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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DA UFBA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA FABIANO STAUT O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS NO NORDESTE BRASILEIRO Salvador 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA DA UFBA

MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA

FABIANO STAUT

O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS NO NORDESTE BRASILEIRO

Salvador 2011

FABIANO STAUT

O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS NO NORDESTE BRASILEIRO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Urbana da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de mestre.

Orientador: Prof. Dr. Juan Pedro Moreno Delgado Co-orientador: Prof. Dr. Roberto Bagattini Portella

Salvador

2011

S798 Staut, Fabiano

O Processo de implantação de parques eólicos no nordeste brasileiro / Fabiano Staut. – Salvador, 2011.

164 f. : il. color.

Orientador: Prof. Dr. Juan Pedro Moreno Delgado Co-orientador: Prof. Dr. Roberto Bagattini Portella

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2011.

1. Energia eólica. 2. Impacto ambiental. 3. Meio ambiente. 3. Educação ambiental - Legislação. 4. Gestão ambiental. I. Delgado, Juan Pedro Moreno. II. Portella, Roberto Bagattini. III. Universidade Federal da Bahia. IV. Título.

CDD: 621.31

EPÍGRAFE

“Gaia é um invólucro esférico fino de matéria que cerca o interior

incandescente. Começa onde as rochas crustais encontram o magma do

interior quente da Terra, uns 160 quilômetros abaixo da superfície, e

avançam outros 160 quilômetros para fora através do oceano e ar até a

ainda mais quente termosfera, na fronteira com o espaço. Inclui a

biosfera e é um sistema fisiológico dinâmico que vem mantendo nosso

planeta apto para a vida há mais de 3 bilhões de anos. Chamo Gaia de

um sistema fisiológico porque parece dotada do objetivo inconsciente de

regular o clima e a química em um estado confortável para a vida”

(LOVELOCK, 2006, p. 27)

"The answer, my friend, is blowin' in the

wind...The answer is blowin' in the

wind..."

Bob Dylan

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais: Vagner e Lea Mara pela educação e retidão; minha irmã Gabi pelo incentivo; minha esposa Ellen pelo amor, companheirismo e compreensão, e minhas filhas Sofia e Laura pelos momentos de alegria proporcionados nas coisas mais simples da vida.

AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS

Aos antigos e atuais moradores de Sumidouro e Boa Vista que concederam entrevistas, aos funcionários da empresa DESENVIX (Márcio e Rúbio) e todas as demais pessoas que colaboraram para a realização dessa dissertação. Meu agradecimento especial ao Prof. Juan pela orientação e ao Prof. Portella pela análise crítica e posterior contribuições. Agradeço também aos demais professores do MEAU principalmente ao Prof. Luizão, ao Prof. Arthur Caldas, ao Prof. Roberto Guimarães, a Profª. Iara e a Profª Ilce. A Profª Neyde Maria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que participou das bancas de projeto, seminário e dissertação, dando ao trabalho preciosas contribuições sobre climatologia. Ao professor Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Católica do Salvador (UCSAL) que gentilmente aceitou participar da banca de dissertação, contribuindo com seus conhecimentos sobre o espaço geográfico. À Turma do MEAU 2009 pela troca de experiências e conhecimento durante as nossas aulas. Em especial aos amigos Ernesto e João Anísio e as amigas Fabíola e Rose pelo apoio e incentivo e também pelos debates altamente enriquecedores diversos grupos de trabalho nas disciplinas cursadas. Gostaria também de agradecer aos antigos professores da graduação em Ciências Biológicas da UNESP-Assis especialmente as professoras Solange, Verinha, Marin e Alexandra e ao professor Carlos Alberts. Aos meus amigos bioloucos Sérgio Oba, Grilo, Birigui e Breila pelos momentos de alegria e aprendizado da biologia durante a graduação. Amigos da UNESP de outros cursos (Psicologia, Letras e História) e anos diferentes como: Élitão (amigo e meu “cumpade” de casório), Moisés, Marcelão, Eddy, Fabiana, Fábio, Reinaldo, Nelson, “Schumacher”, Silvinha, Roberta, Larissa, Tati, Marcelo Perrenoud, Maomé, Valdir,Eneida, Go, Mateus... Amigos também de fora na Universidade, mas que também tiveram um papel muito importante na minha formação como estudante e que nos churrascos nas repúblicas e nas mesas alcoólicas do Ex-Tensão Universitária, acrescentaram conhecimento na escola da vida!!! Aos meus amigos “Explorers”: José Aurélio, Leonardo e Gustavo Gradiski Neves, Daniel, Guga, Rafa e Vitinho e em especial André Zanoti (amigo-irmão ou seria irmão-amigo?). André (também meu cumpade de casório) to te esperando aqui na Bahia para montarmos uma pimenta “retada”, ok???? Kkkkkkkkkk. Grande abraço meu irmão!!! Aos amigos de trabalho de ontem e hoje como: Hórus e Martinho (Ampla Terra), Arlinda, Edisiene, Michelle, Joana, Lucas Neiva e Boccanera, e Edson (todos SENAI-CETIND), Mário Alberto (Sócio fundador da Uirapuru), Victor Vieira (atual sócio da Uirapuru), Marcinha e Sil (amigonas do peito)!!!! Angelo Brasileiro (Naturea), Zitos (figuraça!!!!), Susana, (SWT), Maécio, Carlos V. Rios, Ramiro e Pedro (todos ex-SWT). Rafael Valverde (SICM), Ricardo Fraga (Geoklock); Teresa Murici, Leíla Torres, Pepeu, Sildes, Anaílton, Júlio e Rodrigo (todos Casa dos Ventos).

Dedico também este trabalho a minha família. Mamãe: Minha livre docente preferida!!! Meu espelho maior nesse mundo acadêmico. Exemplo de professora educadora!!! Ao meu pai pelo ensino da palavra “honestidade” e pelos palavras de incentivo durante o decorrer do curso. Minha mana Gabi também pelas palavras de força e fé durante esta caminhada!!! Minhas mulheres: Ellen, amor da minha vida. Esposa dedicada e cúmplice do meu esforço. Por muitas vezes teve que compreender a minha necessidade de isolamento para concentrar-me durante o processo criativo!!! Perdoe-me pelos momentos de stress e mau humor!!! “Olha só nosso castelo como já tá grande hein”??? Sofia e Laurinha: meus pequenos amores. Amor incondicional e eterno!!! Por quantas vezes seus sorrisos, abracinhos e beijinhos me fizeram superar todos os obstáculos nesta jornada acadêmica!!! Amo vocês de paixão!!! Ufa!!! Terminei.... Por fim agradeço ao dom de VIVER!!! Letra de Frank Sinatra, porém prefiro com ao som de Sex Pistols!!! Let’s Rock!!!! “My Way And now the end is near And so I face the final curtain My friend, I'll say it clear I'll state my case of which I'm certain I've lived a life that's full I traveled each and every highway And more, much more than this I did it my way Regrets, I've had a few But then again, too few to mention I did what I had to do And saw it through without exemption I've planned each charted course Each careful step along the byway And more, much more than this I did it my way Yes there were times, I'm sure you knew When I bit off more than I could chew But through it all when there was doubt I ate it up and spit it out

I faced it all and I stood tall And did it my way I've loved, I've laughed and cried I've had my fill, my share of losing And now as tears subside I find it all so amusing To think I did all that And may I say, not in a shy way Oh no, oh no, not me I did it my way For what is a man, what has he got? If not himself, than he has naugth To say the things he truly feels And not the words of one who kneels The record shows, I took the blows And did it my way”

RESUMO

A falta de planejamento integrado dos recursos energéticos e investimentos no setor elétrico brasileiro originou, no ano de 2001, uma crise energética a qual culminou, num episódio denominado de “apagão”. Desde então, o governo tem proporcionado incentivos a investimentos na geração de energia elétrica a partir de fontes alternativas. Atualmente, inúmeras empresas nacionais e multinacionais estão se instalando no país, principalmente na região nordeste, onde estudos técnico-científicos atestam que há o potencial econômico e de condições ambientais favoráveis, para geração de energia elétrica através dos ventos (energia eólica). O objetivo deste trabalho é analisar os impactos ambientais e os aspectos jurídicos do processo de implantação de parques eólicos no nordeste brasileiro, especificamente na Bahia. Têm-se como subsídios empírico e teórico, estudos ambientais de alguns parques eólicos no nordeste do Brasil como o Parque Eólico Rio do Fogo em Rio do Fogo e Touros - RN, Parque Eólico Valparaíso em Ubajara - CE, Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas - BA e Complexo Eólico Cristal Enel em Morro do Chapéu - BA, levantamento bibliográfico, entrevistas com técnicos-consultores, representantes do governo (órgão ambiental e secretarias) e as comunidades na área de influência direta do Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas - BA. Como produto da comparação das metodologias utilizadas nos diferentes estudos ambientais, identificaram-se os principais critérios e/ou fatores (meio físico, biótico e socioeconômico) considerados na avaliação dos impactos ambientais de parques eólicos no nordeste, sua regulamentação e normas técnicas existentes na legislação nacional. Foram consideradas as particularidades dos seus contextos regulatórios, socioeconômicas e de mercado, além da análise entre os impactos ambientais descritos na literatura com os observados in loco, assim como, as principais divergências. Como principal conclusão identificou-se que os estudos ambientais na forma de um Relatório Ambiental Simplificado – RAS ou como um Estudo de impacto ambiental e respectivo Relatório de Impacto do Meio Ambiente - EIA/RIMA, somados à falta de estrutura dos órgãos ambientais estaduais e dificuldades para a regularização das terras para a implantação de parques eólicos, geram alguns conflitos ambientais, sociais e econômicos. Este tipo de energia pode ser considerado uma das energias alternativas que podem ser utilizadas para a mudança do modelo atual de geração de energia utilizada no país, como as hidrelétricas e as termoelétricas, desde que o atual modelo de licenciamento ambiental seja mais participativo desde o início da formulação de um projeto eólico. Como resultado, espera-se contribuir para a construção de um marco regulatório para a energia eólica no Brasil e em especial no estado da Bahia. PALAVRAS CHAVE: Energia Eólica, Impactos Ambientais; Meio Ambiente,

Legislação Ambiental, Gestão Ambiental.

ABSTRACT

In 2001, the lack of energetic resources integrated planning and investments in the Brazilian electric sector created an energetic crisis that culminated in an episode called apagão (big black out). Since then, the government has encouraged investments in the generation of electric energy from alternative sources. Currently, innumerous national and multinational companies are being set in the country, mainly in the Northeast region, where technical-scientific studies prove that there is economic potential and favorable environment conditions for the generation of electric energy through wind (eolic energy). The aim of this work is to analyze the environmental impacts and the juridical aspects of the eolic parks implementation process in the Brazilian Northeast, more specifically in Bahia. One has as both empiric and theoretical tools the environmental studies of some eolic parks in the Northeast of Brazil such as Rio do Fogo Eolic Park in Rio do Fogo and Touros – Rio Grande do Norte, Valparaíso Eolic Park in Ubajara – Ceará, Desenvix Eolic Complex in Brotas de Macaúbas – Bahia and Cristal Enel Eolic Complex in Morro do Chapéu – Bahia, bibliography research, interviews with consultant-technicians, government representatives (environmental agency and secretaries) and the communities in the area directly influenced by the Desenvix Eolic Complex in Brotas de Macaúbas – Bahia. As comparison methodologies product used in the different environmental studies, were identified the main criteria and/or factors (physic medium, biotic and socioeconomic) considered in the evaluation of Northeast eolic parks environmental impacts, their regulation and technical standards in the national legislation. Their regulatory context, socioeconomic and market specificities were considered as well as the analysis between the environmental impacts described in literature and the ones observed in loco and their main differences. As main conclusion, it was identified that the environmental studies in the form of a Simplified Environmental Report – SER or as an Environmental Impact Study and respective Environmental Impact Report – EIS/EIR, added to the state environmental agencies lack of structure and difficulties to regularize the land for eolic parks implementation generate some environmental, social and economic conflicts. This kind of energy may be considered one of the alternative energies that might be used for the current energy generation model used in the country, as hydroelectrics and thermoelectrics, since the current environmental licensing model is more participant since an eolic project creation. As a result, one hopes to contribute to the construction of a regulatory mark for the wind energy in Brazil, especially in the state of Bahia. KEYWORD: Wind Power, Environmental Impact, Environmental, Environmental Law,

Environmental Management.

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Localização do Parque Eólico Valparaíso - CE ............................................... 93 Mapa 2 - Localização do Parque Eólico Rio do Fogo - RN .......................................... 107

Mapa 3 - Localização do Complexo Eólico Cristal - BA ................................................ 111 Mapa 4 - Localização do Complexo Eólico Brotas de Macaúbas - BA ....................... 117

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Roteiro Metodológico ......................................................................................... 26

Figura 2 - Formação dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar. ........... 49 Figura 3 - Comportamento do vento sob a influência das características do terreno 50

Figura 4 – Evolução da Energia Eólica no mundo ........................................................... 52 Figura 5 – Os dez maiores produtores mundiais de energia eólica. ............................. 53 Figura 7 - Turbina eólica de eixo vertical (TEEVs) ........................................................... 54 Figura 8 - Estrutura e funcionamento de um aerogerador .............................................. 56 Figura 9 - Esquema básico de uma turbina eólica. .......................................................... 57 Figura 10 – Complementaridade Hidrelétrica/Eólica ....................................................... 60 Figura 11 - Atlas Eólico do Brasil, 2001. ............................................................................ 61 Figura 12 – Potencial Eólico no Nordeste do Brasil, 2001.............................................. 62 Figura 13 – Potencial Eólico no estado da Bahia. ............................................................ 63 Figura 14 – Participação das fontes de energia elétrica no país ................................... 64

Figura 15 - Evolução da capacidade instalada nos próximos 10 anos ......................... 70 Figura 16 - Torre anemométrica com sensores combinados e sistema eletrônico para armazenagem e envio de dados coletados, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011. ........................................................................................................................................ 74

Figura 17 - Detalhe dos sensores combinados instalados na torre anemométrica, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011.................................................................. 75 Figura 18 - Sistema eletrônico, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011. ......... 76 Figura 19- Croqui de uma torre anemométrica, Sowitec, 2009. .................................... 77

Figura 20- Resultados das mortes de quirópteros registradas no monitoramento de morcegos do Parque Eólico de Osório – RS (RUI; BARROS, 2008). ........................... 86 Figura 21 - Imagem PE Valparaíso - CE ........................................................................... 93 Figura 22 - Imagem Parque Eólico Rio do Fogo - RN ................................................... 109 Figura 23 - Aerogeradores no Parque Eólico Rio do Fogo-RN .................................... 110

Figura 24 - Imagem do Complexo Eólico Cristal - BA(Cristal, Primavera e São Judas). ................................................................................................................................... 112 Figura 25- Imagem Complexo Eólico Brotas de Macaúbas - BA ................................. 117

Figura 26 - Comunidade de Sumidouro ........................................................................... 123

Figura 27 Aerogeradores ainda em instalação no Complexo Eólico de Brotas de Macaúbas – BA .................................................................................................................... 124 Figura 28 - Vista da estrada entre a comunidade de Sumidouro e a comunidade Boa Vista ....................................................................................................................................... 125

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Escala Beaufort baseada em sua velocidade de deslocamento ................ 48 Quadro 2- Protocolos assinados em 2009 com o governo da Bahia ............................ 65 Quadro 3 - Projetos e Potência total - Leilão de reserva 2009 ...................................... 66

Quadro 4 - Resultado do Leilão de reserva 2009............................................................. 67 Quadro 5 - Parques em operação no Brasil em 2011 ..................................................... 71 Quadro 6 - Parques em construção em 2011 ................................................................... 72 Quadro 7 - Panorama para 2013 ........................................................................................ 73

Quadro 8 - Resumo dos fatores ambientais hoje, com e sem a instalação do Complexo Eólico Cristal. ..................................................................................................... 113

Quadro 9 - Resumo dos impactos ambientais nos meio físico, biótico e socioeconômico. .................................................................................................................. 119 Quadro 10 - Resumo dos impactos ambientais em cada fase do Complexo Eólico de Brotas de Macaúbas - BA ................................................................................................... 120

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAE Avaliação Ambiental Estratégica

ABEEÓLICA Associação Brasileira de Energia Eólica

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AEGE Acompanhamento de Empreendimentos Geradores de Energia

AIA Avaliação de Impactos Ambientais

AIE Agência Internacional de Energia

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

APP Área de Preservação Permanente

AWEA American Wind Energy Association

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CBEE Centro Brasileiro de Energia Eólica

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

CHESF Companhia Hidroelétrica do São Francisco

CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COSERN Companhia Energética do Rio Grande do Norte

CRESEB Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito

EA Estudos Ambientais

EIA/RIMA Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto do Meio Ambiente

ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras

EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A

EPE Empresa de Pesquisas Energéticas

EWEA European Wind Energy Association

GWEC Global Wind Energy Council

IEA/CTA (Instituto de Aeronáutica e Espaço/Centro de Tecnologia Aeroespacial)

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEA Instrumento para Desenvolvimento de Estudos Ambientais

IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN

IMA Instituto do Meio Ambiente

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

MAGIA Modelo de Avaliação e Gestão de Impactos Ambientais

MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MW Mega Watts

NBR Norma Brasileira

PCHs Pequenas Centrais Hidrelétricas

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

RAS Relatório Ambiental Simplificado

SEAGRI Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

SEMA Secretaria de Meio Ambiente

SEMACE Secretaria de Meio Ambiente do estado do Ceará

SEMARH Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos

SICM Secretaria de Indústria Comércio e Mineração

SIG Sistema de Informações Geográficas

SIN Sistema Interligado Nacional

TR Termo de Referência

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UTE Usina Termelétrica

WWEA World Wind Energy Association

ZEE Zoneamento Ecológico-Econômico

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................... xii 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15 1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 21 1.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 21 1.3 Justificativa ................................................................................................................. 22 1.4 Organização da dissertação ........................................................................................ 23 2. METODOLOGIA ...................................................................................................... 24 3. MARCO TEÓRICO ................................................................................................... 27 3.1 Avaliação de impactos ambientais (AIA) .................................................................. 27 3.2 Geração de energia elétrica e seus principais impactos ambientais ........................... 38 3.3 A energia eólica .......................................................................................................... 45 3.3.1 Processos eólicos e a ação dos ventos ................................................................... 45 3.3.2 Histórico e evolução da energia eólica .................................................................. 50 3.3.3 Funcionamento de um Parque Eólico .................................................................... 53 3.3.4 A energia eólica no Brasil...................................................................................... 58 3.3.5 Etapas do desenvolvimento de um projeto eólico ................................................. 73 3.4 Impactos Ambientais descritos em literatura ............................................................. 80 3.5 Legislação ambiental aplicada ao setor elétrico ......................................................... 86 3.6 O Licenciamento ambiental de empreendimentos eólicos nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia ........................................................................................................ 90 4. ESTUDOS AMBIENTAIS COMPARATIVOS DE PARQUES EÓLICOS ............ 92 4.1 Parque Eólico Valparaíso - CE ................................................................................... 92 4.2 Parque Eólico de Rio do Fogo - RN ......................................................................... 106 4.3 Complexo Eólico Cristal-Morro do Chapéu – BA ................................................... 111 4.4 Complexo Eólico Desenvix - Brotas de Macaúbas - BA ......................................... 116 4.4.1 A opinião da população da área de influência do parque eólico de Brotas de Macaúbas - BA ................................................................................................................... 122 4.5 Síntese dos impactos ambientais: singularidades na Bahia ...................................... 125 5. O PROCESSO DE LICENCIAMENTO: A OPINIÃO DOS ESPECIALISTAS DA BAHIA ............................................................................................................................... 126 5.1 Empreendedores ....................................................................................................... 127 5.2 Consultores ............................................................................................................... 127 5.3 Governo .................................................................................................................... 128 5.4 Analistas do Órgão ambiental .................................................................................. 129 5.5 Síntese: a percepção dos especialistas ...................................................................... 131 6. DISCUSSÃO ............................................................................................................ 133 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 136 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 139 ANEXOS ............................................................................................................................ 145

15

1. INTRODUÇÃO

A energia é a base de tudo que acontece no planeta, desde os aspectos

biológicos e fisiológicos inerentes a todos os seres vivos até o funcionamento e o

crescimento das sociedades modernas. Ela é necessária para se criar bens com

base em recursos naturais e para fornecer muitos dos serviços com os quais tem

nos beneficiado e permeiam todos os setores da sociedade – economia, trabalho,

ambiente, relações internacionais, assim como nossas próprias vidas – moradia,

alimentação, saúde, transporte, lazer e muito mais (HINRICHS & KLEINBACH,

2010). Ainda segundo os autores, a energia é mais bem descrita pelo que ela pode

fazer. Não podemos “ver” a energia, apenas seus efeitos; não podemos fazê-la,

apenas usá-la e não podemos destruí-la, apenas desperdiçá-la.

Até o século XVI o trabalho realizado pelo homem era baseado na sua força

física, na tração animal, na energia hidráulica (rodas d’água) e na energia dos

ventos (moinhos). Inicialmente, ao uso de força animal foi acrescida à energia

hidráulica, que mais tarde, recebeu os derivados de petróleo e posteriormente, a

essa matriz, foi adicionada a energia elétrica (GUENA, 2007).

Com a migração da população rural para as cidades, inicialmente na Inglaterra

e posteriormente em toda a Europa, houve um aumento da demanda de alguns

produtos de consumo que antes não eram solicitados. A produção destes produtos

exigiu um incremento na produção industrial que se iniciava naquele momento.

Entender a energia significa entender os recursos energéticos e suas

limitações, bem como as consequências ambientais da sua utilização. Energia, meio

ambiente e desenvolvimento estão forte e intimamente conectados (HINRICHS &

KLEINBACH, 2010).

Um dos maiores desafios que a ciência enfrenta atualmente é a incapacidade

de modelar os diferentes cenários de mudanças que envolvem a relação sociedade-

natureza. É importante considerar ainda que a natureza é condição concreta da

existência humana. Portanto, a vulnerabilidade do sistema natural deve ser

compreendida como o grau de capacidade de ajustamento desde a atuação de

variáveis externas, que geram respostas complexas até a conscientização da

sociedade. Para apoio à tomada de decisão, lança-se mão de estudos de

16

caracterizações ambientais, aliados às suas associações e impactos (positivos e

negativos).

Os diversos componentes que constituem a “Natureza”, tão importantes e

valorizados, vêm sendo constantemente ameaçados há décadas pelo próprio ser

humano nas mais variadas formas de degradação. Muitas empresas que, de alguma

forma utilizam-se do meio ambiente natural, através da sua modificação ou

exploração, vêm adotando medidas de controle ambiental (monitoramento

ambiental), assim como medidas compensatórias objetivando, desse modo, evitar ou

mesmo minimizar os impactos causados pelos seus empreendimentos.

O resultado que estas empresas buscam é justamente a melhoria das

condições ambientais em nível local e regional, melhorando, consequentemente, a

qualidade de vida das pessoas envolvidas, através do comprometimento público do

próprio empreendedor com a conservação do meio ambiente, refletindo, certamente,

no estabelecimento de uma conceituação de empresa “ecologicamente correta”.

O homem tem se voltado para a natureza buscando nos seus elementos as

alternativas energéticas capazes de fornecer energia para sustentar o seu

desenvolvimento. Dessa forma, as formas alternativas de energia eólica e solares

provenientes dos recursos naturais estão sendo retomadas. Ainda nos primórdios o

homem já utilizava a energia contida nas massas de ar, sobretudo para o

armazenamento quando o vento soprava como afirma James Lovelock (2006).

O grau de desenvolvimento de uma nação está diretamente ligado à

disponibilidade e ao padrão de consumo de energia que ela exige. Para nações e

países desenvolvidos, cujo ritmo de crescimento é acelerado e o padrão de vida da

sua população é considerado alto, a disponibilidade de energia para fornecimento,

torna-se cada vez mais importante, obrigando-as a viabilizar cada vez mais fontes

de energia para seu suprimento, buscando aliar seu desenvolvimento com a

preservação ambiental.

Os padrões atuais de produção e consumo de energia está baseada nas fontes

fósseis, o que gera emissões de poluentes locais, gases de efeito estufa e põem em

risco o suprimento de longo prazo no planeta. É preciso mudar esses padrões

estimulando as energias renováveis, e, nesse sentido, o Brasil apresenta uma

17

condição bastante favorável em relação ao resto do mundo (GOLDEMBERG &

LUCON, 2007).

Com o crescimento populacional mundial avançando em escala geométrica,

tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, ditos periféricos, a

demanda global por energia avança mesmos patamares de crescimento.

Atualmente, vários países vêm investindo na complementação e transformação de

seus parques energéticos com a introdução de fontes alternativas de energia, onde

as questões ambientais alavancaram em muito estes investimentos, principalmente

devido aos impactos causados pelas formas tradicionais de geração de energia. Na

utilização de soluções energéticas que agridem em menor escala o meio ambiente

tem destaque a energia eólica como uma fonte alternativa de grande importância na

elaboração de novos cenários energéticos.

No Brasil e, em especial, nos estados do nordeste brasileiro, a energia eólica

tem sido considerada uma das energias alternativas mais viáveis devido as suas

características geográficas não apenas na costa destes estados, mas também nas

regiões interioranas. A partir desta constatação vários estudos anemométricos

(direção e intensidade dos ventos) publicados no país, nos últimos anos, atestam a

existência de ventos com velocidades médias altas, pouca variação nas direções e

baixa turbulência durante todo o ano, comprovando, dessa forma, a existência de

um gigantesco potencial comercial de aproveitamento eólico ainda não explorado. A

instalação de uma turbina de 75 kW na ilha de Fernando de Noronha, no ano de

1992, marcou o início do aproveitamento dos recursos eólicos para a geração de

energia elétrica no Brasil.

Desde então, com a criação do Programa Nacional de Incentivo às Fontes

Alternativas de Energia – PROINFA (Decreto nº 5.025, de 2004), o governo federal

adotou diversas medidas orientadas a aumentar a participação das fontes

alternativas renováveis complementares na produção nacional de eletricidade

igualmente dividida entre as Tecnologias de Biomassa, Energia Eólica e Pequenas

Centrais Hidrelétricas – PCHs no Sistema Elétrico Interligado Nacional - SIN.

Os principais benefícios deste programa foram a Geração de 150 mil postos de

trabalho diretos e indiretos durante a construção e a operação, sem considerar os de

efeito-renda, o investimento de R$ 4 bilhões na indústria nacional de equipamentos

e materiais; a complementaridade energética sazonal entre os regimes

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hidrológico/eólico na região nordeste, a redução da emissão 2,5 milhões de

toneladas de CO2/ano e os investimentos privados da ordem de R$ 8,6 bilhões

(MME, 2010). Como resultado deste programa, 54 centrais eólicas foram instaladas

em 8 estados brasileiros com a capacidade de geração de 1.422,92MW. No

nordeste, apenas 5 estados foram contemplados com o incremento desta fonte de

energia: Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambucano e Paraíba.

O Governo Federal, a partir de 2004 (leis 10.847 e 10.848), definiu um novo

marco regulatório para o setor de energia. As novas leis tiveram como principais

objetivos estabelecer regras claras para a indústria de energia elétrica, garantir as

tarifas mais baixas possíveis para o consumidor e assegurar abastecimento de

energia para evitar novos racionamentos. Para atingir estes objetivos, o novo

modelo do setor elétrico alterou a forma da compra de energia pelas distribuidoras

das geradoras, o mecanismo de repasse do custo desta energia para as tarifas e as

regras para licitação de novas usinas. As novas regras também asseguraram a

assinatura de contratos de compra de energia de longo prazo para os vencedores

dos leilões, servindo como um instrumento eficaz para a obtenção de financiamento

e possibilitando a redução do risco do investimento.

A partir deste novo modelo foram criadas a Empresa de Pesquisa Energética

(EPE), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e do Comitê de

Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). A EPE é a responsável pelos estudos do

setor energético, incluindo energia elétrica, petróleo, gás natural e fontes alternativas

de energia, para subsidiar o MME na execução do planejamento, a CCEE pela

administração dos contratos de compra e venda de energia e o CMSE pelo

monitoramento das condições de atendimento no curto prazo.

A compra de energia para os consumidores passou a ser feita, exclusivamente,

por leilões. As novas usinas de diversas fontes de geração (hidroelétrica,

termoelétrica, solar, biomassa e eólica) passaram a ser licitadas pelo critério de

menor tarifa e, além disso, os empreendimentos seriam levados a leilão com o

licenciamento ambiental aprovado, evitando atraso de obras e garantindo a

segurança no abastecimento. As distribuidoras passaram a ser obrigadas a comprar

toda a sua energia em leilões pelo critério do menor preço. Foram instituídos três

tipos de leilões:

19

• A5 - leilão de energia para entrega cinco anos após o contrato. São

leilões de energia de novos empreendimentos de geração

• A3 - leilão de energia para entrega três anos após o contrato. Também

são leilões de novos empreendimentos.

• A1 - leilão de energia para entrega no ano seguinte. São leilões de

energia de usinas existentes.

Como uma das exigências para a participação nos leilões é a licença

ambiental, na forma de licença prévia (LP) ou licença de localização (LL). Inúmeros

problemas surgiram, principalmente nos estados do nordeste, pois inicialmente, os

locais identificados com maior potencial para a geração de energia eólica eram os

localizados no litoral. Diversos parques eólicos, principalmente nos estados do

Ceará e Rio Grande do Norte foram licenciados e implantados nessas regiões.

Grande parte deles foi implantada em Áreas de Preservação Permanente (APP),

principalmente em dunas, causando assim impactos ambientais aos ecossistemas a

elas associados e dificultando o trânsito de comunidades locais aos acessos

existentes.

O Ministério Público (MP) moveu várias ações coletivas questionando os

estudos ambientais realizados e as respectivas licenças concedidas pelos órgãos

ambientais estaduais. Estas licenças foram obtidas em grande parte através da

realização de um Relatório Ambiental Simplificado - RAS (resolução CONAMA

279/01) ao invés de serem realizados na forma de um Estudo de Impacto Ambiental

e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente - EIA/RIMA (resolução CONAMA 01/86).

Desta forma, os estudos foram realizados de uma forma mais simplificada, de modo

a se conseguir a licença ambiental a tempo de participar dos leilões de energia.

Além da licença ambiental, os contratos de arrendamento e compra de

propriedades também são exigidos, porém, nos estados com potencial eólico

litorâneo, estes foram mais fáceis de conseguir. As áreas identificadas para a

implantação dos parques eólicos, nesses estados, tinham a documentação, em dia,

devido à localização propícia ao desenvolvimento do turismo e à pressão do setor

imobiliário.

No estado da Bahia, as regiões identificadas com maior potencial para geração

de energia eólica encontram-se no interior, mais especificamente nas áreas

20

elevadas das Chapadas. Estas áreas também se encontram em APP, porém com

uma diferença em relação aos demais estados: são áreas que até pouco tempo

atrás, ou seja, antes do descobrimento do seu potencial eólico, não tinham valor

imobiliário algum. São áreas localizadas em topo de morros e montanhas onde não

há água para utilização em algum tipo de plantação, seja de subsistência ou em

escalas maiores. Possuem elevados índices de endemismos de espécies da fauna e

flora constatadas em estudos acadêmicos de diversas universidades brasileiras,

apesar da necessidade da realização de novos estudos contemplando um maior

número de grupos taxonômicos.

