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PRIMEIRA AULA DE FRUTICULTURA - I
CULTURA DA BANANEIRA
UNITRI
Ementário
• Perfil da cadeia produtiva da fruticultura. Métodos de propagação de plantas frutíferas. Fruticultura Tropical: cultura da bananeira, cultura da mangueira, cultura do mamoeiro e cultura do maracujazeiro. Produção nacional, classificação taxonômica, botânica, cultivares, exigências edafo-climáticas, propagação, implantação do pomar, práticas culturais, pragas e doenças, colheita e pós-colheita, comercialização e custo de produção.
Objetivos • Identificar o Perfil da cadeia produtiva da fruticultura, listar os
métodos de propagação de plantas frutíferas, descrever sobre a fruticultura tropical,abrangendo:a cultura da bananeira, cultura da mangueira, cultura do mamoeiro e cultura do maracujazeiro,discernindo também sobre a produção nacional,a classificação taxonômica,a botânica,e as cultivares,bem como listar as exigências edafo-climáticas das culturas em questão. No final do semestre o aluno deverá também, discriminar, sobre a propagação dessas plantas, definindo a implantação de um pomar, listando as práticas culturais relacionando as pragas e doenças, enumerando os respectivos métodos de controle, discorrendo também sobre a colheita, pós-colheita, a comercialização e analisar os respectivos custos de produção das culturas citadas acima.
Introdução
A banana (Musa spp.) é uma fruta de consumo
universal, sendo umas das mais consumidas no mundo,
e, é comercializada por dúzia, por quilo e até mesmo
por unidade. É rica em carboidratos e potássio, médio
teor em açúcares e vitamina A, e baixo em proteínas e
vitaminas B e C.
A banana é apreciada por pessoas de todas as classes e
de qualquer idade, que a consomem in natura, frita,
assada, cozida, em calda, em doces caseiros ou em
produtos industrializados.
A fruta verde é usada in natura com grande sucesso na
desidratação infantil, depois de bem homogeneizada no
liquidificador; seu tanino, revestindo as paredes intestinais e do
tubo digestivo, evita, por ação mecânica, que as células do órgão
continuem se desidratando.
No meio rural é utilizada, ainda verde, como alimento de
animais, depois de cozida, para eliminar o efeito do tanino nos
intestinos.
A importância da bananicultura varia de local para local, assim
como de país para país. Por vezes, ela é plantada para servir de
complemento da alimentação da família (fonte de amido), como
receita principal ou complementária da propriedade ou como
fonte de divisas para o país.
Com freqüência, seu cultivo é feito em condições ecológicas
adversas, mas, em vista da proximidade de um bom mercado
consumidor, esta atividade se torna economicamente viável.
Há uma grande diversidade de cultivares, cujos frutos têm vários
sabores e utilizações. O porte das plantas varia de 1,50 m a 8,0 m
e seus cachos podem ser compostos por algumas bananas ou
centenas delas.
Merece realçar que seu tronco não é um tronco e, sim, um
imbricamento de bainhas de folhas. Seu período de vida é
definido pelo aparecimento do “filhote” na superfície do solo e a
sua colheita ou a seca do seu cacho. Entretanto, sua lavoura é
considerada de caráter permanente na área.
As bananas cultivadas podem ser divididas em duas classes: as
consumidas frescas ou industrializadas e as consumidas fritas ou
assadas, que chamamos de bananas de fritar ou da terra. Na
língua espanhola, apenas as bananas do subgrupo Cavendish
(“Nanica”, “Nanicão”, “D”água”, etc.) são chamadas de bananas;
as demais são conhecidas por “plátanos”.
Origem da banana O gênero Musa, ao qual pertence as bananeiras, foi criado por
Lineu em homenagem a Antonio Musa, médico de Otávio
Augusto, o primeiro imperador de Roma (63 – 14 A.C.). A palavra
banana é originária das línguas serra-leonesa e liberiana (costa
ocidental da África), a qual foi simplesmente incorporada pelos
portugueses à sua língua.
Não se pode indicar com exatidão a origem da bananeira, pois ela
se perde na mitologia grega e indiana. Atualmente admite-se que
seja oriunda do Oriente, do sul da China ou da Indochina. Há
referências da sua presença na Índia, na Malásia e nas Filipinas,
onde tem sido cultivada há mais de 4.000 anos. A história registra
a antigüidade da cultura.
