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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcella Dobrezanski Marques TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) CURITIBA 2009

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Marcella Dobrezanski Marques

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C.)

CURITIBA

2009

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C.)

CURITIBA

2009

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Marcella Dobrezanski Marques

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C.)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médica Veterinária. Orientadora Acadêmica: Prof. Ricardo Maia Orientadora Profissional: M.V. Cacimar T. de Castro Moraes

CURITIBA

2009

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Reitor

Profº Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitor Administrativo

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró Reitora Acadêmica

Profª Carmem Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Pró- Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão

Profo Roberval Eloy Pereira

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Sa úde

Profº João Henrique Faryniuk

Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária

Profª Ana Laura Angeli

Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medic ina Veterinária

Profª Ana Laura Angeli

CAMPUS BARIGUI Rua Sidnei A. Rangel Santos, 238 – Santo Inácio CEP: 82.010.330– Curitiba – PR Fone: 41. 3331.7700

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TERMO DE APROVAÇÃO Marcella Dobrezanski Marques

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção de título de Médica Veterinária por uma banca examinadora do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 25 de junho de 2009

________________________________________

Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná

__________________________ Orientador: Prof. Ricardo Maia Universidade Tuiuti do Paraná

_________________________ Prof. Marúcia de Andrade Cruz Universidade Tuiuti do Paraná _________________________ Prof. Gisele Ludwig Tesserolli Universidade Tuiuti do Paraná

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APRESENTAÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C) apresentado ao Curso de Medicina

Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti

do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médica Veterinária é

composto de um Relatório de Estágio, no qual estão descritas as atividades

realizadas durante o período de 27 de fevereiro a 08 de maio de 2009, período este

em que estagiei no Hospital Veterinário Ecoville, localizado na cidade de Curitiba –

PR cumprindo o estágio curricular obrigatório e também o relato de dois casos que

versam sobre Alterações Hematológicas e Bioquímicas em Paciente Portadora de

Piometra e Hipoadrenocorticismo Iatrogênico.

.

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RESUMO O diagnóstico laboratorial é uma ferramenta muito importante para auxilio e/ou

confirmação de diagnósticos pelos Médicos Veterinários clínicos. O presente

trabalho mostra um pouco da rotina clínica e laboratorial do Hospital Veterinário

Ecoville onde ocorreu o estágio curricular. Durante o estagio foram desenvolvidas

atividades relacionadas com a clínica cirúrgica, clínica médica, diagnóstico por

imagem e acompanhamento da rotina laboratorial. Descrevem-se neste trabalho dois

casos clínicos ocorridos no hospital veterinário sendo: Alterações Hematológicas e

Bioquímicas em Paciente Portadora de Piometra e Hipoadrenocorticismo

Iatrogênico.

Palavras Chaves: Diagnóstico Laboratorial, Piometra, Hipoadrenocorticismo

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ABSTRACT The laboratorial diagnosis is a very important tool in helping and/or confirming

the diagnosis by the veterinary doctor. The current work presents some

aspects from the routine of the clinical and labora tory from the veterinarian

hospital where the curricular apprenticeship took p lace. During the

apprenticeship the following activities were develo ped, clinical chirurgic,

clinical medical, picture for diagnosis and laborat orial routine. Two clinical

cases are described in this work: alteration hemato logical and biochemical in

patient canine piometra and iatrogenic hipoadrenoco rticism.

Key Words; Diagnosis, Laboratorial, Piometra, Hipoadrenocorticism

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Dedico este trabalho aos grandes amores

de minha vida... Carlos Alberto, Rosana,

Gui, Lú, Keka e Igor.

Sem os quais não teria chegado tão

longe.

Muito obrigada...

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AGRADECIMENTOS

Agradeço

Primeiramente a DEUS por ter iluminado sempre o meu caminho, por ter me guiado sempre pelo caminho mais justo, por sempre me mostrar a verdade e por ter me dado este dom maravilhoso fazendo com que alcançasse a mais esta vitória... Obrigada meu DEUS.

Aos meus pais Carlos Alberto e Rosana por todos estes anos de dedicação e renuncia de seus sonhos, para muitas vezes, realizar os meus sonhos... Amo Vocês!!!

A você Igor por estar comigo durante estes três anos, por me deixar feliz mesmo estando triste, por me fazer sorrir em momentos em que não vi mais a felicidade. Quero agradecer pelo sorriso diário, por você ser essa pessoa maravilhosa comigo... AMO-TE... Porque você sempre fez, faz e sempre fará parte de minha historia e da minha vida.... Obrigada por tudo... Sem você a caminhada seria bem mais amarga.

As minhas avós por serem pessoas tão maravilhosas e guerreiras, a minha Tia Lú por sempre estar presente em minha vida e sempre me ajudar, ao meu irmão Gui por ser meu amigo nas horas de desabafo. A minha tia Rose por ser uma pessoa de muito bom coração e por sempre estar feliz.

A Maria Aparecida B. por ter permitido o começo de meu sonho. Aos meus amigos veterinários, Cláudia, Isabel, Marcelo muito obrigada por

tudo, sem vocês não seria metade do que sou hoje, valeu pelo incentivo. Ao Dr. Roberto e Dra. Monica Lange, agradeço pela grande oportunidade de aprendizado que me foi oferecida, e de poder ter trabalhado com vocês. E como não poderia esquecer o meu grande amigo Diego Rocha sempre muito companheiro, principalmente nas horas de muita bagunça... Pensa... Valeu!

As minhas melhores amigas durante o período de faculdade e que certamente ficarão por toda minha vida e em meu coração Sandra T. e Juliana P.

A Daniela e Barbara por ter me dado a oportunidade de estagiar em seu laboratório.

Aos professores Ricardo M., Tais Rocha, Elza Ciffoni, Rosaria, Pedro Werner, Dirnei Baroni, Silvana K. e Ana Laura Angeli ...por todos os ensinamentos, incentivo e compreensão.

Aos meus cães: Toddy, Bionda, Elton e Pluto obrigado pela fidelidade e alegria proporcionada

A gatinha Mimi e seus filhotes, por terem feito companhia durante todo o meu estágio. (in memorian) ... A toda Equipe do Hospital Veterinário Ecoville.

MAIS UMA VEZ OBRIGADA...

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Se eu puder ver adiante, será por estar sobre os om bros de gigantes.

Sir Isaac Newton

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LISTA DE ABREVIATURA

ALT/GPT

Alanina aminotrasferase

AST Aspartato aminotrasferase

ADH Hormônio anti-diurético

ACTH Hormônio adrenocorticotrófico

BID A cada 12 horas

C0 Graus Celcius

DNNE Desvio de neutrófilos a esquerda

g/dL Gramas por decilitro

EF Administração por via endoflébica

FA Fosfatase alcalina

GGT Gama-glutamil-transferase

HT% Hematócrito

HVE Hospital Veterinário Ecoville

IRA Insuficiência renal aguda

IRC Insuficiência renal crônica

Lab HVE Laboratório Hospital Veterinário Ecoville

mL/kg Mililitros por kilograma

mg/kg Miligramas por kilograma

mm3 Milímetros cúbicos

MPA Medicação pré anestésica

NUS Nitrogênio ureico sanguíneo

PU Poliúria

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PD Polidipsia

PF2α Prostaglandina F2α

µL Microlitro

TID A cada 8 horas

TFG Taxa de filtração glomerular

UI/kg: Unidades internacionais por kilograma

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – LOGOMARCA DO HOSPITAL VETERINÁRIO ECOVILLE (HVE).......22

FIGURA 2 – COCKER SPAINEL, 5 ANOS, FÊMEA, PORTADORA DE

PIOMETRA............................................................................................39

FIGURA 3 – SECREÇÃO VULVAR, OBSERVADA NA PACIENTE DA

FIGURA 02............................................................................................39

FIGURA 4 – EXAME DE BIOQUIMICA SECA (REFLOTRON®)...............................41

FIGURA 5 – PIOMETRA, ALTERAÇÕES OBSERVADAS NO ÚETRO DA

PACIENTE DA FIGURA 02....................................................................41

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – RELAÇÃO DE CASOS CLÍNICOS SEPARADOS POR

ESPECIALIDADES E NÚMERO DE CASOS ACOMPANHADOS

DURANTE O PERÍODO DE 27 DE FEVEREIRO A 08 DE MAIO DE

2009......................................................................................................24