A partir do ano de 2008, várias empresas nacionais e estrangeiras sabendo

deste alto potencial eólico da Bahia, começaram a realizar, com recursos próprios,

as medições anemométricas em diversas regiões no estado. Atestando este

potencial, contratos de arrendamento de terra para futuras instalações de parques

eólicos foram sendo firmados entre os proprietários e essas empresas. Contratos

estes que, além dos valores monetários elevados, que, a depender da política de

cada empresa, pode começar a vigorar a partir da instalação de uma torre

anemométrica ou apenas quando e se for realmente instalado um parque eólico na

referida propriedade.

A disputa pela terra passou a ser um fator estratégico para as empresas, pois,

com os contratos de arrendamentos ou a aquisição de propriedades com o potencial

eólico atestado pelas torres, elas teriam assegurado um uso futuro seja para a

instalação dos próprios parques eólicos, ou apenas para especulação imobiliária,

tornando-as grandes proprietárias de terras. Unidades de Conservação (UCs) de

uso restrito ou não, como áreas de proteção ambiental (APAs), Parques Estaduais,

Nacionais, refúgios da vida silvestre, etc. foram também sendo objeto de estudo

para estas empresas, já que nestas UCs ainda vivem inúmeras comunidades que

possuem documentação legal ou não e que ainda não foram indenizadas pelo

estado pela criação das mesmas.

A questão fundiária atrelada às questões ambientais, sociais e econômicas e

ao fato do Estado na competência de seu órgão estadual, o Instituto de Meio

Ambiente da Bahia – INEMA não ter uma estrutura humana e a aparelhagem técnica

suficiente para atender à demanda crescente para o licenciamento ambiental de

empreendimentos eólicos, faz com que muitas licenças sejam liberadas sem o rigor

21

técnico apropriado com extrema rapidez e sem análise técnica devida,

contemplando todas as variáveis ambientais, sociais, econômicas e de estrutura

fundiária.

Somado a isto, o fator tempo também deve ser considerado, pois os leilões de

energia promovidos pela EPE são realizados semestralmente. Dentro os

documentos exigidos para a participação no leilão estão à licença ambiental

(Licença Prévia – LL ou Licença de Localização LL). Estabelece-se então uma

incompatibilidade de cronogramas entre os órgãos ambientais estaduais e a EPE.

Mesmo que os estudos sejam apresentados na forma de RAS, EIA/RIMA ou

até mesmo outra modalidade, os mesmos possuem limitações naturais, pois não têm

uma análise profunda em relação às alternativas tecnológicas e de localização, de

se levar em conta, satisfatoriamente, os impactos cumulativos e os impactos

indiretos que são inerentes a esta forma de avaliação de impacto ambiental. As

avaliações de projetos são feitas de uma forma individual e frequentemente geram

desconfortos às comunidades próximas a estes projetos, reforçando assim a ideia

de que as decisões são tomadas, anteriormente, ou decorrem da mera continuidade

de políticas já estabelecidas elaboradas pelo governo ou pelo setor privado sem

levar em consideração a opinião das mesmas.

1.1 Objetivo Geral

A proposta desta dissertação é analisar o processo de implantação de parques

eólicos no nordeste do Brasil.

1.2 Objetivos específicos

• Comparar os impactos ambientais de diferentes parques eólicos nos

estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia na fase de sua

implantação;

• Contextualizar a inserção da energia eólica na matriz energética

brasileira, visando contribuir para seu marco regulatório;

22

1.3 Justificativa

Diante de um cenário mundial em que as constantes mudanças climáticas

estão ocasionando verdadeiras catástrofes “naturais” e que especialistas atribuem

como o principal fator a utilização de combustíveis fósseis, a busca por fontes

alternativas que não emitam gases poluentes, como CO2 e CH4, já são uma

realidade presente em muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Em relação a outros países, o Brasil destaca-se por ter a sua matriz energética

baseada em energias renováveis principalmente pelo elevado número de

hidrelétricas instaladas no país, fato este facilmente explicado por dispor da maior

bacia hidrográfica do mundo. Características físicas e geográficas foram

determinantes para a consolidação deste modelo. As primeiras hidrelétricas no

Brasil começaram a ser construídas ainda no final do século XIX e consolidaram sua

participação no mercado de energia ao longo do século XX. Junto com elas surgiram

vários conflitos pela geração de impactos econômicos, sociais e ambientais, além da

constatação, através de estudos científicos, da emissão de gases poluentes e

contribuintes do fenômeno “efeito estufa”. Este tipo de energia considerada, até

pouco tempo atrás, com o conceito de “energia limpa”, ou seja, aquela que não

libera (ou libera poucos) gases ou resíduos que contribuem para o aquecimento

global, em sua produção ou consumo, já está sendo revista e retificada.

Esta dissertação justifica-se pelo crescente interesse governamental e de

grupos econômicos nacionais e estrangeiros em desenvolver e implantar projetos

eólicos na região nordeste do Brasil, principalmente nos estados do Ceará, Rio

Grande do Norte e, especificamente, no estado da Bahia. Como este tipo de energia

atualmente é considerado como uma das energias limpas e mais viáveis sob o ponto

de vista da sustentabilidade, onde a tríade econômica, social e ambiental se

equilibram em todos os aspectos, faz-se necessário uma reflexão sobre esta

realidade já que existem poucos estudos deste tipo no país. A implantação da

energia eólica realmente segue os preceitos da sustentabilidade? Os aspectos

econômicos, sociais e ambientais estão sendo discutidos e respeitados durante o

processo de implantação? O atual modelo de contratação pelo governo deste tipo de

energia é funcional? Estas e outras indagações serão analisadas e discutidas neste

trabalho.

23

1.4 Organização da dissertação

Esta dissertação está organizada em 5 capítulos, as referências bibliográficas e

os anexos ao final, conforme sucintamente se descreve a seguir.

O Capítulo 1 é uma breve introdução que aborda a importância da energia no

mundo e no Brasil, sua evolução e as alternativas energéticas disponíveis e

utilizadas atualmente. Ainda neste capítulo são apresentados os objetivos gerais e

específicos e a sua justificativa.

No Capítulo 2 é apresentada a metodologia utilizada para atingir os objetivos

propostos no Capítulo 1 . O marco teórico deste trabalho é apresentado no Capítulo

3, com as subdivisões nas diversas formas de geração de energia elétrica e seus

principais impactos ambientais, e em especial, como foco principal, a energia eólica,

descrevendo como se formam os ventos, o funcionamento de um parque eólico, o

histórico e a evolução desta tecnologia no mundo. Discute-se também o panorama

eólico brasileiro, as etapas de desenvolvimento de um projeto eólico e os impactos

descritos na literatura. Ainda neste capítulo são apresentados os conceitos de

impacto ambiental e sua avaliação, a legislação ambiental federal, estadual (Ceará,

Rio Grande do Norte e Bahia) e, particularmente, o processo de licenciamento

ambiental no estado da Bahia.

No Capítulo 4 estão apresentados os estudos ambientais de parques eólicos

no nordeste, como o Parque Eólico Rio do Fogo em Rio do Fogo e Touros - RN, o

Parque Eólico Valparaíso em Ubajara – CE, o Complexo Eólico Desenvix em Brotas

de Macaúbas - BA e Complexo Eólico Cristal Enel em Morro do Chapéu - BA. Ainda

neste capítulo, é apresentada uma síntese dos impactos ambientais de

empreendimentos eólicos no estado da Bahia tendo como base as normas legais de

licenciamento e as entrevistas com a população que vive na área de influência do

Complexo Eólico da Desenvix em Brotas de Macaúbas – BA, já que este é o

primeiro Parque Eólico do estado a ser implantado e a entrar em funcionamento

ainda no ano de 2011.

Já no Capítulo 5, está o resultado da opinião dos especialistas

(empreendedores, consultores ambientais, funcionários do Governo e técnicos do

órgão ambiental – INEMA) em relação aos impactos positivos e negativos durante a

etapa de implantação de parques eólicos. A discussão, assim como as conclusões

24

sobre a operação de parques eólicos no estado da Bahia é apresentada no Capítulo

6. As referências para esta dissertação estão contidas nos anexos, bem como os

demais documentos e fotos.

2. METODOLOGIA

A metodologia pode ser definida como a descrição, análise e avaliação crítica

dos métodos de investigação, sendo necessário distinguir dentro da mesma, a

técnica e o método. O método é um procedimento ou conjunto de procedimentos,

que servem de instrumento para alcançar os fins da investigação, enquanto que as

técnicas são meios auxiliares que concorrem para a mesma finalidade.

Em relação ao significado de “método”, os autores mais citados nas teses e

dissertações analisadas convergem para o entendimento de que ele seria o caminho

para se chegar a determinado fim. Assim, a palavra “caminho” pode ser encontrada

nas definições de Richardson (2008), Gil (2007) e Marconi & Lakatos (2007):

[...] método vem do grego méthodos (meta = além de, após de + ódos = caminho). Portanto, seguindo a sua origem, método é o caminho ou a maneira para chegar a determinado fim ou objetivo. (RICHARDSON, 2008, p. 22). [...] pode-se definir método como caminho para se chegar a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento (GIL, 2007, p. 26). [...] método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia permite alcançar o objetivo — conhecimentos válidos verdadeiros —, traçando o caminho a ser seguido detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. (MARCONI & LAKATOS, 2007, p. 83). (Grifo nosso).

Para cumprir os objetivos deste trabalho foi realizada a análise bibliográfica dos

principais impactos descritos em teoria e uma análise dos relatórios/estudos

ambientais dos Parques Eólicos: Rio do Fogo em Rio do Fogo e Touros - RN,

Valparaíso em Ubajara - CE, Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas -

BA e Complexo Eólico Cristal Enel em Morro do Chapéu – BA. Sob o ponto de vista

da sustentabilidade foi analisado o processo de implantação de parques eólicos no

25

nordeste brasileiro, em especial no estado da Bahia, visando contribuir para seu

marco regulatório.

Uma das técnicas utilizadas foi o envio de um questionário para os

especialistas (consultores, empreendedores, técnicos do INEMA e funcionários do

governo). Já em relação ao Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas –

BA foram realizadas entrevistas com funcionários da empresa e lideranças locais

nas comunidades diretamente afetadas pela obra com objetivo de comparar os

impactos descritos na literatura com a realidade encontrada nos licenciamentos

ambientais.

Somado a estas técnicas, foram elencadas a legislação aplicada para o

licenciamento de parques eólicos nos estado do Rio Grande do Norte, Ceará e

Bahia, além das metodologias usualmente utilizadas para a avaliação de impactos

ambientais em empreendimentos desta natureza.

A partir do cruzamento destas técnicas de entrevistas e a aplicação do

questionário com especialistas, pode-se chegar a uma síntese com a realidade

encontrada atualmente no licenciamento ambiental nos estados no nordeste e em

especial no estado da Bahia. Ao final da dissertação são apresentadas algumas

discussões e conclusões sobre o licenciamento ambiental de empreendimentos

eólicos, procurando enfatizar os aspectos ambientais, sociais, econômicos e

normativos. A figura 1 exemplifica na forma de fluxograma o roteiro metodológico.

26

Figura 1 – Roteiro Metodológico

27

3. MARCO TEÓRICO

3.1 Avaliação de impactos ambientais (AIA)

A AIA se dá a partir dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e ou modalidades

de estudos ambientais requeridas pelos órgãos ambientas estaduais e até

municipais no caso do licenciamento ser de responsabilidade do município. Estes

estudos integram um conjunto de atividades técnicas e científicas que incluem o

diagnóstico ambiental, a fim de identificar, prevenir, medir e interpretar, quando

possível, os impactos ambientais.

Para Pimentel (1992), a AIA não é um instrumento de decisão, mas sim, de

fornecimento de subsídios para o processo de tomada de decisão. Seu propósito é

suprir informações por meio do exame sistemático das atividades do projeto. Isto

permite maximizar os benefícios, considerando os fatores saúde, bem-estar humano

e meio ambiente, elementos dinâmicos no estudo para avaliação.

A AIA é, assim, um componente integrado no desenvolvimento de projeto e

parte do processo de decisão, proporcionando retroalimentação contínua entre

conclusões e concepção da proposta (VERDUM, 1992). A este respeito, Barbieri

(2004), ao discorrer sobre esse tipo de avaliação na legislação brasileira, retoma a

definição da AIA de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA), e afirma que problemas, conflitos e agressões ao meio

ambiente devem ser vistos sob os seguintes pontos: danos à população, a

empreendimentos vizinhos e ao meio físico e biológico, de tal forma que se garanta

o tratamento dos efluentes em seu estágio preliminar de planejamento do projeto.

O autor Baasch (1995), em estudo sobre AIA, a concebe como instrumento de

política ambiental capaz de tornar viável o desenvolvimento em harmonia com o uso

dos recursos naturais e econômicos. Portanto, pode ser vista como ciência e arte, ao

refletir as preocupações com aspectos técnicos que fornecem subsídios à tomada

de decisão, considerando as vantagens e desvantagens de uma proposta em sua

dimensão econômica, social e ecológica.

Os métodos utilizados numa AIA envolvem, além da inter e

multidisciplinaridade exigida pelo tema, as questões de subjetividade, os parâmetros

que permitam quantificação e os itens qualitativos e quantitativos. Desta forma, é

28

possível observar a magnitude de importância destes parâmetros e a probabilidade

dos impactos ocorrerem, a fim de se obter dados que aproximem o estudo de

conclusão mais realística.

Em termos de Brasil, segundo Verdum (1992), a AIA surge por exigência de

órgãos financiadores internacionais, sendo, posteriormente, incorporada como

instrumento da política nacional do meio ambiente, no início da década de 80. A sua

legislação fundamenta-se nas leis dos Estados Unidos da América (EUA), primeiro

país a exigi-la para projetos, programas e atividades do Governo, isto já ao final dos

anos 60, como recurso de planejamento para prevenir impactos ao meio ambiente.

A aplicação prática da legislação da AIA, no Brasil, prioriza o licenciamento de

projetos, à semelhança da abordagem francesa, surgida nos meados dos anos 70.

Em outras palavras, a legislação brasileira vincula a utilização da AIA aos sistemas

de licenciamento de órgãos estaduais de controle ambiental para atividades

poluidoras ou mitigadoras do meio ambiente, em três versões a serem requeridas

pelos responsáveis dos empreendimentos, a saber: Licença Prévia (LP) - é utilizada

na fase preliminar do projeto, contendo requisitos básicos para localização,

instalação e operação, observando-se os planos municipais, estaduais e federais de

uso do solo; Licença de Instalação (LI) - autoriza o início da implantação, de acordo

com as especificações constantes no projeto executivo aprovado; Licença de

Operação (LO) - autoriza, após verificação, o início das atividades licenciadas e o

funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição.

Nos EIA e RIMAs, que dão origem à AIA para os licenciamentos exigidos pela

resolução 001/86, três setores são estudados e enfocados por equipes

multidisciplinares, objetivando obter o cenário daquele momento, a fim de que se

possa construir um programa que controle o uso múltiplo dos recursos naturais

envolvidos. São eles: Meio Físico – estuda a climatologia, qualidade do ar, o ruído, a

geologia, a geomorfologia, os recursos hídricos (hidrologia, hidrologia superficial,

oceanografia física, qualidade das águas, uso da água), e o solo; Meio Biótico -

estuda os ecossistemas terrestre, aquático e de transição; Meio Antrópico - estuda a

dinâmica populacional, o uso e a ocupação do solo, o nível de vida, a estrutura

produtiva e de serviço e a organização social. Isto é, a AIA recorre a métodos e

técnicas estruturados para coletar, analisar, comparar e organizar dados e

informações sobre impactos ambientais nesses três setores.

29

Ainda de acordo com a Resolução CONAMA 001/86, para a AIA deverão ser

considerados:

“II - análises dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão de magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais;”

Por ser uma fonte de energia com impactos reduzidos ao meio ambiente, os

estudos de impacto ambiental são bem simplificados e mais rápidos, que os

requeridos por fontes tradicionais de geração de energia elétrica. Estes estudos

compõem o chamado Relatório Ambiental Simplificado – RAS, utilizado para a

obtenção da Licença de Localização junto ao órgão ambiental competente. Esta

Licença Ambiental é um dos documentos requeridos pela Empresa de Pesquisa

Energética – EPE na etapa de Habilitação Técnica para participação nos leilões de

contratação de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia, de acordo com a

Portaria MME nº 21/2008. A Resolução CONAMA 279/01 estabelece em seu artigo

1º os procedimentos para elaboração do RAS:

[...] procedimentos e prazos estabelecidos nesta Resolução, aplicam-se, em qualquer nível de competência, ao licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental, aí incluídos: I - Usinas hidrelétricas e sistemas associados; II - Usinas termelétricas e sistemas associados; III - Sistemas de transmissão de energia elétrica (linhas de transmissão e subestações). IV - Usinas Eólicas e outras fontes alternativas de energia. Parágrafo único. Para fins de aplicação desta Resolução, os sistemas associados serão analisados conjuntamente aos empreendimentos principais.

Licenciamento ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão

ambiental competente verifica a localização, instalação, ampliação e operação de

empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais considerados

efetivos ou potencialmente poluidores, ou que, sob qualquer forma, possam causar

degradação ambiental. (Resolução CONAMA 237/97) O artigo 12, § 1º desta

30

Resolução estabelece a prerrogativa do órgão licenciador definir a natureza do

estudo ambiental requerido para o licenciamento, podendo estabelecer um

procedimento de Licenciamento Ambiental Simplificado, com base na constatação

de que os fatores ambientais afetados não são considerados os mais importantes,

todos os impactos prováveis são facilmente identificados, analisados e de pequena

magnitude, as medidas mitigadoras são de eficiência comprovada e o programa de

monitoramento ser de fácil estabelecimento e execução.

• A resolução CONAMA nº 001/1986 define impacto ambiental como:

[...] considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, art. 1º, 1986)

Como alerta SÁNCHES (2007), este conceito legal tem uma limitação, porque

considera como impacto apenas aqueles gerados por poluição e, paradoxalmente a

definição legal de poluição1 define melhor impacto ambiental (com a ressalva de que

se limita apenas a impacto negativo). No entanto, mesmo com tal limitação, a norma

assume “impacto” como qualquer alteração seja ele negativo ou positivo sobre as

múltiplas dimensões do meio ambiente, conceito este também claramente

estabelecido na Lei 6.938 (Política Nacional do Meio Ambiente), e que vai além dos

aspectos físico-ecológicos. Portanto uma análise de impactos ambientais não deve

se limitar aos efeitos deletérios como também aos efeitos positivos sobre o meio

ambiente, conceito este aqui considerado no seu sentido mais amplo.

Portanto, deve-se considerar que impacto ambiental é um conceito mais

abrangente que poluição, podendo ser positivo ou negativo e não tem a poluição

1 Conceito de Poluição de acordo com a Lei Federal 6938 de 31 de agosto de 1981(Política Nacional do Meio Ambiente): A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: Prejudiquem a saúde, segurança e o bem-estar da população; Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; Afetem às condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; Lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

31

como causa. Neste estudo de caso pode-se perceber claramente que os impactos

ambientais não estão relacionados à poluição, pois a geração de energia elétrica

através da energia eólica não é poluente. A metodologia utilizada para ponderar os

impactos previstos, envolveu parâmetros tais como: importância/magnitude/efeito,

extensão, periodicidade, natureza, duração, reversibilidade, caráter e possibilidade

de ocorrência.

Técnicas e Métodos de Avaliação de Impacto Ambienta l (AIA)

A partir da promulgação do National Environmental Policy Act (NEPA), de

1969, institui-se, formalmente, nos EUA, o processo de AIA. Desde então, se dá o

início de desenvolvimento de métodos e técnicas, a fim de sistematizar as análises

efetivadas, utilizando, algumas vezes, técnicas de outras áreas do conhecimento.

Embora a maioria dos trabalhos de análise de impacto ambiental tenha sido

elaborada nesse país, o interesse pela temática se expandiu tanto nos países

industrializados quanto nos países em desenvolvimento (COSTA et al, 2005).

As linhas metodológicas de avaliação são mecanismos estruturados para

comparar, organizar e analisar informações sobre impactos ambientais de uma

proposta, incluindo os meios de apresentação escrita e visual dessas informações.

No entanto, face à diversidade de métodos de AIA, muitos dos quais incompatíveis

com as condições socioeconômicas e políticas do Brasil, é necessário seleção

criteriosa e adaptações, para que sejam realmente úteis na tomada de decisão dos

projetos. Fica, então, a critério de cada equipe técnica a escolha do(s) método(s)

mais adequado(s) ou parte(s) dele(s), segundo as atividades previstas (COSTA et al,

2005).

A aplicação de determinada linha metodológica demanda de um razoável

domínio dos conceitos subjacentes; uma compreensão detalhada do projeto

analisado e de todos os seus componentes e um razoável entendimento da

dinâmica socioambiental do local ou região potencialmente afetada (SÁNCHES,

2007).

Dentre as opções, destacam-se estas linhas metodológicas para a avaliação de

impactos ambientais: Métodos espontâneas (Ad hoc), Listagens (Check-list),

Matrizes de interações, Redes de interações (Networks), Métodos quantitativas,

32

Modelos de simulação, Mapas de superposição (Overlays) e Projeção de cenários. A

seguir, estão descritos os principais métodos de AIA e conforme descrito por Costa

et al (2005).

Métodos Ad hoc

Alguns autores consideram os métodos ad hoc também como uma categoria

de método de AIA, porém com as legislações ambientais regulamentando os

estudos de impactos ambientais vigentes na maioria dos países ocidentais, esse

método ou abordagem dificilmente seria aceito pelas respectivas autoridades

ambientais em um estudo de impacto ambiental (EIA), pois na verdade é

considerada uma etapa dos processos de avaliação, mas não como o método

absoluto desses processos. Este método propicia uma orientação mínima para

avaliação de impactos de forma qualitativa, destacando-se as áreas ou setores

passíveis de serem impactados, ao invés de definir parâmetros específicos a serem

investigados.

Normalmente o conhecimento empírico de experts2 do assunto e/ou da área

em questão é utilizado através de brainstorm e a AIA é apresentada de forma

simples, objetiva e de maneira dissertativa. São adequadas para casos com

escassez de dados, fornecendo orientação para outras avaliações. Apresentam

como vantagem uma estimativa rápida da evolução de impactos de forma

organizada, facilmente compreensível pelo público. Porém, não realizam um exame

mais detalhado das intervenções e variáveis ambientais envolvidas, geralmente

considerando-as de forma bastante subjetiva, qualitativa e pouco quantitativa. Em

algumas aplicações desse método, pessoas consideradas não especialistas, mas de

alguma forma envolvidas com o projeto, como por exemplo, moradores da área de

influência, fazem parte da AIA.

Método de Listagens (Check-list)

Esse método apresenta uma lista específica de parâmetros ambientais

passíveis de serem impactados por um determinado empreendimento, e, por

2 Termo utilizado para referenciar especialistas em determinada área de conhecimento.

33

conseguinte, merecedores de alguma forma de investigação. Elas ainda podem ser

subdivididas em quatro grupos:

• Simples: tem os fatores ambientais e seus indicadores listados e verificados

qualitativamente. Os fatores ambientais são listados e verificados de acordo

com as fases do projeto. Ressalta-se a forma singela e pouco informativa

apresentada por esse método, em termos de avaliação de impacto;

• Descritivas: as listas de verificação descritivas apresentam o elenco dos

parâmetros ambientais, assim como alguma forma de orientação para a

análise dos impactos. Essa abordagem mais se assemelha a um

documento instrutivo do órgão ambiental para o agente executor do estudo

do que propriamente a um método de AIA;

• Escalares (qualitativos): listas de verificação deste tipo possibilitam meios de

atribuição de valores numéricos para cada um dos fatores ambientais o que

permite certa hierarquização destes, embora mais baseada na opinião de

especialistas do que em uma ponderação mais realista. Nesse caso,

comparações podem ser feitas entre alternativas tecnológicas ou

locacionais, ou mesmo entre projetos, desde que os parâmetros utilizados

estejam padronizados. Contudo, sua confiabilidade é bastante restrita.

• Escalares ponderadas: componentes quali/quantitativos incorporam, às listas

escalares, o grau de importância de cada impacto, para a ponderação de

um valor de magnitude para cada processo impactante sob análise. As

aplicações mais bem sucedidas destes métodos referem-se aos projetos de

uso de recursos hídricos, notadamente o Environmental Evaluation System,

de Dee e co-autores (1973). Apesar de apresentar algumas vantagens,

esse método não estabelece as relações de causa e efeito entre as ações

do projeto e seus impactos como também não congregam técnicas de

previsão dos impactos, limitando sua aplicação. Além disso, pode torna-se

vulnerável pela ponderação efetuada a priori.

Este método apresenta deficiências na agregação de impactos de naturezas

diferentes. Este fato faz com que se percam as informações sobre os danos e os

benefícios, sendo que os resultados finais mascaram as vantagens e as

desvantagens do projeto e de suas alternativas. Este método também não é capaz

34

de lidar com a distribuição temporal dos impactos e com a geração de impactos

indiretos. Na visão de Moreira (1992), esse método ainda é falho na interação dos

impactos, e, por conseguinte a adoção de medidas mitigadoras deixa de ser

contempladas. Essas listas, em alguns casos, são mais úteis para os órgãos

ambientais prepararem termos de referência do que para serem empregadas como

métodos de avaliação.

Matrizes de Interação

As matrizes de interação, por sua vez são largamente utilizadas na etapa de

identificação dos impactos, funcionando como listas de verificação bidimensionais,

dispondo, no eixo vertical, as ações de implantação do projeto, e no eixo horizontal,

os fatores ambientais passíveis de serem impactados. Esse procedimento permite

assinalar nas quadrículas correspondentes às interseções das linhas e colunas, os

impactos de cada ação sobre os componentes por ela modificados. Uma vez

completada a matriz, o elenco de impactos gerados pelo empreendimento é avaliado

e as ações que provocam maior número de impactos são destacadas e trabalhadas

no sentido de serem substituídas por alternativas menos impactantes.

O método matricial mais conhecido é a matriz de Leopold, desenvolvida pelo

United States Geological Survey - USGS. Esse método apresenta o cruzamento de

100 ações sobre 88 componentes ambientais, resultando um conjunto de 8.800

células de interseção. A descrição dessas interações é feita a partir dos atributos de

magnitude e importância. A magnitude mede a intensidade do impacto, enquanto a

importância mede a relevância do impacto e do fator ambiental afetado, frente aos

outros impactos e às características ambientais da área em questão.

Cada célula representando um possível impacto é marcada com um traço em

diagonal. Na parte superior da diagonal registra-se o valor da magnitude, usando

uma escala de 1 (menor magnitude) a 10 (maior magnitude), além de identificar se o

impacto é positivo ou negativo. Na parte inferior, registra-se o valor da importância

do impacto. Os impactos podem ser agregados, ou por linha ou por coluna, ou ainda

pela soma algébrica dos produtos dos valores de magnitude e importância de cada

um. E assim é montada uma matriz para cada alternativa de projeto e elaborado um

texto discutindo os resultados.

35

Essas matrizes apenas identificam os impactos diretos, não considerando os

aspectos temporais e espaciais de cada um. Para suprir essa deficiência foram

desenvolvidos outros tipos de matrizes de interação que cruzam os fatores

ambientais entre si, introduzem símbolos ou utilizam técnicas de operação para

ampliar a abrangência dos resultados (MOREIRA, 1992).

Essas matrizes têm aplicação com eficiência na identificação dos impactos

diretos, sendo, porém bastante limitadas para utilização como método de AIA,

isoladamente. Além dos problemas de subjetividade de julgamento sobre os valores

dos impactos, as matrizes de interação não atendem à maioria das tarefas

necessárias ao desenvolvimento de um estudo de impacto ambiental.

Superposição de Cartas - Overlays

Esse método é baseado em um conjunto de mapas temáticos envolvendo os

meios físico, biótico e antrópico, da área de influência do empreendimento. Ele

herda algumas características das Cartas Ecodinâmicas de Tricart, que se

fundamenta nas restrições impostas pela dinâmica dos sistemas ambientais para a

determinação de um zoneamento territorial, de modo a evitar a degradação de

recursos naturais.

De uma maneira geral, esse método consiste na preparação de um conjunto de

cartas na mesma e escala e projeção geográfica, da área de influência do

empreendimento, representando individualmente componentes ambientais, tais

como uso de solo, cobertura vegetal, rede drenagem, dentre outros, além da planta

do empreendimento, contento os limites de todas as suas instalações. Utilizando um

critério de classificação, as áreas menos restritivas ou mais aptas ao

desenvolvimento do empreendimento em questão e as mais restritivas ou de todo

inaptas são assinaladas, empregando cores que possam produzir um gradiente

entre elas. Do mosaico resultante estariam evidenciadas algumas categorias

principais, desde as menos restritivas, as mais restritivas, também considerando as

intermediárias.

Esse método aplica-se muito bem a estudos ambientais de empreendimentos

com características lineares como estradas, linhas de transmissão e oleodutos.

Entretanto, apresenta algumas restrições básicas, como sérias limitações na

36

quantificação dos impactos, ausência de fatores ambientais que não podem ser

representados em mapas e a difícil integração dos impactos socioeconômicos. Por

outro lado, os avanços tecnológicos realizados, como a acessibilidade a imagens

aeroespaciais e os sistemas geográficos de informação (GIS), vem suprindo parte

das principais restrições encontradas nesse método, aumentando sua capacidade

de resolução e trabalhando com grande número de cartas temáticas, tornando-o

bem mais abrangente e completo.

Redes de Interação - Networks

Esse método possibilita a identificação de impactos indiretos e suas interações,

através do uso de diagramas. As redes de interação propiciam uma abordagem

integrada à análise dos impactos ambientais, já que na maioria das vezes as ações

sobre o ambiente geram mais do que um impacto e desencadeiam uma série de

outros impactos. Ao contrário das matrizes e check lists, que podem restringir a

apreciação de cada fator ambiental isoladamente, essas redes promovem a

integração interdisciplinar inerente aos estudos ambientais.

O surgimento desse método data de 1971, quando Sorensen, então aluno da

Universidade da Califórnia, em Berkeley, aplicou esses princípios em um estudo

sobre ordenamento territorial em uma região costeira da Califórnia. A partir do

desdobramento de uma matriz, a rede de interação de Sorensen abordou as

consequências ambientais das diferentes categorias de uso do solo, suas

respectivas partes conflitantes e interferências. Para esse estudo foram

considerados seis componentes ambientais, a saber: água, clima, condições

geofísicas, condições de acesso e estética, além do conjunto de atividades que os

modificaram.

Em uma aplicação da rede de Sorensen para o componente ambiental água,

foram estabelecidas as seguintes etapas de trabalho para o desenvolvimento do

método:

• Identificação dos usos;

• Identificação dos fatores causais;

• Identificação dos impactos primários (condições iniciais);

37

• Identificação dos impactos secundários (condições consequentes);

• Identificação dos impactos terciários (efeitos);

• Identificação de medidas corretivas e/ou mecanismos de controle dos

impactos.

Uma das mais importantes críticas ao trabalho de Sorensen refere-se ao fato

de que ele se dedica apenas aos impactos negativos, deixando de estudar os

positivos e suas interações.

Métodos Integrados

Esses métodos reúnem as melhores características dos demais, combinando e

integrando as listas de verificação quali-quantitativas, as matrizes de interação e as

redes, sendo assistidos por sistemas computacionais específicos. Esses métodos

possibilitam a identificação das atividades associadas à implantação de projetos de

natureza diversa, assim como dos diferentes impactos nos vários níveis de

ocorrência. Também propiciam ferramentas de cunho analítico, de forma a

estabelecer relações de causa e efeito, além de instrumentos determinantes e

quantificadores dos impactos potenciais. E ainda promovem orientações para

formulação de ações minimizadoras e medidas de controle e mitigação, facilitando a

preparação e elaboração dos documentos e relatórios requeridos nos processos de

licenciamento.