As bananeiras existem no Brasil desde antes do seu
descobrimento. Quando Cabral aqui chegou, encontrou os
indígenas comendo in natura bananas de um cultivar muito
digestivo que se supõe tratar-se do “Branca” e outro, rico em
amido, que precisava ser cozido antes do consumo, chamado de
“Pacoba” que deve ser o cultivar Pacova. É interessante lembrar
que a palavra pacoba, em guarani, significa banana. Com o
decorrer do tempo, verificou-se que o “Branca” predominava a
região litorânea e o “Pacova”, a Amazônica.
Classificação botânica As bananeiras produtoras de frutos comestíveis foram
classificadas, pela primeira vez, por Linneu, que as agrupou no gênero Musa com as espécies: Musa cavendishii, Musa sapientum, Musa paradisiaca e Musa corniculata.
Essa classificação foi abandonada porque, dado seu empirismo, não seria possível incluir todos os cultivares hoje conhecidos, sem provocar grandes conflitos dentro da mesma espécie. Sendo assim, atualmente, segundo a sistemática botânica de classificação hierárquica, as bananeiras produtoras de frutos comestíveis são plantas da classe das Monocotiledôneas, ordem Scitaminales, família Musaceae, da qual fazem parte as subfamílias Heliconioidease, Strelitzioidease e Musoidaea. Esta última inclui, além do gênero Ensete, o gênero Musa.
O gênero Musa ainda pode ser dividido em quatro subgêneros:
Australimusa, Callimusa, Rhodochlamys e Eumusa. Os
subgêneros Callimusa e Rhodochlamys não produzem frutos
comestíveis; o subgêneros Australimusa contém apenas uma
espécie (Musa textilis), conhecida como abacá e utilizada
principalmente nas Filipinas para extração de fibras das bainhas
vasculares. No subgênero Eumusa ou simplesmente Musa é que
estão localizadas as espécies de interesse comercial, essas
espécies de interesse comercial são: Musa acuminata Colla e
Musa balbisiana Colla.
Os cultivares tradicionais de bananeiras apresentam níveis
cromossômicos di, tri ou tetraplóides, respectivamente com 22,
33 e 44 cromossomos, em combinações variadas de genomas das
espécies Musa acuminata (genoma AA) e Musa balbisiana
(genoma BB). Estes cultivares diferem das espécies silvestres
devido a presença de genes responsáveis pela partenocarpia.
Segundo os grupos cromossômicos, os principais cultivares de
bananas cultivados no Brasil são classificados da seguinte
maneira:
- Grupo diplóide acuminata AA: “Ouro”.
- Grupo triplóide acuminata AAA: “Robusta”, “Mestiça”, “Gros-
Michel”, “Caru roxa”, “Caru verde”, “Caipira”, Leite, “Ouro Mel”,
“São Mateus”, São Tomé”. Dentro deste grupo o subgrupo
Cavendish apresenta importância, representado principalmente
pelos cultivares Nanica e Nanicão.
- Grupo triplóide AAB: “Pacovan”, “Maçã”, “Mysore”, “São
Domingos”. Dentro deste grupo os subgrupos de maior
importância são Prata, representado pelos cultivares Prata Anã e
Prata Zulu, e Plantain, representado pelos cultivares Maranhão,
Terra e Terrinha.
- Grupo triplóide ABB: “Marmelo”, “Figo”, “Pão”.
- Grupo tetraplóide AAAA: “IC-2”.
- Grupo tetraplóide AAAB: “Pioneira”, “Ouro da Mata”, “Platina”.
Os cultivares mais comuns no Brasil e em outras partes do
mundo são os triplóides, devido ao seu vigor, maior tamanho dos
frutos e consistência mais agradável destes em relação aos
diplóides.
