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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA JÉSSICA SILVA LEITÃO PRODUÇÃO DE BATATA-SEMENTE COM FOCO NA TECNOLOGIA DE REAPROVEITAMENTO DE BROTOS DESTACADOS DE TUBÉRCULOS VIÇOSA - MINAS GERAIS 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

JÉSSICA SILVA LEITÃO

PRODUÇÃO DE BATATA-SEMENTE COM FOCO NA TECNOLOGIA DE

REAPROVEITAMENTO DE BROTOS DESTACADOS DE TUBÉRCULOS

VIÇOSA - MINAS GERAIS

2016

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JÉSSICA SILVA LEITÃO

PRODUÇÃO DE BATATA-SEMENTE COM FOCO NA TECNOLOGIA DE

REAPROVEITAMENTO DE BROTOS DESTACADOS DE TUBÉRCULOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado

à Universidade Federal de Viçosa como

parte das exigências para a obtenção do

título de Engenheiro Agrônomo.

Modalidade: Revisão de Literatura.

Orientador: Claudine Carvalho

Co-orientador: Silvia Carvalho

VIÇOSA - MINAS GERAIS

2016

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JÉSSICA SILVA LEITÃO

PRODUÇÃO DE BATATA-SEMENTE COM FOCO NA TECNOLOGIA DE

REAPROVEITAMENTO DE BROTOS DESTACADOS DE TUBÉRCULOS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Universidade Federal de

Viçosa como parte das exigências para a

obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.

APROVADA: em de 2016.

Prof. Claudine Carvalho

(Orientador)

(UFV)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Universidade Federal de Viçosa, seu corpo docente, que me proporcionou a

oportunidade de aprender a pensar e expandir meus horizontes.

À Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola FUNDAG que juntamente com o Doutor José

Alberto Caram de Souza Dias me oportunizaram um estágio no Instituto Agronômico de

Campinas, onde pude conhecer mais sobre a Tecnologia do Broto Destacado.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte de minha formação.

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RESUMO

Considerado um dos alimentos mais importantes para a humanidade, a batata é o quarto

alimento mais consumido no mundo, superado apenas pelo arroz, trigo e milho. O Brasil ocupa

a vigésima primeira posição no ranking mundial. Os obstáculos sofridos pelo agronegócio

brasileiro da batata, como por exemplo a dificuldade na obtenção de um material de propagação

de qualidade e preço competitivo, resultam em uma retração de demanda de mercado da

hortaliça e fazem com que o Brasil não desponte como um produtor da mesma. O setor de

produção de semente-batata, representa uma parcela mínima de investimentos na produção total

do país. Além disso, o setor sofre com a precariedade do sistema, dos materiais de propagação

e com o alto custo de produção das sementes. Baseando-se neste problema e objetivando-se

expandir este negócio no Brasil, novas técnicas propagativas foram desenvolvidas. A técnica

de utilização de brotos destacados dos tubérculos, onde se tem o reaproveitamento de brotos

oriundos de tubérculos de alta sanidade, visa reduzir os custos de produção e a taxa de

importação desses produtos. Contudo, o cenário de retração do agronegócio brasileiro da batata

só será revertido através da incorporação de tecnologias e técnicas integradas e operativas em

toda a cadeia produtiva, possibilitando o aumento da produtividade e da qualidade nos sistemas

de produção, principalmente no setor de produção da batata-semente. Dessa forma, o país

garante a competitividade no mercado mundial e a sustentabilidade da cadeia brasileira da

batata.

Palavras-chave: Solanum tuberosum. Propagação. Importação. Fitossanidade. Cadeia

produtiva.

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ABSTRACT

Considered one of the most important food for humankind, potatoes are the fourth most

consumed food in the world, surpassed only by rice, wheat and corn. Its production is

concentrated in the Northern Hemisphere but lately has been prominent in developing countries.

The largest producers are China, India, Russia, Ukraine and the United States, respectively.

Brazil reaches only 21st position in the world ranking, due to the many obstacles suffered by

the Brazilian agribusiness of the potato, which results in a large contraction of market demand

for vegetables. One of the main sectors affected by this situation is the production of seed

potato, representing a minimal amount of investments in the total production of the country. In

addition, the industry suffers from the precariousness of the system, the propagation materials

and the high cost of seed production. In the search for solutions, a technique was developed for

the utilization of tuber’s shoots, where the reutilization of sproud seed-potato of high sanity has

been developed, aiming to reduce the production costs and the import rate of these products.

However, the scenario of shrinkage of Brazilian potato agribusiness will only be reversed

through the incorporation of integrated and operative technologies and techniques throughout

the production chain, making it possible to increase productivity and quality in production

systems, especially in the potato production sector -seed. In this way, the country guarantees

competitiveness in the world market and the sustainability of the Brazilian potato chain.

Keywords: Solanum tuberosum. Seed potatoes. Import. Technology. Production chain.

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SUMÁRIO

1 1 INTRODUÇÃO 8

2 2 REFERENCIAL TEÓRICO 10

2.1 2.1 A cultura da Batata 10

2.1.1 2.1.1 Diversidade de Variedades de Batatas 11

2.2 2.1.2 Produção Mundial de Batata 12

2.3 2.1.3 Produção Brasileira de Batata 13

2.4 2.1.4 Mercado internacional e nacional da Batata 14

2.4.1 2.2 Principais Problemas Fitossanitários na Cultura da Batata 15

2.4.1.1 2.2.1 Legislação 16

2.4.1.2 2.2.2 Normas para a produção e a comercialização 16

2.5 2.3 Produção de Batata-Semente 17

2.6 2.4 Inovação: A tecnologia do Broto/Batata-Semente 22

3 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 27

4 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29

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1 INTRODUÇÃO 1

2

A batata (Solanum tuberosum L.) é considerada um dos alimentos mais importantes para 3

a humanidade (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA BATATA – ABBA, 2010a), além de ser o 4

quarto alimento mais consumido no mundo, superado apenas pelo leite e derivados, trigo e arroz 5

(SNA, 2016). Além dos diversos benefícios para a sociedade e de seu valor nutricional, a cultura 6

da batata é uma potente fonte de geração de emprego e renda em todos os setores do 7

agronegócio (VILELA et al., 2005) 8

A produção mundial da solanácea em 2014 foi de 385 milhões de toneladas, sendo que 9

grande parte dessa produção ocorre no Hemisfério Norte. De acordo com a FAOFAST (2014), 10

a China assume a liderança de produção, com cerca de 96 milhões toneladas, seguido pela Índia 11

(46 milhões), Rússia (31,5 milhões), Ucrânia (24 milhões) e Estados Unidos (20 milhões). A 12

produção mundial aumenta cada vez mais nos países em desenvolvimento (ABBA, 2010a). No 13

entanto, o Brasil ocupa apenas a vigésima primeira (21ª) posição nesta escala, com uma 14

produção total de 3,7 milhões de toneladas. 15

Segundo dados da FAOSTAT (2014), mais de dois terços (257 milhões de toneladas) da 16

produção mundial de batatas em 2014 foram consumidos como alimento. A praticidade desta 17

hortaliça permite que ela seja preparada de diversas formas. Entretanto, o consumo global de 18

batata vem passando por mudanças. Nesta nova fase de consumo, alimentos processados a partir 19

do tubérculo vem ganhando cada dia mais mercado, como o exemplo de batatas congeladas, 20

batatas chips, batatas desidratadas e amido de batata. Além dos fins alimentícios, a batata 21

também é utilizada na produção de etanol, alimentação de animais e, por fim, na produção de 22

batatas-sementes (EMBRAPA, 2015a). 23

A baticultura apresenta muitos obstáculos no agronegócio brasileiro. Dentre as formas de 24

uso da batata no país, o setor de produção de batata-semente sofre uma grande defasagem em 25

relação aos outros tipos. De acordo com a FAOSTAT (2013), das 3.570 toneladas produzidas 26

no Brasil, apenas 7% foram destinados a produção de batata-semente, fazendo com que muitos 27

produtores optassem pela importação das mesmas. O sistema inadequado de comercialização 28

de tubérculos “in natura”, o pequeno porte da agroindústria processadora e o alto custo de 29

produção (alto custo da batata-semente), representam barreiras que limitam a expansão deste 30

setor no país. O valor da batata-semente está diretamente ligado ao custo final do produto, 31

equivalente à cerca de 30% superior ao valor final na produção de batata (FACTOR, 2007). 32

Nesse contexto, o alto custo de produção somado à baixa disponibilidade de um tipo de 33

semente padrão, fez com que muitos agricultores aderissem ao uso de materiais propagativos 34

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inadequados. É importante destacar que a forma convencional de propagação da batata é a 1

propagação vegetativa, tornando possível o cultivo dessa hortaliça a partir de tubérculos-2

semente e, assim, obter um material genético idêntico ao material de origem. Todavia, esse tipo 3

de multiplicação pode favorecer à disseminação de doenças, principalmente viroses, uma vez 4

que o tubérculo-semente pode conter alguma infestação, resultando em um material propagado 5

também infectado. Isto acarreta a degenerescência precoce da semente, afetando a qualidade e 6

a produtividade dos tubérculos (SILVA FILHO, 2015). Sendo assim, o ideal é optar sempre 7

pelo uso de batata-semente de qualidade, com boa sanidade, estado fisiológico e brotação 8

adequada. 9

Na busca pela redução dos custos totais de produção, sem interferir na qualidade, nos 10

últimos anos foram desenvolvidas técnicas para a obtenção de batata-semente pré-básica e 11

básica, também conhecidas como minitubérculos. No Brasil, o sistema de produção de 12

minituberculos predominante é o transplante de plântulas, oriundas de laboratórios de cultura 13

de tecido para telados anti-afídeos climatizados. Apesar deste sistema garantir uma batata-14

semente de alta sanidade, o alto custo envolvido em todo o processo faz com que esta tecnologia 15

se limite a poucos produtores. (GIUSTO, 2006). Dessa forma, Souza-Dias (2001; 2004; 2006a), 16

a fim de criar alternativas mais acessíveis a todos os produtores, propôs a técnica do uso de 17

brotos destacados dos tubérculos, onde se tem o reaproveitamento de brotos oriundos de 18

tubérculos de alta sanidade (classe básica importada), os quais são retirados, a fim de eliminar 19

a dominância apical, e posteriormente descartados (GIUSTO, 2006). 20

Dentre as vantagens oferecidas por essa técnica, as principais são: a possibilidade de 21

reaproveitamento destes brotos, a redução na importação de batata-semente, a produção de 22

novos minitubérculos da categoria básica e a substituição da movimentação (exportação-23

importação) de estoques básicos de batata-semente na forma convencional de tubérculos de 24

batata-semente para apenas brotos, diminuindo os custos com transporte de batata-semente 25

(GIUSTO, 2006; SILVA FILHO, 2015). Por estas razões, a tecnologia de produção de batata-26

semente a partir dos brotos destacados de tubérculos tem apresentado crescente interesse entre 27

diversos produtores. 28

Diante de todo o exposto, o objetivo deste trabalho foi realizar um estudo sobre técnicas 29

de produção de batata-semente através do plantio de brotos apicais, destacados de 30

tubérculos/batata-semente classe básica, bem como as vantagens desta técnica para a produção 31

de batata. 32

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2 REFERENCIAL TEÓRICO 1

2

2.1 A cultura da Batata 3

4

A batata (Solanum tuberosum L.), família Solanaceae, tem origem nos Andes Peruanos 5

e Bolivianos, onde é cultivada a mais de 7.000 anos. Por volta de 1570, os colonizadores 6

espanhóis introduziram a cultura na Europa e, a partir daí, ocorreu a difusão da batata em outros 7

continentes através da colonização pelos países europeus. Quando chegou na América do Norte, 8

nos anos de 1620, o tubérculo tornou-se um alimento popular de grande importância (LOPES, 9

1997). 10

No Brasil, a difusão da batata adveio pelos colonizadores portugueses. todavia, o cultivo 11

mais intensivo ocorreu na década de 1920, no cinturão verde de São Paulo (LOPES, 1997). 12

Inicialmente a hortaliça era cultivada em pequena escala, apenas em hortas familiares, onde era 13

denominada como “batatatinha”. Durante o período de construção de ferrovias, foi chamada de 14

batata inglesa uma vez que era exigência nas refeições dos técnicos vindos da Inglaterra. 15

(ABBA, 2008a). 16

Este tubérculo possui grande valor comercial, sendo o quarto alimento mais consumido 17

no mundo, superado apenas pelo leite e derivados, trigo e arroz na escala mundial (SNA, 2016). 18

Essa importância é graças, principalmente, ao alimento desempenhar um papel fundamental na 19

subsistência humana (GIUSTO, 2006). Alguns pesquisadores apontam dois fatores básicos para 20

esse êxito e disseminação da batata por todo o mundo: seu valor energético, com ausência de 21

colesterol, e o fato de apresentar sabor e cheiro pouco marcante, permitindo centenas de 22

combinações que resultam em diferentes sabores (ABBA, 2008a). 23

Segundo dados do IBGE (2008-2009) um tubérculo de 100g apresenta as seguintes 24

características, conforme demonstrado na Tabela 1: 25

26

Tabela 1 – Composição Básica de um Tubérculo de Batata de 100g 27

TUBÉRCULO Calorias Proteínas Carboidratos Lipídeos Fibra Alimentar

Cru 86,0 kcal 1,71g 20,01g 0,10g 2,05g

Cozido 86,0 kcal 1,71g 20,01g 0,10g 2,05g

Frito 263,5 kcal 2,87g 33,60g 13,64g 3,44g

Fonte: Autor, a partir de dados do IBGE (2011). 28

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A partir das informações acima, é possível observar a importância de se considerar o 1

modo de preparo do alimento para, assim, obter o máximo de benefícios oferecidos por suas 2

características nutricionais. 3

No Brasil, um fator importante em relação à cultura da batata diz respeito ao baixo 4

consumo da hortaliça quando comparado a outros países, como exemplo, o consumo anual 5

médio por pessoa no Brasil em 2013 foi de 17 kg, enquanto que em países vizinhos, como o 6

Peru, este consumo chega a 82.5 kg per capita (FAOSTAT, 2013). Os principais motivos para 7

isso pode estar diretamente ligado à fatores como a má reputação trazida pela mídia brasileira, 8

a qual fortalece uma ideia errônea de que o alimento é rico em calorias, além de apresentar alto 9

índices de agrotóxicos. Porém, os tubérculos de batata são uma excelente fonte de alimento, já 10

que oferecem energia pelos carboidratos, são ricos em sais minerais e vitaminas, e também 11

apresentam proteína de alta qualidade (PEREIRA et al., 2005). Além disso, de acordo com a 12

ABBA (2010b), as principais variedades produzidas no Brasil são a Ágata, ideal para o mercado 13

fresco, Cupido, Mondial, Markies, Asterix, usada para indústria de pré-fritas e congeladas 14

devido ao alto teor de matéria seca, e Atlantic, ideal para a indústria de chips. Isto se torna mais 15

um fator que contribui para o baixo consumo da hortaliça no país, pois estas variedades 16

restringem a escolha do consumidor por opções no aproveitamento culinário. 17

18

2.1.1 Diversidade de Variedades de Batatas 19

20

Embora a cultura da batata pertença à apenas uma espécie (Solanum tuberosum), existem 21

milhares de variedades em todo o mundo, sendo elas nativas ou modernas, com distintas 22

características de tamanho, cor, textura e sabor. A partir da seleção e cruzamento dessas 23

variedades foi possível criar uma diversidade de batatas mais resistentes e adaptadas às 24

diferentes condições climáticas, além de permitir a produção de tubérculos de maior qualidade 25

(HAYASHI, 2006). 26

O maior desafio dos melhoristas de batata está voltado à disponibilidade constante de 27

novas cultivares que atendam às exigências de toda a cadeia: consumidores, quanto às 28

características visuais e culinários do produto; produtores, quanto à maior produtividade, aliado 29

à precocidade da cultura; e as indústrias, quanto a qualidade da matéria-prima e o auto potencial 30

produtivo (SILVA et al., 2015). Atualmente, em relação às cultivares para consumo de mesa, 31

o mercado brasileiro busca características apontadas como essenciais, tais como: a aparência 32

de tubérculo, película lisa e brilhante, formato alongado, gemas superficiais, polpa de cor creme 33

ou amarela e resistência ao esverdeamento. Já no caso das cultivares destinadas ao 34

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processamento industrial, destacam-se como características mais importantes: o alto potencial 1

produtivo, tubérculos de formato adequado e com gemas superficiais e teores adequados de 2

matéria seca e açúcares redutores (EMBRAPA, 2015c). É importante destacar que a escolha 3

por uma variedade desse tubérculo tem impacto importante sobre o gosto e a qualidade dos 4

pratos confeccionados com o alimento. Sendo assim, as diferenças entre essas variedades já não 5

são baseadas tanto no tamanho, na cor e no tempo de maturidade, mas sim nas informações 6

sobre o teor de amido dos tubérculos, o qual influencia na textura do produto processado 7

(COISAS DA TERRA, 2015). 8

No Brasil, ao contrário dos grandes produtores mundiais de batata onde todas cultivares 9

e a finalidade culinária das mesmas são identificadas em sua comercialização, comercializam-10

se em maior escala a batata lisa e batata comum, classes que possuem baixa relação com a 11

qualidade interna do tubérculo e com sua finalidade de uso. Isso torna-se uma das principais 12

razões para o número limitado de cultivares no país. As informações a respeito da aptidão 13

culinária dos tubérculos e sobre a qualidade final do produto após o processamento são 14

mínimas. Todavia, cada dia mais os consumidores exigem maiores informações sobre os 15

produtos que consomem e, no caso da batata, isto é consequência do uso crescente de batata 16

processada no Brasil, em especial as batatas fritas em fatias ou palitos (VILELA et al., 2005). 17

18

2.1.2 Produção Mundial de Batata 19

20

A cultura da batata é produzida ao redor de todo o mundo, em aproximadamente 130 21

países de condições tropicais, subtropicais e tropicais. Ao longo dos anos, o Hemisfério Norte 22

assume o domínio dessa produção mundial de batata, com quase 90% da produção total da 23

hortaliça. Todavia, atualmente este setor mundial está em transição. A grande parte da produção 24

ainda concentra-se na Europa, mas a forte tendência é o crescimento dessa produção nos países 25

em desenvolvimento, notadamente em países da Ásia, África e América Latina, como o caso 26

do Brasil. Nesses países, a batata é considerada uma fonte cada vez mais importante de 27

alimento, de emprego no meio rural e de ingressos financeiros, tornando-se um fator de 28

estabilização social e mantenedor do meio rural (SALLES, 2001). 29

Em 2014, a produção mundial de batata foi de 385 milhões de toneladas, cultivadas em 30

18,2 milhões de hectares. A China é o maior produtor mundial da hortaliça, com uma produção 31

de 96.088,320 de toneladas de batata, seguido pela Índia, com 46.395.000 de toneladas, Rússia, 32

com 31.501.354 de toneladas, Ucrânia, com 23.693.350 de toneladas, e Estados Unidos, com 33

20.056.500 de toneladas (FAOFAST, 2014). 34

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No mercado internacional, o processo de globalização dos mercados promoveu a 1

reconversão da bataticultura. Na busca por maior competitividade, os produtores passam a 2

investir intensivamente na atividade, em especial na ótima qualidade do tubérculo e na redução 3

de custos de produção. Nesse contexto, o nível tecnológico das lavouras elevou-se de forma 4

expressiva, além de maiores investimento na especialização da mão-de-obra (VILELA, 2005). 5

6

2.1.3 Produção Brasileira de Batata 7

8

Avaliando o intervalo entre os anos de 2010 a 2014, constata-se que o Brasil apresentou 9

um crescimento inexpressivo em termos de produção. Em 2010 o país apresentava uma 10

produção de 3,54 mil toneladas e, no ano de 2014, esta produção passou para 3,68 mil toneladas, 11

representando um aumento de aproximadamente 4% na produção. Quando comparado à outros 12

países, como a China, no mesmo período é possível observar que a produção deste país passou 13

de 81.530 milhões de toneladas em 2010, para 96.136 milhões de toneladas em 2014, um 14

aumento de 18% na produção total (FAOSTAT, 2014). Um dos principais entraves para do 15

sistema produtivo da batata no Brasil pode ser explicado pelo baixo consumo da população, 16

como citado anteriormente. Com isso, o país investe cada vez mais na importação do tubérculo, 17

principalmente dos produtos pré-frito e congelado (VILELA, 2005). 18

A produção brasileira de batata concentra-se nos Estados de Minas Gerais, Paraná, São 19

Paulo e Rio Grande do Sul. Somente a região sudeste foi responsável pela produção de 20

aproximadamente 1.952 milhões de toneladas no ano de 2016 (IBGE/LSPA, 2016). Na 21

produção no centro-sul do país, principal região produtora, as épocas de plantio da batata são 22

divididas em três: o plantio das “águas”, realizado de setembro a novembro, praticado em larga 23

escala em regiões mais altas; o plantio da “seca”, realizado de fevereiro a abril, praticado em 24

altitudes medianas e onde se alcança maiores produtividades; e o plantio de inverno, realizado 25

de maio a julho, que é praticado em altitudes variadas (FILGUEIRA, 2000). 26

No país as principais variedades cultivadas são de origem europeia e, assim, a 27

produtividade nas condições brasileiras de clima e solo são inferiores em comparação com os 28

países de origem, por serem basicamente uma cultura de clima temperado. Para alcançar 29

maiores rendimentos, torna-se necessário a aplicação de grande quantidade de insumos, o que 30

pode ocasionar em menor sustentabilidade do sistema de produção. Nesse contexto, o país deve 31

investir mais em variedades adaptadas e resistentes às condições brasileiras, dando preferência 32

