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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE INSTITUTO METRÓPOLE DIGITAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INOVAÇÃO EM TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS A COLABORAÇÃO ENTRE PROFESSORES DE SALA DE AULA E DE LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA PARA A PRODUÇÃO DE PLANOS DE AULAS COM INTEGRAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ENSINO DE MATEMÁTICA RODRIGO RODRIGUES MELO DE LIMA NATAL - RN 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

INSTITUTO METRÓPOLE DIGITAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INOVAÇÃO EM

TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS

A COLABORAÇÃO ENTRE PROFESSORES DE SALA DE AULA E

DE LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA PARA A PRODUÇÃO DE

PLANOS DE AULAS COM INTEGRAÇÃO DE TECNOLOGIAS

DIGITAIS NO ENSINO DE MATEMÁTICA

RODRIGO RODRIGUES MELO DE LIMA

NATAL - RN

2019

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RODRIGO RODRIGUES MELO DE LIMA

A COLABORAÇÃO ENTRE PROFESSORES DE SALA DE AULA E DE

LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA PARA A PRODUÇÃO DE PLANOS DE

AULAS COM INTEGRAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ENSINO DE

MATEMÁTICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais do Instituto Metrópole Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Dennys Leite Maia.

NATAL - RN

2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Lima, Rodrigo Rodrigues Melo de.

A colaboração entre professores de sala de aula e de

laboratório de informática para a produção de planos de aulas com

integração de tecnologias digitais no ensino da matemática / Rodrigo Rodrigues Melo de Lima. - 2019.

121 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Instituto Metrópole Digital, Programa de Pós-Graduação em

Inovação em Tecnologias Educacionais, Natal, RN, 2019. Orientador: Prof. Dr. Dennys Leite Maia.

1. Ensino de matemática - Dissertação. 2. Ensino fundamental -

Dissertação. 3. Tecnologias educacionais - Dissertação. 4. TPACK

- Dissertação. 5. Prática docente - Dissertação. I. Maia, Dennys

Leite. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 37.071:51

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RODRIGO RODRIGUES MELO DE LIMA

A COLABORAÇÃO ENTRE PROFESSORES DE SALA DE AULA E DE

LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA PARA A PRODUÇÃO DE PLANOS DE

AULAS COM INTEGRAÇÃO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ENSINO DE

MATEMÁTICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais do Instituto Metrópole Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre.

Aprovada em: 28/06/2019

BANCA EXAMINADORA

X

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À minha esposa Maria Luiza Silva Furtado

Rodrigues, por todo apoio, todo amor e

carinho, me fazendo acreditar todos os

dias que eu podia ser mais!

A ela, dedico.

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AGRADECIMENTOS

Quero desejar o mais profundo agradecimento a todos que, direta ou

indiretamente, contribuíram para a realização desse trabalho.

À minha esposa, Maria Luiza, que esteve presente em todos os

momentos, obrigado por todo seu apoio, carinho e incentivo por toda essa trajetória.

Amo-te!

Aos meus pais, pelo empenho em me educar e por nunca desistirem de

acreditar no meu potencial. Aos meus irmãos, que me foram exemplo todos os

momentos de minha vida, me estendendo a mão sempre que precisei.

Ao professor e amigo Dennys Leite Maia, que foi presente, na cobrança e

nas parabenizações, que foi responsável por despertar em mim, desde a graduação,

o gosto pelas tecnologias educacionais. O professor que me espelho, para seguir

novos e maiores passos.

Aos professores da banca examinadora, pelas correções, críticas e

opiniões, que serviram para o desenvolvimento de um melhor trabalho.

A todos da equipe OBAMA, onde vivenciei momentos incríveis de

aprendizado, obrigado a todos vocês!

Aos colegas do PPgITE, que partilhei de muitos momento de estudo e

alegrias.

Aos meus amigos, que estiveram sempre por perto, nas alegrias e

frustrações.

Aos professores colaboradores desta pesquisa, que sem eles, não seria

possível desenvolver esse trabalho.

Por fim, a todos que, por ventura, eu tenha me esquecido, mas que

sabem que fizeram parte desse momento, desde já muito obrigado.

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RESUMO

As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) podem auxiliar o processo de ensino e aprendizagem na Matemática quando integrados nos planos de aula do professor. Esses planos podem ser construídos a partir de uma prática colaborativa entre todos os professores da equipe escolar, porém, isso não ocorre nas escolas de Parnamirim/RN, pois os professores de sala de aula e de informática planejam em dias distintos. O objetivo geral do estudo é analisar as contribuições da prática colaborativa no processo do planejamento de aula entre professores dos anos iniciais e professor de informática, com vistas à integração de TDIC em aulas de Matemática. Para tanto, os objetivos específicos foram assim delineados: i) identificar o panorama atual do uso de TDIC no ensino da Matemática nos anos iniciais pelos professores colaboradores; ii) planejar colaborativamente com os professores utilizando a plataforma OBAMA e integrando TDIC nos planos de aula de Matemática; e iii) analisar a influência do planejamento colaborativo na prática docente com TDIC na Matemática. O lócus da ação da pesquisa ocorreu em uma escola da rede pública municipal de Parnamirim/RN com os professores das turmas dos 5ºs anos. Essa escolha se deu pelo fato do autor da pesquisa fazer parte do quadro de professores como professor de informática. O modelo de Conhecimento Tecnológico Pedagógico de Conteúdo (TPACK) serviu de guia para a análise dessa prática colaborativa entre os professores de sala de aula e informática. Como metodologia de pesquisa, se utilizou a Pesquisa Colaborativa e suas fases de Cossituação, Cooperação e Coprodução. Por meio dessas fases, a prática colaborativa foi analisada sob a ótica das seguintes categorias de análise: Conhecimento pedagógico, de conteúdo e tecnológico, que compõem o TPACK. As etapas da pesquisa se deram por meio de seis encontros, nos quais o primeiro se traçou o perfil dos professores, o segundo ocorreu o processo formativo com a apresentação da Plataforma OBAMA e início da construção do plano de aula, do terceiro ao quinto encontro deu-se continuidade da elaboração colaborativa do plano de aula e aplicação da aula, no sexto encontro ocorreu a reflexão sobre a aplicação da aula. Os resultados da pesquisa mostraram que na etapa das entrevistas, importante momento de Cossituação, o pesquisador pôde conhecer os problemas que os professores enfrentam na prática docente. As informações permitiram ao pesquisador identificar as dificuldades e habilidades de cada professor em relação ao ensino da Matemática e o uso de TDIC no ensino. Na etapa dos encontros, em que se evidenciaram os elementos a partir das etapas de Cooperação e Coprodução, ocorreu a apropriação da plataforma OBAMA e das potencialidades pedagógicas dos Objetos de Aprendizagem (OA) integrados aos planos de aula pelo grupo de professores, como também o maior engajamento deles acerca do próprio trabalho construído colaborativamente, oportunizando o aprendizado e relacionamento de novos conhecimentos. A cultura de um ambiente colaborativo trouxe benefícios ao trabalho de toda a equipe pedagógica, pois oportunizou a imersão de novos conhecimentos ligados ao modelo TPACK, novas abordagens pedagógicas e novas ferramentas de trabalho. Além disso, o professor de informática exerceu um papel mais ativo do que antes, auxiliando os professores na apropriação de recursos tecnológicos e contribuindo para a mudança cultural com relação à TDIC na escola. Palavras-chave: Educação Matemática, Colaboração, TPACK, Anos Iniciais do

Ensino Fundamental, Prática Docente.

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ABSTRACT

The Information and Communications Technology (ICT) can help the teaching and learning process in Mathematics when integrated into the teacher's lesson plans. These plans can be built from a collaborative practice between all teachers of the school team, however, this does not happen in the schools of Parnamirim/RN, because the classroom and IT teachers plan on different days. The overall objective of the study is to analyze the contributions of collaborative practice in the process of the lesson planning between teachers of the initial years and the IT teacher, with a view to the integration of ICT in Mathematics classes. Therefore, the specific objectives were thus delineated: i) to identify the current panorama of the use of ICT in the teaching of Mathematics in the initial years by the collaborating teachers; ii) to plan collaboratively with teachers using the OBAMA platform and integrating ICT in the Mathematics lesson plans; iii) and to analyze the influence of collaborative planning on teaching practice with ICT in Mathematics. The locus of the research action occurred in a school of the municipal public network of Parnamirim/RN with the teachers of the 5th grade classes. This choice was due to the fact that the researcher is part of the teaching staff as an IT teacher. The Technological Pedagogical Content Knowledge (TPACK) model served as a guide for the analysis of this collaborative practice among classroom and IT teachers. As research methodology was used the Collaborative Research and its phases of co-location, cooperation and coproduction. Through these phases, collaborative practice was analyzed from the perspective of the following categories of analysis: pedagogical knowledge, content and technology that make up the TPACK. The stages of the research were given through six meetings, in which the first was the profile of the teachers, the second was the formative process with the presentation of the OBAMA Platform and the beginning of the construction of the lesson plan, from the third to the fifth meeting gave continuity of the collaborative development of lesson plan and application of the lesson, and in the sixth meeting occurred the reflection on the application of the lesson. The research results show that at the interview stage, an important moment of Cossituation, the researcher was able to know the problems that teachers face in the teaching practice. The information allowed the researcher to identify the difficulties and abilities of each teacher in relation to the teaching of Mathematics and the use of ICT in teaching. At the meeting stage, in which it revealed the elements from the steps of Cooperation and Co-production, occurred the appropriation of the OBAMA platform and the pedagogical potentialities of the Learning Objects (LO) integrated into the lesson plans by the group of teachers, as well as the largest of engagement about their work collaboratively built, providing opportunities for learning and relationship of new knowledge. The culture of a collaborative environment has brought benefits to the work of the entire pedagogical team, because it enabled the immersion of new knowledge linked to the TPACK model, new pedagogical approaches and new working tools. In addition, the IT teacher has played a more active role than before, assisting teachers in the appropriation of technological resources and contributing to cultural change in relation to technology in school.

Keywords: Mathematics Education, Collaboration, TPACK, Early Years of

Elementary Education, Teaching Practice.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 12

2. REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................... 21

2.1 TDIC e a Matemática ............................................................................ 22

2.2 Abordagens pedagógicas das TDIC na educação Matemática ............. 27

2.3 Integração das TDIC ao currículo e a prática docente .......................... 32

2.4 Revisão de Literatura ............................................................................ 37

3. METODOLOGIA ......................................................................................... 43

3.1 Método de pesquisa .............................................................................. 44

3.2 Estágios da Pesquisa Colaborativa ....................................................... 48

3.3 A delimitação do lócus e sujeitos da pesquisa ...................................... 49

3.4 Técnicas de coleta de dados ................................................................. 50

3.5 Execução da prática colaborativa .......................................................... 50

3.7 Categorias de análise ............................................................................ 53

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................ 55

4.1 Perfil dos Professores ........................................................................... 55

4.2 Análise do Planejamento Colaborativo .................................................. 63

4.2.1 Primeiro Encontro da Prática Colaborativa ..................................... 63 4.2.2 Segundo Encontro da Prática Colaborativa .................................... 71

4.2.3 Terceiro Encontro da Prática Colaborativa ..................................... 78 4.2.4 Quarto Encontro da Prática Colaborativa ....................................... 81

4.2.5 Quinto Encontro da Prática Colaborativa ........................................ 85 4.3 Análise da Aula Sobre Frações ............................................................. 87

4.4 Reflexão sobre a aplicação da aula e a prática colaborativa................. 95

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 99

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 105

APÊNDICE ................................................................................................... 112

Apêndice A: Roteiro do perfil do professor dos anos iniciais: TDIC no Ensino da Matemática ..................................................................................................... 113

Apêndice B: Plano de aula: Compreendendo as Frações ......................... 114

Apêndice C: Plano de aula: Decompondo os Números Naturais .............. 117

Apêndice D: Plano de Aula: Subtrair: Aprendendo o Significado de Retirar ............................................................................................................................. 119

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: OA Rapid Math ................................................................................ 28

Figura 2: OA Supermercado Virtual ................................................................ 30

Figura 3: OA Faça 10 ...................................................................................... 31

Figura 4: Elementos que compõem a TPACK ................................................ 35

Figura 5: Organização dos artigos por eixo .................................................... 38

Figura 6: Ferramenta Colaborativa OBAMA ................................................... 52

Figura 7: Cards informativos de OAs .............................................................. 64

Figura 8: Grupo do Whatsapp da Prática Colaborativa ................................... 67

Figura 9: Passo 1 da ferramenta de plano de aula OBAMA ........................... 69

Figura 10: Passo 2 da ferramenta de plano de aula OBAMA ......................... 69

Figura 11: Passo 3 da ferramenta de plano de aula OBAMA ......................... 69

Figura 12: OAs utlizados na prática colaborativa ............................................ 72

Figura 13: Aplicação da aula da professora c com o Dominó de Frações ...... 76

Figura 14: Compartilhamento de ideias via Whatsapp .................................... 76

Figura 15: Vídeo Frações e números decimais - Novo Telecurso .................. 87

Figura 16: OA Fração Legal ............................................................................ 89

Figura 17: Dinâmica com os alunos com o OA Fração Legal ......................... 91

Figura 18: Participação colaborativa dos alunos com o uso do OA Fração legal

.................................................................................................................................. 92

Figura 19: Aplicação do jogo Dominó de Frações .......................................... 93

Figura 20: Aplicação do Jogo Dominó de Frações ......................................... 94

Figura 21: Compartilhamento de fotos e vídeos da aula via Whatsapp .......... 97

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LISTA DE SIGLAS

ABP – Aprendizagem Baseada em Projetos

AIA – Ambiente Interativo de Aprendizagem

BNCC – Base Nacional Comum Curricular

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

CK – Content Knowledge

ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio

IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC – Ministério da Educação

OA – Objetos de Aprendizagem

OBAMA – Objetos de Aprendizagem para Matemática

OCDE – Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PCK – Pedagogical Content Knowledge

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PK - Pedagogical Knowledge

PNE- Plano Nacional de Educação

PPP – Projeto Político Pedagógico

PROINFO - Programa Nacional de Tecnologia Nacional

QI – Quociente de Inteligência

RED – Recursos Educativos Digitais

SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica

TCK – Technological Content Knowledge

TDIC –Tecnologia Digital de Informação e Comunicação

TI – Tutor Inteligente

TK - Technological Knowledge

TPACK - Technological Pedagogical Content Knowledge

TPK – Technological Pedagogical Knowledge

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INTRODUÇÃO

Conhecer e acompanhar os avanços e os entraves no processo de

aprendizagem de um aluno sempre foi uma preocupação central na área da

Educação. A sociedade está evoluindo a um ritmo acelerado na produção e

disseminação do conhecimento e o ser humano, por sua vez, se tornando cada vez

mais autônomo na forma em que o adquire. Diferente de décadas atrás, nas quais

só era possível ter informações especializadas por meio da apropriação de livros,

em bibliotecas públicas, atualmente, com o acesso à internet, a forma de aquisição

dessas informações ganhou novos e diversos caminhos e formatos.

Essa facilidade de acesso à informação forneceu a possibilidade do ser

humano ser cada vez mais independente na busca do seu próprio conhecimento. A

autonomia, colaboração e a independência na aprendizagem se tornaram

habilidades relevantes nesse contexto atual e a tendência é que sejam cada vez

mais esperadas e exigidas nas próximas gerações. Nesse sentido, professores e

pesquisadores da área de educação (KENSKI, 2007; WILEY; CARNEIRO;

SILVEIRA, 2014; ROLANDO et al, 2015; PINHEIRO; RUMENOS; TEZANI, 2016;

MAIA et al, 2017), com ênfase nas pesquisas sobre práticas de ensino, vêm

destacando a importância dos alunos desenvolverem cada vez mais cedo essas

habilidades no contexto da sua própria aprendizagem.

Em suma, a preocupação em desenvolver as habilidades acima citadas, a

autonomia no aprendizado dos alunos são motivos de pesquisas. Nesse sentido,

nasce a proposta da utilização de Tecnologias Digitais da Informação e

Comunicação (TDIC), que têm se tornado ferramentas importantes na inovação da

educação (MORAN, 2015). Essas tecnologias possuem recursos que proporcionam

habilidades para a troca de informações, prática de ações colaborativas, formas

diversificadas da representação de um conteúdo disciplinar e promovem fácil acesso

desde o momento da sua busca nos bancos de dados na internet até a facilidade no

manuseio das ferramentas.

As TDIC possibilitaram um salto na forma do ser humano buscar e

adquirir seu conhecimento e possuem a filosofia de que o aprendizado vai mais além

do que a recepção apática da informação, pois possui ferramentas que possibilitam

que cada indivíduo encontre sua própria forma de compreender o conteúdo

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estudado e este ato é uma postura significativamente ativa, inovadora. Portanto, se

faz necessário que o atual modelo de educação (ALMEIDA; VALENTE, 2011)

busque se utilizar das TDIC como uma maneira de construir nos alunos, as

habilidades exigidas nos tempos atuais pela sociedade.

Essa nova realidade, de uma sociedade com novas exigências, permeada

nas TDIC, traz consigo a emergência de um novo modelo de ensino. Porém, mesmo

que essa discussão tenha sua importância reconhecida e valorizada por parte dos

professores e especialistas, ainda não se alcançou uma integração ideal das TDIC

com as práticas pedagógicas dos professores nas escolas. Essa situação ocorre por

vários motivos e um dos principais obstáculos é a falta de formação qualificada do

professor voltada para questões de tecnologias educacionais.

Por essa razão, O professor precisa constantemente buscar seu

aperfeiçoamento por meio de cursos de formação para que esteja sempre atualizado

acerca do que vêm sendo debatido nas pesquisas de ensino e aprendizagem, em

especial com suporte de TDIC. A falta de incentivo à formação continuada dos

professores é um problema, pois se torna um obstáculo para encontrar caminhos em

que a prática pedagógica pode integrar a TDIC em sala de aula.

Além disso, essa lacuna é agravada por fatores como limitações nas

condições de infraestrutura física das escolas, pois é comum a falta de acesso à

internet ou falta de manutenção de computadores e demais dispositivos tecnológicos

computacionais básicos na sala de aula e na sala de informática, acrescenta a isso,

o fato de os professores trabalharem de forma isolada nos dias de planejamento,

sem um sistema de apoio e colaboração que poderia ser fornecida por toda a equipe

pedagógica.

Todo esse conjunto de problemas pode provocar a permanência de

rendimento escolar ineficiente, como também, deslocado da realidade. Como já

mencionado, a nova proposta de ensino se baseia na interação ativa com as

tecnologias, em que o indivíduo seja capaz de descobrir, questionar, inventar,

comunicar e estudar sendo conduzido por suas próprias ações enquanto orientado

pelo professor mediador.

O ensino da Matemática, por exemplo, é essencial para a formação do

aluno, visto que essa disciplina possui uma linguagem própria e necessária para

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compreendê-la. A Matemática pode ser contextualizada na prática pedagógica,

porque seu saber está permeado em fatos históricos, políticos, sociais, econômicos,

científicos, estatísticos e técnicos (PAIS, 2007). Essa disciplina merece ser mais

humanizada e criar maior conexão com os alunos, principalmente àqueles que

criaram repulsa a esse domínio do conhecimento, que são, conforme estudos,

grande parte dos alunos. Essa postura de rejeição causa sérios problemas no

desenvolvimento pessoal e profissional do estudante. Compreender essa linguagem

é fundamental nos aspectos pessoais e profissionais. É por meio dela que o aluno

pode desenvolver a capacidade para a construção do pensamento reflexivo e do

raciocínio lógico (SOUZA, 2001).

A realidade do aprendizado de Matemática no Brasil tem sido

desafiadora. É a disciplina que mais reflete o baixo desempenho na Educação

Básica segundo dados do QEDU (2017). O QEDU é um portal de informações

educacionais do Brasil, é aberto e gratuito e reúne informações de fontes oficiais

como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Tal índice é o

principal indicador da qualidade da educação básica no Brasil que utiliza uma escala

que vai de 0 a 10.

A meta para o Brasil na rede pública de ensino é alcançar a média 5,8 e

5,2 até 2021 nos anos iniciais (possui atualmente nota 5,5) e finais (possui

atualmente nota 4,4) respectivamente. No geral, o objetivo é que todas as escolas

possuam nos anos iniciais e finais, no mínimo nota 6, patamar educacional

correspondente ao de países da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE), como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e

Suécia.

Podemos acompanhar por essa plataforma, a evolução bienal do

aprendizado em Português e Matemática dos alunos de 5º ano. Ponto de destaque é

dado às notas de Matemática, que seguem sempre sendo mais baixas do que as

notas de Português, para todos os alunos de escola pública municipal do 5° ano.

Visto essa preocupação, é preciso repensar a modelo de ensino da

Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental, de forma que favoreça a

apropriação dos conceitos matemáticos pelos alunos. É preciso explorar atividades

que aproximem o aluno dos conceitos matemáticos. É fundamental que o aluno

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adquira confiança em sua própria capacidade para aprender Matemática e se

permita avançar no processo de formação de conceitos. Portanto, as TDIC, através

de seu potencial multimidiático, podem ser uma saída para se pensar e criar novas

metodologias de ensino da Matemática.

Nesse sentido, o professor e toda a equipe pedagógica têm

responsabilidade sobre a forma de abordar os conceitos dessa disciplina, para que

fique compreensível e principalmente conectado com a realidade dos alunos. A

equipe pedagógica deve se preocupar em acompanhar o rendimento do aluno por

meio das suas notas semestrais e também pelo resultado dos índices de qualidade

de educação por resultados de avaliações externas realizadas pelo Ministério da

Educação (MEC) e secretarias estaduais e municipais de Educação, além de

buscarem se aprimorar e checar se as metas estão sendo alcançadas.

Para facilitar o acompanhamento do desempenho da aprendizagem do

aluno, existem plataformas públicas que publicam índices educacionais com a

finalidade de trazer para debate discussões sobre a educação. A plataforma QEDU

fornece dados educacionais, como a Prova Brasil, o Censo Escolar, o Ideb e o

Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O desempenho insuficiente em Matemática na rede pública municipal no

5° ano dos anos iniciais é um problema e demonstra ser uma realidade desafiadora

em todas as escalas que vão do local ao nacional. Aqui, destacaremos a nota média

em Matemática obtida pelos alunos de acordo com a nota do Ideb (2017)

comparando país, estado, município e a própria Escola municipal, lócus da

pesquisa, situada no município potiguar de Parnamirim. A nota do Ideb para os anos

iniciais no Brasil registrou 5,5; no Rio Grande do Norte registrou 4,5; em Parnamirim

registrou 4,7 e a Escola municipal registrou 4,9.

Esse resultado significa que nenhum lócus alcançou 6,0 pontos

estipulados como meta para todas as escolas do Brasil, de acordo com o INEP. Na

Prova Brasil, o resultado do aluno é apresentado em pontos numa escala (Escala

SAEB). Decidiu-se que, de acordo com o número de pontos obtidos na Prova Brasil,

os alunos são distribuídos em quatro níveis em uma escala de proficiência:

Insuficiente, Básico, Proficiente e Avançado. No QEDU, considera-se que alunos

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com aprendizado adequado são aqueles que estão nos níveis: proficiente e

avançado.

Na escala SAEB (2017), os números reforçam essa preocupação. No que

se refere ao aprendizado adequado de Matemática pelos estudantes, na escala

Brasil, 42% atingiu a meta, na escala estado do Rio Grande do Norte apenas 21%,

no município Parnamirim, apenas 26%, já na escola municipal, apenas 23% dos

alunos aprenderam adequadamente o conteúdo da Matemática, ou seja, uma

situação crítica em todas as dimensões, significando que poucos alunos

desenvolveram as habilidades esperadas naquele nível. A partir desses dados,

notamos a necessidade de se pensar em novas estratégias de ensino da

Matemática, para que, a longo prazo, a escola municipal, lócus dessa pesquisa,

possa melhorar os níveis de aprendizagem adequada dos alunos.

Para isso, é preciso inicialmente começar refletindo sobre o Projeto

Político Pedagógico (PPP), em que se faz um estudo da realidade, levando em

conta os problemas, desafios do presente, quais as pretensões de transformação e

a apresentação das linhas de ação no que se refere à gestão, currículo e

qualificação. A segunda etapa é a proposta pedagógica que consiste no estudo

contínuo das áreas do conhecimento. É reflexão coletiva sobre a prática docente. A

terceira etapa é o Plano de trabalho docente que é a organização do trabalho do

professor em sala de aula, com relação aos conteúdos e abordagens. Por último, o

Plano de ação da escola que fica no nível de gestão, como a organização do

trabalho escolar e criação das condições didático-pedagógicas. Um agravante do

lócus desse trabalho se dá pelo fato da escola em questão, não possuir um PPP,

documento importante que norteia todas essas questões mencionadas.