Classificação quanto à utilização
Segundo o destino que a banana vai ter, pode-se classificar
as bananeiras mais cultivadas em cinco grupos:
a - Banana destinada à exportação e mercado interno: “Baé”,
“Bout-round”, “Caturrão”, “Grande Naine”, “Gros Michel”,
“Jangada”, “Johnson”, “Lacatan”, “Monte Cristo”, “Nanica”,
“Nanicão”, “Pseudocaule roxo”, “Piruá”, “Robusta”, “Valery” e
“Williams”.
b - Banana de mesa para consumo interno: “Baé”, “Bout-round”,
“Branca”, “Canela”, “Caru roxa”, “Caru verde”, “Caturrão”,
“Colatina ouro”, “Congo”, “Enxerto”, “Figo cinza”, “Figo cinza
escura”, “Figo vermelha”, “Figo vermelha rachada”, “Giant Fig”,
“Grande Naine”, “Jangada”, “Johnson”, “Lacatan”, “Leite”,
“Maçã”, “Miomba”, “Monte Cristo”, “Mysore”, “Nanica”,
“Nóbrega”, “Ouro”, “Ouro da mata”, “Ouro mel”, “Pachá naadan”,
“Pacovan”, “Padath”, “Pão”, “Piruá”, “Platina”, “Prata”, “Prata
ponta aparada”, “Prata Santa Maria”, “Prata Zulú”, “Pseudocaule
roxo”, “Robusta”, “Salta do cacho”, “São Domingos”, “São
Mateus”, “São Tomé”, “Valery”, “Viropaxy” e “Williams”.
c - Banana para fritar, conhecidas como banana da terra e na
língua espanhola como "plátano": “Angola”, “Carnaval”,
“D”Angola”, “Figo cinza”, “Figo cinza-escura”, “Figo vermelha
rachada”, “Maranhão branca”, “Maranhão caturra”, “Maranhão
vermelha”, “Mongolô”, “Mucocô”, “Ouro” (quando verde), “Pão”,
“Pacova”, “Pacoví”, “Pacovaçu”, “Samburá”, “Terra”, “Terra
caturra” e “Terrinha”.
d - Banana para compota: “Nanica” e todos os cultivares do
subgrupo Cavendish, “Ouro”, “Pacovan”, “Prata Zulú”, “São
Domingos”, “Terra” e todos os cultivares do subgrupo Plantain.
e - Banana para doce em massa: “Branca”, “Enxerto”, “Nanica” e
todos os cultivares do subgrupo Cavendish.
Classificação quanto ao porte
a - Porte baixo, até 2,0 metros: “Nanica” e “Salta-do-cacho”.
b - Porte médio, de 2,0 a 3,5 metros: “Angola”, “Baé”, “Bout-
round”, “Congo”, “Enxerto”, todo o subgrupo Figo, “Grande
Naine”, “Jangada”, “Java”, “Johnson”, “Leite”, “Maçã”, “Maranhão
Caturra”, “Monte Cristo”, “Nanicão”, “Ouro”, “Pacova”,
“Pacovaçu”, “Padath”, “Piruá”, “Platina”, “Pseudocaule roxo”,
“Robusta”, “São Mateus”, “São Tomé”, “Terrinha”, “Valery” e
“Williams”.
c - Porte alto, de 3,5 a 6 metros: “Canela”, “Carnaval”, “Caru
roxa”, “Caru verde”, “Colatina ouro”, “Giant fig”, “IC-2”, “Lacatan”,
“Nóbrega”, “Miomba”, “Mongolô”, “Mysore”, “Ouro mel”, “Pachá
naadan”, “Pacoví”, “Prata ponta aparada”, “Prata Santa Maria”,
“Prata Zulú”, “Samburá” e “Viropaxy”.
d - Porte muito alto, mais de 6 metros: “Branca”, “Caturrão”,
“Gros Michel”, “Imperial”, “Maranhão branca”, “Maranhão
vermelha”, “Ouro da mata”, “Pacovan”, “Prata” e “Terra”.
Morfologia A Bananeira é uma planta herbácea, caracterizada pela
exuberância de suas formas e dimensões das folhas. Possui
tronco curto e subterrâneo, representado pelo rizoma e o
conjunto de bainhas das folhas de pseudocaule. O rizoma
constitui um órgão de reserva, onde se insere as raízes
adventícias e fibrosas. Entretanto, no linguajar popular este é
chamado de tronco da bananeira.
A multiplicação da bananeira se processa, naturalmente no
campo, por via vegetativa, pela emissão de novos rebentos.
