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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS A GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL Por: Vânia Mendonça Barbosa Orientador Prof. Mary Sue Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE RECURSOS

HUMANOS

A GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL

Por: Vânia Mendonça Barbosa

Orientador

Prof. Mary Sue

Rio de Janeiro

2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE RECURSOS

HUMANOS

A GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como condição prévia para

a conclusão do curso de pós-graduação em

Gestão de Recursos Humanos.

Por: Vânia Mendonça Barbosa.

Rio de Janeiro

2005

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RESUMO

O problema a ser investigado por este estudo é a situação de desmotivação, falta

de qualidade de vida e falta de integração e companheirismo entre os colegas no

ambiente de trabalho, gerando interferências no clima organizacional da empresa.

Dessa forma, a questão que norteia o estudo é: Quais elementos podem de

alguma forma influenciar o clima organizacional de uma empresa e como

solucionar esse problema? O objetivo geral do estudo é estabelecer ações que

possam refletir positivamente no comportamento dos empregados, elevando

qualitativamente o desempenho funcional, trazendo resultados crescentes para os

objetivos da empresa. A busca de qualidade e produtividade, fundamental para a

competitividade das empresas, exige novas posturas de gerenciamento, como a

troca de hierarquia pela parceria, que deve começar na relação de trabalho e se

estender aos fornecedores e clientes.

Palavras-chave: administração, recursos humanos, clima organizacional.

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METODOLOGIA

O estudo, que será tratado de forma explicativa, no sentido de trazer à

tona o entendimento do tema em questão, será coletado através de pesquisa

bibliográfica em livros, revistas e artigos da Internet, que trazem informações

atuais sobre clima organizacional.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I – A ORGANIZAÇÃO E SUA CULTURA

CAPÍTULO II – O CLIMA ORGANIZACIONAL

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE RECURSOS

HUMANOS

Tema: A Gestão do Clima Organizacional

Por: Vânia Mendonça Barbosa

Data de Entrega: _____ / _____ / _____

Avaliado por: ________________.

Grau: _____ .

Rio de Janeiro, _____ de __________ de 2005

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 5

CAPÍTULO I – A ORGANIZAÇÃO E SUA CULTURA ........................................... 9

1.1 – A evolução do homem e das organizações ........................................ 10

1.2 – A administração de recursos humanos ............................................... 12

1.3 – A cultura organizacional ...................................................................... 14

CAPÍTULO II – O CLIMA ORGANIZACIONAL .................................................... 24

2.1 – O conflito organizacional ..................................................................... 25

2.2 – Administração do clima organizacional ............................................... 31

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 38

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 40

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INTRODUÇÃO

Este estudo pretende investigar o tema “Clima Organizacional”.

O problema a ser investigado por este estudo é a situação de

desmotivação, falta de qualidade de vida e falta de integração e companheirismo

entre os colegas no ambiente de trabalho, gerando interferências no clima

organizacional da empresa. É fundamental que a empresa zele pelo bem-estar de

seus funcionários, proporcionando um bom ambiente de trabalho para que eles

possam exercer suas funções sem serem atingidos por pressões externas de

qualquer espécie.

Falar de injustiça social remete ao automático pensamento de que é o

Governo o único responsável pela solução desta constante. Entretanto, tal

pensamento errôneo, esbarra na falta de consciência de que a Justiça Social

deve num primeiro momento ser perseguida dentro da própria empresa para, só

então, consagrar-se em cobrança aos dirigentes políticos.

Hoje, a idéia de que trabalhador está tão-somente para excelentes

remunerações não encontra mais tamanha força, representando num conjunto

multifacetado de outras contrapartidas que justifiquem esta relação.

Reformular conceitos para se adequar às constantes e frenéticas

mudanças do mundo – a evolução da sociedade -, é senão o único caminho para

uma evolução pessoal.

Aceitar mudanças como muito bem é exemplificado ao tratar do tema da

análise do clima organizacional é deixar de lado um estado de inércia profunda,

típica dos idos tempos dos ditadores, para abraçar uma causa maior, acima de

qualquer tipo de demonstração de poder. É este o esperado cenário de uma

democracia plena.

Nasce um novo conceito para Administração de Recursos Humanos neste

sentido, não mais se resumindo á obtenção de bons resultados ou lucratividade

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invejável, ou sequer conduz ao status do ranking empresarial entre as cem ou dez

empresas de melhor destaque no mundo empresarial. Trata-se de abrir a mente

para, através desta renovação, de que meros empregados, estáticos em seus

postos e com função única de gerar resultados, Ganham destaque, elevando-se à

condição de colaboradores, e este sim deve ser o maior objetivo que a empresa

deve perseguir.

Dessa forma, a questão que norteia o estudo é: Quais elementos podem

de alguma forma influenciar o clima organizacional de uma empresa e como

solucionar esse problema?

A análise de clima organizacional tem papel relevante na esfera da

administração de Recursos Humanos, na medida em que pode-se estabelecer

níveis motivacionais que atuam sobre o comportamento do quadro funcional,

onde tudo quanto puder ser detectado recebe valoração e direção para, sob uma

nova tendência, influenciar direta e positivamente no conseqüente

desenvolvimento de desempenho e resultados de seu corpo de pessoal. Nesse

sentido, justifica-se a escolha do tema.

O objetivo geral do estudo é estabelecer ações que possam refletir

positivamente no comportamento dos empregados, elevando qualitativamente o

desempenho funcional, trazendo resultados crescentes para os objetivos da

empresa

Os objetivos específicos são:

- identificar os níveis de insatisfação no comportamento dos empregados

em relação ao seu próprio papel dentro da empresa

- analisar os objetivos atualmente ofertados pela empresa, confrontando

com o desempenho que vem sendo alcançado.

- detectar possíveis distorções de tratamento que possam influir

negativamente no comportamento dos empregados.

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- estabelecer projetos de conscientização entre os dirigentes, sobre a

necessidade de implantar ações capazes de reverter níveis de insatisfação com

base em coleta de dados demonstrativas da carência comportamental

Através do estudo do clima organizacional e da solução para os

problemas advindos dessa situação, acredita-se que pode ocorrer

- melhoria no atendimento e conseqüente elevação da produtividade dos

empregados, dado o aumento de comprometimento

- aumento da Qualidade de vida e conseqüente elevação dos níveis de

auto estima, reduzindo por seu turno os níveis de insatisfação

- redução do turn over

- adequação dos benefícios oferecidos de maneira ineficaz, reduzindo

custos envolvidos

- identificar e corrigir dentro do estudo quais categorias funcionais estão

mais insatisfeitas com a Organização

- elevação do nível de confiabilidade entre a alta administração e os

empregados, estimulando a clima de parceria

- estabelecimento de um canal direto de comunicação entre a

administração e os empregados

O estudo está limitado a investigar, teoricamente, o clima organizacional,

sua conceituação, seus fundamentos e sua administração, analisar a

administração de empresas nos dias atuais, indicando estratégias para construir

hoje a empresa de amanhã, a relação existente entre as emoções humanas e o

sucesso das organizações, além da correlação entre sucesso emocional e

organizacional. E, por fim, enfocar a gestão do clima organizacional.

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O estudo, que será tratado de forma explicativa, no sentido de trazer à

tona o entendimento do tema em questão, será coletado através de pesquisa

bibliográfica em livros, revistas e artigos da Internet, que trazem informações

atuais sobre clima organizacional.

