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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA GIOVANA NORICO YOKOTA Simulação e avaliação econômica da produção de etanol de segunda geração a partir de celulose e hemicelulose de bagaço de cana-de-açúcar Lorena- SP 2015

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

GIOVANA NORICO YOKOTA

Simulação e avaliação econômica da produção de etanol de segunda

geração a partir de celulose e hemicelulose de bagaço de cana-de-açúcar

Lorena- SP

2015

GIOVANA NORICO YOKOTA

Simulação e avaliação econômica da produção de etanol de segunda

geração a partir de celulose e hemicelulose de bagaço de cana-de-açúcar

Projeto de monografia apresentada à Escola

de engenharia de Lorena da Universidade

de São Paulo como requisito parcial para a

conclusão de graduação do curso de

Engenharia Química.

Área de Concentração: Modelagem e

Simulação de Processos Químicos

Orientador: Prof. Dr. Júlio César dos Santos

Lorena- SP

2015

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por sempre ter me dado ânimo, sabedoria e muitos

momentos de alegria durante esses anos.

Aos meus pais, Edison e Solange, por estarem sempre ao meu lado, me

apoiarem, me aconselharem e por serem meus grandes amigos.

Ao meu orientador, Professor Dr. Júlio César dos Santos, por todas as

sugestões, orientação e incentivo.

Ao Victor, Carina, Aléxia, Ligia, Camila, Marina e tantos outros amigos que

fizeram parte desses anos da minha vida, me ajudando não somente nesse

trabalho, mas também em todo o resto.

Aos funcionários e professores da Escola de Engenharia de Lorena-USP.

À Lakehead University por ter me permitido aprimorar conhecimentos, muitos

dos quais foram utilizados nesse trabalho e serão de grande valor em minha vida

profissional.

“Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento;”

2 Pedro 1:5

RESUMO

YOKOTA, G. N. Simulação e avaliação econômica da produção de etanol de

segunda geração a partir de celulose e hemicelulose de bagaço de cana-de-

açúcar. 2015. 87 f. Trabalho de conclusão de curso- Escola de Engenharia de

Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

No Brasil, o etanol de segunda geração tem sido apontado como uma

alternativa para se produzir mais etanol por área plantada de cana-de-açúcar.

Neste sentido, o aproveitamento integral dos carboidratos presentes no bagaço de

cana-de-açúcar, tanto na celulose quanto na hemicelulose, representa proposta

interessante. Assim, o presente trabalho de conclusão de curso teve como

finalidade simulação computacional e avaliação da viabilidade econômica da

produção do etanol de segunda geração a partir de hexoses e pentoses de bagaço

de cana-de-açúcar. A simulação computacional e a avaliação econômica foram

realizadas com auxílio do software Aspen HYSYS® V8.0. Usando-se os dados

obtidos com a simulação, determinou-se que o preço mínimo de venda do etanol

foi de 1,93$/L, considerado elevado em comparação ao valor do produto

comercializado no Brasil. Observou-se, no entanto, que existem muitas

possibilidades de melhoria no processo de produção do etanol de segunda geração

simulado, devendo-se levar em consideração a possibilidade de cogeração de

energia através da lignina, além da integração de energia dentro do próprio

processo, reduzindo assim os gastos com utilidades. De fato, foram os custos das

utilidades que resultaram no alto preço calculado. Pode- se então inferir que o

etanol de segunda geração é uma alternativa promissora para substituição dos

combustíveis fósseis, pois a matéria-prima, leveduras ou enzimas não são os

principais responsáveis por determinar o preço mínimo de venda do etanol, mas

sim parâmetros como a quantidade de energia elétrica ou vapor, que podem ser

produzidos ou reutilizados na própria usina.

Palavras-chave: Etanol de segunda geração, hemicelulose, celulose, simulação

computacional.

ABSTRACT

YOKOTA, G. N. Simulation e economic evaluation of second generation

ethanol from sugarcane cellulose and hemicellulose. 2015. 87 pages.

Monograph- Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena,

2015.

In Brazil, the second generation ethanol is highlighted as an alternative to produce

more ethanol in a lower sugar cane planted area. In this regard, the complete

exploitation of carbohydrates present on sugar cane bagasse, including cellulose

and hemicellulose, is an attractive proposal. Therefore, this monograph goal was to

simulate and to analyze the economic viability of second generation ethanol from

pentose and hexose of sugar cane bagasse. The computational simulation and the

economic evaluation were performed on Aspen HYSYS® V8.0. The simulation data,

set the minimum ethanol selling price as 1,93$/L, however it is high if compared to

the product commercialized in Brazil. Even though, through simulation we could

see many improvements possibilities at the second generation ethanol process,

considering lignin energy cogeneration and the energy integration to reduce the

utilities expenditure. In fact, the large amount of utilities resulted in a high ethanol

price. As a result, we can infer that second generation ethanol is a real alternative

in replacing fossil fuel, because the raw material, yeast, and enzymes are not the

main responsible for determining the minimum ethanol selling price, but the high

quantities of energy or steam, that can be produced and reused at the plant itself.

Keywords: Second-generation ethanol, hemicellulose, cellulose, computational

simulation.

SUMARIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. ix

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................x

LISTA DE QUADROS..............................................................................................................xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ..............................................................................xii

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 15

1.1. Objetivos ....................................................................................................................... 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................................... 18

2.1 Situação energética nacional ................................................................................... 18

2.2. Etanol ............................................................................................................................. 19

2.3. Materiais Lignocelulósicos ....................................................................................... 20

2.3.1 Celulose ................................................................................................................. 21

2.3.2. Hemicelulose ........................................................................................................ 21

2.3.3. Lignina ................................................................................................................... 22

2.4. O processo de produção de etanol de segunda geração ................................ 23

2.4.1. Pré- Tratamento ................................................................................................... 24

2.4.1.1. Pré- tratamento por explosão a vapor ....................................................... 25

2.4.1.2. Pré- tratamento ácido ..................................................................................... 27

2.4.2. Hidrólise enzimática ................................................................................................ 27

2.4.3. Fermentação alcoólica ............................................................................................ 29

2.4.3.1. Fermentação das pentoses .......................................................................... 33

2.4.3.2. Fatores que afetam a fermentação ............................................................. 34

2.4.4. Destilação alcóolica ............................................................................................ 35

2.4.5. Absorção ............................................................................................................... 37

2.4.5.1. Método Kremser para absorção .................................................................. 37

2.5. Softwares de simulação ............................................................................................ 39

2.5.1. Aspen HYSYS® ..................................................................................................... 40

2.5.2. Equações de Estado ........................................................................................... 40

2.6. Avaliação econômica ................................................................................................. 41

2.6.1. Fluxo de caixa, depreciação, amortização e exaustão.............................. 41

2.6.2. Investimento Total em Capital ......................................................................... 41

2.6.3. Custos Operacionais Fixos .............................................................................. 42

2.6.4. Custos Operacionais Variáveis ....................................................................... 42

2.6.5. Preço mínimo de venda do etanol (Minimum Ethanol Selling Price-

MESP) .................................................................................................................................. 42

2.6.6. Custo com Equipamentos ................................................................................ 43

2.6.6.1. Bombas Centrífugas ....................................................................................... 44

2.6.6.2. Trocadores de Calor Casco e Tubo ............................................................ 45

2.6.6.3. Vasos de Pressão e Torres de Destilação, Absorção e Coluna de

Stripping ............................................................................................................................. 47

3. METODOLOGIA ................................................................................................................... 52

3.1. Modelo Termodinâmico ............................................................................................. 52

3.2. Componentes ............................................................................................................... 53

3.3. Etapas simuladas do processo ............................................................................... 55

3.3.1. Etapa de Pré- Tratamento ................................................................................. 56

3.3.2. Hidrólise Enzimática ........................................................................................... 57

3.3.3. Concentração do Licor de Hexoses ............................................................... 57

3.3.4. Fermentação ......................................................................................................... 58

3.3.5. Destilação .............................................................................................................. 59

3.4. Análise Econômica ..................................................................................................... 60

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................................... 62

4.1. Pré- Tratamento ........................................................................................................... 62

4.2. Hidrólise enzimática ................................................................................................... 63

4.3. Concentração do Licor de Hexoses ....................................................................... 64

4.4. Fermentação ................................................................................................................. 65

4.5. Destilação ...................................................................................................................... 68

4.6. Avaliação Econômica ................................................................................................. 70

4.7. Acréscimo na produção do etanol quando processos 2G são integrados a

processos 1G ........................................................................................................................... 74

5. CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 76

5.1. Sugestões para Trabalhos Futuros ........................................................................ 77

6. REFERENCIAS ..................................................................................................................... 78

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Projeção da oferta de energia renovável no Brasil para o ano de 2010 e 2020

(em%). ............................................................................................................................................. 18

Figura 2- Estrutura do material lignocelulósico. ....................................................................... 20

Figura 3- Representação esquemática da molécula de celulose. ......................................... 21

Figura 4- Representação esquemática da molécula de hemicelulose. ................................ 22

Figura 5- Representação da estrutura molecular da lignina. ................................................. 23

Figura 6- Etapas do processo de produção de etanol produzido a partir do material

lignocelulósico................................................................................................................................ 24

Figura 7- Efeito do pré-tratamento por explosão a vapor na fração hemicelulósica do

material lignocelulósico. ............................................................................................................... 25

Figura 8- Fluxograma do processo contínuo de explosão a vapor. ...................................... 26

Figura 9- Fluxograma do processo contínuo de hidrólise. ...................................................... 28

Figura 10- Representação da conversão de hexoses a etanol com o de leveduras. ........ 30

Figura 11- Esquema simplificado do processo em batelada alimentada (Melle- Boinot). . 31

Figura 12- Esquema simplificado do processo de fermentação contínuo. .......................... 33

Figura 13- Etapas metabólicas do processo de conversão da xilose a etanol. .................. 34

Figura 14- Esquema simplificado do processo de destilação alcóolica utilizado nas usinas

brasileiras. ...................................................................................................................................... 35

Figura 15- Esquema simplificado do processo de separação por absorção. ...................... 37

Figura 16- Pacotes termodinâmicos selecionados para a simulação. .................................. 53

Figura 17- Fluxograma da etapa de pré-tratamento. ............................................................... 62

Figura 18- Fluxograma do processo de hidrólise enzimática ................................................. 63

Figura 19- Sistema de concentração das hexoses. ................................................................. 65

Figura 20- Processo de fermentação das pentoses ................................................................ 66

Figura 21- Processo de fermentação das hexoses. ................................................................ 67

Figura 22- Etapas de recuperação do etanol da corrente gasosa e tratamento da

levedura. ......................................................................................................................................... 68

Figura 23- Etapa de destilação do etanol. ................................................................................. 69

Figura 24- Parâmetros para avaliação econômica. ................................................................. 71

Figura 25- Participação no custo final (%). ............................................................................... 74

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Fator FT para diferentes tipos de bombas. .............................................................. 45

Tabela 2- Valores das variáveis para o cálculo do fator FM. .................................................. 46

Tabela 3- Valores de FL................................................................................................................ 46

Tabela 4- Máxima Tensão Admissível ....................................................................................... 50

Tabela 5- Módulo de Elasticidade .............................................................................................. 51

Tabela 6- Propriedades químicas dos componentes hipotéticos. ......................................... 54

Tabela 7- Componentes presentes na base de dados do simulador. .................................. 55

Tabela 8- Parâmetros do processo de destilação. .................................................................. 60

Tabela 9- Dados da análise econômica. ................................................................................... 61

Tabela 10- Vazão das correntes resultantes da pré-tratamento ........................................... 63

Tabela 11- Vazão das correntes resultantes da hidrólise enzimática................................... 64

Tabela 12- Pressões no sistema de evaporação de múltiplo efeito. ..................................... 64

Tabela 13- Vazões do licor na saída de cada evaporador. .................................................... 65

Tabela 14- Vazões do sistema de fermentação das pentoses. ............................................. 67

Tabela 15- Vazões do sistema de fermentação das hexoses. .............................................. 67

Tabela 16- Vazões resultantes das duas fermentações. ........................................................ 68

Tabela 17- Vazões da etapa de destilação. .............................................................................. 70

Tabela 18- Custos calculados pelo HYSYS®. ........................................................................... 70

xi

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Nível de detalhamento da simulação computacional. .......................................... 39

xii

LISTA DE ABREVIATURA E SÍMBOLOS

Abreviaturas

2G Segunda geração

1G Primeira geração

ASME American Society of Mechanical Engineers

AEHC Álcool etílico hidratado carburante

BR Breakeven Point

DC Depreciação

DR Taxa de Desconto

EtOH Etanol

FCI Fixed Capital Investment/ Capital Fixo em Investimento

GL Teor alcóolico em volume

Ibase Índice Base de Custo

IRR Internal Rate of Return

IT Imposto de Renda

MESP Minimum Ethanol Selling Price

MM Massa molecular

NPV Net Present Value

NREL National Renewable Energy Laboratory

NRTL Non-random two-liquid model

PE Ponto de ebulição

ROI Retorno Sobre Investimento

SSF Simultaneous Saccharification and Fermentation (sacarificação e

fermentação simultâneos)

xiii

SRK Soave-Redlich-kwong

TCI Total Capital Investment/ Investimento Total em Capital

TR Taxa Federal

TOC Total Operational Cost/ Custo Total de Opera

UNIQUAC Universal quase chemical mode

VU Vida útil

WCI Working Capital Investment/ Capital de Giro

Símbolo

ºC Graus Celsius

ºF Graus Fahrenheit

ρ Densidade

ω Fator acêntrico

A Área

Di Diâmetro Interno

EM Módulo de Elasticidade

ft Pés

H Carga da bomba

in Polegadas

L Comprimento

lb Libras

Q Vazão

Pc Pressão crítica

Tc Temperatura crítica

xiv

Vc Volume crítico

W Peso

15

1. INTRODUÇÃO

A busca de fontes de energia renováveis tem sido intensa e motivada por

fatores como a instabilidade política dos maiores produtores de petróleo do mundo

e preocupações com a segurança energética, incluindo o esgotamento de

combustíveis fósseis, seus efeitos negativos no meio ambiente e o aumento na

demanda de energia (ALVIRA et al.,2010).