Entretanto, o seu plantio também pode ser feito por meio de
sementes, processo este usado mais freqüentemente quando se
pretende fazer a criação de novas variedades ou híbridos.
A bananeira, como todas as plantas, tem um ciclo de vida
definido. Sua fase de gestação começa com a geração de um
broto-rebento em outra bananeira, mas como nos animais, o
início da contagem de sua vida somente se faz com seu
aparecimento ao nível do solo. Com seu crescimento, há a
formação de uma bananeira que irá produzir um cacho, cujas
frutas se desenvolvem, amadurecem e caem, verificando-se em
seguida o secamento de todas as suas folhas, quando se diz que
a planta morreu. A morte encerra o ciclo de vida, o qual também
pode ser abreviado com a colheita do cacho, que corresponde ao
“assassinato” da bananeira.
Corte horizontal esquemático de uma touceira de bananeiras, com a “mãe” com cacho, mostrando a formação inicial de três “famílias”.
Sistema radicular As raízes têm sua origem na parte central do rizoma, na união
entre o cilindro central e o córtex. Geralmente, surgem em
grupo de três ou quatro, distribuindo-se por toda a superfície do
rizoma, em processo de diferenciação contínua, segundo o
crescimento do meristema. As raízes são fasciculadas e crescem
em maior porcentagem horizontalmente, nas camadas mais
superficiais do solo, ocupando seus primeiros 20 a 30 cm;
apenas um reduzido número delas (cerca de 20%) se desenvolve
no sentido vertical, atingindo em geral, cerca de 50 a 70 cm.
Rizoma
O rizoma é definido morfologicamente como um caule que
desenvolveu folhas na parte superior e raízes adventícias na
porção inferior. Ou mais simplificadamente, o rizoma pode ser
definido como a parte da bananeira onde todos os seus órgãos,
direta, ou indiretamente se apóiam.
Erroneamente, o rizoma da bananeira tem sido chamado de
bulbo, que, botanicamente, é um órgão de reserva de certas
plantas, como da cebola e do alho. O bulbo não dá formação a
brotos.
Gema apical e gema lateral
Conforme descrito no item rizoma, a gema apical de crescimento
se encontra sempre no centro dos semi-arcos de círculos
esculpidos pela fixação das bainhas das folhas. Tais semi-arcos
não se completam pelo fato de terem um ponto de interrupção,
no qual há outro conjunto de células meristemáticas, que são em
tudo e por tudo iguais à gema apical de crescimento. Apenas sua
fisiologia é diferente. Ela é a gema lateral de brotação.
A gema apical está sempre em processo de multiplicação, no qual
são produzidos uma folha (bainha, pecíolo e lóbulos foliares) e
sua respectiva gema lateral de brotação. Isso ocorre durante um
prazo definido pelas condições ecológicas, nutricionais e
genéticas. Vencido esse tempo, a gema apical cessa essas
atividades vegetativas e passa a ter funções de produção. É a fase
da diferenciação floral, quando então as células do câmbio se
modificam e criam a inflorescência da planta (futuro cacho).
Sistema foliar As folhas da bananeira são formadas por bainha foliar,
pseudopecíolos ou pecíolo, nervura e limbo foliar.
A folha mais interna do pseudocaule, logo após seu nascimento, apresenta-se como um pequeno cone foliar, tendo sua base apoiada sobre a região do cilindro central do rizoma, em cujo interior se encontra a gema apical.
Com o desenvolvimento do cone, suas microscópicas dimensões aumentam e a gema apical de crescimento que ficou no seu interior reinicia o processo de multiplicação.
É a partir das paredes do cone que se originam todas as partes componentes da folha, ou seja, bainha foliar, pecíolo, nervura principal, limbo (ou lóbulos) foliares com suas nervuras secundárias e de bordo e o aguilhão (ou “pavio”).
As folhas são numeradas de cima para baixo em algarismos
Arábicos. A folha vela (ou o cartucho) é sempre a folha de
número 0 (zero).
As primeiras folhas do jovem rebento são praticamente
pequenas escamas deltóides; quando mais velho, o “filhote”
emite folhas constituídas apenas pela nervura principal. As
primeiras folhas são bastante estreitas devido ao não
desenvolvimento dos lóbulos foliares e, por ter uma forma
lanceolada, são chamadas de “espada”. À medida que a planta
cresce, as novas folhas apresentam dimensões maiores até que
seja atingido o estágio de adulta.
