conforto termico em suinos - alessandro bueno de mendonca

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ESPECIALIZAÇÃO “LATO SENSU” EM HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL CONFORTO TÉRMICO EM SUÍNOS VISANDO MELHORIA NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DO PRODUTO FINAL Alessandro Bueno de Mendonça Campinas 2010

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Artigo sobre conforto térmico em suínos.

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Page 1: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

ESPECIALIZAÇÃO “LATO SENSU” EM HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE

ORIGEM ANIMAL

CONFORTO TÉRMICO EM SUÍNOS VISANDO MELHORIA NA

PRODUÇÃO E QUALIDADE DO PRODUTO FINAL

Alessandro Bueno de Mendonça

Campinas

2010

Page 2: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

1

Alessandro Bueno de Mendonça

Aluno do curso de Especialização “lato sensu” em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem

animal

CONFORTO TÉRMICO EM SUÍNOS VISANDO MELHORIA NA

PRODUÇÃO E QUALIDADE DO PRODUTO FINAL

Campinas

2010

Trabalho monográfico de conclusão do curso

de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Higiene

e Inspeção de Produtos de Origem Animal,

apresentado à UCB, como requisito parcial

para obtenção do título de Especialista em

Higiene e Inspeção de Produtos de Origem

Animal, sob orientação da MS. Carolina

Maroco Corneta.

Page 3: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

2

CONFORTO TÉRMICO EM SUÍNOS VISANDO MELHORIA NA

PRODUÇÃO E QUALIDADE DO PRODUTO FINAL

Elaborado por: Alessandro Bueno de Mendonça e Rebeca Freire de Pontes

Alunos do Curso de Especialização “Lato Sensu” em Higiene e Inspeção de Produtos de

Origem Animal

Foi analisado e aprovado com grau:______________

Campinas, ____ de ______________ de ______

____________________________________

Membro

____________________________________

Membro

________________________________

Ms. Carolina Maroco Corneta

Orientadora

Campinas

2010

Page 4: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

3

AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos àqueles que me proporcionaram a ajuda para conclusão deste

trabalho. Principalmente à Carolina Maroco Corneta, pela dedicação e ajuda na conclusão

deste trabalho.

Aos meus amigos e familiares pelo apoio

Page 5: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

4

RESUMO

O ambiente do sistema de criação intensivo possui influência direta na condição de

conforto e bem-estar animal, promovendo dificuldade na manutenção do balanço térmico no

interior das instalações, na qualidade química do ar e na expressão de seus comportamentos

naturais, afetando o desempenho produtivo e reprodutivo dos suínos. A produção brasileira de

suínos tem crescido muito nos últimos anos, em todas as regiões do país. O rebanho nacional

hoje está estimado em 37,5 milhões de cabeça (SOUZA, 2002). No Brasil, a carne suína

representa apenas 15% do consumo total de carnes, isso mostra o grande potencial que o setor

tem (SOUZA, 2002). As técnicas de criação podem contribuir efetivamente para a conquista

de competitividade no mercado, bem como o controle sanitário e a eficiência de produção dos

animais. A preocupação em fornecer ao animal um ambiente de conforto requer conhecimento

dos fatores ambientais. Este trabalho tem por objetivo mostrar o impacto de algumas variáveis

climáticas sobre o desempenho produtivo e reprodutivo de suínos, bem como noções sobre o

mecanismo termorregulatório destes animais.

Palavras-chave: bem-estar-animal, conforto térmico, suinocultura

ABSTRACT

The environment of intensive production system has a direct influence in the animal

comfort and welfare, causing difficult in the maintenance of thermal balance in the

installations interior, in the air chemical quality and in the expression of natural behavior,

affecting the productive and reproductive performance of the swine. Brazilian swine

production has been growing a lot in the last few years, in all the regions of the country.

Today, the national herd is estimated in 37, 5 millions of heads (SOUZA, 2002). In Brazil, the

swine’s meat represents only 15% of total consumption of types of meat; this shows us the

big potential that this sector has (SOUZA, 2002). The creation techniques can contribute

effectively for competition in the business market, as well the sanitary control and the efficient

animal production. The worry about supplying the animal a comfortable environment

requires knowledge of the environmental factors. This work has the objective of showing the

impact of some climate changes on productive and reproductive performance of the swine, as

well as basic notions on the temperature regulator mechanism of these animals.

Key words: Animal welfare, thermal comfort, swine production

Page 6: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

5

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS………………………………………………………………………...vi

LISTA DE FIGURAS………………………………………………………………………...vii

1.INTRODUÇÃO………………………………………………………………………….......8

2.REVISÃO DE LITERATURA……………………………………………………………..10

2.1 Mecanismo de termorregulação dos suínos.........................................................................10

2.1.1 Termogênese.....................................................................................................................12

2.1.2 Termólise..........................................................................................................................12

2.2 O ambiente térmico.............................................................................................................13

2.2.1 O ambiente térmico na maternidade.................................................................................14

2.2.2 O ambiente térmico na creche..........................................................................................16

2.2.3 O ambiente térmico nas fases de crescimento e terminação............................................16

2.3 Variáveis ambientais e seu(s) efeito(s) nos suínos..............................................................17

2.3.1 Temperatura......................................................................................................................17

2.3.1.1 Interação temperatura e nutrição...................................................................................21

2.3.2 Umidade relativa do ar.....................................................................................................22

2.3.3 Nebulização......................................................................................................................23

2.3.4 Ventilação.........................................................................................................................24

2.4 O microclima e a reprodução dos suínos.............................................................................26

3. CONCLUSÃO.......................................................................................................................29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................30

Page 7: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Temperatura de conforto, temperatura crítica inferior e superior...................................20

Tabela 2 – Condições ambientais ótimas propostas para o interior das edificações........................26

Page 8: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Constituintes de uma maternidade...................................................................................15

Figura 2 – Abrigo escamoteador e posicionamento do sistema de aquecimento (1) e da

microcâmera (2)................................................................................................................................16

Figura 3 – Zona de termoneutralidade dos suínos............................................................................19

Figura 4 – Abertura lateral totalmente aberta...................................................................................25

Figura 5 – Abertura lateral semi-aberta............................................................................................25

Figura 6 – Abertura lateral totalmente fechada.................................................................................25

Page 9: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

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1.INTRODUÇÃO

A suinocultura pela sua capacidade de reprodução e facilidade de criação, é uma das

principais atividades, para fazer frente ao desafio de produzir proteína animal de alta qualidade,

e para atender à crescente necessidade da população mundial. No mundo, 44 % do consumo é

de carne suína; 29 %, carne bovina; 23 %, aves, e 4 %, demais carnes. Em 1998 o consumo

mundial de carne suína atingiu 14,52kg/habitante/ano. No Brasil, a carne bovina representa

52% do consumo total; a carne de frango, 34%, e a suína, apenas 15% (SOUZA, 2002).

Segundo Mendes (2005), o Brasil é o único país da América do Sul entre os dez maiores

produtores de carne suína. Sua posição é crescente, ano após ano, e até o final desta década,

deverá tornar-se membro do seleto grupo dos quatro maiores produtores mundiais.

