universidade candido mendes pÔs-graduaÇÃo … filecondição prévia para a conclusão do curso...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÔS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
DANO MORAL NOS TRIBUNAIS BRASILEIROS E CRITÉRIOS PARA SEU ARBITRAMENTO.
Por: JORGE FELIPE RIBEIRO SOARES
Orientador
Prof. Willian Rocha
Rio de Janeiro
2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENCU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
DANO MORAL NOS TRIBUNAIS BRASILEIROS E CRITÉRIOS PARA SEU ARBITRAMENTO.
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes e AVM Faculdade Integrada como
condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-
Graduação “Lato Sensu” em Direito do Consumidor e
Responsabilidade Civil. São os objetivos da
monografia perante o curso.
Por: Jorge Felipe Ribeiro Soares.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me proporcionar tantas
experiências incríveis, por se mostrar sempre presente na minha vida e pelo seu
amor incondicional.
Por me transformar em uma pessoa melhor. Por sua compreensão,
respeito, amor e acima de tudo amizade.
Os meus queridos amigos e amigas da faculdade. Por todos os
momentos de dificuldades e superação que passamos juntos e também, pelos
de alegria, amizade, parceria e espírito coletivo, que nunca nos faltou.
Aos meus queridos amigos Rodolfo e Antonio (Tuninho).
Por sua amizade incontestável, apoio e carinho.
Aos meus amigos de colégio, por serem mais do que amigos, irmãos,
escolhidos pelo coração.
Ao meu estimado professor e orientador, Willian Rocha, por quem
tenho muito apreço e orgulho de ter conhecido e ter sido aluno.
Pelos ensinamentos, orientações e longas conversas.
Aos meus amigos da faculdade, em especial a Tânia e Elzimar. Que
participou dessa fase desesperadora e me ouviu falar da monografia pelo menos
umas 30 vezes. Aos meus tios, avós, sogros, genro e familiares, que de alguma
forma, contribuíram para me tornar quem sou hoje.
DEDICATÓRIA
Dedica-se ao meu pai, mãe,
minha esposa Homira e minhas filhas Thatyana e Camyla
por se tão protetora e ao mesmo tempo tão incentivadora.
Por ser meu porto seguro. Por ter tanto orgulho de mim.
Por ter sido tão presente em toda a minha caminhada e
da sua maneira, me acalentar com o maior amor do
mundo.
RESUMO
SOARES, Jorge Felipe Ribeiro Soares. Dano Moral nos Tribunais Brasileiros e Critérios para seu Arbitramento. 2016. Monografia (Graduação em Direito do Consumidor e Responsabilidade Civil) Universidade Candido Mendes e AVM - Faculdade Integrada.O presente trabalho examina as transformações temporais incidentes na Responsabilidade Civil, analisando o instituto do dano moral. Trata conceitualmente do dano moral, da extensão, quantificação e da reparabilidade do dano. Põe em questão a problemática que envolve os dias atuais referentes ao amplo acesso à justiça e a quantidade excessiva de pedidos de indenização por danos morais, levando em consideração questões corriqueiras e desconfortos que não ensejam o pagamento de indenização.
METODOLOGIA
Será utilizada a Pesquisa Bibliográfica com base em doutrina, jurisprudência, jornais, periódicos e demais fontes relativas ao tema.
8
SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I
CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL E
DANO MORAL 10 CAPÍTULO II DANOS MORAL 21 CAPÍTULO III A BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL 28 CONCLUSÃO 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS 43 ÍNDICE 45 FOLHA DE AVALIAÇÃO 46
9
INTRODUÇÃO
O presente estudo terá como foco a discussão sobre “Dano
Moral”, que foi por muitos anos objeto de estudo de diversos doutrinadores e foi
definitivamente adotado pela nossa Constituição de 1988, em seu Artigo 5º,
incisos V e X.
Esta pesquisa nos remete primeiramente ao dever de reparar
a vítima da conduta ilícita inserida no estudo da Responsabilidade Civil,
desmembrando-a em sua evolução história, pressupostos e espécies, e ainda, ao
aprofundamento do entendimento jurídico do dano moral. Direcionando ao
mencionado instituto que se consagrou como uma garantia de direito individual e
sua imagem se tornou desgastada. O mesmo tornou-se de grande relevância no
ordenamento jurídico brasileiro, e sua desvirtuação tem sido cada vez mais
presente no judiciário.
Analisaremos os inúmeros pedidos de indenização por dano
moral sem fundamento, que são considerados até mesmo oportunistas.
Estudaremos essa banalização inclusive em sede de juizados especiais, onde se
verifica grande presença desses pedidos. E ainda, o posicionamento do judiciário,
que diante das demasiadas ações com pedidos de indenização por dano moral,
tem atribuído, valores irrisórios as mesmas por cotidianamente confrontar-se com
os mesmos pedidos, causando assim certa falta de punição ao infrator.
Assim, a área de estudo que dará suporte a este relatório
será o Direito Civil e Direito Constitucional, os quais permitirão um melhor
esclarecimento sobre o tema, uma vez que se encontram diretamente ligados aos
artigos 186 e 944, sendo o último a respeito da extensão do dano e sua
indenização. E ainda, estudaremos o artigo 5º, incisos V e X, já mencionados
anteriormente.
Cumpre ressaltar que estudaremos ainda o posicionamento
de doutrinadores e as normas jurídicas correspondentes.
10
CAPÍTULO I CONCEITO RESPONSABILIDADE CIVIL E DANO MORAL
1 - HISTÓRICO
Este capítulo trata da evolução jurídica temporal da
responsabilidade civil no dano moral, remetendo aos entendimentos antigos e
culminando nos posicionamentos atuais acerca do tema.
A palavra “responsabilidade” no latim, respondere, do qual foi
originado, tem seu significado respaldado no dever jurídico de tomar para si, as
conseqüências dos próprios atos, contendo ainda a raiz latina spondeo que remete
ao direito romano, onde se vinculava o devedor nos contratos verbalmente
compactuados.
Analisando a maneira de agir dos povos nas suas origens,
percebemos que as reações eram fundamentadas na vingança privada. O dano
provocava a reação imediata, instintiva e brutal do ofendido, não prevalecendo
qualquer concepção de direito.
Posteriormente regulamentada, a Lei de Talião, do olho por olho,
dente por dente, demonstrava uma forma violenta utilizada diante da ocorrência de
uma ação que lhes causasse prejuízos, no intuito de reparar os danos sofridos.1
Após esse período, surgiu então, a fase da composição voluntária,
na qual a vítima tinha a possibilidade de receber do agente, compensações de
ordem econômica, ou seja, quem provocou o dano deveria reparar financeiramente
quem foi lesado. É nesse momento, que o ofendido passa a perceber as vantagens
econômicas que podem ser auferidas, afinal a penalidade física é substituída pela
monetária.
Surge então a figura da autoridade soberana, que delega os
poderes de fixação da pena ao Estado, proibindo a justiça com as próprias mãos e a
composição voluntária da pena por parte da vítima. A compensação passa a ser,
portanto, obrigatória. É aí então que nasce os Códigos de Ur Manu, de Manu e a Lei
das XII Tábuas (marca a passagem da norma consuetudinária, para a lei escrita)
que atribui os valores às tipificações dos danos causados. 1 Castro, Flávia Lages. História do Direito Geral e do Brasil. 5.ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 8
11
Passou-se então a distinguir a “pena” da “reparação”, através da
divergência entre os delitos públicos e privados.
Os delitos públicos eram considerados de natureza grave,
perturbadores da ordem, logo, a pena econômica imputada ao réu era recolhida aos
cofres públicos, enquanto que nos delitos privados, o Estado atribuía o valor a ser
pago à vítima.
É também nessa fase, onde o Estado assume a propositura das
ações repressivas, que surge também as ações de indenização e ainda, a
responsabilidade contratual.
Posteriormente com o advento da Lei Aquília, surgem as primeiras
idéias a respeito da culpa. Aí então se passou a apurar o conceito de culpa
interligado ao dever de reparar.
Coube então ao Direito Romano fornecer os subsídios para a
formação as teorias sobre a responsabilidade civil no mundo ocidental. Os romanos
não criaram uma teoria específica sobre a responsabilidade civil e nem mesmo
reconheceu a existência dos direitos da personalidade, mas apresentou previsão de
reparação de situações hoje definidas como dano moral.
É então na França que é solidificado e aperfeiçoado o direito
romano. Ao ser consagrado o direito aquiliano, é também estabelecido com maior
clareza a idéia da culpa e o dever de reparar, ainda que aquela seja de natureza
leve. Nessa fase, após a revolução francesa, surge o Código de Napoleão, que
distinguiu a responsabilidade civil (perante a vítima), da responsabilidade penal
(perante o Estado), e previu a existência da culpa contratual. 2
Ainda sob a égide do Código de Napoleão, evidencia-se a noção de
culpa in abstracto e a distinção entre culpa delitual e culpa contratual. Nesse
momento surge o entendimento de que a responsabilidade civil se fundamenta na
culpa.
No Brasil, no período colonial, confundiam-se as idéias a respeito da
reparação, pena e multa. Nessa mesma época, era sedimentada a teoria da
irresponsabilidade do Estado, na qual os colonos não possuíam qualquer direito de
reparação aos danos causados pelos agentes da Corte.
Em 1830, o Código Criminal foi desmembrado em Código Civil e Criminal tendo
como respaldo os fundamentos da justiça e da equidade. Em primeiro momento a 2 Castro, Flávia Lages. História do Direito Geral e do Brasil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 12
12
reparação dos danos dependia exclusivamente do direito criminal, até que tempos
depois, sobreveio a independência da jurisdição civil e da criminal.
O Código Civil de 1916 adotou a teoria subjetiva, sendo
necessária, a configuração do dolo ou da culpa, para conseqüentemente existir o
dever de reparar. Em seu art. 76 estabelecia também que “para propor ou
contestar uma ação é necessário ter legítimo interesse econômico ou mora”. Sendo
assim, na visão de Sebastião Oliveira Geraldo3, se o interesse moral justifica a ação
para defendê-lo ou restaurá-lo, é claro que tal interesse é indenizável, ainda que o
bem moral não se exprima em dinheiro. É por uma necessidade de nosso meio que
o Direito se vê forçado a aceitar que se computem em dinheiro o interesse da
afeição e outros interesses morais.
Ainda sob análise do mencionado Código, em seu art. 159
encontramos que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou
imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o
dano”.
Cumpre ressaltar que no dispositivo legal supracitado não há qualquer diferenciação
entre reparação de dano material e moral, suscitando divergência doutrinária acerca
da intenção do legislador em abranger ou não a reparação por dano moral neste
diploma legal.
Em primeiro momento, a doutrina considerava inconcebível
estabelecer um preço para a dor. Porém, com o passar do tempo, foi sendo afastado
esse remanso jurisprudencial, que apesar de o dano moral ter como objeto um
sentimento situado na esfera íntima da pessoa ofendida, aquele não pode deixar de
ser reparado, por um valor, que mesmo tendo caráter pecuniário e não trazer a exata
reparação se traduz em uma recompensa pelo sofrimento ou a humilhação
suportada.
Assim, em 1988, consolidando o direito à reparação por danos
morais veio a Constituição da República Federativa do Brasil, que em seu artigo 5º,
V e X, consagraram a indenização pelo dano moral como garantia dos direitos
individuais. Importante dizer que a Constituição se encarregou de definir de maneira
expressa as indenizações pelos danos materiais, moral e à imagem, não impedindo
a cumulação desses direitos.
3 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou doença profissional. São Paulo: LTR, 2008. p. 199.
13
Como já vinha sendo desenvolvido pela nossa doutrina e
jurisprudência, o direito positivo brasileiro passou a assegurar a cumulação de danos
materiais e morais nas indenizações, conforme, inclusive prescreve o art. 186 do
Código Civil de 2002, que prevê que “aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.4
Merece destaque ainda no Código Civil vigente, em seu Capítulo II,
os direitos da personalidade (arts. 11 a 21), o que não verifica no Código de 1916. O
mesmo diplome acima referido, em seu art. 927 dispõe que havendo dano ou lesão,
seu autor fica obrigado à reparação, seja qual for a modalidade do dano. No mesmo
sentido, tem-se a Súmula nº 37 do STJ que diz “são cumuláveis as indenizações por
dano material e dano moral oriundos do mesmo fato”.5
Outra Lei Extraordinária de suma importância para demonstrar o
dano moral no direito brasileiro é o Código de Defesa do Consumidor, que após a
Constituição, foi o primeiro a prever expressamente a reparação pelo dano moral,
em seu art. 6º, VI e VII.
Importante frisar que é entendimento pacífico que o direito à
reparação do dano moral é aplicável a todos os ramos do Direito e, portanto,
plenamente admitido no Direito do Trabalho, até pelo que se depreende do art. 8º,
parágrafo único da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), in verbis:
Art. 8º. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho,
na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão,
conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por
eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito,
principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com
os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de
maneira que nenhum interesse de classe ou particular
prevaleça sobre o interesse público.
4 BRASIL. Lei n 10.406, de 10 jan 2002. Código Civil. Art. 186. 5 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n 37.
14
Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do
direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os
princípios fundamentais deste.6
1.1 - Conceitos de Responsabilidade Civil do Dano Moral
Trata-se a responsabilidade civil do dano moral ou patrimonial do
instituto bastante ventilado no ordenamento jurídico pátrio e cuja finalidade do Direito
é proteger o lícito e reprimir o ilícito. É imputado a todas as pessoas, o dever
genérico de conduta civil, de forma a evitar qualquer prejuízo a outrem, através de
uma conduta cautelosa.
Nesse sentido, podemos citar art. 186 e no art. 389 c/c 927 do CC
que interpreta esse dever jurídico de cuidado ao pronunciar que fica responsável à
reparação do dano aquele que com sua conduta, seja ela até mesmo por omissão,
voluntária, negligente ou imprudente que causar danos a outrem fica obrigado a
repará-los. O texto legal advém do antigo código civil de 1916, como falamos
anteriormente no art. 159 que consagrou tal idéia de responsabilidade.
Cabe destacar que o legislador constituinte também consolidou a
responsabilidade daquele que, por sua conduta, causar danos a outrem, em
conformidade ao disposto no art. 5o, V e X, deve-se ter um dever genérico de
conduta, o que, na verdade existe é um dever jurídico primário, nas palavras de
Sérgio Cavalieri Filho:
Se entender por esse dever a conduta externa de uma pessoa
imposta pelo Direito Positivo por exigência da convivência
social. Não se trata de simples conselho, advertência ou
recomendação, mas de uma ordem ou comando dirigido à
inteligência e à vontade dos indivíduos, de sorte que impor
deveres jurídicos importa criar obrigações.7
6 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1 maio 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 8º, § único. 7 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 23.
15
Existe no nosso ordenamento um dever tido por originário cuja
violação gera o que se conhece por dever sucessivo, ou seja, obrigação de indenizar
o prejuízo causado a terceiros. Essa é a idéia principal da responsabilidade civil,
onde quem com sua conduta ou omissão causa danos a uma pessoa fica obrigado a
indenizar eventuais prejuízos. Entretanto, a responsabilidade decorre da violação do
dever originário, o de cuidado.
O professor Silvio Rodrigues conceitua responsabilidade: “A
responsabilidade civil vem definida por Savatier como a obrigação que pode
incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por
fato de pessoas ou coisas que dela dependam”.8
Na obra clássica de Giorgio Giorgi, o conceito da Responsabilidade
Civil é definido da seguinte forma: “Obrigação de reparar mediante indenização
quase sempre pecuniária, o dano que o nosso fato ilícito causou a outrem”.9
Outro doutrinador que trata do tema da responsabilidade civil em
sua obra é o jurista Rui Stoco:
A noção de responsabilidade por ser haurida da própria origem
da palavra, que vem do latim respondere, responder a alguma
coisa, ou seja, a necessidade que existe de responsabilizar
alguém por seus atos danosos.
Essa imposição estabelecida pelo meio social regrado, através
dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o
dever de responder por seus atos, traduz a própria noção de
justiça existente no grupo social estraficado.10
Podemos concluir a partir das já estudadas definições, que o termo
responsabilidade, traz em seu interior a obrigação da resposta ou reparação, que
por sinal deve ser analisada sob alguns aspectos, principalmente quando há dúvida
sobre o direito que alega ter o ofendido e aquele direito que alega ter o apontado
como responsável.
8 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. v. 4. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 6. 9 GIORGI, Giorgio. Teoria delle obbligazioni nel diritto moderno italiano. Florença: Fratelli Cammelli, 1891. p. 224. 10 STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 59.
16
No direito penal, por exemplo, há o conceito do in dubio pro reo, que
na dúvida acerca da autoria e materialidade do fato, decide-se a favor do réu, ou
seja, nada mais que presumir sua inocência. Já na responsabilidade civil, o conceito
é do in dubio pro vitima, ou seja, na dúvida, decide-se a favor da vítima do dano. Tal
conceito é apreciado no disposto no art. 948 do CC que reza “nas indenizações por
fato ilícito prevalecerá o valor mais favorável ao lesado”.
Sendo assim, a vítima da responsabilidade civil tem a possibilidade
de pleitear junto aos órgãos judiciários a reparação do prejuízo moral ou material
sofrido.
1. 2 – Espécies de Responsabilidade
Como bem leciona Sergio Cavalieri Filho:
... a responsabilidade tem por elemento nuclear uma conduta
voluntária violadora de um dever jurídico, torna-se, então,
possível dividi-la em diferentes espécies, dependendo de onde
provém esse dever e qual elemento subjetivo dessa conduta.11
Há no ordenamento jurídico dois tipos de responsabilidade civil, a
subjetiva e a objetiva.
A responsabilidade objetiva é fundada na teoria do risco, ou seja, o
legislador adotou a seguinte posicionamento: quando o agente através de sua
conduta normal, ainda que culposa, cria riscos de dano a terceiros, fica obrigado a
ressarci-los. Podemos usar como exemplo as relações de consumo, que em regra,
estão inseridas nesta tese.
Nas palavras de Silvio Rodrigues tem-se a noção do conceito de
responsabilidade objetiva e a teoria do risco que a compõe, in verbis:
A teoria do risco é da responsabilidade objetiva. Segundo essa
teoria, aquele que, através de sua atividade, cria um risco de
dano para terceiros deve ser obrigado a repará-lo, ainda que
11 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 108.
17
sua atividade e seu comportamento sejam isentos de culpa.
Examina-se a situação, e, se for verificada, objetivamente, a
relação de causa e feito entre o comportamento do agente e o
dano experimentado pela vítima, esta tem direito a ser
indenizada por aquele.12
Como bem versou João Batista Lopes, “nos últimos tempos ganhou
terreno a chamada teoria do risco, que, sem substituir a teoria da culpa, cobre
muitas hipóteses em que o apelo às concepções tradicionais se revela insuficiente
para a proteção da vítima”.13
Outrossim, existem duas modalidade de responsabilidade
subjetiva, a contratual e a extracontratual.
Preliminarmente, se tem a responsabilidade civil contratual, que diz
respeito à responsabilização no âmbito contratual, quando o inadimplente causa
dano a outra parte contratante, é o que se tem, por exemplo, quando uma das partes
deixa de cumprir sua obrigação contratual, produzindo ainda que involuntariamente,
dano ao contratante. Trata-se de responsabilidade civil subjetiva contratual, pois que
neste caso já existe um vínculo jurídico entre as partes envolvidas.
Em contrapartida, o segundo tipo, a responsabilidade civil
extracontratual, não há qualquer vínculo jurídico entre as partes, entre o agente
causador do dano e a vítima, até que o ato daquele venha a gerar obrigação de
indenizar este. O autor do ilícito causa dano a outrem, por culpa em sentido estrito
ou dolo, e conseqüentemente fica obrigado a repará-lo
A responsabilidade subjetiva de espécie extracontratual ou
aquiliana funda-se na conduta omissiva ou comissiva do agente. O autor do ilícito
causa dano a outrem, por culpa em sentido estrito ou dolo, e conseqüentemente fica
obrigado a repará-lo
Há, no entanto, certa discussão a respeito dessa dualidade no
tratamento, por considerarem alguns juristas, que se trata de responsabilidades de
mesma natureza. São os adeptos da tese unitária ou monista, que sustentam não
haver motivo sólido para que haja qualquer tipo de diferenciação, haja vista que o
efeito é sempre o mesmo, a reparação do dano.
12 RODRIGUES, Silvio. Direito civil. v. 4. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 11. 13 LOPES, João Batista. Perspectivas atuais da responsabilidade civil. RJTJSP, 57/14.
18
De fato, basicamente as soluções são idênticas para os dois
aspectos. Tanto em um como em outro caso, o que se requer, em essência, para a
configuração da responsabilidade são estas três condições: o dano, o ato ilícito e a
causalidade, isto é, o nexo de causa e efeito entre os primeiros elementos.14
Outro aspecto importante é a questão da prova. Em se tratando de
responsabilidade contratual, o ônus probatório, uma vez demonstrado pela vítima, o
descumprimento contratual, se transfere para o causador do dano, o devedor
inadimplente, cabendo a este, provar que não agiu com culpa (negligência,
imprudência e imperícia), ou ainda que o descumprimento do contrato decorresse
por força maior ou caso fortuito. Cabe alegar também qualquer forma de exclusão de
responsabilidade, vez que já há uma relação jurídica entre a vítima e o causador do
dano, derivada do contrato.
Entretanto, o mesmo não acontece quando se fala em culpa
extracontratual, pois se nesta não existe qualquer vínculo jurídico entre o causador
do dano e a vítima, cabe a esta última o ônus da prova de que aquela conduta ativa
ou omissiva por parte do agente tem relação de causa e efeito com o dano pela
vítima experimentado, ou seja, o onus probandi é da vítima.
Ainda assim, existem elementos específicos e privativos tanto da
responsabilidade contratual, como da responsabilidade extracontratual, quais sejam,
o da exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus) e da
chamada “condição resolutiva tácita”, nos contratos sinalagmáticos
(respectivamente, artigos 476 e 475, do Código Civil). Há que se falar também, dos
casos em que ocorrem omissões e dos casos de responsabilidade pelo fato de
outrem, no domínio da responsabilidade extracontratual.
Finalmente, se perquire o elemento culpa (arts. 392 e 186 do
CC/2002) tanto na responsabilidade contratual, quanto na responsabilidade
extracontratual subjetiva.
1.3 - Pressupostos da Responsabilidade
Os elementos básicos ou pressupostos gerais da responsabilidade
civil são: ação ou omissão, culpa ou dolo do agente, relação de causalidade e o
dano experimentado pela vítima. 14 DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade Civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 124.
19
Em preliminar, há que se definir o conceito de cada um destes
pressupostos.
O primeiro deles é a ação ou omissão do agente, que consiste
justamente na conduta do causador do dano. A responsabilidade pode derivar de ato
próprio, de ato de terceiro que esteja sob a guarda do agente, de danos causados
por coisas ou animais que lhe pertençam ou de modo omisso.
No que tange a omissão, esta nada mais é que a conduta negativa, ou seja, existem
porque alguém deixou de realizar ação que estava incumbido de fazê-la. No entanto,
em qualquer modalidade, o agente tem a obrigação de reparar o dano.
O doutrinador Rui Stoco melhor define o que se tenta dizer:
Não há responsabilidade civil sem determinado comportamento
humano contrário à ordem jurídica.
Ação e omissão consistem, por isso mesmo, tal como no crime,
o primeiro momento da responsabilidade civil.15
Outro elemento essencial, é a culpa. Embora sejam diversos os
conceitos desta, como dispõe Caio Mario, sua fonte de inspiração reside na doutrina
francesa, bem representada por René Savatier, que apresenta a seguinte definição:
“a culpa é a inexecução de um dever que o agente podia conhecer e observar”.16
Para que seja obtida a reparação do dano, deverá ser comprovado o dolo ou a culpa
stricto sensu do agente, segundo a teoria subjetiva adotada pelo nosso diploma civil.
Porém, há de se convir, entretanto, que tal prova é de fato difícil de ser conseguida,
e então é admitido pelo nosso direito positivo, em hipóteses específicas, alguns
casos de responsabilidade sem culpa: a responsabilidade objetiva, baseada
especialmente na teoria do risco, abrangendo também casos de culpa presumida.
Quanto ao nexo de causalidade, trata-se da relação de causa e
efeito entre a ação ou omissão do agente e o dano comprovado. Segundo a teoria
adotada no ordenamento jurídico que é a da causalidade adequada, a conduta deve
ser apta a produzir o dado prejuízo. Portanto, nem todas as condutas que concorrem
15 STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 64. 16 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 65.
20
para os resultados são equivalentes, mas só aquela que for a mais adequada para
produzir de concreto o resultado, o dano.
Sergio Cavalieri define o nexo causal:
Vale dizer, não basta que o agente tenha praticado uma
conduta ilícita; tampouco que a vítima tenha sofrido um dano. É
preciso que esse dano tenha sido causado pela conduta ilícita
do agente, que exista entre ambos uma necessária relação de
causa e efeito. Em síntese, é necessário que o ato ilícito seja a
causa do dano, que o prejuízo sofrido pela vítima seja
resultado desse ato, sem o quê a responsabilidade não
ocorrerá a cargo do autor material do fato. Daí a relevância do
chamado nexo causal. Cuida-se, então, de saber quando um
determinado resultado é imputável ao agente; que relação deve
existir entre o dano e o fato para que este, sob a ótica do
Direito, possa ser considerado causa daquele.17
Assevera, por fim Rui Stoco acerca do nexo de causalidade ao
afirmar que “o nexo causal se torna indispensável, sendo fundamental que o dano
tenha sido causado pela culpa do sujeito”.18
Por último, o dano, este pode se dizer que é o prejuízo experimentado pela vítima do
evento. É o resultado final da combinação da ação ou omissão, do nexo causal e da
culpa. Ele é tão importante que se pode dizer que não há responsabilidade sem
dano. Sem a prova do dano, ninguém pode ser responsabilizado civilmente.
17 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 65 18 STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 15.
21
CAPÍTULO II
DANO MORAL
2.1 – Conceito de Dano Moral A palavra dano (do latim damnu) significa: mal ou ofensa pessoal;
prejuízo moral; prejuízo material causado a alguém pela deterioração ou inutilização
de bens seus.19
Leciona Maria Helena Diniz que o:
Dano é um dos pressupostos da responsabilidade civil,
contratual ou extracontratual, visto que não poderá haver ação
de indenização sem a existência de um prejuízo. Só haverá
responsabilidade civil se houver um dano a reparar. Isto é
assim porque a responsabilidade resulta em obrigação de
ressarcir, que logicamente, não poderá concretizar-se onde
nada há que reparar.20
Importante salientar o que expressa o Código Civil a respeito do
assunto: “Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito”.21
E ainda:
Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo Único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei,
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
19 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p. 519. 20 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 14. ed. v. 7. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 55. 21 BRASIL. Lei n 10.406, de 10 jan 2002. Código Civil. Art. 186.
22
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.22
O Dano moral caracteriza-se por afetar valores intrínsecos na
esfera íntima do ser humano, fere gravemente os valores fundamentais inerentes à
personalidade ou reconhecidos pela sociedade em que está integrado e a sua
reparação é feita em dinheiro, de forma a compensar o dano sofrido e ainda, como
meio de inibir sua reincidência.
Por muito tempo, o dano moral, foi motivo de grandes debates
jurídicos, em relação à possibilidade de se obter indenização por lesão ao seu
objeto, haja vista que são bens incorpóreos, abstratos, aos quais é impossível se
atribuir um valor exato e aritmético que os defina.
O Direito tutela bens, interesse e valores, tanto materiais quanto
imateriais, suscetíveis ou não de avaliação econômica. Para Silva23, dano, em
sentido genérico, significa todo o mal ou ofensa que tenha uma pessoa causado a
outrem, da qual possa resultar uma deterioração ou destruição à coisa dele ou um
prejuízo a seu. Possui, assim, o sentido econômico de diminuição ocorrida ao
patrimônio de alguém, por ato ou fato estranho a sua vontade.
Pode-se dizer que o dano é o fato gerador da responsabilidade
de pagamento de indenização ou de reparação. Assim, para Vólia Bonfim, o “dano é
a violação de um bem juridicamente tutelado pelo direito, seja ele patrimonial ou não
patrimonial”.24
Quanto ao termo moral, diz-se que deriva do latim morale,
relativo a costumes. A raiz mores significa costumes, e também, comportamento.
Assim, para Florindo, moral “é o conjunto sistemático das normas que orientam o
homem para a realização de seu fim”.25
Partindo das estudadas conceituações, pode-se definir moral como
um conjunto de regras e normas com a finalidade de regular as relações de
indivíduos em uma determinada sociedade, seu significado, função e validade não
podem deixar de variar historicamente nas diferentes sociedades.
22 BRASIL. Lei n 10.406, de 10 jan 2002. Código Civil. Art. 927 23 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 1991. p. 2. 24 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. Niterói: Impetus, 2008. p. 906. 25 FLORINDO, Valdir. Dano moral e o Direito do Trabalho. São Paulo: LTR, 1996. p. 14.
23
Por sua vez, dano moral é uma ofensa à personalidade de um
indivíduo. Por personalidade entende-se as qualidades morais de uma pessoa, que
devem ser protegidas e defendidas igualmente. Tais critérios criam princípios como:
O direito à vida, liberdade, intimidade, privacidade, honra, imagem e outros.26 Estas
qualidades morais da pessoa equivalem a bens imateriais, que não podem ser
renegados nem desprezados. E, por isso, as leis as protegem, quando da ofensa a
elas possam advir danos ou prejuízos à pessoa.
A expressão é freqüentemente usada para definir uma lesão
causada a um bem não patrimonial ou extra patrimonial, tutelado pelo ordenamento
jurídico, que enseja reparação pecuniária.
Para Sérgio Cavalieri Filho, “qualquer agressão à dignidade
pessoal que leciona a honra constitui dano moral. Valores como a liberdade,
inteligência, trabalho, honestidade, formam a realidade axiológica a que todos
estamos sujeitos”.27
O dano moral atinge bens personalíssimos da vítima como a vida à
honra onde não se pode ver a diminuição do patrimônio da vitima ficando incapaz de
retornar ao estado anterior. Porém, mesmo incapaz de retornar ao status quantum
ante, poderá ser indenizado pecuniariamente com objetivo de substituir ou diminuir o
sentimento da angustia da dor.
Segundo a definição de Orlando Gomes, “é o constrangimento que
alguém experimenta em conseqüência de lesão em direito personalíssimo,
ilicitamente produzida por outrem. Assim, é qualquer sofrimento não proveniente de
uma perda pecuniária”.28
De acordo com Alvino Lima dano moral “é uma conseqüência da
atuação pessoal, direta do autor do dano ou de um fato alheio, cujos efeitos jurídicos
recaem sobre outrem”.29
Consiste em dano o prejuízo causado pelo agente, podendo ser
individual ou coletivo, moral ou material, melhor dizendo, econômico ou não
econômico, estando sempre presente na noção de prejuízo.30
26 ASSIS NETO, S. J. de. Dano moral e aspectos jurídicos. São Paulo: Bestbook, 1998. p. 28-29. 27 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 95. 28 GOMES, Orlando. Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 271. 29 LIMA, Alvino. A responsabilidade civil pelo dano de outrem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. p. 25. 30 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. Responsabilidade civil. São Paulo: Atlas, 2005. p. 40.
24
O dano moral, a luz da Constituição vigente, nada mais é do que a
violação do direito a dignidade e a lesão do direito personalíssimo, produzida
ilicitamente por outrem, que a princípio não afeta o patrimônio do lesado, embora
nele possa a vir repercutir.
O dano moral é tudo aquilo que não tem valor econômico e sim
aquele que fere a personalidade31, ou seja, o dano moral é prejuízo que afeta o
psíquico, moral e intelectual da vítima.32
Segundo Cavalieri Filho, “dano moral é a lesão de um bem
integrante da personalidade violação de um bem personalíssimo, tal com a honra, a
liberdade, a saúde, a integridade psicológica, causada dor, vexame, sofrimento,
desconforto e humilhação a vitima”.33
Dano é uma lesão sofrida por uma pessoa, no seu patrimônio ou na
sua dignidade física, constituindo, pois, uma lesão causada a um bem jurídico, que
pode ser material ou imaterial. O dano moral é causado a alguém num dos seus
direitos de personalidade, sendo possível a cumulação da responsabilidade pelo
dano material e pelo dano moral.34
É o entendimento de Yussef Said Cahali acerca do dano moral:
É a privação ou diminuição daqueles bens que tem um valor
precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de
espírito, a liberdade individual, a integridade física, a honra e os
demais sagrados afetos, classificando-se desse modo, em
dano que afeta a parte social do patrimônio moral (honra,
reputação, etc.) e dano que molesta a parte afetiva do
patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc.), dano moral que
provoca direta ou indiretamente o dano patrimonial (cicatriz
deformante, etc.) e dano moral puro (dor, tristeza, etc.).35
2.2 - Naturezas Jurídicas do Dano Moral
31 SILVA, Wilson de Melo. O dano moral e sua reparação. Rio de Janeiro: Forense, 1993. p. 13. 32 VENOSA, Silvio de Salvo. op. cit. p. 47. 33 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 23. 34 WALD, Arnoldo. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 407. 35 CAHALI, Yussef Said. Dano moral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 20.
25
Na atual doutrina há conceitos diversos, entendem uns que dano
moral seria aquele que não tem caráter patrimonial; outros o conceituam como
sendo lesão de um bem integrante da personalidade; e há, ainda, os que definem
como qualquer sofrimento que não é causado uma perda pecuniária.
Quanto à natureza jurídica do dano moral, verifica-se que ela é
controversa. Parte da doutrina entende que seria uma pena, outros que seria uma
forma de compensação e há ainda os que entendem possuir natureza dúplice, ou
seja, compensatória e punitiva.
O Ministro do STJ Walmir Oliveira da Costa aduz que:
A compensação por dano moral tem dupla natureza:
reparatória e punitiva. No primeiro caso, funciona como espécie
de compensação pelo sofrimento da vítima e, no segundo,
trata-se de sanção que coíbe ou inibe atentados ou investidas
indevidas contra os direitos da personalidade.36
Tem prevalecido o entendimento de que o dano moral possui essa
dupla natureza, de compensação e punição, conforme evidenciado no Enunciado nº.
379 da IV Jornada de Direito Civil, promovida em Brasília pelo Centro de Estudos
Jurídicos do Conselho Nacional de Justiça, em outubro de 2006.
Graças a Constituição de 1988, temos hoje, a consagração
expressa do direito a tal reparação, objetivando a proteção aos valores morais do
cidadão, como a honra, a imagem, o nome, a intimidade, a privacidade, que
englobam os chamados direitos da personalidade.
Arnaldo Marmitt leciona:
O dano moral que induz obrigação de indenizar deve ser de
certa monta, de certa gravidade, com capacidade de
efetivamente significar um prejuízo moral. O requisito da
gravidade da lesão precisa estar presente, para que haja direito
de ação. Ao ofendido cabe demonstrar razões convincentes no
sentido de que, no seu íntimo, sofreu prejuízo moral em
36 COSTA, Walmir Oliveira da Costa. Dano moral nas relações laborais: competência e mensuração. Curitiba: Juruá, 1999. p. 52.
26
decorrência de determinado ilícito. Alterações de pouca
importância não têm força para provocar dano extrapatrimonial
reparável mediante processo judicial. A utilização da Justiça
deve ser deixada para casos mais graves, de maior relevância
jurídica.37
2.3 - A Fixação do Quantum do Dano Moral
No dano moral o montante indenizatório serve como compensação
ou lenitivo pelo prejuízo suportado injustamente, já que a dor e a vida não podem ser
pagas; dinheiro algum quita o desgosto da dor sentida ou a amargura e tristeza de
uma vida desperdiçada.38
Não há legislação que estabeleça parâmetros para a fixação do
valor do dano moral, nem critérios uniformes e definidos para arbitrar um valor
adequado. A partir dessa omissão, buscam-se na prática, elementos para que o
valor ideal seja alcançado, ao arbítrio do juiz, que indicará o montante da
indenização, respeitando os princípios norteadores do direito.
Partindo do pressuposto de que não há parâmetros seguros para
quantificar o dano, surge a grande preocupação do mundo jurídico, haja vista a
grande proliferação das demandas. Enquanto o ressarcimento do dano material visa
recompor o patrimônio afetado, reinserindo a vítima em seu estado anterior, a
reparação por dano moral, objetiva uma compensação, sem que haja exata
dimensão da dor sofrida.
No Brasil, predomina o critério do arbitramento do juiz, conforme
prevê o teor do artigo 1533 do Código Civil de 1916. O Código atual mantém a
mesma essência ao determinar que se apurem as perdas e danos na forma que a lei
processual determinar.
A crítica que envolve esse sistema, é que não sendo prefixado o
quantum das indenizações, as pessoas não avaliam de forma geral as
conseqüências da prática do ilícito. E ainda, que o arbítrio do juiz, sendo este,
exorbitante ou ínfimo, estará em conformidade com a lei. Afinal, a falta de padrões
enseja a falta de controle de sua justiça ou injustiça.
37 MARMITT, Arnaldo. Dano Moral. Rio de Janeiro: AIDE, 1999. p. 20. 38 OLIVEIRA, Milton. Dano moral. São Paulo: LTr, 2006. p. 90.
27
Para fixar o quantum, o juiz considerará a posição familiar, cultural
e social do autor do dano e da vítima, tendo em vista o cidadão comum. E também,
o grau de culpa juntamente com a gravidade, extensão e repercussão do injusto,
bem como a intensidade do sofrimento acarretado pela vítima.
O que se pretende com a indenização por danos morais é a
compensação da dor moral suportada pela vítima, proporcionando-a algo em troca.
Ao mesmo tempo, tem caráter punitivo ao ofensor, visando castigar o causador do
dano, desestimulando-o a praticar novamente ato semelhante.
Trazemos a magnífica definição do quantum instruída por Maria Helena Diniz:
Na reparação do dano moral o juiz deverá apelar para o que
lhe parecer equitativo ou justo, mas ele agirá sempre com um
prudente arbítrio, ouvindo as razões das partes, verificando os
elementos probatórios, fixando moderadamente uma
indenização, o juiz não procederá a seu bel-prazer, mas como
um homem de responsabilidade, examinando as circunstâncias
de cada caso, decidindo com fundamento e moderação.39
Antônio Lindbergh Coelho entende que “entregar-se ao puro arbítrio
do julgador a estimativa do dano moral significa deixar ao sabor das magnitudes ou
mesquinharias, de que nem todos estão imunes, matéria mais delicadas do Direito”.40
39 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 14. ed. v. 7. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 87. 40 COELHO, Antônio Lindbergh. Ressarcimento de danos. 5. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001. p. 126.
28
CAPÍTULO III
A BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL
3.1– Enriquecimentos Sem Causa.
Argumenta-se entre os juristas a possibilidade das ações com
pedido de indenização por danos morais ensejarem o enriquecimento sem
causa da vítima.
O que se questiona é que o valor arbitrado pelo judiciário de
caráter punitivo, muitas vezes não se relaciona com a extensão do dano
causado. Porém, quando se trata de dano moral, não há como se atribuir uma
quantia exata, já que a dignidade humana e os atributos da personalidade não
são redutíveis à pecúnia.
Logo, se torna complicada a vinculação do enriquecimento
ilícito ao dano moral, considerando demasiada a soma em dinheiro a ser
recebida pela vítima, já que os atributos de maior relevância como a vida, a
integridade física e a honra foram atingidas.
Maria Celina Bodin de Moraes, a respeito do assunto
comenta a sentença de um juiz, arbitrando o dano moral,
é razão jurídica mais do que suficiente para impedir que se fale, tecnicamente,
de enriquecimento injustificado.37
Sendo assim, podemos sustentar que a demanda apreciada
pelo judiciário, terá como objeto um dano subjetivo o qual não se pode atribuir
valor certo, porém, este deverá reparar monetariamente o constrangimento
suportado e por outro lado, deve servir como meio pedagógico ao agente
causador do dano, desencorajando-o a cometer novamente o mesmo ato.
Ainda neste sentido, Maria Helena Diniz:
37 MORAES, Maria Celina Bodin de (coord.). Princípios do direito civil contemporâneo. Rio de Janeiro: Saraiva 2006. p. 302.
29
Sustenta que a indenização apresenta
dupla função: uma função penal,
constituindo sanção imposta ao ofensor,
de modo a diminuir seu patrimônio pela
indenização paga ao ofendido, visto que o
bem jurídico da pessoa, como a
integridade física, moral e intelectual, não
pode ser violado impunemente; e outra
função, a satisfatória ou compensatória,
pois o dano moral constitui-se em
menoscabo a interesses jurídicos extras
patrimoniais que provocam sentimentos
que não tem preço, visando a reparação
pecuniária tão somente proporcionar ao
prejudicado uma satisfação que, pelo
menos, atenue a ofensa sofrida. 38
O que não se pode acatar é que o enriquecimento nos
casos da violação legal, por lesionar um direito personalíssimo seja
considerado ilícito ou sem causa, já que não se pode consentir que seja ilícito
receber através de pecúnia a reparação de um ato injusto cometido.
Há quem sustente então que poderá sim haver um
enriquecimento, porém com causa e lícito, por ter partido de autoridade
judiciária competente a apreciação do caso, que através de fundamentos
fáticos e jurídicos concluiu o valor da reparação do dano causado.
Igualmente, não será arbitrado valor indenizatório sem
que seja observada a intensidade do sofrimento da vítima, a gravidade, a
natureza e a posição social e política este, e ainda, a intensidade do dolo ou
grau da culpa do ofensor e sua situação econômica.
Como bem explicita Fernando Gaburri e Leonardo de Faria Beraldo:
38DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 14. ed. v. 7. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 108.
30
A indenização por danos morais não pode
configurar enriquecimento ilícito por parte
do ofendido devendo cingir-se à
estipulação de penalidade de certa monta,
capaz de desencorajar o ofensor de voltar
a cometer atos atentatórios desse jaez. 39
Maria Helena Diniz ao propor algumas regras a serem
observados pelos magistrados a fim de obter a justa indenização por danos
morais lecionou que estes deverão proceder da seguinte forma:
Evitar a indenização simbólica e
enriquecimento sem justa causa, ilícito ou
injusto da vítima. A indenização não
poderá ter valor superior ao dano, nem
deverá subordinar-se à situação de
penúria do lesado; nem poderá conceder
a uma vítima rica uma indenização inferior
ao prejuízo sofrido, alegando que sua
fortuna permitiria suportar o excedente do
menoscabo. 40
Segundo o Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de
Letras Jurídicas, diz-se do enriquecimento ilícito ser "o acréscimo de bens que,
em detrimento de outrem, se verificou no patrimônio de alguém, sem que para
isso tenha havido fundamento jurídico". Entende, também, que enriquecimento
ilícito, enriquecimento indébito, enriquecimento injusto e enriquecimento sem
causa são sinônimos.
Outros doutrinadores também entendem dessa forma.
Limongi França, defendendo essa idéia e conceituando o enriquecimento sem
causa, assim se expressa:
39 GABURRI, Fernando; BERALDO, Leonardo de Faria; DOS SANTOS, Romualdo Baptista; VASSILIEFF, Sílvia; DE ARAÚJO, Vaneska Donato. Responsabilidade Civil: Direito Civil. v. 5. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 96. 40DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 14.ed.v.7. São Paulo:Saraiva, 2000.p.108.
31
Enriquecimento em causa,
enriquecimento lícito ou locupletamento
ilícito é o acréscimo de bens que se
verifica no patrimônio de um sujeito , em
detrimento de outrem, sem que para isso
tenha um fundamento jurídico.41
Carlos Valder do Nascimento diz que:
O pagamento indevido insere-se no
contexto do enriquecimento sem causa, o
que não se coaduna com a consciência
jurídica, que consagra a moralidade como
valor supremo da sociedade.42
Para Acquaviva enriquecimento ilícito é o:
Aumento de patrimônio de alguém, pelo
empobrecimento injusto de outrem.
Consiste no locupletamento à custa
alheia, justificando a ação de in rem
verso". Por outro lado, entende que
define: "É o proveito que, embora não
41FRANÇA, R. Limongi. Enriquecimento sem Causa. Enciclopédia Saraiva de Direito. São Paulo: Saraiva 1987. 42NASCIMENTO, Carlos Valder do. Execução contra a fazenda pública: fundada em título executivo ilegítimo. São Paulo : Editora Oliveira Mendes, 1998 – (Coleção Saber Jurídico).
32
necessariamente ilegal, configura o abuso
de direito, ensejando uma reparação. 43
3.1 – O Inchaço dos Pedidos em Sede de Juizado.
É garantia constitucional o acesso à justiça, previsto no
artigo 5º, XXXV, da Constituição Brasileira. Todos que sentirem necessidade
em ver seu direito efetivamente satisfeito têm o direito de pleiteá-los junto aos
órgãos judiciários.
A fim de evitar a morosidade da justiça, muitas ações de
menor complexidade são designadas aos Juizados Especiais, que foi criado
com a finalidade de diminuir o acesso à Justiça comum, dar maior agilidade
processual e oferecer prestação jurisdicional.
Ocorre que com essa facilidade, advieram as incontáveis
ações que abarrotam atualmente o sistema judiciário e conseqüentemente,
causa considerável da queda de qualidade nos julgados.
Muitas dessas ações tem como pedido, as já famosas
indenizações por danos morais, que muitas vezes configuram-se totalmente
descabidas ao caso, não passando de mero aborrecimento ou até mesmo
questão corriqueira, a qual todos estão passíveis de sofrer, sem que atinja
necessariamente o bem jurídico tutelado inerente a pessoa.
Podemos ressaltar ainda que com o respaldo da
Constituição de 1988 e do Código de Defesa do Consumidor, o cidadão
encontrou a proteção dos seus direitos, buscando consideravelmente mais a
tutela destes junto ao poder judiciário, tendo em vista que o acesso ao
judiciário se tornou muito mais amplo do que anteriormente.
O Juizado Especial Civil se tornou um grande mecanismo
nas mãos da sociedade, que é movida muitas vezes desnecessariamente,
causando excesso de ações por danos morais descabidas. É aí então que
notamos que o instituto está sendo submetido à banalização.
43ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário jurídico brasileiro. 9ª ed., ver., atual e ampl. – São Paulo : Editora Jurídica Brasileira, 1998.
33
Com relação aos pedidos de indenização por dano moral
em sede de juizado especial não há necessidade de se consignar
expressamente o valor de pedido desde que esteja comprovada que a
pretensão esteja compreendida dentro da alçada do sistema dos juizados
especiais. Sendo assim, o juiz na sentença fixara a quantia da indenização.
Podemos explicitar o entendimento dado pela professora
Ada Pelegrini em parecer de 15/04/1999 e juntado ao Agravo de Instrumento
113.088.4/0 do Tribunal de Justiça de São Paulo:
(...) em demandas que objetivam
indenização por danos morais, pode o
autor deduzir pedido genérico, autorizado
que esta pelo disposto no artigo 286, II, do
código de processo civil, cumprindo ao
juiz, observado os parâmetros de
razoabilidade e proporcionalidade e
critérios legais mencionados, arbitrar o
quantum indenizatório fazendo-o de
acordo com os elementos submetidos ao
efetivo e equilibrados contraditório,
motivadamente (...)44
É incontestável que existe certa dificuldade em quantificar
o dano já que somente quem o sofreu poderá estabelecer a dimensão atingida,
sendo certo que a compensação pecuniária nunca será totalmente perfeita.
Segundo Antonio Jeová estabelecer critérios em ralação ao tarifamento do
dano moral é impossível, tendo em vista o repudio do ordenamento jurídico
nesse sentido. Porém pode-se notar no Enunciado 8 das Turmas Recursais
Federais do Rio de Janeiro que o mais seguro é desde logo estimar o valor do
dano. Segue:
44ESTEVES, Paulo. et al. Dano moral. São Paulo: Fisco e Contribuinte, 1999. p. 295
34
A quantificação da indenização por dano
moral levará em consideração, ainda que
em decisão concisa, os critérios a seguir,
observados a conduta do ofensor e as
peculiaridades relevantes do caso
concreto: I- Dano moral leve – até 20
salários mínimos; II- Dano moral médio –
até 40 salários mínimos; III- Dano moral
grave – até 60 salários mínimos.45
3.2 - O Arbitramento dos Juízes.
Diante das incontáveis ações buscando a reparação por
dano moral, situação de fato que vem se banalizando no contexto jurídico
nacional, alguns juízes de forma imprópria vêm arbitrando valores irrisórios e
desproporcionais, não atendendo o vínculo entre o nexo de causalidade, o
dano e sua reparação, o que gera uma espécie de impunidade em relação à
conduta daqueles que causam o dano, lesionando terceiros.
A partir da dificuldade em estabelecer o quantum indenizatório, deve o
juiz:
Ao fixar o valor, e à falta de critérios
objetivos, agirem com prudência,
atendendo, em cada caso, às suas
peculiaridades e à repercussão
econômica da indenização, de modo que
o valor da mesma não deve ser nem tão
grande que se converta em fonte de
enriquecimento, nem tão pequeno que se
torne inexpressivo.46
45 RIO DE JANEIRO. Turmas Recursais Federais. Enunciado n 8. 46 MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça. AP. 87244. 3ª Câmara. Julgado em 9 abr 1992.
35
Levando em consideração o caráter dúplice da reparação
por dano moral, deve-se considerar que o mesmo necessariamente imputa ao
ofensor, sanção monetária com a finalidade de causar diminuição extra
patrimonial deste, enquanto que ao ofendido, cabe a recompensa de sua perda
pessoal valorativa. Sendo assim, não é plausível, tampouco razoável que seja
atribuído valor irrisório a título de compensação, por não coibir futuros atos do
agente causador do dano.
Ocorre que com receio de que a indústria do dano moral
seja estabelecida, e que a máquina do judiciário continue a ser movida
desnecessariamente, os juízes tem arbitrado valores mínimos, desmotivando a
procura do judiciário até mesmo em casos em que é nítido o dano moral.
Sendo assim, muitas vezes há quem prefira suportar o dano, do que ter o
constrangimento de ter seu caso exposto, seu tempo esvaído, e o
prosseguimento da insatisfação da sentença proferida.
Nota-se ainda que por não existir nenhum parâmetro exato
na fixação dos valores a serem arbitrados ao dano moral, estes são
submetidos ao entendimento do juiz, tendo aspecto subjetivo. Logo, o que um
juiz considera grave, para outro, pode não ser.
A grande questão é que acreditando não estarem
colaborando para a banalização do instituto, crendo que a justiça não é local
para faturamento ou lucros imotivados, os juízes tem deixado de punir os
ofensores da lei. Ao atribuir quantias inexpressivas, passam até mesmo a
incentivar a repetição dessas condutas, haja vista o lucro proveniente da
mesma sob outro aspecto.
O critério utilizado para se chegar ao valor indenizatório do
dano moral não pode ser aleatório, ao talante do alvedrio do julgador, mas
antes, deverá levar em conta a qualidade da pessoa atingida e a capacidade
financeira do ofensor, e, se possível, em montante expressivo, só assim o
desmotivará a praticar novos atos ilícitos consoantes entendimento cristalizado
em nossos tribunais. 47
47 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. 3º Grupo de Câmaras. Julgado em 1 set 1995. Maioria. RJTRS 176/250
36
Conclui a renomada civilista Maria Helena Diniz:
Na quantificação do dano moral, o
arbitramento deverá, portanto, ser feito com
bom senso e moderação, proporcionalmente
ao grau de culpa, à gravidade da ofensa, ao
nível sócio econômico do lesante, à realidade
da vida e às particularidades do caso sub
examine.48
3.3 – Dano Moral na Ótica dos Tribunais.
Atualmente, é notável a expressiva presença dos pedidos
de danos morais contidos nas ações judiciais. Muitas destas ações não
apresentam relevância jurídica, constituem mero aborrecimento ou irritação que
fazem parte da normalidade do nosso dia-a-dia. Tais situações não são
intensas e duradouras a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo.
As referidas ações têm causado o inchaço na quantidade
dos processos, quando na verdade as mesmas só deveriam ser propostas
diante de significativa gravidade, com capacidade efetiva de significar um
prejuízo moral de tal modo que justifique a concessão de uma satisfação de
ordem pecuniária ao lesado.
É bem verdade que uma série de fatores tem colaborado
pela expansão desses pedidos, tais como a mídia, que regularmente expõe à
sociedade casos de indenizações milionárias, que nem sempre são julgadas
através do princípio da proporcionalidade, caracterizando-se como excessos
das decisões judiciais.
48 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 14.ed.v.7. São Paulo:Saraiva, 2000.p.180.
37
Como já bem foi explicitado no decorrer dessa pesquisa, o
dano moral, visa compensar a vítima por algum prejuízo comprovadamente
sofrido no âmbito dos direitos da personalidade ou nos atributos da pessoa.
São ações que atingem os valores intrínsecos do ser humano.
No tocante a decisão de causas que envolvem a
responsabilidade civil na justiça norte americana nota-se que a atribuição de
valores exacerbados às vítimas das ações movidas por danos morais, somente
é assim estabelecida, porque as mesmas são proferidas por um júri composto
por pessoas leigas, do povo, sem qualquer competência técnica para tal.
Sendo assim, os ganhos de causa são super valorizados,
contribuindo para a “indústria do dano moral”, que tem sido o incentivo abusivo
das distribuições de causas. Através deste incentivo, muitos acreditam que
poderão receber valores muito maiores do que devidamente ou até mesmo,
indevidamente, deveriam receber, nos remetendo ainda, a um enriquecimento
sem causa da vítima.
Ocorre ainda que na justiça norte americano, as
exarcebadas quantias deferidas às vítimas não tendem a prosperar, visto que
ao serem submetidas ao próprio juiz togado que preside o julgamento ou pela
Suprema Corte, esses valores são consideravelmente reduzidos ao que de fato
deve ser atribuído, respeitando os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade dos valores indenizatórios.
No Brasil, os julgamentos apresentam menos riscos de
indenizações descomedidas, já que a decisão é do juiz togado, que profere
através do seu exercício regular de direito, sentenças não passionais,
compostas de elucidações legais.
Cumpre ressaltar que o sistema recursal garante o pleito
de revisão de eventuais excessos cometidos do juiz em primeiro grau, levando
em consideração o dano sofrido e a realidade socioeconômica vivida. O
sistema recursal inerente ao sistema judiciário brasileiro é totalmente
necessário para a discussão das arbitrariedades e excessos eventualmente
cometidos.
38
Cumpre ressaltar que o Superior Tribunal de Justiça, como
responsável pela a interpretação e fiel aplicação de lei federal, tem se
posicionado no sentido de aceitar via recurso especial, o controle do valor da
indenização por dano moral, no intuito de impedir possíveis excessos.
E ainda, como a indenização por danos morais tem
assento constitucional, é bem possível que o Supremo Tribunal Federal exerça
a atividade revisora dos valores indenizatórios, via recurso extraordinário.
Com relação às jurisprudências são poucos os julgados
que fixam indenizações identificadas como desproporcionais e exageradas.
Ilustrando o que já foi aqui disposto, convém demonstrar
que caso que ganhou grande notoriedade, uma sentença proferida pelo Juízo
do Maranhão que, em fevereiro de 1993, em razão da devolução indevida de
cheque no valor correspondente a 3,48 salários mínimos, condenou o Banco
do Brasil ao pagamento de indenização equivalente a 3.000 salários mínimos
da época. O Tribunal de Justiça do Maranhão, julgando apelação do banco réu,
reduziu esse valor para o equivalente a 450 salários mínimos. Essa última
decisão foi objeto de recurso especial para o Superior Tribunal de Justiça:
Que acabou por fixar a indenização do
dano moral em valor correspondente a 20
salários mínimos 49
Podemos citar também outro caso, em que foi ajuizada
ação no juizado cível de Manaus, em que o autor relatava ter estado em
situação de pleno desconforto ao tentar sair de um shopping com uma
credencial emitida pela academia localizada no mesmo, que lhe permitia a
permanência por 4 (quatro) horas e não ter conseguido, visto que a cancela
eletrônica não permitiu a saída, o que lhe acarretou o pagamento de R$ 3,00
(três reais). O requerente ainda informou que a partir dessa situação, recebeu
diversos xingamentos dos outros motoristas que desejavam sair do
estabelecimento e não conseguiam pelo bloqueio que o seu carro causava.
49 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RESP 222525/MA. 3ª Turma. Rel. in. Ari Pargendler.Publicado n DJU de 24 abr 2000.
39
Ao apreciar a demanda, o juiz a quo considerou a demanda
banal e desmotivada, afinal a credencial em questão, foi utilizada de forma
diversa à sua finalidade, pois o autor estava em pleno domingo, em que não há
funcionamento na academia, utilizando-a para lanchar no shopping. E banal,
por se tratar se situação corriqueira, comum nos dias atuais, insuscetível de
indenização por danos morais.
Mesmo que essa preocupação envolva diversos
posicionamentos jurídicos, no Brasil, há de se salientar que na maior parte dos
casos as sentenças proferidas tem resultado mais frustrante do que
enriquecedor.
Há, no entanto casos em que os reconhecimentos de
danos são exageradamente elevados, porém esses casos como estudado
anteriormente, tem notoriedade na mídia, mas não representam maior parte do
percentual dos julgados. Sem contar que as revisões são sempre pleiteadas via
recurso.
Convém dizer:
O alvo parece inteiramente equivocado,
na medida em que a expansão da
ressarcibilidade corresponde a uma
legitima ampliação de tutela dos
interesses individuais e coletivos, sendo,
antes, a sua invocação sem fundamento a
causa das angustias que afligem a
doutrina e banalizam a atuação dos
tribunais. 50
Todavia, o STJ afasta o óbice de sua Súmula 7 naquelas
hipóteses em que o valor fixado como compensação dos danos morais revela-
se irrisório ou exagerado, de forma a não atender os critérios que balizam o
seu arbitramento, a saber, assegurar ao lesado a justa reparação pelos danos
sofridos, sem, no entanto, incorrer em seu enriquecimento sem causa.
50 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 997.479-SP( 2007/0243255-6).Rel.Min. Nancy Andrighi.
40
Por muitos anos, uma dúvida pairou sobre o Judiciário e
retardou o acesso de vítimas à reparação por danos morais: é possível
quantificar financeiramente uma dor emocional ou um aborrecimento? A
Constituição de 1988 bateu o martelo e garantiu o direito à indenização por
dano moral. Desde então, magistrados de todo o país somam, dividem e
multiplicam para chegar a um padrão no arbitramento das indenizações. O
Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem a palavra final para esses casos e,
ainda que não haja uniformidade entre os órgãos julgadores, está em busca de
parâmetros para readequar as indenizações.
O valor do dano moral tem sido enfrentado no STJ sob a
ótica de atender uma dupla função: reparar o dano buscando minimizar a dor
da vítima e punir o ofensor para que não reincida. Como é vedado ao Tribunal
reapreciar fatos e provas e interpretar cláusulas contratuais, o STJ apenas
altera os valores de indenizações fixados nas instâncias locais quando se trata
de quantia irrisória ou exagerada.
A dificuldade em estabelecer com exatidão a equivalência
entre o dano e o ressarcimento se reflete na quantidade de processos que
chegam ao STJ para debater o tema. Em 2008, foram 11.369 processos que,
de alguma forma, debatiam dano moral. O número é crescente desde a década
de 1990 e, nos últimos 10 anos, somaram 67 mil processos só no Tribunal
Superior.
O ministro do STJ Luis Felipe Salomão, integrante da
Quarta Turma e da Segunda Seção, é defensor de uma reforma legal em
relação ao sistema recursal, para que, nas causas em que a condenação não
ultrapasse 40 salários mínimos (por analogia, a alçada dos Juizados
Especiais), seja impedido o recurso ao STJ.
A lei processual deveria vedar
expressamente os recursos ao STJ.
Permiti-los é uma distorção em
desprestígio aos tribunais locais. Critica
o ministro.51
51Brasil. Superior Tribunal de Justiça. Quarta Turma e da Segunda Seção. Rel. Min. Luis Felipe Salomão.
41
CONCLUSÃO
O presente trabalho desenvolveu o tema do dano moral e
sua repercussão em diversas esferas, especialmente com relação a
banalização de seu instituto.
Analisou-se a responsabilidade civil nos primeiros tempos
e seu desenvolvimento até os dias atuais, dissertando a respeito do seu
conceito e pressupostos, estabelecendo a distinção entre a responsabilidade
contratual e extracontratual, subjetiva e objetiva. E ainda formulou-se a
diferenciação entre a responsabilidade civil e penal.
O dano moral foi entendido como lesão ao bem que
integra os direitos da personalidade que acarreta ao lesado dor ou sofrimento,
valores intrínsecos ao ser humano, difícil de mensurar.
Nesse sentido há a dificuldade de arbitrar um valor que
compense a vítima da ofensa suportada. Já que não existe qualquer legislação
que ampare essa fixação pelos magistrados. Logo, subjetivamente, o juiz
tratará do caso observando a gravidade objetiva, a personalidade do agredido,
sua situação familiar e social, e sua reputação, além da gravidade do ato e as
condições do autor do ilícito.
Ponderou-se a respeito do caráter duplo do dano moral,
que foi muito discutido entre os juristas, o qual se apresenta como reparador e
punitivo. Tem o condão de compensar pecuniariamente a vítima, já que nunca
se poderia reingressá-la ao satus quo anterior, e punir o agente causador do
dano, de forma pedagógica, a fim de que este não volte a cometer os mesmos
atos.
Estabeleceu-se um paralelo entre a justiça brasileira e a
americana, no que diz respeito às decisões que fixam valores exarcebados ou
irrisórios. Por mais que sejam atribuídos valores desproporcionais, não
respeitando os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, estes são
passíveis de pleitos revisionais.
Com relação a banalização do dano moral, a preocupação
do judiciário gira em torno do enriquecimento sem causa da vítima e da
demasiada quantidade de demandas em sede de juizado especial.
42
O enriquecimento sem causa teve sua abordagem
explanada. Não se pode considerar ilícito o enriquecimento proveniente de
decisão judicial por um ato ilícito suportado.
As excessivas ações que envolvem indenização por
dano moral em sede de juizado especial, advieram do amplo acesso a justiça,
no qual se tornou muito mais viável o pleito.
Por último, há que se considerar, que por mais
complicado que seja a fixação do dano moral, este não poderá ser quantificado
de forma irrisória que não atenda o aspecto duplo da reparabilidade.
43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, André Gustavo Corrêa. Dano moral e indenização punitiva. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2009.
ASSIS NETO, S. J. de. Dano moral e aspectos jurídicos. São Paulo: Bestbook,
1998.
Brasil. Superior Tribunal de Justiça. Quarta Turma e da Segunda Seção. Rel.
Min. Luis Felipe Salomão.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 997.479-SP(
2007/0243255-6).Rel.Min. Nancy Andrighi.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. RESP 222525/MA. 3ª Turma. Rel. Min.
Ari Pargendler. Publicado n DJU de 24 abr 2000.
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1 maio 1943. Aprova a Consolidação das
Leis do Trabalho. Art. 8º, § único.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n 37.
CAHALI, Yussef Said. Dano moral. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2005. CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. Niterói: Impetus, 2008.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. São Paulo:
Malheiros, 2008.
CASTRO, Flávia Lages. História do Direito Geral e do Brasil. 5. ed. São Paulo:
Saraiva. 2005. p.8.
COSTA, Walmir Oliveira da Costa. Dano moral nas relações laborais:
competência e mensuração. Curitiba: Juruá, 1999.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 14. ed. v. 7. São Paulo:
Saraiva, 2000.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 14.Ed.v.7.São
Paulo:Saraiva, 2000.p.180.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
FLORINDO, Valdir. Dano moral e o Direito do Trabalho. São Paulo: LTR, 1996.
GABURRI, Fernando; BERALDO, Leonardo de Faria; DOS SANTOS,
Romualdo Baptista; VASSILIEFF, Sílvia; DE ARAÚJO, Vaneska Donato.
Responsabilidade Civil: Direito Civil. v. 5. São Paulo: Revista dos
Tribunais,2008.
44
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de
Direito Civil: parte geral. 2. ed. v. 1. São Paulo: Saraiva, 2002.
GOMES, Orlando. Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. v. IV. 4. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009.
LIMA, Alvino. A Responsabilidade Civil pelo Dano de Outrem. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2000.
LOPES, João Batista. Perspectivas Atuais da Responsabilidade Civil.
RJTJSP, 57/14.
MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça. AP. 87244. 3ª Câmara. Julgado em 9
abr 1992.
MORAES, Maria Celina Bodin de (coord.). Princípios do direito
civil contemporâneo. Rio de Janeiro: Saraiva, 2006.
OLIVEIRA, Milton. Dano moral. São Paulo: LTR, 2006.
OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por acidente do trabalho ou
doença profissional. São Paulo: LTR, 2008. p.199.
PEREIRA, Caio Mario da Silva. Responsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1998.
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. 3º Grupo de Câmaras. Julgado
em 1 set 1995. Maioria. RJTRS 176/250.
RIO DE JANEIRO. Turmas Recursais Federais. Enunciado n 8.
RESEDA, Salomão. Função social do dano moral. São Paulo: Conceito,
2009. RODRIGUES, Silvio. Direito civil. v. 4. São Paulo: Saraiva, 2006.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
SILVA, Wilson de Melo. O dano moral e sua reparação. Rio de Janeiro:
Forense, 1993.
STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 7. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2007.
THEODORO JUNIOR, Humberto. Dano moral. 7. ed. Belo Horizonte: Del
Rey, 2010.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. Responsabilidade civil. São Paulo:
Atlas, 2005.
WALD, Arnoldo. Curso de Direito Civil Brasileiro. São Paulo:Saraiva, 2002.
45
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 9 CAPITULO I 10
CONCEITO DE RESPONSABILIDADE CIVIL E DANO
MORAL 10
1.1 – HISTÓRICO 10
1.2 - Conceitos de Responsabilidade Civil do Dano Moral 14
1.3 - Espécies de Responsabilidade Civil do Dano Moral 16
1.4 – Pressupostos do Dano Moral na Responsabilidade Civil 18
CAPITULO II 21
DANOS MORAL 21
2.1 – Conceitos de Dano Moral 21
2.2 – Naturezas Jurídicas do Dano Moral 24
2.3 – A Fixação do Quantum no Dano Moral 26
CAPITULO III 28
A BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL 28
3.1 - Enriquecimento Sem Causa 28
3.2 – O Inchaço dos Pedidos em Sede de Juizado Especial 32
3.3 – O Arbitramento dos Juízes 34
3.4 – Dano Moral na Ótica dos Tribunais. 36
CONCLUSÃO 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43
ÍNDICE 45
46
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÔS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA Titulo da Monografia: DANO MORAL NOS TRIBUNAIS BRASILEIROS E CRITÉRIOS PARA SEU ARBITRAMENTO. Autor: Jorge Felipe Ribeiro Soares Data da entrega: Avaliado por: N
Conceito: