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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO
ECOLÓGICO
Por: Aurea Regina dos Santos Nunes
>
Orientador
Prof. Maria Esther Araújo
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO SUJEITO
ECOLÓGICO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação Ambiental
Por: Aurea Regina dos Santos Nunes
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AGRADECIMENTOS
A Deus que a cada dia me fortalece,
aos amigos pelo apoio e a todos os
professores da AVM Faculdade
Integrada
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DEDICATÓRIA
À memória de meu pai, Izauro Valero dos
Santos.
A todos que acreditam no ser humano e
sabem que vale a pena investir na
Educação Ambiental.
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EPÍGRAFE
“O cuidado com a Terra representa o global.
O cuidado com o próprio nicho ecológico
representa o local. O ser humano tem os
pés no chão (local) e a cabeça aberta para
o infinito (global). O coração une chão e
infinito, abismo e estrelas, local e global.
A lógica do coração é a capacidade de
encontrar a justa medida e construir o
equilíbrio dinâmico.” Leonardo Boff
(Saber cuidar: Ética do humano -compaixão
pela Terra)
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RESUMO
O presente trabalho abordará a importância da Escola para a aplicação
da Educação Ambiental formando cidadãos conscientes de seu papel na
sociedade. É urgente que a escola leve os alunos a reflexão sobre mudança
de valores e atitudes relacionadas ao ambiente onde estão inseridos buscando
diminuir os impactos ambientais e procurando recuperar áreas já degradadas.
De início há o relato do histórico da Educação Ambiental no Brasil e no
mundo destacando os avanços ocorridos nas últimas décadas, as leis que
garantem a aplicação da Educação Ambiental e os PCNs com suas
orientações para o trabalho nas escolas. Analisa porque apesar de toda
legislação vigente a implantação a Educação Ambiental ainda não está
acontecendo nas escolas como deveria. Concluímos que somente através da
Educação Ambiental poderemos chegar ao ideal de sujeito ecológico que
saberá lutar por seus ideais. Através de uma pesquisa informal realizada com
professores podemos apontar as principais dificuldades encontradas para
aplicação da Educação Ambiental nas escolas.
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METODOLOGIA
O presente trabalho é uma pesquisa qualitativa cujo tema é a
contribuição da Escola para formação do sujeito ecológico. Será feito pesquisa
bibliográfica cujo primeiro passo é a compreensão do termo sujeito ecológico
preconizado pela autora Isabel Cristina de Moura Carvalho em seu livro
Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico.
Servirão também de suporte ao trabalho autores de obras ligadas à
educação como Paulo Freire, Moacir Gadotti, Edgar Morin, Marcos Reigota,
Genebaldo Freire Dias e outros. A legislação vigente sobre o tema também
será analisada.
Será também realizada pesquisa informal com professores do Colégio
Estadual Barão de Tinguá, Nova Iguaçu, RJ sobre como tem sido abordado a
Educação Ambiental e as dificuldades encontradas pelos professores.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL E NO MUNDO 13
CAPÍTULO II
A LEGISLAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 32
CAPÍTULO III
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O SUJEITO ECOLÓGICO 37
CAPÍTULO IV
A ESCOLA E O DESPERTAR DO SUJEITO ECOLÓGICO 51
CONCLUSÃO 60
ANEXOS 61 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 80
ÍNDICE 82
9
INTRODUÇÃO
O papel da Escola na formação do sujeito ecológico é um tema de
estudo que busca a reflexão sobre as contribuições que a Escola tem a
oferecer na Educação Ambiental formal.
A questão ambiental envolve aspectos políticos, sociais e históricos e
devem ser fomentadas discussões sobre a responsabilidade humana voltadas
ao bem estar comum. Sabemos que a aprendizagem implica em mudança de
comportamento, então cabe a escola como espaço onde a educação formal se
processa, o ensino de valores e atitudes que levem a reflexão sobre situações
concretas. O grande desafio vai além de uma aprendizagem puramente
comportamental, pois visa a formação de cidadãos com responsabilidade ética
e social aptos a atuarem positivamente na sociedade.
Os temas relacionados ao meio ambiente hoje ganharam destaque na
mídia. A Ecologia virou grife e ser ecologicamente correto status. Porém o que
vemos na realidade é um total descompromisso nas ações do nosso dia a dia
com as questões ambientais. O discurso está bem longe da prática para a
maioria dos cidadãos.
Infelizmente dentro das escolas o que vemos é o reforço desse
comportamento irresponsável onde sabendo o que se deve fazer se omite e o
que é pior busca responsabilizar o outro. A consciência ecológica é deficitária
também entre os profissionais que atuam na educação. A Educação
Ambiental deve ser trabalhada de forma interdisciplinar e isto exige esforço no
sentido de se garantir encontros para o planejamento coletivo. Os professores
não recebem capacitação e atualização para este trabalho. e talvez por isso
não se sentem obrigados a desenvolvê-lo. O que é uma exigência legal fica
muito a cargo da afinidade que cada professor tenha com o tema.
.
Segundo Isabel Cristina de Moura Carvalho (2011) só a Educação
Ambiental fará surgir o sujeito ecológico que idealiza uma sociedade
equilibrada ecologicamente e possui ânimo para lutar pelos projetos e difundi-
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los na sociedade. Esse cidadão pode ser descrito como um gestor social pois
se preocupa com a promoção dos valores ambientais e adota procedimentos e
instrumentos que auxiliam na mediação dos conflitos.
A responsabilidade da Escola é grande, pois além do aspecto social a
Educação Ambiental tem amparo legal para sua implantação. O capítulo VI no
artigo 225, inciso VI da Constituição da República Federativa do Brasil é
dedicado ao meio ambiente. Em seu texto determina que impõe-se ao Poder
Público ”... promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e
a conscientização pública para preservação do meio ambiente”. A Lei 9394/96
que trata das Diretrizes e Bases da Educação Brasileira em seu artigo 2º diz
que a educação “...tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando,
seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho.” O Ministério
da Educação em 1997 elaborou uma nova proposta curricular conhecida como
PCNs- Parâmetros Curriculares Nacionais. Nessa proposta a Educação
ambiental deve ser trabalhada nas escolas como um tema transversal nos
currículos do Ensino Fundamental. E por fim temos a Lei 9795/99 que trata
sobre Educação Ambiental em seu artigo 2º diz que “A Educação Ambiental é
um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em rodos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não formal.” Diz ainda esta lei que receber a
Educação Ambiental é direito de todos e que as instituições educativas devem
promover a Educação Ambiental.
É necessário levar o aluno a compreender as implicações ambientais
das ações humanas para que os conteúdos ensinados não sejam dogmas sem
significação para suas vidas. O foco precisa deixar de ser o que não podemos
fazer e sim o que devemos fazer para melhoria do ambiente em que vivemos
buscando qualidade de vida. Não apenas dizer que não devemos jogar lixo
nas ruas. Os alunos devem perceber as reais conseqüências desse ato.
Devem se sentir responsáveis a ponto de arcarem com o ônus de suas ações.
A Escola precisa dar exemplo. A nova relação com o meio ambiente
não será adquirida nos livros. A ética deve guiar as ações. É preciso ensinar
com exemplos. Se na escola o aluno vê desperdício de água em torneiras e
11
descargas, ensinar sobre a importância da economia de água será pura
demagogia. Para Freire (1996, p.38) “Quem pensa certo está cansado de
saber que as palavras a que falta corporeidade do exemplo pouco ou nada
valem. Pensar certo é fazer certo.”
O aluno não deve se colocar à parte numa atitude de observador, nem
como o centro do universo. Vivemos e pertencemos ao ambiente. Agimos e
interagimos. Transformamos o ambiente e sofremos as conseqüências de
nossas ações. “ É preciso substituir um pensamento que isola e separa por um
pensamento que distingue e une.” (Morin, 2002,p.89). A visão holística do
mundo deve ser à base da Educação Ambiental.
A Lei 9795/99 que instituiu a Política Nacional de Educação
Ambiental enfatiza que a Educação Ambiental na deve se constituir como uma
disciplina autônoma, mas a dificuldade enfrentada pelos professores está em
encaixá-la em uma estrutura curricular formada por disciplinas autônomas que
não conversam entre si. Esta dificuldade não se dá apenas com a Educação
Ambiental mas também com os outros temas transversais citados nos PCNs.
Os professores não se sentem preparados para atuarem em
Educação Ambiental, pois falta esclarecimento sobre o trabalho interdisciplinar.
As atividades nas escolas estão restritas ao trabalho de temas isolados que
são incluídos em projetos estanques e geralmente elaborados para
apresentação em datas comemorativas do calendário escolar. O material
pesquisado e o resultado do trabalho geralmente são cartazes com denúncias
de crimes praticados contra o ambiente. O enfoque é sempre a
responsabilização do outro como, por exemplo, uma grande indústria, o poder
público, enchentes etc. A culpa é sempre do outro.
A Educação Ambiental deve estar garantida no Projeto Político
Pedagógico da Escola a fim de conhecendo a principal dificuldade encontrada
pelo professores consiga promover o envolvimento de todos nas discussões
relacionadas ao tema.
Diante das dificuldades encontradas pelos professores e não podendo
ser trabalhada como disciplina autônoma poderão ser apresentadas sugestões
para o trabalho com Educação Ambiental. Um coordenador ou articulador
12
talvez seja o elo necessário no momento para que possamos iniciar este
trabalho.
É preciso investir na capacitação dos profissionais e reformulação dos
currículos a fim um maior entrosamento entre as disciplinas escolares. É
preciso também preocupação em fazer cumprir o que já temos na legislação
através de ações educativas em todos os setores da sociedade.
Estamos às vésperas da Rio + 20 e novamente nosso país estará
sediando um encontro sobre meio ambiente e desenvolvimento e pouco ou
quase nada tem sido feito na Educação formal que realmente contribua para a
formação de sujeitos ecológicos. É preciso aproveitar cada oportunidade de
atuação.
Concluímos que apesar de não faltarem amparos legais à aplicação da
Educação Ambiental e estarmos às vésperas da Rio +20, ainda hoje não
podemos afirmar que estamos atingindo plenamente os objetivos no que se
refere as ações voltadas para o meio ambiente.
O aluno deve ser visto como cidadão do hoje e não do futuro. É
preciso ampliar a possibilidade presente de participação em movimentos
sociais. A Escola é o espaço ideal da formação desse sujeito ecológico que
deve participar, refletir, manifestar-se interagindo com os membros da
comunidade no processo de convívio democrático. Ele precisa sair da Escola
com a devida noção e emoção de colocar em prática o que foi aprendido.
13
CAPÍTULO I
A EDUCAÇÂO AMBIENTAL NO BRASIL E NO MUNDO
A Educação Ambiental surge nas últimas décadas como único meio de
se promover mudanças de atitudes relacionadas ao convívio harmônico com a
natureza. Desde a Conferência de Estocolmo em 1972 quando pela primeira
vez os países se reuniam para discutir as questões ambientais chegou-se ao
consenso de que a Educação ambiental é o instrumento que promoveria tais
mudanças.
Estamos às vésperas da Rio + 20 e já podemos perceber
grandes avanços nas questões relacionadas a legislação ambiental mas na
prática as ameaças à vida ainda persistem. Os assuntos relacionados ao meio
ambiente ocupam manchetes em todos os meios de comunicação, mas os
interesses econômicos ainda são barreiras quase intransponíveis.
A preocupação com o meio ambiente existe desde a antiguidade.
Filósofos e teólogos como São Francisco de Assis, o santo ecológico, já
pregavam o amor e respeito a natureza. O homem tentava explicar por meio
da cultura e religião os fenômenos naturais e sempre mantinha respeito por
tudo que era desconhecido. Assim reverenciavam Poseidom ( deus dos
mares e oceanos), Apolo (deus do Sol), Crono (deus do tempo), Deméter
(deus da colheita) e outros.
A Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei D. Manuel em 1500 mostra
todo deslumbramento pelas riquezas naturais do país recém conquistado.
Em 1503 teve início a exploração do pau-brasil, que movimentaria a
economia da colônia brasileira durante cerca de quatro décadas (Bueno, 2003)
Estima-se que, durante esse período, foram exploradas 300 toneladas de
madeira por ano. A importância dessa madeira - usada essencialmente para o
tingimento de tecidos - acabou por dar o nome definitivo ao nosso território.
A devastação das matas levou o governo português a elaborar uma
Carta-Régia, em 1542, determinando normas para o corte e punições para o
14
desperdício de pau-brasil. Na verdade, a medida não foi tomada por motivos
ecológicos - preocupação inexistente na época -, mas para garantir à Coroa
portuguesa o controle sobre a saída da mercadoria.
Com a União Ibérica, em 1580, Portugal foi anexado à Espanha. Em
1605, o Soberano espanhol Filipe 3º estabeleceu o Regimento do Pau-Brasil,
fixando a exploração em 600 toneladas por ano, de modo a limitar a oferta da
madeira na Europa, mantendo assim seus preços elevados. Durante o Império,
surgiu o termo “Madeira de Lei”. Através da Carta de Lei de outubro de 1827,
na qual juízes de paz das províncias atuavam na fiscalização das florestas.
A partir da Revolução Industrial, a poluição passou a constituir um
problema para a humanidade. Isto se deveu ao Capitalismo com atividade
econômica acelerada e concentração da população nos arredores das fábricas
e indústrias. O acúmulo de lixo, poluição por esgoto e todo tipo de
contaminação até hoje permanece, pois mesmo com toda legislação vigente
ainda temos fábricas e indústrias jogando materiais poluentes diretamente no
ambiente.
O ataque dos Estados Unidos às cidades de Nagasaki e Hiroshima
com o lançamento das bombas atômicas surgiu como alerta. O homem tem o
poder de destruir a humanidade.
