completo e Incompleto (AFC, AFI) e Hidróxido de Alumínio (Al(OH)3).

A mistura do adjuvante com o veneno é feito em cabine de fluxo laminar

vertical, para evitar contato do veneno com mucosas, como proteção.

No caso do adjuvante de Freund o preparo é feito da seguinte maneira: em

um Becker coloca-se toda a quantidade de veneno necessária medida com uma

proveta, no mesmo Becker a quantidade exata de Adjuvante de Freund é

misturada com uma seringa de 20mL puxando o êmbolo para cima e para baixo,

fazendo uma mistura homogenia e com aspecto cremoso. Separam-se

aproximadamente 2,5 mL da mistura pronta em seringas descartáveis.

O preparo com Hidróxido de alumínio é feito da seguinte maneira: em um

Becker coloca-se toda a quantidade de veneno necessária medida com uma

proveta, adiciona-se no mesmo Becker a quantidade exata de Hidróxido de

alumínio. A homogeneização é realizada com auxílio de um imã colocado no

interior do Becker, sendo o conjunto colocado em cima de um agitador magnético.

Ao ligar-se o aparelho ocorre a movimentação do imã que vai homogeneizando a

solução, formando uma mistura branca mais líquida. A mistura pronta é separada

em seringas descartáveis, com mais ou menos 2,5 mL de mistura.

Hiperimunização:

Primeiro é estimado o número de animais para produzir o volume de

plasma programado, ou seja, é contabilizada a quantidade de animais da tropa a

ser imunizada. Cada eqüino produz, em média, cinco a seis litros de plasma por

sangria. Sempre de acordo com a condição física dos animais.

O Setor de grandes animais faz a requisição do veneno Loxoscelico, já com

o número de cavalos estimado e o cálculo de quantidade de veneno para o setor

de peçonhentos (SAP). Ao receber o veneno, verifica-se o DMN e o teor de

proteína desse veneno e também se a quantidade está correta para imunização

de todos os cavalos.

Planos de Imunização:

Existem dois planos fixos de imunização dentro do CPPI.

No primeiro plano faz-se a imunização de base para animais novos no

plantel e ocorre da seguinte maneira:

- No primeiro dia é feito uma aplicação subcutânea na dose de 10 ml de solução

de veneno com o Adjuvante de Freund Completo, em quatro pontos diferentes de

inoculação.

- No 30° e no 45° dias são feitas mais uma dose de 10 ml de solução de veneno,

com o Adjuvante de Freund Incompleto, em quatro pontos diferentes de

inoculação, a aplicação é subcutânea.

- No 60°, 67°, 74°, 81°, 88° e no 95° dias são feit as mais uma dose de 10 ml de

solução de veneno, com o Hidróxido de Alumínio, em quatro pontos diferentes de

inoculação, a aplicação é subcutânea.

- No 102° dia é feito a sangria de prova.

- No 109° dia é feita a primeira sangria de produçã o.

- No 111° dia é feita a segunda sangria de produção .

-No 113° dia é feita a terceira sangria de produçã o.

Como exemplifica o quadro 2.

Quadro 2: Plano de imunização de base para animais novos no plantel no CPPI ORDEM

DA

DOSE

TEMPO DE

IMUNIZAÇÃO

DOSE

DE

VENENO

VOLUME

INJETADO

N°. DE

PONTOS DE

INOCULAÇÃO

ADJUVANTE VIA DE

INOCULAÇÃO

1ª 1° dia 5mg 10ml 4 AFC Subcutânea

2ª 30° dia 5mg 10ml 4 AFI Subcutânea

3ª 45° dia 5mg 10ml 4 AFI Subcutânea

4ª 60° dia 5mg 10ml 4 AL(OH)3 Subcutânea

5ª 67° dia 5mg 10ml 4 AL(OH)3 Subcutânea

6ª 74° dia 5mg 10ml 4 AL(OH)3 Subcutânea

7ª 81° dia 5mg 10ml 4 AL(OH)3 Subcutânea

8ª 88° dia 5mg 10ml 4 AL(OH)3 Subcutânea

9ª 95° dia 5mg 10ml 4 AL(OH)3 Subcutânea

102° dia Sangria de prova

109° dia 1° Sangria de produção

111° dia 2° Sangria de Produção

113° dia 3° Sangria de Produção

Fonte: CPPI- Centro de Produção e Pesquisa de Imunbiológicos.