A produção do etanol a partir de materiais lignocelulósicos (etanol de segunda

geração) possui um elevado potencial entre a possíveis alternativas para a

substituição dos combustíveis de origem fóssil e aumento da produção de

biocombustíveis. Este potencial está associado a vantagens como o uso de

matérias-primas que não competem com a cadeia e produção de alimentos, além

da elevada disponibilidade e baixo custo (CHERUBINI, 2010).

Na Europa, Ásia e Estados Unidos, a produção do etanol de segunda

geração tornou-se de grande importância e por isso são feitos grandes esforços

em relação à pesquisa e desenvolvimento tecnológico nessa área. Além disso, o

material lignocelulósico é o mais abundante carboidrato da Terra, podendo ser

obtido de uma vasta gama de resíduos da atividade doméstica, agrícola e industrial

(CARDONA; SÁNCHEZ, 2006).

Graças ao aumento na produção de etanol de primeira geração, no Brasil, a

quantidade de bagaço de cana- de- açúcar tem crescido nos últimos anos. Uma

tonelada de cana colhida gera de 270- 280 kg de bagaço (com 50% de umidade),

sendo que, considerando a produção de cana-de-açúcar no Brasil na safra

2015/2016, de cerca de 426 milhões de toneladas, foram produzidas

aproximadamente 115,02-119,28 milhões de toneladas deste material

lignocelulósico (SOCCOL et al, 2010; MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2015).

Dessa forma, o bagaço de cana é uma abundante fonte de carbono disponível para

a produção de etanol no país.

O aproveitamento do potencial dos materiais lignocelulósicos, no entanto,

depende do desenvolvimento de tecnologias viáveis para a liberação de açúcares

fermentescíveis a partir de suas frações macromoleculares. Estas, que incluem a

celulose- constituída por unidades de glicose; a hemicelulose-constituída por

16

unidades de diferentes açúcares, entre os quais pentoses como xilose e arabinose;

e a lignina-macromolécula fenólica; formam uma estrutura fechada e de difícil

acesso para agentes químicos ou biológicos (HAMELINCK et al., 2005).

A celulose, principal constituinte da parede celular da biomassa vegetal, pode

ser hidrolisada em moléculas de glicose pela ação de enzimas em um processo

ambientalmente brando, ou por ação ácida. A glicose obtida pode então ser

convertida em etanol pelo uso de leveduras. O processo enzimático, no entanto,

requer uma etapa prévia de tratamento da matéria-prima para modificação da

estrutura fechada do material, permitindo acesso às enzimas (OLIVEIRA;

VASCONCELOS, 2006).

Este pré-tratamento tem sido feito principalmente pelo uso de ácidos diluídos

ou em processos sob elevada pressão e temperatura (ALVIRA et al., 2010).

Quando devidamente ajustadas, as condições do pré-tratamento podem

possibilitar a hidrólise seletiva da hemicelulose, fração macromolecular compostas

por diferentes unidades de açúcar, em especial pentoses. As pentoses oriundas

da hemicelulose podem ser metabolizadas por microrganimos específicos,

resultando em etanol ou outros compostos de interesse (PENG et al., 2012).

O aproveitamento da hemicelulose na produção de etanol de segunda

geração pode contribuir para o aumento do rendimento global do processo,

principalmente considerando-se que esta fração pode representar uma parte

importante da massa dos lignocelulósicos.

A etapa de pré-tratamento, a hidrólise subsequente da celulose e a

possibilidade de aproveitamento da hemicelulose, bem como outras peculiaridades

da obtenção de álcool combustível a partir da biomassa vegetal, tornam a

viabilização técnica e econômica deste processo um desafio científico tecnológico

considerável. Em especial com relação à análise de viabilidade econômica, a

consideração de complexas interações entre as diferentes partes e alternativas do

processo torna necessária sua avaliação de forma global.

Atualmente, a avaliação global de alternativas de processo, com diferentes

interações entre as partes que os constitui, tem sido feita com o auxílio de

programas computacionais. Entre eles, o uso de simuladores de processo como o

Aspen Plus® e HYSYS® da Aspen Technology Inc. (Burlington, MA) e o ChemCAD®

da Chemstations Inc. (Houston, TX), têm tornado possível a avaliação de

17

possibilidades e a decisão entre diferentes opções de síntese de processo e

desenvolvimento (PETRIDES, 2002).

No presente trabalho, foi realizada a simulação computacional, auxiliada pelo

simulador Aspen HYSYS® V.8.0, do processo de produção do etanol hidratado a

partir do material lignocelulósico. Além disso, com o auxílio do mesmo software foi

avaliada a viabilidade econômica desse combustível.

1.1. Objetivos

Este trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade econômica da

produção do etanol de segunda geração, produzido tanto a partir da celulose como

da hemicelulose. Teve-se como objetivos específicos:

Sintetizar o processo de produção de etanol de segunda geração a partir

da celulose e hemicelulose de bagaço de cana-de-açúcar, empregando-

se como ferramenta o programa Aspen HYSYS® V.8.0;

Simular o processo sintetizado para obtenção dos dados de balanço de

massa e energia do processo;

Avaliar o processo economicamente, também utilizando a ferramenta

computacional Aspen HYSYS® V.8.0;

18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Situação energética nacional

A vulnerabilidade política e social, os problemas relacionados às mudanças

climáticas, a diminuição da oferta de derivados do petróleo, as tensões em locais

como Oriente Médio e Venezuela, os quais são grandes produtores de petróleo e

de gás natural, motivam o crescimento da preocupação mundial com a segurança

energética (BRACANTI, 2013).

Essa preocupação tem levado vários países à busca de novas fontes de

energia. Conforme Bracanti (2013). Fontes alternativas ao petróleo, no entanto, são

muito importantes na matriz energética brasileira. Além disso, segundo o Plano

Decenal de Expansão de Energia (PDE 2020), o Brasil terá uma participação de

aproximadamente 46,3% de energia oriunda de fontes renováveis em 2020, valor

acima daquele apresentado em 2010 (44,8%) e assim se manterá como país com

maior matriz energética limpa do mundo (TOLMASQUIM,2012), como mostrado na

Figura 1.

Fonte: Plano Decenal de Energia (PDE), 2020.

Figura 1- Projeção da oferta de energia renovável no Brasil para o ano de 2010 e 2020 (em%).

19

Conforme mostrado, a cana-de-açúcar e seus derivados tem grande

importância no país. Esta importância é evidenciada ainda quando se considera o

uso do etanol combustível nos veículos automotores nacionais.

2.2. Etanol

O etanol ou álcool etílico é um líquido incolor, volátil e inflamável

(CEMIG,2012). Sua fórmula molecular é C2H5OH e é quimicamente classificado

como um álcool, isto é, possui um grupo hidroxila (OH) ligado a um CH2.

O etanol é um combustível de fonte renovável, produzido através da

fermentação de açúcares e é amplamente utilizado como um substituto parcial, ou

total, da gasolina (LIN et al., 1998; STEVENSON; WEIMER, 2002). Está entre os

biocombustíveis mais utilizados, e é o que possui maior destaque no cenário

mundial.

A produção do etanol pode ser feita a partir de dois métodos: aquele por via

sintética, tal como a hidratação do etileno; ou por vias biotecnológicas responsáveis

por aproximadamente 90% do etanol produzido globalmente. A cana-de-açúcar e a

beterraba correspondem a 60% desses processos (ZALDIVAR et al., 2001). O

Brasil, que utiliza a cana-de-açúcar (empregando caldo oriundo da moagem ou

melaço da produção de açúcar), produziu 33 bilhões de litros na safra 2015/16

(MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2015).

Nos últimos anos, no entanto, tem sido dada atenção especial à produção de

etanol de segunda geração, ou seja, àquele obtido a partir de matérias-primas

lignocelulósicas. No caso do Brasil, a principal matéria- prima em estudo é o bagaço

de cana- de- açúcar. Conforme a Embrapa (2015), “embora a produção de etanol

a partir da cana- de- açúcar seja um processo bem estabelecido no Brasil, ainda

existem diversas possibilidades de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e

inovação para a produção desse combustível a partir de tecnologias de segunda

geração. A estimativa é de que o aproveitamento do bagaço e parte das palhas e

20

pontas da cana- de- açúcar eleve a produção de etanol em 30 a 40%, para uma

mesma área plantada”.

O sucesso da produção de etanol de segunda geração, no entanto, depende

do conhecimento das peculiaridades dos materiais lignocelulósicos que constituem

a biomassa vegetal. Estes, cuja abundância e baixo custo têm estimulado os

intensos trabalhos de pesquisa em desenvolvimento, possuem características que

tornam necessário o desenvolvimento de tecnologias específicas.

2.3. Materiais Lignocelulósicos

Segundo Szengyel (2004), as matérias-primas lignocelulósicas são fontes

renováveis mais abundantes encontradas na natureza e, entre elas, estão os

materiais agroindustriais, resíduos urbanos, etc.

A biomassa é composta de cadeias de celulose unidas por ligações de

hidrogênio (40-50%), que são polissacarídeos de moléculas de glicose. Essas

fibras celulósicas são recobertas por hemicelulose (20-30%), a qual é constituída

por polissacarídeos ramificados formados principalmente por D- Xiloses (açúcares

de 5-C), e por lignina (WYMAN et al., 2005). Sua estrutura está representada na

Figura 2.

Fonte: PEREIRA et al., 2008.

Figura 2- Estrutura do material lignocelulósico.

21

Figura 3- Representação esquemática da molécula de celulose.

2.3.1 Celulose

A celulose é o principal componente da parede vegetal, sendo um polímero

de alto peso molecular, que é formado por moléculas de anidro- glicose (D- Glicose)

unidas por ligações do tipo ß (1-4) glicosídicas, com formula geral (C6H10O5)n. Em

sua estrutura, duas unidades de glicose adjacentes são ligadas pela eliminação de

uma molécula de água, no carbono um e no carbono quatro, originando à molécula

de celebiose (FENGEL; WEGENER, 1989). Uma representação esquemática da

molécula de celulose é mostrada na Figura 3.

Fonte: SANTOS et al., 2012.

As moléculas de celulose estão conectadas por ligações de hidrogênio que

podem ser intermoleculares e intramoleculares; as intermoleculares permitem uma

estrutura com alta cristalinidade (confere proteção à célula), o que faz com que

essas regiões sejam de difícil penetração de solventes ou reagentes. Porém, as

zonas amorfas são mais acessíveis e suscetíveis às reações químicas (OTT et al.,

1963; GARCIA HORTAL, 1194).

2.3.2. Hemicelulose

A hemicelulose é um conjunto de heteropolissacarídeo complexos compostos

por D-glucose, D-galactose, D-manose, D-xilose, L-arabinose, ácido D-glucurônico

e ácido 4-O-metil-glucurônico. Possuem a estrutura mais semelhante à celulose

que à lignina. Sua estrutura apresenta ramificações que interagem facilmente com

22

a celulose, dando estabilidade e flexibilidade ao material (RAMOS, 2003). Sua

estrutura está representada na Figura 4.