às cultivares nacionais, com as características requeridas pelo mercado fresco de consumo e de 33

processamento industrial (SILVA et al., 2015). 34

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14

1

2.1.4 Mercado internacional e nacional da Batata 2

3

O principal paradigma de produção da cultura, ao longo dos anos, tem sido a ascensão da 4

produtividade por unidade de área. Entretanto, atualmente, frente a acirrada competição imposta 5

pelo processo de globalização dos mercados, a ótima qualidade vem sendo principal critério de 6

agregação de valor ao produto (VILELA, 2005). 7

A cadeia produtiva da batata é considerada uma das maiores e mais complexas no âmbito 8

da olericultura, tendo em vista a lista de atividades, que vai desde a produção de sementes até 9

o cultivo de tubérculos, para a produção de alimentos e seus derivados, como batatas fritas, 10

cozidas, palhas, purês e chips. É importante destacar que, em nível mundial, cresce rapidamente 11

a tendência da utilização da batata no setor de alimentos processados a partir do tubérculo, em 12

detrimento dos mercados tradicionais de batata fresca e de alimentação animal. No caso dos 13

países em desenvolvimento, principalmente na América Latina, o processamento industrial 14

assume um importante papel no impulso e direcionamento da demanda de batata para o setor 15

comercial, como acontece na Argentina, Brasil e Chile (SALLES, 2001). 16

Por ser um produto notadamente volumoso, perecível, com baixo custo intrínseco e com 17

elevado custo relativo de transporte, as limitações de comercio da batata são extensas, 18

principalmente para a exportação do produto. Os negócios comerciais de maior valor da 19

hortaliça, no caso de importação e exportação, acontecem nos países desenvolvidos. Sendo 20

assim, a batata sofre influência direta e determinação dos acordos comerciais. São muitas as 21

limitações e regulamentos impostos pelo mercado da batata, como barreiras tarifárias e 22

comerciais, além das restrições fitossanitárias, que são constantemente impostas pelo mercado 23

internacional (SALLES, 2001). 24

No comércio mundial, há transações de uma porção mínima da produção de tubérculos 25

in natura, que ocorre entre países do Hemisfério Norte (Europa e EUA). Além disso, a maior 26

parte da produção industrial é consumida nos próprios países produtores (FAO, 2005). 27

No caso do Brasil, a maior parte da produção nacional é comercializada “in natura”, sendo 28

apenas cerca de 10% destinados ao processamento industrial, como a pré-frita congelada, chips 29

e batata palha. Como as cultivares nacionais para atender essa demanda são escassas, a 30

produção destinada à industrialização é centrada em cultivares importadas, encarecendo muito 31

o sistema. Comparado a produção de outros países, o uso industrial no país ainda é considerado 32

muito baixo, tornando o Brasil pouco competitivo no setor. Isso é consequência, 33

principalmente, da falta de informação sobre a finalidade de uso dos tubérculos, somado aos 34

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15

elevados custos de produção das lavouras, os baixos preços obtidos no mercado e a falta de uma 1

política específica para o setor. Deste modo, o cenário de produção brasileira deve investir no 2

crescimento do processamento industrial, que é considerado uma tendência irreversível, 3

considerando as mudanças de hábitos da população que cada vez mais necessitam de produtos 4

de preparo mais rápido. Consequentemente, essas mudanças de comportamento têm reflexo 5

direto na forma de consumo (EMBRAPA, 2015b). 6

Além da comercialização “in natura” e processamento industrial, a batata também é 7

utilizada na produção de etanol, alimentação de animais e, por fim, na produção de batatas-8

sementes. Este é considerado um dos setores mais defasados em relação aos outros tipos, devido 9

à falta de investimento por meio das partes de interesse, como será discutido posteriormente. 10

11

2.2 Principais Problemas Fitossanitários na Cultura da Batata 12

13

Os problemas fitossanitários são responsáveis por perdas diretas muito expressivas e pela 14

elevação do custo de produção das culturas agrícolas. A cultura da batata, em termos de perdas 15

diretas, pode alcançar perdas totais maiores que 10%, devido ao ataque de pragas, e de até 30%, 16

devido a incidência das doenças (SALLES, 2001). 17

Em todo o mundo, aproximadamente 150 espécies são consideradas patógenos da cultura 18

da batata, as quais constituem um grande desafio aos produtores. Dentre elas, as principais 19

doenças são Pseudomonas solanacearum, Alternaria solani, Phytophtera infestan e muitas 20

viroses, estas consideradas um dos mais importantes grupos de doenças da batata, destacando-21

se em ordem de importância e incidência o PVY (Potato virus Y) e o PLRV (Potato leafroll 22

virus), todavia outros vírus, como o PVX (Potato virus X) e PVS (Potato virus S), também 23

apresentem infecções, em menor escala. Já entre as principais pragas, destacam-se a 24

Phtorimaea operculella, Liriomyza huidobrensis, Leptinotarsa decemliata, Epitrix spp., 25

Diabrotica spp. e Epicauta spp. Além disso, muitas espécies de nematóides são consideradas 26

sérios problemas à hortaliça, principalmente os de cistos (Colobodera spp.) e os de galhas 27

(Meloidogyne spp.) (SALLES, 2001). 28

Pelo fato da hortaliça se reproduz vegetativamente, isto é, seu material de propagação 29

(semente) é proveniente de um órgão da própria planta mãe, caso seu tubérculo fornecedor do 30

órgão estiver infectado, principalmente no caso das viroses, mesmo que sem sintoma, em seu 31

estado latente o patógeno possui boas chances de se perpetuar na multiplicação. Dessa forma, 32

é extremamente importante buscar corretamente a sanidade dos campos de produção, evitando, 33

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16

assim, perdas e prejuízos que atualmente são inaceitáveis no cenário agropecuário (SOUZA-1

DIAS, 2004). 2

Outro fator essencial é a renovação periódica dos estoques de tubérculos-semente, a fim 3

de impedir a contaminação pelos patógenos, mantendo a qualidade do produto. Todavia, o alto 4

custo desses materiais de alta qualidade faz com que haja aumento expressivo nos custos de 5

produção, estimulando os produtores a continuar usando materiais inadequados. Sendo assim, 6

são necessário novos sistemas de produção de sementes básicas, com capacidade de aumentar 7

as taxas de multiplicação desses tubérculos e, assim, possibilitar o avanço da cadeia produtiva 8

da batata. Nesse contexto, o custo de produção também pode vir a reduzir no Brasil, uma vez 9

que o país deixará de importar batata-semente de outros países, que apresentam um custo 10

bastante elevado (MEDEIROS et al., 2002). 11

12

2.2.1 Legislação 13

14

Com o propósito de evitar a disseminação de pragas e doenças entre os países, o trânsito 15

internacional de todos os vegetais é regulamento a partir de acordos internacionais, como 16

Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais (CIPV/FAO), o Acordo sobre a 17

Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da Organização Mundial do Comércio 18

(SPS/OMC), além de determinações de organizações regionais de proteção fitossanitária, e 19

acordos bilaterais. Nesse contexto, considerando o fato do Brasil ser intensamente dependente 20

da importações de batata-semente, devido principalmente às condições climáticas favoráveis à 21

disseminação de patógenos durante todo o ano, a regulamentação da produção e 22

comercialização necessita instituir padrões de qualidade fitossanitária e fisiológica (DUARTE 23

& TELÓ, 2013). 24

Ao longo dos anos, até o ano de 2013, foram criadas nove Instruções Normativas (IN 04 25

de 2003, IN 05, IN 18 e IN 27 de 2004, IN 12 de 2005, IN 06 de 2006, IN 48 de 2006, IN 36 26

de 2007, IN 32 de 2012 e a IN 01 de 2013) regulando o mercado nacional para a produção e 27

comercialização de batata-semente, a partir de materiais nacionais e importados. 28