Outro fato nefasto foi o acidente na Baía de Minamata no Japão, onde
milhares de pessoas foram intoxicadas pelo mercúrio que corria para a baía
lançado pela empresa Nippon Chissso Hirvo, produtora de químicos sintéticos.
Pressionado pelo Governo da Suécia a ONU realizou então a Conferência de
Estocolmo em 1972.
Vejamos acontecimentos importantes para a história da Educação
Ambiental no Brasil e no mundo.
1808 - Criação do Jardim Botânico no Rio de Janeiro
15
1850 - Lei 601 de Dom Pedro II proibindo a exploração florestal nas terras
descobertas, a lei foi ignorada, continuando o desmatamento para implantação
da monocultura de café.
1855 - Carta escrita pelo Cacique índio Seattle, da tribo Duwamish, do
Estado de Washington, dirigida ao Presidente dos Estados Unidos da América,
Franklin Pierce, na qual respondia à proposta do Governo de comprar a terra
dos índios, pertencente à sua tribo.
1869 - Ernest Haeckel propõe o vocábulo “Ecologia” para designar os
estudos das relações entre as espécies e seu ambiente.
1872 - Criação do Primeiro Parque Nacional do mundo: O Parque Nacional
de Yellowstone, Estados Unidos.
1876 - André Rebouças sugere a criação de parques nacionais na Ilha de
Bananal e em Sete Quedas.
1896 - Foi criado o primeiro parque estadual em São Paulo, o Parque da
Cidade.
1920 - O Pau-Brasil é considerado extinto.
1932 - Realiza-se no Museu Nacional a primeira Conferência Brasileira de
Proteção à Natureza
1947 - Funda-se na Suíça a UICN -União Internacional para Conservação
da Natureza (IUCN- sigla em Inglês). Reúne 84 nações, 112 Agências de
Governo, 735 ONGs e milhares de especialistas e cientistas de 181 países.
Está entre as principais organizações ambientais do mundo.
1952 - A poluição atmosférica mata 1600 pessoas em Londres, Inglaterra.
1962 - Publicação do livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson- que
alertava sobre os efeitos das ações humanas sobre o meio ambiente. A autora
enfrentou severas críticas mas devido a seus estudos a rede de televisão CBS
16
produziu um documentário assistido por mais de 15 milhões de pessoas sobre
os efeitos do potente inseticida DDT.
1965 - Utilização da expressão “Enviromental Education” (Educação
Ambiental) na Conferência de Educação na Universidade de Keele na Grã
Bretanha.
1968 - Surge o Clube de Roma que reúne economistas, industriais,
banqueiros, chefes-de-estado, líderes políticos e cientistas de vários países
para analisar a situação mundial e apresentar previsões e soluções para o
futuro.
1972 - O Clube de Roma produz o relatório “Os limites do crescimento” que
estudou ações para se obter no mundo um equilíbrio global como a redução do
consumo tendo em vista determinadas prioridades sociais. Este relatório foi
debatido na Conferência de Estocolmo e também é conhecido como Relatório
do Cube de Roma ou Relatório Meadows em referênia a seus coordenadores
Donnela Meadows w Dennis Meadows.
- Realizada em Estocolmo na Suécia de 5 a 16 de Junho a Primeira
Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento e meio ambiente
humano mais conhecida como Conferência de Estocolmo. Reuniu 113 países
e foi o primeiro grande encontro internacional sobre desenvolvimento e meio
ambiente. O resultado mais importante do encontro foi a Declaração sobre o
Ambiente Humano ou Declaração de Estocolmo que expressa a convicção de
que “tanto as gerações presentes como as futuras, tenham reconhecidas como
direito fundamental, a vida num ambiente sadio e não degradado.” (Tamanes,
1977)
- Criação pela ONU do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente- PNUMA, sediado em Nairóbi, Quênia.
- A Universidade Federal do Rio Grande do sul cria o primeiro curso
de Pós Graduação em Ecologia do país.
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- A Universidade Federal de Pernambuco inicia uma campanha de
reintrodução do Pau-Brasil considerado extinto em 1920.
1973 - Cria-se a Secretaria Especial do Meio Ambiente, SEMA, no âmbito
do Ministério do Interior, que entre outras atividades, começa a fazer Educação
Ambiental.
1975 - A UNESCO em resposta às recomendações da Conferência de
Estocolmo promoveu em Belgrado na Iugoslávia um Encontro Internacional em
Educação Ambiental onde foi criado o PIEA- Programa Internacional de
Educação Ambiental que formulou os seguintes princípios orientadores; “ A
Educação Ambiental deve ser continuada, multidisciplinar, integrada às
diferenças regionais e voltada para os interesses nacionais.”
Deste Encontro sai a Carta de Belgrado que se constitui um dos mais
importantes documentos gerados nesta década. Fala sobre a satisfação das
necessidades e desejos de todos os cidadãos da Terra e propõe que temas
sobre a erradicação da pobreza e fome, o analfabetismo, a exploração e
dominação devam ser tratados em conjunto. Nenhuma nação deve se
desenvolver às custas de outra nação, havendo necessidade de uma ética
global. Finaliza com a proposta para um programa mundial de Educação
ambiental.
1976 - A Reunião sub-regional de Educação Ambiental para o Ensino
Secundário na cidade de Chosica, Peru afirma que as questões ambientais da
América Latina estão ligadas às necessidades de sobrevivência a aos direitos
humanos.
- O Congresso de Educação Ambiental em Brasaville, África
reconhece que a pobreza é o maior problema ambiental.
1977 - A SEMA constitui um grupo de trabalho para elaboração de um
documento de Educação Ambiental para definir seu papel no contexto
brasileiro.
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- Realizada a Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental em Tbilisi, Geórgia (ex URSS) de 14 à 26 de Outubro organizada
pela UNESCO com a colaboração do PNUMA. Foi o ponto culminante da
primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental iniciada em
1975. Nesta conferência definiram-se os objetivos da Educação Ambiental,
assim como as estratégias pertinentes no plano nacional e internacional.
1979 - O Departamento de Ensino Médio do MEC e a CETESB/ SP,
publicam o documento “Ecologia- uma Proposta para o Ensino de 1º e 2º
Graus.
1981 - Lei 6938 do 31 de Agosto que dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente.
1985 - Parecer 819/85 do MEC reforça a necessidade da inclusão de
conteúdos ecológicos ao longo do processo de formação do ensino de 1º e 2º
graus, integrados a todas as áreas do conhecimento de forma sistematizada e
progressiva, possibilitando a “formação da consciência ecológica do futuro
cidadão.”
- Convenção de Viena, Áustria para a Proteção da Camada de
Ozônio. Foi firmado na Conferência de Viena de 1985 e entrou em ação no
ano de 1988. Atua como estrutura para os esforços internacionais para
proteger a camada do ozônio. No entanto, não incluiu objetivos de redução
legalmente atuantes para o uso de CFC, o principal agente químico que causa
a degradação do ozônio.
1987 - O MEC aprova o Parecer 226/87 do conselheiro Arnaldo Niskier, em
relação a necessidade de inclusão da Educação Ambiental nos currículos
escolares de 1º e 2º Graus
- Paulo Nogueira Neto representa ao Brasil na Comissão
Brundtland. Em abril de 1987, divulga-se o relatório "Our Common Future"
(Nosso Futuro Comum). O Relatório Brundtland, como é conhecido, foi
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resultado do trabalho de uma comissão, que teve como presidentes Gro
Harlem Brundtland e Mansour Khalid, daí o nome do relatório final.
- Passados dez anos da Conferência de Tbilisi, realizou-se o
Congresso Internacional sobre a Educação e Formação Relativas ao Meio
Ambiente (1987), em Moscou, Rússia, promovido pela UNESCO.
No documento final, "Estratégia Internacional de ação em matéria de
educação e formação ambiental para o decênio de 90", ressalta-se a
necessidade de fortalecer as orientações de Tbilisi. A ênfase é colocada na
necessidade de atender prioritariamente à formação de recursos humanos nas
áreas formais e não-formais da Educação Ambiental e na inclusão da
dimensão ambiental nos currículos de todos os níveis de ensino.
- Assinatura do Protocolo de Montreal sobre substâncias que
empobrecem a camada de ozônio que é um tratado internacional em que os
países signatários se comprometem a substituir as substâncias que se
demonstrou estarem reagindo com o ozônio (O3) na parte superior da
estratosfera. O tratado esteve aberto para adesões a partir de 16 de Setembro
de 1987 e entrou em vigor em 1 de Janeiro de 1989. Ele teve adesão de 150
países e foi revisado em 1990, 1992, 1995, 1997 e 1999. Devido à essa
grande adesão mundial, Kofi Annan disse sobre ele: "Talvez seja o mais bem
sucedido acordo internacional de todos os tempos_ “ Em comemoração, a
ONU declarou a data de 16 de Setembro como o Dia Internacional para a
Preservação da Camada de Ozônio.
1988 - A Constituição Brasileira, de 1988, em Art. 225, no Capítulo VI - Do
Meio Ambiente, Inciso VI, destaca a necessidade de ‘’promover a Educação
Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente’’. Para cumprimento dos preceitos
constitucionais, leis federais, decretos, constituições estaduais, e leis
municipais determinam a obrigatoriedade da Educação Ambiental.
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- A Declaração de Caracas, Venezuela sobre Educação Ambiental
na América denuncia a necessidade de mudar o modelo de desenvolvimento.
- Criação por proposta da Organização Mundial de Meteorologia
(OMM) e PNUMA o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima –
IPCC ( sigla em inglês de Intergovernamental Panel on Climate Change).
A organização do IPCC é realizada por um grupo técnico responsável
pela coordenação do Painel. Este grupo define a composição de três grupos
de cientistas: a) O Grupo I trata das bases científicas das mudanças climáticas;
b) O Grupo II avalia o impacto das mudanças climáticas sobre o planeta e suas
conseqüências para a população; c) O Grupo III analisa as possibilidades de
mitigação das mudanças climáticas, através da redução das emissões de
gases-estufa.
1989 - Criação do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), pela fusão
da SEMA, SUDEPE, SUDEHVEA e IBDF. Nele funciona a Divisão de
Educação Ambiental.
- Cria-se o Fundo Nacional de Meio Ambiente FNMA no Ministério do
Meio Ambiente MMA.
- Declaração de Haia de 11 de Março de 1989, sobre o meio ambiente,
assinada por 24 países, confirmou que não se trata apenas do dever
fundamental de preservar o Ecossistema, mas também do direito de viver
dignamente, num meio ambiente global viável e do dever para a comunidade
das nações, em relação as gerações presentes e futuras, de concretizar todas
as iniciativas possíveis para fazer preservar a qualidade da atmosfera. Aponta
a importância da cooperação internacional nas questões ambientais. Foi uma
reunião preparatória para a Rio-92.
1990 - Publicado o Primeiro Relatório de Avaliação do IPCC em Sundsvall,
Suécia, indicando que na ausência de medidas para a diminuição das
emissões de gases de efeito estufa, o clima da Terra tornar-se-ia mais quente,
21
por volta de 3 graus Celsius no final do próximo século e o nível do mar
aumentaria cerca de 50 centímetros.
- A Conferência Mundial sobre Ensino para todos em Jontien,
Tailândia destaca o conceito de Analfabetismo Ambiental.
- A ONU declara 1990 como Ano Internacional do Meio Ambiente.
1991 - MEC resolve que todos os currículos nos diversos níveis de ensino
deverão contemplar conteúdos de Educação Ambiental (Portaria 678
(14/05/91). Foi enfatizada a necessidade de se investir na capacitação dos
professores.
- Portaria 2421/91 do MEC que institui em caráter permanente um
Grupo de Trabalho de Educação Ambiental com objetivo de definir com as
secretarias estaduais de Educação as metas e estratégias para implantação da
Educação Ambiental no país e elaborar proposta de atuação do MEC na área
da educação formal e não-formal para a Conferência da ONU sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento.
1992 - A ECO-92, Rio-92, Cúpula ou Cimeira da Terra são nomes pelos
quais é mais conhecida a II Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada entre 3 e 14 de junho de
1992 no Rio de Janeiro. O seu objetivo principal era buscar meios de conciliar
o desenvolvimento sócio-econômico com a conservação e proteção dos
ecossistemas da Terra. A Conferência consagrou o conceito de
Desenvolvimento sustentável.
Conhecida mundialmente como Rio 92, a conferência foi a maior
reunião de chefes de Estado da história da humanidade com a presença de
cerca de 117 governantes de países tentando buscar soluções para o
desenvolvimento sustentável das populações mais carentes do planeta.
O evento foi acompanhado por todo o mundo e contou com a
participação da sociedade civil organizada. Contou com mais de 22 mil
22
pessoas, pertencentes a mais de 9 mil organizações não-governamentais, que
estiveram presentes nos dois principais eventos da Conferência: a reunião de
chefes de Estado- Cúpula da Terra, e o Fórum Global promovido pelas ONGs.
Uma série de convenções, acordos e protocolos foram firmados
durante a conferência. O mais importante deles, a chamada Agenda 21,
comprometia as nações signatárias a adotar métodos de proteção ambiental,
justiça social e eficiência econômica, criando um Fundo para o Meio Ambiente,
para ser o suporte financeiro das metas fixadas.
- A REBEA foi lançada em 1992, no II Fórum Brasileiro de Educação
Ambiental, onde se adotou o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade Global como carta de princípios.
1993 - Criação dos Centros de Educação Ambiental do MEC, com a
finalidade de criar e difundir metodologias em Educação Ambiental. A portaria
773/93 do MEC institui em caráter permanente um Grupo de Trabalho sobre
Educação ambiental com o objetivo de coordenar, apoiar, acompanhar, avaliar
e orientar as ações, metas e estratégias para implementação da Educação
Ambiental nos sistemas de ensino em todos os níveis e modalidades,
concretizando as recomendações aprovadas na Rio 92.
1994 - Aprovação do Programa Nacional de Educação Ambiental ,
PRONEA, com a participação do MMA/IBAMA/MEC/MCT/MINC com o objetivo
de “capacitar o sistema de educação formal e não-formal, supletivo e
profissionalizante, em seus diversos níveis e modalidade
O ProNEA dentro de suas linhas de ação e estratégias é responsável por
realizar, a cada dois anos, a Conferência Nacional de Educação Ambiental,
precedida de conferências estaduais e o apoio à Rede Brasileira de Educação
Ambiental na realização dos Fóruns Brasileiros de Educação Ambiental
antecedidos por fóruns estaduais (BRASIL, 2005).
- Em 21 de março de 1994 a CQMC (Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças do Clima ) entrou em vigor e, desde então,
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países que ratificaram o tratado - as chamadas Partes - se comprometem a
seguir os princípios estabelecidos pela CQMC para o combate à mudança do
clima. A CQMC foi assinada por mais de 150 Estados no ano de 1992 durante
a Cúpula da Terra (ECO92) e reflete a preocupação dos Estados com a
ocorrência, cada vez mais freqüente, de verdadeiras tragédias pelo mundo
todo causadas pelo aquecimento global.
1995 - Conferência Mundial sobre o Clima (COP-1) realizada em Berlim,
Alemanha, ano seguinte da entrada em vigor da CQMC (Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima que foi aberta a assinaturas
durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992). A primeira COP tece
como destaque a decisão de se apresentar no encontro de 1997 um
documento tornando oficial o comprometimento dos países do Anexo I de
redução das emissões de gases do efeito estufa. Eram os primeiros passos
para a criação do Protocolo de Kyoto..
1996 - Lei 9276/96 que estabelece o Plano Plurianual do Governo
1996/1999 que define como principais objetivos da área de meio ambiente a
“promoção da Educação Ambiental através da divulgação e uso de
conhecimentos sobre tecnologias de gestão sustentável dos recursos naturais”
procurando garantir a implementação do PRONEA.
- Realizada Conferência Mundial sobre o clima (COP-2) na cidade
de Genebra (Suíça). O encontro teve como documento oficial a
Declaração de Genebra e como destaque foi decidido que aos países não
desenvolvidos seria permitido solicitar à Conferência das Partes apoio
financeiro para o desenvolvimento de programas de redução de
emissões, com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente.
1997 - I Conferência Nacional de Educação Ambiental CNEA em Brasília
de 07 à 10 de Outubro. Foi produzido o documento Carta de Brasília para a
Educação Ambiental. Essa carta reconhece que a visão de educação e
24
consciência pública foi enriquecida e reforçada pelas conferências
internacionais e que os planos de ação dessas conferências devem ser
implementados pelos governos nacionais, sociedade civil (incluindo ONGs,
empresas e a comunidade educacional), a ONU e outras organizações
internacionais (BRASIL, 2005).
- Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade:
Educação e Consciência Pública para Sustentabilidade realizada de 08 à 12 de
Dezembro na cidade de Thessaloniki na Grécia onde houve reconhecimento
de que passados cinco anos da Conferência Rio 92, o desenvolvimento da
Educação Ambiental foi insuficiente.
- O Protocolo de Kyoto é discutido e negociado em Kyoto no Japão
(COP-3) Foi aberto para assinaturas em 11 de Dezembro de 1997 e ratificado
em 15 de março de 1999. Sendo que para este entrar em vigor precisou que
55% dos países, que juntos, produzem 55% das emissões, o ratificassem.
O protocolo constitui-se de um tratado internacional com
compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que
agravam o efeito estufa considerados, de acordo com a maioria das
investigações científicas, como causa antropogênicas do aquecimento global.
É um acordo assinado em 1997 por 189 nações, que se comprometeram em
reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa em 5%, na
comparação com os níveis de 1990. O principal alvo é o dióxido de carbono
(CO2). Especialistas acreditam que a emissão desenfreada desse e de outros
gases esteja ligada ao aquecimento global, fenômeno que pode ter efeitos
catastróficos para a humanidade durante as próximas décadas.
- Criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais— PCNs, definidos
pelo MEC com a colaboração de especialistas, instituições e entidades de
estudos e pesquisas educacionais. Esse conjunto de documentos aponta a
necessidade da construção de currículos mais adequados às peculiaridades
culturais de cada região do País e a inclusão de temas transversais que
envolvam questões sociais para a reflexão dos alunos, onde a dimensão
25
ambiental é inserida como um tema transversal nos currículos do Ensino
Fundamental.
1998 - Conferência das Nações Unidas em Buenos Aires, Argentina - foi
realizada a IV Conferência das Nações Unidas sobre mudanças Climáticas na
Terra (Conferência das Partes- COP-4). Mais de 170 países se reuniram para
discutir o aquecimento global. Foi o quarto encontro sobre as alterações no
clima da Terra depois da Eco-92, no Rio de Janeiro. Teve como principal
objetivo ratificar o Protocolo de Kyoto. Estabeleceu um cronograma para o
regime de transação de emissões de gases, conforme o protocolo da reunião
do ano de 1997.
1999 - Promulgada a Lei nº 9.795 em 27 de Abril que instituiu a Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA). A Lei legaliza seus princípios, a
transforma em objeto de políticas públicas, além de fornecer à sociedade um
instrumento de cobrança para a sua promoção. A PNEA legaliza também a
obrigatoriedade de trabalhar o tema ambiental de forma transversal, conforme
foi proposto pelos PCNs (FREIRE et al, 2006; BRASIL, 2005).
- O PRONEA -Programa Nacional de Educação Ambiental é
reformulado conjuntamente pela Diretoria de Educação Ambiental do Ministério
do Meio Ambiente (DEA/MMA) e Coordenação Geral de Educação ambiental
do MEC (COEA/MEC). O objetivo principal foi delinear as bases teóricas e
metodológicas da Educação Ambiental no Brasil devendo atuar como um
sistema integrador das informações de EA no país e fomentar a formação de
Comissões Interinstitucionais de Educação Ambiental nos estados com o
intuito de criar instâncias de referência para a construção dos programas
estaduais de EA (BRASIL, 2005).
- Conferência Mundial do Clima (COP-5) na cidade de Bonn,
Alemanha.
26
2000 - Conferência Mundial do clima na cidade de Haia na Holanda.
(COP-6). O encontro foi uma amostra da dificuldade de consenso em torno
das questões de mitigação.
2001 - Conferência de Marrakesh no Marrocos (COP-7). A reunião traz
como destaque dos Acordos de Marrakesh a definição dos mecanismos de
flexibilização, a decisão de limitar o uso de créditos de carbono gerados de
projetos florestais do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e o
estabelecimento de fundos de ajuda a países em desenvolvimento voltados a
iniciativas de adaptação às mudanças climáticas
- Na cidade de Acra, Gana, o IPCC publicou um Terceiro Relatório de
Avaliação em que destaca, novamente, a provável influência da ação humana
sobre o aquecimento global.
2002 - Realização Rio+10 ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável (em inglês Earth Summit 2002) foi um fórum de discussão das
Nações Unidas realizado entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro de 2002,
em Johanesburgo, África do Sul.
Teve como objetivo principal discutir soluções já propostas na
Agenda 21 primordial (Rio 92), para que pudesse ser aplicada de forma
coerente não só pelo governo, mas também pelos cidadãos, realizando uma
agenda 21 local, e implementando o que fora discutido em 1992.
- Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento sustentável em Nova Deli,
Índia (COP-8) Regulamentação de Projeto de MDL (Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo- Crédito de Carbono) em pequena escala. Realizada
em 2002, mesmo ano da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio +10), dá início à discussão sobre uso de fontes renováveis na matriz
energética das Pares, marca a adesão da iniciativa privada e de organizações
não-governamentais ao Protocolo de Kyoto e apresenta projetos para a criação
de mercados de créditos de carbono.
27
2003 - Conferência Mundial do Clima (COP-9) na cidade de Milão, Itália.
Entre os temas de maior atenção destacou-se a questão da regulamentação
de sumidouros de carbono no âmbito do MDL - Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto. A COP-9 também discutiu os
fundos financeiros para apoiar os países menos desenvolvidos e para a
adaptação às consequências do aquecimento global.
2004 - Conferência Mundial do Clima (COP-10) na cidade de Buenos Aires,
Argentina. A reunião aprovou regras para a implementação do Protocolo de
Kyoto, que entrou em vigor no início do ano seguinte, após a ratificação pela
Rússia. Outros destaques da COP-10 foram a definição dos Projetos
Florestais de Pequena Escala (PFPE) e a divulgação de inventários de
emissão de gases do efeito estufa por alguns países.
2005 - Conferência Mundial do Clima em Montreal, Canadá (COP-11 /
MOP-1- Reunião das partes do Protocolo de Kyoto em inglês Meeting of the
Parties of the Kyoto Protocol) . Já entra na pauta a discussão do segundo
período do Protocolo, após 2012, para o qual instituições européias defendem
reduções de emissão na ordem de 20 a 30% até 2030 e entre 60 e 80% até
2050.
- Depois de mais de seis anos de negociações, entrou em vigor
no dia 16 de fevereiro de 2005, o Protocolo de Kyoto, único instrumento
internacional já concebido para lidar com o maior desafio ambiental da
história: a redução do aquecimento global. O protocolo exige que países
industrializados reduzam em 5,2% -em relação aos níveis de 1990- suas
emissões de gases de carbono. Segundo cientistas, esses gases estão
provocando o efeito estufa (aquecimento global) e outras alterações no clima
do planeta. As metas de redução dos gases devem ser cumpridas até 2012.
2006 - Conferência de Nairóbi (COP-12/ MOP-2) – realizada em a
reunião teve como principal objetivo o compromisso com a revisão de
prós e contras do Protocolo de Kyoto, com um esforço das 189 nações
participantes de realizarem internamente processos de revisão.
28
2007 - Conferência de Bali, Indonésia (COP-13 / MOP-3) – a reunião
estabeleceu compromissos mensuráveis, transparentes e verificáveis para a
redução de emissões causadas por desmatamento das florestas tropicais para
o acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto. Esse é um dos pontos que
integram o processo oficial de negociação para o próximo acordo, que deve ser
concluído até 2009 e cujas bases foram estabelecidas pelo texto final da COP-
13, o que lhe valeu o apelido de Mapa do Caminho.
A anuência dos países em desenvolvimento na questão do
desmatamento, entre eles o Brasil, que era contra essa diretriz, abre espaço
para que os Estados Unidos deixem de bloquear o Protocolo de Kyoto. Um dos
argumentos para não ratificar o acordo era a falta de engajamento das Partes
não-Anexo I nos compromissos de mitigação. Mas a bastante criticada posição
norte-americana de colocar empecilhos à Conferência de Bali colaborou para o
principal revés do encontro: o adiamento para 2050 de metas compulsórias
claras para redução de emissões , deixando de lado a proposta
de metas entre 25% e 40% para 2020.
2008 - Conferência de Poznan, Polônia (COP-14 / MOP - 4) significou
avanço nas discussões do Plano de Ação de Bali, Índia. Os
representantes dos países partes da Convenção do Clima deixaram a
Polônia com um programa de trabalho claro para 2009, saindo do
período de proposições e idéias para entrar em negociações intensas sobre as
propostas. .
2009 - Conferência de Copenhague, Dinamarca (COP-15 MOP-5) - foi
marcada pela grande expectativa gerada, já que se esperava a aprovação de
uma nova agenda internacional para mudança do clima, o que não foi possível.
No entanto, não se deve classificá-la como um fracasso, termo comumente
usado pela mídia, pelo contrário, ela pode ser tida como um avanço na
29
discussão política internacional da questão climática, já que mobilizou 192
países, cujos representantes estiveram presente no evento.
. .A semelhança com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL),
estabelecido em Kyoto, é que um poluidor poderá comprar créditos de quem
mantém e protege uma área florestal. A diferença é que o REDD propõe
remunerar o proprietário de matas naturais que se proponha a protegê-las por,
no mínimo, 60 anos. O mecanismo permite, assim, evitar a emissão de
carbono e, embora seja atinente à Convenção do Clima, pode representar um
dos mais promissores caminhos para a proteção da biodiversidade.
2010 - Conferência de Cancun, México (COP-16) - realizada de 29 de
novembro à 10 dezembro não resultou em um tratado global sobre mudança
do clima, mas representou um avanço nas negociações, especialmente porque
a essência do Acordo de Copenhagen foi oficializada, como a adoção de
metas voluntárias de redução de emissões de grandes emissores que não
estão incluídos no Anexo I do Protocolo de Kyoto, o Fundo Verde e o
mecanismo de transparência para ações financiadas com recursos próprios
dos países. Um dos acordos fechados foi a criação do Fundo Verde do Clima,
para administrar o dinheiro que os países desenvolvidos se comprometeram a
contribuir para deter as mudanças climáticas. São previstos US$ 30 bilhões
para o período 2010-2012 e mais US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020.
Outro acordo foi a manutenção da meta fixada na COP 15 (em
Copenhague) de limitar a um máximo de 2°C a elevação da temperatura média
em relação aos níveis pré-industriais. No entanto, os participantes deixaram
para decidir no encontro seguinte, em Durban (África do Sul), no final de 2011,
o futuro do Protocolo de Kyoto, documento que expira em 2012.
Talvez a maior pedra do caminho em Cancun, a continuação do
Protocolo de Kyoto, que expira em 2012, foi habilidosamente removida por
representantes brasileiros e britânicos, de forma a evitar que o Japão, seguido
pela Rússia e pelo Canadá, abandonasse o instrumento.
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2011 - Aconteceu em Abril em Bangcoc, na Tailândia, a primeira reunião de
negociações da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima (CQNUMC) após a 16ª Conferência das Partes em Cancun (COP-16). A
reunião terminou sem garantias de que este fechado um acordo para prolongar
o período de vigência do Protocolo de Kyoto.
Esta reunião pode até ser vista como uma continuação da COP- 16,
mas na verdade é uma preparação para a COP-17 que acontece este ano em
Durban, na África do Sul. A reunião de Bangcoc foi a primeira de duas
reuniões que devem acontecer antes da COP-17. A segunda reunião foi
realizada em junho, na cidade de Bonn, na Alemanha. O Japão manteve seu
posicionamento de não assinar uma renovação do Protocolo de Kyoto, posição
adotada também pela Nova Zelândia. Países como Canadá, Rússia e Austrália
deverão adotar a mesma posição nas próximas reuniões.
Já a delegação da União Européia pronunciou-se que mantém postura
prévia de considerar a opção de prolongar o período de vigência do Protocolo
de Kyoto e comprometeu-se a cortar 20% de suas emissões de GEE até 2020,
mas se tiver o apoio de outros países poderá aumentar o percentual para 30%.
Se os posicionamentos contrários à renovação do Protocolo de Kyoto
se mantiverem, e incluindo também a ausência dos Estados Unidos, os
fracassos das COPs anteriores devem ser mantidos na próxima conferência
em Durban. A única forma de mudar isso é com ações da sociedade,
pressionando os governantes a renovar, e a ampliar o Protocolo de Kyoto.
- Aconteceu em Junho na cidade Bonn na Alemanha a 2ª Reunião de
preparação para a COP-17 em Durban, África do Sul. Esta última etapa
revela mais problemas que soluções. A Secretária Executiva da Convenção do
Clima, Christiana Figueres, em meio a alertas sobre o perigo da inação, já
reconhece que haverá pouco a decidir em Durban, na África do Sul.
Finalmente admite o que todos já sabiam: o período de compromissos do
Protocolo de Kyoto se esgotará em 2012, sem ter um segundo termo para
substituí-lo. A incerteza regulatória para o mercado de carbono é inevitável.
31
2012 - Rio +20. A cidade do Rio de Janeiro será a sede da Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. O encontro recebeu
o nome de Rio+20 e visa a renovar o engajamento dos líderes mundiais com o
desenvolvimento sustentável do planeta, vinte anos após a Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). erão
debatidos a contribuição da “economia verde” para o desenvolvimento
sustentável e a eliminação da pobreza, com foco sobre a questão da estrutura
de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável.
O que esperar da Rio+20? Marcada para junho de 2012 já vem
provocando encontros de especialistas, ONGs e representantes da sociedade,
desde o ano passado. De forma geral, espera-se que as decisões tomadas por
lá sejam mais que um balanço dos últimos 20 anos que a separam da Rio 92,
marco na história socioambiental mundial que resultou numa série de
documentos importantes, como a Agenda 21, e também nas Convenções
sobre Clima e Diversidade Biológica.
32
CAPÍTULO II
LEGISLAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Desde os tempos coloniais, a legislação brasileira preocupava-se com a
proteção da natureza, especialmente recursos naturais, florestais e pesqueiros.
Contudo, era sempre uma preocupação setorial voltada para os interesses
econômicos imediatos. Basta lembrar que, nos primeiros tempos, a exploração
da madeira e de seus subprodutos representava a base colonial e se
constituíam em Monopólio da Coroa. Ainda depois da Independência, este
espírito continuou presente, protegendo-se sempre setores do meio ambiente
tendo em vista prolongar sua exploração.
A partir da década de 30, quando o país sofreu profundas modificações
políticas, o velho Código Florestal-23793/34, o Código de Águas- Dec.
24643/34, assim como o Código de Caça- lei 23672/34 e o de Mineração-
Dec.Lei 1985/40, tinham seu foco voltado para a proteção de determinados
recursos ambientais de importância econômica. O Código de Águas, por
exemplo, muito mais que a proteção a este recurso natural, privilegiava a sua
exploração para geração de energia elétrica.
Após a Revolução de 1964 apareceram as primeiras preocupações
referentes a utilização dos recursos naturais de forma racional. A compreensão
de que tais recursos só se transformariam em riquezas se explorados de forma
racional começou a causar preocupação.
Desse período datam, dentre outras, a Lei nº4.504, de 30.12.1964
(Estatuto da Terra), o novo Código Florestal (Lei nº 4.771, de 15.09.1965), a
Lei de Proteção à Fauna (Lei nº 5.197, de 03.01.1967), Decreto-lei nº 221
(Código de Pesca), Decreto-lei nº 227 (Código de Mineração), Decreto-lei nº
289, (todos de 28.02.1967), que criam o Instituto Brasileiro de
Desenvolvimento Florestal, com incumbência expressa de"cumprir e fazer
cumprir" tanto o Código Florestal, como a Lei de Proteção à Fauna). Também
33
foram instituídas reservas indígenas, criados Parques Nacionais e Reservas
Biológicas.
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente realizada em
Estocolmo em 1972 foi um marco decisivo e teve repercussão sobre a
legislação ambiental brasileira. A participação brasileira nesta Conferência foi
muito criticada e a necessidade de dar uma prova pública de que o Governo
Brasileiro tinha também preocupações com a poluição e com o uso racional
dos recursos ambientais resultou na criação da Secretaria Especial do Meio
Ambiente. Foi ela criada pelo Decreto nº 73.030, de 30 de outubro de 1973,
como "órgão autônomo da Administração Direta" no âmbito do Ministério do
Interior "orientada para a conservação do meio ambiente e uso racional dos
recursos naturais".
As competências outorgadas à SEMA lhe deram condições de encarar o
meio ambiente de uma forma integrada, cuidando das transformações
ambientais adversas por vários instrumentos, inclusive influindo nas normas de
financiamentos e na concessão de incentivos fiscais. Essas competências
representaram uma verdadeira guinada na forma que a União vinha encarando
a utilização dos recursos naturais e o controle da poluição ambiental. A
primeira delas já é emblemática dessa nova visão: "acompanhar as
transformações do ambiente através de técnicas de aferição direta e
sensoriamento remoto, identificando as ocorrências adversas e atuando no
sentido de sua correção". As demais também representam notável progresso,
basta ver que entre suas competências estava a de "promover a elaboração e
o estabelecimento de normas e padrões relativos à preservação do meio
ambiente, especialmente dos recursos hídricos, que assegurem o bem-estar
das populações e o seu desenvolvimento econômico”. Pela primeira vez é
acentuada a íntima ligação existente entre a necessidade da conservação
ambiental com o desenvolvimento econômico e o bem-estar das populações e
é outorgado a um órgão ambiental.
34
Apesar de experiências identificadas na década de 1970, as discussões
relacionadas à Educação Ambiental adquirem projeção no cenário brasileiro na
década de 1980, com a realização dos primeiros encontros nacionais, a
atuação crescente das organizações ambientalistas, a incorporação da
temática ambiental por outros movimentos sociais e educadores e o aumento
da produção acadêmica.
Em 31 de outubro de 1981, sancionada a Lei nº 6.938, que estabeleceu
a Política Nacional do Meio Ambiente, consolidando e ampliando as conquistas
já obtidas em nível estadual e federal. A principal qualidade desta legislação foi
o reconhecimento, ditado pela experiência, de que a execução de uma Política
Nacional do Meio Ambiente, em um país com as dimensões geográficas do
Brasil, não seria possível se não houvesse uma descentralização de ações,
acionando-se os Estados e Municípios como executores de medidas e
providências que devem estar solidamente embasadas no postulado que o
meio ambiente representa "um patrimônio a ser necessariamente assegurado
e protegido, tendo em vista o uso coletivo".
A Constituição promulgada em 1988, ao contrário das anteriores, em
todo o seu texto demonstra séria preocupação ambientalista sintetizada em
seu artigo 225: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações". Dessa forma, a
Constituição recebeu e avaliou toda a legislação ambiental no país, inclusive, e
principalmente a necessidade da intervenção da coletividade, ou seja,
participação da sociedade civil, nela compreendida o empresariado na co-
gestão da Política Nacional do Meio Ambiente.
Em 1994 foi criado o PRONEA – Programa Nacional de Educação
Ambiental (reformulado em 2004). Este documento, sintonizado com o
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global (firmado durante Eco-92) apresenta as diretrizes, os
35
princípios e a missão que orientam as ações do Programa Nacional de
Educação Ambienta e estabelece as linhas de atuação formal e não-formal,
para promover ações que estimulem a visão crítica e a postura pró-ativa por
todos os setores da sociedade.
As Diretrizes para Operacionalização do Programa Nacional de
Educação Ambiental - PRONEA - consistem na sistematização de uma prática
que se fundamenta na experiência do IBAMA e dos Órgãos que lhe deram
origem e concretiza o modo como o IBAMA tem procurado cumprir as
determinações contidas no PRONEA.
A preocupação central da proposta está em promover condições para
que os diferentes segmentos sociais disponham de instrumental, inclusive na
esfera cognitiva, para participarem na formulação de políticas para o meio
ambiente, bem como na concepção e aplicação de decisões que afetam a
qualidade do meio natural e sócio-cultural.
A legislação mais recente, como a Lei 9433/97 que institui a Política
Nacional dos Recursos Hídricos, mostra que estes princípios vêm sendo bem
assimilados, tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável, para a
consecução do qual é indispensável a consciência de ser imprescindível a
parceria do Governo e dos usuários dos recursos ambientais para sua
utilização racional e conservação.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, lançados oficialmente pelo MEC
em 1997 orientam a utilização do meio ambiente como tema Transversal no
currículo escolar em todo âmbito nacional.
Resultado de intenso processo de discussão iniciado em 1993 e das
disputas entre as tendências, a Lei 9795/99 que define a Política Nacional de
Educação Ambiental é primeira do gênero na América Latina e expressa a
superação de dúvidas comuns quanto aos pressupostos da Educação
Ambiental, principalmente quanto aos seus objetivos e finalidades, procurando
institucionalizar os pontos consensuais.
36
Há na Lei uma preocupação com a construção de atitudes e condutas
compatíveis com a “questão ambiental” e a vinculação de processos formais de
transmissão e criação de conhecimentos a práticas sociais. Há também efetiva
preocupação em fazer com que os cursos de formação profissional insiram
conceitos que os levem a padrões de atuação profissional minimamente
impactantes sobre a natureza e que todas as etapas do ensino formal tenham
a Educação Ambiental de modo interdisciplinar.
Após a regulamentação da Lei que define a PNEA, em 2002 a
Educação Ambiental assume uma dinâmica intensa em termos político-
institucionais e de projetos de formação de amplos setores sociais. Passa a
ocorrer uma efetiva atuação conjunta entre MMA e MEC por meio do Órgão
Gestor, a politização dos debates, processo no qual o IBAMA tem importante
contribuição, e a consolidação de espaços interinstitucionais, tendo por
referência, entre outros, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade Global, documento aprovado no Fórum
Global, durante a Rio/92.
Atualmente avançamos na estruturação de redes de diferentes escalas
(temáticas, locais, regionais, nacionais etc.) em diálogo permanente com o
Governo Federal (sem perda aparente de autonomia), há a ampliação de
Centros de Educação Ambiental (CEAs), a criação de Comissões
Interinstitucionais Estaduais de Educação Ambiental (CIEAs) nos estados, o
incentivo à criação de pólos locais, salas verdes, Coletivos Educadores,
Coletivos Jovens e Agendas 21, inclusive escolares.
37
CAPÍTULO III
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O SUJEITO ECOLÓGICO
A educação é um dos pilares para que o desenvolvimento sustentável
venha acontecer na sociedade. A educação ambiental deve estar presente
dentro de todos os níveis educacionais, como o objetivo de atingir todos os os
cidadãos e deve buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa
com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta.
A Escola é o espaço social ideal para um primeiro contato com os ideais
do sujeito ecológico. Nela o aluno dá seqüência ao seu processo de
socialização. O que nela se faz se diz e se valoriza na Escola representa um
exemplo daquilo que a sociedade deseja e aprova. Comportamentos
ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da
vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis.
3.1- O que é educação?
A palavra educação vem do latim educare, por sua vez ligado a
educere, verbo composto do prefixo ex (fora) + ducere (conduzir, levar), e
significa literalmente 'conduzir para fora', ou seja, preparar o indivíduo para o
mundo. A educação é um processo de desenvolvimento da capacidade física,
intelectual e moral da criança e do ser humano em geral com objetivo de
integrá-lo a vida em sociedade.
A educação acontece em qualquer sociedade e é através dela que se
transmite ás gerações futuras o patrimônio cultural que inclui o
conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros
38
hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade que
farão com que a indivíduo viva harmoniosamente em seu grupo social.
A prática educativa formal que ocorre nos espaços escolarizados dá-se
de forma intencional e com objetivos determinados. No caso específico da
educação formal exercida na escola, pode ser definida como Educação
Escolar. Mas a educação acontece também no dia-a-dia, na informalidade, no
cotidiano do cidadão e assim nesse caso trata-se da educação informal.
Para Brandão (1995) Em todos os grupos humanos mais simples, os
diversos tipos de treinamento através das trocas sociais socializam
crianças e adolescentes.
“...Cada tipo de grupo humano cria e desenvolve situações, recursos e
métodos empregados para ensinar...o modelo de homem ou mulher que o
imaginário de cada sociedade – ou mesmo de cada grupo mais específico,
dentro dela – idealiza, projeta e procura realizar” (p. 22). “...Nunca as pessoas
crescem a esmo e aprendem ao acaso.” (p. 23).
Para Gadotti (2001) a educação é um dos requisitos fundamentais para que os
indivíduos tenham acesso ao conjunto de bens e serviços disponíveis na
sociedade. Ela é um direito de todo ser humano como condição necessária
para ele usufruir de outros direitos constituídos numa sociedade democrática.
O direito à educação é reconhecido e consagrado na legislação de
praticamente todos os países e deve estender-se ao longo de toda a vida do
cidadão.
Para Freire (2002, p.79) a educação sempre será um processo feito por
toda sociedade onde "Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si
mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." As ações
educativas nascem das necessidades vividas pelos homens.
De acordo com a Lei 9394/96 que regulamenta e educação Nacional a
finalidade da educação é o pleno desenvolvimento do educando que o levará
ao exercício da cidadania. Ser cidadão é ter consciência de seus direitos e
39
deveres dentro da sociedade em que vive. É estar pronto a participar das
decisões que visem a melhoria da qualidade de vida sempre de forma
responsável preocupando-se com o que se deixará de herança às futuras
gerações.
Hoje a questão ambiental não pode estar ausente da vida escolar, pois
ela ocupa os diversos meios de comunicação, mas geralmente é noticiada
como denúncia ou alarmes apocalípticos. A educação formal precisa assumir
seu papel para que os objetivos referentes ao Ensino Fundamental sejam de
fato alcançados. O artigo 32 da Lei 9394/96 em seu inciso III traz como
objetivo para a formação básica do cidadão: “... o desenvolvimento da
capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e
habilidades e a formação de atitudes e valores,...” A Educação ambiental que
trará mudanças na sociedade será aquela que promova nos cidadãos a
vontade de assumir esses novos valores que levarão a mudanças de atitudes
relacionadas ao ambiente onde ele está inserido.
3.2- Educação Ambiental no Brasil
As décadas de 70/80 marcaram o início das lutas sociais organizadas
em nível mundial, dentre as quais o movimento Hippie, a luta dos negros
americanos pela cidadania, as lutas das mulheres pela igualdade de direitos
com os homens, entre outras. No bojo desses acontecimentos, tiveram início
os movimentos de defesa da ecologia e do meio ambiente, cujo marco foi a
publicação do livro “Primavera Silenciosa” (1962), da americana Raquel
Carson. A partir dessa publicação, que repercutiu no mundo inteiro, os
militantes dos movimentos ambientalistas e a Organização das
Nações Unidas (ONU) realizaram vários eventos internacionais que
abordaram a questão da preservação da natureza..
No Rio de Janeiro, no dia 26 de julho de 1968, estudantes e uma classe
média intelectual organizaram a “Passeata dos Cem Mil” protestando contra a
40
ditadura militar que assolava o país. Dias depois, aproximadamente vinte mil
trabalhadores dos municípios de Osasco (SP) e Contagem (MG) mobilizaram-
se em greves operárias. Na arte, Chico Buarque e Geraldo Vandré eram os
ícones da música de protesto. Nesse mesmo período da história brasileira, em
oposição criativa à ditadura, despontou o Tropicalismo de Caetano, Gil e Tom
Zé.
Em resposta a manifestações populares contra os “militares”, em
outubro, centenas de líderes estudantis foram presos. No mês de dezembro,
foi decretado, no governo do Marechal Costa e Silva (1967-1969), o Ato
Institucional nº 5 que dissolveu o Congresso Nacional e fortaleceu a ditadura
militar. Ao mesmo tempo, a economia brasileira passou a atingir picos de
crescimento jamais vistos no país. O período entre 1968 e 1973 ficou
conhecido como o “milagre econômico brasileiro”.
Com a modernização e o “milagre econômico” tão desejado por tantos houve
uma grave conseqüência: o homem se distanciou da natureza a passoua
utilizá-la como bem de consumo sem preocupar-se com o preço a se pagar por
isso. Enquanto outros países discutiam a degradação ambiental,
representantes brasileiros, do então governo do General Emílio G. Médici
(1969-1974), ofereciam o país para a exploração de seus recursos naturais
sem restrições. Neste período, segundo Marcos Reigota, o país buscava o
destaque em relação aos demais países emergentes da América Latina, neste
sentido, “todos os seus projetos [do Brasil] que afetam drasticamente o meio
ambiente são considerados prioritários, e a preocupação com o meio
ambiente é considerada pelos militares e tecnocratas um luxo dos países ricos”
(REIGOTA, 2010, p. 53-54).
A Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente (1972),
conhecida como Conferência de Estocolmo reuniu 113 países e denunciou a
devastação da natureza que ocorria naquele momento, deliberou que o
crescimento humano precisaria ser repensado imediatamente (Pedrini: 1998,
p. 26). Nesse encontro, foram elaborados dois documentos: a “Declaração
41
Sobre Meio Ambiente Humano” e o “Plano de Ação Mundial”.
A principal recomendação dessa conferência foi a de que deveria ser dada
ênfase à educação ambiental como forma de se criticar e combater os
problemas ambientais existentes na época (Dias: 2000, p. 79). É importante
lembrar que nesse evento os países subdesenvolvidos não pouparam críticas
aos países ricos, por acreditarem que estes queriam limitar o desenvolvimento
econômico dos países pobres “usando políticas ambientais de controle da
poluição como meio de inibir a competição no mercado internacional” (Dias:
2003, p.79).
Em função da Conferência de Estocolmo, o governo brasileiro,
pressionado pelo Banco Mundial, criou a Secretaria Especial do Meio
Ambiente, com o objetivo de implementar uma gestão integrada do meio
ambiente. Esse órgão possuía apenas três funcionários, o que mostrava o
descaso da ditadura militar com as questões ambientais em nosso país. De
acordo com Perini (1998, p. 29-30), o plano de ação dessa conferência sugeria
a capacitação dos professores, assim como uma metodologia de ação para a
educação ambiental em nível mundial.
Foi nesse ambiente antidemocrático e “desenvolvimentista” que o Brasil
participou da Conferência de Estocolmo (Conferência da ONU sobre o
Ambiente Humano) em 1972 como aponta Genebaldo Dias:
“Para espanto do mundo, representantes do Brasil
pedem poluição, dizendo que o país não se importaria
em pagar o preço da degradação ambiental desde que o
resultado fosse o aumento do PNB (Produto Nacional
Bruto). Um cartaz anuncia: “Bem vindos à poluição,
estamos abertos para ela. O Brasil é um país que não
tem restrições. Temos várias cidades que receberiam de
braços abertos a sua poluição, porque o que nós
42
queremos são empregos, são dólares para o nosso
desenvolvimento”. (DIAS, 2003, p. 36)
No entanto, apesar das dificuldades impostas pela ditadura e das
limitações teóricas quanto ao entendimento das questões ambientais, que se
detinham apenas ao “ambiente natural”, em 1971 foi criada a Associação
Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), Organização não
Governamental pioneira do movimento ambientalista brasileiro liderada por
José Lutzenberger. A participação vexatória do Brasil, na Conferência de
Estocolmo desgastou de certa forma a imagem do país no exterior. Diante
disto, motivado pelas pressões de seus credores internacionais, o governo
federal em outubro de 1973 inaugurou a Secretaria Especial do Meio
Ambiente (SEMA) onde seriam tratadas as questões ambientais de âmbito
nacional. O Sema teve como titular o professor Paulo Nogueira Neto,
responsável por delegações brasileiras em muitos encontros internacionais
sobre a questão ambiental. Nogueira Neto, assim como José Lutzenberger, é
considerado um dos grandes nomes do movimento ambientalista brasileiro.
A partir de 1975, alguns órgãos estaduais brasileiros voltados ao meio
ambiente iniciaram os primeiros programas de educação ambiental em
parceria com as Secretarias de Estado da Educação. Ao mesmo tempo,
incentivados por instituições internacionais “disseminava-se no país o
ecologismo, deformação de abordagem que circunscrevia a importância da
educação ambiental à flora e a fauna, à apologia do “verde pelo verde”, sem
que nossas mazelas socioeconômicas fossem consideradas nas análises”
(Dias: 2003, p. 81). Esse conceito não levava em conta a crítica à pobreza, ao
analfabetismo, às injustiças sociais etc., um dos temas centrais da Conferência
de Belgrado (1975).
Com a modernização e o milagre econômico tão desejado por tantos
houve uma grave conseqüência: o homem se distanciou da natureza e passou
a utilizá-la como bem de consumo. Não houve preocupação, pois se pensava
que conseguiríamos reverter os danos causados a natureza. Para Gutierrez,
43
(2002, pag.31): “Rompemos o equilíbrio natural e, se não o recuperarmos com
urgência, devemos nos ater as suas conseqüências: estamos jogando com a
sobrevivência de nossa espécie.” Esta não é uma declaração alarmista e sim
uma constatação sobre a necessidade da Educação Ambiental em nossos
dias.
O preço pago pelo progresso foi alto demais em relação as questões
ambientais no Brasil. Para citar apenas um tomemos como exemplo a cidade
de Cubatão no estado de São Paulo. No começo do século XX, Cubatão era
um lugar bonito, coberto de matas. Tinha imensas plantações de bananas,
olarias e engenhos. Oito décadas depois, em 1984, havia se transformado em
um dos mais ricos e modernos centros industriais do País. Em compensação,
era um retrato fiel do Brasil: o progresso e a riqueza se confundiam com a
pobreza extrema, doenças e insegurança.
O valor total da produção industrial dava ao município o quarto lugar
dentro do Estado de São Paulo. Em 1983, Cubatão arrecadou 100 bilhões de
cruzeiros em taxas e impostos, 76 bilhões vindos apenas da indústria. As
exportações atingiram a casa de 500 milhões de dólares - cerca de 2% das
exportações de todo o País. Mas o grande recorde do município, que o tornaria
famoso no mundo todo, foi obtido na área de saúde. Embora o Brasil fosse um
dos campeões mundiais de incidência de tuberculose, Cubatão era capaz, em
1979, de superar em mais de quatro vezes as cidades vizinhas no número de
doenças respiratórias.
Quase 1,5% da população eram deficientes físicos ou mentais. Em seis
meses, no período de outubro de 1981 a abril de 1982, nasceram 1.868
crianças: 37 estavam mortas; outras cinco apresentavam um terrível quadro de
desenvolvimento defeituoso do sistema nervoso; três não chegaram a formar
um cérebro (anencefalia); e duas tinham um bloqueio na estrutura de células
nervosas que liga o cérebro ao resto do corpo através da espinha dorsal
(fechamento do tubo neural). Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), os dez casos de malformação registrados em Cubatão de janeiro a
44
outubro de 1981 representavam uma taxa 15 vezes maior que a média de
qualquer outro município do mundo de mesmo porte. O Hospital Oswaldo Cruz,
um dos dois grandes centros médicos da região, afirmava nesse mesmo ano
ter registrado 41 casos de malformação nos últimos 2.000 partos.
O Programa de Controle de Poluição Ambiental de Cubatão foi iniciado
em 1983. Foi implementado pela Cetesb - Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental e dividido em diversas fases de execução, sendo que a
primeira empreendeu, até 1994, o controle de fontes de poluição do ar, água e
solo de maior potencial poluidor. Esta etapa foi seguida por ações como a
restauração da Serra do Mar, o saneamento da área de Pilões e a prestação
de serviços à comunidade - por exemplo, o atendimento a emergência e
acidentes ambientais no sistema Anchieta-Imigrantes e rodovias da região.
Conforme Paulo Skaf, presidente da Fiesp, a soma dos investimentos do setor
privado no programa chegaram a US$ 1 bilhão.
Segundo o relatório, além da queda na emissão de material particulado,
a liberação de fluoreto caiu 99,1%, a amônia foi reduzida em 99,4%,
hidrocarbonetos 95,8%, os óxidos de enxofre 72,2% e os óxidos nitrogênio
caíram 8,9%. As empresas também investiram no reuso e na reciclagem, o que
provocou a redução de 89% no envio de resíduos para aterro ou incineração.
Dentre outras melhorias ambientais ocorreu, ainda, a adoção de tecnologias e
sistemas de produção que provocaram a queda de 23% do consumo de
energia.
Cubatão é um exemplo de caráter pedagógico que mostra que as
políticas ambientais funcionam, pois os próprios empresários se organizaram
e, com o apoio do governo, realizaram ações surpreendentes. Em 1992, a
ONU - Organização das Nações Unidas durante a Rio-92 concedeu ao
município o título de Cidade-Símbolo da Ecologia e Exemplo Mundial de
Recuperação Ambiental.
45
Em 2008 a emissão de material particulado (conjunto de poeiras e
fumaças) pelas empresas de Cubatão (SP) era 98,9% menor do que em 1983,
mesmo com o crescimento de 39% da produção nos últimos dez anos. O dado
faz parte do relatório "Resultados dos 25 anos de Recuperação Ambiental de
Cubatão", elaborado pelo engenheiro e consultor ambiental Eduardo San
Martin e lançado pelas instituições promotoras do estudo: o Ciesp - Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo e a Fiesp - Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo.
Em função da pressão do movimento ambientalista, nacional e
internacional, a Constituição promulgada em 1988 criou um capítulo sobre o
meio ambiente, no qual a educação ambiental, em todos os níveis de ensino,
passou a ser dever do Estado. Em 1989, o governo federal criou o Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), com o objetivo
de formular e coordenar a execução da política nacional de meio ambiente,
além de incentivar as ações voltadas à educação ambiental.
No ano de 1992, a cidade do Rio de Janeiro sediou a Conferência de Cúpula
da Terra, conhecida como Rio-92. Essa reunião, que congregou
representantes de 182 países, aprovou cinco acordos de extrema relevância
para o mundo: a) a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento; b) a Agenda 21 e suas formas de implementação; c) a
Convenção Sobre Mudanças Climáticas; d) a Convenção sobre Diversidade
Biológica; e) a Declaração de Florestas.
Em um evento paralelo à Rio-92, promovido pelo Ministério da
Educação (MEC), foi aprovada a “Carta Brasileira para a Educação Ambiental”,
que enfocou o papel do Estado enquanto promotor da educação ambiental.
Concomitante à Rio-92, houve uma reunião de aproximadamente dez mil
ONGs mundiais, na qual foi dada ênfase à educação ambiental “como
referencial a ser considerado, reforçando-os como marco metodológico no
ensino formal e informal” (Pedrini: 1998, p.31). O Tratado de Educação
Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade global é
46
resultado da Jornada Internacional de Educação Ambiental durante a Rio
92.
Segundo Dias (2003, p. 171), a Rio-92 reafirmou a tese da Conferência
de Tbilisi, principalmente aquela que dizia respeito à interdisciplinaridade da
educação ambiental, priorizando três metas: a) reorientar a educação
ambiental para o desenvolvimento sustentável; b) proporcionar informações
sobre o meio ambiente, de forma a conscientizar a população sobre os
problemas que estavam ocorrendo no planeta; c) promover a formação
de professores na área de educação ambiental.
Outra deliberação importante da Rio-92 foi a reafirmação das teses da
“Conferência de Educação para Todos”, ocorrida na Tailândia, em 1992,
principalmente aquela que trata sobre o analfabetismo ambiental.
Tendo em vista os documentos aprovados na Rio-92, o Ministério da
Educação e Cultura instituiu um grupo de trabalho para implementar as bases
da educação ambiental no ensino básico, médio e universitário em nosso país.
Com o objetivo de elaborar uma proposta nacional sobre o tema, esse grupo
realizou diversos encontros com os órgãos responsáveis pela educação
estadual e municipal em nosso país. No entanto, dado o despreparo e a falta
de informações dos órgãos educacionais, não se conseguiu elaborar um
documento que expressasse os objetivos da educação ambiental em nosso
país.
Finalmente, as ações efetivas no campo da educação ambiental só
foram implementadas em 1994, quando o Ministério da Educação e Cultura, o
Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Ciência e Tecnologia editaram o
Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA). Em 1997 o MEC
lança os Parâmetros Curriculares Nacional (PCNs) que traz o tema transversal
meio ambiente para ser trabalhado pelas escolas em todo país. A Lei 9.975, de
24 de abril de 1999, cria a Política Nacional de Educação Ambiental. De
47
acordo com Dias (2000, p. 92), a partir daí, tem-se os instrumentos
necessários para impor um ritmo mais intenso ao desenvolvimento da
educação ambiental no Brasil.
O reconhecimento do impacto ambiental originado pelas mais diversas
atividades econômicas exige uma nova postura e comprometimento das
populações quanto às ações relacionadas ao meio ambiente. Diante dos fatos
vividos hoje já não é mais possível permanecer no aguardo dos
acontecimentos como esperando que a natureza por si mesma se recupere.
Se nada for efetivamente feito toda a vida no planeta estará seriamente
ameaçada.
A educação ambiental se propõe atingir todos os cidadãos, através de
um processo participativo e permanente que procura incutir no cidadão uma
consciência crítica sobre as questões ambientais, políticas e sociais,
compreendendo-se como parte integrante do ambiente em que vive.
3.3- A Educação Ambiental e o sujeito ecológico
Informações sobre danos ambientais e suas conseqüências quase
sempre alarmantes produzem impactos que geralmente duram pouco tempo
sendo substituídas rapidamente por notícias do cotidiano como, por exemplo,
desemprego, alta dos preços, crise na área da saúde e outros assuntos que
são considerados mais importantes uma vez que seus efeitos são mais
imediatos.
É próprio da mente humana se afastar de assuntos desagradáveis ou
que não tenham solução imediata. A tendência é escondê-los embaixo do
tapete ou deixar que aconteçam naturalmente para depois tentar resolvê-los
na famosa filosofia “do deixa a vida me levar”. Acostumado a dizer que a culpa
é do Governo o cidadão se isenta de qualquer responsabilidade em relação
aos problemas ambientais. Não há preocupação em se encontrar soluções
possíveis apenas apontam-se os culpados ou fica a espera de um milagre.
48
Segundo Capra (2002) o mundo vive uma crise da percepção. A
sociedade está com uma “percepção da realidade inadequada para lidarmos
com nosso mundo superpovoado e globalmente interligado.” Os problemas
ambientais deixaram de ser preocupação de cada país pois hoje já se sabe
que os danos ambientais não obedecem fronteiras geográficas. Para Capra “a
natureza deve ser vista como uma teia interconexa de relações.” (Idem,
pag.49) e o pensamento ambientalista é sistêmico. Países pobres ou ricos não
têm como desprezar os efeitos e não há como se manter isolado sem sofrer as
conseqüências dos danos causados ao ambiente.
Contudo somente a consciência do mal feito ou do que se deve fazer
em prol da natureza não garante efetivas ações. Para Carvalho (2011,
pág.187): “A consciência dos riscos e a informação objetiva são importantes,
mas desde que sejam acionadas em um contexto de relações de
aprendizagem que se favoreça, sobretudo, a capacidade de ação dos sujeitos
no mundo...” Assim pretende-se que na Escola os alunos ensaiem os
primeiros passos para o engajamento na causa ambiental onde os valores
antropocêntricos sejam substituídos pelos valores ecocêntricos. Tais valores
são os pilares do paradigma sistêmico. São valores integrativos que pregam a
conservação, cooperação, parceria e melhoria da qualidade de vida.
De acordo com Carvalho (2011, pág.69) somente a Educação
Ambiental promove: “ uma aprendizagem a qual, muito mais do que apenas
prover conteúdo e informações, gera processo de formação do sujeito humano,
instituindo novos modos de compreender, de posicionar-se ante os outros e a
si mesmo, enfrentando os desafios e as crises do tempo em que vivemos.”
Para a autora só a Educação Ambiental será a responsável pela
formação do sujeito ecológico que possui valores ecológicos que o impulsiona
a lutar para difundi-los na sociedade. O caminho para a formação deste
cidadão consciente é construído através de uma proposta educativa que não
apenas promova estes valores. É preciso que sejam colocados em prática na
sociedade. O sujeito ecológico pode ser descrito como um gestor social.
49
Sendo assim : “Supõe-se que partilhe de uma compreensão política e técnica
da crise socioambiental, sendo responsável por adotar procedimentos e
instrumentos legais para enfrentá-la, por mediar conflitos e planejar
ações.”(Carvalho, 2011, pág. 67)
Informações aliadas a experiências promovem a formação crítica. Ao
viver novas experiências essas ações passarão a fazer parte da vida do aluno
e poderão ser repassadas a outros. Eis a importância da educação que não
cessa. Não importa idade, tempo ou espaço. Sempre podemos modificar
ações erradas e convertê-las não importando por quanto tempo as praticamos.
O sujeito ecológico sempre estará procurando levar uma educação ambiental
que busca transformar a realidade vigente através de informações aliada as
suas ações.
Em se tratando de Educação Ambiental deve haver total sintonia entre
discurso e prática. Loureiro (2004, p. 89) diz:
”A Educação Ambiental transformadora é aquela que
possui conteúdo emancipatório, em que a dialética entre
forma e conteúdo se realize de tal maneira que as
alterações da atividade humana, vinculadas ao fazer
educativo, impliquem mudanças individuais e coletivas,
locais e globais, estruturais e conjunturais, econômicas e
culturais.”
É preciso muito cuidado! Apesar de cada vez mais utilizada em artigos,
livros, por toda mídia corre-se o risco de ter o tema Educação Ambiental
banalizado. Educação Ambiental é muito mais que boas práticas ambientais,
projetos de reciclagem e preocupação com os animais em extinção. Não
podemos ignorar a importância do aprofundamento no assunto e “nos
satisfazer com respostas e concepções simplistas para uma educação que tem
como gênese e motivo de ser um contexto de crise.” (Carvalho, 2011, pag.155)
50
É preciso que a Escola assuma de vez um compromisso real com
práticas relacionadas a Educação Ambiental. A omissão ou pouco interesse
no trabalho nas escolas tem refletido na vida em sociedade. Nossas crianças
estão teoricamente informadas sobre as conseqüências do aquecimento
global, da poluição das águas e tantos outros fatos, mas poucas ações têm
sido praticadas para eliminação das causas a fim de se reverter este quadro
alarmante. Formar sujeitos ecológicos deve ser o ideal da Escola, pois estes
serão cidadãos comprometidos com as causas ambientais e estarão prontos
para viverem em uma sociedade que promova a cultura da sustentabilidade.
51
CAPÍTULO IV
A ESCOLA E O DESPERTAR DO SUJEITO ECOLÓGICO
O processo de Educação Ambiental como todo processo educacional
exige participação dos professores, pois implica em tarefa Didática e
Pedagógica.
Cabem aos professores e demais profissionais da educação possibilitar
aos alunos o acesso as informações sobre problemas ambientais. Somente
através do conhecimento da realidade vigente os alunos poderão adquirir a
consciência ecológica sobre o seu papel na sociedade. Viver experiências que
favoreçam a formação de novos valores tais que sejam capazes de alterar
ações danosas ao ambiente. Essa participação efetiva já é com certeza o
despertar do Sujeito Ecológico.
4.1- A Educação Ambiental que temos
A Educação Ambiental que temos hoje se confunde muito com aulas de
Ciências Naturais que enfatizam o conhecimento dos conteúdos relativos a
natureza ou promovem denúncias sobre crimes ambientais. Estuda-se, por
exemplo, as causas e efeitos do aquecimento global, poluição do are, do solo,
da água, as listas de animais ameaçados de extinção e outros assuntos
sempre buscando a culpabilização de terceiros. O trabalho fica muito restrito
as datas do calendário escolar como Dia Mundial do Meio Ambiente.
É comum o professor pensar que aulas sobre Educação Ambiental só
pode ser realizadas em ambientes naturais e assim são programadas visitas a
parques naturais e zoológicos., Têm-se assim uma visão romântica da
natureza. A natureza conservada não deve ser tida como modelo. No prática o
que temos é uma relação de permanente transformação entre
homem/ambiente. As ações cotidianas na escola e em casa são ricas em
52
oportunidades de aprendizado sobre Educação Ambiental. É nestes espaços
que o aluno vive onde transformando o ambiente sofre também os efeitos de
sua atuação .
A Educação Ambiental tem sido trabalhada muito timidamente e alguma
coisa precisa ser feita de imediato. Precisamos investir em ações paliativas
em curto prazo e ações corretivas que implicarão em mudanças de atitudes.
Diante do problema mais comum nas cidades atualmente que é o alagamento
e as enchentes que têm vitimado milhares de pessoas em todo país vemos
muito pouco ser feito pela sociedade civil. As queixas de ausência do poder
público são mãos que legítimas porém a Escola que muitas vezes funciona
como abrigo das vítimas desse flagelo muito pouco faz para trabalhar na ajuda
a prevenção.
Certamente que a Escola sozinha não poderá dar conta da dragagem
dos rios e desentupimento dos bueiros e outras ações importantes na
prevenção que são tarefas da Prefeitura e Governo do Estado mas com
certeza poderá colaborar difundindo informações, promovendo encontros
onde possa cumprir seu papel na formação de cidadãos conscientes de seu
papel na sociedade. A cobrança pelos serviços públicos é apenas uma parte
do problema. A conscientização sobre a conseqüência dos lixos acumulados
em encostas, jogados em terrenos e acumulados nas ruas entupindo bueiros
têm caráter preventivo e educativo. Estas ações são para toda vida. Uma vez
aprendidas elas promovem a mudança da história de uma comunidade.
Saber o que se deve fazer e não se importar com as conseqüências de
seus atos têm sido a causa da maioria dos problemas ambientais. A maior
dificuldade em encontrar caminhos para mudança social é o fato das pessoas
se colocarem numa posição de vítimas se eximando das culpas e
responsabilidades.
A Lei 9795/99 que dispõe sobre a Política Nacional de Educação
Ambiental em seu artigo 3º- inciso VI convoca todos indistintamente a atuarem
como sujeitos ecológicos. Ela incumbe:
53
“VI- à sociedade como um todo, manter atenção
permanente à formação de valores, atitudes e habilidades
que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para
a prevenção, a identificação e a solução de problemas
ambientais.”
O Sujeito Ecológico certamente se importará com estas questões
e mais que isso, ele lutará para que haja mudanças no cenário onde vive. Após
adquirir a consciência dos riscos ele investirá na Educação Ambiental como
meio de promoção dessas mudanças.
4.2- O trabalho com Educação Ambiental em uma escola
pública
Com o intuito de verificar como vem sendo desenvolvido o trabalho de
Educação Ambiental no Colégio Estadual Barão de Tinguá foram ouvidos
depoimentos informais dos professores. O Colégio fica no Bairro Grama ,
município de Nova Iguaçu, RJ.
Nas entrevistas procurou-se verificar o interesse e envolvimento dos
professores em relação as questões ambientais, a forma como desenvolvem a
Educação Ambiental e a necessidade de capacitação dos professores.
Todos os professores demonstraram preocupação com as questões
ambientais, porém nem todos se sentem preparados para atuarem como
educadores ambientais. Parece consenso que os professores mais
preparados são os de Ciências Naturais e Geografia devido a afinidade com os
temas abordados em Educação Ambiental demonstrando assim que ainda não
compreenderam o aspecto da transversalidade da temática ambiental.
Para a pergunta sobre como participam dos projetos ligados a Educação
Ambiental que acontece no Colégio grande parte diz que incentiva os alunos a
participarem do Projeto, que é (realizado sempre pelos professores de
54
Ciências Naturais, Biologia e Geografia) e muitas vezes dão nota para a
participação dos alunos.
Apesar da recomendação dos PCNs(1997) do trabalho com Educação
Ambiental ser realizado de forma transversal muitos professores não tiveram
acesso a este documento que na época de seu lançamento foi distribuído a
todos os professores. Grande parte dos professores que hoje atual só teve
acesso ao PCNs em resumos nas apostilas quando estavam se preparando
para o concurso do magistério e se queixam que o MEC só disponibiliza
atualmente em seu site e precisariam imprimir o documento que é composto
de vários volumes.
Todos os professores consideram a grande importância da Educação
Ambiental e gostariam de participar de cursos que os capacitassem a trabalhar
como educadores ambientais.
4.3- A Educação Ambiental que queremos
O que pode ser feito efetivamente para que a Educação Ambiental
aconteça nas escolas? Por imposição legal conforme a Lei 9795/99 , artigo 2º:
“A Educação Ambiental é um componente essencial e
permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e
não formal.”
O que vemos na realidade de nossas escolas públicas e privadas é que
embora desde 1997 com a publicação dos PCNs o MEC recomende que o
meio ambiente seja trabalhado como tema transversal esta prática não é
comum. A garantia legal não se traduziu em ações como é imperioso que
venha acontecer.
55
A dificuldade em se utilizar os temas transversais propostos nos PCNs
decorre da estrutura curricular organizada em torno das disciplinas escolares.
O sistema escolar ainda não se adequou para o desenvolvimento de projetos
interdisciplinares. O ensino como hoje temos dividido em áreas que não
dialogam entre si dificulta a realização dessas atividades. Para os professores
não há como realizar esta prática sem que tenham garantido encontros para
planejamentos coletivos e sem que passem por capacitação específica para
realização deste trabalho visto que a formação acadêmica da graduação ainda
é dada pelo antigo sistema que privilegia a fragmentação do saber.
É necessário esforço coletivo para que a Educação Ambiental se
desenvolva na escola rompendo as barreiras existentes entre as disciplinas e
buscando diálogo entre os saberes.
Para Morin (2011, p.38) “Os problemas fundamentais e os problemas
globais estão ausentes das ciências disciplinares...O enfraquecimento da
percepção do global conduz ao enfraquecimento da responsabilidade(cada
qual tende a ser responsável apenas por sua tarefa especializada.” Quando os
professores se fecham em sua tarefa de apenas transmitir os conhecimentos
relativos a sua área disciplinar está perdendo a oportunidade de atuação na
sociedade. O que se aprende na escola deve ter significado para a vida ou
corre-se o risco do aluno pensar na aula somente como meio de conseguir
passar de ano e assim não há reflexão para mudança de atitudes, que é o
verdadeiro aprendizado que provocará mudança de comportamento.
Os projetos de Educação Ambiental na escola devem levar a reflexão.
Devem mobilizar toda comunidade escolar. Para Dias (1998): “A questão
principal é que qualquer mobilização que ocorrer deverá ser feita com intenção
planejada... a partir da escola levando a população a um posicionamento em
relação a fenômenos ou circunstâncias do ambiente.”
Esta intencionalidade fará com que esses projetos ultrapassem os
muros da escola. Por isso mesmo a Educação Ambiental deve priorizar o
meio onde o aluno vive, no entanto questões ambientais distantes do aluno e
56
que não pertençam ao seu cotidiano também devem ser abordadas para que o
Sujeito Ecológico desenvolva sua consciência e participação como cidadão
planetário visto que os problemas ambientais não conhecem fronteiras. A
participação efetiva do aluno é o despertar deste Sujeito Ecológico.
4.4- Como trabalhar a Educação Ambiental nas escolas
A Educação Ambiental surge da falência na formação integral do
cidadão. O filósofo e educador Dom Lourenço de Almeida Prado diz: ” Sei que
há a Educação, educação dos homens em sua integridade(...) é aprendendo
Português, Matemáticas, História, Ciências, que se vai aprendendo sem se dar
conta, a ser cidadão.” Assim o cidadão a que se refere a LDB seria por si
mesmo preocupado com as questões ambientais e sociais.
O problema está na péssima qualidade de educação oferecida a nossos
alunos quer em face das questões sociais e econômicas em que vivem,
falência da instituição familiar que desconhece classe social, falta de
perspectiva de melhoria de vida, desmotivação dos professores que alegam
baixos salários e falta de condições de trabalho. A crise educacional não está
mais restrita as escolas públicas. Ela já ultrapassou a condição social e
econômica. As queixas dos professores atualmente são sobre ausência da
família e a violência que chegou às escolas. Os conflitos interpessoais geram
preconceitos, pratica de bullying e têm prejudicado o trabalho dos professores.
A falência da família gera indivíduos sem esperança. O fracasso da
escola reflete em toda sociedade. Neste contexto onde os cidadãos não têm
suas necessidades básicas atendidas é tarefa árdua fazer nascer a esperança
para que se preocupam com as futuras gerações.
57
4.4.1- Transversalidade e Interdisciplinaridade
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC,1997) denomina Temas
Transversais e os caracteriza como temas que "tratam de processos que estão
sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas
famílias, pelos alunos e educadores em seu cotidiano. São debatidos em
diferentes espaços sociais, em busca de soluções e de alternativas,
confrontando posicionamentos diversos tanto em relação a intervenção no
âmbito social mais amplo quanto a atuação pessoal. São questões urgentes
que interrogam sobre a vida humana, sobre a realidade que está sendo
construída e que demandam transformações macrossociais e também de
atitudes pessoais, exigindo, portanto, ensino e aprendizagem de conteúdos
relativos a essas duas dimensões". São eles: Ética, Saúde, Meio Ambiente,
Orientação Sexual, Pluralidade Cultural e Trabalho e Consumo.
Estes temas envolvem um aprender sobre a realidade, na realidade e da
realidade, destinando-se também a um intervir na realidade para transformá-la.
Outra de suas características é que abrem espaço para saberes extra-
escolares. Na verdade, os temas transversais prestam-se de modo muito
especial para levar à prática a concepção de formação integral da pessoa.
Considera-se a transversalidade como o modo adequado para o
tratamento destes temas. Eles não devem constituir uma disciplina, mas
permear toda a prática educativa. Exigem um trabalho sistemático, contínuo,
abrangente e integrado no decorrer de toda a educação.
Os Temas Transversais precisam formar um conjunto articulado pois
seus objetivos são muito próximos. Os valores e atitudes que oriental estes
temas podem ser concretizados nas ações cotidianas relacionadas a vida em
sociedade. Este trabalho com questões sociais exigirá do professor uma nova
postura. Será necessário estar mais próximo da realidade do aluno para poder
ajudá-lo a promover as possíveis mudanças de paradigmas na sociedade.
58
Com a interdisciplinaridade questiona-se essa segmentação dos
diferentes campos de conhecimento. Buscam-se, por isso, os possíveis pontos
de convergência entre as várias áreas e a sua abordagem conjunta,
propiciando uma relação epistemológica entre as disciplinas. Com ela
aproximamo-nos com mais propriedade dos fenômenos naturais e sociais, que
são normalmente complexos e irredutíveis ao conhecimento obtido quando são
estudados por meio de uma única disciplina. As interconexões que acontecem
nas disciplinas são causa e efeito da interdisciplinaridade.
A transversalidade aproxima os conhecimentos teoricamente
sistematizados e as questões da vida real. Aprender passa assim a ter
significado para aquele aluno e com certeza influenciará toda a comunidade.
É preciso investimento na capacitação dos profissionais da educação
para que o direito do cidadão de receber a Educação Ambiental seja de fato
conquistado. A garantia em leis não tem sido suficiente para que tenhamos a
Educação Ambiental que desejamos e precisamos ter.
4.4.2- O cuidado como gesto de amor
O Planeta Terra tem ao longo das últimas décadas agonizado. Se nada
for feito toda a vida no planeta está seriamente ameaçada. O homem sempre
usou da natureza como predador. O consumismo desmedido, as relações de
trabalho e consumo apenas servem para alimentar o mundo capitalista onde
ter é o que mais importa não havendo preocupação com o futuro. O foco é o
imediatismo. Destruir hoje para ver se amanhã se pode consertar.
O campo das emoções hoje tão desprezado tem feito muita falta na vida
corrida do homem moderno. Nossas ações são determinadas pelo que
sentimos. Precisamos conhecer para cuidar, pois para amar precisamos
conhecer. O cuidado com o ambiente em que se vive poderá ser despertado
pelos laços existentes entre os membros da comunidade.
“...necessário e urgente que olhemos não apenas para as
ações, mas para o que está por trás de cada ação, os
59
afetos que as originam, para que possamos trabalhar em
uma mudança de valores, sentimentos e emoções,
considerando a ética da afetividade e a amorosidade na
educação.”( Ferreira, 2009,p.4)
O conhecimento da história dos indivíduos, fortalecimento da auto-
estima dos moradores, o resgate da memória coletiva podem e muito ajudar
nas ações de proteção ao ambiente. Todo legado cultural deve ser valorizado
para que a Educação Ambiental atenda todas as necessidades da
comunidade.
A autora Tozoni-Reis (2003, p.11) vê a Educação Ambiental numa
concepção mais crítica “... ela é um processo de construção da relação
humana com o ambiente onde os princípios da responsabilidade, da
autonomia, da democracia, entre outros, estejam sempre presentes.” Cada
comunidade precisa se responsabilizar pelos impactos ambientais que produz.
O controle no uso dos recursos naturais, o destino correto dos resíduos
sólidos, proteção as matas e florestas, entre outros deve ser tema de debate
a fim de se encontrar caminhos para sustentabilidade.
O homem ao destruir o ambiente que o cerca é ao mesmo tempo algoz
e vítima. Melhorar as condições ambientais não é algo que se faz pelo outro e
sim por si mesmo. De acordo com o escritor Leonardo Boff (1999 p. 136): “
Esse cuidado com o nicho ecológico só será efetivo se houver um processo
coletivo de educação e faça ‘troca de saberes’.” Para o autor a falta de
cuidado é decorrente de uma crise civilizacional que produz má qualidade de
vida deixando a sociedade enferma.
O Sujeito Ecológico será aquele capaz de pregar a ética e o amor
levando esperança a todos que acreditam no homem. Como gestor social fará
da Educação Ambiental a oportunidade de participar das mudanças que deseja
ver acontecer na sociedade.
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CONCLUSÃO
A grande tarefa da Escola na atualidade é de fato contribuir para a
formação de cidadãos conscientes da responsabilidade em relação às
questões ambientais. A Educação Ambiental os fará capazes de atitudes de
proteção visando um desenvolvimento sustentável e melhoria da qualidade de
vida da população.
Cabe a Escola garantir situações de aprendizado que possam contribuir
para mudança de vida da comunidade. Não pode haver distância entre o que é
aprendido na Escola e o que se vive na prática. A identidade do cidadão se
fará no dia a dia. Vivenciar experiências práticas permite aos alunos perceber
que os valores e procedimentos aprendidos da escola são úteis em sua vida,
possuem significado para si mesmo e toda comunidade.
O Sujeito Ecológico têm a dupla missão de profeta e atalaia. Como
profeta traz uma mensagem e como atalaia anuncia o perigo e tomada de
atitudes. Nunca esqueçamos a palavra mas acima de tudo que a coloquemos
em prática em prol da vida no Planeta. Que façamos de cada aluno um sujeito
Ecológico!
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ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1: CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, CAPÍTULO 225 62
Anexo 2: TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES
SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL 65
Anexo 3: LEI.9795/99 75
62
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
CAPÍTULO VI- DO MEIO AMBIENTE (ART. 225) Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
. III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
. VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
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administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
Brasília, 05 de Outubro de 1988
Presidente:Ulisses Guimarães
Vice-Presidente: Mauro Benevides
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TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES
SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL
Este Tratado, assim como a educação, é um processo dinâmico em
permanente construção. Deve portanto propiciar a reflexão, o debate e a sua
própria modificação. Nós signatários, pessoas de todas as partes do mundo,
comprometidos com a proteção da vida na Terra, reconhecemos o papel
central da educação na formação de valores e na ação social. Nos
comprometemos com o processo educativo transformador através do
envolvimento pessoal, de nossas comunidades e nações para criar sociedades
sustentáveis e equitativas. Assim, tentamos trazer novas esperanças e vida
para nosso pequeno, tumultuado, mas ainda assim belo planeta.
I – Introdução
Consideramos que a educação ambiental para uma sustentabilidade
equitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a
todas as formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem
para a transformação humana e social e para a preservação ecológica. Ela
estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente
equilibradas, que conservam entre si relação de interdependência e
diversidade. Isto requer responsabilidade individual e coletiva a nível local,
nacional e planetário
. Consideramos que a preparação para as mudanças necessárias
depende da compreensão coletiva da natureza sistêmica das crises que
ameaçam o futuro do planeta. As causas primárias de problemas como o
aumento da pobreza, da degradação humana e ambiental e da violência
podem ser identificadas no modelo de civilização dominante, que se baseia em
superprodução e super consumo para uns e subconsumo e falta de condições
para produzir por parte da grande maioria.
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Consideramos que são inerentes à crise a erosão dos valores básicos e
a alienação e a não participação da quase totalidade dos indivíduos na
construção de seu futuro.
É fundamental que as comunidade planejem e implementem suas
próprias alternativas às políticas vigentes. dentre estas alternativas está a
necessidade de abolição dos programas de desenvolvimento, ajustes e
reformas econômicas que mantêm o atual modelo de crescimento com seus
terríveis efeitos sobre o ambiente e a diversidade de espécies, incluindo a
humana.
Consideramos que a educação ambiental deve gerar com urgência
mudanças na qualidade de vida e maior consciência de conduta pessoal,
assim como harmonia entre os seres humanas e destes com outras formas de
vida.
II - Princípios da Educação para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global
1. A educação é um direito de todos, somos todos aprendizes e educadores.
2. A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador,
em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, não formal e informal,
promovendo a transformação e a construção da sociedade.
3. A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar
cidadãos com consciência local e planetária, que respeitem a
autodeterminação dos povos e a soberania das nações.
4. A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político,
baseado em valores para a transformação social.
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5. A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a
relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar.
6. A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o
respeito aos direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e
interação entre as culturas.
7. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas
e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seus contexto social e
histórico. Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio
ambiente tais como população, saúde, democracia, fome, degradação da flora
e fauna devem ser abordados dessa maneira.
8. A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e equitativa nos
processos de decisão, em todos os níveis e etapas.
9. A educação ambiental deve recuperar, reconhecer, respeitar, refletir e
utilizar a história indígena e culturas locais, assim como promover a
diversidade cultural, linguística e ecológica. Isto implica uma revisão da história
dos povos nativos para modificar os enfoques etnocêntricos, além de estimular
a educação bilíngue.
10. A educação ambiental deve estimular e potencializar o poder das diversas
populações, promover oportunidades para as mudanças democráticas de base
que estimulem os setores populares da sociedade. Isto implica que as
comunidades devem retomar a condução de seus próprios destinos.
11. A educação ambiental valoriza as diferentes formas de conhecimento. Este
é diversificado, acumulado e produzido socialmente, não devendo ser
patenteado ou monopolizado.
12. A educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a
trabalharem conflitos de maneira justa e humana.
13. A educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre
indivíduos e instituições, com a finalidade de criar novos modos de vida,
67
baseados em atender às necessidades básicas de todos, sem distinções
étnicas, físicas, de gênero, idade, religião, classe ou mentais.
14. A educação ambiental requer a democratização dos meios de
comunicação de massa e seu |comprometimento com os interesses de todos
os setores da sociedade. A comunicação é um direito inalienável e os meios de
comunicação de massa devem ser transformados em um canal privilegiado de
educação, não somente disseminando informações em bases igualitárias, mas
também promovendo intercâmbio de experiências, métodos e valores.
15. A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores,
atitudes e ações. Deve converter cada oportunidade em experiências
educativas de sociedades sustentáveis.
16. A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética
sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta,
respeitar seus ciclos vitais e impor limites à exploração dessas formas de vida
pelos seres humanos.
III - Plano de Ação
As organizações que assinam este tratado se propõem a implementar as
seguintes diretrizes:
1. Transformar as declarações deste Tratado e dos demais produzidos pela
Conferencia da Sociedade Civil durante o processo da Rio 92 em documentos
a serem utilizados na rede formal de ensino e em programas educativos dos
movimentos sociais e suas organizações.
2. Trabalhar a dimensão da educação ambiental para sociedades sustentáveis
em conjunto com os grupos que elaboraram os demais tratados aprovados
durante a Rio 92.
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3. Realizar estudos comparativos entre os tratados da sociedade civil e os
produzidos pela Conferência das nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento - UNCED; utilizar as conclusões em ações educativas.
4. Trabalhar os princípios deste tratado a partir das realidades locais,
estabelecendo as devidas conexões com a realidade planetária, objetivando a
conscientização para a transformação.
5. Incentivar a produção de conhecimento, políticos, metodologias e práticas
de Educação Ambiental em todos os espaços de educação formal, informal e
não formal, para todas as faixas etárias.
6. Promover e apoiar a capacitação de recursos humanos para preservar,
conservar e gerenciar o ambiente, como parte do exercício da cidadania local e
planetária.
7. Estimular posturas individuais e coletivas, bem como políticas institucionais
que revisem permanentemente a coerência entre o que se diz e o que se faz,
os valores de nossas culturas, tradições e história.
8. Fazer circular informações sobre o saber e a memória populares; e sobre
iniciativas e tecnologias apropriadas ao uso dos recursos naturais.
9. Promover a co-responsabilidade dos gêneros feminino e masculino sobre a
produção, reprodução e manutenção da vida.
10. Estimular a apoiar a criação e o fortalecimento de associações de
produtores e de consumidores e redes de comercialização que sejam
ecologicamente responsáveis.
11. Sensibilizar as populações para que constituam Conselhos populares de
ação Ecológica e Gestão do Ambiente visando investigar, informar, debater e
decidir sobre problemas e políticas ambientais.
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12. Criar condições educativas, jurídicas, organizacionais e políticas para exigir
dos governos que destinem parte significativa de seu orçamento à educação e
meio ambiente.
13. Promover relações de parceria e cooperação entre as ONGs e movimentos
sociais e as agências da ONU (UNESCO, PNUMA, FAO, entre outras), a nível
nacional, regional e internacional, a fim de estabelecerem em conjunto as
prioridades de ação para educação, meio ambiente e desenvolvimento.
14. Promover a criação e o fortalecimento de redes nacionais, regionais e
mundiais para a realização de ações conjuntas entre organizações do Norte,
Sul, Leste e Oeste com perspectiva planetária (exemplos: dívida externa,
direitos humanos, paz, aquecimento global, população, produtos
contaminados).
15. Garantir que os meios de comunicação se transformem em instrumentos
educacionais para a preservação e conservação de recursos naturais,
apresentando a pluralidade de versões com fidedignidade e contextualizando
as informações. Estimular transmissões de programas gerados pelas
comunidades locais.
16. Promover a compreensão das causas dos hábitos consumistas e agir para
a transformação dos sistemas que os sustentam, assim como para com a
transformação de nossas próprias práticas.
17. Buscar alternativas de produção autogestionária e apropriadas econômica
e ecologicamente, que contribuam para uma melhoria da qualidade de vida.
18. Atuar para erradicar o racismo, o sexismo e outros preconceitos; e
contribuir para um processo de reconhecimento da diversidade cultura dos
direitos territoriais e da autodeterminação dos povos.
19. Mobilizar instituições formais e não formais de educação superior para o
apoio ao ensino, pesquisa e extensão em educação ambiental e a criação, em
cada universidade, de centros interdisciplinares para o meio ambiente.
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20. Fortalecer as organizações e movimentos sociais como espaços
privilegiados para o exercício da cidadania e melhoria da qualidade de vida e
do ambiente.
21. Assegurar que os grupos de ecologistas popularizem suas atividades e que
as comunidades incorporem em seu cotidiano a questão ecológica.
22. Estabelecer critérios para a aprovação de projetos de educação para
sociedades sustentáveis, discutindo prioridades sociais junto às agencias
financiadoras.
IV - Sistema de Coordenação, Monitoramento e Avaliação
Todos os que assinam este Tratado concordam em:
1. Difundir e promover em todos os países o Tratado de Educação Ambiental
para Sociedades Sustentáveis e responsabilidade Global através de
campanhas individuais e coletivas, promovidas por ONGs, movimentos sociais
e outros.
2. Estimular e criar organizações, grupos de ONGs e Movimentos Sociais para
implantar, implementar, acompanhar e avaliar os elementos deste Tratado.
3. Produzir materiais de divulgação deste tratado e de seus desdobramentos
em ações educativas, sob a forma de textos, cartilhas, cursos, pesquisas,
eventos culturais, programas na mídia, ferias de criatividade popular, correio
eletrônico e outros.
4. Estabelecer um grupo de coordenação internacional para dar continuidade
às propostas deste Tratado.
5. Estimular, criar e desenvolver redes de educadores ambientais.
6. Garantir a realização, nos próximos três anos, do 1º Encontro Planetário de
educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis.
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7. Coordenar ações de apoio aos movimentos sociais em defesa da melhoria
da qualidade de vida, exercendo assim uma efetiva solidariedade internacional.
8. Estimular articulações de ONGs e movimentos sociais para rever estratégias
de seus programas relativos ao meio ambiente e educação.
V - Grupos a serem envolvidos
Este Tratado é dirigido para:
1. Organizações dos movimentos sociais ecologistas, mulheres, jovens, grupos
étnicos, artistas, agricultores, sindicalistas, associações de bairro e outros.
2. ONGs comprometidas com os movimentos sociais de caráter popular.
3. Profissionais de educação interessados em implantar e implementar
programas voltados à questão ambiental tanto nas redes formais de ensino ,
como em outros espaços educacionais.
4. Responsáveis pelos meios de comunicação capazes de aceitar o desafio de
um trabalho transparente e democrático, iniciando uma nova política de
comunicação de massas.
5. Cientistas e instituições científicas com postura ética e sensíveis ao trabalho
conjunto com as organizações dos movimentos sociais.
6. Grupos religiosos interessados em atuar junto às organizações dos
movimentos sociais.
7. Governos locais e nacionais capazes de atuar em sintonia/parceria com as
propostas deste Tratado.
8. Empresários (as) comprometidos (as) em atuar dentro de uma lógica de
recuperação e conservação do meio ambiente e de melhoria da qualidade de
vida, condizentes com os princípios e propostas deste Tratado.
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9. Comunidades alternativas que experimentam novos estilos de vida
condizentes com os princípios e propostas deste Tratado.
VI - Recursos
Todas as organizações que assinam o presente Tratado se comprometem a:
1. Reservar uma parte significativa de seus recursos para o desenvolvimento
de programas educativos relacionados com a melhoria do ambiente e com a
qualidade de vida.
2. Reivindicar dos governos que destinem um percentual significativo do
Produto Nacional Bruto para a implantação de programas de Educação
Ambiental em todos os setores da administração pública, com a participação
direta de ONGs e movimentos sociais.
3. Propor políticas econômicas que estimulem empresas a desenvolverem
aplicarem tecnologias apropriadas e a criarem programas de educação
ambiental parte de treinamentos de pessoal e para comunidade em geral.
4. Incentivar as agencias financiadoras a alocarem recursos significativos a
projetos dedicados à educação ambiental: além de garantir sua presença em
outros projetos a serem aprovados, sempre que possível.
5. Contribuir para a formação de um sistema bancário planetário das ONGs e
movimentos sociais, cooperativo e descentralizado que se proponha a destinar
uma parte de seus recursos para programas de educação e seja ao mesmo
tempo um exercício educativo de utilização de recursos financeiros.
Documento elaborado pelo Fórum Global das Organizações Não
Governamentais, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento – Rio de Janeiro, 1992
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LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999
Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação
Ambiental e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo:
I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem;
III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação;
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente;
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VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.
Art. 4o São princípios básicos da educação ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
Art. 5o São objetivos fundamentais da educação ambiental:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
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VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Seção I
Disposições Gerais
Art. 6o É instituída a Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 7o A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental.
Art. 8o As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas:
I - capacitação de recursos humanos;
II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;
III - produção e divulgação de material educativo;
IV - acompanhamento e avaliação.
§ 1o Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental serão respeitados os princípios e objetivos fixados por esta Lei.
§ 2o A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:
I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos educadores de todos os níveis e modalidades de ensino;
II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos profissionais de todas as áreas;
III - a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental;
IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio ambiente;
V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito à problemática ambiental.
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§ 3o As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para:
I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à incorporação da dimensão ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino;
II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental;
III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à participação dos interessados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática ambiental;
IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área ambiental;
V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material educativo;
VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações enumeradas nos incisos I a V.
Seção II
Da Educação Ambiental no Ensino Formal
Art. 9o Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:
I - educação básica:
a) educação infantil;
b) ensino fundamental e
c) ensino médio;
II - educação superior;
III - educação especial;
IV - educação profissional;
V - educação de jovens e adultos.
Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
§ 1o A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino.
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§ 2o Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica.
§ 3o Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.
Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas.
Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, nas redes pública e privada, observarão o cumprimento do disposto nos art. 10 e 11 desta Lei.
Seção III
Da Educação Ambiental Não-Formal
Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.
Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:
I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente;
II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal;
III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais;
IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;
V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação;
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;
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VII - o ecoturismo.
CAPÍTULO III
DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 14. A coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo de um órgão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei.
Art. 15. São atribuições do órgão gestor:
I - definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional;
II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na área de educação ambiental, em âmbito nacional;
III - participação na negociação de financiamentos a planos, programas e projetos na área de educação ambiental.
Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e nas áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a educação ambiental, respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos vinculados à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se em conta os seguintes critérios:
I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental;
II - prioridade dos órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educação;
III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto.
Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser contemplados, de forma eqüitativa, os planos, programas e projetos das diferentes regiões do País.
Art. 18. (VETADO)
Art. 19. Os programas de assistência técnica e financeira relativos a meio ambiente e educação, em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às ações de educação ambiental.
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CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias de sua publicação, ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional de Educação.
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 27 de abril de 1999; 178o da Independência e 111o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza José Sarney Filho
80
BIBLIOGRAFIA
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Petrópolis: Vozes, 1999.
BRANDÃO, Carlos R. O que é educação? São Paulo: Brasiliense, 1995
CAPRA, F. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 2002.
CARVALHO, Isabel Cristina M. Educação Ambiental: a formação do sujeito
ecológico. São Paulo: Cortez, 2011.
DIAS, Genebaldo F. Educação Ambienta: princípios e práticas. São Paulo:
Gaia, 2003.
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82
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
EPÍGRAFE 5
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL E NO MUNDO 13
CAPÍTULO II
A LEGISLAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 32
CAPÍTULO III
E EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O SUJEITO ECOLÓGICO 37
3.1 – O que é educação? 37
3.2 _ Educação Ambiental no Brasil 39
3.3 _ A Educação Ambiental e o Sujeito Ecológico 47
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CAPÍTULO IV
A ESCOLA E O DESPERTAR DO SUJEITO ECOLÓGICO 51
4.1 _ A Educação Ambiental que temos 51
4.2 _ O trabalho com Educação Ambiental em uma escola pública 53
4.3 _ A Educação Ambiental que queremos 54
4.4 _ Como trabalhar a Educação Ambiental nas escolas 56
4.4.1 _ Transversalidade e interdisciplinaridade 57
4.4.2 _ O cuidado como gesto de amor 58
CONCLUSÃO 60
ANEXOS 61
BIBLIOGRAFIA 80
ÍNDICE 82