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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA Mestrado ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES IDOSAS. Autor: Marcelo César Machado de Carvalho Orientador: Prof° Dr. Gustavo Azevedo de Carvalho BRASÍLIA 2006

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE

BRASÍLIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA

Mestrado

ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES IDOSAS.

Autor: Marcelo César Machado de Carvalho

Orientador: Prof° Dr. Gustavo Azevedo de Carvalho

BRASÍLIA 2006

Livros Grátis

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MARCELO CÉSAR M. DE CARVALHO.

ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES IDOSAS.

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da

Universidade Católica de Brasília, como quesito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Gerontologia.

Orientador: Prof. Dr. Gustavo de Azevedo Carvalho

Brasília 2006

TERMO DE APROVAÇÃO

Dissertação defendida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre no programa de Gerontologia, em 05 de dezembro de 2006, e aprovada pela banca examinadora constituída por:

Prof. Dr. Gustavo de Azevedo Carvalho Orientador

Profa. Dra. Maria Liz Cunha de Oliveira Examinador Interno

Prof. Dr. João Estevam Giunti Ribeiro Examinador Externo

Prof. Dr. Vicente de Paula Faleiros Examinador Suplente

II

Dedicatória

Dedico este trabalho à minha família, principalmente ao meu pai Valdo César e a minha esposa Aline Malafaia

pelo apoio e incentivo em todas as horas.

III

Agradecimentos

Ao Prof. Dr. Gustavo de Azevedo Carvalho

Incentivador, guia e mestre sempre atento e aplicado na minha formação profissional, e amigo sincero em

todos os momentos.

Aos Prof. Msc. Carlos Eduardo Panerai, Dr. César Augusto Melo e Silva,

e Dr. Sergio Leite.

Pela orientação, estímulo, sugestões importantes e Principalmente, pela amizade sincera e construtiva

em minha vida e jornada acadêmica.

IV

“Quanto mais inteligente é o mestre, mais simples e preciso é seu

modo de trabalho.”

Meister Eckhart.

V

SUMÁRIO Páginas

RESUMO ----------------------------------------------------------------------------------------- VI ABSTRACT--------------------------------------------------------------------------------------- VII LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS -------------------------------------------------- VIII LISTA DE GRÁFICOS -------------------------------------------------------------------------- IX 1. INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------- 1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 CONCEITO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA --------------------------------- 4 2.2 ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA--------------------------- 6 2.3 PRÁTICA DE EXERCÍCIO FÍSICO EM IDOSOS-------------------------------------- 10 2.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA------------------------- 15 3. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL ------------------------------------------------------------------------- 18 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS --------------------------------------------------------------- 18 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 TIPO DE ESTUDO -------------------------------------------------------------------------- 19 4.2 ÁREA DE TRABALHO -------------------------------------------------------------------- 19 4.3 AMOSTRA E CASUÍSTICA -------------------------------------------------------------- 19 4.4 PROCEDIMENTOS E COLETAS DE DADOS ---------------------------------------- 21 4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ----------------------------------------------------------------- 22 4.6 ASPECTOS ÉTICOS ------------------------------------------------------------------------ 23 5. RESULTADOS ------------------------------------------------------------------------------- 24 6. DISCUSSÃO ---------------------------------------------------------------------------------- 30 7. CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------- 36 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS --------------------------------------------------- 37 9. ANEXOS ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ----------- 46 ANEXO B – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO ------------------------------------------------ 47 ANEXO C – QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA (OMS) ------------------ 48 ANEXO D – PARECER CONSUBSTANCIADO DE PROJETO DE PESQUISA ----- 51

VI

RESUMO

Justificativa: O envelhecimento tem sido descrito como um processo, ou um conjunto de

processos, próprio de todos os seres vivos que se caracteriza pela perda da capacidade de

adaptação e pela diminuição da funcionalidade, estando relacionado com alterações físicas,

psicológicas, sociais e perceptivas de qualidade de vida e saúde. Dentre os fatores

modificáveis de perda de funcionalidade, destacamos a falta de atividade física orientada.

Objetivos: avaliar a qualidade de vida de idosas praticantes de atividade física e comparar

com idosas não praticantes de atividade física. Pacientes e Métodos: 35 idosas praticantes de

atividade física orientada da Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI), programa da

Universidade Católica de Brasília (UCB), e 35 idosas não praticantes de atividade física

foram incluídas neste estudo. A qualidade de vida das voluntárias foi mensurada pelo

questionário Quality of Life Instruments-WHOQOL-BREF da World Health Organization,

versão abreviada de 26 questões que aborda, em quatro aspectos, a qualidade de vida: físico,

psicológico, relações sociais e meio ambiente. Os dados foram analisados estatisticamente por

teste t de student para dados paramétricos e o teste Mann-Whitney para dados não

paramétricos. Resultados: em todos os aspectos, o grupo praticante de atividade física obteve

maior pontuação em relação ao controle (p=0,001). Conclusão: a prática da atividade física

orientada proposta pela UNATI (UCB) é eficiente em promover a qualidade de vida e saúde

das idosas participantes dos seus programas.

VII

ABSTRACT

Justification: Aging has been described as a process or a group of processes, own of all lives

being that is characterized by the loss of adaptation capacity and by the decrease of the

functionality, therefore is related to physical changes, psychological, social and perceptive

alterations of life quality and health. Among the factors that can be changed of functionality

loss, we put in relief the guided physical activity. Objectives: To evaluate the quality of

senior female practicers’ life and not practicers of physical activity. Patients and Methods:

Were included in this study 35 aged women apprentices of guided physical activity of

(Universidade Aberta à Terceira Idade) – University open to Third Age (UNATI) and

(Universidade Católica de Brasília) Catholic University of Brasilia (UCB), and 35 aged

women no apprentices of physical activity guided. The quality of the volunteers’ life was

measured by questionnaire “Quality of Life Instruments-WHOQOL-BREF of World Health

Organization, abbreviated version of 26 subjects that approaches, in four respects, the life

quality: physical, psychological, social relationships and environment. The data have been

analysed statistically by test “t of student” for parametric data and the test Mann-Whitney to

non parametric data. Results: In all aspects, the group apprentices of physical activity have

obtained higher punctuation, in respect to the control (p=0,001). Conclusion: The practice of

the guided physical activity offered by UNATI (UCB) it is effective in promoting the life

quality and health for the aged women took part in its programs.

VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS:

UCB – Universidade Católica de Brasília.

UNATI – Universidade Aberta a Terceira Idade.

OMS – Organização Mundial de Saúde.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

PAFO – Praticantes de Atividade Física Orientada.

NPAFO – Não Praticantes de Atividade Física Orientada.

AVD – Atividades de vida diária.

IX

LISTA DE GRÁFICOS Páginas

GRÁFICO 1: Média de idades dos grupos experimental e controle. ---------------------------- 24 GRÁFICO 2: Pontuação total obtida do questionário de qualidade de vida dos grupos experimental e controle. ------------------------------------------------------------------------------- 25 GRÁFICO 3: Pontuação do domínio físico obtida do questionário de qualidade de vida dos grupos experimental e controle. ---------------------------------------------------------------------- 26 GRÁFICO 4: Pontuação do domínio psicológico obtida do questionário de qualidade de vida dos grupos experimental e controle. ------------------------------------------------------------------ 27 GRÁFICO 5: Pontuação do domínio de relações sociais obtida do questionário de qualidade de vida dos grupos experimental e controle. -------------------------------------------------------- 28 GRÁFICO 6: Pontuação do domínio meio ambiente obtida do questionário de qualidade de vida dos grupos experimental e controle. ------------------------------------------------------------ 29

1

1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e a cada ano esse processo se

torna maior nos países em desenvolvimento podendo ocorrer um aumento de até 300% no

número de pessoas idosas, especialmente na América Latina (TRUELSEN, 2001).

De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), a população total brasileira é de 169.799.170 habitantes, onde 8,6% (14.536.029)

destes habitantes são idosos com 60 anos ou mais, com uma perspectiva de crescimento onde

em 2020 cerca de 18% da população brasileira será de idosos (IBGE, 2001).

Tal envelhecimento tem sido descrito como um processo, ou um conjunto de

processos, próprio de todos os seres vivos que se caracteriza pela perda da capacidade de

adaptação e pela diminuição da funcionalidade, estando relacionado com alterações físicas,

psicológicas e fisiológicas (MATSUDO, 2001).

