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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTITUMORAL DE COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO DE Ru +3 COM BIPIRIDINA E L-TRIPTOFANO. Fabricio Tarso de Moraes Mestrado em Química com área de concentração em Química Inorgânica. CUIABÁ MATO GROSSO BRASIL 2017

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTITUMORAL DE COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO DE Ru+3 COM

BIPIRIDINA E L-TRIPTOFANO.

Fabricio Tarso de Moraes

Mestrado em Química com área de concentração em Química Inorgânica.

CUIABÁ MATO GROSSO – BRASIL

2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

FABRICIO TARSO DE MORAES

SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTITUMORAL DE COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO DE Ru+3 COM

BIPIRIDINA E L-TRIPTOFANO.

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Mato Grosso, como parte das exigências

do Programa de Pós-Graduação em Química, para

obtenção do título de Mestre em Química, com área de

concentração em Química Inorgânica.

CUIABÁ MATO GROSSO – BRASIL

2017

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

II

FABRICIO TARSO DE MORAES

FOLHA DE APROVAÇÃO

SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTITUMORAL DE COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO DE Ru+3 COM

BIPIRIDINA E L-TRIPTOFANO.

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Mato Grosso, como parte das exigências

do Programa de Pós-Graduação em Química, para

obtenção do título de Mestre em Química, com área de

concentração em Química Inorgânica.

Aprovada: 10 de julho de 2017, Cuiabá - MT.

Comissão Examinadora:

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

III

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

M827s Moraes, Fabricio Tarso de.

Síntese, caracterização e avaliação do potencial antitumoral de compostos de coordenação de Ru+3 com bipiridina e L-triptofano. / Fabricio Tarso de Moraes. -- 2017

xiii, 48 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: Wagner Batista dos Santos.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-Graduação em Química, Cuiabá, 2017.

Inclui bibliografia.

1. Rutênio. 2. Antitumoral. 3. L-triptofano. I. Título.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

IV

Dedico este trabalho aos meus pais Celso e Joana

Darc, a minha avó Duti e ao meu irmão Luiz Fernando, por todo

apoio, amor, carinho e compreensão. Sem vocês eu nunca teria

chegado tão longe, fica aqui o meu sincero obrigado e a minha

eterna gratidão.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

V

AGRADECIMENTOS

Ao professor Doutor Wagner Batista dos Santos por ser um

exemplo de profissional a ser seguido, pela orientação, paciência, confiança

e amizade.

Aos colegas e amigos do Laboratório de Estudos de Matérias,

casas 05 e 06, pelos anos de convivência e experiencias compartilhadas.

Ao meu grande amigo Baiano, que pensa que se chama

Anderson Dourado Galvão, pela a amizade sincera e por se fazer presente

desde a graduação.

Aos colegas e amigos de Cuiabá por terem me recepcionado e

acolhido tão bem.

Ao pessoal do Laboratório de Imunologia da Relação Materno

Infantil, em especial a Doutora Patrícia Gelli Feres de Marchi, pelo apoio

e auxílio nos testes biológicos.

Ao Laboratório de Análise Térmica Ivo Giolito, em especial ao

colega José Augusto Teixeira, pela disponibilidade e realização das

análises termoanalíticas.

Ao Grupo de Eletroquímica e Novos Materias, em especial a

colega Ana Carina Sobral, pela disponibilidade e realização das análises

UV-vis.

A Capes pelo apoio financeiro e a todos que de forma direta ou

indireta contribuíram para a concretização deste trabalho.

A todos vocês o meu muito obrigado.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

VI

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

δ – Deformação angular

p – Deformação do tipo rocking

v – Estiramento

vas – Estiramento assimétrico

vs – Estiramento simétrico

ATCC – American Type Culture Collection

ATR – Refletância total atenuada

bipy – 2,2’-bipiridina

DMSO – Dimetilsulfóxido

dppb – 1,4-bis(difenilfosfina)butano

DTA – Análise Térmica Diferencial

FL1 – Intensidade de fluorescência 1

FL2 – Intensidade de fluorescência 2

FTIRmed – Infravermelho médio por transformada de Fourier

LMCT – Transição de carga ligante-metal

L-trip – L-triptofano

MCF-7 – Linhagem celular do tipo Adenocarcinoma de Mama Humano

MeCN – Acetonitrila

MLCT – Transição de carga metal-ligante

NAMI – trans-dimetilsufóxido-imidazole-tetraclororutenatoIII de sódio

NAMI-A – trans-dimetilsufóxido-imidazole-tetraclororutenatoIII de imidazolio

NSCLC – No Small Cell Lung Câncer (Câncer de pulmão de células não

pequenas)

PBMC – Peripheral blood mononuclear cell (Células mononucleares do

sangue periférico)

RAP – cis-dicloro-1,2-propilenodiamino-N,N,N0,N0-tetraacetatorutênioIII

UV-VIS – Ultravioleta-visível

TG – Termogravimetria

t-Bu2bipy – 4,4'-di-terc-butil-2,2'-bipiridina

phox – 2-(2'-hidroxifenil)oxazolina

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

VII

non2bipy – 4,4'-dinonil-2,2'-bipiridina

8-HQ – 8-hidroxiquinolina desprotonada

A-20 – Linhagem celular do tipo Linfoma de Células B de Burkitt murino

SK-BR-3 – Linhagem celular do tipo Adenocarcinoma de Mama Humano

S-180 – Linhagem celular do tipo Sarcoma murino 180

Jurkat – Linhagem celular do tipo Leucemia de Células T Humanas

RPMI – Meio Roswell Park Memorial Institute

EDTA – Ácido etilenodiamino tetra-acético

PBS – Tampão fosfato salino

FSC – Difração frontal

SSC – Difração lateral

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estrutura do complexo cis-diaminodicloroplatinaII, também

conhecido como cisplatina. (Fonte: adaptado de Rosenberg) [8]

ChemSketch™ ............................................................................................ 15

Figura 2: Estrutura do complexo NAMI. (Fonte: adaptado de Gallori et al.) [12]

ChemSketch™ ............................................................................................ 18

Figura 3: Estrutura do complexo conhecido como NAMI-A. (Fonte: adaptado

de Alessio) [18] ChemSketch™ ................................................................... 19

Figura 4: Estrutura molecular do [Ru(tBu2bipy)2(phox)PF6. (Fonte: adaptado

de Mulcahy et al.) [24] ChemSketch™ ........................................................ 19

Figura 5: Estrutura molecular do; cis-(dicloro)tetraamimrutenioIII (a), cis-

tetraamim(oxalato)rutenioIII (b). (Fonte: adaptado de Vilanova-Costa et al.)

[30] ChemSketch™ ..................................................................................... 21

Figura 6: Estrutura molecular do 2,2’-bipiridinatetraclororutenatoIII de

potássio, K[Ru(bipy)Cl4]. (Fonte: adaptado de Durham et al.) [38]

ChemSketch™ ............................................................................................ 23

Figura 7: Curvas TG-DTA do composto [Ru(bipy)(L-trip)Cl2].1/2H2O .......... 34

Figura 8: Espectro UV-VIS qualitativo do composto K[Ru(bipy)Cl4] em solução

ácida HCl/água 1:1 ...................................................................................... 37

Figura 9: Espectro UV-VIS qualitativo do composto [Ru(bipy)(L-trip)Cl2] em

álcool etílico ................................................................................................. 38

Figura 10: Sobreposição dos espectros UV-VIS. L-triptofano em água

destilada, K[Ru(bipy)Cl4] em solução ácida HCl/água 1:1 e [Ru(bipy)(L-

trip)Cl2] em álcool etílico .............................................................................. 39

Figura 11: Espectro UV-VIS qualitativo do composto [Ru(bipy)(L-trip)Cl2] em

álcool etílico ................................................................................................. 40

Figura 12: Espectro FTIRmed dos compostos estudados ............................. 42

Figura 134: Gráfico das médias, de morte celular por necrose, pelo teste de

Tukey ........................................................................................................... 47

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

IX

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação composição-citotoxicidade de alguns compostos derivados

de rutênio em linhagem de células HeLa .................................................... 20

Tabela 2: Etapas de decomposição térmica para o [Ru(bipy)(L-

trip)Cl2].1/2H2O ............................................................................................ 35

Tabela 3: Tipo de transições observadas para os compostos estudados ... 37

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

X

RESUMO

MORAES, Fabricio Tarso de, M.S. Universidade Federal de Mato Grosso,

julho de 2017. Síntese, caracterização e avaliação do potencial

antitumoral de compostos de coordenação derivados de Ru+3.

Orientador: Wagner Batista dos Santos.

Com o objetivo de sintetizar, caracterizar e avaliar o potencial antitumoral de

compostos derivados de rutênio, foi gerado no presente trabalho, a partir do

precursor K[Ru(bipy)Cl4], uma rota de síntese simples e reprodutível para um

novo composto de coordenação de Ru+3 com bipy e L-trip. A caracterização

espectroscópica dá fortes indícios da interação Ru-(L-trip). O deslocamento

da banda referente ao íon carboxilato para energias mais altas, no FTIRmed,

e os deslocamentos de bandas referentes a amina alifática, indicam uma

coordenação bidentada do ligante L-trip. A presença de cloros na esfera de

coordenação é comprovada pela banda de absorção em 433 nm, no espectro

UV-VIS. Além disso, as bandas de transições em 496 e 601 nm, referentes a

transições do tipo MLCT que não são observadas no precursor

K[Ru(bipy)Cl4], confirmam a presença do ligante L-trip na esfera de

coordenação. Com os estudos em técnicas termoanalíticas foi possível

sugerir a formula mínima do composto, [Ru(bipy)(L-trip)Cl2].1/2H2O. Devido

aos problemas de solubilidade encontrados, a análise do potencial

antitumoral do composto [Ru(bipy)(L-trip)Cl2] se tornou inviável. Já a

avaliação do potencial antitumoral do precursor K[Ru(bipy)Cl4] demonstrou

que o mesmo possui efeitos tóxicos, consideráveis, em linhagem de células

MCF-7, porém não demonstrou seletividade e atinge em mesmas proporções

células PBMC.

Palavras-chave: rutênio, antitumoral, aminoácidos.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

XI

ABSTRACT

MORAES, Fabricio Tarso de, M.S. Universidade Federal de Mato Grosso,

July 2017. Synthesis, characterization and evaluation of the antitumor

potential of Ru+3 derived coordination compounds. Adviser: Wagner

Batista dos Santos.

In order to synthesize, characterize and evaluate the antitumor potential of

ruthenium-derived compounds, was created in this work, from the

K[Ru(bipy)Cl4] precursor, a simple and reproducible synthesis route for a new

Ru+3 coordination compound with bipy and L-trip. The spectroscopic

characterization gives strong indications of the Ru-(L-trip) interaction. The

displacement of the band corresponding to the carboxylate ion to higher

energies in the FTIRmed, and the band displacements referring to the aliphatic

amine, indicates a bidentate coordination of the L-trip ligand. The presence of

chlorine in the coordination sphere is demonstrated by the absorption band at

433 nm in the UV-VIS spectrum. In addition, the transition bands at 496 and

601 nm, referring to MLCT transitions that are not observed in striker

K[Ru(bipy)Cl4], confirm the presence of L-trip linker in the coordination sphere.

With the studies in thermoanalytical techniques it was possible to suggest the

minimum formula of the compound, [Ru(bipy)(L-trip)Cl2].1/2H2O. Due to the

solubility problems encountered, analysis of the antitumor potential of the

compound [Ru(bipy)(L-trip)Cl2] became infeasible. However, the evaluation of

the antitumor potential of K[Ru(bipy)Cl4] demonstrated that it has considerable

toxic effects on the MCF-7 cell line but did not show selectivity and reach

PBMC cells in the same proportions.

Key words: ruthenium, antitumor, amino acids.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

XII

SUMÁRIO

FOLHA DE APROVAÇÃO ............................................................................. II

AGRADECIMENTOS .................................................................................... V

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................ VI

LISTA DE FIGURAS ................................................................................... VIII

LISTA DE TABELAS .................................................................................... IX

RESUMO ....................................................................................................... X

ABSTRACT .................................................................................................. XI

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 14

2. OBJETIVOS ............................................................................................ 16

2.1. Objetivo geral ................................................................................... 16

2.2. Objetivos específicos ....................................................................... 16

3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................... 17

3.1. Compostos derivados de rutênio no tratamento de neoplasias ....... 17

3.2. 2,2’-bipiridinatetraclororutenatoIII de potássio ................................. 22

4. MATERIAIS E METODOS ....................................................................... 25

4.1. Síntese do K[Ru(bipy)Cl4] ................................................................ 25

4.1.1. Materiais .................................................................................. 25

4.1.2. Síntese ..................................................................................... 26

4.1.3. Recristalização ......................................................................... 26

4.2. Síntese do [Ru(bipy)(L-trip)Cl2] ........................................................ 27

4.2.1. Materiais .................................................................................. 27

4.2.2. Síntese ..................................................................................... 27

4.2.3. Testes qualitativos de solubilidade........................................... 28

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

XIII

4.3. Caracterização ................................................................................. 28

4.4. Avaliação citotóxica dos compostos de rutênio ............................... 29

4.4.1. Preparo da solução .................................................................. 29

4.4.2. Ensaio biológico ....................................................................... 29

4.4.3. Análise de fluorescência por citometria de fluxo ...................... 31

4.4.4. Análise estatística .................................................................... 32

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 33

5.1. Síntese e solubilidade do [Ru(bipy)(L-trip)Cl2] ................................. 33

5.2. Caracterização ................................................................................. 34

5.2.1. Curvas TG-DTA ....................................................................... 34

5.2.2. Espectroscopia eletrônica UV-VIS ........................................... 36

5.2.3. Espectroscopia FTIRmed ........................................................... 41

5.3. Avaliação citotóxica dos compostos de rutênio ............................... 45

6. CONCLUSÃO .......................................................................................... 49

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 50

8. ANEXOS.................................................................................................. 56

8.1 Arquivos gerados pelo programa AgroEstat ..................................... 56

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

14

1. INTRODUÇÃO

Segundo o documento World Cancer Report 2014,[1] publicado

pela International Agency for Research on Cancer (Iarc), a incidência global

de neoplasias malignas, popularmente conhecidas como câncer, aumentou

de 12,7 milhões em 2008 para 14,1 milhões em 2012. De acordo com o

documento, os novos números de casos poderão chegar perto dos 25

milhões nas próximas duas décadas, sendo que o maior impacto ocorrerá em

países em desenvolvimento, muitos dos quais não possuem estruturas

adequadas para lidar com o aumento de pacientes diagnosticados com a

doença.

No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da

Silva (INCA) contribui a cada biênio com projeções estatísticas utilizadas por

todas as áreas de atuação que visão o combate a essa doença. Segundo a

Instituição, para o biênio 2016-2017, são esperados cerca de 600 mil novos

casos. Só no estado de Mato Grosso, a estimativa de todos os tipos de

câncer, no ano de 2016, foi de 9270 novos casos, sendo 4070 para a capital

Cuiabá.[2]

Atualmente, o tratamento de neoplasias malignas é constituído por

três principais métodos: intervenção cirúrgica, radioterapia e quimioterapia,

sendo a última a utilização de medicamentos antineoplásicos no tratamento

sistêmico de câncer. Normalmente, esses métodos são utilizados em

conjunto, visando obter uma maior eficiência no tratamento.[3]

Desde os estudos realizados por Rosenberg [4-6] e colaboradores

os compostos de coordenação derivados de platina estão entre os fármacos

mais utilizados no tratamento do câncer.[7] Porém, esses compostos

apresentam uma elevada toxicidade, levando os pacientes a apresentar

alguns efeitos colaterais, como elevada nefrotoxicidade, náuseas, vômitos,

anorexia, ototoxicidade, neurotoxicidade e o desenvolvimento de resistência

ao medicamentos.[7-9]

A figura 1 ilustra um dos primeiros compostos de coordenação,

derivados da platina, utilizado como antineoplásico, a cisplatina.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

15

Figura 1: Estrutura do complexo cis-diaminodicloroplatinaII, também conhecido como cisplatina. (Fonte: adaptado de Rosenberg) [8] ChemSketch™

Os efeitos tóxicos causados pelos compostos derivados de platina

impulsionaram diversos pesquisadores a desenvolverem novos fármacos.

Pesquisas envolvendo compostos derivados de rutênio se mostram

promissoras, isso devido a considerável citotoxicidade e baixa toxicidade

exibida por esses compostos.[10, 11]

O interesse por essa classe de compostos está em grande parte

relacionado ao fato do rutênio conseguir interagir com as bases nitrogenadas

da molécula de DNA.[12] A interação desse metal com o DNA pode ocasionar

danos à célula cancerígena e levar à morte celular por apoptose. Outra

propriedade que chama atenção é a capacidade do rutênio em mimetizar o

ferro dentro do organismo dos mamíferos. Essa propriedade está diretamente

relacionada com a baixa toxicidade exibida por esses compostos, no

tratamento contra o câncer.[10, 11]

Visando a elaboração de um medicamento eficiente, que combata

neoplasias malignas com o mínimo de dano possível ao corpo humano, este

trabalho traz a síntese e caracterização de um composto de coordenação de

rutênio.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

16

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo geral sintetizar e

caracterizar um novo composto de coordenação de Ru+3, com bipy e L-trip, e

avaliar a atividade antitumoral, assim como o do seu precursor

K[Ru(bipy)CL4], em linhagens de células saudáveis PBMC e linhagem de

células tumorais MCF-7.

2.2. Objetivos específicos

❖ Desenvolver uma rota de síntese, reprodutiva, para um

novo composto de coordenação de Ru+3 com bipy e L-trip, a partir do

composto K[Ru(bipy)Cl4];

❖ Purificar o novo composto sintetizado;

❖ Determinar propriedades espectroscópicas por análises de

UV-vis e FTIRmed;

❖ Propor uma estequiometria utilizando a técnica termo

analítica TG;

❖ Determinar o comportamento e a estabilidade térmica por

TG-DTA;

❖ Avaliar os efeitos citotóxicos, do material sintetizado e de

seu precursor, em linhagens de células saudáveis PBMC e tumorais MCF-7.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

17

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Compostos derivados de rutênio no tratamento de neoplasias

Pesquisas envolvendo compostos derivados de rutênio como

fármacos no tratamento de neoplasias malignas têm se mostrado

promissoras.[13] Essa classe de compostos apresenta características como

considerável citotoxicidade, propriedades antimetátese e baixa toxicidade

quando comparados aos compostos derivados de platina.[10]

Sabe-se que, assim como o ferro, o rutênio tem a capacidade de

se ligar a proteína transferrina. Essa proteína está diretamente relacionada

ao transporte de ferro no organismo dos mamíferos. Devido à grande

demanda de ferro, células cancerígenas tendem a aumentar os números de

receptores de transferrina em suas superfícies, capturando-as em maior

número. Acredita-se que ao mimetizar o ferro, uma maior concentração de

rutênio é direcionada para células cancerígenas, o que explicaria a menor

toxicidade dessa classe de compostos.[10, 11]

Já a considerável citotoxicidade pode estar relacionada a

interações entre o centro metálico e as bases nitrogenadas do DNA. Os

resultados obtidos por Gallori [12] e colaboradores sugerem que os

compostos conhecidos como NAMI e RAP são capazes, in vitro, de interagir

com o DNA causando alterações em sua conformação, inibindo seu

reconhecimento e corte por enzimas de restrição. Porém, esses compostos

só provocam danos consideráveis ao DNA em concentrações relativamente

altas, quando comparadas à cisplatina.

