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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO MUSICAL NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Maristela Pinto Derossi Rivello
Orientador
Prof. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO MUSICAL NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Educação
Infantil e Desenvolvimento.
Por: Maristela Pinto Derossi Rivello
3
AGRADECIMENTOS
Aos professores, amigos e familiares
que, direta e indiretamente,
contribuíram com sua paciência e
motivação para a confecção desse
trabalho acadêmico.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia ao meu esposo,
que tanto colaborou para a confecção
desse trabalho. Também a todos os
alunos da Educação Infantil, fonte de
inspiração e motivação para continuarmos
na luta por uma educação mais livre e
prazerosa.
5
RESUMO
Ninguém duvida que a música seja uma forma de comunicação
universal e que a habilidade de apreciar uma música é inata ao ser humano.
Por ser a forma mais antiga de expressão artística, a música está presente no
processo educativo desde os primórdios, como agente formador e facilitador
da aprendizagem, atuando no indivíduo estimulando seu desenvolvimento
pleno. Para ensiná-la, ou seja, inserir a criança na linguagem musical o
professor deve buscar a brincadeira musical aproveitando que existe uma
identificação natural da criança com a música. É importante ressaltar que esta
atividade deve estar ligada à descoberta, à criatividade, à expressão livre e à
motricidade, proporcionando à criança a possibilidade dela mesma construir
seu conhecimento. Tal como o ser humano, a música tem o poder de
transformar a realidade. Desta forma, a educação musical e a música podem
agir como recurso preventivo e curativo, visando à formação de cidadãos
responsáveis e críticos, na prevenção de problemas individuais e sociais e na
preservação da saúde física e mental. Assim a música deveria fazer parte do
currículo de todas as escolas públicas e particulares desde a educação infantil,
e mais, deveria ser ministrada por professores com formação especializada, a
fim de que houvesse um ensino de qualidade, entretanto, esta ainda é uma
realidade distante.
METODOLOGIA
6
A pesquisa tem por finalidade melhorar e enriquecer o próprio
conhecimento sobre os fenômenos ou problemas que ocorrem na realidade,
além de estar vinculada às descobertas de novos conceitos.
A metodologia utilizada neste trabalho é a pesquisa bibliográfica. A
bibliografia, como uma documentação, é um ramo auxiliar da ciência. A
pesquisa bibliográfica servirá de apoio para o que se está apresentando e para
o que há de mais importante sobre o assunto em questão, e que foi
consultado. É importante saber o que foi publicado sobre o tema, em que
sentido tem sido tratado e qual é a opinião dos respectivos autores como ponto
de apoio para o que se vai apresentar. A leitura de livros será complementada
pela de revistas e artigos, o que é muito importante, já que os livros têm uma
atualidade limitada. Em artigos publicados, pode-se encontrar algo mais atual
que servirá para a pesquisa.
A proposta deste trabalho baseado na pesquisa bibliográfica, tem por
principal finalidade por em contato o leitor com tudo que se tem feito em torno
do assunto de que vai se tratar.
SUMÁRIO
7
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – O que é Música? 11
CAPÍTULO II – A Educação Infantil Através dos Tempos 19
CAPÍTULO III – A Educação Musical e sua Importância na Educação Infantil 54
CAPÍTULO IV – A Música como Prática Preventiva e Curativa 70
CONCLUSÃO
77
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 80
ÍNDICE 83
FOLHA DE AVALIAÇÃO 85
INTRODUÇÃO
8
O objetivo deste trabalho é demonstrar a importância da Educação
Musical na Educação Infantil, como agente formador e facilitador da
aprendizagem, e também como uma prática preventiva e curativa em prol do
desenvolvimento infantil.
O ser humano em sua evolução encontrou muitas formas de expressar
e comunicar ao outro suas emoções e sensações, seu pensar e seu sentir,
usando diferentes linguagens. Uma dessas linguagens é a música.
A música é um dos diferentes recursos que contribuem para o
desenvolvimento cognitivo e emocional da pessoa humana e por isso merece
atenção especial.
Na Antigüidade, os gregos já davam à música o sentido de criar beleza
e formação de caráter. Portanto, para que a música seja aceita como um
método eficiente na educação de um indivíduo é preciso que experiências
sejam adquiridas na mais tenra idade Os anos mais propícios para a
aprendizagem musical são entre três e seis anos. Nesta fase a criança
aprende a ouvir sons, reconhecer as diferenças existentes e entender o
significado da linguagem musical.
O crescimento cultural da criança deve ter seu início na Educação
Infantil, para que no futuro, ela venha a se tornar um cidadão participativo e
com um olhar crítico.
A criança que tem a oportunidade de fazer experiências musicais amplia
a sua forma de expressão e de entendimento do mundo em que vive. Essa
vivência irá contribuir para o desenvolvimento e na qualificação do senso
musical.
A música, além de ser um meio de entretenimento, é também um meio
de formação e de informação.
9Tente você puxar pela memória uma época marcante da sua vida. Que
tipo de música você gostava naquele tempo? Qual a música que marcou uma
fase importante de sua vida? Esse momento musical especial existe. Sem que
se perceba a música mexe com as emoções. Quando se escolhe um CD ou
emissora de rádio, seleciona-se que tipo de som que agrada naquela hora, que
melodia traduz o que se sente, que é capaz de mudar o estado de espírito ou
de resgatar algum momento especial da vida.
Uma das funções da música é ativar o sistema nervoso central mexendo
com as emoções humanas de formas diferentes. Por esta razão a música toca
tanto nas pessoas sendo utilizada para traduzir, extravasar sentimentos,
decodificar imagens mais íntimas através da melodia, do ritmo e da letra.
É preciso pensar, também, que a música está subjacente ou está ligada
diretamente às outras diferentes formas expressivas (teatro, dança, artes
visuais, etc.) e é extremamente importante a sua presença no trabalho com as
crianças, especialmente com aquelas que apresentam necessidades
especiais: é meio de desenvolvimento da expressão, da auto-estima, de
integração social, de equilíbrio, bem-estar e de autoconhecimento.
Hoje em dia, a família enfrenta dificuldades, alimenta-se mal e
apressadamente, as crianças assistem excessivamente à televisão, os adultos
vivem estressados por causa do trabalho, da necessidade de ganhar dinheiro,
ou por causa do desemprego e das insatisfações da vida. Desta forma a
família hoje dispõe de escassas condições de saúde.
Os desenvolvimentos sociais e emocionais são aspectos integrantes do
processo educativo.
A escola focaliza os casos de comprometimento, visando apenas os
problemas individuais. É necessário que a escola faça a intervenção preventiva
10para trabalhar com grupos onde as dificuldades começam a emergir, ou antes,
que elas ocorram.
O ensino sistemático da música destinado a crianças e adolescentes é
muito importante nos dias de hoje, pois a música produz efeitos positivos nas
pessoas e é um instrumento na Educação Musical com propósitos preventivos.
A escola deve se utilizar das ferramentas que possui para viabilizar essa ação
preventiva.
O emprego da música como agente preventivo e curativo no processo
ensino-aprendizagem, ajuda os educandos a reduzir riscos de natureza
biológica, psicológica e social.
CAPÍTULO I
O QUE É MÚSICA?
11
”A música é uma experiência humana. Não deriva das
propriedades físicas do som como tais, mas sim da
relação do homem com o som.” (ARONOFF. Apud.
PENNA, 1990, p.13)
Muito antes do ser humano existir, já havia sons neste mundo: ondas
quebravam-se contra rochas, o vento uivava e cascatas rumorejavam por
sobre as pedras.
Quando surgiram os animais, o grasnar, ladrar, berrar, piar, chilrear
eram a linguagem dos bichinhos que davam vida a natureza.
Tudo isso era som, mas não era música. A música é uma arte que só o
ser humano pode criar.
Segundo Wagner (1813 – 1883), compositor neo-romântico, a música é
uma linguagem universal. Isto quer dizer que, a música não precisa de
tradução. Fala diretamente às pessoas, transpõe as barreiras do tempo e do
espaço, das nacionalidades e etnias como da língua. É uma das
manifestações autênticas de uma cultura.
A palavra “música” deriva do grego mousike por intermédio do latim
musica. Ela é formada no grego da palavra mousa, a Musa, que vem do
egípcio, e da terminação grega ike, derivada do celta. A palavra egípcia mas ou
mous, na verdade, significa geração, produção ou desenvolvimento a partir de
um princípio, ou seja, manifestação formal ou mudança de estado letárgico
para ativo de algo que estava latente. A terminação ike (-ique) indica que uma
coisa está relacionada à outra por semelhança, ou que tem uma dependência
ou uma emanação dela.
12Pode-se perceber claramente porque os gregos consideravam todas as
artes de imitação como sendo pertencentes à música, pois, de acordo com o
significado da palavra Musa, tudo que serve para exteriorizar o pensamento,
tornar algo sensível à capacidade intelectual, e para fazer com que algo se
transforme de potência em ação, por meio de uma investidura adequada ņ
tudo isso era parte da música.
Numa definição clássica, música é a arte de escolher, dispor sons,
combinados de acordo com as variações da altura, proporcionados segundo a
sua duração, ordenados sob as leis da estética. Assim sendo, música é uma
organização de sons (ritmo, melodia e harmonia) com a intenção de ser
ouvida, de exprimir profundamente qualquer sentimento e descrever qualquer
quadro da natureza.
A música é ciência e arte, haja vista que, as relações entre os elementos
musicais são verdadeiras relações matemáticas; a arte manifesta-se pela
escolha dos arranjos e combinações. A música como parte da ciência tem a
finalidade de tornar as concepções intelectuais do homem sensíveis, usa no
mundo exterior dois elementos formadores ņ o som e o tempo ņ,
considerando uma como matéria e o outro como regulador da forma que a
música lhes dá por meio da arte.
A música tem participado da vida do homem desde antes das primeiras
civilizações, das primeiras aldeias agrícolas, e antes mesmo do próprio
conceito de tempo. É uma linguagem que ultrapassa os limites da palavra,
sendo uma forma de exprimir sentimentos e emoções. Pode também ser vista
como pura construção tecida em sons e intervalos, que ganha sentido próprio
e conquista seu espaço de existência enquanto objetivo de arte.
“A música é a nossa mais antiga forma de expressão,
mais antiga do que a linguagem ou a arte; começa com a
voz e com a necessidade preponderante de nos dar aos
outros.” (MENUHIN e DAVIS. Apud. PENNA, 1990, p.19)
13
Quando o homem da pré-história, em sua caverna, começou a
desenhar, pintar, emitir sons, ele construiu, em seu desenvolvimento histórico,
a música como linguagem artística, estruturada e organizada. Ele começou a
fazer rústicos instrumentos musicais e estranhos movimentos ritmados, estava
iniciando um dos mais belos capítulos da história: a história da arte.
A arte do homem primitivo reflete a sua vivência. Percebe-se que o
homem pré-histórico concentra todos os seus valores nas forças da natureza e
no poder místico dos deuses. Foi para estas forças e para este poder que ele
teria criado a música. Como forma de arte, que tem o som como material
básico, a música caracteriza-se como meio de expressão e de comunicação.
Meio de expressão, que da forma a vivência humana, e de comunicação por
revelar esta experiência pessoal de modo que possa alcançar o outro e ser
compartilhada.
A música apareceu sob duas formas: o canto e a dança. O canto era
empregado em todas as cerimônias religiosas quase sempre unindo à dança
considerada pelos povos antigos como uma arte sagrada.
O homem da pré-história já expressava suas emoções através de
gestos e de uma linguagem musical ainda muito rude e primitiva, executando
estranhos movimentos ritmados no intuito de atrair a proteção divina, afastar
os maus espíritos, as doenças e até a morte; vencia as tempestades, os raios;
obtinha a chuva e a fertilidade. Por isso, os historiadores afirmar que a música
é de origem sagrada e é uma linguagem mística.
O filósofo Graça (1941), preocupou-se com as origens das
manifestações musicais. Segundo ele, a música seria o resultado complexo de
um processo histórico que, partindo do som puro e dos seus efeitos mágicos,
14ter-se-ia enriquecido progressivamente, no início por meio de meras
modificações vocais e acústicas, depois pelas contribuições da poesia e da
dança, pela imitação e, no decorrer dos tempos, devido a fatores técnicos,
harmônicos e instrumentais, assim como pela infiltração de elementos
expressivos e intelectuais.
Sendo uma linguagem artística, organizada e estruturada culturalmente,
a música, juntamente com o código de sua construção, é um fato histórico e
social. Pode-se dizer que o som naturalmente toca e faz as pessoas
dançarem, como uma tendência universal do ser humano ņ isto até poderia
servir para explicar a “necessidade da música”, a sua existência nas mais
diferentes sociedades de todas as épocas.
Ser sensível à música não é uma questão mística ou de empatia, não se
refere a uma sensibilidade dada, por razões de vontade individual ou de dom
inato, mas a uma sensibilidade adquirida, construída num processo ņ muitas
vezes não-consciente ņ em que as potencialidades de cada indivíduo
(descriminação auditiva, emotividade, etc.) são trabalhadas e preparadas de
modo a reagir ao estímulo musical.
O ser humano interage com as pessoas e o ambiente valendo-se da
fala, da escrita e da linguagem corporal, plástica e musical. Portanto o nosso
mundo é musical e repleto de ritmos.
Segundo Raes, “Som é o que eu faço e ruído é o que faz meu vizinho.”
(RAES. Apud. BAÑOL, 1993, p. 33). Com esta citação o autor quer dizer que
os sons estão em toda parte e estes não são iguais. Alguns nos agradam e
outros não.
O progresso humano, tão notável no campo técnico, não deixa de
aportar elementos negativos, que afetam a vida diária. Um deles é o ruído.
15Ruído é um conjunto confuso de sons que não produz sensação
contínua de valor harmônico apreciável.
De qualquer forma o ruído é uma forma particular de som. Neste
sentido, pode-se contar o exemplo do mecânico atento ao ruído do motor, que
considera o mesmo como sinal desejado e percebe como “ruído” as conversas
ao seu redor. Portanto, classificar um som como ruído depende de apreciações
pessoais.
“A música é uma lei moral. Dá alma ao Universo, asas a
imaginação, encanto à tristeza e enche tudo de vida e
alegria. É a essência da ordem e conduz tudo aquilo que
é bom, justo e belo, do qual é forma apaixonada e eterna,
deslumbrante, ainda que invencível...” (PLATÃO. Apud.
BRÉSCIA, 2003, p. 26-27)
A música serve para amenizar o sofrimento e enaltecer a alegria,
motivar a luta e abrilhantar a vitória, consolar a morte e ressuscitar a vida.
Através da ação musical, disciplinam-se os passos dos que caminham,
coordenam-se os gestos dos que trabalham, unificam-se as vozes dos que se
manifestam, harmonizam-se os corações dos que sentem, estreita-se a
amizade dos que convivem e diviniza-se o espírito. A música é a nossa ponte
para o infinito.
No ser humano, a Vida Viva, ainda embrionária, pode ser ouvida,
através do ultra-som, que capta em som e imagem o pulsar do coração.
(PURIFICAÇÃO, 1999, p.31)
O novo ser se desenvolve, e suas células crescem ao som e ao ritmo do
coração. E mesmo antes de nascer, a criança pode ouvir pela vibração das
16ondas sonoras, de dentro da barriga de sua mãe, músicas das mais variadas
formas, seja por caixinha de música, por canções de ninar, ou mesmo pelo
rádio, televisão ou som.
A música ativa o sistema nervoso central mexendo com as emoções
humanas de diversas maneiras, por isso a música toca tanto no ser humano.
Uma canção pode ficar gravada para sempre na memória, pontuando
um determinado acontecimento, mesmo que na hora não se dê conta disso.
Porém, um belo dia, recorda-se o que aconteceu só de ouvir os primeiros
acordes da canção.
Ao resgatar vivências anteriores de dor ou alegria e reuni-las com outras
vivências semelhantes, a música estabelece pequenos laços que montam o
quebra-cabeça de quem você è e de quem você está construindo em relação a
esses sentimentos.
O sobe-e-desce das notas, os graves e agudos, o silêncio entre uma
nota e outra e a própria interpretação da letra são a somatória dos elementos
que vão acordar as emoções.
Dançando ou não, as pessoas captam a vibração do som e se entregam
às emoções que ele pode liberar. A melodia é fundamental neste caso. Muitas
pessoas gostam de músicas estrangeiras sem entender o que elas dizem, isso
se deve a melodia.
Quando a música tem letra, a mensagem da canção escolhida mostra o
que você está sentindo e as palavras se tornam cúmplices do momento em
que você se encontra e proporcionam o conforto que você necessita. (DE
LUCCA, 2006, p. 54)
17A música está presente em nosso cotidiano e funciona como catalisador
coletivo, reunindo pessoas reforçando a identificação pessoal.
O gosto musical começa a se desenvolver na pré-adolescência, e com
ele vão se construindo os valores morais. Mesmo amadurecendo, ainda se
reserva um espaço importante para a música, pois esta acompanha a evolução
individual do ser humano.
O gosto musical também se modifica. Muitas vezes um compositor de
quem não se gostava em determinada idade, pode ser audível quando você
está mais velho. Isso se deve ao fato do ser humano estar em constante
evolução, os sentimentos e os valores mudam e com ele as preferências
musicais.
Na verdade, a música não é apenas entretenimento, deleite, convite ao
devaneio. É também fonte de crescimento espiritual, enriquecimento da sua
sensibilidade e fortalecimento do ego, condições fundamentais para a
realização plena do ser humano na sua trajetória de vida.
Todo mundo ouve música. A maioria das pessoas gosta de música. As
pesquisas históricas, étnicas e antropológicas têm evidenciado a presença
universal e permanente da música. A música faz parte da vida social e
individual, principalmente associada às festividades, ao lazer, do trabalho, da
sexualidade, da religião e da cura.
Não existe nenhuma outra atividade cultural humana como a música,
que seja tão penetrante e que alcance, molde e, muitas vezes, controle tanto o
comportamento humano. Os poderes da música estão calcados, sem dúvida,
na sua abrangência. Ela é acessível a todos, independentemente de idade,
religião, raça, sexo ou nível econômico. Está disponível a qualquer momento,
sendo, inclusive, grátis. Pode ser produzida naturalmente com a voz, as mãos,
os pés ou com a ajuda de um instrumento musical. Pode ser dada e recebida.
18É uma fonte de entretenimento e também um recurso de crescimento e
desenvolvimento humano. A música está no ar, construindo a trilha sonora de
sua vida e participando da história de vida de cada indivíduo.
CAPÍTULO II
A EDUCAÇÃO INFANTIL ATRAVÉS DOS TEMPOS
“Somos seres históricos, já que nossas ações e
pensamentos mudam no tempo, à medida que
enfrentamos problemas não só da vida pessoal, como
também da experiência coletiva. É assim que produzimos
19a nós mesmos e a cultura a que pertencemos.”
(ARANHA, 2006, p.19)
.
Foi somente no século XVII que surgiu a idéia de infância: a sociedade
começou a perceber que aqueles pequeninos seres tinham um jeito de pensar,
ver e sentir característicos. Assim, com a descoberta da infância nasceu,
também, a preocupação com a Educação Infantil.
Entretanto, para entender a educação dos dias de hoje, é preciso fazer
um estudo sobre a evolução da educação. A educação atual está ligada ao
passado e ao futuro. Como entender a educação atual e como melhorar a
educação do futuro, se não analisarmos a educação desde os tempos
remotos?
2.1.- A educação nas antigas civilizações
“É importante não nos esquecermos de que, se a
educação é uma das manifestações de cultura de um
povo, ela estará se manifestando através de sua arte,
religião, ciências e sua estruturação política, econômica e
social.” (PEREIRA, 2002, p. 19)
A educação existe mesmo onde não há escolas. Nas sociedades
primitivas não existem escolas nem métodos de educação reconhecidos como
tais. Entretanto, existe educação. O objetivo da educação nos povos primitivos
era promover o ajustamento da criança ao seu ambiente físico e social através
20da aquisição da experiência de gerações passadas. A educação era voltada
para a vida prática. Como os primeiros povos eram nômades, a organização
político-social era baseada no clã, onde o regime era patriarcal. A partir do
momento em que as povoações apareceram, o matriarcado passa a
predominar.
O processo de educação se faz através da imitação. As crianças
brincam imitando os adultos. Os meninos aprendem a equilibrar-se e a remar
numa tora e as meninas brincam de preparar comida. Nessa primeira etapa a
imitação é inconsciente.
Numa segunda etapa a imitação torna-se consciente. As crianças
aprendem imitando as atividades do adulto e através de diversas ocupações
da tribo: construção de utensílios, a pesca e a caça, a guarda do gado e
trabalhos agrícolas.
As cerimônias de purificação também tinham valor educativo, pois
possuem um valor moral, social, político e religioso. Geralmente tais
cerimônias começam desde o início da adolescência até a admissão do jovem
a comunidade adulta da tribo.
Nos povos primitivos a sobrevivência, a religião e a educação estavam
voltadas para a agricultura.
As crianças aprendem para a vida e por meio da vida, sem que ninguém
esteja especialmente destinado para a tarefa de ensinar, esta é exercida por
todos, é uma tarefa coletiva.
A adaptação aos usos e valores da tribo é levada a efeito sem castigos.
Os adultos são pacientes com os enganos infantis e respeitam o seu ritmo
próprio.
21A formação é integral, abrangendo todo o saber da tribo, e também é
universal, porque todos têm acesso ao saber e ao fazer apropriados pela
sociedade. (ARANHA, 2006, p. 35-36)
A transição da sociedade primitiva para o início da civilização
caracteriza-se pela substituição da organização genética da sociedade
(baseada na família) para uma organização política (baseada na
individualidade) e pela formação de uma linguagem escrita e de uma literatura
(consciência do seu passado e descoberta de como conservá-lo).
Em algumas civilizações como na Chinesa, a educação era apegada à
tradição e a cultura, regida por letrados, era muito valorizada. A estrutura social
baseava-se na família (a mãe e o pai como elemento educador) e havia
respeito pelos anciãos. Era uma educação de caráter conservador voltada para
a transmissão da sabedoria dos livros clássicos.
Nas escolas, os alunos, aprendem a dominar as formas de linguagem,
decoram os textos sagrados e procuram desenvolver um estilo literário
semelhante ao dos escritos sagrados.
Os métodos da educação chinesa também é o da imitação, e apenas
um pequeno número de crianças freqüentava a escola.
Na civilização hindu, a educação era de cunho religioso e não existia
nas classes inferiores. A figura do Mestre e dos Sacerdotes era muito
valorizada.
A educação era discriminadora, privilegiando os brâmanes (sacerdotes).
Encaminhados por mestres, os alunos aprendiam os textos sagrados dos
vedas.
22As aulas eram ao ar livre, sob árvores, dependiam da iniciativa privada.
O mestre era venerado e a disciplina não abusava de castigos. Os estudos
tinham fundo religioso.
A educação na civilização egípcia, uma das mais antigas das
civilizações orientais, era controlada pelo Estado centralizador e teocrático. Por
isso, a transmissão do saber, tanto religioso como técnico, era restrita a
poucos, como os sacerdotes, que submetiam os alunos a práticas de iniciação.
Já se percebia a institucionalização das escolas, apesar destas funcionarem
em templos, casas ou muitas vezes ao ar livre. O ensino autoritário e de
disciplina severa tinha por finalidade curvar o aluno à obediência, e, o castigo e
o rigor era parte integrante desta educação.
O ensino superior pertencia aos filhos das classes altas. As escolas
mais adiantadas formavam escribas de categoria mais elevada, funcionários
administrativos e legais, além de médicos, engenheiros e arquitetos.
Para os menos favorecidos havia o ensino dos ofícios especializados
para formar artesões e para o treinamento dos guerreiros.
A grande maioria das crianças aprendia com pais e parentes.
Quanto à educação hebraica, esta deu mais oportunidades para o
desenvolvimento da personalidade e de uma ética voltada para os valores da
pessoa: os mandamentos valorizam o ser humano interior. Valorizavam os
antepassados como seres humanos, e não como deuses ou semideuses.
Os hebreus exigiam que seus seguidores tivessem um comportamento
moral baseado no respeito ao próximo e assumido não por imposição, mas
como escolha pessoal.
23O livro religioso Talmude era o que regulava a vida nas escolas. Sua
cultura também girava em torno da religião.
O judaísmo dava muita importância a todo ofício e reconhecia o valor da
educação para o trabalho. Toda família tinha como obrigação ensinar um ofício
ao filho, assim como instruí-lo na Lei. Segundo os hebreus, o trabalho honra ao
homem.
Toda a instrução ministrada pelos escribas e sacerdotes ao povo judeu
centralizou-se na lei contida na Bíblia e no Talmude.
A cultura ocidental e, conseqüentemente a educação são tributárias da
herança greco-romana e da tradição judaico-cristã. Como foi visto, isso não
significa que as civilizações orientais não tenham deixado sua influência no
ocidente, haja vista que, muitos dos seus saberes foram assimilados pelos
povos que posteriormente surgiram.(ARANHA, 2006, p. 51)
A Grécia traz um novo conceito de educação, uma educação voltada
para o desenvolvimento individual. A nova concepção de cultura e do lugar
ocupado pelo indivíduo na sociedade repercutiu no ensino. A educação grega
se voltou para a formação integral ņ corpo e espírito. Era uma educação
liberal, isto é, o homem livre podia tirar proveito de sua liberdade ou fazer uso
dela.
No início, quando não existia a escrita, a educação era ministrada pela
família e conforme a tradição religiosa. Com o surgimento da aristocracia dos
senhores de terra, os jovens da elite eram confinados a preceptores. As
primeiras escolas surgiram com as póleis, mas apesar disso, a educação
continuava elitizada, aos jovens de famílias tradicionais da antiga nobreza ou
de famílias de comerciantes enriquecidos.
Foi na civilização Grega que nasceu a Pedagogia. Nessa civilização
valorizou-se o ser humano e a personalidade, independente da autoridade
24religiosa e política. A educação era fator decisivo para a vida social e pessoal.
Essa educação podia valorizar o lado físico, assim como a razão e a
inteligência, haja vista que, o homem era o centro de tudo. (PILETTI, 2003, p.
27)
A educação grega teve dois modelos, radicalmente diferentes: o de
Esparta, cidade militarizada, e o de Atenas, iniciadora do ideal democrático.
Esparta e Atenas deram origem a dois ideais de educação: um conformista e
estatista, outro de formação humana livre e baseada em experiências diversas
sociais, mas também culturais e antropológicas.
Esparta, importante cidade-estado, sempre valorizou as atividades
guerreiras, desenvolvendo uma educação severa, orientada para a formação
militar.
Até os sete anos de idade o menino ficava sob os cuidados diretos de
sua mãe, de quem recebia um treino rigoroso. Após sete anos, as crianças
recebiam do Estado uma educação pública e obrigatória. Como todo povo
grego, os espartanos estudavam música, canto e dança coletiva.
As atividades lúdicas predominavam até aos doze anos. Depois, tudo se
voltava para a educação física, um verdadeiro treino militar.
As mulheres também tinham sua participação nas atividades físicas,
porém para exibição nos jogos públicos e festividades.
Atenas surgiu com o ideal da formação completa do homem. A
educação física e a intelectual foram colocadas no mesmo nível.
Neste modelo de educação os pais tinham a obrigação de cuidar que
seus filhos se preparassem para a vida, mas num ambiente de liberdade.
Durante os primeiros sete anos, a educação da criança ficaria a cargo de
família, haja vista que, a educação propriamente dita se iniciava aos sete anos.
As meninas permaneciam em casa se dedicando a afazeres domésticos. O
25menino desligava-se da autoridade materna para iniciar a alfabetização e a
educação física e musical. (PILETTI, 2003, p. 30)
Conforme foi aumentando a exigência intelectual, valorizou-se mais a
leitura, a escrita e o cálculo que eram ministrados pelo gramático.
A educação elementar, destinava-se a todos, completava-se por volta de
treze anos. As crianças mais pobres saíam à procura de um ofício, enquanto
as da elite prosseguiam nos estudos.
No período helenístico, surge a “educação geral” e consiste na ampla
gama de conhecimentos exigidos para a formação da pessoa culta. Com isso
restringiu-se o tempo dedicado aos exercícios físicos.
O conteúdo do programa educacional caracterizou-se pelas sete artes
liberais: na área humanística (gramática, retórica e dialética) e na área
científica (matemática, música, geometria e astronomia). A esse conteúdo
acrescentou-se o estudo de filosofia e, mais tarde, o de teologia.
A Grécia foi o berço das primeiras teorias educacionais. A contribuição
dos filósofos clássicos (Sócrates, Platão e Aristóteles) para a pedagogia
encontra-se na concepção da natureza humana ņ a racionalidade. Essa visão
marcou profundamente a cultura ocidental.
A concepção de natureza humana universal serviu de base para o
delineamento da tendência essencialista da pedagogia. Ou seja, a educação é
o instrumento para desenvolver no ser humano tudo o que implica sua
participação na realidade, tudo o que define sua essência verdadeira.
(ARANHA, 2006, p. 77)
No mundo contemporâneo pressionado pela especialização e pela
tecnocracia renasce o ideal de educação grego ņ a educação integral.
26Enquanto os gregos julgavam e mediam todas as coisas pelo padrão da
racionalidade, da harmonia ou da proporção, os romanos com sua mentalidade
prática, julgavam tudo pelo critério da utilidade ou da eficácia, isto é, aprendia-
se fazendo a coisa que se tinha de fazer. O ideal romano de educação decorre
da concepção de direitos e deveres.
A educação romana era centralizada na formação do indivíduo virtuoso,
como ser moral, político e literário. A família desempenha papel muito
importante. A onipotência paterna é a principal responsável pela educação dos
filhos, mas não destituída de afeto. O povo romano também atribui especial
importância à mulher nessa tarefa e em outras relacionadas com o lar. Em
Roma, a mulher exercia grande autoridade dentro da família. (PILETTI, 2003,
p. 43)
A aristocracia (proprietários rurais e guerreiros) recebia uma educação
que visava os valores da nobreza de sangue e o culto aos ancestrais.
Até os sete anos, as crianças permaneciam sob os cuidados da mãe ou
de uma mulher respeitável da comunidade. Depois dessa idade, as meninas
aprendiam os serviços domésticos, e o pai se encarregava da educação do
filho. Desde bem cedo, o menino o acompanhava às festas e aos
acontecimentos mais importantes. Dava-se especial importância à educação
moral, ao desenvolvimento da consciência histórica e ao patriotismo. A
disciplina era severa e seguida rigorosamente.
A característica fundamental da educação romana era a imitação. Os
romanos rejeitavam o treino ginástico, a dança, a música, a literatura, enfim
todos os meios educativos que demonstrassem sinais de afeminação.
Por viver em uma sociedade agrícola, o menino aprendia a cuidar da
terra, atividade que colocava lado a lado o senhor e o escravo.
27Com o desenvolvimento do comércio, o enriquecimento de certa
camada de plebeus e o início da expansão romana, a sociedade emergente se
tornou mais complexa, o que exigia outro modo de educar. Surgiram assim as
escolas elementares, nas quais os meninos aprendiam a ler, escrever e a
contar. Mas, nem por isso, deixava de desenvolver habilidades no manejo da
armas, na natação, na luta e na equitação. Os exercícios físicos tinham como
único propósito a preparação do guerreiro.
Quanto ao preparo intelectual, este não era do interesse da educação
dos romanos. A educação se voltava para a formação moral, baseada na
vivência cotidiana e na imitação de modelos representados não só pelo pai,
mas também pelos ancestrais.
Contudo, as incursões militares e o comércio colocavam os romanos em
contato com os povos helênicos e o esplendor de sua cultura, e a Grécia
passou a influir na cultura do conquistador.
Surgiram novas instituições educacionais. E por necessidade de um
maior aprofundamento, surgiram a s escolas superiores freqüentadas por
jovens da elite. A educação física, ainda era mais voltada para as artes
marciais, para preparar soldados, do que para o esporte.
No início o Estado pouco interferiu no desenvolvimento da educação,
porém, com o tempo, passou a exercer o controle e a inteira responsabilidade,
estimulando a criação de escolas municipais em todo o Império Romano.
Tal como na sociedade grega, as classes menos favorecidas eram
usadas para trabalhos manuais, pelos romanos. A aristocracia se ocupava de
atividades intelectuais e políticas e culturais. Os educadores se ocupavam de
formar o indivíduo racional, capaz de pensar de modo correto e de se
expressar de forma convincente, nos moldes da elite dominante.
28Dos pressupostos antropológicos que embasam a pedagogia, os
romanos, como os gregos, representam a tendência essencialista, o que atribui
à educação a função de realizar o que o homem deve ser. (ARANHA, 2006, p.
95).
2.2.- A educação da idade média ao século XIX
“Denominações como “a grande noite de mil anos” ou
“idade das trevas” resultam da visão pessimista e
tendenciosa que o Renascimento teve da Idade Média.
Entremeando a estagnação, houve vários momentos em
que expressões de uma produção cultural, às vezes muito
heterogênea, tornaram difícil caracterizar genericamente
o que seria o pensamento medieval.” (ARANHA, 2006, p.
101)
A educação dos povos europeus na Idade Média teve como ponto de
partida a doutrina da Igreja. Assim, a instrução nessa doutrina e a prática do
culto substituíram o elemento intelectual.
Durante este período predominou uma educação que se opunha ao
conceito liberal e individualista dos gregos e ao conceito de educação prática e
social dos romanos.
O cristianismo dava maior importância ao aspecto moral e baseava-se
na idéia de caridade cristã ou amor, que é a expressão mais individual e
29completa da personalidade humana. Portanto, o novo ideal educacional
concentra-se no aspecto moral da pessoa humana.
Com o Monaquismo, movimento religioso que começou com os monges,
os mosteiros eram praticamente a únicas instituições de ensino da época.
Os monges deixaram significativos trabalhos no campo educacional, tais
como: a cópia de manuscritos e a condensação do saber da época nas Sete
Artes Liberais (o Trivium – Gramática, Dialética e Retórica, e, o Quadrivium –
Aritmética, Geometria, Música e Astronomia). (PILETTI, 2003 p. 54)
Com o renascimento das cidades e o surgimento de uma nova classe, a
burguesia, mudanças ocorreram em todos os setores da sociedade. Essas
mudanças também ocorreram no sistema educacional. Com o
desenvolvimento do comércio os burgueses procuraram uma educação que
atendesse aos objetivos da vida prática e não apenas à instrução religiosa.
A partir do século XI, depois das cruzadas e da instituição da cavalaria,
a educação tinha duas etapas distintas. Na primeira etapa, dos sete aos quinze
anos, o menino convivia no castelo com as damas, aprendia música, poesia,
jogos de salão, a falar bem, exercitava-se nos esportes e adquiria as maneiras
corteses.
Na segunda etapa, o jovem tornava-se escudeiro a serviço de um
cavaleiro. Aprendia a montar a cavalo, a manejar as armas, caçava e
participava de torneios preparando-se para a guerra. Contudo, ao mesmo
tempo em que havia preparação física, continuava a educação social. Aprendia
a arte dos cantores e dos jograis, além da poesia trovadoresca.
A educação do cavaleiro não dava destaque à atividade intelectual,
muitos não sabiam ler ou escrever, mas distinguiam-se pelas habilidades da
caça e da guerra e pela formação espiritual.
30As Universidades surgidas na Idade Média representavam um modelo
novo e original de educação superior que exerceu importante papel no
desenvolvimento da cultura.
A atividade docente na universidade era desenvolvida conforme o
método da Escolástica. A escolástica é um movimento intelectual oriundo da
Idade Média, preocupado em demonstrar e ensinar as concordâncias da razão
com a fé pelo método da análise lógica. Era a união das crenças cristãs com a
lógica aristotélicas.
Quanto às mulheres, estas não tinham acesso à educação formal. A
mulher pobre trabalhava duramente ao lado do marido e, como ele,
permanecia analfabeta. As meninas nobres só aprendiam alguma coisa
quando recebiam aulas em seu próprio castelo. Nesse caso, estudavam
música, religião e artes liberais, além de trabalhos manuais.
Com o surgimento das escolas seculares, as meninas da burguesia
começaram a ter acesso à educação.
Já nos mosteiros, as meninas de seis ou sete anos, eram educadas e
consagradas a Deus.
Os monges beneditinos criaram escolas não só para as internas, como
também para as que não se tornariam religiosas.
No final da Idade Média, com a expansão do comércio e por influência
da burguesia, a ciência, a literatura e a educação tomam novos rumos. O
realismo, a secularização do pensamento e a retomada da cultura greco-latina
anunciaram o período humanista renascentista que se aproximava. (ARANHA,
2006, p. 118)
31O Renascimento foi um período de contradições típicos das épocas de
transição.
Acentuou-se na Renascença a busca da individualidade, caracterizada
pela confiança no poder da razão para estabelecer os próprios caminhos. O
espírito de liberdade e crítica opunha-se ao princípio da autoridade.
O Renascimento teve como conseqüência a busca por uma educação
que promovesse o ideal da nova vida que surgia em contraponto a velha e
pedante escolástica. O conteúdo desta educação deveria de basear nas
línguas e literatura clássica dos gregos e romanos. Como o conhecimento e a
prática são virtudes do homem, o interesse da educação no Renascimento
está diretamente ligado aos propósitos e às atividades específicas da
humanidade.
Nessa época surgiram muitos colégios e manuais para alunos e
professores. Educar era uma exigência.
Os ricos e alta nobreza eram educados em seus castelos por
preceptores. A burguesia encaminhava seus filhos para a escola, com o intuito
de prepará-los para a liderança e administração da política e dos negócios. Os
segmentos populares restringiam-se à aprendizagem de ofícios.
Enquanto na Idade Média misturavam-se adultos e crianças de diversas
idades na mesma classe, no Renascimento com o surgimento dos Colégios,
cuidados começaram a ser tomados a esse respeito.
A disciplina era severa com castigos corporais. A meta da escola não se
restringia apenas a conhecimentos, mas à formação moral do indivíduo.
32A educação ainda se baseava no Trivium e no Quadrivim, e a língua
usada era o latim. Este sistema educacional era muito criticado pelos
humanistas.
No campo educacional o maior inovador foi Vittorino da Feltre (1378 –
1446), primeiro grande mestre de feitio humanista. Sua maior criação foi uma
escola chamada Casa Giocosa (Casa Alegre). Esta escola preocupava-se com
a formação integral do homem.
Feltre cuidava não só de recreação e exercícios físicos, mas do
desenvolvimento da sociabilidade e do autodomínio. Na sua escola era
oferecido cursos de equitação, natação, esgrima, música, canto, pintura e
jogos em geral. A formação intelectual colocava-se no centro as “Artes
Liberais”. O ensino de grego e latim, literatura e história de Roma.
Feltre afirmava que o ensino deveria ser gradual e de acordo com o
desenvolvimento psíquico do aluno, transcorrer num ambiente de alegria e
satisfação e a disciplina pretendia ser menos rude e intolerante. (PILETTI,
2003, p. 65)
Além de Feltre, outros representantes do Renascimento mostraram
preocupação com a educação. Um destes foi Juan Luis Vives (1492 – 1540),
humanista espanhol. Vives escreveu copiosa obra pedagógica ⦆ o Tratado do
Ensino. Escreveu sobre a educação da mulher e sua fundamental presença no
lar. Vives recomendou o cuidado com o corpo e a atenção com o aspecto
psicológico do ensino. Valorizou os métodos indutivos e experimentais,
reconhecia a importância dos fatos e a ação como meio de aprendizagem.
Além disso, insistia no uso do latim e da língua materna.
Outro expoente do novo pensamento renascentista foi o holandês
Erasmo de Rotterdam (1467 – 1536). Apesar de pertencer à Ordem dos
Agostinianos, criticou a igreja corrupta e autoritária da época. Erasmo buscava
33nos clássicos as fontes da sabedoria grega. Sua atenção era voltada para
questões literárias e estéticas. Defendia o respeito ao amadurecimento da
criança e criticava a educação da época, excessivamente severa.
Recomendava o cuidado com a graduação do ensino e o abandono das
práticas de castigos corporais. Acreditava que seria bom mesmo que as
crianças aprendessem se divertindo, sem a preocupação de resultados
imediatos.
François Rabelais (1494 – 1553), frade e médico francês, representante
da corrente enciclopédica da Renascença que buscava resgatar o saber greco-
latino, foi outro humanista que influenciou na evolução da educação. Criticava
a tradição escolástica e o ensino livresco. Estimulava a educação do corpo e
do espírito. Defendia uma ética de acordo com as exigências da natureza e da
vida, onde se devia aprender com alegria.
Outro representante renascentista, Michel Montaigne (1533 – 1592),
afirmava que o ideal educativo é o homem para o mundo (PILETTI, 2003, p.
67) Por isso, a educação deve formar o homem completo de corpo e alma. O
professor deve mostrar as coisas ao aluno, torná-las agradáveis para que ele
aprenda a discernir e a escolher por si mesmo. O professor deve abrir os
caminhos e fazer com que a criança procure abri-los também. O professor
deve falar, mas também deve ouvir seus alunos.
Em seu programa de estudos, Montaigne recomenda o conhecimento
da natureza, da língua materna e da História. O seu método de ensino
considera que se procure estimular a atividade dos meninos e jovens para que
esses se tornem seres ativos, curiosos e críticos, o que coincide com as
preocupações educativas dos tempos atuais.
O espírito inovador do Renascimento também se manifestou na religião.
Durante toda a Idade Média a educação foi controlada pela Igreja, com a
34finalidade de educar o indivíduo segundo os ensinamentos das Sagradas
Escrituras. Entretanto, agora os cristãos estavam divididos e o controle
educacional passou a ser criticado e contestado pelos protestantes. Esses
movimentos de ruptura estavam representados pelo luteranismo, pelo
calvinismo e pelo anglicanismo. (PILETTI, 2003, p. 75)
A Reforma Protestante visava dar iguais condições de leitura e
interpretação da Bíblia a todos, e assim a educação tornou-se importante
instrumento para a divulgação da Reforma.
Martinho Lutero (1483 – 1546) foi um dos representantes que trabalhou
para a implantação da escola primária para todos. Para Lutero, a educação
deveria se libertar das amarras que a prendia à Igreja e subordinar-se ao
Estado. Desta forma o ensino atingiria todo o povo, nobres e plebeus, ricos e
pobres, meninos e meninas. Porém, nessa proposta havia uma nítida
distinção: para os trabalhadores, uma educação primária e elementar,
enquanto para os mais privilegiados, o ensino médio e superior.
De acordo com o espírito humanista Lutero criticava o recurso a
castigos. Em alguns Estados as crianças deveriam freqüentar a escola a partir
dos cinco ou seis anos. Os pais cujos filhos não freqüentassem a escola eram
multados.
A fim de combater o protestantismo, a Igreja Católica incentivou a
criação de ordens religiosas. A principal delas foi a Companhia de Jesus, que
teve seu êxito na educação da juventude. O sucesso da educação jesuítica se
deu graças ao cuidado na preparação dos professores e os métodos de
ensino.
Os jesuítas institucionalizaram o colégio como local de formação
religiosa, intelectual e moral das crianças e dos jovens.
35Não se pode negar a influência dos jesuítas na formação do gentil-
homem, culto e polido, de acordo com a sociedade aristocrática. Entretanto, o
ensino jesuítico promoveu a separação entre escola e vida, pois, não transmitia
aos alunos as inovações do seu tempo, tornando-o ineficaz para a vida prática,
e por isso foi considerada decadente e ultrapassada.
Politicamente, o século XVII caracterizou-se pelo absolutismo real.
Neste período, os reis mantinham o poder e restringiram a autoridade papal
aos assuntos eclesiásticos. Contudo, com o desenvolvimento econômico, com
as melhorias na agricultura, a industrialização dos grandes centros urbanos, a
burguesia se fortaleceu e passou a aspirar ao poder político, contestando os
privilégios da nobreza. A partir deste momento, o absolutismo passou a ser um
entrave e, por isso tornou-se alvo dos ataques da burguesia.
A educação, que ficava sob o controle das ordens religiosas,
permaneceu como privilégio de nobres e burgueses ricos, que educavam seus
filhos em colégios jesuítas.
As classes populares, vivendo na zona rural não tinham acesso à
escola.
Somente no final do século XVII é que se verificou algum esforço para
organizar a instrução elementar do povo. Assim, estabeleceram escolas nas
aldeias para instruírem crianças dos dois sexos na doutrina católica, e para
ensinar a ler e a escrever.
Neste período, o principal pensador da época foi o racionalista tcheco
Comenius (1592 ņ !650), que revolucionou o modo de encarar a criança,
prevendo um ensino que respeitasse a capacidade e o interesse do aluno sem
severidade nem castigos corporais. Comenius formulou os princípios gerais da
didática, em seu Livro Didactica Magna. Segundo Comenius a finalidade da
36educação era a felicidade eterna com Deus, em consonância com a natureza,
e, seu conteúdo seria ensinar tudo a todos. (FERRARI, 2003, p. 8)
Contra o poder absoluto exercido pelo Estado e pela Igreja, surgem os
pensadores iluministas que pregam a supremacia de razão humana. Suas
idéias favoráveis à liberdade intelectual e à independência do homem tiveram
grande influência no fim do absolutismo através da Revolução Francesa
(1789).
O Iluminismo, também conhecido como o século da Luzes, marcou o
século XVIII. Não fazia mais sentido atrelar a educação à religião, nem aos
interesses de uma classe específica. A escola deveria ser leiga e livre, para
todos.
Um dos expoentes do Iluminismo é Jean-Jacques Rousseau (1712 –
1778). Segundo Rousseau, a organização social e a educação existem para
garantir os direitos das pessoas.
Ele propõe uma pedagogia baseada no retorno à natureza, à
espontaneidade do sentimento. Para Rousseau, o indivíduo em estado de
natureza é bom, mas se corrompe pela sociedade, que destrói sua liberdade.
A influência de Rousseau na educação foi muito importante,
principalmente no que diz respeito à criança. Rousseau ressaltou a criança
como criança e não como um adulto em miniatura. Portanto, toda
educação
deveria seguir o livre desenvolvimento da própria natureza da criança, de suas
inclinações naturais e nas diversas fases do seu desenvolvimento.
As idéias de Rousseau influenciaram as mais diferentes correntes do
século XX. (ARANHA, 2006, p. 183)
37As revoluções burguesas ocorridas na passagem da Idade Moderna
para a Idade Contemporânea acarretaram profundas mudanças na vida
política, econômica e social, em conseqüência da consolidação do capitalismo
industrial.
Com a expansão das escolas públicas, o Estado assumiu o encargo da
escolarização. Surgia a escola única, com base comum para todos, que
ofereciam um ensino gratuito e obrigatório. Contudo, este sistema não acabou
com as diferenças entre as classes econômicas, pois, as escolas boas eram
para poucos, e as escolas precárias para muitos.
No campo da Educação infantil prevaleceu o cuidado com o método de
ensino, baseado na compreensão da natureza infantil. Surgiu a preocupação
de preparar a criança para a vida em sociedade. Pestalozzi, figura marcante
deste século, procurou pôr em prática as idéias e Rousseau. Pestalozzi
entendia a educação como principal meio de reforma social, desde que
respeitasse a natureza e o desenvolvimento do aluno. (PILETTI, 2003, p. 106)
Dessa grande expansão da rede escolar surge a novidade, a pré-escola.
Friedrich Froebel criou os chamados “jardins de infância” (os Kindergarten). “A
escola, para Froebel, é o lugar onde a criança deve aprender as coisas
importantes da vida, os elementos essenciais da verdade, da justiça, da
personalidade livre, da responsabilidade, da iniciativa, das relações causais e
outras semelhantes, não as estudando, mas vivendo-as.” (MONROE. Apud.
PILETTI, 2003, p. 105). Para que tal vivência ocorra, Froebel considera
importante o brinquedo, o jogo,o trabalho manual e o estudo da natureza, não
só como processos espontâneos na criança, como também. Meios educativos.
A aquisição de conhecimentos através da atividade e as formas de expressão
de sentimentos e idéias também são características que se destacam na
organização dos jardins de infância de Froebel.
38Ao nacionalizar-se, a educação demonstrava interesse de formar o
cidadão, e com isso a necessidade da educação integral e politécnica e a
democratização do ensino.
2.3.- O século XX.
”No turbulento século XX vivemos duas guerras mundiais
e inúmeros conflitos, mas este também foi o século das
reivindicações de muitas bandeiras ņ do feminismo, do
poder jovem, de todas as minorias silenciadas por
milênios ņ, provocando mudanças comportamentais
significativa.” (ARANHA, 2006, p. 239)
A ambição dos pensadores do Iluminismo do século XVIII foi a da
emancipação humana, do sujeito com autonomia de pensar e agir, sustentada
pela garantia dos direitos conquistados. No século XIX vive-se o tempo das
rupturas, das lutas revolucionárias para a construção de uma sociedade mais
justa e democrática, incluindo-se não só o anseio de liberdade, mas também
de igualdade.
No século XX intensificou-se a defesa dos direitos do cidadão, da
mulher, da criança, do trabalhador, das etnias, das minorias, do avanço das
ciências e da tecnologia.
Neste século, constatamos notáveis transformações no campo, na
cidade e na mentalidade de tal forma que podemos identificar a crise por que
passa a humanidade na transição do milênio. Com isso a escola viu-se
também colocada no centro de um vasto movimento de idéias e de propostas
39de reforma, visando a torná-la mais adequada aos novos tempos e às novas
realidades. Desta forma, a educação cada vez mais assumiu caráter político,
devido ao seu papel na sociedade como instrumento de transmissão da cultura
e formação da cidadania.
Um novo caminho se abre no campo da educação escolar: o aluno
passa a ser visto como centro e o sujeito do processo educativo; os métodos
ativos de aprendizagem (aprender fazendo) passam a ser cada vez mais
considerados como os mais adequados.
Outro aspecto que se pode ressaltar é que a educação não se restringia
mais à criança do sexo masculino. Agora, também se coloca ênfase no “jardim
de infância”, na educação da mulher, do deficiente, das etnias, visando à
inclusão social. O papel de professor passa a ser de um auxiliar, um orientador
e não um mero transmissor de conhecimentos.
Desde a Revolução Industrial a burguesia precisava de uma escola mais
realista, que se adequasse ao mundo em constante transformação.
O escolanovismo resultou dessa tentativa de superar a escola
tradicional excessivamente rígido, magistrocêntrica e voltada para a
memorização dos conteúdos. (ARANHA, 2006, p. 246)
Vários teóricos surgiram nesta época. Um nome marcante desta escola
nova foi o professor, filósofo e pedagogo, norte-americano John Dewey.
Segundo Dewey, o processo educativo tem dois aspectos: um psicológico, que
consiste na exteriorização das potencialidades do indivíduo, e outro social, que
consiste em preparar o indivíduo para as tarefas que desempenham na
sociedade. Cabe à escola tentar harmonizar os dois aspectos, tendo em vista
que as potencialidades do aluno só encontram significado dentro de um
ambiente social. (PILETTI, 2003, p. 112)
40A criança deve ser preparada para a vida futura, tornando-a dona de si,
com autonomia, com o domínio completo de suas capacidades, capaz de
avaliar as condições nas quais deve trabalhar, mas isso só se torna possível se
os gostos e os interesses próprios da criança forem levados em conta.
Assim, a escola deve representar a vida real para a criança como a que
ela vive em casa, na rua, na pracinha, etc. Por isso, vida, experiência e
aprendizagem não se separaram, e a função da escola está em possibilitar a
reconstrução continuada que a criança faz da experiência. Daí a valorização
das ciências experimentais, não só para fundamentar a psicologia infantil, mas
também como conteúdo cognitivo importante para as atividades escolares.
A escola nova, além de dar uma atenção especial na formação do
cidadão em uma sociedade democrática, que estimulava o processo de
socialização da criança, também procurava desenvolver a individualidade, a
autonomia, permitindo o educando a aprender por si mesmo, e aprender
fazendo, através da experiência e da aplicação destas nas situações da vida.
(ARANHA, 2006, p. 263)
Outros seguidores deixaram sua marca na história da educação,
principalmente no que diz respeito à educação infantil.
Maria Montessori, empenhada na individualização do ensino, estimulava
a atividade livre concentrada, com base no princípio da auto-educação, isto é,
um ambiente livre de obstáculos não-naturais e enriquecido com materiais
adequados, O aluno usa como quiser o material, cabe ao professor apenas
dirigir a atividade.
Além disso, Montessori dava atenção à escrita antes da leitura, pois
considerava a leitura fonte de maior abstração.
41Segundo Montessori, os sentidos são a base do juízo e do raciocínio.
(PILETTI, 2003, p. 115)
Uma das características da Escola Nova é a preocupação com o
trabalho. Para o professor francês, Célestin Freinet, a atividade é o que orienta
a prática escolar e o objetivo final da educação é formar cidadãos para o
trabalho livre e criativo, capaz de dominar e transformar o meio e emancipar
quem o exerce.
Freinet valoriza a atividade manual e a de grupo, por estimularem a
cooperação, a iniciativa e a participação. Também estimula a exploração da
curiosidade, a coleta de informações ņ, tanto pelos alunos como pelos
professores ņ, o debate e a expressão escrita. Esta escola laboriosa tem por
objetivo estimular as crianças a fazerem experiências, procurar respostas para
suas necessidades e inquietações, ajudando e sendo ajudados por seus
colegas e buscando no professor alguém que organiza o trabalho.
O educador francês desenvolveu atividades muito utilizadas hoje em dia,
como as aulas-passeio, os cantinhos pedagógicos, o jornal de classe, a troca
de correspondência entre escolas e criou um projeto de escola popular e
democrática. (CURY, 2003, p. 52)
A primeira metade do século XX viu desabrocharem inúmeras teorias
pedagógicas não-diretivas contra o autoritarismo da escola tradicional.
Nas teorias não-diretivas o professor de vê acompanhar o aluno sem
dirigi-lo, o que significa dar condições para que ele desenvolva sua experiência
e se estruture por conta própria. Sua função é a de facilitador da
aprendizagem.
Para o fundador da terapia não-diretiva, Carl Rogers, a tarefa do
professor é liberar o caminho para que o estudante aprenda o que quiser. Que
ele vivencie novas experiências, confie nos próprios desejos e intuições, que
42tenha liberdade e responsabilidade de agir e disponibilidade para criar. Assim
se tornará uma pessoa saudável.
Segundo Rogers o ato educativo é essencialmente relacional e não
individual. (ARANHA, 2006, p. 269)
Da segunda metade do século XX, Jean Piaget, foi o nome mais
influente no campo da educação. Piaget não foi pedagogo e sim, biólogo, que
se dedicou a submeter à observação científica rigorosa o processo de
aquisição de conhecimento pelo ser humano, particularmente a criança.
Segundo Piaget, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde
o nascimento até o início da adolescência: sensório-motor, intuitivo, das
operações concretas e das operações abstratas. Com isso, ele criou um
campo de investigação genética, isto é, uma teoria do conhecimento centrada
no desenvolvimento natural da criança.
Para Piaget, o processo dinâmico da inteligência e da afetividade supõe
uma estrutura concebida como uma totalidade em equilíbrio. À medida que a
influência do meio altera esse equilíbrio, a inteligência, faz o processo de
adaptação, restabelecendo a auto-regulação.
Com Piaget, ficou claro que, as crianças não raciocinam como os
adultos e apenas gradualmente se inserem nas regras, valores e símbolos da
maturidade psicológica. Portanto, educar para Piaget, é estimular a procura do
conhecimento e o professor não deve pensar no que a criança é, mas no que
ela pode se tornar. (ARANHA, 2006, p. 276)
A contribuição de Piaget para a pedagogia tem sido, até hoje,
inestimável.
Como Piaget, Vygotsky não formulou uma teoria pedagógica, embora o
pensamento do psicólogo, com sua ênfase no aprendizado, ressalte a
importância da instituição escolar na formação do conhecimento.
43Segundo Vygotsky, as atividades práticas e as interações sociais
cotidianas vivenciadas pela criança, tornam-na capaz de formular conceitos.
(ARANHA, 2006, p. 277)
O psicólogo considera que todo aprendizado amplia o universo mental
do aluno. Aprender um novo conteúdo amplia as estruturas cognitivas da
criança.
Um dos conceitos-chaves de Vygotsky é a mediação, segundo o qual a
relação do indivíduo com o mundo não é direta, mas mediada pelos sistemas
simbólicos. A interferência do outro é fundamental para a aprendizagem. A
colaboração estimula o trabalho coletivo, necessário para transformar uma
ação interpessoal ņ portanto social ņ em um processo intrapessoal, isto é,
internalização. A importância dessa passagem é alcançar a independência
intelectual e afetiva. Para Vygotsky, o bom ensino é aquele que estimula a
criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina
completamente ”puxando” dela um novo conhecimento. (REGO. Apud. CURY,
2003, p. 59)
Outro nome que tevê muita importância na educação foi a
psicolingüística argentina Emília Ferreiro.
Realizando diversas experiências com crianças a fim de investigar a
psicogênese da escrita, percebeu que elas de fato se inventam a escrita, a fim
de compreender seu processo de construção e suas regras de produção.
Diz Emília Ferreiro: ”É necessário imaginação pedagógica para dar às
crianças oportunidades ricas e variadas de interagir com a linguagem escrita. É
necessária formação psicológica para compreender as respostas e as
perguntas das crianças. É necessário entender que a aprendizagem da
linguagem escrita é muito mais do que um código de transcrição: é a
44construção de um sistema de representação”. (FERREIRO. Apud. ARANHA,
2006, p. 278)
Com isso, Emília quer mostrar que antes do ensino formal a criança já
construiu interpretações e elaborações internas. As garatujas não são simples
rabiscos sem nexo, por isso cabe ao professor observar o que o aluno já sabe
atento para o modo como ele interpreta os sinais ao seu redor.
Duas conseqüências importantes do construtivismo para a prática de
sala de aula são respeitar a evolução de cada criança e compreender que um
desempenho mais vagaroso não significa que ela seja menos inteligente ou
dedicada do que as demais.
De acordo com a teoria exposta em Psicogênese da Língua Escrita,
toda criança passa por quatro fases até que se alfabetize, elas são: pré-
silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética. Por isso, Emília Ferreiro critica
a alfabetização tradicional, porque julga a prontidão das crianças para o
aprendizado por meio de avaliações de percepção e de motricidade.
Emília Ferreiro se tornou uma espécie de referência para o ensino
brasileiro e seu nome passou a ser ligado ao construtivismo.
A pedagogia e a educação do mundo contemporâneo foi marcada por
transformações tão intensas e repletas de ambigüidade, contradições e
perplexidades.
Desse modo, a implantação de uma escola pública, única e universal
não ocorreu de fato. Ao contrário, corre-se o risco da educação ficar atrelada
aos interesses do capitalismo, preparando indivíduos pouco críticos, para
exercerem sua função no mercado de trabalho.
O modelo de escola tradicional passou por inúmeras críticas, desde a
Escola Nova até as mais contemporâneas teorias. No entanto, além das
tentativas de mudanças metodológicas, é a própria instituição escolar que se
45acha em crise, mesmo porque, nesse início do século XXI, o nosso modo
contemporâneo de pensar, sentir e agir está posto em questão, o que exige,
sem dúvida, profundas modificações na pedagogia e nas formas de educar.
(ARANHA, 2006, p. 285)
2.4.- A educação no Brasil.
”O Brasil sempre foi mantido numa situação de
dependência Inicialmente, de Portugal; depois, da
Inglaterra; por último, dos Estados Unidos. E a educação
foi um dos instrumentos de que lançaram mão os
sucessivos grupos que ocuparam o poder para promover
e preservar essa dependência.” (PILETTI, 2003, p. 132)
Desde os tempos da colonização, a educação no Brasil não constituía
meta prioritária, já que o desempenho de funções na agricultura não exigia
formação especial. Apesar disso, as metrópoles européias enviaram religiosos
para o trabalho missionário e pedagógico, com a finalidade principal de
converter o gentio e impedir que os colonos se desviassem da fé católica,
conforme as orientações da Contra-Reforma.
A intenção dos missionários, não era apenas difundir a religião. A
atividade missionária facilitava a dominação metropolitana, e assim, a
educação assumia papel de agente colonizador, que perdurou durante quase
210 anos.
Nesse período, os jesuítas promoveram maciçamente a catequese dos
índios, a educação dos filhos dos colonos, a formação de novos sacerdotes e
da elite intelectual, além do controle da terra. A escola de primeiras letras foi
46um dos instrumentos de que os jesuítas lançaram mão para alcançar seus
objetivos.
Após as aulas de ler, escrever e contar, os colégios jesuítas ofereciam
três cursos: letras humanas; filosofia e ciências (ou artes); teologia e ciências
sagradas.
Desde o início da colonização, a educação formal destinava-se apenas
aos meninos. Pode afirmar-se que a instrução e a leitura destinou-se a uma
minoria de crianças e jovens.
Além dos jesuítas existiam outros mestres que ensinavam a ler,
escrever e contar aos meninos, e, às meninas era ensinado costura e outras
prendas domésticas, mas quase a totalidade das mulheres eram incapazes de
assinar seu nome.
Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, muitos estabelecimentos de
ensino deixaram de existir. Em seu lugar passaram a ser instituídas algumas
aulas régias, sem nenhuma ordenação entre elas.
As reformas pombalinas tinham como objetivo substituir a escola que
servia aos interesses da fé pela escola útil aos fins do Estado.
No século XVIII, persistia o panorama do analfabetismo e do ensino
precário, restrito a poucos. Uma sociedade agrária, que não exigia
especialização e em que o trabalho manual estava a cargo de escravos,
permitiu a formação de uma elite intelectual voltada para o bacharelismo, a
burocracia e as profissões liberais. (ARANHA, 2006, p. 193)
A vinda da Família Real e a Independência contribuíram para que se
orientasse a educação brasileira para a formação das elites dirigentes. Assim,
47o ensino superior e o secundário passaram a ser privilegiados, enquanto o
ensino primário e o técnico-profissional entraram em decadência.
A partir do Ato Adicional de 1834, surgiram dois sistemas de ensino
secundário: o regular e o irregular, este último centrado nos preparatórios para
o ensino superior.
No século XIX ainda não havia o que se poderia chamar pedagogia
brasileira. Alguns intelectuais buscavam novos rumos para a educação,
apresentando projetos de leis e criando escolas. A orientação positivista do
ensino intensificava a luta pela escola pública, leiga e gratuita, bem como pelo
ensino das ciências.
A fermentação das discussões pedagógicas no Brasil teve início no final
do Império, intensificando-se após a proclamação da República.
Essa fermentação de idéias alimentou as esperanças de transformação
da sociedade por meio da educação universal, no espírito que mais tarde iria
caracterizar o otimismo da Escola Nova, confiante no caráter de
democratização da educação. (ARANHA, 2006, p. 232)
No final do século XIX, surgiram os primeiros estabelecimentos de
Educação Infantil no país. Essas primeiras instituições surgiram em
conseqüência da inserção da mulher no mercado de trabalho, com o propósito
de cuidar dos filhos destas. Eles eram filantrópicos até a década de 1920,
quando se iniciou um movimento pela democratização do ensino.
“O século XX, foi marcado por transformações cruciais em
todos os pontos de vista ⦆ social, político, econômico,
cultural ⦆, além de ter introduzido a todos na sociedade
da informação, com os conseqüentes desafios para o
educador, Talvez o principal deles seja ainda estender a
48educação unitária e leiga a toda a população.” (ARANHA,
2006, p. 293)
A Revolução de 1930 produziu importantes transformações no campo
educacional. O movimento chamado Escola Nova ganhou força após a
divulgação, em 1932, do Manifesto da Escola Nova. Esse documento visava à
universalização da escola pública, laica e gratuita. Os escolanovistas
buscavam atender às novas necessidades de um país cada vez mais urbano e
industrializado, opondo-se à educação tradicional dos educadores católicos. O
movimento escolanovista ocorreu no Brasil representado por educadores como
Anísio Teixeira, Fernando Azevedo, Lourenço Filho e outros influenciados e
apoiados em pedagogias como as de Dewey, Kilpatrick, Decroly e
Kerschensteiner. (ARANHA, 2006, p. 332)
Ainda na primeira metade do século XX criou-se o Ministério da
Educação; o governo Federal passou a regulamentar o ensino primário; os
objetivos do ensino secundário passaram a ser a formação geral e a
preparação para o ensino superior e fundou-se a Universidade de São Paulo.
Somente a partir de 1961, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei nº 4024/61), que todos os graus e modalidades de ensino foram
englobados. Com isso houve uma nova estruturação no ensino: pré-primário
(até os sete anos); primário; ensino médio e superior).
A partir de 1964, a educação brasileira, passou a ser vítima do
autoritarismo que se instalou no país. Reformas foram efetuadas em todos os
níveis de ensino, impostas e sem a participação dos maiores interessados ⦆
alunos, professores e outros setores da sociedade. Daí, o que se vê em quase
todas as nossas escolas: elevados índices de repetência e evasão escolar,
escolas com deficiência de recursos materiais e humanos, professores
49pessimamente remunerados e sem motivação para trabalhar, elevadas taxas
de analfabetismo. (PILETTI, 2003, p. 200)
Um dos expoentes deste período da educação brasileira foi o pedagogo,
filósofo e educador Anísio Teixeira.
Assim como Dewey, tem como meta a democratização do ensino,
sobretudo em um país como o nosso, de escolarização tardia e alto índice de
analfabetismo. Para Anísio Teixeira, a educação é um direito e, portanto, não
pode continuar como privilégio da elite. Para a democratização da sociedade,
defende a instalação da escola pública, universal, leiga, gratuita e unitária.
Considera que as crianças e jovens deveriam freqüentar a escola primária e
secundária. Também demonstrou interesse pela universidade, instituições
criativas, voltadas para a realidade do país.
Para Anísio Teixeira, a escola deve ter por centro a criança e não os
interesses e a ciência dos adultos; o programa escolar deve ser organizado em
atividades, unidades de trabalho ou projetos; o ensino deve ser feito em torno
da intenção de aprender da criança; a criança é um ser que age com toda a
sua personalidade; os seus interesses e propósitos governam a escolha das
atividades, em função do seu desenvolvimento futuro; essas atividades devem
ser reais (semelhança com a vida prática) e reconhecidas pela criança como
próprias. (ARANHA, 2006, p. 349-350)
Aos poucos, o poder público começou a assumir a responsabilidade
pela educação infantil. Assim, os pequenos passaram a ser reconhecidos
como cidadãos e ganharam o direito de ser atendidos em suas necessidades
específicas para se desenvolverem. Esse atendimento seria feito em creche e
pré-escola as criança de zero a seis anos de idade.
Neste período, outro nome se destacou na educação brasileira, Paulo
Freire, um dos grandes pedagogos da atualidade. Para Freire, o objetivo maior
da educação é conscientizar o aluno, levando-o à entender sua situação na
50sociedade, desenvolvendo assim a criticidade. O professor teria um papel
diretivo e informativo, isto é, deveria levar os alunos a conhecer conteúdos,
mas não como verdade absoluta. Em sala de aula, professor e aluno
aprenderão juntos um com o outro.
Paulo Freire criou um Método de Alfabetização de adultos que alcançou
repercussão nacional e internacional na época. Esse método visava não só
tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas também habilitar o aluno a
“ler o mundo”. “trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em
seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la), dizia, Freire. (CURY,
2003, p. 71-72)
Freire partia da idéia de que tudo está em permanente transformação e
interação, conseqüentemente, no caso dos professores, isso se reflete na
necessidade de formação rigorosa e permanente.
Como foi mencionado no capítulo anterior, outro nome teve que teve
muita influência sobre a educação brasileira, principalmente, a nível infantil foi
o da psicolingüísta argentina Emilia Ferreiro, que também focou seu trabalho
na alfabetização, só que de crianças.
A divulgação de seus livros no Brasil causou impacto sobre a concepção
do processo de alfabetização que influenciou na elaboração dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, aprovados após a LDB de 1996. (ARANHA, 2006, p.
345)
A partir da promulgação da LDB de 1996, a educação até os 6 anos
ficou definida como a primeira etapa da Educação Básica. A Educação Infantil
passou então a ser dividida assim: creche ņ para crianças até 3 anos ņ e pré-
escola ņ de 4 a 6 anos. Essa divisão só foi alterada em 2005, com a sanção
presidencial à Lei Federal nº 11.114, que define que as crianças com 6 anos
completos devem ser matriculadas no 1º ano do Ensino Fundamental. Desta
51forma, a Educação Infantil passou a atender crianças até 5 anos de idade.
(TUNES, 2006, p. 6)
Como foi visto, persiste na Educação Brasileira uma grande defasagem
em relação à educação dos países desenvolvidos.
Quando os governos passaram a dar um mínimo de atenção ao ensino,
tivemos reformas tumultuadas, aprovadas entre contradições de interesses
que mantêm o dualismo escolar, próprio de uma visão elitista da educação.
Contudo, é grande a valorização dos estudos pedagógicos. Em vários
estados brasileiros educadores tentam implantar projetos inovadores. Uma
geração de educadores e de historiadores da educação elabora teorias
adequadas à compreensão da realidade brasileira.
Mais ainda, é preciso que se continue atuando de forma coerente e
intencional, a fim de reverter o quadro precário da educação no Brasil.
2.5.- Os dias atuais
”Um dos paradoxos do século XXI está, de um lado, na
discussão sobre as tecnologias de ponta que exigem a
mudança de paradigma da escola tradicional e, de outro,
na constatação de que muitos nem sequer tiveram acesso
às primeiras letras.” (ARANHA, 2006, p. 357)
O século XX ficou marcado pela ênfase na ciência e na tecnologia, que
transformou rapidamente os usos e costumes. As conquista tecnológicas, a
globalização, a explosão de negócios mundiais, a comunicação eletrônica, a
52explosão demográfica e a crescente urbanização são também fatores
responsáveis pelas transformações nos estilos de vida.
Não resta dúvida de que os acontecimentos do final do século XX
provocaram perplexidade e desorientação em todos os setores, inclusive na
educação.
O acolhimento do novo depende da construção de novas maneiras de
conhecimento e de poder, de uma subjetividade emancipada e de outra
sociabilidade. A educação exige intencionalidade e recusa o espontaneísmo na
ação. Mas possui um espírito disposto a reconstruir e abrir novos caminhos
Não há como deixar de reconhecer o impacto da imagem e a
importância da mídia, como instrumento de informação. Nos dias atuais, deve-
se educar incorporando novas técnicas, procurando a capacidade de leitura
crítica dessas imagens e informações. (ARANHA, 2006, p. 362)
Também é importante ressaltar que os novos recursos como o
computador, a televisão, o cinema, os vídeos, CDs, DVDs não sejam meros
instrumentos, mas venham a desencadear transformações estruturais na velha
escola. Só assim, a função do professor pode ser revitalizada, estimulando o
aluno a uma posição menos passiva e mais dinâmica.
A educação de agora em diante deve ser permanente, ninguém mais
pode se formar em uma profissão para o resto da vida. A criança deverá
receber uma educação cuja instrução integral permitirá mais tarde a mudança
de profissão, a adaptação a quaisquer situações e a estimulação da
criatividade para se renovar sempre.
Os jovens precisam abrir seus horizontes humanos com uma visão do
todo. Por isso, a formação deve ser abrangente, haja vista que, todas as áreas
têm o mesmo grau de importância.
53Só para citar um exemplo, porque desprezar o ensino de artes, quando
na verdade oferece importante estimulação. Ao pensamento divergente, dá
oportunidade a pessoa de explorar os sentidos, cultivar os sentimentos, abrir-
se para a imaginação, a intuição, a criatividade e para a invenção. (ARANHA,
2006, p. 363)
A educação deve ter uma abordagem global do conhecimento,
trabalhando com a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, que permite a
visão do todo. No entanto, também no ensino deve prevalecer o interesse de
buscar novas metodologias pedagógicas, que permitam ao corpo docente
abordar o conteúdo de modo interdisciplinar e por meio de projetos.
Portanto, desde a educação infantil, a educação deve promover o
desenvolvimento das potencialidades, para a auto-realização e o exercício
consciente da cidadania. Deve despertar o desejo de aprender e a curiosidade,
trazendo satisfação, prazer e alegria. Deve assumir o papel prioritário
condizente com sua função social, a fim de acabar com a miséria e de
construir uma sociedade mais justa e íntegra. (ARANHA, 2006, p. 236)
CAPÍTULO III
A EDUCAÇÃO MUSICAL E SUA IMPORTÂNCIA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
54“A aprendizagem musical começa com percepções e
destas percepções são formados os conceitos que
embasam o pensamento musical. Há uma relação de
dependência entre percepção e a formação de conceitos.”
(MARTINS. Apud. PENNA, 1990, p. 48)
A escola reproduz a estrutura de classes, mantendo e legitimando o
acesso diferenciado à cultura, à arte e à música, ela também é um lugar de
conflito, passível de ser transformada. A escola é uma realidade complexa e
dinâmica: produto histórico da sociedade na qual se insere, não deixa de
influenciá-la, também produzindo essa mesma sociedade. É portanto um
espaço vivo, onde processo de ensino-aprendizagem, no seu fazer-se a cada
dia, é um movimento que traz em si a possibilidade do novo.
O ser humano interage com as pessoas e o ambiente valendo-se da
fala, da escrita e da linguagem corporal, plástica e musical.
A expressão musical é parte integrante de nossa cultura, aparecendo
naturalmente em nosso contexto social e educativo.
A música é um recurso que contribui para o desenvolvimento cognitivo e
emocional da pessoa humana e que merece especial atenção.
Aprender música significa integrar experiências que envolvem a
vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez
mais elaborados.
Assim, a música é o material para um processo educativo e formativo
mais amplo, dirigido para o pleno desenvolvimento do indivíduo, enquanto
sujeito social. (PENNA, 1990, p. 37)
55O ensino da música é bastante complexo. A música é a mais vaga e
emotiva de todas as artes: pela sua fluidez transforma a natureza em
sentimento, não se limitando a apenas interpretar!
A música não é abstrata, nem é pura descarga de emoções; ela é um
objeto de conhecimento palpável que deve ser descoberto pelas crianças a
partir de seu fazer musical.
A tônica do trabalho pedagógico é possibilitar um ambiente de
descobertas e revelação dos imaginários infantis.
O contato intuitivo e espontâneo com a expressão musical desde os
primeiros anos de vida é importante ponto de partida para o processo de
musicalização.
O uso da música em escolas como auxiliar no desenvolvimento infantil,
tem revelado sua importância.
As atividades musicais contribuem para que o indivíduo aprenda a viver
na sociedade, abrangendo aspectos comportamentais como disciplina,
respeito, gentileza e polidez, aspectos didáticos, com a formação de hábitos
específicos, tais como os relativos a datas comemorativas, as noções de
higiene, a manifestações folclóricas e outros.
Não é preciso salientar a importância da Educação Infantil na vida das
crianças. Desde a parte emocional, o desenvolvimento motor, a exploração do
interesse para aprender, a prática do respeito, do silêncio, da sensibilidade que
todos tem, o cuidado com a estrutura da alfabetização. Tudo isso é que
contribui para se formar um profissional competente, íntegro e, mais ainda,
feliz e seguro na sua opção de vida. (MARZULLO, 2001, p. 12)
56
3.1 - A musicalização e os músicos-pedagogos
...”esquecer que a educação, em qualquer instância, em
qualquer nível, angulada sobre qualquer ótica, sempre é
um ato político, é perder de vista a própria função social
do ato pedagógico.” (ABROMOVICH. Apud. PENNA,
1990, p. 15)
Diversas pesquisas e documentos deixam bem claro que a música faz
parte da aprendizagem e do ensino desde muito tempo.
Nas sociedades letradas, sabe-se que desde a Antigüidade oriental e
clássica a música fazia parte do que se ensinava às crianças e aos jovens.
Examinando a evolução das idéias musicais através dos tempos,
constata-se que já os filósofos gregos se preocupavam com a música. Para
Platão, a música desempenhava um importante papel cultural e social. Desde
a infância era cultivada através da voz, do ouvido e da aprendizagem de um
instrumento.
Na Idade Média, o ensino da música era ministrado por monges. Com o
Renascimento, especialmente na Reforma, a música se popularizou e os
métodos de ensino foram revistos. No século XVIII, Rousseau, em sua obra
Emilio, propôs o ensino da música por meio de canções simples, criadas
especialmente para as crianças.
Na História da Educação encontram-se muitos pensadores que
destacaram o papel da música na formação do homem. É o caso, por
exemplo, de Pestalozzi, que valorizou o ensino das canções nacionais e de
Froebel, que acreditava que a arte deveria chegar às crianças através do
canto, das práticas de pintura e modelagem.
57O movimento da “Escola Nova” deu à Educação Artística a possibilidade
de ocupar um importante espaço, uma vez que visava à formação integral da
criança. A música, conseqüentemente, ganha importância, pois contribui para
que emirja o potencial humano, além de facilitar outras aprendizagens, como
no caso da alfabetização.
Maria Montessori preocupou-se muito com o desenvolvimento da
discriminação auditiva e do ritmo, ressaltando a livre expressão da criança.
Seu ponto de partida para o desenvolvimento do ritmo era a locomoção. Ela
preparou materiais voltados especialmente para o reconhecimento dos sons,
sua altura, intensidade, timbre e duração.
Outros pedagogos como, Dewey e Decroly, enfatizaram a importância
da participação efetiva do aluno no processo de aprendizagem e a
necessidade de estruturar o ensino em termos da natureza da criança e em
função de suas necessidades. Alguns “músicos-pedagogos” como, Dalcroze,
Willems, Orff, Kodaly, Martenot, também seguiram essa mesma linha
metodológica, partindo da vivência para chegar ao conhecimento teórico,
destacando a importância fundamental do ritmo como, elemento ativo da
música. (NICOLAU, 1987, p. 162-163)
“A relação tempo-espaço-energia do movimento físico
tem sua contrapartida na expressão musical, na qual o
pensamento e o sentimento estão vinculados de maneira
inextrincável.” (ARONOFF. Apud. PENNA, 1990, p. 62)
Tal como Montessori, Emilio Jacques Dalcroze (1865-1950), professor
de música de Genebra valorizou em sua obra, o movimento corporal. Dalcroze
concebendo o ritmo como fator organizador dos elementos musicais, indicou a
vivência corporal dos elementos rítmicos como um valioso meio pedagógico de
estimular e conscientizar a experiência musical.
58O método de Carl Orff, especialista alemão, tem caráter lúdico e se
baseia na improvisação e na criação musicais de iniciativa da própria criança.
Para Orff, o ponto de partida do processo educacional é o ritmo, considerado
como embasamento dos elementos musicais, vivenciados pela ação corporal e
pelo recitado rítmico. Orff utiliza o ritmo da linguagem através de rimas,
quadrinhas, adivinhações e canções populares do repertório experimental da
criança, como material didático. Ele propõe a percussão corporal ⦆ sem o
emprego de instrumentos ⦆ para produzir som, imagens corporais e espaciais,
além de forte sensação tátil.
Edgar Willems, musicólogo e pedagogo belga, acredita que toda criança
pode ser educada musicalmente. Willems propõe exercícios à base de uma
vivência rítmica que contribui para um completo desenvolvimento da
sensibilidade auditiva.
O valor rítmico e expressivo da linguagem falada e sua relação com a
linguagem musical (Orff); a importância do relaxamento corporal e da
respiração (Martenot); a valorização do aspecto vocal e da expressividade e
flexibilidade rítmico-melódica (no método Ward); o folclore como ponto de
partida da aprendizagem da linguagem musical (Kodaly), foram revelações
importantes para a pedagogia musical que visam a musicalização da criança.
(GAINZA. Apud. PENNA, 1990, p. 63)
Outro nome marcante na pedagogia musical foi o brasileiro Heitor Villa-
Lobos. A presença da música em escolas públicas e particulares brasileiras
teve que se ajustar a política da época. A educação proporcionada às crianças
e aos jovens atendia a um pequeno segmento da população. Até as primeiras
décadas do século XX a educação musical, nas escolas públicas era um
modesto sonho de Villa-Lobos e outros.
59Com a criação das Escolas Normais, os professores por elas formados
eram estimulados a aprenderem música e por sua propagação junto a crianças
e jovens.
Villa-Lobos, com o auxílio do educador Anísio Teixeira, desenvolveu um
projeto de educação musical baseado no Canto Orfeônico.
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1961,
o Canto Orfeônico foi substituído pela Educação Musical: a música deveria ser
sentida, tocada, dançada, além de cantada. Em 1971, uma nova LDB extinguiu
a Educação Musical.
Somente com a LDB d 1996, que considerou a arte como componente
obrigatório do currículo da educação básica, a música passa a ser ensinada na
escola. Entretanto, nas quatro primeiras séries, o ensino da música é
responsabilidade de um professor de classe, não especializado em música. Da
quinta à oitava série, as aulas são ministradas por professores formados em
Educação Artística, que podem ou não ter habilitação específica em música, e
essa é a realidade do atual ensino público. As condições são melhores nas
escolas particulares que contratam professores especializados.
Apesar de ser do conhecimento de todos que o aprendizado de música,
além de favorecer o desenvolvimento afetivo da criança, amplia a atividade
cerebral, melhora o desempenho escolar dos alunos e contribui para integrar
socialmente o indivíduo, a política educacional brasileira tem menosprezado a
música no contexto escolar.
Mesmo tomados como base os Referenciais Curriculares Nacionais para
Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares Nacionais de quinta à
oitava série, a música ainda não faz parte do cotidiano das escolas do Brasil,
haja vista que, os objetivos gerais dessa pedagogia musical só podem ser
60introduzidos por profissionais capacitados e especializados. Desta forma, vê-se
que as idéias não saíram do papel. (BRÉSCIA, 2003, p. 80-82)
3.2 - A importância da educação musical
“A educação musical consiste em ser o mais rico ramo de
saber, porque, do conhecimento da música depende a
formação espiritual do ser humano.” (PAGANO, 1965, p.
11)
A educação musical, além de educar a sensibilidade, é uma distração para o espírito.
O ensino da música favorece o desenvolvimento do gosto estético e da
expressão artística, além de promover o gosto e o senso musical.
A musicalização não é apenas um procedimento da pedagogia musical,
um conjunto de técnicas ou uma função preparatória para um estudo de
música mais amplo e aprofundado.
A musicalização é um processo educacional orientado que se destina a
todos que estejam em situação escolar, que necessitam desenvolver
esquemas de apreensão da linguagem musical.
O processo de musicalização deve adotar um conceito de música aberto
e abrangente, que abrigue as diversas manifestações sonoras disponíveis
atualmente: desde as músicas de outras culturas até a que resulta das
experimentações do próprio aluno.
61Cabe ainda à musicalização levar o aluno a expressar-se criativamente
através de elementos sonoros e das várias manifestações musicais disponíveis
em seu ambiente.
...”o objetivo específico da educação musical consiste em
colocar o homem em contato com seu ambiente musical e
sonoro, descobrir e ampliar os meios de expressão
musical, em suma, musicalizá-lo de uma forma mais
ampla...” (GAINZA. Apud. PENNA, 1990, p. 36)
A musicalização se baseia na vivência do fato sonoro, na experiência
musical concreta, a partir da qual se formam os conceitos, como referenciais
para a apreensão das estruturas musicais enquanto elementos de uma
linguagem. Quando este processo se realiza mediante uma ação pedagógica,
as experiências necessárias podem ser previstas, planejadas e realizadas de
modo a impulsionar todo o processo.
Dentro e fora da escola, a musicalização é um processo integrado e
bidirecional entre a criança e a música. Portanto, a criança recebe a música, a
absorve, interiorizando-a. a música absorvida se torna diferenciada, é
conscientizada e compreendida. Essa interiorização se projeta, consciente e
inconscientemente, ao imitar e criar. A ação pedagógica deve controlar,
promover e agilizar esse processo. (PENNA, 1990, p. 53)
Deve ser considerado, o aspecto de integração do trabalho musical às
outras áreas, haja vista que, a música mantém contato estreito e direto com as
demais linguagens expressivas (movimento, expressão cênica, artes visuais
etc.), e por outro lado, permite a realização de projetos integrados.
62O ensino da linguagem musical contribui para o desenvolvimento da
coordenação visomotora, da imitação de sons e gestos, da atenção e
percepção, da memorização, do raciocínio, da inteligência, da linguagem e da
expressão corporal. Essas funções psiconeurológicas envolvem aspectos
psicológicos e cognitivos, que constituem as diversas maneiras de adquirir
conhecimento, ou seja, são as operações mentais que usamos para aprender,
para raciocinar. A simples atividade de cantar uma música proporciona à
criança o treinamento de uma série de aptidões importantes. (ROSA, 1990, p.
20-23).
Cabe à educação musical propor o que fazer e como fazer para
desenvolver a linguagem sonora ou musical. Para isso, coloca à disposição
das pessoas atividades apoiadas na expressão corporal e na oralidade,
atividades que envolvem o som e o ritmo, estimulando a discriminação
auditiva, o senso rítmico e a expressão vocal.
A música no contexto da educação infantil vem atendendo a vários
objetivos. Tem sido suporte para atender a vários propósitos, como a formação
de hábitos, atitudes e comportamentos; a realização de comemorações
relativas ao calendário de eventos do ano letivo; a memorização de conteúdos,
traduzidos em canções. Essas canções podem ser acompanhadas por gestos
corporais, imitados pelas crianças de forma mecânica e esteriotipada e por
banda rítmica, outra prática musical muito utilizada.
“Para cantar, movimentamos as cordas vocais; para
dançar, movimentamos o corpo; para brincar,
movimentamo-nos no espaço e para tocar, também temos
que movimentar um corpo elástico. Em verdade, para que
haja música, deve haver movimento, pois cada som
nasce do movimento!” (CUNHA, 2006, p. 61)
63A música na educação infantil mantém forte ligação com o brincar, com
a ludicidade. Em todas as culturas as crianças brincam com a música. Jogos e
brinquedos musicais são transmitidos por tradição oral,, pois são fonte de
vivência e desenvolvimento expressivo musical. Envolvendo o gesto, o
movimento, o canto, a dança e o faz-de-conta, esses jogos e brincadeiras são
expressões da infância. Brincar de roda, ciranda, pular corda, amarelinha e
outros mais são maneiras de estabelecer contato consigo próprio e com o
outro, e de trabalhar com as estruturas e formas musicais que se apresentam
em cada canção e em cada brinquedo.
O trabalho com música deve reunir toda e qualquer fonte sonora:
brinquedos, objetos do cotidiano e instrumentos musicais de boa qualidade. É
preciso lembrar que a voz é o primeiro instrumento e o corpo humano é fonte
de produção sonora.
O objetivo da educação musical na educação infantil não é de ensinar
música e, sim, aprender a utilizar a música. (MARZULLO, 2001, p. 11)
Por desenvolver várias capacidades, como sensibilidade, intuição,
reflexão, criatividade, sensibilidade auditiva, coordenação motora, dicção e
ritmo, é importante começar a educação musical desde o berçário. Através da
educação musical você pode incentivar as crianças a cantar, a brincar com a
voz, explorando diversas possibilidades como imitar ruídos e os sons de
animais, de trovão etc.
Na educação infantil, a música tem atendido, a inúmeros objetivos e a
vários propósitos, nem sempre os mais adequados. Cantarolar músicas
pequenas e repetitivas canções de rotina escolar de modo mecânico é pouco
significativo. A sensibilização para apreciar os sons não consta nesse tipo de
atividade.
64A qualidade do trabalho que vem sendo realizado na educação infantil,
nas escolas, demonstra uma grande defasagem entre o que se realiza na área
de música, atividades de reprodução e imitação (bandinhas que só
acompanham ou repetem sons) e os reais objetivos que deveriam estar
voltados à criação, à elaboração e à apreciação musical.
É bastante complexa a integração contexto educacional / linguagem
musical. Para essa complexidade concorre o despreparo docente, a falta de
condição para realização da atividade, a precariedade das escolas
(principalmente do ensino público), entre outros motivos. Desta forma a música
é considerada como um produto pronto e não uma linguagem que se constrói.
Portanto, o desafio de ensinar música na educação infantil está em transmitir
noções básicas de ritmo e harmonia sem ser monótono e mecânico. A criança
se solta ao perceber que é capaz de fazer música, a forma mais universal de
comunicação.
3. 3 – A criança e a música
“A idéia de que a música é uma arte em constante
desenvolvimento deve ser trabalhada com o aluno, para
que possa ter um vislumbre do fascínio que essa
descoberta pode proporcionar...” (MARTINS. Apud.
PENNA, 1990, p. 36)
Pesquisas recentes confirmam que dos três aos seis anos é a hora certa
de encher os ouvidos de harmonia. Os sons percebidos pela criança levam-na
a ter contato com o mundo externo.
65O trabalho de musicalização segue os mesmos princípios para qualquer
faixa etária, embora, obviamente, seja preciso adaptar a linguagem, os
estímulos motivacionais, o repertório, etc. Devem ser consideradas as
experiências de vida próprias de cada faixa , assim como a sua capacidade de
abstração, que depende do estágio cognitivo em que se encontra. O que
indicará, basicamente, a necessidade de alternativas metodológicas são as
características socioculturais do aluno: sua vivência, seus interesses, etc.
Desde cedo se faz necessário desenvolver nas crianças o senso rítmico.
O mundo está repleto de ritmo sob diversos aspectos: no relógio, no andar das
pessoas, no vôo dos pássaros, nos pingos de chuva, na batida do coração,
numa banda, num motor, no piscar de olhos, em muitas brincadeiras e em
quase todos os tipos de trabalho.
O conhecimento é construído a partir da interação da criança com o
meio ambiente, e o ritmo é parte primordial do mundo que a cerca. É
importante que o educador esteja atento para fazer com que a criança,
descubra, analise e compreenda os ritmos do mundo por meio da observação
e do contato com instrumentos musicais, com o teatro, a dança, o folclore, etc.
A linguagem musical deve estar presente nas atividades de expressão
física, através de exercícios ginásticos, rítmicos, jogos, brinquedos e rodas
cantadas, em que se desenvolve na criança a linguagem corporal, numa
organização, espacial e energética. À criança comunica-se principalmente
através do corpo e, cantando, ela é ela mesma, ela é seu próprio instrumento.
(ROSA, 1990, p. 20-23)
“Criar e recriar. Nada se cria do nada. Criatividade é
transformação, desenvolvimento, dedicação e
principalmente, envolvimento.” (ROSA, 1990, p. 23)
66O trabalho com a linguagem musical deve ser interessante para a
criança e para o professor, e isto só acontecerá se houver uma
conscientização cada vez maior da importância de se respeitar a
expressividade infantil e de se criar oportunidades para que a criatividade
esteja presente no trabalho em sala de aula.
Dentro de um processo ativo e lúdico, a criança poderá construir seu
conhecimento musical, quando interagir com os objetos sonoros existente em
seu contexto social.
O ambiente sonoro, assim como a presença da música em diferentes e
variadas situações do dia-a-dia fazem com que os bebês e crianças iniciem
seu processo de musicalização de forma intuitiva. Encantado com o que
ouvem, os bebês tenta imitar e responder, criando momentos significativos no
desenvolvimento afetivo e cognitivo.
A escuta de diferentes sons também é fonte de observação e
descobertas, provocando respostas. A criança penetra progressivamente no
mundo dos sons e, quanto mais adequados forem os estímulos sonoros,
melhor ela captará o ambiente que a rodeia. As crianças pequenas estão
sempre atentas às características dos sons ouvidos ou produzidos, se gerados
por qualquer objeto, descobrindo possibilidades sonoras com todo material
acessível. Portanto, a expressão musical das crianças nessa fase é
caracterizada pela ênfase nos aspectos intuitivo e afetivo e pela exploração
(sensório-motor) dos materiais sonoros.
A criança deverá ter acesso a obras que despertem o desejo de ouvir e
interagir, pois para a criança ouvir é, também, movimentar-se, já que a criança
percebe e expressa-se globalmente.
67“A criança que tem a oportunidade de fazer experiências
musicais amplia a sua forma de expressão e de
entendimento do mundo em que vive. Essa vivência pode
possibilitar o desenvolvimento criativo.”
(PFÜTZENREUTER, 1999, p. 5)
No trabalho de musicalização, a própria criança, através do que ela
sente, reage e necessita, ensina ao professor a conduzir uma forma de
trabalho no qual ele usa, transforma ou adapta o que se aprende na teoria.
Não há criança tímida, isolada, hiperativa, especial que, através de um trabalho
bem dirigido de educação musical, não se sinta mais feliz e entusiasmada com
suas próprias descobertas em relação às suas potencialidades e, portanto
mais seguras. O ritmo próprio da criança deve ser respeitado logo que
manifestado. A música deve ser tratada como agente de formação e facilitador
do aprendizado.
A música por si só contribui para o pensamento criativo. Cada criança,
ao escutar uma melodia, interpreta-a de forma única e pessoal. De uma forma
ou de outra, a música produz um efeito que pode ser mental ou corporal. A
música é capaz de provocar movimentação (interna e externa), haja vista que,
é uma leitura interna de algo que está vindo de fora. Além da forma de
internalização, inversamente, a música fornece, também, subsídios para
externalizar sentimentos. Por isso, a música é considerada uma arte que
contribui sistemática e significativamente com o processo do desenvolvimento
integral do ser humano. (MARZULLO, 2001, p. 11)
3.4 - O papel do educador na musicalização
68“Não existe espontaneidade natural nem liberdade
imediatamente criativa. É preciso dar à criança os
instrumentos necessários para a sua auto-expressão.
Determinadas limitações devem ser introduzidas, porque
constituem os recursos indispensáveis de uma liberdade
real (e não apenas formal).” (PORCHER. Apud. PENNA,
1990, p. 71)
Sabe-se que o educador consciente apresenta aos alunos as mais
variadas situações de aprendizagem, e entre elas as que envolvem a
linguagem musical. É importante lembrar que a atividade com linguagem
musical não é uma simples oportunidade para se fazer recreação. Mas sim,
uma forma de representação da vida da criança.
O educador também deve estar alerta a todas as formas de expressão
escolhidas pelas crianças, valorizando-as.
O educador crítico e participante deve aprender a analisar a presença
da música no mundo atual, a fim de que o objetivo desta utilização fique
esclarecido, para ele e para as crianças que ele educa. (ROSA, 1990, p. 23)
O professor de educação musical precisa descobrir possíveis elos com
outras expressões musicais e que normalmente estão distantes dos alunos,
como a música erudita, a folclórica, a música popular brasileira (MPB) e seus
aspectos sociais de época, culturas, valores, ritmos e sons, assim como as
influências dos ritmos afros.
A produção musical de cada região do país é muito rica e nela pode-se
encontrar vasto material para o desenvolvimento do trabalho com as crianças.
Cabe ao professor resgatar e aproximar as crianças dos valores musicais de
sua cultura, assim como das músicas de outros países, haja vista que, a
69linguagem musical deve ser tratada e entendida na sua totalidade, pois traz
consigo a marca de cada criador, cada povo, cada época. O contato das
crianças com produções musicais diversas deve prepará-las para compreender
a linguagem musical como forma de expressão individual e coletiva e como
maneira de interpretar o mundo.
A avaliação na área de música deve ser contínua, levando em
consideração os processos vivenciados pelas crianças, resultado de um
trabalho intencional do professor. Deverá constituir-se em instrumento para a
reorganização de objetivos, conteúdos, procedimentos, atividades, e como
forma do professor acompanhar e conhecer cada criança e grupo.
Ao professor compete assumir uma postura de disponibilidade em
relação à linguagem musical. Além disso, o professor deve se manter em
constante aperfeiçoamento para identificar a música como forma de expressão
e uma importante linguagem, cujo conhecimento se constrói, sensibilizar-se
com ela, entender e respeitar as crianças, seu modo de expressão e oferecer-
lhes o que for necessário ao descobrimento das sua capacidades expressivas.
(CINEL, 2004, p. 5-6)
70
CAPÍTULO IV
A MÚSICA COMO PRÁTICA PREVENTIVA E CURATIVA
“A música como nenhuma outra arte, é capaz de atuar
sobre o ser humano modificando seu padrão emocional e
vibracional, isto é, o padrão de seu conjunto vital através
da atuação sobre o corpo físico e as emoções.”
(QUEIROZ, 1997, p. 26)
Diversas contribuições resultam do esforço conjugado de especialistas
nas áreas musical e psicoterapêutica, que tem em vista a teorização, a
pesquisa e a ação voltadas para as ligações entre a música, por um lado, e por
outro, a pensamentos, emoções e comportamentos perturbados, dificuldades
interpessoais ou em situações da vida, ou, ainda, distúrbios biomédicos, que
requerem ajuda de caráter terapêutico. O emprego da música com o propósito
intencional de cura alívio ou estimulação de pacientes vem sendo feito há
vários décadas.
Já nas civilizações antigas do ocidente as pessoas sentiam o efeito de
vibrações nos “centros de energia” de seus corpos, chamados chacras. A cura
através da música era uma ciência altamente respeitada que se baseava no
uso da vibração. Cantos sagrados, ritmos hipnóticos e padrões de melodias
antigas eram usadas para despertar os chacras. (BRÉSCIA, 2003, p. 48)
Na Europa Medieval, havia homens que ensinavam tanto música como
medicina. Nas universidades de medicina, como as de Pádua e Viena,
encontra-se evidência documentária de estudos musicais aliados a medicina.
