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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO – UnC CURSO DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
CLÁUDIA MARA WITT RATOCHINSKI
AGRICULTURA FAMILIAR: UM ESTUDO DA SAÚDE DO PRODUTOR DE TABACO
CANOINHAS 2015
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CLÁUDIA MARA WITT RATOCHINSKI
AGRICULTURA FAMILIAR: UM ESTUDO DA SAÚDE DO PRODUTOR DE TABACO
Dissertação apresentada como exigência para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional do Curso de Mestrado em Desenvolvimento Regional pela Universidade do Contestado – UnC Campus Canoinhas, sob a orientação do professor Dr. Luis Paulo Gomes Mascarenhas.
CANOINHAS 2015
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Ao meu marido Cidemar e aos meus filhos João Henrique e Gustavo, pela paciência, pelo incentivo e carinho de sempre...
4
“As crenças que temos sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre o futuro, determinam o modo como nos sentimos: o que e como as pessoas pensam afeta profundamente o seu bem-estar emocional” (BECK E KUYKEN, 2003).
5
AGRADECIMENTOS
À minha família, que soube conviver com as minhas ausências de esposa e mãe
durante o período dos estudos,
Ao meu orientador, Prof. Dr. Luis Paulo Gomes Mascarenhas,, que sempre me
motivou a enfrentar esta jornada,
Aos professores do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da UnC e
colegas de curso,
Aos meus alunos, que foram a razão de ser e fazer este Mestrado e que
impulsionam a busca pelo conhecimento,
A todos os outros...
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RESUMO
O setor fumageiro integra fortemente a economia da região norte catarinense e contribui de forma significativa para a geração de empregos e renda, sendo os municípios de Canoinhas e Itaiópolis destaques no cenário nacional e estadual em relação a esta cultura. Entretanto, para os fumicultores, tal cultura tem contribuído negativamente na qualidade da sua saúde, expondo-os a constantes riscos, devido a fatores como contato com agrotóxicos, exposição à doença da folha verde, radiação solar, problemas comportamentais, entre outros. Assim, a presente pesquisa teve por objetivo geral descrever o perfil da saúde de fumicultores dos municípios de Canoinhas e Itaiópolis. Caracterizou-se como uma pesquisa de natureza básica e quantitativa, porque traduziu em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. É uma pesquisa de caráter descritivo com levantamento de dados através de inquérito domiciliar. A amostra desta pesquisa foi constituída por 141 fumicultores dos municípios de Canoinhas e Itaiópolis. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: uma entrevista estruturada, o Inventário de Depressão de Beck – BDI, a Escala de Desesperança de Beck e a Escala de Fagerström para verificar o nível de dependência à nicotina. Os resultados encontrados indicam que as moradias dos fumicultores participantes da pesquisa, apresentam infraestrutura adequada. Pode ser observado que todos os entrevistados 141 (100,0%), responderam que os membros de sua família aplicam um ou mais produtos agrotóxicos na lavoura dos quais 79 (56,0%) dos fumicultores responderam que membros de suas famílias já apresentaram sintomas sugestivos de intoxicação. Mais da metade dos fumicultores – 94 (66,6%) responsáveis pela produção do tabaco referiu apresentar doenças, sendo os problemas mais referidos: problemas de coluna 49 (34,7%), colesterol 34 (24,1%), hipertensão 30 (21,2%), problemas de estômago 22 (15,6%), diabetes millitus 12(8,5%), falta de ar 12 (8,5%), câncer 10 (7,1%), bronquite 9 (6,3%) e depressão 8 (5,6%). O BDI apresentou o seguinte resultado: ausência de depressão para 101 (71,6%) fumicultores; depressão leve – 32 (22,7%); depressão moderada – 06 (4,2%); depressão grave – 02 (1,4%), e os resultados da BHS foram: desesperança mínima – 92 (65,2%) fumicultores; desesperança leve – 33 (23,4%), desesperança moderada – 13 (9,2%) e desesperança grave – 03 (2,1%). Dos 141 fumicultores entrevistados, 41 (29,0%) são tabagistas, sendo que 06 (14,7%) fumicultores apresentam dependência muito baixa, 08 (19,5%) dependência baixa, 14(34,1%) dependência média, 12 (29,3%) elevada e 1 (2,4%) dependência muito elevada. Palavras-chave: fumicultura, saúde do fumicultor, intoxicação por agrotóxico.
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ABSTRACT
The tobacco sector tightly integrates the economy of northern Santa Catarina region and contributes significantly to the generation of jobs and income being the municipalities of Canoinhas and Itaiópolis featured in national and state scenario for this culture. However, for tobacco growers, such a culture has contributed negatively affect the quality of their health, exposing them to constant risks due to factors like contact with pesticides, exposure to green leaf disease, solar radiation, behavioral problems among others. Thus, the present study was to describe the general profile of the tobacco growers of health of municipalities Canoinhas and Itaiópolis. Was characterized as a basic and quantitative research, as reflected in opinions numbers and information to classify them and analyze them. It is a descriptive study with data collection through a household survey. The sample was composed of 141 growers in the municipalities of Canoinhas and Itaiópolis. The instruments used for data collection were: a structured interview, the Beck Depression - BDI, the Beck Hopelessness Scale and the Fagerstrom Scale to check the level of nicotine dependence. The results indicate that the homes of the participants’ growers of research have adequate infrastructure. It can be seen that all respondents 141 (100.0%) responded that members of his family apply one or more pesticides products in the fields of which 79 (56.0%) of tobacco growers responded that members of their families have had symptoms suggestive of intoxication. More than half of growers - 94 (66.6%) responsible for the production of tobacco referred present diseases, being the most mentioned problems: back problems 49 (34.7%), cholesterol 34 (24.1%), hypertension 30 (21.2%), stomach upsets 22 (15.6%), diabetes mellitus 12 (8.5%), shortness of breath 12 (8.5%), Cancer 10 (7.1%), bronchitis 9 (6.3%) and depression 8 (5.6%). The BDI presented the following result: no depression for 101 (71.6%) tobacco growers; mild depression - 32 (22.7%); moderate depression - 06 (4.2%); severe depression - 02 (1.4%) and the BHS results were minimal hopelessness - 92 (65.2%) tobacco growers; light hopelessness - 33 (23.4%), moderate hopelessness - 13 (9.2%) and severe hopelessness - 03 (2.1%). Of the 141 growers interviewed, 41 (29.0%) are smokers whereas 06 (14.7%) growers have very low dependence, 08 (19.5%) low dependence, 14 (34.1%) average dependence, 12 (29.3%) high and 1 (2.4%) very high dependence. Key Words: tobacco farming, tobacco grower health, pesticide poisoning.
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LISTA DE SIGLAS
AFUBRA – Associação dos Fumicultores do Brasil
AMPLANORTE – Associação dos Municípios do Planalto Norte Catarinense
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AVC – Acidente Vascular Cerebral
BDI – Inventário de Depressão de Beck
BHS - Escala de Desesperança de Beck
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
DESER - Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais
DFV – Doença da Folha verde
DNA - Ácido Desoxirribonucléico
EPI – Equipamento de Proteção Individual
FTND – Fargerström Test for Nicotine Dependence
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IFDM – Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal
IDF – Índice de Desenvolvimento Familiar
IPM – Índice de Pobreza Municipal
MDA – Ministério do desenvolvimento Agrário
OIT – Organização Internacional do trabalho
OMS – Organização Mundial da Saúde
PIB – Produto Interno Bruto
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
PR - Paraná
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
RS - Rio Grande do Sul
SC – Santa Catarina
SINDITABACO – Sindicato dos Produtores de Tabaco
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TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
VIGITEL - Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Dados da fumicultura Mundial ...............................................................18 Quadro 2 - Dados da fumicultura Brasileira..............................................................19 Figura 1 - Concentração da produção por Microrregião Geográfica – SC...............22 Quadro 3 - Aspectos populacionais dos Municípios da 26ª SDR.............................23 Tabela 1 - Principais atividades econômicas do Município de Canoinhas...............24 Quadro 4 - Aspectos sociais do Município de Canoinhas........................................24 Quadro 5 - Aspectos da saúde do Município de Canoinhas....................................25 Quadro 6 - Aspectos populacionais dos Municípios da 25ª SDR.............................26 Tabela 2 - Principais produtos da economia de Itaiópolis..... ..................................26 Quadro 7 - Aspectos sociais do Município de Itaiópolis...........................................27 Quadro 8 - Aspectos da saúde do Município de Itaiópolis.......................................27 Tabela 3 - Maiores produtores Brasileiros de Tabaco.............................................32 Quadro 9 - Evolução do número de famílias fumicultoras, de hectares plantados e de produção nos estados do sul-brasileiro............................................................33 Tabela 4 - Maiores produtores de tabaco do Estado de SC.....................................34 Tabela 5 - Classificação dos riscos ocupacionais.....................................................49 Tabela 6 - Sinais e sintomas de intoxicação por agrotóxico e/ou nicotina..............................................................................................................45 Figura 2 - Localização do Município de Itaiópolis no Estado de SC.........................49 Figura 3 - Localização do Município de Canoinhas no Estado de SC......................49 Tabela 7 - Variáveis socioeconômicas das famílias fumicultoras.............................51 Tabela 8 - Variáveis de saúde das famílias fumicultoras..........................................53 Tabela 9 - Variáveis sociodemográficas do responsável pela produção do tabaco..................................................................................................................57 Tabela 10 - Perfil da saúde dos responsáveis pela produção do tabaco.................60 Quadro 10 - Resultados de indivíduos preocupantes do BDI, BHS e Dependência Tabágica segundo o Fagerström........................................................64 Tabela 11 - Sinais e sintomas apresentados pelos fumicultores responsáveis pela produção do tabaco durante a cultura........................................65 Tabela 12 - Status tabágico, dependência à nicotina e uso de bebida alcoólica pelos fumicultores responsáveis pela produção do tabaco......................................67 Tabela 13 - Satisfação e motivos apresentados pelos fumicultores responsáveis pela produção do tabaco para parar ou não com a cultura do tabaco.....................70
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................12
2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................12
2.1 A HISTÓRIA DO TABACO..................................................................................12
2.1.1 O TABACO NO MUNDO...................................................................................12
2.1.2 A CHEGADA DO TABACO NO BRASIL...........................................................18
2.1.3 O TABACO NO TERRITÓRIO CATARINENSE................................................20
2.1.4 O TABACO NA REGIÃO NORTE CATARINENSE...........................................22
2.1.4.1 Aspectos Gerais do Município de Canoinhas.................................................23
2.1.4.2 Aspectos Gerais do município de Itaiópolis ...................................................25
2.2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL.....................................................................27
2.3 AGRICULTURA FAMILIAR.................................................................................30
2.4 FUMICULTURA...................................................................................................32
2.5 AGROTÓXICO.....................................................................................................34
2.5.1 TIPOS DE AGROTÓXICOS..............................................................................35
2.5.2 MODO DE AÇÃO DOS AGROTÓXICOS NAS PRAGAS, NAS
PLANTAS E NOS AMBIENTES.................................................................................35
2.5.3 CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA.................................................................36
2.6 RISCOS DA ATIVIDADE FUMAGEIRA..............................................................36
2.6.1 DEPRESSÃO, SUICÍDIO E USO DE AGROTÓXICO......................................40
2.6.2 A DOENÇA DA FOLHA VERDE (DFV)............................................................44
3 METODOLOGIA.....................................................................................................47
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS......................................51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................73
REFERÊNCIAS..........................................................................................................75
ANEXOS............................................................... .....................................................84
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1 INTRODUÇÃO
O estado de Santa Catarina, devido à sua condição geográfica, ao seu relevo
acidentado e formação histórica, apresenta dificuldades no desenvolvimento de
grandes propriedades rurais o que favorece o desenvolvimento de pequenas
propriedades bem como o desenvolvimento da agricultura familiar. Assim, Santa
Catarina se caracteriza pela presença marcante da agricultura familiar e por uma
forte influência da cultura e dos valores rurais na sua formação social, econômica e
política (KALNIN, 2004).
Segundo Martins (2007), não existe muito consenso em relação ao termo
agricultura familiar. Entretanto, o autor descreve a agricultura familiar como aquela
em que o trabalho da unidade de produção é desenvolvido predominantemente pela
família, sendo esta a que mantém tanto a iniciativa, o domínio e o controle do que
produzir e de como produzir.
Em Santa Catarina, uma das principais culturas desenvolvidas através da
agricultura familiar é a fumicultura onde o tabaco é o terceiro produto mais
exportado, sendo fator de alta arrecadação de impostos e grande gerador de
empregos diretos e indiretos (BIOLCHI, 2003; SINDITABACO, 2012).
Na região norte catarinense, dois municípios se destacam como produtores de
tabaco: Canoinhas e Itaiópolis que figuram na primeira e segunda colocação
respectivamente no ranking estadual e na quinta e nona colocação no ranking
nacional (AFUBRA, 2012). Portanto, o setor fumageiro integra fortemente a
economia desta região e contribui de forma significativa para a geração de empregos
e renda.
Entretanto, para os trabalhadores rurais que cultivam o tabaco, tal cultura tem
contribuído negativamente na qualidade de sua saúde, expondo-os a constantes
riscos devido a fatores como contato com agrotóxicos, exposição à doença da folha
verde, radiação solar, problemas comportamentais entre outros (CARGNIN, 2013).
Segundo Cargnin (2013) para a obtenção efetiva da produção do tabaco, o
fumicultor utiliza agrotóxico e muitas vezes, em grande escala. Através do uso do
agrotóxico, o fumicultor pretende compensar a perda de produtividade provocada
pela degradação do solo e para controlar o aparecimento de doenças na planta.
Muitas vezes, o uso do agrotóxico é feito de forma exagerada e inadequada,
13
trazendo diversos danos ao meio ambiente e à saúde do trabalhador rural, expondo-
o a riscos ocupacionais. Torna-se importante destacar que o termo “fumicultor”
utilizado neste trabalho, refere-se ao agricultor que se dedica à cultura¹ do tabaco, o
que compreende desde o preparo da lavoura até a organização final das folhas
secas para a venda.
Para Ascari, Scheid e Kessler (2012), a grande utilização dos agrotóxicos vem
despertando atenção crescente de pesquisadores do setor da saúde, pois segundo
dados mais recentes da Organização Internacional do Trabalho/Organização
Mundial da Saúde (OIT/OMS), os agrotóxicos causam anualmente 70 mil
intoxicações agudas e crônicas que evoluem para óbito e pelo menos 7 milhões de
doenças agudas e crônicas não fatais, trazendo consequências severas para a
saúde humana aumentando os gastos no setor da saúde pública. Dentre os
problemas de saúde encontrados pelo uso e manejo do agrotóxico, destacam-se
intoxicação, doença da folha verde (DFV) e alterações comportamentais que podem
evoluir para um quadro de ansiedade, depressão e inclusive o suicídio (SILVA et al
2005 apud ASCARI, SHEID, KESSER, 2012).
Koifman e Hatagima (2003) afirmam que a exposição às substâncias químicas
e aos agrotóxicos é também uma das condições potencialmente associadas ao
desenvolvimento do câncer em agricultores e principalmente em fumicultores, devido
à sua possível atuação em substâncias capazes de alterar o DNA de uma célula
predispondo o agricultor a mais este tipo de doença. Além da vulnerabilidade ao
câncer provocado pela exposição às substâncias químicas, o fumicultor está exposto
a mais um tipo de câncer – o câncer de pele. Este problema de saúde se justifica
principalmente, pelo período da colheita das folhas acontecer no período de verão,
trazendo grandes dificuldades e sofrimentos a esta população.
Assim, o fumicultor se vê diante de uma situação conflituosa: de um lado tem
no cultivo do tabaco a sua fonte de renda, do outro lado os problemas acarretados
pela exposição à situações adversas podendo comprometer seriamente sua saúde e
consequentemente a sua qualidade de vida.
___________________________________________
¹ “Ação, processo ou efeito de cultivar a terra; lavra, cultivo...” (HOUAISS, p. 583, 2009).
14
Portanto, esta pesquisa teve como questão norteadora verificar a influência do
cultivo do tabaco na saúde dos fumicultores nos municípios de Canoinhas e
Itaiópolis, já que a região norte catarinense é conhecida por ter um grande número
de plantações de tabaco. Mesmo tendo impacto no cenário econômico, o plantio do
tabaco gera prejuízos à saúde do fumicultor e aos demais atores envolvidos no
plantio desta cultura e esta situação antagônica parece caminhar na contramão do
que se entende por desenvolvimento. A escolha destes municípios se deu pelo fato
de figurarem entre os 10 maiores produtores de tabaco no Brasil.
Entretanto, pensando em desenvolvimento não apenas como um processo de
mudança socioeconômica, mas também de melhoria da qualidade de vida para a
população, o tema aqui sugerido traz uma responsabilidade adicional
socioeconômica e de saúde. De um lado temos o recolhimento de impostos gerados
pela produção do tabaco, pela venda do cigarro bem como garantia da
sobrevivência financeira do fumicultor. Do outro lado, existem os prejuízos
provocados tanto pelo cultivo do tabaco como também pelo seu uso, os quais
superam qualquer argumento puramente econômico (CARGNIN, 2013).
Assim, estudar as nuances do desenvolvimento regional não é uma tarefa
simples devendo ser realizada pelas diferentes interfaces disciplinares, para que
cada área de estudo possa colaborar com os conhecimentos pertinentes a sua
formação, já que o desenvolvimento se desdobra em questões variadas, não
podendo ser foco somente de economistas. O desenvolvimento é um assunto que
deve ser discutido de maneira ampla em todos os níveis de ensino, dando condições
a toda a sociedade do seu entendimento (WIECZORKIEVICZ, 2012). Desta forma,
percebe-se a pertinência deste estudo em descrever a realidade da saúde da
população em questão, pois, na busca por material bibliográfico em base de dados,
percebeu-se uma lacuna de conhecimento acerca dessa temática.
Portanto, para responder a questão norteadora da presente pesquisa, foi
delineado como objetivo geral descrever o perfil da saúde de fumicultores dos
municípios de Canoinhas e Itaiópolis. Como objetivos específicos, buscou-se
identificar os principais problemas de saúde apresentados pelos fumicultores,
investigar a intensidade de sintomas de depressão nos fumicultores, mensurar a
dimensão do pessimismo dos fumicultores diante do futuro, verificar a prevalência do
uso do tabaco e o grau de dependência tabágica nos fumicultores tabagistas,
analisar a associação entre as variáveis: intensidade de sintomas de depressão,
15
dimensão do pessimismo diante do futuro e satisfação com a cultura do tabaco.
Também, delineou-se como objetivo específico, caracterizar as condições
socioeconômicas dos fumicultores.
A pesquisa partiu das hipóteses de que os fumicultores apresentam como
principais problemas de saúde, problemas respiratórios, problemas de coluna,
problemas cardiovasculares, câncer e depressão; que o fumicultor responsável pela
produção do tabaco em algum momento apresenta sinais/sintomas de intoxicação,
que o momento da cultura do tabaco que mais provoca a intoxicação é a colheita;
que a maioria dos fumicultores são tabagistas ativos e em relação a dependência
tabágica apresentam escores indicativos de dependência elevada; apresentam
sintomas depressivos que variam a intensidade de leve a moderada e apresentam
atitudes negativas em relação ao futuro com sintomatologia de desesperança
moderada.
Assim, os resultados desta pesquisa poderão contribuir para propor políticas
públicas a essa população específica com atuação intersetorial, bem como
multiprofissional, com vistas a desenvolver ações direcionadas à manutenção da
saúde dos fumicultores, ao cuidado e à prevenção de doenças ocupacionais que
mais afetam esta população, sendo esta pesquisa uma importante ferramenta de
planejamento de gestão pública.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A HISTÓRIA DO TABACO
2.1.1 O Tabaco no Mundo
O hábito de fumar é muito antigo na civilização. Trata-se de um comportamento
que foi aceito socialmente e até imitado durante muito tempo. Sabe-se que há mais
de quatro mil anos o cultivo e o uso do tabaco já era desenvolvido pelos Maias na
região da América do Norte e América Central. Os missionários e descobridores
levaram as primeiras sementes de tabaco para a Europa, mas seu cultivo inicial era
feito apenas por curiosidade (DESER, 2003).
Considera-se o tabaco como sendo de origem americana, onde foi cultivado
pelos indígenas, tanto da América do Sul como do Norte. Uma das hipóteses mais
prováveis é a de que a planta teria surgido nos vales orientais dos Andes Bolivianos,
difundindo-se pelo território brasileiro através das migrações indígenas, sobretudo
Tupi-Guarani (SINDITABACO, 2012).
A propagação do tabaco iniciou se quando Colombo, em Cuba, viu os índios
fumando rolos feitos de folhas. Esse hábito foi adquirido e rapidamente introduzido
pela Europa por meio da Espanha, Portugal, França e Inglaterra (ROSEMBERG;
ROSEMBERG; MORAES, 2005). O tabaco no início foi considerado uma erva com
grandes propriedades medicinais, sendo utilizado para mais de 50 tipos de doenças,
sob diferentes formas: fumo, cataplasma, infusões, entre outras. Entretanto, o seu
uso medicinal foi gradualmente declinando até o completo desaparecimento, ao
contrário do hábito prazeroso que continuou sendo difundido pelo mundo
(ROSEMBERG, 2006).
Em 1530, plantas de tabaco teriam sido levadas para a Europa e cultivadas
pela família real portuguesa por seu aspecto ornamental e por sua função medicinal.
Trinta anos depois, em 1560, o então Embaixador da França em Portugal, Jean
Nicot, ao saber “dos poderes medicinais da planta”, pois propagavam a ideia de que
a planta curava enxaquecas, a enviou para sua rainha, em Paris, Catherina de
Medicis, a qual sofria deste mal. A rainha teria iniciado o hábito de fumar, e como a
nobreza era modelo a ser imitado pelos demais, o comportamento se difundiu
rapidamente pelos demais países da Europa, o que teria originado o mercado de
tabaco em pó, chamado rapé. (SINDITABACO, 2012).
17
Nardi (1996) comenta que o tabaco era conhecido na França pelo nome de
Herbe à la Reine ou Petum, nome da planta na língua tupi dos índios brasileiros, e
Lonitzer deu-lhe em 1565, em homenagem a Nicot, o nome científico de Nicotiana
que todos os botânicos adotaram. Salienta-se assim a importância do Brasil na
difusão do tabaco pelo mundo, mas também o papel fundamental de Jean Nicot.
Graças a ele, o uso do desta planta se expandiu nas cortes da França e das nações
européias, e abriu um vantajoso mercado à planta mágica dos índios americanos.
Contudo, o tabaco nem sempre foi aceito. Teve seus oponentes, dos quais Jaime I,
rei da Inglaterra (1556-1625), foi o mais conhecido. Mas nenhuma proibição pôde
impedir o consumo que nunca parou de se desenvolver.
Em seu livro “O fumo brasileiro no período colonial”, Nardi (1996) relata que
existiam duas espécies conhecidas, no século XV, a Nicotinum tabacum,
preponderante na América do Sul e nas Antilhas, e a Nicotiana rústica, único fumo
existente na América Setentrional.
O tabaco foi introduzido no hábito europeu, a partir da crença de suas
propriedades farmacológicas. Tanto a corte portuguesa, quanto à francesa,
passaram a consumir o produto, tornando-o um sucesso no meio, na esperança de
curas milagrosas de enfermidades dos nobres. Isso fez com que vários grupos de
atendentes de saúde da época desenvolvessem teorias e teses sobre o tabaco,
mesmo sem tê-lo jamais visto (SILVA, 2002).
Assim, em apenas um século o tabaco passou a ser conhecido e usado no
mundo inteiro, expandindo-se de duas maneiras: a primeira, por meio dos
marinheiros e soldados, pois o tabaco era um bom passatempo durante os longos
períodos das viagens; a segunda, durante as expedições portuguesas que levaram a
planta para Portugal e França, difundindo-a para outros países europeus, da África e
do oriente (SINDITABACO, 2012).
18
Quadro 1- Dados da fumicultura mundial.
2.1.2 A chegada do Tabaco no Brasil
O tabaco vem sendo utilizado nas Américas há anos em várias formas e com
objetivos diferentes. Para alguns grupos indígenas, o uso do tabaco faz parte de
ritos religiosos por possuir caráter sagrado e origem mítica. Já nas sociedades
modernas das Américas, o tabaco é utilizado como estimulante, provocando uma
melhora no rendimento bem como no prazer pessoal e social (ISMAEL, QUAYLE,
2003).
A planta chamada nicotiana tabacum, chegou ao Brasil através do processo de
migração dos índios tupis-guaranis sendo que o primeiro contato dos portugueses
com a erva foi no seu desembarque aqui. Inicialmente, as folhas desta planta foram
utilizadas para fumo de cachimbo (século XVII), rapé e tabaco para mascar (século
XVIII), charuto (século XIX), e desde o início do século passado, o cigarro passou a
ser produzido em forma de produção industrial, e foi cada vez mais sendo associado
a padrões de vida elevados, atingindo principalmente o público mais jovem (COSTA
E SILVA & ROMERO, 1988, SCHWARTZ, 1992 apud ISMAEL, QUAYLE, 2003).
Assim, no início do século XVI, os primeiros portugueses a desembarcarem no Brasil
já encontraram o cultivo do tabaco em quase todas as tribos indígenas.
19
Os índios brasileiros chamavam o fumo de “Petum” ou “Petym”, originando-se
daí o nome das tribos de mascadores de fumo “petiguares”. As expressões “pito” ou
“pitar” tem no termo primeiro seu nascimento (SIMONSEN, 1967 apud SILVA, 2002).
Rapidamente o cultivo e comércio de tabaco no Brasil colonial passaram a ter
importância destacada, a ponto de já no decorrer do século XVII o seu comércio ter
conhecido várias legislações e taxações, passando a figurar entre os principais
produtos exportados durante o período do Império. Esta importância está marcada
até os dias atuais no brasão das Armas da República, onde o tabaco e o ramo de
café constituem o coroamento deste símbolo da nacionalidade brasileira
(SINDITABACO, 2012).
Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de fumo ficando
somente atrás da Índia. Isso se deve a fatores como os reduzidos custos internos de
sua produção (agricultura familiar) e a não mecanização da lavoura, que proporciona
melhor qualidade ao produto através de cuidados manuais. Em média, trabalham na
lavoura do fumo em torno de três a quatro integrantes de cada família, o que
equivale a cerca de 520 mil pessoas atuando nessa atividade, principalmente nos
períodos do plantio, colheita, classificação e secagem (BRASIL, 2007).
Quadro 2 – Dados da fumicultura brasileira.
20
2.1.3 O Tabaco no Território Catarinense
No Brasil até 1810, o plantio de tabaco era permitido apenas no estado da
Bahia. Entretanto, a abertura dos portos às nações amigas do Brasil proporcionou a
desconcentração das áreas produtoras para as outras províncias brasileiras. A partir
de 1850, Rio Grande do Sul e Santa Catarina começaram a ganhar destaque na
produção de tabaco, em razão do cultivo que passava a ser realizado em pequenas
propriedades, nas áreas destinadas à colonização com imigrantes europeus,
notadamente, nas áreas com imigrantes alemães (SILVEIRA, DORNELLES,
FERRARI, 2012).
Segundo os autores acima citados, no século XX, principalmente nas três
primeiras décadas, em razão do crescente aumento do consumo de cigarros tanto
no mercado interno quanto externo, houve uma gradativa diminuição da produção de
tabacos escuros destinados à produção de charutos, como os cultivados nos
estados do nordeste brasileiro. Enquanto isso, no Rio Grande do Sul e em Santa
Catarina a produção ampliava-se devido estes estados serem especializados na
produção de tabacos claros, ideais para a confecção de cigarros.
A introdução do fumo em Santa Catarina se deu principalmente pela produção
do fumo de corda, sempre em quantidades muito pequenas e comercializadas por
fábricas artesanais de fumo. Já o cultivo comercial, segundo Paulino (1990 apud
SILVA, SCHÜTZ e SOUZA, 2012), ocorreu por iniciativa da Souza Cruz, através de
incentivos na produção na região. Além da Souza Cruz, destacam-se outras
empresas do ramo instaladas em Santa Catarina que devem ser mencionadas: a
Universal Leaf, Continental Tobacco Alliance, Alliance One e Kannenberg (JUNIOR,
BINOTTO, PEREIRA, 2010 apud SILVA, SCHÜTZ E SOUZA, 2012).
Alguns registros do IBGE da década de 1940 já indicavam a região Sul como a
maior produtora de tabaco em folha, com 52% da produção nacional. Não obstante,
a partir da década de 1970, com a intensificação da internacionalização do setor,
com o incremento dado aos tratos convencionais da agricultura e o advento
tecnológico também incorporado, a região Sul quase triplicou a quantidade
produzida em relação à região Nordeste. De 1940 a 2006 a região Sul apresenta um
crescimento de aproximadamente 31 vezes. Nela, destacam-se Santa Catarina e
Paraná, que a partir do ano de 1975 passam a ser segundo e terceiro maiores
produtores, respectivamente, atrás apenas do Rio Grande do Sul. Se em 1940 as
21
regiões Sul e Nordeste respondiam juntas por 93% da produção nacional, em 2006
apenas o Sul respondia por 96,8% da produção nacional (SILVEIRA, DORNELLES,
FERRARI, 2012).
Os mesmos autores afirmam que o crescimento progressivo da produção de
tabaco nos estados do Sul do país, fez com que o Brasil alcançasse atualmente a
posição de segundo maior produtor mundial de tabaco em folha, e desde 1993 o
posto de principal país exportador. Se por um lado a longa tradição do país em
cultivar e exportar o tabaco contribui para essa participação no mercado mundial de
tabaco, por outro lado é preciso registrar que existe um conjunto de fatores internos
e externos que explica e fundamenta esse desempenho.
As regiões que concentram no Estado a produção de tabaco são: o Sul (31%
da produção estadual), o Vale do Itajaí (26%), o Norte (23%) e o Oeste (15%). As
maiores produtividades se encontram nas seguintes regiões: Sul (2.064 kg/ha),
Grande Florianópolis (2.027 kg/ha) e Norte (2.024 kg/ha) (VARASCHIN, 2011).
A mesma autora afirma que no estado existem 55.200 famílias produtoras de
tabaco e que a maioria delas é composta de pequenos produtores, cujas
propriedades possuem menos de dez hectares. Alguns deles nem terra possuem,
trabalham em regime de parceria. Na safra 2009/10 suas produções geraram uma
renda de R$ 1.544 milhões. Em Santa Catarina, assim como no Rio Grande do Sul e
no Paraná, a produção de fumo é realizada em regime de integração com a indústria
e, assim, o dimensionamento do plantio se dá de acordo com as necessidades
internas e de exportação do produto. No Estado, aproximadamente 65% da
produção é exportada (no Brasil este número varia entre 70 e 82%, dependendo do
ano).
Até 2005 Santa Catarina não exportava um volume significativo de tabaco. A
partir de 2006 as exportações se intensificaram. Em 2008 o estado exportou 79% de
sua produção, foi o recorde. Desde aquele ano as exportações vêm decrescendo.
Em 2009, exportou-se 74,7% da produção, e em 2010 este número chegou a 65%.
Em termos de quantidade, o volume exportado em 2010 foi 48% menor que em
2009. Os principais compradores de tabaco catarinense são os Países Baixos,
seguidos da Bélgica, Rússia, Alemanha e Polônia (VARASCHIN, 2011).
22
2.1.4 O Tabaco na Região Norte Catarinense
Historicamente, na região norte catarinense, predominava o cultivo de lavouras
temporárias e alimentares como o milho voltado ao autoconsumo, o feijão (lavoura
de renda) e o fumo. Gradativamente, vê-se a rentabilidade das lavouras (como o
feijão) reduzida e sendo substituída principalmente pela cultura do fumo (UFSC,
2013).
Entretanto, apesar de todos os inconvenientes inerentes à produção e
consumo do fumo (uso de agrotóxicos, saúde dos usuários, saúde do fumicultor),
esta tem sido uma das poucas opções de renda em situações de pouca área
disponível, baixa disponibilidade de capital e falta de oportunidade. Mesmo assim,
Santa Catarina é o segundo produtor nacional de fumo, cultivado de forma intensiva
por mais de 56 mil pequenos produtores rurais (UFSC, 2013).
A produção no estado é significativa ocupando uma área de 127 mil hectares
(ANUÁRIO BRASILEIRO DO TABACO, 2011). Possui importância no contexto
nacional, pela produção obtida, envolvendo expressivo número de famílias,
movimentando a economia e assim gerando empregos e renda nos meios urbano e
rural (DUTRA, HILSINGER, 2013). A microrregião de Canoinhas concentra
aproximadamente 29% da produção do estado (IBGE, 2010).
Figura 1 - Concentração da produção por microrregião geográfica - Santa Catarina - Safra 2010.
Fonte: IBGE (2010).
23
Nesta microrregião, dois municípios se destacam na produção do tabaco e
estão entre os 10 maiores produtores brasileiros desta cultura: Canoinhas e
Itaiópolis.
2.1.4.1 Aspectos Gerais do Município de Canoinhas
O município de Canoinhas foi fundado em 1888 como Santa Cruz de
Canoinhas. Tornou-se distrito em 1902 e, separada de Curitibanos em 1911, foi o
centro da Guerra do Contestado entre 1912 e 1916. Por volta de 1930, um ramal
ferroviário implantado para uni-la ao distrito de Marcílio Dias, integrou a cidade à
estrada de ferro São Paulo – Rio Grande do Sul e ao porto de São Francisco do Sul,
provocando uma grande revolução na economia local. A variedade étnica vem
desde o início da história do município, que atraiu imigrantes alemães, italianos,
ucranianos e japoneses por causa da erva-mate (SEBRAE, 2010).
Canoinhas se situa a uma distância de 353 km da capital, conta com uma área
territorial de 1.144,1 km². Possui uma população total de 52.765 habitantes, dos
quais 74,4% moram na área urbana e 25,6% são residentes da zona rural. A
população masculina perfaz um percentil de 49,4 e a população de mulheres de 50,6
(IBGE, 2010).
Quadro 3 – Aspectos populacionais dos municípios da 26ª SDR.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo demográfico 2010
24
O município de Canoinhas tem a sua base econômica no ramo madeireiro,
entretanto, o setor agrícola se encontra como a segunda força econômica, tendo
como um dos destaques o cultivo do tabaco.
Tabela 1 – Principais atividades econômicas do município de Canoinhas. ATIVIDADE % ATIVIDADES Madeireira 40% Fabricação de lâminas, chapas compensadas e
aglomeradas, portas, janelas e papel. Agrícola 22% Cultivo de fumo, milho, soja, feijão e outros. Comercial 20% Ramo de móveis, eletrodomésticos e materiais de construção
com a presença de grandes redes nacionais. OUTRAS
Frigorífica 3% Abate de suínos e bovinos; preparação de carnes e seus subprodutos.
Cerâmica 2% Fabricação de artefatos para a construção civil. Erva-mate 2% Beneficiamento da erva-mate. Serviços 11% Transporte de cargas, hotéis, restaurantes, bares.
Fonte: Prefeitura Municipal de Canoinhas, 2013.
A caracterização da qualidade de vida do município se apoiou no uso de
indicadores reconhecidos e amplamente utilizados, como é o caso do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal
(IFDM) e o Índice de Desenvolvimento Familiar. Em ambos os casos, foram
avaliados aspectos relacionados à educação, longevidade, emprego e renda, acesso
ao trabalho, condições habitacionais e outras variáveis que integram alguns dos
indicadores de desenvolvimento humano mencionados (SEBRAE, 2010).
Quadro 4 – Aspectos Sociais do Município de Canoinhas
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo demográfico 2010.
25
A avaliação do desempenho municipal em relação aos aspectos ligados à
saúde foi associada ao acompanhamento de indicadores como natalidade,
mortalidade e expectativa de vida, bem como ao mapeamento dos recursos físicos e
humanos disponíveis na área da saúde (SEBRAE, 2010).
Quadro 5 – Aspectos da Saúde do Município de Canoinhas
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo demográfico, 2010
2.1.4.2 Aspectos gerais do município de Itaiópolis
A História de Itaiópolis reúne muitas etnias e tem origem na fundação da
cidade paranaense de Rio Negro. Os primeiros colonos chegaram em 1891,
oriundos da Inglaterra. Imigrantes russos, poloneses e alemães vieram pouco depois
e, com as famílias de tropeiros que acampavam na região, começaram a formar o
povoado onde hoje se localiza a cidade. Itaiópolis pertenceu ao Paraná até se tornar
independente, em 1909, mas um acordo realizado em 1917, após a Guerra do
Contestado, converteu a localidade novamente em distrito, desta vez pertencente a
Mafra. Um ano depois, Itaiópolis conquistou definitivamente sua emancipação
(SEBRAE, 2010).
Itaiópolis se situa a uma distância de 330 km da capital, conta com uma área
territorial de 1.295 km². Possui uma população total de 20.301 habitantes, dos quais
52,9% moram na área urbana e 47,1% são residentes da zona rural. A população
masculina perfaz um percentil de 51,3 e a população de mulheres de 48,73 (IBGE,
2010).
26
Quadro 6- Aspectos Populacionais dos Municípios da 25ª SDR
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo demográfico 2010.
Tabela 2 – Principais produtos da Economia do Município de Itaiópolis ATIVIDADE PRODUTOS Agricultura Arroz, Batata, Cebola, Feijão, Fumo,
Milho, Soja, Erva-mate, Tomate, Trigo, Cevada, Triticale, Abóbora, Kabutiá, Mandioquinha Salsa, Pera, Citros, Ameixa, Pêssego.
Pecuária Bovinos de leite, Bovinos de corte, Ovinos, Suínos e Equinos.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2014.
A caracterização da qualidade de vida do município de Itaiópolis, também se
apoiou no uso de indicadores reconhecidos e amplamente utilizados, como o Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH), o Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal
(IFDM) e o Índice de Desenvolvimento Familiar. Em ambos os casos, foram
avaliados aspectos relacionados à educação, longevidade, emprego e renda, acesso
ao trabalho, condições habitacionais e outras variáveis que integram alguns dos
indicadores de desenvolvimento humano mencionados (SEBRAE, 2010).
27
Quadro 7 – Aspectos Sociais do Município de Itaiópolis
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo demográfico 2010.
A avaliação do desempenho municipal em relação aos aspectos ligados à
saúde foi associada ao acompanhamento de indicadores demográficos, natalidade e
mortalidade, bem como ao mapeamento dos recursos físicos e humanos disponíveis
na área da saúde (SEBRAE, 2010).
Quadro 8 – Aspectos da Saúde do Município de Itaiópolis
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo demográfico 2010.
2.2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Frequentemente a ideia de desenvolvimento é reduzida a desenvolvimento
econômico, esse sendo entendido como um processo de crescimento econômico,
reduzido a indicadores quantitativos como renda e nível de emprego, capacidade
produtiva e população (FREY; WITTMANN, 2006). Esta forma de entender o
desenvolvimento desconsidera as dimensões sociais, geoambientais, políticos-
institucionais e científico-tecnológicas (CASAROTTO; PIRES, 2001).
28
Considerando que o debate sobre desenvolvimento regional vem ocupando o
meio acadêmico e os discursos de políticos, Mattedi e Theis (2002 apud FREY,
WITTMANN, 2006) ampliam o conceito, assumindo que o mesmo contém, além de
um caráter objetivo, uma dimensão normativa. Concluem que o desenvolvimento
regional é uma categoria interdisciplinar que favorece a aproximação de diversas
áreas de conhecimento.
Nesse sentido, Becker (2001), ao discutir e refletir sobre a economia política da
regionalização do desenvolvimento contemporâneo, também afirma já não ser mais
possível se fazer a análise de uma determinada dinâmica de desenvolvimento
regional munido de um único instrumental teórico-metodológico disciplinar.
Becker (2001, p. 40) afirma que
o desenvolvimento regional deve ser entendido como um processo de transformações econômicas, sociais e políticas, cuja dinâmica é imprimida desde de dentro e por iniciativa própria dos agentes locais, manifesta nas mudanças estruturais ou qualitativas que um desenvolvimento regional sofre a partir de alterações endógenas.
O mesmo autor descreve ainda que o processo de desenvolvimento recente,
em que reina absoluto o modo de produção capitalista, tem no desenvolvimento
local sua forma elementar. Afirma que “o desenvolvimento local é a aparência
singular, elementar e individualizada da complexa trama/rede de determinações e
relações que organizam e dinamizam o desenvolvimento contemporâneo
globalizado” (BECKER, 2001, p. 40).
Assim, com essa nova visão de desenvolvimento, pode-se considerar outros
indicadores além da distribuição de renda e dos níveis de produção. Outros estudos
(OLIVEIRA, LIMA, 2003; MAGALHÃES, MIRANDA, 2005) têm focado a relação
entre desenvolvimento e qualidade de vida, analisando dados de: educação, saúde,
criminalidade, saneamento, cultura, lazer, acesso à tecnologia, entre outros. Assim,
a agricultura familiar ocupa um lugar de destaque na construção de estratégias
alternativas de desenvolvimento local e territorial.
Uma série de instituições que compõem os territórios se fortalece com o
desenvolvimento da região, sendo possível avaliar sua pujança pelo envolvimento
de outros fatores que não somente a expansão industrial propriamente dita. Vázquez
Barquero (2001, p. 29) afirma que “cada fator e o conjunto de fatores determinantes
da acumulação de capital criam um entorno no qual tomam forma os processos de
transformação e de desenvolvimento das economias”. Assim, são a sinergia e
29
flexibilidade entre os diferentes atores atuantes em uma região que propiciam o
crescimento e desenvolvimento regional.
Para Boisier (1999) há nove formas de capital possíveis de serem encontradas
em um território organizado. Fossem elas articuladas com o capital sinergético
produziriam o desenvolvimento. Segundo este autor as nove formas de capital
seriam: primeira forma de capital - o capital econômico que se refere aos recursos
financeiros, geralmente exógenos a região. Este enfatiza a importância da
articulação entre os governos territoriais e os agentes financeiros. A segunda forma
seria o capital cognitivo que está relacionado a todo conhecimento científico e
técnico disponível em uma comunidade, gerando o conhecimento acerca do próprio
território e os saberes científicos e tecnológicos que podem ser usados para
promover o seu desenvolvimento. Terceira - o capital simbólico, sendo este
relacionado ao poder da palavra, de construir na região uma autoreferência, um
discurso regional, importante para competir com a concorrência internacional.
Quarta - o capital cultural que se refere aos produtos imateriais e materiais
específicos de uma determinada comunidade, constituintes da identidade coletiva e
da autoestima. A quinta forma é o capital institucional, ou seja, as instituições
públicas e privadas existentes em um determinado território e sua capacidade de
atuar e tomar decisões (velocidade, flexibilidade, maleabilidade, virtualidade e
inteligência) e principalmente o grau de cooperação entre elas. O capital
psicossocial é apresentado como a sexta forma de capital encontrada em um
território organizado. Este é entendido como a relação entre pensamento e ação, os
sentimentos e emoções, a autoconfiança coletiva e o reconhecimento de que o
futuro é socialmente construído. Sétima - o capital social, que se refere à capacidade
de cooperação e de confiança entre os membros de uma comunidade. Oitava forma
- o capital cívico, construído a partir das práticas políticas democráticas, de
confiança nas instituições públicas e da preocupação com os assuntos públicos. E o
capital humano, a nona forma de capital, de um modo geral, está relacionado aos
conhecimentos e habilidades que os indivíduos possuem. O capital sinergético seria
a capacidade social de promover ações em conjunto dirigidas para fins coletivos e
que supostamente seria um estoque latente existente em qualquer território. Nesse
caso o capital sinergético articulando-se com as demais formas de capital e a
preparação de um projeto político de desenvolvimento poderia criar as condições
propícias ao desenvolvimento.
30
2.2 AGRICULTURA FAMILIAR
Sabe-se que a utilização do conceito de agricultura familiar no Brasil remete a
década de 1990, quando inúmeros estudos buscaram quantificar e aferir a
participação deste segmento na produção nacional. Os agricultores familiares já
foram chamados de pequenos produtores, colonos, pequenos agricultores,
camponeses, entre outras definições. Lamarche (1996 apud KALNIN, 2004), prefere
usar o termo familiar que possibilita uma aproximação entre as diferentes formas de
conceituais e empíricas da agricultura familiar definindo-o como “uma unidade de
produção agrícola onde a propriedade e o trabalho estão intimamente ligados à
família” (p. 26).
Para efeito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar –
PRONAF, o Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, considerou como
familiares todos os agricultores que contratavam até dois empregados permanentes
e detinham área inferior a dois módulos fiscais. Já a Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura – CONTAG considera como familiares todos os
agricultores que trabalham em menos de dois módulos fiscais e que não contratem
mão de obra permanente. Um módulo fiscal possui em média 5 hectares de terra
conforme a legislação de cada estado (KALNIN, 2004).
A agricultura familiar foi definida pela FAO/INCRA (2000) como a agricultura
baseada em três fundamentos: 1) a família é quem realiza o gerenciamento/trabalho
da propriedade; 2) os fatores de produção pertencem à família; e 3) a área
pertencente à família, deve ser menor do que 4 (quatro) módulos fiscais².
Conforme a legislação brasileira, a definição de agricultor familiar está prevista
na Lei nº 11.326, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente
da República em 24 de julho de 2006. Em seu artigo 3º é considerado agricultor
familiar e empreendedor familiar rural:
___________________________________________ ² É uma unidade de medida que compreende uma área mínima necessária para uma propriedade possuir uma exploração economicamente viável. É expressa em hectares, sendo variável para cada município. Para determinar o módulo fiscal municipal leva-se em conta: o tipo de exploração do terreno, a renda obtida com esta exploração, outras explorações do município e o conceito de agricultura familiar (FAO/INCRA, 2000).
31
Aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I – não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II – utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas de seu estabelecimento ou empreendimento; III – tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas, vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV – dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. (BRASIL, p. 1, 2006ª apud CARGNIN, 2013).
A agricultura familiar tem como características preponderantes o trabalho e a
gestão e/ou administração familiar. Comparadas às grandes propriedades rurais, as
unidades familiares tendem a preservar melhor o meio ambiente. De maneira geral
são mais produtivas e economicamente viáveis, dispondo de um patrimônio rico e
diverso, o que marca a sua estrutura fundiária, caracterizada pelo pequeno tamanho
da propriedade, e sua diversificação produtiva (PRONAF, 2010).
A agricultura familiar é responsável por cerca de 60% dos alimentos
consumidos pela população brasileira e quase 40% do Valor Bruto da Produção
Agropecuária Nacional, além de apresentar-se como o segmento que mais cresceu
durante a década de 1990, aproximadamente 3,8% ao ano num período que os
preços caíram 4,7% ao ano. Tendo em vista que as cidades não mais absorvem
massa que abandona o campo e que o sistema de grandes propriedades rurais não
gera empregos suficientes para absorver a mão de obra rural, é importante o
incentivo a agricultura familiar (TOSCANO, 2005).
O incentivo a agricultura familiar se torna importante, pois é uma forma de
fortalecer a produção de gêneros alimentícios da dieta básica da população e
alavancar um maior desenvolvimento econômico. Furtado (2000) mostra que os
Estados Unidos da América favoreceram a pequena propriedade no início de sua
colonização e com isso ajudaram a desenvolver a produção local daquele país. Com
o aumento da produção, os preços se tornaram menores permitindo assim que a
população consumisse mais.
Esse aumento do consumo fortaleceu o comércio nascente que mais tarde
geraria lucros para se iniciar a industrialização estadunidense. Toscano ainda
ressalta a importância da agricultura familiar afirmando que:
[...] que todos os países desenvolvidos têm na agricultura familiar um sustentáculo do seu dinamismo econômico e de uma saudável distribuição da riqueza nacional. Todos eles, em algum momento da história, promoveram a reforma agrária e a valorização da agricultura familiar. Para se ter uma ideia, a ocupação histórica do território dos Estados Unidos foi na unidade entre gestão e trabalho e a agricultura foi inteiramente baseada na estrutura familiar (TOSCANO, 2005).
32
2.3 FUMICULTURA
A fumicultura no país, gradativamente, tem se intensificado no cenário produtivo
das unidades de produção agrícolas que possuem restrições nos fatores de
produção, especialmente, terra e mão de obra. O fumo vem se destacando como um
dos principais produtos da pauta de exportações brasileiras, principalmente na
região sul do país, onde ele é o terceiro produto mais exportado. Além disso, ele tem
sido uma importante fonte de renda para milhares de famílias, principalmente as que
possuem pequenas propriedades, representando uma cultura que possui um retorno
bastante superior a outras culturas (SILVA; FERREIRA, 2006).
A cultura do fumo é uma atividade exclusivamente rural, sendo realizada
manualmente desde o plantio até a colheita. O cultivo desta planta é realizado em
373 mil hectares, por 186 mil produtores em 730 municípios do Rio Grande do Sul,
de Santa Catarina e do Paraná. Sendo assim, essa produção deu ao Brasil destaque
no cenário mundial de maior exportador do mundo, atendendo a cerca de 100
países (SINDITABACO, 2012). Dentre os maiores produtores brasileiros do tabaco
encontram-se:
Tabela 3 - Maiores produtores brasileiros de tabaco – Safra 2011/12
Município Número de Produtores Produção (toneladas) Venâncio Aires 4.988 24.127 Canguçu 4.870 18.735 São Lourenço do Sul 4.098 18.343 Santa Cruz do Sul 4.220 16.726 Canoinhas 2.651 14.868 Candelária 3.542 14.488 Vale do Sol 3.020 14.175 Camaquã 2.598 13.459 Itaiópolis 2.313 12.397 Rio Azul 2.472 11.962
Fonte: AFUBRA, 2012.
O plantio do tabaco leva cerca de 10 meses, desde a preparação dos
canteiros de mudas até a colheita e posterior secagem das folhas. Após a colheita,
inicia-se o processo de secagem (cura) das folhas. Existem dois tipos de fumo mais
produzidos no Brasil, o Burley e o Virgínia. Pelos dados nacionais, observa-se que o
fumo Virgínia tem uma produção mais expressiva que o Burley: na safra 2008/09,
foram produzidos 617.870 e 115.490 toneladas, respectivamente (AFRUBRA, 2012).
Os fumos Burley e Virgínia possuem processos de cura distintos. O Burley é curado
33
em galpões, sem emprego de combustão alguma, mas o Virgínia, que possui
produção nacional mais expressiva, é curado em estufas, utilizando-se lenha como
comburente. A origem da lenha é uma questão preocupante, pois parte desta é
proveniente de desmatamento da mata nativa e também de eucalipto de
reflorestamento (ALMEIDA, 2005).
Como já fora dito anteriormente, os estados da região sul do Brasil possuem
importância no contexto nacional pela produção obtida, envolvendo expressivo
número de famílias, movimentando a economia e assim gerando empregos e renda
nos meios urbano e rural como pode ser verificado no quadro abaixo:
Quadro 9 – Evolução do número de famílias fumicultoras, de hectares plantados e de produção nos estados do sul do Brasil.
Fonte: SINDITABACO, 2012.
Os valores demonstram a importância que a produção fumageira alcançou
principalmente no que se refere ao número de famílias que empregam a força de
trabalho diretamente na produção. Nas safras 1979/80, estimava-se o número de
famílias da ordem de 94.080. Já na safra 2010/11 houve aumento indicando a
quantidade de 186.810 famílias produtoras (DUTRA; HELSINGER, 2013).
34
O estado de Santa Catarina se destaca no cultivo do tabaco – sendo o
segundo maior produtor brasileiro. Tem nesta cultura a base econômica de inúmeras
famílias Possui tradição na plantação de tabaco e tem nesta cultura a mola
propulsora da economia. Inclusive, parte do desenvolvimento econômico de seus
municípios está baseado especificamente do trabalho dos produtores de tabaco e na
instalação de empresas de beneficiamento da folha (SINDITABACO, 2012).
A região norte catarinense tem também na fumicultura, parte de sua base
econômica. Os maiores produtores de tabaco catarinense integram esta região,
como pode ser observado na tabela abaixo:
Tabela 4 – Maiores produtores de tabaco do estado de SC.
COLOCAÇÃO MUNICÍPIOS PRODUTORES PRODUÇÃO (ton) 1º CANOINHAS 2.651 13.054 2º ITAIÓPOLIS 2.313 11.771 3º IRINEÓPOLIS 2.130 10.945 4º SANTA TEREZINHA 1.981 10.906 5º IÇARA 1.218 7.836 6º BELA VISTA DO TOLDO 1.344 6.468 7º ITUPORANGA 964 6.235 8º VIDAL RAMOS 915 6.214 9º MAFRA 1.286 6.053 10º PAPANDUVA 1.269 5.978
Fonte: Safra 2011/2012 – Sinditabaco
2.5 AGROTÓXICO
Segundo o Decreto Federal nº 4.074 de 04 de janeiro de 2002, que
regulamenta a Lei Federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989, em seu Artigo 1º, Inciso
IV, caracteriza o agrotóxico como:
Agrotóxicos e afins – produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento. (BRASIL, 2002).
O início da utilização dos agrotóxicos na agricultura ocorreu por volta de 1920,
período em que pouco se sabia sobre o seu potencial toxicológico. Posteriormente
35
foi aplicado como arma química, durante a Segunda Guerra Mundial, tendo a partir
daí enorme expansão em sua produção (BONOTTO, SANTOS, 2011).
O uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil, assim como em outros países
da América Latina, resulta em níveis severos de poluição ambiental e intoxicação
humana, representando um grave problema de saúde pública (PERES, 2007 apud
ALMEIDA et al, 2011). Dados da Agência Nacional de Vigilância à Saúde (ANVISA,
2009) mostram que o Brasil é o país que consome mais agrotóxicos no mundo
(ALMEIDA et al, 2011).
2.5.1 Tipos de Agrotóxicos
De acordo com a especificação de sua ação tóxica podem ser classificadas
como: Inseticidas quando combatem as pragas, matando-as por contato e ingestão;
Fungicidas quando agem sobre os fungos impedindo a germinação, colonização ou
erradicando o patógeno dos tecidos das plantas; Herbicidas quando agem sobre as
ervas daninhas, seja pré-emergência como pós-emergência; Acaricidas quando
eliminam os acarinos; Nematicidas quando eliminam os nematóides do solo;
Moluscidas quando controlam lesmas; Raticidas quando agem sobre os ratos;
Bactericidas quando controlam as bactérias e Antibrotante (DUARTE, 2005).
2.5.2 Modo de ação dos agrotóxicos nas pragas, nas plantas e no ambiente.
A ação dos agrotóxicos é dividida da seguinte forma:
- Ação de contato: caracteriza o modo de ação de um pesticida que age e é
absorvido pela pele (tegumento) do inseto.
- Ação de ingestão: caracteriza o modo de ação de um pesticida que age e penetra
no organismo por via oral.
- Ação de profundidade: caracteriza o modo de atuação de um inseticida que tem
ação translaminar, ou seja, que aplicado na face de uma folha, exerce sua toxidez
contra insetos alojados inclusive na outra face da folha. Esta ação também pode ser
observada nos frutos, quando o pesticida atinge o interior dos mesmos por
translocação, destruindo as larvas das moscas-da-fruta.
- Ação fumigante: caracteriza o modo de ação de um pesticida que age penetrando
no inseto na forma de vapor através de suas vias respiratórias.
36
- Ação sistêmica: ação que é exercida por um pesticida que é absorvido por uma
planta e translocado em quantidades suficientes para tornar o local de translocação
tóxico para os insetos por um tempo ilimitado (SOUZA CRUZ, 1989 apud MORO,
2008).
2.5.3 Classificação Toxicológica
Segundo Moro (2008), o agrotóxico tem sua classificação em função de sua
DL50 (dose letal), que significa a quantidade de produto suficiente para causar a
morte da metade das cobaias em teste, é expressa em miligramas de principio ativo
por quilogramas de peso vivo.
A classificação toxicológica dos agrotóxicos é expressa da seguinte maneira:
- Classe toxicológica I (Rótulo Vermelho): Veneno no qual se encontram substâncias
ou compostos químicos considerados "altamente tóxicos" para o ser humano;
- Classe toxicológica II (Rótulo Amarelo): Veneno considerado "medianamente
tóxico" para o ser humano;
- Classe toxicológica III (Rótulo Azul): Veneno considerado "pouco tóxico" para o ser
humano.
- Classe toxicológica IV (Rótulo Verde): Veneno considerado "praticamente não
tóxico" para o ser humano (MORO, 2008).
2.6 RISCOS DA ATIVIDADE FUMAGEIRA: INTOXICAÇÃO E CÂNCER
A fumicultura é extenuante e cercada de riscos. Heemann (2009) apud Cunico
(2013) destaca que o cultivo demanda grande esforço físico e compromete a saúde
dos fumicultores. A autora relaciona aspectos negativos que podem ser observados
nos ciclos produtivos do tabaco como o contato com a folha úmida, a dificuldade de
utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) na aplicação de
agrotóxicos, o odor que exala das folhas de tabaco, o contato com o agrotóxico na
aplicação, as atividades de arar e lavrar, o calor, o sol e a chuva na lavoura, os
esforços físicos da colheita manual e a dificuldade em manter a vigília de 24 horas
durante a secagem das folhas nas estufas.
Segundo Mauro (2008, p. 2) apud Cunico (2013):
37
“o trabalhador, quando não consciente do que se passa em seu ambiente de trabalho, nada ou pouco faz a fim de evitar as consequências da prática laboral alienada e alienante. Desse modo, pesquisadores que estudam o trabalho patológico procuram apontar os fatores de risco laborais, apesar de que poucos são os interessados em adotar atitudes que minimizem tais riscos”.
O ambiente de trabalho dos fumicultores, devido a sua natureza, concentra
uma série de riscos que podem trazer diversos problemas de saúde a estes
indivíduos (HEMANN, 2009 apud CUNICO, 2013). Esses problemas são gerados
pela exposição dos fumicultores aos riscos ocupacionais, estes entendidos por Silva
(2002, p. 19) como “agentes nocivos isolados que são capazes de causar doença”.
Mendes (2007) afirma que as condições de risco existem e são mantidas
porque o convívio frequente com elas, ao longo do tempo, incorpora-as a
normalidade das tarefas laborais, entretanto, as pessoas deveriam saber sobre as
situações que constituem risco. Muitas vezes os trabalhadores envolvidos com as
condições ou fatores de risco não têm a real percepção da existência dos mesmos
ou não sabem que aquela situação constituiu risco potencial a integridade física ou
mental dos trabalhadores.
Contudo, a atividade fumageira sempre foi vista como uma atividade rentável
para as famílias rurais, fato este, responsável pela manutenção do homem no
campo, que por sua vez, não tem condições de competir no meio urbano. Esta
cultura, porém traz muitos prejuízos à saúde dos trabalhadores rurais,
principalmente através da exposição ao agrotóxico, que proporciona sérios riscos a
saúde humana (TROIAN et al., 2009).
A utilização dos agrotóxicos no meio rural brasileiro tem trazido uma série de
consequências, tanto para o ambiente como para a saúde do trabalhador rural. Em
geral, essas consequências são condicionadas por fatores intrinsecamente
relacionados, tais como o uso inadequado dessas substâncias, a pressão exercida
pela indústria e o comércio para esta utilização, a alta toxicidade de certos produtos,
a ausência de informações sobre saúde e segurança, a fácil apropriação do produto
por parte deste grupo de trabalhadores e a precariedade dos mecanismos de
vigilância. Esse quadro é agravado por uma série de determinantes de ordem
cultural, social e econômica (PIRES et al., 2005 apud MONQUERO et al., 2009).
Para garantir uma boa safra, os fumicultores usam muito agrotóxico. Este uso
exacerbado traz consequências à saúde dos fumicultores, causando intoxicação
38
aguda e/ou crônica, aumentando as chances desta população de desenvolverem
câncer, além de causarem a contaminação dos compartimentos ambientais como
água, solo e ar (INCA, 2007).
