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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA FACULDADE DE CIENCIAS AGRARIAS CURSO DE MEDICINA VETERINARIA TRABALHO DE CONCLUsAo DE CURSO CURITIBA 2003 MV302 CO"~JJ.,11\

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAFACULDADE DE CIENCIAS AGRARIASCURSO DE MEDICINA VETERINARIA

TRABALHO DE CONCLUsAo DE CURSO

CURITIBA2003

MV302CO"~JJ.,11\

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CLEVERSON ROBERTO XAVIER KOSTER

TRABALHO DE CONCLUsAo DE CURSO

Trabalho de Conclusao deCursa apresentado aD Cursade Medicina Veterinaria daUniversidade Tuiut; doParana, como requisitoparcial para a obten~o dotitulo de Medico Veterinario.Orientador: Prof. Bronze

CURITIBA2003

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AGRADECIMENTOS

Agrade<;o a todos as funcion;irios do setor de Vigilancia Sanitaria de Campo

Largo, que me apoiaram e ensinaram como desenvolver 0 serviyo em Vigilancia

como um todo.

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SUMARIO

DESCRI<;AO DAS ATIVIDADES E LOCAL DE TRABALHO ....

INTRODUC;AO .

VIGILANCIA SANITARIA DE CAMPO LARGO .

05

05

06

08

08

09

10

10

11

12

13

13

14

15

15

16

17

18

19

19

20

22

23

23

24

24

25

5.1

5.2

5.2.1

5.2.2

FLUXOGRAMA .

SURTO ALiMENTAR. .

ASPECTOS EPIDEMIOLOGICOS .

DlAGNOSTICO ..

DIAGNOSTICO CLiNICQMEPIDEMIOLOGICO

DIAGNOSTICO LABORATORIAL. ..

AGENTE ETJOLOGICOS ...

STAPHYLOCOCCUS AUREUS

EPIOEMIOLOGIA

IMPORTANCIA CLiNICA ...

COLETA DE TRANS PORTE E ARMAZENAMENTO.

6.1

6.1.2

6.1.3

6.1.4

6.1.5

6.1.6

6.1.7

6.1.8

6.1.9

6.1.9.1

6.1.9.2

6.2

6.2.1

6.2.2

6.2.3

CULTIVO

MORFOLOGIA DAS COLON lAS ••

IDENTIFICA<;AO .

ANTIBIOGRAMA .

RESISTENCIA AOS ANTIMICROBIANOS

MECANISMO DE A<;AO .

MECANISMO DE RESISTENCIA ..

SALMONELOSES

EPIDEMIOLOGIA .....

MANIFESTA<;AO CLiNICA

BACTERIEMIAS E SEPTICEMIAS ...

CONCLUSAO.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS.

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1 - DESCRI9Ao DAS ATIVIDADES LOCAL DE TRABALHO

Meu estagio foi realizado na Vigil~ncia Sanitaria do municipio de Campo

Largo do dia 09/01/2003 ale 0610512003, das 13:00 as 17:00, perfazendo as 320

haras, Fiquei sob a Orientac;ao do professor Percy Glaser Junior, e minhas

atividades desenvolvidas foram:

a) inspecyoes em estabeiecimentos que comercializam ou produzem alimentos de

origem animal:

b} atendimento a denuncias da popula9~o, sabre alimentos deteriorados, com prazo

de validade expirados a/ou em mau astado de conservayao;

c) fiscalizac;ao de abatedouros e atendimento a denuncias de abate clandestino;

d) ministrar palestras em escolas sobre higiene, zoonoses, etc.,

e} controle de zoonoses, como controle populacional de caes na cidade;

f) manutencao de cadastro de estabelecimentos que comercializam produtos de

ori,gem alimentar;

g) contrale de estabelecirnentos que necessitam de urn responsavel tecnico;

h) investiga980 de surtos alimentares ocorridos no municipio. Foi detectada a

ocorrencia de um surto no dia 18/03/2003

A seguir uma introduyao sabre a Vigilfmcia Sanitaria Municipal e seus

pracedimentos

2- INTRODU9AO

A partir da decada de oitenta, acrescente participa9ao popular e de entidades

representativas de diversos segmentos da sociedade no processo, politico,

moldaram a concep~o vigente da Vigilancia Sanitaria, integrando conforme preceito

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constitucional, 0 complexo de atividades concebidas para que 0 estado cumpra 0

papel de guardiao dos direitos do consumidor e provedor das condi<;6es de saude da

popula<;fjo.