Como podemos ver, o Projeto Político Pedagógico nasce de uma ação

conjunta de toda a equipe escolar para atingir as metas que deverão ser cumpridas

naquele ano. O esforço da equipe em construir um plano que deve levar em conta

as necessidades da escola. Essas necessidades devem ser geridas por meio da

gestão democrática da escola.

A utilização de ferramentas tecnológicas educacionais pode ser inserida

no nível de proposta pedagógica. Nesse nível, se pode fazer uma reflexão com

todos os professores em conjunto para explorar o uso de TDIC em cada plano de

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aula, principalmente na Matemática, disciplina que têm ganhado atenção no

desenvolvimento de recursos tecnológicos que auxiliam na superação das

dificuldades de compreensão de conceitos. Os resultados da utilização das TDIC

podem se tornar um indicador que viabiliza a proposição de metodologias de ensino

mais inovadoras, ou seja, metodologias que provocam uma reflexão mais

aprofundada e congruente com a realidade do aluno (BANDEIRA et al, 2017).

As TDIC possuem como recurso os Objetos de Aprendizagem (OA). Por

se tratarem de uma TDIC diversificada, de fácil utilização, podem servir como

suporte educacional importante na Matemática, por trazerem os conteúdos da

disciplina em diferentes representações comparadas ao ensino tradicional. Trata-se

de uma entidade, digital ou não digital, que pode ser usada durante um processo de

suporte tecnológico ao ensino e aprendizagem (IEEE/LTSC, 2000). Os OA têm

como qualidades a aprendizagem interativa, cooperativa, se utilizam de instruções,

de vídeos, gráficos, mapas e de softwares para subsidiar o momento da

aprendizagem (WILEY, 2000).

Esses recursos podem estimular a curiosidade e raciocínio do aluno e a

resolução de problemas em grupo. Dessa forma, os alunos colaboram entre si,

criando seus próprios caminhos para as soluções da proposta do OA. Esses

recursos podem ser engajados no plano de aula do professor como recurso

estratégico. A escolha do OA vai depender das reais necessidades do aluno e

professor, pode ser realizada de acordo com o conteúdo, com o nível do aluno,

formação e habilidade, além de ser acessado a qualquer hora e lugar, pois está

armazenado na internet (WILEY, 2000).

No que se refere à aprendizagem matemática, já existem repositórios

especificamente para essa disciplina, como é caso da Plataforma Objetos de

Aprendizagem para Matemática (OBAMA), projeto desenvolvido na Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, no Instituto Metrópole Digital (IMD), que

disponibiliza além de um “(…) ambiente que oferece acesso, em único endereço

web, ao maior número de OA para as suas aulas, com a indicação da etapa de

ensino, tema curricular e a confiabilidade das características pedagógicas do

recurso” (BATISTA et. al. 2017, p.300). Também possui uma ferramenta de

construção de plano de aula colaborativo. Essa ferramenta pode contribuir como

apoio tecnológico que estimula e possibilita a colaboração entre os professores, pois

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permite que todos os docentes colaborem na construção de um plano de aula

simultaneamente.

A integração dessa colaboração no âmbito escolar, do professor de

informática com os professores de sala de aula, pode ser uma oportunidade para a

integração do uso das TDIC no ensino, visto que o momento de planejamento, se

feito colaborativamente, possibilita troca de novos conhecimentos e aprendizados.

Trazendo essa questão para o lócus desta pesquisa, da qual o autor faz

parte do quadro funcional de professores, algumas das atribuições do professor de

informática definidas pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC) do

município de Parnamirim é: planejar e desenvolver ações didático-metodológicas

articuladas com o planejamento do professor de sala de aula e/ou com o projeto

didático do laboratório; e atuar como parceiros dos professores, transformando o

laboratório em espaço extensivo da sala de aula.

Ocorre que o professor de informática encontra-se com sua função

subutilizada atualmente, pois ele não consegue dar o apoio esperado pela SEMEC

aos outros professores, já que o dia de planejamento não coincide entre eles e isso

dificulta o trabalho colaborativo entre os docentes e, consequentemente, o

compartilhamento de saberes, estratégias e planejamentos de diferentes

metodologias de aula.

Além disso, as formações promovidas pelo Programa Nacional de

Tecnologia Educacional (PROINFO) programa educacional com o objetivo de

promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica, são

raras e não são estendidas aos professores de sala de aula. O resultado disso é que

as formações se limitam aos professores de informática e estes possuem dificuldade

de levar e realizar as metas planejadas pelo PROINFO aos professores de sala de

aula.

Diante desse contexto, por acreditar no impacto positivo do uso dessas

ferramentas inseridas no plano de aula dos professores, este trabalho almeja indicar

um caminho para a integração de TDIC no ensino da Matemática dos anos iniciais.

Para tal alcance, a ação proposta do trabalho é desenvolver essa integração por

meio da colaboração do professor de informática com os professores de sala de

aula, desenvolvendo planos de aulas em conjunto, por meio da plataforma OBAMA.

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Com isso, busca-se demonstrar como a colaboração entre professores e a

integração de TDIC nos planos de aula, pode contribuir para a prática de ensino em

Matemática.

A pesquisa foi realizada em uma escola municipal, localizada na cidade

de Parnamirim, no estado do Rio Grande do Norte. A escolha por essa instituição de

ensino ocorreu por se tratar do ambiente profissional do autor da pesquisa, e pelo

fato de a mesma obter um desempenho no IDEB e escala de aprendizado abaixo da

média seis e apenas 23% em relação ao nível de aprendizado adequado (SAEB),

criando assim, um cenário passível de explorar a metodologia proposta e com isso

conseguir resultados para esta pesquisa. Além disso, percebemos a necessidade de

uma aproximação maior entre os professores que compõem a equipe pedagógica da

escola para, coletivamente, buscar estratégias de superação do problema do

desempenho das notas escolares, como também a elaboração de práticas

pedagógicas colaborativas em conjunto que vise inovar as formas de ensino de

conceitos.

Nesse sentido, temos como questão central a seguinte pergunta: Quais são

as contribuições da prática colaborativa no processo do planejamento de aula entre

professores dos anos iniciais e o professor de informática, com vistas à integração

de TDIC em aulas de Matemática? A partir disso, delineamos como objetivo geral

Analisar as contribuições da prática colaborativa no processo do planejamento de

aula entre professores dos anos iniciais e o professor de informática, com vistas à

integração de TDIC em aulas de Matemática. Como objetivos específicos, tem-se:

Identificar o panorama atual do uso de TDIC no ensino da Matemática nos anos

iniciais pelos professores colaboradores; Planejar colaborativamente com os

professores utilizando o OBAMA, integrando TDIC nos planos de aula de

Matemática; e Analisar a influência do planejamento colaborativo na prática docente

com TDIC na Matemática.

Esta dissertação está estruturada, além desta Introdução, da seguinte forma:

No Capítulo 2, Abordaremos sobre as TDIC e a Matemática, as abordagens

pedagógicas de TDIC para o ensino da Matemática e a integração das TDIC ao

currículo e à prática docente. Por fim, realizamos uma revisão de literatura sobre a

prática docente e o uso de TDIC na Matemática.

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No Capítulo 3, mostramos a metodologia da pesquisa com os procedimentos

que foram adotados na investigação, a delimitação do lócus, a definição dos sujeitos

da pesquisa, e por fim, como foi feita a coleta e as categorias de análise que

fundamentaram a pesquisa. Apresentamos também a coleta de informações

conforme o procedimento da metodologia, a coleta ocorreu por meio de entrevistas e

de observações dos momentos colaborativos que foram registrados.

No Capítulo 4, mostramos a análise dos resultados obtidos onde se aborda as

concepções iniciais dos professores sobre TDIC na Matemática e a construção e

reconstrução desses conceitos pelos professores durante a prática colaborativa. Por

fim, nas Considerações finais são apresentadas as conclusões do trabalho em que

ressaltamos a importância das TDIC na Matemática e as competências necessárias

para o ensino e a aprendizagem sobre esse tema.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Em um contexto que se reconhece que a “(…) atual sociedade é

influenciada pela informatização e pelo paradigma tecnológico, caracterizado pela

alta velocidade em que a informação é gerada, processada e compartilhada”

(ROLANDO; LUZ; SALVADOR, 2015, p. 175) é imprescindível discutir sobre o

desenvolvimento da aprendizagem de alunos, inseridos em um contexto com amplo

acesso à internet. Este fenômeno oferece diferentes formas de comunicação e

detém poder e potencial para influenciar a concepção de professores sobre o que

seja ensinar e aprender.

Segundo Levy (1999) notam-se os efeitos do fenômeno da Web 2.0, em

que o ambiente de interação e participação engloba inúmeras linguagens e

motivações e deu voz, autonomia e habilidade ao usuário. No contexto escolar,

Segundo Maia e Aires (2016, p. 466), a Web 2.0 pode possibilitar uma

aprendizagem colaborativa, já que agora, a internet possibilita ao usuário buscar,

construir e refletir seu conhecimento, principalmente, por meio de variadas

ferramentas de interatividade entre usuários, como chats, fóruns, compartilhamento

de mídias, dentre outras ferramentas.

Dessa forma, ampliam-se as possibilidades de o aluno se sentir à vontade

para buscar seu próprio conhecimento no seu ritmo de, acordo com suas

necessidades. Em contrapartida é necessário que o professor se adapte à nova

realidade do ciberespaço, ou seja, ao conjunto de ferramentas digitais que estão

relacionadas e disponíveis na internet. Para isso, é necessário que o docente

reconheça que essa mudança pode ser encarada de forma positiva, pois existem

vastas opções de recursos educativos digitais que podem lhe auxiliar na sua prática

com vista ao objetivo primordial que é a aprendizagem do aluno.

A formação dos professores, nessa nova realidade, deve ser feita

considerando esses recursos digitais que atualmente estão disponíveis tanto para o

professor quanto para o aluno. Mas não somente os indivíduos em questão devem

se orientar para o novo contexto de educação, a escola também deve estar

preparada para a nova concepção de aprendizado a partir da integração de TDIC,

modernizando sua infraestrutura. Porém, de nada adianta ao professor apenas

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concordar que existe uma mudança na forma de buscar e desenvolver

conhecimento, se ele não estiver disposto para empreender a inovação.

Isso é apenas o início de uma transformação necessária e que promova

ganhos para a prática pedagógica. Formação docente, investimento em

infraestrutura escolar, troca de experiências entre a comunidade escolar usuária de

recursos educativos digitais e o engajamento discente nas práticas com tais TDIC

são elementos que precisam ser conjugados para se alcançar êxito na integração

das TDIC ao Currículo. Principalmente no ensino da Matemática, objeto de nosso

estudo, disciplina que possui o aprendizado classificado como insuficiente e por isso

está abaixo do considerado adequado pela avaliação do IDEB, conforme dados do

QEDU (2017).

As TDIC proporcionam maior interatividade, pois “(…) quando bem

conjugadas às aulas de Matemática podem contribuir para atender a demandas de

aprendizagem discente e o desenvolvimento de competências e habilidades ligadas

ao pensamento lógico-matemático” (MAIA et al, 2017, p.746). A utilização das TDIC

no ensino da Matemática pode trazer contribuição no desenvolvimento da autonomia

dos alunos, por meio de atividade colaborativa, para isso é preciso montar

estratégias de uso de TDIC que podem potencializar a construção dessa habilidade

e, assim, contribuir para a formação de um aluno seguro e capaz de resolver

situações problemas de Matemática de forma contextualizada com a realidade

vivida, conforme pode ser visto nos estudos de Bandeira et al (2017).

No intuito de auxiliar na compreensão da necessidade por uma formação

de professores no que diz respeito ao uso dos recursos educativos digitais para o

ensino da Matemática, a seguir será feita a análise de como ocorreu a trajetória das

TDIC nas escolas, quais suas abordagens, o que é necessário para o Currículo e à

prática docente e, por fim, discutir sobre artigos que discutam sobre as TDIC no

ensino da Matemática.

2.1 TDIC e a Matemática

A Matemática faz parte da vida do ser humano e é por meio dela que se

constrói a capacidade de raciocínio lógico e crítico (PAIS, 2007). Essa capacidade é

fundamental para se constituir um sujeito ativo e participante na sociedade; alguém

que transforma sua própria realidade e busca propor melhorias para a sua

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sociedade. Ignorar a dificuldade dos alunos em construir em si mesmo o caráter

dessa dimensão social que a Matemática traz é uma demonstração de

descompromisso e incoerência com a função exercida pelo professor. Portanto, se

faz necessário que o professor reflita sobre sua prática pedagógica, buscando

metodologias que favoreçam o processo de ensino e aprendizagem.

É importante frisar as competências descritas nos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN) de Matemática (1997) para o Ensino Fundamental no

ensino da Matemática: Identificar as principais características dessa ciência, de seus

métodos, de suas ramificações e aplicações; Conhecer a história de vida dos alunos,

sua vivência de aprendizagens fundamentais, seus conhecimentos informais sobre

um dado assunto, suas condições sociológicas, psicológicas e culturais; Ter clareza

de suas próprias concepções sobre a Matemática. Essas competências precisam ser

levadas em consideração pelo professor, uma vez que a prática em sala de aula, as

escolhas pedagógicas, a definição de objetivos e conteúdos de ensino e as formas

de avaliação estão intimamente ligadas a essas concepções.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um documento que

estabelece com clareza o conjunto de aprendizagens essenciais e indispensáveis a

todos os estudantes, que apresenta, na área de Matemática, as habilidades que se

espera ser desenvolvidas pelos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental. O

documento afirma que em relação às vivências cotidianas das crianças da educação

infantil com números, formas e espaço, deve-se buscar sistematizar a noção desses

conceitos, pois “(...) nessa fase, as habilidades matemáticas que os alunos devem

desenvolver não podem ficar restritas à aprendizagem dos algoritmos das chamadas

‘quatro operações’ [...] apesar de sua importância”. O documento também aborda

que se estimule a habilidade de efetuar cálculos mentalmente, fazer estimativas e

aprender a manusear a calculadora. Sempre que possível, estimular a busca por

caminhos alternativos da aprendizagem (BRASIL, 2017). É importante comentar

sobre a relevância que esses documentos dão a respeito das habilidades

matemáticas que se esperam dos alunos.

A compreensão do papel que determinada habilidade representa no conjunto das aprendizagens demanda a compreensão de como ela se conecta com habilidades dos anos anteriores, o que leva à identificação das aprendizagens já consolidadas, e em que medida o trabalho para o

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desenvolvimento da habilidade em questão serve de base para as aprendizagens posteriores. (BRASIL, 2017, p. 276).

Observamos que o professor é responsável por trazer novas formas de

interação entre os alunos por meio de atividades que possam despertar neles a

vontade de serem participativos, de buscarem se envolver na atividade proposta

pelo mediador e, principalmente, os tornem autônomos de sua aprendizagem. A

forma de buscar e construir o conhecimento mudou com o advento da internet e das

TDIC, “(…) o que a tecnologia traz hoje é integração de todos os espaços e tempos.

O ensinar e aprender acontece numa interligação simbiótica, profunda, constante

entre o que chamamos mundo físico e mundo digital” (MORÁN, 2015, p.4).

Os alunos não se satisfazem mais com o modelo de ensino atual,

principalmente, sem o uso de tecnologias digitais na sala de aula. A realidade dos

alunos mudou e o modelo de educação precisa acompanhar essa mudança,

envolvendo-os em atividades que tragam um sentido para eles, ou seja, atividades

que estejam associadas ao mundo que eles enxergam e a problemas que eles

convivem. Cada criança carrega em si, um propósito e um projeto pessoal que a

escola deve mostrar os caminhos necessários para se alcançar a realização plena.

Rolando et al (2015, p. 866) afirmam que as TDIC, no ensino “(…) podem ser

utilizadas para apoiar e favorecer a aprendizagem, criar situações baseadas em

problemas do mundo real na sala de aula, como oportunidades de feedback e

reflexão, na construção de comunidades de aprendizagem”. Como bem afirmam

Rolando et al (2015), as TDIC oportunizam uma forma mais dinâmica dos alunos

aprenderem ativamente um conceito. Tais tecnologias são recursos que

potencializam a ressignificação dos conceitos e, como diz Veloso (2011),

desencadeiam processos de socialização de conhecimentos, abrindo a chance para

outra forma de comunicação mais próxima do contexto externo da escola.

Além disso, o professor ganha um papel diferente do que está acostumado,

pois ele passa a observar quais os caminhos adotados para aprender o conceito que

seus alunos estão tomando. De acordo com o que se observa, é possível explorar

novas estratégias, combinando recursos diferentes, dessa forma, tornando o tempo

da aula melhor aproveitado. O papel de observar os alunos é importante para tomar

conhecimento sobre as maneiras particulares de cada indivíduo buscar seu

conhecimento.

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As novas TICs1 não são apenas meros suportes tecnológicos. Elas têm suas

próprias lógicas, suas linguagens e maneiras particulares de comunicar-se com as capacidades perceptivas, emocionais, cognitivas, intuitivas e comunicativas das pessoas (KENSKI, 2007, p.38).

Exemplos disso que a autora cita, são os recursos como a “(…) televisão

digital, os jogos interativos pelo computador, os vídeos, os sites educacionais e

softwares educativos. Essas tecnologias dinamizam o espaço de ensino-

aprendizagem, onde, anteriormente, predominava a lousa, o giz, o livro e a voz do

professor.” (KENSKI, 2007, p.46). É bom lembrar que o papel do professor não é

apenas passar o conteúdo, é mais do que isso, principalmente no contexto atual. O

professor pode exercer o papel de mediador, em que pensa quais estratégias estão

sendo efetivas na aprendizagem dos alunos. Ele tem o dever de refletir a sua própria

prática de ensino, explorando o novo e pensando também em formas de

colaboração que outros professores poderiam colaborar com sua prática. Aprimorar,

enriquecer e dinamizar a ação prática da aula promove segurança, realização e

satisfação para o professor que se propõe a isso.

Essa nova cultura em torno das TDIC foi impulsionada pela internet, cada vez mais acessível, sobretudo pela disseminação dos dispositivos móveis, que fomentaram a participação das pessoas no Ciberespaço. Em ambos os casos, o prefixo ciber remete aos sistemas e redes cibernéticos da informação. Logo, enquanto Ciberespaço é um espaço não real (ou virtual) onde as pessoas transitam e interagem, produzindo e trocando informação e conteúdo em formato digital a partir de dispositivos computacionais, essas práticas, que definem a cultura daquele espaço, compõem a Cibercultura (MAIA, FILHO, 2017, p.4).

A lógica da cibercultura, como dizem os autores supracitados, oportuniza

interações significativas para a construção do saber coletivo. Há duas décadas,

outros autores estudiosos dessa área também já confirmam e reforçam essa ideia:

As aplicações computacionais, dirigidas à educação não estão mais simplesmente tentando ensinar habilidades tradicionais de modo mais rápido, eficiente e com um menor custo. Em vez disso, estão tentando participar de um processo de mudança dos métodos de ensino e aprendizagem e redefinindo os objetivos e resultados desejáveis desses processos (BARANAUSKAS et al. 1999, p.51).

Apesar de esses apontamentos terem sido feitos há algum tempo, é

interessante perceber que já havia uma preocupação voltada para a necessidade de

se pensar em um novo modelo de ensino coerente com o contexto das tecnologias

voltadas para a educação. A cibercultura reforça a ideia de que as TDIC são

1 Kenski se refere às novas TICs (NTICs) de forma equivalente as TDIC.

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alternativas interessantes não só para dinamizar a aula de Matemática, mas também

como ferramentas colaborativas de trabalho que podem dar apoio aos professores

em suas atividades profissionais, como por exemplo, espaços virtuais que

possibilitam a troca de informações, como chats de texto voz e vídeo, fóruns para

compartilhamento de conhecimentos sobre educação, como também ferramentas

como a plataforma OBAMA, que possibilita aos professores, a criação online de

planos de aula colaborativos, ferramenta essa que foi utilizada na prática

colaborativa entre os professores dessa pesquisa.

É no contexto de inovação pedagógica com suporte de tais tecnologias

que surgem, por exemplo, os repositórios de Recursos Educativos Digitais (RED),

que servem para reunir, organizar e compartilhar recursos didáticos disponíveis na

internet, como os Objetos de Aprendizagem, que podem ser compreendidos como

qualquer recurso digital usado com objetivo educacional (PINHEIRO; RUMENOS;

TEZANI, 2016).

Sobre os objetos de aprendizagem, Wiley (2000) descreve qual a ideia

base desta entidade digital:

A ideia fundamental por trás dos objetos de aprendizagem é: os designers instrucionais podem construir componentes didáticos pequenos que podem ser reutilizados várias vezes em diferentes contextos. Além disso, os objetos de aprendizagem são geralmente entendidos como entidades digitais que podem ser entregues pela Internet, o que significa que qualquer número de pessoas pode acessá-las e usá-las simultaneamente. Além disso, aqueles que incorporam objetos de aprendizagem podem colaborar e se beneficiar imediatamente de novas versões. Essa é uma diferença significativa entre objetos de aprendizado e outros tipos de mídia instrucional que existiam anteriormente (WILLEY, 2000, p.4).

Com base na perspectiva de Wiley, Carneiro e Silveira (2014, p.237)

também ressaltam que um OA precisa estar associado como uma ferramenta digital

facilitadora do processo de ensino e aprendizagem. O papel do professor em refletir

sobre quais OAs utilizar em sua prática de ensino é importante, visto que esses

recursos carregam em si, não só o conteúdo proposto, mas também podem indicar a

abordagem pedagógica predominante. Conhecer qual a origem, vantagens e

limitações de cada abordagem faz parte do processo de construção de um

planejamento de aula do professor. Para entendermos melhor os fundamentos

existentes por trás das TDIC, veremos as discussões com maior profundidade a

seguir.

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2.2 Abordagens pedagógicas das TDIC na educação Matemática

Por acreditar que a utilização de tecnologias educacionais pode favorecer

um trabalho mais dinâmico e profundo, é preciso conhecer as abordagens

pedagógicas que o fundamentam.

Como estamos falando de TDIC educacionais, deve ser lembrado que,

como toda tecnologia, elas evoluem com o passar do tempo. Sobre isso, a vinte

anos Baranauskas et al. (1999, p. 45) já explanavam que “(…) o conteúdo e prática

educacionais também seguem essa tendência. Podemos dizer que a criação de

sistemas computacionais com fins educacionais tem acompanhado a própria história

e evolução dos computadores”. Com isso, o paradigma de aprendizado se refletia

nos sistemas do contexto educacional. Essa afirmação dos autores faz referência à

trajetória de discussões que já estavam acontecendo desde a década de 1950 em

que já existiam máquinas de ensinar sob o modelo de instrução.

A chamada “instrução programada” foi a base para os primeiros sistemas e embora a tecnologia do computador na época fosse bastante promissora, no sentido de automatizar o método da instrução programada, tais sistemas não alcançaram o sucesso prometido. O material instrucional a ser transmitido era selecionado, organizado, armazenado e apresentado ao estudante de forma bastante rígida (BARANAUSKAS, 1999, p.45)

Pode-se observar que nessa perspectiva não havia espaço para a

compreensão do que exatamente poderia ser o ponto frágil de entendimento do

aluno a respeito de determinado assunto. Inclusive, como bem dizem os autores

supracitados, também não existia espaço para uma iniciativa por parte do aluno de

buscar caminhos próprios para encontrar uma reflexão que chegasse a uma

resposta próxima daquelas ditas corretas pelos especialistas.

A base do Instrucionismo está sobre a vertente do behaviorismo radical,

difundida por Skinner, que influenciou o entendimento dos processos de ensino e

aprendizagem e a prática escolar, que “visam o controle do comportamento

individual face a objetivos pré-estabelecidos” (OSTERMANN e CAVALCANTI, 2011, p.21).

Um exemplo de OA para Matemática que se enquadra nessa abordagem

é o Rapid Math (Figura 1) que tem como bloco de conteúdo: Números e

Operações/Álgebra e Funções, conforme a Plataforma OBAMA. Consiste em

exercitar operações matemáticas em um determinado tempo. O objetivo do jogo é

solucionar o máximo de operações matemáticas possíveis em um determinado

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tempo, quanto mais você responde, mais operações vão surgindo, cada vez mais

complexas. O OA se caracteriza como instrucionista (PAPERT, 2008), por possuir

principalmente o conceito do estímulo-resposta, servindo como uma forma de

exercitar a resolução de operações matemáticas.

