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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
COLETA SELETIVA DE LIXO
Por: Simone Queiroga Ribeiro
Orientadora
Professora Vera Agarez
Rio de Janeiro
2009
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
COLETA SELETIVA DE LIXO
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão Ambiental
Por:. Simone Queiroga Ribeiro
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me deu a vida e
força para chegar até aqui...
À minha família que se privou da minha
presença em muitos momentos no
decorrer do curso...
A todos os meus colegas de classe...
A todo o corpo docente do Instituto A
Vez do Mestre que contribuíram para
minha formação...
A grande amiga Jaqueline Macedo que
me incentivou, apoiou e me cedeu um
amplo material de pesquisa...
A todos um muito obrigada
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha querida
mãe Miriam a quem devo tudo que sou e
amo muito.
A minha irmã Sheila que me incentivou a
fazer pós-graduação e que tenho grande
admiração.
Ao meu afilhado Matheus, que tenho
imenso amor e carinho.
As meus amigos que fiz durante o curso:
Anna, Marinalva, Bianca, Vanessa,
Felipe, Marne, Josie, Ana Crisitna,
Aguinaldo, Ronaldo: À vocês o meu
imenso carinho.
RESUMO
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Hoje em dia as autoridades sanitárias tem voltado sua atenção para os
problemas causados pelo lixo produzido nas grandes cidades, buscando
alternativas e soluções para minimizar as agressões que causam ao meio
ambiente e à saúde pública.
Como é uma questão que envolve entre outros fatores, hábitos, atitudes
e costumes das pessoas, torna-se um problema que, para cada local exige
solução apoiada nas condições e peculiaridades de cada região.
O estudo apresentado aborda os aspectos gerais sobre o lixo,
contemplando o aumento e a geração dos resíduos, os problemas que
envolvem sua destinação final e em específico os materiais que podem ser
usados nos programas de coleta seletiva tais como: plástico, papel, metal,
vidro e matéria orgânica, além da viabilidade econômica, social e ambiental da
reciclagem.
As considerações evidenciaram a necessidade de um maior
planejamento das coletas, com ênfase para sua área operacional, a
participação do poder público e da comunidade, sempre procurando
desenvolver programas que atendam aos interesses sociais e que acima de
tudo haja sensibilização, conscientização, mudanças de atitudes e novos
hábitos em relação a preservação do meio ambiente.
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METODOLOGIA
As informações do presente trabalho foram obtidas através do
levantamento bibliográfico e realizado com leitura de textos para análise de
dados referentes ao tema, onde estes abordavam conceitos e pesquisas
realizadas com resíduos sólidos.
A busca de fontes também se deu nos sites da internet que muito
contribuíram para aumentar o conhecimento sobre o assunto escolhido.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
LIXO: CONCEITUAÇÃO 10
CAPÍTULO II
O LIXO E O CONSUMO 24
CAPÍTULO III
A RECICLAGEM 35
CAPÍTULO IV COLETA SELETIVA DE LIXO 43 CONCLUSÃO 54 ANEXOS 56
BIBLIOGRAFIA 57
WEBGRAFIA 59 ÍNDICE 60
8
INTRODUÇÃO
O crescimento populacional e o desenvolvimento econômico
exacerbados tem diversas formas de agressão ao meio ambiente. Como estas
agressões re revertem em danos para o próprio homem, cada vez mais os
governos e a sociedade têm percebido a grande importância da preservação e
aproveitamento dos recursos naturais.
Conforme a população cresce, conseqüentemente há um aumento
bastante considerável na produção e acúmulo de lixo, o que acarreta uma
preocupação maior com os problemas ambientais e da saúde pública que são
causados pelo mesmo.
O lixo sempre existiu, mas era produzido em pequenas quantidades e
basicamente constituído por restos de alimentos tais como: cascas de frutas,
verduras e etc. A produção e o consumo aumentaram tanto que chegaram
num ponto em que se formou uma sociedade do consumo. Um estilo de vida
em que quase tudo é comprado, no qual nada do que se usa é produzido em
casa. A mídia apela para que se consuma mais e nem sempre é necessário.
A mais grave conseqüência desse comportamento da sociedade é a grande
produção de lixo.
É urgente pensar em soluções educativas para o tratamento do lixo
domiciliar, e que possam ser empregadas corretamente sem acarretar
prejuízos ao meio ambiente quanto à saúde de todos.
Uma das alternativas para minimizar o impacto na natureza e aumentar
a qualidade de vida dos cidadãos é a educação ambiental. Através do ensino,
os problemas ambientais podem ser abordados sob diferentes aspectos
(históricos, econômicos, sociais e ecológicos) criando um ambiente vantajoso
para a busca conjunta de soluções compatíveis com a realidade da
comunidade local.
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Com a educação ambiental, as pessoas e a coletividade adquirem
conhecimentos, valores, habilidades e comportamentos práticos para participar
da preservação e das soluções relativas ao meio ambiente.
“Para cuidar do planeta precisamos todos passar por uma alfabetização
ecológica e rever nossos hábitos de consumo. Importa desenvolver uma ética
do cuidado”. (Boff, 2000 p.134).
Neste trabalho pretende-se refletir sobre a responsabilidade individual
no tratamento do lixo doméstico para preservação do meio ambiente e,
conseqüentemente à saúde, pois este se tornou um dos maiores problemas
ambientais nos dias de hoje.
O lixo é um problema sério, cuja solução depende de um grande esforço
da sociedade em geral. Percebe-se que há um aumento na produção de lixo,
daí a importância de se procurar novos caminhos e na mudança de
comportamentos para resolver esta questão.
Este estudo apontará caminhos que podem superar esse problema,
baseados na adoção de novos valores e mudanças de atitudes, que por
conseguinte, nos levará a construir um mundo socialmente justo e
ecologicamente equilibrado.
A implantação da coleta seletiva de lixo para posterior reciclagem , é
uma das opções que tornará o problema do lixo menos agressivo, uma vez que
anteriormente ele era depositado sem nenhuma seleção nas portas da casa ou
nas ruas, passará a ser selecionado possibilitando uma nova fonte de renda
para a comunidade. Com isso irá gerar mais um benefício para o meio
ambiente e possível formação de consciência ecológica.
CAPÍTULO I
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LIXO: CONCEITUAÇÃO
Lixo também chamado de rejeito é todo e qualquer resíduo sólido
resultante das atividades humanas de origem: industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços da construção civil, e de varrição. Nesta
definição inclui-se também os lodos provenientes de sistemas de tratamento
de água aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face a
melhor tecnologia disponível; como por exemplo: chorume e resíduos
procedentes da criação de suínos.
De acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde, é
“qualquer coisa que seu proprietário não quer mais, em um dado lugar e num
certo momento, e que não possui valor comercial.” Para Aurélio Buarque de
Holanda, no novo dicionário da língua portuguesa, lixo é “aquilo que se varre
da casa, do jardim, da rua, e se joga fora; entulho; tudo o que não presta e se
joga fora; sujidade, sujeira, imundície; coisa ou coisas inúteis, velhas, sem
valor.”
1.1- Classificação do resíduos sólidos (lixo)
As pessoas geralmente consideram o lixo tudo aquilo que se joga fora e
que não tem mais utilidade. Mas, se olharmos com cuidado, veremos que o lixo
não é uma massa indiscriminada de materiais. Ele é composto de vários tipos
de resíduos que precisam de manejo diferenciado. Assim pode ser classificado
de várias maneiras.
O lixo pode ser classificado como “seco” ou “úmido”. O lixo “seco” é
composto por materiais potencialmente recicláveis (papel, vidro, lata, plástico,
etc.) Entretanto, alguns materiais não são reciclados por falta de mercado,
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como é o caso de vidros planos e etc. O lixo “úmido” corresponde à parte
orgânica dos resíduos, como as sobras de alimentos, cascas de frutas, restos
de poda e etc., que pode se usada para compostagem. Essa classificação é
muito usada nos programas de coleta seletiva, por ser facilmente
compreendida pela população.
Quanto à composição química, o lixo pode ser dividido em dois grupos:
• Orgânico: papel, jornais, revistas, plásticos, embalagens, borracha,
pneus, luvas, remédios, restos de alimentos, restos de colheita, etc.
• Inorgânico: metais, vidros, cerâmicas, areia, pedras, etc.
O lixo também pode ser classificado de acordo com seus riscos potenciais.
Segundo a Norma NBR/ABNT 10.004/2004, quanto a toxicidade os resíduos
sólidos podem ser enquadrados em uma das duas classes:
• Classe I: perigosos: são aqueles que por causa de suas propriedades
físicas, químicas ou infecto-contagiosas podem apresentar riscos à saúde
da população ou ao meio ambiente, incluem-se, ainda os inflamáveis,
corrosivos, reativos tóxicos ou patogênicos.
• Classe II: Não perigosos, subdivididos em:
Classe II-A: Não inertes: apresentam características como
biodegradabilidade, solubilidade, ou combustibilidade, como os restos
de alimentos e o papel.
Classe II–B: inertes: são decompostos facilmente, como plásticos e
borrachas.
Quaisquer materiais resultantes de atividades que contenham
radionuclídeos e para os quais a reutilização é imprópria são considerados
rejeitos radioativos e devem obedecer às exigências definidas pela Comissão
Nacional de Energia Nuclear – CNEN.
O lixo também pode ser, por exemplo, domiciliar ou doméstico, público, de
serviços de saúde, industrial, agrícola, de construção civil e outros. Essa é a
forma de classificação usada nos cálculos de geração de lixo.
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• Domiciliar: são resíduos originados das residências. É muito
diversificado, mas contém restos de alimentos, produtos deteriorados,
embalagens em geral, retalhos, jornais, revistas, fraldas descartáveis,
papel higiênico, etc...
• Comercial: são os resíduos provenientes dos diversos
estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como supermercados,
lojas, hotéis, bancos, escritórios, bares, restaurantes e etc...
• Público: no caso de ser proveniente dos serviços públicos: limpeza
urbana, limpeza de áreas de feiras livres, restos de poda e produtos de
varrição das áreas públicas, limpeza de praias e galerias pluviais e
outros.
• Hospitalar: quando descartado em hospitais, farmácias, consultórios
médicos ou odontológicos, Laboratórios e etc ... É potencialmente perigoso,
pois pode conter materiais contaminados com agentes biológicos ou
perigosos, produtos químicos e quimioterápicos, resíduos sépticos: como
seringas, agulhas, lâminas, ampolas de vidro, algodões, tecidos removidos,
cadáveres de animais usados em testes, sangue, luvas, remédios com
prazo de validade vencido, resíduos assépticos, que não entram em contato
direto com pacientes, etc...
• Industrial: se produzido em instalações industriais. O tipo de lixo varia
de acordo com o ramo de atividade da indústria. produtos químicos, metais,
óleo, plásticos, papéis, borrachas, cinzas, vidros, etc. Nessa categoria está
a maior parte dos materiais considerados perigosos ou tóxicos;
• Radioativo, quando procedente de atividades nucleares: aparelhos
radioativos, sub-produtos nucleares, resíduos de geração de energia
nuclear, pilhas, baterias, celulares, etc...
• Agrícola: resulta das atividades de agricultura e pecuária. É constituído
por embalagens de agrotóxicos, rações, adubos, restos de colheita, dejetos
da criação de animais, defensivos agrícolas.
• Entulhos: são resíduos originados da construção civil, reformas,
demolições, solos de escavações, pedras, tábuas, ladrilhos, caixotes, etc.
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No Brasil, a geração de lixo per capita varia de acordo com o porte
populacional do município. Segundo dados da Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico(PNSB), elaborada pelo IBGE em 2000, a geração per
capita de resíduos no Brasil varia entre 450 e 700 gramas para os municípios
com população inferior
a 200 mil habitantes e entre 700 e 1.200 gramas em municípios com
população superior a 200 mil habitantes.
1.1.2 - Resíduos perigosos
Os resíduos industriais e alguns domésticos, como restos de tintas,
solventes, aerossóis, produtos de limpeza, lâmpadas fluorescentes,
medicamentos vencidos, pilhas e outros, contêm significativa quantidade de
substâncias químicas nocivas ao meio ambiente.
As estimativas mostram que existem de 70 a 100 mil produtos químicos
sintéticos, utilizados de forma comercial na agricultura, na indústria e em
produtos domésticos. Infelizmente, as suas conseqüências são percebidas
apenas depois de muito tempo de uso. Foi o que aconteceu com o
clorofluorcarbono, mais conhecido como CFC, que há bem pouco tempo era
amplamente usado em aerossóis, isopor, espumas, sistemas de ar
condicionado, refrigeradores e outros produtos, até descobrir-se que sua
liberação na atmosfera vinha causando a destruição da camada de ozônio.
Muitos desses produtos contêm metais pesados, como mercúrio,
chumbo, cádimo e níquel, que podem se acumular nos tecidos vivos, até atingir
níveis perigosos para a saúde. Os efeitos da exposição prolongada do homem
a essas substâncias ainda não são totalmente conhecidos. No entanto, testes
em animais mostraram que os metais pesados provocam serias alterações no
organismo,
como aparecimento de câncer, deficiência do sistema nervoso e
imunológico, distúrbios genéticos e etc..
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Quando não são adequadamente manejados, os resíduos perigosos
contaminam o solo, as águas, e o ar. Seguem alguns exemplos de resíduos
perigosos, que devem ser dispostos adequadamente para evitar riscos ao
homem e ao meio ambiente:
• Pilhas: algumas pilhas de uso doméstico ainda possuem elevadas
concentrações de metais pesados. Porém, como o processo de reciclagem
é complicado e caro, não é realizado na maioria dos países. Por isso, o
consumo de pilhas que contêm altas concentrações de metais pesados e
de pilhas de origem incerta deve ser evitado. A Legislação Brasileira
(Resolução CONAMA 257/99) estabelece que as pilhas alcalinas do tipo
manganês e zinco-manganês, com elevados teores de chumbo, mercúrio e
cádimo, devem ser recolhidas pelo importador ou revendedor. Para melhor
informar o consumidor, esta Resolução estabelece que as cartelas das
pilhas contenham informações sobre o seu descarte. Assim, ao comprar
pilhas, é sempre bom verificar na embalagem as informações sobre os
metais que a compõem e como descarta-las.
• Baterias: as baterias de automóveis, industriais, de telefones celulares
e outras também contém metais pesados em concentração elevada. Por
isso, devem ser descartadas de acordo com as normas estabelecidas para
proteção do meio ambiente e da saúde. O descarte das baterias de carro,
que contêm chumbo, e de telefones celulares, que contêm cádimo,
chumbo, mercúrio e outros metais pesados, deve ser feito somente nos
postos de coleta mantidos por revendedores, assistências técnicas ,
fabricantes e importadores – é deles a responsabilidade de recolher e
encaminhar esses produtos para destinação final ambientalmente
adequada. O mesmo vale para qualquer outro tipo de bateria, devendo o
usuário criar hábito de ler as instruções de descarte presente nos rótulos ou
embalagens dos produtos.
• Lâmpadas fluorescentes: mais econômicas, as lâmpadas se tornaram muito populares no Brasil, principalmente em função da necessidade de
economizar energia durante o período de racionamento de energia elétrica,
ocorrido em 2001. Isso, no entanto, criou um problema, uma vez que as
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lâmpadas fluorescentes contêm mercúrio, um metal pesado altamente
prejudicial ao meio ambiente e à saúde. Como ainda não há dispositvios
legais específicos que regulem o descarte nem o interesse dos fabricantes
em proporcionar soluções tecnológicas e sistemas de destinação
adequados para esse tipo de material, toda essa quantidade de lâmpadas
fluorescentes vem sendo descartada junto com o lixo domiciliar. Caso o lixo
seja encaminhado para um lixão ou aterro controlado, o mercúrio poderá
contaminar o ambiente, colocando a saúde da população em risco. O
consumidor pode usar seu poder de escolha e de pressão sobre as
autoridades e as empresas, exigindo o estabelecimento de medidas
adequadas e seguras para o descarte desse tipo de lâmpada e de outros
resíduos perigosos.
1.1.3 – Resíduos indesejáveis
Os pneus usados são classificados como inertes, sendo considerados
resíduos indesejáveis do ponto de vista ambiental. A grande quantidade de
pneus descartados tornou-se um sério problema ambiental. Segundo a
Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, o Brasil descarta,
anualmente, cerca de 21 milhões de pneus de todos os tipos: de trator,
caminhão, automóvel, carroça, moto, avião e bicicleta, entre outros. Quando
descartados inadequadamente, por exemplo, em lixões, propiciam o acúmulo
de água em seu interior e podem contribui para a proliferação de mosquitos
transmissores da dengue e do cólera.. Quando descartados em rios e lagos
podem contribuir para o assoreamento e enchentes. Quando são queimados,
produzem emissões extremamente tóxicas, devido à presença de substâncias
que contêm cloro (dioxinas e furanos).
Por esse motivo, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) proibiu o
descarte e a queima de pneus a céu aberto e responsabilizou fabricantes e
importadores pela destinação final ambientalmente adequada daqueles que
não tiverem mais condições de uso. De acordo com a Resolução CONAMA nº
258/1999, a partir de 2004, para cada pneu novo fabricado, o fabricante deve
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recolher um em desuso (inservível) e, a partir de 2005, para cada quatro pneus
novos, a empresa deverá recolher cinco pneus inservíveis.
Existem várias formas de reutilizar os pneus, como por exemplo,
fazendo a recauchutagem. Ainda a partir dos pneus, pode-se produzir um pó
de borracha que serve para fabricar tapetes, solados de sapatos, pneus e
outros artefatos.
No Brasil e em muitos outros países, os pneus inservíveis já tem sido
utilizados na pavimentação de estradas, misturando-se a borracha ao asfalto.
1.2 – Impactos ambientais
O lixo domiciliar se não for retirado regularmente, representa perigo de
incêndios e deturpa a aparência das comunidades. Quando alterado os cursos
d’água, provoca o assoreamento dos leitos e a diminuição da vazão, podendo
provocar inundações que em alguns lugares, chegam a ser catastróficas. A
disposição em encostas produz cargas suplementares nos taludes, podendo
causar deslizamentos, que, em áreas habitadas (favelas) podem resultar em
prejuízos financeiros e em vítimas.
Tintas, óleos automotivos, detergentes comuns, solventes, baterias ,
pilhas, e metais pesados representam um percentual de menos 1% do lixo
domiciliar, mas podem significar graves problemas para a poluição do solo, das
águas e do ar.
Pequeninas quantidades de algumas substâncias inflamáveis podem
causar incêndios e explosões, libertar fumaça tóxica, contaminar o solo e a
água
do subsolo, além de poder causar ferimentos as pessoas que manejam tal tipo
de resíduos.
A Baía de Guanabara teve enormes prejuízos causados pela poluição
através do lixo domiciliar e isso não pode ser menosprezado: a própria matéria
orgânica contida no lixo reduz o teor de oxigênio na água, causando danos à
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fauna e a flora locais. Os metais pesados, concentrando-se através da cadeia
alimentar, podem causar danos à saúde pública.
O lixo administrado sem critério tem forma, cor, e cheiro e isso causa
impactos ambientais. O ar, a água e o solo são poluídos. No ar, pairam gases
da decomposição do lixo; o odor é desagradável, doce e ácido; a fumaça é
constante. O chorume penetra no solo e chega as águas subterrâneas,
contaminado-as. Mesmo as águas superficiais dos rios, podem ser e são
atingidas. O solo fica inutilizado e não serve mais para plantar.
Segundo GRIPPI (2006), todo resíduo gerado dentro do município deve
ser adequadamente coletado, disposto em locais seguros de forma a não
permitir a poluição do solo e dos recursos hídricos, como ocorre se o lixo for
disposto em terrenos junto às habitações, podendo propiciar o surgimento de
animais nocivos ao homem, vetores de doenças.
Nos países em desenvolvimento como o Brasil, O lixo urbano está
associado a vários problemas de ordem ambiental, sanitária, social e
econômica. Percebe-se que a maioria dos resíduos sólidos gerados no meio
urbano são dispostos em condições sanitárias inadequadas, que conduzem a
impactos ambientais, a algum tipo de desequilíbrio ecológico e danos à saúde
da população. A tendência das pessoas é se livrar do lixo de qualquer maneira,
geralmente pelo meio que estiver disponível e mais fácil. Estima-se que a
crescente proliferação de ratos, moscas e baratas deve-se à prática do
lançamento de lixo em locais não apropriados ou em aterros mal controlados.
Estes animais disseminados em locais de despejo de lixo inadequados são
considerados vetores responsáveis pela transmissão de várias doenças. O
conceito global de que lixo é inesgotável (alguns cientistas afirmam que para
acabar com o lixo será preciso acabar também com o homem) e os males
causados por formas inadequadas de disposição dos mesmos, como já
afirmado, têm levado a comunidade cientìfica a conclusão óbvia de que a
produção de lixo é infinita, esta deve ser pelo menos reduzida e ter uma
destinação final adequada.
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Alguns autores acreditam que as usinas de triagem apresentam-se
como uma alternativa viável para o adequado gerenciamento do lixo urbano,
cuja responsabilidade vem a ser das prefeituras municipais, e citam como
maiores benefícios: diminuição no volume do lixo que necessita ser aterrado,
aumento da vida útil do aterro existente, melhoria das condições ambientais e
sanitárias dentro do município, economia de matéria-prima virgem, economia
de energia, benefícios sociais, geração de empregos diretos e indiretos,
geração de renda com a venda do composto orgânico e de materiais
recicláveis, despertar do sentimento de cidadania.
Existe um teor médio de resíduos orgânicos presentes no lixo urbano,
70% favorece a compostagem, onde em geral se desenvolve em uma área
paralela ao local do aterro. Os resíduos orgânicos têm um fator de
preocupação importante com relação a sua adequada disposição, tendo em
vista que estes resíduos, quando descartados em lixões ou aterros
inadequados, entram em estado de decomposição, gerando gases e líquidos
altamente poluidores e de odor desagradável, o que atrai vetores como os já
mencionados, além de liberarem substâncias tóxicas que poluem os recursos
hídricos e o lençol freático através da lixiviação do chorume (líquido resultante
da putrefação dos resíduos orgânicos que carreiam nutrientes, sólidos em
suspensão e dissolvidos, produtos tóxicos e microorganismos patogênicos),
desta forma podem acidentalmente atingir o homem através da cadeia
alimentar.
1.3 - Para onde vai o lixo?
Todo o lixo gerado tem um destino, ou seja: 76% do lixo coletado no
país fica a céu aberto, ou seja, 182400 toneladas que é coletado por dia. O
restante
vai para aterros controlados ou sanitários, usinas de compostagem,
incineradores e uma insignificante parte é recuperada em centrais de
reciclagem.
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Estima-se que o Brasil perca, por ano R$ 4,6 bilhões (cálculo de 1996)
no mínimo, ao não reaproveitar o lixo que produz. 40% dos municípios não
recebem nenhum serviço de coleta de lixo. 40 mil toneladas de lixo ficam sem
coleta diariamente. A coleta seletiva é praticada em pouco mais de 80
municípios brasileiros, basicamente nas regiões sul e sudeste do país. O
motivo disso é que reciclar é quinze vezes mais caro que jogar lixo em aterros.
Os aterros sanitários é uma das alternativas para o destino do lixo, que
é um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo,
particularmente, lixo doméstico, 88% que fundamentado em “normas
operacionais específicas e critérios de engenharia, permite a confinação
segura em termos de controle de poluição ambiental, proteção à saúde
pública”, ou “forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo,
através de confinamento em camadas cobertas com material inerte,
geralmente, solo, de acordo com normas operacionais específicas, e de modo
a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os
impactos ambientais”. Atualmente os aterros sanitários recebem
aproximadamente 16.000 toneladas por dia de lixo domiciliar, praticamente
bruto, que contribui para que sua vida útil se esgote de maneira muito rápida.
O aterro controlado é uma outra técnica de disposição de resíduos
sólidos urbanos no solo, sem causar riscos ou danos à saúde pública e a sua
segurança, minimizando os impactos no meio ambiente. Esta técnica utiliza
princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com
uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.
Porém esta forma de disposição produz, em geral, poluição localizada porque
geralmente não dispõe de impermeabilização de base (comprometendo a
qualidade das águas subterrâneas), nem sistemas de tratamento de chorume
ou dispersão dos gases gerados. Este método é preferível ao lixão, mas,
devido aos problemas
ambientais que causa e aos seus custos de operação, a qualidade é inferior ao
aterro sanitário.
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Outra forma de destinação do lixo é o lixão. Ele é um local onde há uma
inadequada disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela
simples descarga sobre o solo sem medidas de proteção ao meio ambiente ou
à saúde pública. É o mesmo que descarga de resíduos a céu aberto. Os
resíduos depositados desta forma acarretam problemas à saúde pública, como
proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.),
geração de maus odores e principalmente, a poluição do solo e das águas
superficiais e subterrâneas através do chorume (líquido de cor preta, mau
cheiroso e de elevado potencial poluidor produzido pela decomposição da
matéria orgânica contida no lixo), comprometendo os recursos hídricos.
Nota-se que há um total descontrole quanto aos tipos de resíduos
recebidos nesses locais, verificando-se até mesmo a disposição de dejetos
originados dos serviços de saúde e das indústrias. Normalmente os lixões são
associados a fatos altamente indesejáveis, como a criação de porcos e a
existência de catadores (que muitas vezes, residem no próprio local).
Para a quantidade de lixo orgânico produzido foi criada a compostagem
que é um processo pelo qual determinados tipos de materiais podem ser
decompostos e misturados para transformarem-se em adubo. Na
compostagem a decomposição da matéria orgânica é feita pela ação dos
decompositores e precisa de condições físicas e químicas adequadas para
levar à formação de um produto de boa qualidade. Outra forma de reciclagem
do lixo orgânico é a sua utilização como fonte de energia e adubo, através de
biodigestores, ou seja, equipamentos que além da decomposição realizada na
compostagem, realizam também o aproveitamento do metano, gás que é
libertado na bioestalização do lixo orgânico.
Projetado por Alfred Fryer na Inglaterra em 1874, o incinerador é uma
outra opção para diminuir o lixo. É um processo onde o lixo é queimado,
reduzindo o peso e o volume, porém esse método pode trazer prejuízos para o
meio ambiente e para a economia, pois tem altíssimo custo. Um exemplo é se
a combustão é
incompleta pode aparecer monóxido de carbono e partículas que acabam
sendo lançadas na atmosfera como fuligem ou negro fumo. Muitas
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substâncias são altamente tóxicas, poluindo rios, trazendo mau cheiro e a
poluição visual.
1.4 - A poluição causada pelo lixo
Poluição é toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente
que seja prejudicial à saúde, à segurança ou ao bem-estar da população
sujeita aos seus efeitos, causada por agente de qualquer espécie.(MANO,
PACHECO & BONELLI, 2005).
Juridicamente, a poluição é considerada como a inclusão de qualquer
fator ao ambiente que provoque alteração de suas qualidades naturais,
impondo ao ser vivo condições modificadas de seu meio. Do ponto de vista
científico, a poluição é mais caracterizada pela impureza introduzida, em um
determinado momento, do que o ato de lançamento desta no meio. Neste
contexto, poluição é o resultado indesejável das ações de transformação das
características naturais de um ambiente, atribuindo um caráter nocivo a
qualquer utilização que se faça do mesmo. A Lei federal nº 6938/81 define
poluição como “toda alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas
que possa constituir prejuízo à saúde, à segurança e ao bem-estar das
populações e, ainda, possa comprometer a biota e a utilização dos recursos
para fins comerciais, industriais e recreativos.”
1.4.1 – A poluição do solo
Assim como existe a poluição da água pelos lançamentos de resíduos
líquidos das casas e das indústrias, e a poluição do ar pelos resíduos gasosos
e partículas que são lançadas pelas chaminés e escapamentos de veículos,
também existe a poluição do solo, que é causada pelo lançamento de resíduos
sólidos. É a contaminação do solo por resíduos industriais ou agrícolas
transportados pelo ar, pela chuva e pelo homem.
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O uso indevido do solo e de técnicas atrasadas na agricultura, os
desmatamentos, as queimadas, o lixo, os esgotos, a chuva ácida, o efeito
estufa, a mineração são agentes causadores do desgaste de nossa litosfera.
1.4.2 - Causas da poluição do solo
A poluição do solo tem como principal causa o uso de produtos
químicos na agricultura chamados de agrotóxicos, os quais são usados para
controlar pragas e auxiliam na produção, mas causam muitos danos ao meio
ambiente se utilizados de forma inadequada sem a adoção de práticas de
manejo mais conservacionistas, alterando o equilíbrio do solo e contaminando
os animais por meio das cadeias alimentares.
O lixo também tem o seu papel importante na degradação do solo.
Devido a sua grande quantidade e composição ele contamina o terreno
chegando até a contaminar os lençóis de água subterrâneos. O mesmo
acontece com os reservatórios de combustíveis dos postos, pois eles ficam
enterrados no solo, correndo o risco de vazamento devido a corrosão do
material usado no revestimento dos reservatórios.
Existem outros responsáveis que causam muitos problemas ao solo como:
• Aterros
São terrenos com buracos cavados no chão forrados com plástico ou
argila onde o lixo recolhido na cidade é depositado. A decomposição da
matéria orgânica existente no lixo gera um líquido altamente poluidor, o
chorume, que mesmo com a proteção da argila e do plástico nos
aterros, não é suficiente e o liquido vaza e contamina o solo.
• Lixo Tóxico
23
É um outro problema decorrente dos aterros. Como não há um processo
de seleção do lixo, alguns produtos perigosos são aterrados juntamente
com o lixo comum, o que causa muitos danos ao lençol freático, uma
camada do solo onde os espaços porosos são preenchidos por água.
• Lixos Radioativos
Este lixo é produzido pelas usinas nucleares e causam sérios problemas
à saúde. O solo ou terra é composto por quatro partes: ar, água, matéria
orgânica e mineral. Estes minerais se misturam uns com os outros. A
matéria orgânica se mistura com a água e a parte mineral e o ar fica
guardado em buraquinhos que chamamos de poros do solo, onde também
fica a água. São destes poros que as raízes das plantas retiram o ar e a
água que necessitam.
Por isso é tão importante que não tenha poluição no solo, se o solo
estiver poluído, os vegetais serão contaminados, portanto as pessoas não
poderão comer e se comerem, também serão contaminados, o que pode
trazer muitos riscos para a saúde da população.
24
CAPÍTULO II
O LIXO E O CONSUMO
A geração de lixo cresce no mesmo ritmo em que aumenta o consumo.
Quanto mais mercadorias adquirimos, mais recursos naturais consumimos e
mais lixo geramos.
A situação é mais grave nos países desenvolvidos – eles são os que
mais geram lixo, proporcionalmente ao número de habitantes. Porém, nos
países em desenvolvimento o quadro também é preocupante. O crescimento
demográfico, a concentração da população nas grandes cidades e, em muitas
regiões, a adoção de estilo de vida semelhante ao dos países ricos, fizeram
aumentar ainda mais o consumo e a conseqüente geração de lixo.
Hoje já sabemos que, se os países em desenvolvimento passarem a
consumir matérias-primas no mesmo ritmo dos países desenvolvidos,
poderemos chegar, em um curto espaço de tempo, a um esgotamento dos
recursos naturais e a níveis altíssimos de contaminação e geração de
resíduos. A situação tem sido amplamente debatida nos fóruns internacionais,
nos quais especialistas de todo o mundo apontam uma saída: para que os
países pobres do mundo possam aumentar seu consumo de maneira
sustentável, o consumo dos países desenvolvidos precisará diminuir. O
desafio, de qualquer maneira, impõe-se a todos: consumir de forma
sustentável implica poupar os recursos naturais, diminuir a geração, diminuir a
geração, reutilizar e reciclar a maior quantidade possível de resíduos. Só
assim conseguiremos prolongar o tempo de vida dos recursos naturais do
nosso planeta.
25
2.1 – Consumo e desperdício
Já se sabe que os sistemas biológicos terrestres sempre foram a base
dos sistemas econômico e social da humanidade, fornecendo as matérias-
primas alimentos, os minerais e produtos sintéticos derivados do petróleo.
Desempenhando um importante e imprescindível papel no comércio, através
do transporte, na alimentação e, atualmente desempenhando um
componente significativo na geração de energia em vários países do mundo e
também no Brasil.
A partir de 1960, o acelerado ritmo de industrialização e concentração
de contingentes populacionais em áreas urbanas, passou a provocar
profundos impactos ambientais, tanto físicos como econômicos e sociais,
promovendo a atividade industrial como um fator determinante nas
transformações ocorridas.
A humanidade nunca em toda a sua história, se multiplicou a uma
velocidade tão acelerada, consumiu tantos recursos naturais e degradou tanto
o meio ambiente como nos dias atuais.
Os ecossistemas terrestres são seriamente ameaçados pela explosão
demográfica, podendo trazer conseqüências terríveis e irreversíveis para todos
os seres vivos que se entrelaçam nesta teia gigantesca chamada planeta terra.
Talvez, por falta de consciência, ignorância ou por ambição comercial
ou política, o homem agride constantemente o ambiente em que vive,
causando o desequilíbrio de diferentes ecossistemas e provocando a morte de
grande quantidade de seres vivos, interferindo na cadeia alimentar de várias
espécies, o que consequentemente, traz prejuízos ao próprio homem.
Observa-se que há uma enorme desigualdade de consumo no mundo,
desde serviços, produtos manufaturados, matérias-primas e principalmente
alimentos. E é no consumo que as modernas economias fincaram seus pilares
.
26
Um bom exemplo a ser citado é a crise de energia que o Brasil
enfrentou em 2001, decorrente da falta de chuvas e da carência de
investimentos públicos e privados no setor. Para evitar o “apagão”, os
brasileiros tiveram de reduzir seu consumo – e conseguiram fazê-lo sem
grandes problemas. A resposta da população mostrou que era possível
eliminar várias formas de desperdício no consumo de eletricidade nas
residências. Manter os hábitos de economia, mesmo sem o risco de ter a luz
cortada, é muito importante num país como o Brasil, no qual as hidrelétricas
geram 92% da energia. Para isso, basta controlar o consumo da geladeira, do
chuveiro, da iluminação e da televisão, responsáveis por 85% da conta de
energia elétrica nos lares. Mas o grande problema é a cultura do desperdício, a
população trata os assuntos referentes ao meio ambiente com descaso e não
se importam em preservar, por achar que este é um bem durável, mas não é,
portanto, deve-se atentar para a preservação, pois neste caso, o “remediar”
não mais existirá.
E a respeito ao consumo de matérias-primas, prevalece o mesmo
padrão dos alimentos. Cerca de 1 bilhão de pessoas na zona rural subsistem à
custa da biomassa coletada no meio ambiente local. A maior parte do que é
coletado todo dia (cerca de ½ kg de grãos, 1kg de lenha e forragem para seus
animais) poderia constituir recursos auto-renováveis. Como essas pessoas
infelizmente são expulsas frequentemente para ecossistemas frágeis e não
produtivos(devido à falta de terras e pelo crescimento populacional) as suas
necessidades nem sempre são satisfeitas.
Sobre as matérias-primas uma boa parte que entram no processo
produtivo das indústrias acabam saindo, na outra extremidade, como resíduos
(lixo). Na produção industrial há também, um enorme desperdício de energia
gasta. Embora o lixo urbano não seja a maior nem a mais perigosa das
categorias de resíduos, são certamente um excelente indicador do desperdício
na sociedade.
27
Os artigos produzidos que acabam como lixo corresponde a maior parte
dos resíduos gerados. Ironicamente, a medida que a intensidade do uso de
matérias-primas parece estar caindo na produção industrial, o
crescimento contínuo da geração de lixo indica que o seu acúmulo está
aumentando no setor de produtos de consumo diário. Para que as sociedades
melhorarem a distribuição de renda, diminuem o desperdício e melhorarem sua
eficiência ambiental, primeiramente precisam reduzir sua produção de lixo.
O crescimento econômico e a industrialização trouxeram não apenas
aumentos significativos nas quantidades per capita de resíduos mas também,
mudanças nas suas características. Nos países em desenvolvimento as
quantidades de matéria orgânica parecem estar aumentando (45%) e,
representa mais do que o dobro (20%) encontrado nos aterros sanitários da
Europa Ocidental.
O desperdício de plásticos e papéis também parece estar crescendo,
mesmo que, atualmente inúmeros programas de coleta seletiva estejam
conseguindo a sua redução, lenta porém gradual. O grande problema diz
respeito à substituição do aço, vidro e fibras vegetais pelo plástico e pelo
alumínio.
As substâncias altamente contaminantes e tóxicas estam presentes em
produtos de uso diário como latas de tintas, solventes, pilhas, pesticidas e
produtos de limpeza diversos que vem modificando a composição do lixo e
trazendo novos problemas aos planejadores encarregados da administração
do lixo nas grandes metrópoles.
Não é uma tarefa fácil reduzir as quantidades de lixo produzidas, porque
as pessoas querem e necessitam das coisas que compram, usam e
descartam. Os milhares de shoppings centers no mundo todo são a essência
do estilo de vida mais pernicioso do mundo. O descarte diário de sacos de lixo
tornou-se uma rotina, da qual aparentemente ninguém escapa, nem as
comunidades mais carentes da periferia das grandes cidades.
28
2.2 - Educação Ambiental
Problemas ambientais são geralmente problemas comportamentais,
seja por comportamento individual ou grupal, em grupos sistematizados ou
casuais. Se a visão individual fosse correta, por conseqüência natural, a visão
coletiva também o seria, em todos os aspectos.
Problemas comportamentais são gerados, principalmente, pela visão
compartimentalizada e imediatista, que se aprende em casa e na escola e que
cedo se incorpora aos hábitos do dia-a-dia. Atualmente a sociedade moderna
produz indivíduos que não tem visão de causas e conseqüências, sequer a
curto prazo. Uma das contribuições para esse tipo de aprendizado é a divisão
do conhecimento em áreas isoladas, da pré-escola à universidade.
A Educação serve para quê? se não para harmonizar o indivíduo ao seu
ambiente, tornando-o um cidadão? A educação verdadeira é ambiental em sua
essência, uma vez que o planeta não é uma adição de sujeitos isolados por
redomas.
Apesar de muitas iniciativas anteriores, a educação começou a se tornar
oficialmente ambiental, em termos planetários, com a conferência de Tbilisi,
em 1977, promovida pelas Nações Unidas, onde foram sistematizados os
princípios da educação ambiental que se recomendam até hoje.
Mas o que é a educação ambiental e para que serve realmente?
Em meio a diversos conceitos, características, princípios e objetivos,
talvez isso ainda não esteja muito evidente. Porém, pode-se dizer que a
Educação Ambiental não vai resolver os problemas da escola brasileira, não
pode ser uma imposição de temas, regras e materiais didáticos, e
principalmente, não deve dissociar o meio natural das questões sociais.
A educação ambiental não pode ser tratada de forma autoritária, que
não chegue as escolas como um super-herói alienígena, um salvador da pátria,
29
um modelo pré-concebido e muito bem sucedido no “primeiro mundo”, mas
seja um
movimento que de fato exista, que surja da participação e consideração das
angústias dos educadores e educandos. Que seja construído a partir da leitura
que a comunidade faz da realidade em que vive. Que traga realmente o
diálogo, o respeito às diferenças individuais, a interdisciplinaridade, e a idéia
comum.
Seu tema deve ser a de conectar as várias áreas do conhecimento, com
noção de encadeamento dos fatos. E que o aprendizado se concretiza em
mudança de comportamento e atitudes, por adoção de uma nova filosofia de
vida. Que a sociedade possa se conscientizar de seu papel na engrenagem e
da importância e conseqüência de suas ações.
O conceito de Educação Ambiental é definido em lei (Lei n.9795 de
27/04/1999), sendo descrito como um conjunto de processos por meio dos
quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à qualidade de vida e sua
sustentabilidade. Na mesma lei, considera-se a educação ambiental como
uma parte inseparável da educação, devendo estar inserida de forma
permanente em todos os níveis e modalidades do processo educativo, seja
este formal (ministrado dentro de instituições de ensino) ou informal
(transmitido fora destas instituições). Além de fornecer definições, a Lei institui
a Política Nacional de Educação Ambiental, fornecendo as linhas de ação e as
formas de se executar tais ações, tendo o mérito de reconhecer na esfera
legislativa a importância de se inserir a questão ambiental dentro da educação
como estratégia de promoção do desenvolvimento sustentável no Brasil.
Considerando a legislação como espelho da vontade da população,
houve portanto o reconhecimento que o homem é um ser de ação e reação e
não pode ser percebido fora de suas relações com os outros e com o mundo,
sendo capaz de transformar-se e de transformar o seu dia-a-dia. Dentro desta
visão, a característica metodológica inerente aos processos pedagógicos para
30
a abordagem da educação ambiental está baseada principalmente na
participação. O direito da cidadania se aprende exercendo e participando, e o
exercício desse direito se dá nas mais variadas formas e níveis. A participação
não se dá de forma espontânea, mas a partir da aprendizagem, principalmente
resgatando-se valores humanos como solidariedade, respeito pela vida,ética,
responsabilidade, honestidade, altruísmo, amizade, democracia, entre outros.
2.2.1 – Princípios da educação ambiental
A tarefa da redescoberta dos valores e da busca de novos valores que
tornem a sociedade humana mais justa é de todos. Sendo assim, um dos
principais objetivos da educação ambiental consiste em permitir que o ser
humano compreenda a natureza complexa do meio ambiente resultante de
suas interações, levando-o a promover uma ação reflexiva e prudente dos
recursos naturais, satisfazendo as necessidades humanas. A educação
ambiental deve favorecer uma participação responsável nas decisões da
melhoria da qualidade do meio ambiente, social e cultural. Os princípios que
devem reger a educação ambiental:
Deve estimular e potencializar o poder das diversas populações,
promovendo oportunidades para as mudanças democráticas de base que
estimulem os setores populares da sociedade.
A educação ambiental é neutra, mas ideológica . É uma ação política.
A educação ambiental valoriza as diferentes formas de conhecimentos.
Este é diversificado, acumulado e produzido socialmente.
Deve reconhecer, respeitar, recuperar refletir e utilizar a história indígena
e culturas locais, assim como promover a diversidade cultural, lingüística e
ecológica.
A educação ambiental é individual e coletiva . Tem o propósito de
formar cidadãos com consciência local e planetária.
A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e eqüitativa
nos processos de decisão, em todos os níveis e etapas.
31
A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e
inovador, promovendo a transformação de todos.
Deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o
ser humano, a natureza e o meio ambiente de forma interdisciplinar.
A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas
causas e inter-relações em uma perspectiva sistemática, em seu contexto
histórico e social.
A educação é direito de todos; somos todos educandos e educadores.
Deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos direitos
humanos, valendo-se de estratégias democráticas.
A educação ambiental deve integrar conhecimentos, valores, atitudes,
ações e aptidões.
A educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas e
trabalharem conflitos de maneira justa e humana.
A educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre os
indivíduos e instituições com a finalidade de criar novos modos de vida,
baseados em atender às necessidades básicas de todas as pessoas.
A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética
sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta,
respeitar seus ciclos vitais e impor limites a exploração dessas formas de vida
pelos seres humanos.
2.2.2 – Quais são os objetivos propostos na educação
ambiental?
Caberá a cada pessoa um trabalho árduo mais revolucionário dentro do
seu papel na sociedade trabalhando sempre na reeducação do homem para
utilização e a preservação do meio ambiente, de maneira a tomar esse meio
útil a si próprio e a outros.
32
Devemos estar atentos a um desafio no dever de disciplinar atos do
modo de vida da comunidade, qualquer que seja ela, contraditórios ao seu
comportamento na preservação do meio e que vive.
A educação ambiental requer uma nova aquisição de conhecimentos,
atitudes e valores novos relacionados com a qualidade de vida, e como suas
características básicas são a interdisciplinaridade dentre os aspectos formal e
informal, tendo sua aplicação em todos os níveis de ensino e uma maior e
mais urgente integração na vida da comunidade.
A educação ambiental tem como objetivo os seguintes aspectos:
Conscientização: contribuir para a conscientização da população em
geral nas questões do ambiente e sensibilizá-los para a problemática da
degradação do mesmo.
Conhecimento: Contribuir para a sociedade em geral, na aquisição de
uma maior compreensão do meio ambiente, de seus problemas, da presença
do homem no mesmo, de sua responsabilidade e do papel crítico que cabe a
cada indivíduo.
Competência: orientar as comunidades em geral, em todos os níveis e
aspectos na aquisição de competências necessárias, a fim de que possa
contribuir para as soluções dos problemas do meio ambiente.
Atitude: desenvolver junto a comunidade em geral, ações que
concorram para absorção entre os valores sociais, dos relativos ao sentimento
do vivo interesse pelo ambiente e uma motivação bastante forte para sua
proteção e seu melhoramento.
Participação: ajudar a sociedade em geral a desenvolver o seu
sentimento de urgência perante os problemas do ambiente para que garantam
a elaboração de medidas próprias para resolver todos os problemas existentes.
Capacidade de avaliação: orientar a comunidade em geral, em todos os
níveis na avaliação das medidas a programas de educação, em matéria de
ambiente, em função dos fatores ecológicos, econômicos, sociais, políticos,
educativos e estéticos.
33
Atualmente começa-se a perceber os estragos que os seres humanos
provocam ao meio ambiente, como a emissão de poluentes, o acúmulo de lixo,
a destruição dos ecossistemas e a extinção de várias espécies de animais por
causa da caça predatória.
2.3 – Conscientização ambiental
Nos últimos anos o homem tomou consciência das graves
conseqüências do seus atos através do efeito estufa, do buraco na camada de
ozônio e das doenças e enchentes provocadas pelo lixo depositado em locais
impróprios.
Centenas de anos serão precisos para recuperar os danos causados ao
meio ambiente, mas algumas medidas podem ser tomadas para que a
situação não se agrave cada vez mais tais como:
O buraco na camada de ozônio se originou através da emissão de
gases poluentes, em especial o C.F.C (clorofluorcarbono), usado em sprays,
motores de geladeiras e fabricação de isopor. O ozônio é um gás instável que
reage com o C.F.C originando outras substâncias, por isso nos últimos anos a
camada de ozônio vem se tornando cada vez mais tênue. É isso que
chamamos popularmente de buraco na camada de ozônio.
O ozônio funciona como um filtro para as radiações solares que atingem
a terra, com sua diminuição aumenta a quantidade de radiação solar,
provocando câncer de pele em animais e seres humanos e prejudicando
também o crescimento dos vegetais .
Para evitar a extinção de animais é só não participarmos de eventos de
caça ou pesca, não comprar animais silvestres vendidos clandestinamente,
não usar roupas com peles desses animais e o mais importante não destruir e
evitar que sejam destruídos os locais onde vivem esses animais .
O controle da emissão de poluentes depende em parte da fiscalização
do governo, mas nossos protestos e denúncias que podem ajudar nesse
controle, ou talvez até conscientiza alguns empresários mais conscientes e de
boa vontade.
34
Nós podemos ajudar também regulando e verificando os motores de
nossos carros, usando combustíveis que não sejam à base de petróleo e
também evitar usar o carro quando não for necessário, pois além de diminuir a
poluição, caminhar faz muito bem à saúde.
O lixo é um problema extremamente grave que apesar de ser um pouco
difícil de ser solucionado traz grandes benefícios a natureza e vantagens
econômicas.
Materiais como papel, vidro e metais podem ser reciclados, restos
orgânicos podem ser transformados em adubo, outros tipos de materiais
podem ser incinerados eliminando-se assim os lixões que só poluem o meio
ambiente.
Todos nós podemos colaborar com a diminuição desse problema
participando de programas de coleta seletiva de lixo, não usando embalagens
descartáveis e evitando jogar lixo em lugares inadequados, como córregos e
terrenos baldios.
Mesmo pequenos papeis jogados no chão se acumulam trazendo
problemas como enchentes, insetos, ratos, moscas e baratas, além de tornar
os locais por onde passamos muito feios, por isso devemos ser educados
jogando o lixo no lixo.
Para que a sociedade tome consciência desses problemas que vivemos
e colabore com sua solução, devem ser implantados programas de educação
ambiental, tanto nas escolas, clubes, associações de moradores e etc, como
em entidades que atinjam várias camadas sociais.
35
CAPÍTULO III
A RECICLAGEM
Todos as plantas e animais mortos apodrecem e se decompõem na
natureza. São destruídos por minhocas, bactérias, fungos e larvas e os
elementos químicos que eles contem voltam à terra. Podem ficar nos mares,
no solo ou rios e serão usados novamente por plantas e animais. É um
processo natural de reutilização de materiais. É um interminável ciclo de morte,
decomposição, nova vida e crescimento. A natureza é muito eficiente no
tratamento do lixo. Na realidade, não há propriamente lixo, pois ele é
novamente usado e se transforma em substâncias reaproveitáveis.
Enquanto a natureza se mostra eficiente em reaproveitamento e
reciclagem, os homens cada vez mais aumentam a produção de lixo.
Os ciclos naturais de reciclagem e decomposição da matéria podem
reaproveitar o lixo humano. Contudo, uma grande parte deste lixo sobrecarrega
o sistema. O problema se agrava porque muitas substâncias manufaturadas
pelo homem não se decompõe facilmente, isto é, são biodegradáveis. Latas,
vidros e alguns plásticos não são biodegradáveis e levam muitos anos para se
decompor. Esse lixo com certeza pode provocar poluição.
A reciclagem do lixo assume um papel fundamental na preservação do
meio ambiente, pois, além de diminuir a extração de recursos naturais ela
também diminui o acúmulo de resíduos nas áreas urbanas. Os benefícios
obtidos são enormes para a população, para a economia do país e para a
natureza. Embora não seja possível aproveitar todas as embalagens, a
tendência é que tal possibilidade se concretize no futuro.
3.1 – A fórmula dos R’s
36
A reciclagem consiste na transformação e recuperação de qualquer
desperdício, de conservar os recursos naturais da terra e de solucionar os
problemas de poluição ambiental.
Do processo de fabricação dos bens que nós consumimos resultam
desperdícios. A reciclagem permite então aproveitar esses desperdícios para
a produção de novos bens (exemplo: o papel).
A educação ambiental assume uma maior importância, à medida que
nós vamos tomando consciência dos problemas que os resíduos que nós
mesmos produzimos podem trazer para o planeta.
Para auxiliar a diminuir o lixo existe a fórmula dos RE’s que consiste
numa apresentação sugestiva de como se podemos alcançar o objetivo de
conscientização para a prática de reaproveitamento de materiais em busca da
qualidade de vida e preservação do meio ambiente.
1 – Reduzir a geração de lixo – é o primeiro passo e um dos mais
importantes, e a medida mais racional, que traduz a essência da luta contra o
desperdício. São inúmeros os exemplos domésticos e industriais para a
minimização dos resíduos. Sempre que for possível, é melhor reduzir o
consumo de materiais, energia e água, a fim de produzir o mínimo de resíduos
e economizar energia.
2 – Reutilizar os bens de consumo – Significa dar mais vida longa aos
objetos, aumentando sua durabilidade e reparabilidade ou dando-lhes nova
personalidade ou uso, muito comum com as embalagens retornáveis,
rascunhos, roupas, e nas oficinas de arte com sucatas. Após o uso de um
produto ou material (sólido, líquido, energia, etc.) deve-se recorrer a todos os
meios para reutilizá-lo.
3 – Recuperar os materiais – as usinas de compostagem são unidades
que recuperam matéria orgânica. Os catadores recuperam as sucatas, antes
delas se tornarem lixo.
4 – Reciclar – É devolver o material usado ao ciclo de produção,
poupando todo o percurso dos insumos virgens, com enormes vantagens
37
econômicas e ambientais. A agricultura e a indústria absorvem grandes
quantidades de resíduos, aliviando a “lata de lixo” das cidades. A reciclagem
deve ser aplicada somente para materiais não reutilizáveis. Embora a
reciclagem ajude a conservar recursos naturais, existem custos econômicos e
ambientais associados à coleta de resíduos e ao processo de reciclagem.
5 – Repensar os hábitos de consumo e de descarte, pois para a maior
parte das pessoas tais atos são compulsivos e, muitas vezes, poluentes. É
preciso também desmistificar a ação de jogar fora, porque, na maioria dos
casos, o “fora” não existe. O lixo não desaparece depois da coleta e acaba
sendo destinado a aterros, incineradores ou usinas, localizadas próximos à
nossos lares. A educação ambiental é primordial para que os esforços em
prol dos R’s sejam vistos com seriedade pela sociedade.
3.1.1 – Por que reciclar?
Reciclar materiais é muito importante, tanto para diminuir o acúmulo de
dejetos, quanto para poupar a natureza da extração inesgotável de recursos.
Além disso, reciclar causa menos poluição à água, ao ar e ao solo.
A produção de lixo vem crescendo assustadoramente em todo o
planeta. Visando uma melhoria da qualidade de vida nos dias de hoje e para
que haja condições favoráveis à vida das futuras gerações, faz-se necessário o
desenvolvimento de uma consciência ambientalista.
O consumidor pode auxiliar no processo de reciclagem das empresas.
Se separarmos todo o lixo produzido em residências, impedimos que a sucata
se misture aos restos de alimentos, o que facilita seu reaproveitamento pelas
indústrias. Dessa forma evitamos também a poluição do meio ambiente.
3.1.2 – Como reciclar?
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1 - Procure um programa organizado de coleta de seu município ou uma
instituição, entidade assistencial ou catador que colete o material
separadamente. Veja primeiro o que a instituição recebe, afinal, não adianta
separar papel se a entidade só recebe plástico.
2 - Para uma coleta seletiva ideal, separe os resíduos em não-
recicláveis recicláveis. Entre os recicláveis, separe o plástico, o papel, o vidro
e metal .
3 - Escolha um local adequado para guardar os recipientes com os
materiais recicláveis até a hora da coleta. Antes de guardá-los, limpe-os para
retirar os resíduos e deixe-os secar naturalmente. Para facilitar o
armazenamento, você pode reduzir o volume das embalagens de plásticos e
alumínios amassando-as. As caixas podem e devem ser guardadas
desmontadas.
3.1.3 - Vantagens da reciclagem
1 - Cada 50 quilos de papel usado transformado em papel novo evita
que uma árvore seja derrubada. Pense na quantidade de papel que você já
jogou fora até hoje e imagine quantas árvores poderiam ter sido preservadas.
2 – Cada 50 quilos de alumínio usado e reciclado evita que sejam
extraídos do solo cerca de 5.000 quilos de bauxita e minério. Quantas latinhas
de refrigerantes você já jogou no lixo até hoje? Saiba também que uma lata
de alumínio leva 80 a 100 anos para decompor-se.
3 – Com um quilo de vidro quebrado faz-se exatamente um quilo de
vidro novo. E a grande vantagem do vidro é que ele pode ser reciclado várias
vezes. Em compensação, quando não é reciclado, o vidro pode demorar 1
milhão de anos para decompor-se.
4 – A reciclagem favorece a limpeza da cidade, pois o cidadão que
adquire o hábito de separar o lixo dificilmente o joga nas vias públicas.
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5 – A reciclagem gera renda e emprego pela comercialização do
material reciclado.
6 – A reciclagem dá oportunidade aos cidadãos de preservarem o meio
ambiente de uma forma concreta. Assim, as pessoas se sentem mais
responsáveis pelo lixo que produzem. Com isso elas tem mais
conscientização para as questões ambientais.
7 – Economia de energia.
3.1.4 – Material reciclável e não reciclável
No lixo doméstico e industrial brasileiro existem vários tipos de materiais
que são altamente recicláveis. No entanto, é preciso muita atenção, porque,
em muitos casos esses materiais apresentam derivações que não são
recicláveis.
Exemplos:
Papel reciclável – revistas, jornais, folhas de caderno, caixas em geral ,
formulários de computador, aparas de papel, fotocópias, envelopes, provas,
rascunhos, cartazes velhos e papel de fax.
Papel não reciclável – etiqueta adesiva, fita crepe, guardanapos, papéis
(sanitários, metalizados, parafinados, plastificados, sujos), papel carbono,
pontas de cigarro e fotografias.
Metal reciclável – lata de folha de flandres (lata de óleo, de salsicha,
leite em pó e etc.), lata de alumínio e sucatas de reformas.
Metal não reciclável – esponjas de aço e canos.
Vidros recicláveis – garrafas de vários formatos, copos e embalagens.
Vidros não recicláveis – lâmpadas, espelhos, vidros planos, cerâmica,
porcelana, tubos de tv e gesso.
Plástico reciclável – copinho de café, embalagem de refrigerante,
embalagem de margarina, embalagem de material de limpeza, tubos, canos e
sacos plásticos em geral.
Plástico não reciclável – tomadas, embalagem de biscoito, cabo de
panela, mistura de papel, plásticos e metais.
40
3.1.5 – História dos principais materiais recicláveis
• Papel: a reciclagem das fibras de papel é tão antiga quanto sua própria
descoberta no ano 105 d.C. Mesmo sendo de menor qualidade, os papéis
usados eram transformados em polpas para gerar papel novamente. Isto
para os padrões daquela época era uma excelente economia. Na era
moderna, há muito tempo papéis e papelões são reciclados pelos grandes
produtores de embalagens. Essa demanda produziu volume suficiente de
papel para justificar o investimento em equipamentos para preparar o
material a ser negociado com sucateiros.
• Plástico: Em 1862 , o inglês Alexander Parkes produziu o primeiro
plástico. Rapidamente o plástico tornou-se um dos maiores fenômenos da
era industrial, garantindo mais durabilidade e leveza. Mas como em sua
maioria não é biodegradável, tornou-se alvo das críticas quanto ao seu
despejo em aterros que crescem junto com a explosão populacional.
Começou a ser realizada a reciclagem de plástico pelas próprias indústrias
para o reaproveitamento de suas perdas de produção. Quando o material
passou a ser separado do lixo comum e recuperado em maior quantidade,
formou-se um novo mercado, absorvendo modernas tecnologias para
possibilitar a produção de artigos com percentual cada vez maior de
plástico reciclável.
• Latas de alumínio: surgiram nos Estados Unidos no ano de 1963. O
aço utilizado para a industrialização de latas surgiu na era do aço, na
década de 30 e no Brasil, no advento do pique siderúrgico em 1945, com o
início de produção da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda.
Começaram em 1968 os programas de reciclagem, fazendo retornar a
produção meia tonelada de alumínio por ano. Quinze anos depois, esse
mesmo volume é reciclado por dia. Com um quilo de alumínio reciclado,
era possível fazer 42 latas de 350ml, isso há 25 anos atrás, atualmente a
indústria consegue produzir 62 latas com a mesma quantidade de material,
com o aumento da produtividade de 47%. As campanhas de coleta se
41
multiplicaram e hoje uma dezena de milhões de pessoas da América do
Sul, incluindo o Brasil, participam ativamente dos programas de coletas de
latas de alumínio.
• Latas de aço: é um dos mais antigos materiais recicláveis.
Antigamente, os soldados romanos recolhiam os escudos, as espadas e
facas abandonados nas trincheiras e os encaminhavam para a fabricação
de novas armas. Conta-se que a lata teria sido inventada a pedido de
Napoleão Bonaparte, para que seus soldados pudessem levar alimentos
para as guerras, sem problemas de conservação. Outros dizem que o
alimento enlatado surgiu na Inglaterra em 1800. Na década de 1970 nos
Estados Unidos, os esforços pela coleta seletiva das latinhas começaram
com o advento dos programas de reciclagem. Em 1992 no Brasil, foi criado
o Programa de Valorização de Embalagens Metálicas, com o objetivo de
estimular o consumo, a coleta e a reciclagem deste material.
• Vidro: A indústria vidreira se desenvolveu muito rápido, mas a coleta
seletiva só começou nos Estados Unidos na década de 1960, que hoje
conta com 6 mil pontos de coleta de embalagens de vidro. A primeira
iniciativa organizada no Brasil surgiu em 1966, no interior de São Paulo.
Em 1986, a Associação Técnica Brasileira das Indústrias de Vidro
(ABIVIDRO) lançou um programa nacional de coleta que atualmente
envolve 7 milhões de pessoas em 25 cidades brasileiras.
• Pneus: Depois que o americano Charles Goodyear descobriu no século
XIX o processo de vulcanização, deixando cair enxofre e borracha
casualmente no fogo, a demanda por esse produto se multiplicou no mundo
todo. Depois de um tempo, a Alemanha começou a industrializar borracha
• sintética de petróleo. A recuperação de energia e a recauchutagem
foram as primeiras formas de reciclagem de pneus. Com o avanço
42
tecnológico, surgiram novas aplicações, como mistura com asfalto, em
concentrações de 15% a 25%, apontada hoje nos Estados Unidos como
uma das melhores soluções para o fim dos cemitérios de pneus, que vem a
ser no mundo um dos grandes problemas ambientais a serem resolvidos,
pois a destinação final sem critérios dos pneus usados vem a ser danosa
ao meio ambiente e gera poluição e perturbação ambiental de todo tipo,
sendo sua queima indiscriminada e criminosa prejudicial ao planeta.
43
CAPÍTULO IV
COLETA SELETIVA DE LIXO
Geralmente a palavra lixo é imediatamente associada a coisas que não
prestam, a coisas inúteis, velhas, sem valor e que se jogam fora, segundo o
autor Nunesmaia(1997). A Norma Brasileira NBR-10.004 (BRASIL/ABNT,
1985) assim define o lixo: “resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que
resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição(...)”. Nesse projeto,
estaremos considerando somente o lixo de origem doméstica, que
normalmente é composto por restos de alimentos, embalagens (de vidro,
plástico, metal), papéis e outros.
O problema do lixo urbano envolve basicamente dois fatores: por um
lado, a ausência de uma política de gestão por parte do poder público e, por
outro, o crescente aumento na produção de lixo pela sociedade. Sabe-se que
esse problema não poderá ser resolvido apenas com a proposição de uma
política de planejamento de coleta, transporte e destinação final do lixo pelas
autoridades competentes. A sociedade também deve assumir sua
responsabilidade e desempenhar ações relativas ao lixo por ela própria gerado.
E isso só será possível através de seu envolvimento e conscientização num
processo de educação ambiental.
A composição do lixo urbano é influenciada por diversos fatores, entre
os quais: desenvolvimento industrial, condição sócio-econômica, hábitos da
população de cada comunidade, sazonalidade e população flutuante (turismo).
No Brasil ainda são escassos os dados disponíveis sobre a composição do lixo
urbano nos municípios. Entretanto, segundo dados recentes, os resíduos
domésticos brasileiros apresentam uma composição média de 30% de
materiais descartáveis , 50% de matéria orgânica e 20% de materiais com
potencial de reciclagem (PEREIRA – NETO, BORGES de CASTILHOS e LIMA,
1993, P.59).
44
A falta de uma política de gestão dos resíduos sólidos por parte do
poder público municipal, atrelada ao desconhecimento dos danos causados
pela disposição inadequada do lixo urbano em todo o território brasileiro, fazem
com que o lixo se torne um perigoso inimigo da saúde pública e do meio
ambiente.
Muitos municípios possuem um sistema eficaz de coleta e transporte,
porém despejam seu lixo a céu aberto ou em áreas alagadas, sem nenhum
critério técnico. A população, por sua vez, exige apenas que haja coleta de lixo
em sua porta, mas não se incomoda ou não se interessa pelo destino final do
lixo que produziu se este estiver longe de suas vistas.
Quando se fala em valorização dos recicláveis, deve-se dar
importância à coleta seletiva, pois se o lixo for rejeitado em sua fonte de
origem, a qualidade da matéria-prima secundária será mais alta. O
instrumento que integra o gerenciamento de resíduos sólidos, a coleta
seletiva, prevê também a destinação final do lixo e a realização de um
programa de educação ambiental, o qual deverá dar suporte à gestão dos
resíduos sólidos. No entanto, a opção por esse sistema torna fundamental
pesquisar, dentre outros fatores, o mercado de recicláveis: ele por si poderá
apontar a viabilidade (ou não) da implantação do programa de coleta seletiva.
Vale salientar que os programas brasileiros de coleta seletiva não
estão necessariamente integrados a um plano de gerenciamento de resíduos
sólidos. Embora tenham programa de coleta seletiva, muitas cidades ainda
descartam seus resíduos em lixões, sem medidas de proteção ao meio
ambiente ou saúde pública.
De acordo com o CEMPRE, o lixo é um problema relativamente recente,
já que, há anos atrás, era constituído basicamente por materiais orgânicos – e
era facilmente decompostos pela natureza. Mas com a mudança nos hábitos,
o aumento de produtos industrializados e o advento das embalagens
descartáveis, o lixo tomou outra dimensão e sua “composição” também mudou.
Atualmente em vez de restos alimentares, as lixeiras transbordam de
embalagens plásticas (mais de 100 anos para decompor), papéis (de 3 a 6
45
meses) e vidro (mais de 4.000 anos). Mas o principal problema não é,
propriamente, a característica do lixo produzido, nos grandes centros urbanos,
mas o destino final dado a ele. Muitos desses materiais podem ser
reaproveitados ou reciclados, diminuindo, assim, as enormes montanhas
formadas nos lixões da cidade e, consequentemente, a degradação do meio
ambiente. Outro aspecto importante da reciclagem além da consciência
ecológica, é o maior fator social, pois a coleta de material reciclável é, muitas
vezes, a única fonte de renda dos catadores. O Cempre (Compromisso
Empresarial para Reciclagem), associação sem fins lucrativos mantidas por
empresas privadas, também se dedica à promoção da reciclagem, seguindo o
conceito de gerenciamento integrado do lixo. A associação tem como objetivo
conscientizar a população sobre a importância dos chamados “três Rs”.
Redução, reutilização e reciclagem de lixo, utilizando publicações, pesquisas
técnicas e seminários. A mudança de hábitos é a parte mais difícil e
demorada. Requer muito esforço, cujo tempo necessário varia bastante.
A destinação do lixo é um problema constante em quase todas as
cidades, apesar de ser mais “visível” nas grandes metrópoles. Os municípios
se defrontam com a escassez de recursos para investimento na coleta
seletiva e no processamento e disposição final do lixo. Os “lixões” continuam
sendo o destino da maior parte dos resíduos domésticos produzidos no
Brasil, com graves prejuízos ao meio ambiente, à saúde pública e à qualidade
de vida da população. Mesmo nas cidades que implantaram aterros
sanitários, o rápido esgotamento de sua vida útil mantém evidente o
problema do destino do lixo urbano. A situação exige soluções para a
destinação final do lixo no sentido de diminuir o seu volume. A coleta seletiva
e a reciclagem de resíduos são uma solução indispensável, por permitir a
redução do volume de lixo para a disposição final em aterros e incineradores.
Não é a única forma de tratamento e disposição: exige o complemento das
demais soluções.
Pode-se destacar alguns resultados importantes com prática da coleta
seletiva e reciclagem.
46
a) ambientais
O meio ambiente e a saúde da população são os maiores
beneficiados por esse sistema. A reciclagem de papéis, plásticos, vidros e
metais – que representam em torno de 40% do lixo doméstico – diminui a
utilização dos aterros sanitários, prolongando ainda mais a sua vida útil. Se o
programa de reciclagem e coleta seletiva contar, também, com uma usina de
compostagem, os benefícios são ainda maiores. Além disso, a reciclagem
implica uma redução significativa dos níveis de poluição ambiental e do
desperdício de recursos naturais, através da economia de energia e matérias-
primas.
b) políticos.
Além de contribuir para a boa imagem do governo e da cidade, a
coleta seletiva exige um exercício de cidadania, no qual os cidadãos
assumem um papel ativo em relação à administração da cidade. Além das
possibilidades de aproximação entre o poder público e a população, a coleta
seletiva pode estimular a organização da sociedade civil, além de despertar a
responsabilidade e a sensibilidade. As pessoas devem construir novos
caminhos, atitudes e habilidades indispensáveis para a conservação do meio
ambiente.
c) Econômicos
A reciclagem e coleta seletiva do lixo doméstico apresentam,
normalmente um custo mais elevado do que os métodos convencionais.
Iniciativas comunitárias, entretanto, podem reduzir a zero os custos da
prefeitura e mesmo produzir benefícios para as entidades e empresas. De
qualquer forma, é importante notar que o objetivo da coleta seletiva não é
gerar recursos, mas diminuir o volume de lixo, gerando ganhos ambientais. É
um investimento no meio ambiente e na qualidade de vida. Não cabe
portanto, uma avaliação baseada unicamente na equação financeira dos
gastos da prefeitura com o lixo, que despreze os futuros ganhos ambientais,
econômicos e sociais da coletividade. A curto prazo, a reciclagem permite a
47
aplicação dos recursos obtidos com a venda dos materiais em benefícios
sociais e melhorias de infra-estrutura na comunidade que participa o
programa. Também pode gerar empregos e integrar na economia formal
trabalhadores antes marginalizados na sociedade.
De acordo com o Guia da Coleta Seletiva de Lixo (CEMPRE), cabe
ressaltar que a coleta seletiva, que faz parte de um sistema de gerenciamento
integrado de lixo, também é uma atividade inteiramente dependente de
peculiaridades locais e regionais. Através do extenso território brasileiro, há
uma grande diversidade sócio-cultural e econômica, influindo diretamente nos
aspectos qualitativos e quantitativos do lixo gerado. Sendo assim, cada
cidade deve buscar o(s) sistema(s) de coleta seletiva que melhor se
adapte(m) à realidade local. Em muitos casos a reunião de dois ou mais
municípios, através da formação de consórcios, poderá gerar resultados
significativamente melhores, considerando a relação custo/benefício.
A coleta seletiva de lixo é um sistema de recolhimento de materiais
recicláveis, tais como, plásticos, vidros, papéis, metais e orgânicos,
previamente separados na fonte geradora. Estes materiais, após um pré-
beneficiamento, são então vendidos às indústrias recicladoras ou aos
sucateiros. Este manual irá tratar da coleta seletiva de resíduos sólidos
urbanos. No entanto, extrapolações poderão ser feitas para o caso de
resíduos industriais ou agrícolas, com algumas adaptações peculiares.
A implantação do sistema pode ser em bairros residenciais, escolas,
escritórios, centros comerciais, condomínios residenciais ou outros locais que
facilitem a coleta de materiais recicláveis. Contudo, é importante que o serviço
de limpeza pública da cidade esteja integrado a este projeto, pois dessa forma
os resultados serão mais expressivos. Um programa de coleta seletiva deve
ser parte de um sistema amplo de gestão integrada do lixo sólido que
contempla também a coleta regular, uma eventual segunda etapa de triagem e
finalmente a disposição final adequada.
A coleta seletiva não é uma atividade lucrativa de um ponto de vista de
retorno imediato, pois a receita obtida com a venda dos recicláveis não cobrirá
as despesas extras do programa. No entanto é fundamental considerar os
48
custos ambientais e os custos sociais, que podem ser bastante reduzidos. O
investimento em coleta seletiva proporciona uma série de vantagens
relacionadas aos chamados custos ambientais. As cidades que tiverem estes
programas promoverão:
• a diminuição de gastos com remediação de áreas degradadas
acondicionamento do lixo (ex.: lixões clandestinos);
• Redução de custos com a disposição final do lixo (incineradores
ou aterros sanitários);
• Educação/conscientização ambiental da sociedade.
• O aumento da vida útil de aterros sanitários;
• A melhoria das condições ambientais e de saúde pública do
município.
• A redução de gastos gerais com limpeza pública, considerando-
se que o comportamento de comunidades
educadas/conscientizadas ambientalmente traduz-se em
necessidade menor de intervenção do Estado.
Em relação aos benefícios sociais pode-se listar:
• O resgate social de indivíduos, através da criação de
associações/cooperativas de catadores, ou até mesmo
através do trabalho autônomo de catação.
• Geração de empregos diretos e indiretos, com a instalação de
novas indústrias recicladoras na região e ampliação das
atividades de indústrias recicladoras já estabelecidas.
Um sistema de coleta seletiva de lixo sólido domiciliar urbano pode se
operar de várias formas. Cada município deve avaliar e adotar aquele sistema
que melhor convier. Sabe-se contudo que em alguns casos uma combinação
de diferentes metodologias poderá gerar os melhores resultados.
49
Seguem algumas alternativas práticas de fácil implementação e
operação:
Antes de iniciar qualquer projeto que envolva coleta , reciclagem e/ou
tratamento do lixo, a exemplo da coleta seletiva, é importante obter um “Raio-
X” do lixo, ou seja, analisar qualitativamente e quantitativamente o perfil dos
resíduos geradores em diferentes pontos do município em questão. Esta
caracterização permitirá estruturar melhor todas as etapas do projeto a ser
aplicado.
A separação na fonte geradora dos diferentes tipos de materiais
recicláveis presentes no lixo promove inúmeros ganhos que se traduzem em
redução de custos nas próximas etapas. Estes custos estão associados a
triagem, lavagem, secagem, transportes, entre outros. A segregação do lixo
é feita pelo próprio morador que acondiciona os recicláveis separadamente.
Deve-se prever, portanto, local disponível para armazenamento. Esta
separação deverá ser feita baseada no “modelo de seleção” que for adotado
pelo município. Exemplo clássico de “modelo de seleção”: separação entre
lixo seco(papel, vidro, plásticos, metais, longa-vida, pneus, etc), lixo úmido
(resíduos orgânicos tais como restos de alimentos, cascas de frutas e
legumes, etc) e eventualmente, outros(rejeitos).
Dependendo do tipo e da quantidade de lixo coletado, pode ser
mais interessante do ponto de vista técnico e econômico fazer a coleta
regular do lixo e destiná-la à uma central de triagem, onde haverá separação
de todos os materiais recicláveis, inclusive da fração de orgânicos que será
destinada à compostagem. Apesar das centrais de triagem não estarem
incluídas na definição teórica de coleta seletiva, é importante mencionar este
sistema de separação de materiais recicláveis. Um galpão de triagem é
bastante útil mesmo no caso da segregação na fonte pelo sistema
secos/úmidos, já que haverá necessidade de separação dos secos(papel,
plásticos, vidro, etc), úmidos e outros considerados rejeitos. É claro que
dependendo da dimensão do programa, o galpão poderá ser transformado
em uma estrutura simples e de menor custo.
50
No caso da coleta multi-seletiva a separação é feita dos diferentes
tipos de materiais recicláveis simultaneamente, mas com separação rigorosa
entre todos os tipos já na fonte geradora. O método se aplica tanto ao caso
do sistema voluntário quanto ao sistema porta-a-porta. Para a sua
implantação, deve-se levar em conta uma série de aspectos econômicos.
Entre as barreiras técnicas a serem transpostas destacam-se: � Necessidade de veículos coletores especiais; � espaço físico para armazenamento dos materiais em separado; � maior frequência (dias) de coleta; � necessidade de uma campanha de educação ambiental mais
detalhada. � Capacidade de escoamento (venda) de todos os materiais;
Para transpor estas barreiras técnicas, investimentos serão maiores, o
que irá aumentar os custos gerais do projeto. Contudo, este tipo de coleta
pode ser bom para os casos das comunidades que atingiram altos índices de
participação, ou mesmo para a coleta seletiva específica de determinados
tipos de materiais.
A coleta seletiva porta-a-porta é bem parecida com o procedimento
clássico de coleta normal de lixo, porém com algumas variações que
caracterizam a coleta seletiva. Os veículos que dazem a coleta percorrem as
residências em dias e horários específicos que não coincidam com a coleta
normal. Os moradores colocam então os recicláveis nas calçadas
acondicionados em containeres distintos. O tipo e o número de containeres
irá variar de acordo com os sistema implantado. Esse modelo varia caso a
caso. É comum a separação entre lixo úmido (orgânicos) e lixo seco, (papel,
plástico, metais, vidros, etc). O material coletado é destinado a galpões de
triagem onde é feita então uma segunda separação em esteiras, ou
simplesmente em bancadas. A coleta de todos os materiais em separado
51
pode ser feita (coleta multi-seletiva), mas deve-se estar atento para a relação
custo/benefício.
Em alguns casos na coleta voluntária, utilizam-se containeres ou
mesmo pequenos depósitos, colocados em pontos fixos pré-determinados da
“malha” urbana, denominados PEVs (postos de energia voluntária) ou LEVs
(locais de entrega voluntária), onde o cidadão, espontaneamente, deposita os
recicláveis. Cada material deve ser colocado num recipiente específico (com
nome e cor). É importante salientar que a coloração nem sempre é
respeitada pelos fabricantes e fornecedores dos recipientes; no entanto a
combinação usual entre cores e materiais é a seguinte: � Verde - vidro � Azul – papel, papelão � Vermelho - plástico � Amarelo – metais � Preto – madeira � Laranja –resíduos perigosos � Branco – resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde � Roxo – resíduos radioativos � Marrom – resíduos orgânicos
� Cinza – resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não
passível de separação.
O Guia da Coleta Seletiva de Lixo (CEMPRE) ainda informa que, o
sucesso da coleta seletiva voluntária está diretamente associado ao
investimento em educação ou sensibilização/conscientização ambiental da
população, que irá variar bastante entre as cidades brasileiros. Deve-se fazer
52
portanto uma análise criteriosa de cada caso com o objetivo de ter certeza de
que vale a pena investir num projeto de coleta voluntária. Se o projeto for
bem concebido e a participação da população for efetiva, os custos gerais
com o programa serão sensivelmente reduzidos.
Uma outra alternativa de instalação de postos de recebimento ou troca,
pode ser bastante útil tanto para os casos em que a coleta seletiva for porta-
a-porta, tanto quando a coleta seletiva for voluntária. Outra opção é criar
centros de troca independentes em locais afastados dos centros urbanos,
que podem servir inclusive de estações de transferências. Estes centros de
troca deverão possuir uma concepção ergonômica que permita a circulação
de automóveis em seu interior, facilitanto assim o acesso das pessoas que,
de passagem, pretendem depositar ali o seu lixo reciclável, ou mesmo para
aqueles que tenham perdido o dia programado para a coleta porta-a-porta.
Hoje em dia, a participação dos catadores como agentes da coleta
seletiva é muito importante para o abastecimento do mercado de materiais
recicláveis e consequentemente como suporte para a indústria recicladora.
Um programa de coleta seletiva deve contemplar o trabalho destes cidadãos,
mesmo que não haja um apoio direto à atividade.
Hoje no Brasil estima-se a atuação de cerca de 200 mil catadores de
rua (autônomos e em cooperativas), responsáveis pela coleta seletiva de
vários tipos de materiais. A Valorização do trabalho dos catadores permite
não só ganhos econômicos mas também sociais. Muitas pessoas que
estavam à margem da sociedade por vários motivos, ao ingressar no trabalho
de catação passam por um processo de resgate de cidadania, tendo
novamente um papel importante na sociedade, bem como uma fonte regular
de renda.
O trabalho autônomo dos catadores é importante, mas a organização
em cooperativas poderá ampliar significativamente a produtividade e mesmo
os ganhos individuais.
53
CONCLUSÃO
Desde a antiguidade a sociedade sofre diversas transformações,
sempre buscando o desenvolvimento agrícola, industrial, desde o setor
primário até o terciário. E para alcançar tais conquistas, entra em conflito
com o meio ambiente causando impactos irreparáveis ao mesmo.
No Brasil e no mundo, a questão ambiental tornou-se um tema muito
discutido em todos os meios, devido a crescente degradação ambiental
existente nos dias de hoje e, pelo fato de que um ambiente equilibrado
54
refletirá na qualidade de vida dos povos. Neste caso, surge a questão dos
resíduos sólidos (lixo) como uma das mais sérias ameaças à população.
Atualmente a produção de lixo se tornou inevitável, já que todo
consumo gera um excedente que acaba não sendo aproveitado. As pessoas
esquecem que boa parte do que consomem, usam e compram é feito de
materiais altamente resistentes (não degradáveis a curto prazo, como o
plástico), principalmente aqueles ditos descartáveis. Também esquecem que
a boa parte do que consomem vem da matéria-prima que tem origem do meio
ambiente natural, sendo extraída numa velocidade muito maior do que este
meio seria capaz de repor. Assim, quando consomem algo, não há uma
preocupação com esta origem ou com a destinação dos resíduos, como se o
lixo fosse sumir, desaparecer num passe de mágica; todos se acostumam
com este estilo de vida, que de certa forma traz rapidez e conforto.
A verdade sobre o lixo é simples e definitiva: O indivíduo parece
desconhecer o desastre ecológico que se inicia que se inicia na porta da sua
casa. Com o crescimento do uso de produtos eletrônicos, materiais como
pilhas, baterias, computadores são descartados diariamente sem uma
destinação adequada. Depósitos de sucatas e os lixões vão se tornando uma
triste realidade nas cidades e com sérios prejuízos à saúde e ao meio
ambiente. O problema se agrava ainda mais quando se fala no lixo industrial,
nuclear, comercial, hospitalar, tratamento de esgoto e até o lixo espacial. O
fato é que saúde, lixo e meio ambiente caminham juntos. Daí a grande
importância de se incentivar a coleta seletiva de lixo e a reciclagem, o que vai
representar significativamente economia de energia e de matéria-prima
fornecida pela natureza. Conclui-se portanto que as soluções para o lixo
doméstico não podem ser padronizadas, visto que cada local tem suas
características de cultura e potenciais geradores diferentes e isso acontece
até dentro de um mesmo município . Neste caso, ao se lançar um projeto de
coleta seletiva de lixo, esse deve ser previamente muito bem estruturado e
debatido com a população alvo, para que se perceba o que será melhor
aceito por ela. Também precisa ser muito bem analisada a demanda, caso
contrário, haverá o grande risco de se gerar pilhas e pilhas de “lixo”.
55
56
ANEXOS
Anexo 1 – Tempo de composição do lixo no meio ambiente.
57
BIBLIOGRAFIA
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376ª ed, p.15.
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Monografia passo a passo...siga o mapa da mina. 7ª edição, Rio de Janeiro:
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58
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planeta em Transformação. São Paulo: Globo 2005.
59
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http://intra.vila.com.br/sites_2002a/urbana/susana/sitedestino.htm - acessado
em 28/07/2009.
60
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
LIXO: CONCEITUAÇÃO 10
1.1 – Classificação dos resíduos Sólidos 10
1.1.2 – Resíduos Perigosos 13
1.1.3 – Resíduos Indesejáveis 15
1.2 – Impactos Ambientais 16
1.3 – Para onde vai o Lixo? 18
1.4 – A Poluição Causada pelo Lixo 21
1.4.1 – A Poluição do solo 21
1.4.2 – Causas da Poluição do Solo 22
CAPITULO II
O LIXO E O CONSUMO 24
2.1 – Consumo e Desperdício 25
2.2 – Educação Ambiental 28
2.2.1- Princípios da Educação Ambiental 30
2.2.2 – Quais são os objetivos propostos na
Educação Ambiental? 31
2.3 – Conscientização Ambiental 33
CAPÍTULO III
61
A RECICLAGEM 35
3.1 – A fórmula dos R’s 36
3.1.1 – Por que Reciclar? 37
3.1.2 – Como Reciclar? 38
3.1.3 – Vantagens da Reciclagem 38
3.1.4 – Material Reciclável e Não Reciclável 39
3.1.5 – História dos Principais Materiais Recicláveis 40
CAPÍTULO IV
COLETA SELETIVA DE LIXO 43
CONCLUSÃO 54
ANEXOS 56
BIBLIOGRAFIA 57
WEBGRAFIA 59
ÍNDICE 60