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CAPÍTULO I

A ORGANIZAÇÃO E SUA CULTURA

A ORGANIZAÇÃO E SUA CULTURA

Este capítulo tem o objetivo de falar sobre a cultura organizacional e

Gestão do Clima Organizacional, abordando resumidamente todas as etapas

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desse processo, e relacionando-o com a história da humanidade e os aspectos

que envolvem as relações inter-pessoais no ambiente de trabalho, visando a

melhoria do clima das organizações.

Por um lado, os consumidores pressionam as organizações pela melhoria

da qualidade dos produtos e serviços. Do outro, os trabalhadores buscam cada

vez mais a melhoria da qualidade de vida no trabalho, impondo às organizações

mais dedicação ao diagnóstico da sua dimensão social. Dessa forma, torna-se

cada vez mais relevante o estudo da qualidade do clima organizacional, por sua

influência sobre a produtividade, a competitividade empresarial, e a conseqüente

qualidade de vida no trabalho.

1.1 A evolução do homem e das organizações

Em sua evolução histórica, o ser humano cedo se deu conta de que

mesmo trabalhos simples como caçar poderiam ser realizados mais eficazmente

se a caça fosse coletiva, com alguns indivíduos espantando os animais, outros

conduzindo-os para armadilhas e outros tanto matando-os. Da mesma forma, na

pesca, alguns homens colocavam barreiras na água, de modo a levar os peixes a

uma só direção, enquanto outros os abatiam com claves de madeira. De outra

forma, não haveria como pescá-los.

Desde os tempos primórdios da nossa espécie, ainda na idade da pedra,

houve uma divisão de trabalho, ainda mais quando as atividades foram tornando-

se especializadas, exigindo coordenação para concretizar a colaboração mútua.

Dessa maneira, originaram-se as associações de caçadores, que buscavam,

coletivamente, atender às necessidades do grupo de conseguir alimentos para

sua sobrevivência. Isso caracterizou o início da organização, cuja finalidade era o

atendimento a um tipo de necessidade coletiva, caracterizando uma

microssociedade quando se tornou perene e com estrutura bem definida.

Através da evolução da espécie, aumentou a sede de conhecimento e também o contingente populacional das tribos, fazendo com que as necessidades básicas de sobrevivência derivassem outras atividades complementares, para que se

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pudesse obter, por exemplo, um melhor padrão de vida em termos de habitações mais confortáveis e vestimentas mais sofisticadas (MALINOWSKI, 1944 apud MINICUCCI, 2001, p.118).

A exigência por melhores condições de vida fez com que surgisse uma

grande quantidade de organizações, como pode ser visto nos dias atuais. Tais

organizações possuem características próprias, que dependem da necessidade à

qual se objetiva suprir e do tipo de sociedade na qual essas características foram

desenvolvidas. Dessa forma, uma indústria possui características muito diferentes

de uma seita religiosa, e um partido político de um país socialista é

completamente diferente do de um capitalista.

Assim, uma organização pode ser conceituada como:

“Uma unidade social artificialmente criada e estruturada; continuadamente

alterada para se manter no tempo; e com a função de atingir metas específicas

que satisfaçam necessidades de seus participantes e da sociedade” (PARSONS;

ETZIONI, 1967 apud MINICUCCI, 2001, p. 7).

A organização tem sentido diferente do atribuído a uma família, por

exemplo, pois ela é uma unidade natural na qual todos os membros colaboram

entre si, movidos pelo sentido de afetividade e laços consagüíneos. Já numa

organização, é necessário que alguém a planeje, organize e opere, dirigindo o

trabalho de seus membros, ou seja, administrando, para que tudo corra bem. A

necessidade de gerenciamento já era sentida nas primeiras organizações

públicas criadas pelos monarcas do antigo Egito, China, Mesopotâmia, e até na

América dos Incas. O principal objetivo dessa administração era o de construir e

manter funcionando os canais nas margens cultiváveis dos grandes rios para

depois, arrecadar tributos dos trabalhadores em espécie, geralmente na forma de

grãos do excedente agrícola não consumido na alimentação. Tragtenber (1974

apud MINICUCCI, 2001, p. 25) informa que “para gerenciá-las foram, então,

nomeados funcionários letrados, os antecedentes dos administradores atuais”.

1.2 A administração de recursos humanos

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Na atualidade, a administração de recursos humanos desempenha um

importante papel na manutenção da cultura organizacional, não havendo nenhum

setor ou departamento isolado que se compare em importância e destaque.

O departamento de recursos humanos de uma empresa é considerado um

verdadeiro guardião da cultura, e exerce funções estratégicas, visando promover a

aceitação, consolidação, manutenção e mudança culturais.

Muitas pesquisas direcionadas para os administradores de empresas têm

sido publicadas, visando a análise da influência do setor, aconselhar o

aperfeiçoamento na utilização do sistema simbólico, planejar ações e tarefas

críticas para alinhamento ou realinhamento individual com os objetivos e metas

propostos pela organização, dentre outras funções.

As tarefas atribuídas a esse setor ganham renovada importância quando

observadas em consoância com a análise cultural. Tarefas corriqueiras recebem

uma nova dimensão e se adquirem um caráter especial, pois se tornam veículo

das manifestações culturais.

Segundo a análise cultural, a Administração dos Recursos Humanos é o

canal que materializa a consistência inteira da cultura, através de:

• seleção de perfis que se enquadrem nos valores que orientarão o

recrutamento e a seleção;

• elaboração de programas de treinamento e de desenvolvimento que

resgatem a história da organização, incluindo depoimentos de heróis e filmes que

fazem o primeiro trabalho de inculação socializante;

• programação de sistemas de recompensas e status, buscando premiar

os funcionários por sua competência, lealdade e comprometimento com os valores

esposados;

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• planejamento de carreiras e critérios para avaliação, no intuito de

reforçar a filosofia, as crenças e os mitos existentes;

• redirecionamento de funcionários que estejam fora do padrão de

qualidade almejado pela empresa, esclarecendo e aconselhando quanto às

normas de comportamento vigentes;

• realização de solenidades para celebrar heróis e destacar o

reconhecimento do comportamento exemplar;

• distribuição de histórias que demonstrem os valores e as prioridades

defendidas pela empresa; e

• a definição e interpretação de mensagens adequadas através da

“imprensa interna.

Inserido nesse novo conceito, a Administração de Recursos Humanos

obteve renomada importância para manejar os valores da empresa, de maneira

que o bom desempenho de suas funções é indispensável para a preservação da

cultura dominante.

Atualmente, observa-se uma crise continuada nos valores relacionados

ao trabalho. Na maioria dos casos, isso é parcialmente causado pela divergência

entre o discurso e a prática gerencial, que nem sempre produz resultados

satisfatórios para as partes envolvidas. Assim, a cultura organizacional tornou-se

o diferencial competitivo com capacidade para integrar, envolver e comprometer a

força de trabalho com os objetivos da organização e promover indicadores de

desempenho mais competitivos.

1.3 A cultura organizacional

O universo do trabalho tem sido muito pesquisa, mas não há relatos de

que tenha sido realmente explicado e compreendido pela população ativa que

dele faz parte. Medidas de desempenho, metas de segurança, produtividade, são

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definições práticas, simples de serem assimilados, mas que possuem a

capacidade de indicar o todo dos relacionamentos estabelecidos dentro de uma

organização. Os ambientes de trabalho, que se tornaram cada vez mais

complexos e instáveis devido à alta competitividade que o capitalismo exige, tem

provocado nas empresas um a necessidade de constante renovação e

reformulação no conteúdo e na forma de lidar com seus empregados e com suas

estratégias de ação. No exemplo de empresas manufatureiras, os funcionários

que atuam na linha de produção passam a receber atenção especial, pois sua

interação com os objetivos estratégicos da empresa contribui bastante com o

desenvolvimento da competitividade da mesma, mas isso implica mudanças No

gerenciamento organizacional.