Fonte: SANTOS et al., 2012.

A fração hemicelulósica é mais suscetível à hidrólise que a fração celulósica,

porém a fermentação das pentoses (açúcares de cinco carbonos) ainda não é tão

viável (precisa de leveduras específicas) e desenvolvida quanto os processos

envolvendo as hexoses (açúcares de seis carbonos), nos quais utilizam-se as

mesmas leveduras usadas na produção de etanol de primeira geração (MIRANDA,

2011).

2.3.3. Lignina

A lignina é uma rede polimérica tridimensional formadas por unidades

fenilpropano interligadas. Elas, quando degradadas a frações de menor massa

molar, podem ser utilizadas na fabricação de espumas e poliuretanas, resinas

fenólicas e epóxi e como fontes de fenol e etileno (LORA, 2002). Sua estrutura está

representada na Figura 5

Figura 4- Representação esquemática da molécula de hemicelulose.

23

Fonte: FENGEL; WEGENER, 1989.

2.4. O processo de produção de etanol de segunda geração

O processo em estudo para produção de etanol a partir de materiais

lignocelulósicos envolve algumas etapas que diferenciam das tecnologias de

produção do álcool de primeira geração. Particularmente, estas etapas incluem: o

pré-tratamento visando à ruptura do complexo celulose-hemicelulose-lignina; a

hidrólise enzimática da celulose, além da fermentação e recuperação do produto.

A hidrólise da celulose gera uma solução rica em glicose, a qual pode ser

fermentada a etanol por leveduras normalmente empregadas nos processos de

primeira geração, em especial Saccharomyces cerevisiae. Há, ainda, alguns

estudos empregando leveduras capazes de fermentar açúcares com cinco átomos

de carbono oriundos da hemicelulose, como a xilose (GÍRIO et al., 2010). Neste

caso, a solução rica em pentoses pode ser obtida na etapa de pré-tratamento

(RAMOS, 2003).

Figura 5- Representação da estrutura molecular da lignina.

24

Assim, o processo de produção do etanol de segunda geração ocorre em

quatro etapas: Pré-tratamento, hidrólise, fermentação e destilação; das quais as

duas últimas também estão presentes no processo produtivo do etanol de primeira

geração. A Figura 6 mostra essas etapas de forma simplificada.

Figura 6- Etapas do processo de produção de etanol produzido a partir do material lignocelulósico.

Fonte: Adaptado de SEABRA, 2008.

2.4.1. Pré- Tratamento

Alguns fatores podem influenciar a reatividade e digestibilidade da fração

celulósica da biomassa lignocelulósica. Esses fatores podem ser o conteúdo de

lignina e hemicelulose, a cristalinidade da celulose e a porosidade da biomassa. O

objetivo do pré-tratamento é fazer a biomassa mais acessível à hidrólise química

ou enzimática, para uma eficiente produção de etanol. Dessa forma, o pré-

tratamento é usado para remover e separar a hemicelulose da celulose; quebrar e

remover a lignina, reduzir a cristalinidade da celulose e incrementar a porosidade

da celulose para facilitar a penetração dos agentes da hidrólise (GONG et al.,

1999). Entre os pré-tratamentos mais empregados, podem ser citados o de

explosão de vapor e o uso de ácidos.

25

2.4.1.1. Pré- tratamento por explosão a vapor

Segundo Hendriks e Zeeman (2009), durante esse tipo de pré- tratamento a

biomassa é colocada em um recipiente e pressão é aplicada por poucos minutos,

o vapor então é liberado com grande rapidez (despressurização), causando a

“explosão” do vapor contido no interior das fibras (PRASAD et al., 2007). Isso

promove a hidrólise dos polissacarídeos por auto- hidrólise, principalmente a

hemicelulose, e a degradação parcial da lignina (CHEN et al., 2008); o efeito da

explosão na fração hemicelulósica do material lignocelulósico é mostrado na Figura

7.

Fonte: RAMOS, 2003.

Segundo Ramos (2003), o pré-tratamento por explosão a vapor pode ser feito

tanto em batelada como de forma contínua. Os reatores contínuos permitem um

melhor controle sobre as variáveis essenciais para que seja possível atingir ótimas

Figura 7- Efeito do pré-tratamento por explosão a vapor na fração hemicelulósica

do material lignocelulósico.

26

condições de processamento em temperaturas elevadas, além de uma maior

pureza dos componentes extraídos.

Reatores de pré-tratamento por explosão a vapor têm sido desenvolvido pela

Shake Technology. Esse sistema consiste de um reator horizontal (digestor) de aço

inoxidável alimentado por um tubo de compressão que ajuda a pressurizar o vaso.

Depois que a biomassa passa pelo tubo e cai no digestor, ela é submetida à

pressão e temperatura. Na seção horizontal do digestor o vapor saturado é

adicionado e uma rosca transporta o material para a saída, a velocidade dessa

rosca pode variar de acordo com o tempo necessário de tratamento. As condições

de temperatura e pressão variam de 200ºC/ 1,55MPa para 238ºC/ 3,2 MPa,

enquanto os tempos de permanência podem variam de 1 a 5 min. Um transportador

parafuso dentro do reator leva e compacta o material para uma válvula que opera

dentro de intervalos de tempos para causar uma variação de pressão (varia da

pressão de operação até a pressão ambiente) permitindo que uma “explosão” da

biomassa pré-tratada aconteça (AVELLA; SCODITTI, 1998), um esquema do

processo está representado na Figura 8.

Fonte: AVELLA; SCODITTI, 1998.

Figura 8- Fluxograma do processo contínuo de explosão a vapor.

27

2.4.1.2. Pré- tratamento ácido

Este pré-tratamento pode tem sido feito com ácidos diluídos. A principal

reação que acontece no pré-tratamento é a hidrólise da hemicelulose, a qual produz

monômeros (pentoses), além de sub-produtos, como furfural, hidroximetil furfural e

outros (RAMOS, 2003).

O processo com ácido diluído consiste em submeter ao aquecimento a

biomassa em uma solução ácida (ácido clorídrico, sulfúrico, fosfórico, nítrico e

acético), utilizada como catalisador para a hidrólise parcial de materiais

lignocelulósicos. Em temperaturas superiores a 160°C, há favorecimento da

hidrólise da celulose, enquanto em temperaturas menores há a conversão da

hemicelulose em açúcares fermentescíveis (SUN; CHENG, 2002).

Esses catalisadores ácidos liberam prótons que atuam nas ligações

glicosídicas entre os monômeros de açúcares nas cadeias poliméricas. O

rompimento dessas ligações libera vários compostos, principalmente, açúcares (5-

C) como xilose, glicose e arabinose (AGUILAR, 2002).

2.4.2. Hidrólise enzimática

Nesse processo, a hidrólise da celulose é catalisada por enzimas chamadas

genericamente de celulases, que correspondem a um complexo enzimático

composto por endoglucanases (atacam as cadeias de celulose para produzir

polissacarídeos de menor comprimento), exoglucanases (removem a celobiose) e

β-glucosidases (que hidrolisam a celobiose e outros oligômeros à glicose). Tanto

as bactérias como os fungos podem produzir celulases para a hidrólise dos

materiais lignocelulósicos (PHILIPPIDIS; SMITH, 1995).

No processo de hidrólise a celulose e a hemicelulose são hidrolisadas à

açúcares, que futuramente serão fermentados. Durante a hidrólise alguns fatores

podem causar interferência no processo, entre eles: acesso a área de superfície

(porosidade do material), fibras cristalinas presentes na celulose, e a presença de

28

hemicelulose e lignina, as quais dificultam o acesso da enzima à celulose (SUN;

CHENG, 2002). Esse processo enzimático apresenta várias vantagens, como,

apresentar elevada eficácia e controle na produção de derivados, não necessitar

de materiais caros, possuir baixas necessidades energéticas, apresentar baixos

custos de manutenção e alto rendimento de açúcar (75-85%) (HAMELINCK et al.,

2005). O processo de hidrólise enzimática está representado na Figura 9.

Fonte: ZANDONÁ, 2001.

Rabelo (2010) aponta alguns fatores que afetam a hidrólise enzimática, como:

1) Tamanhos maiores de partículas podem ser um fator inibitório.

2) O grau de cristalinidade da celulose, que depende da composição da

biomassa.

Figura 9- Fluxograma do processo contínuo de hidrólise.

29

3) O conteúdo de lignina e hemicelulose, já que a digestibilidade da celulose é

menor se maior for a presença dessas substâncias. A lignina é capaz de adsorver

a enzima em sua superfície, causando um efeito inibitório (impedimento estérico),

impossibilitando o acesso da celulose à enzima. Além disso, a lignina e seus

derivados são tóxicos aos microrganismos e às enzimas.

4) As enzimas celulóticas sofrem inibição pelo produto final (celebiose, glicose

ou por ambos produtos).

2.4.3. Fermentação alcoólica

A fermentação alcoólica é um processo anaeróbico que transforma os

açúcares em etanol e CO2, catalisado por enzimas. Este processo é realizado por

bactérias ou leveduras que utilizam diversos açúcares (glicose, frutose, xilose,

arabinose, etc.), os quais podem ser metabolizados e convertidos a etanol (LIMA

et al., 2001; WENDHAUSEN, 1998). A transformação do açúcar a etanol acontece

pela reação 2.1.

C6H12O6 2C2H5OH + 2CO2 (2.1)

A levedura Saccharomyces cerevisiae é capaz de metabolizar apenas

hexoses e alguns dissacarídeos, como sacaroses. Na rota bioquímica para a

produção de etanol a partir de glicose, sacarose, frutose e outras hexoses, ocorre

a formação de piruvato pela glicólise, que por sua vez é convertido a acetaldeído,

que gera etanol, como mostrado na Figura 10 (NELSON;COX, 2002). Assim, no

interior da célula, a transformação de açúcar (glicose) em etanol e CO2 envolve 12

reações em sequência ordenada, como mostrado na Figura 10. A fermentação

alcóolica se processa no citoplasma celular da levedura, as quais sofrem ação de

diversos fatores (nutrientes, minerais, vitaminas, inibidores, pH, temperatura etc.),

alguns que inibem e outros que favorecem a ação enzimática, afetando assim o

processo fermentativo (LIMA et al., 2007).

30

Fonte: Adaptado de NELSON;COX, 2008.

As etapas mais importantes na fermentação alcóolica são a hidrólise da

sacarose, formando glicose e frutose, e a transformação desses açúcares em

etanol. A temperatura do meio reacional deve ser mantida entre 26-35ºC já que

essas reações são exotérmicas, além do etanol outros sub- produtos, como o ácido

acético, são formados em menores quantidades. (STECKELBERG, 2011).

Figura 10- Representação da conversão de hexoses a etanol com o de leveduras.

31

Dois tipos de processos são muito utilizados em escala industrial: a

fermentação em batelada alimentada (presente em aproximadamente 80% dos

processos) com reciclo de células de fermento e processo contínuo com reciclo de

células de fermento.

No processo em batelada alimentada (Melle- Boinot), mosto e fermento são

adicionados no fermentador, assim como diversos compostos químicos (anti-

espumante, agente dispersante, etc.). Inicialmente a dorna é alimentada com o “pé-

de-cuba” (suspensão de levedura), que possui faixa de 28-30% em volume de

células, até completar cerca de 25% do volume do fermentador. O tempo total de

fermentação varia entre 8 e 13 horas, dependendo principalmente da temperatura

na qual a fermentação é conduzida. Após esse período o vinho é retirado da dorna

e encaminhado às centrífugas, onde a levedura será recuperada.

O vinho levedurado possui teor alcóolico na faixa de 8- 12% (v/v) além de

aproximadamente 11% de suspensão de célula em volume, dependendo das

condições da fermentação. Na primeira centrífuga é obtida suspensão de células

com 35% em volume de leveduras. A levedura então passa por uma segunda

centrífuga onde é levada com água, após isso, a suspensão de leveduras é obtida

com cerca de 70% em volume de células. A fase leve das centrífugas e o vinho

delevedurado são enviados à unidade de destilação (DIAS, 2008). O esquema

simplificado desse processo está representado na Figura 11.

Fonte: DIAS, 2008.

Figura 11- Esquema simplificado do processo em batelada alimentada (Melle- Boinot).

32

No processo contínuo a adição do meio reacional e a retirada de vinho

acontecem de forma constante no reator, mantendo-se o volume reacional

constante. As vantagens desse processo em relação ao processo em batelada são:

utilização de equipamentos menores, elevado rendimento, obtenção de vinho

uniforme, facilidade de automação, controle operacional, etc.; as desvantagens

são: maior possibilidade de infecção e contaminação (DIAS, 2008).

O sistema contínuo utilizando multiestágios é muito vantajoso, já que a

levedura sofre inibição pelo produto. Assim, o uso de reatores em série possibilita

o esgotamento total do mosto, possibilidade de obtenção de altos teores alcóolicos

sem causar inibição das leveduras e instabilidade do processo, já que as células só

sofrerão inibição nos últimos estágios onde há maiores concentrações de etanol. O

processo de fermentação contínua normalmente utiliza na indústria de 3 a 5

reatores de mistura perfeita (CSTR) ligados em série com reciclo de células

(ANDRIETTA, 1994).

O primeiro reator da série recebe o mosto e a levedura, cada reator possui um

sistema de resfriamento para manter a temperatura entre 28- 35ºC, já que a

transformação dos açúcares em etanol é exotérmica. A alimentação do segundo

reator é feita com o produto da primeira e assim por diante. O produto do último

reator é também chamado de vinho levedurado, e a concentração de leveduras

nesse vinho varia entre 30 e 45 g/L. O vinho levedurado é centrifugado para a

recuperação das células, sendo obtido o vinho delevurado, o qual irá para a unidade

de destilação e o creme de levedura, que é encaminhado para à seção de

tratamento de fermento (DIAS, 2008).

A seção de tratamento do fermento é constituída de 2 a 4 reatores como

mostrado na Figura 12, que recebem água na relação de 1:1 e ácido sulfúrico. A

água é adicionada para eliminar o efeito tampão do creme e diminuir a

concentração de compostos capazes de inibir os microrganismos. O H2SO4 é

adicionado para ajustar o pH do meio de forma a diminuir a proliferação de bactérias

no creme levedurado (GOUVÊIA, 2000).

33

Fonte: ANDRIETTA, 1994.

2.4.3.1. Fermentação das pentoses

O uso das leveduras na conversão dos carboidratos a etanol é conhecido

por gerações, porém somente alguns tipos são capazes de converter as pentoses

(PALMQVIST; HANH- HAGERDAL, 2007). As leveduras amplamente estudadas

para esse tipo de processo são P. tannophilus, C. shehatae, P. stipitis e

Kluveromyces marxianus. Atualmente, pesquisas têm como finalidade desenvolver

cepas modificadas de S. cerevisiae capazes de utilizar as pentoses presentes no

hidrolisado, porém essas cepas são altamente sensíveis aos hidrolisados (HANH-

HAGERDAL et al., 2007). Assim, diversos estudos têm desenvolvido sistemas

capazes de converter simultaneamente glicose e xilose a etanol. Estudos

realizados por FU et al. (2009), utilizaram culturas de leveduras do tipo Z. mobilis

imobilizadas e P. stipitis livres, no meio reacional estava presente xilose (20 g/L) e

glicose (30 g/L), os rendimentos de etanol foram de 0,49- 0,50 g/g em 19 horas.

Quando utilizado o hidrolisado de bagaço de cana- de- açúcar atingiu um

rendimento de 0,49 g/g de etanol em 40 horas de cultivo.

Figura 12- Esquema simplificado do processo de fermentação contínuo.

34

Os passos metabólicos da transformação de D- xilose em D- xilulose estão

representados na Figura 13.

Fonte: Adaptado de KUHAD et al., 2011.

2.4.3.2. Fatores que afetam a fermentação

1) Temperatura: as leveduras geralmente são capazes de executar a

fermentação alcóolica entre 28 e 35ºC. Temperaturas elevadas afetam o

comportamento levedura e diminuem o teor alcóolico do vinho. Apesar da taxa

inicial de formação do etanol ser maior em altas temperaturas (40ºC), as leveduras

são inibidas pelo etanol. Além disso, quanto menos etanol é produzido mais água

existe no processo, assim, maior deve ser o volume dos equipamentos e maior a

energia gasta pelas centrífugas. Usualmente a fermentação nas usinas acontecem

em temperaturas próximas a 33ºC, e vinho produzido tem teor alcóolico de

aproximadamente 8,5ºGL (DIAS, 2008).

Figura 13- Etapas metabólicas do processo de conversão da xilose a etanol.

35

2) Outros fatores: a qualidade da matéria-prima utilizada na fermentação, pH

do processo, contaminação microbiana (o que leva a formação de compostos com

efeito inibitório), qualidade da centrifugação do fermento, tipo de processo

fermentativo utilizado (batelada alimentada ou processo contínuo) (DIAS, 2008).

2.4.4. Destilação alcóolica

O processo de destilação é utilizado para separar componentes ou mistura de

componentes pela diferença de pressão de vapor ou pela diferença de volatilidade

(MIRANDA, 2011).

O vinho proveniente da fermentação possui concentração entre 7-10% em

massa. O álcool etílico hidratado carburante (AEHC), que possui entre 92,6 e 93,8%

de etanol em massa, esse tipo de etanol é produzido na unidade de destilação

(VASCONCELOS, 1999).

A configuração mais utilizada nas usinas brasileiras possui 5 colunas (A, A1,

D, B e B1) e está representada na Figura 14.

Fonte: DIAS, 2008.

Figura 14- Esquema simplificado do processo de destilação alcóolica utilizado nas usinas brasileiras.

36

1) Coluna A1: a coluna possui geralmente 8 pratos; nela a alimentação do vinho

acontece no topo da coluna a uma temperatura em torno de 92ºC. A coluna A1 tem

como função purificar o vinho dos gases contaminantes (MEIRELLES, 2006). Os

vapores da coluna são alimentação do fundo da coluna D, e o produto de fundo

alimenta o topo da coluna A.

2) Coluna A: ela possui entre 16 a 24 pratos e está localizada sob a coluna A1.

O fundo da coluna A1 entra no topo de A e é esgotado, dessa forma, no fundo

dessa coluna é produzida a vinhaça com teor alcóolico na ordem de 0,02% em

massa e pode ser utilizado para a produção de energia ou para fertilização do

canavial (DIAS, 2008). Na parte superior de A é obtido o vapor de flegma, que

possui um teor alcóolico de aproximadamente 40% em massa. Esse vapor serve

como alimentação no fundo da coluna B.

3) Coluna D: a coluna D está sobre a coluna A1 e geralmente contém 6 pratos

(MEIRELLES, 2006). Nessa coluna os produtos mais voláteis do vinho são

concentrados, e a corrente líquida obtida no topo de D é dividida em duas partes:

uma volta como reciclo para a coluna, a outra é retirada como álcool de segunda.

Do fundo de D sai a flegma líquida, o qual será alimentação da coluna B, assim

como o vapor de flegma da coluna A.

4) Coluna B: essa coluna está localizada sobre B1 e possui cerca de 40 pratos.

Quase todo o vapor produzido nessa coluna é condensado, sendo que o álcool

hidratado é retirado como uma corrente líquida na saída lateral da coluna, na parte

inferior é retirado o óleo fúsel, composto essencialmente álcoois superiores, etanol,

água e outros componentes. O calor gerado no condensador da coluna B é usado

para aquecer o vinho alimentado na coluna A1 (DIAS, 2008).

5) Coluna B1: No fundo da coluna B1 é obtida a flegmaça com concentração de

álcool (em massa) inferior a 0,02%. Essa coluna possui cerca de 13 pratos

(MEIRELLES, 2006).

37

2.4.5. Absorção

É uma operação em que uma mistura gasosa é colocada em contato com um

líquido, como mostrado na Figura 15, para que um ou mais compostos a serem

retirados da corrente gasosa seja dissolvido na corrente líquida, e assim separado.

Somente a absorção dos componentes de menor volatilidade, sem que haja a perda

de componentes da mistura líquida por evaporação (ROITMAN, 2002). Na

produção de etanol essa etapa é empregada para a separação do álcool presente

na corrente de CO2 produzida durante a fermentação. Esse álcool pode então pode

seguir para a destilação juntamente com o vinho delevurado.

Fonte: Adaptado de ROITMAN, 2002.

2.4.5.1. Método Kremser para absorção

Esse método é utilizado para calcular o número de pratos necessários no

processo de separação por absorção, para isso, os seguintes passos são feitos

(PRICE, 2003):

Figura 15- Esquema simplificado do processo de separação por absorção.

38

1) Calcular o valor K do componente chave (componente a ser absorvido), nas

condições médias de temperatura e pressão das correntes de entrada, usando

propriedades termodinâmicas apropriadas.

K =fração molar do componente chave na fase gasosa

fração molar do componente chave na fase líquida (2.2)

2) Calcular a vazão molar mínima do absorvente correspondente a um número infinito

de estágios em equilíbrio:

Lmin = K Vin(1 − ∅ak) (2.3)

Em que:

- Vin é a vazão líquida de entrada.

- (1 − ∅ak) é a fração do componente chave, presente na corrente gasosa de

alimentação do absorvedor.

3) Selecionar uma vazão molar para o absorvente (geralmente 1,5 vezes o valor

mínimo).

4) Calcular o fator de absorção Aek, do componente chave:

Aek = L

k V (2.4)

Em que:

L e V são as vazões médias de líquido e vapor, respectivamente, nas colunas.

5) Calcular o número real de estágios, N, usando a equação de Kremser:

∅Ak =Aek−1

AekN+1−1

(2.5)

39

2.5. Softwares de simulação

Os softwares de simulação de processo utilizam modelos das mais

variadas naturezas que são capazes de representar o comportamento real dentro

de certos limites, além de também serem uma poderosa ferramenta para resolver

equações que descrevem sistemas na engenharia química (LUYBEN, 1996).

Ainda segundo LUYBEN (1996), os programas de simulação de processos

foram desenvolvidos para liberar os engenheiros da preocupação de integração

numérica, já que esses softwares automaticamente monitoram erros, estabilizam e

ajustam os métodos de resolução de forma a manter a precisão. Assim, esses

programas computacionais facilitam o engenheiro na estruturação e resolução de

problemas.

A simulação de processo é utilizada em inúmeras análises e tomadas de

decisão, além de permitir estudar os custos e reduzir os esforços de projeto para

se fazer uma instalação ou processo funcionar. Dessa forma, a simulação de

processo pode ser classificada em três níveis de detalhamento: a simulação

dinâmica, detalhada e o balanço de massa (GOSLING, 2005); como mostra o

Quadro 1.

Quadro 1- Nível de detalhamento da simulação computacional.

Simulação Dinâmica Simulação Detalhada Balanço de Massa

Controle de

processos;

Treinamento de

operadores;

Avaliação dos efeitos

de distúrbios;

Projeto de

Equipamentos;

Otimização de

processos;

Configurações do

processo;

Avaliação econômica

do processo;

Estudo de concepção;

Requerimento de

mão- de- obra;

Fonte: Adaptado de GOSLING, 2005.

40

Diferentes softwares têm sido empregados na simulação de processos,

como Aspen Plus® e HYSYS® da Aspen Technology Inc. (Burlington, MA) e o

ChemCAD® da Chemsatations Inc. (Houston, TX) (PETRIDES, 2002).

2.5.1. Aspen HYSYS®

O software Aspen HYSYS®, da AspenTech é usado para a simulação e

modelagem de processos químicos e foi originalmente desenvolvido pelo Instituto

de Tecnologia de Massachusetts, do Departamento de Energia dos Estados

Unidos. A simulação da planta é realizada especificando as condições das

correntes de entrada, fluxos de calor e trabalho e as configurações dos processos

unitários, já que o simulador possui uma biblioteca dessas operações

(MAGNUSSON, 2005).

O Aspen HYSYS®, é o simulador de processo mais utilizado no mundo, pois

ele apresenta propriedades termodinâmicas completas e métodos complementares

como o Apen Icarus Process Evaluator®, que permite a estimativa de

dimensionamento e custo dos equipamentos (DIAS, 2011). Além disso, esse

software possui algumas operações unitárias que permitem a simulação dos

processos, como torres de destilação, trocadores de calor, bombas, etc.

2.5.2. Equações de Estado

As equações de estado são uma das mais importantes ferramentas para a

engenharia química, elas são capazes de descrever o comportamento

termodinâmico de sistemas, permitindo assim a escolha correta de solventes,

otimização de operações unitárias e a decisão de sequências de operações mais

vantajosas (OLIVEIRA, 2011).

As equações de estado cúbicas e modelos de coeficiente de atividade, como:

SRK, NRTL e UNIQUAC, são considerados modelos termodinâmicos

41

convencionais capazes de predizer de forma satisfatória o comportamento do

equilíbrio de fases de alguns sistemas binários (líquido-vapor) complexos. Porém,

não apresentam bons resultados para equilíbrio de fases de sistemas multifásicos

(vapor-líquido-líquido) e multicomponentes (KONTOGEORGIS, 2004).

