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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI UFSJ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL JOÃO PAULO ROMANELLI PROPOSTA DE UM MÉTODO DE AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL VISANDO A IDENTIFICAÇÃO E O MAPEAMENTO DE REGIÕES SENSÍVEIS À INSTALAÇÃO DE NOVAS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS EM MINAS GERAIS OURO BRANCO-MG 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI – UFSJ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS

PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

JOÃO PAULO ROMANELLI

PROPOSTA DE UM MÉTODO DE AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL VISANDO A

IDENTIFICAÇÃO E O MAPEAMENTO DE REGIÕES SENSÍVEIS À INSTALAÇÃO

DE NOVAS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS EM MINAS GERAIS

OURO BRANCO-MG

2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI – UFSJ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS

PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

JOÃO PAULO ROMANELLI

PROPOSTA DE UM MÉTODO DE AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL VISANDO A

IDENTIFICAÇÃO E O MAPEAMENTO DE REGIÕES SENSÍVEIS À INSTALAÇÃO

DE NOVAS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS EM MINAS GERAIS

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Tecnologias para o

Desenvolvimento Sustentável da Universidade

Federal de São João Del-Rei como parte dos

requisitos necessários para obtenção do título de

Mestre em Tecnologias para o Desenvolvimento

Sustentável.

Orientador: Professor Dr. Rogério Antônio Picoli

Coorientador: Professor Dr. Luiz Gustavo M. da Silva

OURO BRANCO-MG

2016

AGRADECIMENTOS

À Deus e meus guias espirituais que têm me sustentado com seu amor e misericórdia ao longo

de toda a vida.

Aos meus pais, meus irmãos e a minha namorada, que formam a minha base emocional; sem

a força de vocês eu não teria conseguido.

Aos amigos queridos Cássia, Mayara e Débora que foram grandes companhias durante o

mestrado e agora para a vida.

Aos amigos e familiares que me apoiaram com orações e palavras amigas.

Ao meu orientador Prof. Rogério Antônio Picoli pela oportunidade e confiança.

Ao meu coorientador Prof. Luiz Gustavo M. da Silva pela amizade, dedicação e

companheirismo.

Aos professores do PPGTDS pelo conhecimento compartilhado.

À UFSJ-CAP pela oportunidade de cursar o mestrado.

À CAPES pelo apoio financeiro.

Muito Obrigado!

“Everybody is a genius. But if you judge a fish by its ability to climb a tree, it will live its

whole life believing that it is stupid.”

Albert Einstein

RESUMO

As discussões sobre as mudanças climáticas globais têm incentivado o desenvolvimento de

políticas voltadas ao incentivo da participação das fontes renováveis de energia para o

atendimento da demanda por esse recurso. No caso do Brasil, a exploração do potencial

hidrelétrico representa uma opção estratégica para o país, principalmente por ter caráter

renovável. Nesse sentido, as pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s) têm um papel

importantenos planos de expansão do parque de geração de energia elétrica nos próximos

anos. Dessa forma, propõe-se uma ferramenta de auxílio ao processo de planejamento da

instalação de novas PCH’s nas bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais; partindo de

considerações sistêmicas e das recomendações das abordagens da Avaliação Ambiental

Estratégica (AAE) e da Avaliação Ambiental Integrada (AAI). Por meio da manipulação dos

dados do Zoneamento Ecológico e Econômico de Minas Gerais (ZEE-MG) e da utilização da

técnica de suporte à decisão AHP (Analytic Hierarchy Process), foram elaborados cenários de

restrições socioambientais em ambiente de sistemas de informações geográficas (SIG’s),

buscando apontar as áreas mais sensíveis à instalação desses empreendimentos. Para a

validação da metodologia, foram analisadas duas Unidades de Planejamento e Gestão de

Recursos Hídricos: a UPGRH PN3 - Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba e a UPGRH PS2

– Afluentes Mineiros dos Rios Pomba e Muriaé. O resultado da ponderação dos pesos das

variáveis mostrou-se satisfatório segundo o método AHP, obtendo-se o valor de Razão de

Consistência 0,0689. O resultado da análise dos cenários de restrições socioambientais

apresentou valores condizentes com a realidade das duas regiões analisadas, concluindo-se

que a metodologia é efetiva para a avaliação socioambiental de PCH’s.

Palavras-chave: pequenas centrais hidrelétricas; avaliação socioambiental; análise

hierárquica de processos; zoneamento ecológico e econômico de Minas Gerais

ABSTRACT

Discussions on global climate change have encouraged the development of policies to

stimulate the participation of renewable energy sources to meet the demand for this resource.

In Brazil, the exploitation of hydropower potential is a strategic option for the country, mainly

for having renewable character. In this sense, small hydropower plants (SHP) have an

important role in the expansion plans of the electricity generation park in the coming years.

Thus, we propose a tool to aid the process of planning the installation of new SHPs in river

basins of Minas Gerais; starting from systemic considerations and recommendations of the

approaches of the Strategic Environmental Assessment (SEA) and Integrated Environmental

Assessment (IEA). Through manipulation of the data of the Ecological and Economic Zoning

of Minas Gerais (ZEE-MG) and the use of support technical decision AHP (Analytic

Hierarchy Process) have been drawn up environmental restrictions scenarios in geographic

information systems (GIS's ), seeking to identify the areas most sensitive to the installation of

this kind of enterprises. To validate the methodology, we analyzed two Units of Planning and

Management of Water Resources: the UPGRH PN3 - Afluentes mineiros do Baixo Paranaíba

and UPGRH PS2 - Afluentes mineiros dos rios Pomba e Muriaé. The result of the weight of

the weights of the variables was satisfactory according to the AHP method, getting the

consistency ratio value 0.0689. The result of the analysis of environmental constraints

scenarios presented consistent values with the realities of the two regions analyzed,

concluding that the methodology is effective for the environmental assessment of PCH.

Keywords: Small hydroelectric plants; environmental assessment; hierarchical process

analysis; ecological and economic zoning of Minas Gerais

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Potencial hidroenergético por região, (p. 7)

Figura 2. Diagrama simplificado dos procedimentos necessários para implantação de uma

PCH, (p.16).

Figura 3. Fluxograma das etapas de implantação de uma PCH, (p. 18).

Figura 4. Fluxograma de elaboração do cenário de restrições socioambientais (p. 51).

Figura 5. Região Hidrográfica do Paraná, (p. 83).

Figura 6. Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, (p. 84).

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Variáveis selecionadas para compor o cenário de restrições socioambientais

separadas em grupos temáticos, (p. 6).

Tabela 2. Indicadores ambientais e indicadores socioeconômicos considerados na elaboração

do índice ISUH (NT DEA 21/10), (p. 33).

Tabela 3. Indicadores de impactos ambientais, indicadores de impactos socioeconômicos e

indicadores de benefícios socioeconômicos considerados na NT DEA 17/12, (p. 33).

Tabela 4. Síntese da análise socioambiental integrada dos projetos de UHE e PCH para a

região sudeste, (p. 34).

Tabela 5. Conversão de classes da componente fauna para o sistema utilizado no ZEE-MG,

(p. 37).

Tabela 6. Conversão de classes da componente flora para o sistema utilizado no ZEE-MG, (p.

39).

Tabela 7. Estimativa do risco potencial de erosão com base na associação das variáveis

erodibilidade e declividade, (p. 42).

Tabela 8. Escala Fundamental de Saaty para julgamentos comparatives, (p. 45).

Tabela 9. Matriz de comparação pareada e pesos calculados, (p.46).

Tabela 10. Índices de Consistência Randômicos (IR), (p. 48).

Tabela 11. Definição dos pesos de cada variável com base no método AHP, (p. 49).

Tabela 12. Definição de notas dos componentes de legenda das variáveis com base nos

atributos estabelecidos pelo ZEE-MG, (p. 50).

Tabela 13. Resultado da análise espacial do cenário de restrições para a UPGRH – PN3, (p.

54).

Tabela 14. Resultado da análise espacial do cenário de restrições para a UPGRH – PS2, (p.

55).

Tabela 15. Percentual de ocorrência das classes restrições de cada variável para a UPGRH

PN3, (p. 56).

Tabela 16. Percentual de ocorrência das classes restrições de cada variável para a UPGRH

PS2, (p. 57).

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

1.1 Objetivos ............................................................................................................................... 3

1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 3

1.1.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 3

1.2 Procedimentos e Métodos ..................................................................................................... 4

2 REFERENCIAIS TEÓRICOS ............................................................................................. 6

2.1 RECURSOS HÍDRICOS ................................................................................................... 6

2.1.1 Potencial hidrelétrico brasileiro ......................................................................................... 6

2.1.2 Viabilidade ambiental da instalação de novas PCH’s ....................................................... 8

2.2 BASE NORMATIVA PARA A IMPLANTAÇÃO DE PCH’S .................................... 11

2.2.1 O setor elétrico nacional: o caso das PCH’s .................................................................... 11

2.2.2 Procedimentos de autorização e outorga para implantação de pequenas centrais

hidrelétricas .............................................................................................................................. 14

2.2.3Procedimentos de implantação de pequenas centrais hidrelétricas no Brasil ................... 17

2.2.4 Impactos ambientais de pequenas centrais hidrelétricas: considerações sobre suas

diferentes tipologias .................................................................................................................. 20

2.2.5 Licenciamento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas .......................................... 24

2.3 ABORDAGENS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL ...................................................... 26

2.3.1 Avaliação Ambiental Estratégica .................................................................................... 26

2.3.2 Avaliação Ambiental Integrada ....................................................................................... 28

2.3.3 Esforços governamentais para o aprimoramento da gestão ambiental ............................ 31

3 SELEÇÃO, JUSTIFICATIVA E INTERPRETAÇÃO DAS VARIÁVEIS ................... 35

3.1 Meio Biótico ....................................................................................................................... 35

3.1.1 Prioridade de conservação da fauna ................................................................................ 35

3.1.2 Prioridade de conservação da flora .................................................................................. 37

3.1.3 Prioridade de conservação da ictiofauna ......................................................................... 39

3.2 Meio Físico ......................................................................................................................... 41

3.2.1 Erodibilidade e Inclinação do terreno .............................................................................. 41

3.3 Componentes-Síntese ......................................................................................................... 42

3.3.1 Unidades de Conservação ................................................................................................ 42

3.3.2 Tribos Indígenas .............................................................................................................. 43

4 ESPACIALIZAÇÃO E ELABORAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS ........................ 44

4.1 Método da Análise Hierárquica de Processos (AHP) ......................................................... 44

4.2 Elaboração e composição dos cenários de restrições ......................................................... 48

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 52

5.1 Análise do cenário de restrições socioambientais para PCH’s ........................................... 52

5.1.1 UPGRH PN3 - Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba (Bacia hidrográfica do Rio

Paranaíba) ................................................................................................................................. 52

5.1.2 UPGRH PS2 - Afluentes mineiros dos rios Pomba e Muriaé (Bacia do rio Paraíba do

Sul) ........................................................................................................................................... 54

5.2 Discussões .......................................................................................................................... 55

6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 61

ANEXO I ................................................................................................................................. 73

ANEXO II ................................................................................................................................ 74

ANEXO III .............................................................................................................................. 75

ANEXO IV .............................................................................................................................. 76

ANEXO V ................................................................................................................................ 77

ANEXO VI .............................................................................................................................. 78

ANEXO VII ............................................................................................................................. 79

ANEXO VIII ........................................................................................................................... 80

ANEXO IX .............................................................................................................................. 81

ANEXO X ................................................................................................................................ 82

ANEXO XI .............................................................................................................................. 83

ANEXO XII ............................................................................................................................. 84

1

1 INTRODUÇÃO

As discussões sobre as mudanças climáticas globais têm incentivado o

desenvolvimento de políticas voltadas ao estímulo da maior participação das fontes

renováveis de energia na composição da matriz energética dos países (THE WORLD BANK,

2010). Desde a entrada em vigor do Protocolo de Quioto, em 16 de fevereiro de 2005,os

projetos de MDL1 - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, cresceram significativamente, e

em 2012, com o fim da vigência do Protocolo, registrou-se um grande número de projetos

dessa natureza pelo mundo(USA, 2014).

Segundo dados do The World Bank (2010) a América Latina contribui com o maior

porcentual de geração de energia renovável mundial, considerando as diferentes fontes de

geração dessa categoria.

No Brasil, de acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN, 2015), a participação

das fontes renováveis na composição da matriz energética nacional representou em 2014,

39,4% do total de energia gerada, ao passo que a média mundial em 2012 era de 13, 2%.

Dessa forma, o país se mantém com as mais elevadas médias mundiais de geração de energia

renovável.

Considerando a matriz elétrica brasileira, a participação das fontes renováveis é ainda

maior. Esse fato decorre, dentre outros fatores, a participação expressiva do potencial

hidrelétrico já instalado. Ademais, segundo Tolmasquin (2012), aproximadamente 10% de

todo o potencial hidráulico técnico mundial encontra-se no Brasil, portanto, o aproveitamento

desse recurso é estratégico para o país. No ano de 2014 a geração hidráulica representou

65,2% de todo o potencial elétrico gerado (BEN, 2015).

O parque hidrelétrico brasileiro, ao longo do século XX,desenvolveu-se priorizando a

construção de grandes usinas hidrelétricas, controladas principalmente por estatais

(ELETROBRÁS, 2000). Durante esse período, as pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s) não

tinham participação expressiva no contexto hidroenergético do país (CARNEIRO, 2010).

No entanto, o endividamento e a falência de algumas dessas estatais, além dos

entraves ambientais associados à aprovação desses projetos, favoreceram a ascensão de um

1 O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, tornou-se uma alternativa para os países em

desenvolvimento buscarem investimentos em infraestrutura e tecnologia limpa, além da criação de um mercado

internacional de créditos de carbono (certificados emitidos quando há a redução da emissão de gases poluentes

que podem ser negociados em um mercado internacional) (MMA, 2007).

2

novo modelo setorial, baseado na privatização de concessionárias de energia

(ELETROBRÁS, 2000; LEÃO, 2008). Foi então que, por volta de 1980 se verificou um

aumento significativo no número de PCH’s no Brasil (ELETROBRÁS, 2000).

As PCH’s ainda surgem nesse contexto como uma das saídas para a questão da crise

energética de 2001. Dessa forma, diversos esforços governamentais promoveram a expansão

dessa classe de empreendimentos, de modo que a elevação da oferta de energia se desse de

forma rápida e eficiente (SOUZA et al., 2002).

Dentre os diversos esforços governamentais que buscaram o incentivo às “fontes

alternativas” de energia, destaca-se o PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes

Alternativas de Energia Elétrica, instituído com objetivo de aumentar a participação da

energia elétrica produzida por empreendimentos de produtores independentes autônomos,

com base em PCH, fonte eólica e biomassa (ANEEL, 2003; CARNEIRO 2010). Esse

programa visou à expansão da oferta de energia emergencial e àuniversalização do serviço

público de energia elétrica, através da fixação dessas fontes no Sistema Interligado Nacional –

SIN (MME, 2010; CARVALHO, 2014).

Esse marco representou um passo importante no sentido da diversificação e

descentralização da matriz elétrica nacional, e estimulou a viabilização econômica das PCH’s

(FARIA, 2011). Além de simplificar o processo de outorga, o Governo concedeu uma série

de outros benefícios com o objetivo de intensificar os investimentos nesse setor (ANEEL,

2003).

Com isso, em comparação com as exigências do processo de licenciamento ambiental

para as demais categorias de aproveitamentos hidrelétricos, as aprovações de alguns projetos

de PCH’s passaram a ter modelos simplificados de avaliação de impactos ambientais

conforme a sua potência instalada(LEÃO, 2008).

Assim, o setor elétrico vem se desenvolvendo rapidamente,com a participação

expressiva das PCH’s; e ainda existe um enorme potencial a ser explorado (FARIA et al.,

2012).

Segundo dados do Banco de Informações de Geração – BIG, da Agência Nacional de

Energia Elétrica - ANEEL, está prevista para os próximos anos uma adição de

aproximadamente 27 GW na capacidade de geração do país. Desse montante, o potencial

outorgado proveniente de novas PCH’s é de 2.277.329 kW. Do total previsto, 37 já estão em

processo de construção e outras 125 em processo ainda não iniciado (ANEEL, 2016).

3

Tendo em vista a importância das PCH’s no contexto energético do país, é importante

ressaltar que, embora a geração hidrelétrica reúna importantes atributos do ponto de vista

econômico, a sua expansão acelerada e sem uma avaliação adequada pode acarretar impactos

ambientais e sociais significativos, que podem ser irreversíveis (WCD, 2000). De acordo com

Andrade et al. (2015) o impacto ambiental negativo advindo desse tipo de exploração é

substancialmente maior quando o local de implantação do projeto é situado em áreas sensíveis

e ambientalmente significantes.

Dessa forma, propõe-se com esse estudo, uma metodologia de avaliação

socioambiental de pequenas centrais hidrelétricas, a qual visa contribuir com o

aprimoramento da sistemática de avaliação socioambiental desses empreendimentos,

considerando a sua fase de planejamento.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo principal desse trabalho é propor uma metodologia de avaliação

socioambiental que auxilie o processo de planejamento estratégico da instalação de novas

PCH’s no estado de Minas Gerais, a partir da elaboração de cenários de restrições

socioambientais em ambientes de sistemas de informações geográficas (SIG’s).