Na Renascença existem muitos exemplos de médicos que eram poetas,
musicistas e filósofos, bem como cientistas.
71No século XVII, filósofos, médicos e escritores apoiavam a idéia de que
música e medicina são inter-relacionadas. Muitos afirmavam que a música
afasta a loucura, a tristeza, e aquieta as paixões da mente. Outros, que a
música afeta os ouvidos, as artérias e fortalece a mente, arrebata a alma e tem
poder de expelir muitas doenças, é o remédio contra desespero e melancolia e
afasta o próprio diabo.
Médicos no século XVIII concentraram-se nos propósitos curativos da
música fundamentando mais cientificamente suas observações e resultados,
graças a investigações sobre os efeitos fisiológicos específicos da música no
batimento cardíaco e na circulação, bem como da influência da música nas
emoções.
Já o século XIX foi de suma importância para o duo ņ música e
medicina. Vários médicos se convenceram do papel da música na recuperação
de problemas mentais e emocionais.
Assim, por volta da Segunda guerra Mundial, surgiu a musicoterapia,
que veio ajudar na recuperação dos soldados que convalesciam.
Hoje em dia está havendo um renascimento do diálogo entre as artes da
medicina e a música. Com o intuito de compreender a dor e como esta pode
ser aliviada, muitos pesquisadores da medicina moderna estão
experimentando “terapias alternativas.” (BRÉSCIA, 2003, p. 48-49)
Como foi visto nos capítulos anteriores, o ritmo é vital para o ser
humano, pois, ritmo é vida. Segundo Eliane Marzullo, o princípio da música é o
ritmo, o princípio do ritmo é a pulsação e o princípio da pulsação é a VIDA. Em
virtude de seu poder de concentrar energia e dar estrutura a percepções de
ordem temporal, o ritmo tem sido reconhecido como fator terapêutico vital.
(MARZULLO, 2001, p. 12)
72Com a atividade rítmica, a criança, libera seus impulsos, inclusive sua
agressividade. Este é um importantíssimo caminho para a criatividade.
A concepção de “inteligência musical” ou da musicalidade como um
traço específico tem sido debatida por numerosos especialistas. De acordo
com um deles, musicalidade não é um traço, mas deriva de operações mentais
que são comuns às atividades de criar, ouvir e executar. (SERAFINE. Apud.
BRÉSCIA, 2003, p. 45)
O trabalho musical é um meio de expressão e forma de conhecimento
acessível aos bebês e as crianças, inclusive aquelas que apresentam
necessidades especiais. É extremamente importante a presença da música no
trabalho com crianças, haja vista que, esta é um meio excelente para o
desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-estima, do
autoconhecimento, do bem-estar, além de ser um ótimo meio de integração
social.
A música também suscita na criança um grande prazer, já que se
reveste de um acentuado caráter lúdico e, portanto, desafiador. Tanto a
criança chamada “normal” e como aquelas portadores de necessidades
especiais podem ser seduzidas pela música, que se torna assim um valioso
recurso para a aprendizagem em geral. Experiências incríveis foram
vivenciadas com crianças cegas, surdas e deficientes mentais, que
encontraram na música uma poderosa fonte de satisfação de interesses
específicos e de necessidades gerais. (NICOLAU, 1987, p. 162)
A educação musical pode ser utilizada no desenvolvimento da
linguagem, tanto no que diz respeito ao processo normal de desenvolvimento
na criança, como nas incapacidades e limitações, como por exemplo: déficits
na compreensão, produção e uso da linguagem oral (incapacidade em
linguagem); distúrbios fonológicos (distúrbios de articulação); distúrbios da voz
propriamente dita (qualidade, tom, intensidade); distúrbios de ressonância ou
73nasalização e distúrbios de fluência (ritmo e velocidade). Uma educação
musical apoiada em bases psicológicas sólidas pode contribuir de forma
preventiva e de modo muito significativo para a superação de problemas como
esses na criança. (BRÉSCIA, 2003, p. 46)
Cada vez mais, a música tem sido usada no tratamento de deficiências
tanto físicas quanto mentais de perturbações emocionais, apesar de muito
poucos trabalhos teóricos que expliquem sua eficácia.
Crianças mentalmente deficientes e autistas geralmente reagem à
música quando tudo o mais falhou. A música é um veículo expressivo para o
alívio da tensão emocional, superando dificuldades de fala e de linguagem. A
terapia musical foi usada para melhorar a coordenação motora nos casos de
paralisia cerebral e distrofia muscular. Também é usada para ensinar controle
de respiração e da dicção nos casos em que existe distúrbio da fala.
(BRÉSCIA, 2003, p. 50)
Os efeitos terapêuticos da música tem sido objeto de larga difusão. A
música tem estimulado reações mais alertas em pacientes passivos ou
introspectivos; tem servido para tornar mais acessíveis os pacientes
emocionalmente perturbados; nas deficiências físicas, pode ser usada para a
gradação e a seqüência de pequenos objetivos na totalidade e controle
muscular; nos casos de deficiência mental, pode ajudar na aquisição de
conceitos elementares; nos problemas associados à dor prolongada ou ao
stress; ajudando a pessoa a desenvolver um corpo mais forte, a se recuperar
de traumas; reduzir ansiedade e desenvolver relacionamentos com outros.
A música também vem sendo usada no,intuito de diminuir os sintomas
da quimioterapia, produzindo alterações dos índices de ansiedade e redução
de toxicidade precoce, principalmente náuseas e vômitos provocados pelo
tratamento.
74Estudos garantem que a música potencializa a reabilitação de pacientes
em casos de doenças degenerativas do cérebro, como Parkinson e Alzheimer
e induz a liberação de certas substâncias, como dopamina e serotonina, que
proporcionam sensação de prazer e bem-estar.
A música é usada para aliviar e mudar determinados comportamentos
ou influenciar sentimentos dentro de um contexto de um relacionamento em
desenvolvimento, em prol da saúde criativa, trabalhando com elementos
singulares de ritmo, melodia e harmonia.
O uso da música em hospitais, tanto antes como durante e após
cirurgias apresenta resultados surpreendentes, como por exemplo: sinais vitais
mais estáveis, pressão sanguínea e pulso mais baixos, menor dor e ansiedade,
estado emocional mais estável, menos necessidade de medicação para
controle da dor, bem como de anestésico. Ao contrário da medicação, a
música não tem efeitos colaterais. (BRÉSCIA, 2003, p. 52)
“Chegou o momento de nos conscientizarmos também
dos efeitos dos sons saudáveis e dos sons prejudiciais e
assumirmos a responsabilidade pelos sons que deixamos
entrar em nosso corpo.” (HALPERN. Apud BAÑOL, 1993,
p 49)
O ato de cantar traz vários benefícios. Pesquisadores concluíram que
vozes femininas e masculinas tem efeitos fisiológicos e comportamentais
positivos nos bebês. Foi constatado que o cantar diminui o batimento cardíaco,
aumenta a saturação de oxigênio e reduz o comportamento de angústia nos
bebês. Não só os bebês, como também as mães grávidas que durante
a
75
gestação cantarolam canções folclóricas ou de ninar, aliviam suas tensões e
tem mais facilidade para acalmar e adormecer seus bebês.
Tudo isso se dá, porque a música promove vínculos nos
relacionamentos. Quando cantam juntas enquanto brincam, as crianças
compartilham a alegria da descoberta e a amizade de maneira nova.
Se o cantar pode fazer um bem tão grande às pessoas, isto deveria ser
mais bem explorado nas escolas, haja vista que, pode melhorar o desempenho
e a concentração, além de ter impacto positivo na aprendizagem de
matemática, leitura e outras habilidades lingüísticas nas crianças.
Cantar, portanto, pode ser uma excelente companheira de
aprendizagem na socialização, aprendizagem de conceitos e descoberta do
mundo. O canto pode também ser utilizado como veículo de compreensão,
memorização ou expressões de emoções e, como instrumento para pessoas
aprenderem a lidar com a agressividade. (BRÉSCIA, 2003, p. 60-61)
Não é novidade que a música produz efeitos nos estados de ânimo das
pessoas. As melodias e tempos da música de Bach ou de uma música
moderna produzem em nós reações a nível físico e mental. Por isso, os
médicos aconselham aos pacientes que usem a música adequada a qualquer
momento em que dela necessitem, pois, a utilização de sons, ritmos e
melodias ajuda a restabelecer a saúde. Assim, a proposta do tratamento
através da música é fortalecer o paciente emocionalmente, para que este
possa lidar melhor com os sintomas da doença.
A utilização da música de forma preventiva ou a interferência no
desenvolvimento da criança, pode levar à redução de problemas atuando em
relação aos fatores de proteção, desenvolvendo a habilidade de resolver ou
lidar com os problemas, fortalecendo a auto-estima. A música como prática
preventiva dá oportunidades para o sucesso de um projeto educacional que
76
leve em conta a aceitabilidade social e a integração de professores, alunos,
família, escola e comunidade. Os desenvolvimentos social e emocional são
aspectos integrantes do processo educativo.
Portanto, a música deve se tornar cada vez mais uma aliada no
desenvolvimento bio-pisco-social da criança e do indivíduo, a fim de prevenir e
ajudar na saúde física e mental.
77
CONCLUSÃO
Como foi visto no trabalho apresentado, a música é atividade natural e
fundamental de cada criança; serve de reforço para as outras atividades, por
isso deve fazer parte integrante do aprendizado musical. É a arte que cultiva a
beleza sonora.
Pesquisadores e estudiosos vem traçando paralelos entre o
desenvolvimento infantil e o exercício da expressão musical. Diversas
propostas surgiram que respeitam o modo de perceber, sentir e pensar, em
cada fase, e contribuindo para que a construção do conhecimento dessa
linguagem ocorra de modo significativo.
É preciso enfatizar que a aprendizagem musical deve ser considerada
do ponto de vista da criança, propondo a compreensão da linguagem musical a
partir da reconstrução que ela realiza. Assim, resgata-se o papel da criança
como construtora do conhecimento e autora de seu próprio discurso, do
professor como interventor no processo educativo e da escola como o lugar
deste acontecer lúdico, mediado pelo ser afetivo e social que é a criança.
A educação musical é uma necessidade, pode-se dizer que a música é
para alma o que o alimento é para o corpo, por isso mesmo, é preciso oferecer
a todos o ensino da música como função moral e social, porque ela oferece a
alma humana muitos de benefícios. Ao professor compete desenvolver o
método pedagógico para despertar o amor pela música, a única que perdura
com o passar dos anos; e aos pais, colaborar com o professor para o
aprendizado eficiente de seus filhos.
78
É sabido que a aprendizagem musical não é sinônimo de aprendizagem
instrumental. O verdadeiro enfoque da musicalização está na vivência da
música para só então chegar à teoria.
O processo educativo de musicalização, enquanto formação da
sensibilidade deve propiciar a aquisição dos instrumentos necessários à
apreensão da linguagem musical, de modo que o aluno seja capaz de
compreender criticamente a música de seu ambiente cultural e expandi-lo.
Desta forma, educar o ouvir é a tarefa principal da escola onde a escuta
se amplia à medida que promove estratégias que levam as experiências de
produção, percepção, reflexão e representação musical.
A música se instala com certas dificuldades no espaço educacional. O
ideal seria um processo de musicalização que, desde as séries iniciais,
acompanhasse o aluno durante toda a sua escolarização, promovendo o
contato constante com a música e levando ao domínio progressivo dos
conceitos musicais e sua expressão.
Precisa-se tomar consciência de que a música na escola não pode ser
simplesmente ornamental para animar as festas, mas deve ser vista com suas
dimensões estéticas, sonoras, visuais, plásticas e gestuais, a fim de
desenvolver a consciência crítica dos valores humanos e encontrar meios de
levar os alunos a atuarem como cidadãos.
É bom lembrar que a música está no aqui e no agora em torno de cada
ser humano, no dia-a-dia de cada indivíduo. Faz parte da sua história.
Sobrevive às intempéries de ordem políticas, econômica, educacional,
tecnológica, mercadológica, social e cultural.
Cabe pontuar que, o terceiro milênio teve início e a Educação Musical
no Brasil ainda luta para conquistar seu lugar, dentro da educação geral de
nossas crianças e dos nossos jovens.
79
Não se pode deixar de mencionar que a educação precisa dar conta do
indivíduo na sua totalidade e, a música visa trabalhar o indivíduo globalmente:
corpo mente espírito e emoção.
O trabalho realizado deixa bem claro a importância do ensino
sistemático da música destinado a crianças e jovens. Essa importância
assume significação ainda maior, quando se fala sobre os efeitos positivos da
música nas pessoas, e do caráter de instrumento a serviço de uma educação
musical preventiva.
A sociedade moderna encontra-se num processo contínuo de
degeneração física e psicológica, e a música além de fazer parte deste quadro,
tem um papel fundamental a desempenhar na solução deste desequilíbrio.
Há muito que se fazer em prol da Educação Infantil através da
Educação Musical. É preciso admitir, sem desespero ou desistência, que não
há conclusões definitivas, apenas questionamentos e buscas. E uma direção.
80
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83
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
O QUE É MÚSICA? 11
CAPÍTULO II
A EDUCAÇÃO INFANTIL ATRAVÉS DOS TEMPOS 19
2.1 - A Educação nas Antigas Civilizações 19
2.2 - A Educação da Idade Média ao Século XIX 28
2.3 - O Século XX 38
2.4 - A Educação no Brasil 45
2.5 - Os Dias Atuais 51
CAPÍTULO III
A EDUCAÇÃO MUSICAL E SUA IMORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
54
3.1 - A Musicalização e os Músicos-Pedagogos 56
3.2 - A Importância da Educação Musical 60
3.3 - A Criança e a Música 64
3.4 - O Papel de Educador na Musicalização 67
CAPÍTULO IV
A MÚSICA COMO PRÁTICA PREVENTIVA E CURATIVA
70
84
CONCLUSÃO
77
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 80
ÍNDICE 83
FOLHA DE AVALIAÇÃO 85
85
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes
Título da Monografia: A Importância da Prática da Educação Musical na
Educação Infantil
Autor: Maristela Pinto Derossi Rivello
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
86