2.6. Avaliação econômica

2.6.1. Fluxo de caixa, depreciação, amortização e exaustão

O fluxo de caixa é o resumo das transações financeiras de uma empresa

durante um período de tempo, ele é a receita subtraindo-se os pagamentos

realizados. Após o cálculo do lucro líquido (receita-pagamentos) citado a cima, ele

é somado aos valores gastos com depreciação, exaustão e amortização. Esses três

itens são somados novamente, pois eles não representam transações financeiras

(SEIDER et al., 2003).

Assim, a depreciação corresponde à diminuição do valor dos elementos

ativos, resultantes do desgaste pelo uso, ação da natureza ou obsolência normal.

A depreciação do ativo se inicia quando o ativo está disponível para o uso e termina

quando o ativo é colocado para a venda ou quando é colocado em baixa, o que

ocorrer primeiro. O valor limite de depreciação é o valor do próprio bem.

A amortização é a redução do valor de aquisição dos ativos, de duração

limitada, sendo por prazo legal ou contratualmente limitado.

A exaustão é a redução do valor, decorrente da exploração dos recursos

naturais esgotáveis (TREASY, 2015).

2.6.2. Investimento Total em Capital

É o investimento total, envolvendo a construção, design e start-up de uma

nova planta química, ou reforma de uma planta já existente. Os gastos também

incluem o compra do terreno, escavação, melhorias no terreno para permitir

acesso, taxa com contratos e licença para construção.

42

O investimento total em capital (TCI) é definido pela soma do investimento fixo

em capital (FCI); o qual envolve custos diretos e indiretos, como compra de

equipamentos, instalação, taxas com construção, permissões e gastos com

tubulações adicionais; e o capital de giro (WCI); o qual envolve o custo de

operações, tipicamente de 10-20% do TCI ou aproximadamente 5% do FCI para as

plantas de etanol de segunda geração (ADEN et al., 2011). A equação 2.6 mostra

o cálculo do TCI.

TCI= FCI+ WCI (2.6)

2.6.3. Custos Operacionais Fixos

Os custos operacionais fixos existem independente da planta estar

produzindo à uma capacidade total ou não. Esses custos incluem o salário dos

trabalhadores e outros gastos, como manutenção e seguro da propriedade (ADEN

et al., 2011).

2.6.4. Custos Operacionais Variáveis

Nos custos operacionais variáveis estão inclusas as matérias-primas,

desperdícios com manuseio e ganhos com sub-produtos. Esses custos variam de

acordo com a capacidade em que a planta está operando (ADEN et al., 2011).

2.6.5. Preço mínimo de venda do etanol (Minimum Ethanol Selling

Price- MESP)

É o preço mínimo de venda do etanol para se obter um valor presente líquido

(Net Present Value-NPV) igual a zero com uma taxa de retorno interna finita

(Internal Rate of Return-IRR), e segundo NREL é calculado através da análise do

fluxo de caixa.

43

2.6.6. Custo com Equipamentos

O custo de compra dos equipamentos normalmente é obtido por meio de

gráficos, citações de fornecedores, ou equações. Esses gráficos e equações são

aplicáveis à uma data específica, normalmente a um mês e ano, ou a uma média

de um ano em particular. Dessa forma, os custos dos equipamentos, por causa da

inflação, podem aumentar com o tempo. Por isso, para se estimar o preço de

compra para uma data posterior a data base, pode-se multiplicar o custo base pela

razão entre o índice de custo da data posterior (I) e o índice da data base (Ibase),

como mostrado na equação 2.7.

Custo = CustoBaseI

Ibase (2.7)

Os índices na maioria das vezes considerados pelos engenheiros químicos

são (ADEN et al.,2011):

1) The Chemical Engineering (CE) Índice de custo da planta

É publicado mensalmente na revista Chemical Engineering com I=100 para

1958. A completa descrição do índice está em (CHEMICAL ENGINEERING,1963).

2) The Marshall & Swift (MS) Índice de custo dos equipamentos

É publicado mensalmente na revista Chemical Engineering com I=100 para

1926. A completa descrição do índice está em (CHEMICAL ENGINEERING,1963).

3) The Nelson-Farrar (NF) Índice de custo de construção de refinarias

É publicado mensalmente na revista Oil & Gas Journal com I=100 para 1946.

A completa descrição do índice está em (OIL & GAS JOURNAL,1965).

4) The Engineering News-Record (ENR) Índice de custo para

construções

44

É publicado semanalmente na revista Engineering News-Record e

mensamente em Chemical Engineering com I=100 para 1967 (ENGINEERING

NEWS-RECORD, 1967).

2.6.6.1. Bombas Centrífugas

O custo das bombas normalmente inclui o preço da bomba, base e o

acoplamento, e em alguns casos, o preço do motor elétrico também está incluso.

Não existe um acordo sobre o fator relacionado com o tamanho do equipamento

para a determinação do preço de compra, sendo que o método mais utilizado é o

da Monsanto que utiliza o fator de dimensão, S, o qual reconhece o fato de que

uma bomba centrífuga poder operar acima de uma faixa de vazão. A relação desse

fator com a carga da bomba (H) está representada na equação 2.8:

S = Q(H)0,5 (2.8)

Onde Q é a vazão através da bomba em galão/minuto e H é a carga em pés. O

custo da bomba está correlacionado com o máximo valor de S que a bomba pode

aguentar. Além disso, ele também está relacionado com a rotação da bomba

(normalmente da faixa de 1.800 a 3.600 rpm), vazão, números de rotor

(normalmente de 1 a 4), a orientação do eixo (VSC: orientação vertical, HSC:

orientação horizontal) e material do qual a bomba é feita (SEIDER et al., 2003). A

equação 2.9 do custo inclui a base e o acoplamento, mas não o motor elétrico. O

índice considerado é para o ano 2000 (CE=394), como material de construção é

usado ferro fundido e rotação da bomba é de 3.600 rpm.

CB = exp {9,2951 − 0,6019[ln(S)] + 0,0519[ln(S)2]} (2.9)

Para outros tipos de bombas centrífugas, feitas de outros materiais, o custo

é dado por:

CP = FTFMCB (2.10)

45

Onde FM é o fator do material e FT é o fator do tipo de bomba, como mostrado

na Tabela 1.

Tabela 1- Fator FT para diferentes tipos de bombas.

Nº de

estágios

Rotação

(rpm)

Orientação

do eixo

Vazão

(galão/min)

Carga da

bomba (ft)

Potência

do motor

(HP)

FT

1 3.600 VSC 50-900 50-400 75 1,00

1 1.800 VSC 50-3.500 50-200 200 1,50

1 3.600 HSC 100-1.500 100-450 150 1,70

1 1.800 HSC 250-5.000 50-500 250 2,00

2 3.600 HSC 50-1.100 300-1.100 250 2,70

2 3.600 HSC 100-1.500 650-3.200 1.450 8,90

Fonte: Adaptado de SEIDER et al., 2003.

2.6.6.2. Trocadores de Calor Casco e Tubo

Para esses trocadores estão envolvidas muitas variáveis geométricas, como,

diâmetro do tubo, espessura da parede, comprimento, espaçamento, arranjo, tipo

de chicanas e número de tubos e passos do casco. Porém, os dados mais

conhecidos sobre o preço de compra dos trocadores, está correlacionado com a

área da superfície do trocador (normalmente baseada na área externa dos tubos),

e com fatores de correção para pressão e material de fabricação. Em alguns casos,

fatores de correção para o comprimento dos tubos também são dados (SEIDER et

al.,2003).

Para as equações abaixo são considerados fatores, como, índice de custo

também para o ano de 2000, como no caso das bombas (CE=394), além disso a

área superficial A é dada em ft², variando de 150 até 12.000 ft².O caso base também

leva em conta um diâmetro externo de ¾ polegadas ou 1 polegada e comprimento

de 20 ft para os tubos, aço-carbono como material de construção, passo dos tubos

quadrado ou triangular e pressão do casco acima de 100 psig, como mostrado nas

equações 2.11 e 2.12.

46

Tampa removível:

CB = exp {11,667 − 0,8709[ln(A)] + 0,09005[ln(A)2]} (2.11)

Tampa fixa:

CB = exp {11,0545 − 0,9228[ln(A)] + 0,09861[ln(A)2]} (2.12)

Assim, o custo para os trocadores de calor é dado pela equação 2.13.

CP = FPFMFLCB (2.13)

Onde FM é o fator do material utilizado na fabricação do trocador de calor, como

mostrado na Tabela 2, o qual é calculado em função da área A (ft²), como mostra

a equação 2.14.

FM = a + (A

100)b (2.14)

Tabela 2- Valores das variáveis para o cálculo do fator FM.

Materiais 𝒂 na eq. 2.14 𝒃 na eq. 2.14

Aço carbono/ Aço carbono 0,00 0,00

Aço carbono/ Bronze 1,08 0,05

Aço carbono/ Aço Inoxidável 1,75 0,13

Aço Carbono/ Níquel 2,1 0,13

Aço Carbono/ Titânio 5,2 0,16

Aço Carbono/ Aço Cr-Mo 1,55 0,05

Aço Cr-Mo/ Aço Cr-Mo 1,70 0,07

Aço Inoxidável/ Aço Inoxidável 2,70 0,07

Níquel/ Níquel 3,3 0,08

Titânio/ Titânio 9,6 0,06

Fonte: Adaptado de SEIDER et al., 2003.

FL é o fator de correção como mostrado na Tabela 3.

Tabela 3- Valores de FL.

Comprimento do Tubo (ft)

FL

8 1,25

12 1,12

16 1,05

20 1,00

Fonte: Adaptado de SEIDER et al., 2003.

47

O fator FP é baseado na pressão do trocador de casco e tubo, P em psig, como

mostrado na equação 2.15, a qual é aplicável na faixa de 100 a 2.000 psig.

FP = 0,9803 + 0,018 (P

100) + 0,0017 (

P

100)

2 (2.15)

2.6.6.3. Vasos de Pressão e Torres de Destilação, Absorção e

Coluna de Stripping

Os vasos são usualmente cilíndricos, como diâmetro interno D e

comprimento L, além disso também possuem tampos no formato elipsoidal, bocais

para a entrada e saída de correntes, boca de visita para acesso interno, conexões

para válvulas de alívio e instrumentos, saias e berços para suporte (dependendo

se o vaso está orientado verticalmente ou horizontamente), plataformas e escadas.

A espessura do casco e do tampo normalmente é determinada pela ASME

(American Society of Mechanical Engineers), e deve incluir a tolerância à corrosão,

operação em vácuo, força do vento e risco de terremotos (SEIDER et. Al, 2003).

Assim, pelo grande número de fatores que afetam o custo dos vasos de

pressão, diversos números de fatores de dimensão são utilizados para se

determinar esse valor, além disso, todos os métodos diferenciam a orientação do

vaso (vertical ou horizontal). O mais simples método baseia o custo no diâmetro

interno, no comprimento entre a tangente- tangente dos tampos do vaso e

considera um fator de correção dependendo da pressão de operação. Já o método

mais elaborado é baseado no design completo, obtendo-se o peso do vaso,

tamanho e números de bocais e bocas de visita. O método mostrado abaixo, na

equação 2.16, é de complexidade mediana, baseado no peso do casco, duas

cabeças elípticas 2:1, material de construção é aço carbono e inclui todas as

tolerâncias para plataformas, número de bocas de visita e bocais.

CP = FMCV + CPL (2.16)

48

O valor do índice para esse caso também é de 394 para um vaso vazio, CV,

mas incluindo bocais, bocas de visita e suportes. O peso (W) do casco e das duas

cabeças é calculado em libras, também é levado em conta a orientação do vaso,

como mostrado nas equações 2.17 e 2.18.

Vasos horizontais de 1.000< W <920.000 lb:

CV = exp {8,717 − 0,2330 [ln(W)] + 0,04333[ln(W)2]} (2.17)

Vasos verticais de 4.200< W <1.000.000 lb:

CV = exp {6,775 + 0,18255 [ln(W)] + 0,02297[ln(W)2]} (2.18)

O custo adicionado CPL, é o fator para plataformas e escadas, ele depende

do diâmetro do vaso, Di em ft, como mostrado na equação 2.19 e para os vasos

verticais, também do comprimento entre a tangente-tangente dos tampos, L em ft,

como mostrado na equação 2.20.