O segundo plano de imunização é a re-imunização para animais já

produtores de plasma. Utiliza-se em eqüinos que já participaram do plano de

imunização de base, prolongando-se por toda sua vida produtiva. Recomenda-se

um intervalo de no mínimo 45 dias, sendo o ideal, no entanto 60 dias, entre os

procedimentos.

Este plano ocorre da seguinte maneira:

- No primeiro dia é feito uma dose de 10 ml de solução de veneno, com o

Adjuvante de Freund Incompleto, em quatro pontos diferentes de inoculação, a

aplicação é subcutânea.

- No 15° e no 21° dias são feitas mais uma dose de 10 ml de solução de veneno,

com Hidróxido de Alumínio, em quatro pontos diferentes de inoculação, a

aplicação é subcutânea.

-No 28° dia é feito a sangria de prova.

-No 35° dia é feita a primeira sangria de produção.

-No 37° dia é feita a segunda sangria de produção.

-No 39° dia é feita a terceira sangria de produção.

Como exemplifica o quadro 3.

Quadro 3: Plano de re-imunização para animais do plantel no CPPI

ORDEM DA

DOSE

TEMPO DE IMUNIZAÇÃO

DOSE DE VENENO

VOLUME INJETADO

N°. DE PONTOS DE

INOCULAÇÃO

ADJUVANTE VIA DE INOCULAÇÃO

1ª 1° dia 5 mg 10 ml 4 AFI Subcutânea

2ª 15° dia 5 mg 10 ml 4 Al(OH)3 Subcutânea

3ª 21° dia 5 mg 10 ml 4 Al(OH)3 Subcutânea

28° dia Sangria de prova

35° dia 1° Sangria de produção

37° dia 2° Sangria de Produção

39° dia 3° Sangria de Produção

Fonte: CPPI- Centro de Produção e Pesquisa de Imunbiológicos.

Cada eqüino recebe sempre a mesma quantidade de Adjuvante (5ml) +

(5 ml) de veneno totalizando os 10 ml de volume injetado.

Inoculação:

Para que os animais suportem a ação dos venenos e estimulem

adequadamente o sistema imunológico algumas estratégias são utilizadas.

Primeiro, a utilização dos adjuvantes que ajudam no carregamento mais eficaz do

veneno para dentro do organismo do animal. Segundo, o local da aplicação, com a

imunização sendo realizada na região dorsal do eqüino, utilizando-se quatro

pontos de inoculações diferentes (dois em cada lateral). Os pontos devem ser

previamente tricotomizados e receberem assepsia adequada.

Para a realização da inoculação os eqüinos são colocados no tronco de

contenção e cabresteados.

Em torno de 2,5 ml de solução de veneno mais adjuvante é aplicado em

cada ponto de inoculação utilizando-se agulhas de 30mm x 1,0mm acopladas nas

seringas que foram previamente preenchidas na hora do preparo do veneno.

Como efeito secundário da inoculação do veneno surgem abscessos nos

pontos de inoculação, sendo necessário fazer a drenagem dos mesmos. Para a

drenagem é feito a assepsia do local depois os abscessos são puncionados com

um bisturi estéril e descartável, todo o conteúdo purulento é drenado. Em seguida

é feita a limpeza da pele em volta do abssesso com degermante e internamente

com água estéril, monitorando eventual agravamento do caso como miiases

inflamações, entre outros.

Para que não haja interferência na produção de anticorpos, um dos pontos

mais importantes, é nunca administrar fármacos injetáveis durante o processo de

imunização e produção de plasma. Somente podem ser utilizadas algumas

pomadas tópicas durante este período.

Sangria exploratória do animal:

A sangria exploratória é feita para determinar quais animais deveram ser

sangrados, depois de identificação da potência do soro.

Basicamente consiste em uma coleta de sangue para exames clínicos.

Para esse procedimento os animais são colocados no troco de contenção é

feito a assepsia com álcool na região da fossa jugular. Aplica-se um garrote na

porção mais distal da área a ser utilizada e punciona-se a veia jugular com uma

agulha 40mm x 16mm acoplada em uma seringa. Recolhe-se 20 ml de sangue em

um tubo de ensaio, e encaminha-se o material para o setor de controle biológico.