TABELA 2 – RELAÇÃO DE CASOS CIRURGICOS DIVIDIDOS POR SISTEMAS

REALIZADOS DURANTE O PERÍODO DE 27 DE FEVEREIRO A 08

DE MAIO DE 2009................................................................................25

TABELA 3 – RELAÇÃO DE EXAMES ULTRASSONOGRÁFICOS E

RADIOLÓGICOS REALIZADOS DURANTE O PERÍODO DE 27 DE

FEVEREIRO A 08 DE MAIO DE 2009 ...............................................26

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – NÚMERO DE ATENDIMENTOS ACOMPANHADOS NA CLÍNICA

MÉDICA DO HVE NO PERÍODO DE 27 DE FEVEREIRO A 08 DE

MAIO DE 2009...................................................................................26

GRÁFICO 2 – RELAÇÃO DE ATENDIMENTOS ACOMPANHADOS NA CLÍNICA

MÉDICA DO HVE NO PERÍODO DE 27 DE FEVEREIRO A 08 DE

MAIO DE 2009....................................................................................27

GRÁFICO 3 – NÚMERO DE EXAMES LABORATORIAIS REALIZADOS NO HVE

NO PERÍODO DE 27 DE FEVEREIRO A 08 DE MAIO DE 2009....27

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS OBSERVADAS NO

HEMOGRAMA DA PACIENTE DA FIGURA 02...............................40

QUADRO 2 – RESULTADO DOS EXAMES BIOQUÍMICOS REALIZADOS NA

PACIENTE DA FIGURA 02........................... ..................................40

QUADRO 3 – RESULTADOS DOS EXAMES BIOQUÍMICOS E ALTERAÇÕES

OBSERVADAS NA PACIENTE BEAGLE........ ................................60

QUADRO 4 – ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS OBSERVADAS NO

HEMOGRAMA COMPLETO REALIZADO NA PACIENTE BEAGLE

...........................................................................................................60

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................20

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ................................................................22

2.1 CASUÍSTICA........................................................................................................23

3 ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS E BIOQUIMICAS EM PACIENT E

PORTADORA DE PIOMETRA ..................................................................................28

3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................28

3.2 RELATO DE CASO..............................................................................................37

3.2.1 Protocolo Anestésico.........................................................................................38

3.2.2 Procedimento Cirúrgico ....................................................................................38

3.3 DISCUSSÃO........................................................................................................42

4 HIPOADRENOCORTICISMO IATROGÊNICO .......................................................48

4.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................48

4.2 RELATO DE CASO..............................................................................................59

4.2.1 Tratamento........................................................................................................61

4.3 DISCUSSÃO........................................................................................................62

5 CONCLUSÃO .........................................................................................................64

6 REFERÊNCIAS .....................................................................................65

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1 INTRODUÇÃO

O presente relatório refere-se ao estágio realizado no Hospital Veterinário

Ecoville (HVE), no período de 27 de fevereiro a 08 de maio de 2009, no setor de

Clínica Médica, Clinica Cirúrgica e Laboratório de Análises Clínicas de Animais de

Companhia onde foi possível aplicar os conhecimentos adquiridos durante o curso

de Medicina Veterinária.

O Centro de Especialidades em Medicina Veterinária Ecoville (HOSPITAL

VETERINÁRIO ECOVILLE – HVE) está localizado na Rua Pedro Viriato Parigot de

Souza, número 4655 no bairro do Campo Comprido na cidade de Curitiba-PR. O

Hospital Veterinário foi inaugurado em 12 de janeiro de 2009 e atende animais de

companhia e silvestres. O HVE funciona em sistema de atendimento 24horas assim

tendo rotina todos os dias da semana. No Hospital Veterinário o atendimento é

realizado exclusivamente por veterinários com auxilio de estagiários que observam a

rotina.

O HVE conta com serviços de ultrassonografia, radiologia, eletrocardiografia,

cirurgia geral, anestesiologia, odontologia, oftalmologia, fisioterapia, acupuntura,

patologia clínica e atendimento à animais silvestres.

Durante o estágio obrigatório a discente recebeu orientações acadêmicas do

Prof Ricardo Maia e supervisão profissional da Médica Veterinária Cacimar T. de

Castro Moraes.

Foram assim realizados e acompanhados casos clínicos referentes à clínica

médica geral e suas especialidades em pequenos animais, cumprindo um total de

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360 horas obrigatórias e no presente relatório estão descritas algumas atividades

realizadas durante esse período.

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2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO

A rotina de atendimento de animais de companhia é realizada por 7 médicos

veterinários que fazem rodízio de plantões diurnos e noturnos. Os estagiários

auxiliam em consultas, manutenção de internados, cirurgias e também na

organização e limpeza do internamento. Uma secretária e duas profissionais da área

de serviços gerais responsáveis pela limpeza e higienização da área comum do

hospital compõem o quadro de funcionários do HVE.

O Hospital Ecoville conta com uma recepção, sala de banho e tosa, farmácia,

sala de espera para pacientes e proprietários, sala de cirurgia, expurgo, banheiro no

centro cirúrgico, sala de anti-sepsia, sala de estudos, sala de ultrassonografia, sala

de radiologia com acesso a sala de cirurgia, sala de atendimentos emergenciais, sala

de odontologia, refeitório e quarto do plantonista. As consultas são realizadas em um

dos quatro consultórios disponíveis tendo um desses específico para oftalmologia, os

quais contam com uma mesa de atendimento em fórmica, uma pia para higienização

das mãos, local para descarte de material pérfuro-cortante e lixo comum. O hospital

comporta também em suas instalações um laboratório clínico para a realização de

hemograma e exames bioquímicos automatizados.

FIGURA 01 – LOGOMARCA DO HOSPITAL VETERINÁRIO ECOVILLE

Fonte: Hospital Veterinário Ecoville

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2.1 CASUÍSTICA

Durante o período de estágio, foram acompanhados 79 casos clínicos

(TABELA 01), 39 casos cirúrgicos (TABELA 02) e 63 exames de imagem (TABELA

03). Estão descritos na gráfico 01 através de porcentagem o número de

atendimentos acompanhados na clinica médica e no gráfico 02 a relação de

atendimentos separados por sexo e espécie. No gráfico 03 estão descritos através

de porcentagem o número de exames laboratoriais realizados no período de estágio:

69 hemogramas, 8 citologias otológicas, 119 exames bioquímicos, 3 citologias de

pele e 3 urinálises totalizando 209 exames.

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TABELA 01 – RELAÇÃO DE CASOS CLÍNICOS SEPARADOS POR ESPECIALIDADES E NÚMEROS DE CASOS ACOMPANHADOS DURANTE O PERÍODO DE 27 DE FEVEREIRO A 08 DE MAIO DE 2009

Especialidades

Casuística

ACUPUNTURA

1

ANESTESIOLOGIA

43

CARDIOVASCULAR

3

DERMATOLOGIA

1

FISIOTERAPIA

3

GASTRENTEROLOGIA

2

INFECTOLOGIA

10

NEUROLOGIA

1

OFTALMOLOGIA

5

ORTOPEDIA

3

PARASITOLOGIA

2

TOXICOLOGIA

4

UROLOGIA

1

Total 79

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TABELA 02 – RELAÇÃO DE CASOS CIRÚRGICOS DIVIDIDOS POR SISTEMAS REALIZADOS DURANTE O PERÍODO DE 27 DE FEVEREIRO A 08 DE MAIO DE 2009

Sistemas

Procedimento Cirúrgico

No de casos / Espécie

Sistema Reprodutivo

Ovariosalpingohisterectomia Orquiectomia Piometra Mastectomia total unilateral Cesariana

9 caninos/ 1felino 2 caninos 10 caninos 1canino 4 canino / 2 felino

Oftálmicas

Enucleação Blefaroplastia

2 caninos 1 canino

Sistema Urinário

Cistotomia

1 canino

Sistema Músculo - Esquelético

Osteossíntese de Rádio e Ulna Amputação de Membro pélvico

1canino 1 felino 1 Hamster

Aparelho Digestório

Intussuscepção

1 canino

Sistema Tegumentar

Exérese de Nódulos

2 caninos

Total 39 casos cirúrgicos

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TABELA 03 – RELAÇÃO DE EXAMES ULTRASSONOGRÁFICOS E RADIOLÓGICOS REALIZADOS DURANTE O PERÍODO DE 27 DE FEVEREIRO A 08 DE MAIO DE 2009

Exames

Casuística

ULTRASSONOGRAFIA

21

RADIOGRAFIAS

42

TOTAL 63

GRÁFICO 01 – NÚMERO DE ATENDIMENTOS ACOMPANHADOS NA CLÍNICA MÉDICA DO HVE NO PERÍODO DE 27 DE FEVEREIRO A 08 DE MAIO DE 2009, SEPARADO POR ESPÉCIES.

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27

GRAFICO 02 – RELAÇÃO DE ATENDIMENTOS REALIZADOS NO HVE DIVIDIDOS POR SEXO, NO PERÍODO DE 28 DE FEVEREIRO A 08 DE MAIO DE 2009.

GRAFICO 03 – NÚMERO DE EXAMES LABORATORIAIS REALIZADOS NO HVE, NO PERÍODO DE 28 DE FEVEREIRO A 08 DE MAIO DE 2009.

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28

3 ALTERAÇÕES HEMATÓLOGICAS E BIOQUÍMICAS EM PACIENTE CANINA

COM PIOMETRA.

3.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Definição e Epidemiologia

Piometra é uma inflamação supurativa aguda ou crônica do útero, em que

ocorre o acúmulo de grandes quantidades de pús na cavidade uterina. Em geral a

piometra resulta da persistência de uma endometrite bacteriana inespecífica não

resolvida, durante períodos de estimulação prolongada a progesterona (JONES et al

2000). É um distúrbio uterino mediado pela progesterona nas cadelas e nas gatas. A

progesterona é um hormônio feminino que atua durante a prenhez. Todas as cadelas

normais estão naturalmente expostas a concentrações espantosas de progesterona

durante 45 a 75 dias que segue o período de diestro. A progesterona coloca o útero

não prenhe sob risco de infecção bacteriana (FELDMAN, 2004). Os agentes

bacterianos responsáveis pela piometra são geralmente inespecíficos e consistem de

organismos que fazem parte do habitat normal de vagina, trato urinário ou trato

intestinal (JONES et al 2000).

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Fisiopatologia

A piometra ocorre em cadelas e gatas intactas ou idosas, exceto quando se

administram estrógenos ou progestágenos exógenos, caso no qual se pode afetar

animais mais jovens (GRAVES, 2008).

Piometra é um distúrbio de diestro mediado por hormônio. A doença é

causada por uma infecção bacteriana dentro do útero que resulta em bacteremia e

toxemia que variam de discretas a intensas, envolvendo risco de vida. Cadelas com

mais idade desenvolvem uma condição denominada hiperplasia endometrial cística

(HEC). Acredita-se que esta condição resulte de uma resposta exagerada e anormal

do endotélio a exposição crônica e repetida a progesterona (FELDMAN, 2004). A

progesterona normalmente estimula o crescimento e a atividade secretora das

glândulas endometriais, o que pode resultar no desenvolvimento de HEC com

acúmulo de líquido nas glândulas endometriais e na luz uterina. Não se sabe o

porquê alguns animais respondem a progesterona desta forma e outros não. Se a

paciente for examinada na fase em que a progesterona esta alta seja pela fase do

ciclo estral ou pela administração de progesterona exógena poderemos observar

durante o exame que nesta época antes da instalação de bactérias, a HEC pode

estar associada ou não à hidrometra ou mucometra (NELSON e COUTO 2001). Os

cornos uterinos encontram-se variavelmente distendidos, de maneira uniforme ou de

modo segmentar, pelo acúmulo de um exsudato mucopurulento intraluminal. Em

geral a cérvix esta fechada, mas podemos encontrar secreção na parte anterior da

vagina (piometra aberta) (JONES et al 2000). Estrógenos exógenos sozinhos não

causam hiperplasia endometrial cística, mas podem potencializar os efeitos da

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progesterona no útero, predispondo com isso a piometra (GRAVES, 2008).Os

estrógenos aumentam o número de receptores de uterinos de progesterona, o que

pode explicar porque há incidência aumentada de piometra após a administração de

estrógenos para evitar a prenhez. A presença de tumores uterinos pode contribuir

para o desenvolvimento de piometra (FOSSUM, 2005).

Sinais Clínicos

Os sinais de piometra ocorrem de quatro a oito semanas após o estro, ou

após injeções contra cruzamentos indesejáveis ou administração de progesterona ou

estrógenos exógenos (FOSSUM, 2005). Os principais sinais são: letargia,

depressão, anorexia, vômitos, diarréia, febre (temperatura retal pode estar baixa ou

normal), aumento palpável do útero, corrimento sanguinolento a mucopurulento, TPC

prolongado, pulsos femorais fracos (FELDMAN, 2004). Pode ocorrer poliúria ou

polidipsia compensatória devido ao prejuízo de concentração tubular renal devida à

falta de resposta do hormônio ADH, mediada por endotoxina de E.coli, embora se

desconheça seu mecanismo exato. Ao exame físico os achados comuns quando se

trata de piometra de cérvix aberta incluem: letargia, desidratação, útero palpável e

corrimento vaginal. E quando se trata de piometra de cérvix fechada é mais provável

que resulte em septicemia, que pode causar choque, hipotermia e colapso (GRAVES

2008). A presença de febre é um achado variável e encontra-se freqüentemente

ausente (GRAVES 2008; FOSSUM, 2005).

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Diagnóstico

Devem ser sempre realizados, exames radiográficos e/ou ultrassonográficos

abdominais para confirmar a presença de piometra e descartar uma gestação, que é

o mais importante diagnóstico diferencial em animais com piometra (NELSON e

COUTO, 2001).

Na realização de radiografias e/ou ultrassonografia deve-se detectar um

útero preenchido por fluido. O útero com tamanho aumentado se localiza em

abdômen caudal e pode deslocar o intestino cranial dorsalmente. O fator negativo da

radiografia é quando se trata de uma piometra aberta, ruptura uterina ou peritonite,

pois não será detectada radiograficamente a presença do útero, mas poderá ser

detectada a presença de um contraste seroso fraco. O diagnóstico de piometra pode

não ser possível antes de 41 a 43 dias após a ovulação. Já ao exame

ultrassonográfico visualizam-se as estruturas uterinas em qualquer estágio desde a

identificação de estruturas fetais, viabilidade fetal, fluido uterino e espessura de

parede uterina. O aspecto ultassonográfico de hidrometra, piometra e mucometra é o

mesmo aparecem: hipoecóicos, anecóicos e com paredes ecogênicas finas. O útero

é identificado como uma estrutura tubular linear ou retorcida bem definida (FOSSUM,

2005).

Os exames bioquímicos e hematológicos revelam lesões fora do trato

genital, assim sendo comuns: depressão da medula óssea, hematopoese

extravascular disseminada e glomerulopatia por imunocomplexos (CARLTON, 1998).

Deve ser realizado hemograma completo, perfil bioquímico sérico e urinálise para

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detecção de anormalidades metabólicas associadas à sepse e avaliação da função

renal (NELSON e COUTO, 2001). A hematologia revela tipicamente um leucograma

inflamatório (GRAVES, 2008). A contagem de células brancas em pacientes com

piometra é variável. A neutrofilia absoluta (>25.000 células/µl) é dependente do

acréscimo de células imaturas, apresentando um desvio para a esquerda (> 300

bastonetes/µl) algumas vezes observado secundariamente em infecções,

inflamações e septicemia (FELDMAN e NELSON, 2004). No entanto pode ocorrer

um leucograma normal em casos de piometra e isso se associa geralmente com

cervix aberta. É comum anemia não regenerativa leve. Mas os achados mais

importantes do hemograma são: neutrofilia com desvio a esquerda, monocitose e

evidências de toxicidade de neutrófilos, podendo ocorrer em casos mais graves de

sepse o quadro de leucopenia com desvio a esquerda degenerativo e também pode

ocorrer discreta anemia arregenerativa normocítica normocrômica (NELSON e

COUTO). As anormalidades bioquímicas incluem hiperproteinemia,

hiperglobulinemia, e azotemia (FOSSUM, 2005; NELSON e COUTO, 2001).

Hiperproteinemia (proteínas totais, 7,5 a 10,0g/dl) e hiperglobulinemia comumente

resultam de desidratação e/ou estimulação antigênica crônica do sistema

imunológico (FELDMAN e NELSON, 2004). O nível de nitrogênio uréico sanguíneo

pode estar aumentado se houver desidratação e azotemia pré-renal (FELDMAN,

2004). Ocasionalmente as enzimas hepáticas, alanina aminotrasferase (ALT) e

fosfatase alcalina (FA), podem ter suas atividades alteradas em conseqüência de

lesão causada por septicemia e ou circulação hepática diminuída e hipóxia celular

secundária a desidratação (FELDMAN e NELSON, 2004). Uma hipo ou hiperglicemia

pode se associar à diabetes ou sepsia intercorrentes (FOSSUM, 2005). A urinálise

pode revelar isostenúria causada por redução da capacidade de concentração e uma

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proteinúria causada por danos glomerulares por imunocomplexos ou nefropatias pré

existentes (GRAVES, 2008); isostenúria (densidade urinária, de 1,008 a 1,015) ou

hipostenúria (densidade urinária < 1,008) sendo comum na infecção de útero. Pode

também ser encontrado em casos de piometra diagnosticada precocemente uma

densidade maior que 1,030 assim sendo reflexo da desidratação e da resposta

fisiológica para conservar líquidos. Quando ocorre infecção por E.coli, há o

desenvolvimento de toxemia, que pode interferir na reabsorção de sódio e cloreto

pela alça de Henle. Isto reduz a hipertonicidade medular renal, comprometendo a

capacidade dos túbulos coletores renais de reabsorver água livre, resultando em

poliúria e polidipsia compensatória. Uma insensibilidade dos túbulos renais reversível

ao hormônio antidiurético (ADH; secundária ao diabetes insípidos nefrogênico),

causada por endotoxemia por E.coli, também contribui para a perda da capacidade

de concentração. A lesão do imune complexo tubular renal é outro mecanismo

proposto para polidipsia e poliúria. Suspeita-se de infecções do trato urinário quando

se identifica: poliúria, hematúria ou proteinúria na urinálise. A realização de cultura e

antibiograma pode auxiliar na escolha do melhor antibiótico. A proteinúria sem piúria

ou hematúria pode estar associada a piometra. A deposição de imune complexos

nos glomérulos pode causar glomerulonefropatia menbranoproliferativas mistas

reversíveis. A proteinúria resultante gradualmente se resolve com a correção da

piometra. (FELDMAN, 2004).