Dentro desse contexto, a observação da cultura organizacional é o

diferencial. A cultura de uma empresa mantém todos os seus colaboradores

unidos na busca por um objetivo comum. Independentemente da estrutura

organizacional, todos trabalham para o bem daquela organização, desde que os

seus valores sejam compatíveis com os dos indivíduos.

Já foi descoberto que existem sistemas imaginários que fazem interagir

as relações humanas dentro das organizações. Há um espaço na relação humana

que é ocupado pelo imaginário e o controle racional não tem controle sobre o

imaginário. Assim, as impressões se tornam, muitas vezes determinantes na

forma de comportamento dos indivíduos.

Segundo Kovács e Castillo (1998), os valores organizacionais estão

intimamente ligados à competitividade numa economia global e a ela influenciam.

Os autores defendem que deve ser prioridade para uma empresa o zelo pela

qualidade, diversificação, inovação, desburocratização, desmantelamento do

Estado-Providência. Nesse sentido, os recursos humanos devem ser vistos como

meios da melhoria da competitividade, sendo cada vez mais necessário

aprofundar o entendimento das mutações no universo organizacional além das

aparências.

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Acredita-se que a cultura organizacional possa ser favorável para a

aquisição de um melhor resultado nos índices de desempenho das empresas e os

recursos humanos de uma empresa possuem uma função determinante nessa

contribuição.

Segundo Coltro (2002), obter conhecimento através do pensamento e do raciocínio lógico constituem

características humanas que podem auxiliar potencialmente no desenvolvimento da empresa. Ao longo dos tempos, a

evolução humana foi estudada e interpretada como a história da natureza e da sociedade, buscando a compreensão e o

domínio sobre a mesma, para melhor entender e subjulgar as sociedades. Não é possível estudar o homem em separado

de sua própria história.

Falar de organização implica pensar sobre uma contradição: toda empresa é abstrata, mas é constituída de

pessoas concretas, tem a ambição de perpetuar-se através das gerações, mas é constituída por pessoas efêmeras;

denomina-se jurídica, mas é composta por pessoas físicas; é de todos que com ela convivem e não pertence a ninguém, a

não ser ao seu patrono; promete proteção aos seus funcionários que a ela se submetem, mas ao mesmo tempo é frágil e

depende dos colaboradores que a sustentam; é visionária, antevê o futuro para garantir a própria sobrevivência e a

sobrevivência dos seus empregados e funciona cegamente no presente, por causa do princípio da imparcialidade, do

impessoal; exige dos seus funcionários criatividade constante de pensamento e atitude, mas essa criatividade deve ser

submetida aos pressupostos eleitos e conservados como “adequados”; pratica o culto da entrega e fidelidade em seus

membros gerando a cultura da permanência e pertinência rapidamente promove desenlaces em nome da renovação.

Enfim, tenta aparentar ser “divina”, no sentido de se mostrar perfeita e prepotente, recrutando, admitindo, organizando e

gerenciando mortais, pessoas humanas (SCHIRATO, 1999).

A administração é uma prática antiga, mas o estudo de sua estrutura e de tudo que a envolve é relativamente

novo. A administração é fundamental para direcionar os esforços. A conceituação mais adequada para definir a

administração de uma empresa é a de que as atividades são gerenciadas para obter uma efetiva e eficaz aquisição,

alocação e utilização dos recursos humanos e físicos, almjando atingir certa meta dentro da organização.

A administração estabelece uma maneira de refletir sobre a relação existente entre o homem e a organização

para a qual trabalha, a partir de sua contradição. As organizações são constituídas por homens concretos, históricos,

cotidianos, para se tornarem inumanas, transcendentes, perfeitas e absolutas, mesmo que o que realmente se intenciona

nunca apareçam nos estatutos das organizações (SCHIRATO, 1999).

Na teoria empresarial, versa-se muito sobre a qualidade, redução de

desperdícios, produtividade, comprometimento e motivação na organização, mas

a prática não acompanha as palavras pregadas e, muitas das vezes, as desfaz.

As diferenças, contradições e paradoxos que se localizam no ambiente de

trabalho tornam muito difícil desvendar um sentido positivo para o trabalho e para

as relações sociais de produção. Por isso, os empregados mais intelectualizados

consideram piegas o discurso gerencial. Segundo Ferreira et al. (In PIMENTA,

1999, p. 117), “constitui o maior desafio às novas funções da gestão de recursos

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humanos resgatar os valores nobres associados ao desempenho de atividades

produtivas”.

Mas a definição de administração empresarial envolve muito mais do que a premissa colocada acima, tal

conceito é determinado como um todo dentro de uma evolução histórica. Para entender essa evolução que resulta na

dinâmica do processo de mudança e crescimento, é necessário construir uma estrutura cultural. A administração de

recursos humanos não é uma atividade fechada, os administradores que operam as organizações, tomam decisões com

base nos valores culturais institucionalizados.

Os homens necessitam de um pai ou de uma organização potente, caso sejam incapazes de perceber a

fragilidade diante da possibilidade da morte que escondem sob a máscara da vida, eles não são capazes de fazer com que

palavras e instituições novas e inéditas se tornem palavras plenas e dismistificadoras.

Assim, a cultura tem o seu espaço no universo humano, pois ela constitui um patrimônio da humanidade,

traços humanamente transmitidos que envolvem termos como a economia, o social e a política. Pode-se resumir a cultura

em formas de comportamento associados à raça humana.

O estudo da cultura organizacional é muito complexo, mas envolve, principalmente, a economia, ao social e as

idéias políticas de uma sociedade que influenciam as formas de administrar a organização. O comportamento humano é

resultado das forças culturais e políticas do passado e do presente, da disciplina do gerenciamento. Da mesma forma, o

comportamento humano é resultado da economia e do social. O pensamento administrativo empresarial não consegue se

desenvolver no vácuo cultural, a organização tem sua função afetada pela existência do contexto cultural em que está

inserido.

O lado subjetivo da cultura organizacional é algo real, que permeia as relações inter-pessoais das

organizações, uma das maneiras de tentar compreender o que aparenta ser irracional é relacionar tal fenômeno com a

“cultura, pois esta consegue explicar coisas que parecem misteriosas, bobas e irracionais” (SCHEIN, 1986, p.21).

No ambiente de alta competitividade que ocorre nos dias atuais, o

departamento de recursos humanos teve de ampliar seus horizontes e sua área

de atuação, de modo a contribuir para a administração da produção e com suas

estratégias empresariais fundamentadas em negócios. Nesse cenário de

administração estratégica de negócios, os valores empresariais que baseiam a

formulação de estratégias passaram a orientar o relacionamento entre as diversas

equipes que compõem uma organização, e a definição de cultura organizacional

passou a ser incorporada aos instrumentos utilizados para o gerenciamento de

pessoas. Com isso, obteve-se a criação de uma cultura de gerenciamento e um

ambiente organizacional envolventes, por meio de uma percepção da

necessidade de se priorizar os recursos humanos na busca pela eficácia na

empresa.

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A cultura de uma empresa pode ser identificada através de vários

elementos: valores, crenças e pressupostos, ritos, rituais e cerimônias, histórias e

mitos, tabus, heróis, metodologias, regras e processo de comunicação. Levando

em conta todos esses elementos da cultura organizacional, seus parâmetros e

seus objetivos foram organizados de acordo com os valores que a organização

adotou, e o departamento de recursos humanos foi o maior responsável por sua

disseminação no corpo organizacional.

A administração da cultura organizacional, inserida no contexto de

dimensão competitiva da estratégia de recursos humanos, é de fundamental

importância para a tomada de decisões estratégias na gestão da produção. Não

há um limite definido. As estratégias podem se complementar ou se sobrepor

umas às outras. O enfoque dado pela análise pode se voltar para o indivíduo,

deslocar-se para o grupo, e através do raciocínio sistêmico, pode examinar a

organização como um todo.

Para desvendar quais são os valores básicos de uma organização, é

preciso observar as práticas organizacionais, ou seja, descobrir como a equipe de

recursos humanos criou e desenvolveu a organização e procurar entender como

foram criadas e recriadas formas próprias de lidar com os problemas de

adaptação externa e a integração interna.

Atualmente, o capitalismo selvagem leva as empresas a passarem por um

momento de acirrada competição e, para sobreviverem no mercado, muitas

empresas têm optado por passar por processos de fusão, aquisição, privatização,

automação, terceirização, downsizing, programas de Demissão Voluntária,

drástica redução de seus quadros de pessoal. Com tantas mudanças

acontecendo à volta, o que se pode esperar do estado de ânimo das pessoas que

trabalham? A resposta é simples: insegurança, desconfiança, ansiedade, perda

de lealdade, apreensão, insatisfação. É muito mais comum no presente do que no

passado, encontrar pessoas reclamando das empresas onde trabalham.

Além da constante adoção das estratégias corporativas

supramencionadas, ainda se vê na rotina das organizações, as conseqüências da

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velocidade das mudanças, da globalização, dos avanços tecnológicos, da

velocidade e multiplicidade das informações, do excessivo número de e-mails, do

aumento do poder dos clientes externos, assim como dos modelos administrativos

que diminuem o nível de qualidade de vida no trabalho. Empresas muito enxutas,

ávidas pelo aumento de produtividade, acabam pressionando seus funcionários a

realizar tarefas extremamente compelidas pela exigüidade de tempo. Muitos

administradores que lidam diretamente com os recursos humanos da empresa

gerenciam seus funcionários através da gestão pelo medo, o assédio moral

também conhecido como psicologia do terror. Os funcionários sentem que, se não

alcançarem, continuamente, os resultados almejados e estipulados pela empresa,

serão sumariamente demitidos. Assim, acaba não sobrando tempo para a vida

pessoal, familiar e social. Conseqüentemente, os funcionários vivem

emocionalmente pressionados.

A cada dia, vem a tona um acontecimento relevante no contexto social,

econômico, político e cultural, que muda o modo de ver o mundo das pessoas,

trazendo influências positivas ou negativas para os seus valores e,

conseqüentemente, interferindo em suas atitudes em relação ao trabalho. Nesse

contexto, fica fácil perceber porque tantos trabalhadores estão insatisfeitos com

as empresas onde trabalham. Pode-se compreender com certa facilidade porque

tantas pessoas apresentam rendimentos tão baixos; porque muitas empresas

convivem com elevados índices de desperdício, alta rotatividade, enorme

absenteísmo, greves, inúmeras reclamatórias trabalhistas, tantos rumores e

conflitos, tantas idas de funcionários aos consultórios médicos, que acabam

atendente aos pacientes como uma espécie de confessionário, onde, mais do que

examinados, eles precisam ser ouvidos. Situações como essa são evidências

claras de que o clima vai mal nessas organizações.

Infelizmente, é muito grande a capacidade que as empresas têm de

prejudicar seus colaboradores, agindo em sentido contrário ao que deferiam

realmente fazer para gerar satisfação, prazer e felicidade para os que trabalham

numa empresa, que deve estar atenta a isso. É fundamental, para a sobrevivência

de uma organização, pesquisar continuamente o nível de satisfação de seus

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funcionários, sendo devidamente informadas do que pensam e como se sentem

seus colaboradores, em relação aos diversos assuntos que afetam a qualidade do

ambiente de trabalho. É preciso ter ciência de quais são as condições, pessoal,

familiar, social e econômica, em que vivem seus empregados fora do ambiente de

trabalho. Só agindo dessa forma, é possível compreender melhor o clima

organizacional e nele intervir buscando o seu aprimoramento contínuo.

Nesse cenário de turbulência, administrar o clima tornou-se uma

estratégia de defesa para as organizações, principalmente para aquelas que

buscam o comprometimento com a gestão pela qualidade. Afinal, como se pode

atingir a qualidade dos produtos ou serviços, não havendo qualidade na vida

pessoal e profissional de quem os faz, ou seja, se não houver qualidade no clima

organizacional?

Os administradores precisam se conscientizar da importância dos

recursos humanos e do clima de suas organizações para que entendem que só

alcança a excelência nos negócios a empresa que estende excelência à

qualidade de vida de seus funcionários. É urgente a necessidade de melhorar a

qualidade de vida no trabalho, tornando a empresa um lugar melhor para se

trabalhar.

Dessa forma, é possível tirar do trabalho o estigma de ser uma simples

fonte de financiamento de sobrevivência para se tornar uma fonte de

desenvolvimento humano, onde as pessoas não procurem mais do que condições

econômicas para a sua sobrevivência. Elas precisam, na verdade, de um

ambiente onde possam encontrar afeto, satisfação, sucesso e realização

profissional, estando tudo isso ancorado em um clima organizacional propício ao

alcance dos objetivos da organização e de seus colaboradores.

Segundo dados da revista Exame (2002), uma instituição ligada à

Universidade de São Paulo, a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,

Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), comprovou que investir em pessoas também

faz bem para os negócios e que as organizações com melhor ambiente de

trabalho são mais lucrativas. Foi estabelecida uma comparação sobre a

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rentabilidade do patrimônio líquido das 100 Melhores Empresas Para se Trabalhar

com as 500 do anuário Melhores e Maiores, da Exame. Em 2002, a rentabilidade

das 100 Melhores Para se Trabalhar foi de 6,2 % contra 3,2% das 500 Maiores

empresas; em 2000, de 0,4 contra menos 2,7; em 1999, de 8,4 contra 4,2; em

1998, 6,2% contra 4,8%. A única exceção aconteceu no ano de 2001, quando as

100 Melhores tiveram uma rentabilidade de 6,8% contra 7,3% das 500 Maiores.

No mesmo ano de 2002, foi encomendada à consultoria Hay Group uma

pesquisa pela revista MELHOR – Vida & Trabalho. A consultoria entrevistou 35

presidentes de empresas de grande porte de segmentos econômicos variados,

sobre o papel da área de recursos humanos. 82% consideraram que a função

recursos humanos exerce alto impacto na estratégia de seus negócios. Foi

solicitado aos presidentes que indicassem três aspectos em que a função de RH

agrega mais valor aos negócios. A resposta mais constante foi: Ajudando na

melhoria contínua do clima de trabalho, com foco em resultados e que propicie

inovação. Como se vê, gerenciar o clima organizacional constitui um papel

estratégico para a área de recursos humanos e para os resultados dos negócios.

(ABRH, 2002).

Existe um ponto em comum entre as “Melhores Empresas para se

Trabalhar” e as vencedoras do “Prêmio Nacional de Qualidade”: administração de

pessoas como diferencial competitivo. O clima organizacional é fator crítico de

sucesso. Perceber o sentimento coletivo dos recursos humanos da empresa, com

o objetivo de planejar ações que ampliem os aspectos positivos e solucionem os

pontos críticos, só pode resultar em melhoria do ambiente, influenciando, de

forma positiva, a economia da empresa.

A revista Valor CARREIRA (2003) divulgou uma pesquisa realizada pela

empresa de consultoria Hay do Brasil. Segundo essa pesquisa, as empresas

consideradas as melhores em gestão de pessoas são as que possuem maior

rentabilidade. A pesquisa, realizada em 2002, verificou que oitocentas e trinta e

seis empresas, das mil empresas classificadas na edição da Revista Valor 1000,

tiveram um prejuízo de 2,6% sobre o patrimônio líquido, enquanto que das

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quarenta empresas eleitas entre as melhores em gestão de pessoas, trinta e

quatro tiveram lucro equivalente a 9% do patrimônio líquido.

Através desses estudos divulgados pelas revistas citadas, verifica-se que

gerenciar o clima organizacional é uma grande estratégia para a área de recursos

humanos, indispensável ao sucesso dos negócios e à qualidade de vida das

pessoas que trabalham.

Segundo uma pesquisa feira pela Fundação Dom Cabral, que é uma

entidade que constantemente realiza estudos sobre gestão de negócios – 66%

dos executivos brasileiros estão insatisfeitos com o próprio trabalho. Outros 17%

se dizem indiferentes, o que significa que, ao todo 83% dos profissionais não têm

satisfação no dia-a-dia. Embora o problema apontado seja grave, poucas

empresas têm o costume de ouvir seus empregados. Segundo uma outra

pesquisa feita pela Associação Brasileira de Recursos Humanos, na qual foram

consultadas duzentas e sessenta e nove empresas, localizadas em dezesseis

estados brasileiros, apenas 29,5% delas realizam, regularmente, pesquisas de

clima. (ABRH, 1999).

Identificando os motivos que prejudicam o clima organizacional da

empresa, levando os empregados a terem um comportamento negativo em

relação ao seu trabalho ou à organização, é possível adotar ações corretivas que

atuem sobre as referidas causas. Mas a identificação deve ser baseada em dados

concretos, coletados através das pesquisas de clima organizacional, que

atualmente, são uma ferramenta gerencial de relevância para a gestão dos

recursos humanos.

Desde 1997, a Revista Exame vem editando anualmente uma edição

especial chamada “Guia Exame - As 100 Melhores Empresas Para Você

Trabalhar”. O mais evidente, em seus comentários, é que as empresas

consideradas pelos seus empregados como as melhores para se trabalhar

possuem todas a qualidade da gestão de recursos humanos. São empresas que

ouvem seus empregados. Outra prova da importância que o tema Clima

Organizacional, vem merecendo, recentemente, é que ele foi incorporado como

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um dos componentes dos “critérios de excelência” do Prêmio Nacional da

Qualidade, concedido anualmente pela Fundação Nacional Para o Prêmio da

Qualidade, às empresas que se destacam em função da qualidade de seus

produtos e serviços e da satisfação de seus clientes internos e externos.

Assim, o clima organizacional – que será estudado no próximo capítulo –

pode ser considerado o reflexo do estado de ânimo ou do grau de satisfação dos

funcionários de uma empresa, num dado momento, ou ainda, a atmosfera

psicológica que envolve, num dado momento, a relação entre a empresa e seus

funcionários.

CAPÍTULO II

O CLIMA ORGANIZACIONAL

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O CLIMA ORGANIZACIONAL

No cenário atual, o clima organizacional passou a ser um elemento

inevitável para o sucesso de qualquer organização. Os principais fatores que

dificultam o bom relacionamento interno na empresa, gerando um clima

organizacional negativo são o predomínio de interesses pessoais sobre os

objetivos organizacionais, e, realocação de pessoal e espaço físico. Os conflitos

internos numa empresa não têm nenhuma utilidade, porque sempre acarretam

prejuízo nas atividades dos órgãos da empresa. A metodologia que pode ser

empregada para a solução dos conflitos é vista, por muitos setores da empresa,

com total indiferente, restando somente a força de autoridade para a supressão

dos mesmos.

Neste capítulo, serão apresentadas as diferentes visões de conflito

organizacional, distinguir conflitos funcionais e disfuncionais, descrever as fontes

de conflito, identificar conflitos intrapessoais e conflitos interpessoais e propor

formas efetivas de administração dos mesmos.

2.1 O conflito organizacional

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O conflito pode ser definido como a oposição que surge quando existe um

desacordo dentro ou entre indivíduos, equipas, departamentos ou organizações.

O conflito é algo constantemente presente em qualquer tipo de interação

humana. Ele aparece quando é preciso resolver um impasse que engloba

posições extremas. Em sua ocorrência, geralmente uma das partes procura impor

sua vontade, enquanto a outra parte concede uma saída deixando de lado seus

direitos e interesses.

Segundo Wisinski (1999, p. 71), “entre os extremos, há uma diversidade

de atitudes e condutas intermediárias para caracterizar a relação das partes

definidas por competição e cooperação”. O ideal é que a empresa vá em busca

de soluções criativas para transformá-la num ambiente de confiança e amizade.

Algo que não se pode contestar nas relações humanas é que, por tentarem ser

independentes, as pessoas acabam se tornando unilateralmente dependentes.

Nesta realidade, normalmente são empregadas táticas que diminuam o grau de

dependência. O conflito possui, naturalmente, uma interdependência, e a

maneira mais inteligente de se obter a solução é através do processo de

negociação Este quadro de negociação depende não somente da natureza do

conflito como também da percepção que se tem deste conflito.

A organização tem sido estudada e analisada sobre o fator humano pelo

peso de suas ações de conflito que anteriormente era encarado como algo

disfuncional.

A alta competitividade, que já foi citada no capítulo anterior, tem

provocado irremediavelmente conflitos, de natureza coletiva, individual e

interoganizacional, envolvendo diversos níveis organizacionais para solução dos

conflitos. O binômio conflito-negociação tem sido bem aceito pela comunidade

acadêmica como o novo paradigma da “ciência da administração”

Desde a infância, o ser humano é confrontado com situações de conflito.

No início, essas situações não têm muita importância e exercem grande influência

sobre a sua vida, mas conforme o ser humano se desenvolve, seu poder de

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persuasão, argumentação e discussão aumenta, o universo ao seu redor fica

maior, repleto de possibilidades, e novas pessoas passam a fazer parte de seu

convívio, principalmente no ambiente de trabalho, local propício para o surgimento

de conflitos.

Apesar de todos terem conhecimento do que significa o termo conflito,

nem por isso ele se tornou menos complexo. As pessoas sensatas acreditam que

o conflito é sempre desagradável e não contribui para o melhoramento da

organização.

Um fator que sempre contribui para o surgimento do conflito dentro de

uma organização é o interesse pessoal dos seus membros. Na maioria das vezes,

manifestando-se através da competição e relaciona-se a um objetivo, filosofias ou

métodos, e por disputas com o objetivo de atingir o domínio sobre os outros.

Nas palavras de Wisinski (1999, p. 30),

o clima organizacional pode ser definido como uma divergência entre dois ou mais membros ou grupos da organização, provocada pelo fato de terem necessidade de dividir recursos escassos ou atividades de trabalho e/ou pelo fato de terem posição, objetivos, valores ou percepções em desacordo, procurando fazer com que a própria causa ou ponto de vista prevaleça sobre a dos outros.

O mais indicado é que as pessoas procurem evitar o conflito, mas ele é

um forte indicador de que está ocorrendo uma disfunção no grupo ou na

organização. A teoria das Relações Humanas advoga que o conflito é natural,

uma realidade inevitável e perfeitamente natural e aceitável em qualquer grupo ou

organização. E mais: muitos autores acreditam que o conflito nem sempre é

negativo, pois ele pode transfigurar-se em uma força positiva para o aumento da

produtividade. Alguns autores que acreditam na visão mais interacionista,

advogam que o conflito não é somente positivo, mas também absolutamente

necessário para a eficácia do grupo ou organização.

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A competição se manifesta quando os objetivos das pessoas que estão

envolvidas são incompatíveis, mas não podem interferir umas com as outras. A

competição pode levar ao conflito organizacional e vice-versa. A competitividade

pode ser produtiva, mas a mesma afirmação em relação ao conflito é ainda

duvidosa.

A competição é o oposto da cooperação e é um elemento primário para o

surgimento do conflito, mas ele também pode coexistir com a cooperação, pois

mesmo tendo divergências, duas pessoas podem trabalhar juntas para atingir

objetivos mútuos. Analisando esses aspectos, é possível perceber o quanto o

conflito é assunto complexo e polêmico.

Os primeiros administradores e autores da administração que versaram

sobre o conflito acreditavam que ele era absolutamente desnecessário e

prejudicial, pois achavam que o aparecimento do conflito numa organização era

sinal que algo estava errado. Wisinski (1999) assinala que o conflito só aparece

se os administradores não aplicarem em seus recursos humanos os bons

princípios administrativos na direção da organização ou se não for possível

transmitir aos empregados os interesses comuns que estabelecem uma aliança

entre a administração e os empregados.

Este modo de ver sofreu alterações quando investigadores das ciências

do comportamento e autores da administração identificaram algumas causas do

conflito, que surgiam independentemente dos erros da administração e quando as

vantagens do conflito bem administrado começaram a ser reconhecidas.

Segundo a visão atual do clima organizacional, ele é inevitávell

independentemente de como as empresas são projetadas e de como funcionam.

Esta visão demonstra ainda que parte do clima organizacional é disfuncional, por

poder prejudicar as pessoas e impedir que a organização atinja os seus objetivos.

Mas o clima organizacional também pode se mostrar funcional porque pode

instigar as pessoas a tentar resolver o problema juntas, de maneira diplomática,

discutindo e argumentando o que for necessário logo que o conflito for

identificado.

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Com a entrada do século XXI e mudanças nos paradigmas

organizacionais, o clima organizacional passou a ser observado sob uma

perspectiva interacionista, sendo considerado como um fator positivo da dinâmica

do grupo, necessário para o bom desempenho e para a prossecução dos

objetivos grupais e organizacionais.

Ao falar de clima organizacional podemos perspectivá-lo a um nível

interpessoal resultante do processo de comparação social.

Toni Bush (apud WISINSKI, 1999) acredita que o clima organizacional é

um elemento que proporciona melhorias na saúde organizacional, alegando que o

clima organizacional é positivo no grupo e indispensável ao seu efetivo

desempenho, desde que não se ultrapassem determinados limites. Dentro desses

limites, o clima organizacional pode contribuir para a melhoria da qualidade da

decisão porque incentiva a criatividade e inovação. Esta perspectiva nos leva a

pensar sobre a importância da gestão dos conflitos organizacionais.

Já é aceito pela comunidade científica que o clima organizacional é fonte

de criatividade e inovação, mas os administradores ainda toleram mal o clima

organizacional e raramente o encorajam. Em organizações com fins lucrativos o

clima organizacional é associado à baixa qualidade, enquanto que em

organizações sem fins lucrativos os administradores associam-no à alta

qualidade. Se formos generalizar esses resultados, pode-se prever que nas

instituições profissionais estatais o conflito seja melhor aceito e que os seus

gestores busquem administrá-lo adequadamente.

Uma organização empresarial, embora possua uma hierarquia que deve

ser respeitada, onde cada pessoa tem o seu estatuto, há espaço para o clima

organizacional, que deve ser contornado da melhor forma possível. O fato de uma

organização geralmente ter um poder centralizado e burocratizado, não

corresponde à expectativa de proporcionar respostas capazes de enfrentar as

necessidades dos seus autores, pois a burocracia dificulta o funcionamento ideal

da organização e gera o clima organizacional.

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Hoje em dia, não é possível melhorar a produtividade de uma empresa

sem investir em mais autonomia e responsabilidade dos recursos humanos.

Segundo Follett (1997), o uso de métodos educativos é o instrumento que poderá,

se bem utilizado, alargar as margens dessa autonomia, servindo também como

um meio de afirmação da cultura da organização, corrigindo assimetrias e

desigualdades. Será, assim, o instrumento de democratização do pluralismo

cultural indispensável para a identificação e união numa causa comum, passo

essencial para se obter a coordenação, cooperação e motivação, dos diversos

elementos colaborativos e demais interessados na empresa.

No entanto, essa possibilidade só será viável, se houver uma maior

autonomia do pessoal da empresa, correspondente a uma maior ligação à

comunidade e uma participação mais efetiva de todos os funcionários, não só na

gestão, mas em todas as vertentes da empresa. Será uma empresa de mudança,

de aposta na inovação e na criatividade, capaz de definir os seus rumos e

diversificar as suas opções, que poderá de vez limitar o conflito organizacional,

entre gerentes e funcionários, entre a empresa e o meio e principalmente entre a

empresa e os clientes, obtendo assim altos níveis de eficácia e excelência, que é

o que todos desejamos.

No modelo administrativo vigente, as empresas implementaram novas

metodologias administrativas, conseguiram de forma decisiva obter altos níveis de

eficácia e excelência. Essa eficácia, ao ver de Follett (1997), deve-se

principalmente à desburocratização interna, ao abandono dos modelos racionais

de gestão, abertura ao meio, autoridade colegial, capacidade de enfrentar a

instabilidade e a complexidade, desenvolvendo formas de atuação flexíveis e

diversificadas.

Elementos como conflitos, discussões e pontos de vista diferentes, fazem

parte do ambiente de trabalho, independentemente da função exercida. A

capacidade de administrar divergências de maneira eficaz é um fator decisivo

para o sucesso pessoal e profissional.

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O clima organizacional é resultado de processos dinâmicos que estão

mudando constantemente dentro de uma estrutura. Se não for obtido o devido

cuidado, esses processos geram conflitos dentro da organização. Segundo

Wisinski (1994), são fontes causadoras de clima organizacional: mudança; metas

e objetivos conflitantes; recursos limitados; efeito dominó.

Todos os funcionários de uma empresa possuem uma personalidade

diferente, mas têm em comum premissas, tendências e características que podem

enquadrá-los em características comportamentais gerais. Com base nessa teoria,

os comportamentos que facilitam o surgimento do conflito organizacional são:

agressivo, não afirmativo, passivo-agressivo e afirmativo.

Segundo Weil (2001 apud CHIAVENATO, 1997, p. 200):

Todos os relacionamentos estão propensos a algum tipo

de conflito. Este fato é normal, natural e, algumas vezes, até

mesmo necessário para o crescimento e desenvolvimento

contínuos. Entretanto, saber resolver conflitos é fundamental para

quem pensa em gerenciar grupos de trabalho.

A seguir, serão feitas considerações a respeito da administração do clima

organizacional, que podem ser aplicadas com sucesso no meio empresarial,

assim como na vida pessoal de cada um.

2.2 Administração do Clima Organizacional

Como já foi visto, os conflitos são inevitáveis nas relações de trabalho,

mas precisam ser analisados e administrados de maneira adequada. Para facilitar

o entendimento sobre esse tema, serão propostas formas efetivas de administrar

clima organizacional.

Chiavenato (1997, p. 342) afirma o seguinte:

Investe-se muita energia improdutiva nas organizações, exatamente no momento em que as pessoas deveriam

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concentrar esforços no entendimento das mudanças de cenários e no atendimento de demandas dos clientes cada dia mais exigentes.

Os especialistas em administração ressaltam com freqüência

organizações os perigos da postura de diminuir custos e não investir em talentos

na área de recursos humanos da empresa. Eles salientam a necessidade de

tomar ações dinâmicas e a importância de se considerar as características

particulares de cada produto ou serviço prestado ao cliente. O desafio continua

sendo construir hoje a empresa de amanhã e, para isto, a solução apresentada é

avaliar as necessidades dos clientes e estar em constante contato com eles,

ouvindo suas críticas e sabendo tratá-las. A mesma metodologia pode ser

empregada com o cliente interno da empresa, ou seja, o seu funcionário, para que

ele desempenhe cada vez melhor a sua função, não trabalhando apenas “para” a

empresa e sim “com” a empresa.

Chiavenato (1997, p. 342) afirma que “todo sistema vivo começa

pequeno”. O ser humano, depois de gerado, se transforma em embrião para

depois se desenvolver. Da mesma forma, árvores gigantescas crescem de uma

pequena semente. Isso também acontece nas organizações. Grandes

transformações da cultura são resultado da iniciativa de pequenos grupos de

pessoas, de uma ou algumas equipes de trabalho que defendem uma idéia ou

um ideal, compartilham preocupações genuínas em relação a determinados

problemas e com persistência determinam, superam barreiras, resistências e

obstáculos.

A mudança nas empresas é decorrente também da ação de pessoas que

exercem funções que lhes atribuem autoridade para inovar, transformar. Líderes

carismáticos ou líderes autoritários tem o costume de propor e implementar

mudanças mesmo contando com reduzido apoio daqueles que operam os

sistemas ou conduzem processos. Em curto prazo, essas mudanças podem

resultar em aumento de lucratividade, aumento significativo de produtividade,

elevando, inclusive, o moral das equipes, uma vez que “as coisas começam a

melhorar”.

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Todas as transformações vão depender da postura do líder, da sua

energia para criar entusiasmo, fomentar a iniciativa, reconhecer e premiar

resultados. Quando a potência da liderança diminui, os problemas tomam grandes

proporções, as pessoas começam a perder energia. Se surgem obstáculos, a

disposição para a mudança desaparecerá.

Pode-se identificar uma organização disposta a aprender de acordo com

o seu grau de abertura para se tratar problemas e a disposição para ajustar os

conflitos de frente, por meio do diálogo franco e sincero, pilar fundamental para se

estabelecer comprometimento através da participação e da iniciativa. Esta é,

segundo Chiavenato (1997, p. 439), “a forma mais efetiva de lidar com mudanças,

estilo capaz de tornar auto-sustentável o processo de crescimento e de

perenização das organizações, que não decorre apenas da força de um líder”.

Para o autor, grandes transformações só não perecem ao tempo se forem

motivadas pela força de pequenos grupos, cuja motivação é conseqüência da

vontade de aprender e da possibilidade de aprender com o outro, de compartilhar

o que se aprende, de aprender com os erros e com os acertos.

Quando algo não vai bem na empresa, muitas pessoas defendem a

necessidades de mudanças na organização, mas deve-se lembrar que estas não

se fazem em clima de tranqüilidade e aceitação incondicional. Se há ameaças ou

temores de perdas, inevitavelmente haverá resistências. É parte integrante da

natureza humana defender-se dos perigos concretos ou imaginários.

As causas das resistências são diversas e podem conduzir ao fracasso as

iniciativas de mudança. Uma oposição velada pode influenciar o desperdício de

boas idéias, inviabilizar a implementação de importantes projetos.

Dentre estas questões, Chiavenato (1997, p. 440) destaca:

Dar enfoque a questões de pouca relevância; exagerar a

importância de algumas informações; fatos recentes recebem

peso excessivo; tomar decisões com base em informações

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equivocadas; concentrar-se exclusivamente no ponto de vista

pessoal sem abrir-se a outras idéias e a outras linguagens,

desconsiderando-se fatores relevantes.

Muito tempo e energia são desperdiçados quando direcionados para

questões não relevantes ou quando se exagera a importância de algumas

informações. Da mesma forma, constantemente se observa nos grupos a

presença de pessoas que desconsideram, ou mesmo desconhecem, o passado e

a história da organização e atribuem peso excessivo aos fatos recentes. Esta

postura pode levar a uma tendência de queixa ou reclamação persistentes,

atitudes que desgastam as relações e desviam a energia que poderia, se bem

aproveitada, se transformar em resultados.

Não é bom ter numa equipe um membro ansioso, pois pessoas assim não

costumam se aprofundar nas questões, apenas analisam-nas ou apóiam-se em

informações equivocadas. Decisões advindas destas posturas podem resultar em

insatisfação geral.

E ainda há o perigo de impor um ponto de vista particular, negar-se a

escutar o argumento do outro, quando uma pessoa é presunçosa ao ponto de

considerar a sua opinião sempre melhor do que a dos outros.

No momento, para ser considerado um bom profissional são exigidas

várias habilidades, competências e conhecimentos, o que gera uma busca

incansável de cursos de extensão, especialização e idiomas. Quando a

oportunidade surge, a organização tem se apresentado insegura com relação ao

conhecimento de suas reais necessidades, o que dificulta a sua escolha com

relação ao profissional e ou serviço que lhe é apresentado.

Um sistema baseado na competência proporciona coerência

organizacional, ele vincula a competência individual aos indicadores de

desempenho e estes às metas organizacionais. Com as pessoas certas nas

funções certas, a organização está preparada para cumprir sua meta.

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“O grande desafio dos Recursos Humanos é olhar as pessoas como seres

humanos e não como recursos organizacionais” (CHIAVENATO, 1997, p. 414).

Embora geralmente abordados de uma forma reducionista e estreita como

recursos humanos e sujeitas a uma incrível variedade de barreiras

organizacionais e obstáculos regulamentares, as pessoas constituem os únicos

recursos vivos e inteligentes dentro da organização. Pena que sejam tão mal-

aproveitados e extremamente delimitados em seu comportamento. O desperdício

de talentos constitui hoje a maior perda dentro das organizações.

É óbvio que o mercado de trabalho está longe de uma situação ideal, na

qual todos façamos somente aquilo que nos dê prazer e motivação. Mas, é certo

que isso é uma tendência e que mais cedo ou mais tarde terá que acontecer até

mesmo para a “saúde das empresas”. O empenho do Recursos Humanos nesta

área é essencial para uma seleção adequada, reciclagem dos casos, avaliação

contínua para verificar possíveis falhas ou possibilitar o desenvolvimento

profissional do indivíduo. Sabe-se que apenas o "tempo de casa” não é motivo

para promover um funcionário, mas esquecê-lo em determinada atividade pode

ser muito pior que demiti-lo, já que não demonstra interesse por agregar valor e

contribuir para o desenvolvimento da empresa. Hoje acreditamos que mais do que

dar aquilo que o cliente espera é necessário encantá-lo, superando suas

expectativas. Isso só se torna possível com funcionários motivados e que

acreditam naquilo que estão realizando e sabem porque o estão fazendo,

proporcionando-lhes prazer profissional que se estende a todos os campos da

vida do indivíduo.

Atualmente, as empresas desenvolvem sistemas de gestão "evoluídos"

sobre o ponto de vista organizacional. Porém, todos os modelos de gestão

impulsionam o homem para um mundo cada vez mais material e consumista.

Estamos colhendo o fruto de um sistema capitalista "monopolista" e

"inconseqüente", pois nossos cidadãos "mãos-de-obra" estão no extremo da

neurose, vivem estressados e alienados. Assim é que vivem nos grandes centros

urbanos, aliados à luta pela sobrevivência.

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Nossos avanços tecnológicos proporcionam produtividade e maximização dos resultados junto às empresas, Estados e Governos. Temos capacidade para lavrar a terra de maneira a erradicar permanentemente a fome, temos capacidade produtiva para gerar trabalho e tirar "povos" da miséria. Temos capacidade didático-pedagógica e tecnológica para gerar informação "online" e "instantânea" nos quatro cantos do mundo que, conseqüentemente, diminui a ignorância. Por que não distribuir melhor a renda, se a gritante diferença do poder econômico gera os inconformados e os "bandidos" do amanhã? (RODRIGUES, 2001, p. 23)

Estamos desafiando as forças "superiores" e não vamos conseguir mudar o

nosso destino. O que está escrito na sagrada história do Homem e da

Humanidade não será mudado a nosso bel prazer e vontade. Estamos vivendo

uma vida de passagem, num mundo expiatório, submisso à lei de ação e reação.

Outrossim, como podemos ser felizes, como podemos ser honestos com nossa

própria consciência ou com nossos filhos, se fazemos e desenhamos modelos de

gestão capazes de transformar o homem num ser inimigo de si mesmo? O que

me leva a questionar: - Isto não seria canibalismo social ou inversão de valores?

Perdemos a capacidade de refletir sobre as coisas e, especialmente, sobre

nós mesmos. Apesar de toda a tecnologia, as perguntas continuam as mesmas:

"Quem somos?", "De onde viemos?", "Para onde vamos?".

O que estamos fazendo em nossas organizações, para verdadeiramente

desenvolver as pessoas, no conceito ético e moral? Quanto tempo e esforços

nossos "novos" modelos destinam aos programas de treinamento e

desenvolvimento de pessoas? Ensinamos a técnica de respiração, relaxamento,

vivências de autoconsciência, espiritualidade, por exemplo? Quando passaremos

a cultivar a caridade como item de avaliação? Por que não podemos desenvolver

"sábios" e "conselheiros" em nossos ambientes organizacionais? Não quero ter

um discurso conservador, pelo contrário. Amadeu e Camargo (1991) acreditam

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que devemos ter a consciência de sermos cidadãos do Universo e que vivemos

numa aldeia Global.

Assim, nossos Recursos Humanos têm para com o próprio Homem, o

dever de proporcionar um sensível aumento de energia vital, liberação de stress e

ansiedade, intensa sensação de bem-estar, relacionamentos mais saudáveis e

mais alegria no dia-a-dia corporativo.

O profissional de RH, também precisa aprender a proporcionar esse crescimento em outras pessoas. Nosso compromisso existencial é o de criar um ambiente seguro e receptivo, onde as transformações possam acontecer e iluminar outras pessoas, inclusive, ajudando o crescimento destas. (AMADEU e CAMARGO, 2001, p. 36)

Os autores aconselham os administradores os leitores a revitalizar o

ambiente de sua empresa, através do espiritualismo e utilizar as ferramentas que

a Sabedoria Divina coloca em nosso mundo, seja por ideologia ou pensamento.

Isto promoverá um clima organizacional mais humano, proporcionando nas

pessoas um alívio imediato. Através de técnicas vibracionais que agem no corpo,

ocorre o alívio imediato de sintomas como, ansiedade, nervosismo, insônia, dores

no corpo, entre outros. Precisamos fazer uma reforma íntima: Precisamos agir

com pró-atividade nos níveis físico, mental e emocional. Precisamos promover o

auto-conhecimento e melhorar os relacionamentos pessoais e profissionais.

A complexidade do mundo marcado pela velocidade da informação exige a

ação de múltiplos agentes, atenção ao ponto de vista do outro e necessita que se

leve em consideração diversas abordagens para resolver determinado problema.

O mais importante de tudo é saber ouvir o outro e saber argumentar, sem se

exaltar.

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CONCLUSÃO

As empresas estão constantemente à procura de resultados positivos, o

que desperta para os futuros administradores a necessidade de alcançar um

equilíbrio entre os objetivos financeiros das organizações e as necessidades

individuais dos colaboradores e das organizações associadas, pois apenas

através da participação e colaboração de todos os recursos humanos de uma

organização é possível chegar a um resultado de sucesso.

A sugestão deixada para os é buscar novos horizontes com o intuito de

aprimorar cada vez mais sua capacidade e criar seu diferencial que será seu

trunfo no mercado de trabalho tão competitivo e desleal.

Após as pesquisas e leituras feitas para a realização deste trabalho,

verificou-se a tamanha importância do clima organizacional favorável diante das

constantes mudanças e evolução do ambiente social e econômico.

Ressalta-se ainda, que não é fácil encontrar numa só pessoa todas as

características necessárias para ser um funcionário ideal, mas é possível

desenvolver algumas delas buscando uma maior aproximação desse “funcionário

ideal”.

A busca de qualidade e produtividade, fundamental para a

competitividade das empresas, exige novas posturas de gerenciamento, como a

troca de hierarquia pela parceria, que deve começar na relação de trabalho e se

estender aos fornecedores e clientes.

O critério básico, a ser adaptado à realidade de cada organização, é

equilibrar o desempenho individual com o desempenho de equipe e da empresa

como um todo. É isto que efetivamente estimula e premia a competitividade.

As metas individuais e grupais devem ser o resultado de um processo de

discussão, negociação e comprometimento, tornando-se o referencial para o

acompanhamento e a aferição. Se prevalece a imposição, com certeza não

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haverá motivação, mas um “teatro”, em que as pessoas fazem de conta que estão

motivadas.

Os critérios de reconhecimento e recompensa devem ser claros,

divulgados e transparentes. Não existe receita de bolo, mas referenciais claros de

que esses critérios, após profunda discussão com todos os envolvidos e levando

em conta o momento de desenvolvimento de cada empresa, darão bases sólidas

e duradouras para motivar de fato a competitividade.

Portanto, administradores, acima de qualquer outro profissional, devem

unir suas habilidades técnicas e conceituais com as suas habilidades

interpessoais, na qual está incluída a habilidade de liderar, para que assim tenha

um ambiente de trabalho positivo e se obtenha uma alto desempenho de seus

funcionários.

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