universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo …ucia da rocha galvÃo.pdf · como encantar o...

55
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE FIDELIZAÇÃO Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

Upload: dinhtuong

Post on 18-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

FIDELIZAÇÃO

Como encantar o cliente

Por: Gláucia da Rocha Galvão

Orientadora

Ms. Fabiane Muniz

Niterói - RJ

2004

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

FIDELIZAÇÃO

Como encantar o cliente

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Gestão Estratégica e Qualidade.

Por: Gláucia da Rocha Galvão

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

3

AGRADECIMENTOS

Aos colegas de turma, que tornaram as manhãs de

sábado mais prazerosas. Em especial a Luciana, que deu

valiosas dicas quanto à pesquisa bibliográfica.

À professora Fabiane, por sua orientação clara e objetiva

na confecção deste trabalho acadêmico.

E, principalmente, aos meus poucos amigos de todas as

horas, que estão sempre presentes em minha vida e que

tanta força me deram neste momento que tanto precisei.

“...Reconhece a queda e não desanima, Levanta, sacode a poeira E dá a volta por cima!” Volta por Cima (Paulo Vanzolini/Noel Rosa).

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

4

DEDICATÓRIA

A minha mãe, por ser a pessoa íntegra e batalhadora que

é, e por ter sempre estimulado o meu crescimento

pessoal.

A meu pai, in memoriam, por ter sido o primeiro a lançar a

semente do interesse pelos estudos, sempre acreditando

em meu potencial.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

5

“Não é a força, mas a perseverança que realiza grandes coisas.” Samuel Johnson

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

6

RESUMO

Para realizar este estudo, destacou-se inicialmente a fundamentação

teórica, com uma apresentação histórico-situacional do marketing e do

marketing de relacionamento.

O trabalho analisa o marketing de relacionamento como a chave do

sucesso para conquista e fidelização dos clientes. Apresenta algumas

ferramentas consideradas fundamentais pelos autores para desenvolver

relacionamento de longo prazo, baseando-se nos conceitos de marketing, com

foco no marketing de relacionamento, na valorização do cliente dada pela

criação de valor com a qualidade dos serviços, obtida pela liderança

organizacional e desempenho das pessoas envolvidas na estratégia da

organização.

A tecnologia é apresentada como instrumento que possibilita aumentar

a capacidade de atendimento com velocidade e qualidade, reduzindo custos

para a empresa e a clientela. A tecnologia da informação propicia à empresa

capacidade de melhor planejar e estabelecer vínculos por sistemas de

feedback propiciando a interatividade e conectividade entre ela e o cliente.

Trata da segmentação de mercado como a base de todo processo de

fidelização, já que possibilita o posicionamento da empresa em relação ao

mercado, ao seu objetivo e ao atendimento das necessidades especificadas de

clientes específicos. Apresenta idéias de diversos autores mostrando que a

fidelização dos clientes é a base que dá sustentabilidade para as organizações

dos mais diversos segmentos do mercado, sendo o relacionamento de longo

prazo – fidelidade - benéfico para ambas as partes envolvidas.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

7

METODOLOGIA

Considerou-se, na busca dos referenciais teóricos, a pesquisa

bibliográfica que para Barros e Lehfeld (2000), é de grande eficácia porque

“permite obter uma postura cientifica quanto à elaboração de informações da

produção cientifica já existente, à elaboração de relatórios e à sistematização

do conhecimento”. Foi desenvolvida com base principalmente na literatura

atual, consulta à base de dados existentes na área, à internet e artigos em

publicações periódicas.

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 12

CAPÍTULO II - SEGMENTAÇÃO DE MERCADO 26

CAPÍTULO III - FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES 30

CONCLUSÃO 39

ANEXOS 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48

ÍNDICE 52

ATIVIDADES CULTURAIS 53

FOLHA DE AVALIAÇÃO 55

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

9

INTRODUÇÃO

As mudanças que estão ocorrendo nos negócios não são simples

tendências, mas o resultado da ação de duas forças: globalização dos

mercados e tecnologia de informação. Além disso, tudo acontece ao mesmo

tempo e muito rápido. Essas duas forças dependem uma da outra e se

influenciam mutuamente.

Conhecimento e informação são dois novos recursos-chave para o

sucesso de um empreendimento. O conhecimento do mercado em que atua, os

clientes e suas necessidades, a informação rápida e disseminada dentro da

empresa. (Oliver 1999).

Esses dois recursos comandam as tendências identificadas no atual

mundo dos negócios, em que se destacam: a era do conhecimento e da

criatividade, a era da tecnologia digital, novas estruturas organizacionais, novo

modelo de liderança e empresa em tempo real, (Santos 2000). A economia de

escala vem sendo substituída por uma economia preocupada com a sinergia,

flexibilidade e velocidade. Deixa-se o foco em produtos massificados e volta-se

ao aspecto artesanal, ao produto customizado, ao marketing um a um.

(Mckenna 1999).

A preocupação deixa de ser o foco no cliente e sim o foco do cliente, que

vive momentos diferentes a cada circunstância da sua vida; as suas

experiências de desempenho variam no tempo e no espaço. É voz corrente

que oferecer um bom negócio deve, portanto, ser a base de qualquer estratégia

para retenção dos clientes. (Cobra 2000).

Com a globalização e formação de blocos econômicos, observa-se a

dimensão das oportunidades e ameaças a que as empresas são expostas. Foi

dada a largada para uma grande maratona em busca das alternativas que lhes

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

10 permitam serem competitivas num mercado globalizado. Mesmo aquelas com

vocação para mercados locais estão expostas a concorrência de empresas que

agem globalmente.

A concorrência e a necessidade de ganho em escala têm desencadeado

um processo acirrado na disputa por novos mercados, manutenção de clientes

e comprometimento com a busca de maior competitividade, traduzida em

ganhos de produtividade e melhoria de qualidade. Outro fator decisivo na

sustentabilidade das instituições diz respeito ao comportamento dos clientes

frente a essas mudanças. O desafio, portanto, ultrapassa as delimitações de

buscar novos clientes, e sim priorizar a fidelização dos atuais, cujo assunto é o

tema principal deste estudo.

No cenário atual, surgem dúvidas de qual a melhor estratégia para a

empresa? Como ganhar mercado e manter os clientes? Como os clientes estão

vendo todas essas mudanças, o que ele espera e o que o atrai?

Para salientar as mudanças e apresentar a estratégia que as empresas

tem adotado, Bretzke (2000) afirma que os desafios e as oportunidades para a

sobrevivência e crescimento estão justamente na implementação de ações que

permitam maior proximidade com o cliente, a compreensão de suas

necessidades, a flexibilidade para ofertar mais valor de forma individualizada e

a custos mais baixos. Enfim, que clientes e fornecedores construam

relacionamentos produtivos com benefícios mútuos. Relacionamentos que

desta forma, se tornarão significativos com benefícios extensivos a toda a

sociedade.

Nesse quadro, é possível colocar a seguinte questão: como estabelecer

procedimentos de segmentação, apropriação de tecnologia, distribuição de

níveis de alçada e outros elementos mercadológicos, maximizar o

relacionamento com o cliente obtendo sua fidelidade alcançando assim

resultados incrementais para a empresa como um todo?

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

11 O objetivo deste trabalho é compilar informações relevantes levantadas

sobre o assunto, disponibilizando-as para as pessoas interessadas na área ou

como fonte de pesquisa para futuros estudos.

A importância de as empresas criarem estratégias e formas de

manutenção de seus clientes é vital para o sucesso de qualquer organização.

Portanto, só atingirão seus objetivos aquelas que fidelizarem seus clientes.

Assim sendo este estudo é relevante à medida que busca os preceitos do

Marketing de Relacionamento, explicando o que é, para que serve e como

funciona.

Justifica-se o interesse no assunto por buscar estratégias de marketing

de relacionamento, como também sua correlação com a área em que atuo,

aprofundando conhecimentos que me auxiliarão não só como acadêmica, mas

também como profissional.

Considerou-se, na busca dos referenciais teóricos, a pesquisa

bibliográfica que para Barros e Lehfeld (2000, p. 51), é de grande eficácia

porque “permite obter uma postura cientifica quanto à elaboração de

informações da produção cientifica já existente, à elaboração de relatórios e à

sistematização do conhecimento”. Foi desenvolvida com base principalmente

na literatura atual, consulta à base de dados existentes na área, à internet e

artigos em publicações periódicas.

Inicialmente será feita uma breve apresentação histórico-situacional do

marketing e marketing de relacionamento. Na seqüência os conceitos de

serviços, qualidade, tecnologia e segmentação de mercado visando a

fidelização de clientes, procurando sempre apresentar um contexto atual.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

12

CAPÍTULO I

Fundamentação Teórica

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

13 Há uma necessidade de que todos os que tenham algum tipo de contato

com o cliente tenham em mente o seu papel – que é o de dar valor à marca da

sua organização, um valor não apenas momentâneo, mas que deixe boas

impressões e que faça o cliente lembrar-se da organização e querer voltar a

fazer novos negócios.

Assim, cabe explicar o papel do marketing e do marketing de

relacionamento, para que fique bem claro que marketing não é apenas o

processo de ‘venda’, mas sim que está presente em todos os processos da

organização prestadora de serviços.

Dentro desse conceito, vale a pena ressaltar a diferença entre o conceito

de venda e o de marketing, que às vezes são confundidos.

O conceito de venda tem uma perspectiva de dentro para fora. Começa

com a fábrica, concentra-se nos produtos da empresa e enfatiza a venda e a

promoção para obter vendas lucrativas. É centrado na conquista do cliente –

fazer vendas de curto prazo sem se preocupar com quem compra e por que

compra. Ao contrário, o conceito de marketing tem uma perspectiva de fora

para dentro. Começa com um mercado bem definido, concentra-se nas

necessidades do consumidor, coordena todas as atividades de marketing que

afetam o consumidor e obtêm o lucro criando a satisfação do cliente.

“Sob o conceito de marketing, as empresas produzem o que os consumidores desejam, satisfazendo-os e obtendo lucro” (Don E. Schultz citado por McKenna, 1997).

Como pode ser observado, vendas e propaganda são apenas duas

funções dentre muitas, e em geral, não as mais importantes do marketing.

Atualmente o marketing é objeto de atenção e interesse de diversos tipos de

organizações lucrativas e não lucrativas. Os problemas de mercado,

associados à ação da concorrência, têm mostrado as vantagens do caminho do

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

14 marketing. Com tantas escolhas para os clientes, as organizações enfrentam o

fim de sua fidelidade.

É necessário encontrar um modo de integrar o cliente à organização

como forma de manter uma relação entre a empresa e o cliente. Em um

mercado caracterizado por mudanças rápidas, a credibilidade torna-se o valor

de sustentação da organização.

“O caráter de sua gerência, a força de sua situação financeira, a qualidade de suas inovações, a congenialidade de suas referências ao cliente, os recursos de suas alianças – são medidas de credibilidade de uma empresa. São medidas que, por sua vez, afetam diretamente sua capacidade de atrair pessoas qualificadas, gerar novas idéias e formar relações de qualidade” (McKenna, 1997).

1.1 - Marketing

Ao estudar os conceitos de marketing, verifica-se que estão evoluindo,

passando por fases complementares, que podem chegar até mesmo a serem

conflitantes. A seguir algumas dessas definições:

Considerando-se a definição segundo a qual marketing é uma filosofia

de negócios (Semenik e Bamossy, 1995), toda a estratégia de planejamento e

execução dos projetos de marketing da empresa tem como propósito

fundamental a satisfação das necessidades de seus clientes. Tal definição

restringe a função de marketing, que é muito mais abrangente.

Numa visão que inclua a satisfação das organizações, além dos

indivíduos que dela são clientes, Churchill e Peter (2000) citam uma visão

empresarial da American Marketing Association, “marketing é o processo de

planejar e executar a concepção de preços, promoção e distribuição de idéias,

bens e serviços, a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e

organizacionais”. Entende-se por desenvolvimento de trocas, o ato de se obter

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

15 alguma coisa de alguém oferecendo algo em contrapartida, e do qual

participam indivíduos e organizações, a fim de que estas transações

proporcionem satisfação e tragam benefícios para ambos os lados.

Portanto para Churchil e Peter (2000) um novo fator deve ser adicionado

à definição de Semenik e Bamossy (1995): a satisfação das metas da

organização. Isso também é reforçado por Kotler (1998), ao considerar o

processo de marketing como um processo social e gerencial pelo qual

indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação,

oferta e troca de produtos com outros indivíduos ou grupos para os quais exista

um valor mútuo dos produtos que foram trocados.

Será o marketing o fomentador dessas trocas que geram acima de tudo

a satisfação de ambos os lados participantes do processo? O autor define esse

termo mais recentemente, colocando o lucro como o objetivo final a ser

perseguido pelos homens de marketing ao declarar:

“Estamos mais interessados em fazer com que os consumidores comprem uma grande quantidade de nossos produtos, em conseguir participar do mercado do que na marca. Falamos da arte de obter clientes fiéis, que durante toda a vida comprem os produtos que vendemos. Não creio que uma empresa possa ficar satisfeita como o que vende, mesmo num nicho, ou quando sua superioridade sobre o resto for notória. Por isso estou convencido de que um dos desafios está, antes de mais nada, em transformar os homens de marketing em planejadores financeiros, porque fazer marketing não significa planejar valor, mais sim lucros.” (Kotler, 1998).

Tal concepção não considera que é por meio do valor criado para o

cliente que a empresa conquista a fidelidade do mesmo e sua lucratividade a

longo prazo. Sob o aspecto das empresas que visam o lucro, o conceito é

parcialmente adequado, porém há que se considerar também que uma grande

quantidade de empresas não visa lucros, citando-se por exemplo as

cooperativas de créditos, que também fazem marketing.

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

16 Alguns autores levam mais longe a definição de marketing. Comentando

a idéia de Light (1998), a satisfação deixa de ser o fim da tarefa do marketing,

mas passa a ser o começo de uma oportunidade de transformar um comprador

satisfeito em um cliente leal à marca. Com essa transformação de cliente

satisfeito em cliente fiel é que se possibilita à organização a sua lucratividade, e

continuidade.

Essa definição vem ao encontro do novo enfoque dado ao marketing por

Mckenna (1999), de acordo com qual deixa-se de lado a visão de que o

marketing era somente uma forma de vender produtos e/ou serviços de uma

empresa; na transição ele passa a atender as necessidades dos clientes e não

“manipular” suas mentes. É então dedutível que o cliente sabe exatamente o

que quer, e tem ofertas e oportunidades de escolha, não sendo mais possível

oferecer-lhe o que a empresa tem, mas aquilo que ele, em conjunto com a

mesma, definirem como o melhor.

A revolução que está acontecendo sugere que sejam redefinidos os

conceitos de marketing e posicionamento para os produtos e serviços de

qualquer empresa. Para que seja capaz de detectar as necessidades de seus

clientes, deve ser desenvolvida uma reestruturação interna. Neste caso o

marketing não pode ter uma ação isolada, toda a organização precisa estar

voltada para ele.

Tal afirmação se confirma com a definição de Joseph (1991), em que o

autor diz ser o marketing algo muito maior que venda e promoção, é acima de

tudo uma filosofia de administração total, que envolve todas as pessoas de

uma organização, no intuito de compreender e assegurar a satisfação das

necessidades do consumidor. A meta de lucratividade do marketing, não se

traduz somente em ganhar dinheiro, mas assegurar a sustentabilidade das

empresas em ambientes de mudanças constantes.

Assim, desenvolver relacionamentos é a base do sucesso da empresa

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

17 baseada no marketing com visão de futuro, que se alia à tecnologia para

fidelizar os clientes. Rapp (2000), entende que no futuro o valor se dará pelo

retorno do investimento que for feito no desenvolvimento de relações com os

clientes. Com isto ele prevê o marketing de valor futuro que a tecnologia torna

possível.

O marketing está constantemente sendo redefinido e incorporando

novas responsabilidades. Era considerado “a arte de vender produtos”, agora

passa a ser a ciência e a arte de conquistar clientes, mantê-los e aprofundar o

relacionamento com eles aumentando sua lucratividade (Kotler, 2000).

Saber tudo sobre as necessidades do cliente é a pedra fundamental do

marketing eficaz. Assim, a maioria das companhias voltadas para marketing

tem respostas para todos os “o quê”, “onde”, “quando” e “como” da demanda

dos consumidores. Fatos triviais são coletados rapidamente e fornecem um

importante subsídio para o planejamento de estratégias de marketing. No

entanto, para influenciar a demanda, a organização precisa responder mais

questões, principalmente saber “por quê” o consumidor deseja as coisas que

compra e “quem” é esse consumidor. Nesse contexto, surge a necessidade de

uma interação maior com o consumidor, o marketing de relacionamento.

1.2 – Marketing de Relacionamento

Segundo Don Tapscott (2000) nas últimas décadas, o marketing, as

marcas, as propagandas, as relações públicas e, até certo ponto, as vendas

baseavam-se na comunicação de um com muitos. “Chegamos agora a um

novo meio de interação que é a antítese disso. Trata -se de uma comunicação

de duas vias, de um com outro. E esse é o início de uma transformação

fundamental do marketing. Na velha economia, a marca era vista como uma

imagem na mente dos clientes. Hoje a marca transforma-se em um

relacionamento de mão dupla e não de uma imagem de mão única” (Tapscott,

2000).

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

18 O marketing de relacionamento enfatiza principalmente a necessidade

de um relacionamento a longo prazo com o consumidor buscando a fidelização

dos clientes, em detrimento das práticas de transações com o objetivo de curto

prazo.

Embora conceitos de parceria e contratos de longo prazo já sejam

praticados há bastante tempo, principalmente no mercado industrial, a

terminologia marketing de relacionamento surgiu com Berry em 1983, na

literatura de marketing de serviços. O autor reconhece a fidelização de clientes

como forma de alcançar maior competitividade das empresas e maior

satisfação dos clientes (Ribeiro at al., 1999).

Berry definiu marketing de relacionamento como a atração, a

manutenção e - em organizações multiserviços - o aumento de

relacionamentos com clientes. Ele enfatizou que a atração de novos clientes

deveria ser vista apenas como um passo intermediário no processo de

marketing. Solidificar relacionamentos, transformar clientes indiferentes em

leais e servi-los é o que deveria ser considerado marketing (Berry, 1995).

Muitos autores têm buscado definir marketing de relacionamento. Por

muito tempo, o marketing de relacionamento foi considerado uma abordagem

que se referia somente às relações entre comprador e vendedor, em que uma

organização buscaria estabelecer, fortalecer e desenvolver relações de longo

prazo com clientes potenciais e atuais (Vavra, Holtz, Berry, Levit, Palmer apud.