A última folha emitida pela bananeira tem sua conformação mais
coriácea, cujo formato é em geral, anormal, tendo suas nervuras
secundárias muito pronunciadas e irregularmente onduladas,
sendo conhecida pelos bananicultores como folha pitoca. Esta
folha, que geralmente envolve mais intimamente a inflorescência
quando ainda dentro do pseudocaule, muitas vezes seca durante
o desenvolvimento do cacho.
É nas folhas que se processa a fotossíntese, quando então a seiva
bruta é transformada em seiva elaborada, que na bananeira é
muito adstringente e conhecida como “cica”.
Pseudocaule ou falso tronco O pseudocaule da bananeira é um estipe. Ele é formado pelas
bainhas das folhas superpostas. As bainhas se fixam sobre o rizoma descrevendo arcos de círculos concêntricos, em torno da gema apical de crescimento. Eles formam fortes cicatrizes no rizoma, por onde as fibras do rizoma invadem as bainhas e chegam até as folhas. Essa região de transição entre ambos os órgãos denomina-se colo do rizoma ou da bananeira.
Nas plantas mais jovens, o pseudocaule tem o formato de um cone alongado; nas adultas seu formato é quase que cilíndrico.
Seu comprimento, que representa a altura da planta, é igual à distância do solo até ao topo da roseta foliar. O pseudocaule pode ter de 1,2 até 8 m de altura e o seu diâmetro na base varia de 10 a 50 cm, a 30 cm do solo.
Diferenciação floral
Terminado o processo de diferenciaçãofoliar e gemas laterais de
brotação da planta, a gema apical cessa essa atividade, devido a
uma série de fatores hormonais. Há, então, uma modificação do
seu aspecto e ela se transforma no órgão de frutificação da
bananeira: a inflorescência. A essa fase da vida da planta dá-se o
nome de diferenciação floral, quando então cessa sua vida
vegetativa e começa a de frutificação ou de produção. O período
compreendido entre a diferenciação floral e do lançamento da
inflorescência corresponde ao de gestação do cacho.
O processo de diferenciação floral ocorre quando cerca de 60%
de todas as folhas geradas (jovens e adultas) já se abriram para o
exterior da planta. Os restantes 40% de folhas já estão formados,
porém ainda permanecem se desenvolvendo dentro da planta e
envolvendo toda a inflorescência.
Dada a modificação da gema apical em inflorescência, conclui-se
que, após a diferenciação floral, a bananeira não gera mais
folhas, porém continua ainda lançando aqueles 40% de folhas já
geradas. Por conseguinte, após o lançamento da inflorescência,
ela também não emite mais nenhuma folha.
Inflorescência A inflorescência da bananeira é uma espécie de espiga simples,
terminal, que emerge do centro das bainhas foliares, protegida
por uma grande bráctea, muitas vezes chamada de placenta.
Quando o florescimento, o ápice se avoluma e origina as
brácteas da inflorescência, produzidas em série e distribuída
pela ráquis em espiral. Cada bráctea possui uma massa axilar de
forma côncava que constitui os primórdios da penca, onde se
diferenciam as flores, dispostas alternadamente em duas
fileiras paralelas, com desenvolvimento simultâneo. O número
de pencas varia com a cultivar e as condições de vegetação da
planta, podendo chegar a 13-14.
Flores As flores femininas, masculinas ou hermafroditas estão reunidas
em pencas isoladas e protegidas cada uma delas por uma
bráctea, que é sempre caduca para as femininas, o que pode ou
não acontecer para as demais.
Em cada penca encontram-se flores de um só sexo, porém na
região de transição entre elas, podem aparecer numa mesma
penca, flores femininas e masculinas.
A flor da banana comestível é zigomórfica, sempre completa
com os órgãos femininos e masculinos, verificando-se em
algumas a atrofia das anteras (flores femininas) e, em outras, dos
ovários (flores masculinas). Devido a essas diferenças no
tamanho do ovário, é possível basear-se neste fato para se
identificar o sexo das flores.
