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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DAS HISTÓRIAS INFANTIS NO AMBIENTE ESCOLAR LILIANE HECKERT DE MELLO Orientador: Profª. Maria Esther de Araújo Oliveira RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DAS HISTÓRIAS INFANTIS NO AMBIENTE

ESCOLAR

LILIANE HECKERT DE MELLO

Orientador: Profª. Maria Esther de Araújo Oliveira

RIO DE JANEIRO

2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DAS HISTÓRIAS INFANTIS NO AMBIENTE

ESCOLAR

Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Supervisão e Administração Escolar.

Por: Liliane Heckert de Mello

RIO DE JANEIRO

2010

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AGRADECIMENTOS

A Deus, aos meus pais, ao meu marido e aos amigos pela dedicação e incentivo dados em todos os momentos da minha vida.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais e ao meu marido que junto comigo estão dando mais um passo em busca do sucesso.

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RESUMO

Devido ao mundo moderno e globalizado, com internet e meios de comunicação variados, muitas pessoas têm deixado de apreciar um bom livro. Por isso, para se viver em uma sociedade plural, democrática e em constantes mudanças, a importância de ler, deve ser essencial à formação do cidadão. Aparece então, a necessidade de uma literatura que possa auxiliar na formação geral de uma criança. Neste cenário, aparece a Literatura Infantil, com o objetivo de incentivar a formação de hábitos, entre eles, o da leitura, numa idade em que todos os hábitos se formam, isto é, na infância. Desta forma, a Literatura Infantil é vista como o caminho que leva a criança a imaginação, a vivenciar emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. Nesse sentido, o presente estudo retrata a escola como um dos lugares possíveis de conduzir o leitor a uma prática de leitura que o torne capaz de entender e intervir no mundo em que vive. Sendo assim, iniciaremos falando sobre a história da Literatura Infantil através dos tempos. Abordaremos os conceitos e finalidades deste tipo de literatura. Enfocaremos os gêneros literários e como alguns escritores utilizam esses textos para falarem da vida real, num mundo imaginário. Apresentaremos os estágios psicológicos e cognitivos que perpassam as crianças até se tornarem leitores. E finalmente, buscaremos questionar o lugar da Literatura Infantil na sala de aula, como possibilidade de aprendizagem, esboçando um dos grandes desafios enfrentados pela escola, que é o de adaptar a sala de aula a uma prática pedagógica que atenda as necessidades das crianças.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a realização da sondagem do problema

proposto, será a leitura de livros, revistas, questionários e a pesquisa bibliográfica a

partir de alguns autores, tais como: Fanny Abramovich, Maria Lúcia Amaral, Maria

Luísa Campos Aroeira, Bárbara Vasconcelos Bahia, Sueli de Souza Cagneti,

Anne_Marie Chartier, Nelly Novaes Coelho, Leo Cunha, Maria Alice Faria, Paulo

Freire, Maria Helena Martins, Cecília Meireles, Fátima Miguez, Maria Alexandre

Oliveira, Ângela Rama, Laura Sandroni, Levy Vygotsky , Regina Zilberman, Carlos

Drummond de Andrade e Lúcia Pimentel Goes.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08 I. UM HISTÓRICO SOBRE A LITERATURA INFANTIL 12

II. CONCEITOS E FINALIDADES DA LITERATURA INFANTIL 14

III. OS GÊNEROS LITERÁRIOS, OS VALORES A SEREM REPRESENTADOS PELAS HISTÓRIAS E ALGUNS AUTORES. 18

IV. A LITERATURA INFANTIL E OS ESTÁGIOS PSICOLÓGICOS DA CRIANÇA 22

V – O LUGAR DA LITERATURA INFANTIL NA SALA DE AULA 25

CONCLUSÃO 31 ANEXOS 33 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 39 ÍNDICE 42

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INTRODUÇÃO

Como sabemos, quando a criança sonha, ela exercita sua imaginação e

assim, descobre e constrói suas idéias. E o imaginário da criança deve ser

estimulado por meio de textos infantis. Além disso, compreendemos que a literatura

infantil, exercendo um papel fundamental, que a torna imprescindível, tem como uma

de suas principais tarefas, a de complementar a atividade pedagógica exercida na

escola.

O objetivo principal desta monografia é analisar a importância da leitura das

histórias infantis na sala de aula.

Espera-se assim, que os professores despertem em seus alunos o interesse

pela literatura, em especial a infantil, de forma prazerosa.

Não há dúvida de que a Literatura Infantil favoreça o processo de

ensino/aprendizagem. Contudo, os textos literários utilizados em sala de aula, nem

sempre visam a formação do leitor crítico e autônomo.

E para contribuir com o professor, a fim de que ele ressignifique sua prática

visando a melhoria da qualidade do ensino oferecido,surge a figura do Supervisor ,

que antigamente era visto como um controlador, mas que hoje, é tido como um

parceiro do professor. Ele articulará teoria e prática, sendo o elo entre saberes e

conhecimentos.

O Supervisor surgirá propondo momentos de reflexão sobre a prática

docente, oferecendo subsídios, que facilitem a aprendizagem dos alunos. Dando-lhe

condições para que se sinta bem e adapte-se a dinâmica da escola. Além de

envolvê-lo em constantes renovações e mudanças. Por isso, é importante que seu

trabalho seja baseado numa perspectiva de participação, cooperação, integração,

flexibilidade e trabalho coletivo. Ele deve ser o mediador do processo educativo,

intervindo e problematizando, num momento de aprendizagem mútua e contínua.

Aquele que desafia seus professores a refletir e buscar cada vez mais. Aquele que

vai pensar e agir para que o grupo se desenvolva e continue a formar-se sempre.

Aquele que se coloca em diferentes ângulos para observar de diferentes formas,

uma mesma ação, podendo analisá-las, aprofundá-las, modificá-las se preciso,

através de estudos em formação continuada, do diálogo e da reflexão. Será aquele

que ouvirá a todos, sendo sensível, humilde, envolvente, sincero, valorizando a

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participação de cada um na proposta pedagógica que defende. É ele que coordena

e articula toda a escola e todas as pessoas envolvidas nesse processo. Ele

direcionará ações que visem a transformação dentro do ambiente escolar. Ele criará

e recriará atividades, métodos, técnicas que favoreçam essa transformação.

Uma dessas técnicas seria a utilização de livros infantis em sala de aula, já

que sabemos que a leitura com significação, pode mudar a si mesmo e ao mundo.

Outra opção seria a utilização das salas de leitura como espaço aberto para

se pensar a leitura como uma atividade lúdica e prazerosa. Neste espaço, quanto

mais nos aproximarmos de textos literários, mais a leitura ficará rica, inteligente e

interessante. E assim, despertando o prazer de ler, condição primordial para a

formação do indivíduo, a sala de leitura agiria como um espaço de cultura e de

magia, onde a linguagem oral assumiria seu papel, no desenvolvimento da

competência leitora e na construção de conhecimentos.

E segundo o PNLL, a sala de leitura como intervenção na prática de leitura,

além de auxiliar os professores em sala de aula, facilitando o trabalho com os eixos

norteadores a serem desenvolvidos nas aulas regulares tornando-as mais

produtivas, seria um centro de formação para a cidadania e um espaço de

integração social e cultural das comunidades de baixo poder aquisitivo, ampliando o

acesso dos cidadãos ao livro e aos múltiplos conhecimentos que ele proporciona.

Dessa forma, promoveria e incentivaria o hábito de leitura. E com o livro, os alunos

entrariam em contato com um mundo novo, desconhecido e atraente.

E o professor da sala de leitura e do ensino regular com ajuda do Supervisor,

deverá introduzir em sua prática pedagógica, leituras que contribuam com o

crescimento da criança e com a sua identificação como pessoa, propiciando a ela

autonomia, criticidade, criatividade, descobertas, vivências. Ele deverá atribuir a

Literatura, não só a Infantil, um caráter educativo e formador, vinculando a escola,

como lugar ideal para que isso ocorra.