Ribeiro 1999). Evans e Laskin (apud Ribeiro 1999), por exemplo, definiram

marketing de relacionamento como “um processo onde a organização constrói

alianças de longo prazo tanto com clientes atuais e em perspectiva, de forma

que comprador e vendedor trabalhem em direção de um conjunto comum de

objetivos específicos”. Segundo tais autores, para que esses objetivos sejam

alcançados, deve-se:

1. compreender as necessidades dos clientes;

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

19 2. tratar os clientes como parceiros;

3. assegurar que os empregados atendam as necessidades dos consumidores;

4. prover os consumidores com a melhor qualidade possível relativa às

necessidades individuais.

Entretanto, mais recentemente, autores como McKenna (1997), Hung,

Morgan e Gummerson (apud Ribeiro, 1999), dentre outros, alertaram para

outros relacionamentos relevantes para a oferta de valor aos clientes. Segundo

essa visão mais ampla, o marketing de relacionamento deve considerar todos

os relacionamentos que possam influenciar na satisfação dos clientes, tais

como: relacionamento com fornecedores (fornecedores de bens e serviços),

relacionamentos laterais (concorrência, organizações não-lucrativas, governo),

relacionamentos internos (unidades de negócios, áreas funcionais,

empregados) e relacionamentos com compradores (intermediários e

consumidores finais).

“O marketing de relacionamento é uma das sistemáticas mais antigas de

marketing, mas, apesar disso, também é uma das menos entendidas” (Stone,

Woodcock, 1998). Para Stone e Woodcock (1998) a idéia do nível de

relacionamento esperado pelos clientes precisa ser descrita de uma forma

concisa, para que seja útil e toda a organização possa obter as informações

que deseja.

Segundo McKenna (2000) dois fatores fundamentais - marketing

adaptado na experiência e no conhecimento - definirão cada vez mais os

recursos de uma organização bem sucedida. “Suplantarão a antiga abordagem

ao marketing e desenvolvimento de novos produtos”. A antiga abordagem –

partir de uma idéia, fazer pesquisas de mercado tradicionais, desenvolver um

produto, testar o mercado e, finalmente, lançar o produto no mercado – é lenta,

não gera respostas e é arriscada. Além disso, dada às rápidas mudanças no

mercado, há cada vez menos motivos para se acreditar que essa abordagem

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

20 tradicional possa corresponder aos desejos e demandas dos consumidores ou

acompanhar os rigores da competição.

O marketing de relacionamento pressupõe, conforme sugerido por

McKenna (1997), a interatividade, a conectividade e a criatividade, para que o

cliente realmente possa ser parte da estratégia da organização no

planejamento de produtos e serviços de valor em um processo dinâmico e

contínuo. Ações de marketing não comprometidas com o feedback do mercado

não estão alinhadas com o marketing de relacionamento. “O feedback dos

clientes desenvolve a capacidade dos administradores de terem intimidade

com o mercado, a ponto de poderem prever as reações destes diante das

mudanças ambientais.” (Evans e Laskin apud Ribeiro, 1999).

Martha Rogers (2000) afirma que somente quando se consegue o

feedback do cliente é que se consegue diferenciá-lo e tentar fazer algo que os

concorrentes não fazem, alcançando assim uma vantagem competitiva. A

autora recomenda para um bom sistema de gestão de relacionamento com o

cliente a técnica do IDIP (identificar, diferenciar, interagir e personalizar).

Entende-se como identificar a capacidade de classificar o cliente, que pode ser

através de diversas abordagens, como site da internet, ombudsman, entre

outros; para diferenciá-lo deve-se ter uma forma de comparar com os outros e

identificar o quanto vale em termos de lucratividade – se valer mais que outro,

deve-se investir mais e tratá-lo de forma diferente; interagir – é obter o

feedback (não apenas falar do produto/serviço, mas saber o que o cliente

gosta) e então personalizar - adaptar os produtos/serviços de forma que agrade

ao cliente e talvez esse mesmo produto/serviço diferenciado possa ser utilizado

para outros que se enquadrem naquele perfil.

A aproximação do marketing de relacionamento com o marketing de

serviços deve-se ao fato de que o relacionamento é um serviço prestado ao

cliente e sua natureza interativa passa a ser a base para a oferta contínua de

valor superior. Cada novo contato com um cliente deveria começar exatamente

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

21 do ponto em que parou a última interação, tenha ela acontecido no dia anterior

ou no mês passado, na central de atendimento ou no site da empresa. Ao se

lembrar do que o cliente disse anteriormente, assegurando um diálogo

contínuo, pode-se construir um caminho mais amplo para a interação e

também oferecer ao consumidor um benefício genuíno.

Segundo Pine II (1994) a informação é uma mercadoria completamente

padronizada, produzida em massa, mas com um potencial extraordinário de

economia de escopo: cada um que acessa os dados do cliente pode fazer

alguma coisa no mínimo um pouco diferente. As capacidades dos

computadores e das telecomunicações criaram uma “indústria de informação”

inteiramente nova, capaz de proporcionar serviços personalizados para

acessar e tornar proveitoso o volume extraordinário de informações padrões

disponíveis.

Algumas ações do marketing de relacionamento podem ser usadas

como um recurso estratégico ou tático, não sendo, portanto, apenas uma

ferramenta para maiores vendas. Assim, num mercado altamente competitivo

em que o cliente espera satisfação imediata, as organizações buscam

procedimentos adequados para poder suprir as necessidades individuais dos

clientes e torná-los fiéis, como sugere o marketing de relacionamento.

O marketing de relacionamento auxilia a organização a analisar o

comportamento dos clientes antes de se afastarem, a identificar os padrões de

deserção e, assim, evitar que se repitam os mesmos erros com outros

compradores, na tentativa de reter quem estiver a ponto de partir.

Gonçalves e Gonçalves Filho (1995), distinguem o profissional de

marketing de massa do profissional de marketing individualizado, sendo que o

primeiro tenta vender um produto ao maior número de consumidores possível,

enquanto o segundo busca vender a um único cliente o maior número – e

diferentes linhas – de produtos possível, durante um longo período de tempo.

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

22 Nessa linha de pensamento, não há apenas a preocupação com a qualidade

do produto, mas principalmente, com a qualidade do relacionamento.

Para Curry e Stora (1999), o marketing de relacionamento só funciona

com a quase totalidade de serviços da organização voltados à satisfação dos

clientes, onde todas as unidades de trabalho estão diretamente ligadas ao

banco de dados de clientes e este banco de dados contém informações

pertinentes, completas e recentes. As unidades de trabalho devem estar

ligadas entre si, com atividades cuidadosamente planejadas e estreitamente

coordenadas e desenvolvidas por equipes.

A estratégia de marketing deve ser baseada no diálogo. As organizações

não podem mais utilizar as técnicas do marketing de massa em uma era em

que é possível oferecer um produto ou serviço personalizado. Os consumidores

não querem ser classificados como alvos ou segmentos de mercado, grupos de

pessoas com necessidades praticamente idênticas. Eles querem que lhes

perguntem quais são suas preferências, e esperam que essas preferências

sejam respeitadas (McKenna, 2000).

O marketing de relacionamento vem chamar a atenção das

organizações para esquecerem a época da produção sem flexibilização,

revelando que a fidelidade deve ser conquistada num diálogo constante com o

cliente e todas as pessoas – internas e externas – envolvidas no processo de

transferência do produto ao consumidor.

O esquema de uma organização que aplica o marketing de

relacionamento é de unidades de negócios que dão ênfase à comunicação –

na maneira como esses diferentes grupos se comportam com os clientes e

entre si.

O marketing de falar com os clientes, em vez de falar para eles,

transformou o conceito de marca. O diálogo muda a marca. Antes, a marca era

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

23 um nome estático associado a vagas promessas de sucesso ou de boa vida.

Hoje a marca é uma experiência ativa expressa por meio de diálogo entre

consumidores e produtores. Atendimento é um processo, não um evento. A

organização atende os clientes ao criar para eles um ambiente de informações,

segurança e conforto. A preocupação deve ser de estar em sintonia com os

clientes o tempo todo, abordar suas necessidades e condições individuais e

responder sem demora (McKenna, 2000).

Um princípio-chave do marketing de relacionamento é o de atender

sempre todas as necessidades do seu cliente. No entanto, isso é algo difícil e

oneroso. É essencial, portanto, priorizar os clientes e as suas necessidades

(ver quadro 1).

“A sobrevivência competitiva exige o atendimento das necessidades mais relevantes dos clientes mais importantes. A vantagem competitiva é obtida fazendo isso – atendendo às necessidades dos clientes que não estão sendo atendidas pelos concorrentes” (Stone e Woodcock, 1998).

QUADRO 1 – Etapas do planejamento do relacionamento

Etapas do Planejamento do Relacionamento com o Cliente

1. Decidir com quais clientes deve ser criado um relacionamento (segmentação

do mercado);

2. Ter uma boa compreensão das necessidades dos diferentes grupos de

clientes;

3. Avaliar as necessidades de pesquisa e modelação;

4. Determinar o tipo e o nível de relacionamento a ser propiciado;

5. Inserir flexibilidade no sistema de fornecimento de relacionamento para

atender às variações individuais, dentro dos requisitos gerais.