As flores femininas têm o ovário bem desenvolvido e são as
primeiras a aparecer e as responsáveis pela formação das
bananas. Nas masculinas, o ovário é cerca de 30 a 50% menor e,
geralmente, elas abortam ou se desenvolvem formando
rudimentares frutinhos como no cultivar Nanica.
As flores masculinas e femininas das bananeiras produtoras de
frutos comestíveis apresentam cinco tépalas (sépala + pétala),
dispostas em dois vertículos, que se fundem para formar um
cálice tubular denominado de perigônio. Sua extremidade se
apresenta fendilhada, formando cinco pequenos dentes ou
lóbulos, de forma variável, segundo o cultivar.
Tanto as flores masculinas como as femininas apresentam cinco estames (antera + filamentos) bastante semelhantes, assim como o pistilo (ovário + estilo + estigma). Os estames das flores masculinas possuem anteras normais e os sacos polínicos estão dispostos ao longo do filamento em duas linhas paralelas. Os grãos de pólen são geralmente de cor branco-amarelada. Nas flores femininas, as anteras são atrofiadas, o filamento é mais curto e o pólen, degenerado.
As flores masculinas e femininas apresentam um ovário ínfero e trilocular, estilo filiforme e estigma grosso (dilatado). Nas flores femininas, os ovários se dispõem em cada loja (lóculo) em duas linhas regulares ou em quatro irregulares. As flores masculinas têm o ovário bastante atrofiado, mas o estilo e o estigma se apresentam apenas com as dimensões um pouco reduzidas.
Fecundação das flores
A fecundação das flores nas bananeiras selvagens é feita
normalmente por insetos. Retirando o pólen de flores
masculinas de uma inflorescência, ele fecunda as flores
femininas de outra inflorescência (polinização cruzada). A
polinização somente pode se processar dessa forma, pois na
mesma planta as flores femininas nascem sempre primeiro na
inflorescência e, com isso, quando os grãos de pólen das flores
masculinas estiverem viáveis para a polinização, os ovários das
femininas já não estarão mais receptíveis, por estarem velhos.
As bananeiras de frutos comestíveis, em geral, não produzem
grãos de pólen férteis e os ovários das flores femininas
dificilmente podem ser fecundados, devido a um atrofiamento
do estigma que impede a passagem do pólen. Porém, há casos
de não acontecer o atrofiamento e a fecundação poderá se
processar normalmente, surgindo com isso sementes férteis.
O cultivar Gros Michel, por ter o estigma apenas parcialmente
atrofiado pode, com relativa facilidade, vir a produzir sementes
pelo que tem sido usado como “mãe” nos trabalhos de
melhoramento.
Em bananeiras, a polinização é realizada apenas nos trabalhos de
pesquisa, uma vez que as bananas se formam naturalmente por
partenocarpia.
A polinização é feita retirando-se o grão de pólen fértil de uma
flor masculina (quase sempre selvagem) e depositando-o em
uma feminina, que ainda esteja protegida pela bráctea, o que
indica que ela ainda deve estar virgem. Essa bráctea é levantada
para realizar a polinização e, imediatamente, reconduzida à sua
antiga posição e amarrada para evitar a entrada de insetos que
possam trazer outros grãos de pólen. Não há necessidade de
reabrir a bráctea depois; com o tempo, ela cairá naturalmente.
Obter-se-á certeza do sucesso da polinização observando o
aspecto do fruto que, neste caso, deverá ser mais cilíndrico e
mais curto. A confirmação de que houve a polinização somente
se terá com a presença das sementes, nos frutos maduros.
As bananeiras selvagens apresentam em média, de 80 a 100
sementes férteis por fruto. Nos trabalhos de melhoramento, esse
número geralmente é bastante reduzido, dificilmente
ultrapassando 5 sementes por fruto.
Cacho e fruto
O cacho da bananeira é constituído de engaço (pedúnculo),
ráquis, pencas de bananas (mãos), sementes e botão floral
(coração).
O cacho de banana comestível pode apresentar, ocasionalmente,
até 600 bananas reunidas em 20 ou mais pencas, com peso ao
redor de 100 kg.
O tamanho do cacho varia segundo o cultivar, o clima, a
fertilidade do solo, os tratos culturais e fitossanitários. Seu
formato quase sempre é tronco-cônico, mas há também o quase
cilíndrico.
