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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA CURSO DE ZOOTECNIA CARLA CAROLINE DE ARAÚJO DOS SANTOS PARÂMETROS DA QUALIDADE DE ÁGUA NA PISCICULTURA DE ÁGUA DOCE CUIABÁ-MT 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

CURSO DE ZOOTECNIA

CARLA CAROLINE DE ARAÚJO DOS SANTOS

PARÂMETROS DA QUALIDADE DE ÁGUA NA PISCICULTURA DE ÁGUA DOCE

CUIABÁ-MT 2018

CARLA CAROLINE DE ARAÚJO DOS SANTOS

PARÂMETROS DA QUALIDADE DE ÁGUA NA PISCICULTURA DE ÁGUA DOCE Trabalho de Curso de Gradação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Prof. Dr.Márcio Aquio Hoshiba

CUIABÁ-MT 2018

TERMO DE APROVAÇÃO

Dedico à minha mãe Augusta de Araújo.

A toda minha família, amigos e professores, pelo apoio e ensinamentos.

Dedico.

AGRADECIMENTOS

Tenho tanto a agradecer e mesmo assim não será o suficiente.

Começo agradecendo a Deus que está presente em todos os momentos da

minha vida, mesmo no oculto sei que cuida de mim como filha.

Minha família que sempre muito unida, me mostrou a força que tem a união,

me empurrando para frente e para cima. Meus avós Valentim e Axtrogilda, minha

madrinha Wania Aparecida, minhas tias Vanessa, Ivanil e Jossinete. Meus tios

Marcelo Bueno, Sebastião, Valdemir e Marcelo Santos, que me ensinaram que

nesse meio as mulheres são tão capazes quanto os homens, e me mostraram meu

valor.

À minha mãe Augusta de Araújo e ao meu irmão Carlos Santos. Agradeço por

terem me criado, me educado, e me transformado na pessoa que sou hoje, por

nunca terem questionado a minha escolha pela zootecnia.

Agradeço ao meu companheiro de caminhada Diego Ciquini, por sempre

estar comigo em todos os momentos.

Aos amigos que fiz no campus, Edimar, Quezia, Bruna Rosa por ter me

ajudado com o TCC, e Hellen, e aos colegas que fiz durante o meu estágio final em

Sorriso, que mesmo por pouco tempo são muito valiosos pra mim. Um

agradecimento especial aos meus amigos Danilo Fonseca, Driele Sampaio, Thainara

Matilde e mais que amiga Saghia Rachik, por terem me acompanhado em todo o

meu trajeto estudantil, por terem sido parceiros com trabalhos, provas e atividades

na faculdade, são minhas melhores companhias.

Não posso esquecer-me dos professores, que me marcaram com o seu jeito

de ensinar e fazer aprender, como o “Cadu”, Lisiane, Cely, meu orientador Marcio,

Pedro Hurtado, Potença, Ferdinando, Vânia que muito me aconselhou, Lívia, Felipe

Gomes, Nicolau e Janaína.

Ao meu chefe Lucas Granuzzo, pela oportunidade e confiança depositada em

mim. E a empresa Amazon Fish que me cedeu estágio.

A todos vocês meu muito obrigado.

“Os sonhos não determinam o lugar onde você vai chegar, mas produz a força

necessária para tirá-lo do lugar em que você se encontra.”

Augusto Cury

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Maleta utilizada em campo, contendo os produtos e reagentes de

análise de água: ............................................................................................... 7

Figura 2. Imagem aérea possibilitando visualizar a disposição dos viveiros e a

propriedade Amazon fish. ................................................................................. 9

Figura 3. Incubadoras e caixas circulares utilizadas ....................................... 10

Figura 4. Mapa dos viveiros, setor de engorda. .............................................. 11

Figura 5. Ilustração de reagentes utilizados ................................................... 14

Figura 6. Ilustração do oxímetro YSI modelo Pro20 utilizados nas análises de

agua: ............................................................................................................... 14

Figura 7. Gráfico de variação do pH setor de engorda. ................................. 17

Figura 8. Gráfico de relação oxogênio dissolvido e pH nos viveiros de engorda

da empresa Amazon Fish ............................................................................... 18

Figura 9. Gráfico da Média de pH nos períodos da manhã e da tarde, setor de

engorda ........................................................................................................... 18

Figura 10. Gráfico da média de oxigênio dissolvido. ...................................... 19

Figura 11. Exemplo de transparência, viveiro 2 setor de engorda. ................. 22

Figura 12. Exemplo de um viveiro com boa qualidade de água. .................... 22

Figura 13. Exemplo de um viveiro argiloso. .................................................... 23

Figura 14. Exemplo de cianobactérias. ........................................................... 24

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de ácidos graxos saturados e insaturados de algumas

das espécies mais consumidas no Brasil entre 2008 e 2009. .......................... 4

Tabela 2 - Principais parâmetros de qualidade de água para criação de peixes

tropicais de água doce. ..................................................................................... 6

Tabela 3 - Padrão da coleta informações dos tanques, feitas diariamente. .... 16

Tabela 4 - Variação de alcalinidade setor de engorda. ................................... 20

LISTA DE ABREVIATURAS

BR Brasil

CL Tanque pós-larva

CA Tanque creche

DF Distrito Federal

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

GO Goiás

IMEA Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MA Maranhão

MS Mato Grosso do Sul

MT Estado do Mato Grosso

OD Oxigênio Dissolvido

SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SP Estado de São Paulo

Tag Chip de identificação animal

SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2.OBJETIVO .......................................................................................................... 3

3.REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 4

3.1 Benefícios do pescado ..................................................................................... 4

3.2 Parâmetros para análise de água na piscicultura de água doce ...................... 5

3.3 Meios aquáticos prejudiciais a piscicultura ...................................................... 7

3.4 Tecnologias associadas à piscicultura ............................................................. 8

4.RELATÓRIO DE ESTÁGIO ................................................................................ 9

4.1 Histórico ........................................................................................................... 9

4.2 Infraestrutura .................................................................................................. 10

4.2.1 Laboratório de alevinagem .......................................................................... 10

4.2.2 Setor de engorda ........................................................................................ 11

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO .......................................... 13

5.1. Atividades desenvolvidas .............................................................................. 13

5.1.1. Análises de agua dos tanques de engorda ................................................ 13

5.2. Discussão ..................................................................................................... 17

5.2.1. Variação de pH presente nos viveiros ........................................................ 17

5.2.2. Variação de alcalinidade e amônia ............................................................ 20

5.2.3. Transparência ............................................................................................ 21

6. CONCLUSÕES ................................................................................................ 25

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 26

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 27

RESUMO

A piscicultura é uma das áreas da aquicultura, onde o objetivo é a criação de peixes.

Além de ser uma excelente fonte de renda para os criadores, é uma alternativa para

a pesca comercial, e em ambientes controlados como lagos de piscicultura. Existem

diversos sistemas de piscicultura, a extensiva, semi-intensiva, intensiva e

superintensiva, cada uma com suas particularidades e grau de dificuldades.

Contando com uma grande área de reservatórios de água doce, o Brasil apresenta

boas condições para o desenvolvimento da piscicultura. Tudo isso aliado ao clima

favorável e ao crescente mercado interno que criam um belo cenário para

investimentos no setor. Umas das grandes preocupações com a criação de peixe,

além do manejo, é a qualidade de água, pois ela não só influencia no crescimento

dos peixes, como também é através dela que se determina a sobrevivência dos

mesmos. Os parâmetros limnologicos, como oxigênio dissolvido, temperatura, pH,

alcalinidade, dureza e transparência comprometem o desenvolvimento do animal.

Esses indicadores da qualidade de água interagem uns com os outros, o que pode

ser tóxico e causar mortalidades, se em concentrações inadequadas. A importância

de cada indicador, o método de determinação e frequência do monitoramento

depende do tipo e intensidade do sistema de produção. Com isso, o

desenvolvimento das atividades aquícolas, juntamente com a tomada de consciência

junto aos problemas ambientais, justifica totalmente a atenção em relação a

qualidade de água. Cujo objetivo do trabalho foi avaliar esses parâmetros.

Palavras-chaves: limnologia, qualidade de água na piscicultira, análise de água.

1

1. INTRODUÇÃO

A piscicultura é uma das áreas da aquicultura, cujo objetivo é a criação de

peixes (como por exemplo, a tilápia, tambaqui e surubim).

Tanto na produção quanto no consumo de pescado, o Brasil vem crescendo a

cada ano. A produção total de peixes da piscicultura brasileira foi de 507,12 mil

toneladas em 2016, representando um aumento de 4,4% em relação ao ano

anterior. No ano anterior apresentou aumentos nas Regiões Norte (6,2%), Sudeste

(12,7%) e Sul (13,1%). No Nordeste e Centro-Oeste, registrou quedas de 4,7% e

19,7%, respectivamente (IBGE, 2016).

Algumas das espécies nativas já estão sendo criadas em cativeiro e vendidas

comercialmente. As espécies nativas geralmente têm boa aceitação no mercado da

pesca esportiva e possuem carne com excelentes características organolépticas.

Segundo a FAO 2016 os peixes mais produzidos no Brasil são a Tilápia com 45,4%,

o Tambaqui com 28,1% e o Tambacu e a Tambatinga com 7,7%.

A produção municipal de MT em kg segue a seguinte ordem: Nossa Senhora

do Livramento, Sorriso, Campo Verde, Canarana, Várzea Grande, Primavera do

Leste, Alta Floresta, Cuiabá, Alto Paraguai, Lucas do Rio verde, Paranaíta, Carlinda,

Rosário Oeste, Chapada dos Guimarães, Juscimeira e Rondonópolis (INDEA-MT,

2016).

O sistema extensivo de produção é caracterizado pela baixa produtividade e

pelo pouco consumo de insumos. Geralmente são grandes represas onde são soltos

os alevinos. Esse sistema de produção é muito utilizado quando o objetivo é

principalmente o lazer ou mesmo fornecimento de alimento próprio (SEBRAE 2013).

Em grandes represas da região norte de Mato Grosso, de sistema extensivo

de produção, usa-se o sistema de curral de alimentação como métodos de captura,

têm-se obtido resultados satisfatórios quanto a isso (Medeiros, 2016).

Apesar do baixo valor de custeio, o sistema extensivo atende somente a

casos bem específicos, não sendo regularmente, para implantação de uma

piscicultura comercial visando lucros altos (SEBRAE, 2013).

O sistema semi-intensivo é ainda o mais utilizado em todo o mundo. O

sistema semi-intensivo caracteriza-se principalmente pela maximização da

produção, utilizando como principal fonte a alimentação natural do próprio viveiro

2

(fitoplâncton, zooplâncton, bentos e macrófitas) complementada com ração

comercial (SEBRAE, 2013).