A figura 2 ilustra um dos dois compostos derivados de rutênio

utilizados nos estudos de Gallori [12] e colaboradores, o NAMI.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

18

Figura 2: Estrutura do complexo NAMI. (Fonte: adaptado de Gallori et al.) [12] ChemSketch™

Alguns compostos derivados de Ru+3 e Ru+2 com amina,[14] N-

heterocíclicos [15, 16] e ligantes alquilsulfoxido [17] também demonstraram

uma potencial atividade antimetastatica. Dentre os compostos com essa

propriedade se destaca o NAMI-A.[18] Alterações na estrutura do composto

NAMI levaram à síntese de um novo composto, NAMI-A, com melhor

estabilidade no estado sólido, conservando a boa solubilidade apresentada

pelo NAMI.[18] Este composto apresenta uma série de peculiaridades, como

excelente atividade seletiva, contra metástases pulmonares de vários

tumores sólidos,[18-20] e baixíssima citotoxicidade, in vitro, em um painel de

60 linhagens celulares de tumores sólidos.[21]

O composto NAMI-A, representado na figura 3, foi primeiro

composto derivado de rutênio a ser testado em seres humanos. As

investigações de fase clínica I foram realizadas em 1999,[22] seguido anos

mais tarde de uma combinação de fases clinicas I/II em pacientes com cancro

de pulmão NSCLC.[23] Apesar da grande quantidade de evidências

experimentais pré-clínicas que demonstram propriedades únicas, o NAMI-A

apresentou resultados decepcionantes nas combinações de fases clinicas

I/II.[18]

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

19

Figura 3: Estrutura do complexo conhecido como NAMI-A. (Fonte: adaptado de Alessio) [18] ChemSketch™

Mulcahy [24] e colaboradores sintetizaram 560 novos compostos

derivados de rutênio e rastrearam os com melhor citotoxicidade. A partir do

percursor [Ru(bipy)(MeCN)3Cl]Cl, que possui grupos lábeis, os autores

fizeram uma síntese combinatória com um grupo de 57 ligantes, gerando uma

enorme biblioteca de novos compostos. A metodologia utilizada pelos autores

levou à síntese de um complexo muito promissor, o [Ru(tBu2bipy)2(phox)]PF6.

A figura 4 ilustra a estrutura do composto estudado.

Figura 4: Estrutura molecular do [Ru(tBu2bipy)2(phox)PF6. (Fonte: adaptado de Mulcahy et al.) [24] ChemSketch™

Os autores também realizaram uma análise da relação

composição-citotoxicidade. Veja a tabela 1.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

20

Tabela 1: Relação composição-citotoxicidade de alguns compostos derivados de rutênio em linhagem de células HeLa

COMPOSTO X-X Y-Y Z-Z IC50 em µM

1 Bipy tBu2bipy phox 4’

2 Bipy non2bipy Br-picolinate 13’

3 Bipy non2bipy Cl-picolinate 13’

4 Bipy Bipy phox >100’

5 tBu2bipy tBu2bipy phox 1.3’ (0.3)”

6 tBu2bipy tBu2bipy 8-HQ 2’

7 tBu2bipy tBu2bipy Picolinate 40’

8 tBu2bipy tBu2bipy tBu2bipy 20’

9 tBu2bipy tBu2bipy Bipy 50’

10 tBu2bipy tBu2bipy dichloride 13’

Onde X-X, Y-Y e Z-Z são ligantes, ’ incubação de 24 horas e ” incubação de 72 horas.

Para avaliar o efeito de determinados ligantes na citotoxicidade

desses compostos, os autores realizaram uma breve investigação alterando

a estrutura do composto 1, tabela 1, e medindo a citotoxicidade resultante. A

substituição do ligante tBu2bipy (composto 1) por bipy (composto 4) resultou

em um composto inativo, com IC50 (concentração mínima para reduzir em 50

% a população de células) acima de 100 µM. Já a substituição da bipy

(composto1) por tBu2bipy (composto 5) resultou em um composto com IC50

de 1,3 µM com incubação de 24 horas e 0,3 µM com incubação de 72

horas.[24]

A substituição do ligante phox por qualquer um dos outros ligantes

reduziu os efeitos citotóxicos (compostos 2, 3, 6, 7, 8 e 9) quando comparados

ao composto 5 da tabela 1. Além disso, a substituição do ligante phox por

íons cloreto também reduziu os efeitos citotóxicos (composto 9) quando

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

21

comparado ao composto 5.[24] Esta metodologia se mostra viável para o

planejamento e elaboração de novos fármacos.

Outros dois compostos derivados de rutênio têm sido

intensivamente estudados,[13, 25-30] o cloreto de cis-

(dicloro)tetraamimrutenioIII e um intermediário de síntese, o ditionato de cis-

tetraamim(oxalato)rutenioIII. A figura 5 ilustra a estrutura destes dois

compostos na forma iônica.

Figura 5: Estrutura molecular do; cis-(dicloro)tetraamimrutenioIII (a), cis-tetraamim(oxalato)rutenioIII (b). (Fonte: adaptado de Vilanova-Costa et al.) [30]

ChemSketch™

Estudos em camundongos transplantados com células S-180 e

tratados com cis-[RuCl2(NH3)4]Cl demonstraram que o composto é bem

tolerado em doses terapêuticas, apresentando baixíssima toxicidade ao

hospedeiro e prolongando seu tempo de vida.[13] Estudos posteriores

demonstraram que o composto é seletivo, exercendo uma atividade tóxica

significativa em linhagens A-20, SK-Br-3 e S-180, moderada em células

Jurkat e toxicidade muito baixa em células PBMC quando comparado as

linhagens A-20, SK-Br-3 e S-180.[29]

Compostos de coordenação formados com aminoácidos podem

apresentar características físico-químicas importantes para o tratamento de

células tumorais, uma delas, é a boa solubilidade em água, nos valores de

temperatura e pH biológicos.[31] Outra característica muito importante desse

tipo de composto é que, se liberados no organismo, os aminoácidos são

degradados por mecanismos eficientes,[32] diminuindo assim outros efeitos

colaterais.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

22

Para chegar ao DNA, os compostos de coordenação precisam

atravessar a membrana celular, que possui maior caráter lipolítico. Acredita-

se que a inserção de aminoácidos, em compostos de coordenação, possa

aumentar seu caráter apolar. Assim, a passagem pela membrana celular

seria facilitada, potencializando a internalização desses compostos.[33]

Alterações na estrutura do composto cis-[RuCl2(dppb)(bipy)] levou

a síntese do [Ru(L-trip)(dppb)(bipy)]PF6.[34] O relato existente é de que essa

alteração melhorou a atividade citotóxica do composto. Enquanto o IC50 do

precursor cis-[RuCl2(dppb)(bipy)] é de aproximadamente 131μM, o do

composto [Ru(L-trip)(dppb)(bipy)]PF6 é de aproximadamente 21,28 μM,

porém a linhagem tumoral não é relatada.[33]

3.2. 2,2’-bipiridinatetraclororutenatoIII de potássio

O 2,2’-bipiridinatetraclororutenatoIII de bipiridínio,

H(bipy)[Ru(bipy)Cl4], foi inicialmente sintetizado por Dwyer [35] e

colaboradores. O interesse dos autores por essa classe de compostos surgiu

devido à possibilidade de esses serem utilizados em uma variedade de

estudos químicos fundamentais, tais como reações de substituições e o efeito

do estado de oxidação, assim como o da natureza do ligante, nos potenciais

redox.

Em seus estudos, os autores constataram que esta substância,

quando suspensa em água, se decompõe formando um certo número de

produtos decorrentes da aquação, hidrólise básica e coordenação da base

do cátion ao metal. Para contornar esse problema, os autores relatam uma

série de passos envolvendo oxidações, com gás cloro ou íons de cério, e

reduções para a troca do contra íon H(bipy)+ por NH4+ ou K+.[35]

As potenciais propriedades catalíticas exibidas por essa classe de

compostos despertaram o interesse de James [36] e McMillan, que ao se

depararem com uma metodologia extremamente complicada desenvolveram

uma rota de síntese relativamente simples para compostos do tipo 2,2’-

bipiridinatetraclororutenatoIII de potássio, K[Ru(bipy)Cl4].

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

23

Ao obter resultados insatisfatórios, na reprodução dos estudos de

Dwyer [35], Krause [37] também desenvolveu uma metodologia de síntese

mais simples para compostos do tipo [Ru(bipy)Cl4]-. Apesar da simplicidade

dos passos descritos pelo autor, seu procedimento é fortemente dependente

do tempo, levando de 7 até 24 dias para se obter um rendimento satisfatório.

Além disso, o autor não faz menção ao contra íon do material sintetizado

ficando assim, neste trabalho, subtendido que o produto final se trata do

H(bipy)[Ru(bipy)Cl4].

A descomplicada metodologia desenvolvida por James [36] e

McMillan proporcionou, posteriormente, a Durham [38] a obtenção de cristais

ideais para a análise de difração de raio x. Os resultados obtidos por ele

forneceram mais informações sobre a estrutura do material sintetizado,

corroborando com a estrutura esperada. A figura 6 ilustra a estrutura

molecular do K[Ru(bipy)Cl4].

Figura 6: Estrutura molecular do 2,2’-bipiridinatetraclororutenatoIII de potássio, K[Ru(bipy)Cl4]. (Fonte: adaptado de Durham et al.) [38] ChemSketch™

Os estudos desenvolvidos por Fricker,[39] Bridger [40] e

colaboradores mostraram que o K[Ru(bipy)Cl4] pode ser utilizado como um

agente sequestrante do excesso de óxido nítrico no corpo humano, muitas

vezes relacionado a um grande número de doenças e inflamações

decorrentes de traumas cirúrgicos. Esses estudos nos despertaram um certo

interesse para outras possíveis aplicações, tais como o tratamento de

neoplasias malignas.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

24

Assim como Dwyer [35] e colaboradores, nosso interesse neste

composto também decorre da possibilidade de estes serem utilizados em

uma variedade de reações de substituições e mudanças no estado de

oxidação. Essas características nos possibilitam desenvolver um grande

número de compostos de rutênio e rastrear o que possui maior eficiência no

tratamento de neoplasias, metodologia semelhante à utilizada por

Mulcahy.[24]

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

25

4. MATERIAIS E METODOS

Os procedimentos experimentais e análises espectroscópicas

FTIRmed, foram realizados no Laboratório de Estudos de Materiais (LEMat),

localizado na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do

Araguaia, sob a supervisão e orientação do Prof. Dr. Wagner Batista dos

Santos.