A Vigilancia Sanitaria tem como missao proteger e prom over a saude da

popula,ao, garantindo a seguranya sanitaria de prndutos e servi,os, participando da

constru~o de seu aces so.

Nesta area existe a possibilidade de eu atuar de uma maneira ampla, pais e a

area que mais cresce, e que possui um maior espago de atuayEio do medico

veterinario. A Area de Vigil~mcia tern uma grande importflncia nos dias de hoje. pais

previne uma serie de enfermidades relacionadas a alimentos, promovendo uma

melhor saude da popula<;fjo

3 - VIGILANCIA SANITARIA DE CAMPO LARGO

o Setor de Vigilancia Sanitaria esta vinculado a Secretaria Municipal de

Saude do municfpio e em outubro de 1990 participou do processo de

municipalizac;£lo, passando a ser 6rgao sub-setorizado e contando com profissionais

especializados como: tecnicos em vigilancia sanitaria e saude ambiental,

veterinarios, engenheiro sanitarista, engenheiro de seguranya do trabalho e

farmaceutico-bioquimico.

A Vigil~mcia Sanitaria Municipal e dividida em 05 sub-setores

1) Administrativo: composto por auxiliar administrativo e motorista

2) Alimentos e zoonoses: composta par medicos veterinarios e tecnicos em

vigilancia sanitaria e sauda ambiental;

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3) Produtos e servi90s: composta por farmaceutieo-bioqufmico e tecnicos em

vigilancia sanitaria e saude ambiental;

4) Saneamento basieo: composta por engenheiro civil e teenieos em vigilaneia

sanitaria e saude ambiental;

5) Saude do trabalhador: composta por engenheiro de seguranc;a do trabalho e

tecnieos em vigilancia sanitaria e saude ambienta!.

Atualmente 0 Setor de Alimentos e eomposto por 02 medicos veterinarios e 03

tecnicos em vigilaneia sanitaria e saude ambienta!. A este sub-setor compete:

a)programayao e supervisao e avalia980 das a90es de controle sanitaria de

alimentos:

b)inspe9ao sanitaria em estabelecimentos alimentares e veiculos de transporte

de alimentos;

c)colheita de amostras e interpretac;ljo de laudos de analises laboratoriais de

alimentos;

d)manuten930 e realiza980 de cadastros de estabelecimentos alimentares:

e}concessao e/ou revalidayao da licen.ya sanitaria para estabelecimentos

alimentares;

f)investiga98o epidemiol6gica de casas e/ou surtos de doen~s veiculadas par

alimentos;

g)controle de exercicio da responsabilidade tecnica dos profissionais de

estabelecimentos alimentares;

h)coordena9aO, supervisao e eXeCU9<30 da inspeyao higi?mico-sanitaria e

industrial de produtos de origem animal;

i)registro de produtos alimentfcios de origem animal, vegetal e mista;

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j)desempenho de outras atividades correlatas:

k)visitas a escolas e creches em acompanhamento a Comissao de Merenda

Escolar;

I) Acompanhamente em visitas com a Secretaria de Turismo a empreendimentos

que fazem parte do Turismo Rural no municipio.

4 - FLUXOGRAMA

Vigilanc:ia Sanitaria

5 - SURTO ALiMENTAR

Surto: e urn epis6dio no qual dois ou mais casos da me sma doenga possui

uma rela<;8.o entre Sl. Excegao se faz para urn unico caso, quando a suspeita trata-se

de uma doenya de alta gravidade, como par exemplo, 0 butulismo.

Surlo de DTA (Doenc;as Transmitidas por Alimentos): episodio no qual duas

eu mais pessoas apresentam uma enfermidade semelhante, depois de ingerir

alimentos, inclusive a agua, da me sma origem e onde a evidencia epidemiol6gica ou

a analise de laborat6rio implica aos alimentos e/ou a agua como veiculo da mesma

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5.1 - ASPECTOS EPIDEMIOLOGICOS

o perfil epidemiol6gico das doen<;as transmitidas por alimentos no Brasil

ainda e pouco conhecido, somente alguns estados e/au munidpios dispoem de

estaHsticas e dados sabre as agentes etiol6gicos mais comuns, alimentos mais

frequentemente implicados, popular;ao de maior risco e fatores contribuintes.