Fonte: adaptado em Stone e Woodcock (1998).

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

24 Kotler enfatiza dizendo que há organizações que confundem mala direta

de clientes com banco de dados de clientes. A mala direta de clientes é

simplesmente um conjunto de nomes, endereços e números de telefone,

enquanto que um banco de dados de clientes contém muito mais informações

(perfil do cliente, produtos que compra, nomes dos contatos-chave, datas de

aniversários, hobbies, atividades, interesses, etc.) dependendo da utilidade que

as informações terão.

“As empresas que conhecem seus clientes podem adaptar produtos,

ofertas, mensagens, sistemas de entrega e métodos de pagamento para

maximizar o resultado de suas campanhas” (Kotler, 1988). No quadro 2 Don

Pepper e Martha Roger apud Kotler (1988) listam as principais diferenças entre

marketing de massa e o marketing de relacionamento, denominado por Don

Pepper e Martha Roger de marketing um a um.

QUADRO 2 – Marketing de Massa versus Marketing de Relacionamento

Marketing de Massa Marketing de Relacionamento

- Cliente médio - Cliente individualizado

- Cliente anônimo - Cliente com um perfil definido

- Produto padronizado - Oferta sob medida

- Produção em massa - Produção sob medida

- Distribuição em massa - Distribuição individualizada

- Propaganda em massa - Mensagem individualizada

- Promoção em massa - Incentivos individualizados

- Mensagem de direção única - Mensagem em duas direções

- Economia de escala - Economia de escopo

- Participação de mercado - Participação do cliente

- Atração do cliente - Retenção do cliente

Fonte: adaptado de Pepper e Roger apud Kotler (1998).

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

25 A organização que tenha um banco de dados eficaz, poderá obter maior

precisão para atingir seu mercado-alvo do que se utilizar marketing de massa,

de segmento ou de nicho. Ela pode identificar pequenos grupos de clientes

para enviar ofertas e comunicações de marketing aperfeiçoadas.

Quanto mais o banco de dados dos clientes for usado, com mais

informações sobre os clientes e as informações de diálogo sendo vinculados no

retorno, mais preciosos, no sistema, os dados se tornam. Quanto mais

preciosos os dados, maior será a capacidade das equipes de venda e

marketing para enfrentar atividades relevantes junto aos clientes (momento

certo, hora certa, local certo). Assim, forma um ciclo, devendo resultar em

negócios melhores e mais duradouros entre a organização e seus clientes.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

26

CAPÍTULO II

Segmentação de Mercado

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

27 Definição do Mercado Alvo – Segmentação

Segmentar um mercado significa reconhecer que ele está composto por

diferentes pessoas e que estas reagirão de formas diferentes as propostas de

marketing da organização.

Cada segmento pode representar uma oportunidade diferente para a

instituição. “A segmentação de mercado baseia-se na idéia de que um só

produto dificilmente pode atender a necessidades e expectativas de todos os

clientes. Isto se deve ao fato de que são demasiadamente numerosos, estão

espalhados e são diversas as exigências quanto a produtos e serviços

oferecidos”, sentencia Cobra (2000). A partir da idéia do autor, com um

mercado alvo definido, a empresa tem condições de se posicionar e consegue

maior eficácia na aplicação de suas estratégias de marketing;

conseqüentemente de fidelizar seus clientes. Portanto, a segmentação de

mercado é a maneira mais adequada para atender às necessidades

específicas dos clientes classificados de forma homogênea.

Fazer uma seleção tendo o posicionamento a partir do conhecimento

deste mercado; o que ele quer, onde e quando compra, como compra. À

medida que a empresa aprofunda esse conhecimento, melhora sua capacidade

de encontrar novos clientes e principalmente de reter os que já possui. Para

construir a fidelização é essencial entender as necessidades, desejos, e

valores, pois constantemente a comunicação deve reforçar a percepção sobre

o produto ou serviços, com a mensagem certa na hora certa e para o cliente

certo. O diálogo sistemático com os clientes facilita à empresa obter dados

relevantes para a formação do database de clientes, que agregados aos dados

de compras, permitem desenvolver programas para indivíduos ou pequenos

grupos de clientes, criando uma forte afinidade com a empresa, conclui Oliver

(1999).

Na literatura, os autores descrevem várias maneiras de segmentar

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

28 mercados, dentre elas, Cobra (2000) destaca as principais variáveis para

segmentar o mercado, conforme figura a seguir:

Quadro 3 – Variáveis de Segmentação de Mercado

Variáveis de Segmentação de Mercado

Demográfica Agrupamento por sexo, idade, religião, raça.

Geográfica Local de trabalho, residência (bairro, município, estado).

Sócio-econômica Renda, escolaridade e ocupação do cliente.

Comportamento de

compra

Características psicológicas, motivos de compra, lealdade

à marca da instituição, benefícios buscados, entre outros.

Tipo de produto Atributos, benefícios, marca e desempenho do produto.

Ramo de atividade Os clientes pessoa jurídica são agrupados de acordo com

o ramo de atividade ou porte da empresa.

Fonte: Adaptado de Cobra (2000).

Pesquisa realizada em 1993 mostrou que 42% dos bancos europeus

acreditam que seu maior desafio até 2005 seja melhorar o relacionamento com

os clientes, dizem Gregori et al (1998). Segundo esses bancos, tal tarefa é

mais vital do que a necessidade de reduzir custos (40%) ou melhorar a

qualidade dos serviços (37%). Perguntado sobre qual a importância do

relacionamento para os bancos, um banqueiro resume dizendo que o

desenvolvimento de relacionamentos é a melhor forma de aumentar o volume

de negócios e reter clientes.

É reconhecido pelas empresas que todos os clientes são importantes,

porém alguns são mais importantes que outros. Para uma seleção, Kotler

(2001) diz ser necessária uma classificação de clientes medindo a lucratividade

individual de cada um para a empresa. A partir desse conhecimento é possível

determinar os clientes interessantes, quais têm potencial a ser desenvolvido e

quais devem ser considerados não-qualificados. Só vale a pena manter

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

29 clientes que mais cedo ou mais tarde possam ser lucrativos.

Analisando matematicamente, considerando-se uma escala de

lucratividade, uma fórmula é adotada 20/30/80, onde 20% dos clientes são

responsáveis por 80% dos lucros e os 30% menos lucrativos cortam os lucros

das empresas pela metade. Isso revela que a maioria das empresas perde

dinheiro com seus piores clientes, traduz Kotler (2001).

É importante a segmentação de mercado para a correta avaliação dos

clientes, definição do alvo a ser alcançado ou objetivo a ser seguido e qual o

relacionamento a ser desenvolvido com lucratividade. Isso se traduz em

trabalhar certo com os clientes certos.

“(...) empresas inteligentes, hoje em dia, não se vêem como vendedoras de produtos, mas como criadoras de clientes lucrativos: não querem apenas gerar uma carteira de clientes, mas serem donas desses clientes para sempre”. (Kotler, 2001, p. 164).

Na teoria do marketing do relacionamento não se quer apenas ser o

único fornecedor de um determinado produto, mas fornecer o maior número

possível de seus produtos para cada um de seus clientes. Essa é a busca das

empresas, que procuram aumentar a participação no ‘bolso do cliente’.

Também os clientes desejam fazer negócios com empresas prestadoras de

serviços que ofereçam serviços agregados a seus produtos antes, durante e

após a venda. Elas procuram um relacionamento de longo prazo, em que suas

necessidades individuais possam ser atendidas não somente hoje, mas

também no futuro.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

30

CAPÍTULO III

Fidelização de Clientes

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

31 Fidelização do cliente

Em qualquer setor de atividade há a preocupação em conquistar

clientela. Todavia tão importante quanto atrair clientes senão de maior valia, é

fidelizá-los diz Reichheld (1996).

Para isso é necessário o conhecimento e estudo de técnicas que

determinem o caminho, permitindo levar as organizações ao sucesso de tal

iniciativa. Para se ganhar a fidelidade dos clientes é exigida, além de uma

análise cuidadosa, ação coerente, buscando respostas para a tomada de

decisão e definição de estratégias, baseando-se principalmente no

conhecimento do que é importante e interessa aos mesmos. Algumas correntes

anunciam o fim dos clientes fiéis, pois pesquisas feitas nos Estados Unidos

apontam que há uma grande rotatividade não somente com os clientes (50%

mudam de fornecedor a cada cinco anos), mas também com seus funcionários

(50% saem de suas empresas a cada quatro anos), e até mesmo seus

investidores as abandonam (50% em menos de um ano) comenta Reichheld

(1996). Então, surge a questão de quanto vale fomentar a lealdade.

Para a empresa com o foco na manutenção dos clientes, é garantida em

longo prazo a manutenção de seus ativos, e isso é vital para que tenha

resultados positivos e seja competitiva. Tschohl (1996), diz que tendo como

conseqüência a perda de clientes pela deslealdade é que se visualiza o valor

da lealdade do cliente. Ele enfatiza ainda que a empresa deve considerar o

cliente como o ‘patrocinador’ vitalício de seu investimento em marketing .

Percebe-se então, que as empresas que ainda apostam na fidelidade de

seus clientes têm obtido bons resultados, conservando os melhores clientes e

funcionários, aqui considerados clientes internos.

Como exemplo de empresas que cultuam a fidelidade de seus clientes,

Reichheld (2000), cita: Harley-Davidson, Dell Computer e New York Times.Ao

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

32 avaliar-se o nível de fidelização dos clientes da Harley-Davidson percebe-se

que a empresa conseguiu uma cultualização aos produtos, os seus clientes são

o marketing e a propaganda viva. Existem clubes, encontros e caravanas

completamente caracterizados pela marca, que os usuários fazem questão de

difundir e defender.

Não se pode confundir compras constantes com fidelidade. As atitudes

dos clientes Harley-Davidson são explicadas por Heath (1998) ao citar

declaração do presidente da American Marketing Association: “Clientes fiéis

são aqueles que superam qualquer obstáculo para comprar um produto

específico e não um equivalente, e têm menos probabilidade de mudar após

uma experiência ruim..”

Há que se analisar levando em consideração a idéia do autor, que são

poucas as empresas ou marcas que conseguem uma lealdade comparada à da

Harley-Davidson e até da Ferrari; e o nível econômico das pessoas que se

enquadram em tal conceito é restrito e elitizado.

Analisando se o que custa mais caro é conquistar um novo cliente ou

reter um cliente atual, verifica-se que a busca de novos clientes pode ser mais

atraente e motivadora para a força de vendas, mas é mais cara do que manter

um cliente atual. Esta é uma boa razão para a empresa desenvolver uma

estratégia de fidelização de clientes. Além disso, atender às necessidades dos

atuais clientes pode ser mais fácil, porque se pode saber melhor quem são,

onde estão e quais as suas necessidades.

Quando perde um cliente a empresa perde todo o lucro que teria com as

compras futuras deste, com o qual já teve custos para conquistar. A tais custos

terá de acrescentar ainda, o custo de reposição dessa perda. Segundo Kotler

(2001), pesquisas da TARP (Techinical Assistance Research Program),

revelam que além de custar cinco vezes mais conquistar um novo cliente, do

que manter o atual, poderá demorar alguns anos até que o novo cliente compre

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

33 na mesma proporção do antigo. Torna-se então valiosa a recomendação do

autor, quando diz que a empresa deve monitorar o nível de satisfação de seus

clientes atuais em relação ao que está oferecendo a eles, não presumindo que

os clientes que possui estão garantidos pois constantemente estão tentando

fisgá-los. Deve-se fazer algo especial para eles sentirem-se valorizados,

percebendo que para ele, cliente, também é vantajosa a parceria, como

também encorajá-los a opinarem, darem feedback.

Para Kotler (2001), grandes empresas desenvolveram uma hábil

capacidade de obter e manter clientes. Os principais processos envolvidos são:

localizar clientes potenciais; vender pela primeira vez para eles, e mantê-los,

fazendo com que suas compras cresçam, se possível para sempre.

A característica dos mercados atuais é ter abundância de fornecedores e

marcas. Há escassez de clientes. Achá-los deixa de ser função dos

vendedores que devem vender e não procurar clientes. As empresas podem

descobrir e indicá-los a seus vendedores reduzindo seus custos, é a chamada

geração de indicações que se divide em três etapas: definição do mercado

alvo; o uso de ferramentas de comunicação para coletar dados dos clientes

potenciais, e classificá-los como qualificados.

A criação de valor é essencial para a fidelização dos clientes diz Gale

(1996), ao defender que é necessário oferecer uma proposta de valor melhor

que a da concorrência e não simplesmente a oferta de utilidades imediatas.

Esse valor precisa ser também administrado por meio do gerenciamento da

qualidade na organização.

Criar valor é oferecer algo que destaca um produto ou serviço sob a

visão do cliente. Não é o que o produto faz, mas o que aquele espera que o

produto faça por ele de maneira destacada e, se possível, única. Para se saber

o que representa valor para ele deve-se pesquisar junto ao mesmo diz, Cobra

(2000), ele é que irá dizer o que quer. Por meio de pesquisa junto ao cliente

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

34 sabe-se criar valor. Este último ajuda a “construção” da fidelidade diz Raphel

(1999). Para o autor, criar valor e transformar um cliente eventual em cliente

leal é construir fidelidade; e não existe motivo para um cliente ser fiel a uma

organização se ela não for fiel a ele.

Mckenna (1999), coloca todo o sucesso dos anos 90 na construção de

relacionamentos com a infra-estrutura que envolve determinada indústria ou

atividade, principalmente com os clientes. Continuando, Mckenna afirma que o

marketing moderno é uma batalha para obter a fidelidade destes. Fidelização

nasce do marketing de relacionamento; vendas repetidas do esforço de

vendas.

Hoje as pessoas desejam fazer negócios com empresas de serviço que

ofereçam serviços agregados a seus produtos antes, durante e após a venda.

Procuram um relacionamento de longo prazo, onde as necessidades

individuais possam ser atendidas não somente hoje, mas também no futuro.

Uma empresa precisa executar 5 etapas para a implementação da estratégia

orientada ao cliente. Seybold (2000) demonstra-o conforme figura abaixo.

Quadro 4 – As Cinco Etapas para a Implementação da Estratégia Orientada ao

Cliente

As Cinco Etapas para a Implementação da Estratégia orientada ao Cliente

1- É necessário facilitar os negócios do cliente com a empresa.

2- Ter como foco o cliente final de seus serviços.

3- Estruturar seus negócios de acordo com o ponto de vista de seu cliente.

4- Dentro de uma visão abrangente e progressiva buscar a lucratividade da

empresa.

5- Buscar constantemente a lealdade do cliente que é a chave da rentabilidade

da empresa.

Fonte: Adaptado de Seybold (2000).

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

35 Fidelizar clientes é uma das conquistas mais importantes para se manter

boa performance. É essencial manter-se atento a tudo o que acontece no

mercado e principalmente ao que possa interessar aos clientes, porque é a

partir da satisfação das necessidades deles que se chega ao sucesso

empresarial.

Dentre os setores em que as transformações são mais evidentes está o

financeiro. A corrida pelo ganho de produtividade e competitividade,

semelhante ao ocorrido em outras economias, desencadeou um processo de

fusões e incorporações de relevante impacto no Brasil. A presença de bancos

internacionais aliados à conjuntura econômica, tem orientado os profissionais

de marketing a desenvolverem estratégias voltadas para o ganho de escala,

alavancando produtos e serviços por meio do aumento da base de clientes, e,

principalmente, para a retenção dos que já possui.

Os bancos estão preocupados em ampliar o mercado, sua área de

atuação, sua base de clientes, e a pulverização do crédito. A manutenção e o

aumento da base de clientes é o fator de maior influência para a diminuição do

risco, maior lucratividade e sustentabilidade em longo prazo.

Essa preocupação cresce devido à concorrência acirrada no mercado

financeiro brasileiro pela entrada de bancos internacionais, que estão se

voltando para as economias emergentes e com potencial de mercado

visualizado em longo prazo. A importância de as instituições financeiras

criarem estratégias e formas de manutenção de seus clientes é vital para o

sucesso de qualquer organização, porque uma empresa ou qualquer instituição

financeira só existe ou tem sustentabilidade se tiver clientes, independente do

setor em que atue: comercial, industrial, prestação de serviços, ou bancário.

Portanto, de maneira geral, só atingirão seus objetivos as instituições que

tiverem estratégias para fidelizar seus clientes.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

36 3.1 - Importância das pessoas na fidelização

A satisfação do cliente já não é mais o bastante, é preciso deixá-lo

encantado, considera Whiteley (1995). Além de ouvir sua opinião é necessário

amarrá-la completamente à forma da empresa agir, e essa forma de agir está

pautada em um compromisso baseado em relações sólidas, em que a

honestidade é o princípio básico para o relacionamento, resguardando os

interesses de ambas as partes. Isto as máquinas não podem fazer, somente as

pessoas.

Ouvir o cliente, colocar a sua opinião como ponto de partida para a

definição das estratégias da empresa, empresa esta preocupada em formar

uma relação de parceria pautada de transparência e confiança com resultados

e benefícios que prevêem a satisfação mutua das partes; somente são

alcançados com o envolvimento e desempenho de pessoas. A confirmação de

tal premissa é verificada a partir do que diz Cobra (2000, p. 71):

“(...) o grande diferencial não são os serviços, são as pessoas, uma vez que os serviços dependem do desempenho das pessoas e não apenas de máquinas e equipamentos destinados à prestação dos serviços financeiros por meio de cartões inteligentes, atendimentos a segurados, emissão de bilhetes aéreos.”

No final do século XX, os administradores de empresas vieram a aceitar

que o diferenciador crítico de uma organização comercial ou industrial, são as

pessoas e não o patrimônio em imóveis, dinheiro, equipamentos. Ao se

depararem com uma economia do conhecimento, as pessoas são a alavanca

dos lucros diz Fitz-Enz (2001). Todos os outros recursos de uma organização,

ou seja; seus bens patrimoniais são passivos e inertes. “Somente as pessoas

geram valor por meio da aplicação de suas características humanas

intrínsecas, da motivação, das habilidades adquiridas e da manipulação de

ferramentas” (Fitz-Enz, 2001). A partir da colocação do autor, considera-se que

para uma empresa ser bem sucedida precisa que as pessoas participantes da

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

37 organização tenham o conhecimento, as habilidades e as atitudes certas para

poder distingui-la de suas concorrentes. Não são simplesmente pessoas, mas

sim a capacidade que a empresas devem ter de compartilhar dados oportunos,

relevantes e organizados com seus funcionários, que geram o conhecimento

para o melhor desempenho das funções de cada um dentro da organização.