Esse sistema de produção pode aumentar sua capacidade de suporte, se for

introduzido o método de aeração ou aumentada a taxa de renovação da água. O

controle de oxigênio dissolvido e o pH ajudam efetivamente na tomada preventiva de

ações que minimizam os riscos e maximizam os lucros desse tipo de sistema

(SEBRAE, 2013).

O sistema intensivo de produção se caracteriza principalmente pelo

monocultivo, com predominância da tambatinga em Mato Grosso, do tambaqui em

Rondônia e da tilápia nos outros estados (SEBRAE, 2013).

O objetivo é incrementar o crescimento para reduzir o período de abate,

aperfeiçoar o aproveitamento do viveiro e melhorar a lucratividade. Com isso se

trabalha com o nível tecnológico próximo ao limite máximo de produção econômica

(SEBRAE, 2013).

O desenvolvimento da atividade aquícola, veio juntamente com a atenção

que se deve oferecer ao item “qualidade da água”, especialmente àquela advinda de

ação das criações intensivas e semi-intensivas (SILVA et al., 2001).

O conhecimento, a análise e a interpretação dos parâmetros da qualidade da

água são de grande importância para os piscicultores. Fatores como oxigênio

dissolvido, temperatura, pH, alcalinidade, dureza e transparência afetam diretamente

no desenvolvimento, crescimento e reprodução os peixes, conduzindo assim a

produtividade do setor, e devem ser acompanhados frequentemente pelo

responsável técnico da propriedade.

Tendo-se como perspectiva a preservação do ecossistema aquícola em

viveiros torna-se necessário a adoção de práticas que possam contribuir com a

manutenção da qualidade da água, com isso se deve ao uso dos probióticos

(Ferreira, et al., 2012).

3

2. OBJETIVO

Geral

Os objetivos foram acompanhar e realizar alguns dos métodos de análise de

água, observar o desenvolvimento da qualidade de água nos tanques, o

comportamento de microrganismos e algas presentes nos viveiros, no período de

três meses.

Específico

Avaliar os parâmetros físicos químicos dos viveiros;

Mensurar os efeitos climáticos e sua relação com a qualidade da agua.

4

3. REVISÃO DE LITERATURA

Dados do Peixe BR 2016 mostram que, das 638 mil toneladas de peixes

produzidos anualmente no Brasil. A atividade movimenta cerca de R$ 4 bilhões/ano,

gera um milhão de empregos diretos e indiretos e cresce a taxas superiores a 10%

ao ano.

“O mercado está para peixes nativos”, enquanto o mercado de tilápia cresce

a uma taxa de 17% ao ano, o de alguns peixes nativos como o Pirarucu cresce a

25% ao ano. Além disso, mostrou que 55% do consumo de peixes são destinados

para o mercado gourmet (EMBRAPA, 2016). O consumo nacional de peixe é de 14,4

kg/habitante/ano (FAO, 2016).

Pequenos e médios aquicultores de Mato Grosso agora também poderão criar

e comercializar peixes exóticos. Nesta categoria, a principal espécie viável é a

tilápia, que pode gerar duas despescas por ano e, assim, ampliar a renda dos

criadores. O Decreto que autoriza a atividade foi assinado nesta sexta-feira

(15.09.2017), pelo governador do Estado, Pedro Taques, no Palácio Paiaguás, em

Cuiabá. Além de incrementar a renda dos criadores, a comercialização da tilápia

também visa facilitar o acesso de consumidores com menor poder aquisitivo, como

destaca o presidente da Associação dos Aquicultores de Mato Grosso (Governo de

MT, 2017).

3.1 Benefícios do pescado

A carne de peixe pode ser incluída tranquilamente na dieta, ela é um alimento

com baixo teor de gordura (incluindo o colesterol) e alto teor proteico; é fonte de

componentes nutricionais, como as vitaminas e minerais, e de ácidos graxos poli-

insaturados (Sartoril e Amancio, 2012). Na tabela 1 indica alguns dos efeitos

benéficos do pescado de agua doce.

Tabela 1 - Quantidade de ácidos graxos saturados e insaturados de algumas das

espécies mais consumidas no Brasil entre 2008 e 2009.

Pescado Fonte Ácidos graxos

saturados Ácidos graxos

monoinsaturados

Ácidos graxos poli-insaturados

5

Pescada fresca

Água salgada 0,8 2,4 0,9

Camarão fresco

Água salgada 0,1 0,1 0,2

Tucunaré fresco

Água doce 0,6 0,4 0,4

* quantidade (em gramas) em 100 gramas de alimentos. Fonte: Elaboração dos autores, com base nos dados disponibilizados pelo IBGE 2009 e da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO 2009).

3.2 Parâmetros para análise de água na piscicultura de água doce

Os aspectos básicos que comumente são estudados, quando falamos em

qualidade de água, são divididos em dois: físicos (temperatura, transparência e

turbidez) e químicos (alcalinidade, amônia, dureza, oxigênio e pH).

O bom manejo dos tanques faz com que as propriedades da água sejam

garantidas, durante todo o processo de vivência dos animais. Isso vai desde a

secagem, drenagem, adubação entre outros (De Queiroz, 2006).