29

2.2.2 Normas para a produção e a comercialização 30

31

A IN 32 de 2012, é considerada a legislação mais importante em relação ao material de 32

propagação da batata, uma vez que estabelece as normas para a produção e a comercialização 33

de batata-semente, além de seus padrões válidos em todo o território nacional, visando garantir 34

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a identidade e qualidade dos materiais produzidos (DUARTE & TELÓ, 2013). Dentre os 1

patógenos de maior importância para a produção nacional, os principais são listados a seguir: 2

3

Bactérias: Pectobacterium spp. (spp. = várias espécies) e Dickeya spp., associadas à 4

podridão-mole, canela-preta e podridão-da-haste; Ralstonia solanacearum, agente da 5

murcha-bacteriana; Streptomyces spp., bactéria filamentosa associada à sarna comum; 6

Cromistas: Phytophthora infestans, agente causal da requeima-do-tubérculo; 7

Fungos: Alternaria solani e A. alternata, agentes causais da pinta-preta; Cylindro 8

cladium spp., agente causal do olho-pardo; Fusarium solani f. sp. eumartii, agente 9

causal do olho-preto; Helminthosporium solani, agente da sarna-prateada; Rhizoctonia 10

solani, agente causal da rizoctoniose/crosta preta; 11

Insetos: pulgões (afídeos) e Phthorimae aoperculella (traça); 12

Nematoides: Meloydogine spp., nematoides-de-galha; Pratylenchus spp., nematoides-13

das-lesões; 14

Protozoário: Spongospora subterranea, associado à sarna-pulverulenta; 15

Vírus: Potato virus X (PVX), Potato virus Y (PVY), Potato leafroll virus (PLRV), 16

Potato virus S (PVS). 17

18

19

20

2.3 Produção de Batata-Semente 21

22

Ao longo de seu processo evolutivo, a planta da batata desenvolveu características que 23

permitiram sua adaptação em diversas situações e também a garantia de vastas formas de 24

propagação vegetativa, tais quais: semente botânica, estacas caulinares e apicais, folhas, 25

tubérculos, brotos caulinares e brotos destacados dos tubérculos (MIRANDA FILHO et al., 26

2003). Todavia, mesmo com toda essa variedade, seu processo de multiplicação é feito a partir 27

dos tubérculos (batata-semente). 28

Para assegurar a qualidade desses tubérculos, é essencial tomar os devidos cuidados para 29

que o produto não tenha nenhuma ou mínima infestação por patógenos (vírus, bactérias e 30

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fungos) e, assim, garantir a produtividade da cultura (PÁRRAGA & CARDOSO, 1981). Dessa 1

forma, é extremamente importante zelar para que a produção de batata-semente resulte em 2

propágulos de máxima qualidade e sanidade. As inspeções periódicas no campo, colheita e 3

armazenagem são formas básicas de garantir níveis toleráveis de doenças nos tubérculos. 4

Contudo, pode afirmar que tubérculos de boa sanidade são encontrados, consequentemente, em 5

batatas-semente produzidas por produtores especializados (AGEITEC, 2016a). 6

Outros fatores de grande relevância são o estado fisiológico e a conservação da batata, ou 7

seja, torna-se necessário que a colheita seja realizada na época apropriada e o tubérculo 8

apresente turgidez e firmeza (AGEITEC, 2016a). Segundo Cardoso (1981), a qualidade da 9

batata-semente é definida como: 10

11 Um fator que incide fundamentalmente no rendimento da cultura, pois como a 12 multiplicação efetua-se através dos tubérculos, os mesmos são facilmente afetados por 13 enfermidades fúngicas, bacterianas e principalmente, viróticas. 14

15

O Brasil, antes da Segunda Guerra Mundial, importava as batatas-semente da Alemanha. 16

Após a guerra, as importações foram suspensas e só a partir de 1946 ocorreu a retomada de 17

importações da Europa, tendo a Holanda como principal país exportador (GUIMARÃES, 18

1953). 19

Um fato histórico fundamental para o estabelecimento de um sistema de certificação do 20

país foi a criação do Projeto ETA n. 52 (Brasil Estados-Unidos) e a inauguração da Cooperativa 21

Agrícola de Cotia (CAC) (HIRANO, 1987). No ano de 1934, o estado de São Paulo já possuía 22

uma legislação de Sementes e Mudas, porém a produção nacional de batata-semente nacional 23

só teve início a partir da década de 50, juntamente com a criação do projeto ETA n. 52. 24

Entretanto, as condições rigorosas relativas às técnicas de produção de batata-semente, 25

especialmente no quesito de índices de tolerância à doenças, resultaram no fim do programa. 26

Paralelo a este fato, sucede a criação da CAC e a elaboração de padrões próprios de certificação, 27

o que permitiu a produção no Brasil de batatas-semente certificadas, no caso aquelas advindas 28

de batata-semente importada. Isso fez com que as importações de batata-semente tivesse uma 29

queda expressiva no país, de 30.000 para 3.000 toneladas ao ano. 30

Na década de 70, este processo foi difundido por todo o Brasil, em especial nos estados 31

de São Paulo, Paraná e Santa Cataria. Nessa década também aconteceu outro fato histórico 32

importante, que foi a criação de uma Comissão Técnica de Batata-Semente, pelo Ministério da 33

Agricultura, resultando na normatização dos critérios de produção de batata-semente 34

(HIRANO, 2003). Atualmente, a produção de batata-semente está sob regulamentos oficiais na 35

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19

forma da IN 32, de 20 de novembro de 2012. Nessa Instrução, em vigor a nível nacional e 1

mundial, foi introduzida pela primeira a possibilidade do uso de brotos (também definido 2

botanicamente como muda) como material de propagação, para produção de batata-semente 3

certificada, dentro de telado anti-insetos (vetores de viroses). De acordo com a IN 32/12, as 4

batatas-semente no Brasil podem ser produzidas conforme as seguintes categorias: 5

6

Semente genética: semente assexuada, produzida por melhoramento genético sendo de 7

responsabilidade e controle direto de seu obtentor ou introdutor; 8

Semente básica G-0: a muda, planta in vitro e mini tubérculo; 9

Semente básica G-1: primeira colheita em campo; 10

Semente básica G-2: segunda colheita em campo 11

Semente básica G-3: terceira colheita em campo; 12

Semente certificada de 1° geração (C1): quarta colheita em campo, 13

Semente certificada de 2° geração (C2): quinta colheita em campo. 14

15

Atualmente, já existem várias formas de multiplicação e produção de batata-semente 16

(classe básica, classe C1 e classe C2). Dentre estes métodos, encontram-se os meios sexuados 17

e assexuados, como: 18

19

a) Semente botânica: tipo de multiplicação sexuada, que pode ser visto como alternativa 20

ao método tradicional de propagação (através da batata/tubérculo semente) para os 21

países em desenvolvimento. Pesquisas alegam que esse tipo de semente apresenta 22

vantagens como redução dos riscos de transmissão de doenças (principalmente viroses), 23

aumento do tempo de armazenamento, transporte mais viável, plantio em áreas tropicais 24

(quente e úmido), além de seu baixo custo, reduzindo o custo de produção total. 25

Todavia, esse método apresenta a desvantagem de dificultar a obtenção de uniformidade 26

das populações, podendo haver grande variabilidade genética (GIUSTO, 2006); 27

28

b) Propagação Vegetativa: tipo de multiplicação assexuada, considerado um método 29

rápido, que garante a produção de descendentes idênticos à planta original (clone) e 30

possibilita, assim, a uniformidade e alta produtividade da lavoura (AGEITEC, 2016a). 31