O termo ‘metodologia’ é entendido como o conjunto de fatores, procedimentos e

recomendações que analisados e articulados que embasam a presente proposta de avaliação

socioambiental, representando um esforço para contornar as deficiências e limitações das

avaliações vigentes.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) Analisar de forma crítica os procedimentos de autorização, implantação e

licenciamento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas no Brasil e, em particular, no

Estado de Minas Gerais, com o intuito de detectar com embasamento científico, as questões

deficientes de avaliação socioambiental.

4

2) Identificar as variáveis críticas para a avaliação socioambiental de pequenas

centrais hidrelétricas, e posteriormente,buscar dados geoespaciais que as representem.

3) Analisar a metodologia, estrutura e conteúdo do banco de dados do Zoneamento

Ecológico e Econômico de Minas Gerais, com o intuito de investigar o seu potencial e suas

limitações para a avaliação socioambiental de PCH’s.

4) Propor, a partir das diretrizes da Avaliação Ambiental Integrada (AAI), da

Avaliação Ambiental Estratégica(AAE) e das recomendações das Notas Técnicas da Empresa

de Pesquisa Energética – EPE, um método de avaliação socioambiental de PCH’s que

possibilite um diagnóstico baseado em mapas temáticos gerados em ambiente SIG.

5) Validar a metodologia proposta a partir da análise de duas Unidades de

Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos presentes no estado de Minas Gerais.

6) Indicar as limitações da pesquisa e sugestões para o seu aprimoramento.

1.2 PROCEDIMENTOS E MÉTODOS

Voltada para a fase de planejamento, esta proposta envolve a elaboração de cenários

de restrições socioambientais em ambiente de sistemas de informações geográficas (SIG’s),

como forma de representar as áreas dentro do estado de Minas Gerais sensíveis à instalação de

novas PCH’s. A fundamentação teórica e as diretrizes de sua elaboração estão embasadas nas

recomendações da Avaliação Ambiental Integrada (AAI), Avaliação Ambiental Estratégica

(AAE) e Avaliação Socioambiental Integrada (EPE, 2012).

No primeiro momento, por meio da investigação de referenciais técnicos sobre PCH’s,

buscou-se detectar, sob um viés crítico, os aspectos deficientes das diretrizes e exigências

legais de avaliação socioambiental associados à essa fonte de geração. Para isso, foram

analisados: a atual estruturação do setor elétrico nacional, com ênfase nas PCH’s; a evolução

dos mecanismos e procedimentos de autorização, outorga e implantação; as abordagens de

avaliação de impactos ambientais e o processo vigente de licenciamento ambiental;com o

intuito de incorporar essas questões na metodologia, em uma tentativa de contornar as

limitações detectadas.

A próxima etapa preocupou-se em levantar uma lista de potenciais variáveis julgadas

como críticas para o processo de avaliação socioambiental de PCH’s,como forma de evitar ou

5

mitigar os impactos ambientais que geralmente decorrem desse tipo de exploração; para isso

foram considerados: os quesitos técnicos sobre PCH’s (ADRADA, 2013), de forma a

selecionar variáveis relevantes comuns às tipologias de PCH’s existentes; as notas técnicas da

EPE (NT DEA 21/10; NT DEA 12/12 e NT DEA 19/12), fazendo as devidas adaptações para

o contexto das PCH’s; o Estudo de Impacto Ambiental de PCH’s já licenciadas e artigos

científicos.

Dessa lista de potenciais variáveis, foram selecionadas sete (7), as quais tornaram-se

efetivas na composição do cenário de restrições socioambientais.Um dos critérios utilizados

para selecionar essas variáveis, foi a correspondência das mesmas com a existência de dados

expressos em formato shapefile, presentes no banco de dados do Zoneamento Ecológico e

Econômico de Minas Gerais (ZEE-MG). Ademais, essas variáveis tiveram de atender aos

seguintes requisitos: a) possibilidade de manipulação em ambiente SIG; b) existência e

disponibilidade de dados e; c) informações suficientes e com qualidade.

Dessa forma, foram selecionadas as variáveis para compor o cenário de restrições

socioambientais. As suas justificativas e modo de interpretação estão descritos no capítulo 3

desse trabalho. Os procedimentos e métodos utilizados na elaboração dos cenários de

restrições socioambientais, expressos por meio de mapas temáticos, estão descritos no

capítulo 4.

A validação dessa proposta é feita a partir da análise dos resultados obtidos com o

cenário de restrições socioambientais para duas UPGRH’s.

A tabela 1 apresenta as variáveis selecionadas para compor o cenário de restrições

socioambientais.

6

Tabela 1 - Variáveis selecionadas para compor o cenário de restrições socioambientais separadas em grupos

temáticos.

Grupo temático Variáveis

(1) Meio biótico Prioridade de conservação da fauna

Prioridade de conservação da flora

Prioridade de conservação da ictiofauna

(2) Meio físico Erodibilidade

Inclinação do terreno

(3) Componentes-síntese Unidades de conservação

Tribos indígenas

2 REFERENCIAIS TEÓRICOS

2.1 RECURSOS HÍDRICOS

2.1.1 POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIRO

No Brasil, a maior parte da produção de energia elétrica é proveniente das fontes

hidráulicas. Estas fontes de geração são responsáveis por 67,5% da capacidade instalada do

país, e a sua importância advém do grande potencial hidrelétrico nacional, o qual representa

uma opção estratégica para a expansão do parque de geração de energia, principalmente por

ser renovável (ANEEL, 2014; EPE, 2006).

A geração hidrelétrica brasileira fundamenta-se em plantas de larga escala e com

grande capacidade de armazenamento, que juntamente com as demais fontes de geração de

energia, compensam as variações de suprimento pelo país, de modo a complementar as

sazonalidades naturais de recursos de algumas regiões (LUCENA et al., 2010).

Ainda que a maior parte da matriz elétrica brasileira seja caracterizada pela geração

hidrelétrica, a taxa de utilização desse potencial é relativamente pequena em comparação com

os países industrializados como Alemanha, Japão, Estados Unidos e Noruega. Estima-se que

7

somente cerca de 30% do potencial hídrico nacional é explorado atualmente (FERREIRA et

al., 2016).

Figura 1 - Potencial hidroenergético por região.

Fonte: Adaptado de Ministério de Minas e Energia (MME, 2007).

A baixa utilização do potencial hidrelétrico no norte do Brasil pode ser explicada,

dentre outros fatores, devido à predominância topográfica da região, caracterizada por

planícies; pela grande diversidade biológica do bioma Amazônico, e pela distância dos

principais centros de consumo de energia. (EPE, 2006). Dessa forma, é possível dizer que a

disponibilidade de recursos e a configuração socioeconômica, juntamente com os

condicionantes socioambientais, direcionam fortemente a distribuição espacial dos projetos

energéticos (EPE, 2013).

De acordo com o Atlas de Energia Elétrica da ANEEL (2008), cerca de 60% da

capacidade hidrelétrica instalada no Brasil está localizada na Bacia do Rio Paraná; as bacias

do São Francisco e a do Tocantins, representam 16% e 12%, respectivamente; e as bacias com

menor potência instalada são as do Atlântico Norte/Nordeste e Amazonas, que somam juntas

1,5% da capacidade instalada do Brasil (EPE, 2013).

8

Segundo a EPE (2013), os pequenos aproveitamentos hidrelétricos se localizam

principalmente nas regiões sul e sudeste, nas bacias do Paraná e Atlântico Sudeste, próximos

aos grandes centros consumidores de energia elétrica. Na Bacia do Paraná, destacam-se as

sub-bacias do Rio Grande, do Tietê e Paraná/Paranapanema. Na Bacia do Atlântico Sudeste,

destacam-se as sub-bacias do Rio Doce e Rio Paraíba do Sul. Os demais aproveitamentos se

localizam no centro-oeste do país, principalmente nos estados de Mato Grosso e Tocantins. A

expansão das PCH’s tende para as regiões sul e sudeste; e na região centro-oeste, tende para o

Estado de Mato Grosso.

De acordo com Tiago Filho et al. (2006), o Centro Nacional de Referências em

Pequenas Centrais Hidrelétricas – CERPCH, desenvolveu uma série de trabalhos de

estimativa do potencial hidrelétrico remanescente do Brasil, com o objetivo de avaliar as

expectativas de mercado para PCH’s. Estes estudos resultaram em estimativas do potencial

teórico ainda não inventariado no Brasil, o qual aponta para o montante aproximado de

15.453 MW passíveis de serem explorados.

Nessas estimativas foram consideradas: as vazões específicas das bacias e o desnível

estimado por mapas do IBGE (escala 1:15.000 em alguns pontos da região sul e sudeste, e a

escala 1:50.000 no restante do Brasil); e a readequação de aproveitamentos inventariados

anteriormente, tendo em vista os aspectos ambientais e de uso múltiplo de recursos hídricos,

com as perspectivas de uma nova redivisão de quedas das bacias (TIAGO FILHO et al.,2006).

Diante do que foi exposto, é possível dizer que as PCH’s têm um papel extremamente

importante nos planos de expansão de geração de energia elétrica para os próximos anos,

principalmente no atendimento das demandas próximas aos centros de carga. Mas também em

áreas periféricas ao sistema de transmissão e em pontos marcados pela expansão agrícola

nacional, tendo em vista o desenvolvimento econômico do país ancorado numa fonte de

geração considerada limpa e renovável.

2.1.2 VIABILIDADE AMBIENTAL DA INSTALAÇÃO DE NOVAS PCH’S

As preocupações inerentes comas alterações climáticas e ambientais, tais como o

aquecimento global e a acidificação dos oceanos, traçaram novos rumos nas decisões políticas

dos países nos últimos anos. Os incentivos voltados à utilização das fontes renováveis de

energia para o atendimento do desenvolvimento econômico enfatizam, dentre outros aspectos,

a substituição dos combustíveis fósseis e têm por objetivo a mitigação das mudanças

9

climáticas, na premissa de que essa medida pode reduzir substancialmente a degradação

ambiental e o aquecimento global (PREMALATHA et al., 2014).

No entanto, conciliar o desenvolvimento econômico com o fornecimento de energia

compatível com seu ritmo torna-se um grande desafio para as economias emergentes como o

Brasil; especialmente, quando se tem em conta as metas de redução das emissões de gases do

efeito de estufa e outros objetivos de proteção ambiental (PRADO et al., 2016)

Com o intuito de evitar futuras crises de abastecimento de energia e garantir o

desenvolvimento econômico, muitos países estabelecem normas de segurança energética

(BAJAY, 2006; KELMAN, 2001). Geralmente, opta-se por aumentar os níveis de segurança,

incluem mandatos de ampliação da capacidade instalada de geração do país, partindo do

pressuposto que o aumento da produção pode evitar as crises de abastecimento e o que dela

decorre (BAJAY, 2006; JABUR, 2001).

Em contrapartida, o aumento da capacidade de geração implica também no aumento

dos conflitos ambientais e as emissões de gases do efeito estufa. Tais fatores, por sua vez,

podem comprometer a produção futura de energia em países que dependem fortemente da

energia hidrelétrica, entendendo que essa fonte de geração é suscetível às mudanças

climáticas e às alterações do ciclo hidrológico (PHILLIPS et al., 2009).

É possível dizer, portanto, que a energia hidrelétrica envolve uma complexa relação

com a integridade ambiental. Embora muitos ecologistas e ambientalistas não considerem as

grandes usinas hidrelétricas como fontes de energia limpa, as pequenas centrais hidrelétricas

podem ser consideradas uma possível solução para parte dos problemas advindos dos grandes

empreendimentos hidrelétricos (KOSNIK, 2010; ABBASI e ABBASI, 2011).

Nesse sentido, nos últimos anos, vem sendo dada uma maior atenção ao

desenvolvimento e integração de projetos de pequenas centrais hidrelétricas em sistemas

fluviais, com o intuito de minimizar os efeitos ambientais negativos oriundos da exploração

hidrelétrica, priorizando a conservação da água (NAUTIYAL et al., 2011).

A crença de que as PCH’s são fontes de energia limpa, com poucos problemas

ecológicos e efeitos ambientais aparentemente insignificantes contribui para o incitamento de

uma rápida expansão desse tipo de empreendimento (PANG et al., 2015; FERREIRA et

al.,2016).

No entanto, existem divergências sobre esses argumentos. De acordo Premalatha et al.

(2014) não é difícil constatar, à luz dos fundamentos da ecologia e hidrologia, os problemas

10

ambientais causados por pequenas centrais hidrelétricas, os quais podem ser tão numerosos

quanto aqueles associados às grandes centrais hidrelétricas, podendo ser não menos graves.

Os trabalhos elaborados por Zhang et al.(2014) e Pang et al. (2015) apontam para essa

questão. Os autores discutem os impactos negativos e efeitos deletérios das PCH’s sob uma

análise diferenciada em escalas espaciais, considerando: os impactos ambientais no entorno

da planta hidrelétrica e os impactos à sua jusante. A partir dessa abordagem é discutido o

potencial ambientalmente viável a ser explorado em um curso d’água e o modo como o

recurso é utilizado.

O potencial ambientalmente viável determina não só o potencial crítico para o

desenvolvimento hidrelétrico das bacias hidrográficas, mas também o potencial de

desenvolvimento específico para empreendimentos hidrelétricos. Este potencial crítico e os

potenciais específicos têm por objetivo equilibrar a geração de energia hidrelétrica com a

proteção ambiental (HENNIG et al., 2013).

Essa discussão permite que novas variáveis sejam consideradas na análise

socioambiental, ampliando o leque dos aspectos que podem ser contemplados na avaliação da

viabilidade ambiental da instalação de uma PCH em um determinado local.

De acordo com Li et al. (2007), Zhang et al. (2007) e Pascale, Urmee e Moore (2011),

os impactos ambientais no entorno de uma planta hidrelétrica estão associados, em grande

parte, às obras civis e à formação do reservatório. As atividades como: movimentações de

solos e escavações das rochas, implantação do conduto forçado, formação do reservatório,

construção da casa de força e instalação dos equipamentos técnicos, tendem a perturbar o

status original do ecossistema.

Os principais impactos ambientais decorrentes dessas atividades estão associados aos

processos erosivos do solo, à poluição ambiental, à deposição de sedimentos, à destruição de

habitats terrestres e aquáticos, à inundação da vegetação, à diminuição da qualidade da água e

da produtividade da terra, bem como à supressão de habitat humano (ZHANG et al., 2014).

Já no tocante aos impactos ambientais à jusante da planta hidrelétrica, Mcmanamay,

Orth e Dolloff (2012) e Yüksel, (2010) mencionam que são impactos muito complexos de

difícil avaliação e estão diretamente associados às alterações da hidrologia.

Como normalmente os projetos hidrelétricos desviam parte do fluxo do rio para

possibilitar a geração de energia, essa redução do fluxo normal, juntamente com as flutuações

sazonais dos rios, afetam negativamente o habitat da flora e da fauna à jusante dos canais,

planícies aluviais e estuários (ASAEDA; RASHID, 2012; GUO et al., 2012).

11

Segundo Pang et al. (2015), a degradação dos serviços ecossistêmicos à jusante,

ocasionada pelas diminuições periódicas de fluxo dos rios, constitui a maior parte dos

impactos induzidos pelo desenvolvimento desses empreendimentos. No entanto, os autores

ressaltam que se tais danos forem evitados, por exemplo, se a PCH operar a “fio d’água”, os

projetos tendem a produzir efeitos deletérios relativamente menores sobre o meio ambiente.

Conforme o que foi apresentado, pode-se concluir que novas abordagens e

considerações devem ser incorporadas ao processo de avaliação socioambiental de PCH’s,

uma vez que foi possível detectar na revisão da literatura técnica que as variáveis e fatores

econômicos se sobressaem, de certa forma, às variáveis e aos fatores ecológicos na

determinação da viabilidade de instalação de um empreendimento. Esse assunto será melhor

discutido no próximo tópico.

2.2 BASE NORMATIVA PARA A IMPLANTAÇÃO DE PCH’S

2.2.1 O SETOR ELÉTRICO NACIONAL: O CASO DAS PCH’S

O setor elétrico brasileiro, ao longo de seu desenvolvimento, passou por diversas

reestruturações. Tais reestruturações incluíram desmembramento das empresas de geração,

transmissão, distribuição e o surgimento de empresas exclusivas para a comercialização de

energia elétrica (LEÃO, 2008).

Nesse contexto, é possível citar a criação da Agência Nacional de Energia Elétrica –

ANEEL, em substituição à antiga DNAEE, e também a instituição do Operador Nacional do

Sistema – ONS, entes jurídicos que foram criados com funções administrativas específicas no

que se refere à distribuição de energia elétrica. Além disso, outros órgãos e instituições

possuem atribuições normativas e funções reguladoras. A Empresa de Pesquisas Energéticas –

EPE tem a função de planejamento do setor elétrico; o Comitê de Monitoramento do Setor

Elétrico – CMSE é responsável pelo monitoramento da segurança de suprimento de

eletricidade; e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, uma associação

civil composta pelos agentes das categorias de geração, distribuição e de comercialização, é

responsável por negociar a aquisição de energia elétrica no sistema interligado. Merecem

destaque ainda o poder de regulador normatizador do Ministério de Minas e Energia e a

relativa autonomia do ONS (LEÃO, 2008; CCEE, 2014).

12

Juntamente com as reestruturações e as novas instituições estabelecidas no país nesse

período, foram alteradas inúmeras resoluções do setor elétrico. No tocante às pequenas

centrais hidrelétricas – PCH’s, essas alterações influenciaram, por exemplo, os procedimentos

de licenciamento e os critérios de enquadramento e classificação atuais.

Desde a instalação das primeiras PCH’s no Brasil, foram removidas uma série de

barreiras relacionadas à viabilização econômica desses empreendimentos, o que favoreceu a

entrada de novos agentes na indústria de energia elétrica; resultado de esforços

governamentais e políticas setoriais em prol dos investimentos no setor (SOUZA et. al.,

2002).

O critério segundo o “tamanho” levou à criação dos conceitos de “pequenas

hidrelétricas” e “grandes hidrelétricas” no Brasil, sendo definido pela capacidade instalada

medida em MW.

Os critérios de enquadrament onuma ou outra categoria podem variar de um país para

outro, conforme os níveis de desenvolvimento alcançados em cada um deles, e de suas

particularidades naturais, bem como outros fatores intrínsecos à geração de energia

(ADRADAet al., 2013).

Segundo o Special Report do IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change de

2011, a classificação de acordo com o tamanho dos empreendimentos, ainda que bastante

comum e administrativamente simples, não representam critérios técnicos e científicos

capazes de avaliar seu desempenho sustentável ou econômico.

No Brasil, a primeira referência sobre a definição de pequenas centrais hidrelétricas foi

citada em 1982, pela na Portaria nº 109, do Departamento Nacional de Águas e Energia

Elétrica – DNAEE, que definiu as pequenas centrais como empreendimentos que

contemplassem cumulativamente as seguintes características (CARVALHO, 2014):

Operassem a fio d’água (sem acumulação, com aproveitamento das quedas já

existentes nos rios),ou no máximo com regularização diária;

Tivessem barragens e vertedouros com altura máxima de 10 metros;

Não utilizassem túneis;

Possuíssem estruturas hidráulicas no circuito de geração para vazão turbinável de no

máximo 20m3/s;

Fossem dotadas de unidades geradoras com potência individual de até 5.000 kW;

Tivessem potência instalada total de no máximo 10.000 kW.

13

Em 1997, o DNAEE criou um grupo multidisciplinar para realizar um novo

diagnóstico das PCH’s no Brasil e indicou, dentre outras recomendações, que houvesse uma

alteração no sentido de aumentar o limite da potência instalada para o enquadramento das

categorias desses empreendimentos. Nessa época, também foram promovidos esforços do

setor empresarial, recomendando que as pequenas centrais hidrelétricas tivessem potência de

50 MW e que a outorga fosse concedida através de uma autorização, sem a necessidade de

processo licitatório (CARNEIRO, 2010).

Assim, os limites foram sendo aumentados de 10 MW para 25 MW, através de

diversas medidas provisórias, até chegar ao limite contemplado pela Lei n.º 9.648/98, que

fixou em no máximo 30 MW a potência instalada de pequenas centrais hidrelétricas.Também

ficou definido o limite máximo de 3,0km² para a área de inundação dos reservatórios, tendo

como referência a vazão com tempo de recorrência de 100 anos (CARNEIRO, 2010).

Em 2003, com a publicação da Resolução n.º 652, da ANEEL, foram mantidos alguns

critérios de enquadramento e outros foram flexibilizados. Dessa forma, foi definido que: as

pequenas centrais hidrelétricas englobam os empreendimentos de potência superior a 1 MW e

igual ou inferior a 30 MW, destinado à produção independente ou autoprodução, com área de

reservatório inferior a 3,0 km². No entanto, o aproveitamento que não atendesse à condição

estabelecida para a área do reservatório, mas que respeitasse os limites de potência e a

modalidade de exploração, teria a possibilidade de expandir a limitação do reservatório para

até 13 km², desde que atendesse a seguinte inequação, especificada no Art. 4º da referida

resolução (CARVALHO, 2014):

𝐴 ≤14,3 . 𝑃

𝐻𝑏

Sendo:

P = potência elétrica instalada em (MW);

A = área do reservatório em (km²); Hb = queda bruta em (m), definida pela diferença entre os níveis d'água máximo normal de montante e normal

de jusante.

A última alteração nos critérios de enquadramento ocorreu recentemente, com a

Resolução Normativa - ANEEL Nº 673, de 4 de agosto de 2015. Essa resolução estabelece

que as pequenas centrais hidrelétricas representam os empreendimentos com potência

superior a 1 MW e igual ou inferior a 30 MW; e o limite para a área do reservatório pode

chegar até 13,0 km², excluindo a calha do leito regular do rio (ANEEL, 2016).

14

Remetendo ao início dos anos 80, os benefícios concedidos pelo governo não

implicaram em um aumento significativo no número de empreendimentos de PCH’s como era

esperado. No entanto, com o advento dos procedimentos de simplificação de concessões e

flexibilização de exigências ambientais, além dos programas de incentivos, do ponto de vista

técnico e econômico, criou-se um cenário atrativo para a exploração desses empreendimentos.

Embora tenham sido importantes para o país os avanços do setor elétrico e o aumento

da participação das PCH’s na composição de sua matriz elétrica, tanto no que se refere ao

aumento da capacidade instalada, quanto pela diversificação da matriz e demais benefícios, é

perceptível que, desde o início do processo de implantação do sistema regulador, inúmeras

questões foram negligenciadas ou não foram apreciadas da maneira devida, permitindo, dessa

forma, que fossem executados empreendimentos empresarialmente e ambientalmente

contestáveis.

2.2.2 PROCEDIMENTOS DE AUTORIZAÇÃO E OUTORGA PARA IMPLANTAÇÃO DE

PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS

Os procedimentos para a implantação de pequenas centrais hidrelétricas no Brasil

podem ser divididos em três processos que caminham paralelamente: (i) o processo de

autorização de exploração do potencial hidroenergético, tramitado junto à ANEEL; (ii) o

processo de outorga de uso da água, articulado com os órgãos de gestão dos recursos hídricos

e (iii) o procedimento do licenciamento ambiental, nas esferas dos órgãos ambientais

responsáveis (FARIAS, 2013).

A autorização para a exploração do potencial hidráulico é regulamentada pela

Constituição Federal de 1988, em seu artigo 20º, inciso VIII, o qual assegura o potencial

hidráulico como bem da União. A exploração do potencial energético dos cursos d’água deve

ser feita mediante a concessão (no caso das grandes usinas) ou autorização (no caso das

pequenas centrais).

Uma vez aprovado o projeto básico de um empreendimento segundo as normas

regulamentadas, é dado início ao procedimento de outorga do potencial hidráulico, o qual é

praticado nas modalidades de autorização plena ou condicionada (ANEEL, 2004; FARIAS,

2013). 2

2 Para a obtenção da autorização “plena” é necessária a apresentação da Licença Prévia, conclusão da análise e

aprovação do projeto básico. Para autorização “condicionada”, é necessária a apresentação do protocolo de

15

Os procedimentos gerais para a outorga de uso de recursos hídricos são definidos pela

Resolução nº 16 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, de 08 de maio de

2001, a qual faculta ao outorgado o direito de uso do recurso hídrico, por prazo determinado e

consideradas as legislações específicas vigentes. Vale ressaltar que a outorga não implica

alienação total ou parcial das águas, que são inalienáveis (FARIAS, 2013).

Os critérios adotados pelas instituições outorgantes na avaliação dos pedidos de

outorga são bastante diversificados e variam conforme a instituição de cada Estado. É

possível constatar que existem diversos conceitos para se definir: a vazão remanescente não

outorgada (ou vazão residual), a vazão ecológica3, a vazão ambiental4 e o Trecho de Vazão

Reduzida - TVR5(ANA, 2005).

Existe ainda uma clara divisão de responsabilidades nos cumprimentos legais inerentes

à instalação de um empreendimento hidrelétrico, tanto na esfera federal, quanto nas esferas

estaduais. De acordo com a Gerência de Outorgas da ANA, a integração de informações com

o IBAMA, por exemplo, é realizada usualmente por meio de reuniões. Com relação aos

demais órgãos ambientais estaduais, essa articulação é habitualmente feita via ofício, devido à

distância física entre esses órgãos.

Os procedimentos de integração de informações entre os diferentes órgãos, segundo o

artigo 1º da Resolução CNRH nº 65/2006, fundamentam-se nos princípios do uso múltiplo e

racional dos recursos hídricos e possuem a bacia hidrográfica como unidade de planejamento

e gestão, com foco nas prioridades estabelecidas nos planos de recursos hídricos e ambientais,

e nas legislações pertinentes.

A Figura 2 apresenta um diagrama simplificado dos procedimentos necessários para a

implantação de uma pequena central hidrelétrica no Brasil, resumindo as principais etapas do

processo e os agentes envolvidos em cada uma delas.

entrega dos estudos ambientais ao órgão responsável, sendo a aprovação do projeto básico efetuada a posteriori,

época que deverá ser entregue a licença prévia, permitindo que as atividades de licenciamento ambiental sejam

implementadas em paralelo com o processo de outorga de autorização da exploração do potencial (ANEEL,

2004). 3 A vazão ecológica é definida como a vazão que deve ser mantida no rio para atender aos ambientais, incluindo

os usos de recursos hídricos a jusante da intervenção do corpo de água (ANA, 2005).

4A vazão ambiental é considerada a vazão necessária para garantir a preservação da bacia de forma integrada, de

modo a assegurar a sua sustentabilidade, levando em conta todo o ecossistema (ANA, 2005). 5 O trecho de vazão reduzida é a distância medida ao longo do curso do rio entre o eixo do barramento e o canal

de restituição das águas turbinadas (canal de fuga) de um aproveitamento hidrelétrico cuja adução é proposta por

derivação (ANA, 2005).

16

Figura 2 – Diagrama simplificado dos procedimentos necessários para implantação de uma PCH.

Fonte: Adaptado de (Farias, 2013).

17

2.2.3PROCEDIMENTOS DE IMPLANTAÇÃO DE PEQUENAS CENTRAIS

HIDRELÉTRICAS NO BRASIL

Os primeiros estudos visando a implantação de um empreendimento hidrelétrico

começam com a estimativa do potencial hidrelétrico da bacia ou sub-bacia onde se deseja

implantar um projeto. Trata-se de uma avaliação preliminar das características hidrológicas,

topográficas, geológicas e ambientais, no sentido de verificar a vocação do local para a

geração de energia elétrica (CEPEL, 2007).

É característica dessa fase a análise de dados disponíveis nos diversos órgãos

existentes, pretendendo uma primeira avaliação do potencial e a estimativa de custo do

aproveitamento da bacia hidrográfica, além das definições de prioridades para as etapas

posteriores, como os Estudos de Inventário Hidrelétrico(CEPEL, 2007; FARIA, 2011;

MAKARON, 2012).

Segundo o artigo 4 da Resolução 393 da ANEEL, os aproveitamentos de no máximo

50 MW podem conduzir os Estudos de Inventário Hidrelétrico de forma simplificada. Nestes

casos, cabe ao interessado submeter à ANEEL um relatório de reconhecimento, no qual se

fundamenta de forma técnica a simplificação desse relatório (ELETROBRÁS, 2000).

Fica reservado, portanto, às usinas com potência instalada máxima de até 50 MW o

Inventário Hidrelétrico Simplificado, enquanto os demais aproveitamentos (acima de 50 MW)

devem conduzir o Inventário Hidrelétrico Pleno (PEDREIRA, 2004; SCHWEITZER, 2010).

O Manual de Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas – Edição 2007 é a

referência para a realização de inventários plenos, apresentando “um conjunto de critérios,

procedimentos e instruções para a realização do inventário do potencial hidroelétrico de

bacias hidrográficas” (CEPEL, 2007).

A edição de 2007 é uma atualização da edição de 1997, utilizada para a elaboração e

análise de inventários hidrelétricos simplificados. Dessa forma, entende-se que o Inventário

Hidrelétrico é o primeiro estudo necessário para a obtenção da outorga de um aproveitamento

hidrelétrico, cujo objetivo principal é apresentar a melhor divisão de quedas para cada curso

d’água estudado (SCHWEITZER, 2010).

O fluxograma a seguir descreve as etapas de implantação de uma PCH e as suas

interações, contemplando os estudos de engenharia, ambientais e providências institucionais:

18

Potencial

conhecido?

Avaliação Expedita da

Viabilidade da Usina

Potencial

interessante?

Levantamento de Dados

Estudos Básicos

Lay-out Preliminar

Orçamento Estimado

Economicamente

Viável?

Estudos Energéticos

Estudos Ambientais

Negociação Proprietários

Estudos de Interligação

Detalhamento do Projeto

Estudos Geológicos

Estudos Hidrometeorológicos

Apresentação do PB para

Aprovação da ANEEL

juntamente da LP

Projeto

Básico

Aprovado

Desenvolvimento do Projeto

Executivo, Construção da

Usina e Implantação dos

Programas Ambientais

PCH

em Operação

Projeto

Arquivado

Solicitação da

Licença de

Instalação (LI)

LI

concedida

não

não

não

sim

sim

não Cumprir

exigências

FLUXOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DE UMA PCH

Inventário Simplificado

(Res. 393 - ANEEL)

Elaboração do Projeto Básico

de Engenharia

Levantamentos

Complementares de Campo

Obtenção da Licença

de Operação (LO)

Solicitação da

Licença

Prévia (LP)

Definição com o Órgão

Ambiental dos Termos de

Referência Ambientais

Cumprir

Exigências

não

sim

Registro na

ANEEL para Execução do

Projeto Básico

Elaboração do EIA/RIMA

ou Relatório de Impacto

Ambiental Simplificado

Obtenção da LP junto ao

Órgão Ambiental

LP

concedida

Cumprir

Exigências

Referentes ao

Estudo

não

simOtimização do

Projeto de

Engenharia

Consulta aos Órgãos de

Recursos Hídricos para

Obtenção de Outorga de

Uso da Água

Outorga de

Uso

concedida

nãoCumprir

Exigências

sim

sim

sim

INÍCIO

interação

Elaboração do

Projeto Básico

Ambiental (PBA)

Figura 3 - Fluxograma das etapas de implantação de uma PCH

Fonte: ELETROBRÁS, 2000.

19

Antes de dar início aos procedimentos de implantação de uma PCH, é fundamental o

levantamento preliminar acerca da existência de dados prospectivos sobre o local onde se

pretende instalar determinado empreendimento. Isso contribui para a redução de incertezas e

riscos associados aos aspectos técnicos e socioambientais. Desse modo, é possível orientar os

investimentos, antecipando e prevenindo alguns dos impactos socioambientais inerentes a

cada projeto, conforme predizem as orientações da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE),

discutida no item 2.3.1.

Por essa razão, é importante o inventário das informações disponíveis, bem como a

sua sistematização e sintetização em quantidade e qualidade suficientes para a caracterização

da bacia hidrográfica em questão. Ressalta-se, assim, a importância dos estudos de

zoneamento para subsidiar informações que possibilitam as análises preliminares, estratégica

e integradas6 das regiões com potencias de utilização.

Contudo, o primeiro passo para a definição de um potencial hidroenergético é a

condução do Inventário Hidrelétrico. A sequência que se propõe a partir desse estudo é a

realização de uma avaliação expedita do aproveitamento e, caso seja interessante continuar,

são conduzidos estudos mais detalhados (FARIA, 2011).

A definição do potencial hidroenergético para as pequenas centrais hidrelétricas não é

uma tarefa simples, até porque historicamente este tipo de fonte energética foi negligenciada

até muito recentemente.

Uma ilustração desse aspecto crítico encontramos no antigo “Manual de Inventário

Hidrelétrico da ELETROBRÁS” (1997), o qual indica que: no caso dos estudos de inventário

nas regiões sul, sudeste, centro-oeste e nordeste, deveriam ser descartados da análise os

aproveitamentos com potência inferior a 20 MW; e no caso dos estudos de inventário na

região norte, deveriam ser descartados da análise os aproveitamentos com potência inferior a

50 MW. Desta forma, durante décadas, deixou-se de avaliar um número considerável de

aproveitamentos nos inventários hidrelétricos (CARVALHO, 2014)

Ademais, os estudos de inventário, da forma como são conduzidos e interpretados,

objetivam, segundo a interpretação do fluxograma (Figura 6), a determinação da viabilidade

técnica e econômica do empreendimento (ELETROBRAS, 2000). Nota-se que, até esse

momento, os condicionantes socioambientais não são elencados como fatores determinantes.

6 A abordagem da Avaliação Ambiental Integrada (AAI) está discutida no item 2.3.2.

20

Dando sequência à discussão sobre os procedimentos de implantação, com a entrega

do estudo de inventário à ANEEL, é realizada a análise dos requisitos necessários à emissão

do despacho de aceite. A partir de então, o processo evolui para a elaboração do projeto

básico, concomitantemente aos estudos de impacto ambiental (EIA), visando a obtenção da

licença prévia. A caracterização dos condicionantes socioambientais, detalhados nos estudos

técnicos do EIA, somente são conduzidos após a determinação da viabilidade econômica do

projeto.

Após a aprovação do projeto básico e do projeto ambiental, é obtida a Licença de

Instalação do empreendimento, que juntamente com a Outorga, conduz o processo para a

elaboração do projeto executivo. O passo final é a obtenção da Licença de Operação para o

comissionamento da usina.

Goodland (2005) chama a atenção para o aspecto reativo, característico de um EIA, e

o relaciona diretamente com a demanda da análise de impacto ambiental para um projeto

específico. Segundo o MMA (2002), o licenciamento ambiental e a avaliação de impacto

ambiental são instrumentos que se limitam a subsidiar as decisões de aprovação de projetos de

empreendimentos individuais e não as decisões políticas e estratégicas que originam esses

projetos ou o seu processo de planejamento.

Andrade et al. (2015) sinalizam, dentre outras questões, o fato de muitas decisões

importantes já terem sido tomadas antes de serem iniciados os EIA’s, também criticam o

modo e o formato da participação pública nesse processo, considerada pelos autores limitada

e restrita.

Uma das formas de se corrigir essas lacunas que tornam o processo de avaliação

socioambiental de PCH’s deficiente é fornecer informações sintetizadas e específicas já para a

etapa de planejamento desses empreendimentos. É o que se pretende mostrar nesse trabalho,

com a elaboração dos cenários de restrições socioambientais com base nos inventários de

informações e na sua sistematização e sintetização.

2.2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS:

CONSIDERAÇÕES SOBRE SUAS DIFERENTES TIPOLOGIAS

Toda ação ou atividade antrópica que causa alterações no meio ambiente ou em algum

de seus componentes é considerada impacto ambiental. Essas alterações, segundo Carvalho

21

(2014) devem ser quantificadas, uma vez que apresentam diversos níveis de influência: direto,

indireto, positivo, negativo, de curto, de médio ou de longo prazo.

No Brasil, o primeiro mecanismo legal associado à avaliação de impactos ambientais

foi colocado pela Lei Federal 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu a Política

Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA. A partir

desse marco, a Avaliação de Impactos Ambientais – AIA passou a ser requerida nos processos

de licenciamento ambiental (SÁNCHEZ, 2008).

A Resolução CONAMA nº 01/86 consagrou o Estudo de Impacto Ambiental - EIA

como o principal documento veiculador da avaliação de impactos ambientais; e por meio da

Resolução CONAMA nº 237/1997, firmou-se a obrigatoriedade da emissão de EIA/RIMA

para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de

degradação ambiental (SÁNCHEZ, 2008).

Como cada empreendimento é desenhado de forma a atender as especificidades do

local selecionado para a sua implantação, os impactos ambientais são altamente variáveis em

magnitude, extensão e efeitos (CARVALHO, 2014). Portanto, o correto entendimento sobre a

dinâmica dos impactos socioambientais gerados pelas PCH’s deve considerar assuas

diferentes tipologias.

Conforme a capacidade de regularização da vazão explorada, as PCH’s podem ser

classificadas como: (i) a fio d’água; (ii) de acumulação com regularização diária do

reservatório; e (iii) com regularização mensal (ELETROBRÁS, 2000). Uma PCH típica,

normalmente opera a fio d’água, ou seja, gera energia a partir de uma parte do fluxo normal

de um rio (BRASIL, 2013). Já as PCH’s de acumulação são instaladas em locais onde é

possível estabelecer um reservatório, visando a regularização de uma vazão (ELETROBRÁS,

2000).

Embora existam diferentes configurações e componentes de obra civil nesses

empreendimentos, é possível associar a eles uma lista de potenciais impactos ambientais que

geralmente decorrem desse tipo de exploração, considerando os impactos positivos e

negativos nas diferentes fases de evolução do projeto.

Segundo TIAGO FILHO et al. (2008); ELETROBRÁS, (2013); CARVALHO,

(2014); e ANDRADE et al., (2015), os impactos ambientais positivos geralmente são:

aumento da oferta de energia elétrica; atendimento a comunidades isoladas e geração

distribuída; geração de empregos diretos e indiretos; aumento na arrecadação de impostos;

22

valorização imobiliária no entorno do reservatório e contribuição para a sustentabilidade

local.

Segundo ANDRADE, (2006) e SALIBA et al. (2002) a dinâmica dos impactos

ambientais de uma PCH pode ser entendida a partir de uma concepção simplificada de

grandes empreendimentos hidrelétricos. Seus impactos ambientais geralmente são similares,

obedecendo obviamente, a uma escala de grandeza diferente. Dessa forma, acrescenta-se aos

impactos ambientais positivos a menor emissão de gases de efeito estufa, em comparação com

as grandes usinas, e a possibilidade de venda de créditos de carbono.

Da mesma forma, é possível elencar os principais impactos negativos associados a

esses empreendimentos. Segundo ANEEL (2002); Andrade (2006); Leão (2008); Tiago Filho

et al. (2008) e Andrade et al. (2015), tais impactos incluem: o aumento do tráfego de veículos

nas vias de acesso; riscos de acidentes; supressão da vegetação; alteração das características

físicas, químicas e microbiológicas da água; deslocamento e alteração comportamental da

fauna; poluição atmosférica e sonora; alteração das características do solo; impactos sobre a

ictiofauna; diminuição da vazão do rio no trecho entre a barragem e o canal de fuga; alteração

no ritmo de vida da população da área de entorno; e a alteração da paisagem natural.

Os impactos ambientais de empreendimentos hidrelétricos podem repercutir, de uma

forma geral, na dinâmica de todo o ecossistema de uma bacia ou sub-bacia hidrográfica.

Portanto, a potencialidade e a fragilidade desse meio, frente às especificidades das obras,

devem ser consideradas, já que podem ser gerados impactos irreversíveis sob a fauna e a flora,

assim como nas comunidades locais (ANDRADE, 2006).

Vale ressaltar que o impacto ambiental negativo advindo desse tipo de exploração é

substancialmente maior quando o local de implantação do projeto é situado em áreas sensíveis

e ambientalmente significantes(ANDRADE et al., 2015).

Embora as pequenas centrais gerem uma gama de impactos ambientais menores do

que as grandes usinas, principalmente no que se refere à área de alagamento dos reservatórios

e a emissão de gases do efeito estufa, deve-se considerar que esses empreendimentos podem

resultar na construção de vários barramentos se forem instalados em “cascata”.7 Ademais, o

sequenciamento de vários desses barramentos em um mesmo corpo d’água pode aumentar o

número de conflitos de uso e torná-los mais problemáticos (MAIA et al., 2011).

7 Uma cascata de pequenas centrais hidrelétricas corresponde a um conjunto de PCH’s que dependam da vazão

de jusante da anterior para sua geração de energia (MAIA, 2011).

23

Como os impactos ambientais não se limitam ao local de implantação dos projetos, é

possível dizer que diversos fatores influenciam suas características, como por exemplo: o tipo

de fonte de geração, as tecnologias utilizadas, o local de instalação do empreendimento,

dentre outros (PDE, 2022).

A abordagem integradora das questões socioambientais que envolvem as PCH”s pode,

dessa forma, apontar para discussões acerca de impactos cumulativos e sinérgicos 8

ocasionados por um conjunto de empreendimentos de geração de energia (PDE, 2022). Essa

perspectiva permite que novos desdobramentos sejam considerados no processo de avaliação

socioambiental (CARVALHO, 2014).

Embora exista um certo reconhecimento sobre a importância da avaliação de impactos

cumulativos e sinérgicos no contexto da avaliação de impactos ambientais, a viabilização

dessa prática sofre interferências de diversos fatores (DIAS, 2001), o que dificulta a sua

operacionalização. Dentre esses fatores, pode-se citar a insuficiência de definição de

conceitos, normas e procedimentos de avaliação. Sendo assim, a avaliação continua a ser

limitada pela consideração dos impactos diretos provocados pelos empreendimentos

(OLIVEIRA, 2008).

Também a forma como atualmente as informações são obtidas e o modo como são

interpretadas no processo de tomada de decisão influenciam a tendência a se desconsiderar os

impactos cumulativos. O processo de avaliação ambiental começa com informações pouco

precisas, que progressivamente tornam-se mais detalhadas, sobretudo em nível técnico e

econômico. Em contrapartida, o que se espera de uma avaliação de impactos ambientais

(AIA) é uma análise uniforme dos aspectos e domínios do escopo do projeto, já na fase do

planejamento, até que uma opção possa ser determinada por uma análise comparativa

(CARVALHO, 2014).

De fato, um grande número de estudos em vários países mostra que a forma como os

impactos cumulativos são descritos e incluídos nos AIA não é satisfatória (WÄRNBÄCK E

HILDING-RYDEVIK, 2009).

Segundo USA (2011) e Egré e Milewski (2002), os impactos socioambientais

cumulativos e sinérgicos gerados por um conjunto de empreendimentos de PCH’s, em

8 Entende-se por impacto cumulativo, o impacto que resulta de uma ação acrescida de outras ações (passadas,

presentes e futuras), razoavelmente previsíveis, independentes de sua magnitude, mas que coletivamente são

significativas (USA, 2016). Segundo Canter (1986), impactos cumulativos são impactos de natureza aditiva,

interativa, sinergética ou irregular (imprevisível), gerados por ações individualmente insignificantes, mas

coletivamente significativas que se acumulam no espaço e tempo.

24

comparação aos impactos socioambientais oriundos de uma grande usina hidrelétrica, ainda

permanecem obscuros; e dependem, dentre outros fatores, das especificidades de cada um dos

empreendimentos em análise.

Como forma de superar alguns desses impasses e aspectos deficientes da avaliação

socioambiental, especialistas e instituições têm sugerido que a avaliação de impactos

ambientais se desenvolva nos moldes da Avaliação Ambiental Estratégica – AAE (Strategic

Environmental Assessment – SEA, no inglês) (SADLER; VERHEEM, 1996; MMA, 2002;

RODRIGUES E ROSA, 2013; e ANDRADE et al.,2015).

A AAE se realizada em uma etapa preliminar do processo de planejamento da

expansão do setor elétrico possibilita que as demais opções de um determinado plano sejam

consideradas, contribuindo com a avaliação e mitigação de impactos ambientais (COOPER,

2004). Esse direcionamento, entretanto, só será efetivo se ocorrer de maneira transparente e

com a participação dos diversos interessados (ANDRADE et al., 2015).

2.2.5 LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS

O licenciamento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas passou a ocorrer, em

grande parte, de forma simplificada no Brasil, conforme foram sendo desenvolvidas as

regulamentações do setor energético, visando, dentre outros fatores, o abastecimento de

energia compatível com a demanda, a partir do incremento da capacidade instalada da matriz

elétrica nacional.

A estratégia de estímulos utilizada pelo governo, fez com que muitas usinas entrassem

em funcionamento sem uma avaliação adequada desconsiderando questões socioambientais

importantes.

Segundo Bastos (2013), não existe na legislação brasileira uma padronização sobre os

critérios de análise de impactos ambientais. Tal situação favorece discrepâncias significativas

nos estudos e projetos exigidos ao longo dos processos de licenciamento e autorizações

ambientais.

O processo de licenciamento ambiental de usinas hidrelétricas está condicionado à

elaboração do EIA/RIMA previsto pela Resolução CONAMA n°01/86 (BARÃO, 2007). O

seu principal documento balizador é o termo de referência estadual, que orienta e condiciona

o processo, tratando das especificidades ambientais locais e regionais dos projetos (FACURI,

2004).

25

Entre as exigências postas por essa resolução estão: a obrigatoriedade de elaboração

do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do respectivo Relatório de Impacto Ambiental

(RIMA) para o licenciamento de usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a forma

de energia primária, acima de 10 MW e de barragens para fins hidrelétricos, acima de 10

MW; diferentemente do ocorre com os demais empreendimentos considerados de pequeno

potencial de impacto ambiental, regulados pela Resolução CONAMA nº 279 de 2001, e

sujeitos ao procedimento simplificado de licenciamento ambiental.

Nesse caso, o documento requerido é o Relatório de Controle Ambiental (RCA), um

documento mais simples que o EIA, seguido da apresentação de um Plano de Controle

Ambiental (PCA), ambos elaborados de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo órgão

ambiental estadual ou federal competente (AGUILAR, 2011).

Percebe-se, dessa forma, que desde as primeiras fases de regulamentação do setor

elétrico, os procedimentos e prazos do licenciamento ambiental foram estabelecidos com base

no potencial instalado dos empreendimentos. É possível inferir, portanto, que no tocante às

decisões, os critérios técnicos e econômicos prevalecem sobre os demais.

Andrade et al. (2015), analisando o processo de licenciamento ambiental de 24 (vinte

e quatro) plantas hidrelétricas de grande porte que já passaram pela fase de licenciamento

prévio, juntamente com a análise de estudos já publicados na área, listaram uma série de

limitações encontradas nessa fase, dentre as quais pode-se mencionar: a baixa eficácia dos

EIA realizados na fase de planejamento; a falta de parâmetros objetivos para a determinação

da viabilidade ambiental do empreendimento; a limitação da análise de alternativas; a falta de

integração do EIA e os demais instrumentos de gestão; a lentidão da informação apresentada;

e a participação pública limitada.

A determinação da viabilidade da instalação de projetos hidroelétricos, segundo

Andrade et al. (2015) prioriza a possibilidade de minimização dos impactos negativos

previstos, confrontando-os com a possibilidade de geração de renda e desenvolvimento

regional, mas não coloca seriamente em pauta a discussão sobre da viabilidade ambiental

desses empreendimentos. A decisão final de aprovação ou não de um projeto é baseada na

avaliação do EIA, a qual é qualitativa e, em larga medida, subjetiva e discricionária.

Contudo, faz parte do conteúdo dos Termos de Referência (EPE, 2013) o laudo de

conclusão da viabilidade ambiental do empreendimento, baseado em comparação de cenários,

de maneira que a hipótese de implantação seja confrontada com a hipótese da não

implantação do projeto em uma determinada região.

26

A tal orientação acrescenta-se que, segundo a Agência Nacional da Águas (ANA,

2010), para se explorar um recurso hídrico com vista à geração hidrelétrica deve-se levar em

consideração os diferentes usos da água (Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997). Além disso,

deve-se analisar todos os projetos propostos para uma bacia em relação a outras bacias,

considerando seus potenciais e vulnerabilidades; sendo necessário que, ainda na fase de

planejamento, as alternativas sejam analisadas. Conclui-se, dessa forma, que um método

inclusivo, objetivo e criterioso de avaliação ainda deve ser criado (ANDRADE et al., 2015).

2.3 ABORDAGENS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL

2.3.1 AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA

As discussões relativas ao meio ambiente e à conservação ambiental se intensificaram

em âmbito mundial a partir da segunda metade do século XX, refletindo na elaboração de

diversas leis norteadas pelos princípios da sustentabilidade. No Brasil, a Política Nacional do

Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) oficializou alguns critérios e instrumentos, tais como: o

zoneamento ambiental, a avaliação de impactos ambientais (AIA), o licenciamento ambiental,

a criação de espaços territoriais especialmente protegidos, penalidades disciplinares, entre

outros.

A partir de 1995 em Minas Gerais, com a criação da Secretaria de Estado de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), foram estabelecidos vários

instrumentos de gestão ambiental integrados à Política Ambiental do Estado, dentre eles a

Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) (RODRIGUES e ROSA, 2013).

A AAE, segundo Rodrigues e Rosa (2013), passou a ser uma condição para aquisição

de créditos junto ao Banco Mundial e desde 2001 é reconhecida como uma ferramenta

importante na tomada de decisão nos estágios iniciais do planejamento de projetos e análise

de potenciais efeitos ambientais decorrentes de sua execução; bem como, um requisito de

avaliação da capacidade institucional dos estados e países solicitantes de crédito para lidar

com os impactos dos projetos.

Goodland (2005) chama a atenção para as aparentes semelhanças entre a AAE e o

Estudo de Impacto Ambiental (EIA) exigido nos estudos para licenciamento ambiental. O

autor ressalta o aspecto pró-ativo da primeira, diferentemente do que ocorre no Estudo de

27

Impacto Ambiental (EIA), que tem uma característica mais reativa, relacionada diretamente

com a demanda da análise de impacto ambiental para um projeto específico.

Por essa e outras características, a AAE é reconhecida como o instrumento da política

ambiental capaz de promover a articulação das várias dimensões de uma dada política e de,

dado um plano ou programa de desenvolvimento, favorecer a formulação clara dos objetivos e

o entendimento das questões ambientais relacionadas à implementação dos projetos, além de

orientar os agentes envolvidos no processo e indicar os caminhos para a sua viabilização

(MMA, 2002).

Entre os profissionais da área, em nível internacional, é cada vez mais claro o

consenso quanto à premência da adoção de práticas que assegurem a integração dos princípios

e do conceito geral de avaliação ambiental estratégica, o mais cedo possível, no processo

decisório (MMA, 2002; MMA, 2006).

O processo de AAE deve se manter flexível e se ajustar à natureza do processo de

decisão em que está sendo aplicado, já que não existe uma formulação específica ou mais

eficaz para a aplicação da AAE. Haverá tantas formas quantos forem os processos decisórios

que a utilizem, fazendo com que seja praticamente impossível estabelecer uma única

metodologia capaz de cobrir todas as atividades técnicas envolvidas na sua implementação

(MMA, 2002).

Em suma, a AAE tem a proposta de subsidiar a tomada de decisões governamentais e

particulares, disponibilizando informações sobre as potenciais consequências ambientais dos

programas governamentais dos setores considerados estratégicos: mineração, agronegócio,

saneamento, geração de energia e rodoviário (RODRIGUES e ROSA, 2013).

Segundo a Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos –

SQA/MMA, é possível listar uma série de fatores que devem ser considerados na aplicação da

AAE, dentre os quais estão (SQA/MMA, 2002):

a) Adoção de procedimentos de análise e avaliação ambiental em todas as etapas do

processo de planejamento do setor elétrico;

b) A incorporação da dimensão ambiental no planejamento, por meio da consideração

e da avaliação ambiental de decisões alternativas, atualmente formuladas apenas a partir de

critérios e parâmetros econômicos e energéticos (técnicos);

c) Avaliação sistemática das consequências ambientais decorrentes das alternativas de

composição da matriz energética, a partir do conhecimento dos impactos ambientais

28

decorrentes de cada uma das fontes de energia, considerando seus efeitos globais, regionais e

locais, cumulativos e sinérgicos;

d) Definição de critérios ambientais explícitos para a seleção das fontes de energia, das

tecnologias empregadas na geração e da localização das unidades geradoras;

e) Avaliação ambiental sistemática dos planos de expansão, integrando os

procedimentos de AAE com as fases do processo de planejamento, de forma a permitir que os

resultados da avaliação ambiental sejam efetivamente incorporados ao processo decisório;

f) Conhecimento das principais características ambientais das áreas alvo do processo

de planejamento, apoiando-se em indicadores de capacidade de suporte, zoneamento, entre

outros elementos que auxiliam a avaliação da complexidade ambiental da área em estudo;

g) Identificação das questões ambientais relevantes a serem consideradas em cada

etapa do processo de planejamento, com o tratamento adequado da dimensão espacial;

h) Definição de critérios e indicadores específicos para: orientar a obtenção e o

processamento de dados e informações que sejam relevantes em cada caso; sistematizar as

análises ambientais; e acompanhar e monitorar a implementação das políticas, planos e

programas do setor.

Em síntese, é necessário que sejam incorporados novos procedimentos e metodologias

de avaliação ambiental no processo de planejamento e tomada de decisão do setor elétrico,

capazes de reduzir as incertezas e os riscos ambientais. Dessa forma, o Estado cumpre seu

papel de orientar os investimentos, prevenindo ou reduzindo as consequências ambientais

negativas e o setor privado adquire maior segurança para a implantação de seus projetos.

2.3.2 AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA

A avaliação de impactos ambientais (AIA) e o licenciamento ambiental contribuíram

expressivamente para o progresso da análise socioambiental de projetos, precedendo alguns

procedimentos mais específicos, como por exemplo, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

No entanto, as deficiências observadas na aplicação da AIA favoreceram o

desenvolvimento de abordagens de análises estratégicas de planejamento, norteadas pelos

preceitos de sustentabilidade, sendo compreendidas por uma visão abrangente de interações e

dinâmicas ambientais (MMA, 2006).

29

Nesse contexto, a Avaliação Ambiental Integrada (AAI) se insere no âmbito da

Política Energética Nacional como um instrumento de avaliação socioambiental, presente

principalmente na etapa intermediária entre o inventário e os estudos de viabilidade (EPE,

2007).

A AAI surge como uma forma de abordagem de avaliação de impactos ambientais,

sugerindo que políticas, planos e programas referentes ao planejamento dos projetos de

desenvolvimento sejam analisados de modo pró-ativo e integrado; trata-se, então, de uma

ferramenta de auxílio, no sentido de aprimorar a concepção da avaliação da dimensão

ambiental no tocante às decisões estratégicas (MMA, 2006).

A expressão “avaliação ambiental integrada” refere-se às abordagens que assinalam a

interação do efeito conjuntural dos diferentes empreendimentos presentes em uma bacia

hidrográfica, e demais fatores que caracterizam os seus impactos socioambientais, visando

identificar e avaliar os efeitos sinérgicos e cumulativos associados a esse conjunto de fatores

ou de projetos (EPE, 2005; MMA, 2006).

Dentro da perspectiva de sustentabilidade, a AAI busca incorporar em suas

considerações a sensibilidade de determinadas áreas associadas aos impactos ambientais

decorrentes de um determinado tipo de aproveitamento. No tocante à geração hidrelétrica,

essas recomendações consideram a análise de cenários alternativos de desenvolvimento da

bacia hidrográfica em questão em relação aos seus recursos hídricos, à sua biodiversidade e ao

uso do solo, devidamente inseridos na dinâmica de desenvolvimento interregional e nacional

(EPE, 2005).

Esse conhecimento possibilita a formulação de políticas públicas específicas para o

setor elétrico, por meio de instrumentos de planejamento, acompanhamento e tomada de

decisão pela esfera pública. Segundo EPE (2005), a avaliação ambiental integrada envolve as

seguintes etapas principais:

a) Caracterização dos aspectos ambientais: devem ser definidos os temas prioritários

de gestão ambiental, relacionados com os ecossistemas e as suas interações, abordados a partir

de caracterizações socioambientais e de levantamento de dados que serão organizados em um

Sistema de Informações Geográficas – SIG’s.

b) Identificação das variáveis, indicadores de sensibilidades ambiental - ISA 9 e

indicadores de impacto ambiental - IIA10: a indicação das fragilidade e potencialidades de

9 Os Indicadores de Sensibilidade Ambiental são ferramentas analíticas que buscam sintetizar os aspectos

relevantes identificados nos estudos de caracterização. Visam permitir a representação espacial da sensibilidade

30

uma bacia hidrográfica permite uma avaliação dos impactos cumulativos e sinérgicos,

conciliando o conhecimento científico e tecnológico apropriado.

c) Simulação de cenários: um corte temporal (cena), possibilita a determinação das

condições socioambientais de um conjunto de empreendimentos e a forma como eles se

relacionam em uma análise conjuntural.

d) Avaliação dos cenários e dos aspectos ambientais de forma integrada: os resultados

obtidos nas simulações devem ser analisados e verificados para avaliar se os mesmos

produzem efeitos adicionais aos previstos nas fases anteriores.

e) Diretrizes: com base nas variáveis e indicadores ambientais, além dos resultados

oriundos dos diferentes cenários elaborados, deve-se construir uma matriz de decisão baseada

em metodologia de multicritério.

Segundo Caldarelli (2006), a Avaliação Ambiental Integrada e a Avaliação Ambiental

Estratégica guardam certa similaridade. Ambas as abordagens são ajustadas a uma visão

abrangente e estratégica do território; no entanto, distinguem-se pelo fato da AAI estar

voltada para a análise ambiental de cenários e impactos em uma bacia hidrográfica, dentro das

políticas existentes ou planejadas, enquanto que a AAE, além de envolver a avaliação

integrada, busca compatibilizar as políticas, planos e programas de gestão dos usos e da

conservação dos recursos naturais de um território, o que permite a incorporação da dimensão

ambiental nos planejamentos setoriais (MMA, 2006)

Wärnback e Hilding-Rydevik (2009) sugerem que a falta de conhecimento,

procedimentos específicos e regras claras para o estabelecimento da AAI/AAE são os

principais obstáculos para a efetividade desse tipo avaliação. Dessa forma, o estabelecimento

dessa abordagem depende do seu entendimento por parte dos responsáveis pela tomada de

decisão (THÉRIVEL E ROSS, 2007), como é o caso da Empresa de Pesquisas Energéticas –

EPE/MME com suas recomendações no âmbito dos “Estudos do Meio Ambiente”, as quais

serão discutidas no próximo tópico (2.3.3).

socioambiental encontrada em cada subárea, a partir da hierarquização, ponderação e qualificação das variáveis

socioambientais selecionadas para a composição de cada indicador. Dessa forma, as variáveis utilizadas para a

composição dos ISA são constituídas por informações disponíveis que permitam uma representação espacial

(EPE, 2007). 10 A partir da identificação dos principais processos impactantes, são selecionados os indicadores capazes de

representar uma avaliação com base em alguns atributos classificadores, tais como importância, intensidade e

abrangência, relativos aos impactos dos empreendimentos hidrelétricos sobre o meio ambiente. Nesse sentido,

define-se como fragilidade a superposição do mapeamento dos indicadores de impactos cumulativos e

sinérgicos, com grande probabilidade de ocorrência, ao mapeamento das sensibilidades, isto é, as áreas frágeis

são aquelas nas quais há maior influência espacial dos indicadores de impacto nas áreas mais sensíveis de cada

subárea (EPE, 2007).

31

Esse estudo representa, portanto, um esforço no sentido de subsidiar informações para

o planejamento estratégico da instalação de novas PCH’s em Minas Gerais, a partir da

manipulação dos dados do ZEE-MG; incorporando as recomendações da AAI e AAE na

elaboração do cenário de restrições socioambientais proposto.

2.3.3 ESFORÇOS GOVERNAMENTAIS PARA O APRIMORAMENTO DA GESTÃO

AMBIENTAL

O Estado brasileiro, na forma da lei, exerce as funções de planejamento e formulação

de políticas do setor energético através do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE.

A implementação dessas políticas fica a cargo do Ministério de Minas e Energia – MME, o

qual é responsável por apresentar à sociedade brasileira o Plano Decenal de Expansão de

Energia – PDE, subsidiado pelos estudos elaborados pela Empresa de Pesquisa Energética –

EPE. Tais estudos auxiliam o processo de planejamento e integra as projeções da expansão da

demanda e da oferta de diversas fontes energéticas para um horizonte de referência de dez

anos (PDE, 2019).

Desde a edição do PDE 2019, uma das inovações incorporadas ao Plano refere-se à

análise socioambiental. A introdução do conceito de sustentabilidade na avaliação

socioambiental dos empreendimentos de geração de energia foi intermediada pelo

desenvolvimento de metodologias em forma de notas técnicas, as quais consideram a

interação dos empreendimentos com o meio físico-biótico e socioeconômico; significando,

desse modo, um relativo aprimoramento das análises socioambientais (EPE, 2012).

Com o intuito de contemplar tais avanços na proposta metodológica do presente

estudo, foram analisadas três notas técnicas: (i) Nota Técnica NT DEA 21/10 – Metodologia

para avaliação da sustentabilidade socioeconômica e ambiental de UHE e LT; (ii) Nota

Técnica NT DEA 17/12 – Metodologia para avaliação socioambiental de Usinas

Hidrelétricas; e (iii) Nota Técnica DEA 19/12 – Metodologia para a Análise Socioambiental

Integrada.

As duas primeiras metodologias (NT DEA 21/10 e NT DEA 17/12) discutem a

avaliação da sustentabilidade de projetos hidrelétricos de grande porte por meio de

indicadores socioambientais e propõem variáveis e métricas de avaliação. A metodologia

32

DEA 19/12, trata da análise socioambiental integrada do conjunto de projetos de geração de

energia constantes no PDE 2021.

Seguem abaixo as sínteses das metodologias mencionadas anteriormente como forma

de assinalar os aspectos que foram analisados para embasar a proposta que é apresentada a

partir do capítulo 3. Destaca-se, particularmente, a seleção de variáveis e apontamentos

críticos e prioritários de gestão ambiental de empreendimentos hidrelétricos de grande porte,

fazendo adaptações desse conteúdo para o contexto das PCH’s.

2.3.3.1 Nota Técnica NT DEA 21/10 – Metodologia para avaliação da sustentabilidade

socioeconômica e ambiental de UHE e LT

Nessa metodologia são propostos dois índices: Índice de Sustentabilidade de Usinas

Hidrelétricas – ISUH e o Índice de Sustentabilidade de Linhas de Transmissão – ISUT. O

foco foi dado, entretanto, na elaboração do índice ISHU.

A partir da identificação dos impactos positivos e negativos decorrentes da

implantação de uma usina hidrelétrica de grande porte, foi definida uma lista de indicadores

para compor o índice ISUH. Os indicadores foram agrupados em duas dimensões: ambiental e

socioeconômica. Posteriormente, cada indicador foi submetido a uma métrica, sendo atribuída

uma classificação de sustentabilidade para cada um deles, variando desde “muito baixa” até

“muito alta” (sustentabilidade), passando por três níveis intermediários: “baixa”, “média” e

“alta”.

Foram considerados na composição do índice ISUH, 15 indicadores: 5 indicadores

ambientais e 10 indicadores socioeconômicos, os quais estão apresentados na tabela a seguir.

33

Tabela 2 – Indicadores ambientais e indicadores socioeconômicos considerados na elaboração do índice ISUH

(NT DEA 21/10).

Indicadores Ambientais Indicadores Socioeconômicos

Área Alagada População afetada

Perda de Vegetação Interferência em Tribos indígenas

Trecho de rio alagado Interferência em Assentamentos do INCRA

Interferência em UC11 Interferência em Infraestrutura

Interferência em APCB12 Potencial de empregos para a população local

Interferência em áreas urbanas

Interferência na circulação/comunicação

Impacto temporário na arrecadação municipal

Impacto permanentes na arrecadação municipal

Perda de área produtiva

2.3.3.2 Nota Técnica NT DEA 17/12 – Metodologia para avaliação socioambiental de

Usinas Hidrelétricas

Essa abordagem agrega os indicadores socioambientais de acordo com seu potencial

de impacto e os classifica como impactos negativos ou positivos. Os indicadores de impacto

negativo são tratados como “impactos” e os indicadores de impactos positivos são

denominados “benefícios”.

A avaliação é composta por três índices: índice de impactos ambientais, índice de

impactos socioeconômicos e índice de benefícios socioeconômicos. Cada um desses índices é

composto por três indicadores específicos, escolhidos segundo a relevância para a análise e

disponibilidade de dados para o cálculo (EPE, 2012). Dessa forma, foram selecionados nove

(9) variáveis, as quais estão apresentados na tabela 3.

Tabela 3 – Indicadores de impactos ambientais, indicadores de impactos socioeconômicos e indicadores de

benefícios socioeconômicos considerados na NT DEA 17/12.

11 UC - Unidades de Conservação. 12APCB - Área(s) Prioritária(s) para a Conservação da Biodiversidade. Uma APCB é, potencialmente, uma área

para futura constituição de uma UC (EPE, 2012).

Variáveis

Indicadores de Impactos Ambientais Perda de Vegetação

Interferência em UC

Transformação de ambiente lótico para lêntico

Indicadores de Impactos Socioeconômicos População Afetada

Interferência em Tribos Indígenas

Interferência em Infraestrutura

Indicadores de Benefícios Socioeconômicos Potencial de empregos para a população local

Impacto temporário na arrecadação municipal

Impacto permanente na arrecadação municipal

34

2.3.3.3 NT DEA 19/12 – Metodologia para a Análise Socioambiental Integrada.

A Análise Socioambiental Integrada busca indicar a incidência espacial do conjunto de

projetos de geração de energia constantes no PDE 2021, sob o ponto de vista das suas

interferências sobre as sensibilidades socioambientais regionais e os efeitos de proximidade

entre os projetos. Dessa forma, são consideradas nessa abordagem, as principais interferências

e os temas socioambientais geralmente associadosa um determinado tipo de projeto.

A partir dos temas socioambientais considerados nessa abordagem, foram

caracterizadas as sensibilidades regionais e a sua associação com os projetos de geração de

energia.

Essa análise buscou indicar os impactos socioambientais que merecem maior destaque

durante o processo de planejamento de um determinado tipo de empreendimento de geração

de energia. A tabela abaixo apresenta a síntese dos temas socioambientais mais importantes

relacionados aos projetos de UHE’s e PCH’s de acordo com as regiões onde estão localizados.

Tabela 4 – Síntese da análise socioambiental integrada dos projetos de UHE e PCH para a região sudeste.

Adaptado de EPE (2012).

Projetos Temas prioritários(região sudeste)

Usina Hidrelétrica – UHE Biodiversidade aquática

Vegetação nativa

Organização territorial

Populações indígenas

Pequena Central Hidrelétrica - PCH Biodiversidade aquática

Ainda que os temas socioambientais tenham prioridades diferentes de acordo com

cada região, todos são importantes para o planejamento da expansão da oferta de energia.

Alguns, no entanto, são prioritários para a gestão ambiental do setor energético, segundo os

resultados apontados por essa metodologia (EPE, 2012).

Os critérios de definição dos temas prioritários consideraram a frequência com que os

temas surgem no contexto de avaliação, associados às regiões e aos tipos de fontes de geração

de energia; além dos aspectos técnicos e jurídico-institucionais envolvidos.

35

Dessa forma, foram selecionados os seguintes temas considerados prioritários para o

planejamento do setor elétrico brasileiro:

Populações indígenas;

Áreas protegidas;

Biodiversidade aquática;

Vegetação nativa.

3 SELEÇÃO, JUSTIFICATIVA E INTERPRETAÇÃO DAS VARIÁVEIS

Após serem estabelecidos os critérios de seleção e agrupamento das variáveis (meio

biótico, meio físico e componentes-síntese), preocupou-se com a sua justifica e interpretação

das mesmas. Como mencionado anteriormente, foram considerados tantos os aspectos

técnicos quantos os teóricos na escolha das variáveis, tomando o cuidado para ser o mais

abrangente possível, de forma a estabelecer uma metodologia abrangente o suficiente para

considerar todas as tipologias de PCH’s existentes.

Segue abaixo a lista das variáveis selecionadas para compor o cenário de restrições

socioambientais, seguidas por suas justificativas de seleção e modo de interpretação.

3.1 MEIO BIÓTICO

3.1.1 PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA

Entende-se que quando há supressão da vegetação nativa e das pastagens existentes

nas áreas destinadas à infraestrutura de apoio e operacional de uma PCH, assim como quando

ocorre a remoção da vegetação em virtude da formação do reservatório, os elementos da fauna

são afetados. A possível presença de espécies ameaçadas de extinção eleva ainda mais a

magnitude e a importância desse impacto (BARBOSA, 2004).

Quando a supressão e a fragmentação de habitat nativo são combinadas, há

modificação na dinâmica da paisagem; podem ser gerados efeitos de borda13 em relação às

13 Os fragmentos de florestas não se comportam como florestas intactas. A criação dos fragmentos implica em

formação de bordas, ou seja, uma região de transição entre a área de uso atual do solo e o fragmento de floresta.

A borda do fragmento, portanto, está submetida às condições microclimáticas diferentes do interior do

fragmento, como por exemplo, a maior radiação solar lateral, a maior densidade de plantas,menor humidade, e

36

áreas contínuas e, consequentemente, podem ocorrer distúrbios que alteram as condições

físicas e biológicas originais, como por exemplo, a diminuição dos fluxos gênicos14 entre os

fragmentos; o que pode resultar na simplificação dos sistemas ecológicos (EPE, 2012).

De acordo com De Filippo et al. (1999), a transformação de um trecho de rio em

reservatório desencadeia uma série de processos biogeoquímicos, os quais podem interferir

nas características ambientais de uma área. Nesse sentido, é possível citar os impactos sob as

comunidades biológicas tanto no entorno da planta hidrelétrica quanto à sua jusante, com

reflexos sobre as áreas ribeirinhas.

Segundo Tiago Filho et al. (2003), o impacto ambiental da vazão ecológica que ocorre

em PCH’s do tipo desvio, compromete principalmente a fauna à jusante. Mesmo em pequenos

trechos, a interrupção do fluxo de organismos vivos pode impossibilitar a sua reprodução. Os

efeitos dos impactos ambientais à jusante de um empreendimento hidrelétrico, segundo

Yüksel,(2010) e Mcmanamay, Orth e Dolloff (2012) são complexos para serem avaliados e

não são totalmente equacionados.

Por fim, todos esses efeitos culminam na perda da biodiversidade por meio da perda

de espécies da fauna e da flora, sobretudo daquelas mais sensíveis à modificação do meio

(EPE, 2012).

Considerando o que foi exposto e tendo em vista a representação das áreas mais

suscetíveis aos impactos sobre a fauna em Minas Gerais, com vistas à elaboração do cenário

de restrições socioambientais para implantação de novas PCH’s no Estado, selecionamos no

banco de dados do ZEE-MG o mapa temático Prioridade de Conservação da Fauna.

Essa variável é analisada tendo como foco os grupos de vertebrados (peixes,

mamíferos, aves, répteis e anfíbios). Apesar de representarem uma pequena parcela da

diversidade geral de animais, assume-se que estes grupos apresentam maiores sensibilidades,

e como vertebrados, os humanos teriam também suscetibilidades semelhantes (SCOLFORO

et al., 2008).

em regiões temperadas já é consenso que as bordas de fragmentos florestais possuem composição de espécies

diferente do seu interior (RODRIGUES, 1998).

14Fluxo gênico é o movimento de genes de uma população para outra (geralmente da mesma espécie), resultante

do deslocamento de indivíduos ou de seus gametas. A movimentação de indivíduos entre populações, seguida de

cruzamentos, permite que novos genes e características se espalhem a partir de sua população de origem para

toda a espécie. (FUTUYMA, 2002).

37

As informações utilizadas na elaboração dessa variável pelo ZEE-MG foram obtidas

da base de dados do IEF (Instituto Estadual de Florestas), o qual orientou a publicação

“Biodiversidade em Minas Gerais: um Atlas para a sua conservação” (DRUMMONT et al.,

2005).

Para cada área considerada prioritária para a conservação, segundo o ZEE-MG, foi

feita uma reclassificação dos critérios utilizados pelo estudo supracitado, associando às áreas

valores de integridade em razão: do grau de endemismo, número de espécies ameaçadas e a

riqueza de espécies em uma determinada região (SCOLFORO et al., 2008).

A correspondência entre as classes definidas pelo Atlas de Áreas Prioritárias para a

Conservação e as classes utilizadas no sistema do ZEE-MG são apresentadas na tabela 5.

Tabela 5 – Conversão de classes da componente fauna para o sistema utilizado no ZEE-MG.

Classes no Atlas Biodiversitas Classes no ZEE-MG

Nenhuma Baixa

Potencial Média

Alta Alta

Muito alta Muito alta

Extrema Muito alta

Especial Muito alta

Fonte: ZEE-MG (2008).

3.1.2 PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DA FLORA

A vegetação nativa frequentemente é afetada por empreendimentos de geração de

energia, seja por alagamento ou supressão, o que implica em perda de habitat nativo e

biodiversidade. Alguns empreendimentos podem ser vetores de desmatamentos, promovendo

a abertura de clareiras e estradas em áreas preservadas (EPE, 2012).

Nem todas as PCH’s operam em associação com reservatórios, no entanto, os

empreendimentos que utilizam desse recurso para estabelecer uma vazão contínua,

necessariamente inundam áreas. As dimensões das áreas inundadas são altamente variáveis e

dependentes das características físicas do rio e de seu entorno, do regime de operação do

reservatório e de outros elementos de projeto (EPE, 2010).

38

Com o represamento dos rios e a inundação das lagoas marginais, a vegetação ripária15

é afetada; a alteração da hidrodinâmica do ecossistema implica em grandes alterações físicas,

químicas, limnológicas e ambientais (SMITH et al., 2002). Além disso, o processo de

formação dos reservatórios pode representar considerável aporte de matéria orgânica para

esses sistemas (CUNHA-SANTINO; BIANCHINI JR., 2002).

A maioria das alterações associadas aos meios físico, biótico e socioeconômico

decorre da formação dos reservatórios (EPE, 2010). Dessa forma, a perda de vegetação

ocasionada pela inundação pode reduzir os nichos ecológicos, 16 diminuir os recursos

alimentares e os locais de reprodução da fauna terrestre (EPE, 2012).

Em alguns casos, quando a vegetação anterior ao represamento é abundante, o

primeiro estágio de formação do reservatório pode ocasionar uma grande produção pesqueira

devido à grande disponibilidade de nutrientes no novo ambiente aquático. No entanto, ao

longo do tempo, os nutrientes tendem a se esgotar e a produção pesqueira diminui

substancialmente, podendo se estabilizar em níveis de baixa produção (BARBOSA, 2004).

Especificamente no sudeste e centro-oeste do Brasil, a importância das questões dos

impactos ambientais sob a flora relaciona-se diretamente aos remanescentes florestais dessas

regiões, os quais se encontram bastante fragmentados. Especificamente na região sudeste, a

vegetação nativa é considerada de alta sensibilidade devido à fragmentação dos poucos

remanescentes florestais existentes. Essa condição é agravada pelo fato de grande parte do

Estado estar sob o domínio da Mata Atlântica,17 o bioma brasileiro mais ameaçado e com o

menor percentual de cobertura original (EPE, 2012).

15 A definição de Mata Ripária pode ser subdividida em duas categorias: Mata Ciliar e Mata de Galeria. A Mata

Ciliar é definida como a vegetação florestal que acompanha os rios de médio e grande porte na região do

Cerrado, em que a vegetação arbórea não forma galerias; e por Mata de Galeria entende-se a vegetação florestal

que acompanha os rios de pequeno porte e córregos dos planaltos do Brasil Central, formando corredores

fechados (galerias) sobre o curso de água (ICMBio, 2016).

16 O habitat de um organismo é o local onde este vive, ou o local onde se deverá procurá-lo. O nicho ecológico,

por sua vez, é um termo com maior âmbito que inclui, não apenas o espaço físico ocupado por um organismo,

mas também o seu papel funcional na comunidade (como por exemplo, a sua posição trófica) e a sua posição nos

gradientes ambientais de temperatura, umidade, pH, solo e outras condições de existência (ODUM, 2004).

17A Mata Atlântica é formada por um conjunto de formações florestais e ecossistemas associados como as

restingas, manguezais e campos de altitude. Hoje os remanescentes de vegetação nativa estão reduzidos a cerca

de 22% de sua cobertura original e encontram-se em diferentes estágios de regeneração. Apenas cerca de 7%

estão bem conservados em fragmentos acima de 100 hectares. Estima-se que na Mata Atlântica exista cerca de

20.000 espécies vegetais, incluindo diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, por isso a região da

Mata Atlântica é altamente prioritária para a conservação da biodiversidade mundial. Em relação à fauna, os

levantamentos já realizados indicam que a Mata Atlântica abriga 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios,

200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes (BRASIL, 2016).

39

Considerando o que foi exposto, e tendo em vista a representação das áreas mais

suscetíveis aos impactos sobre a flora em Minas Gerais com vistas à elaboração do cenário de

restrições socioambientais para implantação de novas PCH’s no Estado, foi selecionado no

banco de dados do ZEE-MG, o mapa temático Prioridade de Conservação da Flora.

Na elaboração dos estudos do ZEE-MG, a variável “prioridade de conservação da

flora” é considerada um dos indicadores para a determinação da vulnerabilidade ambiental

natural de uma região. A sua determinação foi derivada da base de dados do IEF, que orientou

a publicação “Biodiversidade em Minas Gerais: um Atlas para a sua conservação”

(DRUMMONT et al., 2005). Nessa publicação são apresentadas as áreas prioritárias para a

conservação da flora de acordo com a ocorrência de espécies endêmicas18 ameaçadas de

extinção e outras variáveis operacionais (SCOLFORO et al., 2008).

Para cada área prioritária foi feita uma reclassificação dos critérios estabelecidos pelo

Atlas supracitado, associando as áreas a valores de vulnerabilidade estabelecidos pelo ZEE-

MG (Tabela 6), principalmente no que se refere à perda futura de vegetação nativa. A

correspondência entre as classes definidas no Atlas de Áreas Prioritárias para a Conservação e

as considerações do ZEE-MG são apresentadas na tabela abaixo.

Tabela 6 – Conversão de classes da componente flora para o sistema utilizado no ZEE-MG.

Classes no Atlas Biodiversitas Classes no ZEE-MG

Nenhuma Muito baixa

Corredor Baixa

Potencial Média

Alta Alta

Muito alta Muito alta

Extrema Muito alta

Especial Muito alta

Fonte: ZEE-MG (2008).

3.1.3 PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA

De acordo com Yüksel (2010) e Mcmanamay, Orth e Dolloff (2012) os impactos

ambientais à jusante de uma planta hidrelétrica associam-se principalmente com as alterações

da hidrologia. As flutuações de vazão dos rios afetam negativamente a flora e a fauna

18Em biologia, botânica e zoologia chamam-se endemismos (do grego endemos, ou seja, indígena) grupos

taxonômicos que se desenvolveram numa região restrita (CAIXINHAS, 1999).

40

(ASAEDA; RASHID, 2012; GUO et al., 2012), e podem comprometer os serviços

ecossistêmicos19, constituindo a maior parte dos impactos induzidos pelo desenvolvimento

desses empreendimentos (PANG et al., 2015).

A perda de ambientes e espécies aquáticas pode representar consequências adversas

sobre os ecossistemas, sobre a pesca de subsistência e comercial. Este tema apresenta alta

sensibilidade nas regiões sudeste, nordeste e sul, devido à fragmentação a que estão sujeitas as

populações de peixes (EPE, 2012).

Os ecossistemas aquáticos sofrem os impactos das atividades humanas com maior

intensidade em relação aos ambientes terrestres, pois toda a influência das atividades

antrópicas irá afetar o fluxo de matéria e de energia, e impactar diretamente os corpos d’água

(KARR, 1998). Os ecossistemas aquáticos continentais são os ambientes mais ameaçados do

mundo (DUDGEON et al., 2006) e apresentam taxas de extinção superiores à dos ambientes

terrestres (SALA et al., 2000).

A conectividade de bacias e rios encontra-se comprometida pelo grande número de

barramentos construídos ao longo dos últimos 60 anos no país. Dessa forma, entende-se que

novos empreendimentos hidrelétricos podem aumentar ainda mais essa fragmentação e alterar

os ambientes aquáticos remanescentes ainda íntegros (EPE, 2012).

Vale ressaltar o efeito das PCH’s nesse processo, uma vez que contribuem de forma

expressiva para o aumento do número de barramentos, podendo não só reduzir a velocidade

do fluxo da água, como também comprometer o conflito de usos múltiplos da água (EPE,

2012).

Considerando o que foi exposto e tendo em vista a representação das áreas mais

suscetíveis aos impactos sobre a ictiofauna em Minas Gerais, com foco na elaboração do

cenáriode restrições socioambientais, foi selecionado do banco de dados do ZEE-MG o mapa

temático Ictiofauna.

Essa variável é analisada separadamente dos demais grupos de vertebrados como

forma de melhor abordá-la e representá-la, visto que os peixes estão entre os componentes da

19Entende-se por serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos os benefícios que as pessoas obtêm da natureza,

direta ou indiretamente, através dos ecossistemas, a fim de sustentar a vida no planeta (OECO, 2014). Segundo

a Avaliação Ecossistêmica do Milênio da ONU (2005), os serviços ambientais, podem ser divididos em:Serviços

de Provisão: alimentos, água doce, fibras, produtos químicos, madeira; Serviços de Regulação: fotossíntese das

florestas; controle do clima, polinização de plantas, controle de doenças e pragas; Serviços Culturais: de natureza

recreativa, educacional, religiosa ou estético-paisagística; eServiços de Suporte: Ciclagem de nutrientes,

formação do solo e dispersão de sementes.

41

biodiversidade faunística que sofrem a maior pressão antrópica, principalmente quando se

trata de exploração de recursos hídricos; além de ser o único grupo faunístico brasileiro para

em relação ao qual a caça amadora e profissional ainda é permitida (SCOLFORO et al.,

2008).

Para cada área considerada prioritária para a conservação da ictiofauna, foi feita uma

reclassificação dos critérios de prioridade para a conservação, conforme a descrição

apresentada anteriormente na tabela 5.

3.2 MEIO FÍSICO

3.2.1 ERODIBILIDADE E INCLINAÇÃO DO TERRENO

Entende-se que o revolvimento dos solos quando da instalação de uma PCH pode

causar impactos ambientais sob o meio físico, principalmente no momento da instalação dos

componentes de obra civil, abertura de vias de acesso e formação do reservatório.

A movimentação do solo pode induzir processos erosivos e instabilização; ademais,

podem agravar focos de erosão já existentes, constituindo aporte de sedimentos para os corpos

hídricos, com impacto sobre a qualidade da água (BARBOSA, 2004; ADRADA, 2013).

Os impactos ambientais associados ao meio físico, abordados em diferentes escalas

espaciais, tendem a ser mais expressivos no entorno da planta hidrelétrica, onde se encontram

os principais componentes de infraestrutura (LI et al., 2007; ZHANG et al., 2007 e

PASCALE, URMEE E MOORE, 2011).

De acordo com Andrade et al.(2015), o quadro de impactos tende a se agravar quando

os empreendimentos são instalados em locais sensíveis e ambientalmente significantes.

Segundo Scolforo et al. (2008), a geomorfologia é considerada o principal fator responsável

pela susceptibilidade dos solos à erosão, juntamente com a intensidade de chuvas e a

exposição do solo.

Dessa forma, foram selecionadas do banco de dados do ZEE-MG os mapas temáticos

de erodibilidade e declividade do terreno, com o intuito de representar as principais variáveis

associadas aos impactos ambientais sob o meio físico, com vistas à elaboração do cenário de

restrições socioambientais.

42

O mapa de declividade foi obtido a partir de um modelo digital de elevação e foi

classificado conforme Lemos e Santos (1996) em: plano (0 a 3%); suave-ondulado (3 a 8%);

ondulado (8 a 20%); forte-ondulado (20 a 45%); montanhoso (45 a 75%); e escarpo (> 75%).

A tabela 7 ilustra a associação das variáveis erodibilidade e declividade para a

determinação do risco potencial de erosão dos solos de Minas Gerais, conforme metodologia

estabelecida pelo ZEE-MG.

Tabela 7 – Estimativa do risco potencial de erosão com base na associação das variáveis erodibilidade e

declividade.

Risco de erosão Erodibilidade Declividade

Muito baixo Muito baixa ou Baixa Plano ou suave-ondulado

Baixo Muito baixa Ondulado

Média Plano ou suave-ondulado

Médio

Muito baixa Forte-ondulado

Baixa ou Média Ondulado

Alta ou Muito alta Plano ou suave-ondulado

Alto Forte-ondulado

Baixa ou Média

Alta Ondulado

- Montanhoso

Alta Forte-ondulado

Muito alto Muito Alta Ondulado ou Forte-ondulado

Fonte: ZEE-MG (2008).

3.3 COMPONENTES-SÍNTESE

3.3.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o SNUC, define Unidade de

Conservação - UC como:

[o] espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,

com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público,

com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de

administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

43

As UC’s podem ser reunidas em dois grupos: unidades de proteção integral e unidades

de uso sustentável (a Lei nº 9.985 conceitua e caracteriza cada um desses tipos de unidades de

conservação).

Assim, os empreendimentos hidrelétricos podem ser avaliados em função de sua

localização em relação à unidade e ao grupo de UC’s a que se referem (proteção integral ou

uso sustentável).

A introdução da variável Unidades de Conservação na composição do cenário de

restrições socioambientais tem por objetivo considerar as possíveis interferências

socioambientais que essas áreas podem sofrer, bem como sinalizar essa informação na fase de

planejamento de novos projetos de PCH’s. Partindo-se da premissa de que as UC’s são áreas

legalmente protegidas e constituintes de áreas de preservação permanente e reservas legais,

deve-se considerá-las no planejamento da expansão do setor de geração de energia.

Considerando o que foi exposto e tendo em vista a consideração das UC’s na

composição do cenário de restrições socioambientais, foi selecionado do banco de dados do

ZEE-MG, o mapa temático Unidades de Conservação. O intuito principal é sinalizar as

possíveis desvantagens socioambientais associadas à proximidade com as áreas legalmente

protegidas.

3.3.2 TRIBOS INDÍGENAS

O art. 231 da Constituição Federal reconhece a organização social, costumes, línguas,

crenças, tradições e os direitos originários dos povos indígenas sobre as terras que

tradicionalmente ocupam, definindo como competência da União demarcá-las, proteger e

fazer respeitar todos os seus bens.

O conceito “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”, segundo a Constituição

Federal, é definido como sendo as áreas:

por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades

produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários ao

seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos,

costumes e tradições (art. 231, § 1º).

Essas terras "são bens da União" (art. 20, inciso XI) e são "inalienáveis e indisponíveis

e os direitos sobre elas imprescritíveis" (art. 231, §4º).

44

Nas regiões norte e centro-oeste situam-se as terras indígenas mais extensas do país,

onde se concentra a maior parte das etnias e das populações indígenas que habitam o território

nacional. No entanto, as questões indígenas relacionadas aos projetos hidrelétricos também

repercutem na região sudeste do país.

Tendo em vista a tutela especial estabelecida pela Constituição, as interferências de

empreendimentos de qualquer natureza em tribos indígenas(TI’s) demandam estudos

antropológicos específicos para determinar os impactos sobre esses povos (EPE, 2012). Nesse

trabalho, a introdução da variável Tribos Indígenas na composição do cenário de restrições

socioambientais tem por objetivo considerar as possíveis interferências socioambientais que

essas áreas podem sofrer, bem como, sinalizar essa informação na fase de planejamento de

novos projetos de PCH’s.

Partindo da premissa de que as TI’s são áreas legalmente protegidas e constituintes de

áreas de preservação permanente e reservas legais, deve-se considerá-las na fase de

planejamento da expansão do setor de geração de energia.

Considerando o que foi exposto e tendo em vista a consideração das TI’s na

composição dos cenários de restrições socioambientais, foi selecionado do banco de dados do

ZEE-MG, o mapa temático Tribos Indígenas. O intuito principal é sinalizar na fase de

planejamento dos projetos, as possíveis desvantagens socioambientais associadas à

proximidade com essas áreas.

4 ESPACIALIZAÇÃO E ELABORAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS

4.1 MÉTODO DA ANÁLISE HIERÁRQUICA DE PROCESSOS (AHP)

O método AHP (Analytic Hierarchy Process) foi desenvolvido por Thomas L. Saaty, e

publicado no livro The analytic hierarchy process em 1980. A motivação do desenvolvimento

dessa técnica partiu, dentre outros fatores, das dificuldades de comunicação e da ausência de

enfoque sistêmico na prática de determinação de prioridades na tomada de decisão (SAATY,

1991).

Segundo o seu idealizador, o método AHP pode ser útil na tomada de decisão, uma

vez que articula o conhecimento ao julgamento, de forma que as questões envolvidas sejam

claramente avaliadas, debatidas e priorizadas. Uma das grandes vantagens do AHP é a

45

possibilidade de se moldar ao problema considerado, combinando dados quantitativos e

aspectos subjetivos, envolvendo também o grau de certeza ou incerteza associado à análise

(SAATY, 1991).

A escolha do método de multicritério AHP como parte integrante dessa pesquisa foi

motivada pelos aspectos de consistência lógica e facilidade de uso; além da alta frequência de

seu emprego em estudos aplicações práticas em vários campos de estudo e trabalhos similares

(TAGLIANI, 2003; DONHA et al., 2006; KAYA; KAHRAMAN, 2011; CHAN et al.,2014;

SHEN; MUDULI; BARVE, 2015; SIVAKUMAR; KANNAN; MURUGESAN, 2015;

TOPUZ; VAN GESTEL, 2016; e SINGH; NACHTNEBEL, 2016).

A aplicação do AHP baseia-se na comparação entre pares de critérios e subcritérios (se

existirem), e na construção de uma série de matrizes quadradas. As comparações par a par,

expressas em termos linguísticos/verbais, são convertidas em valores numéricos usando a

Escala Fundamental de Saaty para julgamentos comparativos(ver Tabela 8). Dessa forma, é

arbitrado o grau de importância do elemento de um determinado nível sobre os elementos de

níveis inferiores.

Tabela 8 – Escala Fundamental de Saaty para julgamentos comparativos.

A comparação par a par das variáveis permite a geração de matrizes quadradas, onde o

número na linha i e na coluna j dá a importância do critério Ci em relação à Cj, como se

observa na forma matricial indicada abaixo:

Intensidade de

importância Definição Explicação

1 Mesma importância As duas atividades contribuem igualmente para o objetivo

3

Importância pequena de

uma sobre a outra

A experiência e o julgamento favorecem levemente uma atividade

em relação a outra

5

Importância grande ou

essencial

A experiência e o julgamento favorecem fortemente uma

atividade em relação a outra

7

Importância muito grande

ou demonstrada

Uma atividade é muito fortemente favorecida em relação a outra;

sua dominação de importância é demonstrada na prática

9 Importância absoluta

Quando se procura uma condição de compromisso entre as

definições

2,4,6,8

Valores intermediários

entre os valores adjacentes Quando se procura uma condição entre as duas definições

46

Os elementos aij indicam o julgamento do par de critérios (Ci, Cj) e α o valor

daintensidade de importância. Saaty (1991) define as seguintes regras para cada elemento aij

da matriz:

• Se aij = α, então aij = 1/ α, α ≠ 0.

• Se Ci é julgado como de igual importância relativa a Cj, então aij = 1, aji = 1 e aii = 1, para

todo i.

A tabela 9 apresenta a matriz de ponderação dos pesos das variáveis selecionadas para

compor o cenário de restrições socioambientais, com base na atribuição de julgamentos

comparativos.

Tabela 9 – Matriz de comparação pareada e pesos calculados.

Variáveis

Comparação

pareada

Ictiof. TI Fauna Flora UC Erodib. Decliv. Pesos Arredond.

Ictiof. 1 - - - - - - 0,281256 0,28

TI 3 1 - - - - - 0,238886 0,24

Fauna 3 3 1 - - - - 0,178371 0,17

Flora 5 3 1 1 - - - 0,1409 0,14

UC 5 5 3 3 1 - - 0,109418 0,11

Erodib. 7 7 7 5 5 1 - 0,025585 0,03

Decliv. 7 7 7 5 5 1 1 0,025585 0,03

Cumprida a fase de julgamento dos valores e a formação das matrizes de comparação,

a fase seguinte é o momento da obtenção do Quadro de Julgamentos Normalizados. Para cada

nó de julgamento da hierarquia calcula-se a matriz normalizada. O cálculo compreende o

somatório dos elementos de cada coluna e a divisão de cada elemento da coluna pelo

respectivo somatório. A matriz resultante desse processo é chamada de matriz normalizada, e

a partir desse resultado são definidos os pesos associados a cada variável. A equação da

matriz normalizada é definida como:

𝐴′ = [𝑎′𝑖𝑗]

𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑎′𝑖𝑗 =

𝑎′𝑖𝑗

∑ 𝑎𝑖𝑘𝑛𝑘−1

𝑝𝑎𝑟𝑎 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛, 𝑒 1 ≤ 𝑗 ≤ 𝑛

47

Como a base do método AHP é a realização de um julgamento de valor, podem se

esperar, em algumas situações, avaliações inconsistentes. Prevendo essa eventualidade, Saaty

propõe procedimentos que permitem avaliar a consistência dosjulgamentos:

i) Cálculo do Índice de Consistência (IC): do inglês Consistency Index, avalia ograu de

inconsistência da matriz de julgamentos paritários, através da seguinte equação:

𝐼𝐶 =[𝜆𝑚𝑎𝑥 − 𝑁]

𝑁 − 1

onde:

N é a ordem da matriz e λmax é o maior autovalor da matriz de julgamentos paritários.

O parâmetro λmax foi calculado pelo comando >> eig(matriz) no software Matlab,

obtendo-se como resultado o valor 7.5460. Portanto, para o cálculo de IC tem-se:

𝐼𝐶 =[7,5460 − 7]

7 − 1= 0,0910

ii) Cálculo da Razão de Consistência (RC): do inglês Consistency Ratio, permite avaliar a

inconsistência em função da ordem da matriz de julgamentos, através da seguinte equação:

𝑅𝐶 =𝐼𝐶

𝐼𝑅

onde:

IC é o Índice de Consistência e IR é o Índice Randômico (do inglês, Random Index).

O IR é o índice de consistência obtido para uma matriz randômica recíproca, com

elementos não-negativos. Para vários tamanhos da matriz N foram aproximados os valores de

IR com base em um grande número de simulações, segundo Saaty (1981), conforme

demonstra a tabela 10:

48

Portanto, para o cálculo de IR, tem-se:

𝐼𝑅 =0,0910

1,32= 0,0689

Em seu trabalho, Saaty sugere que é aceitável uma razão de consistência menor que

0,10. Para valores de RC > 0,10, sugere-se uma revisão da matriz de comparações.

4.2 ELABORAÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS CENÁRIOS DE RESTRIÇÕES

De acordo com Ross (1990), o planejamento territorial deve ser entendido como uma

leitura dinâmica do ambiente, inserido no processo de ocupação, o qual norteia o

desenvolvimento e a apropriação do território e de seus recursos naturais.

Os trabalhos de planejamento e gerenciamento dos recursos naturais requerem vários

tipos de dados para possibilitar a sua análise. Para cada problema em questão são criados

cenários específicos com o propósito de identificar as principais variáveis necessárias para

produzir a informação desejada e possibilitar a tomada de decisão (PAREDES, 1994).

Segundo Maximiniano (1996), os sistemas de informações geográficas (SIG’s),

auxiliam a integração desses dados, permitindo a avaliação de determinado fenômeno,

portanto, trata-se uma ferramenta importante para o planejamento estratégico.

Nesse trabalho, foram selecionadas sete (7) variáveis para representar os principais

condicionantes socioambientais de PCH’s, visando o planejamento da instalação de novos

empreendimentos em Minas Gerais. Essas variáveis, dependendo de sua situação atual,

influenciam mais ou menos na viabilidade ambiental da instalação de determinado projeto

hidrelétrico em uma área potencial para esse tipo de aproveitamento.

Dessa forma, empregou-se a análise de multicritério para operacionalizar a

investigação combinada dessas variáveis e para, posteriormente, gerar um mapa síntese como

produto final (cenário de restrições socioambientais). A análise de multicritério em ambiente

Tabela 10 – Índices de Consistência Randômicos (IR).

Ordem da matriz (N) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Valores de IR 0 0 0,58 0,9 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49 1,51

49

SIG, combinada com o método de álgebra de mapas, permitiu o agrupamento e classificação

das áreas que apresentam potencial de restrições socioambientais semelhantes, caracterizando

as áreas de acordo com o seu grau de restrições.

Para a elaboração dos mapas foram utilizados os softwares ArcMap versão 9.3e gvSIG

desktop versão 2.0.0, obedecendo os seguintes procedimentos:

Definição das variáveis que integram o estudo (Prioridade de conservação da flora,

Prioridade de conservação da fauna, Prioridade de conservação da ictiofauna,

Erodibilidade, Inclinação do terreno, Unidades de Conservação e Tribos Indígenas) e

as áreas potenciais de exploração hidroenergética em Minas Gerais,mencionadas no

tópico 2.1.1;

Inserçãodos arquivos shapefile no ArcMap;

Criação de arquivo raster para cada shapefile inserido. Paraa conversãodo arquivo

vetorial em matricial, foi utilizada a coluna da tabela de atributos correspondente à

informação selecionada de cada variável, através das ferramentas:

ArcToolbox> Conversion tools > To raster > Feature to raster.

Após a conversão dos dados vetoriais, foi necessário definir pesos (de 0 – 100%) para

cada variável, de modo marcar o grau de importância relativa de cada uma delas e a sua

correlação com o fenômeno em questão (restrições socioambientais para PCH’s). Além disso,

foram definidas notas de 1 a 5 para cada componente de legenda das variáveis, entendendo

que quanto maior a nota/peso, maior a sua importância.

A definição dos pesos de cada variável (Tabela 11) foi estabelecida através do método

da Análise Hierárquica de Processos – AHP, proposta por Saaty (1980), o qual está descrito

no tópico 4.1 deste trabalho; e a definição das notas dos componentes de legenda tomou-se

como base a classificação original do ZEE-MG (Tabela 12).

Tabela 11 – Definição dos pesos de cada variável com base no método AHP.

Variável Pesos (0-1) 100%

Prioridade de conservação da ictiofauna 0,28

Tribos indígenas 0,24

Prioridade de conservação da fauna 0,17

Prioridade de conservação da flora 0,14

Unidades de Conservação 0,11

Erodibilidade 0,03

Inclinação do terreno 0,03

50

Tabela 12 – Definição de notas/pesos dos componentes de legenda das variáveis com base nos atributos

estabelecidos pelo ZEE-MG.

Variável Atributos (ZEE-MG) Notas/Pesos (1 a 5)

Prioridade de conservação da flora

Muito baixa 1

Baixa 2

Média 3

Alta 4

Muito Alta 5

Prioridade de conservação da fauna

Ausente 1

Alta 2

Muito alta 3

Extrema 4

Especial 5

Prioridade de conservação da ictiofauna

Baixa 2

Média 3

Alta 4

Muito alta 5

Erodibilidade

Muito baixa 1

Baixa 2

Média 3

Alta 4

Muito Alta 5

Inclinação do terreno

Plano ou suave-ondulado 2

Ondulado 3

Forte-ondulado 4

Montanhoso ou escarpo 5

Unidades de Conservação

Ausente 1

Uso sustentável 4

Proteção Integral 5

Tribos Indígenas Ausente 1

Presente 5

Após a conversão de todos os shapefiles em arquivo raster, foi necessário

reclassificar os valores/informações da coluna de atributos selecionada para representar os

níveis de restrições socioambientais de cada variável, atribuindo notas de importância

conforme a Tabela 12. Os mapas temáticos de cada variável após a reclassificação e a

associação de notas/pesos encontram-se nos anexos (ANEXO I ao ANEXO VII).

Para reclassificar os valores utilizou-se a ferramenta Spatial Analyst > Reclassify.

A partir do comando Reclassify, em Input raster selecionou-se o raster submetido à

reclassificação; em Reclass Field, selecionou-se a coluna de atributos a ser

51

reclassificada; em Set values to reclassify, foram inseridas as notas. Esse comando foi

repetido para todos os arquivos raster.

A combinação das variáveis para a criação do mapa de restrições socioambientais

obedeceu ao seguinte sequenciamento:

Spatial Analyst > Raster Calculator.

Nesse momento foi inserida a equação de criação do mapa com base nos pesos

estabelecidos para cada variável (pesos/notas dos componentes de legenda e pesos

entre as variáveis – Método AHP). O resultado dessa equação gerou o mapa final em

formato raster (ANEXO VIII).

Na etapa seguinte foram definidas e renomeadas as classes obtidas:

Symbology > Classified

definição da quantidade de classes, método de classificação e cores (nesse trabalho

foram definidas 5 classes).

Em síntese, o processo como um todo obedeceu ao sequenciamento do fluxograma

abaixo: Figura 4 - Fluxograma de elaboração do cenário de restrições socioambientais.

52

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 ANÁLISE DO CENÁRIO DE RESTRIÇÕES SOCIOAMBIENTAIS PARA PCH’S

A validação dos resultados produzidos pelo cenário de restrições socioambientais, foi

procedida através da análise de dois mapas temáticosque foram elaborados (ANEXO IX e

ANEXO X), correspondentes às duas UPGRH’s20 - Unidades de Planejamento e Gestão de

Recursos Hídricos: a UPGRH PN3 (Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba) e a UPGRH PS2

(Afluentes mineiros dos rios Pomba e Muriaé).

O cenário de restrições socioambientais foi classificado em cinco (5) intervalos, os

quais variam desde “muito baixa” (restrição socioambiental para a implantação de PCH’s) até

“muito alta”, passando pelos estágios “baixo”, “médio” e “alto”.

5.1.1 UPGRH PN3 - AFLUENTES MINEIROS DO BAIXO PARANAÍBA (BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO PARANAÍBA)

A Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba está inserida na Região Hidrográfica (RH) do

Paraná (ANEXO XI). A RH do Paraná possui uma área de aprox. 879.873 km² (10% do

território nacional), e abrange sete estados da federação: São Paulo, Paraná, Mato Grosso do

Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal. A região apresenta o maior

desenvolvimento econômico do país e as maiores demandas por recursos hídricos, tendo

como destaque o uso industrial (ANEEL, 2015).