Distribui98.0 geografica: e universal, a incidencia varia de acordo com diversos

aspectos: educa~o> condi96,es s6cio-econOmicas. de saneamento, fatores

ambientais e culturais, dentre Qutros.

Morbidade. mortalidade e letalidade: presume-se alta morbi dade, entretanto como

poucas DTA estao incluidas no Sistema Nacional de Vigilancia Epidemiol6gica, nao

S6 conhece sua magnitude e pela infonna~o disponivel de a mortalidade e a

letalidade sao baixas, dependendo das condi90es do paciente, do agente etiol69ico

envoi vi do e do acesso aDs servi90s de saude. Ressalta-se sua importfmcia no grupo

etario de menores de 5 anos, em decorremcia da elevada mortalidade par diarreia

nesse grupo, como tambem, nos imunodeprimidos e idosos.

Modo de transmissaa: pela ingestaa de alimentos contaminados.

Modo de contaminay8o: a contaminacao pode ocorrer em toda a cadeia alimentar

desde a produ~o primaria ate 0 consumo (plantio, aguayao, manuseio, transporte,

cozimento, acondicionamento, etc). Os alimentos de origem animal e os preparados

para consumo coletivo, destacamMse como as maiores respons8veis por surtos.

Periodo de incubayao: varia conforme 0 agente etiologica, podendo ser de fra<;oes

de hora a meses.

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Suscetibilidade e resistencia: a suscetibilidade e gera!. Certos grupos como crianyas,

idosos, imunodeprimidos (individuos com AIDS, neoplasias, transplantados),

pessoas com acloridria. t~m suscetibilidade aumentada. De modo geral, as DTA nao

conferem imunidade duradoura.

Agentes etiol6gi005 mais comuns: dados disponiveis de surtos apontam como

agentes mais frequentes as de origem baetariana e dentre eles, Salmonella sp,

Escherichia coli. Staphylococcus aureus, Shigella sp. Bacillus cereus e Clostridium

perfringens.

5.2 -DtAGNOSTICO

5.2.1 ~Diagn6stico clinico-epidemioI6gico:

Durante a investigagao cHnico-epidemiol6gica de urn paciente com DTA eimportante valorizar dados sabre:

habitos alimentares,

consumo de alimentos suspeitos ou refei90es incriminaveis,

tempo de doent;a clinica.

existemcia de Qutros familiares ou comensais com a mesma sintomatologia

A integra<,;ao continua entre as componentes da equipe envolvida na investiga<,(flo

do surto. contribui de forma importante para a elucidayao diagnostica a partir da

troca de informa<,;oes. A fim de facilit.ar a raciocinio clfnico para 0 diagnostico

etiologico provBvel nas DTA, e comum estuda-Ias agrupanda-as a partir da

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observa~o de sinais e sintomas (sindromes clinicas) que surgem mais

precocemente ou sao predominantes e, principalmente, do periodo de incuba~o.

5.2.2 - Diagn6stico laboratorial:

o diagnostico de agentes de DTA e a elucidayao de surtos. dependem tanto das

atividades analiticas relacionadas a bromatologia, como a biologia medica,

contribuindo com a avaliayao epidemiol6gica, cuja preocupayao S8 fundamenta em

caracterizar as perigos presentes nos alimentos e respectivos riseas, alem do

diagnostico dos agravos a saude da populagao. As determinagOes analiticas do

exame laboratorial deverao ser conduzidas de acordo com 0 motivo ou finalidade da

coleta da amostra. As analises para fins de avaliayao do padrao de identidade e

qualidade, devem ser conduzidas de acordo com as requisitos legais, qualitativos e

quantitativos. As determina<;oes analiticas relacionadas com as DTA nao estao

necessariamente associadas aos aspectos legais. Os agentes de DTA podem n~o

estar indicados nos padroes legais (par ex: Yersinia enterocolitica, Vibrio cholerae,

Campylobaeter sPP.Aeromonas spp. Plesiomonas spp, Shigella spp, virus entericos.

parasitos, toxinas bioI6gicas). Mesmo que alguns agentes estejam dentro dos

valores indicados nos pad roes legais, as limites estabelecidos nao sao suficientes

para diagnosticar surtos de D.T.A (Clostridium perfringens tipo A. Staphylococcus

aureus. Bacillus cereus. Salmonella spp. Vibrio parahaemolyticus). Portanto a

caracterizayao de um surto estara tamoom na dependencia de outros fatores como

criterios clinicos e epidemiol6gicos (Quadro 3).