No entanto, esse sistema permite a proliferação de patógenos junto aos tubérculos, 32

fazendo com que a doença seja transmitida da semente-mãe para a filha e, assim, 33

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acarretando na degeneração da batata-semente. Isso resulta na queda direta de 1

produtividade da cultura da batata (CARDOSO, 1981); 2

3

c) Cultura de tecidos associada a cultura de ápice caulinares (cultura de meristemas): é 4

considerado o primeiro passo para a obtenção de batatas-semente básicas/pré básicas. 5

Esse método ocorre através da multiplicação de clones com alta sanidade (FORTES & 6

PEREIRA, 2003), o qual consiste no corte da cúpula meristemática apical contendo de 7

um a dois primórdios foliares. A principal função da cultura de tecido é eliminar os 8

patógenos (vírus, bactérias e fungos) a partir da cultura de meristemas, com o 9

desenvolvimento de mudas através da organogenese e, assim, buscar o aumento e 10

conservação de germoplasma (BAJAJ, 1986; 1987). Uma das grandes vantagens deste 11

sistema é que na maioria das casos o genótipo tem sua identidade regenerada, uma vez 12

que as células do meristema apresentam uma estabilidade genética (GROUT, 1990). 13

Uma vez que as plantas foram obtidas a partir do meio de cultura, estas devem iniciar 14

um processo de multiplicação das sementes. Para isso, existem distintas técnicas, sendo as mais 15

populares entre elas: 16

17

I. Canteiros: a planta, previamente obtida in vitro, deve ser transportada em ambiente 18

adequado, evitando a infecção por patógenos (DANIELS, 2003). Os canteiros devem 19

ser protegidos por telados anti-afídes. Nessa técnica, os substratos mais usados 20

atualmente são a base de vermiculita. Ao final de cada ciclo, os tubérculos colhidos 21

podem ser multiplicados mais uma vez, o que aumenta a taxa de multiplicação e, 22

consequentemente, diminui o custo da semente. Apesar de simples, esta técnica possui 23

desvantagens, como o alto custo na construção, a necessidade de fumigação dos 24

canteiros, possibilidade de disseminação de patógenos (através de irrigação por 25

aspersão) e baixa taxa de multiplicação, quando comparada a outros métodos 26

(CORRÊA, 2005; MEDEIROS et al., 2002); 27

28

II. Vasos: as plantas são previamente obtidas da técnica de micropropagação e 29

transportadas para vasos protegidos por telados anti-afídes. Esta técnica apresenta baixa 30

taxa de multiplicação, como no caso dos canteiros (LOMNEM, 1995), além de 31

apresentar volumes inferiores de substrato, limitando o crescimento da planta; 32

33

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III. Bandejas de Isopor: sistema considerado prático e barato, porém pode ser desvantajoso 1

pelo fato de apresentar tamanho limitado das células de isopor, restringindo o 2

crescimento dos tubérculos (CORRÊA, 2005); 3

4

IV. Hidroponia: a multiplicação administrada em cultivo hidropônico é considerada a de 5

menor incidência de doenças de raízes e permite um controle rigoroso da nutrição das 6

plantas (ABBA, 2008b). Algumas pesquisas comprovam que neste tipo de cultivo a 7

produção de tubérculos de batata-semente, por planta e por área, chega a ser até cinco 8

vezes maior, comparado aos outros métodos de produção. Em relação ao custo de 9

implantação, este pode variar conforme o tipo de material utilizado, como exemplo do 10

PVC e telha de fibrocimento. Nesse caso, isto pode tornar-se uma desvantagem quando 11

comparado a outros métodos (ABBA, 2002); 12

13

V. Aeroponia: técnica desenvolvida a partir de uma iniciativa pioneira entre pesquisadores 14

brasileiros. O protótipo permite que as plantas cresçam apoiadas pelo colo da raiz na 15

parte superior de uma câmara. No seu interior, as raízes crescem na ausência de solo e 16

substrato, recebendo apenas uma solução nutritiva através de nebulizadores. A principal 17

vantagem da técnica é a possibilidade do aumento de produtividade de minituberculos, 18

uma vez que não há obstáculos que impossibilite o crescimento das raízes, além de se 19

ter uma melhor aeração do sistema radicular e um número maior de plantas por área. 20

Apesar disso, por ser um sistema recente no país, este protótipo ainda necessita de 21

aprimorações para obter condições comerciais (IAC, 2014). 22

23

Com o intuito de aperfeiçoar o processo de produção de materiais propagativos de alta 24

sanidade, além de aumentar a taxa de multiplicação, foram desenvolvidas outras técnicas, 25

permitindo ao produtor de batatas um maior acesso a batata-semente de qualidade, por um preço 26

compatível com a realidade brasileira. Dentre essas técnicas, ganha destaque a técnica de 27

Estaquia de Plantas Micropropagadas que, segundo Pereira & Fortes (2004): 28

29

Visa a utilização de miniestacas de plantas de batata oriundas da micropropagação. 30 Este método aumenta a taxa de multiplicação pois a partir de uma única planta sadia 31 é possível a geração de outras dezenas mantendo a plenitude genética e a qualidade 32 da muda. 33

34

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Um fator importante nessa técnica são os cuidados com a assepsia, fundamentais para que 1

possíveis contaminações sejam evitadas e, assim, obter um incremento de forma acelerada no 2

número de plantas livres de doenças, principalmente viroses (PEREIRA & FORTES, 2004). 3

Outra tecnologia que permite aumentar o rendimento da produção de batatas sementes é 4

a tecnologia de reaproveitamento de brotos destacados de tubérculos (Tecnologia do 5

Broto/Batata-semente) que, devido a sua importância na produção de batata-semente, será 6

discutida mais detalhadamente a seguir. 7

8

9

2.4 Inovação: A tecnologia do Broto/Batata-Semente 10

11

O pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), virologista José Alberto 12

Caram de Souza Dias, descobriu a partir do reaproveitamento de brotos, gerados da prática de 13

desbrota da batata-semente básica, uma alternativa viável para a produção de minitubérculos 14

de alta sanidade. A tecnologia inovadora, criada em 1985, permite a produção de 15

minitubérculos/batata-semente por pequenos, médios e grandes produtores, devido 16

principalmente à sua simplicidade aliada ao baixo custo. Nessa “nova” técnica, os brotos 17

advindos da batata-semente importada (classe básica), que antigamente eram descartados 18

durante o processo de desbrota, passa a ter elevado patamar, uma vez que o produto é essencial 19

ao mercado de produção para a extensa multiplicação dos minitubérculos (SOUZA-DIAS & 20

COSTA, 1985). Segundo a IAC (2000), a prática da desbrota, que ocorre rotineiramente, 21

consiste em: 22

23 Eliminar a dominância apical dos brotos resultando, no campo, em um maior número 24 de hastes por cova e portanto em um maior número de tubérculos, isto é: com a 25 desbrota, aumenta-se a taxa de multiplicação da batata-semente. 26 27

Para a produção dos miniturbérculos de batata-semente, segundo a nova tecnologia, seria 28

necessário o investimento em uma casa de vegetação, onde o preço varia de acordo com a 29

metragem e estrutura adotada. Os brotos utilizados no sistemas são muitas vezes obtidos sem 30

custos através dos produtores que compram batata-semente importada, uma vez que, após a 31

desbrota para aumentar o número de bastes por tubérculo, os brotos seriam descartados. 32

De acordo com Souza-Dias (2006b), os brotos para multiplicação devem ser cultivados 33

em substrato padrão de hortaliças, onde já está incluso a adição de fertilizante e também a adição 34

de fertirrigação durante todo o ciclo. Em outras situações, caso o produtor opte pelo uso de terra 35

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virgem, está deve conter uma boa aeração, além de passar antemão pelo processo de 1

solarização. Nesse caso, o autor dá as seguintes orientações: 2

3

Será necessário a adição de uma colher de chá de adubo da fórmula 4-14-8 para cada 4 0,2 litros de terra, o que equivale a 1 copo de água, mexendo bem para que o adubo 5 seja incorporado. Em seguida, é essencial que seja feito o umedecimento do 6 substrato/terra, para que por fim possa se realizar o plantio dos brotos destacados dos 7 tubérculos de batata-semente importada. No plantio, ao menos duas gemas auxiliares 8 deverão estar posicionadas dentro do substrato/terra umedecida, a ponta do broto 9 ficará para fora, uma gema auxiliar é suficiente. 10

11

É importante ressaltar que a quantidade de brotos/compartimento pode variar em função 12

do tamanho do compartimento onde os mesmos serão plantados. Ainda segundo Souza-Dias 13

(2006b): 14

15

Vasos de 20 cm de largura x 15-20 cm de altura e 20 cm de base admitem até 4 brotos. 16 As bandejas 40 x 60 cm, com 24 células de dimensões 10 x 10 x 5 cm comportam 17 bem 2 brotos/célula. Quanto maior for a densidade de brotos maior será a 18 produtividade de mini tubérculos e menor será o tamanho dos mesmos, sendo que o 19 ideal seria a produção de mini tubérculos com 4 a 6 mm de diâmetro e de 3 a 5 cm de 20 comprimento. 21 22

Após a colheita dos minitubérculos, o período necessário para que ocorra a quebra de 23

dormência é aproximadamente de 6 a 7 meses em câmara fria, e depois de 1 a 2 meses, com os 24

minitubérculos em ambiente escuro. Ao serem levados para campo, estes podem produzir de 4 25

a 9 tubérculos em excesso (filhas). O experimento deve ser conduzido em um telado 26

antipulgões, onde é realizado o cultivo, além do uso de uma câmara fria, para o armazenamento 27

dos brutos, minitubérculos e brotos destacados (IAC, 2000). 28

Em média, cada caixa de semente de batata importada pode gerar até 600 brotos. Segundo 29

estudos da viabilidade de produção de minituberculos com a tecnologia do broto destacado, 30

(VIRMOND et al., 2009), o custo de cada tubérculo pode variar de acordo com seu tamanho, 31

sendo classificados como 4, 5, 6 e 7, sendo o custo médio em torno de R$ 0,20 (vinte centavos) 32

a unidade. 33

Com o uso dessa técnica, é possível reduzir expressivamente o número de importações 34

de batata-semente, uma vez que a partir do aproveitamento de brotos destacados de lotes de 35

tubérculos/batata-semente classe básica (geralmente G-0, de origem importada) que tradicional 36

e convencionalmente sempre foram e ainda vem sendo descartados, obtém-se novos tubérculos 37

sem infestação (principalmente por viroses).É importante enfatizar que, esta técnica também 38

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representa o aproveitamento de centenas de milhares (toneladas), de brotos de batata-semente 1

antes jogados fora. 2

De acordo com estudos realizados por Souza-Dias (2006b), a batata importada, ao ser 3

mandada direto para o campo, apresenta uma taxa de multiplicação de proporção uma (1) para 4

dez (10), isto é, cada semente pode produzir até dez tubérculos. Já quando se realiza o 5

procedimento da desbrota na batata-semente, o produtor obtém o mínimo de vinte tubérculos, 6

isto é, uma relação de um (1) para vinte (20). Nesse caso, essas batatas-sementes devem estar 7

acondicionadas corretamente, nas devidas condições de temperada (câmara fria), resultando 8

numa capacidade de até três rebrotas por batata-semente. 9

Um fator importante no Brasil está ligado ao preço da importação de tubérculos, onde 10

quase 70% da batata-semente básica de alta sanidade usada no país é importada, uma 11

dependência que já foi bem maior em outras décadas. O país consume a cada ano 12

aproximadamente 5 milhões de dólares com a importação anual desse produto, correspondente 13

à 150 a 200 mil caixas. O custo com a importação é muito elevando, sendo que cada caixa de 14

batata-semente, de mais ou menos 30 kg, pode custar uma média de 25 dólares, dependendo da 15

variedade de batata utilizada (SOUZA-DIAS, 2006b). No período de 2002/03, segundo a 16

ABBA (2004), as importações foram de 2.734,52 toneladas, onde um total de 52,50% são 17

provenientes da Holanda, e o restante do Canadá, Chile, Escócia, França e Alemanha. Nesse 18

caso, essa realidade pode ser invertida ao se investir mais na taxa de multiplicação da batata-19

semente a partir da técnica do broto destacado, o que resulta na redução dos custos. 20

Essa técnica traz muitas vantagens, principalmente ao se fazer uma comparação sobre a 21

movimentação (importação/exportação) do broto com a movimentação do tubérculo batata-22

semente, dentre elas pode-se citar as principais: maior rapidez no transporte, com custo de frete 23

mais reduzido devido ao menor peso do broto em relação ao tubérculo inteiro; em relação aos 24

aspectos fitossanitários, o broto tem menor probabilidade de carregar patógenos de solo, já que 25

no caso dos tubérculos, estes podem se aderir facilmente a epiderme ou até no seu interior. 26

Todavia, um dos fatores cruciais ao sucesso dessa tecnologia diz respeito à mão-de-obra 27

especializada, a qual encarece muito a produção total, sendo necessário reduzir ao máximo essa 28

necessidade no processo de produção dos brotos (SOUZA-DIAS et al., 2005). 29

Outro fator de suma importância na técnica do broto de batata-semente é que sua 30

produção pode ser uma alternativa socioeconômica para citricultores/viveristas, representando 31

um aumento de renda a esse setor (IAC, 2000). Isso é baseado no fato de que não há viroses em 32

comum entre as duas culturas, tornando possível multiplicar de forma efetiva as batatas-33

sementes em telados anti-afídeos, decorrente do isolamento sanitário causado de forma natural 34

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pelas plantações de citrus. Nesse caso, de acordo com o IAC (2000), é necessário que os telados 1

estejam localizados à pelo menos 50 km de distância de qualquer campo de produção de batata, 2

a fim de garantir que não haja contato de vetores que ofereçam risco à sanidade dos brotos no 3

viveiro (CIÊNCIA E CULTURA, 2002). O conveniente seria que os citricultores/viveiristas 4

tornassem produtores de batata-semente terceirizados pelos bataticultores e, dessa forma, 5

manter a citricultura como atividade principal e também contribuir para a diminuição dos custos 6

na produção de minitubérculos de batata-semente livre de vírus (IAC, 2000). 7

Pode-se afirmar que a tecnologia do broto destacado do tubérculo não pretende substituir 8

o método de cultura de tecidos, mas sim aumentar a eficiência e rendimento na produção de 9

batata-semente, uma vez que aumentaria a taxa de multiplicação da produção, fazendo com que 10

uma batata-semente de alta sanidade estivesse disponível a todos os produtores, a um baixo 11

custo. 12

No âmbito mundial, a China, em 2009, na busca por tubérculos de alta sanidade com 13

custos reduzidos, recorreu ao IAC, firmando uma parceria de cooperação técnica com o 14

Agricultural Research Institute (ARI), da cidade de Hulunbeir. Esse acordo possibilitou, de 15

forma inédita e experimental, o envio de brotos de variedades brasileiras desenvolvidas no 16

próprio Instituto para os chineses, as quais exibem alta resistência, principalmente à requeima. 17