Análises espectroscópicas UV-VIS foram realizadas, pela

mestranda Ana Carina Sobral, no Grupo de Eletroquímica e Novos Materiais

(GENMAT), localizado na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus

Universitário de Cuiabá, sob a supervisão do Prof. Dr. Ailton José Terezo.

Também foram realizadas, análises termogravimétricas TG-DTA,

no Laboratório de Análise Térmica Ivo Giolito (LATIG), localizado na

Universidade Estadual Paulista, Campus Universitário de Araraquara, sob a

supervisão do Prof. Dr. Massao Ionashiro.

Os ensaios biológicos foram realizados com o auxílio da Dra.

Patrícia Gelli Feres de Marchi no Laboratório de Imunologia da Relação

Materno Infantil, localizado na Universidade Federal de Mato Grosso,

Campus Universitário do Araguaia, sob a supervisão da Profa. Dra. Adenilda

Cristina Honório França.

4.1. Síntese do K[Ru(bipy)Cl4]

4.1.1. Materiais

Para a síntese deste composto, utilizou-se reagentes: cloreto de

rutênio hidratado (RuCl3.nH2O) ReagentPlus e 2,2’-bipiridina (C10H8N2) com

pureza ≥ 98%, ambos fornecidos pela empresa SIGMA-ALDRICH BRASIL

LTDA, e cloreto de potássio (KCl) padrão analítico, fornecido pela empresa

LABSYNTH PRODUTOS PARA LABORATORIOS LTDA.

Como solventes foram utilizados álcool metílico (CH3OH) padrão

analítico, fornecido pela empresa LABSYNTH PRODUTOS PARA

LABORATORIOS LTDA, e soluções acidas preparadas a partir de água

destilada e ácido clorídrico (HCl) 36,5-38% padrão analítico, também

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

26

fornecido pela empresa LABSYNTH PRODUTOS PARA LABORATORIOS

LTDA.

Todos os reagentes e solventes foram utilizados como fornecidos

pelas empresas.

4.1.2. Síntese

Todo o procedimento de síntese foi realizado como o descrito por

James [36], porém com algumas alterações.

Em um balão reacional, de fundo chato, solubilizou-se 0,5014 g de

RuCl3.nH2O em ~ 25 mL de metanol, a solução resultante foi submetida a

agitação por 30 minutos para posterior adição de 0,3047 g de bipy

solubilizada em ~ 25 mL de metanol, (RuCl3.3H2O:bipy ≅ 1:1). Após a adição

bipy o sistema foi submetido a agitação e aquecimento a 100° C com refluxo.

Após 2 horas, adicionou-se ~ 400 mL de metanol e 0,3059 g de

KCl (KCl:RuCl3.3H2O ≅ 2:1), garantindo-se assim o excesso do contra íon K+.

O sistema foi mantido sob as mesmas condições de agitação e temperatura

por mais 20 horas.

Após 20 horas a solução vermelhada foi transferida para um

béquer e colocou-se o novo sistema em banho a 60° C para a redução do

volume a ~ 15 mL. O precipitado castanho foi separado por filtração a vácuo

e posto em dessecador por 24 horas.

Ao termino deste procedimento, obteve-se 0,7918 g do composto

K[Ru(bipy)Cl4], massa correspondente a um rendimento de 94,24 %.

4.1.3. Recristalização

O processo de recristalização foi baseado no método descrito por

James [36], porém com algumas modificações.

Em um béquer de 1000 mL, solubilizou-se 0,7918 g de

K[Ru(bipy)Cl4] e uma ponta de espátula de KCl em ~ 1000 mL de uma solução

HCl 36,5-38% / água ≅ 1:1. O sistema então permaneceu sob agitação e

banho a 100°C por 30 minutos.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

27

Após 30 minutos, filtrou-se o sistema, a quente, por gravidade e

colocou-se o sobrenadante de coloração laranjada em banho a 100°C para a

redução de seu volume a ~ 30 mL. O arrefecimento lento da solução gerou

cristais, vermelhados, em forma de agulhas.

4.2. Síntese do [Ru(bipy)(L-trip)Cl2]

4.2.1. Materiais

Para a síntese deste composto, utilizou-se reagentes como:

bicarbonato de sódio (NaHCO3) com pureza ≥ 99%, fornecido pela empresa

SIGMA-ALDRICH BRASIL LTDA, L-trip (C11H12N2O2) padrão analítico,

fornecido pela empresa LABSYNTH PRODUTOS PARA LABORATORIOS

LTDA, e o composto K[Ru(bipy)Cl4] sintetizado como descrito no item 4.1.

Como solventes, foram utilizados álcool etílico (CH3CH2OH) 95%,

éter etílico [(C2H5)2O] e DMSO. Todos de padrão analítico, fornecidos pela

empresa LABSYNTH PRODUTOS PARA LABORATORIOS LTDA. Além

desses solventes também foi utilizado água destilada.

Todos os reagentes e solventes foram utilizados como fornecidos

pelas empresas.

4.2.2. Síntese

Em um béquer de 25 mL, adicionou-se 0,0478g de L-trip, 0,0195g

de NaHCO3 e ~ 5 mL de água destilada. Submeteu-se o sistema a agitação

por 30 minutos para posterior adição de 0,1012 g de K[Ru(bipy)Cl4].

Após 1 hora, o sistema foi filtrado a vácuo. O precipitado foi seco

com éter e posto em dessecador com sílica por 24 horas. Ao termino deste

procedimento, obteve-se 0,0680 g, massa correspondente a um rendimento

de 55,42%. O mesmo procedimento foi repetido duas vezes, sendo que em

um deles o sistema foi aquecido a 60 °C e no outro o tempo de síntese foi

prolongado por mais 3 horas.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

28

4.2.3. Testes qualitativos de solubilidade

Em três tubos de ensaio, adicionou-se uma pequena quantidade

do composto sintetizado. Em cada tubo de ensaio foi adicionado um dos

seguintes solventes: água, álcool etílico e DMSO.

Cada tubo foi agitado para posterior adição de AgNO3.

4.3. Caracterização

Os compostos sintetizados foram caracterizados por

espectroscopia UV-VIS e FTIRmed, e análises térmicas TG-DTA.

As medidas na região do FTIRmed foram obtidas em um

espectrofotômetro com transformada de Fourier da Perkin Elmer, modelo

Perkin Elmer Spectometer 100. Resolução de 4 cm-1, na região compreendida

entre 4000-600 cm-1, utilizando-se acessório para a técnica de ATR com

cristal de germânio. Para a aquisição dos dados, pulverizou-se previamente

os materiais sintetizados e utilizou-se quantidades necessárias para

completar o porta amostra de sólidos para que em seguida os mesmos

fossem prensados no suporte de ATR.

As medidas nas regiões UV-VIS foram obtidas em um

espectrofotômetro da Varian, modelo Cary 50 Scan. Para a realização dessas

análises, utilizou-se uma cela de quartzo, com caminho óptico de 1 cm, e faixa

de varredura nos comprimentos de onda de 200-800 nm. Para a aquisição

dos dados utilizou-se 2 mL das soluções em concentrações não

determinadas.

As análises térmicas TG-DTA do composto sintetizado foram

realizadas em um termoanalisador da TA Instrumentos, modelo SDT 2960,

constituído de um comparador de massa horizontal com capacidade máxima

de 20,00 mg e sensibilidade de 1 µg. As análises foram realizadas no intervalo

de temperatura de 30 a 1000 °C, com razão de aquecimento de 10 °C.min-1

e atmosfera de ar seco com vazão de 100 mL. min-1. A massa de amostra

utilizada foi da ordem de 7 mg em cadinho de α-alumina.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

29

4.4. Avaliação citotóxica dos compostos de rutênio

4.4.1. Preparo da solução

4.4.1.1. Materiais

Para o preparo da solução, utilizou-se o composto K[Ru(bipy)Cl4],

sintetizado como descrito no item 4.1.2.2., e água destilada.

4.4.1.2. Metodologia

Para a avaliação citotóxica do composto K[Ru(bipy)Cl4] foi

determinada uma concentração aleatória abaixo de 100 µM.

Para o preparo da solução utilizada nos ensaios biológicos

adicionou-se, em um béquer de 50 mL, 0,0029 g de K[Ru(bipy)Cl4] e ~ 30 mL

de água destilada. O sistema foi submetido a agitação e aquecimento de 60°

C por 30 minutos. Após o arrefecimento da solução, amarela, transferiu-se a

mesma para um balão volumétrico de 100 mL e completou-se o volume,

resultando assim em uma solução de K[Ru(bipy)Cl4] a 66 µM.

4.4.2. Ensaio biológico

4.4.2.1. Materiais e preparação das linhagens celulares utilizadas

Para a avaliação da citotoxicidade dos compostos de rutênio,

investigados neste trabalho, frente a células tumorais, utilizou-se linhagens

celulares ATCC (American Type Culture Collection, USA) do tipo

adenocarcinoma de mama (MCF-7). A linhagem foi cultivada e congelada em

nitrogênio líquido para estocagem e posterior utilização.

Para a realização dos ensaios biológicos as células tumorais, foram

cultivadas em meio RPMI, acrescido de HEPES, penicilina, estreptomicina,

bicarbonato de sódio, piruvato de sódio e soro fetal bovino, todos fornecidos

pela empresa SIGMA-ALDRICH BRASIL LTDA.

As células foram cultivadas em frascos de cultura de células e

mantidas em estufa a 37 °C a 5% de CO2 até a formação de monocamada

celular. Posteriormente, os frascos de cultura foram lavados com 5 mL RPMI

e submetidos à 1 mL de tripsina-EDTA, também fornecido pela empresa

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

30

SIGMA-ALDRICH BRASIL LTDA, até as células se desprenderem do fundo

do mesmo. Para a neutralização da tripsina, as células foram

homogeneizadas com um volume, não definido, do meio de cultura acrescido

de 10% de soro fetal. A suspenção contendo as células MCF-7 foi então

ajustada para 2 x 104 células/mL.