Os aspectos físicos e químicos da água devem ser observados

constantemente, já que estão sujeitos a alterações diárias decorrentes das

interferências dos meios naturais, ou induzidos de acordo com a necessidade da

propriedade (De Queiroz, 2006).

A turbidez e transparência são importantes, pois, ao analisa-la podemos

observar a manifestação de organismos aquáticos, como fitoplânctons ou zoo-

plânctons, no qual a falta ou excesso se torna prejudicial. É importante observar

também a presença de algas (De Queiroz, 2006).

Controlar a entrada e saída de água nos viveiros, através do uso de

comportas, cachimbos e monges, também é uma forma de manter os

microrganismos concentrados dentro dos tanques (De Queiroz, 2006).

A alcalinidade indica a presença de sais minerais dissolvidos na água, esses

sais são os carbonatos (CaCO₂) e Bicarbonatos (HCO₃), medidos em mg/L. A dureza

refere-se a presença de sais de Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) na água.

A amônia é o principal produto de excreção dos peixes, um gás

extremamente solúvel em água, sua origem vem da decomposição de restos de

ração, excesso de adubação orgânica, morte do fito plâncton e fertilizantes. A

6

amônia não ionizada (NH₃) é tóxica, e a amônia ionizada (NH₄), é menos prejudicial

(Silva, et al., 2001).

Oxigênio dissolvido é a principal fonte de respiração dos peixes, que passa

pelas brânquias onde são realizadas as trocas gasosas, a concentração dele varia

continuamente durante o dia, em consequência de processos físicos, químicos e

biológicos. O céu nublado causa um decréscimo na taxa de fotossíntese, e em dias

claros aumenta rapidamente (Silva, et al., 2001).

A respiração, fotossíntese, adubação e calagem são alguns dos fatores que

causam a mudança do pH. Ele é importante também para a regulação da toxidez de

amônia (Kubitz, 2017). Essas alterações podem provocar até mesmo altas

mortalidades em peixes, especialmente nas espécies que apresentam dificuldade

em estabelecer o equilíbrio osmótico (Silva, et al., 2001).

Devido a um manejo inadequado dos fertilizantes químicos, a entrada de

amônia e de nitrato em quantidades muito elevadas pode acarretar crescimento

descontrolado do fitoplâncton, provocando florações de algas, as quais ocasionam

sérios distúrbios na qualidade da água (Paerl and Tucker, 1995, Mercante et al.,

2004).

Tabela 2 - Principais parâmetros de qualidade de água para criação de peixes

tropicais de água doce.

Parâmetros Medidas

Alcalinidade Total (CaCO₃) >30 mg/L

Amônia tóxica (NH₃) <0,2 mg/L

Dureza Total (CaCO₃) >30 mg/L

Gás carbônico (CO₂) <10 mg/L

Gás sulfídrico (H₂S) <0,002 mg/L

Nitrito (NO₂) <0,3 mg/L

Oxigênio dissolvido >5,0 mg/L

pH Entre 6,0 e 9,0

Salinidade Depende da espécie

Temperatura 26ºC a 30ºC, mais varia de acordo com

a espécie.

Tabela modificada.

Fonte: Thomas Edson Lima Torres 2002

7

Sendo assim qualidade de água inclui todas as características físicas,

químicas e biológicas que interagem individualmente ou coletivamente, influenciando

o desempenho dos animais que nela vivem (Silva, et al., 2001).

Os Kits comerciais facilitam a realização desses parâmetros, neles contém os

reagentes que fazem análises de amônia, alcalinidade e também de pH, todos com

manuais bem simples de serem utilizados e de rápidos resultados.

Marcas nacionais de alguns produtos comercialmente vendidos para análise

de água:

GIRAQUA;

BRASILpiscis;

LabCon;

ACQUA;

Acqua supre;

Agropesca;

Figura 1. Maleta utilizada em campo, contendo os produtos e reagentes de

análise de água:

Fonte: Arquivo pessoal

3.3 Meios aquáticos prejudiciais a piscicultura

Algumas espécies de vegetação aquática apresentam-se enraizadas em rios

com fortes correntezas, outras somente podem viver em águas paradas ou

estagnadas (Martins, 1999). Essas plantas competem com a disponibilidade de

nutrientes presentes nos viveiros, o que algumas vezes acabam se transformando

8

em invasoras, ocupando rapidamente os locais onde se incida luz, ou seja, viveiros

com muita transparência (Pitelli, 1998).

Dentre os organismos fitoplanctônicos, as Cyanobacteria apresentam

estratégias de crescimento que sob condições ambientais favoráveis, como

temperatura em torno de 25 °C, valores de pH entre 6 e 9, concentração elevada de

nutrientes (nitrogênio e fósforo) e estabilidade da coluna d’água, podem promover as

chamadas florações, capazes de liberar para o meio metabólitos secundários tóxicos

conhecidos como cianotoxinas (Andrade, et al 2009).

3.4 Tecnologias associadas à piscicultura

A identificação eletrônica de peixes consiste na inserção de um tag

(dispositivo eletrônico), sob a pele do peixe. Esse dispositivo contém um número

registrado eletronicamente que é lido quando um escâner é passado sobre o animal.

Cada peixe recebe um número único de modo a ser identificado no meio do plantel

(Embrapa Aquicultura, 2014).

Com essa análise, é possível traçar o grau de parentesco entre os peixes do

plantel e assim evitar cruzamentos consanguíneos.

