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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GESTÃO PARTICIPATIVA Por: Pablo Lechuga Dutra Orientadora Profª Mary Pereira Rio de Janeiro 2007 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO PARTICIPATIVA

Por: Pablo Lechuga Dutra

Orientadora

Profª Mary Pereira

Rio de Janeiro

2007

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO PARTICIPATIVA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Pública.

Por: . Pablo Lechuga Dutra

3

AGRADECIMENTOS

Ao meu filho Matheus e Tatiana pela

paciência e compreensão com a minha

ausência fazendo tal pesquisa.

4

DEDICATÓRIA

Dedica-se a minha família e em especial

ao meu pai que partiu para outra vida este

ano, mas deixou o meu maior bem, a

inteligência emocional.

5

RESUMO

A má aplicação dos recursos públicos, o descontrole dos gastos

públicos, o crescimento dos problemas sociais, a exclusão social e a ineficácia

dos Órgãos Públicos levaram a elaboração deste trabalho que visa responder

quais questões devem ser enfrentadas pelo gestor público para a aplicação de

uma gestão participativa eficaz.

Os resultados obtidos através da análise de conteúdo apontaram a

influência histórica de uma cultura burocrática e centralizadora que deve ser

rompida, a desnecessidade de lei ou decreto para sua implantação, os

exemplos de sucesso da cidade de Porto Alegre e de outras a ser copiado, que

o momento de se adotar é este devido o amadurecimento da sociedade e que

os principais obstáculos são os próprios gestores e parlamentares.

Do ponto de vista teórico e prático, este nas cidades implantadas, se

verificou que além do planejamento, execução, controle e ação a gestão

participativa foca principalmente na participação dos servidores nas decisões,

nos resultados gerando uma auto-realização e também dos usuários nas

ouvidorias, no orçamento e no acompanhamento dos resultados financeiros

conjugados com os indicadores sociais que medem a qualidade de vida dos

indivíduos.

O aprimoramento nos instrumentos de planejamento da aplicação dos

recursos públicos, de prestação de contas, de superação da gestão

burocrática/tradicional enraizada em nossa cultura e a compreensão da

necessidade de mudança dos gestores e parlamentares quanto à

responsabilidade ética, social e econômica contribuirá para a construção de

uma sociedade melhor, menos desigual e mais justa para todos.

6

METODOLOGIA

A leitura de jornais e revistas sobre os problemas da Gestão Pública

motivou uma pesquisa em livros do acervo da biblioteca do Tribunal de Justiça

– RJ e fontes documentais do Governo Federal a fim de buscar uma solução

para o problema proposto.

7

SUMÁRIO

FOLHA DE ROSTO.........................................................................................2

AGRADECIMENTOS .....................................................................................3

DEDICATÓRIA................................................................................................4

RESUMO ...........................................................................................................5

METODOLOGIA .............................................................................................6

SUMÁRIO .........................................................................................................7

INTRODUÇÃO.................................................................................................8

CAPÍTULO I – EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................12

CAPÍTULO II – A BASE LEGAL ................................................................28

CAPÍTILO III – EXEMPLO DE EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS .......32

CAPÍTULO IV – O PORQUÊ E QUANDO ADOTAR ..............................35

CAPÍTULO V - IMPEDIMENTOS ..............................................................42

CAPÍTULO VI – GESTÃO BUROCRAT./TRAD. X PARTICIPATIVA 46

CONCLUSÃO .................................................................................................52

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA................................................................55

BIBLIOGRAFIA CITADA ............................................................................63

INDICE ............................................................................................................65

8

INTRODUÇÃO

Nas últimas três décadas, as organizações brasileiras, tanto privadas

como públicas, de forma crescente passaram a se conscientizar da

importância da revisão dos seus modelos de gestão: no caso das empresas

privadas, a motivação era a sua sobrevivência e competitividade no mercado;

no caso das empresas públicas, tal motivação era a sua capacidade de

cumprir sua missão, ou seja, atender com qualidade a prestação de serviços

de interesse da sociedade.

Constata-se que algumas instituições nacionais já desenvolvem

esforços no sentido de recuperar o tempo perdido que levou a um atraso em

relação à situação mundial. No entanto, se há poucas empresas brasileiras

consideradas de "classe mundial", já é possível avaliar a partir destas a

aplicabilidade das novas práticas gerenciais que garantirão a sua sobrevivência

num mercado cada vez mais globalizado e competitivo.

Bos (1986), em seu livro Desafios para uma Pedagogia Social, faz uma

análise sobre o trabalho através do tempo: Na história chinesa, um pequeno

grupo de mandarins elitistas explora os cules; na história egípcia, um pequeno

grupo de faraós manda milhares de operários construírem pirâmides, sendo

que estes últimos são explorados para que os faraós vejam confirmado seu

poder; na Idade Média, encontra-se a descrição dos proprietários feudais que

exploram grandes grupos de servos; nos Tempos Modernos um pequeno

grupo de empresários brutais que explora o proletariado em grande estilo.

Assim, conclui Bos, aquilo que talvez possa ser aplicado à nossa época é

retroprojetado do passado.

Essa abordagem nos dá uma dimensão de como a prática da

Administração Participativa rescinde com a tendência da própria história e

como a resistência à essa mudança pode ser facilmente encontrada. Na

verdade, a Administração Participativa é conseqüência do mundo globalizado

atual, que acirrou a competitividade e levou as organizações a se

questionarem e, com isso, passaram a buscar novas soluções para aumentar a

qualidade e produtividade. Segundo Katz e Kahn (in Moggi, 1991), o

9

envolvimento do indivíduo em um sistema, de modo que este considere as

metas organizacionais como seus próprios objetivos pessoais, resulta em uma

variedade de condutas que apóiam a missão da organização visando obter

maior produtividade em suas ações. Além disso, a condição básica para

ocasionar a internalização dos objetivos do sistema é a auto-realização do

indivíduo ao participar na consecução de tais objetivos, pois o indivíduo vê a

organização como sua própria criação, participando de suas decisões, de suas

recompensas, de modo que a organização se torna parte dele e ele parte dela.

A ANPAR, Associação Nacional de Administração Participativa adota

um conceito amplo de Administração Participativa, definindo-o em seu estatuto

como “um modelo de gestão humanizado que emprega participativamente o

trabalho e os talentos humanos, baseando-se na eqüitativa convergência de

interesses entre fornecedores, empregadores, empregados e clientes”

(Albuquerque, 1996).

A definitiva ascensão do Partido dos Trabalhadores (e de outros

partidos de esquerda) ao Poder Executivo, fenômeno que já vem ocorrendo há

alguns anos em muitos municípios, e que se completou em 2003 com a vitória

de Lula nas eleições presidenciais, trouxe à tona a esperança de que as

nossas metrópoles iriam, enfim, beneficiar-se de gestões democráticas e

efetivamente participativas, capazes de corrigir os dramáticos níveis de

desigualdade, exclusão e segregação espacial que as caracterizam.

Entretanto, mais de uma década depois das primeiras vitórias em Porto

Alegre, Fortaleza e São Paulo, é triste constatar que se por um lado houve com

certeza muitos progressos, especialmente nos municípios que como Porto

Alegre mantiveram uma gestão continuada, por outro lado os níveis de pobreza

e de exclusão sócio-espacial, que se revertem em um cenário cada vez mais

visível de fratura social e de violência urbana, ainda são lamentavelmente altos

e incompatíveis com uma economia do porte da brasileira.

De maneira geral, o direito à cidade socialmente justa ainda é uma

reivindicação premente: as grandes metrópoles brasileiras têm em média cerca

de 20% de sua população morando em favelas (chegando a 40% em Recife), e

cerca de 50% excluídas do chamado mercado formal. Os índices de população

10

favelada não diminuíram, mas ao contrário continuaram crescendo, assim

como as periferias pobres das grandes cidades. Em quase todas elas, as

áreas de proteção ambiental estão tomadas por ocupações com alta

densidade habitacional, como ocorre em São Paulo, onde cerca de 1,2 milhão

de pessoas moram em torno das represas Billings e Guarapiranga, em plena

área de proteção aos mananciais.

A porcentagem de domicílios sem saneamento ainda é altíssima, e o

transporte público exige dos trabalhadores mais pobres horas e horas de

paciência. Os centros urbanos brasileiros, com seus espaços públicos

invariavelmente ocupados pelo comércio informal, estão se esvaziando, e

sobram imóveis desocupados, que não cumprem a função social da

propriedade urbana – embora seja esta uma exigência constitucional –

enquanto milhares de sem-teto constituem uma demanda por habitação que

não consegue ser atendida nem pelo Estado e muito menos pelo mercado.

A má aplicação dos recursos públicos, o descontrole dos gastos

públicos, o crescimento dos problemas sociais, a exclusão social e a ineficácia

dos Órgãos Públicos levaram a apresentação deste trabalho que visa

responder quais questões devem ser enfrentadas pelo gestor público para a

aplicação de uma gestão participativa eficaz, já implantada com sucesso em

algumas localidades.

Para encontrar tal resposta o presente trabalho está dividido em seis

capítulos:

• 1º - a evolução histórica - mostra que inicialmente procurou-se o

controle da cobrança dos impostos, posteriormente, a aplicação

dos recursos públicos,

• 2º - Base Legal - destaca que apesar de não haver uma lei ou

decreto que regule o orçamento participativo existe legislação

que garante a participação popular na elaboração das peças

orçamentárias;

• 3º - Exemplos de experiências brasileiras - demonstra algumas

experiências brasileiras dando destaque para a cidade de Porto

Alegre que a consolidou;

11

• 4º - O porquê e quando adotar - mostra que de acordo com as

análises factuais quando se deve adotar tal gestão;

• 5º - Os impedimentos - neste procurou-se observar os desafios

que devem ser enfrentados pelo gestor para a aplicação da

gestão participativa;

• 6º - Gestão Burocrática/Tradicional X Gestão Participativa -

nesta o leitor deve refletir sobre qual aplicar nos órgãos

públicos.

Por último, conclui-se mostrando o caminho para a aplicação de uma

Gestão Participativa eficaz.

CAPÍTULO I

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Desde o surgimento do Estado Moderno os homens foram

criando mecanismos para o controle da ação dos seus governantes.

Inicialmente a preocupação residia na cobrança de impostos. Em 1215, os

barões ingleses vencem pelas armas João Sem-Terra e obrigam-no a assinar

a Carta Magna, na qual se estabelece o embrião do orçamento, através do

princípio de que nenhum tributo seria levantado sem o consentimento do

Conselho do Reino. Em 1688, Guilherme de Orange assina o Bill of Rights que

instituiu definitivamente a votação exclusiva dos impostos pelo Parlamento.

Com passar do tempo e a expansão das atividades estatais, surgiu a

preocupação com a boa aplicação dos recursos públicos. O orçamento deixa

de ser apenas lei de impostos para transformar-se em plano de ação

governamental.

Atualmente são complexos e sofisticados os instrumentos institucionais

de controle da ação governamental. Com relação ao planejamento, no Brasil,

tem-se o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento

Anual. Ao final de cada exercício deve ser apresentada a prestação de contas,

a ser analisada pelos Tribunais de Contas e julgada pelos Poderes

Legislativos.

A despesa pública, nessa prestação de contas, é apresentada de

várias formas, sob diversas classificações, para que possa ser mais bem

analisada.

Apesar disso, a população não está satisfeita, e com razão, pois se

deve considerar que, além de não dar conta dos problemas sociais, os

governos ainda têm sofrido denúncias de corrupção que acabam por

desacreditar as instituições vinculadas aos Poderes Executivo, Judiciário e

Legislativo.

13

Com relação aos problemas sociais, é um paradoxo que o Brasil

ocupe, em nível mundial, o 10o lugar em termos de produto interno bruto (PIB)

e o 74o lugar em índice de desenvolvimento humano (IDH).

A preocupação com a exclusão social tomou conta de todos os

segmentos da sociedade, que se organizou para intervir. O Terceiro Setor, sob

a forma de organizações não governamentais, passou a assumir importante

papel no atendimento dos menos favorecidos, atendimento este anteriormente

considerado um encargo do Estado, uma vez que a comunidade já fazia a sua

parte através do pagamento de impostos.

O Segundo Setor, as empresas, também tem sido envolvido nesta

questão. Segundo pesquisa do IPEA, 60% das empresas brasileiras

desenvolvem algum tipo de ação social.

Quanto ao desempenho governamental, a população tem ficado com a

sensação de que os recursos públicos estão entregues a pessoas inidôneas

que não estão interessadas no bem-estar social, mas apenas em obter

benefícios pessoais indevidos. Os políticos são o alvo preferido destas

denúncias e, conseqüentemente, os mais desacreditados, o que fragiliza a

democracia representativa, ainda recente e em fase de consolidação.

São estas as razões que criaram as condições para a implantação da

participação popular na gerência dos recursos públicos no que se refere à

elaboração do orçamento (orçamento participativo), à discussão das emendas

a serem apresentadas pelo Poder Legislativo (fórum democrático) e ao

controle da execução orçamentária (audiências públicas). Além disso, têm-se

os já consagrados conselhos comunitários, hoje em funcionamento em

praticamente todos os municípios. Conselhos nas áreas da saúde, educação,

criança e adolescente, por exemplo, têm responsabilidade tanto no que se

refere ao acompanhamento das políticas públicas quanto nas decisões sobre a

alocação dos recursos.

O Estado Moderno atingiu o patamar atual mediante lentas e

constantes modificações em sua complexa organização burocrática ao longo

da história. O espírito gregário acompanha a história do homem desde o seu

surgimento na Terra. Aproximadamente 3.000 anos antes de Cristo, a

14

revolução agrícola e a revolução urbana, com o surgimento das cidades e o

desenvolvimento do comércio, acabaram por determinar a criação de um poder

de centralização para coordenar as atividades econômicas e o poder militar: é

o Estado que nasce.

Sociedades mais organizadas nas antigas civilizações, como a egípcia,

a mesopotâmia, a chinesa, a grega e a romana, todas elas apresentaram

grande desenvolvimento do comércio e criaram métodos específicos de

coordenação das atividades econômicas e de organização militar.

Na Idade Média, a situação se alterou com o recuo do comércio devido

às invasões bárbaras e à destruição do Império Romano. A Europa retorna às

atividades agrícolas, e a Igreja passa a ser a única força organizada capaz de

reestruturar o mundo ocidental.

O surgimento da receita e da despesa públicas remonta ao período

feudal em que o senhor feudal concedia feudos aos vassalos em troca de

serviços de diversas naturezas, como militar ou administrativo, e de recursos

para financiar a sua manutenção e segurança. Nos casos de guerra, as

receitas ordinárias de modo geral mostravam-se insuficientes, levando o

senhor feudal a exigir maior contribuição por parte dos vassalos que, por seu

lado, passavam a requerer o sacrifício de todos, vilões e plebeus. Havia um

compromisso de fidelidade mútua: o príncipe fazia um pedido aos mais

categorizados, os vassalos, que também compunham a nobreza, os quais

assentiam na contribuição e, de forma encadeada, a cobravam das demais

classes da hierarquia social.

Devido a esse compromisso de fidelidade, não havia como negar o

pagamento da contribuição, pois não estava prevista a hipótese de recusa

nem, em caso de descontentamento, a devolução pura e simples do feudo

recebido do senhor feudal. A devolução do feudo só poderia se dar mediante

pagamento de indenização a quem o concedera. As reuniões do príncipe com

os vassalos para a definição das contribuições ocorriam em assembléias, que,

sob denominações específicas, com o tempo viriam a tomar caráter periódico

e, no mundo contemporâneo, passaram a ser permanente.

15

Na Inglaterra, como o soberano era proprietário de todo o território que

havia sido conquistado pela força, e conseqüentemente dominava toda a

riqueza, houve uma reação mais forte por parte da nobreza, o que de certa

forma explica os avanços ali ocorridos.

Em 1215, na Carta Magna que João Sem-Terra é obrigado a assinar,

se estabelece o embrião do orçamento − a ratificação do princípio de que

nenhum tributo seria levantado sem o consentimento do Conselho do Reino. O

artigo 12 da Carta fixava: “Nenhum tributo ou subsídio será instituído no Reino,

a menos que seja aprovado pelo Commun Council do Reino...” (SILVA, 1996,

p. 25). O Commun Council do Reino, uma espécie de parlamento nacional, era

composto pelos barões e pelo clero, dele não fazendo parte os demais setores

do povo.

Nos fins da Idade Média e início da Moderna, a partir do séc. XV há o

renascimento do comércio, ocorrem as grandes navegações e desagrega-se o

modo de produção feudal. É o início da fase de gestação do capitalismo, que

desembocará na Revolução Industrial. Uma nova classe, a burguesia, se

ocupará das atividades econômicas. Ela não vive mais da lavoura, e sim do

comércio.

Em 1649, o Rei Carlos I da Inglaterra, buscando reaver o poder

discricionário de tributar, teve sua cabeça decepada em praça pública. Trinta e

nove anos depois, em 1688, Jayme II foi deposto pelo Parlamento inglês, e seu

sucessor, Guilherme de Orange, foi obrigado a assinar o Bill of Rights, que

instituiu definitivamente a votação exclusiva dos impostos pelo Parlamento: “A

partir desta data nenhum homem será compelido a fazer qualquer doação,

empréstimo ou caridade, e a pagar imposto, sem consentimento comum,

através de Lei do Parlamento.” (SILVA, 1996, p. 25).

Nessa fase, o Parlamento passou a interessar-se também pela

destinação dos recursos públicos, embora os primeiros orçamentos não

distinguissem os gastos pessoais da realeza dos relativos à defesa e a outros

interesses públicos.

Em 1765, nos Estados Unidos, os colonos de Virgínia fizeram sua

Assembléia Nacional votar que “...somente a Assembléia Geral da Colônia tem

16

o direito e o poder de exigir impostos dos seus habitantes...” (SILVA, 1996, p.

26).

Essa providência decorreu do fato de que os colonos ficaram

revoltados com a determinação do Parlamento de lançar impostos que seriam

cobrados na Colônia Americana para pagamento de despesas do governo

inglês.

Após a revolução de 1774, foi firmada a “Declaração de Direitos”, do

Congresso da Filadélfia, na qual ficou consagrado o princípio de exclusão de

todo imposto interno ou externo que tivesse por finalidade levantar uma

contribuição dos súditos da América sem o consentimento do povo.

Na França, a partir de 1789, a Constituição consagrou o princípio de

que nenhum imposto poderia ser cobrado sem o consentimento da nação.

Esse princípio foi reforçado em 1817 quando a Assembléia Nacional exigiu o

controle sobre os recursos públicos, ficando estabelecido que a despesa de

cada Ministério não deveria ser superior ao total dos recursos a ele destinados

no orçamento.

Em sua evolução mundial, o orçamento começou a deixar de ser

apenas lei de impostos, transformando-se, pelo menos em tese, em plano de

ação governamental. Esse novo enfoque coincidiu com a fase de expansão

das atividades estatais. Até então, o Estado se incumbia da defesa externa; da

segurança interna, com o objetivo de manter a ordem política, econômica e

social; da distribuição da justiça; das relações internacionais e de alguns

serviços mais importantes, com o objetivo de promover o bem comum.

A interferência cada vez maior do Estado no setor privado,

notadamente na área econômica, determinou a fixação de novos objetivos a

serem atingidos pelas políticas públicas.

No Estado Moderno, as finanças públicas tornam-se não só um meio

de assegurar a cobertura para as despesas do governo, mas também, e

fundamentalmente, um meio de intervir na economia, de exercer pressão sobre

a estrutura produtiva e de modificar as regras de distribuição da renda.

O Brasil enfrentou, também, a questão do controle orçamentário, no

período em que as relações entre a Metrópole e a Colônia eram determinadas

17

pelo Pacto Colonial, caracterizado por uma relação de exclusividade que a

primeira exercia sobre a segunda.

A exploração econômica estabelecida pelo sistema colonial provocou o

crescimento interno e demográfico da Colônia, gerando, em decorrência, a

formação de grupos sociais que passaram a contestar o Pacto Colonial e, em

conseqüência, a própria dominação portuguesa.

Várias lideranças surgiram contra a cobrança de impostos, entre elas a

de Felipe dos Santos em 1720 e a de Joaquim José da Silva Xavier, o

Tiradentes, em 1789.

Somente a partir de 1808, com a vinda de D. João VI, é que foi criado

o Erário Régio e instituído o Conselho da Fazenda para administrar o

patrimônio real e os fundos públicos do Brasil e dos domínios ultramarinos.

A primeira Constituição Brasileira, a Imperial, de 1824, outorgada por

D. Pedro I, no que se refere às finanças públicas, estabelecia que o Ministério

da Fazenda devia receber dos demais Ministérios os orçamentos relativos às

despesas de suas repartições para apresentação à Câmara dos Deputados

juntamente com todas as contribuições e rendas públicas. Cabia ao Poder

Legislativo a competência para fixar, anualmente, as despesas públicas e

repartir a contribuição direta. Segundo Veiga Filho (1923, p.190),

...alguns annos decorreram sem se dar fiel execução a esse

preceito constitucional. Para muitos escriptores, a lei de 14 de

dezembro de 1827, da despeza e receita do thesouro publico na Corte

e no Rio de Janeiro – é a primeira lei do orçamento do Brasil.

Attendendo-se porém ao defeituoso systema de arrecadação nas

províncias, á remessa irregular dos seus orçamentos para a

elaboração do orçamento geral, bem como á vigência de leis

coloniaes em manifesto antagonismo com a nova ordem de cousas

estabelecida pela independência – só podemos considerar, como

primeiro orçamento brazileiro, o que consta do decreto legislativo de

15 de dezembro de 1830. Este decreto fixava a despeza e orçava a

receita de cada uma das antigas províncias, para o exercício de 1831

a 1832 e, na autorizada opinião do doutor CASTRO CARREIRA, foi a

primeira lei do orçamento formulada pelo corpo legislativo desde a

fundação do Império.

18

A Constituição de 1824 estabelecia, também, que a receita e a

despesa da Fazenda Nacional ficavam a cargo de um tribunal denominado

Tesouro Nacional, igualmente responsável pela contabilidade. Além disso, o

Ministro da Fazenda devia apresentar à Câmara dos Deputados, anualmente,

assim que a mesma estivesse reunida, o Balanço Geral da receita e despesa

do ano anterior. Possivelmente a remessa do Balanço Geral não tinha como

objetivo primordial julgar as contas do Imperador, devido à sua inviolabilidade,

mas sim servir como informação e subsídio para a apreciação do novo

orçamento, uma vez que cabia à Assembléia Geral a fixação da despesa

anual.

Ainda segundo a Constituição de 1824, competia à Assembléia Geral,

composta pela Câmara dos Deputados e Senado, na morte do Imperador ou

vacância do trono, o exame da administração que acabou e a reforma dos

abusos nela introduzidos. É interessante ressaltar que o exame da

administração ocorria a posteriori por ser a pessoa do Imperador (Chefe dos

Poderes Executivo e Moderador) inviolável e sagrada, não estando sujeita à

responsabilidade alguma.

A Constituição de 1891, a da primeira da República, conferiu ao Poder

Legislativo a elaboração do orçamento. Embora coubesse ao Congresso

Nacional orçar a receita e a despesa federal, ele nunca exerceu tal função e

sempre se valeu da proposta orçamentária encaminhada pelo Poder

Executivo, através de projeto de lei.

Essa Constituição conferiu ao Poder Legislativo a tomada de contas de

receita e despesa de cada exercício financeiro e trouxe um grande avanço em

termos de controle do setor público, através da instituição do Tribunal de

Contas para liquidar tais contas e verificar sua legalidade antes de serem

apresentadas ao Congresso. Era o surgimento do órgão de controle externo

com a missão de auxiliar o Poder Legislativo na sua função fiscalizadora.

Estabeleceu, ainda, como crime de responsabilidade o descumprimento das

leis orçamentárias.

A emenda de 1926 à Constituição de 1891 trouxe maior

regulamentação à elaboração da lei orçamentária, estabelecendo que a

19

mesma não podia conter disposições estranhas à previsão da receita e à

despesa fixada para os serviços anteriormente criados, excetuando-se a

autorização para abertura de créditos suplementares e para operações de

crédito por antecipação de receita, bem como o destino a ser dado ao saldo do

exercício ou do modo de cobrir o déficit. Vedou, ainda, a concessão de créditos

ilimitados.

A Carta de 1934 atribuiu ao Poder Executivo a iniciativa da preparação

do orçamento, sem retirar a iniciativa parlamentar com relação à matéria de

receita e de despesa pública. Foi o início da competência cumulativa dos

Poderes Legislativo e Executivo na iniciativa orçamentária. Demonstra

preocupação com a qualidade do orçamento, pois criou uma seção própria

para a sua elaboração, com várias regras, como a determinação de que o

mesmo fosse único, incluindo todas as receitas e despesas públicas.

Estabelece um critério de classificação de despesas as quais deveriam ser

segregadas em despesas fixas e variáveis, sendo que as fixas só podiam ser

alteradas por lei anterior e as variáveis deviam obedecer à rigorosa

especialização.

Essa Constituição, promulgada por uma Assembléia Constituinte,

trouxe como um de seus princípios a necessidade da prestação de contas dos

administradores. No âmbito federal, cabia ao Ministro da Fazenda apresentar

anualmente, ao Presidente da República, para ser enviado à Câmara dos

Deputados, com o parecer do Tribunal de Contas, o balanço definitivo da

receita e despesa do último exercício.

A Constituição dedicava uma seção específica ao Tribunal de Contas

(seção II, capítulo VI, artigos 99 a 102), considerando-o como um órgão de

cooperação nas atividades governamentais. Essa Corte de Contas tinha por

atribuição acompanhar a execução orçamentária e julgar as contas dos

responsáveis por dinheiros ou bens públicos, além de examinar e registrar os

contratos, com poderes para suspender sua execução até o pronunciamento

do Poder Legislativo.

Era determinado, também, o registro prévio, por esse Tribunal, de todo

e qualquer ato da administração pública de que resultasse obrigação de

20

pagamento pelo Tesouro Nacional, ou por conta dele. Tais regras já contidas

no Código de Contabilidade Pública para a União tornaram-se mandamentos

constitucionais.

Pode-se dizer que já estavam previstos os instrumentos mais

importantes de controle da gestão pública: o orçamento com discriminação dos

gastos fixos e variáveis, a previsão de prestação de contas e o controle geral e

exaustivo por parte do Tribunal de Contas.

A Constituição de 1937, decretada por Getúlio Vargas, tratou a questão

orçamentária de forma mais sistematizada, estabelecendo outra classificação

para a despesa pública, que deveria ser discriminada por serviço,

departamento ou repartição. Manteve o Tribunal de Contas e criou o

Departamento Administrativo, que pode ser considerado o primeiro órgão de

controle interno expressamente previsto na Constituição, embora a função de

controle não constituísse sua única atribuição, cabendo-lhe também, entre

outras, a de organizar a proposta orçamentária.

Esse foi o texto constitucional que deu maior ênfase ao controle

interno, embora com o objetivo manifesto de permitir ao administrador manter

uma severa fiscalização sobre a máquina administrativa, e não o de tornar

transparente a aplicação para os recursos públicos.

A legislação complementar da época, especificamente os Decretos-Lei

no 1.804, de 24 de novembro de 1939, e no 2.416, de 17 de julho de 1940,

significou um grande avanço nos instrumentos de controle do setor público, no

âmbito dos Estados e Municípios do Brasil; para a União tais instrumentos já

estavam regulados pelo Código de Contabilidade Pública. Segundo Moojen

(1959), até então os orçamentos eram elaborados apenas para cumprir a

formalidade, sem preocupações de ordem técnica. Cada Estado elaborava o

orçamento a seu modo, não havendo entre os Estados e Municípios dois

orçamentos de igual feição.

O Decreto-Lei nº2.416/40 continha grandes avanços também no

tocante à contabilidade. Uma curiosidade é que cabia ao órgão de

contabilidade a elaboração da proposta orçamentária a ser encaminhada ao

21

DASP. Na verdade, a maior parte dos dispositivos legais contidos na Lei

Federal no 4.320/64 já estava prevista no Decreto-Lei no 2.416/40.

Em suma, o dispositivo legal em análise estabelecia um regramento

geral e detalhado sobre orçamento, finanças e contabilidade e ainda algumas

regras administrativas como as relativas às compras de materiais, que

deveriam se dar por meio de concorrências públicas ou administrativas. A

maioria dessas regras, em essência, permanece em vigor.

É paradoxal que essa tenha sido uma época de grande evolução dos

instrumentos de controle da gestão pública, com a padronização e

aprimoramento do documento orçamentário, organização da contabilidade,

manutenção e ampliação das atribuições do Tribunal de Contas, criação de um

órgão de controle interno, mesmo não existindo um órgão de representação

popular para exame e aprovação do orçamento e para julgamento das contas

dos administradores públicos.

A Constituição de 1946, promulgada por Assembléia Constituinte,

manteve os mesmos dispositivos com relação ao orçamento e reforçou as

competências do Tribunal de Contas em seu artigo 77, mas representou

enorme retrocesso em termos de controle interno do setor público, pois

nenhuma citação expressa é feita a ele.

Em 17 de março de 1964, a edição da Lei Federal no 4.320, em vigor

até hoje, representou um marco em termos de finanças públicas, tendo

estatuído normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos

orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito

Federal. Quanto ao orçamento, inovou em vários aspectos, porém os mais

relevantes são os que dizem respeito às previsões plurianuais e ao orçamento-

programa. Introduziu a exigência de elaboração do orçamento plurianual de

investimentos, relativo a um período de três anos.

O orçamento plurianual de investimento é “um instrumento técnico de

planejamento, que corresponde à etapa da programação, em nível setorial e

de prazo médio, abrangendo a concepção, identificação e implementação da

generalidade dos projetos governamentais.” (ASSMANN; JOST; RIGÃO;

ZIMMERMANN; SCHAEFER, 1976, p. 105).

22

Começava, nessa época, a ênfase ao planejamento governamental,

objetivando essencialmente frear a descontinuidade das políticas públicas, as

obras inacabadas, e obter a coordenação dos planos federais, estaduais e

municipais.

Outro importante instrumento de planejamento que teve início com o

advento da Lei no 4.320/64 foi o orçamento-programa. Segundo Nascimento

(1986, p.25), o orçamento-programa:

É o documento em que se relevam os objetivos que o

Governo pretende alcançar, definidos com base em levantamento e

seleção das necessidades coletivas públicas, mediante o emprego de

técnicas encadeadas adequadamente (planejamento e programação),

os fatores imprescindíveis para concretizá-los (elementos humanos,

materiais, etc.) e os meios financeiros, próprios e de terceiros,

indispensáveis para ocorrer os gastos, de tal modo que seja possível

o acompanhamento regular da execução dos projetos e atividades e o

exercício efetivo do controle, referentes a um período administrativo.

O orçamento-programa trouxe uma revolução em termos da definição

do gasto público. Até então, a preocupação restringia-se a delimitar quanto

seria gasto em cada item de despesa, por função de governo, por órgão de

governo ou por elemento de despesa. O orçamento-programa declara para

que ocorre o gasto público, ou seja, qual a meta a ser atingida, explicitada em

termos físicos e a que custo.

A Constituição de 1967 não acrescentou outras inovações além das já

mencionadas em relação ao orçamento, mas trouxe como efetiva novidade a

institucionalização do sistema de controle interno a cargo do Poder Executivo,

instituído por lei, e que tem por finalidade (art. 71):

I - criar condições indispensáveis para assegurar a eficácia

ao controle externo e regularidade à realização da receita e da

despesa;

II - acompanhar a execução de programas de trabalho e a

do orçamento; e

III - avaliar os resultados alcançados pelos administradores

e verificar a execução dos contratos. (BRASIL. Constituição, 1967).

23

É a primeira Constituição Brasileira a se referir ao controle interno, que

já é criado com atribuições da maior relevância e amplitude.

Estavam definidos, nessa época, todas as partes de um sistema de

gestão pública:

PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO, ORÇAMENTO e CONTROLE.

A partir daí, passou-se para uma fase de consolidação dos

instrumentos definidos pela legislação, com poucas novidades, a não ser

algumas modificações pontuais nas classificações da receita e despesa, mas

que não modificaram os conceitos já estabelecidos.

A Constituição de 1988, em vigor, manteve, em essência, o modelo de

gestão pública adotado até então, acrescentando alguns aprimoramentos.

Com relação ao orçamento, estabeleceu a obrigatoriedade de serem votadas

três leis de iniciativa do Poder Legislativo: o Plano Plurianual, a Lei de

Diretrizes Orçamentárias, uma novidade, e a Lei Orçamentária Anual.

O Plano Plurianual, com vigência de 4 anos, deve estabelecer, de

forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública

federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as

relativas aos programas de duração continuada. Deve ser elaborado no

primeiro ano de governo e conter o projeto de ação governamental, que se

baseia, em tese, nas promessas de campanha.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias compreende as metas e prioridades

da administração, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro

subseqüente, orienta a elaboração da lei orçamentária anual, dispõe sobre as

alterações na legislação tributária e estabelece a política de aplicação das

agências financeiras de fomento. Deve ser o elo de ligação entre o plano

plurianual e as leis do orçamento anual.

Com relação à Lei Orçamentária Anual, a novidade foi a preocupação

em trabalhar as desigualdades regionais como se observa nos dois parágrafos

do artigo 165, a seguir transcritos:

§ 6o - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de

demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas,

24

decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios

de natureza financeira, tributária e creditícia.

§ 7o - Os orçamentos previstos no § 5o, I e II, deste artigo,

compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a

de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério

populacional. (BRASIL. Constituição, 1988).

Quanto ao controle, não houve avanço significativo: o controle externo

permaneceu com as atribuições que já lhe estavam afetas, e o interno

continuou exercendo a fiscalização quanto à legalidade acrescida dos aspectos

de legitimidade e economicidade, porém sem mencionar a avaliação dos

resultados alcançados pelos administradores constante da Constituição de

1967, mas que nunca chegou a ser colocada em prática, como se verifica:

Art. 70 - A fiscalização contábil, financeira, operacional e

patrimonial da União e das Entidades da administração direta e

indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação

das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso

Nacional, mediante controle externo, e pelo Sistema de Controle

Interno de cada poder.

Parágrafo Único. Prestará contas qualquer pessoa física ou

jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou

administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União

responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza

pecuniária. (BRASIL. Constituição, 1967)

Uma das novidades instituídas por esse texto Constitucional é a

obrigação de os poderes, incluindo o Legislativo e o Judiciário, criar seus

próprios sistemas de controle interno.

A consolidação da democracia no Brasil, especialmente após a

Constituição de 1988, estabeleceu canais de comunicação entre as instituições

e os cidadãos que facilitaram a circulação das informações, aumentaram a

conscientização da população em relação ao exercício de seus direitos junto à

administração pública, ampliaram os mecanismos de controle e permitiram a

transparência indispensável ao desempenho e aperfeiçoamento do regime

democrático.

25

Entre esses canais situa-se o instituto da Ouvidoria, reflexo do

crescimento da democracia participativa que aproximou o cidadão do governo

e da gestão pública brasileira, atuando como agente indutor no processo de

participação popular, através do diálogo e da disponibilização de informações,

ampliando o exercício da cidadania, redirecionando o foco da administração

pública para o atendimento ao cidadão e servindo como instrumento de

aperfeiçoamento do serviço público.

Esta aproximação diminui a desconfiança do cidadão em relação às

instituições públicas ao perceber que suas reivindicações serão atendidas.

Verifica-se, ainda, que, em decorrência da participação popular na

administração pública, o cidadão tem a oportunidade de compreender o

funcionamento da máquina administrativa e entender melhor como seus

problemas individuais afetam questões de interesse coletivo.

A Ouvidoria é um sistema de atendimento que não se limita à recepção

de reivindicações e denúncias, ela participa de todo o processo de implantação

de políticas públicas, estabelecendo parâmetros com diretrizes gerenciais que

balizarão a Administração Pública nas suas relações com o público. Cabe

ainda à Ouvidoria implantar ações e mecanismos que incentivem o exercício

da cidadania e possibilite ao administrador público a capacidade de análise e

alteração de procedimentos.

O controle do mérito administrativo pressupõe que o Ouvidor disponha

de poder propositivo, e não punitivo, realizando a função de indutor de

reformas estruturais e funcionando como fator de renovação na instituição que

fiscaliza.

Originalmente dirigido para a administração pública, o instituto do

Ombudsman migrou para várias áreas da iniciativa privada, numa clara

demonstração de sua potencialidade.

Estimulados pelo Código de Defesa do Consumidor as empresas

rapidamente enxergaram na instituição um eficiente instrumento de

aproximação com o cliente que possibilita a interação da organização com o

ambiente e a personalização do atendimento, transformando as reclamações e

26

sugestões dos consumidores em produtos e serviços de melhor qualidade,

além de consolidar a imagem da organização no mercado consumidor.

Em 04 de maio de 2000, a edição da Lei Complementar no 101

representou um novo marco. Originou-se da necessidade de combater o déficit

público, inicialmente por força da pressão dos organismos internacionais, como

o FMI, obtendo em seguida, no entanto, forte apoio popular, manifestado

através de ampla cobertura da mídia e de sua defesa em editoriais, o que

resultou em aprovação majoritária no Congresso Nacional.

A Lei Complementar no 101/2000 buscou, na verdade, harmonizar e

consolidar as diferentes normas que buscam o equilíbrio das contas públicas,

estabelecendo princípios e normas gerais de finanças públicas para os três

níveis de governo, aplicáveis a todos os Poderes de Estado. Procurou, através

de seus dispositivos, fechar o circuito do controle das finanças públicas

tratando de:

1 - planejamento: definição de objetivos e metas fiscais;

2 - limites para despesas com pessoal e dívida, inclusive para novas

operações de crédito, e para despesas de caráter continuado;

3 - mecanismos de compensação e correção de desvios;

4 - transparência e controle social;

5 - sanções institucionais e responsabilização pessoal em caso de

descumprimento das normas.

A evolução dos instrumentos de controle do setor público foi lenta e

gradual. Até a proclamação da República, em 1891, há 112 anos, o Brasil era

governado por um Imperador, figura inviolável e sagrada, isenta de qualquer

responsabilidade. Hoje se está sob o comando de uma legislação rigorosa,

como a Lei de Responsabilidade Fiscal, e pode-se dizer que o avanço foi

significativo. Apesar disso, o objetivo da transparência das contas públicas não

foi plenamente atingido. É preciso avançar.

27

CAPÍTULO II

A BASE LEGAL

Não há previsão legal expressa sobre Ouvidoria na Constituição

Federal, nem em nenhuma lei complementar ou ordinária. Como base legal

para a institucionalização de ouvidorias no poder público, através da

interpretação extensiva da Emenda Constitucional No. 19, de 4 de junho de

1998, é suficiente considerar o disposto no Art. 37, § 3o. “A lei disciplinará as

formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta,

regulando especialmente”:

“I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em

geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a

avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços.”

O Decreto No. 3.507, de 13 de junho de 2000, estabeleceu as

diretrizes normativas para a fixação de padrões de qualidade do atendimento

prestado pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta,

indireta e fundacional que atendem diretamente aos cidadãos. Observou o § 2º

do Art. 4o do Decreto a obrigatoriedade da aferição do grau de satisfação dos

usuários com o atendimento recebido, indicando a necessidade da instituição

de uma unidade administrativa ou metodologia para realizá-la.

Citado como uma das legislações mais modernas em todo o mundo, o

Código de Defesa do Consumidor tem como princípio incentivar os

fornecedores a criarem meios eficientes de controle da qualidade e da

segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos

para a solução de conflitos. Com o objetivo de atender a este dispositivo as

empresas identificaram no Ombudsman um ótimo instrumento para a

prevenção de conflitos, criando desta forma um canal de comunicação direto

com seu cliente.

29

O Código de Defesa do Consumidor é dirigido tanto para a iniciativa

privada quanto para a administração pública direta ou indireta, uma vez que a

definição de fornecedor segundo o art. 3º deste código abrange a figura da

pessoa jurídica pública. Prevê o atendimento das necessidades dos

consumidores, o respeito à sua dignidade, a melhoria da sua qualidade de

vida, a transparência e harmonia das relações de consumo.

Quanto ao controle do bom uso do dinheiro público, a Constituição

Federal de 1988 ocupou-se do tema muito modestamente, com vistas a evitar

irregularidades e desvios e não a inserir o cidadão na decisão de onde e como

aplicar tais recursos, como se percebe nos seguintes dispositivos:

Art. 31...

§3o - As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta

dias, anualmente à disposição de qualquer contribuinte, para exame e

apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos

da lei. (BRASIL. Constituição, 1988).

Art. 74...

§2o - Qualquer cidadão, partido político, associação ou

sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar

irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

(BRASIL. Constituição, 1988).

Este último dispositivo foi regulamentado pela Lei Federal no 8.443 de

16 de julho de 1992. Trata-se da Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União.

A institucionalização sob o aspecto legal da participação popular na

elaboração das peças orçamentárias veio com a Lei Complementar no 101, de

04 de maio de 2000, a denominada Lei de Responsabilidade Fiscal, que, em

seu artigo 48, assim dispõe:

São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos

quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de

acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes

orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio;

o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de

Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

Parágrafo Único. A transparência será assegurada também

mediante incentivo à participação popular e realização de audiências

30

públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos

planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos. (BRASIL. Lei

Complementar no 101, 2000) (sem grifo no original).

A Lei Complementar em tela aborda também a questão da prestação

de contas, em seu artigo 49:

As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo

ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder

Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para

consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.

(BRASIL. Lei Complementar no 101, 2000)

Algumas cidades incluíram em suas Leis Orgânicas dispositivos com a

mesma finalidade, ainda antes do advento da Lei Complementar no 101/2000,

como foi o caso de Porto Alegre:

Art. 116...

Parágrafo 1o - Fica garantida a participação da comunidade,

a partir das regiões do município, nas etapas de elaboração, definição

e acompanhamento da execução do plano plurianual, de diretrizes

orçamentárias e do orçamento anual. (PORTO ALEGRE. Lei

Orgânica, 1990).

Cumpre destacar que o funcionamento do orçamento participativo

nunca foi regulado em lei ou decreto, e seus defensores, de modo geral

vinculados ao Partido dos Trabalhadores (PT), entendem que a legalização

formal acabaria por engessá-lo, tirando-lhe a flexibilidade, o que, de certa

maneira, vai de encontro aos princípios do Estado racional-legal de Weber,

também defendido pelo PT.

A adoção do modelo de gestão participativa atende à determinação do

Governo Federal de se implantar uma política participativa conforme expresso

no Plano Brasil de Todos de participação e inclusão, e com base nos Mega-

Objetivos e desafios, do referido Plano, inciso III – Promoção e expansão da

cidadania e fortalecimento da democracia – item 24: “Implementar uma nova

gestão pública: ética, transparente, participativa, descentralizada, com controle

social e orientada para o cidadão”.

31

32

CAPÍTILO III

EXEMPLOS DE EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS

A participação popular no destino dos recursos públicos, através do

orçamento participativo, teve uma primeira experiência em Pelotas, em 1983,

quando lá era prefeito o atual Deputado Estadual Bernardo de Souza, que em

seu livro Todo Poder Emana do Povo (2002) explana o funcionamento do

mesmo.

Foi em Porto Alegre, porém, que o orçamento participativo se

consagrou, através das administrações da Frente Popular, já estando

implantado desde 1989.

A forma de funcionamento do orçamento participativo é relatada com

detalhe por Luciano Fedozzi, em sua obra Orçamento Participativo- Reflexões

sobre a experiência de Porto Alegre (2001).

O orçamento participativo se consolidou em Porto Alegre, servindo de

referência para outras cidades, tanto em âmbito nacional como internacional. O

Governo Olívio Dutra, confiante nessa experiência, estendeu sua aplicação

para todo o Estado, mas não obteve o mesmo sucesso, em decorrência

basicamente da escassez de recursos para investimentos. As demandas das

comunidades eram alocadas no orçamento, mas não eram executadas, fato

que a forte oposição política ressaltava em todas as oportunidades, o que

acabou por desacreditar o sistema.

Outra experiência de participação popular na alocação de recursos

públicos teve lugar no último ano do Governo Antônio Britto, através de

consulta popular com a participação dos Conselhos Regionais de

Desenvolvimento − COREDES.

Os COREDES foram criados, como um espaço de participação cidadã,

através da Lei Estadual no 10.283, de 17 de outubro de 1994. A consulta

popular foi institucionalizada pela Lei no 11.179, de 25 de junho de 1998, e

aplicada uma única vez no último ano do Governo Britto.

33

O Governo Germano Rigotto está aprimorando o método através da

Lei no 11.920, de 10 de junho de 2003.

De acordo com esta nova lei, o Governo promoverá, anualmente, uma

consulta direta à população para estabelecer as prioridades com relação à

parcela do Orçamento Estadual destinada a investimentos e serviços de

interesse regional e municipal.

Em Recife, o Plano de Regularização das Zonas Especiais de

Interesse Social (Prezeis), instrumento de legislação urbanística conquistado

pelo movimento popular há dez anos, está sendo considerado um dos projetos

mais avançados do modelo de gestão participativa criado pela Prefeitura, em

1986. "Outras cidades estão copiando o programa", afirma o professor e

sociólogo José Arlindo Soares, coordenador das pesquisas solicitadas pelo

Centro Josué de Castro.

Atualmente, a cidade do Recife tem 65 áreas de Zeis - cerca de 300

favelas -, das quais 31 possuem plano de urbanização. "A garantia do solo

evita a expulsão branca e contribui para diminuir a violência urbana", avalia

José Arlindo Soares, um dos autores do documento Alternativo de um Novo

Modelo de Gestão Municipal.

Segundo José Arlindo Soares, "Recife foi a primeira grande cidade

brasileira a propor um modelo de descentralização e de participação das

organizações populares no planejamento e definição das prioridades de

governo". Isso aconteceu na primeira gestão do prefeito Jarbas Vasconcelos.

Iniciativas nesse sentido foram registradas no governo Pelópidas Silveira

(1956-1959) e durante o movimento alfabetização popular do pedagogo Paulo

Freire, antes de 1964.

Outro ponto destacado pelo professor foi a criação do Conselho de

Desenvolvimento Urbano (CDU), regulamentado pela lei nº 15.735/92. Cabe ao

CDU formular diretrizes de desenvolvimento urbano para a cidade, além de

acompanhar a execução das políticas públicas municipais. "Como instrumento

de ordenamento urbanístico da cidade, o CDU revela-se um espaço mais

34

competitivo entre todas as instâncias de participação da sociedade na vida do

município", observa.

Ao analisar a questão do orçamento participativo, no qual a população

tem a oportunidade de definir prioridades para o seu bairro, junto com a

prefeitura, José Arlindo observou certa "fragilidade nos níveis de organização

da sociedade". Mesmo assim, diz ele, os setores populares conseguiram abrir

espaços de pressão, garantindo direitos sociais e reconhecimentos políticos.

"O problema é que o nível de organização popular não é suficiente

para sustentar formas de participação mais estruturadas", explica o professor.

Rancho Queimado (SC) é um município exemplar, para o Brasil e

mundo, quanto ao desenvolvimento sustentável e à gestão participativa! A

Prefeitura, sob a coordenação magistral de Merio César Goedert, conta com

87 funcionários e cinco secretarias municipais e estimula a participação

popular na identificação e definição de suas prioridades. Explica que, assim,

"aumenta o poder pessoal de cada um, o cidadão se sente importante e

comprometido com o processo" e que “cada habitante local é prefeito, pois

toma as decisões sobre o destino do município”, através do Conselho

Municipal de Desenvolvimento Sustentável que se reúne semanalmente na

Prefeitura.

Estas experiências de participação popular no destino dos recursos

públicos demonstram que a complementação da democracia representativa

com a participação direta, pelo menos nas questões orçamentárias, já é uma

realidade e, provavelmente, um caminho sem volta, pois se trata de mais uma

conquista da cidadania. O próximo passo é qualificar as informações a serem

apresentadas ao cidadão para que sua participação também possa se dar de

forma qualificada.

35

CAPÍTULO IV

O PORQUÊ E QUANDO ADOTAR

O que leva as empresas públicas a buscar essa forma de gestão é

não alcançar a sua missão e com isso o aumento da cobrança da sociedade;

já as particulares o baixo desempenho no mercado, geralmente causado pelo

desinteresse de sua força produtiva por aquilo que produz. Algumas nem

tiveram tempo de anotar a placa do caminhão. Foram jogadas fora do mercado

sem dó. Outras foram salvas pelo gongo de uma gestão participativa, como

aconteceu com a Harley-Davidson.

Na lendária fabricante de motocicletas, os mesmos funcionários que

ajudaram a levar a empresa à bancarrota foram os que a salvaram e

transformaram a marca no sucesso de vendas que vemos hoje. Tudo isso

depois que se tornaram acionistas e passaram a enxergar o trabalho com

outros olhos.

O que aconteceu? Será que antes eles trabalhavam com más

intenções, queriam sabotar? Nada disso. Simplesmente trabalhavam para um

patrão, como a maioria das pessoas faz hoje. Viviam com uma perspectiva de

migalhas, como quem trabalha de olho no dissídio coletivo. Quem não

consegue enxergar longe nunca sai de perto.

O grau e o tipo de participação podem variar de acordo com a

organização e às vezes, na própria organização. Assim, numa mesma

organização podem-se encontrar características participativas e em outros

aspectos da mesma organização elas não estarem presentes.

Na década de 60, Rensis Likert realizou uma pesquisa com objetivo de

identificar as características das empresas de melhor desempenho. Likert

(apud CHIAVENATO, 2000, p. 290) identificou quatro sistemas administrativos

(1, 2, 3 e 4) colocando-os numa “régua”, onde um extremo representa o

sistema autoritário (sistema 1) e o outro o participativo (sistema 4). Entre os

extremos ficam dois sistemas intermediários (sistemas 2 e 3). De maneira

geral, Likert identificou que as empresas representadas pelo sistema 4

36

(participativo), tinham melhor desempenho, tanto pelos resultados econômico-

financeiros, como pela satisfação dos funcionários.

O sistema participativo (sistema quatro de Likert) possui segundo

Chiavenato (2000), entre outras, as seguintes características: as decisões são

delegadas e descentralizadas, a comunicação flui em todos os sentidos, o

trabalho é realizado em equipe, as relações interpessoais são baseadas na

confiança mútua e não em cargos e outros esquemas formais.

As formas de participação podem ocorrer de diversas formas, sejam

elas através da abertura de canais de comunicação, nas próprias decisões ou

nos resultados.

Canais de comunicação: Cada vez mais as organizações se

conscientizam da importância de ouvir os seus diversos públicos. Na

administração participativa, as informações vindas e sugeridas pelas pessoas

(funcionários, clientes, fornecedores, etc.) são analisadas e utilizadas pela

organização. Neste caso, torna-se fundamental que a organização coloque

canais de comunicação acessíveis. De acordo com Maximiano (2000), a

comunicação pode ser:

a) Com clientes: através de sistemas de avaliação de produtos e

serviços;

b) Com funcionários: programas de sugestões, pesquisa de clima de

organizacional, contato direto. A comunicação com o funcionário deve ocorrer

nos dois sentidos, funcionário-empresa e empresa-funcionário. A

administração deve ser transparente, os funcionários necessitam saber os

problemas, os objetivos, etc. Uma estratégia de comunicação que vem sendo

utilizada é a visual que consiste em colocar painéis, cartazes e outros meios

visuais para informar pontos importantes.

c) Através da redução dos símbolos que procuram diferenciar a

posição ocupada, como: uniformes, restaurantes, mobiliário, escritórios, etc.

Participação nas decisões: O envolvimento nas decisões é um grau

maior de participação do que a comunicação. Na comunicação existe

participação, mas no momento em que as decisões são tomadas de forma

compartilhada, ela se concretiza. A participação nas decisões pode se dar de

37

várias formas e com graus diferentes de envolvimento. Assim, algumas

decisões, mesmo para a organização que adota a administração participativa,

são tomadas de forma independentes, sem consulta. Outras necessitam de

discussão e são decididas em grupo. Os grupos podem tanto opinar sobre

propostas trazidas para discussão ou consulta (decisão consultiva) ou elaborar

de forma conjunta às propostas (decisões participativas). Outras ainda são

delegadas ou a equipes ou a pessoas que recebem poderes (empowerment)

para a tomada de decisão sem consulta e revisão pela administração.

“Descobriu-se que a maioria dos funcionários, quando desafiados,

pode melhorar seus processos de trabalho. Muitas pequenas melhorias

resultam em grandes mudanças na qualidade, produtividade e satisfação do

cliente” (MARTIN, 1996,p. 34).

Neste caso, a pessoa assume a responsabilidade pelas decisões,

necessitando, portanto, de pessoas com informações, qualificações e

maturidade. Para Mills (1996), as condições essenciais para a adoção do

empowerment, são:

cCompetência e experiência;

cInformações necessárias;

cUma recompensa adequada;

cTem que se conhecer a missão, e;

cTolerância a erros.

De maneira geral, como dito anteriormente, a administração

participativa necessita de uma mudança mental, tanto dos administradores

como dos funcionários. Para Semler (2002) o maior obstáculo para a

implantação de uma gestão participativa é a alta administração, que na maioria

das vezes não trata seus funcionários como adultos pensantes. Características

da administração participativa:

a) As pessoas só trabalham a vontade quanto têm liberdade;

b) Quanto menos controladas mais responsáveis as pessoas se

tornam;

c) A administração participativa é complexa na prática, assim como o

exercício da democracia é mais trabalhoso do que a ditadura.

38

d) A verdade da empresa está com os seus funcionários e não nos

corredores executivos ou na discussão sobre o futuro de commodities.

Participação nos Resultados: A participação nos resultados é uma

forma de recompensa pela participação anterior na empresa, ou seja, se o

funcionário participou das decisões, gerando inovações, soluções, aumentando

as receitas, entre outros, é justo que os resultados sejam compartilhados. “A

capacidade de uma empresa é a soma da capacidade de seus membros. Se

maximizarmos a contribuição de cada funcionário maximizaremos também o

valor da empresa”. É através da participação que os trabalhadores se

envolvem com os objetivos e resultados das empresas e se sentem parte

integrante do processo produtivo.

Um planejamento sobre a implantação da gestão participativa nas

empresas deve considerar os seguintes aspectos:

• Agrupamento dos membros da organização;

• Tecnologia utilizada;

• Tipos de relações sociais dentro da empresa;

• Objetivos da empresa;

• Os ambientes externo e interno, isto é, os

condicionantes que influenciarão o projeto.

Os procedimentos abaixo relacionados orientam a avaliação da

viabilidade da gestão participativa na empresa:

• Conhecer a realidade, isto é, analisar aspectos externos

e internos, de forma a identificar, basicamente, qual é o

objetivo da implantação da gestão participativa;

• Estabelecer os objetivos de mudanças: significa

formular, para o curto, médio e longo prazos, o que se

espera alcançar da empresa quanto a crenças, valores,

sentimentos e ações, tanto dos administradores quanto

os executores das atividades;

• Conhecer o que precisa ser mudado - tendo sempre em

mente os objetivos e o diagnóstico da empresa;

39

• Avaliar os resultados, isto é, analisar se o processo vem

se efetivando, a fim de realimentar o planejamento;

• Agir no sentido de enfrentar o desafio de transformar, o

que requer, entre outras atitudes:

• Libertação de preconceitos e tradições;

• Entendimento da realidade como algo mutável;

• Substituição de temor e da submissão do empregado

pela participação; tratamento igualitário a todas as

pessoas da empresa.

Vantagens que poderão ocorrer com a nova forma de gerenciar:

• Desenvolvimento expressivo, proporcionando melhores

resultados para a organização e para os indivíduos dela

participantes;

• Participação eficaz dos trabalhadores nos objetivos da

organização, gerando clima propício ao

desenvolvimento qualitativo no trabalho;

• Distribuição eqüitativa de responsabilidade e dos

resultados;

• Satisfação com a essência dos fatos e não com as suas

aparências;

• Elevado grau de integração com a cultura da

organização;

• Sólida base para as decisões;

• Aceleração das condições da competitividade da

empresa;

• Estímulo das condições da competitividade na

organização;

• Sustentação do diálogo e respeito às diferenças

individuais.

Como Implantar:

40

A implantação da administração participativa envolve mudanças em três

dimensões da organização: comportamental, estrutural e interfaces:

Comportamental:

A administração participativa, em primeiro lugar, é a substituição dos

estilos tradicionais de administrar pessoas – autoritário, impositivo, indiferente,

paternalista – por cooperação mútua, liderança, autonomia e responsabilidade.

Informar, envolver, delegar, consultar e perguntar, em vez de mandar, são as

palavras-chaves da administração participativa no que diz respeito ao

comportamento dos administradores.

Estrutural:

Além dos aspectos comportamentais, a administração participativa

também implica o redesenho das estruturas. Cargos, grupos de trabalho e a

estrutura como um todo são organizados de modo que a participação dependa

não apenas das atitudes e disposições favoráveis das pessoas, mas também e

principalmente do sistema de normas e procedimentos. A estrutura deve

estimular as pessoas à participação. Nas organizações tradicionais ou não

participativas, acontece o inverso: os regulamentos, as carreiras, a divisão do

trabalho e o próprio organograma são estruturados de maneira que o poder

fique concentrado no topo da pirâmide.

Interfaces:

Na organização participativa, a administração é compartilhada em

diferentes interfaces e não apenas nas relações com os funcionários. Clientes

são consultados em determinadas decisões sobre produtos e serviços

enquanto fornecedores, distribuidores e o pessoal de assistência técnica

participam de projetos de engenharia simultaneamente. A organização procura

ser um sistema participativo interno, do ponto de vista comportamental e

estrutural, e também aberto para o ambiente externo, recebendo todas as

informações que possam ajudar no aprimoramento de sua administração.

41

42

CAPÍTULO V

IMPEDIMENTOS

São basicamente cinco os maiores impedimentos para a implantação

de uma cultura de gestão participativa: imediatismo, ameaça ao poder, a

dificuldade de se compreender os documentos oficiais, a repulsa dos

parlamentares e a superação do modelo burocrático e tradicional de gestão. A

pessoa que trabalha pelo salário do fim do mês pode, no máximo, enxergar o

décimo terceiro, não mais do que isso. Nem imagina o que seja um

investimento de longo prazo. Isso do lado empregado. Do lado patrão, ainda

trazemos resquícios de uma sociedade colonial, do senhor do engenho, que

prefere morrer a abrir mão do poder. E às vezes esse senhor do engenho nem

é o dono da empresa ou seus acionistas, mas um reles gerente ou supervisor

cujo pequeno feudo é defendido com uma ferocidade que em alguns casos

chega a custar o próprio negócio.

É evidente que os documentos oficiais, cujos informes são extraídos da

contabilidade e descritos em linguajar técnico, não se prestam a serem

apresentados à população uma vez que de difícil entendimento para leigos.

Há que ser encontrada uma forma de apresentar os orçamentos e sua

execução de modo compreensível, mostrando como a atuação governamental

interferiu ou pode interferir na vida das pessoas, pois o que interessa é o bem-

estar dos indivíduos e de suas famílias.

Seria, pois, importante a introdução, ao lado dos números financeiros,

de indicadores sociais que medissem a qualidade de vida da população, nos

moldes do IDH que passou a ser calculado para todos os países, a partir do

início dos anos 90, pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas

(PNUD).

O Estado de São Paulo está seguindo nesta direção com a criação do

seu Índice Paulista de Responsabilidade Social, que, na verdade, espelha, em

nível municipal, um conjunto de indicadores sociais, tais como mortalidade

infantil, mortalidade por AIDS, gravidez na adolescência, longevidade,

43

acidentes de trânsito, mortalidade por homicídios. Trata-se de um diagnóstico

da situação social de cada município paulista. Mediante a aplicação de

fórmulas, o município obtém um escore. Este escore serve para se obter uma

comparação entre os municípios estabelecendo sua posição relativa e,

conseqüentemente, uma concorrência positiva visando à melhoria da posição

de cada um frente aos demais.

Tramita no Congresso Nacional projeto de lei estendendo o cálculo do

Índice de Responsabilidade Social, nos moldes de São Paulo, para todos os

municípios do país.

É possível imaginar-se como ficaria rica uma prestação de contas que,

ao lado da discriminação de como foram gastos os recursos públicos,

apresentasse indicadores confiáveis do impacto que tais gastos tiveram no

atendimento das demandas sociais. Poderiam ser apresentadas comparações

temporais demonstrando a evolução positiva ou negativa dos referidos

indicadores ao longo do tempo e comparações municipais ou regionais visando

estimular a já mencionada concorrência positiva, mobilizando, inclusive, a

população para participar ativamente na melhora de seus indicadores e,

conseqüentemente, na qualidade de vida de sua comunidade. O programa

prioritário do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, denominado

Fome Zero, por exemplo, poderia ter sua eficácia verificada, ou seja, a cada

ano se poderia fazer uma avaliação de seu impacto nos indicadores sociais

relacionados ao consumo mínimo de calorias por pessoa, à mortalidade infantil

e a doenças relacionadas à desnutrição.

O conhecimento dos indicadores em questão permitiria focar melhor

não só o gasto público, mas também as ações sociais dos Segundo e Terceiro

Setores. Outra vantagem seria a possibilidade de subsidiar a definição de

metas sociais a partir da elaboração do Plano Plurianual (metas de longo

prazo), passando pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (metas anuais), e,

finalmente, chegando ao Orçamento Anual quando a essas metas seriam

alocados os recursos orçamentários para sua realização.

44

A definição das metas sociais obviamente se daria em conjunto com a

população, que teria sua participação qualificada pela apresentação destas

novas informações.

E quem seria responsável pelo cálculo e apresentação dos indicadores

sociais? Entende-se que este processo deveria ser coordenado pela central do

sistema de controle interno, hoje responsável pela prestação de contas

tradicional, com enfoque apenas financeiro, em parceria com a Fundação de

Economia e Estatística.

Quando tiveram início as primeiras discussões sobre a participação

popular direta na alocação dos recursos públicos, diversos parlamentares

manifestaram-se contrários sob o argumento de que haveria um esvaziamento

da democracia representativa, uma vez que as decisões mais importantes

estariam sendo tomadas diretamente pela população, restando ao Parlamento

apenas o referendum.

A preocupação não deixa de ter fundamento, pois, como já foi

demonstrado anteriormente, o parlamento surgiu com a finalidade de limitar o

poder de tributar e evoluiu para o controle total da gestão pública. Nestes

termos, a matéria mais importante a ser submetida ao Poder Legislativo é o

orçamento. No caso do orçamento participativo, como as decisões são

tomadas diretamente pela população, fica, de certa forma, incoerente os

representantes do povo não o aprovarem ou apresentarem emendas para

alterá-lo.

Tal temor, no entanto é afastado por Bobbio (1992). Segundo ele, a

democracia direta pode apenas corrigir a democracia representativa, mas

nunca substituí-la. Se, por um lado, admite-se que as duas não são

alternativas excludentes, que elas podem até mesmo se integrar

reciprocamente, por outro lado, exclui-se a possibilidade de a primeira ser

suficiente por si só.

Para Bobbio (1992), a democracia direta é algo perfeito e ideal,

transformada em fetiche pelos marxistas, e o processo de democratização

vivido hoje não se fundamenta na passagem da democracia representativa

para a democracia direta, mas, diferentemente, na transposição da democracia

45

política para a democracia social, na extensão do poder que ascende de baixo

para cima, do campo da sociedade política para o da sociedade civil. O

desenvolvimento atual da democracia não é a afirmação de um novo tipo de

democracia, mas a ocupação pela democracia representativa de novos

espaços, que vai da democratização do Estado à democratização da

sociedade.

Por fim, o desafio da reforma democrática da gestão pública é superar

os modelos de gestão burocrática e tradicional, enraizados em nossa cultura

política. Somos herdeiros de uma cultura, desenvolvida em Portugal, que

valoriza o personalismo e o burocratismo, as duas faces do tradicionalismo e

da burocracia, do controle e da fidelidade. Estes dois ingredientes, quando

unidos, formam uma barreira poderosa contra a participação popular na

tomada de decisões.

46

CAPÍTULO VI

GESTÃO BUROCRÁTICA/TRADICIONAL X

GESTÃO PARTICIPATIVA

A gestão burocrática, ou estilo burocrático de governar, apoia-se em

algumas características básicas, a saber:

1. Gestão marcada pelo discurso da competência técnica: os

dirigentes de estilo burocrático valorizam planos gerais de ação,

conceitos técnicos e regras para o maior número de ações

desenvolvidas pelos subordinados. Desprezam a intuição, as

crenças não científicas, as decisões fundadas em valores e

estilos culturais específicos. Tendem a controlar todos

movimentos de seus funcionários. A linguagem que utilizam é tão

técnica que poucos entendem o que querem dizer. Seus

seguidores reproduzem seu estilo e costumam citar muitas

resoluções, pareceres jurídicos e portarias para inibir uma

proposta muito inovadora;

2. Relações impessoais e frias: fruto do estilo centralizador e muito

técnico, o estilo burocrático de governar mantém distância da

população e suas paixões. Os funcionários são tratados com

frieza e são valorizados pelos resultados de seu trabalho. Não há

cortesia neste estilo, mas racionalidade e objetividade. Os

dirigentes burocráticos sentem-se desconfortáveis em eventos

populares e a população percebe facilmente seu desconforto ;

47

3. Dimensão econômica se sobrepõe à dimensão social: como o

dirigente burocrático vive em função da capacidade de trabalho

da máquina administrativa, a sobrevivência econômica e a

capacidade de investimento da burocracia está sempre em

primeiro plano. Se há pouco recurso, corta-se a folha de

pagamento ou investimentos sociais, mas não se afeta o

funcionamento e a rotina da burocracia pública. Este princípio

vem sempre justificado com argumentos "realistas", onde uma

possível crise impele o dirigente a fazer cortes sociais.

Uma visão de conjunto dessas três características básicas revela que

uma gestão burocrática é caracterizada pela centralização das decisões. O

governante burocrata seria aquele que acredita que a ação do governo central

educa, ou até mesmo cria, a sociedade civil. A racionalidade e a precisão

técnica estariam acima da cultura e experiências cotidianas dos cidadãos. Os

dirigentes e técnicos envolvidos com este modelo acreditam que os interesses

individuais, egoístas, minam ações mais justas e solidárias e aumentam a

demanda social em demasia, chegando a arriscar a saúde financeira do

governo. Inverte-se, assim, a noção moderna do Estado como instrumento de

promoção dos interesses da sociedade civil.

Mas existe, ainda, um segundo estilo de gestão, muito empregado no

Brasil: o tradicional. O estilo tradicional de governar é marcado pelo costume e

pela fidelidade. Se no estilo burocrático o que conta é a competência técnica e

a impessoalidade, no estilo tradicional o que conta é a relação afetiva, muito

próxima, e a intuição.

A gestão tradicional pauta-se pelas seguintes características:

1. Práticas políticas marcadas pela fidelidade e troca de favor:

o dirigente tradicional mantém seu poder através da sua

capacidade de atender interesses individuais. Ouve muito,

48

portanto. Conversa constantemente com todos, ouve as

lamentações e diz que fará tudo para ajudar. E se esforça,

realmente. Na medida em que consegue uma solução para

um problema específico, cria uma relação de dependência

ou favor, administrada com muita habilidade. Por este

motivo, o dirigente tradicional evita atender demandas

coletivas. Prefere atender às pessoas individualmente,

criando um laço de dependência e cumplicidade. Aparece

como um patrono, um protetor, alguém íntimo e que se

comove com o sofrimento do outro. O seu poder alimenta-se

dessa cumplicidade. Por este motivo, seu discurso valoriza a

fidelidade e amizade ;

2. Ausência de planejamento global de ações (gestão por

intuição): como o dirigente tradicional é muito intuitivo, ele

não administra através de planos gerais ou planejamento de

ações. Se fizesse isso, seria fiscalizado e controlado. Mas o

dirigente tradicional necessita manter a política de favores

pessoais para aparecer como protetor. Assim, a intuição e os

favores personalizados, que nascem de seu próprio

discernimento e boa vontade, devem ser preservados. Este

dirigente, portanto, rejeita discursos técnicos (porque são

muito frios e lógicos) e regras muito fixas. Administra pela

intuição e habilidade políticas. Seus assessores sentem na

pele este estilo de governar. Nunca sabem onde estão

pisando e para onde estão caminhando;

3. Propostas sociais marcadas pelo assistencialismo: ao

contrário do dirigente burocrático, o gestor tradicional procura

preservar sua relação de provedor com a população que o

49

elege. Assim, ele procura criar o maior número de ações

assistencialistas, que mantém a dependência da

comunidade à sua boa vontade. Negam, portanto, qualquer

possibilidade de autonomia territorial, porque acabaria com a

necessidade de seus favores. O dirigente tradicional não

acredita, nunca, que a população de um determinado bairro

encontra-se madura para decidir sobre os rumos de sua

vida.

Como o modelo burocrático de gestão, este também possui a marca

da centralização administrativa. Entretanto, no caso da gestão tradicional, as

relações afetivas acabam mascarando o verticalismo administrativo. As

consultas individuais, as conversas de pé de ouvido, a cumplicidade que o

governante de tipo tradicional estabelece com seus governados acaba

deixando a impressão que a população orienta alguém que o destino colocou

no poder, mas que é igual (nas dúvidas e na simplicidade) aos governados. O

governante de tipo tradicional estabelece um discurso da intimidade que

desarticula a confiança comunitária, diminuindo o capital social de uma

localidade. Na prática, aumenta o grau de dependência política.

Finalmente, registremos o estilo participativo de governar. Ele procura

superar as duas práticas de gestão indicadas acima. Nos fóruns de discussão

de reforma do aparelho de Estado e em alguns estudos recentes sobre o tema,

alguns indicadores do que seria participação em gestão pública vão se

firmando. Destacamos, a seguir, algumas de suas características:

1. Estruturas Colegiadas de Gestão: a gestão participativa

supera o centralismo das decisões. Na prática, desmonta os

modelos personalizados e "imperiais" de gestão. Como

exemplo, podemos citar a superação do controle de um

posto de saúde por um diretor, sendo substituído por um

conselho paritário (técnicos e usuários do posto de saúde)

50

que passa a dirigi-lo. O objetivo, neste caso, é articular

formas de democracia direta (os próprios governados

decidem sobre as políticas), com formas representativas

(eleição de representantes que fazem a mediação entre o

Estado e a sociedade civil);

2. Lideranças Populares com capacidade de formulação: para

as formas colegiadas de governo funcionarem é necessário

construir um novo perfil de liderança popular. Nos anos 80,

em nosso país, as lideranças contestavam e tinha grande

poder de mobilização. No século XXI este perfil não basta. É

preciso agregar capacidade de formulação de políticas

públicas, gestão e fiscalização de sua implementação. Para

ampliarmos o poder político e os espaços públicos,

necessitamos de lideranças da sociedade civil que consigam

se pensar gestores públicos e não meros mensageiros de

demandas;

3. Gestão por Projetos: nos modelos de gestão participativa,

não se governa por área ou serviço, mas por projetos,

elaborados em conjunto com a população que demanda

políticas públicas. Neste caso, os projetos acabam por

integrar setores ou secretarias. Impelem, portanto,

mudanças na formação dos técnicos e funcionários públicos.

De especialistas, passam a ser polivalentes, articulando

várias áreas na construção de projetos integrados de

atendimento de demandas locais;

4. Descentralização Territorial: finalmente, as gestões

participativas exigem uma profunda descentralização. Como

já afirmamos anteriormente, descentralização significa

51

delegar a execução e parte do planejamento de ações para

instâncias inferiores da gestão pública. Não basta delegar a

execução de tarefas, mas também o processo de decisão de

formulação de estratégias.

Este é o desafio daqueles que procuram formular a reforma

democrática da gestão pública: superar os modelos de gestão burocrática e

tradicional, enraizados em nossa cultura política.

Elaborar uma gestão participativa em nosso país é

uma tarefa complexa.

52

CONCLUSÃO

A evolução histórica do Estado Moderno gerou uma estrutura

complexa, foram estabelecidos diversos mecanismos de controle tanto para

fins de cobrança de impostos como de verificação da boa aplicação dos

recursos públicos.

Hoje se tem o Poder Legislativo que atua com auxílio do Tribunal de

Contas e das Comissões Mistas de Fiscalização e Controle e constitui o

chamado Controle Externo; os Sistemas de Controle Interno de cada Poder;

além do Ministério Público e Poder Judiciário.

Apesar disso, a sociedade em geral não tem considerado suficiente a

atuação governamental e resolveu intervir de várias formas:

• Através de organizações não-governamentais, que

se criam com os mais diversos objetivos de natureza social;

• Participando na elaboração do orçamento através

do denominado orçamento participativo;

• Colaborando com o Poder Legislativo na

apresentação de emendas à Lei Orçamentária;

• Colaborando com o controle da execução

orçamentária nas audiências públicas;

• Organizando-se em Conselhos Comunitários, hoje

em funcionamento em praticamente todos os municípios, nas

áreas da saúde, educação e criança e adolescente.

No entanto, para que todos estes instrumentos, tanto os institucionais

como os populares, possam funcionar adequadamente, as informações hoje

utilizadas, restritas apenas aos aspectos financeiros da gestão pública, são

insuficientes, há que se encontrar uma forma de apresentar à população,

indicadores de como a ação governamental interfere na vida das pessoas, pois

o que interessa em última análise é o bem estar dos indivíduos e famílias. Em

outras palavras, é essencial que se introduza, ao lado dos números

financeiros, indicadores sociais que meçam a qualidade de vida da população.

53

Haveria, também, uma mudança no enfoque da cobrança da

população perante os administradores: não mais seria questionado apenas se

foi aplicado o percentual mínimo da receita em educação, saúde, assistência

social etc., mas, sim, se os resultados previstos, em termos de indicadores

sociais, foram alcançados. Quando se fosse analisar o déficit público, se

examinaria o aspecto das insuficiências de caixa e o do déficit social. A análise

dos dois enfoques seria conjugada. O governante seria julgado não apenas

pelo que gastou ou deixou de gastar, mas também pelo que contribuiu ou não

para melhorar a vida das pessoas, que, em última análise, é a missão do setor

público. Como diz o Deputado César Busatto (2001, p. 125), “um governo só

faz sentido se for para melhorar a vida das pessoas”.

O novo mantra da administração moderna exige mais do que

criatividade, ousadia, coragem e orientação para o resultado. Ou seja, uma

organização inteligente é aquela que protege seu capital intelectual e tem

preocupação constante com a ética.

Para que isto seja implantado há necessidade que se reduza os níveis

hierárquicos para permitir que as pessoas trabalhem juntas. E em um sentido

mais amplo, facilitar a comunicação entre todos ao pares. O ambiente deve

ser cristalino, funcionando como uma espécie de blindagem contra a

manipulação.

A oxigenação gerada por esta filosofia abraçará a governança pública

corporativa e a lançará como um fator de sucesso na satisfação do usuário.

Ética e transparência deve incorporar à rotina pública e ao jargão do mundo da

prestação dos serviços públicos, para garantir a vitória da honestidade sobre

as artimanhas. A disciplina liderará este processo transformador.

O homem é meio e fim de sua própria transformação. Portanto, é dele

a responsabilidade de ser o condutor das mudanças. As empresas públicas

compartimentadas possuem a facilidade de arejar e dinamizar o fluxo de

informação, além de dar nitidez às decisões. Este formato de gestão faz com

que o poder decisório deixe de estar nas mãos de poucas pessoas e expõe o

modo pelo qual a transparência ganha robustez num ambiente oxigenado pela

54

participação coletiva. Dessa forma, otimiza-se a motivação e a produção para

num segundo momento gerar valor.

Esta ferramenta de gestão deve alterar de forma significativa o cenário

corporativo, enquanto as transformações organizacionais tentam acompanhar

a velocidade imposta pela globalização. Esses novos padrões de

comportamento transformam o futuro num campo de incertezas e a condição

volátil desse momento impõe desafios renovados a cada dia. E esta

caminhada está condenada ao fracasso se não estiver ancorada em valores

como responsabilidade ética, social e econômica.

Trata-se de um momento em que a administração pública participativa

funciona como um antídoto contra as nuvens de suspeita, as quais ainda

ameaçam o cenário brasileiro.

Não resta dúvida de que o aprimoramento nos instrumentos de

planejamento da aplicação dos recursos públicos, de prestação de contas, de

superação da gestão burocrática/tradicional enraizada em nossa cultura e a

compreensão da necessidade de mudança dos gestores e parlamentares

quanto à responsabilidade ética, social e econômica contribuirá para a

construção de uma sociedade melhor, menos desigual e mais justa para todos.

O Brasil para ser considerado um Estado Democrático de Direito deve

possibilitar a legitimação democrática do poder do Estado por meio da

participação popular no processo político, na gestão pública, nas decisões do

Governo e no controle da Administração Pública. Sem a participação popular,

característica essencial do Estado de Direito Democrático, não podemos falar

em Estado Democrático de Direito.

55

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65

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO.........................................................................................2

AGRADECIMENTOS .....................................................................................3

DEDICATÓRIA................................................................................................4

RESUMO ...........................................................................................................5

METODOLOGIA .............................................................................................6

SUMÁRIO .........................................................................................................7

INTRODUÇÃO.................................................................................................8

CAPÍTULO I – EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................12

CAPÍTULO II – A BASE LEGAL ................................................................28

CAPÍTILO III – EXEMPLO DE EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS .......32

CAPÍTULO IV – O PORQUÊ E QUANDO ADOTAR ..............................35

CAPÍTULO V - IMPEDIMENTOS ..............................................................42

CAPÍTULO VI – GESTÃO BUROCRAT./TRAD. X PARTICIPATIVA 46

CONCLUSÃO .................................................................................................52

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA................................................................55

BIBLIOGRAFIA CITADA ............................................................................63

INDICE ............................................................................................................65

FOLHA DE AVALIAÇÃO

66

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