Figura 1: OA Rapid Math

Fonte: Autoria Própria

Na década de 1980, paradigmas da aprendizagem começaram a mudar.

A valorização da iniciativa do aluno a construir seu próprio conhecimento foi um

aspecto significativo da visão que começava a se estabelecer. Esse novo paradigma

é o chamado Construtivismo, tem como características os Ambientes Interativos de

Aprendizagem (AIA). Além disso, possui as seguintes características:

Construção e não instrução: estudantes aprendem mais efetivamente construindo seu próprio conhecimento, não sendo ensinados por meio da leitura nem por meio de uma sequência organizada de exercício-e-prática; controle do estudante e não controle do sistema: o estudante tem um controle não exclusivo, mas mais significativo da interação na aprendizagem; individualização é determinada pelo estudante e não pelo sistema (BARANAUSKAS et al, 1999, p. 51).

Essa visão provoca uma abertura de possibilidades do uso das

tecnologias digitais na educação, sob uma visão em que o ensino e a aprendizagem

é compartilhada entre o aprendiz e o sistema. O Construcionismo (PAPERT, 2008)

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tem como base a teoria Construtivista de Jean Piaget que afirma que só há

conhecimento, quando existe ação do sujeito com o meio em que vive.

O pensamento é, simplesmente, a interiorização da ação. Só há aprendizagem quando o esquema de assimilação sofre acomodação. A mente, sendo uma estrutura para Piaget, tende a funcionar em equilíbrio. No entanto, quando esse equilíbrio é rompido por experiências não assimiláveis, a mente sofre acomodação a fim de construir novos esquemas de assimilação e atingir novo equilíbrio. Esse processo de reequilíbrio é chamado de equilibração majorante e é o responsável pelo desenvolvimento mental do indivíduo. (OSTERMANN e CAVALCANTI, 2011, p.33).

O Construcionismo é um conceito criado por Papert, responsável pelo

desenvolvimento da linguagem Logo no final da década de 1960. Essa linguagem

consistia em conduzir um robô na tela de um computador. A condução era feita

através de comandos, dessa forma, o indivíduo era livre para criar desenhos. A

finalidade é ser autor de uma criação ativa que provoca reações e reflexões a cada

comando que é dado, fazendo uma referência a uma linguagem de programação. A

perspectiva de Papert é a utilização do computador como um meio alternativo para o

pensar. Portanto, existem recursos digitais que carregam esses conceitos, que dá

possibilidade ao aluno, de construir seu raciocínio para resolver um problema, assim

como a linguagem Logo disponibilizava.

Um exemplo de OA com essa abordagem é o Supermercado virtual

(Figura 2), catalogado sob o bloco de conteúdo: Números e Operações/Álgebra e

Funções Grandezas e Medidas, na Plataforma OBAMA. O objetivo do jogador é

realizar uma compra no supermercado, obedecendo o valor máximo que se pode

gastar no estabelecimento. Cada produto da loja possui o seu preço, então, o

jogador precisará pensar nos produtos que poderá levar, pensando e refletindo

matematicamente, sobre a soma dos valores dos produtos escolhidos. O OA permite

que o usuário percorra sua própria linha de raciocínio, executando a escolha dos

produtos e seus respectivos cálculos como julgar necessário, e é essa possibilidade

de construção que torna esse OA com um conceito construtivista.

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Figura 2: OA Supermercado Virtual

Fonte: Autoria Própria

Já o paradigma em que alunos de professores são mais colaborativos e

interativos, é chamado de Sociointeracionismo por Vygotsky (2011). Os envolvidos

encontram a possibilidade de construir o ensino e o aprendizado de forma mais

ampla e consciente e que ganhou impulso com a interatividade promovida pela

internet.

A Internet provê diferentes formas de comunicação, com base no tipo de fornecimento, recuperação e troca de informação: conferências, listas de discussão, correio eletrônico, informação eletrônica. Conferências envolvem duas ou mais pessoas em computadores separados por qualquer distância. Os participantes usam seus teclados para fornecer informações que aparecem imediatamente e simultaneamente nas telas dos outros computadores. Inicialmente, o único tipo de dado que podia ser enviado, eram os textos que cada participante criava de seu respectivo teclado. Atualmente, além de textual, informação gráfica e voz podem ser enviados.”. (BARANAUSKAS et al 1999, p. 60).

Essa abordagem se baseia na Teoria do Sociointeracionismo de Vygotsky

(2011), ao destacar que o ser humano só desenvolve seu pensamento crítico,

raciocínio e aprendizado, quando o mesmo está inserido em um meio social.

Nessa perspectiva, o ser humano é visto como um Ser ativo e social

construído ao longo da sua vida através da sua relação com o meio. Todos os

estímulos externos são internalizados no indivíduo que cria o seu pensamento e com

ele é capaz de exercer suas concepções no mundo. Esse é influenciado pela ação

do Ser pensante. Por isso Vygotsky é visto como um teórico interacionista.

Um exemplo de OA com essa abordagem é o Faça 10 (Figura 3),

catalogado sob o bloco de conteúdo: Números e Operações/Álgebra e Funções

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Grandezas e Medidas, na Plataforma OBAMA. O OA pode ser jogado de dois a

quatro jogadores, onde o objetivo de cada jogador é colocar uma carta de valor

aleatório na mesa (de 1 a 10), depois tentar recolher da mesa, duas ou mais cartelas

que somados, resultem no valor 10. Cada jogador precisará refletir e executar a

jogada que achar mais favorável, visto que a estratégia do outro jogador pode

influenciar no jogo. O OA em questão possui sua potencialidade reduzida quando

jogado apenas um jogador contra outro, pois elimina o caráter colaborativo, visto que

a colaboração é algo muito importante no sociointeracionismo para a construção do

aprendizado.

Porém, se utilizado em duplas, mesmo que ainda possua um caráter

competitivo, as duplas têm a possibilidade de colaborar para repensarem e

aprenderem qual a melhor jogada a ser feita. É essa interatividade, ou seja, a

relação com o outro sujeito para solucionar um problema, que provoca reflexão e

aprendizado, por isso o OA pode ser categorizado na abordagem interacionista.

Figura 3: OA Faça 10

Fonte: Autoria própria

Todas as TDIC em suas diversas abordagens podem ser utilizadas se

estiverem de acordo com o pressuposto metodológico do professor. Além do que, o

professor tem papel determinante para dar outra perspectiva ao recurso. Dentro

desse contexto, a combinação de OAs, por exemplo, está de acordo com Wiley

(2008) quando os caracteriza como pequenos pedaços de conteúdo que possuem

variedade de formas e tamanhos e que podem ser agregados para dar mais ênfase

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ao significado do conceito que se deseja trabalhar. Em suma, o importante é que

essas abordagens estejam claras para quem está executando a prática docente.

A integração das TDIC aos planos de aula devem ser primeiramente

alcançada por meio do planejamento da aula. A etapa de planejamento de aula é o

momento em que o professor reflete desde o conteúdo que irá ser trabalhado,

passando pelos métodos que utilizará para desenvolver o aprendizado do aluno, se

estendendo até a avaliação do aluno. Esse processo de reflexão deve ser bem

pensado a fim de contemplar recursos e métodos que poderão trazer benefícios

efetivos ao propósito da aula.

A tarefa de planejar não deve ser encarada como algo burocrático, e sim

como algo essencial para o processo de ensino e aprendizagem, pois as pesquisas

sobre os caminhos desse processo, bem como os novos recursos tecnológicos que

podem servir de suporte e auxílio para uma determinada aula, estão sempre se

atualizando, ou seja, é tarefa do professor acompanhar o que vem sendo repercutido

na educação, e na medida do possível, se apropriar dessas novas ideias.

Assim, considerando a importância das TDIC e suas potencialidades na

construção do aprendizado do aluno, será realizada a seguir uma reflexão a respeito

da integração delas ao Currículo por meio do planejamento de aula.

2.3 Integração das TDIC ao currículo e a prática docente

No contexto do que vem sendo discutido, é evidente a necessidade de se

aprofundar e modificar o Currículo escolar, principalmente quando se trata da

integração de TDIC no plano de aula, visto que:

O currículo se desenvolve na reconstrução desse conteúdo prescrito nos processos de representação, atribuição de significado e negociação de sentidos, que ocorrem primeiro no momento em que os professores elaboram o planejamento de suas disciplinas levando em conta as características concretas do seu contexto de trabalho, as necessidades e potencialidades de seus alunos, suas preferências e seu modo de realizar o trabalho pedagógico. Em seguida, o currículo é ressignificado no momento da ação quando os professores alteram o planejado no andamento da prática pedagógica conforme as demandas emergentes de seus alunos o seu fazer e refletir a ação.(ALMEIDA; VALENTE, 2011. p. 14).

O momento de reflexão e construção do Currículo é determinante para o

sucesso do engajamento dos professores com a proposta pedagógica como um

todo, pois, “(…) no desenvolvimento das práticas docentes e dos outros partícipes

escolares, engendram-se ações, desvelam-se vontades, opiniões, estratégias,

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organizações e (re)dimensionam-se atividades e propostas curriculares.” (SOARES,

2016, p.110). O currículo é um resultado do processo de investigação sobre o que e

como os conteúdos estarão distribuídos durante a trajetória percorrida no ano letivo.

Portanto, aplicar uma proposta pedagógica, como a utilização de TDIC no

processo de ensino e aprendizagem exige planejamento, que “(…) é uma tarefa

docente que inclui tanto a previsão das atividades em termos de organização e

coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no

decorrer do processo de ensino.” (LIBÂNEO, 1994, p. 34). O mesmo autor também

complementa afirmando que “(…) o planejamento é um meio para programar as

ações docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente

ligado à avaliação” (LIBÂNEO, 1994, p. 34).

Concordamos com Trevisan, Antunes e González (2017, p.4) quando

afirmam que “(…) o momento que o professor destinaria para a reflexão sobre sua

atuação docente é tão importante quanto estar em sala de aula, pois são nesses

momentos em que ele transforma as informações em conhecimento”, ou seja,

quanto mais reflexão sobre a atuação docente, mais caminhos o professor

encontrará para ensinar, e desta forma, estar mais bem preparado para atingir o

objetivo principal, o aprendizado do aluno.

Se é preciso pensar no contexto do trabalho, as potencialidades dos

alunos, e consequentemente, pensar em modelos de ensino que sejam mais

congruentes com a realidade desses discentes, então é necessário refletir sobre

metodologias que possam auxiliar nesse processo. Diante desse fato, considerando

que as tecnologias estão presentes no cotidiano do aluno, é desejável pensar em

aulas que possuam a proposta da utilização dessas TDIC no plano de aula do

professor, porém, é importante ressaltar que a inovação no processo de ensino e

aprendizagem não está restrita ao uso da tecnologia, e sim em como o “professor

vai se apropriar desses recursos para criar projetos metodológicos que superem a

reprodução do conhecimento e levem à produção do conhecimento” (BEHRENS,

2000, p. 103).

No contexto da rede pública municipal de Educação de Parnamirim, esse

tipo de integração pode ser intermediado pelo professor de informática que dentre as

suas atribuições, possui a função de “(…) planejar e desenvolver ações didático-

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metodológicas articuladas com o planejamento do professor de sala de aula e/ou

com o projeto didático do laboratório” (PARNAMIRIM, 2014, p.1). Esse tipo de ação

pode provocar e estimular inclusive, o planejamento colaborativo entre esses

professores.

Num mundo de tantas informações, oportunidades e caminhos, a qualidade da docência se manifesta na combinação do trabalho em grupo com a personalização, no incentivo à colaboração entre todos e, ao mesmo tempo, a que cada um possa personalizar seu percurso. (MORÁN, 2015, p. 26).

O pesquisador do trabalho, como conhecedor do cenário da área de

pesquisa, percebe o pouco uso de TDIC no ensino pelos professores da escola,

como também percebe o isolamento do professor em seu planejamento. Esse fato

vem de acordo com Kenski (2013, p.3) que afirma que os professores estão “(...)

isolados, com cargas cada vez maiores de trabalho, conectados em dias e horários

de folga ou afastamento”.

Nesse sentido, ainda é preciso construir uma aproximação entre os

professores, haja vista que cada professor possui um dia de planejamento na

semana que é feito de forma isolada, ou seja, sem trazer a contribuição de outros

professores para a elaboração do plano de aula. O professor de informática pode

proporcionar tanto a aproximação entre professores como a integração das TDIC às

aulas, auxiliando desde a elaboração do plano até o momento de escolha de TDIC,

que podem complementar e dinamizar a forma que o conteúdo poderá ser

trabalhado em sala de aula.

Se tratando da utilização de TDIC no ensino, além dos conhecimentos

pedagógicos e de conteúdo (Shulman, 1986) exigidos na prática docente para se

desenvolver uma aula que atinja os objetivos, se faz necessário agora se apropriar

também do conhecimento tecnológico. Dessa forma, para adicionar esse novo

elemento na prática pedagógica do professor, é que surge o modelo Technological

Pedagogical Content Knowledge (TPACK), concebido por Koehler e Mishra (2009)

que busca auxiliar no enriquecimento da forma de aprendizagem.

Os autores consideraram a interação de três componentes principais do

conhecimento dos professores: conhecimentos de conteúdo, pedagógico e

tecnológico. Antes, quando era necessário apenas conseguir relacionar o

conhecimento de conteúdo com o conhecimento pedagógico (PCK), é preciso

relacionar mais um elemento para se trabalhar de forma efetiva com TDIC no ensino,

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relacionando o conhecimento tecnológico com o conhecimento pedagógico e o

conhecimento de conteúdo, conhecido como TPACK, melhor visto na figura 4.

Figura 4: Elementos que compõem a TPACK

Fonte: Koehler e Mishra (2009)

Sobre esse modelo, Nakashima e Piconez (2016) explicam os elementos

que fazem parte dele.

O componente Pedagogical Knowledge (PK), na tradução, conhecimento

pedagógico, se refere ao conhecimento de estratégias de trabalhar um conceito e

dinamizar os caminhos pelos quais os alunos podem aprender, através de diferentes

práticas de ensino. Isso leva em conta estratégias de motivação do aluno, eficiência,

comunicação e administração de situações, bem como a avaliação dos alunos em

relação aos métodos executados.

O Content Knowledge, na tradução, Conhecimento do Conteúdo,

representa a compreensão sobre o conteúdo a ser ensinado ou aprendido.

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O Technological Knowledge (TK), na tradução Conhecimento

Tecnológico, é a parte que se utiliza da tecnologia na educação em que há evidência

da interação do homem com a máquina.

Em suma, o que se espera desse modelo é a integração dos três

conhecimentos Pedagógico, Conteúdo e Tecnológico. Essa integração, ou melhor

chamado, a TPACK, se refere ao conhecimento e entendimento das inter-relações

entre CK, PK e TK ao usar a tecnologia para ensinar e aprender (KOEHLER E

MISHRA, 2009).

A tecnologia nesse modelo se mostra importante pois é concebido que ela

auxilia na construção do aprendizado ativo do aluno, assim, concorda-se com Palis

(2010, p. 435) quando se refere ao termo integração “(…) denota a utilização de

tecnologia no desenvolvimento conceitual, e procedimental, na resolução de

problemas e na avaliação.” e não a um mero anexo deste processo. Sobre esse

aspecto, cabe destacar o entendimento de Carvalho (2017), que reflete sobre a

complexidade da TPACK na prática docente, especificamente, no ensino da

Matemática:

A base para a construção deste quadro teórico é o entendimento de que o ensino é uma atividade complexa, que envolve vários tipos de conhecimentos. O professor em sua atividade de ensino continua se apropriando de conhecimentos teóricos e práticos que lhe permitem organizar ações que possibilitem ao estudante a apropriação de conhecimentos explicativos da realidade e do seu desenvolvimento, ou seja, ações que promovam a atividade de aprendizagem de seus estudantes. É por meio da atividade de ensino que o futuro professor tomará consciência de seu próprio trabalho, podendo lidar melhor com as contradições e inconsistências do sistema educacional, na medida em que compreende tanto o papel da escola, quanto o seu próprio papel na escola (CARVALHO, 2017, p. 39).

O desenvolvimento do conhecimento acerca dos elementos da TPACK

pelos professores durante a prática colaborativa é o diferencial desta pesquisa. Essa

ação proporcionará o aprendizado dos conhecimentos e suas relações pelo grupo

de professores, baseado no modelo TPACK, e também sobre como integra-lo em

sua prática pedagógica. Lacerda e Aires (2018) afirmam que o conhecimento da

tecnologia se torna um aspecto importante do conhecimento geral dos professores,

por proporcionam uma série de representações, exemplos e demonstrações que

podem levar o discente a compreender os conceitos matemáticos.

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Esperamos como consequência desta experiência, a criação de planos de

aula colaborativos que reflitam todos os elementos do modelo. Com isso,

entendendo a importância de um plano de aula colaborativo e incentivando a

utilização de recursos digitais inovadores no momento de execução da aula, o

natural é buscar caminhos que viabilizem essa integração. Nesse caso, o professor

de sala de aula, aliado ao professor de informática, que possuem diferentes níveis

de conhecimento pedagógico, de conteúdo e tecnológico, podem aprender e refletir

com outro, e isso pode trazer resultados positivos para o aprendizado do aluno.

Diante disso, para entender que discussões são feitas sobre o uso de

TDIC no ensino da Matemática nos últimos anos pelos professores, quais as leituras

e interpretações que os pesquisadores estão encontrando nessas aplicações e

principalmente, que formações e práticas colaborativas com o uso de TDIC na

Matemática são estudadas, foi realizada uma revisão de literatura através de uma

revisão sistemática. A finalidade dessa elaboração é conhecer os principais

resultados dessas ações. Esses resultados podem complementar a nossa análise,

bem como indicar melhores reflexões acerca da metodologia proposta por esta

pesquisa.

2.4 Revisão de Literatura

Para verificar o que há de mais recente e atualizado, mais precisamente

nos últimos cinco anos, sobre a discussão de ensino, formação docente e TDIC na

Educação Matemática, elaboramos um protocolo de pesquisa de trabalhos

acadêmicos por meio de uma revisão sistemática a partir da coleta de periódicos

que fazem parte do repositório da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (Capes). A revisão sistemática gerou um artigo, publicado em 2018

no Congresso Brasileiro de Informática Educacional (CBIE). O artigo produzido foi

avaliado e premiado como o melhor artigo na sua área do evento.

A pesquisa foi baseada na metodologia de Munzlinger (2012), na qual,

por meio de uma série de protocolos de pesquisa, auxiliou o escopo da coleta dos

trabalhos, facilitando, portanto, da busca até a extração dos dados (figura 5), que

foram coletados seguindo os seguintes critérios de inclusão e exclusão: Trabalhos

em português e inglês; Publicado nos últimos cinco anos; Trabalhos que discutam,

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proponham ou apliquem formações continuadas ou metodologias de ensino com

integração de TDIC no ensino da Matemática.

Eixo 1: Trabalhos que envolvam a Educação Matemática sejam eles revisões

de literatura, relatos de experiência, estudo sobre o ensino da Matemática ou

metodologias de ensino;

Eixo 2: Trabalhos sobre discussão ou aplicação dos professores na

integração das TDIC na Educação Matemática;

Eixo 3: Trabalhos sobre discussão ou aplicação de formação docente para o

ensino da Matemática.

Figura 5: Organização dos artigos por eixo

Fonte: Autoria própria

Os artigos encontrados no eixo 1, aqueles relativos a revisões de

literatura, estudo sobre o ensino da Matemática, metodologias de ensino, mostraram

vertentes de pesquisa diversos como; exemplos de prática de metodologia ativa,

como a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) sobre conteúdos avançados da

Matemática conforme pesquisado por Souza e Fonseca (2017); considerações a

respeito da ideia de educação baseada em competências relacionadas à

Matemática conforme abordado por Bianchini et al (2017), interdisciplinaridade

conforme estudado por Gonçalves e Pires (2014), investigação matemática no

contexto da educação conforme investigado por Wicknoski (2017) e o uso de

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narrativas na pesquisa em Educação Matemática conforme visto em Nacarato,

Passos e Silva (2014). O que esses artigos possuem em comum é a preocupação

em teorizar sobre os benefícios de novas metodologias de ensino na Matemática.

Porém, mesmo trabalhos que indicam metodologias ativas e inovadoras, não

propõem a integração das TDIC. Isso abre portas para se pensar em metodologias

ativas com uso de TDIC, criando assim, mais ideias para melhorar a prática

pedagógica.

Foram encontrados no eixo 2, artigos sobre a aplicação das TDIC no

ensino da Matemática. Ozelame (2016), por exemplo, desenvolveu uma pesquisa

que buscou responder sobre como a tecnologia pode contribuir na aprendizagem

dos alunos, como também se os recursos tecnológicos disponibilizados na escola

são utilizados nessas aulas. Os resultados da pesquisa indicaram que no discurso

dos sujeitos, todos se mostraram favoráveis ao uso das tecnologias em sala de aula,

porém os professores da escola investigada não fazem uso dos recursos

tecnológicos disponibilizados na instituição. O motivo relatado está na falta de

manutenção das máquinas, conforme conclusão dada por Ozelame (2016, p. 400).

De fato, um dos agravantes, é a questão da infraestrutura, que é a base para

implantação da integração. Porém, essa questão não é um fato isolado, aliado a

isso, também existe a resistência ou até mesmo a falta de conhecimento do

professor de modificar sua prática de ensino, como também o pouco incentivo de

formações continuadas da própria secretaria de educação.

Outros trabalhos do mesmo eixo, como as pesquisas de Melo e Carvalho

(2014), Javaroni e Zampieri (2015) e Bitante et al (2016) de modo geral, discutem

sobre a aplicação de TDIC em práticas docentes. Bitante et al (2016) discutem sobre

a percepção dos professores sobre o impacto do uso da (TDIC) na aprendizagem

dos alunos do Ensino Fundamental. Melo e Carvalho (2014) também nesse

contexto, discutem sobre o uso de software livre para o desenvolvimento da

aprendizagem e colaboração. Javaroni e Zampieri (2015) buscaram investigar as

transformações no contexto da escola com o uso de tecnologias e fomentar o uso

das TDIC nas práticas de professores de Matemática. Um ponto em comum entre

todos os trabalhos, foi a apresentação de seus artigos ou sob forma de revisão

teórica ou sobre a experiência de uma aplicação de um projeto. Os resultados

mostraram que houve um avanço na reflexão da construção do conhecimento entre

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os participantes e um amadurecimento do pensamento sobre os benefícios das

TDIC na Educação Matemática.

Com relação ao eixo 3, relativos à formação docente no ensino da

Matemática, percebemos que é uma linha de estudo que tem ganhado bastante

atenção dos pesquisadores. Os artigos de Fiorentini e Oliveira (2013), Striquer

(2014), Maia et al (2014), Paulin e Miskulin (2015), Merline, Santos e Magina (2017)

e Zabel e Malheiros (2018) trazem essa discussão. Esses autores se preocuparam

em discutir sobre práticas formativas que possam verdadeiramente contribuir para o

futuro do professor que ensina Matemática conforme dito por Fiorentini e Oliveira

(2013).

Analisaram também se as propostas de formação continuada de

professores de fato atingem a internalização de novos esquemas e modos de

utilização de instrumentos por parte dos professores, Striquer (2014). Dentre os

trabalhos citados, houve também a análise da forma como as interações mediadas

pelas TDIC contribuíram para o desenvolvimento do professor de Matemática

conforme destacado por Maia et al (2014), bem como a observação de uma

mudança positiva na prática docente após o processo formativo conforme observado

por Merlini, Santos e Magina (2017).

Outros trabalhos como os de Ponte et al (2016) e Santos e Merlini (2018)

que demonstram os benefícios da colaboração entre os professores participantes da

formação, em que essa interação contribui significativamente no resultado final do

trabalho desenvolvido. As pesquisas abordaram práticas colaborativas, entre

professores, com a integração das TDIC no ensino da Matemática, e essas práticas

podem ser consultadas, analisadas e comparadas com a prática colaborativa que

será aplicada nessa pesquisa.

Encontramos também o trabalho de Souza e Passos (2015) que teve

como objetivo, identificar a receptividade ao software SuperLogo por licenciandos

em Pedagogia e por professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental,

participantes de um curso de extensão online, e investigou o modo como eles

propuseram o uso do recurso tecnológico. Esse software, o Logo, é uma linguagem

de programação que possibilita o processamento de listas e de criação de

procedimentos, Souza e Passos (2015, p. 1028).

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Como resultado, os autores perceberam que eles formularam estratégias

e construíram conceitos e ideias sobre a Matemática e seu ensino, alcançaram o

envolvimento ativo dos estudantes e entenderam o software como mais um recurso

que pode auxiliar na aprendizagem dos alunos. A visão dos autores sobre os

resultados refletem de modo geral, a visão daqueles que em sua prática pedagógica

enxerga as contribuições que as TDIC trazem para o avanço do ensino e

aprendizagem.

Assim como o Logo, outros softwares educativos têm trazido novas

formas de trabalhar conteúdos disciplinares para além do giz, quadro e aulas

expositivas. Essas metodologias que utilizam a tecnologia provocam um

envolvimento mais ativo dos alunos nas aulas. A atenção dada ao processo

formativo é um ponto a ser destacado, são a partir dessas formações que se

desencadeiam novas reflexões e novos aprendizados na prática docente. A

autoavaliação da prática deve ser sempre um ponto a ser revisado, tendo em vista a

necessidade de acompanhar como tem se dado o aprendizado, principalmente

agora, numa prática colaborativa com um contexto do uso de tecnologias no ensino

e de colaboração na construção de planos de aula.

Foi possível perceber a diversidade de temas abordados sobre a

Educação Matemática, seja teorizando ou refletindo sobre as práticas de ensino,

desde revisões de literatura, metodologias de ensino a práticas educativas na

Matemática com integração das TDIC.

Desta forma, fica clara a importância dada à integração das TDIC no

processo de ensino e aprendizagem, corroborando com a mudança cultural em

relação ao ensino nas escolas. Percebemos também, muitos trabalhos que tratavam

sobre formação docente, ou seja, uma preocupação crescente sobre novas formas

de ensino e a prática docente, inclusive através de formações continuadas

colaborativas, onde os professores colaboravam nas ações realizadas no percurso

da formação.

Apesar dos diversos trabalhos com TDIC, não foram encontrados na

catalogação estudos ou práticas diretamente realizadas com a integração de OAs no

ensino da Matemática, porém, muitas das aplicações dos trabalhos aqui descritos,

possuem potencial para integrar OA no processo, como no trabalho sobre o

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SuperLogo e de uso de software livres, pode ser pensado em diversos Objetos de

Aprendizagem para essa integração no ensino da Matemática (Lima, 2018). Os

elementos até aqui discutidos, auxiliaram a traçar o contexto em que surgiu esta

pesquisa, além disso, ajudou a compreender os elementos históricos, sociais e

culturais que estão por trás do cenário do problema em análise. Diante disso, no

capítulo seguinte, passa-se a discutir os elementos da Pesquisa Colaborativa,

destacando os procedimentos necessários para a execução da prática colaborativa

entre os professores da escola municipal de Parnamirim.

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3. METODOLOGIA

Em virtude do objetivo da pesquisa ser identificar as contribuições da

integração das TDIC na prática docente para o ensino da Matemática nos anos

iniciais do Ensino Fundamental, a partir do planejamento de aula em colaboração

dos professores de sala de aula e de informática, a pesquisa qualitativa é a mais

adequada para essa finalidade, por se tratar de um método baseado na percepção

humana.

Chizzotti (2003) analisou a evolução da pesquisa qualitativa definindo

cinco períodos históricos que sintetizavam as transformações e as contribuições

novas que ampliaram o campo e o significado da pesquisa qualitativa. O primeiro

marco, final do século XIX, remete à busca pela compreensão de fatos ignorados

pela Ciência, como por exemplo, trabalhadores urbanos e rurais, na era da

industrialização. O segundo marco, primeira metade do século XX, ocorreu que “(...)

a história, a antropologia, a sociologia, a educação consolidam-se como novos

campos de investigação científica” (CHIZZOTTI, 2003, p.225). O terceiro marco,

após II Guerra até os anos 1970, privilegiam-se a objetividade, validade e

fidedignidade nos métodos qualitativos. O quarto marco, entre a década de 1970 e

1980, simbolizado pelo surgimento do pós-modernismo, onde é questionado o

privilégio de teorias, certezas e paradigmas existentes e buscam-se novos

referenciais. O quinto marco, década de 1990 em diante, entra os estudos acerca da

pluralidade cultural, da intensificação do capitalismo e das inovações tecnológicas,

nesse momento, as pesquisas se direcionam aos temas atuais. Portanto, essa

pesquisa em questão, corroborando com o quinto marco, vem justamente trabalhar

com o uso de TDIC no âmbito escolar.

Ainda sobre a Pesquisa Qualitativa, Stake (2016) e Yin (2016) discorrem

sobre o que a caracteriza. De acordo com Stake (2016) a pesquisa qualitativa é

interpretativa, experiencial, situacional e personalístico. Essas características

especiais da pesquisa qualitativa revelam que o observador está focado em analisar

o comportamento das relações humanas a partir da visão dos participantes da ação,

sem manipulá-la. Além disso, sempre leva em conta o contexto no qual se

desenvolve o comportamento, foco da análise. Ele pode optar em estudar a

percepção individual ou coletiva. Nesse sentido, Yin (2016) afirma que a

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complexidade dos indivíduos e o próprio ambiente de estudo justificam o uso de

entrevistas e também o uso de observações registradas em documentos e artefatos.

O autor também acrescenta que a conclusão do estudo é um resultado de uma

triangulação dos dados de fontes diversas. Com isso, todos os documentos formais

existentes que possam auxiliar na compreensão do objeto de pesquisa serão usados

para análise.

As características acima citadas estão presentes neste trabalho. Elas são

necessárias para se trabalhar diretamente e junto aos professores na construção de

uma prática docente que vise à utilização de TDIC como recursos complementares

nas salas de aula e não apenas que sejam recursos previamente pensados e

escolhidos de forma estratégica para posteriormente serem utilizados para o

desenvolvimento da autonomia dos alunos, autonomia essa que se reflita na busca

do seu próprio aprendizado.

Em termos práticos, a pesquisa qualitativa terá o objetivo inicial de

conhecer e traçar o perfil dos professores acerca da utilização das TDIC. Essa fase

preliminar é imprescindível para que seja possível mensurar a distância que existe

entre a teoria proposta e a realidade vivenciada pelos professores na escola.

Informações como essa podem auxiliar no processo de execução dos métodos

propostos ou, se for o caso, trabalhar na adaptação delas na medida em que ela for

executada. Além disso, a interpretação das falas dos sujeitos participantes da

pesquisa e palavras expressadas por eles, que remetem a temática em questão, se

transformaram em dados passíveis da análise qualitativa.

3.1 Método de pesquisa

Por se tratar de um trabalho que envolve uma prática colaborativa, em

que o pesquisador também faz parte do processo colaborativo, faz-se necessário se

basear nos conceitos da Pesquisa Colaborativa, segundo Ibiapina (2008), visto que

o trabalho comporá momentos de investigação, formação e produção de

conhecimentos. Esse método de pesquisa compartilha de elementos da pesquisa-

ação e pesquisa-participante. É oportuno destacar que para alguns autores existe

diferença entre a pesquisa-ação e a pesquisa-participante. Thiollent (1947, p.7)

afirmou que a primeira “(…) além da participação, supõe uma forma de ação

planejada de caráter social, educacional, técnico ou outro, que nem sempre se

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encontram em propostas de pesquisa participante”, mas procedem de um mesmo

padrão de alternativa de pesquisa. De toda forma, para ele, sendo pesquisa-

participante ou pesquisa-ação, os procedimentos devem ser escolhidos com base

em um diagnóstico de situação, em que os participantes tenham voz.

Ibiapina (2008) contextualiza o avanço da pesquisa-ação na educação

afirmando que a expansão deste método de pesquisa na educação é um movimento

crescente que vem ocorrendo em diferentes países e que vêm se destacando em

quase todos eles, a preocupação por parte dos pesquisadores com a análise das

práticas docentes conjugadas com intervenções que possam trazer melhorias para o

trabalho do professor. Esse processo só é possível porque houve reflexões que

puderam viabilizar condições para desconstruir as práticas de ensino tradicionais e

inserindo aos poucos a ideia do professor mais como sujeito e parceiro de

investigador do que como mero coadjuvante nesse processo.

Tal mudança proporcionou uma maior cooperação entre o pesquisador e

o professor na tarefa de desenvolver práticas investigativas. Com isso, Ibiapina

(2008) destaca que o professor e o pesquisador têm papel ativo na investigação,

causando dessa forma, uma ruptura ao método racionalista de descrever e analisar

a prática pedagógica, um processo que ela chama de prática emancipatória. Assim,

a Pesquisa Colaborativa visa a atividade de coprodução de saberes e resolução de

problemas entre docentes e pesquisadores e surgiu como alternativa a pesquisas de

cunho emancipatório.

A prática de Pesquisa Colaborativa envolve pesquisadores e professores

na produção de conhecimento e também no desenvolvimento interativo que ocorre

nesse processo, pois o trabalho colaborativo permite que os dois profissionais

produzam e compartilhem o conhecimento, os métodos, as ideias, os procedimentos

e estratégias que resultam no desenvolvimento profissional. Por esse prisma,

percebemos que está se falando em uma atividade de coprodução de

conhecimentos e também uma formação entre pares, pois a atividade é colaborativa

e solidária entre si, além de sempre objetivar a resolução de problemas que atingem

a educação (IBIAPINA, 2008).Outro aspecto destacado pela autora é que essa

abordagem busca levar em conta o contexto político, social de forma micro e

macrossocial. Essa característica é relevante, pois viabiliza a reflexão crítica dos

partícipes sobre a própria vida, pois eles passam a criar raciocínios que fazem a

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relação entre o que eles acreditam e o que é imposto. Dessa forma Pesquisa

Colaborativa fica ainda mais interessante, pois o processo investigativo se torna

mais ativo e com o envolvimento e participação de todos.

A autora mostra as vantagens desse tipo de pesquisa, ao explanar que no

âmbito da Pesquisa Colaborativa é comum o entendimento de que os professores e

pesquisadores, quando em interação, realizam teorias e conjecturas sobre suas

práticas profissionais. Nesse momento, ocorre uma troca de ideias, crenças, valores

que posteriormente serão conjuntamente refletidas e pensadas sob a ótica do

projeto teórico do estudo proposto por eles.

O entrelaçamento dessas compreensões vai resultar na prática

colaborativa da pesquisa executada por eles. Nesse processo, é imprescindível que

cada um entenda sobre seu trabalho, pois se sabe que isso influencia nas escolhas

realizadas pelos profissionais envolvidos no desenvolvimento da pesquisa

(IBIAPINA, 2008). A observação acima ressalta a importância da consciência do

professor de sala de aula na realização de suas atividades. Na proposta deste

trabalho, essas características que compõe a Pesquisa Colaborativa serão

buscadas, pois é interessante fazer com que a equipe de professores – de sala de

aula e laboratório de informática – repensem suas práticas sempre no sentido de

aprimorá-las. O envolvimento de toda a equipe pedagógica é um dos pontos

discutidos entre os pesquisadores.

A possibilidade de maior aproximação entre os conhecimentos do

professor de informática com os de sala de aula abrem muitas oportunidades para

enriquecimento das práticas pedagógicas. Conhecer as TDIC e trazê-las como mais

uma possibilidade de recurso para suporte de ensino é uma alternativa para o

professor, até porque ele também nunca deve deixar de ser um pesquisador, pois

sabe que precisa buscar as inovações e atualizações do seu conhecimento, e não

apenas do conhecimento em si, mas também sobre as formas de ensinar e

aprender.

O professor é o profissional que ensina não apenas as respostas, mas

principalmente como chegar até elas. Essa mentalidade não pode se perder de

vista, pois, segundo Freire (2002), é intrínseco à prática docente a indagação, a

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busca e a pesquisa, é preciso que o professor se perceba e assuma como

pesquisador.

Aparentemente, há uma visão de que a tarefa de pesquisar se restringe a

doutores ou profissionais de laboratórios ou até mesmo a um seleto grupo de

pessoas com alto quociente intelectual (QI) e que recebem grandes investimentos

para isso. É preciso desconstruir esse pensamento. Se há desejo e preocupação em

se mudar a realidade de alunos que não conseguiram se apropriar de um

determinado conceito matemático, então, não devemos parar de pesquisar sobre as

formas de ensino que poderão auxiliar o aluno a encontrar a melhor forma de

construção do seu conhecimento.

Para isso, o professor deve conhecer o seu cenário, o contexto social em

nível micro e macro dos seus alunos, buscar ferramentas com as quais suscite neles

a vontade de descobrir seus próprios caminhos de aprendizado. As formas de

ensino e avaliação devem ser sempre passíveis de estudo, pois a Ciência está em

constante evolução e o acesso ao conhecimento produzido está cada vez maior.

Atividades pedagógicas como o planejamento de aulas e atividades

escolares; avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem e seus resultados;

registros de práticas escolares de caráter pedagógico e desenvolvimento de

atividades de estudo são algumas das tarefas a serem realizadas pelo professor de

informática e podem ser feitas conjuntamente com a equipe pedagógica em um

processo de prática colaborativa.

Essa forma de trabalho confere maior valor e possibilidades de melhores

resultados na prática pedagógica, pois todos passam a agir sobre o problema de

forma solidária e não mais isolada. Ibiapina (2008) faz colocações sobre isso ao

dizer que a tarefa de investigar colaborativamente significa envolvimento entre o

pesquisador e o professor em um projeto comum que beneficie a realização da

função escolar, o aprendizado do aluno e o desenvolvimento profissional do

docente.

Esse processo abarca diferentes funções na tomada de decisão durante

todas as fases de estudo, ou seja, no modelo, planejamento, estratégia e execução.

As negociações de funções podem ser adaptáveis às necessidades da ocasião, o

importante é sempre existir comunicação, colaboração e envolvimento de todos no

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estudo. Os trabalhos desenvolvidos nessa perspectiva levam em conta que os

professores estão prontos para colaborar, descobrir coisas novas e possuem

capacidade para transformar o seu meio de trabalho e com isso a sociedade na qual

estão inseridos.

A escolha pela Pesquisa Colaborativa como referencial teórico-

metodológico para o desenvolvimento da pesquisa e produção de dados se apropria

bem ao objetivo do estudo. Além disso, os pensamentos, crenças e contribuições de

todos os participantes e também o pesquisador, serão pontos levados em

consideração na análise. A seguir serão explanados os procedimentos de pesquisa

que influirão sobre a prática de pesquisar colaborativamente.

3.2 Estágios da Pesquisa Colaborativa

A prática colaborativa, explicada por Maia (2016, p. 82, apud Anadón,

2007) é definida em três estágios que ocorrem de forma circular e conjunta, entre os

participantes desse processo. A primeira delas é o estágio de cossituação, como o

próprio nome já sugere, é o momento da pesquisa de se situar, conhecer e refletir

sobre uma determinada demanda, que envolva pessoas ou lugares, com o intuito de

entender, se aproximar e compreender quais possíveis desafios sociais,

educacionais ou culturais podem ser trabalhados.

Nesta pesquisa, o momento de entrevista que fora desenvolvida para

captar essas questões, foi um momento crucial de cossituação do trabalho, visto que

oportunizou a aproximação entre os envolvidos na pesquisa, professores e

pesquisador, em que se dialogou sobre os desafios do ensino da Matemática nos

anos iniciais do Ensino Fundamental, suas frustrações e seus conhecimentos acerca

das TDIC no ensino.

O segundo estágio, chamado de cooperação, corresponde ao momento

de interação, reflexão e criação dos participantes da pesquisa. O pesquisador, junto

aos professores, colaboraram na construção de planos de aula, conheceram a

Plataforma OBAMA para construção colaborativa desses planos e tiveram a

oportunidade de conhecer, discutir e sugerir entre os colegas, diferentes TDIC para

integração nas aulas de Matemática. Esse processo colaborativo nesse estágio

possibilita o crescimento profissional dos envolvidos, e essas contribuições serão

analisadas com mais detalhes na análise dos resultados.

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O terceiro e último estágio, conhecido como coprodução, está ligada na

produção de conhecimentos que foram compreendidos pelos envolvidos na

pesquisa. Repensar a prática de ensino; aprender novas metodologias e a manipular

novas ferramentas no processo pedagógico; refletir sobre a própria prática; aprender

e construir novos conhecimentos sejam matemáticos ou tecnológicos; produzir

artefatos como planos de aulas; a aplicação das aulas que foram criadas durante

esse processo colaborativo; todos fazem parte desse estágio de coprodução. Todos

esses fatores corroboraram principalmente para o desenvolvimento e o

relacionamento de novos conhecimentos ligados ao modelo TPACK, pelos

professores e pesquisador, por meio da prática colaborativa executada nessa

pesquisa.

Vale destacar também, que a própria organização desta prática

colaborativa que fora criada nessa pesquisa, é um elemento de coprodução, e esse

tipo de prática, pode ser reaplicada e até mesmo aprimorada na escola nos

próximos anos letivos.

3.3 A delimitação do lócus e sujeitos da pesquisa

No que se refere à delimitação de sujeitos e ao lócus da ação, a pesquisa

foi realizada numa escola da rede pública municipal de Parnamirim/RN, localizada

no bairro Pirangi. Participaram da pesquisa professores das turmas dos 5º anos do

Ensino Fundamental. Para fins de anonimato, os professores colaboradores da

pesquisa serão denominados como: Professora B; Professora C; e Professor E.

Tais escolhas se justificam por se tratar do ambiente profissional do autor

da pesquisa, já que o mesmo é professor de laboratório de informática da referida

escola, e por ela ter obtido um desempenho no Ideb e na escala SAEB abaixo da

média nacional. Além disso, ainda não ocorreu uma integração das TDIC nas

práticas pedagógicas dos professores, criando assim, um cenário passível de

explorar a metodologia proposta e com isso conseguir resultados para esta

pesquisa.

No caso desse estudo, estimamos, inicialmente, para aplicação da

entrevista, onze professores da escola. Porém, o foco das análises das próximas

fases da colaboração, relatadas mais adiante nesta metodologia, foi realizada

apenas com os professores dos 5º anos. O intuito de aplicar a prática colaborativa

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com os demais professores vem de encontro com o desejo do pesquisador em

iniciar na escola em questão, a cultura da prática colaborativa entre todos os

professores dessa escola.

O projeto deste trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa

(CEP) da Universidade. Procedemos com toda a documentação necessária para a

apreciação e aprovação da pesquisa pelo referido Comitê.

3.4 Técnicas de coleta de dados

As principais técnicas de coleta de dados utilizadas foram a aplicação de

uma entrevista semiestruturada com os professores da escola; e a técnica de

observação, a fim de poder registrar todos os momentos do curso da pesquisa. Esse

método foi utilizado na prática colaborativa dos planos de aula, na aplicação das

aulas pelos professores e nas reflexões colaborativas dos encontros semanais. Os

registros das observações foram realizados por meio de diário de campo com

anotação escrita a cada encontro, mensagens via Whatsapp, gravador de vídeo e de

voz, principalmente na execução das aulas pelos professores, momento oportuno

para registrar possíveis evidências que ajudaram na análise da pesquisa.

É importante ressaltar que a construção do plano de aula colaborativo

resultou em mais um registro para ser analisado, no caso o próprio plano de aula.

Esses artefatos são também um produto resultante da dissertação, e foram liberados

publicamente, online, por meio da plataforma OBAMA, onde foram criados os planos

de aula de forma colaborativa entre os professores.

3.5 Execução da prática colaborativa

Para atender aos objetivos específicos deste trabalho, a execução da

prática colaborativa foi procedida baseada nas fases da pesquisa colaborativa,

descritas por Anadón (2007) como: Cossituação, Cooperação e Coprodução. Essas

fases serviram de guia para identificar e analisar o desenvolvimento de novos

conhecimentos que compõem a TPACK (Conteúdo, Pedagógico e Tecnológico) a

partir da prática colaborativa realizada pelos colaboradores dessa pesquisa.

Com o intuito de organizar as etapas do trabalho, traçamos o perfil dos

professores a partir de uma entrevista semiestruturada. Após essa aplicação, demos

início à construção colaborativa dos planos de aula, integrando as TDIC no seu

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desenvolvimento; e a própria aplicação desse plano de aula desenvolvido, e não

menos importante, a reflexão sobre a prática entre os colaboradores da pesquisa. A

importância de se iniciar uma prática colaborativa, com uma entrevista, se deu pela

necessidade de se entender e compreender o perfil de cada professor colaborador.

Aproximar o pesquisador dos colaboradores, descobrir as habilidades, dificuldades,

desafios e conhecimentos de cada integrante, possibilitou à prática colaborativa,

uma maior conexão e compartilhamento de conhecimentos.

Em suma, a amplitude e a intensidade da relação entre o pesquisador e os práticos, assim como a finalidade de mediação entre as culturas de pesquisa e de prática sustentam e conferem a especificidade da abordagem colaborativa, que se realiza no constante diálogo entre os pontos de vista para a co-construção de sentido (DESÁGNE, 2007, p. 27).

Os encontros presenciais semanais (salvo as semanas que os encontros

não ocorreram devido a um feriado e a um evento da escola nas sextas feiras) com

os professores colaboradores aconteceram sempre no dia de planejamento dos

respectivos professores na escola (sexta-feira). A duração média dos encontros foi

de uma hora e meia, com os encontros presenciais se iniciando no dia 8 de Outubro

de 2018 e se encerrando no dia 7 de Dezembro de 2018. Esses encontros foram

momentos importantes para as etapas de cooperação e coprodução, e a construção

dos conhecimentos pedagógicos, tecnológicos e de conteúdo, baseados no TPACK.

Estes momentos consistiram no aprendizado de uma nova ferramenta, não

conhecida pelos colaboradores, a plataforma OBAMA, que permitiu aos envolvidos

pesquisar, analisar e discutir os OAs encontrados durante a prática como também

desenvolver colaborativamente os planos de aula.

As entrevistas reveleram dificuldades próprias dos docentes e de seus

alunos sobre determinados conceitos e habilidades na Matemática, puderam ser

trabalhadas e discutidas na prática. Durante os encontros, foi importante levar em

consideração os elementos apontados pelos professores de sala de aula nas

entrevistas, visto que eles acompanham de perto o ritmo de desenvolvimento dos

seus alunos e, por isso, possuem propriedade para apontar e indicar algum

problema a ser enfrentado, inclusive, sobre seus próprios problemas e dificuldades

para ensinar um determinado conteúdo. Nesse momento, foram discutidos os

problemas e desafios trabalhados no plano de aula, e quais TDIC possuiriam

potencial de auxiliar no desenvolvimento do aprendizado de um determinado

conceito matemático.

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A construção do plano de aula colaborativo utilizando a plataforma

OBAMA pode ser vista na figura 6, um momento em que os professores, utilizando

dois notebooks, na escola, desenvolviam o plano de aula.

Figura 6: Ferramenta Colaborativa OBAMA

Fonte: Autoria própria

Essa ferramenta permitiu que o plano de aula fosse desenvolvido por

todos os participantes da ação simultaneamente, dessa forma, os professores

puderam construir o plano em tempo real, na medida em que davam ideias e

discutiam a construção durante a prática colaborativa. Além da construção

simultânea, os professores poderiam construir os planos à distância, de forma

assíncrona, visto que a plataforma permite que o plano construído seja

compartilhado com todos os integrantes. Os professores puderam organizar seus

próprios horários para trabalhar nos planos de aula à distância, utilizando inclusive o

Whatsapp para facilitar a comunicação. Durante a elaboração do plano nos

encontros, a escolha das TDIC foram pensadas, discutidas e refletidas pelos

colaboradores para garantir que o objetivo do plano de aula seja de fato alcançado,

e com isso, garantir que o artefato criado fosse um facilitador no processo de ensino

e aprendizagem. O tempo de planejamento incluiu o delineamento de uma

metodologia bem traçada, o diálogo com os colaboradores, consideração do tempo

da aula, os melhores e possíveis recursos que foram utilizados durante a ação.

Após a construção do primeiro plano de aula, foi executada a aplicação

da mesma, pela professora C, no dia 30 de novembro. Devido a proximidade do fim

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do ano letivo, os colaboradores concordaram que não seria possível desenvolver

outra aplicação, achando mais prudente garantirmos o nosso próximo e último

encontro presencial, no dia 7 de Dezembro, para discutirmos sobre a aplicação da

aula, como também sobre as impressões de todos os colaboradores sobre prática

colaborativa desenvolvida nessa pesquisa.

O autor da pesquisa acompanhou a aplicação da aula ministrada pela

professora C. As informações foram coletadas por meio de observação da aula.

Foram utilizadas para coleta, fotos gravações de vídeo (que foram compartilhadas

via Whatsapp) e diário de campo. Esses registros da aula realizada foram discutidos,

analisados e interpretados com os docentes com o propósito de gerar um momento

de reflexão entre os professores sobre a aula realizada.