Uma ferramenta biotecnológica que também vem ganhando interesse na

produção aquícola é o uso de probióticos que, ingeridos de forma frequente trazem

benefício para a saúde do animal em questão. (Moriarty, 1998; Verschuere et al.,

2000).

Os probióticos são constituídos de microrganismos vivos que afetam

beneficamente o hospedeiro melhorando o equilíbrio na flora do trato gastrintestinal

(Fuller et al., 1989).

Tendo-se como perspectiva a preservação do ecossistema aquícola em

viveiros torna-se necessário a adoção de práticas que possam contribuir com a

manutenção da qualidade da água como: utilização de quantidade e qualidade

adequada de ração para não haver sobra de alimento, pois o excedente proporciona

aumento da matéria orgânica; densidade de estocagem correta para evitar uma

superpopulação de peixes com disputa pelo alimento; manter uma microbiota

adequada para que ocorra equilíbrio no sistema aquícola (Ferreira, et al., 2012).

9

4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO

O estágio foi realizado no município de Sorriso-MT, que é um município

brasileiro do estado de Mato Grosso. Pertence à microrregião de Alto Teles Pires e

mesorregião do Norte Mato-grossense. De acordo com o IBGE, sua população é

estimada em 85.233 habitantes em 2017.

Figura 2. Imagem aérea possibilitando visualizar a disposição dos viveiros e a propriedade Amazon fish.

Fonte: Amazon Fish

4.1 Histórico

A empresa, Amazon Fish, onde foram realizadas todas as atividades de

estágio, possui mais de dois anos no mercado. A propriedade fica localizada a 48 km

do centro de Sorriso, próxima as margens do rio Teles Pires, onde antes era

conhecida como empresa Nativ-pescadado.

A Amazon fish deu início as atividades em Julho de 2015, com agora os

novos proprietários. Os peixes criados na fazenda são Tambatinga, Jatuarana,

Jundiá da Amazônia, Tambaqui, Cachara, Pintado (Surubim) e Pintado Amazônico,

com produção total de 500 toneladas ao ano, distribuídos para frigoríficos de MS,

DF, GO e SP, também comercializado para feirantes no MA.

10

O carro chefe da empresa é o pintado amazônico, seja na fase de

alevinagem, ou na fase de engoda, recentemente a empresa abriu o comércio para

Jatuarana, uma espécie de peixe também muito procurada pelo mercado.

4.2 Infraestrutura

A fazenda tem 90 hectares de lâmina d’água, com média de 6.000 mil peixes

por hectare. Conta-se com 20 funcionários no total e o gerente Luciano Hinnah.

Possui uma sede com dois escritórios, guarita, casa do caseiro, cozinha e

refeitório, cinco alojamentos amplos com capacidade para 27 funcionários. Entre

seus maquinários, três tratores, caixa de transporte para peixes, equipada com

oxigenadores, duas salas de rações, sala de máquinas, duas motocicletas. Em sua

estrutura, contém dois poços artesianos, gerador que mantém todo o laboratório e o

alojamento, em caso de queda de energia, torre de internet com roteador que

abrange quase toda a propriedade.

Dentro da fazenda não existe fábrica de ração, toda alimentação e outros

produtos utilizados no tratamento diário dos peixes, advém de empresas externas,

algumas da região e outras da capital Cuiabá, ou até mesmo de SP.

Conta com o apoio de empresas que oferece assistência técnica, tanto

regional quanto nacional. A empresa vem crescendo e ampliando seus horizontes,

atualmente atinge a meta de um milhão de alevinos produzidos, e com visão de

dobrar essa produção a curto prazo.

4.2.1 Laboratório de alevinagem

A propriedade possui um possui laboratório com capacidade para mais de

300 incubadoras, atualmente utiliza-se apenas 40% da eficiência reprodutiva. Em

atividade são encontradas 100 incubadoras, com boas condições de uso e

aparelhos calibrados, 20 caixas circulares também em uso, como podemos observar

na figura 3.

Figura 3. Incubadoras e caixas circulares utilizadas

11

Fonte: Arquivo pessoal

Conta com um pequeno laboratório, para armazenamento de reagentes,

hormônios, microscópio entre outros equipamentos funcionais.

Possui também dez tanques escavados de CLs, e oitenta tanques de CAs, de

aproximadamente 1.000,00 m² e 25.000,00 m² pra onde são direcionadas as pós-

larvas.

4.2.2 Setor de engorda

O setor de crescimento e engoda é composto por 40 tanques escavados, com

média de 700, 1.500 e 3.000 m², como podemos observar na figura 4. A capacidade

média dos tanques é para 6 mil peixes, monitorados diariamente, e alimentados

duas vezes ao dia em média.

Figura 4. Mapa dos viveiros, setor de engorda.

12

Fonte: Amazon Fish

A despesca é feita quando os peixes atingem 1,5 kg, e vendidos para

frigoríficos, pequenos comércios, feiras, dentro e fora do estado. A forma de

transporte pode ser em caixas de gelo ou animais vivos, toda a responsabilidade do

transporte é da empresa que adquire os animais.

Não se utiliza renovação de água nos viveiros, um sistema totalmente

fechado (sistema estático), exceto é claro quando aparecem problemas que

necessitem de tal renovação.