Quando houver suspeita de piometra deve ser evitada a cistocentese, devido

à possibilidade de danos no útero friável e contaminação subseqüente (GRAVES,

2008).

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Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico diferencial deve incluir mucometra, hidrometra, piovagina,

prenhez, metrite, torção uterina, peritonite (FOSSUM, 2005).

Tratamento

O tratamento consiste em duas opções (dependendo do estado do animal).

A decisão de tratar a piometra, cirúrgica ou clinicamente, depende da condição do

animal no momento da apresentação, sua idade e a importância, para o proprietário,

de preservar a capacidade reprodutiva do animal (GRAVES, 2008).

O tratamento cirúrgico é o tratamento de escolha para piometra

(ovariohisterectomia) e o tratamento clínico é o tratamento escolhido quando o

proprietário se torna inflexível quanto a manutenção do potencial reprodutivo de uma

cadela de 6 meses a 6 anos de idade (FELDMAN, 2004). O tratamento cirúrgico

consiste em uma preparação pré operatória do paciente, pois em qualquer momento

pode haver o desenvolvimento de septicemia e ou endotoxemia, se já não existirem.

O tratamento deve ser intensivo com a administração de fluidos intravenosos para a

correção de déficits exististes para a manutenção da perfusão tecidual adequada e

para melhora da função renal. Em cadelas, diversos estudos demonstram que o

prognóstico piora se a azotemia não for corrigida antes do tratamento cirúrgico. A

antibioticoterapia deve ser iniciada com o uso de antibióticos bactericida de amplo

espectro com eficácia contra E.coli. tais como: sulfonamidas-trimetoprim, ampicilina

ou amoxicilina-clavulanato, deve ser realizado cultura e antibiograma para auxiliar na

escolha do melhor antibiótico. O antibiótico selecionado deverá ser mantido por 2 a 3

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semanas (NELSON e COUTO, 2001). A administração de aminoglicosidas é contra

indicada, tem uma ação nefrotóxica e causa prevalência da disfunção renal junto

com a piometra. A administração de corticóides é indicada para pacientes

gravemente endotoxicados ou septicêmicos. O uso de diuréticos é indicado para

pacientes com sobrecarga de volume com redução de produção urinária. A

monitoração de entrada de fluidos e monitoração de produção urinária pode ajudar a

avaliar a função renal (FOSSUM, 2005).

O tratamento clínico da piometra com prostaglandinas F2α pode ser

considerado no caso de fêmeas de alto valor reprodutivo e que não estão

intensamente doentes. Nos Estados Unidos, o uso de prostaglandinas não foi

aprovado para pequenos animais (NELSON e COUTO, 2001). Possíveis

complicações, por exemplo, ruptura uterina, vazamento de conteúdo intraluminal no

interior do abdômen e sepsia. Só se deve considerar a terapia médica com

antibióticos por 2 a 3 semanas e PF2α , para animais reprodutores valiosos e

metabolicamente estáveis. Pode ser necessária mais de uma série de injeções de

PF2α. Os efeitos colaterais a curto prazo (30 a 60 minutos) incluem ofego, salivação,

êmese, defecação, micção, midríase, aninhamento, tenesmo, lordose, vocalização,

higiene intensa por lambedura. As altas doses de prostaglandina pode resultar em

ataxia, colapso, choque hipovolêmico, desconforto respiratório e morte. Esta terapia

pode causar redução de fertilidade.

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Prognóstico

A morte pode ocorrer em pacientes sem qualquer tipo de tratamento, as

fêmeas que se recuperam espontaneamente têm quadro recidivante no estro

subseqüente. Quando realizado o tratamento com prostaglandinas existe a

possibilidade de recidiva de piometra. Mas no entanto, após a terapia com

prostaglandina produz-se pelo menos uma ninhada normal em 40-74% das cadelas.

O prognóstico após uma cirurgia é bom se não houver contaminação abdominal, se

houver reversão de quadro de choque e sepse e melhora de parâmetros renais. As

taxas de mortalidade após o tratamento cirúrgico são de aproximadamente 5-8%.

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3.2 RELATO DE CASO

Foi atendida no HVE, uma cadela da raça Cocker spainel, de 5 anos,

pesando 12, 500 kg apresentando, anorexia, apatia e vômitos (FIGURA 05). Ao

exame físico observou-se temperatura retal de 39,80C, mucosas congestas, leve

sensibilidade abdominal e secreção vulvar purulenta (FIGURA 06). Não foi

observada alteração na auscultação cardiopulmonar. O proprietário relatou durante

a anamnese que a paciente entrou no cio há 2 meses e que a mesma recebe

regularmente aplicações de hormônio para se evitar o cio. Também relatou a

excessiva ingestão de água, (Polidipsia-PD) e constante micção (Poliúria-PU).

Pelos sinais clínicos apresentados pela paciente e anamnese fez-se

suspeitar de piometra. Foi solicitado o exame de ultrassonografia para confirmar o

diagnóstico. Confirmado o diagnostico de piometra, foi solicitado exames

hematológicos (QUADRO 01) e bioquímicos (QUADRO 02) (uréia, creatinina,

fosfatase alcalina (FA), alanina aminotrasferase (ALT-GPT), potássio (K) e glicemia)

para verificar demais alterações. No hemograma verificaram-se alterações no

eritrograma: hematócrito 35% e hemoglobina 11,9 mg/dl assim indicando leve

anemia e desidratação. No leucograma observou-se neutrofilia e ou com desvio de

neutrófilos a esquerda DNNE, monocitose. Os exames bioquímicos foram realizados

através de bioquímica seca método automatizado e não apresentaram alterações

(FIGURA 08).

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A paciente foi encaminhada para internamento e mantida na fluidoterapia

com Ringer com Lactato. Foi administrado cefalotina sódica na dose de 30mg/kg

duas vezes ao dia (BID) e cloridrato de tramadol na dose de 2mg/kg três vezes ao

dia (TID), cloridrato de ondansetrona na dose de 1mg/Kg três vezes ao dia (TID) e

cloridrato de ranitidina na dose de 1mg/Kg três vezes ao dia (TID).

No dia seguinte a paciente foi encaminhada para cirurgia.

3.2.1 Protocolo Anestésico

Foi realizada a medicação pré - anestésica (MPA) com o uso de cloridrato de

tramadol na dose de 4mg/Kg e acepromazina na dose de 0,05mg/kg endovenoso

(EV). A indução foi realizada com propofol na dose de 5mg/kg. Na manutenção foi

utilizada anestesia inalatória com isoflurano.

3.2.2 Procedimento Cirúrgico

A cirurgia consistiu da retirada de ovários cornos uterinos e útero

(ovarioisterectomia), (FIGURA 05).

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FIGURA02 - COCKER SPAINEL, 5ANOS, FÊMEA, PORTADORA DE PIOMETRA

FIGURA03- SECREÇÃO VULVAR, OBSERVADA NA PACIENTE DA FIGURA 02

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QUADRO 01- ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS OBSERVADAS NO HEMOGRAMA DA PACIENTE DA FIGURA 02

RESULTADO DO HEMOGRAMA CANINO

MÉTODO AUTOMATIZADO:QBC.VET/IDEXX – REVISÃO MICROSCÓPICA

Eritrograma

Hematócrito: 35% (Valor de ref.: 37 a 54%)

Hemoglobina: 11.9 (Valor de ref.: 12 a 18)

CHGM: 34.0 (Valor de ref.: 30 a 36,5)

PPT: 7 (Valor de ref.: 5 a 8)

Leucograma

Leuc. Totais: 12.7 X106/ml (100%) (Valor de ref.: 6.000 a 15.000)

Mielócitos: ----/µl (--%) (Valor de ref.: 0 a 0)

Metamielócitos: ----/µl (--%) (Valor de ref.: 0 a 0)

Bastonetes: 3.937/µl (31%) (Valor de ref.: 0 a 300)

Segmentados: 5.969/µl (47%) (Valor de ref.: 3.000 a 11.000)

Linfócitos: 1.270/µl (10%) (Valor de ref.: 1.500 a 5.000)

Monócitos: 1.143/µl (9%) (Valor de ref.: 0 a 800)

Eosinófilos: 381/µl (3%) (Valor de ref.: 0 a 750)

Basófilos: ----/µl (--%) (Valor de ref.: 0 a 50)

Plaquetas: 169.000/mm3 (Valor de ref.: 150.000 a 500.000)

Fonte: Lab Hve, 2009

QUADRO 02- RESULTADOS DOS EXAMES BIOQUÍMICOS REALIZADOS NA PACIENTE DA FIGURA 02.

EXAME SOLICITADO

RESULTADOS VALORES DE REFERENCIA

ALT < 5.00 U/l <74 U/l FA 106 U/l <108 U/l

CREATININA < 0.500 mg/dL < 1.8 mg/dL URÉIA < 20.0 mg/dL < 54 mg/dL

POTÁSSIO < 2.00 mval /l 3.5 – 5.1 mval/l GLICEMIA 85 mg/dL 60 a 120 mg/dl

Fonte: Lab Hve, 2009

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FIGURA 04- BIOQUIMICA SECA (REFLOTRON®), EXAME REALIZADO NA PACIENTE REFERIDA NA FIGURA 02

FIGURA 05- PIOMETRA, ALTERAÇÃO UTERINA COMPATÍVEL COM PIOMETRA, TRANS-OPERATÓRIO DA PACIENTE DA FIGURA 02

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3.3 DISCUSSÃO

A piometra é uma patologia ovariana muito comum entre cadelas

principalmente aquelas que recebem aplicação de hormônios exógenos, assim

apresentando alto grau de morbidade e mortalidade.

O diagnóstico suspeitivo foi dado clinicamente, baseado nos sinais

apresentados pelo paciente. Segundo Feldman (2004), os principais sinais quando

se trata de piometra de cervix aberta são: letargia, desidratação, útero palpável e

corrimento vaginal. E segundo Graves (2008), pode ocorrer poliúria ou polidipsia

compensatória devido ao prejuízo de concentração tubular renal devida à falta de

resposta do hormônio ADH, mediada por endotoxina de E.coli, embora se

desconheça seu mecanismo exato. Para concluir o diagnóstico foram solicitados

exames complementares como ultrassonografia, hematologia e perfis bioquímicos

para fechar o diagnóstico de infecção de útero.

Segundo Nelson e Couto (2001), devem ser sempre realizados exames

radiográficos e/ou ultrassonográficos abdominais para confirmar a presença de

piometra e descartar uma gestação, que é o mais importante diagnóstico diferencial

em animais de companhia.

No hemograma observou-se no eritrograma um hematócrito de 35% (valor

de referência: 37-54%) e hemoglobina de 11.9mg/dl (valor de referência de:12-18

mg/dl).

O leucograma apresentou-se normal com 12.7 X106/ml (valor de referência

de 6.000-15.00), mas apresentou alterações em relação a neutrófilos bastonetes

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(neutrofilia, com desvio de neutrófilos à esquerda- DNNE), linfócitos (linfopenia) e

monócitos (monocitose).

Segundo Nelson e Couto (2001) em piometra de cervix aberta podem

encontrar um leucograma normal, como pode ser observado na paciente descrita,

com relação ao eritrograma não podemos classificar com certeza o tipo de anemia,

pelo fato de não termos a contagem de eritrócitos descrita no hemograma, pois se

trata de análise hematológica, realizado por equipamento automatizado o qual não

libera este tipo de resultado. O equipamento é da marca Idexx® - QBC.Vet, o qual é

totalmente automatizado, o sangue é aspirado por uma pipeta através de um capilar

semelhante ao do microhematócrito e vedado na parte inferior do tubo com uma

tampinha específica para o mesmo. Este tubo é colocado em uma microcentrífuga

específica durante 5 minutos. Após a centrifugação o tubo é levado ao equipamento

com auxilio de uma pinça e acomodado em espaço específico, é realizada leitura

ultra-sensível e em 3 minutos, temos o hemograma impresso. O equipamento não

libera contagem de eritrócitos (CHGM, e parcial de reticulócitos), libera hemoglobina,

e parcial de células diferenciais, se faz necessária a contagem em lâmina e a

conferência de plaquetas e microhematócrito. Segundo Navarro (2005), o

diagnóstico de anemia é feito através do laboratório e são três os exames que

devem ser realizados: o hematócrito, a dosagem de hemoglobina e a contagem de

eritrócitos. O hematócrito é o mais fácil de ser empregado, que na anemia está

sempre abaixo do normal, ou seja, se o animal estiver com hematócrito baixo ele

esta com anemia. A taxa de hemoglobina circulante esta relacionada com o

hematócrito permanecendo baixo na anemia. Quanto à contagem de eritrócitos por

mm3 de sangue, esta pode estar diminuída ou não. A contagem de eritrócitos

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encontra-se diminuída nas anemias não regenerativas ou aplásicas, que ocorrem por

diminuição da produção pela medula óssea, mas pode permanecer no limite normal

inferior no caso de anemias arregenerativas, que ocorrem por perda aumentada de

eritrócitos, nos casos de hemorragia ou hemólise, quando os eritrócitos aparecem

em número normal ou perto do normal, mas com uma quantidade de hemoglobina

por eritrócito abaixo do normal, devido à falta de reposição de ferro na medula óssea.

Segundo Nelson e Couto (2001) é comum anemia não regenerativa leve. E os

achados mais importantes do hemograma quando se refere au leucograma são:

neutrofilia com desvio a esquerda, monocitose, e evidencias de toxicidade de

leucócitos.

Com relação aos exames bioquímicos as alterações mais comumente

encontradas e esperadas estão relacionadas com alterações no perfil hepático (ALT

e FA), perfil renal (UREIA e CREATININA), dosagem de glicemia e urinálise.

Com relação ao perfil hepático e dosagem de FA e ALT os autores Feldman

e Nelson (2004), relatam que estas enzimas podem ter suas atividades alteradas em

conseqüência de lesão causada por septicemia e ou circulação hepática diminuída e

hipóxia celular secundária a desidratação. Segundo Bush (2004), a fosfatase alcalina

é uma enzima de indução, ou seja, ela é liberada apartir de seu aumento plasmático,

da sua atividade e não da sua liberação a partir de células lesadas. Sua meia vida é

de três dias. Uma das causas do aumento da fosfatase alcalina poderia ser a

septicemia/endotoxemia, onde os aumentos da atividade sérica podem ser

observados muito provavelmente em decorrência da lesão hepática. A magnitude do

aumento varia entre as espécies, podendo chegar a cinco vezes o limite superior dos

valores de referência. Segundo Thrall et al (2007), a alanina aminotrasferase (ALT) é

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uma enzima de extravasamento que está livre no citoplasma, sua maior

concentração é nos hepatócitos de cães e gatos, esta enzima é considerada hepato-

específica, em geral o aumento da atividade sérica sugere necrose de hepatócitos ou

lesão subletal desse tipo celular; entretanto, também se deve considerar a

possibilidade de necrose ou lesão subletal de células musculares. Qualquer

enfermidade que cause lesão de hepatócitos, desde lesão de membrana até necrose

de hepatócitos, pode determinar aumento da atividade sérica da enzima. Alguns

exemplos que podem gerar este tipo de aumento são: hipóxia, alterações

metabólicas que ocasionam acúmulo de lipídeos, toxinas bacterianas e inflamação

podem causar lesão de hepatócitos e conseqüente extravasamento de ALT.

Segundo Kerr (2003), as substâncias encontradas no plasma que contem

nitrogênio de importância diagnóstica são produtos metabólicos envolvidos na

excreção de nitrogênio, (uréia, creatinina e amônia). A uréia é um produto

metabólico, nitrogenado que é formado no fígado como produto final da quebra de

aminoácidos. Depois que a uréia é formada no fígado, ela é transportada pelo

plasma, portanto a concentração plasmática da uréia pode ser afetada por vários

fatores diferentes. O objetivo do ciclo da uréia é converter os íons tóxicos de amônia

em moléculas inóculas de uréia para a excreção. Falhas neste ciclo levam a um

aumento de amônia no organismo, acompanhado de concentrações plasmáticas

baixas de uréia. Segundo Feldman (2004) o nível de nitrogênio uréico sanguíneo

(NUS) pode estar aumentado se houver desidratação e azotemia pré-renal. Segundo

Thrall et al (2007) a excreção urinária da uréia é influenciada também pela taxa de

filtração glomerular (TFG), pois a uréia é reabsorvida nos túbulos renais para

contribuir na manutenção do gradiente de concentração medular nos rins. Então

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quando o fluxo tubular diminui a reabsorção de uréia aumenta, isso faz com que

eleve o gradiente de concentração para subseqüente reabsorção de água e

concentração urinária pelos tubos coletores. Assim quando ocorre a desidratação

pode ocorrer redução desproporcional ao fluxo tubular em comparação a TFG

(desequilíbrio glomerular) e, desse modo, resultar em aumento

desproporcionalmente maior de NUS do que aquele provocado apenas pela

diminuição de TFG. Portanto um aumento de NUS durante um quadro de

desidratação pode fazer com que o clínico subestime a TGF.