O momento de reflexão colaborativa sobre a aula ministrada ocorreu no

último encontro da prática colaborativa. Essa etapa foi de suma importância, visto

que foi um momento que os colaboradores refletiram sobre a prática, pontuando as

falhas e os acertos e apontando novos direcionamentos da própria prática

colaborativa. Toda essa troca de informações e conhecimentos entre os professores

colaboradores contribuiu para analisar as contribuições e benefícios da prática

colaborativa entre o professor de informática e de sala de aula, principalmente,

buscando identificar os novos conhecimentos do TPACK que foram construídos e

relacionados pelos professores.

3.7 Categorias de análise

A pesquisa, se propondo a desenvolver uma prática colaborativa entre

professores, abarcando-se na abordagem da prática colaborativa (IBIAPINA, 2008),

utilizando como norte, os estágios propostos para essa ação (ANADON, 2007):

Cossituação, cooperação e coprodução. A partir dos elementos do TPACK,

pretendemos destacar durante a prática, os elementos que foram desenvolvidos

durante o processo.

Por meio da entrevista, momento de importância, principalmente para a

cossituação, se extraiu os conhecimentos tecnológicos dos professores, a partir de

que tipos de tecnologias os professores já utilizam em sua prática docente e em sala

de aula. Foram evidenciados também os conhecimentos pedagógicos, os quais

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puderam ser descritos que tipos de práticas pedagógicas os professores conhecem

e aplicam no ensino da Matemática.

Já em relação ao conhecimento do conteúdo, foi possível analisar quais

as dificuldades e habilidades o professor possui em relação ao conteúdo da

Matemática. Na prática colaborativa, também puderam ser extraídos da cooperação

e coprodução, os conhecimentos tecnológicos. Os professores, por meio da prática,

usaram e se apropriaram de ferramentas digitais, que já tenham conhecido ou não, e

assim, evidenciaram o que aprenderam com essas tecnologias e quais foram as

dificuldades encontradas.

Partindo para os conhecimentos pedagógicos, os professores tiveram a

oportunidade de compartilhar uns com os outros sobre suas práticas de ensino,

puderam pensar e criar outras diferentes propostas pedagógicas, com tecnologias

digitais ou até mesmo sem.

Não menos importante pôde ser também catalogados e analisados os

elementos de conhecimento de conteúdo, visto que os professores compartilharam

seus conhecimentos, aprenderam novos conceitos matemáticos, que talvez antes,

não saberiam ou teriam dificuldades em trabalhar.

Em suma, a prática proposta nesse trabalho, possibilitou identificar as

contribuições dessa ação colaborativa, na medida em que foi possível catalogar e

analisar os elementos da TPACK que foram desenvolvidos e aprendidos ao longo

das três etapas da Pesquisa Colaborativa. Esses acontecimentos podem ser

observados logo a seguir, no capítulo 4.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos a partir da aplicação da metodologia, procedida

conforme já apresentamos no capítulo anterior, nos permitiram dividi-la em duas

etapas descritivas, quais sejam: i) perfil dos professores identificados por meio das

entrevistas e ii) práticas colaborativas, compostas pela construção colaborativa dos

planos de aula na plataforma OBAMA, aplicação na sala de aula dos planos

produzidos e as reflexões dos professores acerca das experiências. Os resultados

foram assim divididos para que fiquem em evidência os aspectos das etapas

destacadas por Anadón (2007) no que se refere à Pesquisa Colaborativa (IBIAPINA,

2008), denominadas cossituação, cooperação e coprodução. Aliado às três etapas,

em cada uma delas serão analisados os elementos do TPACK, quais sejam:

conhecimento tecnológico, pedagógico e de conteúdo.

Após o traçado do perfil dos professores a partir das entrevistas,

ascendem aspectos que merecem ser destacados e que foi fundamental para a

elaboração dos planos de aula e posteriormente suas aplicações. As entrevistas

permitiram identificar o perfil dos professores a partir do conhecimento pedagógico,

conhecimento tecnológico e conhecimento do conteúdo, dentro do modelo do

Conhecimento Tecnológico Pedagógico do Conteúdo (TPACK), dos seis professores

que aceitaram participar da entrevista, serão relatados a seguir.

4.1 Perfil dos Professores

Este estágio da pesquisa corresponde, a um importante momento de

Cossituação da Pesquisa Colaborativa. Segundo Anadon (2007), é nessa fase que

se convida o grupo a pensar em conjunto sobre um projeto de construção de

saberes que será favorável a todos. Sobre essa fase, Ibiapina (2008, p.77) afirma

que “(…) a entrevista apresenta diferentes condições que favorecem a produção do

discurso e o dialogismo, possibilitando análises mais aprofundadas e substanciais

do objeto em estudo”.

As entrevistas foram os momentos de aproximação entre o pesquisador e

os professores visando estabelecer conexões, afinidades e reconhecimento de seu

perfil. Importante ressaltar que o autor desta pesquisa é também parte do quadro

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docente da escola, fato que favoreceu o engajamento dos professores nesta

pesquisa, tornando-a mais autêntica e identificada com os sujeitos da escola.

Por meio das entrevistas pudemos identificar as seguintes questões:

trajetória acadêmica dos professores; a percepção deles acerca do grau de

importância da Matemática na vida dos alunos; as principais dificuldades

apresentadas por eles, professores, e pelos alunos em relação a Matemática; a

relação que os professores têm com o ensino da Matemática; o que sabem sobre

TDIC e, por fim, se as utilizam em suas práticas.

No aspecto da trajetória acadêmica é revelado que todos são formados

em Pedagogia, mas apenas um deles possui uma segunda graduação - Licenciatura

em Matemática. Essa informação é relevante porque somente essa professora

demonstrou além de predileção pela disciplina e domínio do conteúdo, também o

conhecimento de outras TDIC quando comparada a outros professores

entrevistados. Exemplo disso é que ela foi a única que já utilizou um software

educativo, no caso o Geogebra, em sua prática pedagógica. Em sua fala, essa

professora expressa seu sentimento pela disciplina:

Professora B: Pessoalmente, gosto de ensinar todos os conteúdos, porque sou apaixonada pela Matemática desde pequena. Eu sempre tive facilidade e sempre percebi que as pessoas tinham dificuldade em aprender, foi vendo isso que nasceu o desejo de ser professora de Matemática e hoje me sinto realizada.

Em contrapartida, a maioria dos professores demonstrou dificuldade de

ensinar pelo menos um conteúdo ligado ao sistema de numeração decimal,

especificamente ordenação numérica em unidade, dezena e centena. Essa

recorrência entre os professores é curiosa e merece ser destacada. Essa lacuna que

se refere à dificuldade de ensino e aprendizagem sobre esse tema merece maior

aprofundamento entre os pesquisadores da área, de qualquer modo, as dificuldades

sentidas pelos docentes, ficam expostas na fala deles:

Professora A: Tenho dificuldades com o tema decomposição de números, por isso precisei estudar. Tenho dificuldade para passar para eles o significado de unidades, dezenas e centenas.

Professora C: Eu gosto da disciplina, mas passei a gostar mais na época do pré-vestibular [...] Os sistemas métricos de medida são difíceis de serem compreendidas por eles também.

Professora D: A divisão é muito difícil. Já o assunto de medidas de comprimento eles gostaram muito e eu uso jogos e fita métrica. Vejo também que o assunto que eles têm bastante dificuldade é o entendimento acerca das unidades, dezenas e centenas. Eu particularmente gosto de

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ensinar Matemática, porém o que eu sinto mais dificuldade de ensinar são as conversões de medidas.

Professor E: Minha relação com a Matemática não é boa porque sempre tive dificuldade. Não sei se é da minha personalidade ou se foi da forma que passaram para mim. Gosto de trabalhar com tratamento da informação, com gráficos, precisamente. Para mim, é difícil trabalhar os números decimais com as crianças e também as unidades, dezenas e centenas.

Professora F: É uma relação de muita tensão. Não gosto de ensinar divisão, pois não aprendi divisão. Me sinto angustiada, me tira o sono, me dá uma gastrite. Eu tenho uma dificuldade terrível, tenho dificuldade de receber o troco, por exemplo. Eu não sei lidar. Não tem nenhum assunto de

Matemática que eu goste de ensinar.

Percebemos que os professores que enxergam a dificuldade dos alunos

em aprender o tema de Unidade, Dezena e Centena, também entendem que eles

mesmos não possuem domínio desse conteúdo. Podemos inferir que a dificuldade

dos professores em ensinar alguns dos conceitos matemáticos expostos, pode

significar não só a falta ou déficit de conhecimento pedagógico sobre o tema,

somado a isso, existe uma lacuna quando se trata do conhecimento de conteúdo

dentro da perspectiva da TPACK, como foi dito e evidenciado na fala dos

professores. Eles revelaram ter insegurança de ensinar e assumem que sentem

algum grau de dificuldade com conteúdos da disciplina, portanto, Nessa perspectiva

apresentada, torna-se praticamente inviável o aprendizado do aluno, se o professor

não tem o domínio do conteúdo e nem pedagógico de um determinado conceito

matemático.

A fala dos professores E e F permitem uma análise a respeito da relação

que eles têm com a Matemática. Esses professores remetem essa dificuldade de

aprendizado da Matemática desde quando eram alunos, alegando não terem

aprendido bem a disciplina nesse período. Nacarato, Mengali e Passos (2009)

abordam essa questão quando elucidam que na década de 1980 as professoras das

séries iniciais não possuíam em sua formação em Pedagogia, disciplinas que

tratassem especificamente de questões Matemáticas, por consequência, os

fundamentos matemáticos não eram explorados, provocando assim, muitas lacunas

conceituais nesse campo de conhecimento. Os estudos eram mais voltados para os

processos metodológicos da Pedagogia. Essa questão, como pode ser notada pela

fala do professor, pode ter provocado um aprendizado deficiente em sua época

como discente, principalmente no ensino fundamental, comprometendo o seu

aprendizado nos conteúdos da Matemática.

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Também foram evidenciados que os professores entrevistados que

elucidaram ter dificuldades com a Matemática, mesmo possuindo uma formação

inicial em pedagogia mais recente, não foi o suficiente para que essas dificuldades

na Matemática fossem sanadas em sua formação inicial.

Esses relatos deixaram o pesquisador mais atento para redirecionar e

reorganizar a forma que conduziria o momento de construção do Plano Colaborativo,

tendo cuidado para que os professores não se sentissem constrangidos com suas

limitações, muito pelo contrário, mostrar a eles que a prática colaborativa é

justamente um momento onde o compartilhamento de conhecimentos e de ideias

entre os colaboradores dessa prática, possam somar à pratica docente de cada um

(IBIAPINA, 2008), momentos esses que oportunizarão a apropriação de novos

conhecimentos dos elementos da TPACK.

O pesquisador, procurando entender os principais motivos do pouco uso

de TDIC no ensino pelos professores, perguntou aos professores entrevistados

quais seriam os principais motivos que eles julgam não utilizarem com mais

frequência o laboratório de informática e as TDIC no ensino. Evidenciou-se como

principais problemas a infraestrutura e logística da escola, que não favorece a

integração das aulas com tecnologias digitais. Essa questão influencia diretamente

no conhecimento pedagógico e tecnológico do TPACK. Na fala dos professores eles

apontam as seguintes razões:

Professora A: Aqui na escola eu uso menos as TDIC e uso mais os jogos manuais. O pouco uso do laboratório aqui se dá pela pouca disponibilidade do laboratório. O pouco contato com o professor de informática também atrapalha de ter maior frequência no laboratório.

Professora B: Aqui na escola é raro o uso do laboratório. Eu uso em situações pontuais. Acredito que é preciso uma aproximação com o professor de informática para elaborarmos atividades que juntem os conteúdos trabalhados em sala com o uso do computador.

Professora C: Aqui eu trabalho mais com jogos [analógicos], porque me sinto limitada com a falta da tecnologia [digital]. Sinto limitação de espaço, recursos, equipamentos disponíveis, disponibilidade de redes de internet. Até as tomadas não funcionam. Falta uma infraestrutura física melhor.

Professora D: o problema é a infraestrutura precária na escola, falta de internet e pouca frequência no laboratório.

Professor E: Eu sinto que a gente se perde na rotina e deixa de utilizar até o pouco que se tem. As dificuldades são: a falta de recursos, escola ser muito “presa”, você não tem tempo de desenvolver atividades diferentes, acaba que não encontra motivação, o professor não tem capacitação e acaba se sentindo sozinho e sem estímulo.

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Professora F: Eu acho que eu poderia usar mais o laboratório. Porém eu preciso me inteirar mais do assunto antes de buscar as alternativas.

Nesse bloco, há diversos aspectos relevantes a serem discutidos.

Percebemos, pela fala dos entrevistados, que eles expressaram o desejo de usar

com mais frequência o laboratório de informática, mas alguns fatores limitadores

impediram esses momentos, como citado por eles, o pouco contato com o professor

de informática, que acontece devido aos dias de planejamento distintos desses

docentes, dificultando o encontro deles na escola.

Essa aproximação é importante para o maior uso do laboratório de

informática, pois seria o momento que o professor de sala de aula poderia organizar

e se preparar, com o suporte do professor de informática, para conseguir utilizar de

fato o laboratório, de forma planejada, inclusive, seria o momento de troca de

conhecimentos, o professor de sala de aula teria a oportunidade de se apropriar dos

conhecimentos tecnológicos do professor de laboratório de informática, e dessa

forma, construir uma aula com integração de TDIC bem planejada.

A aproximação desses docentes é imprescindível, visto que, como

destacado por um dos professores entrevistados, os professores podem não

conhecer as potencialidades das TDIC e como poderiam trabalhar com esses

recursos em suas aulas. Inclusive, podem não ter tido oportunidades de formação

continuadas sobre TDIC na educação.

A apropriação de conhecimentos tecnológicos e ideias da integração de

TDIC dos professores poderia ser feita durante o momento formativo, ou seja, no dia

do planejamento do professor, momento esse que está garantido na Lei do Piso (Lei

No. 11.738/2008). Esse seria o momento, com os professores (de sala de aula e de

informática) colaborando entre eles, para se sugerir atividades e metodologias

possíveis, de acordo com os recursos disponíveis na escola, e dessa forma, essas

ações contribuiriam com a prática do professor de sala de aula, mas para isso, é

necessário encontrar uma maneira desses professores planejarem, pelo menos

parcialmente, em dias iguais.

Nesse momento de Cossituação, o investigador teve a oportunidade de

refletir seu papel na escola, pensando de que maneira que ele pode criar estratégias

que facilitem a aproximação dos professores de sala de aula e de informática, para

aumentar a frequência da utilização do laboratório de informática.

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Ao refletir sobre essa questão, surge mais um aspecto interessante a ser

apontado a partir da fala dos professores, que se refere à infraestrutura da escola. A

escola de hoje, no que se refere ao seu espaço físico, não reflete ainda a cultura da

integração das TDIC que podem auxiliar em práticas inovadoras dos professores. A

falta de recursos tecnológicos, do acesso à internet, equipamentos com mau

funcionamento e até mesmo a oportunidade de formações relativas a esse tema

provocam obstáculos a aulas com integração de TDIC. Esses problemas contribuem

para que os professores continuem presos a metodologias de ensino sem integração

de TDIC e não oportuniza na escola, o desenvolvimento da cibercultura, visto que

dessa forma, o acesso à tecnologia pelos professores e alunos, e até mesmo ao

ciberespaço (Levy, 1999) está comprometido.

A seguir, ao serem indagados sobre quais TDIC eles conhecem e

utilizam, foi possível identificar o conhecimento tecnológico dos professores acerca

da utilização de TDIC na sua prática docente. Embora os professores não

demonstrem saber propriamente a definição do conceito de TDIC, reconhecem o

seu potencial, porém ainda utilizam esses recursos de forma simples e bastante

tradicionalista. Esse cenário é revelado nas falas deles:

Professora A: Costumo usar, vídeo-aulas principalmente em assuntos que eles sentem mais dificuldade de entender. Também costumo me utilizar [sic] da internet para pegar ideias de vídeos e de jogos.

Professora B: Eu sei que existe um programa que elabora gráficos, o Geogebra, usamos para aplicar função de 1° e 2° grau.[...] Como as tecnologias já fazem parte da vida deles, por que não inseri-las no ensino?

Professora C: Já utilizo lousa digital, projetor, computadores, blog da escola voltado para a comunidade escolar. Estou me familiarizando com as TDIC.[...] presto atenção que a interação do áudio visual é mais interessante para eles. Há uma mudança de atitude, eles ficam mais colaborativos.

Professora D: Uso muito o Khan Academy e vídeos no Youtube.[...] tem a riqueza visual, o som, o passo a passo, a representação.

Professor E: Basicamente eu conheço a projeção dos slides, uso também os jogos educativos e a lousa digital.

Professora F: Uso internet ou Datashow.

Os professores que relataram que utilizavam a lousa digital, se referiram

às suas experiências em outras escolas que atuaram e que possuem esse

equipamento, pois na escola da pesquisa, não se dispõe da mesma. Nessa escola,

eles utilizam além dos livros e quadro branco, os vídeos no Youtube e o Khan

Academy para aulas expositivas do conteúdo de Matemática, por meio do Projetor

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Multimídia. A professora que mencionou conhecer pelo menos um software

educativo, o Geogebra, não utilizou o recurso com os alunos.

A partir da entrevista, se revelou que quando eles utilizam esses recursos

tecnológicos, geralmente os aplicam de forma expositiva, como por exemplo, usando

o vídeo apenas como transmissor de informação, ou seja, inserindo vídeos nas

aulas, porém sem romper com o comportamento passivo do aluno. Essa

metodologia é para eles uma forma de variar o modo de ensinar o assunto, mas

demonstra limitação não apenas de recursos tecnológicos que eles conhecem, mas

também das reais potencialidades de ensino que as TDIC possuem, por exemplo,

quando oportunizam uma aprendizagem ativa, por exemplo com o uso do Geogebra,

recurso inclusive, relatado por um dos professores.

Percebe-se, portanto, que a metodologia dos professores permeia a

concepção Instrucionista que é focada em “(…) um processo de condicionamento

através do uso de reforçamento das respostas que se quer obter” (OSTERMANN;

CAVALCANTI, 2011, p.21), criando assim, um cenário em que o aluno é sujeito

passivo no aprendizado.

Sobre isso é importante ressaltar que é preciso inserir metodologias

ativas de aula, ou seja, em que o aluno é sujeito ativo e, portanto, constrói seu

próprio conhecimento (BACICH; MORÁN, 2018). Isso pode ser refletido no momento

de planejamento colaborativo entre os professores colaboradores dessa pesquisa,

levantando discussões e ideias de aulas integradas com TDIC que possibilite o

aluno a construir o seu aprendizado de forma ativa.

Quando questionados sobre o que pensavam a respeito de fazerem parte

de um planejamento colaborativo na escola com o professor de informática

desenvolvendo planos de aula com TDIC para ensinar Matemática, a reação de

aceitação foi unânime. Esse aspecto fica explícito na fala deles:

Professora A: Sim, com certeza. Acho que falta iniciativa minha, porque noto que dou mais ênfase no trabalho com a escrita do que com a Matemática.

Professora B: Eu tenho dificuldades, acredito que é preciso uma aproximação com o professor de informática para elaborarmos atividades que juntem os conteúdos trabalhados em sala com o uso do computador. Eu com você e não você sozinho para me entregar algo pronto. É uma questão de parceria e colaboração.

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Professor C: Totalmente, eu apoio a ideia do trabalho colaborativo. Falta a troca de conhecimento e também a iniciativa de se trabalhar os assuntos de forma integrada.

Professora D: Seria interessante. Uma troca de conhecimento mais palpável.

Professor E: Seria fabuloso, no caso da Matemática, isso é urgente. Os professores estão muito isolados. É preciso uma rede colaborativa, solidária e participativa dos professores, isso é fundamental. A questão interdisciplinar é muito importante.

Esses fragmentos mostram a evidência da falta de integração entre os

professores. É um contexto abordado por Kenski (2013, p.11) que afirma que os

professores estão “(...) isolados, com cargas cada vez maiores de trabalho,

conectados em dias e horários de folga ou afastamento” e. Como professor de

Informática, percebemos esse isolamento solitário e a falta de contribuição solidária

entre os docentes da escola. O esforço colaborativo permitiria uma visão global das

eficiências e deficiências de aprendizagem dos alunos e encaminharia novos

processos pedagógicos. O isolamento dos professores provoca também

desestímulos que por si só já é provocada pela precariedade ou ausência de

equipamentos que tornariam as aulas mais interessantes.

Vale ressaltar também que o próprio grupo de professores reconheceu

que eles poderiam caminhar junto rumo à superação de dificuldades de aprender a

ensinar determinados conteúdos de Matemática, que eles julgavam serem os mais

difíceis de serem compreendidos. Até mesmo porque eles entendem que o

aprendizado desses conteúdos, para alguns professores, foi construído com muita

deficiência. Fica registrada a necessidade de a escola criar e manter uma

conectividade entre os professores por meio do trabalho colaborativo. Para isso é

preciso motivá-los e encorajá-los para uma mudança de postura e atitude. Quando

essa sinergia for criada, estimulará o desenvolvimento de uma nova cultura docente,

onde o trabalho colaborativo dará oportunidade aos professores de construir novos

conhecimentos tecnológicos pedagógicos e de conteúdo e inclusive, de minimizar

suas deficiências individuais que foram identificadas ao longo da entrevista.

Após a análise das entrevistas, partimos para a execução da segunda

parte da coleta de resultados. Essa parte foi dividida em elaboração dos planos de

aula, aplicação e reflexão e será explanada a seguir.

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4.2 Análise do Planejamento Colaborativo

Nesta seção serão contemplados os dois últimos objetivos específicos da

pesquisa - planejamento colaborativo e aplicação das aulas. Inicialmente será

analisada toda a prática colaborativa, que começou pelos encontros com os

professores.

Analisamos as discussões resultantes da interação a qual o grupo dos

professores vivenciou. O foco das análises centra-se desde a apresentação da

Plataforma OBAMA e passa por toda a experiência prática desenvolvida. É relevante

destacar que, por se tratar de uma Pesquisa Colaborativa, o autor desta pesquisa

também atuou como participante desse momento. Assim, a interação se tornou uma

oportunidade de criar mais afinidades com os professores da escola em que o

pesquisador atua e ainda permitiu uma experiência de construção profissional

conjunta.

4.2.1 Primeiro Encontro da Prática Colaborativa

Iniciamos as análises a partir do primeiro encontro, realizado em cinco de

outubro de 2018, com a apresentação da Plataforma OBAMA com os professores B,

C e E dos 5ºs anos. Nesse encontro procuramos explorar o potencial do recurso,

mostrando todas as ferramentas disponíveis nela e dando espaço para que fosse

discutida a forma que a plataforma seria trabalhada conjuntamente entre todos.

Vale destacar que apesar de os momentos da prática colaborativa

evidenciarem os elementos de coprodução e cooperação, ocorreram também, no

primeiro encontro, principalmente, a apropriação do conhecimento tecnológico da

TPACK, ou seja, os colaboradores começaram a se ambientar ao se apropriarem da

Plataforma OBAMA, conhecendo, aprendendo e navegando pelos seus recursos e

funcionamento, descobrindo suas utilidades e compartilhando com os demais suas

opiniões .

Nesse momento de formação, foi aberto espaço para o diálogo,

oportunizando a quebra das barreiras do trabalho isolado. Foi apresentada ao grupo

de professores, a proposta do ambiente OBAMA, que oferece a eles acesso, em

único endereço web, inúmeros OAs para subsidiar o ensino da Matemática além de

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permitir a elaboração colaborativa e o compartilhamento de planos de aulas (MAIA

et al, 2017).

Foi mostrada a ferramenta de busca e os seus filtros de pesquisa dos

OAs, como por exemplo, os níveis de ensino, blocos de conteúdo e descritores de

acordo com os PCN e a Prova Brasil. O autor da pesquisa fez uma demonstração de

busca de OA, e aproveitou para argumentar a importância dessa busca em

possibilitar ao professor acesso a diversos OAs que podem servir de auxílio no

processo de ensino e aprendizagem do assunto pesquisado. No decorrer da

demonstração da busca de OAs, ocorreram as primeiras apropriações do ambiente

pelos professores, representadas em algumas falas:

Professora C: aí no caso cada janela dessa aí dentro, contém aulas? Planos de aulas (Figura7)?