13

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO

5.1. Atividades desenvolvidas

5.1.1. Análises de agua dos tanques de engorda

Toda semana, de segunda a sábado foram feitas as seguintes análises:

Transparência;

Nebulosidade;

Oxigênio;

pH;

Temperatura;

E uma vez por semana foram coletadas amostras de água e para análises de

amônia e alcalinidade, todas foram realizadas na beira do tanque, com os

equipamentos e reagentes da Acqua supre.

O oxigênio foi medido por um oxímetro da marca YSI modelo Pro20, e o

pHmetro da marca Hanna, porém na terceira semana foi substituído por outro

modelo mais atualizado da marca Oaklon ecotestr.

O oxigênio dissolvido foi medido duas vezes ao dia, pela manhã em torno das

7h00min e pela tarde as 15h00min. Segundo a literatura citada na tabela 2, o

indicativo de OD abaixo de 5 mg/L é ruim para os peixes, porém na fazenda se

segue o seguinte padrão:

OD acima de 5 mg/L no período vespertino e matutino significa regular;

OD acima de 8 mg/L no período vespertino significa muito bom;

OD abaixo de 2,5 mg/L em qualquer período significa qualidade ruim, não se

deve arraçoar o viveiro em questão;

OD abaixo de 1 mg/L se liga os aeradores imediatamente.

Isso tudo seguindo as orientações do Engenheiro de Pesca da propriedade

Luciano Hinnah.

A transparência da água também é considerada um indicativo de qualidade

de água, elas são avaliadas de acordo com a cor aparente e distribuídas entre

verde, verde claro, verde escuro, branca, barrosa e transparente, às vezes aparecia

uma coloração diferente do comum.

14

A intensidade do verde indicava a presença de fitoplâncton, cianobactérias, e

demais microrganismos presentes na água, a coloração branca indica calagem

recente de calcário ou de outra fonte de cálcio, e a coloração transparente indica a

falta de matéria orgânica ou também pode ser considerado um indicativo de amônia,

já a barrosa aparecia em viveiros com grande quantidade de argila em suspensão.

Figura 5. Ilustração de reagentes utilizados

Fonte: Arquivo pessoal

Com esse kit foi possível tirar as medidas de amônia, alcalinidade, pH e CO2,

porém não eram utilizadas todas essas modalidades. Nela continha recomendações

de uso e o passo a passo, de forma bem esclarecida a quem fosse utilizá-la.

Figura 6. Ilustração do oxímetro YSI modelo Pro20 utilizados nas análises de

agua:

Fonte: Arquivo pessoal

15

Para o teste de alcalinidade total foi utilizado os seguintes métodos, segundo

as indicações da Acqua supre:

Colete uma amostra de agua com o tubo de ensaio. Depois adicione no

erlenmeyer

Adicione 2 gotas do reagente 1 e misture, em seguida adicione gota a gota

o reagente 2 até atingir uma coloração rosada;

Em seguida relacione o número de gotas com a seguinte equação, nº de

gotas x3 = Alcalinidade total;

Para amônia, também seguindo os métodos da Acqua supre:

Colete uma amostra de 5 ml, com o tubo de ensaio. Adicione uma gota do

reagente 1 e misture bem,

Depois adicione 4 gotas do reagente 2 e misture bem, aguarde por cinco

minutos;

Compare com a cor da escla de amônia, aproximando o tubo ao fundo

branco da escala.

Os testes de amônia eram feitas somente no período da tarde. Em tanques e

viveiros de larvicultura estes parâmetros devem ser medidos duas vezes por

semana, sempre ao final da tarde, horário em que os valores de pH mais elevados

potenciam a ação tóxica da amônia (Boyd, 1997).

Para alcalinidade os parâmetros uzados foram:

De 3 a 9, considerado péssimo. Intervenção imediatamente, com

adubação utilizando calcário.

De 12 a 21, considerado intermediário, situação de alerta, caso precise

adubação com calcário também. Varia de acordo com a espécie

encontrada do viveiro em questão.

De 24 a 30, considerado bom. Sem necessidade de intervenções e

adubação.

De 33 ou mais, considerado alcalinidade excelente.

Para o laboratório se utiliza o mesmo protocolo, tanto nas incubadoras, caixas

circulares e tanques pós-larvas.

16

Tabela 3 - Padrão da coleta informações dos tanques, feitas diariamente.

Responsável: Estagiária de Zootecnia Carla C. A. Santos

Data: 04/12/2017

Viveiro Oxigênio pH Temperatura Cor da água Nebulosidade Observações

Tarde Manhã Tarde Tarde Tarde Manhã Tarde Todo período

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25 Fonte: Amazon Fish

Nessa tabela continha todos os parâmetros requeridos pela empresa, esses

valores foram lançados em uma planilha do Excel, que foi elaborada pelo gerente da

fazenda, e aprimorados pela estagiária.

Duas vezes ao mês foram discutidos os valores coletados, em uma reunião

entre o gerente da propriedade e o supervisor, com a finalidade de tomar decisões

que melhorassem a qualidade de água dos viveiros que se apresentassem ruins, e

também ressaltar o bom desempenho de viveiros com boa eficiência.

17

As situações mais urgentes, como oxigênio baixo, foram relatadas

imediatamente ao superior presente. Os gráficos também eram formas de

apresentar os dados, onde os dados eram atualizados semanalmente.

5.2. Discussão

5.2.1. Variação de pH presente nos viveiros

O pH apesar de variado, não ultrapassou 2 pontos de variação, o que se

mostra muito eficiente. Alterar o pH bruscamente é a mudança química mais

perturbadora para os peixes, com isso se dá a grande importância na variação desse

fator, como podemos observar na figua abaixo.

Figura 7. Gráfico de variação do pH setor de engorda.

0102030405060708090

˜ÜJef�ûš¼u�Y‚A�)´5�± 3° Trim

Colunas 3D 1Colunas 3D 2Colunas 3D 3Colunas 3D 4Colunas 3D 5Colunas 3D 6Colunas 3D 7Colunas 3D 8Colunas 3D 9Colunas 3D 10Colunas 3D 11Colunas 3D 12Colunas 3D 13Colunas 3D 14Colunas 3D 15Colunas 3D 16

Fonte: Amazon Fish

18

Observa-se que na figura 8 que o OD se mostra em níveis adequados, as

condições mínimas necessárias são de 5 mg/L, onde os dados apresentados se

mostram acima desse valor.

Em relação ao pH o indicativo ideal para peixes de água doce fica entre 6,0 e

9,0 e a variação desses parâmetros é de extrema importância, pois essas alterações

podem provocar até mesmo altas mortalidades em peixes (SILVA, et al 2001). Na

figura 9 observamos a média de variação do pH, onde o período da tarde mostra-se

maior que o da manhã, isso em todas as semanas, esse fator se dá devido as

reações químicas realizadas na água, como a fotossíntese por exemplo, serem mais

intensas a essa hora do dia.

Quando o pH se apresenta muito alto abre-se as comportas de entrada de

água, para que a mesma seja renovada, é aceito nos viveiros da propriedade uma

medida de até 9,5 de pH. Para o pH muito abaixo do recomendado, faz-se calagem

com bicarbonato e calcário.

Figura 8. Gráfico da média de oxogênio dissolvido nos viveiros de engorda da

empresa Amazon Fish

*Semana 1 do dia 04/12/17 ao dia 08/12/17, semana 2 do dia 13/12/17 ao 15/12/17, semana 3 do dia

18/12/17 ao dia 21/12/17, semana 4 do dia 2/01/18 ao dia 5/01/18, semana 5 do dia 8/01/18 ao dia

15/01/18. Fonte: Amazon Fish.

Figura 9. Gráfico da Média de pH nos períodos da manhã e da tarde, setor de

engorda

19

*Semana 1 do dia 04/12/17 ao dia 08/12/17, semana 2 do dia 13/12/17 ao 15/12/17, semana 3 do dia

18/12/17 ao dia 21/12/17, semana 4 do dia 2/01/18 ao dia 5/01/18, semana 5 do dia 8/01/18 ao dia

15/01/18. Fonte: Amazon Fish.

O OD foi medido todos os dias, pois a alimentação dos peixes dependia da

quantidade de oxigênio disponível, ou seja, se na medição ele se mostrasse menor

que 2,5 mg/L não se arraçoava aquele viveiro. Com isso podemos observar na figura

10 que não se tinha problemas com a oxigenação dos viveiros mesmo o sistema

sendo de baixa renovação de água.

Figura 10. Gráfico da média de oxigênio dissolvido.

*Semana 1 do dia 04/12/17 ao dia 08/12/17, semana 2 do dia 13/12/17 ao 15/12/17, semana 3 do dia

18/12/17 ao dia 21/12/17, semana 4 do dia 2/01/18 ao dia 5/01/18, semana 5 do dia 8/01/18 ao dia

15/01/18. Fonte: Amazon fish.

As temperaturas no geral se mostravam elevadas, variando de 28 a 34 ºC, um

fator que influencia essa temperatura é a localização da propriedade, que fica ao

20

norte do MT, região de clima equatorial e também a presença do clima tropical

úmido.

A temperatura foi usada também para o cálculo de amônia tóxica, seguindo

as instruções do kit da Aquasupre.

5.2.2. Variação de alcalinidade e amônia

Na tabela abaixo podemos observar que os parâmetros de alcalinidade estão

dentro do padrão esperado pelo técnico responsável, lembrando que na propriedade

são aceitas como medidas ideais uma variação de 21 a 27 de alcalinidade. Mas

somente os viveiros 8,17, 25 e 26 se mantiveram com boa alcalinidade constante.

Tabela 4 - Variação de alcalinidade setor de engorda.

Legenda:

Ruim Regular Bom

Alcalinidade semana 1

Alcalinidade semana 2

Alcalinidade semana 3

Alcalinidade semana 4

Alcalinidade semana 5 Viveiro

1 21 27 21 12 12

2 24 21 18 18 18

3 21 15 18 15 18

4 24 27 21 21 18

5 18 21 15 12 15

6 21 36 21 9 12

7 21 18 36 33 33

8 24 30 33 27 27

9 30 15 12 9 9

10 18 33 33 39 6

11 24 12 12 9 12

12 24 30 27 30 15

13 12 18 12 18 24

14 9 21 12 6 15

15 12 24 24

15

16 12 15 18 12 12

17 33 30 33 30 36

18 21 18 21 18 21

19 30 24 15 15 12

20 12 12 15

21 24 12 18 15 12

22 21 15 15 18 15

23 18 12 12 18 12

24 24 21 15 12 15

21

*Semana 1 do dia 04/12/17 ao dia 08/12/17, semana 2 do dia 13/12/17 ao 15/12/17, semana 3 do dia

18/12/17 ao dia 21/12/17, semana 4 do dia 2/01/18 ao dia 5/01/18, semana 5 do dia 8/01/18 ao dia

15/01/18. Fonte: Amazon fish.