E novamente, o Supervisor surge com a necessidade de um olhar crítico,

consciente e político, para que possa fazer a leitura de mundo e de vida, sabendo

estar atento à realidade e analisá-la, harmonizando assim, razão e emoção. Deverá

ser uma pessoa atenta aos direitos, deveres e valores humanos, a ética, que saiba

compreender os diversos lados, que saiba valorizar ações ou palavras daqueles que

fazem parte de sua equipe, que possa contribuir para o desenvolvimento do cidadão.

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Para desenvolver seu trabalho o Supervisor precisa ser um eterno

pesquisador, sendo necessário que ele antecipe a seus professores conhecimentos

que forem necessários e úteis. Ele ajudará na elaboração e aplicação dos projetos

da escola, como os que envolverem a literatura Infantil, dará orientações em

questões pedagógicas. Ajudará a refletir sobre o trabalho realizado em sala de aula.

O Supervisor hoje é tido como instrumento necessário para as mudanças nas

escolas. Capaz de fazer a diferença, sendo útil à sociedade, as pessoas, a todos em

geral. Desta forma, nas páginas seguintes, falaremos um pouco sobre o lugar da

literatura infantil na sala de aula.

No capítulo I, intitulado como Um Histórico sobre a Literatura Infantil,

falaremos sobre a história da literatura infantil desde seus primórdios, quando se

tinha a intenção de controlar o desenvolvimento intelectual, até os dias de hoje,

quando a função seria a de transformar.

No capítulo II, intitulado como Conceitos e Finalidades da Literatura Infantil,

abordaremos conceitos e fins da literatura infantil segundo alguns autores da área.

No capítulo III, intitulado como Gêneros Literários, Os valores a serem

representados pelas histórias e alguns autores, destacaremos as modalidades de

texto e como alguns escritores usam esses textos para trabalharem aspectos da

vida real, no mundo imaginário das histórias infantis.

No capítulo IV, intitulado como A Literatura Infantil e os Estágios Psicológicos

da criança, falaremos sobre as etapas que uma criança passa até se tornar uma

leitora completa, pronta. Etapas essas, que envolvem aspectos psíquicos, afetivos e

intelectuais.

E para finalizar, no capítulo V, intitulado como O lugar da Literatura Infantil na

sala de aula, objeto principal desta monografia, não terei a pretensão de dar

respostas definitivas a essa questão, mas sim, tentarei oportunizar momentos de

reflexão aos professores, para que consigam adaptar suas práticas às reais

necessidades das crianças.

Nas considerações finais, foram feitas as últimas colocações sobre o assunto

tratado durante o trabalho.

De um modo geral, este trabalho tentou mostrar como e porque os livros de

história infantil podem e devem contribuir como uma alternativa aos professores de

proporcionar aos alunos transformações, seja no aspecto cognitivo, social ou

emocional se devidamente trabalhados e explorados.

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I. UM HISTÓRICO SOBRE A LITERATURA INFANTIL

O impulso de contar histórias deve ter nascido com o homem, no momento

em que ele sentiu necessidade de se comunicar com os outros e de expressar seus

pensamentos por meio de imagens, emblemas ou símbolos.

Descobriu-se que desde o início da humanidade, a palavra impôs-se ao

homem como algo mágico, com poder misterioso, que poderia proteger, ameaçar,

construir, destruir.

Com isso, o mundo da literatura infantil surgiu com sua magia. Nele as

palavras têm o poder de nos envolver e de nos transportar para um lugar imaginário.

E nesse lugar, pode-se sentir aprender, sonhar, viver....

Neste capítulo, buscaremos discutir a história da literatura infantil através dos

tempos.

Segundo Bernard Charlot (1985), antigamente, mais precisamente no século

XVII, quando surgiu tanto a literatura infantil, como a escola, a intenção era controlar

o desenvolvimento intelectual da criança, manipulando suas idéias e seus

sentimentos, sempre sendo influenciada por condutas moralizantes, com o intuito de

moldar as crianças segundo as concepções de cada época. Tanto que as escolas

nessa época eram dominadas pela igreja católica e os conteúdos ministrados para

os integrantes da nobreza e do clero.

Esse pensamento baseava-se na concepção de infância que se tinha nos

séculos XVII e XVIII, época em que foram escritos por professores e pedagogos, os

primeiros livros para as crianças. Esses livros eram basicamente educativos. Tinham

o objetivo de passar valores e criar hábitos.

Por isso, o aspecto didático-pedagógico do livro infantil tinha como base uma

linha moralista, paternalista, centrada numa representação de poder. Era uma

literatura para estimular a obediência, que seguia à risca os preceitos religiosos que

considerava a criança um ser a ser moldado de acordo com o desejo dos que a

educavam. Nessa época as crianças conviviam igualmente com os adultos, não

havia um mundo infantil, diferente e separado, ou uma visão especial de infância.

Não se escrevia para as crianças.

Em meio a Idade Moderna, surgiu um novo conceito de família, que consistia

na idéia de família moderna, a qual valorizava o aspecto doméstico, o casamento, a

educação dos filhos. Assim, a infância se tornou o eixo básico deste modelo de

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família. E a criança passou a ser vista como um indivíduo que precisava de atenção

especial, que seria demarcada pela idade. O adulto passaria a idealizar a infância. A

criança seria o indivíduo inocente e dependente do adulto, devido a sua falta de

experiência da realidade. Para Zimerman:

... a concepção de uma faixa etária diferenciada, com interesses próprios e necessitando de uma formação específica, só acontece em meio à Idade Moderna. Esta mudança se deveu a outro acontecimento da época: a emergência de uma nova noção de família, centrada não mais em amplas relações de parentesco, mas em um único núcleo unicelular, preocupado em manter sua privacidade e estimular o afeto entre seus membros. (1985, pág.3)

Assim, a escola teve o papel de introduzir a criança na vida. Teve que

protegê-la das maldades do mundo. Porém, essa escola ainda não trabalhava com a

realidade do mundo infantil. Apenas ensinava normas, que manifestavam os ideais

burgueses. Colocava as regras ditadas por aqueles que tinham o poder. Começava

surgir aí, a pedagogia controladora. O professor colaborava no processo de

dominação, submetendo-se a vontade das classes poderosas.

Dessa forma, tanto a literatura infantil e o livro, compartilhavam uma mesma

função, reproduzir o mundo adulto. Esse adulto interferiria no mundo imaginário da

criança, incutindo ideologias e impedindo a reflexão. Era uma literatura produzida

por adultos e aproveitada para as crianças.

Os textos produzidos para a escola se revelavam nas palavras de Regina

Zilberman (1985), como um manual de instruções, tomando o lugar da emissão

adulta, mas não ocultando o sentido pedagógico.

Portanto, com a entrada dos livros na escola, em especial, dos livros infantis,

a sociedade quis produzir seres dependentes que adotassem normas impostas sem

discuti-las.

Assim sendo, somente no final do século XVIII, que a criança passa a ser

considerada um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias

e que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação

especial.

Neste período, a criança é confinada em internatos, onde predomina um

regime disciplinar severo. Surgem os estudos em Psicologia Infantil e Pedagogia,

voltado para a observação das atitudes infantis.

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No século XIX, na França surge a Literatura e a escola passa a ser a

instituição através da qual o escritor se sustenta, na medida em que fica submetido à

demanda de livros para esse tipo de público leitor. Nesse mesmo período, surge no

Brasil a literatura infanto-juvenil.

A partir do século XX a Literatura se consolida e está comprometida com a

tarefa de contribuir para formar no aluno o futuro cidadão e o indivíduo de bons

sentimentos, passando a estimular o sentimento de patriotismo e a incutir no leitor a

cultura local.