Pesquisador: Não, cada janela é um resultado da busca que foi feita e é referente a um Objeto de Aprendizagem, em que o usuário terá acesso para testá-lo, e onde é possível ver também algumas informações como o ano de ensino, tema curricular e descritor dos PCN.

Professor E: Precisa instalar?

Pesquisador: Raríssimos OAs para computador você vai precisar fazer o download para usar, em sua maioria você apenas clica pra utilizar o OA online mesmo.

Professor E: Então precisa de internet ne?

Pesquisador: Isso, no futuro o OBAMA vai disponibilizar o download pra você poder baixar e poder utilizar sem a necessidade de internet, caso precise.

Figura 7: Cards informativos de OAs

Fonte: Autoria Própria

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Nesse momento da prática, se evidencia mais apropriações de

conhecimento tecnológico da TPACK. Compreender sobre os elementos da

plataforma, seus conteúdos, informações, e em como se dá o funcionamento do OA,

mostram o desenvolvimento da familiarização com a plataforma são momentos

enriquecedores para os colaboradores, e isso faz parte da evolução dos

conhecimentos que vão sendo adquiridos durante a prática.

Aprofundando-se nos recursos da plataforma, os professores puderam

agora entender sobre a construção de planos de aula e a possibilidade de

desenvolvê-los colaborativamente através da Plataforma OBAMA. O pesquisador

perguntou aos professores se eles já haviam tido alguma experiência ou

conhecimento sobre a existência do Google Docs, recurso do Google Drive, suíte de

escritório on-line que permite a edição de texto de forma colaborativa. Apenas a

professora C mostrou já ter conhecimento, mas não utilizava a ferramenta.

Essa informação merece destaque, visto que esses programas, apesar de

bastante populares, não fazem parte do repertório docente. Isso reflete o pouco uso

de programas e aplicativos digitais por parte dos professores, mostrando que a

utilização de TDIC como ferramenta auxiliar da prática docente ainda não faz parte

da cultura deles.

Apesar de isso demonstrar o pouco conhecimento tecnológico dos

professores em relação a essas ferramentas de trabalho, este fato dá ainda mais

importância para essa prática colaborativa, visto que oportunizará aos professores

colaboradores dessa pesquisa, a oportunidade de conhecer e utilizar novos recursos

tecnológicos como a plataforma OBAMA, em especial, as ferramentas de buscas de

OA e de construção colaborativa de planos de aula. Tal apropriação se mostra como

um momento enriquecedor para o conhecimento tecnológico do TPACK para os

professores participantes da pesquisa.

Durante a explicação das formas que poderíamos construir o plano de

aula colaborativamente, seja nos encontros presenciais ou à distância, com a

intenção de discutir, trocar ideias e desenvolver de forma conjunta o plano de aula

na plataforma, os professores relembraram dos planos de aula do Portal do

Professor do MEC, onde seria possível criar e disponibilizar os planos de aula

produzidos. A professora C, a mesma que demonstrou conhecimento do Google

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Docs, também informou que costumava consultar os materiais do MEC. Estabelecer

uma comparação entre as plataformas pelos professores demonstram um

conhecimento tecnológico. O pesquisador, concordando com eles, explica que a

comparação é válida, porém, mostra como vantagem da plataforma OBAMA,

justamente a possibilidade da produção colaborativa de planos de aula, que não era

permitida na plataforma do MEC.

Importante ressaltar que não é mais possível enviar planos de aula para o

portal do professor, é permitido apenas visualizar. A plataforma OBAMA possui o

objetivo de expandir os planos de aula desenvolvidos colaborativamente pelos

professores para todos, de forma pública e gratuita. Isso é importante, pois com o

passar do tempo, com cada vez mais professores desenvolvendo e compartilhando

seus planos, começa a se criar uma comunidade virtual de professores, que através

dos planos, compartilham seus conhecimentos e estratégias pedagógicas, esse

senso de comunidade corrobora justamente com a cibercultura (Levy, 1999).

Criamos um grupo no Whatsapp (figura 8) com a finalidade de

compartilhar informações e dúvidas, bem como feedbacks do que foi discutido nos

encontros presenciais. Esta prática corrobora com a experiência relatada por Maia

(2016) que utilizou de ferramentas como essa para a colaboração entre professores

que ensinam Matemática, inclusive, para discutir sobre planejamento e aplicação de

atividades com alunos.

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Figura 8: Grupo do Whatsapp da Prática Colaborativa

Fonte: Autoria própria

Após a criação do grupo, discutimos sobre as primeiras definições do

nosso plano de aula. O tema fração foi o escolhido, em razão dos professores

relatarem dificuldades de compreensão dos alunos sobre esse conteúdo, como

também, por ser o tema que estava em curso em sala naquele período do ano, o

que poderia beneficiar o aprendizado dos alunos, trazendo uma nova maneira de

trabalhar tal conteúdo.

Tendo em vista o tema que pensamos para o nosso plano de aula, o

pesquisador sugeriu aos colaboradores que tentassem procurar OAs relacionados a

frações para o nosso plano de aula. Nesse momento foi dado um tempo para que

eles fossem utilizando mais a plataforma e descobrindo os recursos e os conteúdos

a eles associados. Durante esse encontro presencial, os professores pesquisaram e

conversaram entre eles, também discutiam com os outros as regras e o

funcionamento dos OAs encontrados na plataforma OBAMA.

Professora C: Rodrigo, coloquei aqui na busca: fração. Não precisa preencher todos os campos, certo? Posso preencher um ou mais?

Pesquisador: Isso, vai depender do quanto você quer filtrar, por exemplo, você pode colocar pra aparecer OAs apenas para os anos iniciais, que é o nosso caso.

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Professor E: No caso, coloquei isso, anos iniciais, já deu bem menos OAs quando não coloquei.

Pesquisador: Exato, você especificou mais, isso pode facilitar sua busca, direcionar melhor o que você deseja.

Professor E: Estou testando esse aqui, aprendendo frações, legal, contextualiza as frações através de uma pizza, dá até, quem sabe, fazer um dia da pizza com eles e aplicar o que vimos no OA.

Professora C: Já fiz esse tipo de atividade com eles, eles adoram.

Professora B: Esse soma três frações é interessante, operação de somas com frações e ainda trabalha simplificação de frações.

Pesquisador: É uma boa ideia mesmo! [risos]

Todos testaram os descritores e a ferramenta de busca, e assim

começaram a se apropriar ainda da plataforma. Foi um momento de interação e

colaboração positiva, visto que o descobrimento, pelos professores, desses OAs que

manipularam, possibilitou a reflexão e potencialidades dessas TDIC no ensino

(ROLANDO, 2015), consequentemente, promoveram dessa vez, situações de

relacionamento do conhecimento tecnológico, pedagógico e de conteúdo, quando os

professores identificaram nos OAs testados as possibilidades pedagógicas para o

ensino de frações, todos os elementos do TPACK foram relacionados e

evidenciados.

Após esse momento de exploração da plataforma, foi feita uma

demonstração de todos os passos da criação do plano de aula (Figura 9,10 e 11), a

opção de compartilhamento dos planos e a sua construção na plataforma. Essa

interação desencadeou por parte dos professores colaboradores, a comparação com

a forma que eles planejavam em seus cadernos.

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Figura 9: Passo 1 da ferramenta de plano de aula OBAMA

Fonte: Autoria Própria

Figura 10: Passo 2 da ferramenta de plano de aula OBAMA

Fonte: Autoria Própria

Figura 11: Passo 3 da ferramenta de plano de aula OBAMA

Fonte: Autoria Própria

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Pesquisador: No passo 2, será onde escreveremos o plano, certo? Como vocês podem ver, nada mais é do que vocês já conhecem da estrutura do plano de aula: Objetivo geral, específico, metodologia, avaliação, recursos e referências.

Professor E: Basicamente o que fazemos no planejamento, só que no caderno, ou no próprio Word.

Pesquisador: Exato! O que muda é que estamos fazendo no site do OBAMA ao invés de fazer no caderno.

Professor C: Em casa costumo fazer no Word. No computador, facilita na hora de pesquisar, aqui eu pesquiso no celular e faço no caderno, fica um pouco inconveniente às vezes ter que trazer o notebook pra escola. Quando dá tempo, escrevo o que fiz do caderno pro Word.

Pesquisador: Muito bom! E aí que vem uma ideia legal. Se você quiser, você pode usar o notebook da escola quando tiver disponível, logar na sua conta do OBAMA e fazer o plano. Daí quando você logar na sua conta em casa, o plano já estará lá, aí nem precisa você se preocupar em trazer o computador pra escola.

Professor C: É verdade, isso realmente ia ajudar muito, porque adianta muito escrever no computador.

É importante destacar essa comparação dos professores em relação ao

plano de aula ser feito no caderno, programa de edição de textos ou na plataforma

OBAMA, visto que compreenderam que apenas se modificou a ferramenta que se

utiliza para construir algo que eles já estavam habituados a fazer. Essa percepção

dos professores demonstra uma construção significativa do conhecimento

tecnológico do TPACK, conhecimento que também foi construído no momento em

que compreenderam o benefício de trabalhar o plano de aula digital através da

plataforma OBAMA, por principalmente, possibilitar a sua construção de forma

colaborativa de maneira síncrona ou assíncrona.

Professor C: Acho que já podemos nos concentrar em trabalhar as frações, né isso? Vai ser importante, principalmente, por ser assunto do bimestre. Vocês concordam?

Professor E: Concordo, não sai do cronograma também.

Pesquisador: Ótimo então, podemos já ir pensando em OAs que nos ajudem a trabalhar o tema!

Professor C: Perfeito, já ajuda pra organizar as ideias pra quando nos encontrarmos novamente.

Pesquisador: Então fica pra casa vocês criarem o login de vocês e também tentar buscar uns OAs pra gente discutir juntos no próximo encontro, pode ser?

Professores: Certo.

O primeiro encontro presencial oportunizou novos aprendizados e a

relação dos conhecimentos tecnológicos, pedagógicos e de conteúdo entre os

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colaboradores. O momento permitiu que eles utilizassem a plataforma OBAMA e

aprendessem por meio dela e dos colaboradores e puderam identificar as

potencialidades pedagógicas dos OAs sobre o conteúdo de frações. Essa ação

promoveu o engajamento deles na elaboração da proposta do plano de aula

colaborativo.

4.2.2 Segundo Encontro da Prática Colaborativa

Em nosso segundo encontro, ocorrido dia 19 de outubro 2018,

começamos recapitulando o que foi pedido para ser realizado em casa. Os

professores falaram que fizeram o cadastro, mas que enfrentaram problemas com a

criação da senha. Aproveitamos o início do momento para resolver esse problema,

que aparentemente foi um bug do site, que foi resolvido solicitando, via plataforma,

para refazer a senha de login.

Esse feedback foi importante, pois foi a oportunidade de mostrar como a

plataforma funcionava e como o professor de informática pode ter papel ativo nesses

momentos em que os outros professores podem demonstrar dificuldade em operar o

ambiente. Uma vez que essa sinergia é implantada, com a interação entre os

colaboradores acontecendo, o projeto de ensino ganha um novo significado, pois

todos os professores estão cada vez mais envolvidos com a prática.

Dando continuidade, foi perguntado se os professores conseguiram testar

algum OA relacionado ao conteúdo sugerido por eles no primeiro encontro para o

desenvolvimento do plano de aula, professora C comentou:

Professora C: Consegui testar em casa os seguintes OAs: Aprendendo Frações; Fração Legal 2 e Operando Frações (Figura 12).

Professora B:Eu testei esse Fração legal e achei ótimo! Você consegue trabalhar desde o conceito básico da fração, utilizando equivalência, através de duas representações: gráfica e numérica. Muito interessante, quando bota na balança, por exemplo, as frações e você confere, o jogo mostra se é equivalente, se é menor, maior…

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Figura 12: OAs utlizados na prática colaborativa

Fonte: Autoria própria

Esse fragmento da fala da professora C demonstrou a apropriação e a

relação de todos os elementos da TPACK, visto que ela conseguiu definir o que

poderia trabalhar com o OA Fração Legal (conhecimento de conteúdo), inclusive

destacando os tipos de representações que a ferramenta consegue disponibilizar,

gráfica e numérica (conhecimento pedagógico), como também se atentou para o fato

do feedback que o OA conseguia realizar através das comparações de frações

(conhecimento tecnológico).

A apropriação da professora em relação a essas questões são

importantes, pois ficou evidente para ela, os benefícios da TDIC no ensino da

Matemática, visto que a TDIC possibilitou neste caso, a diversidade de

representações sobre o conceito matemático e proporcionou, através do feedback

do OA, uma maneira diferente do aluno compreender refletir e interagir sobre uma

informação (MORÁN, 2015). Além disso, podemos inferir também, que as

experiências que foram aprendidas no primeiro encontro da prática colaborativa, foi

que oportunizou a professora a ampliação dos seus conhecimentos para poder

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analisar os OAs, em outras palavras, a professora ampliou seu conhecimento

tecnológico pedagógico do conteúdo (TPACK).

Diante desse fato, é preciso notar a potencialidade da pesquisa

colaborativa (IBIAPINA, 2008), pois, na medida em que um colaborador aprende um

conhecimento, ele compartilha esse conhecimento com os demais, ou seja, os

conhecimentos da TPACK, ampliados pela professora C, foram compartilhados com

os demais colaboradores, possibilitando que eles pudessem também, se

apropriarem desses conhecimentos, e inclusive, gerando novas ideias e

conhecimentos por parte deles. A pesquisa colaborativa gera uma cadeia infinita de

conhecimentos.

Ainda nesse momento, o professor E sugeriu que fôssemos ao laboratório

de informática para exibir no projetor multimídia os OAs com a finalidade de

discutirmos seu uso. Acatamos a sugestão e testamos os OAs conjuntamente para

darmos nossas ideias para o plano de aula. Sugestões como essa demonstram o

engajamento dos colaboradores em querer participar e colaborar efetivamente com

a pesquisa, além de evidenciar que não se trata de uma relação vertical entre os

pesquisadores. Esse esforço conjunto colabora para se atingir os objetivos da

pesquisa e até mesmo, os objetivos pessoais, profissionais e sociais de cada

participante (IBIAPINA, 2008).

Abrimos e utilizamos os OAs sugeridos. Apesar de o OA “Operando

Frações” ter sido o que mais interessou os professores, por possibilitar a realização

de diversos tipos de operações com frações de forma interativa, através de

representação gráfica e numérica, ele seria mais adequado para uma segunda aula

sobre o conteúdo, pois os professores julgaram que, primeiramente, seria

necessário discutir com os alunos os conceitos e noções básicas de fração antes de

se trabalhar as operações com as frações.

Professora B: Acho que esse OA se encaixaria melhor em um segundo momento, ele já trabalha com as operações de frações, precisamos primeiro trabalhar o conceito de fração antes das operações.

Professora C: Concordo, acho que primeiramente precisamos trabalhar o conceito da divisão de partes iguais de um objeto por exemplo, o conceito de metade, terça parte, quarta parte... Mas acho que esse OA já seria muito bem utilizado na continuação do assunto.

Pesquisador: Então, de fato seria mais interessante deixar esse OA para um possível segundo plano de aula, é isso? Eles precisam aprender no 5º ano, operações de frações?

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Professora B: Sim, com certeza, tem que trabalhar as quatro operações de frações, é o último assunto de fração no nosso livro de Matemática.

Pôde-se presenciar nesse momento, através do fragmento acima, tanto a

construção quanto a relação entre os elementos da TPACK. Os professores

relacionaram se o conteúdo do OA utilizado era condizente para uma primeira aula

com os alunos sobre o tema frações (conhecimento de conteúdo), através dessa

percepção, sugeriram que esse OA (conhecimento tecnológico) poderia ser utilizado

para dar continuidade na sequência sobre o assunto de frações (pedagógico).

O diálogo e discussão nesse momento promoveu uma reflexão

colaborativa entre os participantes para se chegar nessas conclusões, isso

demonstra os benefícios da prática colaborativa e em como os elementos da TPACK

vão sendo construídos ao longo da colaboração, evidenciando que isso só vem

acontecendo porque o professor de sala e de informática estão utilizando esse

espaço, de planejamento pedagógico na escola, para pensar e refletir sobre esses

assuntos da prática colaborativa desenvolvida nessa pesquisa.

Mais adiante, testando o OA Aprendendo Frações, professor E expõe que

o recurso possui pouca uma contextualização rasa, tratando a fração através da

divisão de uma pizza e mostrando os resultados passo a passo de uma forma

desorganizada.

O OA eleito mais interessante e pertinente para a proposta de aula foi o

“Fração Legal 2”, pois com ele seria possível trabalhar algumas dinâmicas

diferentes. Nessa reflexão, professora C opina:

Professora C: O bom desse OA Fração legal é que os alunos podem testar, errar e discutir [sic] uns com os outros quais frações são equivalentes. Isso vai ajudar eles a compreenderem o significado de fração. Dá pra fazer uma dinâmica com eles com o datashow inclusive, igual como estamos fazendo aqui agora.

Professora B: Também acho. Podemos pedir para os alunos mostrarem e explicarem o resultado da equivalência.

Pesquisador: Ótimo! Seria legal se tivéssemos internet no momento para usarmos os computadores com eles em dupla, mas como não podemos garantir isso? Como faríamos essa dinâmica?

Professora C: Poderíamos pedir que fizessem as figuras nos cadernos.

Professora B: Nesse caso, eles mesmos poderiam manipular o computador do datashow, e os alunos teriam que encontrar e explicar os resultados.

Pesquisador: Perfeito! Gostei da ideia! De qualquer forma, poderíamos sugerir no plano de aula, que a aula poderia ser feita com projeção em conjunto, ou os alunos em dupla nos computadores.

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Professor E: Ou então a gente poderia colocar utilizando os computadores em outro plano de aula. Seria até interessante, diversificaria ainda mais as atividades.

Novamente presenciamos mais apropriações e relações dos elementos

da TPACK. Os professores discutiram em como que o conteúdo seria trabalhado

com o OA Fração Legal (conhecimento tecnológico), por exemplo, os conceitos de

metade e terça parte (conhecimento de conteúdo), como dito pela professora C.

Refletiram também nas estratégias metodológicas (conhecimento pedagógico) de

como trabalhariam o OA com os alunos, mediante os obstáculos de infraestrutura,

como a falta de internet nos computadores, o que gerou a criatividade dos

colaboradores em pensar em uma nova maneira de desenvolver a aula.

É importante destacar, que apesar dos problemas de infraestrutura serem

um obstáculo para o uso de TDIC no processo de ensino e aprendizagem, como foi

retratado e argumentado também no trabalho de Ozelame (2016), a prática

colaborativa desta pesquisa oportunizou que os professores colaboradores

encontrassem uma maneira criativa de utilizar os recursos digitais disponíveis. Esse

fato ressalta os benefícios positivos da proposta dessa pesquisa. Esses benefícios

da colaboração vêm de encontro do que foi demonstrado no trabalho de Javaroni e

Zampiere (2015), que demonstrou que o curso de extensão sobre o uso das TDIC

no ensino da Matemática desenvolvido com os licenciandos em pedagogia,

promoveu o trabalho colaborativo entre os participantes.

A Professora C aproveitou o momento para falar que em sua outra escola,

tinha disponível uma espécie de jogo de dominó, só que com frações, que trabalhou

com seus alunos e foi um sucesso (figura 13). De acordo com a docente, os alunos

participaram da dinâmica, tiraram dúvidas e em seguida, desenvolveram uma

produção textual sobre a atividade explicando como funcionava o jogo. A Professora

C compartilhou (Figura 14) pelo Whatsapp, as imagens desses momentos e nos

explicou como foi essa aula.

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Figura 13: Aplicação da aula da professora c com o Dominó de Frações

Fonte: Professora C

Figura 14: Compartilhamento de ideias via Whatsapp

Fonte: Autoria Própria

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A atitude da professora C em compartilhar uma proposta pedagógica,

favorece a construção do conhecimento pedagógico entre os envolvidos na

pesquisa, dando oportunidade ao pesquisador e aos outros professores refletirem e

discutirem sobre a ideia apresentada pela professora C. É pertinente destacar

também, que a utilização da ferramenta digital de comunicação (Whatsapp) como

um recurso a ser utilizado na prática docente, foi uma oportunidade de ampliar os

recursos, nesse caso, digitais, que podem ser usados na docência com finalidades

pedagógicas (MAIA, 2016).

Se apropriar disso, fomenta o conhecimento tecnológico dos

colaboradores, na medida em que o professor se utiliza dessas tecnologias digitais

para compartilhar informações por ferramentas digitais de comunicação, informações

essas, neste caso exemplificado, de caráter pedagógico, visando contribuir com as

ideias que foram aplicadas em nosso plano de aula sobre frações.

Quanto à metodologia da aula, decidimos desenvolvê-la em dois

momentos: o primeiro, seria a dinâmica com o OA Fração legal 2 no laboratório de

informática para apresentação dos conceitos, e em seguida, com a finalidade de

consolidá-los, seria utilizado o jogo analógico em sala de aula, criando um segundo

momento dinâmico e colaborativo entre eles, durante a aplicação do jogo, mediado

pelo professor.

A experiência do segundo encontro foi positiva, visto que pudemos nos

apropriar e relacionar os elementos da TPACK, por exemplo, o caráter tecnológico,

pedagógico e de conteúdo, quando vimos os professores sugerindo e refletindo

sobre os melhores OAs para abordar o conteúdo de frações. Evidenciamos também

a construção de novos elementos do conhecimento tecnológico, visto que o encontro

oportunizou aos professores manipularem e se apropriarem dos recursos digitais,

enquanto refletiam sobre quais ideias seriam utilizadas no plano de aula.

Promover esse momento em que os professores expliquem e

demonstrem suas sugestões pedagógicas dos OAs que apresentaram, é o que,

segundo Morán (2015), faz gerar uma melhor qualidade docente, que se manifesta

na combinação do trabalho em grupo. A prática colaborativa deste segundo encontro

oportunizou também aos professores, a utilização de ferramentas digitais de

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comunicação para o compartilhamento de saberes, que possibilita o crescimento do

conhecimento tecnológico dos colaboradores.

Esse tipo de ação ocorrido na pesquisa vem de encontro com o que foi

relatado por Souza e Passos (2018) ao afirmarem que os participantes da formação

aplicada, os fizeram formular estratégias e construíram conceitos e ideias sobre a

Matemática e seu ensino. Essa é a intenção desse momento de discussão dos OAs

entre os participantes nesta pesquisa, formular estratégias com esses recursos no

desenvolvimento do plano de aula. Esse encontro, portanto, evidenciou uma

ampliação e relação dos conhecimentos do TPACK.

4.2.3 Terceiro Encontro da Prática Colaborativa

No terceiro encontro, realizado dia 26 de outubro de 2018, foi dado início

à construção do plano de aula, neste encontro seriam definidos os objetivos gerais e

específicos e a metodologia. Aqui, além da cooperação, se evidencia também o

elemento da Coprodução referente à produção colaborativa do plano de aula. A

produção do plano na plataforma OBAMA se iniciou de fato, a partir de uma

colaboração pedagógica em que todos os professores estão envolvidos.

Os professores relataram sobre o ritmo de trabalho que tiveram durante a

semana anterior ao terceiro encontro, com aplicações e correções de provas dos

alunos. Nessa ocasião se desculparam por não estarem conseguindo se dedicar

mais do que gostariam na colaboração com a pesquisa nos últimos dias. Essa

conversa encadeou o assunto da carga de trabalho docente deles. Todos os

professores trabalham em dois expedientes e à noite ainda há os afazeres pessoais

e trabalhos escolares. professora C comentou:

Professora C: Me alivia esses momentos de planejamento com os professores na escola. Nós temos uma carga excessiva de trabalho para dar conta. Aí quando surge essa oportunidade de poder colaborar uns com os outros dentro do período de trabalho, facilita muito para poder contribuir.

Professora B: Concordo, esses momentos são ótimos, quando eu chego em casa, muitas vezes estou esgotada [risos].

A experiência desse trabalho demonstra que os professores precisam de

melhores condições de trabalho. A desvalorização financeira, por exemplo, faz com

que o professor necessite de mais vínculos empregatícios. Esse problema

desfavorece o tempo disponível do professor para participar de formações

continuadas ou de estudar e planejar atividades metodológicas diversificadas. No

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caso da prática desse trabalho, mesmo se utilizando de TDIC, que possibilitam o

trabalho colaborativo de forma assíncrona, o tempo disponível do professor fora da

escola foi um fator relevante para a redução da quantidade de tempo utilizada pelos

participantes, devido às condições supracitadas.

O relato das professoras não é uma questão secundária à pesquisa. A

questão social e porque não, política, faz parte da Pesquisa Colaborativa (IBIAPINA,

2008).