Outros países também veem nesta tecnologia uma grande oportunidade para expansão dos 18

negócios. Em 2010, a convite do Instituto de Investigações Agrária de Moçambique, o 19

virologista Doutor José Alberto Caram de Souza Dias, levou a tecnologia ao país, o qual 20

apresenta problemas fitossanitários semelhantes aos do Brasil, tendo a oportunidade de 21

demonstrá-la para pesquisadores da área. Consequentemente, houve uma continuidade desta 22

troca de informações, em 2014 o técnico do Instituto de Investigações Agrárias de Moçambique 23

(IIAM), Seninho Julio Rodrigues, visitou o IAC para compreender ainda mais o processo de 24

plantio de batatas, por meio da tecnologia gerada pelo virologista. Após a inclusão da 25

Tecnologia do Broto/Batata-semente na legislação do MAPA (IN 32/12), a tecnologia 26

promissora ultrapassou barreiras, onde no Canadá, a empresa Pomme de la Terre Bérubé, 27

produtora-exportadora de batata-semente, fez acordos comerciais junto a agência importadora 28

de batata-semente, Importadora Resultado Ltda, Santos SP, para a compra (importação) de 29

brotos destacados de lotes básicos com classificação canadense. 30

Nesse contexto, pode-se afirmar que essa tecnologia abre oportunidades ao Brasil de 31

ganhar novos mercados como exportador de batata-semente (IAC, 2009), principalmente pelos 32

países dependentes da batata-semente importada anualmente, livre de vírus, a qual serve de 33

estoque básico (SOUZA-DIAS, 2008). Somando o forte apoio de instituições como a FundAg 34

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(Fundação de Apoio a Pesquisa Agrícola), a técnica se difundi cada vez mais, ganhando adeptos 1

desde às pequenas até às grandes empresas e, consequentemente, proporcionando interesse a 2

nível nacional e internacional. 3

Atualmente, a dependência brasileira por batata-semente importada é mais voltada aos 4

interesses de mercado (novas variedades) do que a ausência do produto nacional de alta 5

sanidade. 6

7

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27

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 1

2

Apesar da grande importância da batata como alimento e do destaque de produção cada 3

vez maior nos países em desenvolvimento, o Brasil apresenta muitos obstáculos no agronegócio 4

brasileiro da batata, obtendo baixa produção e baixo consumo do tubérculo no país, se 5

comparado a outros países. Os principais fatores para essa limitação são o sistema inadequado 6

de comercialização de tubérculos agravado pelo alto fluxo de importação do produto, falta de 7

exigência dos consumidores, falhas pela política nacional de abastecimento, pequeno porte da 8

agroindústria processadora e o alto custo total de produção da batata. Contudo, frente à uma 9

acirrada competição imposta pelo processo de globalização, que exige produtos de alta 10

qualidade e preços competitivos, o Brasil enfrenta uma alta retração de demanda de mercado 11

da hortaliça. 12

A cadeia produtiva da batata é considerada uma das maiores e mais complexas no ramo 13

das olericulturas, tendo em vista uma lista extensa de atividades, que vai desde a produção de 14

sementes até o cultivo de tubérculos para a produção de alimentos e seus derivados (batatas: 15

fritas, cozidas, palhas, purês e chips), os quais vem ganhando cada dia mais mercado. 16

Já em relação à produção de batata-semente, este é considerado o setor com maior 17

defasagem dentre as formas de produção do tubérculo, tendo alto índice de importação do 18

produto. O alto custo de produção, falta de materiais adequados (semente padrão), material de 19

propagação infestado (pragas e doenças), técnicas de produção de custo elevado restrito a um 20

número mínimo de produtores, entre outros fatores, criam barreiras limitantes à expansão deste 21

setor no país. 22

Nesse contexto, pensando em formas viáveis de contornar essa situação, foi criado no 23

Brasil uma técnica do uso de brotos destacados dos tubérculos, onde se tem o reaproveitamento 24

de brotos oriundos de tubérculos de alta sanidade. Essa técnica tem aumentado cada vez mais 25

o interesse por parte dos produtores devido às diversas vantagens oferecidas por ela em 26

comparação com técnicas de cultura de tecido, tais como o reaproveitamento de 27

centenas/milhares de brotos que seriam descartados no sistema convencional, a redução na 28

importação de batata-semente, produção de novos minitubérculos da categoria básica, a 29

substituição da movimentação de estoques básicos de batata-semente (forma convencional de 30

tubérculos de batata-semente) para apenas brotos, redução dos custos com transporte de batata-31

semente, entre outras, que resultam na redução do custo total de produção de batata. Além disso, 32

atualmente vem sendo observado por produtores uma maior fidelidade genética que brotos 33

oferecem à manutenção das características originais de formato e fenótipo dos tubérculos de 34

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cada cultivar, em comparação com à plântula, originada de técnicas de cultura de tecidos in 1

vitro. 2

Todavia, é importante destacar que a tecnologia do broto destacado não pretende 3

substituir a cultura de tecidos, mas sim aumentar a eficiência e rendimento na produção de 4

batata-semente, pois esta aumentaria a taxa de multiplicação da produção, e, assim, 5

disponibilizando a todos os produtores batatas-semente de alta sanidade, a um baixo custo. Esta 6

tecnologia ainda precisa quebrar algumas barreiras para que seja plenamente aceita e difundida, 7

alguns países, como por exemplo Holanda, ainda demonstram certa resistência na aceitação da 8

mesma, pois acreditam que ela possa representar uma ameaçar o mercado consumidor de batata-9

semente provinda de cultura de tecidos, tão dependente de seus produtos. Quando comparada 10

com as demais tecnologias presentes no mercado, esta é mais acessível, já que o investimento 11

para a obtenção dos mini tubérculos advindos do broto são mínimos, dando ao produtor a 12

oportunidade de ter de ter acesso a uma semente de alta sanidade a baixo custo. No Brasil, as 13

dificuldades enfrentadas pelo setor de pesquisa são grandes, especialmente quando comparado 14

à potencias como Estados Unidos e Rússia, no entanto esta tecnologia vem sendo estudada 15

desde 1985, e já é comprovadamente rentável trazendo benefícios a bataticultura brasileira, que 16

bem administrada pode trazer alto rendimento à economia nacional. A diminuição de fatores 17

como custos com frete em importação/exportação, o risco de transmissão de patógenos, a 18

altíssima fidelidade genética e o reaproveitamento de toneladas de um material que seria 19

descartado fazem do broto uma solução promissora para os problemas que a produção da batata 20

enfrenta não só no Brasil, mas também em potencias produtoras como por exemplo a China. 21

Portanto, não há dúvidas de que a continuidade dos obstáculos sofridos pela bataticultura 22

no Brasil são inaceitáveis. A reversão deste quadro, seja a nível mundial, nacional e regional, 23

só será possível com a incorporação de tecnologias e técnicas integradas e operativas em toda 24

a cadeia produtiva, que possibilitem o aumento da produtividade e da qualidade nos sistemas 25

de produção da batata, especialmente no ramo de produção de batata-semente. É de suma 26

importância que o produtor de batata invista cada vez mais no emprego de materiais de batata-27

semente de alta qualidade, com boa sanidade, estado fisiológico, brotação adequada, além da 28

colheita na época apropriada. Dessa forma, o país garante a competitividade no mercado 29

mundial e a sustentabilidade da cadeia brasileira da batata. 30

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