Atualmente, o caráter normativo dado à literatura infantil modificou. Hoje

falamos de uma educação formativa e não mais e apenas informativa. Hoje a

literatura infantil também é usada para propiciar uma nova visão da realidade,

diversão e lazer. A escola, o livro, a literatura infantil e as relações entre eles estão

dirigidas a formação de um indivíduo, nos aspectos emocionais, sociais e cognitivos.

Hoje a escola tem a função de transformar a sociedade, revendo valores, padrões,

ideais pregados por uma educação que antes era normativa.

E a literatura infantil, que é escrita para qualquer pessoa, para agradar e

estimular a criança permite através da reflexão e análise, que em conjunto com a

escola, pode conseguir desequilibrar e formar novas estruturas que levem o sujeito a

pensar com criticidade e elaborar opiniões próprias.

A partir da década de 70, a literatura infantil passa por uma revalorização e

passa a se sustentar em novos dogmas de educação: a valorização da criatividade,

da independência e da emoção infantil. O chamado pensamento crítico, segundo

Silveira (1997): “... e com ênfase à criança ativa, participante, não-conformista”.

Porém, mesmo que se preocupe em formar cidadãos capazes de terem

pensamento crítico, a escola continua inserida num contexto capitalista, que maneja

a ideologia de acordo com os interesses dos que detêm o poder político e

econômico.

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II. CONCEITOS E FINALIDADES DA LITERATURA INFANTIL

Estudiosos de Literatura Infantil, ao se depararem com inúmeras e variadas

produções destinadas à criança, confrontam duas idéias fundamentais: Será que

existe mesmo literatura infantil? Em caso afirmativo como deve ser conceituada?

Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, em sua obra Confissões de

Minas, deu seu parecer a respeito, quando escreveu:

... O gênero Literatura Infantil tem a meu ver existência duvidosa. Haverá música infantil? Pintura infantil? A partir de que ponto uma obra literária deixa de ser alimento para a alma de uma criança ou um jovem e se dirige ao espírito do adulto? Qual o bom livro para crianças que não seja lido com interesse pelo homem feito?...(1979; p.132).

Sendo assim, o autor acredita que os livros de Literatura Infantil podem

causar satisfação tanto à criança, como ao adulto. Por isso, a princípio, é um ramo

da literatura, dedicada especialmente às crianças de 2 a 10 anos. Nisto incluem

histórias fictícias, biografias, novelas, poemas, obras folclóricas, obras que

expliquem fatos da vida real...

Para Goes (1190, p. 112), Literatura é “mensagem de arte, beleza ou

emoção.” Assim, na verdade, a literatura infantil acaba sendo aquela que

corresponde de alguma forma aos anseios do leitor e que se identifique com ele e

que surge como resultado de uma vasta cultura, que abrange desde as

manifestações populares até os meios de comunicação recentes, com os quais

estabelece um diálogo cada vez mais intenso.

Por isso, é possível afirmar sem exageros, que a Literatura Infantil encontra

na Literatura Geral, aquela que é destinada a adultos letrados, sua principal fonte de

inspiração, como diz Meirelles (1979, p. 66-69), “..em todas as latitudes,e desde

sempre, é a literatura Tradicional a primeira a instalar-se na memória da criança.Ela

representa o seu primeiro livro,antes mesmo da alfabetização,e o único ,nos grupos

sociais carecidos de letras.”

Pode-se dizer então, que a Literatura Infantil resulta na interação de dois

aspectos: a esfera realista e a esfera fantasiada.

Naturalmente o conteúdo dessas obras depende da idade do leitor. Dessa

forma, cada autor define seus conceitos e finalidades para a literatura infantil.

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Neste capítulo, falaremos um pouco sobre alguns desses.

Segundo o site de literatura, são vários os conceitos que se tem de Literatura

Infantil, como os referidos por:

Cunha (1998) de que Literatura Infantil são os livros que têm a capacidade de

provocar emoção, o prazer, o entretenimento, a fantasia, a identificação e o

interesse da criançada.

Assim, o autor acredita que por trás de um simples ato de leitura, o leitor se

encontra e ativa sua imaginação e criatividade. Não importando o seu perfil de leitor.

O que importa realmente é que no momento que se está na companhia de um livro o

leitor se sinta um ser com independência de opiniões e que por isso não possa

perder sua liberdade de expressão.

Segundo Carvalho (1959) a Literatura Infantil é todo o acervo literário eleito

pela criança. Dessa forma, o autor acredita que ao oferecer obras literárias para

seus alunos, o professor deve observar não só os temas e conteúdos, mas

principalmente, o interesse que esses livros possam vir a provocar nas crianças.

Afinal, não basta apenas uma capa colorida com desenhos para que a vontade de

ler aconteça, seria necessário bem mais que isso. As obras precisariam de um teor

criativo e instigante.

E Cagneti (1996, p.23), diz que “... A Literatura Infantil é fonte inesgotável de

assuntos para melhor compreender a si mesmo e ao mundo”.

Sendo assim, para a autora, através da leitura de textos infantis, poderíamos

vivenciar experiências em diversos momentos, podendo até “participar” das histórias

como personagens. Já que elas nos fazem refletir sobre o mundo ficcional e o

mundo real, nos levando a estabelecer relações entre eles, formando nossas

opiniões, conceitos e idéias.

Também segundo o site de literatura, são várias as finalidades da Literatura

Infantil, como as ditas por Coelho de que:

... a Literatura, e em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação: a de servir como agente de formação , seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto estimulado pela escola. (1980; p. 63)

Portanto, para a autora, trabalhar com literatura infantil na escola é possibilitar

a reflexão, desenvolvendo no aluno a capacidade de pensar e crescer, formando

sujeitos que questionem e transformem a sociedade em que vivem.

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Machado diz que:

... escrevo porque gosto. Com meus textos, quero botar para fora algo que não consigo deixar dentro. E escrevo para criança porque tenho uma certa afinidade de linguagem. Mas não tenho a intenção didática, não quero transmitir nenhuma mensagem, não sou telegrafista. Acredito que a função da obra literária é criar um momento de beleza através da palavra... Em momento algum acho que a linguagem deve ser simplificada. Em meus livros não há condescendência, tatibitate nem barateamento da linguagem. (2001, p. 31)

ROCHA, diz:

... escrevo para dizer o que penso. Quero reclamar de governos autoritários. Quero mostrar a existência de desigualdade entre o homem e a mulher. Não fujo muito de temas que, supostamente não pertencem ao universo infantil. Acho que todo mundo é capaz de aprender.

Logo, pode-se concluir que para as duas autoras, observando-se alguns

cuidados de linguagem e decência, a distinção entre livro infantil ou juvenil, se

desfaz. Para elas, a criança não é um ser a parte, separado, diminuído. E a literatura

deve se fazer presente em todos os livros como pretensão de alargar e não de

estreitar o mundo da criança.

Segundo Abramovich (1997, p.16 -144), “...é importante para a formação de

qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... escutá-las é o início da

aprendizagem para ser leitor .E ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de

descoberta e de compreensão do mundo...” E que a partir da leitura “... ela pode

pensar, duvidar, se perguntar, questionar.”

Evidencia-se assim nas palavras de Abramovich, que a literatura infantil se

bem trabalhada, auxilia, não só na formação do caráter, mas também na formação

geral da criança enquanto pessoa. A criança que lê, desenvolve vários aspectos,

sejam eles cognitivos, sociais ou físicos. E o mais importante: lendo a criança

poderá fazer uma nova leitura de mundo.

Aroeira (1996; p. 141) fala que: “... por meio da história a criança observa

diferentes pontos de vista, vários discursos e registros da língua. Amplia sua

percepção de tempo e espaço e o seu vocabulário. Ela desenvolve a reflexão e o

espírito critico.”

Assim, a autora acredita que através do uso de obras literárias, seria possível

formar alunos leitores, auxiliando-os no desenvolvimento de habilidades da fala e

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escrita, na formação de opiniões, na formação de identidade, na compreensão do

mundo que os cerca e na expressão de seus horizontes de expectativas.

Já segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,

(...) Ler não é decifrar palavras. A leitura é um processo em que o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, apoiando-se em diferentes estratégias, como seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor e de tudo o que sabe sobre a linguagem escrita e o gênero em questão.” (1998, pág.144).

E para o Dicionário de Literatura, “... não se pensa propriamente em criar

para a infância: tudo se faz ainda em ordem a um ideal de homem que se

pretende realizar desde os primeiros anos”.

Podemos assim, começar a compreender a importância da Literatura Infantil

no desenvolvimento cognitivo das crianças. Ser leitor é o meio para conhecer os

diferentes tipos de textos e de vocabulários. É uma forma de ampliar o universo

lingüístico. E ler histórias é oportunizar sorrisos, gargalhadas, com situações vividas,

com idéias, com jeitos de escrever. É ser um pouco cúmplice deste momento. É

suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida, é encontrar outras idéias para

solucionar questões que incomodam o ser humano.

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III. OS GÊNEROS LITERÁRIOS, OS VALORES A SEREM

REPRESENTADOS PELAS HISTÓRIAS E ALGUNS AUTORES.

Neste capítulo, falaremos um pouco sobre os gêneros literários, sobre os

valores que são representados por eles e também sobre alguns autores que utilizam

esses gêneros para trabalharem aspectos da vida real.

Segundo a Wikipédia, na Grécia Antiga, Aristóteles e Platão quando iniciaram

seus estudos para o questionamento daquilo que representaria o literário e de como

essa representação seria produzida, dividiram a literatura em gêneros:

1) Lírico: seriam as poesias, os hinos, as trovas, as parlendas, os acalantos,

acrósticos, os sonetos.

2) Narrativo: seriam as ficções, os romances, as novelas, as fábulas, os

mitos, as crônicas, as lendas, os épicos.

3) Dramático: seriam os teatros com farsas, tragédias, comédias, sátiras,

elegias, epitalâmias.

E esses gêneros têm sido muito usados e respeitados até hoje pelos

escritores, entre eles, os de literatura infantil, que inventam mil histórias com

castelos, princesas, ogros, dragões, heróis, charadas, mortes, anjos, gigantes,

anões, espelhos mágicos...

E a Literatura Infantil, sem possuir uma identidade própria, apenas seguindo

os rastros das modalidades genéricas tradicionais,confundindo-se com elas e quase

nelas se inspirando, adquiri autonomia e maturidade.

E, portanto, em gêneros como fábulas, mitos, lendas, contos de fadas e

outros que a Literatura Infantil irá se espelhar, assimilando as principais

características que tais modalidades discursivas podem lhe oferecer.

E dois desses gêneros são mais comuns nesse universo infantil, o teatro e a

poesia. No teatro, textualidade e visualidade caminham juntas, além de auxiliar na

desinibição da criança, contribui com o desenvolvimento de sua expressividade oral,

de sua expressividade corporal, no aperfeiçoamento do senso rítmico, no

aprimoramento do espírito de cooperação, no desenvolvimento da memória. Já na

poesia, há o apego a sonoridade e ao ritmo, a narrativa simples, a linguagem

repetitiva. De todos os gêneros deve ser o menos comprometido com aspectos

morais e instrutivos. Prima pela valorização da descoberta e da experimentação. É a

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criatividade aliada a mais pura emoção infantil, como diz Amaral (1971, p.54-59):

“...o teatro para crianças tem que ser real e humano embora entremeado de fantasia

porque toda a criança é como o homem primitivo, um imaginário puro... A tendência

de teatralizar é inata na criança. Quando ela brinca,está dramatizando, faz teatro.”

E cada um desses gêneros traz diferentes valores a serem considerados.

Valores esse que devem ser confrontados para que se possa perceber a coerência

de determinados aspectos com a realidade. E os diferentes gêneros podem ajudar

nesse trabalho. Todos eles provêm da idéia de que a realidade precisa ser analisada

e questionada bem como discutida e vivenciada.

Hoje em dia, a Literatura Infantil se tornou bem mais variada, abrangendo

praticamente todas as áreas de conhecimento, relacionando-se com saberes

diversos, manifestando-se de inúmeras maneiras.

Atualmente a Literatura Infantil é usada para propiciar uma nova visão de

realidade, diversão e lazer. A cada história, podemos traçar novos caminhos, novas

articulações e novos significantes de acordo com as necessidades, como afirmava

Meireles:

“...nem todos terão aberto livros,na sua infância.Mas quem não terá ouvido uma lenda,uma fábula,um provérbio,uma adivinhação? Quem não terá brincado com uma canção que um dia lhe aparecerá noutro idioma?Quem não terá pensado e agido em função de exemplos que são os mesmos de outros povos,de outras eras,provenientes de um esforço análogo ao homem para adaptar-se à sua condição na terra?” (1979, p. 54)

Para investir na relação entre a interpretação do texto literário e a realidade,

não há melhor sugestão do que obras infantis que abordem questões do nosso

tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano. Infantilizar as crianças não

cria cidadãos capazes de interferir na organização de uma sociedade mais

consciente e democrática.

Assim, quando nas histórias infantis se fala em espírito solidário, em

autoridade, em responsabilidade, na redescoberta do passado, na evolução

contínua da vida em obediência, em ascensão na escala social, em medos, em

perdas, em verdades, em rivalidades, em ciúme, em mistério... Entre outras coisas,

visa-se proporcionar às crianças situações que talvez elas nunca tenham vivido ou

se já viveram, que tenham uma outra visão sobre o assunto em questão. Segundo

Abramovich:

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“Quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, como medos, sentimentos de inveja e de carinho, de dor, de perda, além de ensinarem infinitos assuntos.” (1997, p.17)

Temos apenas que saber que há um determinado momento para que sejam

introduzidas no desenvolvimento da criança, variando de acordo com o grau de

complexidade de cada história. Afinal, o pensamento está se tornando estável e

lógico.

Para Coelho:

“...ao ser ligada, de maneira radical, a problemas sociais, étnicos, econômicos e políticos de tal gravidade, a literatura infantil e juvenil perde suas características de literariedade para ser tratada como simples meio de transmitir valores. Ou é lida exclusivamente em função de seus estereótipos sociais. Daí a urgência que vemos na conscientização e organização de uma crítica literária para a literatura infantil brasileira.” (2000; p. 58)

Neste sentido, quanto mais cedo a criança tiver contato com livros e perceber

o prazer que a leitura produz, maior será a probabilidade dela tornar-se um adulto

leitor.

Como já foi dito, os primeiros livros direcionados ao público infantil, surgiram

no século XVIII.

E autores que melhor representaram essas narrativas tradicionais, foram

ocupando espaços e sendo imortalizados por suas grandiosas obras, um dos

iniciantes foi Esopo, que escreveu fábulas ainda no século V a.C. Da mesma forma

La Fontaine, que em 1668, já no século XVII, lançou as primeiras fábulas: Leão e o

rato, A lebre e a tartaruga, A galinha dos ovos de ouro.

Também Charles Perraut, em 1696, lançou A Bela Adormecida e em 1897,

Chapeuzinho Vermelho, O Gato de Botas, O Barba Azul, Cinderela e O Pequeno

Polegar. Igualmente Hans Christian Andersen,em 1843, lançou O Soldadinho de

Chumbo e o Patinho Feio.

Já os Irmãos Grimm, em 1888, lançam Alice no País das Maravilhas, Peter

Pan, O Mágico de Oz e Pinóquio.

Monteiro Lobato, por sua vez, lança suas primeiras histórias, sendo o pioneiro

no Brasil deste gênero literário. Entre suas primeiras obras, estão: O Saci, em 1921;

Peter Pan, em 1930; Reinações de Narizinho, em 1931; Caçadas de Pedrinho, em

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1933; Emília no país da gramática em 1934. Ruth Rocha, a partir de 1969, escreve

Romeu e Julieta; O dono da bola; Catapimba e sua turma; Meu amigo ventinho;

Marcelo, Marmelo, Martelo e O Rei Mandão. No mesmo ano, Ziraldo lança sua

primeira revista em quadrinhos, denominada A Turma do Pererê. Posteriormente,

lança Flicts, seu primeiro livro infantil e em 1979, lança seu maior sucesso, O menino

Maluquinho. E Pedro Bandeira, em 1983 inicia-se como escritor de literatura infantil,

escrevendo O dinossauro que fazia au-au, A onça e o Saci e O Fantástico Mistério

de Feiurinha.

Assim, de modo muito especial, a Literatura Infantil, em quaisquer um de seus

gêneros, oferece condições para que se trabalhe, paralelamente, nesse leitor em

formação que é a criança, os mais diversos papéis físicos, psíquicos, sociais,

lingüísticos, emocionais e pedagógicos, tornando-se nesse sentido, instrumento

indispensável ao processo de desenvolvimento da criança, já que através dela se

constrói o pensamento crítico, o aprofundamento de conceitos abstratos, a formação

de identidade a aquisição de linguagem, o desenvolvimento do espírito crítico,

estimula a atenção visual, facilita a comunicação entre as crianças, auxilia no

desenvolvimento da imaginação e da criatividade, proporciona vivenciar situações

diversas...

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IV. A LITERATURA INFANTIL E OS ESTÁGIOS PSICOLÓGICOS DA

CRIANÇA

Durante seu desenvolvimento a criança passa por estágios psicológicos que

devem e precisam ser observados e respeitados no momento da escolha de livros

para ela. Além desses aspectos, deve se levar em consideração também, as fases

de desenvolvimento intelectual da criança, procurando aliar enredo, personagem,

tema, linguagem à capacidade de apreensão da história pela criança.

Neste capítulo, falaremos sobre os estágios que as crianças perpassam até

se tornarem, o que alguns autores chamam, de leitor crítico.

Esses estágios não dependem exclusivamente de sua idade, mas de acordo

com Coelho (2002), do seu nível de amadurecimento psíquico, afetivo e intelectual e

do seu nível de conhecimento e domínio do mecanismo da leitura. Por isso, seria

necessário a adequação dos livros às diversas etapas pelas quais a criança

normalmente passa.

Nesse sentido, existem cinco categorias que norteiam as fases do

desenvolvimento psicológico e intelectual da criança: O pré-leitor, o leitor iniciante, o

leitor em processo, o leitor fluente e o leitor crítico.

O pré-leitor: Abrange a primeira infância (dos 15 meses aos 2 anos de idade).

Nesta fase a criança começa a reconhecer o mundo ao seu redor através do tato.

Por isso a necessidade de tocar tudo que estiver ao seu alcance. Nessa fase ela

começa a nomear tudo ao seu redor. E também abrange a segunda infância, que vai

dos 2 aos 3 anos. É o início da fase egocêntrica. Começa a predominar os valores

vitais, os sensoriais, os prazeres, as carências físicas ou afetivas. Está mais

adaptada ao meio físico e aumenta sua capacidade e interesse pela comunicação

verbal. Nesta fase, os livros adequados, têm poucas palavras e muitas imagens,

fotos e cores. Segundo ABRAMOVICH (1997), devem apresentar um contexto

familiar, com predomínio absoluto de imagens.

O leitor iniciante: A partir dos 6/7 anos. Nessa fase a criança começa a

apropriar-se da decodificação dos símbolos gráficos, mas como ainda encontra-se

no início do processo, o papel do adulto como agente estimulador é fundamental. Os

livros adequados a essa faixa etária devem ter uma linguagem simples. Há um

grupo maior de palavras organizadas em um texto. As imagens devem predominar

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sobre o texto. Segundo Coelho (2000; p. 35), “eles devem estimular a imaginação, a

inteligência, a afetividade, as emoções, o pensar, o querer, o sentir”.

O leitor em processo: a partir dos 8/9 anos a criança nesta fase já domina o

mecanismo da leitura. Seu pensamento está mais desenvolvido, permitindo-lhe

realizar operações mentais. Adora desafios que lhes são propostos. Demonstra

grande atração por textos em que haja humor e situações inesperadas ou satíricas.

O realismo e o imaginário também agradam a esse leitor. Os livros adequados a

essa idade devem apresentar imagens, textos escritos em frases simples e

objetivas. De acordo com Coelho (2000, p. 35), “devem conter início, meio e fim. O

tema deve girar em torno de um conflito que deixará o texto mais emocionante e

culminar com a solução do problema”.

O leitor fluente: a partir dos 10/11 anos. Sua capacidade de concentração

cresce e é capaz de compreender o mundo expresso no livro. Segundo Coelho

(2000, p. 35), “... é a partir dessa fase que a criança desenvolve o pensamento

hipotético dedutivo e a capacidade de abstração”.

Esse estágio promove mudanças significativas no indivíduo. Há um

sentimento de poder, de ver-se como inteligente, reflexivo, capaz de resolver todos

os problemas sozinho. Esse leitor é atraído por histórias que apresentem valores

políticos, éticos, que falem de heróis que lutem por um ideal, por lendas, artigos

policiais, romances e aventuras, as novelas, os contos, as crônicas. Passam a

possuir cada vez menos cores e imagens, apresentando textos cada vez maiores e

fatos mais complicados e explicativos.

O leitor crítico: a partir dos 12/13 anos. Nesta fase há um total domínio da

leitura e da escrita. Sua capacidade de reflexão aumenta, permitindo-lhe a

intertextualização. Desenvolve o pensamento reflexivo e a consciência crítica em

relação ao mundo. Sentimentos como saber, fazer e poder o circundam. O convívio

do leitor crítico com o texto literário, segundo Coelho (2000, p. 40), “deve extrapolar

a mera fruição de prazer ou emoção e deve provocá-lo para penetrar no mecanismo

da leitura”.

De acordo com Sandroni e Machado (1991, p. 16): “o amor pelos livros não é

coisa que apareça de repente. É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles

podem oferecer”.

Além de se respeitar esses estágios, o importante mesmo, seria não só o

conteúdo, mas também a maneira como as histórias serão apresentadas, pois, por

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mais simples que sejam, acabam exigindo concentração, atenção com a tonalidade

da voz, preocupação com a expressão corporal, perfeito conhecimento da história,

conhecimento do espaço a ser utilizado, além de uma predisposição pessoal, pois

contar história é uma arte, requer habilidades inatas.

Como já sabemos, assim como na inteligência e no pensamento, o

desenvolvimento da linguagem infantil também passa por períodos até que seja

aprendida inteiramente. Desde pequenos já existe uma forma de comunicação entre

as crianças, que vai evoluindo conforme seu entendimento. Para se comunicar ela

utiliza tanto a linguagem corporal como a falada. E essa linguagem, se divide em

dois estágios: Pré-linguístico e Lingüístico.

No período pré-linguístico ocorrem manifestações vocais primitivas,

fortemente influenciadas pela afetividade. Nessa fase, os sons produzidos não são

associados a nenhum significado lingüístico, já que a criança usa sons como choros,

gritos, arrulhos e balbucios para se comunicar. Além da ecolalia, quando imita sons

que ouve.