Neste local a seringa é colocada em estufa, onde fica por aproximadamente uma

hora e meia para que o soro se separe do plasma sangüíneo.

O plasma de cada animal é separado em tubos de ensaio de plásticos, que

são centrifugados por 15 minutos em 3.000 rpm. Em seguida o soro é separado

em frascos contendo um volume de pelo menos 5 ml de soro. O frasco é

devidamente identificado com o numero do eqüino.

Esse soro vai sofrer alguns testes de determinação de potência (Título).

5.1.3 Determinação da potência do Soro Antiloxoscélico (POP 5.00.04).

Objetivo: Determinar a atividade neutralizante do soro antiloxoscélico frente ao

veneno específico nas diversas etapas de produção, e produto final do mesmo.

Procedimento realizado em Cobaias (Coelhos).

Procedimento:

Depois de realizada a separação do plasma e os frascos estiverem

devidamente identificados, é feito o cálculo de quanto veneno deve ser utilizado

em cada cobaia, e o mesmo para o plasma.

Segue-se então a inoculação. São selecionadas duas cobaias por cavalo,

totalizando 4 orelhas teste por eqüino. Estas cobaias devem ter um peso maior do

que 2 kg.

Realiza-se a assepsia das orelhas na região da inoculação, tanto

internamente quanto externamente. Na face interna da orelha, inocula-se

intradermicamente 1mL de veneno diluído. Este volume equipara-se a quantidade

inoculada em uma picada natural de aranha marrom.

Logo após é administrado 1mL de soro diluído na veia marginal da orelha

oposta. Os animais são observados por 72horas quanto ao aparecimento de

necrose ou não (Figura 5).

Durante este período de observação a ocorrência de vestígios de necrose

na pele dos animais indica que o soro eqüino não foi eficiente para neutralizar o

veneno.

Figura 5: Necrose em orelha de coelho, após 72 horas de inoculação de veneno

de aranha marrom.

Fonte: Arquivo do autor. Fonte: Arquivo do Autor. Fonte: Arquivo do Autor.

O resultado positivo para necrose demonstra que o animal não deve passar

pela sangria de produção, já o resultado negativo mostra aqueles animais que

devem passa pela sangria de produção.

5.1.4 Sangria de produção (POP 0.01.04).

Objetivo: Sangrar os animais para produção de soro hiperimune. Os animais

sangrados são aqueles que neutralizaram no mínimo 6 DMN/ml. Os demais serão

poupados da sangria, visando o bem estar animal.

Procedimento:

O animal é submetido à contenção no troco de contenção e cabresteado.

Realiza-se tricotomia da região da fossa jugular tanto do lado esquerdo quanto do

lado direito. Em seguida aplica-se degermante na região e faz-se a assepsia com

álcool na área a ser inserida a agulha.

A área selecionada para punção venosa é anestesiada com 5 mL de

Cloridrato de lidocaína via subcutânea. Aguarda-se cinco minutos para que se

tenha efeito da anestesia e então o animal é garroteado.

Em seguida a preparada a bolsa de colheita de sangue. Essa bolsa

assemelha-se a bolsa separadora de plasma utilizada em humanos, porém tem

tamanho e capacidade maior. Ela é composta por 2 bolsas de sangue de maior

capacidade (até 8 Litros), e apenas uma delas contendo uma solução

anticoagulante para conservação, e uma bolsa satélite menor onde no final de

todo o procedimento de separação do plasma é colocada uma pequena

quantidade de plasma para futuros testes de esterilidade de produto.

A agulha vem lacrada, depois da assepsia feita o lacre é violado, e o

responsável pela sangria recebe a agulha e a introduz na jugular.

Com o sangue fluindo de maneira adequada liga-se o agitador de bolsa que

fica durante todo o período de coleta ligado misturando o sangue com o

anticoagulante.

A sangria é efetuada com sucesso quando se obtém um volume de sangue

aproximado de seis litros. A bolsa é então lacrada e suspensa por 24 horas, dentro

de uma câmara fria para que ocorra a hemossedimentação, ou seja a separação

das células vermelhas do plasma sanguíneo.