Segundo Feldman (2005), a septicemia originária do útero doente

freqüentemente é responsável pela enfermidade grave, apenas a remoção cirúrgica

permitirá a resolução do estado séptico do animal. Complicações associadas a

septicemia, toxemia e uremia são comuns. Segundo Kerr (2003), a creatinina assim

como a uréia é usada na investigação da doença renal, sua concentração não é

afetada pela dieta ou qualquer outro fator que afete o metabolismo hepático ou o

ciclo da uréia. Segundo DiBartola (2004) a creatinina não é metabolizada e é

excretada quase que inteiramente pela filtração glomerular dos rins, sua taxa de

excreção é relativamente constante no estado de equilíbrio e as concentrações

séricas de creatinina variam inversamente com a taxa de filtração glomerular.

Portanto, a determinação da depuração da taxa de creatinina fornece uma boa

estimativa de TFG. O útero doente pode levar a septicemia e esta pode levar a

insuficiência renal crônica ou aguda (IRC ou IRA) e ou a uremia. A uremia é a

síndrome clínica patológica descrita pelos autores Polzin et.al (2005), que

acompanha a insuficiência renal. Ela resulta da retenção de substâncias

normalmente removidas por rins saudáveis. O aporte de precursores de substâncias

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nitrogenadas por meio do alimento também contribui para os sinais de uremia, assim

como os distúrbios de homeostase hormonal e enzimática.

A glicemia foi dosada por se tratar de um paciente gravemente doente e

segundo Kerr (2003) podemos encontrar paciente neste estado com hipoglicemia.

A dosagem de potássio foi requerida por se tratar de uma paciente que

apresentava vômito (hipocalemia) e segundo Kerr (2003), a causa de uma

hipercalemia significante é quase sempre relacionada com a incapacidade dos rins

de excretar o potássio.

E mesmo não sendo requerida, a urinálise se mostra muito eficiente quanto a

resultados, auxiliando em fechar diagnóstico de infecção de útero e outras patologias

que podem estar associadas. A urinálise pode revelar isostenúria causada por

redução da capacidade de concentração e uma proteinúria causada por danos

glomerulares por imunocomplexos ou nefropatias pré-existentes (GRAVES, 2008).

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4 HIPOADRENOCORTICISMO IATROGÊNICO

4.1REVISÂO BIBLIOGRÁFICA

Estrutura e Função

As glândulas adrenais dos mamíferos consistem de duas partes distintas que

diferem não apenas na morfologia e na função, mas também na origem embrionária

(CARLTON e McGAVIN, 1998). As glândulas adrenais são órgãos endócrinos que

consistem em duas porções simétricas bilaterais e se localizam justapostas ao pólo

anterior dos rins. Cada glândula está dividida em duas entidades separadas, a

medular e o córtex, cada uma das quais produz diferentes tipos de hormônios

(CUNNINGHAM, 1999). O córtex adrenal tem origem na crista urogenital, em comum

com os diversos órgãos urinários e genitais; assim sua origem é mesodérmica. A

medula adrenal tem origem na crista neural e, portanto sua origem é ectodérmica

(JONES et al, 2000). Como se pode ver estes tecidos têm diferentes origens

embrionárias e por isso produzem diferentes tipos de hormônios. A medular provem

do neuroectoderma e produz aminas tais como a noradrenalina e a adrenalina. O

córtex provém de epitélio celômico mesodérmico e produz hormônios esteróides tais

como o cortisol, a corticosterona, os esteróides sexuais e a aldosterona

(CUNNINGHAM, 1999). Um córtex adrenal está funcional é essencial para a vida,

enquanto a medula adrenal, não.

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O córtex adrenal de cães normais é firme, amarelo e tem espessura

aproximadamente uniforme. A medular é macia e marrom e cercada pelo córtex. Em

cães normais, o quociente cortical/medular é 2:1 (CARLTON e McGAVIN, 1998).

O córtex adrenal esta dividido em três zonas, que são responsáveis pela

secreção de hormônios diferentes.

• Zona glomerular: externa se compõe

de grupos de células com pequena quantidade de citoplasma e núcleos

escuros centrais. Secretam mineralocorticóides.

• Zona Fasciculada: composta de

cordões de células maiores e citoplasma mais abundante e repleto de

lipídeos, o que dá à célula um aspecto vacuolizado. Secretam

glicocorticóides.

• Zona Reticular: localizada

internamente é composta de agregados de células que não possuem

vacúolos citoplasmáticos. Secretam andrógenos (JONES et al, 2000).

Os mineralocorticóides, produzidos pela zona glomerular, desempenham

importante função no equilíbrio hidroeletrolítico e, como resultado são importantes

na regulação da pressão sanguínea. O principal mineralocorticóide é a aldosterona.

Os glicocorticóides, produzidos pela zona fasciculada e reticular são importantes na

regulação de todos os aspectos do metabolismo, seja diretamente ou através de

interação com outros hormônios. O principal glicocorticóide é o cortisol

(CUNNINGHAM, 1999). Os andrógenos da zona reticular são produzidos tanto no

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macho como na fêmea. Sua função é idêntica aos andrógenos produzidos nos

testículos.

A medula adrenal é derivada embriologicamente da crista neural, e faz parte

do sistema cromafim. A medula adrenal se compõe de feocromócitos e algumas

células ganglionares. Os feocromócitos produzem as catecolaminas epinefrina

(adrenalina) ou norepinefrina (noradrenalina). Os dois tipos celulares funcionais são

diferenciados por características de seus grânulos secretórios. Os dois hormônios

têm efeitos na manutenção ou elevação da pressão sanguínea. Em quantidades

excessivas estes dois hormônios produzem hipertensão paroxística (JONES et al,

2000).

Introdução

A função cortical adrenal é controlada pelos níveis séricos de cortisol.

As síndromes primárias que afetam o córtex da adrenal são o

hipoadrenocorticismo (Síndrome de Addison) e hiperadrenocorticismo (Síndrome de

Cushing) (MEYER et al, 1995).

Síndrome de Addison

O hipoadrenocorticismo é uma endocrinopatia caracterizada pela deficiência

de secreção de glicocorticóides e/ou mineralocorticóides a partir do córtex adrenal.

O hipoadrenocorticismo espontâneo é incomum nos cães e raro nos gatos

(KINTZER e PETERSON, 2008).

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Etiologia

O prejuízo da função adrenal leva a produção adrenal deficiente de

mineralocorticóides e/ou glicocorticóides. A hipofunção adrenocortical geralmente se

deve a destruição dos córtices adrenais, referindo como insuficiência adrenocortical

primária (Doença de Addison), ou a secreção hipofisária deficiente do hormônio

adrenocorticotrófico (ACTH), referido como insuficiência adrenocortical secundária

(REUSCH, 2004). As causas potenciais da doença de Addison incluem: idiopática

(pode ser imunomediada), iatrogênica (terapias com mitotano, concentrações

normais de mineralocorticóides e deficiência transitória de glicocorticóides -

semanas a meses), pode ocorrer uma doença de Addison iatrogênica permanente,

adrenalite granulomatosa fúngica, neoplasia, hemorragia. E no hipodrenocorticismo

secundário as causas mais importantes são: interrupção abrupta de administração

de glicocorticóides em longo prazo ou em doses altas, lesões hipotalâmicas ou

hipofisárias, deficiência de ACTH idiopática (KINTZER e PETERSON, 2008).

E assim podendo também ocorrer o hipoadrenocorticismo iatrogênico

primário ou secundário. Respectivamente temos as causas do iatrogênico primário:

utilização excessiva de mitotano (afeta a produção de glicocorticóides),

adrenalectomia; e o secundário causado por: interrupção brusca de terapia com

corticóides que resulta na atrofia da adrenal (BUSH, 2004).

Fisiopatologia

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O córtex adrenal consiste em duas unidades funcionais separadas: a zona

glomerulosa e as duas zonas mais internas. Essas duas regiões internas diferem no

que diz respeito à regulação e aos produtos secretores por causa de diferentes

composições enzimáticas.