Os computadores e programas não agregam valor até quando pessoas

instruídas colocarem suas mãos treinadas sobre o teclado e começarem a

extrair o potencial existente nos programas de software.

Alcançar qualidade e valor excelentes diz Gale (1996), só se consegue

com o apoio constante de cada um na empresa, e isso precisa ser reconhecido

por administradores sábios. O sucesso do marketing de relacionamento está

atrelado à qualidade dos produtos e aos serviços oferecidos, como também de

pessoas comprometidas e motivadas. Se as empresas deixarem de investir em

seus colaboradores, estarão deixando de investir na qualidade de seus

produtos e serviços.

Dentro desse enfoque, a qualidade e a excelência no atendimento tem

significativa importância na satisfação dos clientes. Para o bom atendimento

Zemke (1995) destaca alguns princípios:

•Ouvir, entender e corresponder ás necessidades dos clientes de forma

personalizada e criativa.

•Estabelecer uma visão clara do que é atendimento superior e comunicar essa

visão aos colaboradores.

•Ter bons colaboradores, treinando-os e informando-os para atingirem padrões

de atendimento, como também lhes dar autonomia.

•Reconhecer e recompensar os funcionários que dão um passo além por seus

clientes.

Além do posicionamento da empresa, entende Moller (1997) que são

necessários alguns fatores para um funcionário ter um bom desempenho:

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

38 comprometimento, responsabilidade, fidelidade, iniciativa, produtividade

pessoal, relacionamento pessoal, qualidade pessoal e, por fim, a competência

profissional. O autor, ao citar tais fatores, está expandindo ou mudando o

conceito inicial que as empresas geralmente consideram como essencial ao

contratar e manter determinado funcionário. Qual a formação, quantos idiomas

fala, onde já trabalhou, qual a experiência que possui, são geralmente os que

mais têm peso. Não que não sejam também importantes as competências

técnicas, mas elas são adquiridas mais facilmente, enquanto o

comprometimento, a responsabilidade, a fidelidade, iniciativa e produtividade

pessoal são básicas e muitas vezes nem sequer observadas pelos

administradores.

A contratação e manutenção dos funcionários certos têm tudo a ver com

a obtenção e manutenção dos clientes certos na concepção de Reichheld

(1996). As empresas que não investem na lealdade de seus funcionários e,

conseqüentemente. de seus clientes conhecem seus custos, mas não

conhecem seu valor. Na idéia do autor, saber identificar as competências

essenciais nos funcionários, entender sua importância reconhecendo e

recompensando o seu valor, tornando-os comprometidos e fiéis à empresa, são

maneiras indiretas de buscar a fidelidade dos clientes.

Atualmente grande parte das idéias que auxiliam em processos de

melhoria provém de funcionários de linha de frente, que se encontram mais

próximos dos processos produtivos e dos clientes da organização, bem como

os produtos e serviços oferecidos por esta, afirma Santos (2000). Portanto

ouvir a opinião dos funcionários e partilhar com eles as informações através de

treinamento e comunicação é imprescindível para que eles sejam

colaboradores ativos no processo de fidelização dos clientes.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

39

CONCLUSÃO

Na teoria do marketing de relacionamento não se quer ser o único

fornecedor de um determinado produto, mas fornecer o maior número possível

dos produtos do banco para cada um de seus clientes. Essa é a busca das

empresas, principalmente as que procuram aumentar a participação no cliente.

Do gerenciamento do relacionamento se espera como resultado o

aumento da participação no mercado não apenas conquistando clientes em

segmentos específicos de mercado, mas, também fidelizando os que já possui.

Da arte de vender produtos o marketing passa a ser a ciência e arte de

conquistar clientes, mantê-los e aprofundar o relacionamento, aumentando sua

lucratividade. (Kotler, 1998)

O investimento em tecnologia da informação é importante na formação

de um banco de dados, possibilitando um conhecimento mais profundo e

completo dos clientes. Essas informações dão suporte para oferecer serviços

melhores, com maior rapidez, de acordo com o que o cliente queira e com

custo reduzido. A tecnologia permite formar uma cadeia de valor no

relacionamento com o cliente, permitindo que com a adoção de equipamentos

modernos e máquinas sofisticadas, possa-se oferecer uma diferenciação na

prestação de serviços e os processos passam a ser mais eficientes

aumentando a lucratividade das empresas e resultando em valor agregado ao

cliente.

Com a globalização da economia, os protagonistas se tornam mais ágeis

em seus movimentos estratégicos. Esta é a nova tendência mundial. A

complexidade vai dando lugar à simplicidade, à facilidade como fator primordial

para a competição. Isto reflete estruturas enxutas e empreendedoras. Isso

significa ‘foco’.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

40 A globalização dos mercados, paradoxalmente, exige que as empresas

se restrinjam ao seu espaço, determinem o foco de atuação e direcionem para

ele os esforços, procurando sempre manter o marketing de relacionamento.

Uma das formas de se viabilizar esse objetivo é a segmentação de mercado.

As relações passam a ser baseadas na confiança, apoiadas na comunicação

horizontal e estabelecendo relações de trabalho com os colaboradores.

Observa-se a mudança era da eficácia (foco no resultado) para a era da

efetividade, ou seja, preocupação voltada a satisfação das necessidades com

visão de longo prazo, buscando a fidelização do cliente em relações de

parceria e reciprocidade. Não basta o cliente ser fiel, é necessário que a

instituição também seja fiel ao cliente. Esse relacionamento de parceria será o

marketing de integração entre cliente e empresa, com personalização e

resultado para ambos os lados.

As necessidades e expectativas dos clientes e das empresas podem ser

consideradas comuns. Cada qual busca resultados, crescimento, lucratividade.

A apropriação de tecnologia propicia; aliada ao diferencial humano, ganho em

vários aspectos como custos, agilidade, gerenciamento, e maximização do

relacionamento com o cliente por meio da interconexão.

Ressalta-se em tal conclusão a aliança ao fator humano, pois, à medida

que a computação, a automação e a robotização abrangem, cada vez mais,

áreas diversas do dia a dia, percebe-se a necessidade do toque humano, que

cria e dá origem a todas as atividades. O ato de criar, de revolucionar, de

crescer e aprimorar quaisquer aspectos está nas mãos das pessoas.

A conquista e retenção de clientes são a base de sustentação das

empresas à longo prazo. Com as inovações de produtos tecnológicos,

segmentação de mercado e competência dos funcionários, as empresas

buscam,relacionamento de longo prazo com a clientela; tem como objetivo a

redução de custos, conhecimento do parceiro, prestação de serviços com

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

41 qualidade, fidelização de seus clientes, e conseqüente lucratividade. Cabe as

empresas que têm conseguido atingir esses objetivos serem cada vez mais

criativas, ágeis, inovadores e estrategistas para se manterem nesse mercado

de concorrência acirrada por clientes.

Nada está pronto. As possibilidades são imensas. As pessoas estão

mudando rapidamente. Por isso a proposta deste trabalho é somente o início

de uma experiência em busca de melhorar e aprender e, portanto, deve ser

continuada e aprimorada. Sendo assim conclui-se com Henry Ford, que, com

todos os seus defeitos e virtudes iniciou a história da qualidade:

“Quando um homem começa a pensar que

finalmente achou um método, seria melhor que

iniciasse um minucioso exame de si próprio para

verificar se alguma parte de seu cérebro não está

adormecida”.

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

42

ANEXOS

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

43 HARLEY-DAVIDSON - O RUÍDO ENSURDECEDOR DE UMA MARCA DE ESTILO DE VIDA

Se marketing de relacionamento significa a criação de uma comunidade em torno de uma marca, poucas demonstrações de marketing foram melhores do que essa. Em 13 de junho de 1998 fazendo um barulho ensurdecedor e formando um rio de couro preto e de cromados ofuscantes, mais de 50 mil motocicletas Harley-Davidson, seguiram rumo ao leste dos Estados Unidos para o centro de Milwaukee, como parte das comemorações do 95º aniversário da empresa. Era uma imagem atordoante, respeitável por seu escopo e emocionalmente poderosa como mensagem: ter uma Harley torna você membro de uma comunidade muito especial. Os executivos e gerentes da Harley e uma grande parte dos 5500 empregados, têm uma conexão visceral com a marca, não só porque fazem e vendem as motocicletas, mas porque são clientes. Para eles, a Harley é mais do que uma simples motocicleta, é um estilo de vida, uma obra de arte, um vínculo emocional com uma vasta e única comunidade. Os executivos estudaram cuidadosamente o vínculo emocional entre os motoqueiros das Harleys e o produto, e respeitaram parâmetros rígidos em todos os aspectos do design, da fabricação, e do marketing das motocicletas para acentuar a mística e fortalecer ainda mais o vínculo. Assim como outras empresas que fazem o Marketing de Relacionamento, a Harley-Davidson apenas se reinventou, transformando imagens negativas em positivas. Para acabar com a imagem estereotipada e ameaçadora das gangues de motoqueiros, por exemplo, ela criou um clube internacional, se associou a uma instituição de caridade de renome e promoveu a união dos com seus clientes organizando ralis e reuniões anuais. Para se defender de um ataque agressivo desferido pelos concorrentes estrangeiros, a Harley-Davidson decidiu apoiar-se rigorosamente nos padrões de qualidade, mesmo diante de uma grande demanda não atendida, estabelecendo um amplo sentido de comunidade em torno do produto; e fortalecendo seus elementos mais importantes - empregados, revendedores e clientes. Dessa maneira, a empresa emergiu como uma marca capaz de ultrapassar uma série de fronteiras formidáveis: idade, sexo, renda, educação, grupo étnico e opinião política. Em 1997, a Harley-Davidson Inc., uma empresa que quase faliu em 1985, registrou seu 12º ano consecutivo de vendas e lucros recordes, vendendo um total de 132 mil motocicletas, mas os revendedores disseram que poderiam ter vendido o dobro se a empresa tivesse conseguido fabricá-las. Sendo que em 1997, a empresa gastou apenas um milhão de dólares em publicidade, contra nenhum gasto no ano anterior. Em comparação, a Toyota gastou quase cem milhões de dólares com a publicidade de um único modelo de automóvel, o Carmy. A Harley não tem grandes gastos em publicidade para atrair o público porque ela simplesmente não precisa. A demanda por suas motocicletas hoje é tão grande que os revendedores dizem ter listas de espera de um ano ou mais. Os empregados da Harley assumem a responsabilidade pessoal de manter o brilho da marca. Eles não só desfilam as roupas de motoqueiro vendidas no catálogo, como também são guias de passeios pela fabrica, participam de ralis e vestem camisetas da Harley na linha de montagem. Os executivos descartam o uso de grupos de discussão e de pesquisas e dados de mercado para conseguir uma maior aproximação com os clientes: eles preferem andar de moto, conversando e colhendo opiniões diretamente dos clientes! Texto retirado da internet - Site Relacionado: www.harleydavidson.com