Dando continuidade, a professora C relatou que pensou nos objetivos

específicos e pediu que olhássemos na plataforma o que ela havia escrito. Nesse

momento, o pesquisador perguntou se os professores tiveram alguma dificuldade

durante o uso na plataforma:

Professora C: Não senti muita dificuldade, na verdade é bem parecido com o Word, mas aconteceu alguns problemas escrevendo, tipo quando eu alterava o tamanho ou tipo de letra, e ao clicar Enter, por algum motivo, a formatação se perdia, e também não consigo justificar o texto.

Professor E: Comigo aconteceu que o texto guia do plano de aula só apareceu quando eu cliquei dentro da caixa de texto. Pensei que estava carregando a página, mas demorou, quando cliquei, apareceu.

Professora B: Era bom que tivesse uma maneira de deixar a parte onde escreve em tela cheia, fica melhor para escrever.

Esses problemas foram registrados para serem relatados aos

desenvolvedores da OBAMA. Os relatos sobre a prática de uso dos professores na

plataforma sobre os problemas encontrados, como também as sugestões de

melhoria, além de serem uma apropriação de novos conhecimentos tecnológicos

sob a plataforma OBAMA de cada colaborador, são uma contribuição direta para a

melhoria da plataforma, fazendo com que essa Pesquisa Colaborativa crie uma

relação entre Universidade-Escola.

A Professora C sugeriu como o objetivo geral: compreender, Identificar e

representar as frações e como objetivos específicos: compreender o significado do

numerador e denominador de uma fração; comparar e assimilar as diferentes

representações de frações (gráfica e numérica). Analisando os objetivos, notamos

que foram realizados corretamente, visto que os objetivos são voltados para o aluno,

ou seja, para o que o aluno estará apto a compreender após a aula. É possível que ,

no caso dessa pesquisa, a dica que a plataforma oferece no preenchimentos dos

objetivos na plataforma OBAMA, tenha auxiliado. Este fato é relevante, visto que no

trabalho de (Silva, Filho e Maia, 2018), praticamente 30% dos objetivos dos planos

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de aula desenvolvidos na plataforma OBAMA eram centrados no professor e não no

aluno.

Vale ressaltar que a professora C teve a atenção de pesquisar os

principais objetivos das competências de frações exigidas pelas normas da BNCC

antes de definir seus objetivos, que são: (i) identificar e representar frações

(menores e maiores que a unidade), associando-as ao resultado de uma divisão ou

à ideia de parte de um todo, utilizando a reta numérica como recurso e; (ii) Identificar

frações equivalentes (BRASIL, 2017).

Essa ação da professora, de propor aos outros colaboradores, para

analisar as habilidades da BNCC e comparar se o nosso plano de aula contempla os

conteúdos propostos sobre frações, é mais uma demonstração da preocupação

docente, em relação às habilidades que precisam ser trabalhadas em frações. Essa

atitude da professora evidencia um forte conhecimento pedagógico de conteúdo.

Dessa forma, trazer isso para discussão com os colaboradores, potencializa ainda

mais os objetivos da nossa prática pedagógica e, pelas informações supracitadas,

mais uma vez foi possível observar que os professores colaboradores

compartilharam conhecimento pedagógico e de conteúdo que compõe a TPACK.

Seguindo adiante, o professor E acrescentou:

Professor E: É importante que o aluno compreenda que toda fração corresponde a uma divisão. O numerador da fração é o dividendo e o denominador equivale ao divisor. É de extrema importância que o aluno consiga visualizar isso, caso contrário ele vai prosseguir o assunto com muita dificuldade.

Mediante a observação do professor, bastante pertinente, foi adicionado o

seguinte objetivo específico: entender que toda fração corresponde a uma divisão,

principalmente quando ela atua com o significado de quociente, conforme destaca

Santana (2012). Após a definição dos objetivos, foi dado início à definição da

metodologia da aula. De antemão, durante a conversa, acatamos que a aplicação

ocorreria em dois momentos: a primeira seria a dinâmica com os alunos com o OA

Fração Legal por meio da projeção, e o segundo com o uso do jogo Dominó de

Frações. A professora B ressaltou:

Professora B: A gente tem que ir no caminho da contextualização do conteúdo para o aluno. Eu já usei vídeos do Telecurso com uma turma de outra escola. O vídeo mostra as frações de forma contextualizada, fica mais fácil para o aluno compreender.

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Naquele momento, o vídeo sobre frações do canal do Youtube Telecurso,

sugerido pela professora B, foi assistido pelo grupo e se concluiu que ele seria

adequado para contextualizar o assunto no início da aula e, mediado pelo professor,

realizar uma discussão junto aos alunos sobre as noções básicas de frações. O

professor teria a liberdade de aprofundar mais o conteúdo, elaborando outros

exemplos com a mesma ideia apresentada no vídeo, gerando mais discussões entre

os alunos, que em contrapartida poderiam ser acionados para explicar os conceitos

apresentados. Importante destacar também, que mais um elemento do ciberespaço

foi utilizado durante a pesquisa, o Youtube, utilizado para obter o vídeo sobre

frações.

Percebemos nesse momento de interação entre os colaboradores, que os

mesmos fizeram a relação dos conhecimentos que formam a TPACK, quando

discutem sobre como o vídeo trata o assunto de frações (conhecimento tecnológico

e conhecimento de conteúdo) e em como ele pode ser trabalhado no momento da

aplicação da aula (conhecimento pedagógico).

Durante todo esse momento, os professores C e E digitavam, na

Plataforma OBAMA, o plano de aula colaborativo (apêndice B), à medida que íamos

discutindo e debatendo as ideias que seriam inseridas. Neste momento, ficaram

definidas três etapas na metodologia: i) Dinâmica com o vídeo sobre frações; ii)

Construção coletiva com o OA Fração legal (Representação Numérica e gráfica); e

iii) Dinâmica com jogo analógico Dominó de Frações, para uma corroboração do

conteúdo estudado.

4.2.4 Quarto Encontro da Prática Colaborativa

Em nosso quarto encontro, realizado no dia 9 de novembro de 2018, a

professora C trouxe o jogo de Dominó de Frações para que pudéssemos testar e

discutir ideias na aplicação do plano de aula. A professora B trouxe ainda a ideia de

um segundo plano de aula em seu notebook, no processador de texto MS Word,

portanto, offline, que havia começado em sua casa e tinha como objetivo geral: i)

Interpretar e compreender situações-problema sobre equivalências de frações.

Professora B: Nesse plano, os alunos poderiam criar os próprios problemas sobre frações, baseados no OA Fração Legal que participaram anteriormente, utilizando os computadores, Word ou Power Point, cada grupo tentaria resolver o problema criado pelo outro grupo e apresentaria para a turma como resolveram. Isso os ajudaria no momento de construção das

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ideias para criar os problemas matemáticos. Tenho experiência com essa atividade com aluno da minha outra escola.

Ao ser questionado pelo pesquisador do motivo da professora B não ter

criado um novo plano de aula na plataforma OBAMA, a mesma alega que estava

sem acesso à internet no momento em que resolveu escrever esse novo plano de

aula, e para não deixar de nos mostrar sua ideia, resolveu escrever no editor de

texto. Ficamos acertados de trabalharmos posteriormente nesse segundo plano de

aula, após concluirmos a elaboração do primeiro plano. Após concordarmos, a

professora B reforça:

Professora B: A gente não pode subestimar a capacidade dos nossos alunos. Eles sempre nos surpreendem. É preciso que eles aprendam a construir as situações-problemas, pois isso facilita o aprendizado

matemático. É impressionante o desenvolvimento do aluno quando é proposta uma aula diferente, onde ele participa ativamente da aula, que serve de estímulo para aprender.

A colocação da professora foi pertinente, reflete a importância de fazer

com que o aluno seja sujeito ativo no processo de ensino e aprendizagem e

demonstra uma concepção pedagógica construtivista (PIAGET, 1967) em sua fala. A

ação da professora B demonstra a sua apropriação e ampliação dos elementos do

TPACK, a partir da sua proposta de um segundo plano de aula. O compartilhamento

de informação com os outros colaboradores promove consequentemente a

construção desses conhecimentos.

Em seguida, vemos a iniciativa que a professora C teve, de trazer o jogo

Dominó de Frações indicado por ela, mostra, novamente, o engajamento da

professora com a prática de Pesquisa Colaborativa (IBIAPINA, 2008). O grupo de

professores partiu para o teste do jogo analógico - Dominó de Frações - para

examinar de que forma o jogo poderia auxiliar na aprendizagem. A proposta do

grupo em incluir no plano de aula o jogo analógico, demonstra a construção de

conhecimento tecnológico, visto que se está propondo ao plano de aula, o ensino de

frações através da integração de diferentes tecnologias (digitais e analógicas).

Através da discussão dos colaboradores, foi possível perceber que o jogo

Dominó de Frações permite tanto à associação de representação gráfica com

representação gráfica, representação numérica com representação numérica e

representação gráfica com representação numérica. Assim, os alunos estariam livres

para analisar e decidir quais seriam as escolhas de suas jogadas.

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Sobre esse momento do grupo, foi observada uma construção do

conhecimento pedagógico e conhecimento de conteúdo, pois o grupo se preocupou

em experimentar a metodologia do jogo, antes de ser colocado em prática com os

alunos em sala de aula. Os professores, ao refletirem sobre as formas diferentes de

ensinar o conteúdo com abordagens construtivista (PIAGET, 1967) e

sociointeracionista (VYGOTSKY, 1978), demonstraram que estão comprometidos

com a busca por aulas com metodologias diferentes daquelas apenas expositivas.

No caso dessa proposta, damos ao aluno mais uma oportunidade de

pensar sobre as noções básicas de fração de uma forma ativa, e durante essa

prática, poderiam discutir soluções acerca do seu próprio aprendizado. O jogo

proporciona a consolidação dos conceitos de uma maneira construtivista (PIAGET,

1967), porque os alunos precisam criar suas próprias estratégias para conseguir

construir todas as equivalências do jogo, e sociointeracionista (VYGOTSKY, 1978),

pois possibilita a interação e discussão dos alunos, e essa mediação possibilita o

desenvolvimento do aprendizado.

Com isso, a metodologia da atividade ficou definida na seguinte proposta:

Passo 1: A aula seria introduzida com o vídeo do Telecurso 2000 sobre

frações, que mostra uma ideia contextualizada sobre o tema. Após o vídeo, preparar

um momento de discussão com a turma sobre o vídeo assistido. O professor faria

considerações acerca das ideias presentes no conteúdo do vídeo.

Passo 2: Os alunos construiriam os conceitos, por meio do OA "Fração

Legal". Os grupos formados definiriam as frações equivalentes e testariam no OA,

até que todas as equivalências tenham sido encontradas. No caso da nossa escola,

que estava naquele período com problemas na conexão com a internet, foi optado

pelos colaboradores da pesquisa, por trabalhar com a projeção do OA e executar a

dinâmica junto aos alunos, utilizando a internet pessoal. Mediado pelo professor, o

mesmo estimularia os alunos a solucionarem as equivalências das frações

solicitadas, discutindo e refletindo ativamente entre aluno-aluno e aluno-professor,

os resultados obtidos no OA, deixando que eles colaborassem entre si, para

encontrarem as respostas.

Passo 3: organizaríamos grupos para jogar o jogo Dominó de frações. O

jogo possui as regras do dominó, porém, para conseguir colocar as peças no jogo, é

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preciso que o valor da fração numérica seja equivalente ao valor da fração gráfica

das peças do jogo.

A metodologia, que foi construída nesse encontro, mediante os problemas

de infraestrutura da escola, como a falta de internet, precisou ter seu passo 2

adaptado. A ideia inicial era utilizar os computadores com os alunos em dupla, como

não seria possível, os professores colaboradores sugeriram a ideia de desenvolver

essa dinâmica como foi descrita no passo 2. Esse fato é relevante, pois o

pensamento criativo, a decisão em conjunto, em se pensar em uma maneira

pedagógica que consiga continuar atendendo aos objetivos específicos e geral do

plano, demonstra mais uma vez a apropriação dos conhecimentos do TPACK para

solucionar esse problema, dessa vez, a colaboração entre os professores

colaboradores foi determinante para que conseguisse chegar na ideia descrita no

passo 2.

Decidimos deixar para o próximo encontro o fechamento do primeiro

plano de aula. Aproveitamos o momento restante para anexar no terceiro passo

descrito na Plataforma OBAMA do plano de aula, o Objeto de Aprendizagem Fração

Legal. Nesse momento da construção da metodologia, ocorre o seguinte

questionamento:

Professora B: Dá pra colocar nessa parte também anexado o vídeo do Telecurso? Já que o vídeo também é um OA? Ficaria mais organizado.

Pesquisador: É interessante, mas no momento só dá para adicionar os OAs que estavam no banco de dados do OBAMA.

Professor E: E não há problema nenhum em se utilizar mais de um OA por plano de aula, né? Eles já foram pensados por nós para trabalhar se complementando.

Pesquisador: Exatamente, lembrem-se que o OA são como tijolos, podemos ir juntando os tijolinhos, combinando-os, com a finalidade de atingirmos os objetivos que discutimos para esse nosso plano de aula, por exemplo.

Como podemos notar, a professora B demonstrou ter compreendido e se

apropriado do conceito de um OA, ou seja, após esses encontros, tanto a

apropriação da plataforma ficou mais familiar para ela, quanto à apropriação do

conceito de um OA. Afinal, a professora identifica um vídeo também como um OA,

ao sugerir que esse vídeo também fosse anexado ao plano de aula elaborado na

plataforma OBAMA.

Outro ponto interessante é o fato de o Professor E compreender que é

possível utilizar e combinar mais de um OA em um mesmo plano de aula. Assim

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como explicado pelo pesquisador, Willey (2008) descreve que os OAs,

metaforicamente falando, são como o tijolo e a argamassa, onde o tijolo (OA) pode

ser recombinado através da argamassa (adaptação do professor) com outro tijolo,

criando um novo OA.

Essas concepções explicitadas nas falas dos professores a respeito de

OA demonstram o avanço do conhecimento de tecnológico pedagógico de conteúdo

(TPACK) acerca desses recursos. Nesse encontro, os professores antes de tudo,

demonstraram compreender o conceito de um OA, quando nas entrevistas, não

sabiam nem ao menos o que significava um OA. Não só isso, os professores

conseguem agora, perceber os conteúdos de um OA, e pensar em como utiliza-lo

pedagogicamente. Essa apropriação de conhecimento, que não é trivial, mostra o

avanço de todos os professores no desenvolvimento e relacionamento do TPACK.

Assim como o trabalho de Melo e Carvalho (2013), que retrata a aplicação

de softwares livres (Geogebra, Gcompris, Tuxpaint, Gsuite) na aprendizagem dos

alunos e professores possibilitou o trabalho colaborativo e construção do

conhecimento dos envolvidos, a pesquisa colaborativa dessa pesquisa, vem

demonstrando cada vez mais a apropriação de novos conhecimentos do TPACK

como também o engajamento e colaboração dos professores colaboradores com a

prática colaborativa.

Terminado o quarto encontro, ficou acertado da finalização do plano de

aula acontecer no quinto encontro, e consequentemente, se definiria o dia da

aplicação da aula.

4.2.5 Quinto Encontro da Prática Colaborativa

Começamos nosso quinto encontro no dia 16 de novembro de 2018, com

a intenção de definir a data da aplicação do nosso plano de aula. A professora C se

prontificou para aplicar em sua turma. A aplicação foi acompanhada pelo

pesquisador deste trabalho.

Iniciando a revisão do plano de aula, a metodologia seguiria a seguinte

ordem: Discussão com o vídeo sobre frações, dinâmica com o OA “Fração Legal”;

revisão do conteúdo através do jogo analógico “Dominó de Frações”. Nesse

momento a Professora B comentou:

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Professora B: Esta aula poderia ser estendida para dois encontros, onde no segundo encontro, os alunos pudessem resolver, em trio ou duplas, nos computadores na próxima tentativa de aplicação, quando a internet estiver reestabelecida. Seria mais uma maneira dos alunos, depois da dinâmica do OA, assimilarem o conteúdo com o próprio OA na sala de informática, inclusive poderia ser adicionado isso a ideia do segundo plano que iniciei. Poderíamos aplicar esse primeiro plano de aula, em seguida, o segundo plano de aula seria constituído de um primeiro momento manipulando OA Fração Legal em trio, e no segundo momento, cada trio desenvolver um problema, baseado no OA utilizado, para que outro trio possa solucionar, encerrando com os alunos mostrando suas resoluções.

Professora C: Realmente, é um assunto que possibilita uma gama de representações para trabalhar, ao invés de se trabalhar apenas de forma abstrata, principalmente com os OAs.

Alguns pontos são pertinentes para analisar sobre os fragmentos acima.

Primeiramente, sobre a fala da professora B, que discute sobre a continuidade ou

reestruturação do plano de aula criado. A professora dá sugestões em como poderia

ser a aplicação da aula sobre frações (conhecimento de conteúdo) utilizando os

computadores (conhecimento tecnológico) quando possível, e reforçou sua ideia de

criar um momento onde os alunos criassem seus próprios problemas (conhecimento

pedagógico). Corroborando com isso, a professora C demonstra relacionar também

os elementos do TPACK, refletindo em como o assunto fração pode ser trabalhado

em diferentes representações através das TDIC.

Destacamos nesse encontro a atenção dada à revisão do plano de aula.

Essa atitude promove a autocrítica e autorreflexão do próprio trabalho coproduzido

pelo grupo, uma etapa que faz parte do trabalho colaborativo (IBIAPINA, 2008).

Houve uma mobilização por todos de contribuir com a prática colaborativa, que visa

romper com o modelo tradicional de ensino passivo.

Foi possível perceber o engajamento e uma transformação de postura por

parte do grupo interagindo, discutindo, compartilhando conhecimento, refletindo, e

aprendendo novos conceitos, principalmente os ligado aos conhecimentos do

TPACK, o que corrobora com os resultados de Maia (2016) na sua formação

colaborativa apoiada em tecnologias digitais, quando afirma que a formação

colaborativa oportunizou aos profissionais envolvidos o desenvolvimento profissional

e a produção de conhecimentos acerca do ensino e da aprendizagem da

Matemática com os pares.

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4.3 Análise da Aula Sobre Frações

No momento de aplicação da aula, realizada pela professora C e

observada pelo pesquisador deste trabalho, analisaram-se os elementos de

coprodução, que foram registrados durante o momento, em texto, nos diários de

campo, fotos e filmagem, por meio de câmera do celular.

A aula se iniciou às 14 horas do dia 30 de novembro de 2018. O

pesquisador, que também é professor do laboratório de informática, preparou a

projeção com o vídeo e o OA para o manuseio da professora durante sua aula,

conforme indicado no plano de aula. Dessa forma, se deu início ao primeiro

momento descrito na metodologia do plano de aula: reflexão do vídeo (Figura 15)

sobre frações.

Figura 15: Vídeo Frações e números decimais - Novo Telecurso

Fonte: Autoria Própria

O vídeo em questão, que contextualiza o uso das frações no cotidiano,

mostra um exemplo de divisão de uma fita em cinco partes iguais. Nesse momento

que surgiu a figura do professor intervindo no vídeo, o que gerou um espaço de

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reflexão, antes de o vídeo revelar o resultado como mostrado na imagem (Figura

15):

Professora C: Turma, em quantas partes iguais está dividida a fita?

Alunos: Cinco!

Professor C: Quem pode dizer qual o valor de um pedaço dessa fita então?

Aluno T: Um quinto!

Professor C: Certo, explique pra turma porque é um quinto.

Aluno T: É só contar os pedacinhos! Tem cinco. Aí um pedaço é um quinto.

Professor C: E quanto que vale o valor dos cinco pedaços?

Alguns Alunos: Cinco quintos!

Professor C: E isso é o mesmo que dizer o que?

Alunos: ... [Os alunos, de modo geral, mantiveram-se em silêncio]

Professor C: Vamos lá, se eu tenho agora, todas as partes iguais da fita, cinco de cinco pedaços, isso é igual a...?

Aluno B: Um?

Professor C: Certo, no caso um inteiro, certo?

É importante destacar e analisar esse momento de intervenção do

professor, primeiramente porque vem ao encontro com as discussões do grupo

colaborativo no momento de pesquisa, de não se utilizar do vídeo apenas para

exposição de informações, apenas como um modo de reprodução de conhecimento

ou informação (BEHRENS, 2000), e sim de aproveitar o recurso como uma maneira

de refletir junto com os alunos sobre o conteúdo, permitindo que eles participem e

colaborem nesse momento de aprendizado. É a postura do professor que estimula a

reflexão e discussão, instigando os alunos a participarem do momento de

aprendizagem e serem sujeitos ativos na construção do seu conhecimento

(BACICH; MORÁN, 2018).

Dessa forma, já percebemos um momento de aula exitosa onde a

professora provoca a colaboração dos alunos na aula. O domínio da proposta

pedagógica do vídeo, que nesse momento, se transformou num OA, e

consequentemente a aparição da discussão dos conceitos que se pretendia ser

discutido, demonstra que a professora conseguiu atingir o relacionamento dos

conhecimentos do TPACK nesse momento da aula.

No segundo momento da aula: dinâmica com o OA Fração Legal (Figura

16), ficaram mais evidentes ainda os momentos de interação professor-aluno e

aluno-aluno. A Professora C mediou o momento, retomando os conceitos que havia

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começado anteriormente no vídeo. A partir da ideia apresentada no vídeo, da divisão

em partes iguais da fita, a professora deu continuidade, fazendo relação com as

figuras representadas do OA. Essa articulação realizada pela professora entre os

diferentes momentos da aula, demonstra que a mesma utilizou os diferentes OAs -

vídeo do Telecurso e Fração Legal - de forma recombinada (WILEY, 2008).

Figura 16: OA Fração Legal

Fonte: Autoria Própria

Nesta parte da aula, a professora também demonstrou domínio do

conhecimento de conteúdo da proposta metodológica que estava sendo executada e

segurança da utilização da TDIC na sala de aula. Como exemplificado na figura 16,

através do OA Fração Legal (conhecimento tecnológico), o professor conseguiu

atingir os objetivos propostos nesse momento da dinâmica (conhecimento

pedagógico), descritos no plano de aula, desde os fundamentos básicos das

frações, como o conceito de inteiro, metade e terça parte até o conceito de

equivalência (conhecimento de conteúdo), demonstrando que a professora

conseguiu desempenhar neste momento da prática, a integração de todos os

elementos da TPACK. A professora oportunizou que os alunos se sentissem livres

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para solucionar com os outros colegas, as perguntas propostas pelo OA. Dessa

forma, conseguiu promover uma aula colaborativa e ativa.

Professora C: O quadrado vermelho foi dividido em quantas partes?

Alguns Alunos: Uma!

Professora C: Então, se temos uma parte de um, qual o resultado da fração?

Alunos: Inteiro?

Professora C: Exatamente, e um sobre dois, é o mesmo que o quê? Quinta parte? Terça parte? Ou metade?

Professora C: Quem pode explicar porquê? Aluno R, por quê?

Aluno R: Porque tem a metade da figura pintada!

Professora C: Se eu pintar a metade de qualquer figura, eu vou ter uma parte não pintada de mesmo tamanho, certo? Significa que dividimos em duas partes iguais. Porém se eu dividir, por exemplo, o quadrado em quatro partes, quantas partes eu tenho que pintar para ter metade?

Aluno T: Dois.

Professor C: Explique por quê.

Aluno T: Porque tem quatro pedaços, aí tem que pintar a metade dos pedaços, que é dois.

O OA permitia aumentar o nível das representações (figura 16), dividindo-

as em mais partes e em diferentes formas, deste modo a professora pôde dar

continuidade ao conteúdo. Como estava descrito na metodologia do plano de aula, a

dinâmica realizada pelo professor nesse momento, foi de pedir que os alunos

resolvessem e discutissem os problemas do OA. O professor solicitava que uma

dupla de alunos (Figura 17 e 18) fosse ao computador e escolhessem duas

representações que julgavam ser equivalentes e, logo depois, explicariam à turma o

porquê da solução, e dessa forma, a turma discutiria as respostas. A dinâmica

continuaria até que todas as soluções fossem encontradas.

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Figura 17: Dinâmica com os alunos com o OA Fração Legal

Fonte: Autoria própria

Professora C: Aluno M e B coloquem as frações e digam por que são iguais.

Aluno M: O quadrado que tem dois vermelhos e um branco.

Professora C: Qual representação é igual? Expliquem.

Aluno B: É…

Professora C: O quadrado do aluno M foi dividido em quantas partes?