As calagens com bicarbonato de cálcio e calcário foram feitas com grande

frequência na finalidade de manter os níveis de alcalinidade bons, já que na região a

água te índice de baixa alcalinidade, a água é captada do rio Ribeirão do Ouro.

Para a amônia, quaisquer valores acima de 0,6 mg/L de amônia lida, já era

considerado muito ruim. Os animais de recria ficavam por um curto período de

tempo nos viveiros, e por isso não era comum achar taxas elevadas de amônia, que

é um fator de muita toxidade para o peixe, como podemos observar no Gráfico 2.

Nos tanques de engorda esse fator era monitorado com maior frequência, de

uma a duas vezes por semana, pois os animais permaneciam por um período maior

de tempo.

5.2.3. Transparência

No viveiro abaixo podemos observar a total transparência, ou seja, baixa

turbidez, o que indica inicialmente a falta de fito plâncton, esse componente é o mais

abundante dos planctos na maioria dos viveiros de aquicultura (De Queiroz, 2006), e

a transparência desse viveiro pode ser uma estimativa de baixa concentração.

Viveiro Alcalinidade

semana 1 Alcalinidade

semana 2 Alcalinidade

semana 3 Alcalinidade

semana 4 Alcalinidade

semana 5

26 27 42 33 33 33

27 27

21 12 24

28 15 15 12 15 12

29 21 21 15 12 12

30 24 12 15 9 12

31 15 15 12 15 9

32 9

9 9

33 9 18 9 9 15

34 21

15

35 9 18 12 12 6

CE38 18 15 12 15 9

CE39 15 24 12 9 6

Pirarucu 12 15 15 6 9

18B 18 24 18 21 15

22

As algas filamentosas e plantas aquáticas também estão presentes, devido

aos locais onde tem incidência de luz e uma independência das condições do

substrato (Pitelli, 1998).

Figura 11. Exemplo de transparência, viveiro 2 setor de engorda.

Fonte: Arquivo pessoal.

Na figura 12 temos um exemplo de viveiro com os padrões adequados de

turbidez, onde a sua coloração tem tonalidade verde, com muito fitoplâncton que é

um ambiente rico em alimentos naturais para os peixes, não apresenta indícios de

algas ou outra planta indesejada, nem cianobactérias.

Figura 12. Exemplo de um viveiro com boa qualidade de água.

Fonte: Arquivo pessoal.

23

O viveiro da figura 13, tem o solo mais argiloso, apresenta uma coloração

mais escura na água, os terrenos de solos argilosos absorvem bastante água, ficam

encharcados, por isso demoram mais para encher. A variação de pH nesse tipo de

viveiro demonstrou-se pouca, porém os níveis de OD sempre ficavam abaixo de 6

mg/L.

Figura 13. Exemplo de um viveiro argiloso.

Fonte: Arquivo pessoal.

Na figura abaixo podemos observar a presença de cianobactérias no viveiro,

se forem produzidas determinadas toxinas, poderão causar danos fisiológicos aos

organismos cultivados. Para a reversão desse tipo de situação produtos com

probióticos são utilizados, e acompanhados para que essas cianobactérias não

voltem a aparecer.

24

Figura 14. Exemplo de cianobactérias.

Fonte: Arquivo pessoal

Esses foram exemplos de transparências que foi possível de se encontrarem

no setor de engorda da fazenda Amazon Fish.

25

6. CONCLUSÕES

Podemos concluir que, na empresa todos os setores estão bem

encaminhados, ou seja, apresentam boa produtividade, lucratividade e qualidade.

Atingindo suas metas de abater 500 toneladas ao ano, e com aumento previsto em

15%.

A qualidade de água dos setores se mostra adequada, porém não se tem um

padrão que iguala todos os viveiros; tem-se uma preocupação diária com os viveiros

e seus peixes, isso é um ponto muito positivo.

O nível esperado de utilização de água, que é um sistema sem renovação,

ainda não está sem 100% aplicado, porque problemas aparecem comumente o que

acaba atrapalhando.

Assim como em qualquer empresa, a Amazon fish também tem suas

dificuldades, como por exemplo, acompanhamento de mortalidade dos seus animais.

Concluindo assim que a empresa tende a bater suas metas, e também

aumentar a produção em curto prazo.

26

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Zootecnia tem sido a responsável pelo aumento e melhoria da produção e

da qualidade dos produtos e serviços de origem animal, na piscicultura não seria

diferente. Cada vez mais requer a necessidade de novos profissionais, capacitados,

para atuar e aumentar a cadeia produtiva.

O estágio oferecido pela empresa Amazon Fish, foi uma das melhores formas

de aprendizagem, pois pude colocar em prática tudo o que foi aprendido na

universidade. Foram Aprendidos também, novos métodos que estimularam o maior

aprofundamento no setor em questão.

A realização do estágio permitiu acompanhar de perto a rotina de uma

empresa que é habilitada para produção de peixes, e devido à dimensão, foi

possível observar as técnicas usadas para a produção em grandes escalas.

O acompanhamento ocorreu em diversos setores, tanto de engorda quanto de

alevinos, ampliando assim a bagagem do conhecimento profissional.

A participação em palestras, grupos de estudos, foi fundamental para que o

elo entre empresa e estudante fosse adquirido, o NEPES contribuiu para que isso

ocorresse.

27

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