• Glicocorticóides: A síntese e liberação

é controlada pelo hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). A secreção de

ACTH é controlada pelo hipotálamo e por vias neurotransmissoras que

regulam a liberação de hormônio liberador de corticotropina (CRH). Os

glicocorticóides agem praticamente por todo organismo desde o período de

jejum com o aumento da gliconeogênese até a manutenção de atividades

vascular e equilíbrio hídrico e eletrolítico. Mas por outro lado a deficiência do

mesmo pode causar letargia, fraqueza intolerância ao estresse, alguns

sintomas gastrointestinais, como anorexia, vômito e dor abdominal e taxa

reduzida da filtração glomerular e incapacidade de secretar a carga hídrica,

devido a secreção aumentada do hormônio antidiurético (ADH), pode ocorrer

colapso vascular devido a hipovolemia.

• Mineralocorticóides: A aldosterona é

controlada pelo sistema renina-angioensina, qualquer redução no volume do

fluido extravascular (FCE) leva ao aumento na secreção de renina e ativa o

sistema. O sódio plasmático só aumenta a secreção de aldosterona quando

as concentrações são extremamente baixas, e outro importante estímulo

direto para o débito da aldosterona é o aumento do potássio plasmático. A

aldosterona tem ação sobre a manutenção de concentrações normais de

sódio e potássio e do volume do FCE. Os tecidos-alvo são rins, o cólon e as

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glândulas salivares, nos quais o sódio fica retido na troca pelo potássio e pelo

hidrogênio. A sua deficiência resulta na perda de sódio, de cloreto e de

acúmulo da água e no acúmulo de potássio e de hidrogênio. Assim a

hipovolemia estimula a liberação de ACTH que aumenta a hiponatremia. O

débito cardíaco (DC) diminui, resultando na baixa perfusão tissular e a taxa

de filtração glomerular (TFG) diminuída o que leva a azotemia pré-renal.

Densidade urinária diminuída devido a hipovolemia e incapacidade de

concentração urinária. Pode ocorrer acidose metabólica. Ocorre a

hipocalemia em conseqüência a fraqueza muscular generalizada e ainda

fibrilação ventricular e parada cardíaca podem ocorrer eventualmente

(REUSCH, 2004).

Epidemiologia

Trata-se de uma doença rara, com incidência de 0,36 casos em 1.000 cães

por ano e prevalência de cerca de 1,8 casos em 1.000 cães (REUSCH, 2004). A

sindrome de Addison é mais diagnosticada em fêmeas caninas jovens e

geralmente sua causa é imunomediada (THRALL et al, 2007).

Diagnóstico

Os sinais clínicos do hipoadrenocorticismo podem ocorrer de forma aguda

como uma crise addisoniana com choque e desenvolvimento de insuficiência

renal aguda (BUSH, 2004), fraqueza, depressão, TPC lento, pulso fraco,

bradicardia, hipotermia, arritmias cardíacas (KINTZER e PETERSON, 2008). Nos

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casos crônicos são observados, anorexia, vômito, depressão, fraqueza muscular,

desidratação, palidez, hipotermia periférica (KERR, 2003), diarréia, perda de

peso e desconforto abdominal podem ocorrer. Em casos de deficiência de

mineralocorticóides associadas, esses sintomas podem ser mais intensos e

cursar com tremores musculares, poliúria e polidipsia, resultantes da perda

excessiva de sódio, esses sintomas podem se manifestar apenas durante

episódios de estresse (BUSH, 2004). O achado de hipocloremia (THRALL et al,

2007),hiponatremia e hipercalemia marcantes na ausência de uma disfunção

renal grave são virtualmente patognomônicos da uma doença de Addison

(KERR, 2003).

Achados de anamnese e exame físico estão relacionados a hemograma,

perfil bioquímicos, urinálise, ultrassonografia, radiologia, eletrocardiograma e

dosagem de glicemia além do teste de estimulação de ACTH. Assim

respectivamente teremos no hemograma: anemia não regenerativa (normocítica

normocrômica) embora mascarada pela desidratação intensa, eosinofilia

absoluta ou relativa, leucocitose e neutropenia (BUSH, 2004; NELSON e

COUTO, 2001) e linfocitose (THRALL et al, 2007). Podem ocorrer aumento

hematócrito e de valor de proteínas plasmáticas totais (KINTZER e PETERSON,

2008).

No perfil bioquímico são observados aumentos de médios a moderados nas

atividades de ALT e AST (aspartato aminotransferase) esses podem ser

possíveis devido ao débito cardíaco baixo e má perfusão tissular, FA e bilirrubina

podem estar associados a colestase e a deficiência de glicocorticóides e acidose

metabólica de média a moderada (REUSCH, 2004). Outras anormalidades

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clinicopatológicas podem ser observadas: hipercalemia, hiponatremia,

hipocloremia, azotemia pré renal (uréia e creatinina aumentados) e

hiperfosfatemia (NELSON e COUTO, 2001; REUSCH, 2004). A urinálise revela

de isostenúria até hiperestenúria (NELSON e COUTO, 2001) e segundo Reusch

(2004) alguns cães demonstraram densidade urinária menor que 1.030. A

densidade urinária é baixa devido ao distúrbio medular renal e ao menor fluxo

sanguíneo medular (THRALL et al, 2007). Com relação à dosagem de glicemia,

pode haver hipoglicemia em ¹/3 dos casos primários e ²/3 dos casos secundários

a doença, embora alguns casos primários possam desenvolver hiperglicemia

(BUSH, 2004).

Outra forma de diagnosticar o hipoadrenocorticismo é através de

ultrassonografia a qual revela redução significativa no comprimento e na

espessura das adrenais, se comparados com animais saudáveis (REUSCH,

2004). As adrenais normais são achatadas, bilobadas e localizam-se

craniomedialmente aos rins. São hipoecogênicas, ocasionalmente podem-se

diferenciar a região cortical e medular da glândula. Formato e tamanho são

variados conforme a raça do animal, podendo ter aspecto arredondado, oval,

triangular, bipartido e ainda formato de vírgula ou amendoim. Podem medir de

10,7 a 50,2mm de comprimento, 1,9 a 12,4mm de largura e de 3 a 5mm de altura

(CARVALHO, 2004). Os exames radiográficos demonstram diminuição da

silhueta cardíaca (BUSH, 2004) e alterações eletrocardiográficas típicas do

aumento da concentração do potássio plasmático como: alargamento e

achatamento da onda P, aumento da duração de intervalos de P-R diminuição

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dos complexos QRS, diminuição ou desaparecimento de onda P (BUSH, 2004;

KINTZER e PETERSON, 2008).

Alguns testes laboratoriais específicos podem auxiliar no diagnóstico da

doença de Addison, como o teste de concentração de cortisol basal. Este exame

tem baixa aplicabilidade pois valores abaixo dos limites de referência são

observados em apenas ¹/3 a 50% dos casos de animais com

hipoadrenocorticismo. O teste de estimulação com o ACTH é mensurado no

plasma nas amostras colhidas, mas este teste é incapaz de distinguir casos

primários de secundários no cão, deverá ser colhida uma amostra antes da

aplicação de ACTH e outra amostra depois de 4hora da administração por via

endoflébica na dose de 0,25mg/animal de ACTH sintético. Os resultados do teste

pré-ACTH para o cortisol podem estar no limite inferior do valor de referência e

os valores pós-ACTH não podem atingir (6µg/dL) pelo método de RIE e 12µg/dL

pelo método fluorimétrico, o qual seria facilmente excedido em pacientes normais

(BUSH, 2004). Segundo Reusch o teste de ACTH pode ser realizado de duas

formas: (1) aplicação endovenosa da ACTH na dose de 0,25 g/animal ou (2) na

dose de 2,2UI/kg de ACTH gel intramuscular. Na primeira forma é colhida uma

amostra antes da administração e uma segunda amostra é colhida após uma

hora, na segunda uma amostra é colhida antes da administração e outra amostra

duas horas após a aplicação. O animal deverá estar hidratado, pois um paciente

debilitado pode retardar a absorção de ACTH gel. Ou deverá ser administrado

por via endovenosa ou esperar a re-hidratação do animal (REUSCH, 2004;

KINTZER e PETERSON, 2008). O teste pode ser realizado durante uma fase da

crise adrenal aguda ou após horas de terapia, caso seja necessário a aplicação

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de glicocorticóides deverá ser dada a preferência ao fosfato sódico de

dexametasona o qual não provoca nenhuma interferência no teste de cortisol

(REUSCH, 2004; THRALL et al, 2007).