Como células saudáveis, utilizou-se a linhagem PBMC. Para a

obtenção dessas células, coletou-se amostras de sangue em tubos contendo

o anticoagulante EDTA. As populações celulares foram separadas por

gradiente de densidade com Ficoll-Paque, fornecido pela PHARMACIA

UPPSALA-SUÉCIA.

Em um tubo falcon, adicionou-se 3 mL de ficoll-paque seguido da

adição lenta de ~ 5 mL de sangue, formando assim duas fazes. O sistema foi

centrifugado a 1500 rpm por 40 minutos em temperatura ambiente. Após este

período, retirou-se o anel de células mononucleares e o transferiu para um

novo tubo.

Ao tubo contendo o anel de células mononucleares, adicionou-se 3

mL de PBS, fornecido pela empresa SIGMA-ALDRICH BRASIL LTDA, e

agitou-se para a homogeneização do sistema. Após a agitação centrifugou-

se o sistema por 10 minutos a 15000 rpm em temperatura ambiente, o

sobrenadante foi então descartado e repetiu-se essa etapa mais uma vez.

Após a segunda lavagem o sobrenadante foi desprezado e acrescentou-se

1mL de PBS. As células foram contadas em câmera de Neubauer e a

suspenção celular ajustada para 2x106 células/mL.

Para a análise de citometria de fluxo, utilizou-se o marcador Annexin

V-FITC Apoptosis Detection Kit fornecido pela empresa SIGMA-ALDRICH

BRASIL LTDA.

4.4.2.2. Metodologia

Os procedimentos experimentais descritos a seguir são baseados

nas instruções fornecidas com o marcador Annexin V-FITC Apoptosis

Detection Kit.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

31

Em uma placa de cultura celular, incubou-se a 37° C e 5% de CO2,

por 24 horas, linhagens de células saudáveis PBMC e de adenocarcinoma

mamário MCF-7, na presença ou não do estimulo.

Para obter-se uma variedade de resultados e adequado

tratamento estatístico, foram feitas 5 variações de cultivo celular com 6

repetições cada, sendo que: em 6 poços adicionou-se 1x106 células

saudáveis PBMC; em outros 6 poços adicionou-se 1x104 células tumorais

MCF-7; em outros 6 poços adicionou-se 1x106 células saudáveis PBMC e 50

µL da solução contendo o composto K[Ru(bipy)Cl4]; em outros 6 poços

adicionou-se 1x104 células tumorais MCF-7 e 50 µL da solução contendo o

estimulo; e, por fim, em outros 6 poços adicionou-se 5x105 células saudáveis,

5x103 células tumorais MCF-7 e 50 µL da solução contendo o estimulo.

Após 24 horas, retirou-se a placa de cultura celular da incubação.

Removeu-se o sobrenadante de cada um dos poços e colocou-se os mesmos

em tubos falcon com a devida identificação. Tratou-se cada poço com 1 mL

de tripsina e, após 5 minutos, transferiu-se o líquido com partículas em

suspensão para seus respectivos tubos. Retirou-se o excesso de células

presente no fundo dos poços, lavando-os com 1 mL de RPMI e transferindo-

se o conteúdo para seus respectivos tubos.

Centrifugou-se e lavou-se cada tubo falcon com 1 mL de PBS,

repetiu-se este procedimento 2 vezes. Em seguida, ressuspendeu-se cada

pellet com 500 µL de Binding Buffer previamente diluído, como indicado pela

empresa fornecedora. Adicionou-se então 5 µL de Annexin V-FITC conjugado

e 10 µL de iodeto de propídeo em cada amostra. Após 10 minutos de

incubação, à temperatura ambiente, as amostras estavam prontas para

serem analisadas no citômetro.

4.4.3. Análise de fluorescência por citometria de fluxo

Para a análise de citometria de fluxo utilizou-se o equipamento BD

FACSCalibur ™, San Jose – EUA. Para a aquisição, armazenamento e

análise imediata ou posterior dos dados gerados utilizou-se o software BD

FACSCalibur ™, fornecido junto com o equipamento.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

32

Para a realização das análises o citômetro foi ajustado para a

leitura de 10.000 eventos nos parâmetros: FSC para determinar o tamanho

da partícula, SSC para determinar a granulosidade ou complexidade interna

da mesma, FL1 e FL2 para diferenciar células em necrose, apoptose tardia

ou inicial.

4.4.4. Análise estatística

Para o devido tratamento estatístico, realizou-se o teste de Análise

de Variância (ANOVA), seguido do teste de comparações múltiplas, teste de

Tukey. As diferenças entre os tratamentos foram consideradas significativas

quando o valor de p foi menor que 0.05 (p<0.05). O tratamento estatístico foi

realizado no software AgroEstat.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

33

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Síntese e solubilidade do [Ru(bipy)(L-trip)Cl2]

Assim como Puthraya [41] e colaboradores, preferiu-se

desprotonar o ligante L-trip com o uso de NaHCO3, evitando o uso de

hidróxidos. A adição de NaHCO3 e L-trip em água resultou em uma solução

de pH 8,3. Estudos realizados por Carvalho [42] demostraram que em

solução de pH 8 a maior parte das moléculas de L-trip estão na forma

zwitterion, porém a espécie desprotonada também se faz presente.

A adição do complexo k[Ru(bipy)Cl4] na solução contento o L-trip

forma quase que imediatamente uma solução de coloração vinho, que se

intensifica ao longo do tempo, atingindo a intensidade máxima com 1 hora de

síntese.

Após 1 hora de síntese a coloração vinho começa a ficar mais fraca

tornando-se marrom. É provável que o composto sintetizado sofra uma

mudança de isomeria, se rearranjando em uma estrutura mais estável. O

procedimento se mostrou reprodutível, porém as análises realizadas neste

trabalho não viabilizaram estudos referentes a determinação da estrutura e

mudança de isomeria.

O procedimento utilizando temperatura acarretou na liberação de

um odor semelhante ao que é gerado na queima do L-trip, acredita-se que

esse odor possa estar relacionado com a instabilidade térmica do novo

composto sintetizado, inviabilizando assim um posterior processo de

purificação do material.

Testes qualitativos de solubilidade demonstraram que o novo

composto é muito pouco solúvel em água e possui baixa solubilidade em

álcool etílico. O teste de solubilidade em DMSO seguido do teste qualitativo

com AgNO3 demonstrou que o solvente DMSO labiliza ligantes cloros.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

34

5.2. Caracterização

5.2.1. Curvas TG-DTA

As curvas TG-DTA apresentadas na figura 7, mostram a

decomposição térmica do composto [Ru(bipy)(L-trip)Cl2].1/2H2O até 900 °C e

formação do resíduo RuO2 com um erro de 2,57% (TG = 27,20%; Calcd =

24,63%). Estudos realizados por Santos [43] demonstraram a formação do

mesmo tipo de resíduo, comprovados por difração de raio x, para compostos

derivados de rutênio e com erros na faixa de 3%.

Figura 7: Curvas TG-DTA do composto [Ru(bipy)(L-trip)Cl2].1/2H2O

A tabela 2 evidencia a decomposição térmica do composto

[Ru(bipy)(L-trip)Cl2].1/2H2O em cinco etapas acompanhadas por um único

evento exotérmico.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

35

Tabela 2: Etapas de decomposição térmica para o [Ru(bipy)(L-trip)Cl2].1/2H2O

Etapas

T °C 35-115 115-315 315-395 395-548 548-900

Δm % 3,53 6,23 46,96 9,01 7,07

Evento --- --- 378°C/exo --- ---

Nota-se que o composto não possui estabilidade térmica. Uma

pequena perda de massa é observada até 115 °C, que é atribuída a água de

hidratação, uma vez que testes qualitativos com o nitrato de prata mostraram

ausência de íons cloretos, indicando assim que átomos de cloros estão

diretamente ligados ao centro metálico. A presença de cloros na esfera de

coordenação indica que todos os sítios disponíveis para ligações já estão

ocupados, inviabilizando uma interação entre a água e o centro metálico.

Acredita-se que além da perda de água até 115 °C também esteja

ocorrendo o início da decomposição térmica do composto, visto que

tentativas para desenvolver uma rota de síntese, para esse composto, com

aquecimento a 60 °C gerou um odor semelhante ao que é gerado na queima

do L-trip. A partir de 115 °C é possível observar uma acentuada perda de

massa acompanhada de um pico exotérmico, indicando a decomposição

oxidativa dos ligantes.

Além do que já foi discutido, nota-se na região entre 500 e 700°C

um pequeno ganho de massa. Esse pequeno ganho de massa é atribuído a

oxidação do metal de Ru+3 para Ru+4, justificando assim a formação do

resíduo proposto. O estranho é que essa etapa não é acompanhada por um

evento exotérmico bem definido, como é o esperado, e o que se observa são

duas pequenas ondulações na linha DTA entre a região de 450 e 550 °C. A

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

36

ausência de picos exotérmicos bem definidos pode estar relacionado a forma

branda e lenta com que o evento aconteceu.

Estudos realizados Guo-Nan [44] e colaboradores, envolvendo o

composto [Ru(bipy)2(L-trip)]ClO4.3H2O, demostraram uma estabilidade

térmica maior. Como é relatado pelos autores, tal composto demonstrou

estabilidade até 220 °C com saída de água até 230 °C, seguida de acentuada

perda de massa até 238 °C, atribuída a saída do ligante L-trip. Essa maior

estabilidade térmica pode estar relacionada ao número de bipy coordenadas

ao metal, que claramente proporcionam um maior número de interações

intermoleculares. Nenhuma menção é feita as etapas de perda de massa

envolvendo os ligantes bipy e ao íon ClO4-1 assim como ao resíduo formado.

A caracterização térmica e testes qualitativos com a observação

de saída de água, em tubo de ensaio, ausência de precipitado em testes com

AgNO3, e possível formação do resíduo RuO2, sugerem a estequiometria

[Ru(bipy)(L-trip)Cl2].1/2H2O.

Devido as etapas de decomposição térmica terem ocorridas de

forma consecutivas, sem a formação de patamar e sem a identificação dos

gases liberados durante a análise, não foi possível sugerir um mecanismo de

decomposição térmica para o composto.

5.2.2. Espectroscopia eletrônica UV-VIS

Para um melhor entendimento, da discussão a seguir, veja a tabela

3:

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

37

Tabela 3: Tipo de transições observadas para os compostos estudados

COMPOSTO Anel π π* X t2g LMCT MLCT

K[Ru(bipy)Cl4] [36] 254 nm --- 364 nm

405 nm --- ---

K[Ru(bipy)Cl4] [45] --- 296 nm 354 nm

406 nm --- ---

K[Ru(bipy)Cl4] ** 253 nm 300 nm 364 nm

405 nm --- ---

[Ru(bipy)(L-trip)Cl2] ** 242 nm 292 nm

354 nm 433 nm ---

496 nm

601 nm

[Ru(bipy)2(L-trip)]ClO4

[44] 245 nm

295 nm

350 nm --- --- 495 nm

L-trip zwitterion ** --- 279 nm --- --- --- X = Ligante cloro. ** Valores observados neste trabalho.

A figura 8 ilustra o espectro UV-VIS qualitativo do composto

K[Ru(bipy)Cl4].

Figura 8: Espectro UV-VIS qualitativo do composto K[Ru(bipy)Cl4] em solução ácida

HCl/água 1:1

A análise UV-VIS do composto K[Ru(bipy)Cl4] reproduzido neste

trabalho é coincidente com a descrita por James e McMillian,[36] onde há a

presença de bandas de absorção em 405 e 364 nm. Os autores também

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

38

fazem menção a uma banda de absorção em 254 nm, porém no espectro

acima essa absorção não é bem pronunciada e o que se observa é um

pequeno perfil de sobreposição de bandas em torno de 253nm. Acredita-se

que essa absorção pode estar relacionada a transições do anel aromático.

Um outro fato que chama a atenção é que os autores não fazem

menção a forte banda de absorção em 300 nm, observada no espectro acima.

A presença dessa forte banda pode ser corroborada com o trabalho

desenvolvido por Bryant e Fergusson,[45] que apresenta uma absorção em

296 nm atribuída a uma transição eletrônica do tipo π π*. Além dessa

absorção também são apresentadas absorções em 406 e 354 nm. Tais

absorções são atribuídas a transições do tipo X t2g, onde X é um ligante

cloro.

O espectro de absorção do material sintetizado, [Ru(bipy)(L-

trip)Cl2], possui características similares ao do seu precursor, K[Ru(bipy)Cl4],

porém com algumas alterações. A figura 9 ilustra o espectro de absorção UV-

VIS do novo material sintetizado.

Figura 9: Espectro UV-VIS qualitativo do composto [Ru(bipy)(L-trip)Cl2] em álcool etílico

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

39

Na figura 9 é possível observar uma intensa banda de absorção

em 292 nm que sugere uma transição do tipo π π*. Nota-se que um

deslocamento hipsocrômico, saindo de 300 para 292 nm, ocorre quando

comparada ao espectro do composto de partida. Veja a figura 10.

A presença de uma absorção similar em 295 nm, a qual é atribuída

a transições do tipo π π*, também pode ser observada no espectro UV-

VIS para o composto [Ru(bipy)2(L-trip)]ClO4.[44]

Figura 10: Sobreposição dos espectros UV-VIS. L-triptofano em água destilada,

K[Ru(bipy)Cl4] em solução ácida HCl/água 1:1 e [Ru(bipy)(L-trip)Cl2] em álcool etílico

Além da banda de absorção em 292 nm é possível observar

absorções em 354, 433, 496 e 601 nm. A figura 11 ilustra melhor essas

bandas de absorções.

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40

Figura 11: Espectro UV-VIS qualitativo do composto [Ru(bipy)(L-trip)Cl2] em álcool etílico

Os deslocamentos e absorções, observados para o composto

[Ru(bipy)(L-trip)Cl2, indicam que a substituição de dois ligantes cloros por

uma molécula de L-trip ocasionou um pequeno aumento da energia 10Dq. As

absorções, em baixas energias, referentes a transições de carga do tipo

MLCT sugerem que, apesar do aumento 10Dq, o campo octaedro é fraco e

de spin alto.

As absorções referentes a transições de cargas MLCT são

observadas em 496 e 601 nm, figura 11. A banda de absorção em 496 nm é

condizente com a observada para o [Ru(bipy)2(L-trip)]ClO4, que aparece em

495 nm. Já a absorção em 601 nm, que não é observada no composto

[Ru(bipy)2(L-trip)]ClO4, pode ter surgido devido a uma possível assimetria

entre as moléculas nitrogenadas e os átomos de cloros. [44]

Apesar da substituição de dois ligantes cloros por L-trip a presença

de outros dois átomos de cloros, na esfera de coordenação, ainda é

observada. Essa informação pode ser corroborada pela presença da banda

de absorção presente em 433 nm. O espectro relatado para o composto

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41

[Ru(bipy)2(L-trip)]ClO4 possui uma ausência de absorção nessa região,[44]

porém no espectro do composto k[Ru(bipy)Cl4] é possível observar transições

do tipo X t2g, onde X é um íon cloreto, em 364 e 405 nm.[45]

Com o aumento da energia 10Dq ocorreu um deslocamento

batocrômico, referente a absorção em 405 nm, indo de 405 nm para 433 nm.

O aumento da energia 10Dq ocasiona uma aproximação entre orbitais t2g e

orbitais π, facilitando de certa forma as transições X t2g, justificando a

mudança deste tipo de transição para menores energias.

Além do que já foi discutido, nota-se, no espectro do novo

composto sintetizado, uma absorção em 354 nm. Essa absorção é condizente

com a relatada na literatura, 350 nm, para o composto [Ru(bipy)2(L-trip)]ClO4,

e é atribuída a absorções referentes a transições internas do ligante L-

trip.[44]

5.2.3. Espectroscopia FTIRmed

A figura 12 ilustra os espectros FTIRmed dos compostos estudados.

Nela, é possível observar uma diferença significativa entre o espectro do

[Ru(bipy)(L-trip)Cl2], seu precursor K[Ru(bipy)Cl4] e o ligante L-trip livre. As

alterações mais relevantes ocorrem nas regiões referentes ao íon carboxilato

e a amina alifática.

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42

Figura 12: Espectro FTIRmed dos compostos estudados

A presença de bandas características como os ν(NH3+) e as

δ(NH3+), assim como a posição das vibrações de estiramento do íon

carboxilato no ligante L-trip livre, podem indicar se o mesmo se encontra na

forma zwitterion.[42, 46, 47] No espectro acima essas bandas são

observadas em 3078 cm-1 para νas(NH3+), 2073 cm-1 para oscilações na

torção do grupo (NH3+), 1659 cm-1 para δ(NH3

+), 1582 cm-1 para νas(COO-)

e 1410 cm-1 para νs(COO-), confirmando assim a forma de zwitterion para o

ligante livre.

O espectro do novo composto sintetizado nos mostra que o íon

metálico rutênio foi seletivo ao se coordenar com a espécie desprotonada do

L-trip, isso nos explica o baixo rendimento da síntese, visto que para uma

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43

solução de pH 8 a maior parte das moléculas de L-trip estão na forma

zwitterion, como é relatado por Carvalho [42]. A seletividade do metal pela

espécie desprotonada é vista pelo desaparecimento, após a coordenação, da

banda presente em 2073 cm-1 e pelo deslocamento da banda de 1659 cm-1

para menores energias.

O desaparecimento da banda em 2073 cm-1, referente a oscilações

na torção do grupo (NH3+), indica que a molécula de L-trip não se encontra

mais na forma zwitterion e a coordenação com o íon metálico pode ocorrer

pelo N do grupo (NH2).[42] Já a banda em 1659 cm-1, referente a δ(NH3+), ao

que tudo indica, se deslocou para menores energias e foi sobreposta pelo

deslocamento do νas(COO-) que saiu de 1582 para 1602 cm-1. Esse

deslocamento para menores energias é mais um indicativo de que a espécie

desprotonada de L-trip se coordenou ao metal. Para o composto [Cu(L-trip)2],

uma banda referente ao grupo δ(NH2) é observado em 1626 cm-1.[47]

A formação da ligação Ru-N pode ser corroborada pela ausência

da banda em 1097 cm-1, presente no espectro do ligante livre, referente ao

v(CN) alifático. A ausência dessa banda indica que um deslocamento da

mesma ocorreu, se sobrepondo com outras bandas inicialmente observadas,

no composto de partida, na região de 1108 cm-1. Para o composto [Cu(L-

trip)2] é observado um deslocamento de 1097 cm-1 para 1107 cm-1, indicando

a ligação Ru-N da amina alifática.[47]

Outros indícios da formação da ligação Ru-N poderiam ser obtidos

analisando bandas referentes ao vas(NH2) e vs(NH2). Porém, essa análise se

torna inviável, visto que uma larga banda, característica da presença de água,

é observada na região de 3373 a 3231 cm-1. Os dados obtidos com o FTIRmed

corroboram com os obtidos na análise TG-DTA, confirmando assim a

presença de água no composto. Para compostos de Mn+2, Ni+2, Cu+2 e Zn+2,

com L-trip, essas bandas estão presentes entre 3344 e 3270 cm-1.[48]

Nota-se que a presença de água, no composto, encobre a banda

referente ao v(NH)indol que pode ser observada em 3401 cm-1 no ligante livre.

A diminuição de intensidade seguida da sobreposição indica que o indol

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44

participa de interações intramoleculares. Apesar da presença de água ainda

é possível observar os v(CH) em 3073 cm-1.