Separação do plasma

Após as 24horas de descanso e a hemossedimentação efetuada, a bolsa é

suspensa na prensa de separação de plasma e todo o plasma, que constitui a

parte mais amarelada do material, é transferido para a bolsa coletora, por

gravidade. A bolsa coletora é selada e uma pequena porção desse plasma é

transferida para bolsa satélite.

Essas bolsas são pesadas, identificadas e levadas para o controle de

qualidade microbiológico, onde passarão por um teste de contaminação que

identificarão se o conteúdo plasmático está contaminado por algum tipo de

microorganismo que possa comprometer a qualidade desse plasma, e por

conseqüência contaminar o soro final.

Comprovada a ausência de contaminação, a quantidade total do plasma é

enviado para o Instituto Butantan, onde será fracionado para a produção do soro,

retornando para o CPPI para o envase e distribuição para todo o Brasil.

6. PRODUÇÃO DO SORO PLASMA NO CPPI: QUANTITATIVOS,

DISTRIBUIÇÃO E USO NO ESTADO DO PARANÁ.

A produção anual de plasma gira em torno de uma programação anual e

manejo das tropas. Normalmente os animais são submetidos a três processos de

produção de plasma em 12 meses. Esta distribuição é considerada suficiente para

que os tempos de inoculação, teste, sangria e descanso sejam adequados(

CPPI,2010).

Nos eqüinos já inseridos no plantel, a cada inoculação tem-se um

rendimento médio de 30 bolsas de plasma ao final de 39 dias, que compreende as

três sangrias previstas no protocolo do plano de re-imunização. Estas bolsas

geram um lote de plasma. Desta forma a cada ano são produzidos três lotes, que

são enviados para o Instituto Butantan, retornado para o Estado cerca de 9.000

frascos de soro (SESA, 2009).

Estes frascos de soro são distribuídos para rede hospitalar Pública e

Privada de todo o Brasil, ficando no Estado por volta de 700 frascos.

No Paraná anualmente têm sido tratados aproximadamente 700 casos de

loxoscelismo (tabela 2). Um número bem menor que os casos notificados,

devendo-se levar em conta que a maioria dos casos são leves e não necessitam

do uso desse medicamento.

Tabela 2: Freqüência de uso do Soro Antiloxoscélico, no Paraná de 2006 a 2010.

ANO DE NOTIFICAÇÃO SORO ANTILOXOSCELICO

2006 5

2007 734

2008 794

2009 739

2010 545

TOTAL 2.817

Fonte: SINAN- Sistema nacional de notificações de Agravos, 2010.

7. ROTINA DE PROCEDIMENTOS RELIZADOS NA SEPARAÇÃO D E PLASMA

A rotina dentro do CPPI é sempre a mesma em relação a produção do

plasma sanguíneo como produto principal para soro, iniciando sempre com a

retirada de veneno, contenção dos eqüinos, preparação da solução do veneno,

inoculação do veneno nos eqüinos, sangria de prova (nível de Ac. específico),

sangria de produção, separação de plasma.

7.1 SEÇÃO DE ANIMAIS PENÇONHENTOS

Figura 6: Retirada do veneno através de estímulo elétrico.

Fonte: Hudson Garcia.

7.2 TRONCO DE CONTENÇÃO

Figura 7: Contenção do Animal tanto para inoculações, sangrias e curativos.

Fonte: Arquivo do Autor.

7.3 PREPARO DO VENENO

Figura 8: Mistura de veneno com seus Adjuvantes

Fonte: Arquivo do Autor.

7.4 INOCULAÇÃO

Figura 9: Inoculação da Solução de veneno em 4 pontos diferente no Dorso do

Cavalo.

Fonte: Arquivo do Autor. Fonte: Arquivo do Autor.

7.5 SANGRIA DE PROVA

Figura 10: Retirada de sangue para Titulagem.

Fonte: Arquivo do Autor.

7.6 SANGRIA

Figura 11: Sangria de produção, e bolsa de coleta de sangue.

Fonte: Arquivo do Autor. Fonte: Arquivo do Autor.

7.7 SEPARAÇÃO DO PLASMA

Figura 12: Plasma sendo separado da parte Hemolisada do sangue.

Fonte: Arquivo do Autor. Fonte: Arquivo do Autor.