A RH do Paraná está dividida em 11 bacias hidrográficas, dentre as quais estão:

Aguapeí Peixe, Grande, Iguaçu, Ivaí, Paranaíba, Paranapanema, Piquiri, Tietê, Bacias de

contribuição ao reservatório Ilha Solteira, Bacias de contribuição ao reservatório Itaipu e

Afluentes da Margem Direita do Rio Paraná (ANEEL, 2015).

Os principais rios da região, com comprimento maior que 500 km, são: Paraná (1.405

km), Grande (1.270 km), Iguaçu (1008 km), Paranaíba (994 km), Tietê (947 km),

Paranapanema (819 km), Ivaí (639 km) e Tibagi (522 km) (ANEEL, 2015).

20As UPGRHs foram estabelecidas visando a implantação dos instrumentos da Política Estadual e da gestão

descentralizada dos recursos hídricos no Estado de Minas Gerais (EUCLYDES et al., 2010b).

53

A população total dessa região hidrográfica, segundo Brasil (2010), é de

aproximadamente 61,3 milhões de habitantes. A densidade populacional média dessa região é

bastante alta, chegando a 69,7 hab./km², em relação à média nacional que é de 22,4 hab./km².

A bacia hidrográfica do rio Paranaíba é a segunda maior unidade hidrográfica da RH

do Paraná, abrangendo parte dos estados de Goiás (65%), Minas Gerais (30%), Distrito

Federal (3%) e do Mato Grosso do Sul (2%). O rio Paranaíba, cuja nascente ocorre na Serra

da Mata da Corda, percorre cerca de 1.160 km até sua foz, no encontro com o Rio Grande

(EUCLYDES et al.,2010a).

Os principais tributários do rio Paranaíba em território mineiro são os rios Araguari,

Tijuco, da Prata, Dourados, Perdizes, Bagagem, Uberabinha, Pouso Alegre, São Domingos,

Capivara, Quebra Anzol, Misericórdia, Arantes, São Jerônimo, São Lourenço, do Peixe,

Piracanjuba, Cocal, Douradinho, Monte Alegre, Babilônia, Bom Jardim, das Furnas,

Mandaguari, Claro, Tamanduá, Salitre, Santo Antônio, São João, Santo Inácio e Preto

(EUCLYDES et al., 2010a).

De acordo com Deliberação Normativa do CERH/MG, nº 06/2002 e suas alterações, a

bacia hidrográfica do rio Paranaíba foi dividida em três UPGRH's: PN1 - Rio Dourados; PN2

- Rio Araguari; e PN3 - Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba.

A região selecionada da UPGRH PN3, segundo o cenário elaborado, apresentou

restrições nas classes “alta” e “muito alta” em parte da extensão do Rio Tijuco e seus

principais tributários: Ribeirão São Lourenço, Ribeirão Monte Alegre, Ribeirão Babilônia e o

Rio Dourado. As regiões próximas à Uberlândia e Uberaba apresentaram os maiores

percentuais de restrições na classe “muito alta”, com destaque para o Rio Tijuco e o Rio

Dourado.

A classe de restrição “média” foi encontrada na extensão do Rio Prata e os seus

principais tributários, além de alguns tributários do Rio Tijuco. A classe de restrição “baixa”

foi encontrada em alguns dos principais tributários do Rio Prata: Rio do Peixe, Rio Cocal, Rio

Piracanjuba e Ribeirão São Jerônimo. Também foram encontradas a classe de restrições

“baixa” em parte da extensão dos Rios Arantes, Rio São Domingos e Rio Piedade.

A tabela 13 apresenta o resultado da análise espacial do cenário de restrições

socioambientais para a UPGRH - PN3.

54

Tabela 13 – Resultado da análise espacial do cenário de restrições para a UPGRH – PN3.

UPGRH - PN3

Classe Percentual Área (Km²)

Muito baixa 69,90% 18.429,51

Baixa 23,76% 6.264,88

Média 4,39% 1.159,56

Alta 1,27% 333,41

Muito alta 0,68% 178,78

Total 100% 26.366,14

5.1.2 UPGRH PS2 - AFLUENTES MINEIROS DOS RIOS POMBA E MURIAÉ (BACIA

DO RIO PARAÍBA DO SUL)

A Região Hidrográfica Atlântico Sudeste (ANEXO XII) drena uma das mais

expressivas regiões hidrográficas brasileiras. É a segunda RH mais populosa, com

aproximadamente 28.3 milhões de habitantes (BRASIL, 2010). Apresenta alta diversidade de

atividades econômicas e significativo parque industrial, constituindo-se em uma das mais

desenvolvidas regiões do país. A densidade demográfica é alta, chegando a 131,6 hab./km²

(ANEEL, 2015).

A RH é formada pelas bacias hidrográficas dos rios que deságuam no litoral sudeste

brasileiro, do norte do Espírito Santo ao norte do Paraná. Essa RH está dividida em cinco

unidades hidrográficas: Doce, Litorânea/RJ-ES, Litorânea/SP-RJ, Paraíba do Sul e Ribeira de

Iguapé. É constituída por diversos e pouco extensos rios que formam as bacias dos rios

Itapemirim, Fluminense e Paulista, destacando-se os rios Paraíba do Sul, Doce, Ribeira do

Iguape, Manhuaçu, Piranga, Pomba, Muriaé, Suaçuí Grande, Santo Antônio, Paraitinga e

Peixe (ANEEL, 2015).

A bacia do rio Paraíba do Sul, selecionada para a análise do cenário de restrições,

situa-se na região sudeste do Brasil. Ocupa área de aproximadamente 62.074 km²,

estendendo-se pelos estados de São Paulo (14.510 km²), Rio de Janeiro (26.851 km²) e Minas

Gerais (20.713 km²), abrangendo 184 municípios - 88 em Minas Gerais, 57 no Estado do Rio

e 39 no estado de São Paulo(EUCLYDES et al., 2010b).

Os principais tributários do rio Paraíba do Sul em território mineiro são os rios

Paraibuna, Brumado, Peixe, Preto, Bananal, Cágado, Angú, Pirapetinga, Pomba, Formoso,

55

Piau, Novo, Glória, Muriaé, Carangola, Porciúncula, São João, Itabapoana,

Aventureiro(EUCLYDES etal.,2010b).

De acordo com Deliberação Normativa do CERH/MG, nº 06/2002 e suas alterações, a

bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul foi dividida em duas UPGRH’s: PS1 - Afluentes do

rio Preto e Paraibuna e PS2 - Afluentes mineiros dos rios Pomba e Muriaé.

A região selecionada da UPGRH PS2, segundo o cenário elaborado, apresentou

resultado de restrições nas classes “alta” e “muito alta” em parte da extensão do Rio Glória.

As classes de restrições “alta” e “média” foram encontradas em parte da extensão do Rio

Carangola e do Rio Pomba. Já a classe de restrição “baixa” foi encontrada em parte da

extensão do Rio São Geraldo.

A Tabela 14 apresenta o resultado da análise espacial do cenário de restrições

socioambientais para a UPGRH – PS2.

Tabela 14 – Resultado da análise espacial do cenário de restrições para a UPGRH – PS2.

UPGRH – PS2

Classe Percentual Área (Km²)

Muito baixa 67,75% 8.136,32

Baixa 14,80% 1.776,00

Média 10,57% 1.269,35

Alta 5,90% 709,69

Muito alta 0,98% 117,31

Total 100% 12.008,67

5.2 DISCUSSÕES

De acordo com os resultados apresentados anteriormente, pode-se observar que os

maiores percentuais de restrições socioambientais nas classes “alta” e “muito alta”, e seus

correspondentes em área, ocorreram na UPGRH PS2 (Bacia do Paraíba do Sul).

Com o intuito de entender o comportamento do resultado final dos mapas de restrições

socioambientais das duas áreas analisadas, foi investigado o percentual de ocorrência

individual de cada classe de variável nas UPGRH’s. A Tabela 15 apresenta o percentual de

ocorrência das variáveis para a UPGRH – PN3 e a Tabela 16 apresenta o percentual de

ocorrência das variáveis para a UPGRH – PN3.

56

Tabela 15 – Percentual de ocorrência das classes restrições de cada variável para a UPGRH PN3.

Variável Classe Ocorrência (100%)

Prioridade de conservação da flora

Muito baixa 76,80%

Baixa -

Média 11,45%

Alta 11,75%

Muito Alta -

Prioridade de conservação da fauna

Ausente 94,44%

Alta 0,76%

Muito alta 0,09%

Extrema 4,71%

Especial -

Prioridade de conservação da ictiofauna

Baixa -

Média 95,54%

Alta 0,04%

Muito alta 4,42%

Erodibilidade

Muito baixa 16,49%

Baixa 78,42%

Média 3,95%

Alta -

Muito Alta 1,14%

Inclinação do Terreno

Plano ou suave-ondulado 95,21%

Ondulado 4,63%

Forte-ondulado 0,16%

Montanhoso ou escarpo -

Unidades de Conservação

Ausente 99,64%

Uso sustentável -

Proteção Integral 0,36%

Tribos Indígenas Ausente 100%

Presente -

No caso da UPGRH PN3, a variável “Prioridade de Conservação da Ictiofauna”

influenciou fortemente o resultado final do cenário de restrições, uma vez que apresentou

percentual elevado para os componentes de legenda nas classes “muito alta”, além de ter

recebido o maior valor na ponderação dos pesos pela Análise Hierárquica de Processos

(AHP). Estão atribuídas a essas classificações valores de integridade em razão ao grau de

endemismo das espécies da ictiofauna, o número de espécies ameaçadas de extinção e a

riqueza de espécies dessa região.

57

As variáveis “Prioridade de Conservação da Fauna” e “Prioridade de Conservação da

Flora” apresentaram predominância nas classes “ausente” e “muito baixa”; por essa razão,

essas variáveis foram pouco expressivas em termos de restrições no tocante ao resultado final.

Espera-se, dessa forma, que nessa região exista baixa ocorrência de espécies endêmicas e/ou

ameaçadas de extinção.

A predominância da inclinação do terreno nas classes “plano ou suave-ondulado” e a

variável “Erodibilidade”com predominância na classe “baixa” também representaram pouca

expressividade no mapa final. Não foram encontradas restrições expressivas para a variável

“Unidades de Conservação”; e não foram registradas ocorrências de tribos indígenas nessa

região.

Tabela 16 – Percentual de ocorrência das classes de restrições de cada variável para a UPGRH PS2.

Variável Classe Ocorrência

Prioridade de conservação da flora

Muito baixa 48,50%

Baixa 44,98%

Média -

Alta -

Muito Alta 6,52%

Prioridade de conservação da fauna

Ausente 76,80%

Alta 0,16%

Muito alta 1,55%

Extrema 18,47%

Especial 3,02%

Prioridade de conservação da ictiofauna

Baixa 97,60%

Média 0,85%

Alta 0,05%

Muito alta 1,50%

Erodibilidade

Muito baixa 17,35%

Baixa 77,40%

Média 1,87%

Alta 3,38%

Muito Alta -

Inclinação do Terreno

Plano ou suave-ondulado 43,60%

Ondulado 41,25%

Forte-ondulado 14,80%

Montanhoso ou escarpo 0,35%

Unidades de Conservação

Ausente 90,06%

Uso sustentável 9,65%

Proteção Integral 0,29%

Tribos Indígenas Ausente 100%

Presente -

O cenário de restrições da UPGRH PS2 foi fortemente influenciado pelas variáveis

“Prioridade de Conservação da Ictiofauna”, “Prioridade de Conservação da Fauna” e

58

“Prioridade de Conservação da Flora”; a ocorrência de classes altamente restritivas nessa

região, combinadas com os valores mais elevados da ponderação de pesos das variáveis,

influenciaram de forma expressiva no resultado final. Portanto, é possível associar a essa

região maior valor de integridade em função do grau de endemismo, espécies ameaçadas e

riqueza de espécies, conforme a classificação do ZEE-MG.

As variáveis “Erodibilidade” e “Inclinação do Terreno” apresentaram predominância

nas classes menos restritivas, que combinadas com os menores valores da ponderação de

pesos, influenciaram de maneira pouco expressiva no resultado final. As Unidades de

Conservação ocorrem em maiores proporções na bacia do Paraíba do Sul, principalmente na

categoria “Uso Sustentável”; por esse motivo, influenciaram de maneira significativa no

resultado final. Não foram encontradas tribos indígenas nas limitações dessa região, da

mesma forma como ocorreu na UPGRH PN3.

6 CONCLUSÕES

A energia é um recurso fundamental para o crescimento econômico e para a

sustentabilidade ambiental. O acesso à energia disponível e sustentável é vital para dar fim às

situações de pobreza extrema e promover a prosperidade compartilhada. Dessa forma, os

serviços modernos de energia podem ajudar a melhorar a qualidade de vida de milhões de

pessoas ao redor do mundo, bem como sustentar o progresso em todas as áreas do

desenvolvimento (THE WORLD BANK, 2015).

No contexto político e regulatório brasileiro, as PCH’s têm sido consideradas como

fontes alternativas aos combustíveis fósseis; por seu caráter renovável, pelo impacto

ambiental substancialmente menor que o de uma usina hidrelétrica de grande porte, por

representar oportunidade de avanços socioeconômicos em comunidades isoladas e, em nível

mundial, são importantes na busca da universalização do acesso à energia elétrica e na

mitigação dos gases de efeito estufa (CARVALHO, 2014). No entanto, pôde ser observado

com essa pesquisa que os critérios econômicos prevalecem, de certa forma, como indicadores

de viabilidade desses empreendimentos; os demais aspectos relativos à sustentabilidade dos

empreendimentos, portanto, estão longe de ser alcançados.

59

Na busca por um meio de se contornar esses impasses, nesse trabalho buscou propôs-

se um método de avaliação socioambiental baseado na utilização das informações disponíveis

nos bancos de dados oficiais como o ZEE-MG combinada com a técnica de suporte a decisão

(AHP). O método mostrou-se efetivo na geração de resultados de caracterização

socioambiental a partir da manipulação de informações geoespaciais em ambiente de sistemas

de informações geográficas. É possível, dessa forma, auxiliar o planejamento da instalação de

novas pequenas centrais hidrelétricas em Minas Gerais, reduzindo incertezas e riscos

associados aos aspectos técnicos e socioambientais de PCHs, conforme predizem as

orientações da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE).

Os resultados, no entanto, são dependentes da atualização e da qualidade da

informação dos bancos de dados; bem como, da escala espacial utilizada para representar as

áreas conforme os atributos de cada variável. As áreas indicadas como restritivas para a

instalação de PCH’s nas duas UPGRH’s podem, dessa forma, não ser suficientemente

representativas, entendendo que o resultado final desse trabalho depende fortemente da

informação utilizada no início da elaboração dos cenários. O recorte de análise das UPGRH’s

pode não ser o mais apropriado para se avaliar recursos hídricos, uma vez que considera

fronteiras políticas na sua forma de abordagem, o que limita as considerações sistêmicas no

processo de mapeamento. No entanto, devido ao fato de as informações do ZEE-MG também

se limitarem às fronteiras políticas, e as UPGRH’s representarem uma das menores unidades

de planejamento oficiais do estado de Minas Gerais, foi utilizado esse nível de detalhamento

para a análise dos resultados.

A ponderação dos pesos das variáveis a partir da técnica AHP possui aspectos

subjetivos inerentes ao método e ao perfil do analista. Portanto, novas atribuições de pesos

podem ser conduzidas conforme o perfil de cada profissional responsável por conduzir o

processo de tomada à decisão. Apesar do amplo e crescente espectro de aplicações dessa

técnica, existem problemas associados principalmente à reversão de ordem (rank reversal).

Para Gomes e Freitas Junior (2005) esse problema relaciona-se à forma com que o método

clássico da AHP normaliza os pesos das comparações. Outro problema relacionado ao método

refere-se à escolha de uma opção verbal que represente fielmente a sua preferência (escala de

1 a 9), a qual pode gerar comparações redundantes e inconsistentes (ALONSO et al., 2006).

As variáveis que compõem o cenário de restrições desse trabalho foram selecionadas a

partir da abordagem das principais interferências socioambientais de PCH’s sob uma análise

diferenciada em escalas espaciais, considerando principalmente os impactos ambientais no

60

entorno da planta hidrelétrica e os impactos à sua jusante. Novas variáveis podem ser

selecionadas e se ajustarem ao processo de tomada de decisão em questão.

Neste trabalho, não se teve a pretensão de construir um parecer definitivo sobre a

avaliação socioambiental de PCH’s, mas sim a de contribuir para o avanço das discussões

sobre a viabilidade ambiental da instalação desses empreendimentos em uma determinada

região e de indicar um modo de operacionalizar essa análise, representando um avanço para

contornar as deficiências das avaliações vigentes.

61

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73

ANEXO I

74

ANEXO II

75

ANEXO III

76

ANEXO IV

77

ANEXO V

78

ANEXO VI

79

ANEXO VII

80

ANEXO VIII

81

ANEXO IX

82

ANEXO X

83

Região Hidrográfica

do Paraná

ANEXO XI

Figura 5 – Região Hidrográfica do Paraná. Fonte: Adaptado de (ANA, 2015).

Região Hidrográfica

do Paraná

Região Hidrográfica

Atlântico Sudeste

84

ANEXO XII

Figura 6 – Região Hidrográfica Atlântico Sudeste. Fonte: Adaptado de (ANA, 2015).

Região Hidrográfica

Atlântico Sudeste