Medindo-se seu comprimento, apenas na parte em que as
pencas de bananas se inserem, pode-se encontrar alguns com 20
a 30 cm ou até com 200 a 250 cm. Da mesma forma, o diâmetro
do cacho varia de 20 cm a até 60 a 70 cm.
As pencas podem estar mais ou menos imbricadas uma sobre as
outras, dando-lhe a aparência de maior ou menor compactação.
Essa é uma característica do cultivar, mas pode ser influenciada
pelos fatores ecológicos e nutricionais.
O engaço é o pedúnculo da inflorescência, sendo conhecido como o cabo do cacho. Ele é a continuação do palmito que, por sua vez, é o alongamento do cilindro central do rizoma. Ele tem início no ponto de fixação da última folha e termina na inserção da primeira penca. Botanicamente, é conhecido por pedúnculo da inflorescência. Ele é revestido por pêlos rudimentares, com comprimento variável, segundo o cultivar. A forma do engaço sendo de uma bengala, facilita o transporte do cacho após a colheita. Devido a isso, esse órgão também é conhecido como bengala do cacho. Dependendo do cultivar, das condições ecológicas reinantes antes do lançamento da inflorescência, da situação fitossanitária e das fertilizações, a distância do ápice da alça do engaço até a base da primeira penca, pode variar de quase 0 a mais de 100 cm. Seu diâmetro é igualmente influenciado pelos mesmos fatores, podendo oscilar entre os limites de 5 e 15 cm.
A ráquis, continuação do engaço, é definida botanicamente
como eixo da inflorescência, que é onde se inserem as flores.
Inicia-se a partir do ponto de inserção da primeira penca e
termina no botão floral. Ela pode ser dividida em ráquis
feminina, ráquis masculina e ráquis hermafrodita, conforme o
sexo das pencas das flores que nela se inserem. À medida que a
ráquis se alonga, sua extremidade final fica mais fina, podendo
terminar com apenas 2 cm ou menos de diâmetro.
Entre os bananicultores, a expressão “ráquis” refere-se apenas à
parte masculina deste órgão. Esta parte, também chamada como
rabo-do-cacho, pode se apresentar despida ou não de restos
florais e suas respectivas brácteas. O comprimento total e a sua
forma (curvatura) variam segundo o cultivar.
Dicotomia
É o fenômeno pelo qual a bananeira pode produzir dois ou mais
cachos. Pode ocorrer na gema apical de crescimento, antes ou
depois da diferenciação floral.
A dicotomia consiste no fato da gema apical de crescimento,
durante o seu processo vegetativo de multiplicação, dividir-se
em duas ou mais partes, mantendo em cada uma delas a
estrutura inicial. Cada uma delas passa a constituir por si, de
uma nova gema apical que se desenvolverá normalmente.
Havendo dois ou mais pontos de crescimento, cada um deles irá
formar um novo pseudocaule, que produzirá seu cacho.
Distribuição geográfica
Por se tratar de uma planta tipicamente tropical, a bananeira,
para bom desenvolvimento, exige calor constante e elevada
umidade. Essas condições são, geralmente, registradas na faixa
entre os paralelos de 30° norte e sul, nas regiões onde as
temperaturas permanecem acima de 10°C e abaixo de 40°C.
Entretanto, há possibilidade de seu cultivo em latitudes maiores
de 30°, contanto que a temperatura o permita.
A expansão de um cultivar, em determinados países e áreas, é
função da sua aclimatação, interesse do mercado local ou do
importador. Disso resulta que há relativa diversificação de
cultivares entre as regiões produtoras.
Os principais países que produzem banana podem ser assim
agrupados por região:
A - América do Sul: Argentina, Brasil, Colômbia, Equador,
Guianas, Paraguai, Venezuela
B – América Central: Costa Rica, Guatemala, Honduras, México,
Nicarágua, Panamá.
C – África: Angola, Republica dos Camarões, Zaire, Costa do
Marfim, Guiné, Ilhas canárias, Ilhas da Madeira, Mandagascar,
Moçambique, Somália.
E – Oriente Médio: Israel, Jordânia, Líbano.
F – Ásia: Sri Lanka, China, Filipinas, Índia, Java, Sumatra.
G – Oceania: Austrália, Ilhas Fidji, Samoa Ocidental.