7.8 SORO ANTILOXOCÉLICO

Figura 13: Embalagem do Soro Antiloxoscélico

Fonte: Arquivo do Autor.

8. CUIDADOS COM OS EQUINOS:

Atualmente o plantel de eqüinos do CPPI possui 25 animais. Estes animais

são provenientes em sua maioria da Cavalaria Montada da Policia Militar do

Paraná, que repassa os eqüinos que não estão mais aptos para montaria, devida

problemas físicos ou idade, sendo de 20 anos a média de idade destes cavalos.

Os eqüinos ficam livres em pastagem o dia todo e são suplementados com

ração e alfafa, uma vez ao dia pela manhã no cocho. Como forma de recompensa

após todos os procedimentos como inoculação e sangria, é fornecido cenoura e

torrões de açúcar para os animais.

Alguns exames são fundamentais para o animal permanecer no plantel,

como Brucelose, Leptospirose e Anemia Infecciosa Eqüina (AIE), certificando-se a

propriedade como livre de AIE. O controle parasitológico é feito rotineiramente.

Os eqüinos são divididos em duas tropas. A tropa SALOX produz plasma

hiperimune antiloxoscélico e a tropa BOTRÓPICO produz plasma hiperimune

antibotrópico.

Para a contenção física dos animais durante os procedimentos de

inoculação, sangria, curativos entre outros necessários, utiliza-se o tronco de

contenção. Este método propicia proteção do animal e dos técnicos envolvidos no

procedimento e facilita o manejo.

9. A ATUAÇÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO NO PROCESSO DE P RODUÇÃO

DO SORO HIPERIMUNE.

Os cuidados diários com os eqüinos são realizados pelos funcionários que

realizam a limpeza, a alimentação e o manejo da tropa nos pastos e durante o

percurso para o tronco de contenção. Para os procedimentos em que são

necessários conhecimentos veterinários, como inoculação, sangria, curativos,

separação de plasma, exames, medicação, cirurgias, controle parasitológico e

balanceamento da dieta o CPPI conta com um médico veterinário exclusivo, além

de estagiários da área.

Em relação aos cuidados com os eqüinos, o procedimento mais freqüente

realizado pelo médico veterinário, tem sido o tratamento das lesões cutâneas

desencadeadas pela reação ao veneno.

Este tratamento é baseado apenas em curativos tópicos com pomadas e

sprays que permitem uma cicatrização mais rápida, uma vez que não é permitida

a utilização de fármacos injetáveis, como corticóides, antibióticos e

antiinflamatórios.

O veterinário também é responsável pelo bem estar animal dentro dessa

produção, buscando soluções que façam o animal se sentir melhor apesar de todo

sofrimento a que é submetido, visando cumprir as leis que autorizam o uso de

animais em experimentos e pesquisa.

A lei 6.638/79 permite a prática da vivisseção (utilizar animais vivos) no

Brasil, porém seguindo algumas normas, tais como: deverá ser realizada com

anestesia; somente em ambientes de pesquisa e estudos devidamente registrados

por órgãos competentes e sempre ser fiscalizados por órgão competente sob o

risco de terem suas atividades suspensas (Aymoré, 2008)

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho podemos concluir que à produção e distribuição do Soro

Antiloxoscélico pelo Paraná é de grande relevância, por ser o estado de maior

incidência de acidentes deste tipo no Brasil.

Mas para que esse soro se torne um tratamento de uso indispensável, nos

casos de Loxoscelismo é necessário mais informações e estudos aos profissionais

de saúde em geral, isso para que não ocorra duvidas em seu uso, e para que se

evite efeitos adversos.

Devemos lembrar que o “instrumento” principal dessa produção de soro

hiperimune é o eqüino, e seu cuidado é de extrema importância. Mantendo

sempre a sanidade do plantel evitando doenças e fazendo um manejo adequado.

Em toda produção de soro Antiloxoscélico é indispensável a atuação de um

Médico Veterinário, que será responsável em tratar os eqüinos de maneira correta.

Novos estudos devem ser realizados identificando outras maneiras,ou

melhor, novas técnicas de preparo dos soros hiperimunes, pois a partir do ano de

2014 poderá haver a possibilidade de restrição do uso de cobaias para

experiências médicas. Sendo um eqüino um desses animais, assim prejudicando

toda a produção de soros hiperimunes.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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