Vasos horizontais 3< Di <12 ft:

CPL = 1.580 (Di)0,20294 (2.19)

Vasos verticais de 3< Di <21 ft e 12< L <40 ft:

CPL = 285,1 (Di)0,73960(L)0,70684 (2.20)

As torres são vasos de pressão verticais utilizados em operações de

separação, incluindo destilação, absorção e stripping, elas contêm pratos ou

recheios, além de bocais e bocas de visita. Assim, para o cálculo do preço dessas

torres verticais (CT) é considerado também um índice de 394, incluindo bocais,

bocas de visita, partes internas (não incluso pratos e recheios) e saias, como

49

mostrado na equação 2.21. O peso do casco e dos dois tampos é dado em libras

(W).

Torres de 9.000< W < 2.500.000 lb

CV = exp {7,7374 − 0,18255 [ln(W)] + 0,02297[ln(W)2]} (2.21)

O custo adicionado CPL, para plataformas e escadas depende do diâmetro

interno da torre, Di em ft, e para os vasos verticais, também do comprimento entre

a tangente-tangente dos tampos, L em ft, como mostra a equação 2.22.

Torres de 3< Di <24 ft e 27< L <170 ft:

𝐶𝑃𝐿 = 237,1 (𝐷𝑖)0,63316(𝐿)0,80161 (2.22)

O peso (W), no cálculo do custo para vasos de pressão e torres, depende da

espessura da parede do casco e dos tampos, embora a espessura dos tampos

normalmente seja maior do que a do casco, porém para se estimar o custo do

equipamento, é considerado que a espessura para ambos são as mesmas, ts.

Assim, o peso é dado pela equação 2.23.

𝑊 = 𝜋 (𝐷𝑖 + 𝑡𝑆)(𝐿 + 0,8𝐷𝑖)𝑡𝑆𝜌 (2.23)

Na equação, o termo L considera o cilindro, enquanto o termo 0,8Di

considera as duas cabeças, e ρ é a densidade do aço carbono, e seu valor é 490

lb/ft3 ou 0,284 lb/in3. Em caso de ausência de corrosão, vento, terremotos e

pressões internas maiores que a pressão externa, a fórmula para a espessura do

casco cilíndrico é dada por ASME através da equação 2.24:

𝑡𝑝 =𝑃𝑑𝐷𝑖

2𝑆𝐸−1,2𝑃𝑑 (2.24)

Onde tp é a espessura da parede em polegadas, Pd é a pressão interna em psig, Di

é o diâmetro interno também em polegadas, S a máxima tensão admissível (lb/in²)

50

pelo material do casco na temperatura de design, e seus valores estão na Tabela

4, sendo E a eficiência da solda.

Tabela 4- Máxima Tensão Admissível

Temperatura (ºF) Máxima Tensão Admissível (psi)

-20 até 650 15.000

700 15.000

750 15.000

800 14.750

850 14.200

900 13.100

Fonte: Adaptado de SEIDER et al., 2003.

A pressão de design Pd, em psig, deve ser maior que a pressão de operação

Po. Para a faixa de pressão de operação de 10 psig até 1.000 psig, pode-se então

usar a equação 2.25 para determinação de Pd.

Pd = exp {0,60608 + 0,91615[ln(Po)] + 0,0015655[ln(Po)]2} (2.25)

Para pressão de operação maior que 1.000 psig, Pd é igual a 1,1 vezes a

pressão de operação.

A equação 2.24 não leva em conta o vento e terremotos, além não poder ser

utilizada para vasos sob vácuo. O método dado pela equação 2.26 depende da

razão tangente-tangente do comprimento do vaso (L), do diâmetro interno (Di) e a

pressão de design (Pd). A equação pode ser aplicada para um intervalo de

10>(L/Di)2/Pd>1,34.

tv = tp[0,75 + 0,22E(

L

Di)2

Pd] (2.26)

Para a espessura de vasos operando sob vácuo foi utilizada a equação 2.27,

que leva em conta a razão comprimento/diâmetro e o módulo de elasticidade EM,

da parede de metal. A equação é aplicável para tE/Do<0,05, onde Do é o diâmetro

externo.

51

tE = 1,3Do(PdL

EMDo)0,4 (2.27)

Tabela 5- Módulo de Elasticidade

EM Módulo de Elasticidade, psi (multiplicado por 106)

Temperatura (ºF) Aço Carbono Aço de baixa liga

-20 30,2 30,2

200 29,5 29,5

400 28,3 28,6

650 26,0 27,0

700 - 26,6

800 - 25,7

900 - 24,5

Fonte: Adaptado de SEIDER et al., 2003.

Entretanto, para o valor de tE, o fator de correção tEC, calculado segunda

equação 2.28, deve ser adicionado:

tEC = L(0,18Di − 2,2)x10−5 − 0,19 (2.28)

Onde as variáveis estão em polegadas. A espessura total para um vaso

operando sob vácuo é calculada segundo a equação 2.29.

𝑡𝑉 = 𝑡𝐸 + 𝑡𝐸𝐶 (2.29)

Mesmo para condições onde não há corrosão, a tolerância a corrosão tc, de

1/8 in, deve ser adicionada a tp, para dar o valor de ts da equação 2.23.

52

3. METODOLOGIA

Inicialmente foi feito um trabalho de pesquisa bibliográfica, empregando-se

livros disponíveis nas bibliotecas da Universidade de São Paulo e outras

instituições, além de artigos científicos disponíveis em bases de dados como a Web

of ScienceTM, (Thomson Reuters, New York, USA), ScienceDirect® (Elsevier Inc,

Waltham, MA, USA) e Scopus® (Elsevier Inc, Waltham, MA, USA), além de

sistemas de busca na internet. Esta pesquisa foi fundamental para compreensão

do tema em estudo e para levantamento dos dados necessários à simulação.

A capacidade de produção da planta foi calculada baseando-se no estudo

realizado por Miranda (2011), no qual adotou-se a produção de 12000 toneladas

de cana por dia, e que cada tonelada produziria 250 kg de bagaço com 50% de

umidade. Considerando as perdas durante transporte e manuseio, apenas 80% do

bagaço gerado foi utilizado na etapa de pré-tratamento, assim, a vazão de bagaço

utilizada na simulação foi de 100 ton/h.

A simulação do processo de produção do etanol de segunda geração a partir

de celulose e hemicelulose, foi realizada com auxílio do software Aspen HYSYS®

(Aspen Technology, Inc., Nashua, USA).

3.1. Modelo Termodinâmico

Após simulações realizadas por Dias (2008), observou-se que os pacotes

termodinâmicos que mais se aproximaram aos dados experimentais foram:

1) O NRTL para o cálculo de coeficiente de atividade na fase líquida

2) As equações de estado SRK para o cálculo da fase vapor

Na Figura 16 é mostrada uma captura da tela indicando o local de seleção

dos pacotes no programa de simulação.

53

Fonte: Do autor.

3.2. Componentes

O bagaço-de-cana é a principal matéria-prima para a produção do etanol de

segunda geração, e segundo Palaez Samaniego (2007) esse material possui uma

composição mássica de 50% em água; 20,7% em celulose; 17,9% em hemicelulose

e 11, 4% em lignina. Muitos dos componentes necessários para a simulação, como

a própria celulose, hemicelulose e lignina; não estão presentes nas bases de dados

do software, o que faz necessária a criação de componentes hipotéticos. Assim, foi

necessário fornecer algumas propriedades químicas fundamentais para que esses

componentes fossem criados, sendo essas propriedades químicas mostradas na

Tabela 6.

Figura 16- Pacotes termodinâmicos selecionados para a simulação.

54

Tabela 6- Propriedades químicas dos componentes hipotéticos. Componentes Estado

Físico

Fórmula

Molecular

ρ

(kg/m3

)

MM

(g/mol)

PE

(ºC)

Pc

(KPa)

Tc(ºC) Vc(m3/km

ol)

𝝎

Celulose sólido C6H10O5 1530 162,14 - - - - -

Hemicelulose sólido C5H8O4 1530 132,12 - - - - -

Lignina sólido C7,3H13,9O1,3 1500 122,49 - - - - -

Xilose - - 1525 150,1 219,0 7385 618,5 0,2956 -0,01139

Arabinose - - 1757 150,1 333,2 6966 823,3 0,3866 -0,01928

HMF - - 1290 126,1 276,3 5926 696,0 0,3200 -0,00900

Celulase* Sólido

CH1,57N0,29O0,31S0,007

1200 22,84

Levedura Sólido CH1,8O0,9N0,145 1000 30,23 - - - - -

*Fonte: Adaptado de Intelligen Inc., 2015.

Segundo Dias (2008) para a criação de componentes sólidos é necessário

fornecer somente o peso molecular (MM) e a densidade (ρ). Para o caso de

componentes não sólidos (líquidos ou sólidos em solução) é necessário fornecer

também o ponto de ebulição. Em ambos casos é também possível fornecer a

fórmula molecular, o que permite que o simulador estime valores de algumas

propriedades do composto, como por exemplo, temperatura crítica (Tc) e fator

acêntrico (ω).

Entretanto, além dos componentes hipotéticos é necessário inserir outros

componentes já presentes no banco de dados do simulador. Os nomes dos

compostos no simulador estão apresentados na tabela 7.

55

Tabela 7- Componentes presentes na base de dados do simulador.

Nome do Composto Nome no HYSYS®

Glicose Dextrose

Sacarose Sucrose

Água H2O

Etanol Ethanol

Dióxido de carbono CO2

Glicerol Glycerol

Hidrogênio Hydrogen

Ácido succínico SuccinicAcid

Ácido Acético AceticAcid

Álcool isso- amílico 3-M-1-C4ol

Amônia Ammonia

Ácido sulfúrico H2SO4

Fonte: Adaptado de DIAS, 2008.

O hidrogênio inserido no simulador é usado nas reações secundárias da

fermentação, que acontecem na presença de íons H+. Além disso, a amônia é

usada em substituição aos nutrientes da levedura (fonte de nitrogênio), os quais na

realidade estão presentes nas impurezas do caldo. Como essas impurezas não

existem no simulador, foi necessária a substituição.

3.3. Etapas simuladas do processo

A simulação foi baseada em um levantamento bibliográfico, e por isso utilizou

estudos, como o de Dias (2008), Miranda (2011), Palacios (2011), etc; para

determinação dos parâmetros de cada etapa do processo.

56

3.3.1. Etapa de Pré- Tratamento

A etapa de pré-tratamento, assim como a deslignificação têm como objetivo

a separação seletiva dos componentes presentes no bagaço por meio da ruptura

do complexo lignina-celulose-hemicelulose, para que haja um aproveitamento

individual de cada um desses compostos (DIAS, 2008).

No presente trabalho, foi simulado o pré-tratamento via explosão a vapor, o

qual é responsável por causar a pré-hidrólise da hemicelulose, e os parâmetros

utilizados foram obtidos através de experimentos realizados por Silva (1995). Nesse

estudo as faixas de temperatura eram de 165 a 210ºC e os tempos de residência

de 5 a 60 minutos.

Os dados de conversão das reações que acontecem no pré- tratamento estão

disponíveis em Aguila et al. (2002) e Dias (2008). Assim, as informações obtidas

na literatura foram:

1) Na formação da xilose considerou-se uma concentração inicial dessa

pentose igual a zero, dessa forma foi possível calcular a variação da

pentose no decorrer do tempo. Considerou- se também que a reação de

hidrólise da hemicelulose ocorre como mostrado na equação 3.1. Além

disso, foi observado que a melhor condição do pré-tratamento ocorreu

depois 24,1 min do início, e que a conversão neste ponto foi de 81,39%.

C5H8O4 + H2O C5H10O5 (3.1)

2) A formação da glicose nessa etapa pode ocorrer a partir da hemicelulose

e da celulose. Porém, a celulose no pré-tratamento não é hidrolisada,

então considerou-se que a glicose foi originada apenas da hemicelulose

como mostra a equação 3.2. Assim, para o mesmo tempo considerado na

formação da xilose, a conversão foi de 1,76% de hemicelulose em glicose.

C5H8O4 + 2,67 H2O C6H12O6 (3.2)

57

3) A formação do ácido acético acontece da hidrólise dos grupos acetila

presentes na hemicelulose. Assim, para essa reação (3.3) foi calculada

uma conversão de 1,82%.

C5H10O5 + H2O 2,5C2H4O2 (3.3)

4) A formação de furfural ocorre a partir da decomposição da pentose.

Segundo a equação 3.4. Foi considerado uma conversão de pentose em

furfural de 0,4%.

C5H10O5 C5H4O2 + 3H2O (3.4)

3.3.2. Hidrólise Enzimática

Segundo Galbe e Zacchi (2010) a temperatura ideal no reator usado para a

hidrólise enzimática é de 50ºC. No reator a conversão de celulose em glicose é

especificada como na equação 3.5 e a da hemicelulose residual em pentose como

na equação 3.6. Além disso, segundo Palacios (2011) a conversão da reação

representada pela equação 3.5 foi de 69,2% enquanto a representada pela

equação 3.6 foi de 46,9%.

C6H10O5 + H2O C6H12O6 (3.5)

C5H8O4 + H2O C5H10O5 (3.6)

3.3.3. Concentração do Licor de Hexoses

O Licor de hexoses obtido como produto na etapa de hidrólise deve ser

concentrado para que seja utilizado na etapa de fermentação. Esse processo é

realizado em um sistema composto por um pré-evaporador mais quatro

58

evaporadores de múltiplo efeito, os quais concentram o licor que depois é diluído a

aproximadamente 25% em massa. A diluição do licor possibilita a redução do

impacto de inibidores formados na etapa de hidrólise (HMF e furfural) na

fermentação (DIAS, 2008).

3.3.4. Fermentação

Na simulação da fermentação foi feita baseada nos estudos de Grootjen et

al. (1991), Kuhad et al. (2011) e Dias (2008). Nesses estudos a fermentação da

glicose e da xilose foram feitas em reatores separados, já que mesmo utilizando a

S. cerevisiae geneticamente modificada, que é capaz de fermentar também as

pentoses, pode haver seletividade maior da levedura pela hexose do que pela

pentose, além da alta concentração de etanol no fermentador inibir a ação dos

microrganismos.

As reações e conversões foram baseadas mais especificamente nos estudos

de Dias (2008) e Kuhad et al. (2011), como mostrado nos tópicos a seguir:

1) Inicialmente a conversão de hexoses em álcool ocorre de acordo com a

equação 3.7 a uma conversão de 90,48%.

C6H12O6 2C2H5OH5 + 2CO2 (3.7)

2) Durante a fermentação também são formados alguns subprodutos, como,

Glicerol, Ácido Succínico, Ácido Acético e Álcool isso-amílico. As

conversões das reações representadas pelas equações 3.8 a 3.11 foram

consideradas 2,67%; 0,29%; 1,19% e 0,00031% respectivamente. Como

não existem íons no banco de dados do software, a presença dos íons H+

foi substituída pelo hidrogênio.

59

Glicerol: C6H12O6 +4H+ 2C3H8O3 (3.8)

Ácido Succínico: C6H12O6 +2H2O C4H6O4 + 2CO2 +10H++10e- (3.9)

Ácido Acético: C6H12O6 +2H2O 2C2H4O2 + 2CO2 +8H++8e- (3.10)

Álcool Iso-amílico:

C6H12O6 0,795C5H12O + 2,025CO2 + 1,155H2O +0,15H++0,15e- (3.11)

3) Além disso, existe a formação de leveduras de acordo com a equação

3.12. Durante o processo, a conversão de formação foi considerada como

sendo de 1,37%. Considerou-se ainda que o nitrogênio presente no mosto

está na forma de amônio, contido nas impurezas.

0,1485C6H12O6 + 0,145NH4++0,1087CO2CH1,8O0,9N0,145 + 0,2087H2O +0,145H+ (3.12)

4) Segundo Kuhad et al. (2011) a equação 3.13 mostra a conversão da

pentose a álcool (foi adotado um valor de 66%).

3C5H10O5 5C2H5OH + 5CO2 (3.13)

3.3.5. Destilação

No processo de destilação, o objetivo foi a obtenção do AEHC (álcool etílico

hidratado carburante). Esta foi simulada considerando-se um sistema similar ao

realizado na indústria, como mostrado na Figura 14 da seção 2.4.4. Dessa forma,

a Tabela 8 mostra os parâmetros utilizados nessa etapa. A simulação foi baseada

nos estudos de Dias (2008).

60

Tabela 8- Parâmetros do processo de destilação.

Parâmetros da Destilação

COLUNA A1

Número de pratos 8

Pressão no topo (kPa) 136,3

Pressão no fundo (KPa) 139,3

COLUNA A

Número de pratos 18

Pressão no topo (kPa) 139,3

Pressão no fundo (KPa) 152,5

Posição de retirada da flegma vapor 17

Fração mássica de etanol na vinhaça 0,0002

Recuperação do etanol no vapor de flegma (%) 76

COLUNA D

Número de pratos 6

Pressão no topo (kPa) 133,8

Pressão no fundo (KPa) 136,3

Temperatura do condensador (ºC) 35

Fração do álcool pesado reciclada para a coluna 0,99

COLUNA DE RETIFICAÇÃO

(B+B1)

Número de pratos 45

Pressão no topo (kPa) 116

Pressão no fundo (KPa) 135,7

Posição de alimentação da flegma líquida 23

Posição de alimentação da flegma vapor 23

Posição de retirada do óleo fúsel 4

Fração mássica de etanol no AEHC 0,935

Fonte: Do autor.

3.4. Análise Econômica

Para a determinação do MESP (minimum etanol selling price- preço mínimo

de venda do etanol), os cálculos foram baseados no relatório econômico

desenvolvido pelo National Renewable Energy Laboratory (NREL), 2011. Neste

relatório, é descrito um trabalho no qual foi realizado uma análise do fluxo de caixa

que envolveu parâmetros como investimento total em capital, capital de giro, os

custos variáveis de operação e os custos fixos de operação.

61

O investimento total em capital (TCI) é a soma do investimento de capital fixo

(FCI), do capital de giro (WCI) e do terreno, se a planta for construída em um novo

local. Dessa forma, o FCI foi calculado através do Aspen HYSYS®, enquanto no

cálculo do WCI foi utilizado como base o estudo do NREL que considera esse valor

como 5% do FCI. Já o cálculo do terreno não foi levado em consideração,

considerou-se que a planta foi construída em um terreno onde já existia a produção

de etanol de primeira geração.

Assim, como já citado anteriormente, o cálculo do MESP foi feito através da

análise de fluxo de caixa, considerando um valor presente líquido igual a zero. Além

disso, foram considerados também, como mostrado na Tabela 9, uma taxa de

desconto de 10%, custos variáveis de operação com matéria-prima (com manuseio

já incluso), custos fixos de operação (salário dos funcionários), depreciação linear,

34% de impostos (a qual é a atual taxa federal brasileira).

Tabela 9- Dados da análise econômica.

Vida útil da planta 30 anos

Taxa de retorno 10%

Método de depreciação Linear

Taxa federal brasileira 34%

Valor residual Zero

Manutenção 3% FCI

Seguro da propriedade 0,7%FCI

Capital de giro (WCI) 5% FCI

Número de operadores 20

Número de supervisores 4

Número total de Gerentes,

engenheiros e técnicos 4

Fonte: Adaptado de NREL, 2011.

62

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Pré- Tratamento

A corrente de alimentação de bagaço (BA1) na simulação foi de 100 ton/h, e

para isso, adotou-se 250 kg de bagaço produzido por dia com 50% de umidade.

No reator foi adicionado o bagaço com 50% de umidade e composição citada

na seção 3.2 e, com o material lignocelulósico também foi adicionado vapor

saturado (VP1) a 12,5 bar e manteve-se a temperatura do processo constante em

aproximadamente 190ºC. O produto da pré-hidrólise então foi lavado com água

(H2O_1) a uma vazão duas vezes maior que a do produto, para que isso fosse

possível foi necessário usar a ferramenta SET presente no simulador. Em seguida

essa corrente foi transferida para um filtro no qual a corrente líquida (PR7) foi

separada da pasta de sólidos (PR4). No simulador, como filtro, foi utilizada a

ferramenta component splitter, sendo assim possível determinar que as frações

recuperadas na pasta (PR4) fossem de 80% de água, além de 90% dos sólidos

solúveis e 1% de celulose e hemicelulose não reagidas. O fluxograma dessa etapa

está representado na Figura 17 e as correntes resultantes dessa etapa são

mostradas na Tabela 10.

Fonte: Do autor.

Figura 17- Fluxograma da etapa de pré-tratamento.

63

Tabela 10- Vazão das correntes resultantes da pré-tratamento

Nome da corrente Vazão (ton/h)

PR7 86,10

PR4 51,89

Fonte: Do autor.

4.2. Hidrólise enzimática

A temperatura no reator de hidrólise enzimática foi mantida em 50ºC e a

quantidade de enzima (CEL) adicionada no processo foi determinada pela razão

0,114g/g polpa pré-tratada (PR4) e a ferramenta ADJUST controlou a fração de

sólidos na corrente PR9 em 0,5. Posteriormente, o produto da hidrólise (PR8)

passou por um filtro onde o licor de hexoses (PR9) foi separado da torta de lignina,

essa torta saiu do filtro com 70% de umidade segundo Palacios (2011). O

fluxograma do processo é apresentado na Figura 18 e as vazões de saída são

mostradas na Tabela 11.

Fonte: Do autor.

Figura 18- Fluxograma do processo de hidrólise enzimática

64

Tabela 11- Vazão das correntes resultantes da hidrólise enzimática.

Fonte: Do autor.

4.3. Concentração do Licor de Hexoses

Na simulação dessa etapa do processo, foi necessário adotar um sistema

composto por um separador, uma válvula para a redução de pressão e um trocador

de calor para representar um sistema real de evaporação.

No pré-evaporador foi usado o vapor de escape para aquecê-lo (D6), em

seguida o licor concentrado foi despressurizado e então aquecido com vapor que

sai do topo do separador. Esta mesma ação foi repetida nos próximos 4

evaporadores, até que a concentração mássica final de glicose fosse de

aproximadamente 25% (LC13).

O licor obtido foi então pressurizado a 1 atm (PR14) e resfriado a uma

temperatura de 30ºC.As pressões utilizadas no pré-evaporador e nos 4

evaporadores estão apresentadas na Tabela 12 e o fluxograma dessa etapa na

Figura 19.

Tabela 12- Pressões no sistema de evaporação de múltiplo efeito.

Fonte: Do autor.

Nome da corrente Vazão (ton/h)

LIGNINA 59,65

PR9 163,20

pré-evaporador 1º efeito 2º efeito 3º efeito 4º efeito

Pressão

(KPa) 156,9 117,70 72,96 38,66 5,358

65

Fonte: Do autor.

Na Tabela 13 estão as vazões de saída do licor concentrado em cada um dos

efeitos.

Tabela 13- Vazões do licor na saída de cada evaporador.

pré-evaporador 1º efeito 2º efeito 3º efeito 4º efeito

Vazão Licor

(ton/h) 18,03 17,84 17,37 17,04 15,98

Fonte: Do autor.

4.4. Fermentação

Nessa etapa, a fermentação da pentose e da glicose foi feita

separadamente, como mostrado nas Figuras 20 e 21 respectivamente. A conversão

da glicose a etanol foi de 90,48% e a temperatura do fermentador foi mantida em

34ºC, o que permitiu uma obtenção de maiores teores alcóolicos para vinho. A

fração mássica de etanol no vinho originado da fermentação das hexoses foi de

6,29%. Já a conversão da pentose a EtOH (etanol) foi de 66% e a solução de

pentose foi adicionada no fermentador a uma concentração de 80g/L, sendo que a

temperatura mantida no fermentador foi de 30ºC. Assim, foi obtido um vinho com

Figura 19- Sistema de concentração das hexoses.

66

2,59% em massa. Ambos os reatores deveriam operar a baixas temperaturas já

que as reações que acontecem nessa etapa são exotérmicas. Para isso, foi

necessário acoplar um sistema de refrigeração em ambos fermentadores (D15 e

D16).

Os gases, como mostrado nas Tabelas 14 e 15, que saíram dos dois

fermentadores foram misturados e direcionados a uma coluna de absorção para

que o etanol nele presente fosse recuperado. Para isso, nessa torre o gás foi lavado

com H2O, o qual arrastou o álcool para a corrente líquida.

Já as correntes líquidas de ambas fermentações também foram

misturadas, como mostrado na Figura 22 e Tabela 16, e direcionadas para um

sistema de separação, que foi responsável por separar a levedura do vinho. Esse

sistema é composto por duas centrífugas. Na primeira centrífuga, a fração

volumétrica de líquido no produto de fundo foi de 18%, formando assim o creme de

leveduras. Em seguida o creme recebeu água de lavagem na proporção de 1:1 (foi

utilizada a ferramenta SET para controlar a proporção), e então essa mistura foi

enviada para a segunda centrífuga na qual o produto de fundo foi obtido com 15%

de células. Assim, esse produto líquido obtido da separação foi misturado com o a

corrente líquida da coluna de absorção e direcionado até as torres de destilação.

Na seção de tratamento da levedura, foi feita a adição de pequena quantidade

de amônia, de forma que a fração mássica de amônia no “pé-de-cuba” fosse de

0%. Além disso, também foi adicionada na cuba uma solução de 98% de H2SO4.

Então, o fermento tratado voltou como reciclo para os dois fermentadores.

Fonte: Do autor.

Figura 20- Processo de fermentação das pentoses

67

Tabela 14- Vazões do sistema de fermentação das pentoses.

Fonte: Do autor.

Fonte: Do autor.

Tabela 15- Vazões do sistema de fermentação das hexoses.

Fonte: Do autor.

Nome da corrente Vazão (ton/h)

GAS2 3,949

PR23 163,9

Nome da corrente Vazão (ton/h)

GAS1 6,765

PR18 105,2

Figura 21- Processo de fermentação das hexoses.

68

Figura 22- Etapas de recuperação do etanol da corrente gasosa e tratamento da levedura.

Fonte: Do autor.

Tabela 16- Vazões resultantes das duas fermentações.

Nome da corrente Vazão (ton/h)

PR29 217,2

Fonte: Do autor.

4.5. Destilação

O processo de destilação foi simulado de maneira semelhante ao apresentado

na seção 2.4.4. Inicialmente o vinho foi pré-aquecido com a corrente de vinhaça e

posteriormente aquecido até a temperatura de 92ºC. Essa corrente pré-aquecida

(PR29) então foi alimentada na coluna de destilação A1. A corrente gasosa que

69

saiu pelo topo de A1 (PR36) serviu de alimentação para a coluna D, enquanto a

corrente líquida (PR35) serviu como alimentação para a coluna A.

Na coluna A se originaram 3 correntes, uma delas, a PR40, que serviu como

refluxo para a coluna A1, enquanto a corrente PR43 (flegma vapor) serviu como

alimentação para a coluna de retificação e a corrente PR42, que é a corrente de

vinhaça com teor alcóolico em torno de 0,02% em massa e foi usada para pré-

aquecer o vinho.

A coluna D gerou como produto de fundo a corrente PR39 (flegma líquida),

que também alimentou junto com a flegma vapor a coluna de retificação. Como

produtos de topo se originou uma corrente de GASES constituída principalmente

de CO2 e outra corrente PR38, originando o álcool de segunda.

A coluna de retificação B e B1 foi simulada como sendo uma única coluna,

como mostrado na Figura 23, pois elas possuem diâmetros iguais e estão

localizadas uma sobre a outra (DIAS, 2008).

Fonte: Do autor.

Figura 23- Etapa de destilação do etanol.

70

No topo dessa coluna foi obtido o AEHC com fração mássica de etanol de

aproximadamente 93,5%, com vazão mostrada na Tabela 17. Ainda na parte

superior, foi obtida uma corrente de óleo fúsel (OL_FUS) e, como produto de fundo,

foi obtido a flegmaça (FLEG) com baixo teor alcóolico.

Tabela 17- Vazões da etapa de destilação.

Nome da corrente Vazão (ton/h)

AEHC 3,327

FLEG 57,88

Fonte: Do autor.

4.6. Avaliação Econômica

Para a avaliação econômica foi utilizada a ferramenta de avalição presente no

próprio software de simulação (Aspen HYSYS® V8.0), que determinou o capital fixo

em investimento (FCI), como mostrado na Tabela 18. Além disso, o HYSYS®

também possibilitou o cálculo do valor dos gastos com utilidades no decorrer do

ano, considerando que a quantidade de horas trabalhada nesse período foi de

8.000 horas, como mostra a Figura 25.

Tabela 18- Custos calculados pelo HYSYS®.

Parâmetros Custos

FCI 27.025.000 USD

Custo com utilidades 44.650.600 USD/ano

Fonte: Do autor.

71

Figura 24- Parâmetros para avaliação econômica.

Fonte: Do autor.

Assim, sabendo o valor do FCI e das utilidades, foi possível a determinação

do valor mínimo de venda do etanol hidratado, produzido na simulação. Os passos

adotados para esse cálculo, foram:

1) Calculou-se o valor do investimento total em capital, assim como foi feito

no estudo realizado por Aden et. al., 2011, que considerou o WCI como

sendo 5% do FCI. Assim:

TCI= FCI+ 5% FCI (3.14)

TCI= 27,025 MM$+ 5% 27,025 MM$

TCI= 28,376 MM$

2) Estimou-se o preço do salário dos funcionários, também de baseando no

estudo do NREL (ADEN et. al., 2011):

1. Gerente= 35392,25 $/ano

2. Engenheiro= 16853,5 $/ano

3. Supervisor de manutenção= 23723,5 $/ano

4. Supervisor de turno= 4x 11556,75 $/ano= 46227 $/ano

5. Técnico de laboratório= 9630,5 $/ano

6. Operador= 20x 9630,5= 192610 $/ano

72

Salário total= 0,324 MM$/ano

3) Também foi estimado outros custos operacionais:

1. Manutenção= 3% FCI= 3%27,025= 0,810 MM$

2. Seguro da propriedade= 0,7%FCI=0,7%27,025= 0,189 MM$

4) Calculou-se os custos com matéria-prima e utilidades:

1. Utilidades=44,651 MM$

2. Bagaço= 17,1$/ton x 8.000 h x 100ton/h= 13,680 MM$

3. Levedura= (10,44+8,082) m³ x 890,97$/m³= 0,0165 MM$

5) Determinou-se os custos operacionais totais:

TOC= Salário + Manutenção + Seguro + Matérias-primas (3.15)

TOC= 59,67 MM$

6) Calculou-se a depreciação (DC) para vida útil dos equipamentos de 30

anos:

DC= FCI/vida útil (3.16)

DC= 27,025/30= 0,9 MM$

7) Estimou-se o retorno sobre investimento (ROI) com uma taxa de retorno

(DR) de 10% e vida útil (VU) de 30 anos:

ROI = DR(1+DR)VU

(1+DR)VU−1 x TCI (3.17)

ROI = 3,010 MM$

73

8) Determinou-se o imposto de renda (IT) e o imposto no Brasil (TR) foi

considerado como 34%:

IT=TR x (BR-TOC-DC) (3.18)

IT= 0,34BR- 20,594

9) Calculou-se o ponto sem perdas ou ganhos (Breakeven Point- BR) como

sendo igual à receita total para determinar o preço mínimo de venda do

etanol (MESP):

BR= TOC+ROI+IT (3.19)

BR= 59,67+ 3,010+0,34BR-20,594

BR= 63,77 MM$

10) Assim, sabendo que o volume de etanol produzido foi de 33,000 MML no

ano, determinou-se o valor do MESP por litro:

MESP= BR/ Volume (L) (3.20)

𝑀𝐸𝑆𝑃 = 63,77

33= 1,93$/𝐿

Assim, o valor do etanol hidratado comercializado no Brasil segundo a

Cepea (2015) é de 0,459$/L, e aproximadamente 4 vezes menor do que o valor do

etanol produzido na simulação (1,93$/L) realizada no presente trabalho. Porém,

isso não significa que o etanol de segunda geração não é uma alternativa para o

aumento da produtividade nas destilarias, isso porque foi também observado nesse

trabalho que o fator responsável pelo alto preço do etanol produzido na simulação

foi o valor das utilidades, a qual pode ser facilmente reduzida através da otimização

do processo, através de cogeração de energia por meio da lignina produzida ou por

integração de energia dentro do próprio processo produtivo. A participação dos

custos com equipamentos, utilidades, matérias-primas, manutenção, salário e

seguro estão representados na Figura 25.

74

Figura 25- Participação no custo final (%).

Fonte: Do autor.

Dessa forma, estudos como o realizado por Palacios (2011) mostraram que

a integração térmica do processo promove um aumento na produção de etanol

como consequência a redução no consumo de vapor. Além disso, foi observado

nesse mesmo trabalho que existe um grande consumo de água nas etapas de

hidrólise enzimática e pré-tratamento a explosão a vapor, mas que seria possível o

reuso de água no processo de hidrólise integrado à destilaria convencional, além

da recuperação da água do vapor na etapa de pré-tratamento.

Assim, avaliando os pontos críticos com o consumo das utilidades no

processo de etanol de segunda geração, pode-se estudar a possibilidade de

integração de energia ou reuso de certas correntes do processo, como o exemplo

citado acima, a reutilização da água do vapor do pré-tratamento, tornando possível

a redução do custo do produto final.

4.7. Acréscimo na produção do etanol quando processos 2G são

integrados a processos 1G

Considerando-se os resultados obtidos por Dias (2008) e Miranda (2011),

que propuseram o uso somente da celulose para a obtenção do etanol de segunda

EQUIPAMENTO31%

WCI1%

OP FIXOS1%

UTILIDADES51%

MP16%

PARTICIPAÇÃO NO CUSTO FINAL (%)

EQUIPAMENTO

WCI

OP FIXOS

UTILIDADES

MP

75

geração (2G) em um processo integrado a usinas de etanol 1G, pôde-se verificar

que o uso do material lignocelulósico como matéria prima aumentou em 17% e

26%, respetivamente, a produção do álcool em relação ao uso apenas do caldo.

Enquanto isso, no presente trabalho, considerando-se que, para cada

tonelada de cana é possível produzir 86L de etanol de primeira geração (1G)

(ANDRIETTA, 2015), e que 12000 toneladas dessa matéria-prima foram utilizadas

por dia para a produção de etanol. O uso do bagaço de cana-de-açúcar resulta em

aumento de 31,73% na produção de etanol (136,445L/ton. de bagaço),

considerando-se o álcool produzido logo após fermentação, e aumenta em

aproximadamente 9,59%, considerando-se o álcool produzido após o processo de

destilação (ocorreram perdas durante o processo de separação e a eficiência

dessas torres foram baixas). Deste aumento após a fermentação, 12,40% (42,645

MML) é devido à produção do etanol a partir da hemicelulose e 19,33% (66,511

MML) a partir da celulose, o que mostra o potencial da produção de etanol de

segunda geração para produzir mais etanol por uma mesma área plantada de cana-

de-açúcar.

76

5. CONCLUSÕES

No presente trabalho foi realizada a simulação através do software Aspen

HYSYS® V8.0 da produção do etanol a partir da celulose e da hemicelulose.

Fizeram parte desse processo as etapas de pré-tratamento (explosão a vapor) do

bagaço, hidrólise enzimática, fermentação alcóolica da hexose e da pentose

(realizadas separadamente) e destilação. A configuração pré-tratamento e hidrólise

em seprado possibilitou o aproveitamento da pentose em uma fermentação em

paralelo com a das hexoses, evitando o problema de inibição ou repressão

catabólica durante a fermentação. Com o pré-tratamento, fez- se a separação da

hemicelulose e da lignina, permitindo obter-se um licor de hexoses de melhor

qualidade; além da pré-hidrólise tornar a suspensão de celuloses susceptível à

ação da hidrólise enzimática.

Nesse trabalho foi possível colocar em prática muitos fundamentos da

engenharia, como, balanço de massa, operações unitárias, cálculo da vazão de

solvente na torre de absorção, além de alguns princípios de engenharia econômica

para o cálculo do preço mínimo de venda do etanol.

Assim, por meio da simulação e dos cálculos econômicos, pôde-se observar

que os valores de enzimas, matéria-prima e leveduras não são os principais

responsáveis por elevar o preço do etanol de segunda geração, mas sim o custo

com utilidades. Dessa forma, devem ser realizados trabalhos visando-se à redução

dos gastos com vapor, água industrial e energia elétrica, através do estudo na

otimização do processo e análises de cogeração ou integração de energia,

diferente do que aconteceria, por exemplo, se as leveduras fossem as principais

responsáveis pelo alto MESP, já que as mesmas necessitam de grande

investimento em pesquisa para torna-las mais produtivas, mais baratas e que

menos susceptíveis a inibição.

77

5.1. Sugestões para Trabalhos Futuros

1. Buscar alternativas de otimizar o processo estudado no presente trabalho,

por exemplo, com a integração de energia em alguns pontos da planta.

2. Estudar diferentes tipos de configurações do processo de pré-tratamento,

hidrólise e fermentação.

3. Realizar a análise termodinâmica do processo, permitindo identificar os

custos financeiros e encontrar o ponto ótimo para melhorar a produtividade

do processo.

4. Realizar a análise detalhada das torres de destilação do processo,

incluindo, a eficiência na separação dos componentes e a eficiência

energética das colunas.

5. Analisar de forma mais profunda e detalhada a viabilidade do processo

realizado no presente trabalho.

78

6. REFERENCIAS

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