Já no Lingüístico, que se inicia geralmente no fim do 2º ano de vida, a criança

pronuncia a mesma combinação de sons para fazer referências diversas. Podemos

afirmar assim, que ela já fala por meio de palavras. Ela costuma dizer uma única

palavra, atribuindo-lhe o sentido de frase e também começa a ampliar seu

vocabulário.

Dessa forma, seja por meio da experiência, por meio de interações com o

mundo social ou por aptidão, o uso da linguagem é de fundamental importância para

que a criança se desenvolva, para que se torne um verdadeiro leitor.

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V. O LUGAR DA LITERATURA INFANTIL NA SALA DE AULA

Mais do que um capítulo de conclusão, deseja-se neste último capítulo

monográfico, abrir um espaço de contribuição para a prática de professores, tendo

em vista os vários aspectos levantados ao longo de todo estudo. A proposta

objetivará favorecer as práticas de sala de aula que utilizam as histórias infantis.

Não tenho a pretensão de dar uma resposta definitiva sobre como os livros de

história devem ser usados pelo professor na sala de aula, mas sim, a oportunidade

de refletir que deve ser dado por ele o primeiro passo. Um dos desafios a se

enfrentar hoje na educação é o de conseguir adaptar uma prática pedagógica

voltada para atender às necessidades das crianças.

Segundo Miguez (2003, p. 15), “... o professor é o intérprete dessa fala

reveladora da literatura ao desvelar os múltiplos caminhos da leitura. Dessa forma, a

literatura assume o seu verdadeiro lugar na leitura da escola”.

Neste capítulo, falaremos sobre a literatura, em especial da infantil, no

ambiente escolar e mais precisamente, na sala de aula.

Como já sabemos, numa sociedade letrada como o Brasil, a leitura torna-se

um bem necessário. Ler e escrever são mecanismos de comunicação tão essenciais

à vida quanto falar e escutar. No entanto, falar e ouvir são características biológicas

do ser humano, diferentes da leitura e da escrita, que são construídas ao longo do

processo de desenvolvimento da criança. Porém, nessa mesma sociedade onde

encontramos altos índices de analfabetismo, onde a leitura como prazer é privilégio

de poucos que têm acesso à educação formal, e consequentemente, ao material

escrito, o acesso a leitura que deveria ser direito de todos, como processo contínuo

de aprendizagens, como formador de seres pensantes e como lazer, ainda não

ocorre. Corroborando com o que afirma Zilberman (2003, p. 16): “... a escola e a

literatura infantil podem provar sua utilidade quando se tornarem o espaço para a

criança refletir sobre sua condição pessoal”.

Assim, aprendemos o ato de ler, desde os nossos primeiros contatos com o

mundo, fazendo a leitura de tudo que nos cerca como diz Freire (2003, p. 11): “... a

leitura do mundo precede a leitura da palavra...” e “Primeiro, a leitura do mundo, do

pequeno mundo que me movia; depois, a leitura da palavra.”

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Desta forma, nosso primeiro contato com os livros ocorre em casa, ou pelo

menos deveria ocorrer, já que revistas, jornais, bulas, receitas, panfletos que são

alguns dos materiais que incitam o exercício diário da leitura estariam presentes.

Entretanto é na escola que essa prática se faz mais presente, pois desde o início ele

entra em contato direto com livros, textos.... Uma coisa é certa: pessoas que lêem

com prazer, certamente tiveram pais que leram para elas durante a infância.

Segundo Oliveira (1988, p. 14): “... é na relação lúdica e prazerosa da criança

com a obra literária que se forma o leitor; é na exploração simbólica da fantasia e da

imaginação que desabrocha o ato criador e se intensifica a comunicação entre texto

e leitor”.

Desta maneira, é através da leitura que a criança conhecerá novas realidades

e culturas, somando esse conhecimento aos já adquiridos pela leitura de mundo, ela

se capacitará. A criança aprenderá se desenvolvendo e se desenvolverá

aprendendo.

Segundo Vygotsky (1987, p. 11) “... é o contato ativo do indivíduo com o meio,

intermediado sempre pelos que o cercam que faz com que o conhecimento se

construa”.

E numa cultura ágrafa, essas preocupações com a leitura e a escrita, não

teriam tanto sentido, mas nossas crianças, especialmente as oriundas de classes

mais baixas, estão inseridas em uma sociedade letrada, que além das

desigualdades e injustiças que as submete, discrimina quem não é alfabetizado,

considerando-o inferior. Portanto, apropriar-se da linguagem escrita pode oferecer a

essas crianças maiores possibilidades de inserção social e conquista de autonomia.

Assim, os atos de ler e escrever se fazem essenciais em uma sociedade na qual a

escrita é necessária e que nos faz significar mais.

E será na infância, fase que se caracteriza por ser o momento fundamental e

primordial da aquisição da formação de conceitos, que a literatura infantil se fará

como um instrumento importante. É neste momento, que a criança entra em maior

contato com o material escrito construindo, então, conhecimentos sobre a linguagem

escrita.

Já em outro momento e não menos importante, surge a escola. Onde o

professor terá um papel fundamental, o de ensinar a criança a ler e a gostar de ler. É

na escola que a criança talvez esteja mais aberta a vivenciar experiências positivas

e negativas a partir dos livros que lê.

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Para Martins:

“...leitura significa a conquista da autonomia, permitindo a ampliação dos horizontes e aprender a ler significa também aprender a ler o mundo, dar sentido a ele e a nós próprios, o que, bem ou mal, fazemos mesmo sem ser ensinados e esse jogo com o universo escondido num livro vai estimulando na criança a descoberta e aprimoramento da linguagem, desenvolvendo sua capacidade de comunicação com o mundo.”

E sabendo-se que professores que oferecem pequenas doses diárias de

leitura agradável, desenvolverão em seus alunos o hábito que provavelmente os

acompanharão por toda a vida, basta que ele acredite que além de informar, instruir

e ensinar, o livro pode dar prazer, que ele fará com que seus alunos leiam.

E como destaca Zilberman (2003, pág.16): “... a sala de aula tem todas as

condições para se tornar um espaço privilegiado para o desenvolvimento do gosto

pela leitura, assim como um importante setor para intercâmbio da cultura literária”.

E aí nos perguntamos: Será que a literatura infantil vem sendo trabalhada

dentro de um processo lúdico e prazeroso no ambiente escolar?

Diante dessas considerações senti a necessidade de realizar um trabalho a

fim de encontrar subsídios teóricos para entender o que verdadeiramente ocorre

com as práticas escolares que têm como objetivo formar o leitor, mas que na

verdade estão formando apenas ledores, isto é, decifradores de códigos. E nesse

contexto surge o professor, como incentivador dessa prática.

Uma história deve entreter e despertar a curiosidade da criança. Deve

estimular a imaginação, ajudando-a em seu desenvolvimento intelectual e afetivo,

auxiliando-a a reconhecer, mesmo de forma inconsciente, alguns de seus problemas

e oferecendo-lhe perspectivas de soluções para as suas vidas, mesmo que

provisórias. E uma luta contra as dificuldades graves na vida é inevitável. Falar

sobre dilemas existenciais de forma simples, possibilita a criança a experimentar o

problema de forma mais concreta. De acordo com Vygotsky (1999) a imaginação é

um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.

A leitura de histórias tem maior eficácia conforme sua recorrência aumenta. A

proposta é que ela se incorpore à rotina diária na escola. A literatura infantil quando

desenvolvida com a função do lúdico, interage na formação do indivíduo por si

própria, realizando o processo de transformação no interior do indivíduo, assim

como age na função de equilibrar os conceitos que ele vai adquirindo pela sua

leitura do ambiente em que vive.

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A relação de afetividade que a criança estabelece com o livro é um dos

principais fatores que determinam o seu envolvimento com a leitura e a escrita,

mesmo antes de iniciar esse processo.

Cabe, então, ao professor, iniciar a criança no mundo das letras, propiciando

um ambiente acolhedor e atraente e que permita o acesso a literatura diversificada.

Os textos e imagens apresentados às crianças revelam uma visão de mundo. Por

isso, o professor sendo o mediador da leitura na escola deve estar atento aos

critérios que orientam a escolha de livros.

Além disso, a literatura fomenta no leitor a curiosidade e o interesse pela

descoberta e permite que ele vivencie situações pelas quais jamais passou,

alargando seus horizontes. Ao romper com as barreiras da realidade a literatura

possibilita ainda o acúmulo de experiências vividas imaginariamente, o que torna o

leitor mais criativo.

As crianças necessitam ler bons textos para compreenderem a literatura

como meio de pensar a realidade e não apenas de vivê-la como algo imutável, com

regras a serem obedecidas. E, além disso, de enxergar esses textos como elemento

que não traz o ensino da língua como único fim.

Cabe ao professor deixar seus alunos sedentos de descobertas. A escola tem

essa responsabilidade, de fazer os alunos se apaixonarem não só pela literatura,

como pela leitura.

Porém, leitores efetivos são o que talvez, a escola não esteja formando. A

leitura da escola tornou-se diferente da leitura realizada sem o compromisso escolar.

Assim, os livros de histórias não deveriam servir como instrumento de avaliação.

Avaliar o rendimento da leitura desta maneira, seria inútil, não encontraríamos o

prazer no ato de ler, mas sim, a obrigação. Com isso, a prática prazerosa da leitura

deu lugar ao hábito de leitura, isto é, quando o aluno habituou-se a leituras exigidas

ele descartou as descompromissadas. Ler deveria ser um prazer e não se deve

obrigar ao prazer.

Ao limitarmos a leitura a questionários, provas, como diz Faria (2008, p. 116):

“...não chegaremos à riqueza que se abre nas mais diversas maneiras que cada

leitor experimenta ao ler o texto – verbal e a imagem.”

Os livros de literatura infantil destinam-se as crianças que estão inseridas na

escola. Desse modo, estes livros são produzidos para o consumo nas escolas ou

através delas. Se trazidos para a escola, a leitura se escolariza. Escolarizada, acaba

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sendo considerada como meio de ascensão social. Nas sociedades letradas, o

conhecimento depende do livro e das habilidades do leitor, que vão além de

decodificar letras e palavras e têm por objetivo formar o leitor adulto capaz de intervir

e compreender sua realidade social.

Como diz Chartier (1999, p.64): “... o romance instrutivo é como uma boneca

russa. Abrimo-la para ler uma bela história, cativante e encontramos dentro saberes

científicos, integrados ao longo, da narrativa”.

Segundo Miguez:

“...há uma outra chama a ser acesa, também, no exemplo sagrado da sala de aula:é o prazer de ler e de despertar o gosto pela leitura.Todo professor tem que ser um leitor entusiasmado para poder transmitir aos alunos a paixão de ler.Sem dúvida,o texto literário,quando bem utilizado na sala de aula,é o maior responsável pela concretização dessa meta.” (2003, p. 15)

E que “... Cabe ao professor, portanto, adotar o critério de qualidade literária

na hora da escolha do livro e promover um envolvimento criativo do aluno-leitor com

a obra selecionada.”

Como sabemos, ler e contar histórias são duas coisas bem distintas. Porém,

para ler ou contar uma história aos seus alunos, o professor tem que ser capaz de

seduzi-los, de convencê-los a ouvi-lo. Assim, serão capazes de ler as entrelinhas de

qualquer texto e de receber qualquer informação, buscando questioná-las e criticá-

las. Portanto, professor leitor formará aluno leitor. Sem a oferta de leituras variadas,

sem contato com bons livros e sem oportunidades para praticar a escrita, não há

como fornecer uma educação e qualidade.

Concordando com a afirmação de Faria,

“...é necessário,pois,que o mediador da leitura – o professor , o animador – conheça razoavelmente bem tais instâncias do discurso literário.Assim, ele pode perceber as sutilezas e as muitas maneiras de ler um livro, atendendo sempre às expectativas e competências de pequenos leitores.Com isso, sem dúvida, tornará a atividade de leitura em sala de aula muito mais rica e prazerosa.” (2008, pág.13)

Segundo Rama (2009, p. 66): “... o ideal seria o professor adaptar as

atividades à sua realidade de sala ou, melhor ainda, aprimorá-las, reinventá-las,

inová-las.”

Concluindo, sabemos que a literatura infantil tem um ponto positivo ainda não

mencionado, permitem interrelacionar diferentes disciplinas. A obra literária trabalha

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com a vida e por isso, propicia um desenvolvimento interdisciplinar, já que não está

limitada apenas ao ensino da língua.

Por conta disso tudo, a escola, assim como o professor, deve oferecer

possibilidades para o aluno conviver com o material escrito. Isso significa criar

espaços onde as crianças possam construir conhecimentos através da prática da

leitura prazerosa e, consequentemente, construtiva. Além disso, ler jornais, livros,

revistas deve fazer parte da própria prática da sala de aula.

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CONCLUSÃO

Ao tentar esboçar algumas conclusões resultantes desse estudo, posso

afirmar que a Literatura Infantil bem utilizada é um instrumento riquíssimo para

desenvolver o gosto pela leitura, para fazer com que a criança se torne um adulto

leitor e também para formar um cidadão crítico, consciente de seus direitos e

deveres.

Além disso, é por meio da Literatura Infantil que podemos enriquecer as

experiências infantis, desenvolvendo diferentes formas de linguagem, ampliando o

vocabulário, proporcionando o imaginário e estimulando o desenvolvimento de

funções cognitivas importantes para o pensamento.

Assim, tive a oportunidade de confirmar a função educativa das histórias

infantis, além de verificar que a Literatura Infantil abre espaço para a alegria e o

prazer, despertando na criança o gosto pela leitura, levando-a a compreender,

interpretar a si mesma e a realidade a sua volta.

Percebi que apesar dos encantos que a Literatura Infantil apresenta, ainda há

um certo desinteresse por parte das crianças pela leitura.Gostar ou não gostar da

Literatura , em especial da Infantil, não é um dom que nasce com a criança , isso

depende muitos dos pais e dos educadores , eles que têm o papel de incentivar as

crianças, levando-as a entender o quanto a leitura é importante, lembrando que a

motivação está intimamente relacionada às relações afetivas que os alunos possam

ir estabelecendo com a língua escrita.

Desta forma vejo que se faz necessário, que a escola enquanto um ambiente

de aprendizagem proporcione aos alunos condições de aprofundarem a relação

afetiva e intelectual com as obras literárias. Além disso, também deve incentivar o

gosto pela leitura, oferecendo condições e ambientes, como as salas de leitura,

onde as crianças poderão encontrar respostas às suas inquietações, expectativas e

interesses. E que é preciso aguçar a curiosidade das crianças, pelo simples desejo

de conhecer as coisas, transformando-a em uma ferramenta favorável à

aprendizagem, tornando assim, o processo de ensino muito mais prazeroso. Porém,

acredito que a literatura Infantil deva ser trabalhada em sala de aula, desvinculada

dos conteúdos gramaticais, afinal, ler deve ser um prazer e não uma obrigação. E o

professor deve ser um incentivador, um modelo de leitor para os seus alunos.

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Portanto, a oportunidade de refletir sobre a Literatura Infantil na escola, com

certeza contribuirá para abrir caminho à concretização do objetivo primordial da

educação, da escola e dos pais: formar leitores, ou seja, formar indivíduos em seu

sentido mais amplo como ser humano, sendo capazes de críticas que façam

acontecer a transformação de nossa sociedade.

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ANEXO 1 - REVISTA NÓS DA ESCOLA - Ano 6 – Nº 62 – 2008

Pé na estrada - Leitura aliada ao prazer

Na colcha de retalhos com pinturas feitas em pano no chão, cada

aluno desenhou suas lembranças.

Juliana Sartore

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ANEXO 2 - Revista Nova Escola – Ano XXIV – Nº 21 – Abril de 2009

Ler para escrever

Bons leitores são bons escritores? Nem sempre. Para enfrentar o desafio da

escrita, é preciso investigar as soluções de autores reconhecidos.

Rodrigo Ratier

Todo mundo já ouviu (e provavelmente também já repetiu) a noção de que,

para escrever bem, é preciso ler bem. À primeira vista, parece um princípio básico e

indiscutível do ensino da Língua Portuguesa. Tanto que a opção de nove entre dez

professores tem sido propor aos alunos a tarefa. Ler muito, ler de tudo, na

esperança de que os textos automaticamente melhorem de qualidade. E, muitas

vezes, a garotada de fato devora página atrás de página, mas - pense um pouco no

exemplo de sua classe - a tal evolução simplesmente não aparece. Por que será?

Mais sobre Língua Portuguesa

Antes de mais nada, ninguém aqui vai defender que não se deva dar livros às

crianças. A leitura diária é, sim, uma necessidade para o letramento. Mas ler para

escrever bem exige outra pergunta: de qual leitura estamos falando? Para fazer

avançar a escrita, a prática não pode ser um ato descompromissado, sem foco. Pelo

contrário: exige intenção e um encadeamento bem definido de atividades, que

tenham como principal objetivo mostrar como redigir textos específicos.

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"A leitura para escrever é um momento especial, que coloca os estudantes

numa posição de leitor diferente da que usualmente ocupam. Afinal, a tarefa deles

será encontrar aspectos do texto que auxiliem a resolver seus próprios problemas de

escrita", afirma Débora Rana, psicóloga e formadora de professores do Instituto

Avisa Lá, em São Paulo.

É um trabalho que destaca a forma - estamos falando de intenção

comunicativa e estilo, portanto -, tema relacionado a inquietações que tiram o sono

de muitos docentes: por que as composições dos alunos têm tão poucas linhas? Por

que eles não conseguem transmitir emoção ou humor? Por que as descrições de

lugares e personagens não trazem detalhes?

Trechos de contos trazem ótimas sugestões para os textos

A idéia do trabalho é analisar os efeitos e o impacto que cada obra causa em

quem as lê. Sensações, claro, são subjetivas, variando de pessoa para pessoa.

Mas, quando lê diversos textos bons, com expressões e características recorrentes,

a turma consegue, pouco a pouco, entender que é a linguagem que gera os tais

efeitos que tanto nos comovem ou divertem. Nesse sentido, o conto, um dos tipos de

texto mais usuais nas classes de 3º a 5º ano, oferece excelentes recursos para

enriquecer produções de gêneros literários.

Cabe ao professor, no papel de leitor mais experiente, compartilhar com a

turma as principais preciosidades, iluminando onde está o "ouro" de cada obra.

Abaixo, listamos alguns dos principais pontos a ser observados e trabalhados nos

textos da garotada. Também elencamos exemplos de como os contos podem ajudar

a melhorá-los.

Linguagem e expressões características de cada gênero. Cada tipo de

texto tem uma forma específica de dizer determinadas coisas. "Era uma vez", por

exemplo, é certamente a forma mais tradicional de dar início a um conto de fadas

(note que ela não seria adequada para uma composição informativa ou instrucional).

Além de colaborar para que a turma identifique essas construções, a leitura de

contos clássicos pode municiá-la de alternativas para fugir do lugar-comum. O

Príncipe-Rã ou Henrique de Ferro, na versão dos Irmãos Grimm, começa assim:

"Num tempo que já se foi, quando ainda aconteciam encantamentos, viveu um rei

que tinha uma porção de filhas, todas lindas".

Descrição psicológica. Trazendo elementos importantes para a

compreensão da trama, a explicitação de intenções e estados mentais ajuda a

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construir as imagens de cada um dos personagens, aproximando-os ou afastando-

os do leitor. Em O Soldadinho de Chumbo, Hans Christian Andersen desvela em

poucas linhas os traços da personalidade tímida, amorosa e respeitosa do

protagonista: "O soldadinho olhou para a bailarina, ainda mais apaixonado: ela olhou

para ele, mas não trocaram palavra alguma. Ele desejava conversar, mas não

ousava. Sentia-se feliz apenas por estar novamente perto dela e poder contemplá-

la".

Descrição de cenários. O detalhamento do ambiente em que se passa a

ação é importante não apenas para trazer o leitor "para dentro" do texto mas

também para, dependendo da intenção do autor, transmitir uma atmosfera de

mistério, medo, alegria, encantamento etc. Em O Patinho Feio, Andersen retrata a

tranquilidade do ninho das aves: "Um cantinho bem protegido no meio da folhagem,

perto do rio que contornava o velho castelo. Mais adiante estendiam-se o bosque e

um lindo jardim florido. Naquele lugar sossegado, a pata agora aquecia

pacientemente seus ovos".

Ritmo. É possível controlar a velocidade da história usando expressões que

indiquem a intensidade da passagem do tempo ("vagarosamente", "após longa

espera", "de repente", "num estalo" etc.). Outros recursos mais sofisticados são

recorrer a flashbacks ou divagações dos personagens (para retardar a história) ou

enfileirar uma ação atrás da outra (para acelerar). Charles Perrault combina

construções temporais e encadeamento de fatos para gerar um clima agitado e

tenso neste trecho de Chapeuzinho Vermelho: "O lobo lançou-se sobre a boa mulher

e a devorou num segundo, pois fazia mais de três dias que não comia. Em seguida,

fechou a porta e se deitou na cama".

Caracterização dos personagens. Mais do que apelar para a descrição do

tipo lista ("era feio, medroso e mal-humorado"), feita geralmente por um narrador que

não participa da ação, que tal incentivar a garotada a explorar diálogos para mostrar

os principais traços dos personagens? Nesse aspecto, a pontuação e o uso preciso

de verbos declarativos e de marcas da oralidade (leia a reportagem O papel das

letras na interação social) exercem papel fundamental. Neste trecho de

Rumpelstichen, os Irmãos Grimm dão voz à protagonista para que ela se lamente:

"- Ah! - respondeu a moça entre soluços. - O rei me mandou fiar toda esta

palha de ouro. Não sei como fazer isso!"

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Para terminar, um último e imprescindível lembrete: você pode ter colocado a

turma para ler e ter direcionado adequadamente a atividade para melhorar a

qualidade dos textos, mas o trabalho não para por aí. Nada disso adianta se o

estudante não tiver a oportunidade - mais até, a obrigação - de pôr o conhecimento

em prática. Ainda que a leitura seja essencial para impulsionar a escrita, não se

desenvolve o comportamento de escritor sem enfrentar, na pele, os complexos

desafios do escrever.

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ANEXO 3 - Revista Escola e Família – Ano 5 – Nº 19 – Outubro de 2008

Bom leitor desde criança

Incentivo à leitura e o amor aos livros devem ser estimulados na escola e na

família

Paulo Fernando de Figueiredo

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTO 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08 I. UM HISTÓRICO SOBRE A LITERATURA INFANTIL 12

II. CONCEITOS E FINALIDADES DA LITERATURA INFANTIL 14

III. OS GÊNEROS LITERÁRIOS, OS VALORES A SEREM REPRESENTADOS PELAS HISTÓRIAS E ALGUNS AUTORES 18

IV. A LITERATURA INFANTIL E OS ESTÁGIOS PSICOLÓGICOS DA CRIANÇA 22

V – O LUGAR DA LITERATURA INFANTIL NA SALA DE AULA 25

CONCLUSÃO 31 ANEXOS 33 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 39 ÍNDICE 42