Segundo Biolchi (2003), nos últimos anos, tem-se procurado reduzir a
quantidade de agrotóxicos usados na fumicultura, mas a quantidade usada
atualmente, ainda é elevada, o que é preocupante, pois são produtos que podem
trazer sérios danos à saúde, principalmente quando manipulados sem o uso dos
equipamentos de proteção individual (EPIs).
O período de produção do tabaco até o produto final para venda estende-se
praticamente durante todo o ano. No início da primavera começam os preparativos
para as mudas de fumo. No verão ocorre o término da safra, ou seja, a colheita,
secagem e classificação; após o agricultor já começa a preparar lenha e as terras
para a próxima safra, e assim o fumicultor mantém contato com os agrotóxicos em
todas as etapas do cultivo do fumo (TROIAN et al., 2009).
A absorção dos agrotóxicos acontece por meio das vias respiratórias e
dérmicas e, em menor quantidade por via oral, podendo causar quadros de
intoxicação aguda ou crônica. A intoxicação aguda é aquela cujos sintomas surgem
rapidamente, algumas horas após a exposição ao veneno em doses elevadas, e se
caracterizam como sendo marcantes, cujo diagnóstico fica evidente a partir de
exames laboratoriais ou a manifestação de sintomas na exposição recente
(LONDRES, 2011).
As intoxicações crônicas se caracterizam pelo surgimento tardio, em que os
sintomas são normalmente subjetivos e o diagnóstico da contaminação por
agrotóxico é feito pelo conjunto do quadro clínico do paciente e pela avaliação da
sua história ocupacional e ambiental (LONDRES, 2011). A autora afirma que
geralmente o diagnóstico da intoxicação crônica é difícil de ser estabelecido. Os
efeitos são difíceis de serem relacionados ao verdadeiro agente causador e os
danos são muitas vezes irreversíveis, como os vários tipos de câncer decorrentes
(VEIGA, 2007; LONDRES, 2011).
A exposição em grandes doses por um curto período causa os chamados
efeitos agudos, que variam de intensidade leve a grave, caracterizados por náusea,
vômito, cefaleia, tontura, salivação, sudorese, desorientação, parestesias, irritação
da pele e das mucosas, cólicas abdominais, fraqueza, fasciculação muscular,
39
dificuldades para respirar, arritmias cardíacas, hemorragias, convulsões, como e
morte (SILVA et al., 2005 apud CARGNIN, 2013).
O trabalho dos fumicultores pode ser considerado também, como um dos
fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele. Estes profissionais
realizam a colheita das folhas nos meses de maior pico de intensidade de radiação
solar (dezembro/janeiro) e normalmente se expõem rotineiramente ao sol durante
todo o dia, por muitos anos (KOIFMAN E HATAGIMA, 2003). Esse fato aliado à pele
clara (descendentes de alemães, poloneses, italianos) pode aumentar em muito o
risco de desenvolvimento de câncer de pele. Exposição excessiva à radiação
ultravioleta pode causar ainda queimaduras, danos ao sistema imunológico e
envelhecimento prematuro da pele. Nos olhos pode causar foto-queratites, foto-
conjuntivite e catarata (INCA, 2011).
A Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil divide os fatores de risco
para a saúde e segurança dos trabalhadores em cinco grupos: Grupo 1- Fatores
Físicos - agressões ou condições adversas de natureza ambiental que podem
comprometer a saúde do trabalhador; Grupo 2 - Fatores Químicos - agentes e
substâncias químicas, sob a forma líquida, gasosa ou de partículas e poeiras
minerais e vegetais, comuns nos processos de trabalho; Grupo 3 - Fatores
Biológicos - micro-organismos geralmente associados ao trabalho em hospitais,
laboratórios e na agricultura e pecuária; Grupo 4 - Fatores Ergonômicos e
psicossociais - que decorrem da organização e gestão do trabalho e; Grupo 5 Riscos
de Acidentes - ligados à proteção das máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza do
ambiente de trabalho, sinalização, rotulagem de produtos e outros que podem levar
a acidentes do trabalho (MAURO, 2004 apud CUNICO, 2013).
A tabela abaixo demonstra esta classificação exemplificando os riscos e seu
agente causal, demonstra os principais riscos ocupacionais conforme Ministério do
Trabalho NR 9 – riscos ambientais:
Tabela 5 – Classificação dos Riscos Ocupacionais
RISCOS FÍSICOS
RISCOS QUÍMICOS
RISCOS BIOLÓGICOS
RISCOS ERGONÔMICOS E PSICOSSOCIAIS
RISCOS DE ACIDENTES
Ruídos Vibrações Radiações não ionizantes Radiações ionizantes
Poeiras Fumos Névoas Neblinas Gases Vapores
Vírus Bactérias Protozoários Fungos Parasitas Bacilos
Esforço físico intenso Levantamento e transporte manual de peso Exigência de postura inadequada
Arranjo físico inadequado Máquinas e equipamentos sem proteção Ferramentas
40
Frio Calor Pressões anormais Umidade
Substância, compostos ou produtos químicos em geral
Controle rígido de Produtividade Imposição de ritmos excessivos Trabalho em turno noturno Jornada de trabalho
inadequadas ou defeituosas Iluminação inadequada Eletricidade Probabilidade de incêndio ou explosão Armazenamento inadequado Animais peçonhentos Outras
Fonte: Ministério do Trabalho (MTE) Norma Regulamentadora – NR 9 – Riscos ambientais, 2008.
2.5.1 Depressão e Suicídio
O uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil, bem como em outros países da
América Latina, tem como resultado níveis severos de poluição ambiental e de
intoxicação humana, sendo um grave problema de saúde pública. Segundo dados
da ANVISA (2009), o Brasil é o país que mais utiliza agrotóxico no mundo, fato este
que vem acontecendo desde 2008 (PERES, 2007).
Faria et al. (2004) em um amplo estudo epidemiológico com trabalhadores
rurais da Serra Gaúcha conseguiram demonstrar quantitativamente que a
intoxicação por agrotóxicos apresentou uma forte associação com transtornos
psiquiátricos, denominação dada pelos agricultores como “problemas de
nervosismo” ou “problemas de tristeza e desânimo” (grifo do autor). Afirmam que é
importante destacar que o uso de inseticidas organofosforados e carbamatos, que
são agrotóxicos lipossolúveis podem ser absorvidos por inalação, ingestão ou
exposição dérmica.
Os agrotóxicos organofosforados podem causar três tipos de sequelas
neurológicas: polineuropatia retardada, síndrome intermediária e efeitos
comportamentais. A polineuropatia, que é outro tipo de agrotóxico, inclui sequelas
como fraqueza progressiva, perda de coordenação nas pernas, podendo evoluir até
a paralisia. Os principais sintomas da síndrome intermediária são a diarreia intensa e
a paralisia dos músculos do pescoço, das pernas e da respiração que ocorrem de
forma aguda, podendo levar ao óbito. Dentre os efeitos comportamentais destacam-
se: a insônia, o sono conturbado, a ansiedade, lentidão nas reações, dificuldade de
concentração e uma variedade de problemas e transtornos psiquiátricos como
apatia, irritabilidade, depressão e esquizofrenia (INCA, 2011).
41
O principal tipo de agrotóxico usado na fumicultura é o organofosforado. Estes
agrotóxicos são absorvidos por tecidos, especificamente o tecido adiposo e o tecido
nervoso que rapidamente sofrem reações químicas, sendo biotransformados em
compostos altamente tóxicos para o organismo, que inibem ou alteram a atividade
enzimática. Pertinente ao sistema nervoso central, algumas enzimas sofrem
alterações provocando distúrbios neurocomportamentais, como ataxia, tremores,
vertigens, convulsões, coma, ansiedade, confusão, irritabilidade, falhas de memória
e dificuldade de concentração, além de depressão (PIOVEZAN et al. 2013).
Sendo o agrotóxico organofosforado o mais utilizado pelos fumicultores, e este
podendo trazer como consequências diversos distúrbios neurocomportamentais,
aqui incluída a depressão, percebe-se que esta população está suscetível ao
desenvolvimento deste transtorno. Assim, a exposição a este produto que pode levar
a toxicidade somada às situações, tais como a intensa carga de trabalho e a baixa
remuneração, as preocupações em concluir a colheita a tempo dentro das
especificações do contrato com a indústria para o fornecimento do fumo, são fatores
agravantes que contribuem para o desenvolvimento de quadros depressivos que
podem evoluir para o suicídio (PIOVEZAN et al, 2013).
As síndromes depressivas são, atualmente, reconhecidas como um problema
prioritário de saúde pública. Segundo dados da OMS, a depressão afeta cerca de
350 milhões de pessoas no mundo todo, sendo considerada a primeira causa de
incapacidade entre todos os problemas de saúde (incapacidade definida como uma
variável composta por duração do transtorno e uma série de 22 indicadores de
disfunção e sofrimento). É definida pela OMS como um transtorno mental comum,
caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre
sentimentos de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite
(DALGALARRONDO, 2009).
Do ponto de vista psicopatológico, os quadros depressivos têm como elemento
central o humor triste. Entretanto, eles caracterizam-se por uma multiplicidade de
sintomas afetivos, instintivos e neurovegetativos, ideativos e cognitivos, relativos à
autovaloração, à volição e à psicomotricidade. Também podem estar presentes
sintomas psicóticos e fenômenos biológicos associados (DALGALARRONDO, 2009).
Os sintomas afetivos encontrados em quadros depressivos são: tristeza,
melancolia, choro fácil e/ou frequente, apatia, sentimento de falta de sentimento,
sentimento de tédio, de aborrecimento crônico, irritabilidade aumentada, angústia ou
42
ansiedade, desespero, desesperança. As alterações da esfera instintiva e
neurovegetativa incluem os seguintes sintomas: fadiga, cansaço fácil e constante,
desânimo, diminuição da vontade, insônia ou hipersonia, perda ou aumento do
apetite, constipação, palidez, pele fria com diminuição do turgor, diminuição da
libido, diminuição da resposta sexual e anedonia (DALGALARRONDO, 2009).
Nas alterações ideativas encontramos ideação negativa, pessimismo em
relação a tudo, ideias de arrependimento e de culpa, ruminações com mágoas
antigas, visão de mundo marcada pelo tédio, ideias de morte, desejo de
desaparecer, dormir para sempre e ideação, planos ou atos suicidas. A pessoa com
depressão apresenta como alterações cognitivas o déficit de atenção e de
concentração, déficit secundário de memória, dificuldades de tomar decisões e
pseudodemência depressiva (DALGALARRONDO, 2009).
As alterações da autovaloração são o sentimento de baixa autoestima,
sentimento de insuficiência, de incapacidade e sentimento de vergonha e
autodepreciação. Como alteração da volição e da psicomotricidade, tem-se a
tendência a permanecer na cama por todo o dia, aumento na latência entre as
perguntas e as respostas, lentidão psicomotora até o estupor, estupor hipertônico ou
hipotônico, diminuição da fala, redução da voz, fala muito lentificada, mutismo e
negativismo (DALGALARRONDO, 2009).
Os quadros depressivos podem desencadear sintomas psicóticos como ideias
delirantes de conteúdo negativo, delírio de ruína ou miséria, delírio de culpa, delírio
hipocondríaco e/ou de negação do mundo, alucinações, geralmente auditivas, com
conteúdos depressivos, ilusões auditivas ou visuais, ideação paranoide e outros
sintomas psicóticos humor-incongruentes (DALGALARRONDO, 2009).
Certamente fatores biológicos, genéticos e neuroquímicos têm importante peso
nos diversos quadros depressivos. Entretanto, do ponto de vista psicológico, as
síndromes depressivas têm uma relação fundamental com as experiências de perda
(HOFER, 1996 apud DALGALARRONDO, 2009).
As síndromes e reações depressivas surgem com grande frequência após
perdas significativas, como por exemplo, de uma pessoa muito querida, de um
emprego, de um local de moradia, do status socioeconômico, ou de algo puramente
simbólico. Do ponto de vista neuroquímico, a depressão é causada por um defeito
nos neurotransmissores responsáveis pela produção de hormônios, como a
43
serotonina e endorfina, que nos dão a sensação de conforto, prazer e bem-estar.
(DALGALARRONDO, 2009).
Com a depressão a qualidade de vida é comprometida, gerando pensamentos
de desesperança, baixa autoestima e a sensação de incapacidade da resolução de
problemas, que podem culminar em atitudes suicidas. A relação entre suicídio e
depressão é próxima, a ponto de ser considerado um sintoma ou uma consequência
desta patologia (PIOVEZAN et al, 2013).
Assim como a depressão, o suicídio vem sendo considerado um grave
problema de saúde pública, uma vez que representa uma questão que se agrava a
cada dia, traduzindo-se em índices extremamente significativos. O comportamento
suicida é classificado, com frequência, em três categorias: ideação suicida, tentativa
de suicídio e suicídio consumado. Apesar de haver poucos dados disponíveis,
alguns estudos clínicos e epidemiológicos sugerem a presença de um possível
gradiente de severidade e de heterogeneidade entre essas diferentes categorias.
Assim, num dos extremos, tem-se a ideação suicida (pensamentos, ideias,
planejamento e desejo de se matar) e, no outro, o suicídio consumado, com a
tentativa de suicídio entre eles (WERLANG, BORGES, FENSTERSEIFER, 2005).
O suicídio é visto como um fato social, de repercussões subjetivas e se
caracteriza como um importante problema de saúde pública. Segundo a OMS, as
taxas de suicídio aumentaram 60% nos últimos 45 anos e representam a 13ª causa
mundial de morte da população geral (CONTE et al. 2012). É definido como uma
violência autoinfligida e um ato decidido, iniciado e levado até fim por uma pessoa
com total conhecimento ou expectativa de um resultado fatal. É configurado como
uma situação complexa, com múltiplos fatores associados, que podem mudar de
acordo com a cultura, com o grupo social e com o momento histórico vivenciado.
Segundo Conte et al. (2012) no Brasil, os coeficientes de mortalidade são de
três a quatro vezes maiores entre pessoas do sexo masculino e no cenário atual,
encontram-se em níveis de 4 a 5 óbitos para cada 100 mil habitantes. Os maiores
números são encontrados nos estados do sul do Brasil. Recentemente, o número
tem aumentado na região centro-oeste brasileira.
Dalgalarrondo (2009) descreve alguns fatores de risco para o suicídio. Dentre
eles estão: depressão moderada e grave, gênero masculino, desesperança, falta de
perspectiva, sensação de fracasso pessoal, morar sozinho, não ter família ou
vínculos sociais, separações recentes, história de tentativas ou ameaças suicidas
44
recentes, dor, doença física ou déficits funcionais crônicos, ser idoso ou
adolescente, fácil acesso a meios violentos, esquizofrenia, alcoolismo e
dependência a drogas, traços autodestrutivos e impulsivos.
Segundo Piovezan et al. (2013), níveis alarmantes de suicídio têm sido
relatados em locais onde o cultivo de fumo é amplamente difundido. O autor cita
como exemplo a cidade de Venâncio Aires no Rio Grande do Sul, que possui
economia baseada na fumicultura. Relata-se que até a década de 90 eram utilizados
60 kg de agrotóxicos para o cultivo do fumo. Entretanto, no ano de 1995, devido à
forte seca que atingiu a região, a quantidade usada de agrotóxicos passou de 60 kg
para aproximadamente 100 kg por hectare. Nesta mesma época o índice de
suicídios, que já era alto, quase duplicou chegando ao índice de 37,22 para cada
100 mil habitantes. Destes suicídios, 60% ocorreram na área rural, tornando
Venâncio Aires a cidade com uma das maiores taxas de suicídios do mundo, taxa
mantida até os dias atuais. Para constar, Venâncio Aires é a maior produtora de
fumo do Brasil.
Um estudo realizado por Falk et al (1996), também em Venâncio Aires aponta
que, entre os fumicultores, há um maior risco de desenvolver alterações
neurocomportamentais capazes de evoluir para quadros de depressão e suicídio. O
estudo mostrou que no município os coeficientes de mortalidade por suicídios foram
maiores do que todo o estado do Rio Grande do Sul e cerca de 80% dos suicídios
ocorre em agricultores. A hipótese é que a exposição do agricultor a
organofosforados pode estar relacionada a níveis mais elevados de depressão e
suicídio.
2.5.2 A Doença da Folha Verde (DFV)
O adoecimento relacionado aos modos de produção entre trabalhadores rurais
plantadores de tabaco no Brasil ainda é pouco documentado na literatura. O primeiro
registro conhecido sobre a DFV ocorreu na Itália por Bernardino Ramazzini no
século XVIII sendo os sintomas descritos a dor de cabeça e problemas estomacais.
Dois séculos depois, a doença passou a ser estudada nos Estados Unidos da
América e em 1970 ela foi descrita na Flórida como uma doença específica dos
trabalhadores rurais do tabaco (RIQUINHO, 2013).
45
A DFV ou Green tobacco sickness (GTS), é caracterizada como uma
intoxicação aguda decorrente da absorção da nicotina pela pele devido ao manuseio
das folhas de tabaco. Essa intoxicação é mais intensa no período da colheita,
principalmente nas primeiras horas da manhã, quando as folhas molhadas e o suor
do corpo facilitam a absorção dérmica pelo fato de serem colhidas manualmente e
carregadas junto ao corpo do fumicultor, pode ocorrer também durante as etapas de
plantio e cura das folhas (INCA, 2011).
A doença não apresenta um diagnóstico criterioso. Sua identificação é feita por
meio de sinais e sintomas como, por exemplo, a náusea, vômitos, tontura, cefaleia,
cólicas abdominais, fraqueza, maior salivação, calafrios, alteração da pressão
arterial e da frequência cardíaca (INCA, 2011).
Tabela 6 – Sinais e sintomas de intoxicação aguda por agrotóxico e/ou nicotina (DFV) SINAIS E SINTOMAS PRINCIPAL MOTIVO RELACIONADO
SISTEMA RESPIRATÓRIO SISTEMA RESPIRATÓRIO Alergias respiratórias Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Falta de ar Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Tosse Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Rinite Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Sinusite asma Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Dor no peito Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Bronquite excessiva secreção bronquial Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Rinirréia Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Broncoespasmo Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico Dispneia Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico Broncoconstrição bradipnéia Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico DERME DERME
Alergias da pele Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Urticária Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
SISTEMA CARDIOVASCULAR SISTEMA CARDIOVASCULAR Taquicardia Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico Hipertensão Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico Palidez Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico Hipotensão Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico SISTEMA CIRCULATÓRIO SISTEMA CIRCULATÓRIO
Formigamento Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico SISTEMA GASTRINTESTINAL SISTEMA GASTRINTESTINAL
Dores de estômago Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Vômito Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Náuseas Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Azia Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Cólica Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Tenesno Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
46
anticolinesterásico Incontinência fecal Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico Edema e espasmo Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico SISTEMA NERVOSO SISTEMA NERVOSO
Dores de cabeça Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Nervosismo Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Depressão Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Tristeza Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Problemas de concentração e memória Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Sudorese Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Dificuldade de dormir Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Tontura Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Sonolência Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico Letargia Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico Fadiga Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico Confusão mental Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico Convulsões Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico
anticolinesterásico OUTROS OUTROS
Febre Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Calafrios Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Visão embaçada Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Lacrimejar constante Intoxicação por nicotina e/ou agrotóxico Fonte: Área de Vigilância do Câncer relacionada ao Trabalho e Ambiente – INCA, 2011.
A doença da folha verde, um mal ligado à nicotina, já é conhecido e
catalogado em outras partes do mundo, e começa a ser detectado também no Brasil
e preocupa autoridades de saúde. A doença é uma espécie de overdose de nicotina
absorvida pela pele e costuma atingir trabalhadores do setor do fumo. Mesmo não
sendo fumantes, os afetados chegam a ter uma quantidade da substância nicotina
na urina maior do que a dos usuários do cigarro. A prevenção desta moléstia é feita
por meio do uso de equipamentos de proteção individual, como luvas, manga
comprida e calça comprida, capas impermeáveis, evitando trabalhar com a planta ou
roupas molhadas, bem como nos horários de umidade mais elevada (orvalho da
manhã e durante as chuvas). O ato de higienizar as mãos durante o trabalho
também pode ajudar a diminuir a absorção da nicotina pelo organismo (BIBLIOTECA
VIRTUAL EM SAÚDE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
47
3 METODOLOGIA
Será apresentado o método utilizado nesta pesquisa a fim de contemplar os
objetivos propostos para esta investigação. Assim, são apresentadas as
características da pesquisa, local e amostra da pesquisa, instrumentos e coleta dos
dados, tratamento estatístico dos dados e os aspectos éticos da pesquisa.