O aumento da população humana acarreta a necessidade de maiores quantidades de

alimentos para satisfazer suas crescentes demandas alimentícias, particularmente as protéicas.

É por isso que, a partir da década de 1960, as antigas criações extensivas passaram a se

intensificar e ter como característica principal o alojamento de grande número de animais em

espaço reduzido. Essa mudança no sistema de criação tornou possível grande aumento na

produção de alimentos de origem animal para consumo humano. Por outro lado, trouxe

incremento no desconforto dos animais. O suíno é um exemplo de animal cujo conforto vem

sendo prejudicado pela intensificação da produção, caracterizada pela restrição do espaço,

movimentação e interação social (PUTTEN, 1989), o que traz consigo o detrimento de seu

conforto térmico, assim como da sua produtividade. A determinação das exigências de bem-

estar animal em relação à saúde e à economicidade da produção constitui grande desafio para a

simplificação do manejo, redução de custos e aumento da produtividade (ENGLISH &

EDWARDS, 1992).

O desempenho produtivo e reprodutivo dos animais depende do manejo utilizado, que

envolve o sistema de criação escolhido, a nutrição, a sanidade e instalações. As instalações,

maior volume de investimento inicial fixo, são construídas em função dos custos e facilidades

para o produtor, ficando negligenciado o conforto do animal. A instalação zootécnica,

condizente com cada espécie, deve visar o controle de elementos climáticos, como a

temperatura, umidade relativa, ventilação, insolação, além de higiene, alimentação e bem-estar

que possibilitam o conforto térmico, pois segundo a categoria animal, a produção será

favorecida numa determinada condição do ambiente. As variações ambientais podem e devem

ser controladas.

Quando se fala em ambiência, é esperado o entendimento do ambiente no qual o animal

vive. A preocupação em fornecer ao animal um ambiente de conforto requer o conhecimento

Page 10: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

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dos fatores que definem esta adequação ambiental. O efeito de um ambiente climático

adequado ao animal, não representa uma melhora significativa na produção, pois há fatores

como a genética, a nutrição e a sanidade do rebanho a serem considerados. A sinergia desses

fatores permite estudos muito interessantes, pois não se pode isolar facilmente os fatores que

atuam nesse dinamismo. Derrubando-se os limites que possam existir entre as áreas

envolvidas, certamente as respostas serão mais completas e possibilitarão outras descobertas,

tornando muito empreendedor esse conhecimento (SOUZA, 2002).

Page 11: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

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2. Revisão de Literatura

2.1 Mecanismo de termorregulação dos suínos

Os suínos, como animais homeotérmicos, possuem um sistema de controle da

homeostase, que é acionado quando o ambiente externo apresenta situações desfavoráveis

(FERREIRA, 2000). Esta espécie possui o aparelho termorregulador pouco desenvolvido, são

animais sensíveis ao frio quando pequenos e sensíveis ao calor quando adultos, dificultando sua

adaptação aos trópicos (CAVALCANTI, 1973). Quando são submetidos a um ambiente com

temperatura inferior à temperatura corporal, ocorre dissipação do calor de seu corpo para o

ambiente, processo normal quando tomadas como base as leis físicas de transferência de calor,

pelas quais se pode concluir que há tendência ao equilíbrio. Essas situações são percebidas

pelos termorreceptores periféricos (células localizadas na pele) e analisadas por mecanismos

neurais, que tomam a decisão adequada e ativam os agentes específicos (FERREIRA, 2000).

Durante a vida uterina, a temperatura corporal do leitão é bastante alta e constante, em

comparação com a vida extra-uterina. Ao nascer, o leitão está neurologicamente bem

desenvolvido, porém fisiologicamente ainda é considerado imaturo e sua capacidade de

controlar eficientemente a temperatura corporal está pouco desenvolvida, não podendo

compensar imediatamente a intensa perda de calor logo após o parto (SOBESTIANSKY et al.,

1998). A temperatura corporal do recém-nascido cai de 1,7 a 6,7º C (em média 2,2º C), logo

após o parto. O tempo que o leitão leva para alcançar novamente valores fisiológicos normais

de temperatura corporal depende diretamente da temperatura ambiente, de seu peso corporal e

do momento em que começa a mamar. A temperatura ambiente ideal é de 32 a 30°C para

leitões de zero a duas semanas de vida; de 28 a 25°C para leitões de três a quatro semanas; e 18

a 15 °C para leitões com mais de quatro semanas de vida (MENDES, 2005). Porém, a faixa de

conforto térmico pode variar de acordo com a linhagem genética.

O hipotálamo é o órgão responsável pelo controle da produção e dissipação de calor

através de diversos mecanismos como, por exemplo, o fluxo de sangue na pele (mecanismo

vasomotor), ereção de pêlos, modificações na freqüência respiratória e no metabolismo

(MULLER, 1982).

Segundo Ferreira (2000), os hormônios produzidos pela hipófise são agentes químicos

no processo de termorregulação da temperatura. A partir desses agentes, podem ser iniciadas as

respostas fisiológicas e também alteradas as taxas de ocorrência a determinadas reações. Os

hormônios são carreados pelo sangue para todo o corpo, o que facilita a termorregulação.

Resultados de pesquisas nos mostram que é alterada a atividade da tireóide quando os animais

são expostos a temperaturas acima e abaixo das recomendadas, o ambiente quente diminui o

Page 12: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

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metabolismo e as temperaturas frias aumentam, em várias espécies. Alguns estudos com

monogástricos têm mostrado que a motilidade do trato gastrointestinal é reduzida pelo

hipotiroidismo e aumentada pela administração de hormônios da tireóide. Tal fato evidencia

que a mudança na atividade da tireóide, por causa da exposição do animal às diferentes

temperaturas ambientais, pode estar associada à mudança da motilidade intestinal, o que

influencia a taxa de passagem da digesta e resulta em alteração na digestibilidade dos nutrientes

da ração.

De maneira geral, segundo o autor supracitado, existe uma relação inversa entre a

atividade da tireóide e a temperatura ambiente, em várias espécies. Dessa maneira, os

hormônios tireoideanos, entre outros, aumentam a produção de calor pelo metabolismo,

estando envolvidos no processo de adaptação dos suínos ao frio, por elevar a taxa metabólica.

Dentre outros fatores fisiológicos que afetam os suínos em baixas temperaturas, destacam-se o

aumento do estímulo da secreção de tiroxina, e a produção da epinefrina e norepinefrina, os

quais propiciam maior oxidação dos alimentos, com o conseqüente aumento da produção de

energia e incremento do metabolismo celular.

Os centros nervosos dos suínos são extremamente sensíveis a mudanças na temperatura

do sangue que passa através deles, e aos impulsos nervosos que chegam da superfície do corpo

em contato com o ar ou alguns objetos cuja temperatura seja capaz de influenciá-los (LEE &

PHILLIPS, 1948, citados por SOUZA, 2002). Entre os fatores ambientais responsáveis pelo

pior desempenho animal, estão aqueles relacionados com estresse ambiental e o esforço que os

animais fazem para se adaptarem a esta condição (CURTIS, 1983).

Existem sensores de temperatura nos suínos designados como estruturas neurais

específicas para temperatura sensível, na pele, regiões da medula espinhal e em muitas áreas

localizadas no hipotálamo. Nessas regiões são encontrados sensores em alta concentração

comparado com outras partes do corpo. O efeito termoregulatório inclui processos de

comportamento específico nos animais e processos automáticos como produção ou perda de

calor. No caso de perda de calor, podendo ser evaporativas ou não evaporativas (mecanismos

de transferência de calor descritos posteriormente). No caso dos suínos, são animais que sofrem

com o calor, pois, são incapazes de transpirar quando a temperatura do ambiente se aproxima

da temperatura corporal, pois, sob essas condições o calor só pode ser perdido por evaporação

(YOUSEF, 1985). Devido ao fato dos suínos terem glândulas sudoríparas afuncionais, o maior

componente para aumentar a perda de calor ainda é aumentando a taxa respiratória visto que os

suínos são pouco adaptados a condições quentes, (LE DIVIDICH et al., 1998).

Os suínos, submetidos a altas temperaturas, apresentam mudanças de comportamento,

como, por exemplo, deitam-se de lado com o focinho em direção ao vento, para aumentar a

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taxa de troca térmica por convecção através da respiração. Outra mudança de comportamento é

que, normalmente defecam em local mais isolado, porém, ocorrendo o calor excessivo, eles

deitam sobre seus excrementos para fugir dessas condições (MULLER, 1982).

2.1.1 Termogênese

Um dos fatores mais importantes na variação da termogênese (produção de calor ou

termogênese), no suíno é a temperatura ambiente (MENDES, 2005). O suíno por ser

homeotérmico mantém sua temperatura interna dentro dos limites estreitos de variações

significativas de temperatura ambiente (COSSINS & BOWLER, 1987). Esta manutenção da

temperatura corporal mais ou menos constante é permitida pela termorregulação a qual

assegura o equilíbrio dinâmico entre o calor produzido pelo organismo e cedido ao meio

ambiente (perdas de calor ou termólise) (MENDES, 2005).

Segundo Henken et al. (1993), as condições climáticas exercem uma grande influência

na produção de calor pelo animal, a qual é proveniente dos processos metabólicos associados à

manutenção, crescimento e reprodução dos animais. Conforme Holmes & Close (1977), a

produção de calor é expressa em relação à massa metabólica do animal. Mais recentemente,

Sallvik et al. (1995) desenvolveram equações que expressam a produção total de calor para

diferentes fases de criação de suínos, expressadas em relação à ingestão diária de energia

através dos alimentos (W), dissipação total de calor do animal na instalação (W), dissipação de

calor devido a mantença (W), peso do animal (kg) e coeficiente da eficiência do ganho de peso.

Nienaber & Hahn (1988), estimaram a relação entre a produção de calor em suínos com

peso vivo compreendido entre 40 e 90 kg e temperatura ambiente variando entre 5 e 30°C.

Conforme Mount (1979) a produção de calor de suínos em fase de crescimento deve ser

referida também à quantidade de alimento ingerido, sendo afetada pela ingestão de energia na

zona de termoneutralidade.

2.1.2 Termólise

A temperatura ambiental é o fator fundamental na determinação da taxa de perda de

calor pelo suíno. Dentro da zona de termoneutralidade o plano nutricional tem um efeito

importante, pois à medida que a ingestão alimentar aumenta, a produção de calor também

aumenta e conseqüentemente as necessidades de dissipação de calor. Abaixo da zona de

termoneutralidade, a temperatura ambiente é o fator primário, pois à medida que esta diminui,

aumentam as perdas de calor (termólise) (CLOSE et al., 1971).

As perdas de calor, por sua vez, processam-se por duas vias: via sensível e via latente.

Estas perdas podem também ser denominadas: não evaporativas (sensível) ou evaporativas

Page 14: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

13

(latente). Os mecanismos de transferência de calor sensível ocorrem em três processos:

condução, convecção e radiação, que seguem as leis da física. Como o suíno não possui

glândulas sudoríparas funcionais, recorre a dois processos básicos para a liberação de calor

latente: a respiração ou passagem de água através da pele e a evaporação de água proveniente

dos dejetos líquidos ou existente sobre os pavimentos em que se deitam. Para outras espécies,

que não a suína, a sudação (transpiração) também é considerada como um mecanismo de

transferência de calor sensível (MENDES, 2005). Para Ingram (1965), o suíno é uma das

espécies que registram menores perdas de água através da pele, em situações de altas

temperaturas ambientais, motivo pelo qual o ofego torna-se dominante na liberação de calor

nestas condições de temperatura (MENESES, 1985).

Bruce & Clark (1979), encontraram que em condições de termoneutralidade as perdas

por radiação e por convecção são mais importantes. Quando a temperatura sobe acima da

temperatura crítica superior, as perdas de calor latente aumentam com o incremento da

temperatura ambiente, podendo, para valores baixos de temperatura ambiente, tornarem-se

constantes.

As perdas de calor sensível dependem fundamentalmente do gradiente de temperatura

entre a superfície do animal e o ambiente, a medida que estas temperaturas se aproximam por

aumento da temperatura ambiente, o fluxo de calor sensível vai diminuindo. O animal no

intuito de aumentar as suas perdas de calor, para manter sua temperatura corporal constante,

passa a utilizar as vias evaporativas de perda de calor.

2.2 O Ambiente térmico

É importante lembrar que o ambiente térmico envolve a interação de um complexo de

fatores para determinar a magnitude dos processos de troca de calor entre o animal e o

ambiente. O efeito que a temperatura exerce sobre os animais pode ser modificado por umidade

relativa, vento, precipitação, radiação térmica e superfícies de contato. Deste modo, o ideal

seria tentar descrever o impacto do ambiente térmico em termos de temperatura efetiva, que,

teoricamente, expressa o efeito total combinado dos elementos do clima e ambiente (como

temperatura, umidade, radiação e vento) sobre o balanço térmico animal (CURTIS, 1983).

Para cada espécie animal existe uma faixa de temperatura de conforto, conhecida como

zona termoneutra, que é definida como a faixa de temperatura ambiente efetiva, onde a

produção é ótima, sendo limitada inferiormente pela temperatura crítica inferior, onde o animal

necessita aumentar a taxa de produção de calor para manter a homeotermia. Superiormente é

limitada pela temperatura crítica superior, região onde o animal deve perder calor para manter a

temperatura corporal constante (SOUZA, 2002).

Page 15: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

14

O ambiente térmico ótimo para o suíno, ou seja, a zona de conforto térmico dentro da

termoneutralidade, ocorre quando a produção de calor é transferida ao ambiente sem requerer

ajustes dos mecanismos homeotérmicos do próprio animal, (ASHRAE, 1985). O ambiente

térmico afeta as necessidades de ingestão e manutenção alterando a taxa de eficiência de ganho

de peso, bem como performance reprodutiva (SOUZA, 2002). Estudos têm demonstrado que o

desempenho térmico das instalações comumente utilizadas pelos produtores vem apresentando

um quadro de desconforto ambiental, associado a altas temperaturas, altas umidades relativas e

ventilação deficiente. Esse quadro torna-se responsável por uma queda na qualidade do ar,

culminando em um aumento na incidência de doenças do rebanho e conseqüente queda na

produtividade (PERDOMO, 1995).

2.2.1 O ambiente térmico na maternidade

O leitão recém-nascido possui os sistemas de termorregulação e imunitário pouco

desenvolvidos, tornando-se sensível às temperaturas ambientais baixas. Nestas condições o

leitão reduz sua atividade motora e, conseqüentemente, diminui a ingestão de colostro,

acarretando maior incidência de doenças, maior número de leitões esmagados e alta taxa de

refugos na desmama, sendo necessário alguns cuidados especiais. A regra básica é fornecer aos

leitões um ambiente limpo, desinfetado, seco e aquecido (32°C). O que significa investir em

piso adequado e sistemas de aquecimento (PERDOMO et al., 1987).

O efeito das temperaturas baixas sobre o leitão recém-nascido resulta na redução da

ingestão de colostro que determinará uma baixa concentração de anticorpos sangüíneos,

concorrendo para uma maior susceptibilidade do leitão às doenças. Ao nascer, os leitões

sentem-se imediatamente atraídos por uma fonte de calor artificial, e, abaixo de 15,5°C de

temperatura ambiental, passam a praticar o chamado “calor de comunidade”, amontoando-se

numa tentativa de conservar e de evitar as perdas de calor corporal (SOBESTIANSKY et al.,

1998).

Segundo Mendes (2005) na maternidade o controle das condições ambientais é mais

complexo que nas demais instalações. O projeto deve atender a microambientes específicos

para as matrizes e para os leitões, além de protegê-los contra possível esmagamento. Para evitar

o esmagamento, normalmente, são projetadas gaiolas, com proteções e delimitações de áreas

destinadas aos leitões, que possibilitam pouco movimento à fêmea (Figura 1).

Page 16: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

15

Figura 1- Constituintes de uma maternidade (Fonte: MENDES, 2005)

Pandorfi et al. (2005) avaliaram a eficiência dos diferentes sistemas de aquecimento em

abrigos escamoteadores para leitões, adotando-se 4 diferentes sistemas de aquecimento: piso

térmico, lâmpada incandescente, resistência elétrica e lâmpada infravermelho. As variáveis

ambientais (temperatura de bulbo seco, temperatura de globo negro e umidade relativa do ar)

apontaram que o uso de aquecimento para os leitões no período de inverno é indispensável. Em

virtude das baixas temperaturas registradas nessa etapa, os sistemas de aquecimento que se

mostraram mais adequados do ponto de vista térmico, foram lâmpada incandescente e

resistência elétrica. Em outro estudo, Pandorfi et al. (2004) observaram o comportamento de

leitões sob os diferentes sistemas de aquecimento acima citados por meio da análise de

imagem. A avaliação comportamental utilizando a análise de imagem (Figura 2), indicou o piso

térmico como o mais eficiente nas trocas de calor sensível por condução (contato), promovendo

melhor condição de conforto aos animais.

Page 17: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

16

Figura 2 - Abrigo escamoteador e posicionamento do sistema de aquecimento (1) e da microcâmera (2).

(PANDORFI et al., 2005)

2.2.2 O ambiente térmico na creche

Creche é a edificação destinada aos leitões desmamados. Deve-se prever a instalação de

cortinas nas laterais para permitir o manejo adequado da ventilação.

É necessário dispor de um sistema de aquecimento, que pode ser elétrico, a gás ou a

lenha, para manter a temperatura ambiente ideal para os leitões, principalmente nas primeiras

semanas após o desmame. Em regiões frias é recomendado o uso de abafadores sobre as baias,

com o objetivo de criar um microclima confortável (FERREIRA, 2000).

Além do agrupamento correto dos leitões e da adequação de espaço para os animais, é

importante que nesta fase inicial de crescimento, o leitão tenha condições de temperatura e

renovação de ar compatíveis com as suas exigências. Sabe-se que um leitão desmamado

precocemente necessita de um ambiente protegido e que um número excessivo de animais em

pequenas salas causam problemas de concentração de gases nocivos e odores desagradáveis.

Recomenda-se a construção de baias para 4 a 5 leitegadas, respeitando-se a uniformidade dos

leitões nas baias, em salas com um sistema de renovação de ar, preferentemente com ventilação

natural (MENDES, 2005).

2.2.3 O ambiente térmico nas fases de crescimento e terminação

Essa edificação destina-se ao crescimento e terminação dos animais desde a fase que vai

da saída da creche até a comercialização.

Page 18: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

17

As paredes laterais podem ser ripadas, em placas pré-fabricadas em cimento ou outro

material, para facilitar a ventilação natural.

As instalações nesta fase necessitam de pouca proteção contra o frio (exceto correntes

prejudiciais que podem ser controladas por meio de cortinas), e de grande proteção contra o

excessivo calor, razão pela qual devem ser ventiladas, levando em consideração a densidade e o

tamanho dos animais. Nesta fase há uma formação de grande quantidade de calor, gases e

dejeções que poderão prejudicar o ambiente (FIALHO et al., 1997).

Para o sistema de ventilação mecânica pode ser adotada a exaustão ou pressurização

(ventilação negativa ou positiva). O correto dimensionamento do equipamento de ventilação

deve atender à demanda máxima de renovação de ar nos períodos mais quentes. Pode-se

também adotar o sistema de resfriamento evaporativo por nebulização para evitar estresse

térmico em dias quentes (MENDES, 2005).

2.3 Variáveis ambientais e seu(s) efeito(s) nos suínos

Os efeitos de temperatura, umidade relativa, radiação solar e ventilação, atuando direta

ou indiretamente sobre o animal, podem levá-lo a uma situação de estresse climático, com

queda na produtividade. Segundo Sydenstricker (1993), Selye, em 1936, foi o primeiro

pesquisador a descrever algumas das reações envolvidas no estresse. Observou que diversos

agentes nocivos ao organismo, causam dilatação no córtex da adrenal como conseqüência da

“síndrome de estresse”. O suíno estressado apresenta um desequilíbrio hormonal decorrente da

excessiva atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Esses hormônios servem para adaptar

o organismo a ação de estressores. Várias funções fisiológicas e metabólicas são alteradas por

causa deste desequilíbrio hormonal, como é o caso do crescimento, reprodução e produção. A

zona termoneutra varia segundo o estágio de desenvolvimento em que se encontra o animal.

Em condições de manutenção, pouco calor está envolvido no metabolismo, com isto, a

temperatura crítica alta, é mais elevada (SOUZA, 2002).

2.3.1 Temperatura

De acordo com Lee & Phillips (1948), os suínos são os mais sensíveis a altas

temperaturas dentre os animais domésticos. Isso se deve ao seu metabolismo elevado, à capa de

tecido adiposo que possuem, além de seu sistema termorregulatório pouco desenvolvido. Os

suínos não suam, quando sua temperatura retal atinge 44,4°C, eles morrem por hipertermia.

A conversão alimentar e a taxa diária de ganho de peso para suínos em crescimento são

afetadas pela temperatura do ar. Temperaturas entre 15 e 21°C produzem as máximas taxas de

Page 19: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

18

ganho de peso. A conversão alimentar de suínos declina a partir de temperaturas maiores que

15°C (ASHRAE , 1985).

Quando os suínos são mantidos em ambientes com temperaturas maiores ou menores

que 21°C há diminuição no ganho de peso, tanto para altas como para baixas temperaturas,

porém temperaturas altas são mais prejudiciais. Quando os suínos são submetidos a uma

temperatura de 43,2° C todos os suínos perdem peso e poucos são os que sobrevivem (SOUZA,

2005). Segundo Clark (1981), em condições de calor os suínos necessitam minimizar a

resistência à perdas de calor, e se for necessário, podem reduzir sua produção de calor,

diminuindo o consumo de alimentos o que não é tecnicamente desejável.

Como constataram Mangold et al. (1967), condições ambientes inadequadas afetam

negativamente a produção. Com temperatura ambiente muito baixa, abaixo das temperaturas de

conforto, o crescimento dos animais torna-se lento. Ocorre também nessa situação uma piora de

qualidade da carne com o acréscimo de gordura e aumento da espessura de toucinho.

Temperaturas muito altas, por outro lado, também causam redução na performance

produtiva, assim como na qualidade de carcaça de suínos. Em situações de estresse térmico, o

estado imunológico dos suínos fica deprimido, resultando numa menor resistência às infecções.

Doenças gastrintestinais são facilmente transmitidas e pode ser evitado com o simples controle

de temperatura e umidade nos galpões. Também a diarréia suína tem seu aparecimento no

rebanho quando este está sujeito a grandes variações de temperatura e umidade. Vários autores

apresentam o diferencial de temperatura máxima e mínima como um fator negativo para a

produção. Ainda doenças do aparelho respiratório surgem entre o rebanho, quando estes se

encontram em condições fora da região de termoneutralidade (SOUZA, 2002).

Grzegorzak et al. (1985) concluíram que condições térmicas durante o verão tropical

com temperatura do ar acima de 25°C e com intensiva radiação solar, produziu claramente

sintomas de hipertermia em porcas gestantes, durante as primeiras e últimas semanas de

gestação. Características das reações termorregulatórias em porcas submetidas a condições de

estresse térmico foram as seguintes: aumento da temperatura retal e temperatura da pele,

aceleração da freqüência respiratória, diminuição na emissão de calor sensível, aumento da

vasodilatação, diminuição dos tecidos e insolação externa. O mesmo autor constatou que de

todos os métodos utilizados para o resfriamento de porcas durante dias quentes, o mais efetivo

foi molhar os animais com água fria, enquanto apenas os ares provenientes dos ventiladores

não foram suficientes para resfriar o ambiente.

Segundo Fialho et al. (1997), os suínos possuem uma série de mecanismos para manter

a homeotermia. A zona de termoneutralidade é definida como sendo ao limite das condições do

ambiente sob o qual o metabolismo do animal e as perdas de calor por evaporação são

Page 20: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

19

mínimos. Qualquer alteração nesse limite de temperatura causa mudanças no metabolismo e na

produção de calor dos animais. Se a temperatura do ambiente estiver abaixo da zona de

termoneutralidade o metabolismo aumenta com o objetivo de incrementar a produção de calor.

Mas se a temperatura subir acima da zona de termoneutralidade, a perda de calor por

evaporação aumenta, através de mudanças na taxa do sistema respiratório e evaporação da água

na pele. Existe também uma aceleração nas reações químicas devido à alta temperatura

corporal, que responde com o aumento no metabolismo.

A Figura 3 mostra a Zona de Termoneutralidade em suínos. Segundo FERREIRA

(2000) o conceito de conforto térmico tem sido definido como a faixa de temperatura ambiente,

dentro da qual a taxa metabólica está em seu nível mínimo. A zona de conforto térmico pode

ser considerada como a faixa de temperatura ambiente na qual o esforço termorregulatório é

mínimo. Nesta faixa de temperatura não há sensação de frio ou calor, e o desempenho do

animal é otimizado. Abaixo da Temperatura Crítica Inferior (TCI), o animal aciona seus

mecanismos termorregulatórios para incrementar a produção e retenção de calor corporal,

compensando a perda de calor para o ambiente, que se encontra frio. Acima da Temperatura

Crítica Superior (TCS), o animal aciona os seus mecanismos termorregulatórios para

dissipação do calor corporal para o ambiente. Nessa faixa mecanismos como a ofegação, a

vasodilatação periférica e a sudorese entram em ação, auxiliando o processo.

Figura 3 - Zona de termoneutralidade dos suínos (Fonte: SOUZA, 2002)

Chagnon et al. (1991), observaram um alto índice de mortalidade de matrizes durante os

meses de verão em granjas comerciais, uma vez que, matrizes em confinamento total são

Page 21: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

20

altamente susceptíveis ao estresse pelo calor. De acordo com outros autores, dentre outros

fatores as altas temperaturas de verão contribuem para o aumento do batimento cardíaco e

conseqüente mortalidade dos animais. CLARK (1981), constataram que em caso de animais

mantidos confinados em altas temperaturas, os ventiladores e em alguns casos até, sistemas de

resfriamento evaporativo, gotejamento e jatos de água sobre os animais podem ser usados

como alternativas para reduzir o estresse pelo calor e conseqüentemente diminuir a mortalidade

dos animais.

Segundo FERREIRA (2000), é importante enfatizar que as temperaturas críticas

superior e inferior (Tabela 2) são influenciadas por vários fatores, como:

a) Nível de alimentação: quanto maior for o consumo de alimento, menor será a temperatura

crítica inferior em função do calor fornecido ao animal pelo alimento, possibilitando-o suportar

temperaturas efetivas ambientais mais baixas;

b) Manejo dos animais: O tipo de alojamento, individual ou em grupo, poderá influenciar a

dissipação de calor do animal para o ambiente;

c) Temperatura do alimento: A temperatura da ração e da água consumida pode ter efeito,

principalmente quando grande quantidade de água fria é consumida no período de inverno;

d) Temperatura e tipo de piso: A temperatura e o tipo de cama utilizada poderão influenciar a

troca de calor animal-ambiente, modificando conseqüentemente, as temperaturas críticas dos

leitões.

Tabela 1 - Temperatura de conforto, temperatura crítica inferior e superior

Categoria Temperatura de

conforto

Temperatura crítica

inferior (ºC)

Temperatura crítica

superior (ºC)

Recém-nascidos 32-34 - -

Leitões até a desmama 29-31 21 36

Leitões desmamados 22-26 17 27

Leitões em crescimento 18-20 15 26

Suínos em terminação 12-21 12 26

Fêmeas gestantes 16-19 10 24

Fêmeas em lactação 12-16 7 23

Fêmeas vazias e machos 17-21 10 25

Fonte: Perdomo et al. 1985

Page 22: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

21

2.3.1.1 Interação temperatura e nutrição

A temperatura ambiente, o consumo alimentar e energético e o desempenho estão

intimamente interligados. Esta interação é de grande importância na formulação de dietas para

suínos, nas diferentes estações do ano e localização geográfica, ou ainda, para a combinação

econômica ótima entre nutrição e temperatura ambiente (SAKOMURA et al, 1993).

Em razão da dificuldade em controlar a perda de calor, o animal modifica a produção de

calor metabólico. A resposta imediata dos suínos ao estresse por altas temperaturas consiste na

redução do consumo voluntário e atividade física (NIENABER et al., 1987), o que representa

um esforço do organismo para reduzir a produção de calor. A proporção de redução no

consumo voluntário varia entre estudos, o que pode ser associado a muitos fatores, incluindo

genótipo, variação de peso vivo, dieta e variação de temperatura. O menor consumo determina

ainda redução nas taxas de ganho de peso, o que pode resultar em grande impacto econômico

devido ao maior tempo necessário para atingir o peso de abate. O efeito prejudicial da

temperatura aumenta com o peso vivo. QUINIOU et al. (2000) observaram que existe uma

relação direta entre temperatura, consumo de ração e peso vivo. Suínos mais pesados são os

mais afetados pelas temperaturas altas. Isto ocorre pela maior dificuldade dos animais adultos

para perderem calor. Os autores também constaram que a redução do consumo se dá pelo

menor tempo total usado para ingestão, ou seja, o tempo individual de cada refeição diminui.

Outro aspecto importante relacionado com a menor ingestão de ração é a diminuição no

peso do trato gastrointestinal e das vísceras. Com isto há uma redução considerável da

produção de calor, uma vez que estes são responsáveis por uma parcela significativa do calor

produzido pelo animal (FIALHO, et al., 2001). Por outro lado, esta redução do peso dos

órgãos, acarreta um aumento no rendimento de carcaça, conforme observado por RINALDO et

al. (2000).

Animais submetidos a ambientes com altas temperaturas consomem menos energia o

que resulta em carcaças com menor teor de gordura. Contudo, estes resultados podem estar

relacionados com o efeito da temperatura por si só, pois nessas condições parece haver uma

redução na eficiência de utilização da energia ingerida. Da mesma forma, têm-se observado que

há uma redistribuição anatômica da gordura depositada pelos suínos quando são submetidos a

períodos prolongados de altas temperaturas. Há um maior acúmulo de gordura nos depósitos

internos (gordura interna e vísceras) em detrimento a gordura subcutânea (FIALHO et al.,

2001).

Por definição, Incremento Calórico (IC) é representado pelo aumento da produção de

calor após o consumo do alimento pelo animal. O IC é constituído basicamente do calor de

Page 23: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

22

fermentação e a energia gasta no processo digestivo, assim como o calor de produção resultante

do metabolismo dos nutrientes. Como se sabe, o IC aumenta com a quantidade de alimento

consumido e é inversamente relacionado com a concentração energética da dieta sendo que o

aumento da fibra das dietas proporciona altos incrementos calóricos e dietas contendo óleos e

ou gorduras proporcionam baixo incremento calórico (HOLMES & CLOSE, 1977 citado por

FIALHO et al., 2001).

O IC varia dentre os diferentes nutrientes, desta forma os lipídios contém

aproximadamente 9%, os carboidratos 17%, as proteínas 26% e uma ração de 10 a 40%. Este

alto poder de incremento calórico das proteínas é devido principalmente às séries de complexas

reações metabólicas características do metabolismo dos aminoácidos. A utilização de níveis

crescentes de proteína para suínos submetidos a estresse calórico não tem propiciado bons

resultados, principalmente devido às proteínas serem nutrientes de alto incremento calórico. A

inclusão de gorduras às dietas de suínos em épocas de verão intenso (calor) tem demonstrado

redução na quantidade de produção de calor, principalmente pelo menor IC e aparentemente

devido à direta deposição de gordura corporal. É importante também enfatizar que as gorduras

apresentam uma alta densidade calórica, sendo que sua incorporação às dietas ajudam a

compensar a redução de consumo de energia durante altas temperaturas, propiciando desta

forma um melhor desempenho aos animais. Recentemente vem sendo pesquisada a utilização

de dietas formuladas à base de proteína ideal para suínos expostos ao estresse térmico a altas

temperaturas. Estas dietas possivelmente reduzem o excesso de aminoácidos que serão

catabolizados pelo organismo animal, possibilitando assim um adequado desempenho aos

mesmos (FIALHO et al., 2001).

2.3.2 Umidade Relativa do Ar

O limite de tolerância dos suínos à umidade está intimamente ligado à temperatura

ambiental já que as taxas elevadas de umidade relativa, diminuem a capacidade de dissipação

do calor corporal por meios evaporativos de suínos submetidos à altas temperaturas A umidade

relativa também está associada com a viabilidade de agentes infecciosos nas partículas

aerolizadas. (MENDES, 2005). A umidade do ar é um fator que aparentemente exerce pequeno

efeito sobre a eficiência de crescimento dos suínos, a não ser quando associado ao estresse e/ou

outros fatores (SOBESTIANSKY et al., 1998).

De acordo com Morrison et al (1969), a umidade do ar influenciando nas perdas

evaporativas de calor, particularmente pelos pulmões, afeta o ganho de peso dos animais

quando a temperatura ambiente se encontra acima das temperaturas recomendadas aos suínos.

A umidade afeta o consumo de alimentos em temperaturas altas, porém não afeta a eficiência

Page 24: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

23

alimentar exceto em condições extremas. O fator umidade possui pouca influência também na

temperatura retal e na temperatura de pele em suínos. LE DIVIDICH (1982) observou que em

ambientes termoneutros, taxas de umidade relativa do ar de 50% a 85,5% exercem pouco efeito

sobre o metabolismo energético dos suínos. HEITMAN & HUGHES (1949) compararam

suínos de vários pesos num período de 7 dias com a temperatura ambiente variando de 15 a 40º

C com uma umidade relativa constante e encontraram que, quando a temperatura aumentava,

havia também um aumento na freqüência respiratória e na temperatura do corpo e uma redução

na pulsação dos animais. O aumentando da umidade relativa de 30 para 95% propiciou um

rápido aumento na freqüência respiratória e na temperatura corporal.

2.3.3 Nebulização

Dentre os sistemas de resfriamento os nebulizadores são os mais eficientes para o

resfriamento do ar. O resfriamento evaporativo reduz a temperatura por vaporização da água

causando um aumento na umidade relativa. O sistema de resfriamento com água, molha a pele

dos animais facilitando as trocas de calor por evaporação. O sistema de gotejamento sobre a

nuca é preferido em maternidade, neste caso os leitões permanecem secos, (BECKER et. al.,

1997).

O sistema de nebulização, permite a formação de gotículas extremamente pequenas, que

aumentam a superfície de contato de uma gota d’água exposta ao ar, assegurando uma

evaporação mais rápida. A nebulização associada à movimentação de ar ocasionada pelos

ventiladores acelera a evaporação, e evita que a pulverização ocorra em um só local, e venha

molhar a cama do animal. Um nebulizador bem calibrado com água limpa é capaz de dividir

uma gota d’água em 611 gotículas de acordo com Perdomo (1995). O mesmo autor constatou

que ao passar do estado líquido para o gasoso, a água retira do ambiente cerca de 584 Kcal para

cada Kg de água evaporada, dependendo da temperatura do ambiente.

Os nebulizadores são normalmente ligados e desligados automaticamente para

promoverem molhar e secar intermitentemente. A duração de cada período de nebulização

depende da taxa de água e das condições climáticas do local. A nebulização com um ciclo de

30 minutos ligada, para 5 até 15 minutos desligada promove uma boa refrigeração com um

mínimo uso de água. O fluxo de ar deve ser na forma de ar fresco e seco vindo do exterior da

edificação, do que o ar reciclado que logo se tornará saturado. A distribuição de ar em áreas de

confinamento não será crítica se todo animal tiver acesso aos nebulizadores e a movimentação

de ar, (CURTIS, 1983).

Page 25: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

24

2.3.4 Ventilação

A importância da ventilação resulta da intensidade com que afeta as perdas de calor,

dissipando o calor de radiação, condução e convecção, sendo de grande importância para o

conforto térmico e para higiene em geral. A renovação do ar permite não só a dissipação de

calor, como também a desconcentração de vapores, fumaça, poeira e gases poluentes. A

ventilação também se torna importante na remoção do vapor d’água proveniente da respiração

dos animais e fermentação dos dejetos, além de processos de lavagens das baias. (PANDORFI

et al., 2005).

A qualidade do ar no interior das instalações é influenciada pela ventilação podendo

contribuir de forma positiva, se bem planejada. Ventilação insuficiente é responsável por

aumentar os níveis de poluentes aéreos como a amônia (NH3) e o dióxido de carbono (CO

2).

Estudos sobre a relação entre o conforto térmico e concentração de gases (TAKAI et al., 1998)

evidenciaram uma relação direta entre o ambiente externo e a formação de gases dentro da

instalação, sendo também uma função direta da ventilação e da temperatura dentro e fora da

instalação, geometria da construção, número de animais alojados, manejo entre outros.

A eficiência da ventilação pode ser avaliada pela velocidade do ar incidente sobre os

animais, pelo número de renovações por hora e pela concentração de gases (GORDON, 1962).

De maneira geral, a recomendação para velocidade incidente diretamente sobre os animais, é de

0,1 a 0,2 m.s-1

para leitões lactentes e de 0,1 a 0,3 m.s-1

para matrizes em lactação, com um

fluxo de ventilação adequado da ordem de 0,03 m3

.s-1

. animal-1

(LE DIVIDICH et al., 1998).

Na tabela 2 encontram-se as condições ambientais ótimas propostas para o interior das

edificações para suínos em diferentes fases de desenvolvimento.

MENDES (2005) em um estudo avaliou o efeito da ventilação natural no ambiente

interno de salas de maternidade para suínos, através de mudanças microclimáticas induzidas

por diferentes aberturas: totalmente aberta (figura 4), semi-aberta (figura 5) e totalmente

fechada (figura 6) para entrada de ar. Observou também o efeito da ventilação natural em

escamoteadores equipados por dois tipos de fontes de aquecimento: piso térmico e lâmpada

incandescente. A variação das temperaturas de pele de matrizes e leitões, em relação às

diferentes aberturas para entrada de ar também foi mensurada. O manejo das aberturas para a

entrada de ar em salas de maternidade para produção intensiva de suínos, influencia

significativamente o ambiente térmico resultante afetando a distribuição da temperatura,

umidade relativa e velocidade do vento no interior da sala de maternidade.

Como conclusão de seu trabalho, o autor supracitado verificou que o manejo da

ventilação natural afeta a distribuição da temperatura de superfície dos pisos dos

Page 26: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

25

escamoteadores aquecidos por pisos térmicos e lâmpadas incandescentes. A magnitude deste

efeito é influenciada pela condição externa de temperatura, pela condição de manejo da cortina

e pelo tipo de aquecimento. Os escamoteadores aquecidos por pisos térmicos mostraram uma

distribuição de temperatura superficial mais homogênea independentemente do manejo da

cortina adotado. A temperatura de pele das matrizes foi afetada significativamente pela

condição de manejo da cortina adotada. Já para os leitões, esse efeito não foi observado. Os

sistemas de aquecimento para leitões na maternidade são altamente afetados pela ventilação

natural, proveniente dos diferentes manejos da cortina, sugerindo a necessidade de um controle

conjugado de ventilação natural com o sistema de aquecimento adotado.

Figura 4 - Abertura lateral totalmente aberta Figura 5 - Abertura lateral semi-aberta

Figura 6 - Abertura lateral totalmente fechada (Fonte: MENDES, 2005)

Page 27: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

26

Tabela 2 - Condições ambientais ótimas propostas para o interior das edificações

Fase Temp. (°C) Umidade

relativa %

Concentração

admissível (ppm)

Ventilação

Vazão (m3/h suíno)

Vel. do ar

m/seg.

NH3 H2S CO2 verão inverno

Maternidade 12-18 70-80 10 20 3500 350 50 0,1-0,3

Leitões

1 semana 28-32 70-80 10 20 3500 0,1-0,2

2 semanas 27-28 70-80 10 20 3500 0,1-0,2

3 semanas 26-27 60-70 10 20 3500 0,1-0,2

4 semanas 25-26 60-70 10 20 3500 0,1-0,2

5 semanas 24-25 60-70 10 20 3500 0,1-0,2

6 semanas 23-21 60-70 10 20 3500 0,1-0,2

Creche

10-20 kg 20-23 60-70 10 20 3500 50-70 10-15 0,1-0,2

20-35 18-20 60-70 10 20 3500 50-70 10-15 0,1-0,2

Crescimento-

terminação

35-60 15-18 60-70 10 20 3500 50-70 10-15 0,2-0,3

mais de 60 kg 12-15 60-70 10 20 3500 80-150 20-30 0,2-0,5

Reprodução 10-16 60-70 10 20 3500 200 50 0,2-0,4

* Os valores mais baixos são recomendados para o inverno e os mais altos para o verão. Se não houver incidência

direta sobre os animais, poderão ser aumentados.

Fonte: Benedi, 1986

2.4 O microclima e a reprodução dos suínos

Atualmente sabe-se que o estresse calórico pode comprometer as funções reprodutivas

como ocorrência e intervalo entre ovulações, demonstração de estro, viabilidade dos gametas,

sobrevivência dos embriões, e desenvolvimento fetal. Como conseqüência, o desempenho

reprodutivo, isto é, demonstração de cio, intervalo entre parto e concepção, e taxa de concepção

são afetados pela temperatura, bem como pela estação do ano (RAY et al., 1993). A função

reprodutiva é afetada negativamente pelas temperaturas acima das temperaturas críticas

máximas, isso é descrito por diversos autores. Em machos observam-se mudanças

comportamentais, como diminuição da libido sexual. A espermatogênese é afetada em

condições de altas temperaturas devido ao aquecimento local dos testículos e ao desequilíbrio

hormonal e metabólico decorrente do estresse, comprometendo a qualidade do sêmen, com

diminuição do volume espermático, diminuição na concentração e na mobilidade de

espermatozóides, bem como o aparecimento de células anormais (SYDENSTRICKER, 1993).

Page 28: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

27

As fêmeas também têm sua função reprodutiva afetada sob condições de calor

excessivo. Segundo EDWARDS (1968), em várias espécies verificou-se a ocorrência de

mortalidade pré-natal na fase inicial da prenhez, em fêmeas expostas a elevadas temperaturas.

As temperaturas críticas inferior são de 7°C e superior de 20 a 23°C, para porcas prenhas são

citadas por PERDOMO et al. (1995). A temperatura ótima recomendada para as porcas em

gestação varia entre 12,8 e 18,3°C.

Elevadas temperaturas comprometem a duração do ciclo estral em porcas

(WETTEMAN & BAZER, 1985). A concentração de estradiol diminuiu e a de progesterona

aumentou quando as porcas em gestação foram expostas as altas temperaturas (35,10°C). Isto

sugere que o estresse térmico pode inibir o desenvolvimento folicular durante o começo do

ciclo estral, e conseqüentemente, estender o período de anestro. O crescimento dos fetos é

reduzido, quando as fêmeas são expostas a elevadas temperaturas, sendo o grau de redução

proporcional ao período de exposição da fêmea (HAFEZ, 1973). Ainda segundo o mesmo

autor, a ovulação é o que mais sofre com o calor. O calor provoca um maior número de

ovulações, porém com cios silenciosos, o que dificulta detectá-los, sendo inconveniente para a

produção industrial, principalmente quando se utiliza inseminação artificial. Outra

conseqüência do calor é a displasia placentária, propiciando o aborto nas fêmeas (MULLER,

1982).

Há evidências que a temperatura pode afetar a reprodução em várias fases, desde o

desenvolvimento da puberdade, à concepção. Particularmente, as temperaturas elevadas

atrasam o início da puberdade, diminuem a taxa de concepção e aumentam a mortalidade de

embriões. Alguns desses efeitos ocorrem diretamente nos órgãos reprodutivos, testículos e o

útero. Além disso, a temperatura pode agir via hormônios, atuando sobre o período estral, no

comportamento sexual, na concentração de progesterona e LH de fêmeas submetidas a altas

temperaturas, (CLARK, 1981). Em machos, o excesso de calor faz com que os testículos

percam peso e os túbulos seminíferos degenerem, fazendo com que o volume total do sêmen

seja reduzido, afetando negativamente sua concentração e motilidade (JOHNSON & GOMES,

1969).

A mortalidade embrionária em algumas espécies pode estar ligada à exposição da mãe a

temperaturas elevadas, principalmente nos países tropicais (DERIVAUX, 1989). Segundo o

mesmo autor, a ação da temperatura elevada pode aumentar a freqüência de ciclos estrais

prolongados, queda de porcentagem de partos e redução do número de leitões por leitegada,

assim como o aumento do índice de abortos e diminuição do peso dos leitões ao nascer. A taxa

de concepção de suínos decresce em até 30% do normal quando a temperatura do ar atinge

32°C. São notadas também dificuldades no nascimento e decréscimo no número de embriões

Page 29: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

28

vivos em altas temperaturas. PRUNNIER et al. (1997) concluíram que elevada temperatura

ambiente induz a adaptações metabólicas e endócrinas de matrizes no qual possuem

conseqüências negativas no consumo de alimento, produção de leite e na performance

reprodutiva. Ocorre também modificação nas reservas corporais com o objetivo de limitar a

produção de calor. A redução do consumo de alimentos das fêmeas em lactação submetidas à

alta temperatura implica no atraso do retorno ao estro após o desmame.

Becker et al., (1997) constataram respostas endócrinas e termorregulatórias em suínos

expostos no verão (34° C) e no inverno (10° C). Registrou-se que concentrações de cortisol

aumentaram significativamente durante o calor e o frio, mostrando melhor resposta no calor do

que no frio. A resposta da prolactina ocorreu durante a exposição aguda de calor. A secreção de

hormônios de crescimento aumentou durante a exposição aguda ao frio. Os mesmos autores

compararam as duas rotinas de exposição de animais em diferentes temperaturas, e mostraram

que não houve nenhuma diferença na temperatura corporal entre as horas medidas. No entanto,

a amplitude do dia influenciou na temperatura corporal em apenas 0,5° C nos animais

submetidos a 27-32° C, comparado com 0,8° C para os animais submetidos a 21° C.

Einarsson et al. (1996), definiram as manifestações de estresse como distúrbios de

homeostase, que estão normalmente relacionados com o aumento da atividade do Hipotálamo-

pituitary-adrenal (HPA) e com a ativação do sistema simpático adreno-medular (SA). A

ativação do sistema HPA resulta na secreção de peptídeos do hipotálamo, principalmente

liberação do hormônio corticotropina (CRH), no qual estimula a liberação de hormônios β -

endorfina e adrenocorticotropico (ACTH) do hipotálamo e pituitária. O ACTH induz a secreção

de corticoesteróides do córtex adrenal, no qual pode ser verificado em suínos quando estes são

submetidos a agudo estressores físicos e/ou fisiológicos. O estresse está relacionado com a

redução das funções reprodutivas e dentro outras causas, uma inadequada termorregulacão

contribui para um impacto negativo nas primeiras semanas de gestação em fêmeas suínas.

Os suínos são muito sensíveis a elevadas temperaturas ambientais, por sua inabilidade

em perder calor por evaporação. A ativação do sistema HPA é somente um de vários

mecanismos envolvidos, quando os suínos são submetidos a temperaturas extremas (SOUZA,

2002).

Page 30: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

29

3. CONCLUSÃO

Os suínos são animais homeotérmicos e, portanto, mantém uma temperatura corporal

relativamente constante, ajustando o calor produzido no metabolismo com o calor ganho do

ambiente. Suínos em crescimento e terminação criados no Brasil estão mais sujeitos aos efeitos

do estresse térmico devido as elevadas temperaturas que ocorrem na maioria das regiões do

país durante os meses de verão. Altas temperaturas são associadas com redução no desempenho

devido a diminuição no consumo e ao custo energético associado a dissipação do calor.

Existem basicamente três fatores que devem ser considerados para solucionar ou

amenizar os problemas relacionados com o estresse ambiental (frio ou calor):

a) Controlar ou melhorar o ambiente térmico através do manejo dos animais

(aspecto físico ou fatores sociais);

b) Selecionar as raças que suportam melhor as condições de clima tropical;

c) Modificar tecnicamente a composição das dietas (suprimento de aminoácidos),

energia ou fibra) dos suínos visando amenizar os efeitos prejudiciais causados pelo estresse

calórico.

Page 31: Conforto Termico Em Suinos - Alessandro Bueno de Mendonca

30

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