Segundo a literatura o íon carboxilato é muito versátil e pode se

coordenar de várias maneiras.[49] Para a coordenação monodentada, são

previstos dois comportamentos envolvendo o νas(COO-) em 1582 cm-1 e o

νs(COO-) em 1410 cm-1. Devido à geração de uma ligação M-O, onde M é um

metal de transição, a simetria existente no íon carboxilato é quebrada e o que

se espera é o deslocamento, para maiores energias, do νas(COO-) em 1582

cm-1 e um deslocamento, para menores energias, do νs(COO-) em 1410 cm-

1.[47, 49] Esses deslocamentos aumentam a distância entre as frequências

referentes aos ν(COO-) se comparados ao ligante livre na forma de sal de

sódio ou de potássio.[49]

No espectro do novo composto é possível observar um

deslocamento da banda referente ao νas(COO-) em 1582 cm-1 para 1602 cm-

1. Esse deslocamento, para maiores energias, corrobora com o esperado

para o νas(COO-). Porém, ao que tudo indica, o νs(COO-) em 1410 cm-1 obteve

um pequeno deslocamento para a região de 1419 cm-1, se sobrepondo com

a banda em 1421 cm-1, inicialmente observada no composto de partida,

divergindo do esperado. [47, 49]

Apesar do comportamento inesperado do νs(COO-) em 1410 cm-1,

é pouco provável que o íon carboxilato tenha se ligado ao metal de forma

quelante ou em ponte.[49] Além do indicativo da formação da ligação Ru-N,

obtido na análise de FTIRmed, testes qualitativos em tubo de ensaio com

nitrato de prata e ausência de precipitado, juntamente com os dados obtidos

na análise UV-VIS, confirmam a presença de dois átomos de cloro na esfera

de coordenação. A presença desses dois átomos de cloros na esfera de

coordenação inviabiliza qualquer outro tipo de ligação do íon carboxilato que

não seja a forma monodentada.

Mesmo que o νs(COO-) não tenha se deslocado para menores

energias, é possível observar um aumento na distância entre as frequências

referentes aos ν(COO-) se comparado ao ligante livre na forma de sal.

Carvalho [42] relata uma distância de 157 cm-1 para o ligante livre na forma

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45

de sal de sódio. Para o novo composto, sintetizado neste trabalho, a distância

entre as frequências referentes aos ν(COO-) é de 183 cm-1. Esse resultado

coincide com o esperado para uma coordenação monodentada do íon

carboxilato.[49]

Além do que já foi discutido, é possível, no espectro do novo

composto, observar bandas que originalmente não estavam presentes no

espectro do composto precursor. Essas bandas são referentes ao v(CN) do

indol em 1342 cm-1 e ao p(CH2) em 878 e 801 cm-1. No ligante livre são

observadas, respectivamente, em 1355, 858, 849 e 803 cm-1. É possível notar

pequenos deslocamentos que podem estar relacionados com interações

intramoleculares. Esse tipo de interação é observado para o composto

[Ru(bipy)2(L-trip)]ClO4.[44]

Aminoácidos podem coordenar com metais de transição de duas

maneiras, monodentados ou bidentados, sendo a forma bidentada a mais

frequente.[34, 50] A análise dos espectros acima nós dá fortes indícios da

formação da ligação Ru-O e Ru-N, com o nitrogênio da amina linfática.

A análise FTIRmed nos leva a crer que a molécula de L-trip

coordenou de forma bidentada ao centro metálico. Esse tipo de coordenação

se encaixa bem com a descrita para compostos de L-trip com rutênio,[34, 44]

cobre [47, 51], platina [52, 53], paládio [53], dentre outros.

5.3. Avaliação citotóxica dos compostos de rutênio

A figura 13 apresenta um gráfico com alguns dos resultados

obtidos na avaliação citotóxica do composto K[Ru(bipy)Cl4], em células

saudáveis PBMC e tumorais MCF-7. Nela é possível observar a comparação

das médias, referentes a morte celular por apoptose, de cada uma das cinco

variações.

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46

*Para letras iguais não existe diferença significativa entre as médias observadas.

Figura 13: Gráfico das médias, de morte celular por apoptose, pelo teste de Tukey

A análise de variância (ANOVA) seguida do teste de comparações

múltiplas (Tukey) mostra que, com 95 % de confiança, é possível afirmar que

não existe diferença significativa entre as médias de morte por apoptose das

variações células normais com estímulo e células tumorais com estímulo.

Em outras palavras, o que se percebe é que o composto

K[Ru(bipy)Cl4] induz, em mesmas proporções, a morte celular por apoptose,

tanto em células saudáveis PBMC quanto em células tumorais MCF-7. Logo,

esse composto derivado de rutênio não demonstrou seletividade para células

tumorais como era o esperado,[10, 11] podendo ser considerado como tóxico

para um comparativo entre as linhagens celulares analisadas.

Vale ressaltar que os resultados são para células PBMC e MCF-7,

possa ser que um comparativo da toxicidade, do composto estudado, entre

células PBMC e outras linhagens tumorais apresente uma diferença

significativa na indução de apoptose, mostrando seletividade para linhagens

tumorais específicas, e apresentando citotoxicidade para células saudáveis.

Esse é o caso do composto cloreto de cis-(dicloro)tetraamimrutenioIII que

apresenta uma toxicidade relevante para linhagens A-20, SK-Br-3 e S-180,

-10

40

C C B B A

COMPARATIVO DAS MÉDIAS, DE MORTE CELULAR POR APOPTOSE, PELO TESTE DE TUKEY COM

DMS(5%) = 10,44

Células tumorais. Células normais.

Células tumorais com estímulo. Células normais com estímulo.

Células tumorais e normais, com estímulo.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

47

moderada em células Jurkat e toxicidade muito baixa em células PBMC

quando comparado as linhagens A-20, SK-Br-3 e S-180.[29]

Na tentativa de simular um sistema biológico, onde há a interação

de células saudáveis e células tumorais, foi realizado um cocultivo com

células MCF-7 e PBMC, na presença do composto analisado. Os dados

obtidos mostram que a média de apoptose no cocultivo praticamente dobrou,

porém não nos permitem fazer qualquer inferência ao que de fato aconteceu,

apenas que a porcentagem de morte por apoptose aumentou.

Apesar do composto não ter apresentado seletividade para as

linhagens de células estudadas, nota-se que o mesmo induz de forma

específica a morte celular por apoptose, uma vez que a taxa de morte celular

por necrose é baixíssima e não apresenta diferença significativa entre as

variáveis. Veja a figura 14.

*Para letras iguais não existe diferença significativa entre as médias observadas.

Figura 134: Gráfico das médias, de morte celular por necrose, pelo teste de Tukey

Apesar do material analisado não ter sido seletivo, para as

linhagens analisadas, os resultados obtidos com o cocultivo, a baixíssima

taxa de morte celular por necrose e a considerável atividade apoptótica nos

incentiva a continuar investigando o composto K[Ru(bipy)Cl4].

-5

0

5

10

15

A A A A A

COMPARATIVO DAS MÉDIAS, DE MORTE CELULAR POR NECROSE, PELO TESTE DE TUKEY COM

DMS(5%) = 6,07

Células tumorais. Células normais.

Células tumorais com estímulo. Células normais com estímulo.

Células tumorais e normais, com estímulo.

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48

Problemas como insolubilidade em água, instabilidade isomérica e

labilização de ligantes, presentes na esfera de coordenação, frente a

solventes como DMSO, tornaram inviáveis a avaliação citotóxica do

composto [Ru(bipy)(L-trip)Cl2].

Para um melhor detalhamento do tratamento estátisco utilizado

veja os arquivos gerados pelo software AgroEstat no tópico 8.1 Arquivos

gerados pelo programa AgroEstat.

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49

6. CONCLUSÃO

A partir do precursor K[Ru(bipy)Cl4] foi gerada, no presente

trabalho, uma rota de síntese simples e reprodutível para um novo composto

de coordenação de Ru+3 com bipy e L-trip. Devido à instabilidade térmica, do

novo composto, não foi possível desenvolver um processo de purificação

para o mesmo.

A caracterização espectroscópica nos dá fortes indícios da

interação Ru-(L-trip). O deslocamento da banda referente ao íon carboxilato

para energias mais altas, no FTIRmed, e a ausência de bandas referentes a

amina alifática, indicam uma coordenação bidentada do ligante L-trip. A

presença de cloros na esfera de coordenação é comprovada pela banda de

absorção em 433 nm, no espectro UV-VIS, referente a uma transição Cl

t2g. Além disso, as bandas de transições em 496 e 601 nm, referentes a

transições do tipo MLCT que não são observadas no precursor

K[Ru(bipy)Cl4], indicam a presença do ligante L-trip na esfera de

coordenação.

Com os estudos em técnicas termoanalíticas é possível sugerir a

formula mínima do composto, [Ru(bipy)(L-trip)Cl2].1/2H2O. O novo composto

se mostrou instável termicamente, testes qualitativos em tubo de ensaio e

sínteses com aquecimento confirmam a instabilidade térmica, abaixo de 100

°C, com a liberação de um odor semelhante ao que é gerado na queima do

L-trip.

A avaliação do potencial antitumoral do precursor K[Ru(bipy)Cl4]

demonstrou que o mesmo possui efeitos tóxicos, consideráveis, em linhagem

de células MCF-7, porém não demonstrou seletividade e atinge em mesmas

proporções células PBMC. Devido os problemas de solubilidade encontrados,

a análise do potencial antitumoral do composto [Ru(bipy)(L-trip)Cl2] se tornou

inviável.

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50

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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hexachlororuthenate (III), and potassium tetrachloromono (bipyridine) ruthenate (III) and the analogous mono (phenanthroline) complex. Inorganic and Nuclear Chemistry Letters, v. 11, n. 12, p. 837-839, 1975. ISSN 0020-1650.

37. KRAUSE, R. A. Synthesis of mixed complexes of ruthenium (II) with 2, 2′-

dipyridyl. Inorganica Chimica Acta, v. 22, p. 209-213, 1977. ISSN 0020-1693.

38. DURHAM, B. et al. Structure of potassium (2, 2'-bipyridine)

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42. CARVALHO, A. C. S. Preparação e caracterização de compostos de

L-triptofano com La3+, Nd3+ e Eu3+. 2017. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Mato Grosso.

43. SANTOS, R. R. P. D. Metalofármacos de rutênio: síntese,

caracterização, atividade frente à linhagem celular K562 e estudos de interação com albumina de soro humana (HSA). 2009. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo.

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50. NAKAMOTO, K. Infrared and Raman Spectra of Inorganic and

Coordination Compounds, Applications in Coordination, Organometallic, and Bioinorganic Chemistry. John Wiley & Sons, 2009. ISBN 0470405872.

51. SELVAKUMAR, P. M.; SURESH, E.; SUBRAMANIAN, P. Single stranded

helical supramolecular architecture with a left handed helical water chain

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in ternary copper (II) tryptophan/diamine complexes. Polyhedron, v. 28, n. 2, p. 245-252, 2009. ISSN 0277-5387.

52. KUMAR, L. et al. Synthesis and spectroscopic studies of potential

anticancer [platinum (II)(2, 2'-bipyridine)(amino acid)] n+ (n= 1 or 2) complexes. Journal of inorganic biochemistry, v. 23, n. 1, p. 1-11, 1984. ISSN 0162-0134.

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Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

56

8. ANEXOS

8.1 Arquivos gerados pelo programa AgroEstat

AgroEstat - Sistema para Análises Estatísticas de Ensaios Agronômicos

------------------------------------------------------------------------

--------

Prof. Dr. José Carlos Barbosa

Professor Titular do Departamento de Ciências Exatas

FCAV - UNESP - Campus de Jaboticabal

Walter Maldonado Junior

Engenheiro Agrônomo - Pós-graduando em Produção Vegetal (CAPES)

FCAV - UNESP - Campus de Jaboticabal

========================================================================

========

Delineamento Inteiramente Casualizado

Fabrício

Variável: Viáveis

Nomes dos Tratamentos/Fatores:

=======================

Tratamentos

=======================

1 - Célula normal

2 - Célula tumoral

3 - Normal com estímulo

4 - Tumoral com estímulo

5 - Normal, tumoral - estímulo

=======================

Dados Obtidos no Experimento:

========================================================================

========

Tratamentos 1ª Rep. 2ª Rep. 3ª Rep. 4ª Rep. 5ª

Rep.

------------------------------------------------------------------------

--------

Célula normal 96,5000000 94,2000000 91,4000000 88,1500000

87,7000000

Célula tumoral 95,8200000 97,3000000 98,0900000 96,4800000

94,8700000

Normal com estímul 56,2600000 65,2300000 69,9900000 67,9800000

68,8100000

Tumoral com estímu 80,2700000 77,9300000 68,3300000 81,2800000

75,0000000

Normal, tumoral - 51,5800000 41,2200000 29,2700000 35,4700000

43,7000000

========================================================================

========

================================

Tratamentos 6ª Rep.

--------------------------------

Célula normal 77,8300000

Célula tumoral 96,8000000

Normal com estímul 84,1200000

Tumoral com estímu 75,2000000

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

57

Normal, tumoral - 31,2500000

================================

Estatística Descritiva dos Tratamentos:

====================================================================

Tratamentos Média Variância Desv. Pad. EPM

--------------------------------------------------------------------

Célula normal 89,2966667 43,1406667 6,56815550 2,68143825

Célula tumoral 96,5600000 1,27124000 1,12749279 0,46029701

Normal com estímul 68,7316667 81,3518967 9,01952863 3,68220714

Tumoral com estímu 76,3350000 21,9263500 4,68255806 1,91164632

Normal, tumoral - 38,7483333 70,4182167 8,39155627 3,42583850

====================================================================

Análise de Variância para Efeitos de Tratamentos

========================================================================

========

Causas de Variação GL SQ QM F P

------------------------------------------------------------------------

--------

Tratamentos 4 12112,845687 3028,2114217 69,42** <

0,0001

Resíduo 25 1090,5418500 43,621674000 -

------------------------------------------------------------------------

--------

Total 29 13203,387537 - -

========================================================================

========

Média Geral............: 73,934333

Desvio Padrão..........: 6,6046706

Erro Padrão da Média...: 2,6963455

Coeficiente de Variação: 8,9331577

Comparação das Médias de Tratamentos

=====================================

Teste de Tukey

-------------------------------------

Tratamento Viáveis

-------------------------------------

Célula tumoral 96,560000 a

Célula normal 89,296667 a

Tumoral com estím 76,335000 b

Normal com estímu 68,731667 b

Normal, tumoral - 38,748333 c

-------------------------------------

DMS(5%) = 11,1989

=====================================

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

58

Delineamento Inteiramente Casualizado

Fabrício

Variável: Apoptose

Nomes dos Tratamentos/Fatores:

=======================

Tratamentos

=======================

1 - Célula normal

2 - Célula tumoral

3 - Normal com estímulo

4 - Tumoral com estímulo

5 - Normal, tumoral - estímulo

=======================

Dados Obtidos no Experimento:

========================================================================

========

Tratamentos 1ª Rep. 2ª Rep. 3ª Rep. 4ª Rep. 5ª

Rep.

------------------------------------------------------------------------

--------

Célula normal 2,70000000 4,50000000 6,10000000 8,25000000

9,20000000

Célula tumoral 0,45000000 0,46000000 0,41000000 2,10000000

2,90000000

Normal com estímul 42,6100000 33,7000000 28,8900000 30,3500000

29,0400000

Tumoral com estímu 16,7900000 19,0100000 27,9200000 15,5900000

20,3200000

Normal, tumoral - 45,3900000 56,2600000 69,2000000 62,4600000

54,2800000

========================================================================

========

================================

Tratamentos 6ª Rep.

--------------------------------

Célula normal 0,45000000

Célula tumoral 0,44000000

Normal com estímul 15,3400000

Tumoral com estímu 20,9400000

Normal, tumoral - 67,4600000

================================

Estatística Descritiva dos Tratamentos:

====================================================================

Tratamentos Média Variância Desv. Pad. EPM

--------------------------------------------------------------------

Célula normal 5,20000000 11,0830000 3,32911400 1,35910510

Célula tumoral 1,12666667 1,19590667 1,09357518 0,44645020

Normal com estímul 29,9883333 77,9786167 8,83055019 3,60505702

Tumoral com estímu 20,0950000 18,8781100 4,34489471 1,77379584

Normal, tumoral - 59,1750000 80,4835100 8,97126022 3,66250165

====================================================================

Análise de Variância para Efeitos de Tratamentos

========================================================================

========

Causas de Variação GL SQ QM F P

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

59

------------------------------------------------------------------------

--------

Tratamentos 4 12966,724313 3241,6810783 85,48** <

0,0001

Resíduo 25 948,09571667 37,923828667 -

------------------------------------------------------------------------

--------

Total 29 13914,820030 - -

========================================================================

========

Média Geral............: 23,117000

Desvio Padrão..........: 6,1582326

Erro Padrão da Média...: 2,5140879

Coeficiente de Variação: 26,639411

Comparação das Médias de Tratamentos

=====================================

Teste de Tukey

-------------------------------------

Tratamento Apoptose

-------------------------------------

Normal, tumoral - 59,175000 a

Normal com estímu 29,988333 b

Tumoral com estím 20,095000 b

Célula normal 5,2000000 c

Célula tumoral 1,1266667 c

-------------------------------------

DMS(5%) = 10,4419

=====================================

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

60

Delineamento Inteiramente Casualizado

Fabrício

Variável: Necrose

Nomes dos Tratamentos/Fatores:

=======================

Tratamentos

=======================

1 - Célula normal

2 - Célula tumoral

3 - Normal com estímulo

4 - Tumoral com estímulo

5 - Normal, tumoral - estímulo

=======================

Dados Obtidos no Experimento:

========================================================================

========

Tratamentos 1ª Rep. 2ª Rep. 3ª Rep. 4ª Rep. 5ª

Rep.

------------------------------------------------------------------------

--------

Célula normal 0,80000000 1,30000000 2,50000000 3,60000000

3,10000000

Célula tumoral 3,73000000 2,69000000 1,90000000 1,42000000

2,23000000

Normal com estímul 1,13000000 1,07000000 1,12000000 1,67000000

2,15000000

Tumoral com estímu 2,94000000 3,06000000 3,65000000 3,13000000

4,68000000

Normal, tumoral - 3,03000000 2,52000000 1,53000000 2,07000000

2,02000000

========================================================================

========

================================

Tratamentos 6ª Rep.

--------------------------------

Célula normal 21,4200000

Célula tumoral 2,77000000

Normal com estímul 0,54000000

Tumoral com estímu 3,86000000

Normal, tumoral - 1,29000000

================================

Estatística Descritiva dos Tratamentos:

====================================================================

Tratamentos Média Variância Desv. Pad. EPM

--------------------------------------------------------------------

Célula normal 5,45333333 62,3066667 7,89345721 3,22249041

Célula tumoral 2,45666667 0,64198667 0,80124070 0,32710515

Normal com estímul 1,28000000 0,30976000 0,55656087 0,22721502

Tumoral com estímu 3,55333333 0,43430667 0,65901947 0,26904357

Normal, tumoral - 2,07666667 0,40526667 0,63660558 0,25989314

====================================================================

Análise de Variância para Efeitos de Tratamentos

========================================================================

========

Causas de Variação GL SQ QM F P

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO SÍNTESE

61

------------------------------------------------------------------------

--------

Tratamentos 4 62,548186667 15,637046667 1,22NS

0,3275

Resíduo 25 320,48993333 12,819597333 -

------------------------------------------------------------------------

--------

Total 29 383,03812000 - -

========================================================================

========

Média Geral............: 2,9640000

Desvio Padrão..........: 3,5804465

Erro Padrão da Média...: 1,4617112

Coeficiente de Variação: 120,79779

Comparação das Médias de Tratamentos

===================================

Teste de Tukey

-----------------------------------

Tratamento Necrose

-----------------------------------

Célula normal 5,4533333 a

Tumoral com estím 3,5533333 a

Célula tumoral 2,4566667 a

Normal, tumoral - 2,0766667 a

Normal com estímu 1,2800000 a

-----------------------------------

DMS(5%) = 6,0710

===================================