Os exemplos clássicos desses métodos são o Environmental Impact

Assessment Study for Army Military Programs, de Jain e co-autores (1973), e o

Computer-Aided Environmental Impact Analysis for Construction Activities: User

Manual, de Urban e co-autores (1975). Atualmente o Modelo de Avaliação e Gestão

de Impactos Ambientais - MAGIA (1986/89) e o software derivado Instrumento para

Desenvolvimento de Estudos Ambientais - IDEA (1993/95), apresentam um dos

maiores avanços em termos de métodos de AIA, planejamento ambiental,

formulação de cenários ambientais, bem como realização de práticas de

monitoração, controle e gestão ambientais.

38

3.2 Geração de energia elétrica e seus principais i mpactos ambientais

Neste item serão mencionados os diversos tipos de geração de energia

elétrica, em especial a energia eólica, assim como os seus principais impactos

ambientais.

Usinas Termelétricas - UTE

As Usinas Termelétricas (UTE) utilizam como fonte de energia elétrica os

combustíveis fósseis, carvão mineral, derivados de petróleo (óleo e gás natural), os

nucleares pelos elementos radioativos como urânio, tório, e plutônio, e a biomassa

(oriunda de florestas energéticas e bagaço de cana-de-açúcar).

Os impactos ambientais deste tipo de energia elétrica estão associados

principalmente à poluição térmica, devido às altas temperaturas em que a água

utilizada no processo é lançada nos corpos d’água.

As térmicas a carvão têm seu impacto causado no momento da lavra a céu

aberto, provocando de imediato impacto visual, modificando a paisagem local.

Ocorrem problemas associados de erosão, geração de poeiras, ruídos, vibrações e

gases emanados das detonações e deposições de rejeitos e material estéril (KOPPE

& COSTA, 2002). Podem provocar também impactos no lençol freático, conflitos no

uso da terra, danos à saúde dos trabalhadores, a poluição de águas superficiais,

além da poeira e material particulados emitidos. Como consequência, tem um efeito

potencial de causar problemas na água na área do entorno da mina proveniente da

drenagem ácida, sedimentação, poluentes químicos, metais-traço e sólidos

dissolvidos suspensos.

Nas minas subterrâneas temos também impactos embora reduzidos

comparados às minas a céu aberto: alterações geomorfológicas, no regime

hidrológico ocasionado pelo rebaixamento do lençol freático, vibrações ocasionadas

por explosões, poeiras, gases e liberação de metano no solo, deposição de material

estéril e rejeito na superfície, podem ocorrer desmoronamentos. A alta concentração

de metano é responsável por explosões ocorridas em minas subterrâneas

(HIRSCHBERG et al, 2004).

39

O carvão contém até 6% de enxofre em seu peso, e a sua queima responde

pela maior parte das emissões de dióxido de enxofre, aproximadamente 20 milhões

de toneladas por ano (HINRICHS & KLEINBACH, 2010). Seu lançamento pelas

chaminés das usinas contamina o ar e os corpos d’água pelo lançamento de gases

como SOx, NOx e Co2 assim como compostos orgânicos como hidrocarbonetos,

ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido nítrico (HNO3). Estes dois últimos compostos podem

ocasionar a chuva ácida que causa desequilíbrios aos ecossistemas terrestres e

aquáticos. Possuem desvantagens como os altos custos da matéria prima, já que o

gás é um derivado do petróleo, e o alto consumo de água utilizado para o

resfriamento, além de oferecerem risco de acidentes principalmente nas etapas de

extração (exploração/ perfuração/produção) e devido aos possíveis vazamentos na

rede de distribuição, geralmente com ocorrência de explosões (RASHAD &

HAMMAD, 2000).

Energia Hidrelétrica

A geração de energia elétrica pelas hidrelétricas de grande porte é considerada

como sendo uma energia limpa por muitos, porém do ponto de vista ambiental não

podem ser consideradas uma ótima solução ecológica. Elas interferem

drasticamente no meio ambiente devido à construção das represas, que provocam

inundações em imensas áreas de matas, interfere no fluxo de rios, destroem

espécies vegetais, prejudicam a fauna e interferem na ocupação humana. As

inundações das florestas fazem com que a vegetação encoberta entre em

decomposição, alterando a biodiversidade e provocando a liberação de metano, um

dos gases responsáveis pelo efeito estufa e pela rarefação da camada de ozônio

(UDAETA & INATOMI, 1997).

Conforme descrito por Leite (2005), a implantação de hidrelétricas pode gerar

impactos ambientais na hidrologia, clima, erosão e assoreamento, sismologia, flora,

fauna e alteração da paisagem. Na hidrologia impacta com a alteração do fluxo de

corrente, alteração de vazão, alargamento do leito, aumento da profundidade,

elevação do nível do lençol freático, mudança de lótico para lêntico e geração de

pântanos. Impacta no clima alterando temperatura, umidade relativa, evaporação

(aumento em regiões mais secas), precipitação e ventos (formação de rampa

extensa). Impacta também através da erosão marginal com perda do solo e árvores,

40

assoreamento provocando a diminuição da vida útil do reservatório,

comprometimento de locais de desova de peixes, e perda da função de geração de

energia elétrica.

As usinas hidrelétricas construídas até hoje no Brasil resultaram em mais de 34.000 km² de terras inundadas para a formação dos reservatórios, e na expulsão - ou "deslocamento compulsório" - de cerca de 200 mil famílias, todas elas populações ribeirinhas diretamente atingidas. Com frequência, a construção de uma usina hidrelétrica representou para estas populações a destruição de seus projetos de vida, impondo sua expulsão da terra sem apresentar compensações que pudessem, ao menos, assegurar a manutenção de suas condições de reprodução num mesmo nível daquele que se verificava antes da implantação do empreendimento (BERMANN apud SIMIONI, 2006, p. 96).

A depender da estrutura geológica da área, na sismologia pode causar

pequenos tremores de terra, com a acomodação de placas. Na flora provoca perda

de biodiversidade, perda de volume útil, eleva concentração de matéria orgânica e

consequente diminuição do oxigênio, produzem gás sulfídrico e metano provocando

odores e elevação de carbono na atmosfera, e eutrofiza as águas. Na fauna provoca

perda da biodiversidade, implicam em resgate e realocação de animais, somente

animais de grande porte conseguem ser salvos, aves e invertebrados dificilmente

são incluídos nos resgates, e provoca migração de peixes (LEITE apud UDAETA, M.

E. M. INATOMI, 1997).

Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCHs

Em geral, consideram-se como PCH, as usinas com capacidade instalada de

até 10 MW. No entanto, com as controvérsias em torno dos grandes projetos e seus

impactos socioambientais, utiliza-se um subterfúgio, ou seja, muda-se sua definição

de capacidade máxima. No Brasil, por exemplo, consideram-se como PCH as usinas

que geram até 30 MW e há intenção de se aumentar este índice para 50 MW

(ANEEL, 2010). A razão desta variação está em facilidades de financiamento e na

possível diminuição de pressão social contra empreendimentos desta natureza, já

que as PCHs são consideradas como “ambientalmente corretas”.

41

As PCHs se apresentam como uma forma rápida e eficiente de promover a

expansão da oferta de energia elétrica, visando suprir a crescente demanda

verificada no mercado nacional. Por suas características, este tipo de

empreendimento possibilita um melhor atendimento às necessidades de carga de

pequenos centros urbanos e regiões rurais, complementando o fornecimento

realizado pelo sistema interligado (TOLMASQUIM et al., 2003).

Um dos fatores que facilitam muito o desenvolvimento de projetos de PCHs, no

Brasil, são as informações hidrológicas disponibilizadas por uma ampla rede de

estações fluviométricas e pluviométricas espalhadas pelo país, além de estarem

presentes também nas próprias hidroelétricas de grande porte e PCHs a partir

emissão da resolução nº 396 da ANEEL em 1998.

Energia Solar

A geração fotovoltaica (FV), conversão de luz solar diretamente em

eletricidade, tem sido e continuará sendo uma das mais fascinantes tecnologias no

campo da energia. Teve seu desenvolvimento a partir da década de 50 do século XX

devido a sua utilização no programa espacial norte-americano. A tecnologia hoje já

está mais compatível sob o ponto de vista econômico, porém ainda continua

relativamente cara e o grau de aceitação no mercado é totalmente dependente da

redução dos custos de produção e do aumento da eficiência das células. Nos

últimos anos ocorreram avanços significativos na eficiência desta tecnologia,

incluindo os avanços nos materiais utilizados com baixo custo resultando em

eficiências maiores que 30% (TOLMASQUIM, 2004).

Em locais remotos no planeta, os sistemas FV autônomos são as únicas fontes

de energia disponíveis e viáveis. As vantagens de sistemas FV é que não emitem

poluição associada ao seu uso. O princípio básico é a conversão da luz do sol em

eletricidade, não sendo regidas pelas 2ª lei da termodinâmica como os motores

térmicos. Outra vantagem é o fato de poderem ser montadas de forma rápida

comparada ao tempo necessário para montar uma usina movida a combustíveis

fósseis. O principal componente de um sistema FV é o silício, abundante no planeta,

e que hoje não dá indícios de limitação deste recurso (TOLMASQUIM, 2004).

42

Os impactos ambientais mais significantes do sistema fotovoltaico para

geração de energia solar são provocados durante a fabricação de seus

componentes e na construção, bem como aqueles relacionados às questões de área

de implantação. De acordo com Tolmasquim (2004), de uma forma geral, o sistema

fotovoltaico apresenta os seguintes impactos ambientais negativos:

• Emissões e outros impactos associados à produção de energia necessária

para os processos de fabricação, transporte, instalação, operação, manutenção e

descomissionamento dos sistemas;

• Emissões de produtos tóxicos durante o processo da matéria-prima para a

produção dos módulos e componentes periféricos, tais como ácidos e produtos

cancerígenos, além de CO2, SO2, NOx, e particulados;

• Ocupação de área para implantação do projeto e possível perda de habitat

(crítico apenas em áreas especiais) – no entanto o sistema fotovoltaico pode utilizar-

se de áreas e estruturas já existentes como telhados, fachadas, etc.;

• Impactos visuais, que podem ser minimizados em função da escolha de áreas

não sensíveis;

• Riscos associados aos materiais tóxicos utilizados nos módulos fotovoltaicos

(arsênico, gálio e cádmio) e outros componentes, ácido sulfúrico das baterias

(incêndio, derramamento de ácido, contato com partes sensíveis do corpo);

• Necessidade de se dispor e reciclar corretamente as baterias (geralmente do

tipo chumbo-ácido, e com vida média de quatro a cinco anos) e outros materiais

tóxicos contidos nos módulos fotovoltaicos e demais componentes elétricos e

eletrônicos, sendo a vida útil média dos componentes estimada entre 20 e 30 anos.

Energia Nuclear

Os impactos ambientais gerados por uma usina nuclear começam na

mineração do urânio provocando impactos no meio físico, na água e com um grande

potencial de ocasionar problemas na saúde dos trabalhadores. Exige-se um alto

custo relacionado ao fator de segurança por se tratar de um minério radioativo com

potencial, tóxico, carcinogênico e mutagênico. A disposição final dos resíduos

43

radioativos é a maior preocupação, pois o local de armazenamento deve ser seguro

contra vazamentos exigindo monitoramentos constantes (GUENA, 2007).

Como exemplo, podemos citar o acidente ocorrido este ano na Usina Nuclear

de Fukushima Daiichi, no Japão. Devido a um forte terremoto que atingiu o país, um

tsunami foi formado na costa do país e atingiu os reatores da central de Fukushima

situado a 250 km ao norte de Tóquio. Ocorreu uma falha no sistema de resfriamento

e aumentando a de pressão interna da Usina, forçando as autoridades a abrir suas

válvulas para liberar o excesso de vapor. Uma nuvem radioativa foi liberada com

este vapor, contaminando plantações e afetando diretamente as populações

próximas a esta Central Nuclear.

Energia geotérmica

A Energia geotérmica é a energia contida nos reservatórios subterrâneos, de

vapor de água quente e em rochas quentes no interior da Terra. A utilização de

vapor ou água aquecida nas profundezas da Terra pode ser aproveitada da mesma

forma que o vapor ou água aquecidos por outros meios (INTERNATIONAL ENERGY

OUTLOOK, 2006 apud GAVRONSKI, 2007).

A energia geotérmica é uma das mais limpas formas de energia disponíveis

atualmente em quantidade comercial. O uso dessa energia alternativa, com baixa

emissão atmosférica, cresce significativamente em diversas partes do mundo,

trazendo benefícios ambientais e contribuindo para um menor consumo de

combustíveis fósseis e nucleares. Atualmente seu uso é diversificado pelo

desenvolvimento de novas tecnologias e pela possibilidade de adequar as atividades

produtivas às características da fonte geotérmica disponível (RABELO et al, 2002).

Os sistemas de exploração direta do calor geotérmico estão restritos às regiões

de fronteira entre as placas tectônicas como, por exemplo, no “anel de fogo” do

Pacífico e na Islândia. No Brasil, a energia geotérmica é usada quase que

exclusivamente para fins de recreação, em parques de fontes termais, como Caldas

Novas (GO), Piratuba (SC), Araxá (MG), Olímpia, Águas de Lindóia e Águas de São

Pedro (SP) (VICHI & MANSOR, 2009).

Nos países em que este tipo de energia é utilizadas os principais impactos

relacionados à sua produção são:

44

• Poluição do ar: todos os fluxos geotérmicos contêm gases dissolvidos, estes

gases são liberados junto com o vapor de água;

• Poluição da Água: os fluídos geotérmicos são mineralizados (arsênio,

mercúrio ou boro) e com isto, há possibilidade de contaminação da água nas

proximidades da usina;

• Poluição sonora durante a perfuração das fontes;

• Poluição Térmica, através da perda de calor é para a atmosfera, mas que

podem ser amenizadas por torres de resfriamento.

Energia marítima

As energias das ondas e das marés assemelham-se à geotérmica, no sentido

de que são primordialmente de interesse local e complementar, além de não haver

muitos lugares favoráveis (GAVRONSKI, 2007). Segundo Camargo (2005), existem

três maneiras de produzir energia usando o mar: as ondas, as marés ou o

deslocamento das águas e as diferenças de temperaturas dos oceanos:

Energia das ondas

A energia cinética do movimento das ondas pode ser usada para por uma

turbina em funcionamento. A elevação da onda numa câmara de ar provoca a saída

do ar lá contido; o movimento do ar pode fazer girar uma turbina produzindo energia

elétrica através do gerador. Quando a onda se desfaz e a água recua, o ar desloca-

se em sentido contrário passando novamente pela turbina, entrando na câmara por

comportas especiais normalmente fechadas. Também pode ser utilizado o

movimento de subida e descida da onda gerando potência a um êmbolo que se

move para cima e para baixo num cilindro. Este por sua vez pode por um gerador a

funcionar (INETI, 2001; EPRI, 2005 apud CAMARGO, 2005).

Energia das marés

A energia das marés é formada pelas diferenças verticais das águas dos

oceanos, associado à subida e descida das marés, acompanhado por um

45

movimento horizontal denominado de correntes das marés. Estas correntes tem uma

periodicidade idêntica à das oscilações verticais. O aproveitamento energético é

realizado na maré alta e na baixa. Para que este sistema funcione bem são

necessárias marés e correntes forte que causem um aumento do nível da água em

pelo menos 5,5 metros tanto na maré alta como na baixa. (INETI, 2001; EPRI, 2005

apud CAMARGO, 2005).

Energia térmica dos oceanos

O último tipo de energia oceânica usa as diferenças de temperatura entre a

superfície, o meio e o fundo nas águas marinhas. Pode-se utilizar a diferença de

temperatura para produzir energia, porém, são necessárias diferenças de até 38º

Fahrenheit entre a superfície e o fundo do oceano (INETI, 2001 e EPRI, 2005 apud

CAMARGO, 2005).

3.3 A energia eólica

3.3.1 Processos eólicos e a ação dos ventos

A energia eólica é uma forma de energia que tem sua origem a partir do sol, ou

seja, a partir das variações do plano de incidência da radiação solar sobre a

superfície da Terra (variação latitudinal). Os ventos são causados basicamente por

gradientes de pressão atmosférica e que por sua vez são criados em função do

aquecimento desigual da atmosfera em combinação com a topografia.

O deslocamento das massas de ar, formando os ventos, é fruto das diferenças

de pressão e de diferentes temperaturas e, portanto, de densidade, nessas massas

de ar. Essas diferenças são geradas pela maior ou menor incidência de energia

solar sobre a superfície do planeta em função da latitude e da estação do ano pela

diferença do albedo3.

O albedo da superfície é um importante parâmetro do balanço de radiação,

sendo definido como a razão entre a radiação solar refletida e a radiação solar

incidente em dado instante (SILVA et al., 2009). Os dados meteorológicos

3 Albedo é a diferença entre a absorção e a reflexão dos raios solares em determinada superfície. No caso, estamos considerando o planeta Terra como a superfície.

46

necessários à obtenção do albedo da superfície são: a temperatura do ar, a umidade

relativa e a pressão atmosférica.

A proximidade do vento4 à superfície terrestre também influi em sua velocidade

devido ao atrito da massa do ar com os obstáculos presentes (vegetação, relevo

acidentado, construções, etc.). Assim, a velocidade do vento aumenta com o

afastamento da superfície, porém a partir de determinada altitude, que depende das

condições locais, ela não mais se modifica significamente.

As massas de ar podem ser de dois tipos principais segundo seu fluxo: fluxo

turbulento e fluxo laminar. O fluxo laminar geralmente ocorre quanto mais distante

da superfície da Terra estiver e o fluxo turbulento ocorre quanto mais próximo da

superfície da Terra ou em relação a determinados tipos de barreiras (TEIXEIRA...[et

al], 2008).

Para se descrever corretamente o movimento dos ventos em escala global, é

necessário entender o efeito de Coriolis5. O planeta está em constante movimento

de rotação e o vento sopra pela superfície terrestre; nesse contexto, os movimentos

aparentes influenciam o deslocamento do ar. Para um observador sobre a superfície

da terrestre, os ventos do hemisfério sul aparentam estar desviados para a

esquerda, e os do hemisfério norte, para a direita.

Essa aparente deflexão dos ventos é causada pelo efeito de Coriolis, também

chamado de força defletora. O ar desloca-se de uma região de alta pressão para

uma região de baixa pressão. A trajetória do ar começa a se curvar ao redor de uma

alta ou de uma baixa pressão. No hemisfério, o ar gira no sentido horário nas baixas

pressões (ciclone) e no sentido anti-horário nas altas pressões (anticiclone). Um

fenômeno similar ocorre com o deslocamento das águas nos oceanos. Esse efeito

não deve ser levado em consideração apenas em pequenas escalas (FERREIRA,

2006).

4 Vento – atmosfera em movimento – tem sua origem na associação entre energia solar e a rotação planetária. Todos os planetas envoltos por gases em nosso sistema solar demonstram a existência de distintas formas de circulação atmosférica e apresentam ventos em sua superfície. Trata-se de um mecanismo solar-planetário permanente; sua direção é mensurável na escala de bilhões de anos. O vento é considerado uma fonte renovável de energia. 5 Efeito Coriolis – é uma força aparente que um objeto, que se move no hemisfério sul, tende a se desviar para a esquerda. Esta força é considerada nula no Equador e cresce em magnitude na direção dos polos.

47

A escala de Beaufort classifica os ventos de acordo com sua velocidade de

deslocamento como se pode observar no Quadro 1.

48

Quadro 1- Escala Beaufort baseada em sua velocidade de deslocamento

nº Beaufort V(Km/h) V(m/s) Organização Meteorológica Internacional Efeitos Observados na Terra

0 1 0-0,2 CALM (Calmaria) Calmaria (vegetação sem movimento); a fumaça sobe verticalmenete

1 1-5 0,3-1,5 LIGHT AIR (Ar Calmo) A fumaça se inclina indicando a direção do vento

2 6-11 1,6-3,3 LIGHT BREEZE (Brisa Calma)

Sente-se o vento na face; as folhas balança; o indicador da direção dos

ventos começa a se mover (quando existir)

3 12-19 3,4-5,4 GENTLE BREEZE (Brisa Branda) As folhas adquirem movimentos constantes; as bandeiras leves se estendem

4 20-28 5,5-7,9 MODERATE BREEZE (Brisa Moderada)

Os galhos pequenos se movem. Porira, folhas e pedaços de papel são

levantados

5 29-38 8,0-10,7 FRESH BREEZE (Brisa Fresca) Pequenas árvores começam a balançar

6 39-49 10,8-13,8 STRONG BREEZE (Brisa Forte) Os galhos grandes das árvores se movimentam, os fios assobiam

7 50-61 13,9-17,1 NEAR GALE (Ventania Próxima) Toda árvore se move; sente-se resistência ao andar contra o vento

8 64-74 17,2-20,7 GALE (Vantania) Os brotos e galhos pequenos são arrancadso das árvores

9 75-88 20,8-24,4 STRONG GALE (Ventania Forte) Pequenos danos estruturais ocorrem; telhas são arrancadas dos telhados

10 89-102 24,5-18,5 STORM (Tempestade)

Ocorre muito raramente; árvores são quebradas e arrancadas;

consideráveis danos estruturais

Fonte: TEIXEIRA et al, 2008

49

Devido às variações sazonais do albedo, surgem os ventos continentais e/ou

periódicos. Temos 2 tipos de ventos continentais, as monções e as brisas. As

monções mudam de direção a cada seis meses aproximadamente e de uma forma

geral, sopram em determinada direção em uma estação do ano e em sentido

contrário em outra estação. Ocorre principalmente no continente Asiático também no

oeste da África, na Indonésia e norte da Austrália. Temos também as brisas, que se

caracterizam por serem ventos que sopram do mar para o continente e vice-versa.

Durante o dia formam-se as brisas marítimas, que em função da maior

capacidade de reflexão dos raios solares aumenta a temperatura do ar. Já pela noite

a temperatura da terra diminui mais rapidamente que a temperatura da água. Este

fato deve-se ao fenômeno físico, pois o calor específico das rochas é menor que o

da água, ocasionando assim a inversão das correntes de ar, soprando da terra para

o mar, sendo que a intensidade da brisa terrestre é menor do que a brisa marítima.

Figura 2 - Formação dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar. Fonte: Atlas do Potencial Eólico Brasileiro (MME, 2008).

Estes ventos são influenciados também pelas condições climáticas locais,

modificando assim, significativamente, a sua direção e intensidade de acordo com

mecanismos específicos. São os chamados ventos locais. Estes são mais comuns

nos vales e montanhas, onde durante o dia, o ar quente das encostas das

montanhas sobe e o ar frio desce para os vales substituindo o ar quente que subiu.

Já pela noite, a direção dos ventos é o inverso, o ar frio que está nas montanhas

desce e acumula nos vales.

50

Além destes “padrões” de fluxo dos ventos, outros fatores influenciam

diretamente a sua intensidade e direção, como por exemplo, as irregularidades da

superfície terrestre como os corpos d’água, o relevo e a vegetação em determinados

locais. Para medir os ventos em determinados locais, são instalados anemômetros.

Estes são responsáveis por registrar informações ao longo do tempo. Este vento

medido é resultante - naquele ponto específico – de movimentos atmosféricos que

ocorrem em 3 diferentes escalas (DEWI e SCHULTZ, 1993). Em uma escala macro

(global), chamada de sinótica, o vento é medido a centena de milhares de

quilômetros.

O vento pode ser medido também em uma escala regional entre 1 km a 100-

200 km onde há as influências de relevo, brisas marinha e brisas “serra-vale” e

diferenças de temperatura entra áreas urbanas e rurais. Já em uma escala local, a

microescala (entre 1 metro e 1 km), há ocorrência de turbulências ocasionadas pelo

relevo local como escarpas, edificações e a vegetação e todos os outros atritos

gerados na camada limite da superfície sobre os terrenos com diferentes graus de

rugosidade (água, areia, restingas, matas, florestas, etc.). Ver figura 3 abaixo.

Figura 3 - Comportamento do vento sob a influência das características do terreno (Fonte: Atlas Eólico do Brasil, 1998).

3.3.2 Histórico e evolução da energia eólica

A técnica de conversão da energia dos ventos em energia mecânica

primeiramente foi explorada para utilização em propulsão de navios, moinhos de

cereais, bombas de água e na idade média para mover a indústria de forjaria

(RÜNCOS et al, 2000).

51

No final do século XIX, quando o uso da energia elétrica começou a crescer

rapidamente no planeta, as primeiras turbinas eólicas foram aplicadas na conversão

da energia dos ventos diretamente em energia elétrica. Em julho de 1887 em

Glasgow, Escócia, o engenheiro eletricista James Blyth (1839-1906) construiu e

patenteou a primeira turbina eólica do mundo. A turbina tinha 10m de altura e eixo

vertical. A sua casa passou a ser a primeira residência no mundo a ter a sua

eletricidade fornecida por energia eólica (PINTO, 2013).

No século 20, até a década de 70, os investimentos em tecnologias para

geração de energia eólica eram pequenos. Entretanto, com o choque da crise do

petróleo, o setor eólico industrial começou a crescer.

A geração de energia elétrica em grande escala, alimentando de forma

suplementar o sistema elétrico através do uso de turbinas eólicas de grande porte,

evoluiu muito nas últimas décadas. Pode-se dizer que a moderna tecnologia das

turbinas eólicas surgiu na Alemanha na década de 1950, já com pás fabricadas com

materiais compostos, controle de passo e torres na forma tubular e esbelta

(RÜNCOS et al, 2000).

Na década de 80, através de experiências de estímulo ao mercado nos EUA,

na Dinamarca e Alemanha na década de 1990, o aproveitamento da energia eólica

como alternativa de geração de energia elétrica atingiu escala de contribuição mais

significativa ao sistema elétrico, em termos de geração, eficiência e competitividade.

Houve um crescente avanço tecnológico pelas indústrias do setor que, estimuladas

pela competição e políticas de incentivo governamentais, passaram a desenvolver-

se com maior intensidade. Através deste avanço tecnológico e ao crescimento da

produção em escala, foi possível desenvolver novas técnicas de construção dos

aerogeradores, com tecnologias que aumentassem a capacidade de geração das

turbinas, obtendo assim reduções graduais e significativas nos custos do quilowatt

instalado e, consequentemente, uma substancial redução no custo da geração da

energia elétrica.

No âmbito empresarial, o mercado é dominado por poucas fornecedoras,

sendo que as principais empresas são: Siemens (Alemanha), General Eletric (EUA),

Vestas (Dinamarca) e Enercon (EUA), com amplo portfólio que abrange desde

aerogeradores e turbinas, como partes e peças, além de componentes de usinas

eólicas. Este mercado é concentrado devido às altas barreiras à entrada ao

52

mercado, sendo as principais: o elevado conteúdo tecnológico e a elevada escala

produtiva. Os investimentos nos últimos anos foram impulsionados, principalmente,

por ações governamentais, provocando aumento da demanda nos mercados de

turbinas e aerogeradores, que movimentaram em conjunto, em âmbito mundial,

cerca de US$ 84,5 bilhões em 2008 (GWEC, 2008).

As figuras 4 e 5 abaixo permitem acompanhar a evolução da energia eólica

mundial desde 2001 até junho de 2011 O mercado mundial cresce em média 25%

ao ano segundo a ABEEÓLICA.

s figuras 4 e 5 abaixo permitem acompanhar a evolução da energia eólica

mundial desde 2001 até junho de 2011 O mercado mundial cresce em média 25%

ao ano segundo a ABEEÓLICA.

-

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

24.322 31.181 39.295

47.693 59.024

74.122

93.927

120.903

159.766

196.630

240.000

PO

TÊN

CIA

ANO

MW

Figura 4 – Evolução da Energia Eólica no mundo

WWEA, 2011

No ano de 2009, os países que mais se beneficiavam desta fonte de energia

limpa, em ordem de grandeza, eram os Estados Unidos com uma potência instalada

de aproximadamente 35.000 MW, China (25.810 MW), Alemanha (25.777 MW),

Espanha (19.149 MW), Índia (11.807 MW), seguidos pela Itália, França, Reino

Unido, Dinamarca e Canadá. (WWEA, 2011). Já no final do ano de 2010 a China

conquistou o primeiro lugar com 44.733 MW. A extensão territorial e incluindo seu

litoral fazem da China um país promissor para a produção de energia eólica (fig. 5).

53

3.465

3.319

4.092

4.574

4.850

11.807

19.149

25.777

35.159

25.810

3.734

4.008

5.203

5.660

5.797

13.065

20.676

27.215

40.180

44.733

Dinamarca

Canadá

Reino Unido

França

Italia

Índia

Espanha

Alemanha

Estados Unidos

China

2010 2009

Figura 5 – Os dez maiores produtores mundiais de energia eólica. WWEA, 2011

No relatório parcial da WWEA publicado em junho de 2011, o crescimento na

capacidade instalada principalmente se deu principalmente na China, Estados

Unidos e Índia.

3.3.3 Funcionamento de um Parque Eólico

De uma forma geral, um Parque Eólico é composto dos seguintes elementos:

• Conjunto de aerogeradores ou turbinas eólicas;

• Infraestrutura de suporte associada, composta de subestação elevadora,

instalações elétricas e estradas de acesso às turbinas eólicas.

A seguir são detalhadas as principais características técnicas dos

equipamentos a serem instalados nos parques:

54

Aerogeradores ou turbinas eólicas

Os aerogeradores podem ser de dois modelos: turbinas eólicas de eixo vertical

(TEEVs) demonstrado na figura 4 e turbinas eólicas de eixo horizontal (TEEHs)

apresentado na figura 7.

As turbinas de eixo verticais comumente denominadas de Darreius6 fazem uso

de aerofólios simétricos e ligeiramente curvados em forma de “C”. As turbinas de

eixo vertical foram desenvolvidas e comercializadas, nos anos 1970, mantendo-se a

sua pesquisa, mesmo que de forma restrita, até o fim dos anos 1980. A turbina

eólica de eixo vertical de maior potência foi instalada no Canadá e totalizava uma

capacidade de 2.200 kW (SILVA, 2006).

Figura 6 - Turbina eólica de eixo vertical (TEEVs) Fonte: ComoTudoFunciona/how stuff works Disponível em: http://www.hsw.uol.com.br/

As grandes vantagens diferenciais deste tipo de turbinas consistem no fato de

que elas operam independentemente da direção do vento e também por terem a

parte eletromecânica (rotor – caixa de transmissão e gerador) alocadas ao nível do

solo, reduzindo, portanto, os custos de instalação e manutenção. Como

6 Esta denominação é creditada ao fato de que as mesmas foram inicialmente projetadas pelo engenheiro George Darrieus que patenteou esta concepção de turbina em 1931.

55

desvantagem, e por isso a justificativa para o papel secundário dessa tecnologia na

expansão do mercado mundial de energia eólica, apresenta as seguintes

características:

• Elevados níveis de flutuação no torque em cada giro;

• Ausência da capacidade de auto-partida (não é capaz de partir sem um

auxilio externo);

• Limitada capacidade de regulação em altas velocidades;

• Ao nível do solo, a velocidade do vento é muito baixa; isso implica em uma

menor capacidade de produção de energia.

A partir do final dos anos 1980, face aos resultados insatisfatórios no que se

refere à sua pouca flexibilidade a ajustes a diferentes perfis de vento e, em especial,

devido ao seu rendimento mostrar-se inferior aos registrados pelas turbinas de eixo

horizontal, as turbinas Darreius tiveram as suas pesquisas e desenvolvimentos

interrompidos quase que mundialmente (SILVA, 2006).

As turbinas ou aerogeradores, atualmente em dia são todos construídos em

eixo horizontal. De uma forma geral, um aerogerador é dividido em 3 partes:

• Torre;

• Pás;

• Nacele;

As torres são geralmente metálicas e abrigam em seu interior (escadas de

acesso à nacele, iluminação, cabo de segurança anti-quedas e acessórios de

fixação dos cabos). São sustentadas por uma sapata de concreto armado

(aproximadamente 15m X 15m). As pás são geralmente de diversos números. O

emprego a ser dado à turbina é o fator de definição do total de pás a ser utilizado.

Turbinas com três pás são predominantemente usadas para a geração de energia

elétrica (figura 8).

56

Figura 7 - Estrutura e funcionamento de um aerogerador

Fonte: CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA EÓLICA – CBEE / UFPE. 2000. Disponível em: www.eolica.com.br

O rotor eólico é composto de um conjunto de pás conectadas a um eixo, que

transmite a rotação das pás para o gerador. As pás dos aerogeradores captam uma

parte da energia cinética do vento através do sistema de transmissão (multiplicador)

e transforma a energia cinética do vento em energia mecânica de rotação, a qual,

por sua vez, é transformada em energia elétrica, através do gerador elétrico

(conversor de energia).

A nacele abriga o gerador elétrico, a caixa de transmissão de velocidade e o

rotor (figura 9). Para a orientação do rotor na direção do vento ou a sua retida, os

aerogeradores de eixo horizontal fazem uso de diferentes tecnologias. Nas turbinas

de pequenas potências, o rotor e a nacele são orientados para a direção do vento

através de um leme. Em grandes turbinas, essa orientação é feita eletronicamente,

via sinal recebido de um anemômetro também instalado na parte superior da nacele.

57

Figura 8 - Esquema básico de uma turbina eólica. Fonte: CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA EÓLICA – CBEE / UFPE. 2000.

Disponível em: www.eolica.com.br

Além destes, são igualmente importantes para a operação segura e eficiente

do sistema, os seguintes componentes também instalados na nacele (HIRATA e

ARAÚJO, 2000):

• sistema de frenagem – que controla a rotação do rotor para evitar que

assuma valores acima do permitido e assegurar a integridade estrutural do sistema;

• sistema de controle e orientação – que orienta o rotor em relação à direção

dos ventos. Esta orientação é necessária para garantir a operação eficiente do rotor

e, adicionalmente, para controlar a velocidade do rotor quando a velocidade do

vento atinge a valores acima do permitido para a segurança do sistema;

• o sistema hidráulico – que aciona os sistemas de controle de passo do rotor,

de orientação do rotor, de frenagem e outros.

- O sistema de controle de geração de energia

58

Infraestrutura de suporte associada

Os aerogeradores são interligados através de uma rede elétrica subterrânea

com profundidade típica dos eletrodutos de 50 cm a 120 cm e, dependendo da

quantidade de circuitos, a largura de uma seção poderá variar de 80 cm a 180 cm.

Estes eletrodutos transportam a energia produzida nos aerogeradores até a

subestação elevadora, situada no interior do parque. Esta subestação permite elevar

a tensão de geração até a tensão de transporte para a linha de transmissão externa.

Atualmente, os sistemas mais comuns de fornecimento de energia utilizando

sistemas eólicos são os sistemas eólicos de grande porte interligados à rede pública

de distribuição. Por dispensarem sistemas de armazenamento, são bastante viáveis

representando, atualmente, a maior evolução em sistemas eólicos, apresentando

custos paritários aos das hidrelétricas. Nesta configuração, os sistemas eólicos

podem ter uma grande participação no fornecimento total de energia, envolvendo a

definição deste percentual, estudos específicos de vários fatores que garantam

fornecimento regular e a qualidade de energia do sistema interligado como um todo.

3.3.4 A energia eólica no Brasil

A crise do petróleo no ano de 1973 levou a comunidade internacional a buscar

novos meios de geração de energia. Nesse contexto, entre os anos de 1973 e 1983,

o IEA/CTA (Instituto de Aeronáutica e Espaço/Centro de Tecnologia Aeroespacial)

construiu e fez 15 e fez o ensaio de protótipos de turbinas eólicas em São José dos

Campos/SP. Os primeiros projetos tiveram de ser abandonados devido à baixa

qualidade e durabilidade dos materiais componentes dos rotores. Apesar desta

limitação, os estudos acabaram incentivando uma primeira avaliação do potencial

eólico para a geração de energia elétrica na região nordeste e culminaram com o

marco inicial da energia eólica no país, no ano de 1981 (PINTO, 2013).

Durante a década de 80, os estudos para o desenvolvimento da energia eólica

no Brasil estiveram concentrados nas medições anemométricas a apenas 10 metros

de altitude aferidas pelas 389 estações meteorológicas, aeroportos, e o restante, por

diversas instituições como a CEMIG, Eletrobrás, Portobras e Copel. No ano de 1992,

foi instalada no país a primeira turbina eólica da América do Sul no arquipélago de

Fernando de Noronha/PE. Na época, esta turbina correspondia por até 10% da

59

energia gerada no arquipélago. Representou uma grande economia de óleo diesel

consumido na geração de energia elétrica que até então era exclusivamente térmica.

Já no a no de 2000, Noronha recebeu o segundo aerogerador, fruto da parceria

entre o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) e o Risø National Laboratory da

Dinamarca.

A geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas constitui uma

alternativa para diversos níveis de demanda no país. As pequenas centrais podem

suprir pequenas localidades distantes da rede, contribuindo para o processo de

universalização do atendimento. Quanto às centrais de grande porte, estas têm

potencial para atender uma significativa parcela do Sistema Interligado Nacional

(SIN) com importantes ganhos: contribuindo para a redução da emissão pelas

usinas térmicas, de poluentes atmosféricos, diminuindo a necessidade da

construção de grandes reservatórios e reduzindo o risco gerado pela sazonalidade

hidrológica.

Em relação à sazonalidade, simulações foram feitas na região nordeste do país

tomando como referência o potencial de geração de energia elétrica a partir de

turbinas eólicas instaladas na costa litorânea do estado do Ceará, bem como as

vazões naturais do rio São Francisco, afluente no reservatório de Sobradinho. As

análises desse estudo permitem considerar que a adoção da geração elétrica a

partir de turbinas eólicas, no subsistema nordeste, pode colaborar de forma

significativa para a regularização da vazão do rio São Francisco, uma vez que se

registra uma acentuada complementaridade entra essas fontes, principalmente nos

meses de maio a setembro como se pode observar na Figura 10 (ELETROBRÁS,

2001).

60

Figura 9 – Complementaridade Hidrelétrica/Eólica Fonte: CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA EÓLICA – CBEE / UFPE. 2000. Disponível em:

www.eolica.com.br.

Em 2001, foi publicada pela Eletrobrás o “Atlas do Potencial Eólico Brasileiro”

onde foi constatado que existe um potencial estimado de 143.000 MW onshore7

(Figura 11). Neste estudo também foram detalhados o potencial em cada região do

país e a região nordeste também foi estudada como se pode observar na Figura 12.

No ano de 2006, a COELBA realizou estudos específicos em parceria com a ANEEL

e apresentou o Atlas do Potencial Eólico do Estado da Bahia (Figura 13) atestando

grande potencial para o desenvolvimento de parques eólicos principalmente nas

regiões mais altas das Chapadas. Atualmente estão sendo desenvolvidos novos

estudos de estimação do potencial eólico brasileiro, desta vez com medições a 100

metros de altura. Estimativas preliminares indicam um potencial superior a 300 GW

em contraste com os 143GW auferidos no início da década com medições a 50

metros de altura.

7 Onshore: adjetivo com o significado de terra firme.

61

Figura 10 - Atlas Eólico do Brasil, 2001. Fonte: Atlas do Potencial Eólico do Estado da Bahia, 2006.

Disponível em: http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/atlas_eolico_brasil/atlas.htm

62

Figura 11 – Potencial Eólico no Nordeste do Brasil, 2001. Disponível em: http://www.cresesb.cepel.br/atlas_eolico_brasil/mapas_3b.pdf

63

Figura 12 – Potencial Eólico no estado da Bahia. Fonte: Atlas do Potencial Eólico do Estado da Bahia, Coelba (2002)

O Governo Federal, no ano de 2002, adotou algumas medidas para aumentar a

participação das fontes alternativas renováveis complementares na produção

nacional de eletricidade e criou a Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002, alterada pela

Lei 10.762, de 11 de novembro de 2003, o Programa de Incentivo às Fontes

Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA, com o objetivo à promoção do aumento

da participação da energia elétrica produzida por empreendimentos de Produtores

Independentes Autônomos - PIA44, concebidos com base em fontes Eólicas,

Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCHs) e Biomassa.

O PROINFA foi a referência legal de todas as ações de governo voltadas para

o desenvolvimento de fontes renováveis de energia no Brasil. Em sua primeira

etapa, a lei previu a implantação, até o ano de 2006, de 3.300 MW, distribuídos

igualmente entre as fontes.

No Brasil, a geração de energia elétrica através da energia eólica, no ano de

2009, significava apenas 0,4% em relação às outras fontes de geração (figura 14). A

geração de energia através das hidrelétricas corresponde a 77% da energia limpa

gerada em nosso país como podemos observar na figura 14.

64

Figura 13 – Participação das fontes de energia elétrica no país

Fonte: ABBEÓLICA, 2009

Na Bahia, só no ano de 2009, a Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração

(SICM) registrou a assinatura de 19 protocolos de intenção com investimentos na

ordem de mais de seis bilhões de reais que gerarão mais de 1000 empregos diretos

na fase de construção destes empreendimentos (Quadro 2).

Sob o ponto de vista ambiental, o Instituto do Meio Ambiente – INEMA, órgão

ambiental do estado da Bahia - tem sido pressionado para licenciar vários Parques

Eólicos em um curto espaço de tempo, pois para que estes empreendimentos

possam participar do leilão de energia de fontes alternativas, promovido pela

Empresa de Pesquisa Energética – EPE, esta licenças já devem estar devidamente

emitidas. Muitas destas licenças foram emitidas “ad referendum”, ou seja, a licença é

concedida sem que a análise dos estudos ambientais seja feita de forma criteriosa e

no seu devido tempo.

65

Quadro 2- Protocolos assinados em 2009 com o govern o da Bahia PROTOCOLOS ASSINADOS EM 2009 COM O GOVERNO DA BAHIA

N° SEGMENTO/ EMPRESA MUNICÍPIO TERRITÓRIO ATIVIDADE

/PRODUTO

MÃO-DE-OBRA

PREVISTA

INVESTIMENTO PRIVADO (R$

1.000) 1 Alstom Brasil

Energia Camaçari RMS Aerogeradores 150 50.000

5 Eletrowind S/A I Casa Nova Sertão do São Francisco

Energia eólica 25 150.000

6 Eletrowind S/A II Casa Nova Sertão do São Francisco

Energia eólica 25 150.000

7 Eletrowind S/A III Casa Nova Sertão do São Francisco

Energia eólica 10 65.000

8 Eletrowind S/A IV Casa Nova Sertão do São Francisco

Energia eólica 25 150.000

9 Parque Eólico Cristal Ltda.

Morro do Chapéu

Chapada Diamantina

Energia eólica 40 970.000

10 Parque Eólico Curva dos Ventos Ltda.

Igaporã Velho Chico Energia eólica .50 .1.170.000

11 Parque Eólico Ouroventos

Ourolândia Piemonte da Diamantina

Energia eólica 35 870.000

12 Parque Eólico Sobradinho

Sobradinho Sertão do São Francisco

Energia eólica 20 540.000

13 Renova Energia S/A

Diversos Diversos PCHs e energia eólica

529 2.712.000

14 Sowitec do Brasil Energias Alternativas Ltda.

Diversos Diversos Energia Eólica 200 70.000

Fonte: SICM (Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração). Relatório Anual de Governo, 2009.

Para incentivar a esta fonte energética, o governo federal vem realizando

leilões promovidos pela EPE. O primeiro foi em 2009. Os empreendedores puderam

incluir os projetos de geração no Leilão por meio do Sistema de Acompanhamento

de Empreendimentos Geradores de Energia – AEGE

(http://sistemas.epe.gov.br/AEGE/adesao), a fim de possibilitar aos empreendedores

a inserção dos dados técnicos de seus empreendimentos, a qualquer tempo. Após a

etapa de cadastramento, a EPE analisa a documentação de cada projeto inscrito e

efetiva a habilitação técnica dos que estiverem com a relação de documentos em

dia. Entre os documentos exigidos para o licenciamento de projetos de eólica estão:

licenciamento ambiental, parecer de acesso ao sistema de transmissão e a

certificação de estudos de vento.

O cadastramento de projetos na EPE, com vistas à participação no leilão em

pauta, tem que atender ao disposto nas normas legais e infralegais que regem o

processo licitatório, bem como as instruções de cadastramento disponibilizadas no

66

site da EPE na internet. Ainda no ano de 2009, foram cadastrados 441 projetos, que

juntos somavam capacidade instalada de 13.341 MW abrangendo 11 estados em 3

regiões. A região Nordeste obteve o maior número de empreendimentos eólicos

inscritos para o leilão, alcançando 322 projetos (73% do total) e 9.549 MW de

potência instalada (72% do total). A Bahia cadastrou 51 parques eólicos com

capacidade total de 1.575 MW (Quadro 3):

Quadro 3 - Projetos e Potência total - Leilão de re serva 2009 Estado N° de

projetos Potência (MW)

Bahia 51 1.575

Ceará 118 2.743

Espírito Santo 6 153

Paraíba 1 20

Paraná 23 623

Piauí 16 413

Rio de Janeiro 2 45

Rio Grande do Norte

134 4.745

Rio Grande do Sul 86 2.894

Santa Catarina 2 75

Sergipe 2 54

TOTAL 441 13.341

Fonte: EPE, 2009.

Este primeiro leilão de energia exclusivamente voltado para contratação de

fonte eólica foi realizado na modalidade de reserva, que se caracteriza pela

contratação de um volume de energia além do que seria necessário para atender à

demanda do mercado total do país e resultou na contratação de 1.805,7 MW a um

preço médio de venda de R$ 148,39/MW/h proporcionando a construção de um total

de 71 empreendimentos de geração eólica em cinco estados das regiões Nordeste e

Sul (Quadro 4). Os empreendimentos que ofertaram os menores preços e ganharam

assinaram contratos de compra e venda de energia por 20 anos de duração a partir

de 1º de julho de 2012 (EPE, 2009).

67

Quadro 4 - Resultado do Leilão de reserva 2009 Estado Projetos Potência MW

Quantidade % Quantidade % Bahia 18 25,4 390 21,6

Ceará 21 29,5 542,7 30

Rio Grande do Norte 23 32,4 657 36,4

Rio Grande do Sul 8 11,3 186 10,3

Sergipe 1 1,4 30 1,7

TOTAL 71 100 1.805,7 100

Fonte: EPE, 2009.

No ano de 2010, no mês de agosto, 368 empreendimentos foram tecnicamente

habilitados para participar do Leilão de Fontes Alternativas (A-3 e Reserva) - eólicas,

termelétricas e biomassa, somando 10.415 MW de capacidade e resultaram na

contratação de 2.892,2 MW de potência instalada. No geral, foram contratadas 70

centrais eólicas, 12 termelétricas à biomassa e sete pequenas centrais hidrelétricas

(PCHs). Os 89 projetos receberão investimentos de aproximadamente R$ 9,7

bilhões (EPE, 2010).

Foram contemplados com os empreendimentos negociados os estados da

Bahia (587,4 MW), Ceará (150 MW), Goiás (191 MW), Minas Gerais (21 MW), Mato

Grosso do Sul (126 MW), Mato Grosso (20,6 MW), Paraná (19 MW), Rio Grande do

Norte (1.064,6 MW), Rio Grande do Sul (245,8 MW), Santa Catarina (29,9 MW), São

Paulo (356,9 MW), Tocantins (80 MW) (EPE, 2010).

O Leilão A-3/2010 proporcionou a contratação de uma potência instalada total

de 1.685,6 MW, a partir de um conjunto de 56 empreendimentos que negociaram

contratos de compra e venda com 15 empresas de distribuição de energia elétrica. A

energia negociada no leilão totaliza 714,3 MW médios, sendo 643,9 MW médios de

eólica, 22,3 MW médios de biomassa (bagaço de cana) e 48,1 MW médios em

pequenas hidrelétricas. O preço médio final ficou em R$135,48/MW/h. Todos os

empreendimentos contratados nesta licitação terão que entrar em operação em 1°

de janeiro de 2013 (EPE, 2010).

O Leilão de Reserva 2010 contratou 1.206,6 MW de potência instalada. Um

total de 33 empreendimentos vendeu energia, a um preço médio de venda de R$

125,07/MW/h. A energia negociada no leilão totaliza 445,1 MW médios, sendo 255,1

MW médios de eólica, 168,3 MW médios de biomassa (bagaço de cana) e 21,7 MW

médios em pequenas hidrelétricas. Este Leilão contratou um estoque de geração de

68

energia elétrica além do montante necessário para atender à demanda dos

consumidores. O objetivo é aumentar a segurança e a garantia de fornecimento de

eletricidade no país. Os projetos de eólica e PCH contratados terão que iniciar a

operação em 1° de setembro de 2013. No caso das tér micas à biomassa, alguns

projetos poderão começar a gerar um ou dois anos antes desse prazo (EPE, 2010).

No ano de 2011foram realizados 2 outros Leilões. O de Energia de A-3 e de

Reserva de 2011. No total, foram habilitados para participar das licitações 321

empreendimentos, que somam capacidade instalada de 14.083 MW. A fonte eólica

apresenta a maior quantidade de projetos e de oferta habilitados: 240 parques

geradores e uma capacidade total de 6.052 MW. O estado da Bahia cadastrou 33

projetos de energia eólica totalizando 756MW. Além das eólicas, os leilões terão a

participação de projetos de termelétricas movidas à biomassa (principalmente de

cana-de-açúcar), térmicas a gás natural e pequenas centrais hidrelétricas, além da

ampliação da usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira (EPE, 2011).

O Leilão de Energia A-3, de 2011, voltado para o atendimento ao mercado

consumidor brasileiro em 2014, resultou na comercialização de 2.744,6 megawatts

(MW) de nova capacidade ao sistema elétrico brasileiro, que será gerada pelas 51

usinas contratadas – a serem viabilizadas nos próximos três anos. Do total

contratado, 62% são oriundos de fontes renováveis (hídrica, eólica e biomassa) e

38% de fonte fóssil (gás natural). O que chamou a atenção foi o preço médio de R$

102,07/MW/h ao seu final – equivalente a um deságio de 26,6%. A movimentação

financeira nos contratos de compra e venda entre geradores e distribuidores, cujos

prazos variam entre 20 e 30 anos, alcançará a cifra de R$ 29,14 bilhões. Já os

investimentos na construção das usinas devem chegar a R$ 6,5 bilhões.

Este Leilão foi amplamente dominado pelas usinas eólicas e de gás natural. As

primeiras totalizaram, ao final da negociação, 44 projetos, somando 1.067 MW. Os

dois projetos termelétricos a gás natural somam 1.029 MW. Já as usinas movidas a

biomassa somaram 197 MW. A hidrelétrica de Jirau negociou 450 MW (EPE, 2011).

O Leilão de Energia de Reserva de 2011 contratou 1.218,1 megawatts (MW) de

potência instalada em projetos de parques eólicos e de termelétricas à biomassa

(bagaço de cana-de-açúcar e resíduos de madeira). Um total de 41

empreendimentos negociou a venda da energia a um preço médio final de R$

99,61/MW/h – deságio de 31,8% em relação ao preço inicial de R$ 146/MW/h (EPE,

69

2011). Na divisão por região geográfica, o Nordeste respondeu por 60% do

montante total contratado, o Sudeste representou 20%, o Sul ficou com 11% e o

Centro-Oeste com 9%. A Bahia cadastrou 56 projetos totalizando 1.340MW.

Os principais incentivos do governo federal anunciados, no ano de 2011, como

a desoneração do IPI para aerogeradores, contribuiu muito para que as grandes

empresas se interessem pela instalação e ampliação de plantas para a produção de

pás, turbinas e equipamentos específicos para energia eólica no país.

Atualmente, existem vários fabricantes de aerogeradores instalados no país; a

mais antiga é a WOBBEN/ENERCON que está instalada, no Brasil, desde 1995.

Existem, também, a General Eletric (GE), IMPSA, Siemens, WEG e a Suzlon. Em

novembro de 2011, a Alstom inaugurará a sua primeira fábrica no país. Ela se

localizará em Camaçari - BA. De acordo com a ABEEÓLICA, as três maiores

indústrias fabricantes de aerogeradores da China (Sinovel Wind Group, China

Guodian United Power Technology Company e Goldwind Science & Technology)

tem grande interesse de se instalarem no, Brasil, nos próximos anos.

O sistema elétrico brasileiro interligado prevê um crescimento de mais de 4%

ao ano, durante os próximos 15 anos (EPE, 2006). No nordeste, as taxas de

aumento do consumo previstas são ainda maiores, da ordem de 6%, e uma opção

extremamente interessante para atendê-las é a integração de parques eólicos para

geração de eletricidade. O Brasil possui um alto potencial eólico em diversas regiões

litorâneas próximas a centros de carga. (ABEEÓLICA, 2009). A EPE, no ano de

2011, divulgou um estudo com a projeção da capacidade instalada das fontes

alternativas para os próximos 10 anos, como se pode observar na figura 15.

Analisando a figura apresentada na forma de gráfico, podemos perceber o

crescimento exponencial da energia eólica quando comparada às demais fontes

alternativas de acordo com o resultado dos últimos leilões de energia incluindo os de

reserva.

70

Figura 14 - Evolução da capacidade instalada nos próximos 10 anos Fonte: EPE, 2011

Segundo a ANEEL existe hoje, no país, um total de 83 Usinas outorgadas com

Potência Total de 2.894.031 kW. No quadro 5 é apresentado os 48 Parque Eólicos

em operação no Brasil (EPE, 2011), suas respectivas potências e localização. O ano

de 2011 representa um marco do desenvolvimento eólico, no país, pois se atingiu

1GW de potência instalada.

71

Quadro 5 - Parques em operação no Brasil em 2011

Parque Eólico Potência instalada (MW) Estado Município

Praia do Morgado 28,8 CE Aracaú

Volta do Rio 42,0 CE Aracaú

Eólica Icaraizinho 54,6 CE Amontada

Eólica de Prainha 10,0 CE Aquiraz

Lagoa do Mato 3,2 CE Aracati

Eólica Canoa Quebrada 10,5 CE Aracati

Parque Eólico Enacel 31,5 CE Aracati

Bons Ventos 50,0 CE Aracati

Canoa Quebrada 57,0 CE Aracati

Foz do Rio Choró 25,2 CE Beberibe

Parque Eólico de Beberibe 25,6 CE Beberibe

Eólica Praias de Parajuru 28,8 CE Beberibe

Praia Formosa 105,0 CE Camocim

Macuripe 2,4 CE Fortaleza

Eólica Paracuru 23,4 CE Paracuru

Eólica de Taíba 5,0 CE São Gonçalo do Amarante

Taíba Albatroz 16,5 CE São Gonçalo do Amarante

Alhandra 6,3 PB Alhandra

Vitória 4,5 PB Mataraca

Albatroz 4,8 PB Mataraca

Atlântica 4,8 PB Mataraca

Camurim 4,8 PB Mataraca

Caravela 4,8 PB Mataraca

Coelhos I 4,8 PB Mataraca

Coelhos II 4,8 PB Mataraca

Coelhos III 4,8 PB Mataraca

Coelhos IV 4,8 PB Mataraca

Mataraca 4,8 PB Mataraca

Presidente 4,8 PB Mataraca

Millenium 10,2 PB Mataraca

Gravatá Fruitrade 5,0 PE Gravatá

Mandacaru 5,0 PE Gravatá

Santa Maria 5,0 PE Gravatá

Pirauá 5,0 PE Macaparana

Xavante 5,0 PE Pombos

Pedra do Sal 18,0 PI Parnaíba

Eólio - Elétrica de Palmas 2,5 PR Palmas

Gargaú 28,1 RJ São Francisco de Itabapoana

Alegria I 51,0 RN Guamaré

Macau 1,8 RN Macau

RN 15 - Rio do Fogo 49,3 RN Rio do Fogo

Parque Eólico de Osório 50,0 RS Osório

Parque Eólico dos Índios 50,0 RS Osório

Parque Eólico Sangradouro 50,0 RS Osório

Parque Eólico de Palmares 8,0 RS Palmares do Sul

Parque Eólico Elebrás Cidreira 1 70,0 RS Tramandaí

Parque Eólico do Horizonte 4,8 SC Água Doce

Parque Eólico Água Doce 9,0 SC Água Doce

Eólica de Bom Jardim 0,6 SC Bom Jardim da Serra

TOTAL: 48 Parques 1006,6 9 estados 25 municípios Fonte ANEEL, 2011

Dados do Banco de Geração da ANEEL de 29 de junho de 2011

72

Além dos 48 parques eólicos já em operação em 2011, podem-se destacar

outros 35 em construção, entre eles o complexo eólico de Brotas de Macaúbas - BA,

composto pelos sub-parques Novo Horizonte, Seabra e Macaúbas, como se pode

observar no Quadro 6 logo abaixo.

Quadro 6 - Parques em construção em 2011

Parque Eólico Potência instalada (MW) Estado Município

Novo Horizonte 30,1 BA Brotas de Macaúbas

Seabra 30,1 BA Brotas de Macaúbas

Macaúbas 35,1 BA Brotas de Macaúbas

Alvorada 8,0 BA Caetité

Rio Verde 30,0 BA Caetité

Ilhéus 11,2 BA Guanambi

Igaporã 30,0 BA Igaporã

Mangue Seco 3 26,0 RN Guamaré

Mangue Seco 2 26,0 RN Guamaré

Mangue Seco 1 26,0 RN Guamaré

Mangue Seco 5 26,0 RN Guamaré

Alegria II 100,8 RN Guamaré

Cabeço Preto 19,8 RN João Câmara

Cabeço Preto IV 19,8 RN João Câmara

Morro dos Ventos VI 28,8 RN João Câmara

Morro dos Ventos I 28,8 RN João Câmara

Morro dos Ventos III 28,8 RN João Câmara

Morro dos Ventos IV 28,8 RN João Câmara

Santa Clara I 30,0 RN Parazinho

Santa Clara II 30,0 RN Parazinho

Fazenda Rosário 8,0 RS Palmares do Sul

Fazenda Rosário 3 14,0 RS Palmares do Sul

Cerro Chato I 30,0 RS Santana do Livramento

Cerro Chato II 30,0 RS Santana do Livramento

Cerro Chato III 30,0 RS Santana do Livramento

Cascata 6,0 SC Água Doce

Campo Belo 10,5 SC Água Doce

Amparo 22,5 SC Água Doce

Aquibatã 30,0 SC Água Doce

Salto 30,0 SC Água Doce

Cruz Alta 30,0 SC Água Doce

Santo Antônio 3,0 SC Bom Jardim da Serra

Púlpito 30,0 SC Bom Jardim da Serra

Rio do Ouro 30,0 SC Bom Jardim da Serra

Bom Jardim 30,0 SC Bom Jardim da SerraTOTAL: 35 Parques 928,1 4 11

Fonte ANEEL Dados do Banco de Geração da ANEEL de 29 de junho de 2011

No Quadro 7 a EPE apresenta um panorama para o ano de 2013 no número de

parques eólicos em funcionamento no país e o seu potencial energético. Atingiremos

a marca de 5GW de potência instalada em menos de 2 anos se comparar com o ano

73

de 2011. Cabe destacar que os estados com maior número de parques eólicos

instalados e suas respectivas potências serão: Rio Grande do Norte (66 parques e

1924,5 MW de potência), Ceará (43 parques e 1210,6MW de potência) e a Bahia (34

parques e 977MW de potência).

Quadro 7 - Panorama para 2013 Estado Número de Parques Potência (MW)

Bahia 34 977,4

Ceará 43 1210,6

Paraíba 13 64,9

Paraná 2 1,5

Pernambuco 5 21,2

Piauí 1 17,9

Rio de Janeiro 2 163,1

Rio Grande do Norte 66 1924,5

Rio Grande do Sul 23 659,4

Santa Catarina 13 232,1

Sergipe 1 30,0

TOTAL 203 5302,6

Fonte: EPE, 2011

3.3.5 Etapas do desenvolvimento de um projeto eólic o

A seguir, são apresentadas as etapas do desenvolvimento de um projeto

eólico:

Instalação de torres anemométricas

A avaliação precisa do potencial de vento de uma região é o primeiro e

fundamental passo para o aproveitamento do recurso eólico como fonte de energia..

Para isso, faz-se necessário a instalação de torres anemométricas durante o período

de três anos. Esta atividade de pesquisa é dispensada de licenciamento ambiental

por não causar impactos ambientais de acordo com a. Resolução nº 4.180, de 29 de

abril de 2011.

A torre anemométrica tem geralmente de 80 a 100 metros de altura, sua

instalação é feita em uma base de concreto, ancoragem geralmente é feita por

cabos de aço estaiados em uma área de 20m X 20m. Possuem medidores de

temperatura, anemômetros, barômetros, sensores de direção dos ventos e um

74

sistema eletrônico para armazenagem e envio de dados coletados. A seguir pode-se

observar as torres anemométricas e seus componentes nas figuras 16, 17, 18 e 19.

Figura 15 - Torre anemométrica com sensores combinados8 e sistema eletrônico para armazenagem e envio de dados coletados, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011.

8 Sensores combinados: Apresentam no mesmo sensor o anemômetro de copo e a pá para medição da velocidade e direção do vento respectivamente

Sensores combinados

Sistema eletrônico

75

Figura 16 - Detalhe dos sensores combinados instalados na torre anemométrica, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011.

76

Figura 17 - Sistema eletrônico, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011.

A instalação de torres de medição de ventos, assim como a realização de

sondagens geotécnicas referentes à instalação dos parques eólicos, é dispensada

de licenciamento ambiental, devendo ser objeto de prévia comunicação ao órgão

ambiental, acompanhada de memorial descritivo, sucinto, com localização

georreferenciada em planta com levantamento planialtimétrico, indicando, quando

couber, a que empreendimento se refere. As prefeituras devem ser consultadas

acerca da legislação aplicável sobre uso e ocupação do solo como devem fornecer a

autorização para a implantação das torres anemométricas, condicionada à

autorização dos proprietários das respectivas propriedades.

77

Figura 18- Croqui de uma torre anemométrica, Sowitec, 2009. Aquisição ou arrendamento das propriedades

Inicialmente, após identificar a área de interesse para o projeto eólico, adota-se

procedimento de procurar o proprietário para apresentação do projeto, e as

condições de arrendamento. Na apresentação, são estabelecidas as condições de

remuneração pelo uso da terra, na fase pré-operacional (projeto e/ou implantação) e

na fase operacional. Os valores aqui, no estado da Bahia, são variáveis e de acordo

com a política de cada empresa, variam de R$ 1,00 a R$ 3,00 por hectare por mês,

na fase pré-operacional Na fase operacional, a remuneração será de 1,5% do

faturamento bruto de energia na área arrendada. O valor estimado hoje é de R$

1.000,00 por mês, por turbina instalada (CASA DOS VENTOS ENERGIAS

RENOVÁVEIS, 2011).

Uma vez aceito o arrendamento por parte do proprietário, parte-se para a

assinatura do contrato e averbação do mesmo na matrícula do imóvel. Isto feito,

realiza-se o georreferenciamento da propriedade dentro dos parâmetros

estabelecidos pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, e solicita-se

a emissão de Certificado de Cadastro do Imóvel Rural – CCIR. Além disso, realiza-

se o levantamento da situação da propriedade junto à Receita Federal,

regularizando o pagamento do Imposto sobre a Propriedade Rural - ITR quando

houver pendências.

O INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária é uma

autarquia federal criada pelo Decreto nº 1.110, de 9 de julho de 1970, com a missão

prioritária de realizar a reforma agrária, manter o cadastro nacional de imóveis rurais

78

e administrar as terras públicas da União. Está implantado em todo o território

nacional por meio de 30 Superintendências Regionais.

Nos últimos anos, o INCRA incorporou entre suas prioridades a implantação de

um modelo de assentamento com a concepção de desenvolvimento territorial. O

objetivo é implantar modelos compatíveis com as potencialidades e biomas de cada

região do País e fomentar a integração espacial dos projetos. Outra tarefa

importante no trabalho da autarquia é o equacionamento do passivo ambiental

existente, a recuperação da infraestrutura e o desenvolvimento sustentável dos mais

de oito mil assentamentos existentes no País.

Quando a propriedade não tem regularidade fundiária (matrícula no cartório de

registro de imóveis), é realizada avaliação jurídica do caso, dando início o processo

de usucapião, junto à Justiça, ou solicitando emissão de Título junto à Coordenação

de Desenvolvimento Agrário – CDA. Também são realizados processos de

inventário, quando o caso demanda.

A missão da CDA, Coordenação de Desenvolvimento Agrário, é promover e

apoiar o desenvolvimento agrário sustentável do estado da Bahia, por meio de

ações de regularização fundiária e reforma agrária. O objetivo da Regularização

Fundiária é garantir ao trabalhador rural, o acesso à terra e a inserção nas políticas

públicas dos governos estadual e federal.

Quando o proprietário não tem interesse no arrendamento, mas se propõe a

vender a propriedade, e o preço de venda é justificável em termos econômicos, a

empresa faz a aquisição. Mesmo assim, nesses casos, oferta-se a propriedade em

arrendamento de volta para o antigo proprietário, por período de 25 a 30 anos,

renováveis, sem custo, para que ele mantenha a atividade que até então

desenvolva. Este é o procedimento que ocorre em praticamente, 100% dos casos e

está previsto nos contratos de arrendamento.

Em relação às Áreas de Preservação Permanente, as mesmas são levadas em

consideração apenas na fase de desenvolvimento do projeto, a exemplo dos

acessos internos a serem propostos, subestações, edifícios de comando,

aerogeradores, dentre outros.

Já em relação às Reservas Legais, a grande maioria das propriedades não as

possui averbadas. O processo de Averbação de Reserva Legal é promovido durante

79

o processo de licenciamento ambiental, após atestada a viabilidade locacional do

projeto, mediante a concessão da Licença de Localização. Após a apreciação dos

mesmos no Leilão de Energias Renováveis, aqueles vencedores são encaminhados

para a obtenção das suas Licenças de Implantação específicas. É pré-requisito para

os requerimentos das Licenças de Implantação a apresentação dos protocolos de

formação dos processos de Averbação de Reserva Legal.

Desta forma, o processo de licenciamento ambiental do Complexo Eólico tem

como uma de suas consequências a promoção da regularização das Reservas

Legais das propriedades rurais que se encontravam irregulares quanto a este tema.

Porém, isso só acontece na fase de implantação, podendo então ocorrer de maneira

a atender aos interesses do empreendedor em relação à instalação dos

aerogeradores e às vias de acesso, gerando, assim, uma situação de conflito com

os aspectos ambientais da propriedade.

Realização dos estudos ambientais para obtenção da Licença de

Localização (LL) ou Licença Prévia (LP)

O empreendedor solicita ao órgão ambiental do estado o Termo de Referência

(TR) para a realização dos estudos ambientais na forma de um relatório Ambiental

Simplificado – RAS de acordo com a Resolução CONAMA 279/01 ou Estudo de

Impacto Ambiental – EIA e respectivo Relatório de Impacto do Meio Ambiente –

Rima, de acordo com a Resolução CONAMA 001/86. De uma maneira geral, ambos

os estudos contêm, minimamente, os seguintes itens:

• Caracterização do empreendimento

• Diagnóstico Ambiental

• Avaliação de Impactos

• Proposição de medidas mitigadoras e/ou compensatórias

• Elaboração de Planos e Programas Ambientais

Após a conclusão do estudo, é dada a entrada no processo de licenciamento

ambiental junto ao órgão estadual competente com o objetivo de se obter a LL ou

LP.

80

Cadastramento junto a EPE

Para o cadastramento do parque eólico, o empreendedor deverá apresentar

cópia autenticada da Licença Ambiental compatível com a etapa do projeto (Licença

Prévia, de Instalação ou de Operação), emitida pelo órgão competente, e válida na

data do Cadastramento na EPE. O documento deverá ser encaminhado também em

meio digital. Na Licença Ambiental deverá constar o nome do empreendimento, o

nome do agente interessado, a potência instalada do projeto, a data de emissão e o

prazo de validade. A potência licenciada informada na licença ambiental deve ser

igual ou maior que a potência habilitável do empreendimento.

A Licença Ambiental deve ser apresentada em conformidade com o que exige

a legislação ambiental vigente, notadamente a Lei Federal n° 6.938/81, o Decreto

Federal n° 99.274/90 e as Resoluções CONAMA 01/86, 06/87, 237/97 e 279/01,

bem como a Legislação Estadual, quando for o caso. A Licença Ambiental deve ser

emitida com base em parecer técnico conclusivo, formulado após análise de um

estudo ambiental, atestando a viabilidade ambiental e aprovando a localização e

concepção do empreendimento, devendo também explicitar os requisitos básicos,

condicionantes e medidas de controle ambiental.

Conforme disposto na Portaria MME nº 21/2008, na hipótese de não

apresentação da licença ambiental na data limite estabelecida para o

cadastramento, obrigatoriamente, deverão ser apresentados o protocolo de pedido

de licenciamento do empreendimento e os estudos apresentados ao Órgão

Ambiental competente, no momento da solicitação de cadastro na EPE.

No ato do cadastramento, também deverá ser protocolada, em meio digital,

cópia dos Estudos Ambientais apresentados ao órgão ambiental no processo de

licenciamento ambiental, e de acordo com a etapa do projeto (EIA/RIMA ou RAS).

3.4 Impactos Ambientais descritos em literatura

As questões ambientais, hoje mais do que nunca, impulsionam a comunidade

mundial na busca de soluções eficientes e ecologicamente corretas para o

suprimento energético. O crescimento da energia eólica, no mundo, tem sido uma

resposta da sociedade por uma qualidade melhor no suprimento energético. O

81

crescimento de mercado e o desenvolvimento tecnológico, nos últimos anos, têm

erguido a eólica como uma opção imprescindível para o fornecimento de energia

limpa em grandes potências (DUTRA, 2001).

O aproveitamento dos ventos para geração de energia elétrica apresenta,

como toda tecnologia energética, algumas características ambientais desfavoráveis

como, por exemplo: impacto visual, ruído, interferência eletromagnética,

ofuscamento e danos à fauna. Essas características aparentemente negativas

podem ser significativamente minimizadas, e até mesmo eliminadas, através de

planejamento adequado e também no uso de inovações tecnológicas (DUTRA,

2001).

O principal impacto positivo que a energia eólica oferece ao meio ambiente

está no fato de que ela não emite gás carbônico de forma significativa na etapa de

implantação e durante a operação, a emissão deste gás é nula. Dessa forma,

podemos fazer um comparativo entre cada unidade (kWh) de energia elétrica gerada

por turbinas eólicas e a mesma energia que seria gerada por uma planta

convencional de geração de energia elétrica. Ao fazer essa análise chega-se à

conclusão de que a energia eólica apresenta grandes vantagens na redução de

emissão de gases de efeito estufa e na redução da concentração de CO2 durante a

sua operação (DUTRA, 2001).

Uma turbina eólica de 600kW comercialmente disponível, quando substitui

unidades termelétricas convencionais, tem potencial de evitar, durante seus 20 anos

de vida útil, emissões de CO2 na ordem de 20.000 – 36.000 toneladas. Estes

valores dependem imperativamente do regime de vento e, por consequência, do

fator de capacidade no local de instalação (SILVA, 2006).

Outro aspecto positivo são as parcerias entre o empreendedor e os

proprietários das terras efetuadas através de contratos de arrendamentos entre 25 e

30 anos. Diante disso, observa-se que o arrendamento é o procedimento legal que

mais traz vantagens para os proprietários, pois continuam a desenvolver as

atividades agropecuárias, sem prejuízo das mesmas, e terão um aumento na renda

mensal através do pagamento deste arrendamento.

Em relação aos impactos negativos podem ser destacados os ocasionados

pelo nível de ruído, mas que já estão sendo minimizados com o uso de novas

82

tecnologias. Há de se considerar que a produção de ruído está presente em todas

as formas dinâmicas de conversão de energia. Os ruídos produzidos pelas turbinas

eólicas se ampliam ligeiramente com o aumento da velocidade do vento. O som

provocado pelo vento ao atingir árvores, construção ou outras barreiras topográficas

existentes na área de aproveitamento eólico, também aumenta com a velocidade do

vento mas, normalmente, ocorre a uma taxa superior ao verificado no rotor, o que

frequentemente mascara o ruído provocado apenas pelas turbinas.

Os ruídos aerodinâmicos ocorrem em função da velocidade do vento sobre a

turbina eólica, e a sua redução relaciona-se ao design das pás e da própria torre.

Maurício Tolmasquim (atual presidente da EPE) apresenta algumas considerações

sobre os ruídos mecânicos:

“a tecnologia atual mostra que é possível a construção de turbinas eólicas com níveis de ruído bem menores, visto que as engrenagens utilizadas para multiplicar a rotação do gerador podem ser eliminadas caso seja empregado

um gerador elétrico que funciona em baixas rotações (sistema multipolo de geração de energia elétrica).”

Os sons lançados por uma turbina eólica não são danosos, sob o ponto de

vista fisiológico, aos homens e animais: não são prejudiciais ao sistema auditivo e

tampouco interferem nas atividades diárias daqueles que habitam a área de

influência do parque eólico. Segundo GIPE (1995) os sons advindos de uma turbina

eólica não diferem de outros sons comuns aos subúrbios. Os fabricantes estimam

que o nível de ruído a uma distância de 40 metros de uma turbina eólica típica

encontra-se entre 50 e 60 dB(A). Um domicílio localizado a 500 metros da turbina

registra um nível de ruído de cerca de 35 dB(A) quando o vento sopra na direção do

rotor para o referido domicílio. Este nível de ruído, de acordo com os padrões

internacionais, encontra-se na faixa tolerável de uma residência comum. Em um

aproveitamento eólico composto de 10 turbinas e considerada também uma moradia

a 500 m de distância da torre, o registro dos ruídos atinge um valor de cerca de 42

dB, níveis semelhantes aos registrados em um escritório. Em situações em que o

vento sopra do domicílio em direção à turbina, os níveis de ruído decrescem

significativamente, atingindo valores inferiores a 10 dB (EWEA, 1997, GIPE 1995

apud IMPROTA, 2008).

83

Autores com Devine-Wright (2005b) e Wolsink (1988; 2000, 2007) atribuem um

dos maiores impactos de um Parque Eólico ao impacto visual na paisagem. Estes e

outros autores têm um consenso que há uma mudança significativa na paisagem,

além de gerarem também o chamado efeito “sombra” ou em inglês: Shadow Flicker9,

pois em determinados momentos do dia as pás dos aerogeradores sombreiam o

solo. Os impactos visuais dos chamados parques eólicos são considerados

subjetivos, pois algumas pessoas gostam de ver estes parques eólicos em

funcionamento, já que simbolizam uma geração de energia considerada do “futuro”.

Os efeitos do impacto visual têm sido minimizados, principalmente, com a

conscientização da população local sobre a geração eólica. Através de audiências

públicas e seminários, a população local passa a conhecer melhor toda a tecnologia

e, uma vez conhecendo os efeitos positivos da energia eólica, os índices de

aceitação melhoram consideravelmente (DUTRA, 2001).

Outro impacto é o causado para a fauna alada principalmente a avifauna e os

quirópteros, principalmente nas áreas onde há rotas migratórias e locais de bom

estado de conservação. Estudos quanto aos impactos de parques eólicos sobre

estes grupos animais foram iniciados em países da Europa e América do Norte,

onde esta tecnologia está em uso há mais tempo e correspondem às referências

que vem sendo utilizadas para a realidade brasileira. Os fatores responsáveis pela

colisão destes grupos com os aerogeradores dependem de cada espécie e incluem

alguns fatores de risco como: deslocamentos frequentes em busca de ambientes

aquáticos, alta velocidade de deslocamento em voo, altura de voo compatível com

as pás dos aerogeradores, tamanho corporal e envergadura, deslocamentos

noturnos, migrações ou deslocamentos sazonais, comportamento predatório e

concentrações em grandes bandos, abundância e atividade/comportamento da

espécie, características orográficas além das condições meteorológicas. Há ainda a

considerar, o impacto negativo relativo ao sucesso reprodutor e outros tipos de

perturbações nas aves (MENDES et al., 2000 apud RIBEIRO, 2008).

9 O efeito Shadow Flicker ocorre quando as pás do rotor projetam sombras que se movem rapidamente através da área do solo próxima à torre. Este efeito pode criar distúrbios quando a sombra atinge construções ocupadas, tornado-se mais evidentes quando estas construções têm suas portas ou janelas abertas diretamente orientadas na direção dos raios solares. Os europeus reclamam que o shadow flicker pode desorientar ou causar apreensão em 2% da população circunvizinha que sofrem de epilepsia (GIPE, 1995).

84

Em relação a avifauna, os autores diferenciam este impacto onde não há estas

rotas, evidenciando que as aves são capazes de visualizar as turbinas e escapar de

uma provável colisão. As aves de rapina e os passeriformes são referências

habituais entre os grupos de aves mortas por colisão com os aerogeradores

(MENDES et al., 2000 apud RIBEIRO, 2008). O comportamento dos pássaros e as

taxas de mortalidade tendem a ser específicos para cada espécie e também para

cada lugar. Estimativas de mortes de pássaros nos Países Baixos e na Califórnia

(GIPE, 1995), causadas por várias ações diretas e indiretas do homem, mostram

que linhas de transmissão e o tráfego de veículos apresenta uma taxa que, em

comparação às estimativas de mortes por parque eólico de 1 GW, é cem vezes

maior (EWEA, 1998).

Outros estudos realizados na Dinamarca mostraram que as aves tendem a

mudar suas rotas de voo para um afastamento de 100 a 200 m em relação à turbina,

bem como passar por cima ou ao redor da torre a uma distância segura. Tal

comportamento foi observado independente do horário do dia ou estação climática.

Registra-se também na Dinamarca a existência de inúmeros ninhos de falcões

construídos na parte superior das torres (EWEA, 1997).

Já em relação aos quirópteros, eles constituem o grupo de mamíferos com

maior diversidade de espécies nos neotrópicos10. Os morcegos11 formam um grupo

ecológico muito importante por ocuparem vários níveis da cadeia alimentar atuando

como polinizadores dispersores de sementes e controladores populacionais de

insetos. Este elevado número se deve a sua facilidade de dispersão e a

especificidade com que cada família se alimenta. Morcegos são capazes de se

localizar espacialmente, evitar obstáculos e caçar pequenos insetos na total

ausência de luz, através da ecolocalização. Mas porque então colidem com objetos

tão grandes como os aerogeradores? Existem algumas hipóteses levantadas por

vários pesquisadores no mundo todo, mais especificamente nos EUA e em países

da Europa. Segundo Kunts (2007) são elas:

• Turbinas eólicas atraem morcegos, porque elas são percebidas como poleiros

em potencial;

10 Neotrópico: adj. || diz-se da região que compreende a América do Sul, as Antilhas e a zona tropical da América do Norte. F. Neo... +trópico. 11 Etimologia: do Latim, muris= rato; caecus= cego

85

• A alteração dos ventos em volta das pás das turbinas atraem insetos e os

morcegos, como se alimentam destes, voam de encontro às mesmas;

• Inversões térmicas podem criar densos nevoeiros nos vales mais frios,

fazendo com que haja uma maior concentração de morcegos e insetos nos topos de

morros, onde geralmente são instalados os Parques Eólicos.

• A migração de morcegos é mais elevada durante períodos de baixa

velocidade do vento e isto ocorre em volta das pás das turbinas;

• O calor gerado pelas naceles das turbinas eólicas atraem insetos voadores

que por sua vez atraem os morcegos com o objetivo de se alimentarem;

• Os morcegos são atraídos para som audível e/ou ultrassônicos produzidos

pelas turbinas eólicas;

• Insetos noturnos são visualmente atraídos pelas turbinas eólicas;

• Falha de ecolocalização12. Morcegos não podem detectar movimento

acusticamente das pás da turbina ou a velocidade do rotor;

• Turbinas eólicas produzem campos eletromagnéticos complexos, fazendo

com que os morcegos se desorientem e colidam com as pás;

• Hipótese de descompressão. Os impactos relacionados a esta classe são

principalmente causados pelo chamado “barotrauma” e atingem cerca de 4 vezes

mais esta classe do que as avifauna. A velocidade com que as pás giram faz com

que a pressão atmosférica diminua. Quando os morcegos se aproximam demais das

turbinas, esta diferença de pressão faz estourar os vasos sanguíneos dos pulmões.

Os resultados dos estudos de mortes em morcegos nos parques eólicos

demonstram que 92% dos indivíduos das amostras apresentaram hemorragias

internas consistentes com o barotrauma, 100% dos indivíduos apresentaram lesões

pulmonares e 54% dos indivíduos das amostras apresentaram lesões externas,

sendo indícios de colisão com aerogeradores (RUI e BARROS, 2006). 12 A ecolocalização consiste num processo simples de ser compreendido, porém muito restrito na natureza. Alguns poucos grupos de animais, como os morcegos e golfinhos e em um número extremamente reduzido de insetos e aves, possuem esta capacidade. É um mecanismo que aumenta a capacidade destes grupos na detecção de objetos no espaço. Os animais geram ondas sonoras de alta frequência, normalmente acima da faixa de frequência audível, na altura do ultrassom. As frentes de ondas geradas se deslocam pelo meio, atingindo o obstáculo a ser identificado e retornam ao emissor que, simultaneamente, processa as informações recebidas identificando a posição do obstáculo (adaptado de CUNHA, 2010).

86

Os resultados do monitoramento de morcegos no parque eólico de Osório-RS

realizado, entre os anos de 2006 e 2009, apontam variações sazonais com picos de

mortalidade no verão e outono como se pode observar na figura 19.

Figura 19- Resultados das mortes de quirópteros registradas no monitoramento de morcegos do Parque Eólico

de Osório – RS (RUI; BARROS, 2008). Os resultados também demonstram semelhanças entre este monitoramento e os

realizados em parques eólicos na América do Norte. No Brasil, a espécie mais

afetada é a Tadarida brasiliensis, enquanto que na América do Norte é a Lasiurus

cinereus, porém a maioria dos parques eólicos dos EUA está instalada fora da área

de distribuição do gênero Tadarida. Já no sul dos EUA, onde ocorre o gênero

Tadarida, foi constatada uma mortalidade alta deste gênero. Além disso, Lasiurus

cinereus, segunda espécie mais impactada aqui no Brasil, é a primeira a ser

impactada na América do Norte. Há, portanto uma mortalidade seletiva em que as

espécies mais abundantes não são as mais afetadas (RUI e BARROS, 2006).

3.5 Legislação ambiental aplicada ao setor elétrico

O ambiente de flexibilização do mercado de energia elétrica em curso no país

e, paradoxalmente, o endurecimento de uma crise no abastecimento serviram de

condutor do aumento de interesse dos investidores em promover ações que

viabilizem o aproveitamento do elevado potencial eólico brasileiro. Este fato,

adicionado aos apelos ambientais em pauta na agenda mundial, levou o Governo

87

Brasileiro a dar forma a um arcabouço institucional que encoraje o uso de

tecnologias renováveis.

Apesar de a energia eólica vir ganhando destaque dentro do elenco de

recursos renováveis possíveis de aproveitamento no Brasil, algumas demandas

técnicas, econômicas e institucionais ainda estão por serem definidas. Inúmeras

restrições e incentivos são postos na legislação, gerando indefinições que levam os

investidores a reclamarem uma garantia na continuidade dos programas de

incentivos a expansão dessa tecnologia.

As reais possibilidades de realização de aproveitamentos eólicos com fins

comerciais a cargo do setor privado no Brasil encontram amparo legal no artigo 175

da Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988 em seu capítulo que

versa sobre o regime de concessão ou permissão de serviços públicos, bem como

dos seguintes atos legislativos:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime

de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços

públicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços

públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as

condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários;

III - política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado.

Abaixo estão listadas as principais leis, resoluções e decretos aplicados ao

setor elétrico. A partir desse conjunto de Leis, uma série de outras ferramentas

institucionais de caráter legal foi sendo posta no debate, como forma de consolidar o

modelo de mercado imposto ao setor elétrico brasileiro, bem como estabelecer uma

política de promoção das fontes renováveis, em especial da energia eólica, capaz de

efetivar a entrada de investidores nesse mercado. A saber:

88

• Resolução CONAMA nº 006/1987. Dispõe sobre o licenciamento ambiental de

obras do setor de geração de energia elétrica. Data da legislação: 16/09/1987

- Publicação DOU, de 22/10/1987.

• Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 - que Dispõe sobre o regime de

concessão e permissão da prestação de serviços públicos.

• Lei no 9.074/1995, de 07 de julho de 1995, regulamentada pelo Decreto 2003,

de 10 de outubro de 1996, que estabelece normas para outorga e

prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos.

• Lei Nº. 9.427/96 - Institui a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL,

disciplina o regime das concessões de serviços públicos de energia elétrica e

dá outras providências.

• Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, dispõe sobre a política energética

nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho

Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá outras

providências.

• Lei no 9.427 de 26 de dezembro de 1998 que Instituiu a Agência Nacional de

Energia Elétrica.

• Resolução ANEEL n.º 456, de 29 de novembro de 2000, estabelece, de forma

atualizada e consolidada, as Condições Gerais de Fornecimento de Energia

Elétrica.

• Lei Nº. 10.438/ 2002 - Dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica

emergencial, recomposição tarifária extraordinária, cria o Programa de

Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), a Conta de

Desenvolvimento Energético (CDE), dispõe sobre a universalização do

serviço público de energia elétrica, dá nova redação às Leis n o 9.427, de 26

de dezembro de 1996, n o 9.648, de 27 de maio de 1998, n o 3.890-A, de 25

de abril de 1961, n o 5.655, de 20 de maio de 1971, n o 5.899, de 5 de julho

de 1973, n o 9.991, de 24 de julho de 2000, e dá outras providências.

89

• Lei Nº 10.762, de 11 de novembro de 2003- Dispõe sobre a criação do

Programa Emergencial e Excepcional de Apoio às Concessionárias de

Serviços Públicos de Distribuição de Energia Elétrica, altera as Leis nos8.631,

de 4 de março de 1993, 9.427, de 26 de dezembro de 1996, 10.438, de 26 de

abril de 2002, e dá outras providências.

• Lei Nº. 10.762/2003 - Dispõe sobre a criação do Programa Emergencial e

Excepcional de Apoio às Concessionárias de Serviços Públicos de

Distribuição de Energia Elétrica, altera as Leis nº 8.631, de 4 de março de

1993, 9.427, de 26 de dezembro de 1996, 10.438, de 26 de abril de 2002, e

dá outras providências.

• Resolução ANEEL nº 433, de 26 de agosto de 2003 Estabelece os

procedimentos e as condições para início da operação em teste e da

operação comercial de empreendimentos de geração de energia elétrica.

• Decreto Nº 5.025, DE 30 DE MARÇO DE 2004.Regulamenta o inciso I e os §§

1o, 2o, 3o, 4o e 5odo art. 3o da Lei no10.438, de 26 de abril de 2002, no que

dispõem sobre o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia

Elétrica - PROINFA, primeira etapa, e dá outras providências.

• Decreto Nº. 5.025/2004. - Regulamenta o inciso I e os § 1º , 2º , 3º , 4º e 5º do

art. 3º da Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002, no que dispõem sobre o

Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica - PROINFA,

primeira etapa, e dá outras providências.

• Lei Nº. 10.848/2004 - Geração Distribuída como opção para distribuição de

energia - Dispõe sobre a comercialização de energia elétrica, altera as Leis

nºs 5.655, de 20 de maio de 1971, 8.631, de 4 de março de 1993, 9.074, de 7

de julho de 1995, 9.427, de 26 de dezembro de 1996, 9.478, de 6 de agosto

de 1997, 9.648, de 27 de maio de 1998, 9.991, de 24 de julho de 2000,

10.438, de 26 de abril de 2002, e dá outras providências.

• Decreto Nº. 5.793/2006 - Altera dispositivos do Decreto no 3.520, de 21 de

junho de 2000, que dispõe sobre a estrutura e o funcionamento do Conselho

Nacional de Política Energética - CNPE.

90

• Projeto de lei Nº. 523/2007 - Institui a Política Nacional de Energias

Alternativas e dá outras providências.

• Decreto Nº. 6.048/2007 - Altera os arts. 11, 19, 27, 34 e 36 do Decreto nº

5.163, de 30 de julho de 2004, que regulamenta a comercialização de energia

elétrica, o processo de outorga de concessões e de autorizações de geração

de energia elétrica.

3.6 O Licenciamento ambiental de empreendimentos eó licos nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia

O licenciamento ambiental de Parques Eólicos no estado do Rio Grande do

Norte segue as leis estaduais 4854/96 e a 5165/00 sendo o principal critério de

avaliação do potencial impacto poluidor é a localização do empreendimento e

elaborados na forma de um RAS.

No estado do ceará o licenciamento ambiental obedece a Resolução COEMA

08/04 e os critérios de avaliação do potencial impacto poluidor são a potência

instalada, a localização e o tamanho do Parque Eólico.

O licenciamento ambiental de Parques Eólicos no estado da Bahia segue a

Resolução Nº 4.180, de 29 de abril de 2011, que aprova a Norma Técnica NT

(01/2011) e seus Anexos, que dispõe sobre o Processo de Licenciamento Ambiental

de Empreendimentos de Geração de Energia Elétrica a partir de fonte eólica no

Estado da Bahia. De acordo com esta NT, o empreendedor deverá apresentar os

Estudos Ambientais, de acordo com os Termos de Referência nela constantes,

podendo ser exigidos estudos complementares pertinentes.

Determina ainda que, por se tratar de empreendimentos de geração de energia

elétrica a partir de fonte de energia renovável e considerada de potencial de baixo

impacto, não se aplica, em princípio, a exigência de realização de EIA/RIMA,

entretanto, empreendimentos que forem passíveis de causar significativa

degradação do meio ambiente, estarão sujeitos à realização de EIA/RIMA.

De uma forma geral todos os empreendimentos eólicos atualmente licenciados

pelo INEMA para se obter a Licença de Localização, estão sendo feitos em caráter

91

precário13 e na forma de uma RAS para que os mesmos possam participar dos

Leilões de Energia de Reserva/Fontes Alternativas, que estão sendo realizados pelo

Governo Federal ao longo deste ano. Caso seja necessário, posteriormente são

solicitados estudos complementares pertinentes, conforme determina o item 6.1.2.1

da Resolução CEPRAM nº 4.180 de 29/04/2011.

O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) foi criado através

da lei nº 12.212 de 4 de maio de 2011, promovendo a integração do sistema de meio

ambiente e recursos hídricos do Estado da Bahia. O INEMA tem por finalidade

executar as ações e programas relacionados à Política Estadual de Meio Ambiente e

de Proteção à Biodiversidade, a Política Estadual de Recursos Hídricos e a Política

Estadual sobre Mudança do Clima. Cabe ao INEMA atuar em articulação com os

órgãos e entidades da Administração Pública Estadual e com a sociedade civil

organizada, a fim de dar mais agilidade e qualidade aos processos ambientais.

Durante o processo de análise e aprovação dos projetos eólicos no estado da

Bahia, incluindo o seu licenciamento ambiental e a sua aprovação junto ao órgão

ambiental estadual, faz-se necessária a manifestação de outros Órgãos. Em relação

à infraestrutura do empreendimento, podem ser consultadas as concessionárias

estaduais, a exemplo da EMBASA e COELBA, ou ainda a CHESF. Em relação ao

abastecimento de água, ainda deve ser consultado o INEMA, caso seja necessária a

obtenção de outorga para captação de água.

As prefeituras devem ser consultadas quanto à emissão de Certidão quanto à

conformidade do empreendimento no que tange ao ordenamento e ao uso do solo

municipal. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN também

interage com o processo de licenciamento ambiental, pois define se no local do

Parque Eólico há necessidade do resgate do patrimônio arqueológico regional, caso

seja apontado um diagnóstico arqueológico não interventivo dos aspectos

arqueológicos, espeleológicos, históricos, culturais e paisagísticos da área de

influência direta do empreendimento. Caso haja a necessidade da realização de

supressões de vegetação para a implantação do empreendimento, também se faz

necessário o requerimento de Autorização específica ao INEMA.

13 Previsto no Artigo 162º do Decreto 11.235 de 2008.

92

Os Parques Eólicos em desenvolvimento no estado da Bahia estão localizados

em áreas rurais, portanto, faz-se necessária a averbação de Reserva Legal das

propriedades que os compõem, através de processos específicos que deverão ser

analisados pelo INEMA. De uma forma mais abrangente, também participam do

projeto a EPE, a ANEEL, além de algumas secretarias de estado, a exemplo da

SICM, SEMA e SEAGRI.

4. ESTUDOS AMBIENTAIS COMPARATIVOS DE PARQUES EÓLIC OS

Neste capítulo serão apresentadas as considerações sobre as análises

técnicas dos estudos ambientais realizados para o licenciamento ambiental dos

parques Parque Eólico Rio do Fogo - RN, Parque Eólico Valparaíso - CE e

Complexo Eólico Desenvix - Brotas de Macaúbas - BA e Parque Eólico Cristal-Morro

do Chapéu - BA.

4.1 Parque Eólico Valparaíso - CE

Situado na porção noroeste do estado do Ceará, o município de Ubajara limita-

se com os municípios de Ibiapina, Coreaú, Mucambo, Tianguá, Frecheirinha e com o

estado do Piauí. Compreende uma área de 385 km2 (Mapa 1e figura 21). Neste

local, existem várias empresas desenvolvendo projetos eólicos e estudos para o

licenciamento ambiental deste tipo de empreendimento. O Parque eólico em questão

foi desenvolvido pela empresa Sowitec do Brasil e os estudos ambientais estiveram

disponíveis no site da empresa consultora do estado do Ceará (Ampla

Engenharia14).

14 http://www.amplaengenharia.com.br/amplabanco/material//sowitec/RAS_VALPARAISO/index.html. Acesso em jan 2010

93

Mapa 1 - Localização do Parque Eólico Valparaíso - CE Fonte: Elaborado pelo Autor, 2011.

Figura 20 - Imagem PE Valparaíso - CE Fonte: Google Earth 2010

Na área onde o projeto foi idealizado foram constatados vários problemas de

regularização fundiária e de acesso ao local, devido à má conservação das estradas,

94

contribuindo para a sua desistência . Outro fator que influenciou na desistência do

projeto foi a velocidade dos ventos não serem tão expressivas como se imaginava.

Apesar da desistência deste projeto, os estudos ambientais foram

desenvolvidos e previstos alguns impactos positivos e negativos no local. Para a

identificação e avaliação de impactos ambientais a, Ampla Engenharia utilizou como

documento principal a Resolução CONAMA Nº. 001/1986. Como impacto ambiental

considerou qualquer alteração das características do sistema ambiental causada

pelas ações do empreendimento. Esta metodologia conceitua como sistema

ambiental os componentes do meio abiótico, biótico e antrópico. Esta metodologia,

geralmente é a mesma utilizada em todos os EIA/RIMA. O que varia são as técnicas

utilizadas.

Foram consideradas as ações do empreendimento as intervenções capazes de

afetar direta ou indiretamente o comportamento dos parâmetros que compõem os

meios abiótico, biótico e antrópico considerando as áreas de influência funcional do

empreendimento, ou seja, área diretamente afetada (ADA), área de influência direta

(AID) e área de influência indireta (AII). A seguir são apresentados os impactos na

fase de implantação para cada meio (físico, biótico e socioeconômico).

Meio físico

• Impacto MF01: Emissões atmosféricas. Durante a fase de implantação do

empreendimento, é prevista a emissão de gases, produto da combustão do diesel

dos veículos, tratores, geradores e outros equipamentos utilizados para a

consolidação da obra. A emissão dos gases poluentes se dará diretamente nas

áreas de influência (ADA, AID e AII), ocorrendo principalmente na ADA, onde se

verifica maior movimentação de equipamentos durante a execução do

empreendimento. A identificação dos efeitos no meio físico na AID e AII é pouco

relevante, devido à dispersão dos gases e menor circulação de veículos, tratores

etc.

• Impacto MF02: Derramamento acidental de óleo, graxa s e derivados de

petróleo. Durante a etapa de implantação do empreendimento poderá ocorrer o

derramamento de óleos, graxas e derivados de petróleo, principalmente na ADA,

devido a intensa movimentação de veículos e utilização de vários equipamentos

95

necessários para implantação do parque eólico. Na AID e AII, haverá apenas

movimentação e deslocamento de veículos nas vias de acesso (carroçáveis e

estaduais) podendo ocasionar derramamentos mínimos, sendo considerados

desprezíveis os efeitos desse impacto.

MF01 e MF02

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Não-cumulativo

• Impacto MF03: Geração de resíduos sólidos e efluent es. Durante a etapa

de construção da obra são produzidos constantemente resíduos sólidos e efluentes

no canteiro de obras implantado na ADA do empreendimento. Os principais resíduos

sólidos e efluentes gerados no canteiro de obras são:

� Alojamentos / Lavanderia e Banheiros: papel, plástico e esgotos domésticos.

� Ambulatório: restos de curativos, equipamentos médicos descartáveis

(seringas, luvas, máscaras etc.) e esgotos.

� Cozinha e Refeitório: papéis, plásticos, metais e resíduos alimentares.

� Escritório: papel, plásticos, cartuchos de tintas para impressoras, pilhas e

baterias de celulares.

� Canteiro de Obras: desmatamento de árvores, raízes e remoção de eventuais

rochas.

• Impacto MF04: Instabilidades geotécnicas . Poderão ocorrer na ADA

durante a montagem de equipamentos pesados no empreendimento, principalmente

se forem colocadas nas proximidades das encostas, em decorrência do volume de

chuva precipitada durante o ano e infiltração em solos profundos, deslocamento de

massa, solifluxão15, deslizamento de encostas etc.

15 Movimento de arrasto lento, sem ruptura, de solos relevo abaixo pela ação da gravidade e, muitas vezes, ativado pela água da chuva infiltrada intersticialmente às partículas argilosas, diminuindo a coesão dessas partículas e tornando a massa de solo mais plástica e densa.

96

MF03 e MF04

Magnitude Média

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Cumulativo

• Impacto MF05: Alteração na qualidade das águas . Com a produção de

efluentes domésticos e resíduos sólidos no canteiro de obras localizado na ADA, o

fluxo dos mesmos, caso não venham a ser manejados convenientemente, poderá

refletir-se em contaminação dos corpos hídricos e do aquífero subterrâneo.

MF05

Magnitude Média

Tipologia Negativo

Ocorrência Médio prazo

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Cumulativo

Meio Biótico

• Impacto MB01: Supressão da vegetação na ADA. Resume-se à retirada da

cobertura do estrato herbáceo, espécies arbustivas e pouquíssimas espécies

arbóreas comuns para região, remoção necessária para a instalação física do

empreendimento.

MB01

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Permanente

Reversibilidade Irreversível

Efeito Cumulativo

97

• Impacto MB02: Caça e captura de animais silvestres . Devido à presença

de operários, técnicos e contratados do empreendedor na ADA e AID, poderá

ocorrer caça indiscriminada e captura da fauna local, principalmente da avifauna,

para efeito de alimentação e/ou comércio ilegal das espécies ali existentes.

• Impacto MB03: Fuga e afugentamento da fauna. Durante a implantação do

empreendimento, ocorrerá o intenso movimento de máquinas, veículos e pessoas,

causando a elevação dos níveis de ruído e poeira na região e provocando o

afugentamento da fauna. Esse impacto também trará prejuízos para a nidificação,

acasalamento e alimentação das espécies.

MB02 e MB03

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Não cumulativo

• Impacto MB04: Acidentes com a fauna. A intensificação do trânsito de

máquinas e veículos no entorno do empreendimento poderá contribuir de forma

significativa para o aumento dos índices de acidentes e atropelamentos dos animais

durante fase de implantação na ADA e AID, principalmente para as espécies com

pouca mobilidade.

MB04

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Permanente

Reversibilidade Irreversível

Efeito Não cumulativo

• Impacto MB05: Alteração dos ecossistemas locais . Para a implantação do

empreendimento será suprimida uma área de vegetação de mata atlântica e

cerrado, manto herbáceo e estrato arbustivo-arbóreo, onde vivem poucas espécies

98

de fauna (mamíferos, aves, répteis, anfíbios e insetos) na ADA. Com a supressão

dessa vegetação, ocorrerá a alteração dos ecossistemas locais que levarão certo

tempo para se reorganizarem.

• Impacto MB06: Redução da área destinada à alimentaç ão da fauna. A

partir do momento que ocorre supressão de vegetação, também ocorre redução da

área destinada à alimentação da fauna, principalmente, em se tratando de

ambientes como floresta tropical plúvio-nebular e cerrado.

• Impacto MB07: Redução da área de acasalamento e nid ificação. Para a

implantação do Parque Eólico Valparaíso será suprimida uma área com vegetação

de cerrado e de floresta tropical plúvio-nebular, manto herbáceo e estrato arbustivo-

arbóreo, onde vivem espécies de fauna (mamíferos, aves, répteis, anfíbios e

insetos), reduzindo a área destinada ao acasalamento e nidificação dessa fauna

específica.

• Impacto MB08: Eliminação das tocas e refúgios da fa una. A partir do

momento que haverá supressão de vegetação de cerrado e de floresta tropical,

manto herbáceo e estrato arbustivo-arbóreo onde vivem diversas espécies de fauna,

ocorrerá a eliminação de algumas tocas e refúgios da mesma.

• Impacto MB09: Alteração da paisagem . Mesmo para a fase de implantação

do parque eólico onde os aerogeradores ainda estão sendo montados, ocorrerá uma

mudança na paisagem da Serra das Flores (ADA) devido à presença de operários,

automóveis de vários tamanhos e capacidades e equipamentos diversos.

• Impacto MB10: Eliminação do manto herbáceo. Haverá supressão de

vegetação característica da região afetada pela implantação do empreendimento,

ocorrerá a eliminação do manto herbáceo com sua camada fértil e consequente

desaparecimento da micro e macroflora.

• Impacto MB11: Redução do potencial de sementes e/ou mudas. Para a

implantação do parque eólico ocorrerá supressão de vegetação característica da

Serra das Flores, acarretando em uma redução do potencial de sementes e/ou

mudas nessa área.

• Impacto MB12: Redução dos locais de dessedentação d a fauna.

Dependendo do posicionamento dos aerogeradores no empreendimento e com

supressão de uma área com vegetação característica da região afetada, ocorrerá a

99

redução dos locais de dessedentação da fauna, que irão procurar outros lugares

para satisfazerem suas necessidades.

• Impacto MB13: Competitividade e escassez de aliment ação . A vegetação

característica de uma região serve para diversas utilizações e, dentre elas está a

alimentação da fauna local. Com a supressão dessa vegetação, ocorrerá o

deslocamento dessa fauna específica para outros locais com vegetação semelhante,

podendo acarretar competitividade com outras espécies animais, gerando conflitos e

escassez de alimentação.

MB05 a M13

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Permanente

Reversibilidade Irreversível

Efeito Cumulativo

• Impacto MB14: Danos para a fauna devido à geração d e resíduos

sólidos. Durante a implantação do empreendimento (ADA) os trabalhadores se

alimentarão diariamente no local. Dessa forma, pode ocorrer o acúmulo de resíduos

sólidos que, de alguma forma sejam capazes de atrair a fauna local, possibilitando a

ingestão de materiais perigosos que possam prejudicar a mesma (plásticos, papéis,

metais, vidros, resíduos da enfermaria etc.).

MB14

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Não cumulativo

Meio Socioeconômico

• Impacto MSE01: Desgaste das vias de acesso em decor rência do

aumento da circulação de veículos, máquinas e equip amentos. Haverá desgaste

100

das vias de acesso ao município de Viçosa do Ceará devido ao aumento do fluxo de

veículos e de cargas durante esta fase do empreendimento. Este impacto será de

maior magnitude nas AID e AII do que para a ADA. Outro aspecto relevante é o que

diz respeito às características das vias de acesso, pois para que os caminhões

possam chegar ao local do empreendimento seria necessário alterar características

como largura, estruturas de pontes etc., de ruas e estradas. Poderá haver

necessidade de se alterar configuração de casas e prédios, bem como a

reorganização do fluxo de trânsito, ainda que em caráter provisório ou momentâneo.

MSE01

Magnitude Grande

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Não cumulativo

• Impacto MSE02: Possibilidade da ocorrência de acide ntes de trabalho.

Nesta fase do empreendimento, como há intensa operação de máquinas,

equipamentos e ferramentas e como tais atividades não são rotina até o momento

anterior à implantação, não há adequação de condutas operacionais dos dispositivos

acima citados às condições do local de trabalho, portanto, há possibilidade de

ocorrência de acidentes do trabalho (ADA).

• Impacto MSE03: Possibilidade de acidentes com anima is peçonhentos.

Para se implantar o canteiro de obras há necessidade de se remover a vegetação

natural de pequenas áreas que servem de habitat para vários animais. Como

consequência da instalação do refeitório, ocorre a atração de animais pelo cheiro de

alimentos e consequente atração de seus predadores, gerando riscos de acidentes

com animais peçonhentos envolvendo colaboradores da obra.

MSE02 E MSE03

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Temporário

101

Reversibilidade Reversível

Efeito Não cumulativo

• Impacto MSE04: Geração de empregos. Para se instalar o

empreendimento, é necessário contratar mão de obra gerando, portanto, empregos

diretos e indiretos nas áreas de influência (AID e AII). As contratações tendem a ser

feitas nas áreas próximas ao canteiro de obras.

• Impacto MSE05: Aumento da renda . Com a geração de novos empregos

haverá crescimento da massa salarial e consequente melhoria da renda das famílias

habitantes das comunidades do entorno (AID), bem como das famílias pertencentes

à Área de Influência Indireta (AII), em virtude do aumento do capital circulante,

propiciando assim, melhorias no quadro social da região.

MSE04 E MSE05

Magnitude Pequena

Tipologia Positiva

Ocorrência Imediato

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Não cumulativo

• Impacto MSE06: Aumento da arrecadação tributária. Haverá, nesta fase,

consumo de materiais e bens de serviço os quais gerarão significativo aumento de

capital nos cofres públicos dos municípios pertencentes à AII, principalmente para o

município de Viçosa do Ceará, que pertence a área de influência do parque eólico.

MSE06

Magnitude Média

Tipologia Positivo

Ocorrência Médio prazo

Duração Permanente

Reversibilidade Irreversível

Efeito Cumulativo

102

• Impacto MSE07: Maior demanda por serviços de saúde na região. Com o

início da implantação do empreendimento, um contingente de pessoas trabalhando

no canteiro de obras poderá ser passível de acidentes de trabalho ou ataques de

diversos animais (peçonhentos, insetos e outros) sendo, dessa maneira, necessária

a utilização de serviços de saúde aptos a suprir os mesmos.

MSE07

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Médio prazo

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Não cumulativo

• Impacto MSE08: Maior demanda por áreas de lazer. Há necessidade de

alguma forma de lazer para os funcionários contratados e terceirizados, visto que há

carência desse equipamento social na região.

MSE08

Magnitude Pequena

Tipologia Positivo

Ocorrência Imediato

Duração Permanente

Reversibilidade Irreversível

Efeito Cumulativo

• Impacto MSE09: Possibilidade de conflitos sociais. Como consequência

da melhoria da renda por parte da população economicamente ativa, diversos

conflitos poderão ocorrer em decorrência do surgimento de pequenas aglomerações

agregadas às comunidades já existentes na AID, bem como provenientes de

conflitos ocasionados por bebedeiras, prostituição (inclusive infantil), drogas e brigas

por interesses particulares. Na ADA, tal fato ou situação não deverá acontecer.

• Impacto MSE10: Possibilidade de elevação da taxa de criminalidade .

Com o aumento do número de pessoas diretamente envolvidas no projeto, bem

103

como em função da circulação de dinheiro e bens de consumo, possibilitará o

aumento de pequenos furtos e outros delitos na AID.

MSE09 e MSE10

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Médio prazo

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Não cumulativo

• Impacto MSE11: Possibilidade do aumento e dissemina ção de DSTs . O

envolvimento de funcionários/colaboradores com a população do entorno

(prioritariamente na AID), potencializará a disseminação de doenças sexualmente

transmissíveis (DSTs) o que acarretará prejuízos à saúde desta área (AII).

MSE11

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Não cumulativo

• Impacto MSE12: Alteração da paisagem. Haverá modificações na paisagem

devido à remoção de pequenas porções da vegetação para a instalação do canteiro

de obras, ocasionando alteração visual da paisagem do local.

MSE12

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Permanente

Reversibilidade Irreversível

Efeito Cumulativo

104

• Impacto MSE13: Melhoria da infraestrutura local (Eq uipamentos

Urbanos). A inserção de um empreendimento de grande porte como este, gerando

empregos e divisas para o município de Ubajara, acarretará benefícios através de

obras de recuperação e adaptação das principais vias de acesso, até porque, há

necessidade de adequações nas características das vias para tornar possível a

instalação dos aerogeradores em seus devidos locais.

• Impacto MSE14: Maior demanda por segurança pública . Com ao aumento

de conflitos sociais e possível elevação na taxa de criminalidade na área de entorno

do empreendimento (AID), faz-se necessário o aumento da segurança pública local.

MSE13 e MSE14

Magnitude Pequena

Tipologia Positivo

Ocorrência Médio prazo

Duração Permanente

Reversibilidade Irreversível

Efeito Cumulativo

• Impacto MSE15: Disseminação de doenças provenientes do aumento

dos resíduos sólidos e efluentes domésticos. Durante a fase de implantação do

empreendimento, diversos resíduos sólidos e efluentes domésticos (banheiros,

ambulatório e refeitório) serão gerados na Área Diretamente Afetada (ADA),

podendo atrair diversos vetores (insetos, ratos etc.) possibilitando a disseminação de

doenças como leptospirose, dengue, cólera etc.

MSE15

Magnitude Pequena

Tipologia Positivo

Ocorrência Imediato

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Não cumulativo

• Impacto MSE16: Capacitação da mão de obra a ser con tratada. Como é

plano do empreendedor instalar 63 aerogeradores no parque eólico e aproveitar a

105

mão de obra local (AID e AII), é necessário realizar treinamentos para capacitação

do pessoal selecionado através de cursos, palestras, oficinas e seminários, incluindo

as questões ambientais.

MSE16

Magnitude Pequena

Tipologia Positivo

Ocorrência Imediato

Duração Permanente

Reversibilidade Irreversível

Efeito Cumulativo

• Impacto MSE17: Alteração da qualidade do ar em de corrência da

emissão de gases e poeira . Como consequência da implantação do

empreendimento e dos diversos trabalhos executados na Área Diretamente Afetada

(ADA), tais como transporte de materiais, entulhos e outros resíduos sólidos, além

das emissões gasosas oriundas do tráfego de veículos, poderão ocorrer alterações,

ainda que pequenas, na qualidade do ar.

MSE17

Magnitude Pequena

Tipologia Negativo

Ocorrência Imediato

Duração Temporário

Reversibilidade Reversível

Efeito Não cumulativo

De uma forma resumida, os possíveis impactos negativos na fase de

implantação deste empreendimento foram: os desgastes das vias de acesso em

decorrência do aumento da circulação de veículos, máquinas e equipamentos,

alteração da qualidade do ar em decorrência da emissão de gases e poeira,

emissões atmosféricas, instabilidades geotécnicas, supressão da vegetação com

redução das áreas de tocas, refúgios, alimentação, nidificação e acasalamento,

acidentes com a fauna (aves e morcegos) e redução do potencial de sementes e/ou

mudas.

106

Os impactos positivos previstos na fase de implantação foram: geração de

empregos, aumento da renda, melhoria da infraestrutura local (equipamentos

urbanos) e capacitação da mão de obra a ser contratada. Haverá a alteração da

paisagem, e consequentemente, o impacto visual foi citado, mas como não foi feita

nenhuma consulta a população, não podemos citá-la como positiva ou negativa para

a fase de operação do Parque Eólico.

4.2 Parque Eólico de Rio do Fogo - RN

A maior usina eólica da América Latina, no município de Rio do Fogo (81 Km

de Natal) levou 3 anos para ser construída, iniciando sua obras no ano de 2004 e

finalizando-as no ano de 2007. O empreendimento foi construído em uma área

municipal (Mapa 2). A energia elétrica produzida a partir dos 62 aerogeradores

instalados à margem da BR 101 Norte será conduzida à subestação de Extremoz e

inserida no sistema elétrico brasileiro. O Parque Eólico Rio do Fogo tem capacidade

instalada para produzir 49,3 Mega Watts (MW), ou 800 kW para cada um dos 62

aerogeradores distribuídos em uma enorme área de dunas, relativamente próximo à

praia (Figura 22). O potencial da usina equivale a aproximadamente a demanda do

município de Jardim de Angicos (45,6 MW), segundo o monitoramento do mês e

maio de 2010 realizado pela COSERN.

107

Mapa 2 - Localização do Parque Eólico Rio do Fogo - RN Fonte: Elaborado pelo Autor, 2011.

As análises de impactos causadas por este Parque Eólico foi feita a partir da

análise técnica do Estudo Ambiental Simplificado (EAS) realizado pela empresa

Kohän-Saagoyen Consultoria e Sistemas Ltda. e da leitura da dissertação de

mestrado intitulada “Implicações socioambientais da construção de um Parque

Eólico no município do Rio do Fogo- RN da aluna Rafaella Lenoir Improta do

programa de pós-graduação em Psicologia Ambiental da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte – UFRN”. A autora realizou uma série de entrevistas com os

moradores da comunidade de Zumbi, adjacente ao Parque Eólico.

A metodologia utilizada para a análise de impactos ambientais deste parque

eólico foi a de Batelle, desenvolvido pelo Instituto Memorial de Batelle, da

Universidade de Columbus, USA. Este método utiliza de diversas fórmulas

matemáticas que a torna de difícil compreensão para o público leigo. Em seguida foi

utilizado um software IDEA – Instrumento para Desenvolvimento de Estudos

Ambientais, que permite a automação do tratamento das variáveis envolvidas na

análise e avaliação ambientais de empreendimentos e apresentadas as matrizes de

108

impactos prognosticados para os cenários futuros, com e sem os empreendimento

eólico.

Os cenários considerados neste estudo foram dois:

• Cenário Tendencial – que representa o cenário ambiental futuro da área de

influência de um empreendimento, consideradas todas as suas variáveis físicas,

biológicas e antrópicas, visto sob a ótica dos processos de transformação ambiental

previstos, mas sem a implementação do empreendimento;

• Cenário Alvo - que representa o cenário ambiental futuro da área de

influência de um empreendimento, consideradas todas as suas variáveis físicas,

biológicas e antrópicas, visto sob a ótica dos processos de transformação ambiental

previstos, mas com a implementação do empreendimento e das medidas de

proteção, preservação e conservação ambiental propostas.

Com base na análise dos eventos do cenário futuro sem o empreendimento

verificou-se que existem processos de alteração antrópica afetando fatores

ambientais físicos e biológicos nas áreas de interesse para o presente estudo. Esses

processos, notadamente, envolvem o uso e a ocupação não ordenada do solo das

áreas diretamente influenciadas pelos parques eólicos, através de atividades

relacionadas à agricultura e à pecuária de subsistência, bem como, em menor

escala, relacionadas à habitação - caso específico de Rio do Fogo.

No que tange ao ambiente socioeconômico e cultural, os processos peculiares

de impacto referem-se a limitações básicas ao desenvolvimento sustentado.

Denotam que o fundamento dessas limitações refere-se à quantidade dos

investimentos de base, ainda que os mesmos ocorressem a partir do início de 2004,

como é o caso da termoelétrica TERMOAÇU, da própria ENERBRASIL e de outros

projetos de geração eólica de outros investidores.

O cenário tendencial , apreciado e identificado sob esta ótica, não é grave,

mas demonstra que a sua síntese, ou seja, a melhoria da qualidade de vida da

sociedade potiguar, na época do estudo apontava ser “vegetativa” ou “suavemente

evolucionária”. Com base na análise dos eventos do cenário futuro com o

empreendimento, foi possível consolidar a análise do cenário alvo das áreas

influenciadas pelo projeto eólico, bem como de alguns aspectos do Estado do Rio

Grande do Norte.

109

Os processos de alteração antrópica realizados nas áreas dos parques seriam

devidamente ordenados e controlados, reduzindo de forma expressiva os impactos

hoje e tendencialmente ocorrentes. No que tange ao ambiente socioeconômico e

cultural, os processos peculiares de impacto foram considerados benéficos e

conformam suportes básicos e essenciais ao desenvolvimento sustentado.

Inauguraram e abriram condições propícias ao desenvolvimento socioeconômico,

beneficiando setores econômicos, oferta de emprego, renda, arrecadação tributária,

serviços sociais e qualidade de vida.

O cenário alvo , apreciado e identificado sob esta ótica foi considerado muito

bom, demonstrando que a sua síntese, ou seja, a melhoria da qualidade de vida da

sociedade potiguar deverá ser suavemente revolucionária, sólida, qualitativamente

diferenciada e auto-sustentada.

No momento da implantação do Parque Eólico Rio do Fogo não existiu outro

tipo de relação entre os moradores de Zumbi e a empresa além da preocupação em

não cercar a área que era utilizada pelos moradores (provavelmente com vistas a

contribuir para a aceitação do empreendimento), e da reunião que serviu apenas

para comunicar o início da construção do empreendimento e tirar dúvidas.

Figura 21 - Imagem Parque Eólico Rio do Fogo - RN Fonte: Google Earth 2010

De acordo com a autora do estudo, a população da comunidade de Zumbi

considera como positivo o impacto visual deste empreendimento, com poucas

pessoas contrárias a este aspecto visual. O maior impacto é considerado positivo

110

ocasionado pela grande oferta de emprego oferecida na construção do

empreendimento, pois a localidade tem altos índices de desemprego. Atualmente,

com o Parque eólico instalado, a realidade é outra. Praticamente são “dois mundos

diferentes” onde a relação entre a comunidade e o Parque Eólico Rio do Fogo é

nula. São dois mundos distintos vivendo um ao lado do outro. Moradores se

relacionam com o terreno do Parque Eólico, mas não com o empreendimento em si,

ainda que alguns moradores tenham receio de utilizar as lagoas e o próprio terreno

com medo de choques elétricos.

Entre as evidências encontradas da ausência de algum relacionamento entre a

população de Zumbi e o Parque Eólico, estão: não saberem o nome da empresa

construtora; o empreendimento não fazer parte do cotidiano dos moradores; a

comunidade afirmar não possuir contato com os trabalhadores, tampouco com a

própria empresa; a forma como foi apresentado o parque eólico à comunidade,

apenas com o intuito de avisá-los; e também não terem expressado crenças e

percepções modificadas com a construção do Parque Eólico Rio do Fogo (Figura

23).

Figura 22 - Aerogeradores no Parque Eólico Rio do Fogo-RN Fonte: http://www.lomacon.com.br/portfolio_popup.php?id_portfolio=26&id=119

111

Hoje, os moradores da comunidade de Zumbi consideram esse

empreendimento como alheio ás suas vidas – principalmente por não oferecer mais

emprego – mas não o avaliam como negativo. Ainda de acordo com a autora, o

baixo novel de escolaridade, a falta de engajamento social e a atuação de uma

empresa de larga experiência na implantação de parques eólicos foram fatores que

contribuíram para ausência de rechaço das comunidades próximas ao

empreendimento.

4.3 Complexo Eólico Cristal-Morro do Chapéu – BA

O Parque Eólico Cristal será implantado na zona rural dos municípios de Morro

do Chapéu, Cafarnaum e Bonito. A partir de Salvador, o acesso à região pode ser

efetuado pela BR 324 até Feira de Santana (108 km), pela BA 052 até Morro do

Chapéu (290 km). O acesso ao local é feito através da antiga estrada Morro do

Chapéu-Cafarnaum, percorrendo cerca de 20 km até o bairro da Lagoa (Mapa 3 e

figura 24).

Mapa 3 - Localização do Complexo Eólico Cristal - BA Fonte: Elaborado pelo Autor, 2011.

112

O projeto do Complexo Eólico Cristal foi iniciado, no ano de 2008, pela

empresa Sowitec do Brasil com as primeiras visitas a região, o início da implantação

das torres anemométricas e os primeiros arrendamentos de terra nas propriedades

de interesse para a implantação do empreendimento. No ano de 2010, o projeto foi

vendido para a empresa Enel Green Power que desde então vem realizando os

estudos ambientais necessários para a obtenção das licenças ambientais junto ao

INEMA. Os primeiros estudos foram realizados na forma de um RAS e depois foi

solicitada pelo órgão ambiental a realização de novos estudos na forma de uma EIA.

Figura 23 - Imagem do Complexo Eólico Cristal - BA(Cristal, Primavera e São Judas). Fonte: Google Earth 2010

No estudo, procedeu-se a uma análise das condições ambientais atuais e suas

tendências evolutivas, incluindo uma projeção da qualidade ambiental futura para a

região, mediante a elaboração de um quadro síntese onde consta um fator ambiental

passível ou não de alteração ao longo das fazes de implantação e operação do

empreendimento. Foi também analisada sua condição ambiental atual bem como

uma análise comparativa, com a projeção da qualidade futura do ambiente

contemplando a implantação ou não implantação do empreendimento. No quadro 8

pode-se visualizar os fatores ambientais de acordo com a condição ambiental atual,

com a instalação e com a qualidade futura sem o empreendimento (V&S, 2011).

113

Quadro 8 - Resumo dos fatores ambientais hoje, com e sem a instalação do Complexo Eólico Cristal. Fator ambiental

Condição ambiental atual

Qualidade futura com o empreendimento

Qualidade futura sem o empreendimento

Ruído ambiente Na área de influência direta do empreendimento, as fontes significativas de ruídos associam-se à movimentação de veículos e pessoas nas proximidades.

O ruído relacionado com as atividades de implantação do empreendimento estará associado, principalmente, ao aumento da circulação de veículos ao longo da estrada de acesso. Produção de ruído relacionado com a operação dos aerogeradores.

Não é esperada mudança significativa ao longo do tempo.

Qualidade do ar Qualidade do ar alterada apenas pelo trânsito local de veículos.

Principalmente durante a etapa de implantação do empreendimento, a qualidade do ar será comprometida através da geração de poeira e fuligem pro veículos e máquinas pesadas. Porém, em sua fase de operação, a qualidade do ar não será afetada de forma significativa. Haverá geração local de poeira devido à ação dos ventos nos solos descobertos ao longo das vias de acesso e áreas de montagem e manutenção.

Não são esperadas mudanças significativas na qualidade atual do ar.

Relevo Predomina morfologia natural sem alterações significativas.

O relevo será afetado no que se refere a intervenções do tipo corte/aterro, devido à implantação de estradas – ampliação, relocação e abertura de novas vias, bem como oriundas do processo de extração dos materiais de construção nas áreas de jazidas e de empréstimo de materiais construtivos.

Considerando-se a não implantação do empreendimento, não são esperadas mudanças na condição atual de relevo.

Infraestrutura viária

Infraestrutura precária em estradas não pavimentadas e condições de tráfego prejudicada em função da falta de manutenção das estradas existentes.

Ampliação da rede viária e melhoria significativa nas condições de tráfego nas vias de acesso ao povoado de lagoinha.

Não haverá alteração na condição atual das estradas.

Solos As terras são utilizadas para criação de gado em regime de pastagem extensiva.

Haverá a indisponibilidade de terras para criação de gado em regime de pastagem extensiva.

Não haveria alterações no tipo de suo dos solos desde quando não são áreas adequadas e com aptidão para o desenvolvimento da agropecuária. Forte tendência a permanecer com o tipo de uso atual.

Paisagem Paisagens preservadas com bioma típico de Caatinga, em áreas serranas com vegetação preservada.

Está previsto significativo impacto visual com a instalação das linhas de aerogeradores.

Não haveria alterações desde quando já está consolidado o uso das terras na pecuária, sem possibilidade de alteração.

Recursos hídricos

Rios intermitentes, de baixa vazão, que permanecem secos

Não haverá alteração desde quando não existe interferência física direta do

Não haverá alteração.

114

durante a maior parte do ano, correndo apenas durante alguns meses após as chuvas.

empreendimento com os recursos hídricos.

Fauna Ocorrência de caça de subsistência e caça predatória em declínio.

Afugentamento da fauna em função da melhoria de condições de acesso e movimentação constante de máquinas e veículos.

Permanência da caça predatória e de subsistência com forte tendência à redução crescente do número de indivíduos.

Flora Vegetação preservada devido, sobretudo, ao tipo de uso do solo predominantemente de pecuária extensiva nas áreas de caatinga.

Perda de espécies da flora em função da necessidade de supressão de vegetação para a implantação das estruturas, canteiro de obras e vias de acesso.

Não haverá alteração.

Impactos sobre uso e ocupação do solo da região

Na área diretamente afetada do empreendimento, o uso e a ocupação do solo se dá através de plantações e pecuária basicamente de subsistência.

Houve aquisição e/ou arrendamento das terras. durante o período de negociação.Valorização das terra, em que os proprietários foram beneficiados

Não é esperada mudança significativa ao longo do tempo.

Aumento do tráfego de veículos

Tráfego basicamente de motos, bicicletas e alguns carros tracionados. Estradas vicinais na ADA com infraestrutura precária, sem pavimentação o que resulta em difícil acesso, especialmente em época de chuva.

O tráfego será afetado no que se refere ao período de implantação do empreendimento, no entanto a população da ADA será beneficiada com a melhoria e abertura de novas vias de acesso.

Considerando-se a ausência do empreendimento, não serão esperadas mudanças significativas no acessos existentes.

Mudanças no quadro da saúde com a incidência de novas doenças

Quadro de saúde sem aumento de incidências em curto espaço de tempo.

Com a chegada de prestadores de serviços e trabalhadores durante a fase de implantação do empreendimento, poderá haver interação desses com a comunidade local e caso não haja cuidados, poderão surgir doenças oportunistas.

Não haverá alteração.

Demanda de bens e serviços

Os serviços são prestados para a população local, sem grandes demandas.

Haverá aumento na demanda de bens e serviços com consequente elevação dos preços na região.

Não haverá alterações significativas em curto espaço de tempo.

Geração de empregos diretos e indiretos

A população atual geralmente trabalha no campo ou nas secretarias municipais.

A maior concentração de mão de obra local está prevista durante a implantação do empreendimento, posteriormente serão funcionários especializados devido às características do empreendimento.

Não haverá geração de emprego na região.

Aumento da arrecadação de impostos

Comércio pequeno nos municípios da área de influência do empreendimento.

Haverá aumento da arrecadação de impostos para os municípios, principalmente durante as obras de implantação do empreendimento.

Não haverá geração de renda na região.

Turismo Atrativos turísticos relevantes, tais como o Buraco do Possidônio, Buracão, Gruta do Crista e sítios arqueológicos com pinturas rupestres.

Aumento da visitação dos principais atrativos turísticos, com tendência à degradação caso não sejam implantadas medidas de controle de acesso e proteção.

Não haverá alteração.

115

Sítios de arte rupestre

Na área de influência direta do empreendimento, estes sítios compõem roteiro de ações turísticas. Os mesmo sofrem danos causados pelas condições naturais e antrópicas, estas últimas representadas pelo vandalismo, atividades turísticas desordenadas, pecuária e extração mineral.

Estes sítios, com a implantação do empreendimento, sofrerão intensa visitação, além de que, a abertura de vias às áreas do empreendimento facilitará o acesso a estes sítios. A exploração turística desordenada levará à rápida deteriorização das pinturas, principalmente por conta do vandalismo. A intensificação da economia local, proporcionada pelo empreendimento, caso seja feita sem um ordenamento territorial adequado, pode levar à exploração e à destruição destes sítios (desmatamento, extração mineral, pecuária, agricultura).

Sem o empreendimento, os mesmos processos lesivos ao patrimônio arqueológico ocorrerão, só que de forma mais lenta, caso não sejam tomadas medidas que aliem o desenvolvimento e a preservação.

Sítios cerâmicos

Na área de influência direta e indireta do empreendimento, estes sítios são muito pouco conhecidos, pela falta de estudos e visibilidades dos mesmos. Estes sofrem danos causados pelas atividades agropecuárias (plantações, criação de animais) e obras de infraestrutura.

As intervenções em subsolo e para a abertura de caminhos de serviço necessários ao transporte e instalação das torres eólicas poderão acarretar em perda do patrimônio que porventura esteja presente na área, a intensificação da economia local, com o impulso para as obras de infraestrutura podem contribuir para a predação.

Sem o empreendimento, os mesmos processos lesivos ao patrimônio arqueológico ocorrerão, só que de forma mais lenta, caso não sejam tomadas medidas o desenvolvimento e a preservação.

De uma forma resumida foram destacados os impactos negativos na etapa de

implantação, dentre eles os ruídos, geração de poeira e fuligem por veículos e

máquinas pesadas. O relevo será afetado no que se refere a intervenções do tipo

corte/aterro, devido à implantação de estradas – ampliação, relocação e abertura de

novas vias, bem como oriundas do processo de extração dos materiais de

construção nas áreas de jazidas e de empréstimo de materiais construtivos. Perda

de espécies da flora em função da necessidade de supressão de vegetação.

Foi relacionado, também, um significativo impacto visual com a instalação das

linhas de aerogeradores e a indisponibilidade de terras para criação de gado em

regime de pastagem extensiva. As intervenções em subsolo e para a abertura de

caminhos de serviço necessários ao transporte e instalação das torres eólicas

poderão acarretar em perda do patrimônio arqueológico. Também foi relacionado o

aumento no número de prestadores de serviço na área do complexo eólico, podendo

assim trazer algumas doenças, que antes não existiam.

116

Como impactos positivos apesar das interferências negativas nas áreas de

acesso do complexo eólico, a população da Área Diretamente Afetada - ADA

(povoado de lagoinha) será beneficiada com a melhoria e abertura de novas vias de

acesso. A aquisição e/ou arrendamento das terras durante o período de negociação

trará uma valorização das terras, em que os proprietários foram beneficiados.

Haverá aumento na demanda de bens e serviços com consequente elevação dos

preços na região. A maior concentração de mão de obra local está prevista durante

a implantação do empreendimento. Haverá aumento da arrecadação de impostos

para os municípios, principalmente durante as obras de implantação do

empreendimento.

Em relação aos aspectos turísticos na região, haverá um aumento da visitação

dos principais atrativos turísticos, com tendência à degradação caso não sejam

implantadas medidas de controle de acesso e proteção. Estes sítios, com a

implantação do empreendimento, sofrerão intensa visitação, além de que, a abertura

de vias às áreas do empreendimento facilitará o acesso a estes sítios. A exploração

turística desordenada levará à rápida deteriorização das pinturas, principalmente por

conta do vandalismo.

4.4 Complexo Eólico Desenvix - Brotas de Macaúbas - BA

O Complexo Eólico Desenvix - Brotas de Macaúbas está sendo construído

entre os municípios de Seabra e Brotas de Macaúbas – BA (Mapa 4 e figura 25) e

tem a previsão de início de operação no final de novembro de 2011. Inicialmente, a

licença ambiental, com validade para 14/07/2015, previa uma capacidade instalada

de 300MW, seria dividida em 10 Sub-parques com 200 aerogeradores de 1,5 MW

cada. Porém o projeto, hoje, é de 57 turbinas de 1,5 MW com altura de 80 metros;

quando instaladas as pás, atingirão 120 metros de altura divididos em 2 parque

eólicos: um com 20 aerogeradores e outro com 18 aerogeradores de 1,5MW

fabricados pela empresa Alston. Próximo ao complexo eólico existem 8

comunidades com aproximadamente 3000 pessoas. São elas: Sumidouro, Boa

Vista, Baixio, Perdidos, Papagaio, Mangabeira, Malhada e Cocal.

117

Mapa 4 - Localização do Complexo Eólico Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Elaborado pelo Autor, 2011.

Figura 24- Imagem Complexo Eólico Brotas de Macaúbas - BA

Fonte: Google Earth 2010 Para a realização da análise de impactos do Complexo Eólico de Brotas de

Macaúbas – BA foi utilizado além do diagnóstico ambiental e da consulta a

bibliografia especializada da região com uma metodologia semelhante a descrita na

Resolução CONAMA 001/86 e que foi utilizada na análise de impactos do Parque

118

Eólico Valparaíso - CE. Os impactos foram classificados de acordo com o estudo

ambiental:

Natureza

� Impacto direto quando resulta de uma simples relação de causa efeito.

� Impacto indireto quando é uma reação secundária em relação à ação, ou

quando é parte de uma cadeia de reações.

Efeito

� Impacto benéfico quando uma ação resulta na melhoria da qualidade de um

ou mais fatores ambientais.

� Impacto adverso quando a atividade gera um dano à qualidade de um ou

mais fatores ambientais.

Horizonte Temporal

� Impacto imediato quando o efeito surge no momento em que ocorre a ação.

� Impacto em médio prazo, quando o efeito se manifesta depois de decorrido

um determinado tempo após a ação.

� Impacto em longo prazo, quando o efeito se manifesta depois de um

considerável espaço de tempo após a ação.

Periodicidade

� Impacto temporário quando o efeito só durar determinado período de tempo.

� Impacto permanente quando o efeito durar para sempre.

� Impacto cíclico quando o efeito sempre ocorre em decorrência das atividades

desenvolvidas.

119

Reversibilidade

� Impacto reversível quando o efeito reverte depois de determinado tempo,

fazendo com que o fator ambiental volte às condições próximas às anteriores

de forma natural ou não.

� Impacto irreversível quando ação provoca um dano sobre o fator ambiental

com nenhuma ou muito pouca possibilidade de recuperação.

Área de Abrangência

� Impacto local quando a ação afeta apenas o próprio sítio e suas imediações

(área de influência direta).

� Impacto regional quando um efeito se propaga por uma área além das

imediações do sítio onde se dá a ação (área de influência indireta).

� Impacto estratégico ocorre quando é afetado um componente ambiental de

importância coletiva ou nacional.

Depois de analisados e classificados cada impacto, foram geradas tabelas por

meio (físico, biótico e socioeconômico) de acordo com seu efeito, natureza, extensão

reversibilidade, duração e probabilidade por etapa de projeto (projeto, implantação e

operação). Depois, estas informações foram sintetizadas em apenas 2 quadros

como se pode observar a seguir.

Quadro 9 - Resumo dos impactos ambientais nos meio físico, biótico e socioeconômico.

Impa

cto

Mei

o F

ísic

o

Alterações no microclima local Poluição dos solos e dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos Erosão, assoreamento e instabilidade de taludes Alterações no relevo local

Mei

o B

iótic

o

Perda da área vegetada e da biodiversidade associada Fragmentação e perda de habitats Eliminação de representantes da fauna silvestre por atropelamento Alteração da relação fauna e flora Perda das comunidades vegetais autóctones Acidentes com espécies de morcegos Acidentes com espécies de aves migratórias – Efeito de Barreira

Mei

o S

ocio

econ

ômic

o

Valorização de imóveis no entorno do empreendimento Interferência no cotidiano da população local Geração de empregos diretos e indiretos Imigração em busca do emprego Aumento de risco de acidentes Proliferação de vetores transmissores de doenças Desproporcionalidade na razão homem x mulher da população local Aumento da demanda por infraestrutura urbana e serviços Poluição sonora

120

Poluição atmosférica Incremento no trafego na área Aumento da arrecadação de impostos Aumento de risco de acidentes de trânsito Limitação no uso do solo e nas atividades de produção Efeitos sobre a paisagem

Quadro 10 - Resumo dos impactos ambientais em cada fase do Complexo Eólico de Brotas de Macaúbas - BA

Pro

jeto

Valorização de imóveis no entorno do empreendimento Interferência no cotidiano da população local

Impl

anta

ção

Mobilização do canteiro de obras e estruturas de apoio Poluição dos solos e dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos Erosão, assoreamento e instabilidade de taludes Alterações no relevo local Poluição atmosférica Poluição sonora Perda da área vegetada e da biodiversidade associada Fragmentação e perda de habitats Eliminação de representantes da fauna silvestre por atropelamento Geração de empregos diretos e indiretos Imigração em busca do emprego Aumento de risco de acidentes Proliferação de vetores transmissores de doenças Desproporcionalidade na razão homem x mulher da população local Aumento da demanda por infraestrutura urbana e serviços

Ope

raçã

o

Alterações no microclima local Alteração da relação fauna e flora Perda das comunidades vegetais autóctones Acidentes com espécies de morcegos Acidentes com espécies de aves migratórias – Efeito de Barreira Geração de empregos diretos e indiretos Incremento no trafego na área Aumento da arrecadação de impostos Aumento de risco de acidentes de trânsito Poluição sonora Limitação no uso do solo e nas atividades de produção Efeitos sobre a paisagem

Em visita realizada ao Complexo Eólico entre os dias 15 e 17 de fevereiro de

2011, foram realizadas entrevistas com dois funcionários da empresa. O primeiro,

responsável pela gestão ambiental da obra e o segundo, responsável pela

regularização fundiária. As dificuldades sinalizadas por ambos para se implantar o

complexo eólico, naquela localidade, foram, a regularização fundiária e o baixo nível

de escolaridade das comunidades próximas ao empreendimento, dificultando assim,

segundo eles, a contratação dessas pessoas para trabalharem na fase de

implantação da obra. Também foram relatadas a precariedade dos acessos

(estradas municipais e estaduais) e a dificuldade de acesso as redes de alta tensão.

121

A ANEEL realizou uma consulta pública no ano de 2010 com o objetivo de

elencar as principais barreiras e dificuldades de acesso as redes de alta tensão.

Foram mencionadas principalmente as seguintes questões:

-Aumento da complexidade de operação da rede de distribuição, com muitos

pontos de injeção de potência com fontes intermitentes;

-Alterações nas características elétricas da rede atual (p.ex. alteração dos

níveis de curto-circuito e da distorção harmônica) o que pode suscitar uma

necessidade de investimentos significativos; e

-Alto custo de implantação.

A questão fundiária observada na região não é diferente de outros locais

escolhidos para se implantar parques eólicos no país. Historicamente, no Brasil as

transações imobiliárias são realizadas sem acompanhamento cartográfico, as

“posses” são socialmente respeitadas, os proprietários têm pouca preocupação em

demarcar a terra, além das dificuldades financeiras para legalizar o imóvel.

Atualmente, menos de 10% dos imóveis rurais no país tem uma titulação

correta. Os registros são feitos em cartórios espalhados pelo país e os mesmos não

se comunicam, podendo assim gerar duplicidade de informações. O registro dos

imóveis rurais é chamado de Sistema Nacional de Cadastro Rural e é feito junto ao

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. Como o ato é

declaratório, ou seja, pode-se apenas “dizer” quanto mede a sua propriedade para o

órgão competente, as informações sobre cada propriedade não são confiáveis.

Desde novembro de 2003, em decorrência da Lei 10.267/01, qualquer

transação imobiliária envolvendo imóvel rural só pode ser registrada no Cartório de

Registro Imobiliário, se estiver acompanhada de uma planta certificada previamente

pelo INCRA, à luz da sua Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis

Rurais. A certificação de um imóvel rural corresponde à elaboração de uma planta

georreferenciada deste imóvel, acompanhada da declaração de todos os seus

confrontantes, concordando com os limites levantados e com o caminhamento

percorrido pelo agrimensor credenciado, durante os serviços de

georreferenciamento do imóvel rural.

122

Com a regulamentação da Lei, pelo Decreto 4.449 no ano de 2002 foram

definidos os prazos para serem realizados o georreferenciamento, esses prazos

foram estabelecidos pelo tamanho da propriedade.

Em relação à escolaridade das pessoas das comunidades, na área de

influência do projeto, os empreendedores relataram que tiveram dificuldades em

contratar estas pessoas pois a baixa escolaridade foi um fator limitante para cumprir

uma das condicionantes da licença ambiental. Um dos itens elaborados pelo INEMA

é a contratação de 70% da mão de obra local e que 40 % seja mulheres.

Atualmente, o empreendedor está divulgando em parceria com o governo federal,

cursos de alfabetização, através do programa “Brasil Alfabetizado”, porém a procura

está sendo muito baixa apesar da ampla divulgação.

Outro fato relatado pelos técnicos da Desenvix foi a baixa procura da

comunidade pelos empregos oferecidos. Conforme relato do empreendedor, este

fato acontece devido a várias famílias receberem o auxílio do governo federal

através do programa “Bolsa Família” e, portanto, não se preocuparem em precisar

trabalhar.

4.4.1 A opinião da população da área de influência do parque eólico de Brotas de Macaúbas - BA

Em entrevistas realizadas na comunidade de Sumidouro e Boa Vista no dia

15/02/2011, foram relatados os impactos positivos e negativos do complexo eólico

da Desenvix.

Na comunidade de Sumidouro foram realizada duas entrevistas. A primeira

com o ex- presidente da Associação de Moradores de Sumidouro. Atualmente, ele

tem um restaurante e cuida da sua “roça”. Para ele, no início, quando a empresa

Desenvix chegou ao local pela primeira vez, no início de 2008, através de seus

técnicos de agrimensura, a relação com a empresa se deu sem problemas e foi visto

com muito otimismo. Foram realizadas duas reuniões com as comunidades, nas

quais foram explicadas a natureza do empreendimento que se instalaria ali e seus

benefícios. A aceitação foi plena e a empresa começou a regularizar as terras onde

se instalaria.

123

Figura 25 - Comunidade de Sumidouro

Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.

A Desenvix também cuidou de trazer energia para a comunidade de

Sumidouro, melhorando assim a qualidade de vida de seus moradores. Foram

oferecidos empregos temporários para o inicio da construção da obra, além do

fornecimento de alimentação pela comunidade para os funcionários da obra. Com o

passar do tempo os empregos temporários foram deixando de ser oferecidos e as

“quentinhas” também deixaram de ser vendidas. Hoje, o ele tem um restaurante que

serve almoço para alguns funcionários da obra, pois algumas empresas

participantes do consórcio da obra instalaram seus próprios restaurantes.

124

Figura 26 Aerogeradores ainda em instalação no Complexo Eólico de Brotas de Macaúbas – BA

Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.

O nosso primeiro entrevistado, hoje, reclama da falta de oportunidade de

trabalho para a comunidade, principalmente para as mulheres, que antes

cozinhavam para os funcionários da obra. Em relação aos aspectos positivos ele vê

a regularização das terras da associação dos moradores de Sumidouro pelo

empreendedor e tem a falsa impressão que o funcionamento do Parque Eólico trará

energia diretamente para a comunidade de Sumidouro, como se fosse instalado este

empreendimento fosse instalado para atender Sumidouro e as comunidades

adjacentes.

Foi entrevistado também o atual presidente da associação de moradores de

Sumidouro. O mesmo não vê nenhum aspecto negativo no empreendimento.

Ressalta como positivo a geração de empregos, inclusive o dele próprio, pois o

mesmo está trabalhando na construção de um viveiro de mudas de espécies nativas

para posterior recuperação de áreas degradadas e/ou de vegetação suprimida para

a construção do complexo eólico.

Na comunidade de Boa Vista, foi entrevistado o presidente da associação de

moradores locais. No momento da entrevista estava presente uma empresa de

consultoria que realiza um trabalho de comunicação entre as comunidades da área

de influência e o empreendedor.

H=80m

125

Figura 27 - Vista da estrada entre a comunidade de Sumidouro e a comunidade Boa Vista

Fonte: Fabiano Staut 15/02/2011.

O mesmo relatou sua indignação com a empresa Desenvix devido ao fato da

empresa, segundo ele, ter negociado o arrendamento das terras com uma advogada

da cidade de Seabra. Ainda, conforme relato, as terras arrendadas pertencem a

associação de moradores de Boa Vista e não a esta advogada. Ele relatou que

estava deixando a diretoria da associação com o objetivo de se eximir de qualquer

culpa pelo não arrendamento das terras à associação de moradores. Naquele

momento, a empresa de consultoria em comunicação relatou que iria levar ao

conhecimento do empreendedor o fato citado por ele, com o intuito de buscar uma

resolução rápida e satisfatória para ambas as partes.

4.5 Síntese dos impactos ambientais: singularidades na Bahia

Os impactos ambientais negativos e positivos na etapa de implantação,

considerando as análises comparativas entre os quatro parques eólicos estudados,

assemelham-se em vários aspectos sobre os meios físico, biótico e socioeconômico.

I. Impactos negativos:

126

a) Meio físico: possibilidade de contaminação dos solos, recursos hídricos

superficiais e subterrâneos; emissões atmosféricas de gases como CO2, poluição

sonora na construção do canteiro de obras e abertura de novas vias de acesso;

alterações no relevo local podendo provocar erosão, assoreamento e instabilidade

de taludes,

b) Meio biótico: Perda da área vegetada e da biodiversidade associada,

fragmentação e perda de habitats naturais;

c) Meio socioeconômico: aumento do risco de acidentes e doenças sexualmente

transmissíveis;

II. Impactos positivos: Geração de empregos diretos e indiretos

a) Meio físico: apesar das interferências negativas nas vias de acesso, as

mesmas vão ser melhoradas para o tráfego de veículos pesados e

consequentemente as comunidades vão ser beneficiadas para se deslocarem de um

local para outro;

b) Meio biótico: Não foram elencados impactos positivos para o meio biótico;

c) Meio socioeconômico: geração de emprego e renda, valorização das terras,

aumento na demanda de bens e serviços, aumento da arrecadação de impostos

para os municípios e aumento do potencial turístico da região;

Nos empreendimentos analisados no estado da Bahia as principais diferenças

encontradas em relação aos parques eólicos no estado do Ceará e Rio Grande do

Norte foram a dificuldade para a regularização das terras, a interferência em áreas

protegidas (APPs e Unidades de Conservação), a deficiência na qualidade da mão

de obra devido a baixa escolaridade das comunidades e a falta de estrutura

rodoviária e elétrica.

5. O PROCESSO DE LICENCIAMENTO: A OPINIÃO DOS ESPEC IALISTAS DA BAHIA

Como parte da metodologia para desenvolvimento desta dissertação foi

elaborado um questionário (ANEXO) e enviado a alguns especialistas solicitando

opiniões sobre o tema da energia eólica no estado da Bahia. Estes questionários

foram enviados a 4 grupos de pessoas (consultores, empreendedores, técnicos do

127

órgão ambiental e governo). Foram enviados 35 questionários e foram devolvidos

apenas 12 questionários, o que corresponde a 34,28 % do total, sendo 9 de

consultores, 1 empreendedor, 1 funcionário do INEMA e 1 funcionário do governo da

Bahia.

5.1 Empreendedores

O único empreendedor a responder o questionário elencou os principais

impactos positivos e negativos de um empreendimento eólico, da seguinte forma:

a) Impactos positivos: a melhoria das vias de acesso das comunidades e

consequentemente ao parque eólico, a geração de empregos e infraestrutura no

campo, a geração de energia e limpa em complementação ao recurso hídrico.

b) Impactos negativos: o impacto visual, assim como o transporte de materiais

durante a implantação do empreendimento.

As principais dificuldades relatadas pelo empreendedor para a inserção da

fonte de energia eólica na matriz energética baiana são: a morosidade e a falta de

técnicos capacitados para tratar do licenciamento ambiental no INEMA; a

regularização das terras e a falta de estrutura rodoviária e elétrica no estado.

5.2 Consultores

Na opinião dos consultores foram elencados como principais impactos positivos

e negativos de um empreendimento eólico da seguinte forma:

a) Impactos positivos: melhoria nas vias de acesso, arrecadação de

impostos arrendamento de terras para os proprietários, geração de empregos,

valorização das terras, capacitação de mão de obra local, novos fornecedores de

bens e serviços, melhoria da qualidade e quantidade de energia disponibilizada,

redução do risco da falta de energia, desenvolvimento tecnológico regional,

desenvolvimento turístico regional, capacitação de técnicos, diminuição da pressão

sob os recursos hídricos e a geração de energia limpa.

b) Impactos negativos: sobrecarga do sistema viário decorrente do

transporte de equipamentos de grande porte, pressão sobre a infraestrutura e

serviços públicos decorrente da migração de população, interferências em áreas

128

protegidas com impacto sobre a biodiversidade, patrimônio espeleológico e

arqueológico, interferências do projeto em ferrovias, linhas de transmissão de

energia, gasodutos, áreas agrícolas e minerais, risco de desestabilização do terreno,

emissão de ruídos, alteração na geomorfologia local, aumento no trânsito de

veículos, possíveis impactos nas aves e morcegos, alteração na paisagem natural

(impacto visual), emissão de ruídos dos aerogeradores, interferência

eletromagnética nos sistemas de comunicação e transmissão de dados (rádio,

televisão etc.) desmatamento e o afugentamento da fauna.

5.3 Governo

Em relação à opinião de funcionários do governo da Bahia, apenas um

funcionário da Secretaria de Indústria Comércio e Mineração – SICM, respondeu ao

questionário. A função de alguns funcionários na SICM é a de captar investidores

para o estado na área de energia eólica, articular e promover a interação entre os

diversos órgãos do governo, entidades e empresas.

a) Impactos positivos: provisão e modernização de infraestrutura para os

municípios, geração de emprego e renda, nos locais, durante as etapas de

construção e operação, dinamização da economia regional, além da provisão de

treinamentos e capacitação das comunidades para questões ambientais e para

trabalharem nos projetos relacionados à indústria eólica. Já na fase de operação,

como impactos positivos, o funcionário destacou a possibilidade dos parques eólicos

se transformarem em atrativos turísticos. Também foram destacadas as melhorias

no sistema elétrico da região e as melhorias de infraestrutura que permanecem

posteriormente à construção.

b) Impactos negativos: na fase de implantação há possibilidade de geração de

externalidades sociais durante a construção, tais como prostituição, o deslocamento

de grandes volumes de terra para a construção dos acessos e a interrupção do

trânsito nos municípios para circulação dos equipamentos. Na fase de operação foi

citado o impacto visual nas comunidades próximas aos empreendimentos.

As maiores dificuldades citadas na inserção desta fonte de energia na matriz

energética baiana são: problemas de regularidade fundiária, necessidade de

implantação de novas linhas de transmissão de grande capacidade para atender

esta nova demanda, a inadequação da estrutura portuária do estado, falta de corpo

129

técnico nos órgãos do governo que estão relacionados às atividades e as restrições

nas estradas nos trajetos entre porto e parque eólico.

Por fim, sua consideração final é de que existe todo um apelo social para a

implantação dos projetos de energia eólica na Bahia podendo se tornar o principal

vetor de desenvolvimento na região do semiárido do estado. No final destaca que

tanto a eólica, quanto a solar e a biomassa possuem perfeitas condições de

desenvolvimento no estado.

5.4 Analistas do Órgão ambiental

De acordo com um funcionário do INEMA que trabalha diretamente com o

licenciamento de parques eólicos no estado da Bahia:

a) Impactos positivos: geração de emprego e renda para as comunidades na

fase de implantação, assim como o melhor conhecimento da realidade ambiental

das áreas de influência, principalmente a direta a partir de estudos ambientais

realizados no licenciamento. Na fase de operação foi considerado como positivo a

geração de emprego e renda, principalmente com pagamentos anuais de

arrendamento, a geração de energia limpa e a execução de programas de educação

ambiental com as comunidades locais.

b) Impactos negativos: os locais para a implantação de parques eólicos no

estado que apresentam ventos favoráveis, por determinação climática natural, são

geralmente áreas de topo de morros, com topografia íngreme, acidentadas e

localizadas em regiões com bom estado de conservação da vegetação local,

portanto, os principais impactos decorrem na implantação dos acessos, construção

da base de aerogeradores, canteiro de obras e linhas de transmissão de energia

associadas, que implica em significativa atividade de corte-aterro, com ocorrência de

supressão de vegetação e afugentamento da fauna associada.

Devido a estas intervenções construtivas ocorrerá a fragmentação de manchas

de vegetação, interferências em habitats da fauna nativa, risco de processos

erosivos e de assoreamento, afetação de áreas de recarga de aquíferos, como

nascentes. O aumento de tráfego de caminhões pesados com emissão de

particulados e ruídos afetarão as comunidades que estejam no entorno da área de

130

intervenção. Ocorrerá, também, a migração de mão de obra para as cidades e

distritos locais, de forma intensiva e sem nenhum planejamento, implicando nos

tradicionais impactos associados: sobrecarga da infraestrutura de educação e saúde

local, já habitualmente precária; aumento nos índices de violência, doenças

sexualmente transmissíveis – DSTs e alterações na ocupação urbana.

Na fase de operação foram destacados os impactos negativos descritos em

literatura e baseados na experiência do licenciamento em outros estados como os

potenciais impactos sobre a atividade migratória de aves e de afetação de

morcegos, principalmente por colisões.

Entre as principais dificuldades consideradas para a inserção da energia eólica

na matriz energética da Bahia forma destacados: a burocracia dos órgãos

reguladores, incluindo os ambientais; falta de planejamento e articulação entre os

diversos órgãos de governo; deficiência dos estudos ambientais e dos projetos; falta

de normatização específica para a atividade.

Também foi relatado que há uma necessidade de sincronização dos leilões

promovidos pela ANEEL e cronograma do licenciamento ambiental; falta de

infraestrutura, incluindo a logística de transporte de equipamentos; necessidade de

estudos mais precisos e detalhados das locais de vento, com seu devido

mapeamento. Como facilidades, foram destacados os incentivos do governo e o

apoio de organizações não governamentais vinculadas à área ambiental.

Ainda no seu entendimento, o funcionário considera uma fonte de energia

limpa e sustentável, de baixo impacto ambiental, principalmente na fase de

operação. Considera que falta um planejamento efetivo da matriz energética do

estado, no qual se posicione e defina o papel e participação da energia eólica,

juntamente com outras fontes de energia. No aspecto ambiental, ele cita que são

fundamentais a necessidade de construção de instrumentos como o Zoneamento

Ecológico-Econômico (ZEE) e da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) para

contribuir para a inserção desta fonte de energia na matriz energética do estado.

131

5.5 Síntese: a percepção dos especialistas

Comparando as respostas dos questionários respondidos pelos especialistas,

pode-se observar que alguns impactos negativos são inerentes a empreendimentos

desta natureza e que as principais dificuldades citadas para a inserção desta fonte

de energia na matriz energética da Bahia são as mesmas. São elas:

a) Haverá impactos negativos principalmente na fase de implantação dos

parques eólicos principalmente sobre os meios físico e biótico;

b) Os impactos no meio físico estão associados à construção dos acessos e ao

parque eólico sendo os principais: a emissão de CO2, o aumento no nível de ruído e

a construção de acessos dentro e fora dos parques eólicos;

c) Os impactos no meio biótico estão diretamente relacionados com os impactos

descritos no meio físico, sendo uma consequência natural dos mesmos - diminuição

da biodiversidade (supressão de vegetação e possível aumento na mortandade de

espécies da fauna devido à perda de habitats);

d) Pressão dos empreendedores na obtenção da licença de localização (LL), no

tempo hábil, para que os empreendimentos sejam habilitados e cadastrados a

participar dos leilões de energia promovidos pela Empresa de Pesquisa Energética -

EPE;

e) Não há tempo suficiente para que os estudos sejam realizados com a

qualidade necessária para uma análise ambiental dos técnicos do INEMA de uma

forma mais apurada e próxima da realidade de cada empreendimento;

f) Praticamente todos os projetos têm dificuldades quanto à regularização

fundiária, sendo este um requisito obrigatório para formalização do requerimento da

licença de localização junto ao INEMA;

g) A falta de estrutura e do funcionamento precário do INEMA causam atrasos e

afetam a qualidade da análise técnica dos parques eólicos;

h) A falta de planejamento e de comunicação entre as secretarias de estado

INEMA, SICM, CDA e o INCRA, dificultando ainda mais o licenciamento dos

empreendimentos;

132

Apesar destas dificuldades os parques eólicos quando implantados trazem, de

acordo com os especialistas, diversos benefícios como:

a) Apresenta vantagens socioambientais em relação a outros tipos de

empreendimentos de geração de energia como hidrelétricas, termelétricas e usinas

nucleares;

b) Complementaridade com o sistema hidrelétrico dominante no país, permitindo

que os reservatórios fiquem cheios por mais tempo e proporcionando uma reserva

de energia em situações emergenciais;

c) A melhoria das vias de acesso das comunidades e consequentemente ao

parque eólico trazem inúmeros benefícios as comunidades próximas aos

empreendimentos;

d) Geram empregos e renda para comunidades e proprietários das terras

arrendadas ou compradas

e) Melhoram de uma forma geral a infraestrutura nas áreas rurais;

f) Aumento na arrecadação de impostos municipais e estaduais;

g) Podem proporcionar o desenvolvimento do setor turístico nas áreas próximas

aos empreendimentos;

133

6. DISCUSSÃO

A obtenção de energia sempre gera algum tipo de impacto, dentre eles o

ambiental, seja em grande ou pequena proporção. Para uma melhor mensuração

destes impactos (positivos e negativos), foram comparados os estudos ambientais

com as opiniões de consultores, empreendedores, técnicos do órgão ambiental,

governo e a população diretamente afetada pelos empreendimentos, além dos

impactos descritos em literatura, particularmente no caso da energia eólica.

Comparando-se os impactos ambientais descritos em literatura com os

impactos percebidos pelas populações próximas aos parques eólicos estudados no

nordeste brasileiro e em particular, a Bahia, pode-se concluir que há muitas

diferenças, apesar de alguns impactos serem inerentes a estas obras,

independentemente do estado que se encontra o empreendimento.

Sob o ponto de vista da sustentabilidade (aspectos ambientais, sociais e

econômicos) pode-se demonstrar como impactos positivos de uma forma geral em

todos os empreendimentos considerando as análises comparativas, a opinião dos

especialistas e o conhecimento teórico:

a) A inserção e o desenvolvimento de um tipo de energia considerada de baixo

impacto ambiental, não poluente na sua operação, na matriz eólica nordestina,

diminuindo assim a dependência da utilização da energia hidrelétrica, através de sua

complementaridade, aumentando assim a segurança e a garantia de fornecimento

de eletricidade no país;

b) Como legado de um empreendimento eólico a melhoria dos acessos

existentes na região foi considerada como principal benefício às comunidades

próximas, pois as mesmas estão desassistidas em relação à infraestrutura viária na

maioria dos parques eólicos estudados. Este não é um problema específico de

comunidades próximas a empreendimentos eólicos, mas sim da localização das

mesmas em áreas rurais. Os produtores rurais têm dificuldade em poder escoar sua

produção, assim como se deslocarem entre as comunidades e a zona urbana;

c) Em alguns casos os empreendedores conseguem trazer eletricidade até as

comunidades que ainda não têm, porém, esta energia não é produzida por eles e

sim apenas a disponibilizada através da ligação da rede elétrica nestes locais. Este

134

fato também demonstra a ausência do estado no atendimento desta demanda para

as comunidades rurais;

d) Geração de emprego e renda diretamente para comunidades e proprietários

das terras arrendadas ou compradas e indiretamente em toda a cadeia produtiva,

desde a fabricação dos componentes (aerogeradores), a contratação de técnicos

para a realização de estudos ambientais até a contratação dos técnicos que vão

operar os parques eólicos;

e) Pode acarretar um aumento na arrecadação de impostos estaduais e federais

(ICMS, PIS, COFINS, IRPJ e INSS) principalmente na fase de implantação do

empreendimento, fase esta que exige uma maior contratação de mão de obra. Estes

impostos também são recolhidos referentes à fabricação e aquisição de materiais

produzidos (aerogeradores e outros materiais) para a construção como para serem

utilizados na operação dos parques eólicos;

f) Podem proporcionar a criação e o desenvolvimento de um setor da economia

que até então não era explorado. O setor turístico nas áreas próximas aos

empreendimentos, proporcionando assim uma fonte de renda e um maior

conhecimento de como funciona a geração de energia pelo setor elétrico através de

um parque eólico;

De uma forma geral, em relação aos parques eólicos estudados até então no

nordeste brasileiro, foi possível constatar que os mesmos trazem muito benefícios

principalmente socioeconômicos para os proprietários das terras arrendadas. As

comunidades também estão sendo beneficiadas, mas apenas na fase de

implantação destes empreendimentos, pois na fase de operação a mão de obra

exigida é muito especializada. Alguns programas desenvolvidos pelos

empreendedores juntamente com o poder público em benefício das comunidades

nas áreas de influência direta também são considerados positivos, porém, com

algumas limitações a depender da realidade de cada local.

Em relação aos impactos negativos pode-se concluir que:

a) Haverá inevitáveis impactos principalmente na fase de implantação dos

parques eólicos principalmente associados a construção dos acessos e do parque

eólico em si. Estes impactos estão principalmente relacionados à emissão de CO2 e

aumento no nível de ruído por veículos pesados e na supressão de vegetação e

135

possível aumento na mortandade de espécies da fauna devido à perda de habitats,

diminuindo assim a biodiversidade local;

Com relação ao processo de licenciamento ambiental, seja a partir de um RAS

ou EIA, pode-se concluir que estes estudos são realizados e apresentados às

comunidades apenas como uma forma de satisfação e, portanto, não são

sustentáveis, pois existem fatores sociais e de gestão, no Brasil, a serem

considerados e estudados com maior profundidade. A saber:

a) A questão fundiária. Disputas de terras entre os “posseiros” e aqueles que se

dizem donos das terras que apresentam documentos de escrituras datadas dos

séculos XIX e XX são comuns nestes locais. Este fato é mais comum no estado da

Bahia, pois as documentações são antigas baseadas em atos declaratórios.

Também pela situação de que, antes da chegada de um empreendimento eólico

em determinado local com potencial para a construção de um parque eólico, as

terras não tinham valor algum, pois geralmente são as chamadas terras de “fundo de

pasto”. Elas estão localizadas em áreas no topo de morros e nos locais mais altos

das Chapadas, onde a vegetação nativa está bem conservada e que não é utilizada

pelos donos de terra. Com a chegada destes empreendimentos, a especulação

imobiliária e a compra e venda de imóveis é uma realidade a ser considerada nos

estudos e que não é contemplada.

b) A falta de estrutura (recursos humanos e técnicos) e funcionamento precário

do INEMA causam atrasos e afetam a qualidade da análise técnica dos parques

eólicos. Os funcionários do INEMA são contratados através de um sistema

denominado de REDA (Regime Especial de Direito Administrativo) pelo período de

dois anos, com possibilidade de renovação por igual período. Desta forma, não há

tempo para a capacitação dos técnicos e também não há por parte dos técnicos um

compromisso por maior tempo, pois os mesmo não tem um plano de carreira

definido por este sistema de contratação;

c) Não há tempo suficiente para que os estudos sejam realizados com a

qualidade necessária bem como a análise ambiental dos técnicos do INEMA de uma

forma mais apurada e em tempo hábil devido à incompatibilidade cronológica entre

as análises dos processos com a habilitação técnica nos leilões de energia

promovidos pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE. Desde o ano de 2009, a

136

EPE tem promovido um leilão a cada 6 meses, tempo este muito curto para a

realização dos estudos ambientais, a análise técnica dos mesmos e a emissão da

licença de localização (LL). Há de se considerar, também, uma pressão dos

empreendedores para obterem a LL mais rapidamente.

Em uma tentativa de acelerar as análises técnicas, foi criada recentemente, no

mês de outubro, pela Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração - SICM, uma

Comissão Técnica de Garantia Ambiental - CTGA formada por ex-técnicos do

INEMA e assessorados por um grupo de consultores externos para analisarem os

processos com mais rapidez e enviá-los ao INEMA para serem aprovados e as

licenças serem emitidas a tempo de participarem dos leilões de energia;

d) Há uma falta de planejamento e de comunicação entre as secretarias de

estado INEMA, SICM, CDA e o INCRA, dificultando ainda mais o processo de

licenciamento dos empreendimentos eólicos. Se estas secretarias fizessem um

trabalho em conjunto com o objetivo de desenvolver um projeto ou uma política

pública integrada com o objetivo de implementar e fortalecer a energia eólica no

estado da Bahia, as dificuldades encontradas hoje seriam bem menores. Um

trabalho em conjunto para a regularização de terras, por exemplo, seria de grande

valia e evitaria novos conflitos sociais pelo uso da terra pelas comunidades e futuros

empreendedores do ramo de energia eólica.

CONCLUSÕES

Para que a inserção desta fonte de energia eólica na matriz energética no

nordeste e, em especial, no estado da Bahia, respeitando-se os aspectos

ambientais, sociais e econômicos recomenda-se que apesar dos condicionantes

relacionados às etapas de licenciamento ambiental (Licença de localização, licença

de instalação e licença de operação) tanto na forma de RAS ou EIA/RIMA, sejam

cumpridas, independentemente de não representarem em sua totalidade a realidade

das comunidades próximas aos empreendimentos eólicos a serem implantados.

Alguns condicionantes devem ser executados na forma de um plano ou programa

para minimizar ou compensar os impactos ocasionados pelos empreendimentos

eólicos. Eles estão previstos na Resolução Nº 4.180 de 29 de abril de 2011 NT

137

(01/2011), que dispõe sobre o Processo de Licenciamento Ambiental de

Empreendimentos de Geração de Energia Elétrica a partir de fonte eólica no Estado

da Bahia. Os principais planos ou programas e que devem ser executados em todos

os empreendimentos eólicos no estado são: o Plano de Aquisição e/ou

Arrendamento das Terras, os Programas de Educação Ambiental e Comunicação

Social, os Programas de Compensação Socioambiental, os Programas de

Monitoramento da fauna (aves e morcegos), de Supressão de vegetação com

afugentamento de fauna e resgate de flora e o respectivo Plano de Recuperação de

Áreas Degradadas (PRAD) e em alguns casos específicos quando houver

necessidade, o Programa de Prospecção e Salvamento do Patrimônio Arqueológico.

Quando não houver uma recomendação específica, deve-se seguir “Princípio da

Precaução” independente da fase em que se encontra o empreendimento (LL, LI ou

LO). De uma forma resumida este princípio é regido da seguinte forma:

"Quando uma atividade representa ameaças de danos ao meio-ambiente ou à

saúde humana, medidas de precaução devem ser tomadas, mesmo se algumas

relações de causa e efeito não forem plenamente estabelecidas cientificamente."

Em relação à deficiência de recursos humanos e tecnológicos no órgão

ambiental, faz-se necessário a contratação de novos técnicos através de concursos

promovidos pelo governo do estado, porém, com um plano de carreira definido, para

que os mesmos possam se sentir motivados e comprometidos com seu futuro

trabalho.

A questão fundiária também pode ser ao menos amenizada através de esforços

coletivos entre o INEMA, CDA e INCRA. As áreas de interesse para a construção de

parques eólicos devem ser sinalizadas para que possam ser feitos os devidos

levantamentos dos legítimos donos das terras para que futuros conflitos fundiários

sejam evitados.

Como o atual modelo de licenciamento de empreendimentos eólicos através da

Resolução nº 4.180, de 29 de abril de 2011, NT (01/2011) pelo – RAS ou como um

Estudo de impacto ambiental e respectivo Relatório de Impacto do Meio Ambiente -

EIA/RIMA não está satisfazendo, integralmente, as necessidades das comunidades

nas áreas de influência dos parques eólicos, no estado da Bahia, recomenda-se um

138

planejamento integrado para que este processo de licenciamento seja realmente

participativo.

Uma das metodologias para que os licenciamentos ambientais possam ser

realmente participativos é a Avaliação Ambiental estratégica (AAE) e segundo

Sánches (2008) é o nome que se dá a todas as formas de avaliação de impacto de

ações mais amplas que projetos individuais. Tipicamente, a AAE refere-se à

avaliação das consequências ambientais de políticas, planos e programas (PPPs),

em geral no âmbito de iniciativas governamentais, embora possa também ser

aplicada em organizações privadas, como no caso dos parques eólicos que estão

sendo implantados nos estados nordestinos.

Ainda segundo o autor um dos principais papéis da avaliação de impacto

ambiental de projetos é o de formular alternativas de projeto que evitem ou reduzam

os impactos adversos ou que possibilitem maiores ganhos ambientais. Não se trata,

portanto, de um “teste” para aprovação ou legitimação de PPPs, nem da mera

verificação de consequências após sua formulação (SÁNCHES, 2008). Através da

aplicação de AAE no planejamento, é possível perceber as consequências espaciais

das mudanças propostas no espaço, considerando as necessidades de cada local.

Por fim, a aplicação da metodologia de AAE pode contribuir para o processo de

tomada de decisão no planejamento das instalações de energia eólica com o

objetivo de, auxiliar na escolha dos melhores locais para a instalação de parques

eólicos levando em consideração os aspectos da sustentabilidade (aspectos

ambientais, sociais e econômicos), pois durante uma AAE, a escolha de alternativas

tecnológicas e da decisão sobre a localização dos projetos pode ser realmente

debatida entre os vários setores da sociedade evitando assim os vários impactos

negativos decorrentes no atual modelo de licenciamento de parques eólicos no país.

139

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145

ANEXOS

146

ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO-PROJETO DE MESTRADO

O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS NO BRASIL

1. Qual o seu papel no processo de implantação e operação de parques eólicos no estado da Bahia?

( ) Empreendedor ( ) Consultor ambiental ( ) Governo (secretarias estaduais) ( ) Funcionário do órgão ambiental ( ) População diretamente afetada pelo empreendimento ( ) Outro

2. Descreva suas atividades relacionadas à implantação e operação

de parques eólicos no estado da Bahia:

3. Cite os principais impactos ambientais que você considera em um parque eólico nas fases de implantação (construção) e operação (geração de energia).

a) IMPLANTAÇÃO POSITIVOS NEGATIVOS b) OPERAÇÃO POSITIVOS NEGATIVOS

4. Quais as principais dificuldades e facilidades que você considera

para a inserção desta fonte de energia (eólica) na matriz energética da Bahia?

5. Em sua opinião, a energia eólica é o tipo de energia mais viável (economicamente, social e ambiental) para o estado da Bahia? Justifique.

147

ANEXO 2 – Legislação ambiental

A seguir são apresentadas as leis, decretos, portarias e normas ambientais

federais e estaduais (Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia) relevantes para o

licenciamento ambiental da atividade de geração de energia eólica.

� Legislação Federal

• Lei n° 3.924, de 26 de julho de 1961, dispõe sobre os monumentos

arqueológicos e pré-históricos.

• Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Código Florestal;

• Lei n° 5.197, de 03 de janeiro de 1967, dispõe sob re proteção à fauna

silvestre e dá outras providências.

• Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do

Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá

outras providências.

• Resolução CONAMA nº 01, de 23 de janeiro de 1986, dispõe sobre o

licenciamento ambiental sobre o estudo prévio de impacto ambiental;

• Constituição Federal de 1988, Capítulo VI - DO MEIO AMBIENTE;

• Lei nº 7.661/1988. Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá

outras providências. Data da legislação: 16/05/1988 - Publicação DOU, de

18/05/1988.

• Portaria IPHAN nº 07, de 01 de dezembro de 1988, estabelece procedimentos

necessários à comunicação prévia, às permissões e às autorizações para

pesquisas e escavações arqueológicas em sítios arqueológicos previstos na

Lei Federal nº 3.924/1961;

• Decreto Nº 99274/1990. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981,

e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente

148

sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e

sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.

• Resolução CONAMA nº 002, de 1 de abril de 1996, dispõe sobre a reparação

dano ambiental pela interferência dos empreendimentos nas Unidades de

Conservação;

• Resolução CONAMA nº 237 de 19 de dezembro de 1997, dispõe sobre

licenciamento ambiental; competência da União, Estados e Municípios;

listagem de atividades sujeitas ao licenciamento; Estudos Ambientais, Estudo

de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental.

• Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e

administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,

e dá outras providências.

• Decreto Nº 3.179, de 21 de Setembro de 1999 (DOU - 22.09.99), O

PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art.

84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no Capítulo VI da

Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, nos §§ 2o e 3o do art. 16, nos

arts.19 e 27 e nos §§ 1o e 2o do art. 44 da Lei no 4.771, de 15 de setembro

de 1965, nos arts. 2o, 3o, 14 e 17 da Lei no 5.197, de 3 de janeiro de 1967,

no inciso IV do art. 14 e no inciso II do art. 17 da Lei no 6.938, de 31 de

agosto de 1981, no art. 1o da Lei no 7.643, de 18 de dezembro de 1987, no

art. 1o da Lei no 7.679, de 23 de novembro de 1988, no § 2o do art. 3o e no

art. 8o da Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, nos arts. 4o, 5o, 6o e 13 da

Lei no 8.723, de 28 de outubro de 1993, e nos arts. 11, 34 e 46 do Decreto-

Lei no 221, de 28 de fevereiro de 1967.

• Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, institui o Sistema Nacional de Unidades

de Conservação da Natureza – SNUC;

• Decreto nº 3.834, de 05 de junho de 2001, regulamenta o Art. 55 da Lei nº

9.985 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

Natureza – SNUC;

149

• Resolução CONAMA nº 279, 27 de junho de 2001, estabelece o procedimento

simplificado para o licenciamento ambiental dos empreendimentos com

impacto ambiental de pequeno porte, necessários ao incremento da oferta de

energia elétrica no País. . Data da legislação: 27/06/2001 - Publicação DOU

nº 125, de 29/06/2001.

• Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002, dispõe sobre

parâmetros, definições e limites da Área de Preservação Permanente – APP. .

Data da legislação: 20/03/2002 - Publicação DOU nº 090, de 13/05/2002.

• DECRETO Nº 4.281, DE 25 DE JUNHO DE 2002, regulamenta a Lei nº 9.795,

de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação

Ambiental, e dá outras providências.

• DECRETO FEDERAL N. 4.340, DE 22 DE AGOSTO DE 2002, regulamenta

artigos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, e dá outras

providências.

• Portaria IPHAN nº 230, de 17 de dezembro de 2002, dispõe sobre dispositivos

para compatibilização e obtenção de licenças ambientais em áreas de

preservação arqueológica;

• Lei Nº. 10.650, de 16 de abril de 2003 - Dispõe sobre o acesso público aos

dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do

Sisnama. Data da legislação: 16/04/2003 - Publicação DOU, de 17/04/2003.

• Instrução Normativa MMA n° 3, de 27 de maio de 200 3, apresenta a Lista das

Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção;

• PROJETO DE LEI No 630, DE 2003. Projeto em tramitação e conhecido como

‘Lei das Renováveis’

• Resolução CONAMA nº 347, de 10 de setembro de 2004, dispõe sobre a

proteção do patrimônio espeleológico. Data da legislação: 10/09/2004 -

Publicação DOU nº 176, de 13/09/2004.

150

• Resolução CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006, dispõe sobre os casos

excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto

ambiental que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área

de Preservação Permanente – APP. Data da legislação: 28/03/2006 -

Publicação DOU nº 061, de 29/03/2006.

• Resolução CONAMA nº 378/2006. Define os empreendimentos

potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional para

fins do disposto no inciso III, § 1o, art. 19 da Lei no 4.771, de 15 de setembro

de 1965, e dá outras providências. Data da legislação: 19/10/2006 -

Publicação DOU nº 202, de 20/10/2006.

• Decreto nº 5975/2006. Regulamenta os arts 12, parte final, 15, 16, 19, 20 e 21

da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, o art. 4o, inciso III, da Lei no

6.938, de 31 de agosto de 1981, o art. 2o da Lei no 10.650, de 16 de abril de

2003, altera e acrescenta dispositivos aos Decretos nos 3.179, de 21 de

setembro de 1999, e 3.420, de 20 de abril de 2000, e dá outras providências.

Data da legislação: 30/11/2006 - Publicação DOU, de 01/12/2006.

• Lei Nº 11.428/2006. Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa

do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências - Data da legislação:

22/12/2006 - Publicação DOU, de 26/12/2006.

• Instrução Normativa MMA nº 06, de 23 de setembro de 2008, elenca as

espécies da flora brasileira ameaçada de extinção;

• Decreto 7.029 de 10 de dezembro de 2009. Regularização Ambiental dos

Imóveis rurais. Trata da regularização ambiental dos imóveis rurais, concedeu

aos proprietários de imóveis rurais um prazo de três anos, ou seja, até 2011

para estarem com as áreas de preservação ambiental regularizadas.

• Resolução CONAMA nº 423/2010. Dispõe sobre parâmetros básicos para

identificação e análise da vegetação primária e dos estágios sucessionais da

vegetação secundária nos Campos de Altitude associados ou abrangidos pela

Mata Atlântica. Data da legislação: 12/04/2010 - Publicação DOU nº 69, de

13/04/2010, págs. 55-57.

151

� Rio Grande do Norte - Legislação Estadual

• Decreto nº. 14.338, de 25/02/1999, Aprova o Plano de Gestão Ambiental

Compartilhada do Rio Grande do Norte (Licenciamento, Fiscalização e

Monitoramento Ambiental).

• Lei complementar nº 272, de 3 de março de 2004, Regulamenta os artigos

150 e 154 da Constituição Estadual, revoga as Leis Complementares

Estaduais n.º 140, de 26 de janeiro de 1996, e n.º 148, de 26 de dezembro de

1996, dispõe sobre a Política e o Sistema Estadual do Meio Ambiente, as

infrações e sanções administrativas ambientais, as unidades estaduais de

conservação da natureza, institui medidas compensatórias ambientais, e dá

outras providências.

• Lei complementar nº 291, de 25 de abril de 2005, altera a Lei Complementar

Estadual nº 272, de 3 de março de 2004, modifica a Lei Estadual nº 7.059, de

18 de setembro de 1997, e dá outras providências.

• Lei complementar nº 336, de 12 de dezembro de 2006. altera a Lei

Complementar Estadual nº 272, de 03 de março de 2004 e dá outras

providências.

• Lei complementar nº 380, de 26 de dezembro de 2008, altera a Lei

Complementar Estadual nº 272, de 03 de março de 2004, modifica o nome do

Instituto de Defesa do Meio Ambiente do RN e dá outras providências.

• Resolução nº 01/2009, aprova nova versão do Anexo Único da Resolução

Conema 04/2006.

� Ceará- Legislação Estadual

• LEI Nº 10.147 DE 01 DE DEZEMBRO DE 1977, dispõe sobre o

disciplinamento do uso do solo para proteção dos recursos hídricos da Região

Metropolitana de Fortaleza – RMF – e dá outras providências.

152

• Lei Nº 11.411, de 28 de Dezembro de 1987 (DOE - 04.10.88), dispõe sobre a

Política Estadual do Meio Ambiente, e cria o Conselho Estadual do Meio

Ambiente - COEMA, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente -

SEMACE, e dá outras providências.

• LEI Nº 11.678, DE 23 DE MAIO DE 1990, acrescenta competência ao

CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE, estabelecidas pela

Constituição do Estado do Ceará e pela Lei nº 11.564, de 26 de junho de

1980.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 001, DE 05 DE JANEIRO DE 1989 (DOE 02/02/89)

Regimento Interno do COEMA.

• Decreto Nº 20.253, de 05 de setembro de 1989. (DOE 23/07/1990), declara

de interesse social para fins de desapropriação as áreas de terra que indica e

dá outras providências.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 07, DE 06 DE FEVEREIRO DE 1990 (DOE

12/03/90) Cadastro Técnico Estadual de Atividades e Instrumentos de Defesa

Ambiental.

• Decreto N. º 21.882, de 16 de Abril de 1992 (DOE - 22.04.92), aprova o

Regulamento da Superintendência Estadual do Meio Ambiente e dá outras

providências.

• Decreto Nº 22 587, de 08 de junho de 1993 (DOE 10/08/1993), declara de

interesse social, para fins de desapropriação as áreas que indica e dá outras

providências.

• Decreto Nº 23.157, de 08 de Abril de 1994 (DOE - 08.04.94), aprova o

Regimento Interno do Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA.

• Lei Nº 12.488, de 13 de Setembro 1995 (DOE - 27.09.95), dispõe sobre a

Política Florestal do Ceará e dá outras providências.

153

• Lei Nº 12.522, de 15 de Dezembro de 1995 (DOE 28.12.95), define como

áreas especialmente protegidas as nascentes e olhos d’água e a vegetação

natural no seu entorno e dá outras providências.

• Decreto Nº 24.220, de 12 de Setembro de 1996 (DOE - 17.09.96), dispõe

sobre reconhecimento das Reservas Ecológicas Particulares por Destinação

de seu proprietário e dá outras providências.

• Decreto Nº 24.221, de 12 de Setembro de 1996 (DOE - 17.09.1996),

regulamenta a Lei n.° 12.488, de 13 de setembro de 1995, que dispõe sobre a

Política Florestal do Estado do Ceará.

• Decreto Nº 24.808, DE 20 DE FEVEREIRO DE 1998, altera o Regulamento

da Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE, estabelecido

pelo Decreto nº 21.882, de 16 de abril de 1992, e dá outras providências.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 03, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1998 (DOE

04/03/98), projeto de Implantação das Usinas Eólicas de 10MW e 5MW, em

Prainha no município de Aquiraz e em Taíba no município de São Gonçalo do

Amarante, respectivamente, no Estado do Ceará.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 02, DE 31 DE MAIO DE 2001 (DOE 28/06/01),

projeto de Implantação Parque Eólico.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 09, DE 27 DE SETEMBRO DE 2001 (DOE:

11/10/01) Parque Eólico - Praia do Pecém.

• Lei nº 13.796, de 30 de junho de 2006 (DOE - 30.06.06), institui a Política

Estadual de Gerenciamento Costeiro, e o Plano Estadual de Gerenciamento

Costeiro e dá outras providências.

• Lei nº 14.198, de 5 de agosto de 2008, institui a Política Estadual de Combate

e Prevenção à Desertificação e dá outras providências.

• Lei nº14.390, de 07 de julho de 2009 (DOE - 09.07.09), institui o Sistema

Estadual de Unidades de Conservação do Ceará - SEUC, e dá outras

providências.

154

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 16, DE 29 DE JULHO DE 2010 (DOE 05/08/10),

projeto da Central Eólica Cajucoco no município de Itarema.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 17, DE 29 DE JULHO DE 2010 (DOE 05/08/10),

projeto da Usina Eólio -Elétrica Delta Eólica no município de Aracati.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 19, DE 23 DE SETEMBRO DE 2010(DOE

14/10/10). Projeto Central Geradora Eólica Lagoa Seca no município de

Acaraú.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 09, DE 24 DE JUNHO DE 2010 (DOE 02/07/10),

projeto Central Eólica Coqueiros no município de Acaraú.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 11, DE 24 DE JUNHO DE 2010 (DOE 02/07/10),

projeto Central Eólica Vento do Oeste no município de Acaraú.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 12, DE 24 DE JUNHO DE 2010 (DOE 02/07/10),

projeto Eólica Garças no município de Acaraú.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 15, DE 29 DE JULHO DE 2010 (DOE 05/08/10),

projeto Central Eólica Buriti no município de Acaraú.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 16, DE 29 DE JULHO DE 2010 (DOE 05/08/10),

projeto da Central Eólica Cajucoco no município de Itarema.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 17, DE 29 DE JULHO DE 2010 (DOE 05/08/10),

projeto da Usina Eólio-Elétrica Delta Eólica no município de Aracati.

• RESOLUÇÃO COEMA Nº 19, DE 23 DE SETEMBRO DE 2010(DOE

14/10/10), projeto Central Geradora Eólica Lagoa Seca no município de

Acaraú.

� Bahia - Legislação Estadual

• Resolução CEPRAM nº 2916/01. Aprova a Norma Técnica NT- 001/2001 e

seus Anexos I e II, que dispõe sobre a Análise do Processo de Licenciamento

das Linhas de Transmissão.

155

• Resolução CEPRAM n° 2.933, de 22 de fevereiro de 2 002, dispõe sobre a

criação Comissão Técnica de Garantia Ambiental (CTGA).

• Resolução CEPRAM nº 3688/06. Aprova a Norma Técnica – NT Critérios e

Diretrizes para elaboração e apresentação ao CRA ou SFC, de plantas

georreferenciadas e imagens.

• Resolução CEPRAM nº 3.688, de 27 de outubro de 2006, aprova a Norma

Técnica – NT 0003/06 que dispõe sobre os critérios e diretrizes para

elaboração e apresentação ao IMA, de plantas georreferenciadas e imagens

de satélite atuais, em processos de licenciamento ambiental de

empreendimentos de médio, grande e excepcional portes no estado da Bahia;

• Lei nº 10.431 de 20 de dezembro de 2006, dispõe sobre a Política de Meio

Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia e dá outras

providências.

• Lei nº 11.050, 06 de junho de 2008, altera a denominação, a finalidade, a

estrutura organizacional e de cargos em comissão da Secretaria de Meio

Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH e das entidades da Administração

Indireta a ela vinculadas, e dá outras providências.

• Resolução CEPRAM nº 3908/08. Disciplina os procedimentos de Anuência

Prévia em Unidades de Conservação do Estado da Bahia.

• Decreto n° 11.235 de 10/10/2008, aprova o Regulame nto da Lei nº 10.431, de

20 de dezembro de 2006, que institui a Política de Meio Ambiente e de

Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia, e da Lei nº 11.050, de 06 de

junho de 2008, que altera a denominação, a finalidade, a estrutura

organizacional e de cargos em comissão da Secretaria de Meio Ambiente e

Recursos Hídricos – SEMARH e das entidades da Administração Indireta a

ela vinculadas, e dá outras providências.

• Resolução CEPRAM nº 3.908, de 28 de novembro de 2008, disciplina os

procedimentos de Anuência Prévia em Unidades de Conservação do Estado

da Bahia.

156

• Resolução CEPRAM nº 3.925, de 30 de janeiro de 2009, dispõe sobre o

Programa Estadual de Gestão Ambiental Compartilhada com fins ao

fortalecimento da gestão ambiental, mediante normas de cooperação entre os

Sistemas Estadual e Municipal de Meio Ambiente, define as atividades de

impacto ambiental local para fins do exercício da competência do

licenciamento ambiental municipal e dá outras providências.

• Lei nº 11.478/09. Aprova o Plano Estadual de Adequação e Regularização

Ambiental dos Imóveis Rurais e dá outras providências.

• Decreto nº 11.657/09. Regulamenta o Plano Estadual de Adequação e

Regularização Ambiental dos Imóveis Rurais, aprovado pela Lei nº 11.478, de

01 de julho de 2009.

• Resolução CEPRAM nº 3925/09. Dispõe sobre o Programa Estadual de

Gestão Ambiental Compartilhada com fins ao fortalecimento da gestão

ambiental, mediante normas.

• Decreto 12.071, de 23 de abril de 2010, regulamenta o Plano Estadual de

Adequação e Regularização Ambiental dos Imóveis Rurais, aprovado pela Lei

nº 11.478, de 01 de julho de 2009 e dá outras providências.

• Portaria nº 13.278, de 04 de agosto de 2010, define os procedimentos e a

documentação necessária para requerimento junto ao IMA dos atos

administrativos para regularidade ambiental de empreendimentos e atividades

no Estado da Bahia

• Decreto nº 12.353, de 25 de agosto de 2010, altera o Decreto nº 11.235, de

10 de outubro de 2008, que regulamenta a Lei nº 10.431, de 20 de dezembro

de 2006, e dá outras providências.

• Resolução CEPRAM nº 4.119, de 30 de agosto de 2010, aprova a Norma

Técnica NT-01/2010, que dispõe sobre o Licenciamento Ambiental de Linhas

de Transmissão ou de Distribuição de Energia Elétrica, no estado da Bahia.

• Portaria Nº 13.950/2010 - Define os critérios e diretrizes para elaboração e

apresentação ao IMA de documentos e informações georreferenciadas

157

(coordenadas, plantas, imagens de satélite e fotografias aéreas verticais)

referentes a formação dos processos de licenciamento ambiental de controle

florestal, no estado da Bahia.

• Resolução Nº 4.180 de 29 de abril de 2011. Aprova a Norma Técnica NT-

(01/2011) e seus Anexos, que dispõe sobre o Processo de Licenciamento

Ambiental de Empreendimentos de Geração de Energia Elétrica a partir de

fonte eólica no Estado da Bahia.

158

ANEXO 3 - FOTOS

Nacele no Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA

Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.

Pá do aerogerador desmontada

Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.

159

Vista da comunidade de Boa Vista ampliada 15X do

Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.

Base de sustentação das torres 15m X 15 m

Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.

160

Base de sustentação das torres semi-pronta 15m X 15 m

Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.

Transporte de uma peça da torre no acesso ao

Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.

161

Estrada de acesso ao

Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.

Vista geral dos Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA

com os aerogeradores montados Fonte: Ângelo Brasileiro, 31/10/2011.

162

Acessos internos no

Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Ângelo Brasileiro, 31/10/2011.

Aerogeradores e a mudança da paisagem local no

Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Ângelo Brasileiro, 31/10/2011.

163

Placa na entrada do

Parque Eólico da Iberdrola – Rio do Fogo - RN Fonte: Fabiano Staut, 04/02/2012.

Aerogeradores no

Parque Eólico da Iberdrola – Rio do Fogo - RN Fonte: Fabiano Staut, 04/02/2012.

164

Vista da comunidade Rio do Fogo e

Parque Eólico da Iberdrola ao fundo– Rio do Fogo - RN Fonte: Fabiano Staut, 04/02/2012.

Vista da comunidade Rio do Fogo e

Parque Eólico da Iberdrola ao fundo– Rio do Fogo - RN Fonte: Fabiano Staut, 04/02/2012.