A mensuração da concentração sérica do ACTH é capaz de auxiliar a

distinção de casos primários de hipoadrenocorticismo de casos secundários, mas

infelizmente estes ensaios não estão sempre disponíveis (BUSH, 2004; THRALL

et al, 2007). A amostra deve ser coletada em um tubo que tenha EDTA,

centrifugada em ate 1hora após a coleta e armazenada em tubo plático antes da

administração de qualquer corticosteróide. A resposta do hipoadrenocorticismo

primário é uma concentração de cortisol basal ou não detectável e o mesmo

ocorre com o teor de cortisol após a administração de ACTH. Nota-se marcante

aumento na concentração plasmática de ACTH endógeno em paciente com

hipoadreno primário em conseqüência da falha do feedback negativo a pituitária

causada pela diminuição da concentração sérica de cortisol. Em

hipoadrenocorticismo secundário, causado pela deficiência de liberação de

ACTH pela pituitária, o teor de ACTH endógeno está diminuído (<20pg/ml). A

resposta ao ACTH exógeno mostra-se menor, mas não tão intensamente quanto

no hipoadreno primário. A concentração de cortisol basal bem como aquela de

cortisol obtida após a administração de ACTH, pode estar na faixa de variação

normal (THRALL et al, 2007).

Tratamento

O hipoadrenocorticismo iatrogênico exige reposição vitalícia de

glicocorticóides e mineralocorticóides e algumas vezes, adição de sal a dieta.

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O hipoadrenocorticismo secundário requer somente a suplementação de

glicocorticóides.

O hipoadrenocorticismo crônico geralmente não requer terapia agressiva; no

entanto, em alguns casos podem-se iniciar com fluidoterapia, glicocorticóides e

mineralocorticóides parenterais e terapia com cloreto de sódio (KINTZER e

PETERSON, 2008).

Prognóstico

O prognóstico de cães com insuficiência adrenal normalmente é excelente.

Para a determinação da resposta ao tratamento a longo prazo, o fator principal é a

educação do proprietário. Se houver a boa comunicação entre proprietário e

veterinário, reavaliações freqüentes são realizadas e os proprietários estão

conscientes de realizar o tratamento, cães com insuficiência adrenal podem ter uma

expectativa de vida normal (NELSON e COUTO, 2001).

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4.2 RELATO DE CASO

Foi atendida no HVE, uma cadela da raça Beagle, de 7 anos de idade,

pesando 17,2 kg apresentando, anorexia e apatia. Ao exame físico observou-se

temperatura retal de 38,80C, mucosas normocoradas, sensibilidade abdominal a

palpação e distensão evidente. Não foi observada alteração na auscultação

cardiopulmonar. O proprietário relatou durante a anamnese que a paciente é

castrada e que anteriormente havia passado por outro colega veterinário. O mesmo

suspeitando de hiperadrenocorticismo solicitou uma ultrassonografia abdominal, na

qual percebeu um pequeno aumento de uma das adrenais. Foi solicitado realização

do teste de supressão com dexamatasona, mas nada foi confirmado para

hiperadrenocorticismo, mesmo assim foi prescrito para a paciente uma terapia com

mitotano. E desde então a paciente apresenta alterações em seu comportamento.

Também relatou durante a anamnese a excessiva ingestão de água,

(Polidipsia-PD) e a pouca micção (oligúria).

Buscando investigar o hiperadrenocorticismo foi solicitado ao proprietário

uma nova ultrassonografia e exames de triagem (hemograma, ALT, FA, creatinina e

uma nova dosagem de cortisol). Ao exame ultrassonográfico não foi verificado

nenhum aumento de glândulas adrenais. Ao hemograma foi observado: hematócrito

62,3%, hemoglobina 19,8g/dl, leucocitose e eosinofilia (QUADRO 04). Os exames

bioquímicos se revelaram alterados em relação à ALT e FA (QUADRO 03). O teste

de supressão com dexametasona revelou que se tratava de um

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hipoadrenocroticismo com o resultado de 0,02mg/dL (valores de referencia 0.5

a1,5mg/dL).

QUADRO 03- RESULTADOS DOS EXAMES BIOQUÍMICOS E ALTERAÇÕES

OBSERVADAS NA PACIENTE BEAGLE.

EXAME SOLICITADO

RESULTADOS VALORES DE REFERENCIA

CREATININA 1.27 mg/dl 1.8 mg/dl ALT 79U/l <74 U/l FA 256 <108 FONTE: Lab HVE

QUADRO 04- ALTERAÇÕES OBSERVADAS NO HEMOGRAMA

ALTERAÇÕES RESULTADOS VALORES DE

REFERÊNCIA

HEMATÓCRITO 62,3% 37 a 54%

HEMOGLOBINA 19,8 g/dl 12 a 18g/dl

LEUCÓCITOS TOTAIS 16,7X106/ml 6.000 a 15.000

NEUTRÓFILOS

SEGMENTADOS

8.684/µL 3.000 a 11.000

EOSINÓFILOS 3.841/µL 0 a 750

Fonte: LabHVE

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5.2.1 Tratamento

Foi indicado o internamento da paciente no dia da consulta, mas os

proprietários optaram por observar em casa. A paciente retornou ao hospital após

três dias da consulta. Apresentava anorexia e vômitos. Recebeu terapia de

manutenção NaCl a 0,9% e medicamentos para controlar vômitos: Cloridrato de

Ranitidina na dose de 1mg/kg (TID) e Cloridrato de Ondansetrona na dose de

1mg/kg (TID).

A paciente recebeu alta após dois dias.

Após três dias da alta retornou ao hospital com o mesmo quadro clínico, e

novamente recebeu terapia de manutenção e medicamentos antieméticos, desta vez

foi incluído ao tratamento a predinisona na dose inicial de 2mg/kg/dia e após redução

da dose até uma dose de manutenção de 0,2mg/kg/dia.

A paciente teve uma boa resposta com o uso do corticóide e recebeu alta no

dia seguinte.

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4.3 DISCUSSÃO

A paciente foi tratada inicialmente com mitotano, buscando se tratar o

hiperadrenocorticismo. Segundo Bush (2004), esse medicamento é empregado no

tratamento de síndrome de Cushing espontânea (hiperadrenocorticismo). Em casos

da administração de doses excessivas, haverá a destruição do córtex da adrenal,

diminuição da produção de cortisol e desenvolvimento de sintomas de

hipoadrenocorticismo.

A ultrassonografia revela a estrutura das adrenais, segundo Reusch (2004)

quando se trata de uma paciente com hipoadrenocorticismo podemos ver redução

significativa no comprimento e na espessura das adrenais, se comparados com

animais saudáveis.

Os exames laboratoriais podem nos dar um perfil do que ocorre com o

animal, segundo alguns autores podemos encontrar um hemograma com anemia

não regenerativa (normocítica normocrômica) embora mascarada pela desidratação

intensa, eosinofilia absoluta ou relativa, leucocitose e neutropenia segundo Bush,

(2004), Nelson e Couto (2001) e linfocitose, segundo Thrall et al, (2007) podem

ocorrer hematócrito e proteínas plasmáticas totais aumentados, (KINTZER e

PETERSON, 2008).

Segundo Thrall et al (2007) a linfocitose e a eosinofilia são decorrentes de

um grave estresse metabólico. A desidratação é decorrente do quadro de anorexia e

vômitos apresentados pela paciente. A polidipsia relatada pelo proprietário pode ser

compensatória, apesar de polidipsia ser um sinal raro segundo Nelson e Couto

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(2001), pode ocorrer azotemia em virtude da redução da perfusão renal e diminuição

na taxa de filtração glomerular. Mas só foi realizado o exame de creatinina, o qual se

mostrou normal, já no perfil hepático mostrou elevado quanto às enzimas ALT e FA.

Segundo Reusch (2004) o aumento da ALT pode ser em virtude de um débito

cardíaco baixo ou má perfusão tissular. O aumento de FA pode ser em virtude de

uma colestase associada com deficiência de glicocorticóides.

A urinálise não foi realizada, mas seria de grande valia segundo Thrall et al,

(2007), pois a densidade pode estar baixa devido ao distúrbio medular renal e ao

menor fluxo sanguíneo medular.

É importante a dosagem hormonal para confirmar presença ou ausência de

doença adrenal e para diferenciar hipoadrenocorticismo de insuficiência renal,

segundo Thrall et al, (2007).

O teste de supressão de dexametasona tem grande valia para a confirmação

de hipoadrenocorticismo.

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5 CONCLUSÃO

Durante o período de estágio curricular supervisionado, pode-se avaliar boa

parte dos conhecimentos adquiridos durante o período de graduação e de outras

oportunidades de estágios. E bem como poder aplicar os conhecimentos teóricos na

prática.

De modo geral, pode-se afirmar que o estágio foi bem aproveitado, tendo

seus objetivos preenchidos satisfatoriamente.

O estágio obrigatório dá noção ao estudante de como será sua vida pós a

graduação, e que se faz necessária a constante atualização.

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