Na interpreta~o dos resultados laboratoriais obtidos devem ser considerados as

procedimentos de coleta da amastra, acondicionamento e transporte:

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a. Alguns agentes sao inativados pela exposi<;lioao frio/congelamento, como e 0

caso do Vibrio parahaemolyticus e de celulas vegetativas de Clostridium

perfringens. enquanto Quiros sao inativados quando mantidos em

temperaturas superiores a 300C, como acontece com a toxina botulinica, que

e inativada a 80" C durante 15 minutos.

b. Mesma quando respeitados as procedimentos adequadas de coleta de

amostras, pode se obler resultados negativos, pela distribuic;:aonao uniforme

do agente na amostra analisada.

c. No casa de naD confirmac;:~o laboratorial, Qutros dados observados em urn

surto, como sintomas, devem ser avaliados pelo grupo de investigavao, com

as consideraC;Oes possfveis da causa do nao isolamento a partir das amostras

biol6gicas como usa de antibioticoterapia, inativac;ao do agente par

conservac;ao e/ou transporte inadequada da amostra ou naD utilizac;.ao de

metodologia especifica para seu isolamento.!

Em investiga9ao ao surto alimentar ocorrido em 18/03/2003 na Vigil,mcia

Sanitaria Municipal, ap6s tornados todos os procedirnentos como inquerito coletivo,

coleta de amostra (a qual 0 produto foi encaminhado para 0 Laboratorio Central do

Estado), taxa de ataque. Apes estes procedirnentos suspeitamos que 0 surto ocorreu

por contarnina9:f1o cruzada dos produtos queijo frescal e salame frescal, confirrnada

esta suspeita atraves de laude Laboratorial que os produtos estavam contaminados

por Staphylococcus aureaus e Salmonella

6 - AGENTES ETtOLOGICOS

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6.1 - STAPHYLOCOCCUS AUREUS

Staphylococclls aureus e urna bacteria que S8 apresenta em forma de cocos

Gram-positivos e produz urn ample espectro de doeny8s desde lesoes superficiais

ate severas infec96es sistemicas, no hom em e outros animais. E urn importante

patogeno nosocomial, sendo descrito como agente etiologico significativo em

infecc;6es hospitalares, adquiridas desde 1950; e tambem 0 mais frequente

microrganismo associado as mastites caprina e bovina (Figura 1). A patogenese de

S. aureus e devida a fatores de virulemcia na forma de toxinas, enzimas e Qutras

proteinas associadas a parede celular, mediados par genes plasmidiais au

cromossomicos, que combinadas conduzem a doentya. S. aureus utiliza extensivas

estrategias para sobrepujar as defesas microambientais do hospedeiro infectado e

potencialmente colonizar os tecidos. Evidencias recentes sugerem que exotoxinas

envolvidas na sindrome do choque t6xico e intoxica¢es alimentares sa.o

superantfgenos, protefnas multifuncionais que invariavelmente exibem atividade

letal, pirogenicidade e a capacidade de induzir hipersensibilidade a endotoxinas.

6.1.1 - Epidemiologia

Apesar de estarem associ ados a variados tipos de infee<;oes, os

Staphylococcus spp. usual mente colonjzam a pele e as mucosas do carpo. Par isso.

as infec96es freqOentemente resultam da introdw;a.o dessas cepas em locais

previa mente estereis, ap6s urn trauma ou abrasao da pele au mucosas. Entretanto,

muitas vezes este trauma e minima e passa despercebido. Os Staphylococcus

tambem podem ser transmitidos de pessoa a pessoa. Uma vez transmitidos, estes

microorganismas padem se estabelecer como microbiota do organismo calonizado

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e, posteriormente, provocar infecyoes. Por Dutro lado, eles tambem podem ser

diretamente introduzidos em locais estereis pelos profissionais de saude, durante urn

procedimento cirurgico. Esta transmissao interpessoal e muito importante no

ambiente hospitalar, particularmente quando as cepas envolvidas forem

multirresistentes aos antibi6ticos.

6.1.2 - Importilncia Clinica

S8m sombra de duvidas 0 Staphylococcus aureus e a especie mais virulenta

dos Staphylococcus spp. Urna ampla gama de fatores contribui para essa virulencia.

Varias toxinas e enzimas mediam a invasao tecidual e a sobrevida no sitio da

infecc;ao. Muitas das infecyaes, mesma as superficiais, podem S8 tornar

polencialmenle falais se "ao Iraladas pronlamenle. Infec90es superficiais

localizadas como as foliculiles (infecI:<'ies do follculo piloso) podem se aprofundar e

S8 tornarem furunculos. Os carbunculos, infec<;6es mais gra ..•.es e profundas, podem

se originar da confluencia dos furLlnculos. No impetigo, infecc;ao da camada

epidermica da pele, ocorre a produ9Ao de ..•.eslculas que, apas se romperem, se

tornam lesoes cobertas par crostas de pus. Independente do local inicial da infecc;ao,

a natureza in ..•.asi ..•.a deste microorganismo colabora para a aprofundamento da

infecyao, bacteremia e distribui<;ao para urn ou mais orgaos. 0 S.aureus tam bern

produz toxinas que estao relacionadas com doenyas como a sfndrome da pele

escaldada e a sindrome do choque taxi co. Nestes casas, apesar de a

microorganismo poder estar relati ..•.amente localizado, a produc;ao de toxinas

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patentes pode causar efeitos sistemicos e devastadares. Tambsm produz toxinas

relacionadas a intoxicayao alimentar.

6.1.3 - Coleta, trans porte e arrnazenamento

Nenhum metoda ou precauyao especial e necessaria para amostras contendo

Staphylococcus spp. Estes microorganismos sao relativamente resistentes aD

ressecamento e a mudan98-s moderadas de temperatura.

6.1.4 . Cultivo

Os Staphylococcus spp. crescem bern nos meios n~o-seletivos como 0 agar

sangue de carneiro 5% e 0 agar chocolate. Tambem crescem bem em meios

liquidos nutrientes como os caldos tioglicolato e BHI. Nao crescem em MacConkey e

Teague. Tambsm crescem bern em meios seletivos como 0 agar Columbia com

colistina e acido nalidfxico e em meios alta mente seletivos como 0 agar manito 1-

salgado. Os meios devem ser incubados em ar ambiente ou em atmosfera rica em

C02 (preferencialmente). Ap6s 24 haras de incuba~o, 0 crescimento s visivel

quando 0 plantio s feito em meios na~ seletivos. 0 plantio em agar manito I-salgado

narmalmente necessita de 48 horas de incubac;Ao para ser examinado.

6.1.5 •Morfologia das col6nias

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Agar sangue de carneiro 5% - Apresentam colonias de tarnanho media a

grande quando comparado aos demais estafilococos. Sao levemente elevadas, com

o contorno liso, e, frequentemente produzem urn pigmento amarelo DUro (d81 0 nome

S.aureus) e sao beta-hemoliticas.

Agar manitol-salgado: Este meio contem altas concentra90es de sal (10%) que atua

como inibidor de Qutras bacterias, a 8gucar manitol e 0 indicador vermelho de fenol.

o S.aureus e capaz de creseer na presenc;a do sal e fermentar 0 manitol, produzindo

col6nias amareladas com urn halo amarelo. A leitura deve ser realizada apes pelo

menos 48 haras de incubayao.

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Caldo Tioglicolato: apresentam col6nias em forma de bolas puff (puff-bails) que

despencam dando a aparf:!ncia de nuvens e chuva.

6.1.6 - Identifica~ao

Os Staphylococcus aureus sao cocos Gram-positivQs, freqOentemente

arranjados aos cachos (tambem aos pares e tetrades). Sao catalase e coagulase

positiv~s. Apresentam col6nias com as caracteristicas descritas anteriormente. Sao

manitol e DNAs e positiv~s.

Morfologia ao Gram

Catalase - Positiva

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Coagulase em Lamina

1- Positiv~

2- Negativo

Coagulase em tuba - PositivQ

6.1.7 - Antibiograma

o tratamento com antibi6ticos e vital no manejo dos pacientes porta dares de

infec.yoes causadas pelo S.aureus. Apesar de uma ampla 9ama de agentes poderern

ser usados, a maiaria dos Staphylococcus spp. sao capazes de adquirir mecanismos

de resist~ncia a muitas drogas atualmente disponfveis. A natureza imprevisivel da

sensibilidade antimicrobiana de qualquer isalado clfnico de S.aureus requer que 0

teste de sensibilidade seja realizado a fim de guiar a terapeutica.

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Uma boa padroniza,ao de antibiograma para Staphylococcus spp. deve

testar:

Oxacilina e Penicilina G

Urn macrolideo (Eritromicina, azitromicina au claritromicina)

Clindamicina

Sulfametoxazol + trimetoprim

Vancomicina

Cloranfenicol

Ciprofloxacina (au levofloxacina au ofloxacina au gatifloxacina)

Gentamicina

Rifampicina

Tetraciclina

Quinopristina + dalfopristina (reporter apenas nos isolados sensfveis a oxacilina)

Para os isolados urinarios, substituir a Cllndamicina, 0 MacroHdeo e 0

Cloranfenicol pDr nitrofurantoina e norfloxacina au levofloxacina

6.1.8 - Resistencia aos antimicrobianos

as beta-Iactamicos sao a classe de antibi6ticos mais indicadas para 0

tratamento de infe~6es por Staphylococcus spp. Por isso. e importante entender 0

mecanisme de a~o desses antibi6ticos e os mecanismos de resistencia dos

Staphylococcus spp. a esses antibioticos.

6.1.8.1 - Mecanismo de a~Ao:

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Os beta-Iactamicos atu8m ligando nas chamadas proteinas ligadoras de

penicilina (PLPs). Essas proteinas sao enzimas diretamente relacionadas com a

sintese da parede celular das bacterias gram-positivas e gram-negativas. Ao S8 ligar

nessas proteinas (PLPs), as beta-Iactamicos provocam urn prejuizo na sintese da

parede celular a que vai resultar na morte bacteriana.

~1J~t',\.':lCt!lIl'liC:O-;<- -

6.1.8.2 - Mecanismos de resistencia:

Os Staphylococcus spp. podem se tarnar resistentes aas beta-Iact~micas de

duas maneiras.

1) Produ~ao de beta-Iactamase

As bacterias capazes de produzir uma enzima chamada beta-Iactamase. S8

tarnam resistentes devido a ayao dessa enzima sabre os beta-Iactamicos. A beta-

lactamase estafiloc6cica hidrolisa a molecula do antibiotico, mais especificamente no

anel beta-Iactamico comum a todos os antibi6ticos desta classe, inativando a droga

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Ap6s a hidr6lise, 0 antibi6tico modificado perde a afinidade as PLPs. nao

conseguindo realizar a ligayAo.

Este mecanisme confere aos Staphylococcus spp. resistencia as penicilinas

sensfveis as beta-Iactamase (penicilina G, amino, carboxi e ureido penicilinas) [link

para pagina de antibi6ticos], principalmente a Penicilina G e Ampicilina.

~':.,f,IV

2) Altera~ao nas PLPs

Os Staphylococcus spp que possuem um gene chamada de mecA, produzem

PLPs diferenciadas, que tem baixa afinidade com as beta-Iact~micas. Partanta,

esses nao conseguem se ligar as PLPs, nao podendo exercer sua agao. Neste caso,

observa-se uma resistencia "in vitro" a oxacilina e 0 laborat6rio deve reportar todos

os beta-lactAmicos testados como resistente. Nenhum beta-lactAmico esta indicado

no tratamento destas infecyoes. FreqQentemente estes germes s~o multirresistentes,

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au seja, resistentes a Qutras classes de antibi6ticos. Sao os chamados MRSA

(S.aureus resistentes a meticilina).

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A produ~o de beta-Iactamase e urn tipo de resistencia ende a bacteria inativa

a droga. Ja a produyao de PLPs com baixa afinidade e urn mecanisme no qual ha

urna altera~o do alvD do antibi6tico, impedindo sua 8980.

6.2 •SALMONELOSES

Salmoneloses humanas sao infecgoes causadas par bacterias do genera

Salmonella. Possuem a antigeno au a somatico (endoloxina), antigeno N au flagelar

e em algumas especies 0 antigeno de virulencia. Sao classificados em 2200

sorotipos, com base na combinayao dos antrgenos 0 e H.

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Fagotipagem, padr~o de sensibilidade aos antimicrobianos e recentemente,

tecnicas de biologia molecular tem-se mostrado uteis aos estudos epidemiol6gicos

particularmente na defini,aa de cepas respansaveis par surtas epidemicas.

6.2.1 - Epidemiologia

A transmissao das Salmoneloses ocorre principalmente por via indireta,

atraves da agua e alimentos contaminados pelas fezes de Homens e animais

contaminados. A contamina98o fecal dos reservat6rios hidricos relaciona-se com a

dissemina9ao da Samonella cujo reservat6rio e 0 Homem infectado, porem a

melhoria das condi96es s6cio-econOmicos em algumas regi5es contribui diretamente

na redu~o na incidencia dessas infec90es.

A transmiss~o inter humana, que ocorre atraves das maos de fOmites, adquire

importfmcia cresce em locais como hospitais e creches. Existem inumeros relatos de

surtos epidemicos de salmonelose em ben;:arios e enfermarias pediatricas.

especialmente pela saratipa Salmanella typimurim.

Portanto deve-se salientar a necessidade dos cuidados de higiene individual e

detecc;ao precoce de portadores, principal mente em manipulares de alimentos e

profissionais que lidam com crian98-s institucionalizadas.

6.2.2 Manifesta~Oes Clinicas

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Com relac;ao ao hospedeiro, algumas condiy6es ou doenyas aumentam sua

suscetibilidade: neutralizac~o do PH gastrico (acloridria, antiacidos e bloqueadores

H2), redu9C30 no tempo de esvaziamento gastfieD (vagatomia e

gastroenteroanastomoses), gastrectomias extremos de idade (menores de 05 e

maiores de 50 anos), desnutriyao, deficiemcias na imunidade celular,( leucemia,

linfomas, corticoterapia e AIDS), doen""s intestinais (doen""s inflamat6rias cn~nicas

e encoplasias). e doenc;as hemofilicas (anemia talciforme, malaria e Qutras

hemoglobinopatias).

Os principais quadros clinicos sao gastroenterocolites, febre tifoide,

bacteriemias, inf~es estraintestinais localizadas e a portador cronico (intestinal au

urinario).

6.2.3 - Bacteriemias e Septicemias

As salmonellae podem invadir a corrente sanguinea e produzir septicemias ou

bacteriemias de dura~o variavel, principalmente em portadores de Sindrome de

Imunodefici,mcia Adquirida.

As bacteriemias manifestam-se como febre de origem indeterminada. Em

ambos 0 diagnostico e possivel pelo isolamento de agente em hemocultura. cerca de

10% evoluem com infecc;6es localizadas.

7 - CONCLUsAo

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2S

Posso concluir, que neste estagio que realizei, minhas expectativas fcram

bern alcangadas, porque live uma boa vi sao sabre 0 que e a VigilElncia Sanitaria e a

fungflo que exerce 0 medico veterinario, pois na area de veterinario e 0 campo que

mais cresee.

8 - REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

HIRAMATSU, K., Cui, L., Kuroda, M, ito, T., 2001. - The emergence and evolution of

methicillin-resistant Staphilococcus aureus. Trends Microbiol. 9: 486-493.

PEREIRA, M. S. V. & SIQUEIRA JUNIOR, J. P., 1995. Antimicrobial drug resistance

in Staphylococcus aureus isolated from cattle in Brazil. Letters in Applied

Microbiology ,20: 391-395.

PEREIRA, M. S. V.; BARRETO, V. P & SIQUEIRA JUNIOR, J. P. ,1997. Phage-

mediated transfer of tetracycline resistance in Staphylococcus aureus isolated from

cattle in Brazil. Microbios, 92: 147-155.