3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA
Esta pesquisa se caracterizou como uma pesquisa de natureza básica, pois
gerou conhecimentos novos e úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática
prevista. Em relação à abordagem, tratou-se de uma pesquisa quantitativa porque
traduziu em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las (GIL,
2008). É uma pesquisa de caráter descritivo com levantamento de dados através de
inquérito domiciliar (ROUQUAYROL, ALMEIDA FILHO, 2003).
3.2 LOCAL E AMOSTRA
A amostra desta pesquisa foi constituída por fumicultores dos municípios de
Canoinhas, município que compõe a 26ª SDR e Itaiópolis município da 25ª SDR. O
levantamento destes foi realizado a partir da listagem fornecida pela AMPLANORTE
– Associação dos Municípios do Planalto Norte Catarinense na qual consta o
número de fumicultores, o nome destes e da localidade onde moram (ANEXO A e
B).
De posse da listagem, foram sorteadas as localidades para compor a amostra.
Participaram do sorteio as localidades que possuem o mínimo de 10 e o máximo de
50 fumicultores cadastrados. Em seguida, procedeu-se a amostragem aleatória
simples destas localidades e dos fumicultores. A amostra aleatória simples é
utilizada quando o investigador, diante de uma população maior que a necessária,
seleciona um subconjunto representativo. Desse modo, todos têm a mesma
probabilidade de participar (HULLEY et al., 2008).
Foram visitados 144 domicílios de fumicultores em Itaiópolis sendo que destes
18 fumicultores não aceitaram participar da pesquisa, 19 não se encaixaram
conforme os critérios de inclusão, 15 não foram encontrados após três tentativas de
48
visita e 92 participaram da pesquisa. Em Canoinhas, foram visitados 114 domicílios
sendo que destes 36 não aceitaram participar da pesquisa, 16 não se encaixaram
conforme critérios de inclusão, 13 não foram encontrados após três tentativas de
visita e 49 participaram da pesquisa. Assim, a amostra foi constituída por 141
fumicultores. Os sujeitos que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (ANEXO C). Por solicitação dos
fumicultores, nome das localidades dos sujeitos envolvidos na pesquisa não foi
divulgado a fim de manter o máximo sigilo e discrição dos mesmos.
Os critérios de inclusão utilizados foram: desenvolver todas as etapas da
cultura do tabaco – preparação, plantio e colheita; as etapas serem desempenhadas
predominantemente pela família caracterizando agricultura familiar segundo a Lei
11.326 aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da
República de 24 de junho de 2006. Os critérios de exclusão utilizados foram: não
desenvolver as três etapas da cultura do tabaco; não caracterizar agricultura familiar
conforme a Lei 11.326; não estar exercendo a atividade de plantio de tabaco no
momento da coleta dos dados e não encontrar o fumicultor responsável pela
produção do tabaco no domicílio após três tentativas de visita.
A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora (mestranda). Foi realizada
na residência dos fumicultores, sendo entrevistado o responsável pela produção do
tabaco. Os custos foram de responsabilidade da pesquisadora (mestranda).
Para a realização da pesquisa foram respeitados os preceitos da Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde de Pesquisa com Seres Humanos. O projeto
foi aprovado pelo parecer número 955.990.
49
Figura 2- Localização do município de Itaiópolis no estado de Santa Catarina
Fonte: Raphael Lorenzeto de Abreu, 2006
Figura 3 - Localização do município de Canoinhas no estado de Santa Catarina
Fonte: Raphael Lorenzeto de Abreu, 2006
3.3 INSTRUMENTOS
Para a realização da pesquisa foram utilizados os seguintes instrumentos:
- Primeiramente, utilizou-se uma entrevista (ANEXO D) elaborada e validada
por Cargnin (2013), abrangendo variáveis demográficas, socioeconômicas, de saúde
e status tabágico do responsável pela produção do tabaco totalizando 42 questões.
50
- Também foi utilizado o BDI – Inventário de Depressão de Beck, que consiste
em uma escala (ANEXO E) desenvolvida por Aaron Beck (1993) e validada em
português para o Brasil (CUNHA, 2001). O BDI foi utilizado para avaliar a
intensidade dos sintomas de depressão. Trata-se de um instrumento com 21 itens de
autorelato, que pode ser autoaplicável, para levantamento de sintomas depressivos
com escores que variam de 0 a 3. Escores inferiores a 10 representam ausência de
depressão; de 10 a 18, depressão leve; de 19 a 29, depressão moderada e, acima
de 30, depressão grave (BECK, STEER, 2000; GORENSTEIN, ANDRADE, 1998
apud CARGNIN, 2013).
- A BHS – Escala de Desesperança de Beck (ANEXO F) foi utilizada para medir
a dimensão do pessimismo ou a extensão das atitudes negativas do indivíduo diante
do futuro. É uma escala dicotômica (certo ou errado) que engloba 20 itens. A soma
dos itens resulta em um escore total, com base no qual se classifica a desesperança
em mínima, leve, moderada e grave. Sua versão em português foi igualmente
testada em amostras clínicas e não-clínicas, demonstrando índices adequados de
fidedignidade e validade (CUNHA, 2001).
- Para medir a dependência à nicotina foi utilizada a Escala de Fagerström
(ANEXO G) aplicada ao responsável pela produção do tabaco que é fumante. O
Fagerström Test for Nicotine Dependence (FTND) foi elaborado por Fagerström
(1989) e adaptado por Healtherton et al. (1991), tendo sido validade no Brasil por
Carmo e Pueyo (2002). Esta escala consiste em um instrumento com seis perguntas
com escore que varia de 0 a 10. Cada alternativa das questões do teste corresponde
a uma pontuação e a soma dos pontos permite a avaliação do grau de dependência
da nicotina. Escore de 0 a 2 indica uma dependência muito baixa; de 3 a 4
dependência baixa; 5 dependência média; de 6 a 7 dependência elevada e de 8 a 10
dependência muito elevada (FAGERSTRÖM, SCHNEIDER, 1989).
3.4 PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DOS DADOS
A partir dos dados coletados, foi realizada a análise dos resultados
através da categorização, descrição e interpretação dos mesmos, procedimentos
esses que podem ocorrer de forma não sequencial. O resultado foi apresentado na
forma de tabelas utilizando estatística simples. Após realizou-se a análise destes dados
relacionando-os com a teoria existente sobre a temática.
51
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados desta pesquisa são apresentados nas tabelas a seguir, dispostas
ao longo de duas seções. Na primeira seção, são encontrados os resultados
referentes às variáveis socioeconômicas e da saúde das famílias fumicultoras. Na
segunda seção, são apresentados os resultados das características dos fumicultores
responsáveis pela produção de tabaco.
A Tabela 7 descreve as condições socioeconômicas das famílias fumicultoras.
Tabela 7 - Variáveis socioeconômicas das famílias fumicultoras Variáveis (n= 141) n(%) Condição de moradia Própria Alugada Cedida
128(90,8%) 9(6,4%) 4(2,8%)
Tipo de construção Mista Material Madeira
79(56,1%) 48((34,0%) 14(9,9%)
Arquitetura do domicílio Casa
141(100,0)
Número de peças do domicílio Média 3 peças 4 peças 5 peças 6 peças 7 peças 8 peças
5,4
08(5,7%) 33(23,4%) 37(26,2%) 36(25,5%) 15(10,6%) 12(8,5%)
Energia elétrica 141 (100,0) Tipo de abastecimento de água Poço/nascente Rede geral
103(73,0%) 38(27,0%)
Destino do lixo* Queimado/enterrado Coletado
117(83,0%) 24(17,0%)
Destino das fezes e da urina Fossa Casinha
136(96,5%) 05(3,5%)
Média da renda mensal da família (mínimo de 500,00 e máximo de 3.000,00)
1.790,00
Média do tempo (anos) em que a família trabalha com a cultura do tabaco (mínimo de 2 anos e máximo de 35 anos)
14,43
Fonte: Dados da pesquisa, (2015) *Múltipla resposta
Segundo dados coletados referentes às condições socioeconômicas das
famílias dos fumicultores entrevistados, em relação à variável condição de moradia,
52
a maioria das famílias fumicultoras possuem casa própria 128 (90,8%), com
predomínio da construção tipo mista 79 (56,1%) e com média de 5,4 peças. Dados
da AFUBRA (2008) apontam que grande parte dos fumicultores sul brasileiros
(53,9%) possui casa de alvenaria, também conhecida como casa de material com
média de 7,2 peças, dados que diferem do resultado da presente pesquisa.
Entretanto, os resultados encontrados, indicam que as moradias dos fumicultores
participantes da pesquisa apresentam infraestrutura adequada.
No que se refere à variável energia elétrica, todas as famílias, 141 (100,0%)
possuem casa com energia elétrica. Esse dado se assemelha ao estudo realizado
por Vargas e Oliveira (2012) apud Cargnin (2013) com 222 fumicultores e 77 não
fumicultores nas seguintes cidades do estado do RS: Venâncio Aires, Candelária,
Vale do Sol, Rio Pardo, Arroio do Tigre, Santa Cruz do Sul, Passa Sete, Passo do
Sobrado e Sobradinho, em que 99,5% das propriedades de fumicultores dispunham
de energia elétrica. Segundo dados do PNAD, no Brasil, a média nacional de
iluminação elétrica é de 99,3% (IBGE, 2011). O resultado desta variável na presente
pesquisa, pode estar relacionado à implantação pelo governo federal, desde 2003,
do Programa Luz para Todos, que objetiva levar a energia elétrica gratuita para toda
a população residente do meio rural de todo o País.
Quanto ao abastecimento de água, predominou poço/nascente 103 (73,0%).
Este dado é relevante, pois o índice desta variável se encontra muito abaixo da
média nacional e estadual que apresentaram índices de 84,6% e 85,7%
respectivamente segundo dados do IBGE (2011).
Em relação ao destino do lixo, para 117 (83,0%) famílias, este é
queimado/enterrado, tratando-se de outro dado preocupante que a presente
pesquisa levantou. Sabe-se, entretanto, que a queima de lixo doméstico, além de
ato de infração, causa danos à saúde, bem como aumenta o risco de incêndios. A
prática também causa impacto ambiental devido à queima de determinados
materiais que poluem o ar. Também foi verificado que a maior parte do esgoto
sanitário residencial é drenado em fossas simples, 136 (96,5%), ou seja, sem
tratamento adequado dos dejetos. Em relação a esta variável, pesquisa do IBGE
(2011) registrou que, apenas 24,8% dos catarinenses têm acesso à rede coletora de
esgotos. Desta forma, o Estado de SC se mantém bem abaixo da média nacional
que é de 55, 2%.
53
A média da renda familiar encontrada nesta pesquisa foi de R$ 1.790,00,
apresentando renda mínima de R$ 500,00 e máxima de R$3.000,00. Também,
verificou-se que as famílias trabalham com a cultura do tabaco há 14,3 anos, como
mínimo de 2 anos e máximo de 35 anos. Estudo realizado por Cargnin (2013) mostra
que a renda média da população estudada foi de R$1.500,00 e em relação ao tempo
de trabalho com a cultura do tabaco, a média encontrada foi 19,5 anos.
Vargas e Oliveira (2012) apud Cargnin (2013), em estudo realizado na Região
do Vale do Rio Pardo (RS), apresentaram como média do tempo trabalhado na
cultura do tabaco 24,7 anos. Os mesmos autores afirmam que quanto maior o tempo
na atividade da cultura do tabaco, maior será a rentabilidade.
Entretanto, o tempo de trabalho com a fumicultura é um dado importante
porque indica o tempo em que o organismo desses profissionais se encontra
exposto aos efeitos nocivos dos agrotóxicos, do sol e de outros fatores agravantes à
saúde.
A Tabela 8 descreve a ação dos fumicultores quanto aos sinais de doenças ou
sintomas de intoxicação e o uso de EPIs.
Tabela 8 – Variáveis de saúde da família fumicultora Variáveis (n= 141) n(%) Em caso de doença procura-se* Hospital Unidade de Saúde Farmácia
87(61,7%) 43(30,5%) 11(7,8%)
Aplicação de agrotóxicos Sim Não Herbicidas Sim Não Inseticidas Sim Não Fungicidas Sim Não Antibrotante Sim Não
141 (100,0)
0
138(97,9%) 03(2,1%)
136(96,5%)
05(3,5%)
54(38,3%) 87(61,7%)
141 (100,0)
0 Sintomas de intoxicação* Sim Vômito Náusea Tontura
79(56,0%)
31(21,9%) 22(15,6%) 20(14,1%)
54
Cefaléia Mal-estar Febre Irritabilidade Calafrios Cólica abdominal Queimação na pele Coceira Gosto amargo na boca Tosse Não
20(14,1%) 20(14,1%) 18(12,7%) 18(12,7%) 18(12,7%) 18(12,7%) 14(9,9%) 14(9,9%) 12(8,5%) 05(3,5%)
62(44,0%)
Uso de equipamentos de proteção individual (EPIs)* Bota Luva Chapéu Boné Calça Máscara Óculos Capa/avental Camisa manga longa Macacão
141(100,0%)
123(87,2%) 97(68,7%) 89(63,1%) 89(63,1%) 75(53,1%) 54(38,2%) 54(38,2%) 23(16,3%) 21(14,8%) 17(12,0%)
Suporte de saúde fornecido pela empresa fumageira Sim Não
100(70,9%) 41(29,1%)
Fonte: Dados da pesquisa, (2015) *Múltipla resposta
Verificou-se que em caso de doença, a maioria das famílias fumicultoras 87
(61,7%) procura o hospital. Vale ressaltar que em algumas das localidades nas quais
a pesquisa foi realizada a distância até o hospital é grande. Também, nem todas as
localidades possuem unidades de saúde e às que possuem unidades nem sempre
possuem médico disponível e quando possui, este atende uma vez por semana,
dificultando o acesso ao atendimento especializado.
Pode ser observado que todos os entrevistados 141 (100,0%), responderam
que os membros de sua família aplicam um ou mais produtos agrotóxicos na
lavoura, dos quais 79 (56,0%) dos fumicultores responderam que membros de suas
famílias já apresentaram sintomas sugestivos de intoxicação. Sendo os sintomas
mais relatados o vômito seguido de náusea, tontura, cefaleia, mal-estar, febre,
diarreia, calafrios e cólica abdominal. Ressalta-se que os sintomas foram apenas
relatados pelos entrevistados, não sendo realizados exames de exposição aos
agrotóxicos que pudessem comprová-los. Outro ponto preocupante levantado na
pesquisa é que nem sempre o fumicultor reconhece os sinais e sintomas como uma
possível intoxicação, justificando a presença destes para outras causas.
55
Silva et al. (2013), após avaliar a saúde de 33 trabalhadores rurais que haviam
sido internados com diagnóstico de intoxicação por agrotóxico, constatou que os
sintomas de intoxicação crônicos mais citados foram: cefaleia (33,3%), irritabilidade
(18,9%), insônia (33,3%), tontura (23,6) e epigastralgia (27,3%), sintomas
semelhantes aos descritos pela população estudada na presente pesquisa.
Durante o procedimento de coleta de dados, houve relatos que a procura por
atendimento especializado em saúde só acontece quando a sintomatologia não
minimiza. Alguns fumicultores afirmaram que na maioria das vezes, frente ao mal-
estar, utilizam remédios caseiros, principalmente o leite que é considerado por
muitos deles um remédio natural e “bom para casos de envenenamento” (grifo da
pesquisadora). Percebe-se também, que muitas vezes a sintomatologia pouco
específica, é compatível com quadros de intoxicação aguda (leves e moderadas),
entretanto, sendo percebidas ou confundidas muitas vezes pelos sujeitos da
pesquisa com estados gripais ou mal estar geral.
Estudo realizado por Almeida et al. (2012) no município de Ivai – PR, constatou
que a maioria dos fumicultores (76,4%) não sabem identificar os principais sintomas
de intoxicação, impedindo-os na vigência de um quadro de intoxicação, de
procurarem atendimento médico colocando em risco a sua própria vida. Estas são
situações que justificam e colaboram para a subnotificação dos casos de intoxicação
por agrotóxicos.
Os mesmos autores pontuam que para se efetuar notificações de forma
eficiente, se faz necessário que os agricultores e todos os profissionais de saúde
saibam identificar sintomas de intoxicação e reconheçam a importância de se
realizar a notificação.
Também, estudo realizado por Londres (2011), trouxe como resultado que de
2003 a 2007 mais de 6 mil casos de intoxicação foram registrados em cada ano pelo
Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), sistema
gerenciado pela Fiocruz. Entretanto, Londres afirma que estes números podem estar
subestimados, considerando-se a elevada subnotificação desses eventos no país, e
também, que os registros se referem basicamente aos casos de intoxicação aguda.
Mesmo assim, o número de registros de intoxicação no Brasil não deve ser
desprezado, pois representa uma amostra dos gravíssimos riscos aos quais esta
população está exposta.
56
Para muitos fumicultores, os agrotóxicos podem, muitas vezes, serem vistos
como um instrumento indispensável para viabilizar os sistemas produtivos rurais,
uma vez que alguns desses só se sustentariam devido à utilização dos agrotóxicos
na tentativa de amenizar a perda de produtividade. Entretanto, os agrotóxicos são
produtos químicos altamente prejudiciais à saúde humana por causar ainda hoje
muitos casos de intoxicação e óbitos (VEIGA, 2007). Desta forma, verifica-se que o
fumicultor vivencia uma ambivalência, por um lado o uso do agrotóxico lhe oferece
garantias de uma boa safra, por outro lado, o uso destas substâncias podem lhe
causar danos muitas vezes irreversíveis à saúde.
Estudo realizado por Silva et al. (2013) no município de Pelotas (RS), concluiu
que os trabalhadores rurais possuem conhecimento superficial em relação aos
sérios problemas de saúde a que estão expostos durante as atividades laborais e
que os EPIs são pouco aceitos por estes trabalhadores por julgarem desnecessário
e desconfortável o seu uso.
Em relação ao uso de EPIs, foi verificado que 141 (100,0%) dos fumicultores o
utilizam, mas não de maneira completa. Os mais utilizados são a bota 123 (87,2%),
a luva 97 (68,7%), o chapéu 89 (63,1%), o boné 89 (63,1%) e a calça 75 (53,1%).
Estudo realizado por Heemann (2009) revelou que todos os fumicultores faziam
uso de EPIs e, entre os mais utilizados, inclui-se o chapéu (98,1%), botas (94,2%),
luvas (54,8%), máscara (29,8%) e tênis (8%) no lugar de botas. Em relação às
vestimentas mais utilizadas, inclui-se a calça (91,3%), camiseta de manga comprida
(64,4%), camiseta de manga curta (35,6%) e bermuda (8,6%). Entretanto, o mesmo
estudo evidenciou que, embora todos tenham afirmado a utilização destes
equipamentos, a análise destes depõe contra essa informação e revela o risco a que
estes trabalhadores estão expostos.
O uso de EPIs protege o trabalhador que utiliza agrotóxico, minimizando os
riscos de intoxicações decorrentes da exposição dérmica, inalatória, oral e ocular
(BRASIL, 2013). O Ministério do Trabalho, em 1978, estabeleceu a Norma
Regulamentadora nº 06, que trata dos equipamentos de proteção individual, os quais
são definidos como todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo
trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a
saúde no trabalho (SILVA et al. 2013).
Estudo realizado por Oliveira e Machado Neto (2008) apud Silva (2013), afirma
que os EPIs não são bem aceitos entre os fumicultores. Estes alegam desconforto
57
durante suas atividades laborais como sensação de sufocamento, calor intenso e
falta de ar, visto que grande parte do trabalho é desenvolvida no verão, justificando
essa rejeição por parte de alguns fumicultores. Os mesmos autores afirmam que
muitas vezes esses equipamentos são erroneamente recomendados, principalmente
pela classe toxicológica e não pelas condições de trabalho e disposição do corpo do
trabalhador. Assim, muitos fumicultores, desencorajados devido ao mal-estar
decorrente do calor provocado pelo uso dos EPIs, aplicam os agrotóxicos totalmente
desprovidos das vestimentas adequadas.
Na presente pesquisa, verificaram-se situações contraditórias na questão uso
de EPIs. Durante a coleta de dados, enquanto o fumicultor participava da entrevista
relatava o uso destes equipamentos, ao lado via os trabalhadores sem estes
equipamentos, quando muito com chapéu ou boné.
No que se refere ao suporte de saúde fornecido pela empresa fumageira, 100
(70,9%) entrevistados relataram recebê-lo pelos representantes das empresas
fumageiras. Estes oferecem cursos dos cuidados que se deve ter no manuseio de
agrotóxicos, no destino das embalagens bem como técnicas de primeiros socorros.
Silva et al. (2013) sugere que as empresas fumageiras disponibilizem treinamentos
mais eficientes para os fumicultores, sendo necessária uma capacitação mais
direcionada no ambiente onde o trabalhador realiza a sua atividade laboral. No
entanto, essa capacitação necessitaria ser feita de maneira individualizada, mais
consistente e, sendo possível, na propriedade do profissional, a fim de facilitar o
acesso e a adesão dos trabalhadores.
Almeida (2005) relata que as empresas fumageiras fornecem para os
fumicultores as receitas agronômicas. Contudo, somente fornecê-las não torna a
capacitação eficaz o que pode resultar em problemas de saúde ao fumicultor quando
exposto ao agrotóxico durante a atividade laboral.
A Tabela 9 apresenta as características sociodemográficas dos responsáveis
pelam produção do tabaco.
Tabela 9 – Variáveis sociodemográficas do responsável pela produção do tabaco. Variáveis (n=141) n(%) Sexo (masculino) 141 (100,0) Média de Idade (mínima = 23 anos; máxima=70 anos) 37,01 Parentesco do responsável em relação ao núcleo familiar Pai Esposo Filho
59(41,8%) 45(31,9%) 33(23,4%)
58
Genro 04(2,9%) Cor Branca Parda
121(85,8%) 20(14,2%)
Estado conjugal Casado/companheiro Solteiro Separado/desquitado Viúvo
126(89,4%)
05(3,5%) 06(4,3%) 04(2,8%)
Número de filhos (mínimo=1filho; máximo=7 filhos) Média Tem filhos Não tem filhos
3,34
126(89,4%)
15(10,6%)
Anos de estudo Média de anos de estudo (mínimo= 2 anos; máximo=11 anos) Estudaram Não estudaram
5,14
138(97,9%)
03(2,1%) Fonte: Dados da pesquisa, (2015)
Os responsáveis pela produção do tabaco são em sua totalidade do sexo
masculino 141 (100,0%), são pais 59 (41,8%), esposos 45 (31,9%), filhos 33 (23,4%)
e genros 4 (2,9%), na maioria de cor branca (121), com média de idade de 37,01
anos e casados 126 (89,4%).
Em relação à idade dos responsáveis pela produção do tabaco, o estudo de
Cargnin (2013) obteve um resultado diferente, apresentando como média de idade
dos fumicultores entrevistados 46,9 anos. Também, estudos realizados por Turci
(2009) apud Cargnin (2013), Agostinetto et al. (2000), e Heemann (2009),
encontraram como média de idade dos sujeitos entrevistados 43, 41 e 43,2 anos
respectivamente verificando diferença na média de idade do grupo de sujeitos da
presente pesquisa.
No que se refere à prevalência masculina como responsável pela produção do
tabaco, Brumer (2004) afirma que essa prevalência de homens é natural e que na
agricultura familiar, a mulher desempenha importante papel dentro do lar, ficando
esta com menor participação nos trabalhos do campo. Comenta ainda que
diversos estudos que examinaram a divisão do trabalho por sexo na agricultura permitem concluir que as mulheres (e, de um modo geral, também as crianças e jovens) ocupam uma posição subordinada e seu trabalho geralmente aparece como “ajuda”, mesmo quando elas trabalham, tanto quanto os homens ou executam as mesmas atividades que eles (p. 205).
59
Na presente pesquisa, a cor branca prevaleceu entre os fumicultores
entrevistados 121(85,8%). Este dado se justifica a partir dos resultados obtidos na
pesquisa do IBGE (2011) que identifica nestes dois municípios estudados, o
predomínio de descendentes de imigrantes poloneses, ucranianos e alemães.
Outros dados indicam que o estado de SC é a unidade federativa brasileira com a
maior porcentagem de população branca (85,7%), enquanto que o índice no país
todo é de 48,2% de brancos (IBGE, 2011).
Verificou-se que a média de anos de estudo foi de 5,14, ou seja, ensino
fundamental incompleto. O estudo realizado por Cargnin (2013) em um município do
RS obteve como resultado a esta variável média de 6,0 anos de estudo.
Agostinetto et al. (2000), relata que a baixa escolaridade pode restringir a
atuação dessa mão de obra não especializada no mercado de trabalho, colaborando
para que os produtores se mantenham em suas unidades de produção, onde o
trabalho se torna minimamente rentável para a sobrevivência da família.
Schoenhals et al. (2009) afirma que
em função da baixa escolaridade, é difícil para os agricultores interpretar as complexas instruções de aplicação de agrotóxicos, bem como os receituários e bulas. Mesmo aqueles que possuem o ensino médio alegaram não compreender as bulas e os receituários devido à linguagem técnica que não integra o seu vocabulário (p. 21).
No mesmo sentido, Bonato (2009), concorda que a mão de obra do tabaco é
considerada menos qualificada que outros sistemas de produção, o que favorece
para a vulnerabilidade dos fumicultores, sendo um dos fatores que contribui para o
aumento dos riscos de intoxicação por agrotóxicos, devido à dificuldade de leitura
que interfere na interpretação do rótulo dos produtos e na menor conscientização
dos riscos de exposição aos mesmos.
Identificou-se que a média do número de filhos dos responsáveis pela
produção do tabaco foi de 3,3 filhos, resultado semelhante ao estudo realizado por
Cargnin (2013) que teve média de 3,0 filhos. Segundo dados do IBGE, o número de
filhos vem diminuindo. Em 1970, cada mulher brasileira tinha, em média, 5,8 filhos.
Hoje, esse número é de 1,77, sendo a projeção para 2034 de 1,5 filhos. Em alguns
estados, no entanto, a taxa de fecundidade vai cair ainda mais, principalmente no
Sul e Sudeste, que devem registrar apenas 1,45 filhos por mulher, em média. O
declínio segue uma tendência mundial. Em países mais desenvolvidos, como a
Alemanha, a taxa já é de cerca de 1,4 filhos (BRASIL, 2014).
60
A Tabela 10 apresenta o perfil de saúde dos responsáveis pela produção do
tabaco.
Tabela 10 – Perfil da saúde dos responsáveis pela produção do tabaco Variáveis (n=141) n(%) Presença de doença Sim Não Não sabe
94(66,7%) 22(15,6%) 25(17,7%)
Problemas de saúde referidos pelos fumicultores* Problemas de coluna Colesterol Hipertensão Problemas de estômago Diabetes mellitus Falta de ar Câncer Bronquite Depressão Outros
49(34,7%) 34(24,1%) 30(21,2%) 22(15,6%) 12(8,5%) 12(8,5%) 10(7,1%) 09(6,3%) 08(5,6%) 13(9,2%)
Inventário de Depressão de Beck – BDI Ausência de depressão (escores inferiores a 10) Depressão leve (escores de 10 a 18) Depressão moderada (escores de 19 a 29) Depressão grave (escores acima de 30)
101(71,6%) 32(22,7%) 06(4,2%) 02(1,4%)
Escala de Desesperança de Beck – BHS Desesperança mínima (escores de 0 a 3) Desesperança leve (escores de 4 a 8) Desesperança moderada (escores de 9 a 14) Desesperança grave (escores de 15 a 20)
92(65,2%) 33(23,5%) 13(9,2%) 03(2,1%)
Doenças que acreditam ser causadas pelo uso do tabaco* Respiratórias Câncer Cardíacas Circulatórias Gastrintestinais Depressão Neurológicas Outro(s)
114(80,8%) 103(73,0%) 88(62,4%) 45(31,9%) 32(22,6%) 16(11,3%) 09(6,3%)
26(18,4%) Fonte: Dados da pesquisa, (2015) *Múltipla resposta
Mais da metade dos fumicultores responsáveis pela produção do tabaco 94
(66,6%) referiu apresentar doenças, enquanto 22 (15,6%) relataram não apresentar
doenças e 25 (17,7%) não sabem se têm ou não alguma doença. Os problemas
mais referidos pelos fumicultores foram: problemas de coluna 49 (34,7%), colesterol
34 (24,1%), hipertensão 30 (21,2%), problemas de estômago 22 (15,6%), diabetes
millitus 12 (8,5%), falta de ar 12 (8,5%), câncer 10 (7,1%), bronquite 9 (6,3%) e
depressão 8(5,6%).
61
Estes resultados se diferenciam muito do estudo realizado por Cargnin (2013)
no qual 54 (54,0%) participantes não apresentavam nenhum problema de saúde, 24
(24,0%) apresentavam algum tipo de problema. Assim, comparando os dados entre
os dois estudos, verifica-se uma grande problemática na presente pesquisa levando-
se em conta o número de portadores de doenças, considerando-se a média de idade
que foi de 37,01 anos e da dificuldade de acesso à assistência em saúde.
Entretanto, as doenças citadas no estudo de Cargnin (2013) foram problemas de
coluna seguidos de doenças cardíacas e respiratórias, dados semelhantes aos
encontrados na presente pesquisa.
Segundo dados do IBGE (2011) ao menos 21,4% dos brasileiros são
hipertensos, 18,5% têm problemas na coluna e 1,5% dos adultos já sofreram um
AVC (Acidente Vascular Cerebral). Além disso, 12,5% da população foi
diagnosticada com colesterol alto, 6,2% com diabetes e 4,2% com alguma doença
cardiovascular. A pesquisa mostra ainda que 7,6% da população com 18 anos ou
mais já tiveram diagnóstico de depressão e 1,8% população recebeu diagnóstico de
câncer justificando os resultados coletados na presente pesquisa.
Essas doenças crônicas e não transmissíveis são responsáveis por mais de
72% das causas de morte no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. A
hipertensão arterial, o diabetes, a doença crônica de coluna, o colesterol e a
depressão, são as doenças que apresentam maior prevalência no país. O estudo
ainda classificou as doenças crônicas por regiões, mostrando que o sul e o sudeste
tiveram os maiores índices com 47,7% e 39,8%, respectivamente (BRASIL, 2012)
Com a aplicação do BDI, pode ser verificada a intensidade dos sintomas de
depressão, apresentando o seguinte resultado: ausência de depressão – 101
(71,6%); depressão leve – 32 (22,7%); depressão moderada – 06 (4,2%); depressão
grave – 02 (1,4%). Embora, a grande maioria apresenta ausência de depressão, há
casos de depressão e estes quando não tratados, além de diminuir a qualidade de
vida, a produtividade do sujeito, podem evoluir para um quadro de suicídio. Ressalta-
se que dos 08 (5,6%) casos com diagnóstico de depressão (diagnósticos realizados
por médicos), apenas 1 fumicultor continua em tratamento médico (segundo o BDI -
depressão grave) e os outros 7 casos (segundo o BDI - 5 casos de depressão
moderada e 2 casos de depressão leve) abandonaram o tratamento por não
considerarem a depressão uma doença.
62
Entretanto, há uma série de estudos que indicam haver forte relação entre o
uso de certos agrotóxicos e o alto índice de suicídios entre agricultores. Algumas
substâncias podem, de fato, afetar o sistema nervoso central, provocando
transtornos psiquiátricos como ansiedade, irritabilidade, insônia ou sono conturbado
(com excesso de sonhos e/ou pesadelos), depressão e, muitas vezes, levar a
pessoa intoxicada ao ato extremo de eliminar a própria vida – comumente, ingerindo
o veneno usado na lavoura (LONDRES, 2011).
Segundo Almeida et al. (2012), a intoxicação por agrotóxico, principalmente o
organofosforado ocasiona, entre outros problemas de saúde, perturbações no
sistema nervoso em consequência da inibição de enzimas que fazem as sinapses
químicas. Distúrbios psiquiátricos e depressão são as doenças mais citadas pelos
estudiosos entre as populações que fazem uso de agrotóxicos. O Relatório Azul
(2005) destaca Venâncio Aires - RS como o município que mais produz fumo e que
também apresenta a maior taxa mundial de suicídio relacionado à depressão
ocasionada pela intoxicação por agrotóxicos utilizados na lavoura de fumo
(ALMEIDA, et. al. 2012).
Destaca-se, também, o estudo epidemiológico realizado por Faria et al. (2002)
apud Levigard e Rozemberg (2004), com trabalhadores rurais na Serra Gaúcha, que
conseguiu demonstrar quantitativamente que a intoxicação por agrotóxico
apresentou uma forte associação com transtornos psiquiátricos, denominação dada
aos “problemas de nervosismo” (linguagem utilizada pelos agricultores e grifo das
autoras).
Estudo realizado para investigação de um desastre ecológico com agrotóxicos
ocorrido no Mississipi (Estados Unidos) observou que independente dos níveis de
agrotóxicos encontrado na água consumida, mais da metade das pessoas expostas
apresentou sintomas de depressão (REHNER, 2000 apud PIRES, CALDAS,
RECENA, 2005).
Importante o registro de dois casos de suicídio de fumicultores (por ingestão de
agrotóxico). Um deles ocorrido 2 dias antes da coleta de dados em uma localidade
participante da presente pesquisa. Segundo relatos de familiares, o fumicultor
apresentou piora no quadro de depressão após ter perdido grande parte da
plantação de tabaco em novembro de 2013 devido a uma chuva de granizo. O
quadro se agravou com a perda da esposa, em agosto de 2014, devido ao câncer de
mama. O fumicultor tinha interrompido o tratamento medicamentoso e psicoterápico.
63
No segundo caso de suicídio verificado durante a coleta de dados a família limitou-
se a comentar, sabe-se apenas que foi por ingestão de agrotóxico, também de uma
localidade sorteada a participar da pesquisa.
Para Couto (2001) o luto está relacionado a perdas e é uma das experiências
mais dolorosas. Muitas vezes o enlutado pode se sentir culpado pela perda da
pessoa amada ou apresentar um imenso desejo de se reunir a ela, chegando,
assim, ao suicídio. Segundo dados do IBGE, a taxa oficial de mortalidade por
suicídio, no Brasil, é estimada em 4,9 por 100 mil habitantes para a população como
um todo e no estado de Santa Catarina este índice quase dobra, chegando a 8,5 por
100 mil habitantes.
A depressão é uma doença psiquiátrica, caracterizada por alteração da
maneira como a pessoa pensa e sente, além de afetar o comportamento social da
pessoa e o seu senso de bem-estar físico. Clinicamente é um mal que afeta o bem-
estar, resultando em fadiga crônica, problemas de sono e alterações no apetite.
Além disso, costuma afetar a capacidade de concentração e de tomada de decisões.
O comportamento, frequentemente, está alterado, e a pessoa fica irritável,
apresentando acessos de raiva, evitando ambientes e situações de contato com
outras pessoas. Compromete o humor, os sentimentos de tristeza, podendo levar a
sensação de desesperança e desamparo (COUTO, 2001). Entretanto, é
preocupante a visão que os fumicultores têm sobre depressão. Pode-se observar
que alguns fumicultores não possuem nenhum nível de compreensão dos estados
depressivos nem mesmo a reconhecem como uma doença capaz de levar a morte.
Em relação à dimensão do pessimismo ou a extensão das atitudes negativas
do indivíduo diante do futuro, os resultados obtidos com a aplicação do BHS foram:
desesperança mínima – 92 (65,2%); desesperança leve – 33 (23,4%), desesperança
moderada – 13 (9,2%) e desesperança grave – 03 (2,1%).
Inicialmente a desesperança era entendida como uma característica inerente
aos quadros depressivos, mas atualmente é vista como um conceito específico e
independente. É um dos sintomas psíquicos de maior preocupação dentro do
contexto da saúde, pois é aceita como um fator de risco tanto para suicídio, ideação
suicida e o desejo de morte prematura, apresentando forte tendência também, a
associar-se a quadros depressivos (BREITBART, 2000 apud SORATO, 2013).
Beck (2001) apud Aragão, Milagres e Figlie (2009) afirma que as pessoas
desesperançadas acreditam que: 1) nada sairá bem para elas, 2) que nunca terão
64
sucesso no que tentarem fazer, 3) que suas metas importantes jamais poderão ser
alcançadas e 4) que seus piores problemas nunca serão solucionados. O indivíduo
apresenta expectativas negativas em relação ao seu futuro podendo levar a um
sentimento de desespero psicológico.
Frente a isso, a presente pesquisa trouxe em seus resultados casos
preocupantes em que a depressão está associada à desesperança e a níveis
elevados de dependência tabágica, segundo a aplicação do BDI, da BHS e do
Fagerström como pode ser verificado no quadro abaixo:
Quadro 10 – Resultados de indivíduos preocupantes do BDI, BHS e Dependência Tabágica segundo o Fagerström
Sujeitos da pesquisa n=7
Intensidade dos sintomas de depressão
Dimensão do pessimismo
Dependência Tabágica
Fumicultor 1 Depressão moderada Desesperança Leve Média Fumicultor 2 Depressão moderada Desesperança
moderada Elevada
Fumicultor 3 Depressão moderada Desesperança moderada
Elevada
Fumicultor 4 Depressão moderada Desesperança moderada
Elevada
Fumicultor 5 Depressão moderada Desesperança moderada
Elevada
Fumicultor 6 Depressão moderada Desesperança grave Elevada Fumicultor 7 Depressão grave Desesperança
grave Muito elevada
Fumicultor 8 Depressão grave Desesperança grave Média Fonte: Dados da pesquisa, (2015)
Assim, o sujeito 7 é o caso mais preocupante com depressão grave, com
desesperança grave e com nível de dependência tabágica muito elevado, apresenta
características que sugerem risco clínico à saúde. Estes casos se tornam mais
preocupantes devido à elevada dependência tabágica sabendo que o tabagismo
pode agravar problemas de saúde já existentes e/ou desencadear outros. Existem
certas vulnerabilidades que tornam alguns indivíduos mais propensos do que outros
a cometer suicídio. Dentre as vulnerabilidades, encontram-se as doenças mentais,
com especial destaque para o transtorno depressivo principalmente quando este
vem acompanhado de um quadro de desesperança (SORATO, 2013 apud SILVA,
2014).
O tabagismo tem diversas implicações do ponto de vista bioquímico. A nicotina
interfere no funcionamento dos sistemas neurotransmissores e exerce diversas
ações neuroendócrinas, entre outros fatores, o que pode influenciar no quadro
65
psicopatológico e na responsividade do paciente ao tratamento (HERRÁN et al.,
2000 apud SILVA, 2014).
Ao longo dos tempos, estudos têm sido realizados e comprovam que a
probabilidade de abandono do tabagismo é reduzida em pacientes com transtornos
de depressão. Além disso, sabe-se que fumantes com histórico de depressão
correm mais risco de recaídas durante o período de abstinência, em comparação a
fumantes sem o mesmo histórico. Nos fumantes com histórico de transtornos
depressivos, a cessação do tabagismo é fator de risco para a manutenção do
quadro clínico ou o desenvolvimento de novo surto depressivo. Mesmo que esses
indivíduos parem de fumar, as recaídas são mais frequentes, pois a nicotina ajuda a
manter a homeostase interna (GLASSMAN et al., 1988; BRESLAU et al. 1992;
GLASSMAN, 1993; ESCOBEDO et al. 1996; GILBERT et al. 1997; PATTON et al.
1998; GLASSMAN et al. 2001; LAJE, et al., 2001 apud RONDINA, GORAYEB,
BOTELHO, 2011).
Em relação às doenças que os fumicultores acreditam serem provocadas pelo
uso do tabaco, ou seja, pelo tabagismo o resultado foi o seguinte: doenças
respiratórias 114 (80,8%); câncer 103 (73,0%); doenças cardíacas 88 (62,4%);
doenças circulatórias 45 (31,9%); gastrintestinais 32 (22,6%); depressão 16 (11,3%)
e neurológicas 09 (6,3%). Pode-se dizer que estes resultados indicam que os
fumicultores têm bom nível de compreensão em relação dos malefícios causados
pelo consumo do tabaco, acreditando que o uso desta substância seja responsável
por doenças do sistema respiratório, pelo desenvolvimento de câncer e de doenças
cardíacas. Estudo realizado pelo INCA aponta que a percepção apresentada com
maior frequência pela amostra estudada foi a do tabaco como causador de câncer
de pulmão (94,7%), infarto (85,6%) e derrame (73,1%) (INCA, 2014).
A Tabela 11 apresenta os sinais e sintomas apresentados pelos fumicultores
responsáveis pela produção do tabaco.
Tabela 11 – Sinais e sintomas apresentados pelos fumicultores responsáveis pela produção de tabaco durante a cultura. Variáveis (n=141) n(%) Sinais/sintomas durante a cultura do tabaco* Náusea Fraqueza Cefaleia Vômito
89(63,1%)
41(29,1%) 39(27,6%) 25(17,7%) 20(14,1%)
66
Tontura Calafrios Tristeza Alterações da PA* e FC* Aumento da salivação Cólicas abdominais Outra(s) Nunca apresentou sinais sintomas
16(11,3%) 11(7,8%) 09(6,3%) 07(4,9%) 07(4,9%) 05(3,5%) 13(9,2%)
52(36,9%)
Momento em que apresentou os sinais/sintomas* Colheita Desbrote Preparo das folhas Preparo da lavoura Cuidado com as mudas Plantio
69(48,9%) 43(30,4%) 30(21,2%) 24(17,0)
16(11,3%) 10(7,0%)
Fonte: Dados da pesquisa, (2015) *Múltipla resposta PA: Pressão Arterial e FC: Frequência Cardíaca
Durante a cultura de tabaco, 89 (63,1%) fumicultores responderam já terem
apresentado algum sinal ou sintoma sugestivo de intoxicação devido a tal atividade.
Dentre os sinais e sintomas que os fumicultores apresentaram, os mais citados
foram: náusea 41 (29,1%), fraqueza 39 (27,6%), cefaleia 25 (17,7%), vômito 20
(14,1%), tontura 16 (11,3%), calafrios 11 (7,8%), tristeza 09 (6,3%), alteração da PA
e da FC e aumento da salivação 7 (4,9%) e cólicas abdominais 5 (3,5%),
sintomatologia encontrada nos casos de DFV. A ocorrência mais prevalente deu-se
no momento da colheita 69 (48,9%) e do desbrote 43(30,4%) sendo que é no
momento da colheita que mais acontece a intoxicação dérmica, ou seja, a DFV.
Estudo realizado por Carvalho (2006) em um posto de saúde identificou que as
principais ocorrências atendidas com suspeita de intoxicação, aconteceram no
período de outubro a janeiro, justamente a época em que está sendo realizada a
colheita do tabaco, sendo os sinais e sintomas mais prevalentes náusea, vômito,
diarreia, tonturas, dores de cabeça e dermatites.
No município de Candelária (RS), um estudo realizado com 46 sujeitos que
apresentaram sinais e sintomas de DFV, foi realizado o exame de dosagem de
cotinina urinária para detectar a absorção dérmica de nicotina. Ao final da
investigação, 33 sujeitos tiveram a confirmação da doença sendo os sinais e
sintomas mais frequentes: náusea (93,9%), tontura e vômito (72,7%), cefaleia
(66,7%), cólicas abdominais (57,6%) e fraqueza (54,5%) (BARTHOLOMAY et al.
2012 apud CARGNIN, 2013), sintomas semelhantes aos relatados pelos sujeitos da
presente pesquisa.
67
A Tabela 12 apresenta o status tabágico, a dependência da nicotina e o uso de
bebidas alcoólicas pelos fumicultores responsáveis pela produção de tabaco.
Tabela 12 – Status tabágico, dependência à nicotina e uso de bebida alcoólica pelos fumicultores responsáveis pela produção do tabaco Variáveis n(%) Status tabágico Não fumante Fumante Fumante em abstinência
69(49,0%) 41(29,0%) 31(22,0%)
Idade de início do tabagismo – Média (mínimo= 09 anos; máximo=20 anos) n=72
14,4
Tempo (anos) de consumo – Média (mínimo=2 anos; máximo=25 anos) n=41
15,3
Tipo de cigarro* n=41 Cigarro de papel (industrializado) Cigarro de palha (palheiro)
41(100,0%) 18(43,9%)
Pensou em parar de fuma n=41 Sim Não
34(82,9%) 07(17,1%)
Tentou parar de fumar n=41 Sim Não
29(70,7%) 12(29,3%)
O que impede parar de fumar* n=29 Dependência da nicotina Sinais e sintomas de abstinência Falta de vontade Problemas pessoais
28(68,2%) 22(53,6%) 22(53,6%) 07(17,0%)
Escala de Fagerström n=41 Muito baixa (0-2 pontos) Baixa (3-4 pontos) Média (5 pontos) Elevada (6-7 pontos) Muito elevada (8-10 pontos)
06(14,7%) 08(19,5%) 14(34,1%) 12(29,3%) 01(2,4%)
Uso de bebidas alcoólicas n=141 Sim Não
126 (89,4%) 15(10,6%)
Tipo de bebida* n=126 Cerveja Vinho Cachaça
118(93,6%) 74(58,7%) 41(32,5%)
Frequência de uso Diariamente Finais de semana Às vezes Raramente
50(39,7%) 43(34,1%) 25(19,8%) 08(6,4%)
Tempo de uso de bebida (anos) n=126 Média em anos
15,6
Fonte: Dados da pesquisa, (2015) *Múltipla resposta
Dos 141 fumicultores entrevistados, 41 (29,0%) são tabagistas ativos, ou seja,
fazem uso do cigarro diariamente. A média de idade em que se deu o início do
consumo do tabaco foi de 14,4 anos com tempo médio de 15,3 anos de consumo.
68
Dentre os tabagistas, todos fazem uso de cigarro de papel, ou seja, industrializado e
destes, 18 (43,9%) também fazem uso de cigarro de palha, também conhecido no
meio como palheiro.
De acordo com o mais recente Vigitel, (Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) inquérito promovido pelo
Ministério da Saúde anualmente, a parcela da população brasileira fumante acima
de 18 anos caiu 28% nos últimos oito anos. O Vigitel 2013 registrou que 11,3% da
população brasileira fumam, enquanto que em 2006 o índice era de 15,7%. A
frequência permanece maior entre os homens (14,4%) do que em mulheres (8,6%).
(INCA, 2014) Entretanto, o número de tabagistas entre os fumicultores é grande,
mesmo sabendo dos danos causados à saúde.
Em pesquisa realizada na Província de Yunnan, na China, concluiu-se que os
indivíduos que cultivavam tabaco tiveram maior probabilidade de se tornar tabagista
em relação aos que não cultivavam a planta (CAI et al. 2012 apud SILVA, 2014). Em
relação a esta colocação, durante a coleta de dados, fumicultores comentaram que
não podiam parar de fumar e que incentivavam familiares e amigos a fazerem uso
do tabaco para garantia de trabalho. Esta situação levanta uma problemática, pois
mostra a falta de conhecimento de alguns fumicultores sobre os malefícios, muitas
vezes irreversíveis, provocados pelo comportamento do tabagismo.
Conforme a média de idade em que se deu o início do tabagismo – 14,4 anos,
esta condiz com a fase da adolescência. A iniciação do tabagismo na adolescência
está associada a diversas razões, tais como imitação do comportamento do grupo,
amigo próximo tabagista, pais tabagistas. Contribui para esse quadro a situação de
fácil acesso, apontada como um fator de iniciação e indução ao consumo (INCA,
2014).
A exposição ao tabagismo na adolescência tem inúmeras e importantes
implicações para o bem-estar e a saúde do adolescente, a curto, médio e longo
prazos. Jovens fumantes quando comparados aos não fumantes, consomem 3
vezes mais álcool, usam 8 vezes mais maconha, 22 vezes mais cocaína e ainda
apresentam comportamentos de risco como sexo sem proteção e agressão física
(WHO, 2011 apud INCA, 2014). Também, comportamentos de risco em saúde na
adolescência predizem menor nível educacional na vida adulta, contribuindo para
aumentar as desigualdades em saúde (INCA, 2014).
69
A iniciação precoce do uso do tabaco é um importante fator prognóstico para o
adoecimento, ou seja, quanto mais cedo se estabelece a dependência do tabaco,
maior é o risco de morte prematura. A diferença em alguns anos no início do uso do
tabaco pode aumentar em quase o dobro os riscos de danos à saúde (INCA, 2011).
Em relação ao tipo de cigarro usado se de papel (industrializado) ou palha
(palheiro), alguns fumicultores relataram ser o de palha mais “natural”, portanto,
causador de menos danos à saúde. A este respeito o INCA (2014) informa que toda
maneira de consumo de tabaco nas suas mais variadas formas é nociva à saúde e a
única maneira de não estar no grupo de risco de desenvolver alguma doença
provocada pelo tabagismo é não fumar e não ficar próximo de fumantes (tabagismo
passivo) é ficar livre das 4.730 substâncias nocivas à sua saúde.
No que se refere à cessação do tabagismo, 34 (82,9%) fumicultores
responderam já ter pensado em parar de fumar, sendo que 29 (70,7%) tentaram
parar de fumar sem obter sucesso. Os principais motivos referidos como
impedimento da cessação são a dependência da nicotina 28 (68,2%), sinais e
sintomas de abstinência e falta de vontade 22 (53,6%) e problemas pessoais 7
(17,0%).
A nicotina é uma droga e como tal causa dependência. A característica da
dependência de drogas é uma vulnerabilidade contínua à recaída, mesmo após
anos de abstinência da droga, decorrente da base neural da dependência
relacionada com motivação e escolhas. A vulnerabilidade é decorrente do aumento
do desejo da droga e da reduzida capacidade para controlar o desejo (NUNES et al.
2011).
Com o tempo, o indivíduo vai se tornando dependente das substâncias
contidas no cigarro e quando se é tirado o cigarro principalmente de forma abrupta,
o tabagista poderá entrar na síndrome de abstinência, tendo alguns sintomas como:
ansiedade, inquietação, sonolência ou insônia, aumento do apetite, tosse,
agressividade, desconforto abdominal e principalmente irritabilidade que podem
durar por duas ou três semanas. (BRASIL, 2007). Esta sintomatologia da abstinência
se torna, muitas vezes, difícil de suportar fazendo com que o sujeito tenha uma
recaída, voltando a fazer uso do tabaco.
Estima-se que cerca de 80% dos tabagistas desejam parar de fumar, mas
apenas 3% conseguem realmente abandonar o vício. A maior parte dos tabagistas
necessita de cinco a sete tentativas antes de deixar o cigarro definitivamente. A
70
motivação que o indivíduo deve ter para deixar o hábito de fumar é um dos fatores
mais importantes na cessação do tabagismo e está relacionada a várias variáveis
como: hereditárias, fisiológicas, ambientais e psicológicas (RONDINA; GORAYEB;
BOTELHO, 2007). Na presente pesquisa foi relatado como motivos para não parar
de fumar a falta de vontade e problemas pessoais, situações estas que dificultam
ainda mais o processo de cessação.
Com a aplicação da Escala de Fagerström, pode ser avaliada a dependência
da nicotina, sendo observado que 06 (14,7%) fumicultores apresentam dependência
muito baixa, 08 (19,5%) dependência baixa, 14 (34,1%) dependência média, 12
(29,3%) elevada e 1 (2,4%) dependência muito elevada.
A dependência do tabaco é uma doença crônica, progressiva e recorrente,
mediada por ações de receptores centrais e periféricos. (MARQUES et al., 2001
apud NUNES et al. 2011). A décima revisão da Classificação Internacional de
Doenças (CID-10), classifica a dependência de tabaco (F17. 2) como: um forte
desejo ou compulsão à nicotina; dificuldades de controlar o uso; cessar ou reduzir
causa estado de abstinência, necessidade de doses crescentes da nicotina;
abandono, apesar de consequências nocivas à saúde (INCA, 2014).
Quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, 126 (89,4%) fumicultores referiram
fazer uso sendo que destes, 50 (39,7%) fazem consumo diário. A cerveja foi a
bebida alcoólica de maior consumo para 118 (93,6%) fumicultores. Resultados
semelhantes foram encontrados nos estudos de Turci (2009) e Heemann (2009), em
que 92,3% e 82,5%, respectivamente, consomem bebidas alcoólicas.
O consumo tanto de tabaco quanto de bebidas alcoólicas causa prejuízos à
saúde e ao desempenho dos trabalhadores, podendo inclusive, ocasionar acidentes
de trabalho à desorganização no seio familiar, a comportamentos agressivos e
homicídios, à pobreza e exclusão social e em casos extremos ao suicídio. Também,
constituem ainda, como fatores de risco que correspondem pela maior parte das
mortes por doenças crônicas não transmissíveis (WHO, 2011 apud INCA 2014).
A Tabela 13 descreve a satisfação e os motivos apresentados pelos
fumicultores responsáveis pela produção para parar ou não com a cultura do tabaco.
Tabela 13 – Satisfação e motivos apresentados pelos fumicultores responsáveis pela produção para parar ou não com a cultura do tabaco Variáveis n(%) Satisfação com a cultura do tabaco (n=141)
71
Satisfeito Pouco satisfeito Não satisfeito
56(39,7%) 52(36,9%) 33(23,4%)
Motivos para parar com a cultura do tabaco* (n=73) Mão de obra indisponível na família Atividade essencialmente manual Baixo preço Agravos da saúde Trabalho pesado que demanda grande esforço físico Época da safra no verão (excesso de calor = uso de EPIs) Medo de perda da safra devido temporais Uso de agrotóxico na cultura Idade avançada Cultura que compromete o ano todo Outro(s)
73(51,8%)
51(69,8%) 48(65,7%) 46(63,0%) 39(53,4%) 17(23,2%) 13(17,8%) 10(13,6% 05(6,8%) 05(6,8%) 05(6,8%)
12(16,4%) Motivos para seguir com a cultura do tabaco* (n=68) É a fonte de renda familiar Só sabe fazer isso Gosta de trabalhar com a cultura Sabe fazer bem o trabalho Fica perto dos familiares Outro(s)
68(48,2%)
64(94,1%) 40(58,8%) 36(52,9%) 21(30,8%) 19(27,9%) 20(29,4%)
Fonte: Dados da pesquisa, (2015) *Múltiplas respostas
Pode-se verificar que 56 (39,7%) fumicultores estão satisfeitos com a cultura do
tabaco, 52 (36,9%) estão pouco satisfeitos e 33 (23,4%) não estão satisfeitos com a
ocupação atual. A maioria dos fumicultores – 73 (51,8%) apresentaram motivos que
os levam a ter vontade de parar com a cultura do tabaco. Dentre os principais
motivos relatados, destacam-se: mão de obra indisponível na família 51 (69,8%),
atividade essencialmente manual 48 (65,7%), baixo preço do tabaco 46 (63,0%,
agravos da saúde 39 (53,4%) e trabalho pesado que demanda grande esforço físico
17 (23,2%). Para 68 (48,2%) fumicultores há motivos para continuar com a cultura
do tabaco, sendo os principais motivos: fonte de renda 64 (94,1%), só saber fazer
este trabalho 40 (58,8%), gostar de trabalhar com a cultura do tabaco 36 (52,9%),
saber fazer bem o trabalho 21 (30,8%) e por ficar perto dos familiares 19 (27,9%).
Como mencionado anteriormente, estudos têm evidenciado uma tendência de
redução do número de filhos, o que consequentemente se reflete em famílias cada
vez menores, mesmo na área rural. Essa diminuição tem contribuído para tornar a
força de trabalho das famílias insuficiente, já que a cultura do tabaco demanda
grande mão de obra nas diversas etapas do processo de produção, fato confirmado
por todos os fumicultores entrevistados.
72
Bonato (2009) relata que restam duas alternativas ao fumicultor: a primeira é a
contratação de mão de obra, a qual está cada vez mais difícil nas regiões
produtoras, ou então, o abandono da cultura do tabaco devido às dificuldades
encontradas no setor.
Outro estudo realizado por Riquinho e Hennington (2012) destaca que as
mudanças na estrutura familiar, principalmente pelo declínio das taxas de
fecundidade, refletem a forma como será organizada a produção do tabaco
futuramente, isto é, se haverá uma redução na safra ou a contratação de
trabalhadores, considerando-se que a mecanização é limitada e que um número
significativo de trabalhadores é necessário.
Os fumicultores também indicaram os agravos a saúde e trabalho
extremamente pesado que demanda esforço físico como motivos para o abandono
desta cultura. Em relação a estas questões, o estudo de Soares, Cassol e Bortoli
(2014), evidencia que na época do plantio e da colheita trabalha-se de dia e também
à noite, o que gera muito cansaço, bem como, fortes dores de cabeça, por ficar
muito tempo em contato direto com o fumo.
Em revisão de literatura que teve por meta estudar as condições de trabalho e
os impactos sobre a saúde associados à cultura do tabaco, observou-se que, entre
os muitos efeitos do cultivo do tabaco, destacam-se lesões musculoesqueléticas,
distúrbios respiratórios, DFV e doenças mentais (RIQUINHO, HENNINGTON, 2012).
Embora a maioria dos fumicultores tenha apresentado motivos para parar com
a cultura do tabaco, houve aqueles que relataram motivos para continuar com tal
cultura. O motivo que prevaleceu é em relação à renda familiar. Para esses
fumicultores não existe outra cultura que ofereça o mesmo rendimento
proporcionado pelo tabaco e que seja desenvolvido em pequenas propriedades.
73
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que o tabaco é considerado um pilar da economia da região sul
brasileira, bem como da região onde se realizou a pesquisa, além de prestar
importante contribuição social envolvendo muitas pessoas no processo. Gera
empregos e com isso minimiza a taxa de desemprego, uma das grandes
preocupações mundiais.
Percebeu-se que a grande maioria dos sujeitos entrevistados, mora em casas
que apresentam infraestrutura adequada. Em relação às variáveis socioeconômicas,
os dados mais preocupantes foram referentes ao abastecimento de água que se dá
na grande maioria através de poço, sendo assim, sem tratamento e também em
relação ao destino do lixo, que a grande maioria o queima agredindo o meio
ambiente.
Foi verificado também, que grande parte dos fumicultores possui um diálogo
pronto, ensaiado sobre tudo o que deve ser feito em relação aos cuidados com a
saúde e utilização de EPIs para prevenir intoxicações e outros agravos à saúde. No
entanto, a prática diz o contrário principalmente no que se refere ao uso dos EPIs.
Como a coleta de dados aconteceu no período da colheita do tabaco, observou-se o
descaso de muitos fumicultores com a própria saúde sendo motivo de preocupação.
Foi verificado que muitos fumicultores não utilizam EPIs, quando usam é de forma
parcial, ficando expostos a intoxicações por agrotóxico. Foram encontrados sinais e
sintomas de intoxicação, principalmente os indicativos da DFV, o que preocupa é
que nem todos os fumicultores concordam que a sintomatologia seja provocada por
intoxicação, justificando-a como sinais de gripe ou mal-estar geral. Ainda em relação
aos EPIs, estes não possuem boa aceitação pelos fumicultores, pois os consideram
desconfortáveis principalmente em dias mais quentes.
Foram identificados problemas de saúde na grande maioria dos fumicultores
responsáveis pela produção do tabaco, sendo mais prevalentes os problemas de
coluna, o que pode estar diretamente relacionado ao esforço físico principalmente no
período da colheita do tabaco.
Além da presença de problemas de saúde, de sinais e sintomas de intoxicação
por agrotóxicos, sintomas depressivos leves, moderados e graves foram
encontrados na amostra bem como desesperança leve, moderada e grave. Todos
esses problemas de saúde se agravam quando se é tabagista, pois quase um terço
74
da amostra é tabagista, sendo que a grande maioria destes tem dependência à
nicotina média e elevada. Outro agravante encontrado foi o uso de bebidas
alcoólicas por quase toda a amostra.
A pesquisa evidenciou que grande parte da amostra se encontra pouca
satisfeita ou não satisfeita com o trabalho da cultura do tabaco. Entretanto,
vivenciam sentimentos ambivalentes em relação a essa situação, pois, quase
metade da amostra aponta como o principal motivo de continuar com o trabalho é
este ser a fonte de renda da família. O mesmo trabalho que garante o sustento da
família é o mesmo que causa danos à saúde dos atores envolvidos.
Por fim, sugere-se a realização de estudos que possibilitem identificar a
presença de intoxicação pelo uso excessivo de agrotóxico e pela folha de tabaco,
bem como de outros agravantes à saúde do fumicultor principalmente no que se
refere à saúde mental inclusive sobre alcoolismo.
Pode-se concluir que a presente pesquisa conseguiu verificar que a cultura do
tabaco influencia de maneira decisiva na saúde deste profissional. Entretanto, este
nem sempre percebe que o seu problema de saúde advém da falta de cuidados em
relação a este trabalho.
75
REFERENCIAL
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84
ANEXO A
TOTAL DE PRODUTORES POR BAIRRO DO MUNICÍPIO DE CANOINHAS – SC
BAIRRO TOTAIS
AGUA VERDE 11
ALTO DA PEDRA BRANCA 2
ALTO DOS PINHEIROS 2
ALTO FRIGORIFICO 1
ALTO PALMEIRAS 1
ANTA GORDA 44
AREIA DE BAIXO 1
ARROIOS 66
BARRA MANSA 109
BARREIROS 12
BOA VISTA 20
BONETES 55
CACHOEIRA 3
CAMPO DAS MOCAS 18
CAMPO DOS BUENOS 16
CAMPO DOS PONTES 2
CAPAO DO ERVAL 3
CARAGUATA 27
CERRITO 15
COCHILHAO DA PACIENCIA 1
COLONIA FIGURA 1
ENCRUZILHADA 81
ENTRE RIOS 4
ERVAL BONITO 41
ESTACAO PACIENCIA 4
FARTURA 26
FARTURA DE BAIXO 12
FARTURA DE CIMA 10
FARTURA DO MEIO 2
FELIPE SCHIMIDT 29
FORQUILHA 26
HERVAL BONITO 1
INCRUZILHADA 1
INTERIOR 2
LAGEADO 50
LARANJEIRAS 12
85
LOCALIDADE 1
MARCILIO DIAS 5
MATAO 17
PACIENCIA 18
PACIENCIA DOS NEVES 132
PALMITAL 28
PARADO 8
PAULA PEREIRA 31
PEDRA BRANCA 24
PIEDADE 15
PINHEIROS 165
RIO DA AREIA 111
RIO DA AREIA DE BAIXO 82
RIO DA AREIA DO MEIO 105
RIO DA AREIA SANTA EMIDIA 2
RIO DA VEADA 5
RIO DO PINHO 56
RIO DO TIGRE 76
RIO DOS PARDOS 326
RIO DOS POCOS 4
RIO PRETINHO 40
SALSEIRO 70
SALTO 1
SALTO DA AGUA VERDE 217
SANTA EMIDIA 43
SANTA HAIDE 26
SANTA LEOCADIA 29
SANTO ANTÔNIO WOSGRAUS 25
SANTO ANTONIO 6
SAO JOSE DO TAMANDUA 4
SEREIA 29
SERRA DA NOGUEIRA 1
SERRA DAS MARTES 1
SERRA DAS MORTES 37
SERRITO 10
TAMANDUA 4
TAQUARIZAL 6
TAUNAY 6
TIMBOZINHO 19
TIRA FOGO 1
VALINHOS 148
86
VILA ALTO DOS PINHEIROS 1
VILA RIO DOS PARDOS 1
VILA SANTA LEOCADIA 1
VILA VALINHOS 1
VOLTA GRANDE 4
2651
Fonte: AMPLANORTE – Associação dos Municípios do Planalto Norte Catarinense, 2014.
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ANEXO B
PRODUTORES POR BAIRRO DO MUNICÍPIO DE ITAIÓPOLIS – SC
BAIRRO TOTAIS POR BAIRRO
BAIA DO ITAJAI 1
BONSUCESSO 1
CABEÇA SECA 2
CACHOEIRA 1
CASA DE PEDRA 7
CERQUEIRA 6
COLONIA BECKER 2
CONTAGEM RANK 2
CONTAGEM SCHADECK 2
CONTAGEM WORELL 2
COSTA CARVALHO 6
DISTRITO 2
DISTRITO DE IRAPUTÃ 2
DISTRITO DE ITAIO 196
DISTRITO DE MOEMA 1
ESTRADA SÃO JOÃO 1
ESTRADA WONTROBA 1
INTERIOR 416
IRACEMA 36
KM 34 2
LINHA VOTROBA 47
LOMBA DO MEIO 4
LUCENA 1
MOEMA 191
MOEMINHA 16
NOVA ESPERANCA 1
PARAGUAÇU 98
POÇO CLARO 50
RIO DA ANTINHA 1
RIO DA AREIA 4
RIO DA AREIA DE CIMA 1
RIO DA ESTIVA 94
RIO DO TIGRE 47
RIO NEGRINHO 3
RIO VERMELHO I 83
RIO VERMELHO II 2
SANTO ANTONIO 36
88
SANTOS DUMONT 49
SÃO JOÃO 81
SÃO LOURENÇO 22
SÃO PEDRO 20
SÃO ROQUE 17
SECÇAO WAGNER 28
SEDE 1
SERRA DA BAIA 1
SERRINHA DO ITAJA 3
SERZEDELO 43
SILVEIRA DA MOTA 2
UVARANEIRA 2
VILA PALMITAL 1
VOLTA TRISTE 50
XAVIER DA SILVA 3
1704
Fonte: AMPLANORTE – Associação dos Municípios do Planalto Norte Catarinense, 2014
89
ANEXO C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Adulto
1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA TÍTULO DA PESQUISA: AGRICULTURA FAMILIAR: UM ESTUDO DA SAÚDE DO PRODUTOR DE TABACO. ÁREA DO CONHECIMENTO: CIÊNCIAS DA SAÚDE. CURSO: MESTRADO NÚMERO DE SUJEITOS NO CENTRO: 300 NÚMERO TOTAL DE SUJEITOS: 300 PATROCINADOR DA PESQUISA: PARTICULAR INSTITUIÇÃO ONDE SERÁ REALIZADO: DOMICÍLIOS DAS FAMÍLIAS FUMICULTORAS. NOME DOS PESQUISADORES E COLABORADORES: LUIS PAULO GOMES MASCARENHAS E CLÁUDIA MARA WITT RATOCHINSKI
Você está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa acima identificado. O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos realizando. Sua colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer momento, isso não causará nenhum prejuízo a você. 2. IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA NOME: DATA DE NASCIMENTO: NACIONALIDADE: ESTADO CIVIL: PROFISSÃO: CPF/MF: RG: ENDEREÇO: TELEFONE: E-MAIL: 3. IDENTIFICAÇÃO DO PESQUISADOR RESPONSÁVEL: NOME: LUIS PAULO GOMES MASCARENHAS PROFISSÃO: PROFESSOR PESQUISADOR N° DO REGISTRO NO CONSELHO: ENDEREÇO: Av. Presidente Nereu Ramos, 1071 - Jardim do Moinho, Mafra – SC
TELEFONE: 47- 3641-0055 E-MAIL: [email protected]
Eu, sujeito da pesquisa, abaixo assinado (a), concordo de livre e espontânea
vontade em participar como voluntário (a) do projeto de pesquisa acima
identificado. Discuti com o pesquisador responsável sobre a minha decisão em
participar e estou ciente que:
90
1. Os objetivos desta pesquisa são:
Objetivo Geral
- Descrever o perfil da saúde dos fumicultores dos municípios de Canoinhas e
Itaiópolis.
Objetivos Específicos
- Identificar os principais problemas de saúde apresentados pelos fumicultores;
- Investigar a intensidade de sintomas de depressão nos fumicultores;
- Mensurar a dimensão do pessimismo dos fumicultores diante do futuro;
- Verificar a prevalência do uso do tabaco e o grau de dependência tabágica
nos fumicultores;
- Analisar a associação entre as variáveis: intensidade de sintomas de
depressão, dimensão do pessimismo diante do futuro e dependência tabágica;
- Caracterizar as condições socioeconômicas dos fumicultores.
2. O procedimento para coleta de dados acontecerá da seguinte maneira:
A coleta de dados será realizada pela pesquisadora (mestranda) e por cinco
pesquisadores auxiliares devidamente treinados na utilização de todos os
instrumentos que serão utilizados para a realização da pesquisa. Os
pesquisadores auxiliares serão alunos do curso de Graduação em Psicologia
da Universidade do Contestado – UnC Mafra da 5ª fase. Será realizada na
residência dos fumicultores. Os custos serão de responsabilidade da
pesquisadora (mestranda).
3. O (s) benefício (s) esperado (s) é (são) de contribuir com informações para
a sociedade, bem como para a comunidade científica. Também, os resultados
deste estudo poderão contribuir para propor políticas públicas a essa
população específica com atuação intersetorial bem como multiprofissional,
com vistas a desenvolver ações direcionadas à manutenção da saúde dos
fumicultores, ao cuidado e à prevenção de doenças ocupacionais que mais
afetam esta população.
91
4. O (s) desconforto (s) e o (s) risco (s) esperado (s) é (são) de sentir-se
incomodado em ter que responder às questões que estão diretamente ligadas
ao seu dia a dia e que podem trazer à tona insatisfações em relação a atual
atividade já que trata-se da cultura de um produto que afeta diretamente a
saúde tanto do tabagista quanto do fumicultor pela necessidade do uso de
agrotóxicos.
5. A minha participação neste projeto tem como objetivo contribuir para o
desenvolvimento da pesquisa, fornecendo informações novas sobre o tema
pesquisado.
6. Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração nesta
pesquisa no momento em que desejar sem necessidade de qualquer
explicação.
7. A minha desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem
estar físico. Não virá interferir em minha segurança e na continuação da
pesquisa que trata de descrever o perfil socioeconômico e da saúde de famílias
fumicultoras dos municípios de Canoinhas e Itaiópolis.
8. Os resultados obtidos durante este estudo serão mantidos em sigilo mas
concordo que sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus
dados pessoais não sejam mencionados.
9. Poderei consultar o pesquisador responsável Luis Paulo Gomes
Mascarenhas, sempre que necessário obter informações ou esclarecimentos
sobre o projeto de pesquisa e minha participação no mesmo.
10. Tenho a garantia de tomar conhecimento pessoalmente do (s) resultado (s)
parcial (is) e final (is) desta pesquisa.
Declaro que obtive todas as informações necessárias e esclarecimento quanto
às dúvidas por mim apresentadas, por estar de acordo assino o presente
documento.
92
Data: ______________________________________.
_____________________________ __________________________. Pesquisador Responsável pelo Projeto Sujeito da Pesquisa Responsável Luis Paulo Gomes Mascarenhas RG: CPF:
Testemunhas:
____________________________ __________________________.
Nome: Nome: RG: RG: CPF/MF: CPF/MF: Telefone: Telefone:
93
ANEXO D
Instrumento de Coleta de Dados
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
1- Nome da fonte da informação (responsável pela produção do tabaco):
_________________________________________________.
2- Parentesco em relação ao núcleo familiar: 1 ( ) Pai 2 ( ) Filho 3 ( ) Avô 4 ( ) Mãe 5 ( ) Outro – Especificar
3- Endereço: _________________________________________.
4- Telefone: __________________________________________.
VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS DA FAMÍLIA
5- Qual é a condição de moradia da família? 1 ( ) Própria 2 ( ) Alugada 3 ( ) Cedida 4 ( ) Outro – Especificar _________________________________
6- Qual é o tipo de construção da moradia da família? 1 ( ) Material 2 ( ) Madeira 3 ( ) Mista 4 ( ) Outro – Especificar __________________________________
7- Qual é a arquitetura do domicílio da família? 1 ( ) Casa 2 ( ) Apartamento 3 ( ) Outro – Especificar __________________________________
8- Qual é o número de peça(s) que tem o domicílio da família: ______________.
9- O domicílio da família possui energia elétrica? 1 ( ) Sim 2 ( ) Não
94
10- Que tipo de abastecimento de água o domicílio da família possui? 1 ( ) Rede Geral 2 ( ) Poço/Nascente 3 ( ) Outro – Especificar _____________________________________.
11- Qual é o destino do lixo do domicílio da família? 1 ( ) Coletado 2 ( ) Queimado/Enterrado 3 ( ) Céu aberto 4 ( ) Outro – Especificar _____________________________________.
12- Qual é o destino de fezes e urina do domicílio da família? 1 ( ) Sistema de esgoto (rede geral) 2 ( ) Fossa 3 ( ) Céu aberto 4 ( ) Casinha 5 ( ) Outro – Especificar
13- Qual é a renda mensal de sua família? __________________________.
14- Há quanto tempo a família trabalha com a cultura do tabaco?
____________.
VARIÁVEIS DE SAÚDE DA FAMÍLIA
15- Em caso de doença, qual serviço de saúde a sua família procura? 1 ( ) Hospital 2 ( ) Unidade de Saúde 3 ( ) Farmácia 4 ( ) Outro – Especificar _____________________________________.
16- Os membros de sua família aplicam produtos agrotóxicos na lavoura?
1 ( ) Sim. Quais? ( ) Herbicidas ( ) Inseticidas ( ) Fungicidas ( ) Antibrotante ( ) Outros – Especificar: 2 ( ) Não.
17- Os membros de sua família usam Equipamentos de Proteção Individual? 1 ( ) Sim. Quais? _________________________________________. 2 ( ) Não.
95
18- Dos que auxiliam na cultura do tabaco, alguém já apresentou sintomas de intoxicação?
1 ( ) Sim – Quais sintomas? _________________________________. 2 ( ) Não.
19- As empresas fumageiras oferecem à família suporte para o cuidado com a saúde?
1 ( ) Sim – Qual? _________________________________________. 2 ( ) Não.
VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS DO RESPONSÁVEL PELA PRODUÇÃO DO TABACO.
20- Sexo 1 ( ) Masculino 2 ( ) Feminino
21- Idade: ________________ anos.
22- Você tem filhos? Quantos filhos você tem? 1 ( ) Sim. Número de filhos: _______________________ 2 ( ) Não
23- Qual é sua cor ou etnia? 1 ( ) Branca 2 ( ) Preta 3 ( ) Amarela 4 ( ) Parda 5 ( ) Indígena
VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS DO RESPONSÁVEL PELA PRODUÇÃO DO TABACO.
24- Estado Conjugal?
1 ( ) Casado(a) ou com companheiro(a) 2 ( ) Separado(a), desquitado(a), sem companheiro(a) 3 ( ) Viúvo(a) 4 ( ) Solteiro(a)
25- Quantos anos você estudou? ___________________ anos.
26- Você está satisfeito com a cultura do tabaco? 1 ( ) Satisfeito 2 ( ) Pouco satisfeito 3 ( ) Não satisfeito
27- Você tem vontade de parar com a cultura do tabaco? 1 ( ) Sim. Por quê? ______________________________________. 2 ( ) Não. Por quê? ______________________________________.
96
VARIÁVEIS DE SAÚDE E STATUS TABÁGICO DO RESPONSÁVEL PELA PRODUÇÃO DO TABACO
28- Você tem alguma doença? 1 ( ) Sim 2 ( ) Não 3 ( ) Não sabe
29- Qual (is) é(são) a(s) doença(s) que você tem? (respostas múltiplas) 1 ( ) Doença cardíaca 2 ( ) Hipertensão arterial 3 ( ) Colesterol 4 ( ) Reumatismo 5 ( ) Diabete milito 6 ( ) Úlcera gástrica 7 ( ) Gastrite 8 ( ) Falta de ar 9 ( ) Asma 10 ( ) Bronquite 11 ( ) Enfisema pulmonar 12 ( ) Problemas de coluna 13 ( ) Doenças intestinais 14 ( ) Doenças de pele 15 ( ) Depressão 16 ( ) Câncer – Qual? ________________________________. 17 ( ) Outras – Especificar _____________________________.
30- Durante a cultura do tabaco, você já apresentou/apresenta algum(ns) dos seguintes sintomas?
1 ( ) Náusea 2 ( ) Vômito 3 ( ) Fraqueza 4 ( ) Tontura 5 ( ) Cefaleia 6 ( ) Tristeza 7 ( ) Cólicas abdominais 8 ( ) Aumento da salivação 9 ( ) Calafrios 10 ( ) Alterações da pressão arterial e frequência cardíaca 11 ( ) Outra(s). Especificar: __________________________________. 12 ( ) Nunca apresentou.
31- Em que momento da cultura você sentiu esses sintomas? 1 ( ) Preparo da lavoura 2 ( ) Cuidado com as mudas 3 ( ) Plantio 4 ( ) Colheita 5 ( ) Preparo das folhas
97
32- Quais das doenças você acredita serem causadas pelo uso do tabaco? 1 ( ) Câncer 2 ( ) Problemas respiratórios 3 ( ) Problemas cardíacos 4 ( ) Problemas circulatórios 5 ( ) Problemas renais 6 ( ) Problemas gastrintestinais 7 ( ) Problemas neurológicos 8 ( ) Impotência/infertilidade 9 ( ) Depressão 10 ( ) Outras – Especificar: __________________________________.
33- Em relação ao cigarro, você é? 1 ( ) Fumante 2 ( ) Fumante em abstinência 3 ( ) Não fumante Se a resposta for 2 ou 3, pula para a questão 46.
34- Com que idade você começou a fumar? _____________________ anos.
35- Há quanto tempo você é fumante? _________________________anos.
36- Qual é o tipo de cigarro que você consome? 1 ( ) Cigarro de papel 2 ( ) Charuto 3 ( ) Cachimbo 4 ( ) Cigarro de palha 5 ( ) Cigarrilha (envolvidas em folha de fumo)
37- Você já pensou em parar de fumar? 1 ( ) Sim 2 ( ) Não
38- Você já tentou parar de fumar? 1 ( ) Sim 2 ( ) Não
39- O que o impede de parar de fumar? __________________________________________________________
_________________________________________________________.
40- Você consome bebida alcoólica? 1 ( ) Sim 2 ( ) Não Tempo de uso: ___________________________anos Tipo de bebida: ( ) Cerveja. Frequência: ( ) Vinho. Frequência: ( ) Cachaça. Frequência: ( ) Outros. Qual(is):
101
ANEXO E
Escala de Fagerström
1. Quanto tempo depois de acordar você fuma o primeiro cigarro do dia? 1 ( ) Dentro de 5 minutos 3 2 ( ) Entre 6 e 30 minutos 2 3 ( ) Entre 31 e 60 minutos 1 4 ( ) Após 60 minutos 0 2. Você tem dificuldade de ficar sem fumar em locais fechados proibidos? 1 ( ) Sim 1 2 ( ) Não 0 3. O primeiro cigarro da manhã é que traz mais satisfação? 1 ( ) O primeiro da manhã 1 2 ( ) Outros 0 4. Quantos cigarros você fuma por dia? 1 ( ) Menos de 10 0 2 ( ) De 11 a 20 1 3 ( ) De 21 a 30 2 4 ( ) Mais de 31 3 5. Você fuma mais frequentemente pela manhã? 1 ( ) Sim 1 2 ( ) Não 0 6. Você fuma mesmo quando está doente? 1 ( ) Sim 1 2 ( ) Não 0 Pontuação da Escala de Fagreström: _______________________________. 0 - 2 pontos = grau de dependência muito baixo 3 - 4 pontos = grau de dependência baixo 5 pontos = grau de dependência médio 6 -7 pontos = grau de dependência elevado 8 -10 pontos = grau de dependência muito elevado