Alunos: Três!

Professora C: Quantas partes pintadas? Aluno B: Duas.

Professora C: Duas partes pintadas de três partes iguais. Qual representação é equivalente então?

Aluno B: Ali! Dois sobre três.

Professora C: Certo! Turma, e se eu pintar essa última parte não pintada dessa figura, quanto ficaria? Aluno M: Três sobre três.

Professora C: E isso significa quanto?

Aluno T: Um!

Professora C: Um o que? Um meio? Um terço?

Alunos: Inteiro!

Professora C: Muito bem! Vamos agora aluno T e aluno C.

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Figura 18: Participação colaborativa dos alunos com o uso do OA Fração legal

Fonte: Autoria própria

Analisando esse momento, ficou evidente que o OA deu suporte a aula da

professora. A docente pôde ensinar o conteúdo de frações, explorando em sua aula

o uso de uma TDIC que trazia o feedback instantâneo para todos informando se a

fração 1 era menor, igual, ou maior do que a fração 2. Essa aula promoveu

momentos de sóciointeracionismo (VYGOTSKY, 1978) aos alunos, como visto na

imagem 15 e destaca o importante papel do professor em diversificar suas

metodologias pedagógicas, saindo da aula tradicional para uma aula que propicie

aos alunos a oportunidade de participar ativamente na construção do seu próprio

aprendizado e comprovando que a apropriação dos conhecimentos do TPACK pelo

professor também foi alcançada nesse momento da aula.

No terceiro e último momento (Figura 19 e 20), descrito na metodologia

do plano de aula, iniciou-se o momento de revisão do conteúdo por meio do jogo

analógico Dominó de Frações. Os alunos, organizados em grupo, utilizaram o jogo,

discutiram como seriam as regras, enquanto o professor mediava o momento,

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tirando dúvidas dos alunos. Ponto importante a se destacar, é que o espaço do

laboratório de informática serviu como extensão da sala de aula. A metodologia

desenvolvida nesse plano de aula, colaborou para que os espaços de sala de aula e

informática fossem integrados, corroborando de que é possível o trabalho

colaborativo entre professor de informática e de sala de aula.

Figura 19: Aplicação do jogo Dominó de Frações

Fonte: Autoria própria

Professora C: Igual como resolvemos no laboratório de informática. Quantas partes iguais foi dividido? Alunos: Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete.

Professora C: Certo. Quantas pintadas?

Alunos: Um sobre sete!

Aluno M: Pode colocar número com número? Professora C: Vocês podem decidir nas regras de vocês, porém se os números forem iguais, por exemplo aqui, um catorze avos e um catorze avos [apontando para representações diferentes], são iguais, certo? Então vocês podem decidir na regra de vocês se vale nesse jogo.

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Figura 20: Aplicação do Jogo Dominó de Frações

Fonte: Autoria Própria

A professora participou do momento com os alunos, esclarecendo

dúvidas, observando e provocando as conclusões dos alunos sobre seus resultados

no jogo, sempre retomando com eles, o que viram no laboratório de informática

(extensão da sala de aula), fazendo a ligação do dominó com o OA Fração Legal, ou

seja, um recurso analógico e outro digital, respectivamente. Nessa situação, a

professora trabalha em cima dos conhecimentos de conteúdo e pedagógico, porém,

durante essa dinâmica com as crianças, relembra a elas em como trabalharam no

OA Fração Legal, e assim, aplicarem no jogo analógico, o mesmo conhecimento.

Dessa forma, prova-se que a relação dos conhecimentos do TPACK foi

estabelecida.

Interessante destacar sobre nesse momento, a evolução da compreensão

dos conhecimentos dos professores. As TDIC, de forma geral, são utilizadas como

recurso para reforçar uma explicação de um determinado conteúdo, numa

perspectiva instrucionista. Porém, como discutido com os colaboradores, no

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momento da construção do plano, invertemos essa lógica. O OA foi utilizado como a

ferramenta principal, na aula do professor, para a reflexão e compreensão do

conteúdo de frações, e o jogo analógico veio em seguida como processo de revisão.

Portanto, pelas observações registradas, percebemos que a professora conseguiu

ministrar uma aula exitosa, pois transcorreu toda a metodologia proposta, com

segurança nas tecnologias utilizadas, com o conhecimento do conteúdo sobre

frações e com uma abordagem pedagógica sociointeracionista (Vygotsky, 1978)

onde, por meio da mediação, provocou nos alunos a colaboração e aprendizagem

ativa.

4.4 Reflexão sobre a aplicação da aula e a prática colaborativa

No último encontro de planejamento colaborativo com os professores,

ocorrido no dia 7 de dezembro de 2018, o pesquisador pediu para que a professora

C expusesse como foi a sua aula para os demais colegas colaboradores da

pesquisa:

Pesquisador: Professora C, conte-nos a experiência da sua aula ministrada, que pontos relevantes sobre a sua aula você pode falar?

Professora C: Então, o mais interessante é que deu tudo certo [risos]! A aula foi muito produtiva e os alunos participaram muito, na verdade bem mais do que o comum. Teve aluno, como o aluno TH, o repetente, que sempre está deslocado e nunca participa das aulas, pediu para participar no momento do Fração Legal. Isso me chamou atenção. A minha interação com eles funcionou, foi possível estudar o assunto de uma forma diferente. Trazer várias situações para trabalhar fração foi muito legal e talvez isso tenha feito eles terem mais atenção... teve o vídeo, o OA e o dominó das frações… Quando eu fui observar eles jogando o dominó, foi quando percebi que a maioria tinha realmente compreendido o conteúdo das frações. Senti que minha aula foi proveitosa e acredito que para eles também foi.

Analisando o fragmento da professora C, vemos as evidências que

indicam que a mesma ampliou e integrou os conhecimentos que compõem a TPACK

na aula ministrada, essa integração é percebida quando a professora comenta que o

conceito de frações (conhecimento de conteúdo) foi trabalhado de várias situações

(conhecimento pedagógico) e em várias representações, como o OA Fração Legal e

o vídeo (Conhecimento tecnológico). Visto isso, a professora colocou em prática

todos os conhecimentos do TPACK relacionados na aula.

A metodologia do plano de aula desenvolvida na prática colaborativa

contribuiu para a mudança no engajamento dos alunos como foi percebido pela

professora, com a maior participação de alunos que antes não costumava colaborar.

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A professora julgou que sua aula foi mais produtiva, destacando a diversidade de

situações que a sua mediação provocou. O seu domínio perante os recursos digitais

utilizados demonstram que a professora C conseguiu se apropriar dos conceitos de

OAs, consequentemente, corroborou sobre os benefícios da integração das TDIC no

ensino da Matemática, na medida em que fora observado pela professora, a

compreensão dos conceitos tratados em sua aula.

O professor E mostra uma evidência em que a prática colaborativa foi

além dos encontros presenciais, no momento em que assume que utilizou o

Whatsapp (Figura 21) para visualizar textos, fotos e vídeos compartilhados pelo

pesquisador em relação a aula ministrada, tirando dúvidas, e aprendendo com os

trechos filmados da aula. Isso é uma ampliação do conhecimento tecnológico, a

apropriação de uma ferramenta digital de comunicação com finalidade pedagógica.

Professor E: Primeiramente parabéns aos professores! Quando vi as fotos e os vídeos no whatsapp já deu para notar que a aula foi ótima! Essa hora aqui do vídeo, era o OA, né? No projetor? Com eles pedindo pra falar e participar e mexer no OA. Imagine se desse certo a internet para eles fazerem no computador.

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Figura 21: Compartilhamento de fotos e vídeos da aula via Whatsapp

Fonte: Autoria própria

Professora C: Verdade! Mas de toda forma eu acredito que da forma que foi feito, senti uma maior coletividade da turma, em quererem participar, de explicar porque que estava certo para os outros alunos... Acho que esse momento como aconteceu foi tão proveitoso quanto!

Professor E: O interessante desses momentos é isso: essa participação deles, desmistifica que esse assunto é difícil, ainda mais dessa forma que foi apresentada, eles podendo visualizar as frações e fazer junto com a turma, foi o que fez a aula ser diferente.

Professora B: Agora nós podemos utilizar essas ideias para outros conceitos da Matemática, já imaginou nós conseguirmos fazer para todos os assuntos do 5º ano? [risos].

Pesquisador: Concordo, podemos sim trabalhar outros assuntos da Matemática, utilizando novos OAs, pensando em novas maneiras de trabalhar com os alunos, podemos pensar muitas ideias de aula!

Esse momento de discussão nos revela a produção de novos

conhecimentos, característico da etapa de coprodução da Pesquisa Colaborativa.

Aqui percebemos os conhecimentos gerados pelo grupo a partir da reflexão sobre a

prática, um momento de análise dos resultados obtidos pelos colaboradores.

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Podemos inferir da colocação da experiência da aula da professora C, a

articulação dos conhecimentos do TPACK e evidencia a relação dos seus

elementos, quando consegue perceber o potencial multimidiático das TDIC, quando

cita que a variedade desses recursos utilizados na aula, foi o que possibilitou o

conteúdo das frações ser demonstrado na aula por meio com diversas

representações, e que essas representações contribuíram para o aprendizado dos

alunos.

Importante inferir também sobre o potencial do compartilhamento de

conhecimentos que a prática colaborativa possuiu. É evidenciado nas falas dos

outros professores, a apropriação desses conhecimentos do TPACK, quando a

professora socializou com os demais suas indagações sobre a aula ministrada,

Professor E e a professora B, ao darem suas opiniões, demonstram se apropriar dos

conhecimentos do modelo quando expressam que o conteúdo das frações foi bem

trabalhado com alunos por meio das diferentes representações, possibilitadas pela

TDIC, e inclusive sugerindo que essas ideias realizadas na aplicação da aula podem

ser muito bem reutilizadas para trabalhar outros conceitos da Matemática. Visto isso,

a prática colaborativa se corrobora quando se evidencia que os conhecimentos e

experiências, saberes, e principalmente, a apropriação e relações dos

conhecimentos do modelo TPACK podem ser compartilhados.

A seguir, nas considerações finais, discorremos o que foi aprendido

durante toda essa prática de pesquisa colaborativa, descrevendo os benefícios

analisados de acordo com os objetivos traçados na pesquisa, bem como, os

desafios encontrados ao longo da pesquisa.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Rodrigo, a gente vai continuar com esses encontros no próximo ano letivo, seria interessante poder construir outros planos de aula juntos, seria enriquecedor para todos...”

(Professora C)

O desenvolvimento e a aplicação dessa pesquisa resultaram em algumas

reflexões importantes. O primeiro destaque vai para a pesquisa colaborativa, que

proporcionou na prática, a realização de um trabalho colaborativo dos professores

da escola municipal de Parnamirim. Essa aplicação prática desencadeou em todos

os integrantes muitos momentos de aprendizado e conhecimento dos mais variados

tipos (tecnológicos, matemáticos, sociais, pedagógicos...), e implantou, pelo menos

inicialmente, uma maior aproximação dos docentes. Vale ressaltar que a pesquisa

construiu uma ligação entre Escola e Universidade com a realização desse trabalho.

A prática colaborativa proporcionou tanto o aprendizado do pesquisador

quanto dos professores colaboradores. Foi possível compreender quais as

contribuições que a construção colaborativa de planos de aula com vistas a

integração das TDIC pode trazer de vantagens para o aprendizado do aluno. Um

dos fatores que contribuíram muito na evolução da pesquisa foi o desenvolvimento

do modelo TPACK. A pesquisa colaborativa proporcionou ao pesquisador e aos

professores colaboradores ampliarem os conhecimentos desse modelo.

O desenvolvimento dos conhecimentos do modelo TPACK pelos

colaboradores, com a preocupação de relacioná-los na construção do plano de aula,

resultou não só na apropriação desses conhecimentos por eles, como também

possibilitou que os professores construíssem um plano de aula integrado com TDIC

no ensino da Matemática, e proporcionou uma aplicação dessa aula que conseguiu

atender a relação dos elementos do TPACK.

A etapa de entrevistas dos professores se configurou como uma

importante componente da fase de Cossituação, em que o pesquisador-professor do

Laboratório de informática pudesse conhecer a trajetória acadêmica e as

dificuldades de ensinar Matemática por parte dos professores de sala de aula. O

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pesquisador pôde conhecer por meio dos relatos dos professores os problemas que

eles enfrentam e que de alguma maneira isso influencia em suas práticas

profissionais.

Nessa etapa ficou evidenciado que eles sentem insegurança de ensinar e

assumem que sentem algum grau de dificuldade com alguns conteúdos de

Matemática no 5º ano. Esses elementos ajudaram a levar em consideração os

desafios e habilidades de cada integrante no momento dos encontros presenciais,

evidenciaram os níveis de conhecimento de conteúdo, pedagógico e tecnológico.

Essas questões, além de servirem de dados para aproximar os colaboradores e

pesquisador, puderam servir de evidencias que identificaram no final da pesquisa, o

crescimento dos conhecimentos do modelo TPACK de cada colaborador.

A prática colaborativa na escola teve sua necessidade de aplicação

reforçada por fatos pertinentes como a baixa frequência do uso do laboratório de

informática pelos professores de sala de aula, aliado ao planejamento isolado e à

pouca aproximação com o professor do laboratório de informática. A cada encontro

realizado, evidenciava-se ainda mais os benefícios da colaboração. Encontro após

encontro, os professores aprenderam conceitos que antes não conheciam, como o

conceito, por exemplo, de Objetos de Aprendizagem.

A prática colaborativa oportunizou a todos os professores colaboradores,

a se apropriarem de ferramentas digitais que podiam apoiar sua prática docente,

como foi o caso do uso da plataforma OBAMA, não conhecido por nenhum dos

integrantes da prática. Não menos importante, a construção colaborativa do plano,

integrando TDIC no ensino da Matemática, oportunizou os professores, conhecerem

as potencialidades dos OAs que manipularam através da plataforma OBAMA, visto

que, ao manipularem esses recursos, identificaram os conteúdos que poderiam ser

trabalhados, em como poderiam ser trabalhados. Esse momento prático,

proporcionado nesses momentos da prática colaborativa, contribuiu

significativamente na construção de diversos conhecimentos tecnológicos,

pedagógicos e de conteúdo, principalmente porque esses conhecimentos foram

compartilhados e refletidos colaborativamente.

Podemos inferir sobre a influência positiva do planejamento colaborativo

na prática docente com a integração de TDIC da Matemática quando analisamos os

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conhecimentos que foram construídos pelos colaboradores nos encontros. Vimos a

apropriação no primeiro encontro não só da plataforma OBAMA, mas também dos

conhecimentos adquiridos por meio das reflexões e compartilhamento de

conhecimento de cada colaborador.

Além da apropriação da plataforma e dos Objetos de Aprendizagem,

ainda foi possível identificar a ampliação do espaço de formação, quando foi acatado

pelos integrantes da pesquisa, de criar um grupo no Whatsapp com o intuito de

compartilhar conteúdos, conhecimentos, práticas e atividades relacionadas ao

ensino de Matemática. Vimos no segundo encontro o desenvolvimento de

conhecimentos tecnológicos, pedagógicos e de conteúdo dos professores, quando

puderam experimentar os OAs na plataforma OBAMA, e discutir com os

colaboradores quais os melhores OAs para trabalhar frações, e poder definir os

objetivos específicos e gerais que trariam melhores retornos no desenvolvimento

das habilidades sobre frações, descritas na BNCC.

Percebemos no terceiro e quarto encontro, as ideias metodológicas que

foram discutidas e traçadas para o plano de aula, onde foram levantadas ideias de

recursos digitais como vídeos e até mesmo de recursos analógicos. Podemos

verificar que os professores propuseram o uso de diferentes tecnologias (analógicas

e digitais) como o OA Fração Legal e o jogo Dominó de Frações, como também

desenvolveram um plano que, através das atividades propostas, utilizavam e

integraram dois espaços da escola, a sala de aula e o laboratório de informática. Ter

essa dimensão pedagógica, e propor as atividades para executar isso no plano,

demonstram a apropriação dos professores de novos conhecimentos do TPACK.

O quinto encontro, mostrou que foi possível criar um plano de aula

construído com os elementos do TPACK bem relacionados. Esse fato pôde ser

corroborado justamente na aplicação da aula. As falas dos professores sobre a aula

aplicada, as observações e registros catalogados, permitiram analisar que a aula

conseguiu cumprir seus objetivos, visto que as habilidades sobre o tema frações foi

trabalhada a partir da metodologia de um plano de aula, que integrou as TDIC no

ensino da Matemática.

Os momentos colaborativos desencadeados na aula, através da dinâmica

da professora e os recursos utilizados evidenciaram isso. Os alunos puderam

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aprender as habilidades de frações colaborativamente, por meio do vídeo, do OA

Fração Legal e do jogo Dominó de Frações. Por fim, o relato da professora C e as

considerações dos colaboradores em relação à aula aplicada, os novos

conhecimentos aprendidos, compartilhados e relacionados que foram desenvolvidos

durante essa prática, puderam inferir que houve contribuições significativas da

aplicação de uma prática colaborativa na escola, no processo do planejamento de

aula entre professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental e o professor de

informática, com vistas à integração de TDIC em aulas de Matemática.

Com esse olhar positivo sobre essa experiência, pudemos inferir que, a

cultura de um ambiente colaborativo traz benefícios ao trabalho de toda a equipe

pedagógica, pois os colaboradores, puderam se apropriar sobre conhecimentos de

TDIC da qual possuíam pouco ou nenhum conhecimento e principalmente,

proporcionaram o desenvolvimento de novos conhecimentos do TPACK e relacioná-

los. Além disso, trabalhar em equipe, compartilhar aprendizados, conhecimentos,

ideias e experiências para atingir um objetivo são mais dinâmicos e interativos,

tornando o ambiente mais rico do que quando se trabalha de forma isolada.

A visão do grupo sobre o transcurso da prática colaborativa foi positiva,

apesar de todas as intemperes ocorrida durante o processo, como problemas com

infraestrutura física e digital, em especial, a rede de acesso à internet. Com o ano

letivo de 2018 terminando, eles sugeriram continuar trabalhando em suas aulas cada

vez mais com OAs no próximo ano, para desenvolver com seus alunos momentos

diferenciados de aprendizado. Além disso, a ideia dos planos de aulas virtuais que

podem ser utilizados e modificados pelos professores sempre que, como sujeitos-

pesquisadores, acharem pertinentes, é mais proveitoso do que um plano estático e

esquecido nos cadernos, pois o plano tende a ser melhorado a cada ano por toda a

equipe pedagógica, caso necessário. A reflexão tomada sobre a prática, de forma

geral, foi de que todos demonstraram entusiasmo com a forma que estava sendo

encaminhada a construção de um plano de aula colaborativo.

Destacamos também que esta prática colaborativa deu a oportunidade do

professor de informática poder exercer um papel mais colaborativo do que antes na

escola, auxiliando os professores de sala de aula na apropriação de recursos

tecnológicos que podem fazer diferença na hora de se trabalhar algum conteúdo

com os alunos, esses tão acostumados com a presença de TDIC em seu dia a dia.

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Essa característica ajuda a quebrar velhas e limitadas concepções de que o

professor de informática é aquele que se restringe a cuidar do Laboratório de

Informática.

O professor de informática em uma escola precisa deixar esse papel em

segundo plano e ganhar mais protagonismo no seu ofício. Com um comportamento

mais ativo, ou seja, trazendo ideias de recursos tecnológicos disponíveis na internet

a todos os professores. Ele pode contribuir para a mudança da mentalidade e cultura

digital de sua escola, podendo ser a chave integradora de toda a equipe pedagógica,

podendo auxiliar os professores no seu planejamento dos professores.

É importante destacar da necessidade dessa colaboração ocorrer no

momento do planejamento dos professores. Vimos nesse trabalho, as

potencialidades do planejamento colaborativo entre o professor de informática e de

sala de aula. Reforça-se mais um fato, de que essa colaboração oferece um caráter

formativo ao momento de planejamento.

Com o êxito dessa prática colaborativa, pretende-se dar continuidade

estendendo aos demais professores da escola dessa pesquisa, como também

ampliar para demais professores interessados, primeiramente, das escolas de

Parnamirim, por meio da Secretaria de Educação do município, e assim, promover

encontros para compartilhar essa experiência com todos.

A prática colaborativa no ano letivo de 2019 na escola vem acontecendo

de forma gradual, principalmente com os professores que participaram em 2018 dos

encontros. A sala de informática vem sendo cada vez mais utilizada por eles. Mesmo

assim, ainda há um grande caminho a se percorrer, onde, através de um trabalho

contínuo na escola, com iniciativa do professor de informática, se desenvolva cada

vez mais a colaboração entre os professores, como também a integração das TDIC

no ensino.

Destacamos também que o uso da plataforma OBAMA na experiência de

aprendizagem colaborativa entre professores permitiram dois aspectos

interessantes. O primeiro relaciona-se à promoção do encontro entre os envolvidos e

das interações síncronas e assíncronas, isso foi um ponto relevante, pois nos relatos

da entrevista, percebemos um distanciamento e isso possibilitou a aproximação dos

envolvidos. O segundo aspecto diz respeito ao acesso que o grupo teve a

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plataforma, tanto para aprender sobre a busca e utilização de OA no ensino, como a

construção colaborativa de planos de aula. Vale destacar também, que essas

experiências com TDIC são pioneiras na escola, lócus da pesquisa, seja por explorar

elementos registrados da prática, seja por oportunizar a reflexão compartilhada entre

os professores.

Não menos importante, essa ligação Universidade-Escola culminou em

informações importantes que podem vir a acrescentar o desenvolvimento da

plataforma OBAMA. Algumas sugestões puderam ser apontadas pelos professores:

incluir no passo 3 do plano de aula, a opção de anexar outros artefatos que não

sejam os OAs disponíveis no OBAMA; Melhorar a formatação do texto que é gerada

no formato PDF do plano de aula; Inconsistências na formatação durante a edição

do plano de aula (letras mudando de tamanho e de tipo); Adicionar uma opção “Full

Screen” na tela de edição do plano de aula, para aumentar o espaço de trabalho

tanto para escrita, como para a visualização.

Os resultados apresentados nesta dissertação dão suporte para incentivar

os professores a buscarem a formação continuada, principalmente sobre a

integração de TDIC no ensino, e também convida a todos aqueles que fazem parte

da equipe pedagógica a buscarem trabalhar de forma colaborativa como foi

mostrado neste estudo.

As tecnologias digitais, que já fazem parte do cotidiano das pessoas,

principalmente do aluno, devem ser consideradas na construção de um plano de

aula, e, portanto, a TDIC, nos tempos de hoje, precisa fazer parte do cotidiano dos

professores. Assim, se incentiva o trabalho colaborativo, para que a prática

profissional do professor seja constantemente renovada com conteúdos e

abordagens pedagógicas modernas de suas áreas. A experiência aqui retratada

mostrou que mesmo na ausência das condições ideais no quesito equipamentos

disponíveis e acesso à internet, a proposta de trabalho colaborativo ainda assim

pode ocorrer com muitas contribuições positivas aos professores colaboradores.

Esperamos com isso que essa experiência contribua para novos estudos.

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APÊNDICE

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Apêndice A: Roteiro do perfil do professor dos anos iniciais: TDIC

no Ensino da Matemática

1. Nome

2. Formação

3. Para você, qual a importância dos alunos aprenderem Matemática?

4. Os alunos gostam de Matemática? Quais as dificuldades os alunos mais sentem em relação a essa disciplina?

5. E você, qual sua relação com a Matemática? Quais conteúdos que gosta e o que não gosta de ensinar? Quais dificuldades?

6. O que você sabe sobre o uso de TDIC no ensino? quais tipos você conhece?

7. Você acredita que o uso de TDIC na Matemática podem contribuir para um melhor aprendizado dos alunos?

8. Se a gestão escolar te pedisse para dar uma aula utilizando TDIC no ensino da Matemática, o que você utilizaria? Como faria?

9. Com que frequência, na sua situação atual, você se utiliza de TDIC para ensinar Matemática?

10. Você gostaria de utilizar mais TDIC no seu ensino? Por que? Quais obstáculos você julga existir para isso?

11. Você acharia relevante se existisse um trabalho colaborativo entre você e o professor de informática, desenvolvendo planos de aulas com TDIC integrados para ensinar Matemática?

12. Você já ouviu falar sobre Objetos de Aprendizagem? Vamos conversar sobre?

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Apêndice B: Plano de aula: Compreendendo as Frações

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Apêndice C: Plano de aula: Decompondo os Números Naturais

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Apêndice D: Plano de Aula: Subtrair: Aprendendo o Significado de

Retirar

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