Na atualidade, diversas pesquisas científicas têm evidenciado que, em qualquer

sociedade, o processo saúde-doença está intimamente relacionado com uma rede multicausal,

onde, além de aspectos genéticos e biológicos, causas subjetivas como a relação do homem

com o meio-ambiente, formas de enfrentamento das situações cotidianas e estilos de vida,

ganham destaque por interferirem diretamente na saúde, como fatores de risco (LOTUFO,

1998; FILHO, 2000; KANNEL, 2000; DANTAS, 2002; PÉREZ, 2002; PITANGA, 2002).

Assim sendo, o envelhecimento mostra ser um processo complexo que envolve

inúmeras variáveis (por exemplo, genéticas, estilo de vida e doenças crônicas) que interagem

entre si e influenciam a forma de como se envelhece (MAZZEO et al., 1998).

Contudo, enquanto fenômeno irreversível que faz parte do destino histórico do

homem, o envelhecimento tem causas ainda desconhecidas, tratando-se, segundo Fernandes

da Fonseca (2001), de um fenômeno puramente fisiológico, que resulta do esgotamento da

2

própria vitalidade celular, aparecendo como conseqüência de várias manifestações patológicas

(infecciosas, tóxicas e outras) que o cérebro vai suportando.

Cristofalo et al. (1994) descreveram conjuntos de características do envelhecimento

que pode ser identificado nos mamíferos a saber:

I – Aumento da mortalidade com a idade, após a maturação;

II – Alterações na composição bioquímica dos tecidos com a idade;

III – Um conjunto de alterações fisiológicas com uma deterioração progressiva;

IV – Uma diminuição, com a idade, da capacidade de resposta adaptada as alterações

do meio;

V – Um aumento da vulnerabilidade a numerosas doenças, com o avanço da idade.

Este aumento nos idosos, as alterações biológicas e fisiológicas, a diminuição da

capacidade de resposta à adaptação ao meio são características desse período de ciclo de vida.

Tornam esta fase de envelhecimento alvo de importantes e recentes preocupações

interdisciplinares, particularmente do médico, psicólogo e sociólogo (FERNANDES DA

FONSECA, 2001).

O processo de envelhecimento está relacionado a inúmeras transformações com

implicações na funcionalidade, na mobilidade, na autonomia, na saúde e claro na qualidade de

vida da população (CARVALHO, 1999).

Fatores modificáveis como inatividade física, fumo, dieta inadequada e uso excessivo

de bebidas alcoólicas, por exemplo, estão intimamente relacionados às mortes prematuras por

doenças crônicas não-transmissíveis, especialmente as cardiovasculares e cérebrovasculares,

que são as principais causa mortis mundial, sendo responsáveis por 44,1% das mortes

masculinas e por 44,7% das femininas, no continente americano (IBGE, 2001)

Diante destas evidências e em busca de uma adaptação à vida moderna, o homem

contemporâneo necessita desenvolver mudanças de hábitos e comportamentos relacionados à

3

saúde para que se possa viver mais e melhor. Além dos aspectos biofisiológicos e injunções

sociais, aspectos psicológicos devem ser observados, já que atuam na complexidade do ser

humano e influenciam na qualidade de vida das pessoas (MAZO et al., 2004).

Para se especificar ou compreender melhor a relação dos sujeitos com situações do

dia-a-dia, a qualidade de vida deve ser valorizada em todas as esferas onde se desenvolvam

atividades humanas, com o intuito de conhecer e comparar o estado de saúde das populações e

melhor delinear programas de intervenção (ELKINGTON, 1966).

Com o aumento da população idosa na maioria dos países do mundo e especificamente

no Brasil, há necessidade de se criar estratégias que auxiliem um envelhecimento saudável. Se

as pessoas viverem mais, é necessário que viva com qualidade. Para isso ocorrer é necessário

modificar o pensamento dos idosos e criar ações que os levem a se engajarem na comunidade,

favorecendo um estilo de vida ativo e saudável (KAO, 1979).

Holland et al. (2002) citam que o envelhecimento próspero ou contínuo depende não

somente em evitar doenças e inaptidão, mas também preservar a função física e cognitiva alta,

bem como o envolvimento regular em atividades de comunidades produtivas e sociais.

A meta de envelhecer com qualidade de vida é uma busca constante do ser humano.

Esta melhoria de vida tem contribuído significativamente para o aumento da sobrevida nas

últimas décadas. A OMS (2002) comemora o triunfo do envelhecimento humano, mas o

considera um dos maiores desafios a serem superados em países subdesenvolvidos,

principalmente pelos problemas de previdência social e sistema de saúde.

Neste sentido, estudos pela busca do adiamento do envelhecimento, principalmente

com qualidade de vida, apontam algumas medidas preventivas, que passam pela prática

regular de atividade física fundamentadas por um programa de intervenção orientada, com o

objetivo de promover a atividade de vida diária, conseqüentemente sua qualidade de vida

(LOPES & SIEDLER, 1997; SANTARÉM 2006).

4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONCEITO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

Desde a década de 50, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não

apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e

social. Desta forma, ao tornar-se mais abrangente o conceito de saúde, passa-se a perceber que

existem outros fatores a serem considerados, onde esta temática não pode ser analisada

exclusivamente pelas estatísticas das doenças, mortalidade e morbidade (SEGRE & FERRAZ,

1997; DANTAS, 2002).

Bouchard e Pérusse (1990) conceituam saúde como uma condição humana com

dimensões física, social e psicológica, caracterizada por algumas alterações contínuas e

irregulares. A saúde positiva estaria associada à apreciação da vida e resistência aos desafios

do cotidiano, e a saúde negativa se associaria à morbi-mortalidade, em outras palavras, de um

lado estaria a morte e do outro a saúde positiva.

Qualidade de vida foi definida pelo Grupo de Qualidade de vida da O.M.S., como “a

percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores

nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas padrões e preocupações”

(OMS, 2002).

A saúde associada à qualidade de vida tem características que devem respeitar os

objetivos de cada indivíduo. Pode-se dizer, que o conceito de saúde é dinâmico, onde modelos

ou padrões preestabelecidos visam atender a preceitos sociais, mas se não atenderem aos

objetivos e expectativas individuais, não terão significado (DANTAS, 2002; MAZO et al.

2004).

5

Segundo Gonzalez Rey (1997) “A saúde não é a ausência de sintomas, senão que um

processo integral que otimiza os recursos do organismo para diminuir sua vulnerabilidade

diante dos diferentes agentes e processos causadores da doença”.

Qualidade de vida é um conceito global que aborda diferentes facetas da vida do

indivíduo (ELKINGTON, 1966) e tem sido definida como um termo que representa uma

tentativa de nomear características da experiência humana (GONÇALVES et al., 1999).

Gonçalves (2004) afirma que qualidade de vida é a percepção subjetiva do processo de

produção, circulação e consumo de bens.

Na atualidade, são muitas as reflexões acerca da propriedade que o ser humano tem de

elaborar as coisas e o conhecimento de si mesmo. Há que se entender o homem a partir da

integração harmônica da visão biológica com as ciências sociais e com os aspectos de

subjetividade e individualidade humana, pautada na riqueza da cultura, das decisões,

motivações, comportamentos e todo o modo de existência (GONZALEZ REY, 1997).

A falta de consenso na delimitação do que podemos chamar de “qualidade de vida“ se

deve, dentre outras razões, à complexidade do seu estudo, determinada pelo seu caráter

temporal e sua natureza multidimensional, onde intervêm fatores objetivos e subjetivos. Em

torno do bem estar humano existe uma diversidade de enfoques, onde se incluem desde

condições objetivas materiais e sociais a elementos de felicidade e satisfação pessoal, por

exemplo. A definição de qualidade de vida está intimamente relacionada às categorias

sociológicas e psicológicas que compreendem nível de vida, desenvolvimento econômico,

condições de vida e estilo de vida (HUAN, 1979).

Neste sentido, diversos pesquisadores têm buscado uma concepção mais abrangente

do termo qualidade de vida. Definir qualidade de vida concorre a parâmetros mais amplos,

refere-se a um movimento dentro das ciências humanas e biológicas na busca de valorizar

6

mais que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de

vida (FLECK et al., 1999).

Minayo et al. (2000) considera como qualidade de vida boa ou excelente aquela que

ofereça um mínimo de condições para que os indivíduos possam desenvolver o máximo de

suas potencialidades, sejam estas: viver, sentir ou amar, trabalhar, produzindo bens e serviços,

fazendo ciência ou artes.

O surgimento e o desenvolvimento do conceito de qualidade de vida para intervir na

enfermidade, na saúde e bem-estar, reflete um progresso para a humanidade. A busca de

informações acerca das condições de vida das sociedades, instituições, família e indivíduos,

são as conseqüências que podem, de fato, colaborar para a promoção da saúde e qualidade de

vida das pessoas, principalmente idosas (PÉREZ, 2002).

2.2 ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA.

No que diz respeito a atividade física e como esta afeta os fatores biológicos,

psicológicos e sociais, torna-se praticamente inexeqüível a distinção entre o declínio na

capacidade funcional resultante do sedentarismo e o declínio resultante do próprio processo

de envelhecimento (MOTA, 1999).

2.2.1 Aspecto físico e psicológico

Soares & Carvalho (1999) referem que não se sabe qual a proporção de atrofia

muscular atribuída ao envelhecimento muscular e qual proporção atribuída ao sedentarismo

ou ao desuso e, segundo Okuma (2002), a atividade física regular e sistemática aumenta ou

mantém a aptidão física de idosos e tem o potencial de melhorar o bem estar funcional e,

7

consequentemente, diminuir a taxa de morbidade e de mortalidade entre a população de

idosos.

Sardinha & Martins (1999), afirmam que, entre outras vantagens, a atividade física em

indivíduos idosos tendem a evitar a sarcopenia (diminuição de massa muscular), a obesidade e

a melhorar as atividades de vida diária.

Para Mazzeo et al. (1998), a atividade física regular e orientada auxilia na obtenção

gradual de respostas favoráveis que contribuem para um envelhecimento mais saudável.

Referem, ainda, que a participação em programas de atividades físicas é uma forma de

intervenção eficaz na redução e ou prevenção de inúmeros declínios funcionais relacionados

com o avançar da idade.

De uma forma geral, a atividade física é considerada importante na prevenção da

obesidade abdominal, da osteoporose e da sarcopenia (MATSUDO, 1997). Safons (1999)

sugere que o exercício mesmo que iniciado tardiamente, pode trazer algumas alterações na

composição corporal.

Além da melhoria da sincronização da ativação das unidades motoras, o treino de

força muscular promove, também, alterações a nível morfológico como a hipertrofia muscular

(LOPES & SIEDLER, 1997). Estes dois efeitos, o aumento da massa muscular e a melhoria

da sincronização possibilitam o aumento de diversos regimes de produção de força, tornando

as atividades de vida diária do idoso menos intensas (SARDINHA & BAPTISTA, 1999).

A manutenção ou o aumento dos níveis de força muscular possibilitam que a pessoa

idosa não sinta a necessidade de alterar o padrão de marcha e, como conseqüência, não

prejudique o equilíbrio, fatos estes que poderão ter um resultado relevante na prevenção de

quedas. De fato, com o aumento da força, do equilíbrio e da coordenação observa-se uma

maior segurança na realização nas tarefas diárias do idoso, uma menor ocorrência e gravidade

8

das quedas e uma menor propensão para o surgimento de fraturas ósseas aumentando assim a

qualidade de vida dos idosos (SARDINHA & BAPTISTA, 1999).

De acordo com Spirduso (1995), os efeitos em longo prazo da participação em

atividades físicas regulares e orientadas incluem melhorias a nível cardiovascular, aumentos

dos níveis de força e de resistência, melhorias na flexibilidade, reduções na adiposidade e

melhorias no perfil lipídico.

A OMS (1997 e 2002) sintetizou os efeitos a nível fisiológico da atividade física

regular e orientada, salientando que os exercícios físicos quando realizados adequadamente

promovem melhorias na capacidade aeróbica, na força, na flexibilidade, no equilíbrio, na

coordenação e na velocidade de movimento.

Mazzeo et al. (1998) afirmam que a redução dos fatores de risco relacionados com

estados de doença (por exemplo, doenças do coração e diabetes) contribui para um aumento

da qualidade da esperança média de vida, salientando ainda que a treinabilidade de idosos,

incluindo idosos com oitenta e noventa anos, é evidenciada pela sua capacidade de adaptação

e de resposta ao treino de resistência e de força.

Na verdade, o treino de resistência pode ajudar a manter e a melhorar vários aspectos

da função cardiovascular (MAZZEO et al. 1998) e segundo Norman (1995), o exercício

aeróbico regular tem efeito positivo no sistema cardiopulmonar, diminuindo o declínio

associado ao envelhecimento; Appel & Mota (1992) dizem ainda que após o treino

sistemático e orientado de resistência, o consumo de oxigênio aumenta significativamente, de

tal modo que os valores alcançados em adultos idosos correspondem aos valores encontrados

em sujeitos com menos de vinte anos de idade sedentários.

O treino de força ajuda a equilibrar as perdas de massa e de força, normalmente

associadas a um envelhecimento normal. Os benefícios da atividade física regular e orientada

incluem a saúde dos ossos, reduzindo, assim, o risco de ocorrência de osteoporose e a

9

melhoria da estabilidade postural, reduzindo o risco de quedas e maior flexibilidade

(MAZZEO et al. 1998).

O exercício físico tem ainda influência na melhoria do perfil lipídico e no aumento da

tolerância à glicose e da sensibilidade à insulina, reduzindo, deste modo, o risco de

surgimento de arteriosclerose e de diabetes (NORMAN, 1995).

2.2.2 Aspecto psicossocial

Para o idoso, um dos aspectos mais importantes é a necessidade de se adaptar às

diversas transformações ocorridas a nível psicossocial, nomeadamente a alteração, redução e

perda de papéis. A atividade física pode ter uma função importante nessa adaptação, uma vez

que promove o alargamento das relações sociais, a realização de novas amizades e a aquisição

de novos papéis no momento da reforma (CHODZKO-ZAJKOW, 1999), ao que se junta o

fato de permitir à pessoa poder sentir-se mais jovem ou mais jovial (ALVES et al., 2004).

De acordo com a OMS (1997) os benefícios psicossociais decorrentes da prática

regular de atividade física orientada são: o enaltecimento do valor destes indivíduos,

ajudando-os a ter um papel mais ativo na sociedade; o aumento da integração social e cultural;

a formação de novas amizades e o alargamento das relações sociais. Ferreira (2003) refere,

ainda, que um estilo de vida ativo ajuda a criar as condições necessárias para a manutenção de

um papel ativo na sociedade e para a aquisição de novos papéis, sendo que, uma vez que a

atividade física seja partilhada entre várias gerações, pode ajudar na diminuição de crenças e

de estereótipos vigentes na sociedade acerca dos idosos e do envelhecimento.

Várias investigações direcionadas para a terceira idade demonstram que a atividade

física orientada e regular, adequada e sob supervisão médica, pode traduzir-se em benefícios

fisiológicos, psicológicos e sociais (FERREIRA, 2003). Ribeiro (1996) veio reforçar esta

afirmação ao constatar, em seu estudo, que as atividades físicas, ao estimularem a

10

participação e o envolvimento de idosos da mesma faixa ou de diferentes faixas etárias,

podem contribuir para que estes ampliem o seu círculo de amizades. Lee & Paffenbarger

(2001), afirma que as atividades físicas devem privilegiar as habilidades essenciais de forma a

preservar a saúde mental e física, mas devem igualmente ter em conta a manutenção da

autonomia e o desenvolvimento da socialização do grupo. Júnior & Ribeiro (1995) reforçam

esta idéia, afirmando que a atividade física, como experiência psicossocial, também tem o

intuito de incentivar as interações existentes entre os membros da sociedade.

Um dos objetivos da população idosa que pratica desporto deverá ser a conservação da

independência, o que permitirá a vivência dos seus dias com mais alegria e dignidade

(RIBEIRO, 1996). Com o mesmo propósito, Farinatti (1995) confirma a idéia de que as

pessoas são mais felizes enquanto membros ativos da sociedade, situação esta que decorre da

construção de condições que lhes permitam agir de uma forma independente. Geis (1994)

reforça esta afirmação ao referir que o ser humano deve estar em constante relação, pois vive

numa sociedade a qual se deve sentir unido por diferentes vínculos e razões; a atividade física

proporciona a possibilidade de criação desses vínculos.

2.3. PRÁTICA DE EXERCÍCIO FÍSICO EM IDOSOS

2.3.1 Características dos programas:

Um programa de atividade física deve estar orientado para a melhoria da capacidade

física do indivíduo idoso, diminuindo os efeitos nocivos conseqüentes do processo de

envelhecimento. Deve também, proporcionar o maior contato social possível entre os

indivíduos, tentando diminuir problemas psicológicos como ansiedade e depressão (CONTE,

2004; MOTA, 1999; CARVALHO, 1999; O’HARA & WALLACE, 1996), possibilitando,

11

ainda, a prevenção ou a diminuição de sintomas associados a qualquer tipo de doença

(SPIRDUSO, 1995; MOTA, 1999; FERREIRA 2003).

Por conseguinte, a fragilidade física pode ser definida como um estado de diminuição

da reserva fisiológica, associado a um aumento susceptível para a incapacidade, o que

representa uma grande ameaça às capacidades dos adultos idosos e à sua qualidade de vida

(SANTARÉM, 2006).

De acordo com Norman (1995), os programas de atividade física que se centralizam na

manutenção da capacidade funcional (necessária para que o indivíduo seja capaz de realizar as

suas tarefas de atividade de vida diária e para que mantenha um estilo de vida saudável e

independente) poderão ter um papel preponderante na diminuição do acréscimo das

necessidades de cuidados, em longo prazo, para idosos.

Assim, Sardinha & Baptista (1999) referem que o incremento da massa muscular e da

massa óssea, auxiliado pelo trabalho de coordenação, equilíbrio e cardiorrespiratório, devem

representar a base de qualquer programa de atividade física para idosos. Pollock & Evans

(1998) indicam que as atividades físicas mais recomendadas são as atividades aeróbicas de

baixo impacto (caminhar, natação, ciclismo e hidrogisnática), pois estão associados a um

menor risco de lesão.

De fato, de acordo com Young & Dinan (1994), qualquer programa direcionado para a

melhoria da forma física deverá incluir atividades agradáveis que envolvam a força,

resistência, flexibilidade, coordenação e o equilíbrio. Referem, ainda, que as atividades devem

estar, na generalidade, intimamente relacionadas com a manutenção com um estilo de vida

independente, especificamente atividades como caminhar, técnicas de elevação de objetos e

de auto-movimentação (sentar-se, levantar-se, deslocar-se da cadeira para o chão e vice-

versa).

12

Paw et al. (2001) desenvolveram um programa para idosos frágeis e sedentários, no

qual a força, a velocidade, a resistência, a flexibilidade e a coordenação foram treinadas

utilizando ações motora selecionadas, integradas em jogos, modalidades e atividades de vida

diária. De acordo com Benedetti (1999); Ferreira (2003), ao realizarem atividades que lhe

eram familiares, adaptadas às capacidades individuais de cada um, mas com o aumento

crescente da dificuldade e da intensidade, a eficácia destes idosos foi sendo desenvolvida.

Este programa revelou-se agradável e adaptado a esta população, no entanto, os autores

alertaram a dificuldade em convencer os idosos a iniciar e a manter a participação e o

envolvimento em programas deste tipo.

Mota (1999), por sua vez e de um modo geral, faz referência a linhas orientadoras a

serem consideradas quando se pretenderem desenvolver estratégias de promoção da atividade

física, a saber:

(I)- Compreender que o envelhecimento não pode ser visto como uma doença e que o

idoso não é um ser fraco, incapacitado, isolado e senil, esteriótipos que sugerem a exclusão

social do idoso;

(II)- Ser idoso não é necessariamente sinônimo de sedentário. É necessário criar redes

sociais que visem integração do idoso e estabelecer condições que propiciem um estilo de

vida ativo;

(III)- É imperativo adaptar o tipo de atividade física à capacidade funcional e física da

pessoa idosa (FERREIRA, 2003);

(IV)- A valorização positiva da atividade física deve enfatizar os sentimentos de

felicidade e de satisfação com a vida (FERREIRA, 2003).

No entanto, de acordo com Carvalho (1999), para além dos benefícios do exercício

físico, existem alguns fatores de risco relacionados com o excesso de exercícios. Assim torna-

se relevante saber a quantidade e as características necessárias para que a atividade física seja

13

benéfica para a saúde, uma vez que é necessária uma quantidade suficiente elevada de

exercício para promover efeitos biológicos positivos sobre a saúde (LEE &

PAFFENBARGER, 2000). Com tudo, parece sugerir a existência de um limiar a partir do

qual o exercício é também indutor do aumento da probabilidade de lesão (POWELL &

PAFFENBARGER, 1985).

Assim, é necessário conhecer as alterações originadas pelo processo de

envelhecimento, as restrições e as carências desta população, de forma a planejar um

programa de atividade física que tente atenuar os efeitos nocivos do envelhecimento, sem que

haja prejuízo físico e mental do idoso. (CARVALHO, 1999; FARIAS JÚNIOR, 2001;

BENEDETTI, 1999).

Deste modo, diversos aspectos devem ser considerados na prescrição de um programa

de exercício físico (CARVALHO, 1999), nomeadamente a reduzida aptidão cardiovascular e

consequentemente, a menor capacidade para realizar os exercícios moderados a intensos, o

aumento da debilidade muscular e do cansaço, que prejudicam o equilíbrio e a marcha, os

problemas ortopédicos e a diminuição da coordenação, bem como a degeneração do tecido

ósseo, das articulações e dos tendões (POWELL & PAFFENBARGER, 1985).

2.3.2 Benefícios da prática de atividade física:

De acordo com as conclusões de um número temático do Journal of Aging and

Physical Activity (JAPPA, 2001) são verificadas as seguintes alterações físicas e fisiológicas

em idosos que aderem a prática de atividade física:

(I)- A nível cardiorrespiratório: as atividades aeróbicas e de resistência aumentam a

freqüência cardíaca e prolongam os períodos de inspiração/ expiração, melhorando a saúde do

14

coração, dos pulmões e do sistema circulatório, retardando assim comprovadamente algumas

doenças (FARIAS JÚNIOR, 2001).

(II)- Força e resistência muscular: os exercícios de força muscular e resistência tornam

os idosos mais capazes de realizarem as tarefas do seu dia a dia, bem como as atividades mais

prazerosas, como por exemplo, a dança (FERREIRA, 2003; JAPPA, 2001);

(III)- Equilíbrio: os exercícios de equilíbrio cooperam na prevenção de quedas , a

maior causa de incapacidades nesta idade (FERREIRA 2003; JAPPA, 2001).

(IV)- Flexibilidade: os exercícios de flexibilidade , além de proporcionarem uma

maior liberdade de movimentos, podem prevenir lesões principalmente musculares e

tendíneas (FERREIRA, 2003; JAPPA, 2001).

De fato, são vários os fatores que demonstram a influência da atividade física na

melhora da saúde, da capacidade funcional e na redução de doenças crônicas e de

incapacidade (BENEDETTI, 1999; FERREIRA, 2003).

Indivíduos idosos de ambos os sexos, que realizaram atividade física de uma forma

regular, revelaram valores mais elevados de HDL (High-Density Lipoprotein) do que

indivíduos sedentários (KAO, 1979). Estes valores elevados de HDL podem ajudar a prevenir

o risco de aparecimento de doenças cardiovasculares.

A pratica de atividade física regular e orientada reduz o risco de morte prematura, de

desenvolvimento da diabete, de manifestação de elevados valores de pressão sanguínea, e de

desenvolvimento de câncer de colo do útero nas mulheres (JAPPA, 2001). Diversos estudos

sugerem que a atividade física melhora a aptidão cardiovascular, aumenta a força muscular,

melhora a mobilidade das articulações e melhora a capacidade física com os indivíduos com

artrite e osteoporose (SANTARÉM, 2006).

15

2.4 MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA

A avaliação de qualidade de vida tem se tornado um parâmetro cada vez mais utilizado

e valorizado em pesquisa clínica, como tem orientado nos últimos anos decisões dos próprios

profissionais da saúde e pacientes (CONTE, 2004; MAURICE et al., 2002).

Na avaliação de intervenções para a melhora do estado de saúde, a qualidade de vida

pode refletir aspectos que não eram analisados anteriormente, cuja ênfase era dada somente

aos aspectos clínicos e laboratoriais, parâmetros estes objetivos que não permitiam a avaliação

do ponto de vista do paciente (ASSUNÇÃO et al., 2000). Ainda, a avaliação da qualidade de

vida permite, em um único parâmetro, considerar os ganhos (por exemplo, melhora de um

sintoma) e perdas (por exemplo, presença de um efeito colateral) e quantificá-lo segundo a

preferência e valores do paciente ou de que quem toma a decisão em seu nome como nos

questionários de qualidade de vida. (MAZO, 2003; MAURICE et al., 2002).

As teorias do envelhecimento bem sucedido (STEVENS, 2001) vêem o sujeito como

pró-ativo, regulando a sua qualidade de vida através da definição de objetivos e lutando para

os alcançar, acumulando recursos que são úteis na adaptação à mudança e ativamente

envolvidos na manutenção do bem-estar. Sendo assim, um envelhecimento bem sucedido é

acompanhado de qualidade de vida e bem estar e deve ser fomentado ao longo dos estados

anteriores de desenvolvimento. De acordo com Victor et al. (2000), a qualidade de vida inclui

um alargado espectro de áreas da vida. Os modelos de qualidade de vida vão desde a

"satisfação com a vida" ou "bem-estar social" a modelos baseados em conceitos de

independência, controle, competências sociais e cognitivas.

Smith (2001) considera que o conceito de bem-estar mudou a partir de meados do

século XX. Até aí significava, apenas, disponibilidade de bens materiais (comida, casa de

banho, casa aceitável, acesso a serviços de saúde e de ação social, dinheiro suficiente).

16

Atualmente relaciona-se, também, com dimensões menos tangíveis (sentido de segurança,

dignidade pessoal, oportunidades de atingir objetivos pessoais, satisfação com a vida, alegria,

sentido positivo de si). A noção de qualidade de vida também passa pela mesma alteração,

engloba os recursos e o direito a "gozar" a vida.

A qualidade de vida na velhice tem sido, muitas vezes, associada a questões de

dependência-autonomia (DUARTE & PAVARINI, 1997). As dependências observadas nos

idosos resultam tanto de alterações biológicas (deficiências ou incapacidade) como de

mudanças nas exigências sociais (desvantagens) e, frequentemente, as últimas parecem

determinar as primeiras. Baltes & Silvenberg (1995) descrevem três tipos de dependência:

• Estruturada, onde o significado do valor do ser humano é determinado, em primeiro

lugar, pela participação no processo produtivo (na velhice salienta-se a dependência gerada

pela perda do emprego).

• Física, incapacidade funcional individual para realizar atividades de vida diária.

• Comportamental, com freqüência antecedida pela dependência física, é socialmente

induzida independentemente do nível de competência do idoso, o meio espera incompetência.

Com o avanço científico e tecnológico nas áreas de prevenção, diagnóstico, tratamento

e reabilitação, doenças estão sendo prevenidas, diagnosticadas mais precocemente, assim

como muitas doenças que cursavam com uma sobrevida pequena, hoje apresentam tratamento

mais efetivo que leva o indivíduo a viver por mais tempo (KAO, 1979). Neste momento faz-

se pensar de que modo e com que qualidade estes pacientes com doenças crônicas e com

número maior de co-morbidades estão vivendo (SANTARÉM, 2006). Assim, é de

fundamental importância a avaliação da qualidade de vida destes pacientes para que as

decisões no sistema saúde sejam orientadas para satisfazer as necessidades da sociedade como

um todo (ASSUNÇÃO et al., 2000). A qualidade de vida tem sido utilizada como parâmetro

17

clínico em diversas análises econômicas, norteando o sistema de saúde para uma melhor

alocação dos escassos recursos (CONTE, 2004; MAZO, 2003).

18

3. OBJETIVOS:

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a qualidade de vida de mulheres idosas não institucionalizadas, praticantes de

atividade física orientada da Universidade Aberta a Terceira Idade (UNATI), programa da

Universidade Católica de Brasília (UCB), e comparar com mulheres idosas não

institucionalizadas não praticantes de atividade física.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar e comparar os domínios no campo físico, psicológico, de relações sociais e

meio ambiente do questionário de qualidade de vida abreviado da Organização Mundial de

Saúde, dos grupos em estudo.

19

4. MATERIAIS E MÉTODOS:

4.1 TIPO DE ESTUDO:

Este estudo transversal caracterizou-se como sendo do tipo descritivo, associativo e

correlacional com intuito de investigar a relação entre a atividade física habitual e orientada e

a qualidade de vida em idosas.

4.2 ÁREA DE TRABALHO

O estudo foi realizado em Brasília na cidade de Taguatinga – Distrito Federal, na

Universidade Católica de Brasília (UCB) campus I, local de desenvolvimento do programa de

extensão chamado Universidade Aberta a Terceira Idade (UNATI). A UNATI é composta por

várias atividades de lazer, ensino e principalmente de atividade física orientada para idosos. A

UNATI possui 400 idosos inscritos no total, onde 50% destes idosos são praticantes de

atividade física orientada de musculação e hidroginástica. A coleta de dados para os inscritos

da UNATI foi no próprio campus I da UCB, nos locais de atividade, ao passo que os

entrevistados não inscritos no programa, compareceram ao Bloco“M” (São Gaspar Bertoni)

da UCB na sala 317 A, sala destinada a estudos dos professores de Anatomia Humana desta

Universidade.

4.3 AMOSTRA E CASUÍSTICA:

O Brasil é um país composto, de acordo com o censo de 2000 do IBGE, por uma

população total de idosos de 14.536.029 (8,6% da população total). O Distrito Federal é

20

composto por uma população total de idosos de 109.638, onde 38.381 são mulheres idosas

que possui uma renda mensal de um a três salários mínimos (IBGE, 2001).

A amostra estudada foi de conveniência composta por 70 mulheres, onde os critérios

de inclusão foram: idosas com sessenta anos ou mais, moradoras da cidade de Taguatinga ou

cidades próximas, com renda mensal de até três salários mínimos, participantes dos

programas da UNATI ou inscritos em sua lista de espera.

Os critérios de exclusão desta pesquisa foram idosas analfabetas, e/ou com deficiência

grave cognitiva, e/ou com dificuldade grave de deambulação, e/ou impossibilitadas por

qualquer outro motivo de comparecer a UCB para a entrevista no dia marcado.

O grupo experimental foi composto por 35 idosas, devidamente inscritas na UNATI,

sendo que 32 eram donas de casa aposentadas e 3 trabalhavam em casas de família, sendo

todas estas praticantes de atividade física orientada de musculação (16 idosas) e

hidroginástica (19 idosas), há pelo menos dois anos. O sorteio foi aleatório de acordo com o

número na lista de inscrição do programa.

O grupo controle foi composto por 35 idosas, sendo 34 delas donas de casa,

aposentadas e uma delas trabalhava em casa de família, sendo todas elas não praticantes de

atividade física. O recrutamento foi através de ligações telefônicas, de nomes retirados das

listas de espera dos programas de musculação (15 idosas) e hidroginástica (20 idosas),

escolhidas aleatoriamente de acordo com o número vinculado a cada um dos participantes em

cada lista. Todas as participantes foram informadas previamente sobre o estudo e elas

assinaram voluntariamente um termo livre de consentimento (ANEXO A).

O grupo de idosas praticantes de atividade física orientada tem como rotina, exercícios

de hidroginástica e/ou musculação numa periodicidade de no mínimo duas e no máximo três

vezes por semana, com uma hora de duração cada aula, com orientação de professores de

educação física, devidamente qualificados para prescrição de exercícios físicos para idosos.

21

Eram utilizados exercícios com objetivo de ganho de força, flexibilidade, resistência muscular

e melhora na condição cardiovascular e respiratória, onde todas as participantes realizavam os

mesmos exercícios.

4.4 PROCEDIMENTOS E COLETAS DE DADOS

Tal pesquisa foi realizada com a aplicação de um questionário de qualidade de vida,

entre os dias 12 e 26 de maio de 2006. Todo o delineamento de pesquisa foi realizado por um

único pesquisador, no caso o autor do trabalho.

A qualidade de vida foi mensurada por meio do questionário WHOQOL-BREF

(ANEXO C), da Organização Mundial de Saúde (OMS), validado para a população brasileira

por Fleck et al. (2000). O questionário WHOQOL-BREF formado por 26 questões, é

multidimensional e avalia a qualidade de vida geral, assim como os quatro domínios maiores:

saúde física, saúde psicológica, relações sociais e meio ambiente. O domínio da saúde física

contém questões relativas a performance das atividades físicas da vida diária, limitações

funcionais, níveis de energia e fadiga, dor, desconforto e sono. O domínio psicológico inclui

questões pertinentes a sentimentos positivos e negativos, e a fatores cognitivos (pensar,

aprender, memória e concentração). O domínio social refere-se a relacionamentos pessoais e

ao suporte social. E o domínio meio ambiente contém questões referentes a recursos

financeiros, transporte, ambiente e segurança física, proteção e atividades recreativas.

Para a coleta de dados, foi adotada a técnica com aplicação assistida, onde a própria

idosa preenchia seu questionário. Nos casos em que a idosa solicitava ajuda, o autor auxiliava

sem indicar nenhum tipo de resposta, somente explicando a pergunta e as respostas. O

questionário é composto pelos seguintes instrumentos: 1) Formulário de dados de

identificação e de Critério de Classificação Econômica do Brasil (ANEXO B) (ANEP, 1997)

22

e 2) Questionário de Qualidade de Vida (QV) da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-

BREF). Foram apresentados aos participantes do trabalho, os procedimentos detalhados do

uso dos instrumentos, bem como as informações sobre sua propriedade em termos de

confiabilidade e validade (MAZO, 2003). Em média, o tempo de preenchimento do

questionário pelos participantes foi de dez minutos. Os participantes não praticantes de

atividade física compareceram a sala 317 A do bloco M da UCB, sala destinada aos

professores de Anatomia Humana, que possui um espaço amplo e uma mesa de reunião

grande com oito cadeiras e um computador. Os participantes foram convidados a comparecer

em horários pré-determinados, sempre de cinco em cinco participantes, para uma melhor

atenção do pesquisador em relação as participantes do estudo.

4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

O teste de Kolmogorov-Smirnov foi utilizado para testar a normalidade da distribuição

das variáveis quantitativas (idade, domínio físico, domínio psicológico, domínio de relações

sociais, domínio do meio ambiente e pontuação total). O teste t de student para amostras

independentes foi utilizado para comparar, entre os grupos, a média das seguintes variáveis:

idade, domínio físico, psicológico e relações sociais. Como a distribuição dos dados de

domínio do meio ambiente e pontuação total foi não-paramétrica, utilizamos o teste de Mann-

Whitney para comparar, entre os grupos, os valores destas variáveis. O nível de significância

estabelecido foi de 5%.

23

4.6 ASPECTOS ÉTICOS

Todas as idosas que participaram do estudo o fizeram de forma voluntária, depois de

devidamente esclarecidas e orientadas quanto à natureza e ao significado do estudo proposto,

assinando um termo de consentimento pós-informado. Este trabalho foi apreciado e aprovado

pela Comissão de Ética da Universidade Católica de Brasília, conforme parecer (ANEXO D).

24

5. RESULTADOS

A amostra foi composta de mulheres idosas de idades variando entre 60 e 79 anos com

uma média de idade de 67,3 anos com desvio de ± 4,6 anos. As idades dos dois grupos,

Praticantes de Atividade Física Orientada (PAFO) e Não praticantes de Atividade física

Orientada (NPAFO), quando comparadas mostram uma similaridade com p= 0,59, tornando-

os totalmente comparáveis, conforme demonstrado no gráfico 1:

GRÁFICO 1: Média de idades dos grupos experimental e controle.

25

A média de pontuação total do questionário de qualidade de vida foi maior no grupo

PAFO, com pontuações variando entre 10 e 20 e uma linha mediana de 16 pontos, já que os

dados não são paramétricos. A média de pontuação total do questionário do grupo NPAFO foi

menor que a do grupo PAFO, onde as pontuações variaram de 7 a 18 tendo uma linha

mediana de 10 pontos, já que estes dados também não são paramétricos. O desvio padrão

desta comparação foi de p=0,001. Todos estes dados foram demonstrados no gráfico 2.

GRÁFICO 2: Pontuação total do questionário de qualidade de vida dos grupos

experimental e controle.

26

Em relação ao domínio físico (1) do questionário, observamos uma média de

pontuação de 15,3 com desvio padrão de ± 1,2 pontos para o grupo PAFO. A média obtida no

mesmo domínio pelo grupo de NPAFO foi de 11,8 com desvio padrão de ± 1,2. Tais

pontuações quando comparadas mostram uma média maior de pontuação para o grupo PAFO

em relação ao grupo NPAFO com p=0,001. Todos estes dados foram demonstrados no gráfico

3.

GRÁFICO 3: Pontuação do domínio físico do questionário de qualidade de vida dos

grupos experimental e controle.

27

Em relação ao domínio psicológico (2) do questionário, observamos uma média de

pontuação de 15,9 com um desvio de ± 1,1 ponto para o grupo PAFO. A média observada no

grupo NPAFO foi de 12,4 com desvio de ± 1,6 pontos. Observamos então que a média de

pontuação foi maior para o grupo PAFO em comparação ao grupo NAPFO com p=0,001.

Todas estas informações foram demonstradas no gráfico 4.

GRÁFICO 4: Pontuação do domínio psicológico do questionário de qualidade de vida

dos grupos experimental e controle.

28

Em relação ao domínio (3) sobre relações sociais do questionário, observamos uma

média de pontuação 16,9 com um desvio de 2,3 pontos para o grupo PAFO. Para o grupo

NPAFO foi constatada uma média de pontuação de 12,6 com um desvio de ± 3 pontos. Como

observado, a média de pontuação do grupo PAFO é maior do que a média do grupo NPAFO

com p= 0,001. Todas estas informações foram demonstradas no gráfico 5.

GRÁFICO 5: Pontuação do domínio de relações sociais do questionário de qualidade de

vida dos grupos experimental e controle.

29

Em relação ao domínio (4) sobre meio ambiente, observamos uma linha mediana, já

que os dados não são paramétrico, em torno de 16 pontos no grupo PAFO. A linha mediana

obtida no mesmo domínio para o grupo NPAFO foi de 9,5 pontos. Como observamos a linha

mediana do grupo PAFO é uma pontuação bem maior do que o grupo NPAFO com p= 0,001.

Estas informações são observadas no gráfico 6.

GRÁFICO 6: Pontuação do domínio meio ambiente do questionário de qualidade de

vida dos grupos experimental e controle.

30

6. DISCUSSÃO

Assim como nos trabalhos de Weuve et al. (2004); Lee (2003); Mazo (2003); Brill et

al. (2000); Adams et al. (1999); Paffenbarger & Lee (1996), e Fiatarone et al. (1994), a média

do valor total que caracteriza a percepção de qualidade de vida do idoso no questionário de

qualidade de vida, foi maior no grupo praticante de atividade física orientada (PAFO) do que

no grupo não praticante de atividade física orientada (NPAFO). Isto pode ter sido atribuído a

várias razões. As atividades físicas propostas no programa da UNATI visam um ganho ou

uma melhora cardiovascular e muscular, uma interação social com outras idosas, uma nova

visão de presente e futuro em relação as atividades de vida diária, e uma busca de lazer com

prazer visando saúde. Todos estes fatores alteram a percepção de qualidade de vida destas

idosas pelo aumento da auto-estima, pelo aumento da capacidade muscular de realização de

atividades prazerosas como danças, caminhadas, lazer com netos ou familiares, aumentando a

capacidade de realização de atividades de vida diária (AVD), e alterando totalmente a visão

de qualidade de vida e saúde enquanto praticantes destas atividades.

Pessoas que praticam atividades físicas regulares com alto nível de aptidão física

apresentam menores riscos de doenças cardiovasculares (PAFFENBARGER & LEE, 1996);

menor risco de desenvolver alguns tipos de câncer, como de colo de útero e de mama (LEE,

2003); melhora da função cognitiva e do declínio cognitivo em mulheres (WEUVE et al.,

2004) quando comparadas com idosos com baixo gasto energético. As atividades físicas

orientadas são importantes para que os idosos permaneçam com uma melhor aptidão física,

pois requerem um nível mínimo de força muscular, flexibilidade, coordenação e equilíbrio

(ADAMS et al., 1999; BRILL et al., 2000), e com isto, mantenham sua capacidade funcional,

melhorando sua qualidade de vida (FIATARONE et al., 1994). A possível relação entre

saúde, envelhecimento, exercícios físicos, capacidade funcional e qualidade de vida tem sido

31

objeto de estudo de inúmeros trabalhos científicos atuais como este. Integrar todas essas

variáveis é o objetivo de vários pesquisadores que almejam encontrar o segredo de um

envelhecimento saudável (OMS, 2006). De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina

do Esporte (SBME) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), o exercício

físico regular melhora a qualidade e expectativa de vida do idoso, beneficiando-o em vários

aspectos principalmente na prevenção de incapacidades (NÓBREGA et al., 2006).

Mazo (2003) confirma a suposição de associação positiva entre a prática de atividade

física e a melhora da qualidade de vida, o que fortalece a necessidade de manutenção, o

quanto possível, de uma vida ativa ao longo do processo de envelhecimento humano. Os

resultados deste estudo vêm contribuir para a operacionalização no contexto da região, do

plano de ação proposto pela Organização Mundial da Saúde na II Conferência Internacional

das Nações Unidas sobre o Envelhecimento, realizada em abril de 2002 em Madrid, quando

se definiram, as estratégias de promoção do envelhecimento ativo e saudável.

Em relação ao domínio físico do questionário aplicado, o grupo PAFO teve uma média

de pontuação maior do que o grupo NPAFO, concordando assim com os trabalhos de

Santarém (2006); Papaleu Netto (2002); Shephard (2002); Lee et al. (2001); Paffenbarger

(1996); Fiatarone (1994). Este fator se explica pela idéia de que quando uma idosa pratica

atividade física orientada, há um aumento da sua aptidão física com ganho de massa

muscular, de flexibilidade e equilíbrio, com conseqüente aumento das atividades de vida

diária. Ocorre também diminuição da sarcopenia e da obesidade abdominal, de quedas e

fraturas, bem como os riscos de doenças cardiovasculares, respiratórias, osteoarticulares e

posturais. Todos estes fatores geram autonomia das idosas melhorando de sobremaneira sua

qualidade de vida e saúde.

A intervenção pelos exercícios se constitui em uma medida eficaz para minimizar os

efeitos das alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento. Uma idosa

32

frágil e descondicionada, com limitações de força, equilíbrio e resistência, encontra

dificuldades para realizar as mais simples atividades da vida diária como banhar-se e vestir-

se; além de estar mais susceptível a quedas que podem resultar em fraturas e conseqüente

imobilidade. Muitas das dificuldades advindas com o avanço da idade são reversíveis,

podendo a idosa melhorar sua autonomia e capacidade funcional através da inserção do

exercício físico em sua rotina diária (PAPALÉU NETTO, 2002). A escolha do exercício

físico para pessoas idosas também é complexa. Muitas atividades que poderiam ser prazerosas

tornam-se inviáveis devido à perda de aptidão decorrente da idade avançada e do

sedentarismo (SANTARÉM, 2006).

O estilo de vida tem um papel fundamental na promoção de saúde e na qualidade de

vida durante o processo de envelhecimento. O fator idade não é por si só, um obstáculo para o

exercício físico. Diferentes estudos têm demonstrado que o declínio físico e funcional

associado ao envelhecimento, mesmo em sujeitos com idade avançada, pode ser revertido

através do exercício físico (FIATARONE, 1994; LEE et al., 2001; PAFFENBARGER, 1996;

SHEPHARD, 2002). Tal atividade pode contribuir com mudanças positivas aumentando a

capacidade física do idoso. Deste modo, verifica-se no presente estudo que a maioria das

idosas que participa da UNATI é ativa. Apesar disso, deve-se intervir nesta realidade,

incentivando as menos ativas, e orientando as demais a manter ou aumentar este nível.

No domínio psicológico do questionário de qualidade de vida aplicado neste trabalho,

o grupo PAFO teve uma média de pontuação maior que o grupo NPAFO. Tal resultado

também foi achado nos trabalhos de Machado (2003); Willcox et al. (2002); Souza (2002);

Allsen et al. (2001); Fung et al. (2000); Gonzalez Rey (1997); Ribeiro (1996);. Esta diferença

pode ter sido ocasionada por vários fatores. Quando se pratica atividade física tem-se um

aumento da autonomia e da dignidade, um enaltecimento do valor destas idosas, ajudando-as

a ter um papel mais ativo na sociedade, e a ampliação do círculo de amizades. Observa-se

33

uma melhora na composição corporal e da auto-estima, deixando visível a satisfação com a

auto-imagem, trazida da alegria e do humor oriundos do prazer em realizar atividades em

grupo.

No Brasil, assistir televisão é o maior componente na ocupação do tempo livre das

pessoas, principalmente das idosas (IBGE, 1998). De fato, esta ocupação de baixo dispêndio

energético que não exige nem desenvolve nenhuma capacidade física (ALLSEN et al., 2001;

WILCOX et al., 2002), o isolamento desta idosa do meio social, foram associados

significativamente aos marcadores bioquímicos de obesidade, risco de doenças

cardiovasculares e psicológicas como a depressão (FUNG et al., 2000; GONZALEZ REY,

1997; SOUZA, 2002). Neste contexto, observa-se que as idosas que participam de Grupos de

Convivência, como na UNATI, são mais ativas tanto nas atividades domésticas, como nas de

lazer (caminhada, ginástica, natação e atividades recreativas). Nos Grupos de Convivência são

realizadas atividades de lazer, culturais, intelectuais, físicas, manuais, artísticas e de convívio

grupal que podem favorecer uma vida ativa das idosas (MACHADO, 2003; RIBEIRO, 1996).

Neste estudo, com relação ao nível de atividade física e às características sócio-demográficas

das mulheres idosas, observou-se que as idosas menos ativas são mais velhas, “viúvas”, e não

fazem trabalho voluntário. Em relação ao nível de atividade física e à escolaridade das

mulheres idosas, ainda foi observado que, quanto mais baixo o nível de atividade física,

menor é o nível educacional das mesmas (LEE & PAFFENBARGER, 2001).

Como nos estudos de Ferreira (2003); Fleck et al. (2003); Machado (2003); Souza

(2002); Benedetti (1999); Lopes (1999), em relação ao domínio de relações sociais do

questionário de qualidade de vida, o grupo PAFO teve a média de pontuação superior ao

grupo NPAFO. Tal resultado pode ser relacionado a alguns aspectos psicossociais muito

importantes. Os benefícios psicossociais decorrentes da prática de atividade física orientada

são: o enaltecimento do valor destas idosas ajudando-as a ter um papel mais ativo na

34

sociedade; o aumento da integração sócio-cultural; formação de novos ciclos de amizades

com alargamento e aprendizado do convívio e das relações sociais.

Os estudos acadêmicos comprovam que o Programa de Atividade Física para os idosos

favorece a melhoria da aptidão física, do domínio corporal, da auto-estima e da capacidade

funcional, além de ampliar as relações sociais diminuindo a chance de aparecimento de

doenças psicossociais como a depressão (SOUZA, 2002). A assiduidade no programa e os

comentários dos idosos acentuam a importância da prática de atividade física regular

orientada, pois cada aula da atividade é um encontro social com busca de contato interpessoal,

ensinando e estimulando o convívio (BENEDETTI, 1999; LOPES, 1999; MACHADO,

2003). As famílias de idosas praticantes de educação física sentem-se melhor com o aumento

da autonomia e com a diminuição dos cuidados básicos terceirizados, tais como higiene

pessoal, alimentação, visitas a médicos, tornando o convívio familiar muito mais prazeroso,

melhorando as relações interfamiliares (FERREIRA, 2003; FLECK et al., 2003, LOPES,

1999).

Contradizendo aos trabalhos de Alves et al, (2004); Benedetti (2004); Conte (2004);

Mazo et al, (2004); Mazzeo et al, (2004); Weuve et al. (2004); Mazo, (2003); Allsen et al.

(2001); Benedetti (1999); Chodzko-Zajkow (1999); Gonçalves et al, (1999); Mota (1999);

Safons (1999); Lopes & Siedler, (1997); Usdhhs (1996); Júnior & Ribeiro, (1995), a média da

pontuação do grupo PAFO foi superior ao NPAFO em relação ao domínio quatro do

questionário de qualidade de vida aplicado no estudo, que diz respeito ao meio ambiente.

Neste trabalho observou-se esta diferença estatisticamente significativa. Tal resultado pode

tentar ser explicado por algumas hipóteses importantes, como as idosas praticantes de

atividade física ter uma mudança física, psicossocial e relacional, na qual há uma alteração ao

seu modo de pensar, viver, de sua visão de vida futura, comportamento e percepção do meio

ambiente. Observamos algumas confusões em relação às percepções do meio ambiente e do

35

bem estar. Um exemplo de confusão pode ser a percepção de uma melhora na poluição do ar,

mas na verdade o que está acontecendo é uma melhora do seu próprio sistema cardio-

respiratório, com aumento da captação e transporte do oxigênio no seu corpo, dando uma

impressão de que a melhora é do meio ambiente. Outra confusão na percepção pode ser, por

exemplo, na questão do próprio meio de locomoção, onde a idosa por ser mais ativa

fisicamente, consegue se locomover melhor, subir num ônibus, caminhar mais rápido, por

mais tempo e sem dor, se mover mais rápido, dentre outros. Todas estas alterações dão a

impressão que o meio de transporte público ou particular usado, seja melhor no grupo

praticante de atividade física do que o grupo não praticante que tem uma dificuldade (física)

de se locomover. A melhora relacional com a família, com os amigos, com os novos contatos

traz para a idosa uma visão melhor até mesmo da sua moradia. Quando estamos bem tudo fica

melhor, aquela casinha pequena mal cuidada, agora já se encontra bem cuidada, pois a idosa

já consegue (fisicamente) cuidar da casa. O que era sujo agora está limpo, alterando sua auto-

percepção, auto-eficiência e autoconfiança em relação a sua moradia e a todos os domínios.

De acordo com Benedetti (2004), a idosa praticante de atividade física recupera e até

mesmo empondera suas percepções, seu equilíbrio, noções de espaço, tornando assim o meio

ambiente menos hostil.

36

7. CONCLUSÃO

A qualidade de vida das idosas não institucionalizadas participantes do programa de

atividade física orientada do grupo da UNATI foi avaliada como muito boa.

Quando comparadas com idosas não institucionalizadas e não praticantes de atividade

física orientada, verificou-se uma diferença estatisticamente significativa, mostrando uma

melhor qualidade de vida para o grupo praticante de atividade física orientada, do que para o

grupo não praticante de atividade física orientada.

Em relação aos domínios do questionário nos campos físico, psicológico, relação

social e meio ambiente, o grupo praticante de atividade física é melhor em cada um deles,

quando comparados com o grupo não praticante de atividade física orientada.

Assim sendo, torna-se necessário intervir nesta realidade, através de divulgação dos

programas de atividade física orientada para idosos. Essa divulgação engloba a disseminação

das informações na mídia, em folhetos explicativos e por meio de palestras enfocando a

importância da prática de atividade física orientada. Não se pode esquecer da disponibilização

de recursos financeiros para melhorar as condições de vida dos idosos, bem como do

investimento na qualificação de profissionais para atuar nesta faixa etária, visando equilibrar o

nível de atividade das idosas menos ativas com as mais ativas, além de manter ou aumentar o

nível de atividade do grupo das idosas mais ativas.

37

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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46

ANEXOS

ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Nome do voluntário: _________________________________________________________ Pesquisador responsável: PROF. MARCELO CÉSAR MACHADO DE CARVALHO Contato: (61) 33569341 / 33464649 / 92144379 E-mail: [email protected] ORIENTADOR: PROF. DR. GUSTAVO DE AZEVEDO CARVALHO O presente trabalho: “ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES IDOSAS.” Visa avaliar e comparar a qualidade de vida de idosas com 60 anos ou mais da cidade de Taguatinga ou entorno, praticantes de atividades físicas orientadas de musculação e hidroginástica da UNATI (Universidade Aberta a Terceira Idade), com idosas não praticantes de atividades físicas orientada. Estarão excluídas mulheres idosas com déficit cognitivo grave, e ou analfabetas, e ou impossibilitadas de comparecer à Universidade Católica quando recrutadas. A metodologia de avaliação segue um protocolo de preenchimento de uma ficha de identificação, logo após a leitura deste termo de consentimento e assinatura, e finalmente o preenchimento de um questionário de Qualidade de Vida - Abreviado de 26 questões validado no Brasil, da Organização Mundial de Saúde. O voluntário tem a liberdade de recusar a sua participação ou retirar o seu consentimento em qualquer momento ou fase da pesquisa, sem qualquer tipo de penalização ou dano à sua pessoa. É garantido o sigilo total e a privacidade dos dados confidenciais dos envolvidos na pesquisa. Os dados e informações provenientes deste trabalho serão utilizados com fins de publicação e produção da presente dissertação. Eu ________________________________________________________________________ Venho por meio desta manifestar meu consentimento em participar da amostragem da pesquisa acima referida, estando consciente acerca da sua justificativa, objetivos e procedimentos a serem utilizados. Estou ciente ainda de que, em qualquer momento que me sentir constrangido em participar do presente trabalho, comunicarei ao seu autor e serei, desta forma excluída da pesquisa.

Brasília, ________ de _______________________de 2006.

________________________________ ___________________________ Assinatura do paciente Pesquisador

47

ANEXO B – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO UCB

1.Nome: __________________________________________________________________ 2. Sexo: Masculino Feminino 3. Naturalidade: ___________________Nacionalidade:_________________________ Data de Nasc.: ___________________ Idade: _________________ 4. Estado Civil: __________ Nome do Cônjuge:______________________________ 5. Endereço Residencial: __________________________________________________ _________________________________________________________________________ Bairro: ________________________ CEP: ____________________ Cidade: ____________________ Estado: _______________________ Tel.: _______________________ Cel.: __________________________ Email: _____________________________________________________ 6. Ocupação: ______________________________________________________________ 7. Renda:

1 a 3 salários mínimos 4 a 6 salários mínimos Mais de 6 salários mínimos

8. Praticante de atividade física orientada? SIM NÂO 9. Se marcou sim na questão 9, informe qual atividade pratica: Hidroginástica Musculação

48

ANEXO C – QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA (OMS)

Instruções

Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.

Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:

nada Muito pouco

médio muito completamente

Você recebe dos outros o apoio de que necessita?

1 2 3 4 5

Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.

nada Muito pouco médio muito completamente

Você recebe dos outros o apoio de que necessita?

1 2 3 5

Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.

Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.

muito ruim Ruim nem ruim nem boa boa muito boa

1 Como você avaliaria sua qualidade de

vida? 1 2 3 4 5

muito

insatisfeito Insatisfeito

nem satisfeito nem insatisfeito

satisfeito muito satisfeito

2 Quão satisfeito(a) você está

com a sua saúde? 1 2 3 4 5

As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.

nada muito pouco

mais ou menos

bastante extremamente

3 Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de fazer o que você precisa?

1 2 3 4 5

4 O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar sua vida diária?

1 2 3 4 5

49

5 O quanto você aproveita a vida? 1 2 3 4 5

6 Em que medida você acha que a sua vida tem sentido?

1 2 3 4 5

7 O quanto você consegue se concentrar? 1 2 3 4 5

8 Quão seguro(a) você se sente em sua vida diária? 1 2 3 4 5

9 Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)?

1 2 3 4 5

As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.

nada muito pouco

médio muito completamente

10 Você tem energia suficiente para seu dia-a- dia? 1 2 3 4 5

11 Você é capaz de aceitar sua aparência física? 1 2 3 4 5

12 Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades?

1 2 3 4 5

13 Quão disponíveis para você estão as informações que precisa no seu dia-a-dia?

1 2 3 4 5

14 Em que medida você tem oportunidades de atividade de lazer?

1 2 3 4 5

As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.

muito ruim ruim nem ruim nem bom

bom muito bom

15 Quão bem você é capaz de se

locomover? 1 2 3 4 5

muito

insatisfeito Insatisfeito

nem satisfeito nem

insatisfeito satisfeito

Muito satisfeito

16 Quão satisfeito(a) você está com o

seu sono? 1 2 3 4 5

17 Quão satisfeito(a) você está com sua

capacidade de desempenhar as atividades do seu dia-a-dia?

1 2 3 4 5

18 Quão satisfeito(a) você está com sua

capacidade para o trabalho? 1 2 3 4 5

50

19 Quão satisfeito(a) você está consigo

mesmo? 1 2 3 4 5

20 Quão satisfeito(a) você está com suas relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas)?

1 2 3 4 5

21 Quão satisfeito(a) você está com sua

vida sexual? 1 2 3 4 5

muito

insatisfeito Insatisfeito

nem satisfeito nem

insatisfeito satisfeito

Muito satisfeito

22 Quão satisfeito(a) você está com o apoio que você recebe de seus

amigos? 1 2 3 4 5

23 Quão satisfeito(a) você está com as condições do local onde mora?

1 2 3 4 5

24 Quão satisfeito(a) você está com o seu acesso aos serviços de saúde?

1 2 3 4 5

25 Quão satisfeito(a) você está com

o seu meio de transporte? 1 2 3 4 5

As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas semanas.

nunca Algumas

vezes freqüentemente

muito freqüentemente

sempre

26 Com que freqüência você tem

sentimentos negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade, depressão?

1 2 3 4 5

Alguém lhe ajudou a preencher este questionário? ..................................................................

Quanto tempo você levou para preencher este questionário? ..................................................

Você tem algum comentário sobre o questionário?

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