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

44 100 ANOS DA HARLEY SÃO PAULO

A Loducca criou a campanha que comemora os 100 anos da Harley

Davidson.

A data é lembrada com o lançamento de uma nova série de motos. A linha de 2003 foi divulgada no mês passado e traz uma marca comemorativa fixada nos veículos e cores inéditas, entre elas azul metálico, vermelho escuro metálico ou branco perolizado. A divulgação será feita na mídia impressa e material de ponto de venda, distribuída nas lojas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Campinas, Curitiba e Porto Alegre. O anúncio destaca a nova logomarca com um título que brinca: “Prepare-se para fazer outra tatuagem”

Texto retirado da Internet. Sites relacionados: http://www.adonline.com.br/noticias

http://www.harleydavidson.com

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

45 O Marketing de Relacionamento (CRM) e as pequenas empresas

Carlos Eduardo Machado Munhoz é Administrador de Empresas e Consultor Empresarial atuando no Planejamento Estratégico de Marketing e Plano de Promoção e Comunicação de pequenas, médias e grandes empresas há 9 anos, Bacharel e Mestrando em Administração de Empresas, pesquisador nas áreas de TI, ERP, CRM, SCM e BI. Membro-fundador, ex-Presidente e ex-Diretor de Marketing da FASEJ e membro permanente do Conselho Deliberativo Honorário.

Diversas fontes de informação relacionadas a novas formas de gestão empresarial têm abordado uma ferramenta que vem ganhando espaço em grandes empresas no mundo inteiro, o CRM (Customer Relationship Management ou Gerenciamento de Relacionamento com o Cliente). Nestas recentes discussões têm sido apresentados valores elevados quando se fala sobre o custo para implementação do CRM – valores que podem variar entre R$ 20 mil e R$ 5 milhões.

A primeira coisa a se esclarecer quando o assunto é CRM diz respeito justamente a estes valores apresentados.

Ao contrário do que muita gente pode ser levada a pensar, o CRM não se resume a um software que a empresa compra, instala e começa a usar. Se isto fosse verdade, bastaria à empresa instalar o software de CRM (e há vários no mercado) para dizer que faz o marketing de relacionamento – o que está muito longe da realidade.

O marketing de relacionamento, antes de resumir-se a um software, é na verdade uma filosofia da empresa. Premissa: é necessário haver um relacionamento com o cliente para que só então ele possa ser gerenciado. Muitas empresas têm adotado softwares sofisticados de gerenciamento com o cliente, mas esquecem-se de que elas deveriam, antes, construir um relacionamento com seus consumidores – e isso não é tarefa para nenhum software.

Primeiramente, tentemos compreender que “relacionamento” é uma palavra com significado bastante objetivo: pode haver um relacionamento entre duas pessoas (amizade, casamento, etc), entre duas empresas (fornecedor-comprador, produtor-distribuidor, etc) e finalmente entre a empresa e seus consumidores. Muitas características são comuns a todos estes relacionamentos. A princípio, o respeito: seja o respeito para contratos e/ou normas estabelecidas de comum acordo, seja pelo respeito às características individuais (e únicas) de cada um dos envolvidos no relacionamento para com a outra parte.

Com isso em mente fica mais fácil entender o marketing de relacionamento: ele será o responsável por gerenciar, da melhor forma, o relacionamento da empresa com seus consumidores, fornecedores, outras empresas (concorrentes inclusive), etc.

Neste ponto a filosofia do CRM vai ser a grande diferença – desde que bem aplicada. O cliente tem uma percepção de produto que engloba diversos fatores: preço, qualidade, entrega no prazo, utilidade, atendimento, durabilidade, etc. Estes fatores variam, evidentemente, de acordo com os produtos envolvidos.

No geral, podemos dizer que a percepção de produto por parte com consumidor se divide entre itens tangíveis e intangíveis - os tangíveis são aqueles facilmente mensuráveis, como preço (pode ser diretamente comparado, em números). Os elementos intangíveis, entretanto, são o grande diferencial entre os mais diversos produtos, especialmente os do tipo “commodity”. Aos fatores intangíveis cabe a tarefa de mostrar ao cliente que a empresa é única, e trata cada um de seus clientes de maneira igualmente única – são itens como o tipo de atendimento, a presteza de informações, a eficácia na resolução de problemas, a percepção das atuais e futuras necessidades e desejos de seus clientes etc.

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

46 A percepção intangível é difícil de ser medida, mas recentemente tem sido

extremamente valorizada. O CRM surgiu, então como uma poderosa ferramenta (na visão de muitos, erroneamente, trata-se apenas de um software para gerenciar o relacionamento, quando na verdade o CRM diz mais respeito à filosofia do que à tecnologia) para valorizar a percepção do intangível por parte do cliente.

Levantamento realizado pelo Ibope apontou que 58% das pessoas que compram via Internet o fazem por conveniência, 49% são atraídos pela facilidade de fazer pesquisas/comparações, e 43% pelo preço. Vemos que entre as três respostas mais votadas, duas são aspectos intangíveis - somente o preço pode ser facilmente medido.

No mesmo levantamento - realizado uma semana antes do Dia das Mães de 2001 - concluiu-se que 80% pretendem voltar a comprar pela Internet em datas especiais. Ou seja: esses 80% serão atraídos pelos aspectos intangíveis da percepção do produto - e podem representar um volume generoso financeiramente. Devemos lembrar que essas características não existem apenas no comércio eletrônico, mas também no varejo “tradicional”.

O Banco do Brasil, por exemplo, tem que gerenciar o relacionamento com cerca de 13 milhões de correntistas - seria impossível fazer isso sem a informática. Entretanto, é inútil investir em tecnologia e esquecer-se que as pessoas são o mais importante do processo de gerenciar o relacionamento. Daí a necessidade de investir nos funcionários juntamente com os investimentos em equipamentos/softwares. O funcionário precisa ter novas visões da função de atendimento ao cliente, precisa estar preocupado e motivado em demonstrar a vontade de criar vínculos com o consumidor em nome da empresa etc.

A partir de uma breve análise de estudos e pesquisas realizadas entre as micro, pequenas e médias empresas brasileiras, é possível afirmar que grande parte delas já tem um relacionamento com o seu cliente, em decorrência principalmente do seu próprio tamanho: diferentemente do Banco do Brasil, por exemplo, as pequenas empresas não têm cerca de 13 milhões de clientes diretos. Desta maneira, o investimento necessário para se ter um sólido marketing de relacionamento diminuiu, na mesma proporção: os sistemas informatizados (hardware+software) necessários para gerenciar 1.000 clientes exigem um investimento muito menor do que aqueles demandados por 13 milhões de clientes.

Desta maneira, o investimento em TI (Tecnologia de Informação) não deve ser tido como um fator restritivo para que micro e pequenas empresas adotem o marketing de relacionamento – analisemos, por exemplo, uma pequena empresa do comércio. Atualmente é possível comprar um microcomputador com no máximo R$ 1.500,00. O investimento em software varia muito de acordo com as necessidades de cada empresa – mas, como exemplo, suponhamos que a empresa invista mais R$ 1.500,00 em alguns aplicativos básicos (softwares para gerenciamento de e-mails e fax, banco de dados, planilha eletrônica e editor de textos). Isso é tudo que a empresa precisa, em termos de equipamentos (hardware+software), para iniciar o marketing de relacionamento.

O próximo passo será crucial: mostrar aos funcionários a importância do bom relacionamento com os clientes – e isso não inclui APENAS o bom atendimento na hora da venda, mas principalmente a manutenção de um RELACIONAMENTO de longo prazo, no qual o respeito seja indispensável.

Com o fator humano bem aliado ao fator tecnológico, o marketing de relacionamento mostra-se consideravelmente simples: caberá à empresa (o pequeno comércio do nosso exemplo) cadastrar seus clientes, montando um banco de dados completo, que deverá ser constantemente atualizado. Este banco de dados (BD) deverá ser montado com o consentimento de cada um dos clientes incluídos, para evitar “chateações” como malas-diretas sem propósito, ligações telefônicas inoportunas etc.

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

47 O BD deverá contemplar, ainda, registros do histórico de cada cliente: o que ele

comprou, quando, como pagou etc. O primeiro passo é tentar identificar padrões nas compras, formas de pagamento, datas das compras, volume, tipo de entrega (cliente retira ou solicita o transporte), local da entrega, entre outros fatores. Deverão ser priorizados aqueles fatores relevantes para a empresa – e detalhá-los sem conhecer bem a empresa em questão é impossível.

Na seqüência, deve-se verificar se é possível agrupar os clientes em diferentes características – por exemplo: a empresa pode ter o grupo de clientes que sempre parcela o pagamento no cheque, outro grupo que sempre paga à vista e pede descontos, e um terceiro grupo que paga sempre com cartão de crédito e assim por diante. Novamente: os fatores utilizados para “filtrar” os diferentes grupos (processo chamado de “segmentação”) devem ser escolhidos conforme cada caso específico.

O próximo passo é um pouco mais complicado: abrange a análise detalhada dos dados mostrados a partir da manipulação deste banco de dados dos clientes, para que a empresa consiga determinar quais estratégias deverão ser utilizadas. Podemos, ainda utilizando o exemplo do comércio, citar uma característica relativa ao mix de produtos da loja (ou seja, o portfólio de produtos que a loja oferece aos clientes): possivelmente uma análise de dados, realizada em conjunto com uma pesquisa feita entre os clientes mais lucrativos (é fundamental segmentar os clientes em termos de lucratividade, pois geralmente 20% dos clientes são responsáveis por 80% das receitas), possa indicar se os clientes têm sentido falta de algum produto em especial. A partir desta constatação, é necessário verificar o custo de oportunidade de incluir novos itens no mix de produtos. O mesmo raciocínio vale, evidentemente, para um “enxugamento” do portfólio, excluindo produtos que têm pouco giro ou baixa lucratividade.

Este tipo de análise nos leva, naturalmente, ao passo seguinte: a capacidade de identificar novos produtos e/ou serviços que possam interessar aos clientes mais lucrativos. Antecipar os desejos dos seus consumidores é uma situação perseguida por todas as empresas mais modernas, em termos de administração. Trata-se, pois, do primeiro passo no sentido da fidelização do cliente – conseguir que, apesar de haver grande concorrência, o cliente escolha a sua empresa e não a concorrente.

Neste momento, podemos considerar que algumas marcas conseguem um elevado índice de fidelização de seus clientes – e a maioria delas não consegue esta vantagem a partir de uma guerra de preços. Ao contrário: marcas que conseguem a fidelização de seus clientes em elevados índices geralmente conseguem cobrar um preço maior do que o praticado pelos concorrentes, pois oferecem um “algo a mais”, na percepção (intangível) do cliente.

Para identificar os desejos, anseios e necessidades dos clientes antes mesmo que eles consigam percebê-los a empresa deverá consolidar um relacionamento baseado na confiança, prestar atenção redobrada nos dados internos e externos (pesquisas com clientes, com possíveis clientes, relatórios de venda, relatórios de pós-venda etc), ao mesmo tempo em que acompanha a evolução do mercado (fornecedores e concorrentes).

Carlos Eduardo Machado Munhoz São Paulo-SP Texto retirado da internet. Site relacionado: http://planeta.terra.com.br/negocios/carlosmunhoz E-mail: [email protected]

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

48

BIBLIOGRAFIA BARROS, A. J. P. e LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia: um

guia para a iniciação cientifica. 2.ed. São Paulo: Makron Books, 2000.

BERRY, L. L. Serviços de satisfação máxima: guia prático de ação. Rio de

Janeiro: Campus, 1996.

BRETZKE, M. Marketing de relacionamento e competição em tempo real com

CRM. São Paulo: Atlas, 2000.

CHURCHILL JR, G.; PETER, J. P. Marketing : Criando valor para os clientes.

São Paulo: Saraiva, 2000.

COBRA, M. Marketing de Serviço Financeiro. São Paulo: Cobra, 2000.

CURRY, J., e STORA, L. O cliente, capital da empresa. Tradução de Marina

Appenzeller. São Paulo: Nobel, 1999.

FEBRABAN. Dados sobre tecnologia. Disponível em http://febraban.com.br

FITZ-ENZ, J. Retorno do investimento em capital humano. São Paulo: Makron

Books, 2001.

GALE, B. T. Gerenciando o valor do cliente. São Paulo: Pioneira, 1996.

GONÇALVES, C.A. e GONÇALVES FILHO C. A. Tecnologia da informação e

marketing como obter clientes e mercados. Revista de Administração de

Empresas. São Paulo, v.35, n.4.Jul./Ago. 1995.

HEATH, P. O Preço da lealdade. HSM Management. São Paulo: n.10, p.44-48

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

49 Set/Out 1998.

JOSEPH, D. e McBURNIE, T. Marketing plus. Rio de Janeiro: LTC- Livros

Técnicos e Científicos, 1991.

KOTLER, P. Administração de Marketing: Análise, Planejamento,

Implementação e Controle. 5 a ed. São Paulo: Atlas, 1998.

KOTLER, P. Valor com valor se paga. HSM Management. São Paulo: n.19, p.6-

16, mar/abr, 2000.

KOTLER, P. Marketing para o século XXI. São Paulo: Futura, 2000 e 2001.

LAROSA, M. A. e AYRES, F. A. Como produzir uma monografia passo a passo

... siga o mapa da mina. 2ª ed. Rio de Janeiro: WAK, 2003.

McKENNA, R. Marketing de relacionamento: estratégias bem sucedidas para a

era do cliente. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

McKENNA, R. Marketing de relacionamento. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

McKENNA, R. O cliente nunca mais estará satisfeito. Revista Exame. N. 19.

Edição 723. Editora Abril: São Paulo, setembro/2000.

MINISTÉRIO da JUSTIÇA. Código de Proteção e Defesa do Consumidor.

Impresso no Brasil, 1992. Disponível em http://www.mj.gov.br/dpdc

MÖLLER, C. A Qualidade através das pessoas. HSM Management, São Paulo:

n.3, jul/ago, 1997. p.106-111.

OLIVER, R. W. Como serão as coisas no futuro. São Paulo. Negócio, 1999.

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

50 PINE II, J. B. Personalizando produtos e serviços: customização maciça. São

Paulo: Makron Books, 1994.

RAPHEL, M. A escala da lealdade. HSM Management. São Paulo: n.13,

mar/abr 1999.p.72-76.

RAPP, S. Pegadas no futuro. HSM Management. São Paulo: p.56-64, Edição

Especial ano 2000.

REICHHELD, F. F. A estratégia da lealdade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Campus,

1996.

REICHHELD, F. F. O valor da fidelidade. HSM Management. São Paulo. n. 21,

p.6-10. Jul./ago 2000.

RIBEIRO et al., Marketing de relacionamento como fator-chave de sucesso no

mercado de seguros. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.39,

n.1, Jan./Mar.1999.

ROGERS, M. O modelo CRM. Revista HSM Management. São Paulo: Editora

Savana Ltda., n.23, nov/dez. 2000.

SANTOS, N. O Valor da Perspectiva de Cliente e o Valor da Perspectiva de

Aprendizado e Crescimento. UFSC, Cascavel, 2000. Mimeo.

SEMENIK, J. R.; BAMOSSY, G. J. Princípios de marketing : uma perspectiva

global. São Paulo: Makron Books, 1995.

SEYBOLD, P. B e MARSHAK, R. T. Cliente.com. São Paulo: Makron Books,

2000.

STONE, M. e WOODCOCK, N. Marketing de relacionamento. São Paulo: Litera

Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

51 Mundi, 1998.

TAPSCOTT, D. A internet reinventou os negócios. Revista HSM Management.

São Paulo: Editora Savana Ltda., n.21, Jul/Ago.2000.

TSCHOHL, J.; FRANZMEIER, S. A satisfação do cliente. São Paulo: Makron

Books, 1996.

WHITELEY, R. Ouvir o cliente é o melhor caminho do sucesso. São Paulo,

Folha de São Paulo, Folha Management. n.5, setembro de 1995.

ZEMKE, R. A Nova estratégia do marketing. São Paulo: Pioneira, 1995.

Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

52

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 6

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I 12

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 12

1.1 – Marketing 14

1.2 – Marketing de relacionamento 17

CAPÍTULO II 26

SEGMENTAÇÃO DE MERCADO 26

Definição do Mercado Alvo – Segmentação 27

CAPÍTULO III 30

FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES 30

Fidelização do Cliente 31

3.1 – A importância das pessoas na fidelização 36

CONCLUSÃO 39

ANEXOS 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 48

ÍNDICE 52

Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

53

ATIVIDADES CULTURAIS

Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

54

Page 55: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO …UCIA DA ROCHA GALVÃO.pdf · Como encantar o cliente Por: Gláucia da Rocha Galvão Orientadora Ms. Fabiane Muniz Niterói - RJ 2004

55

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Título da Monografia: FIDELIZAÇÃO

Como encantar o cliente

Autor: Gláucia da Rocha Galvão

Orientadora: Ms. Fabiane Muniz

Data da entrega: 21/07/2004

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final: