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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR: acidente de trabalho Por: Elaine Alves da Costa Orientadora Professora Ana Paula Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR: acidente de trabalho

Por: Elaine Alves da Costa

Orientadora

Professora Ana Paula

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR: acidente de trabalho

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes - IAVM como requisito para

obtenção do grau de especialista em Administração

em Saúde.

Por: Elaine Alves da Costa

3

RESUMO

A Segurança e a Saúde do Trabalhador - SST é um assunto de grande relevância para empresa, funcionários e sociedade. Esta monografia analisa as razões pelas quais as organizações estão investindo cada vez mais na prevenção de acidentes do trabalho, assim como os benefícios que esses investimentos geram. Por meio da pesquisa realizada foi possível conhecer alguns passos necessários para implantação de um programa de segurança no trabalho, que agregue valores ao processo produtivo. Valores estes que proporcionam qualidade no produto final e minimizam os custos de produção, aumentando as vantagens competitivas da empresa em relação ao mercado concorrente. Com base na pesquisa descritiva e explicativa, foi possível expor como deve funcionar um programa de segurança no trabalho, com suas dificuldades e com os benefícios que são gerados. Já na pesquisa bibliográfica, foi possível estudar materiais e depoimentos de autores que facilitaram o desenvolvimento desta monografia, contribuindo para a importância do entendimento da segurança do trabalho na organização. De uma forma geral, conclui-se que as organizações estão investindo nos programas de segurança do trabalho com objetivo não só de aumentar sua produtividade, reduzir custos e manter uma boa imagem no mercado competitivo, como também, evitar multas e punições por estarem cumprindo as leis e fiscalizações do governo. Palavras-chave: Segurança Organizacional, prevenção de acidentes e programa de segurança no trabalho.

4

METODOLOGIA

Utilizou-se na pesquisa os critérios de classificação propostos por

Vergara (2006) que qualifica a pesquisa em relação a dois aspectos, os

fins e os meios. Essa classificação é muito importante porque facilita o

entendimento do leitor e organiza a forma como o estudo está

estruturado.

Quanto aos fins, a pesquisa realizada por esta monografia é

descritiva e explicativa.

A pesquisa descritiva expõe características de determinada

população ou determinado fenômeno. Pode também estabelecer

correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso

de explicar fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal

explicação (VERGARA, 2006, p. 47).

A pesquisa é classificada como descritiva porque utiliza o estudo

baseado nas pesquisas de outros autores.

A investigação explicativa tem como principal objetivo tornar algo

inteligível, justificar os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores

contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado

fenômeno (VERGARA, 2006, p. 47). A partir deste conceito, classifica-se

a pesquisa como explicativa porque visa esclarecer quais os principais

fatores que contribuem para as empresas aderirem ao programa de

segurança no trabalho.

Quanto aos meios, a pesquisa é bibliográfica.

5

A pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido

com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes

eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral (VERGARA,

2006, p. 48).

A pesquisa é bibliográfica porque foram utilizados livros, revistas

especializadas em segurança, artigos eletrônicos e manuais de

treinamento para a investigação dos seguintes assuntos: a

obrigatoriedade dos equipamentos de proteção individual e a

importância de treinamentos destinados aos funcionários.

6

SUMÁRIO INTRODUÇÃO

07

CAPÍTULO I - ACIDENTE DE TRABALHO: O CONCEITO

10

1.1 Doenças profissionais e doenças do trabalho 11 1.1.1 Doenças Profissionais 11 1.1.2 Doenças do Trabalho 13 1.2 Riscos e falhas existentes no ambiente de trabalho

14

CAPÍTULO II - SEGURANÇA DO TRABALHO: O CONCEITO

17

2.1 Origem da segurança no trabalho 18 2.1.1 Uma nova visão nas organizações 20 2.2 Importância da prevenção de acidentes 22 2.2.1 Danos causados ao trabalhador 23 2.2.2 Prejuízos para a empresa 24 2.2.3 Custos resultantes para a sociedade 25 2.2.4 Prejuízos resultantes para o governo

26

CAPÍTULO III - CONSCIENTIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES E DOS FUNCIONÁRIOS

27

3.1 Benefícios gerados por um programa de segurança eficaz

31

CAPÍTULO IV - A LEGISLAÇÃO E SEUS PROGRAMAS DE APOIO À PREVENÇÃO DE ACIDENTES

35

4.1 Portaria 3.214/78 36 4.2 Normas Regulamentadoras (NRs) 4.3 Lei Orgânica de Saúde 8.080

36 37

4.4 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) 39 4.5 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) 41 4.6 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) 42 4.7 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)

43

CONCLUSÃO

44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

46

ÍNDICE

49

7

INTRODUÇÃO

A Segurança e a Saúde do Trabalhador (SST) ainda é uma

questão mal compreendida pela empresa, pelo trabalhador, pelo governo

e pela sociedade. Alguns acreditam que a segurança e a saúde do

trabalhador diz respeito somente à empresa, há aqueles que acreditam

que a responsabilidade é do trabalhador, e ainda há aqueles que

acreditam que este é um problema isolado e que a solução cabe

somente ao trabalhador e a empresa, mas a realidade é que direta ou

indiretamente todos estão envolvidos.

De acordo com dados da Previdência Social, em 2006 foram

registrados 503.890 acidentes e doenças do trabalho, entre os

trabalhadores assegurados. Neste número alarmante, não está incluso

os trabalhadores autônomos e nem as empregadas domésticas.

Estes eventos provocam enorme impacto social, econômico e

sobre a saúde pública no Brasil. Entre esses registros contabilizou-se

26.645 doenças relacionadas ao trabalho, e parte destes acidentes e

doenças tiveram como conseqüência o afastamento das atividades de

440.124 trabalhadores devido à incapacidade temporária. Desse número

alarmante foram 303.902 até 15 dias e 136.222 com tempo de

afastamento superior a 15 dias, 8.383 trabalhadores por incapacidade

permanente, e o óbito de 2.717 cidadãos (MINISTÉRIO DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2007).

Neste contexto inicial de análise, definiu-se o problema deste

trabalho: analisar as razões pelas quais os gestores e o governo estão

mais atentos a esta questão.

8

A monografia tem como objetivo geral apresentar as razões que

levam as empresas a investirem em um programa eficaz de segurança

no trabalho, levando em consideração as vantagens geradas por um

ambiente de trabalho mais seguro e saudável para os trabalhadores.

E os objetivos específicos visam compreender os benefícios que o

programa de segurança no trabalho geram para a empresa, funcionários

e governo, e também, compreender sua importância.

O presente estudo irá se deter na análise sobre segurança no

trabalho, de forma a verificar os benefícios gerados e sua importância

para todos, que direta ou indiretamente estão envolvidos nesta questão.

Serão abordados dificuldades e problemas enfrentados no

programa de prevenção de doenças e acidentes no trabalho. Algumas

questões e hipóteses em relação às outras dimensões da segurança no

trabalho poderão ser evidenciadas, mas não serão aprofundadas, como:

as causas de acidentes de trabalhadores informais, a questão legal,

dados estatísticos, sinalização e nem de doenças ou acidentes

específicos.

Para classificação da pesquisa foi utilizado o critério de Vergara

(2006) que é divido quanto aos fins e aos meios. Quanto aos fins, a

pesquisa é descritiva e explicativa. Descritiva porque utiliza o estudo

baseado nas pesquisas de outros autores, e explicativa, pois visa

esclarecer quais os principais fatores que contribuem para as empresas

aderirem ao programa de segurança no trabalho.

Quanto aos meios, a pesquisa é bibliográfica porque foram

utilizados livros, revistas especializadas em segurança, artigos

eletrônicos e manuais de treinamento para a investigação dos seguintes

9

assuntos: a obrigatoriedade dos equipamentos de proteção individual e a

importância de treinamentos destinados aos funcionários.

A importância do tema justifica-se pelo índice significativo de

doenças ocupacionais e acidentes que ocorrem nas empresas. Sendo de

extrema importância para a Administração, pois além dos problemas

financeiros gerados com as doenças e os acidentes de trabalho, há

também problemas com as questões legais, sociais e de produtividade

para a empresa. Esse tema vincula-se e é igualmente importante para

as várias áreas das empresas, como: Contabilidade, Gestão Ambiental,

Recursos Humanos e Marketing.

10

CAPÍTULO I

ACIDENTE DE TRABALHO:

O CONCEITO

O termo Acidente de Trabalho foi decretado legalmente em 1979,

sob o Decreto nº 83.080 de 24/01/1979 no Regulamento dos Benefícios

da Previdência Social em seu Art. 221.

De acordo com o Art. 19 da Lei 8.213, de 24/071991, alterada pelo

Decreto nº 611 de 21/07/1992, acidente de trabalho:

“é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho”.

Ainda de acordo com a Lei 8.213/91, no Art. 21, ainda, são

equiparados ao acidente de trabalho os seguintes acontecimentos:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa

única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para

redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido

lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho,

em conseqüência de: ato de agressão, sabotagem ou terrorismo

praticado por terceiro ou companheiro de trabalho, ofensa física

intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com

o trabalho, ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de

terceiro ou de companheiro de trabalho, ato de pessoa privada do uso

da razão e desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos

ou decorrentes de força maior;

11

III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no

exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário

de trabalho: na execução de ordem ou na realização de serviço sob a

autoridade da empresa, na prestação espontânea de qualquer serviço à

empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito, em viagem a

serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por estar

dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra,

independentemente de meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de

propriedade do segurado e no percurso da residência para o local de

trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção.

1.1 Doenças profissionais e doenças do trabalho

Quanto às doenças profissionais e do trabalho, a Legislação

Brasileira as define no Decreto 2.172, de 05/03/1997, Art. 132, incisos I

e II, e do Anexo II, equiparando-as, para todos os efeitos legais, ao

acidente de trabalho.

As doenças que não se enquadram nos dois itens que se seguem,

mas que comprovadamente forem adquiridas pelas condições especiais

em que o trabalho é executado e com ele diretamente relacionadas,

também serão equiparadas ao acidente de trabalho.

1.1.1 Doenças Profissionais

São perturbações provocadas pelo ambiente de trabalho,

causando alterações na saúde do trabalhador por ficar exposto a

12

agentes químicos, físicos, biológicos ou radioativos, sem a devida

proteção com os riscos envolvidos, onde esses riscos à saúde e à vida

estão acima do limite permitido por lei. Essa proteção pode ser na forma

Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) ou Equipamento de Proteção

Individual (EPI).

Existem várias doenças profissionais que irão se caracterizar de

acordo com o risco, podendo causar vários problemas ao organismo e

até a morte, mas se forem respeitados os limites de tolerância de cada

risco presente no ambiente de trabalho e utilizando adequadamente os

equipamentos de proteção individual, as doenças profissionais podem

ser prevenidas.

São exemplos de doenças profissionais:

a) Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho (DORT). De acordo com Teixeira

(2003), LER ou DORT correspondem a um conjunto de doenças

relacionadas às atividades laborais que acometem músculos,

tendões e nervos superiores e que têm relação com as exigências

das tarefas, dos ambientes físicos e da organização do trabalho.

São inflamações provocadas por atividades de trabalho que

exigem movimentos manuais repetitivos durante longo tempo. Os

profissionais mais atingidos têm sido os datilógrafos, digitadores,

telefonistas e trabalhadores de linha de montagem;

b) perda auditiva - é a mais freqüente doença profissional

reconhecida desde a Revolução Industrial, sendo provocada, na

maioria das vezes, pelos altos níveis de ruído;

c) bissinose: ocorre com trabalhadores que trabalham com algodão;

13

d) pneumocarnose (bagaçose): ocorre com trabalhadores com

atividades na cana-de-açúcar, as fibras da cana esmagada são

assimiladas pelo sistema respiratório;

e) siderose: ocorre quando de atividades desenvolvidas com limalha

e partículas de ferro, para quem trabalha com o metal;

f) asbestose: ocorre com trabalhadores que trabalham com amianto,

o que provoca câncer no pulmão.

1.1.2 Doenças do Trabalho

São moléstias obtidas ou que tenham sido desencadeadas em

função de situações especiais em que o trabalho precisa ser executado

e com ele se relacione diretamente. De acordo com o Decreto 2.172, Art.

132, parágrafo 1º:

“não serão consideradas como doença do trabalho a doença degenerativa, a inerente a grupo etário, a que não produz incapacidade laboral e a doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que resultou de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho”.

Ainda de acordo com o Decreto 2.172, o parágrafo 2º diz:

“que, em caso excepcional, constatando-se que uma doença não esteja incluída na relação constante do Anexo II resultando de condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relacione diretamente, a Previdência Social deve equipará-la ao acidente do trabalho”.

São exemplos de doenças do trabalho: as alergias respiratórias

desencadeadas por ambientes de trabalho com manutenção

insatisfatória dos condicionadores de ar, principalmente na limpeza de

filtros e dutos de circulação de ar, e também, o estresse.

14

1.2 Riscos e falhas existentes no ambiente de trabalho

De acordo com o Art. 225 da Constituição Federal, parágrafo 1º,

inciso V: “Controlar a produção, a comercialização e o emprego de

técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a

qualidade de vida e o meio ambiente”.

Os acidentes de trabalho, de uma forma geral, são resultados das

interações inadequadas entre o trabalhador, o serviço executado e o

ambiente em que o mesmo acontece.

Os riscos estão intimamente ligados à vida e à atividade humana.

Tem, por isso, a característica de estar presente em toda etapa do

processo executado, alcançando dimensões universais, sendo mais

numerosos hoje que antigamente, em virtude da diversificação das

atividades humanas e da tecnologia.

Segundo Cardella (2007, p. 76), o maior atributo de interesse dos

Programas de Segurança no Trabalho é manter os riscos abaixo dos

valores tolerados e para que isso aconteça é importante que a

organização adote medidas certas e imediatas das quais as pessoas não

possam esquivar-se e que a liderança invista seu próprio tempo nestas

medidas e mostre que seu envolvimento vai além dos discursos, pois um

indivíduo não consegue sozinho controlar os riscos de sua atividade. Por

isso é importante que todos os colaboradores de uma organização

estejam envolvidos na missão de promover segurança.

Em alguns casos os acidentes acontecem porque a mente se

envolve completamente com o exercício da função e corpo acaba sendo

esquecido.

15

Uma das medidas de controle que podem ser adotadas é o

monitoramento, ou seja, a verificação constante das atividades, já que a

preservação do bem-estar das pessoas tem prioridade sobre a

preservação de bens e produtos de qualquer atividade econômica.

De acordo com Cardella (2007, p. 77), outra medida de segurança

é a auditoria, uma avaliação sistemática e documentada da eficácia e

eficiência da organização no exercício em função da segurança,

focalizando e colocando em prática, programas e planos de ação

visando o alcance de melhorias e diminuição dos riscos e perigos.

É de grande valia que existam nas organizações comitês

constituídos por pessoas envolvidas nos programas de diversas áreas

em função da segurança para emitir conclusões e recomendações aos

funcionários, efetuando precocemente a identificação, avaliação e

tratamento dos riscos. Adquirindo assim, uma visão global das ações

legais de prevenção de acidentes.

As falhas são fatores do risco e na quase totalidade dos casos os

acidentes ocorrem devido a algum tipo de falha. O controle dos riscos

consiste em identificar possibilidades de falhas e adotar medidas para

eliminá-las, para que se possa reduzir sua freqüência ou neutralizar os

efeitos. Um dos tipos de falha é a técnica, ocorre por falta de meios

adequados para exercer a função. Os recursos não existem ou são

inadequados, levando o homem a falhar porque não sabe ou não pode

fazer da maneira correta. A falha técnica tem grande probabilidade de

continuar se repetindo se as condições não forem modificadas.

Existe também a falha por descuido, ela decorre da incapacidade

dos mecanismos inconscientes em controlar as ações do homem, ele

possui todos os recursos e atua corretamente em um grande número de

vezes. No entanto, esporadicamente o homem falha, nos levando a

16

encará-lo como um perigo para o sistema, processos e para seus

próprios semelhantes (CARDELLA, 2007 p.188).

Sua causa básica é a dificuldade inerente ao ser humano em

manter a atenção continuamente por longos períodos de tempo. Já a

falha consciente quando provocada pela adoção de procedimentos

alternativos que envolvem maiores riscos que o procedimento padrão, a

pessoa conhece o procedimento seguro e desvia-se dele, não por

descuido, mas por decisão própria.

Conforme argumenta Chiavenato (2004, p.443) é necessário

minimizar as condições de insegurança nas empresas. Mas as causas

dos atos inseguros podem ser atribuídas a certas características

pessoais que predispõem aos acidentes, como ansiedade, agressividade

e falta de controle emocional.

Segundo Gonçalves "Ato inseguro é um erro humano com

potencial para causar acidentes. As conseqüências podem atingir a

própria pessoa ou quem estiver próximo. Errar é próprio do ser humano.”

(Gonçalves, 2005, p.2523)

É importante criar uma consciência de segurança através de

treinamentos, incorporando medidas de prevenção em processos de

aprendizagem, mapeando os riscos, proporcionando equipamentos com

proteção, visto que os melhores regulamentos e regras são ineficientes

na redução de acidentes se não forem continuamente reforçados e

aplicados.

17

CAPÍTULO II

SEGURANÇA DO TRABALHO:

O CONCEITO

Entende-se por segurança do trabalho todas as medidas e formas

de proceder que visem à eliminação dos riscos de acidentes. Mas, os

riscos são inerentes à vida e à atividade humana. Têm, por isso, a

característica da onipresença, alcançando dimensões universais.

O papel da Segurança do Trabalho é eliminar as condições

inseguras e os atos inseguros para que haja a possibilidade de reduzir

os acidentes e as doenças ocupacionais.

A responsabilidade por acidente do trabalho é uma conseqüência

da proteção dada pela Constituição à vida, saúde e integridade física do

trabalhador, impondo, no art. 70, como em direitos sociais, além de

outros, a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas

de saúde, higiene e segurança. E para ser eficaz, a segurança deve

atuar sobre homens, máquinas e instalações, levando em conta todos os

pormenores relativos às atividades humanas.

Os conceitos básicos de segurança e saúde devem estar

incorporados em todas as etapas do processo produtivo, do projeto à

operação. Essa concepção irá garantir inclusive a continuidade e

segurança dos processos, uma vez que os acidentes geram horas e dias

perdidos.

Acima de tudo, entretanto, a busca de condições seguras e

saudáveis no ambiente de trabalho significa proteger e preservar a vida

e, principalmente, é mais uma forma de se construir qualidade de vida.

18

Os conceitos básicos de segurança e saúde devem estar

incorporados em todas as etapas do processo produtivo, do projeto à

operação. Essa concepção irá garantir inclusive a continuidade e

segurança dos processos, uma vez que os acidentes geram horas e dias

perdidos.

Acima de tudo, entretanto, a busca de condições seguras e

saudáveis no ambiente de trabalho significa proteger e preservar a vida

e, principalmente, é mais uma forma de se construir qualidade de vida.

A segurança do trabalho estuda diversas disciplinas como, o

ambiente e as doenças do trabalho, higiene do trabalho, prevenção e

controle de riscos em máquinas, equipamentos e instalações,

ergonomia, proteção contra incêndios e explosões e gerência de riscos.

2.1 Origem da segurança no trabalho

Se alguma nação não adotar condições humanas de trabalho, esta omissão constitui um obstáculo aos esforços de outras nações que desejam melhorar as condições dos trabalhadores em seus próprios países (CONSTITUIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, 1919, p. 45).

A importância da segurança e da saúde do trabalhador teve seus

primeiros sinais na antiguidade, através dos princípios da geometria de

Euclides da Alexandria (300 A.C.) e também de Arquimedes (287 A.C.)

com a criação da Lei das Alavancas, que consiste na inspeção e

melhorias do método de trabalho, pois já havia sido constatado que se

usadas para o processo de trabalho o desempenho do trabalhador teria

uma melhoria significativa. Mas, foi logo após a Revolução Industrial que

veio à tona que as condições de trabalho da época estavam muito além

19

do esforço físico desgastante. Foi quando, quase 2000 anos depois, que

os donos das fábricas de ontem e os empregadores de hoje constataram

que a saúde e a segurança do trabalhador são fatores importantes a

serem levados em conta para o alcance dos objetivos organizacionais

(VASCONCELOS, 2001, p. 1).

A historicidade do processo saúde-doença, abre novas

perspectivas para o conhecimento dos agravos à saúde e para o

planejamento, execução e avaliação das ações de saúde e formulação

de políticas para o setor (MINAYO, 1992 apud FRIAS JUNIOR, 1999).

Mesmo sem termos ao certo uma data inicial que possamos usar

como referência, o Factory Act 1833 deve ser considerada como a

primeira lei que protege a saúde do trabalhador, porém era aplicada

apenas em fábricas têxteis da época que utilizavam energia hidráulica e

a vapor.

Em 1831, instalou-se uma comissão para analisar a situação do

grande número de trabalhadores mutilados na execução de suas tarefas,

na cidade de Manchester (Inglaterra). Constatou-se através de relatório

que esses trabalhadores, encontravam-se doentes, deformados e

abandonados. Foi a partir deste relatório que surgiu o Factory Act, que

proibiu o trabalho noturno aos menores de 18 anos, restringiu o horário

de trabalho para 12 horas diárias e 96 horas por semana,

obrigatoriedade de escolas nas fábricas para os menores de 13 anos, a

idade mínima de trabalho passou a ser nove anos e tornou-se

obrigatória a presença de um médico nas fábricas. Surge então, o

médico de fábrica com objetivo de submeter os menores trabalhadores a

exame médico pré-admissional e periódico, e preveni-los tanto das

doenças ocupacionais quanto das não ocupacionais.

20

No início do século XX foi criada a OIT (Organização Internacional

do Trabalho) que é uma agência do sistema das Nações Unidas onde

são implementadas normas internacionais do trabalho e alguns temas

relacionados a ela, e que atualmente tem como um dos seus objetivos

estratégicos: a promoção dos princípios fundamentais e direitos do

trabalhador através de um sistema de supervisão e de aplicação de

normas que são submetidas, aprovadas pelo Congresso Nacional e

incorporadas às leis brasileiras.

A ação da OIT, que conseguiu firmar a Convenção nº 155, em

1981, ratificada por Cuba, Espanha, Finlândia, México, Noruega,

Portugal, Suécia e Venezuela, dispõe sobre uma política a ser

desenvolvida no sentido de proteger a saúde dos trabalhadores e

implantar, no local de trabalho, condições de segurança que façam com

que os acidentes sejam evitados.

2.1.1 Uma nova visão nas organizações

Logo após a Revolução Industrial a preocupação com a Segurança

no Trabalho era voltada apenas para garantir os direitos dos

trabalhadores e instituir princípios que deveriam orientar a atuação das

empresas multinacionais nos países onde suas filiais estavam

estabelecidas.

Segundo Costa (2004), a preocupação em reduzir os acidentes de

trabalho em termos de competitividade, é uma visão recente, pois

tempos atrás a atividade laboral era realizada em regime de riscos sem

muita preocupação por parte das empresas. Os problemas ocorridos

com empregados acidentados eram resolvidos pela simples e desumana

reposição do homem, como se fosse ele, o trabalhador, simplesmente,

21

uma peça que se possa substituir sem problemas em uma engrenagem

industrial.

Esse pensamento evoluiu devido às pressões econômicas e

sociais. A pressão econômica é resultado não só do governo nacional

como também da OIT, que está pressionando os países a fazerem com

que as empresas busquem melhores condições de trabalho para que a

saúde e a vida do trabalhador não se exponha a riscos desnecessários,

pois os acidentes ocorridos em função do exercício das atividades

acabam trazendo transtornos não só para a economia nacional como

também mundial.

Segundo dados da OIT (2007), cerca de 2,2 milhões de pessoas

morrem por ano, vítimas de acidentes ou doenças adquiridas nos locais

de trabalho no mundo todo. A OIT ressalta que os custos para a

economia global diante desses acidentes e doenças são significativos e

chegam a 4% do PIB mundial em prejuízos.

Já em relação às pressões sociais, percebe-se uma forte

tendência das empresas em vincular sua imagem à noção de

responsabilidade social. Segundo Sucupira (2000), citado por Grob

(2003, p. 10), “a nova postura da empresa cidadã baseada no resgate de

princípios éticos e morais passou a ter natureza estratégica”.

Atualmente, a segurança no trabalho tem sido vista e reconhecida

como uma nova questão social, estando sua atenção voltada para o

comportamento social, trabalhista e ambiental, principalmente nas

empresas multinacionais, dada sua importância crescente na economia

global.

Para se ajustar a essa nova tendência e não ser penalizada, tão

pouco ficar marginalizada pela sociedade, as empresas estão se unindo

22

ao governo para reduzir os números alarmantes de acidentes de

trabalho que afetam milhões de pessoas.

O mercado está mudando a forma de ver os acidentes e as

doenças de trabalho como mera fatalidade das atividades exercidas. As

empresas estão investindo mais na saúde e na vida do trabalhador como

ferramenta estratégica para melhorar sua imagem no mercado.

Apesar da lentidão neste processo de transformação do

pensamento das empresas, com avanços e retrocessos, novas diretrizes

já estão sendo traçadas juntamente com o governo para diminuir os

custos com os acidentes de trabalho.

A construção de uma Previdência Social mais sólida sob o aspecto

financeiro e mais justa sob a ótica social é a nova visão para administrar

a segurança com a saúde e a vida do trabalhador.

2.2 IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Conforme Toledo (2005, p.18), prevenção de acidentes não é

apenas uma atividade isolada agregada às atividades econômicas por

exigências legais. Ela abrange todas as decisões tomadas na empresa,

contribuindo mais ativamente para o sucesso do empreendimento.

As empresas são responsáveis pela adoção de medidas que

proporcionem a minimização ou até a eliminação dos riscos, atendendo

todas as normas de segurança do trabalho e buscando sempre

incentivar seus funcionários para que contribuam na identificação de

possíveis riscos existentes na execução de suas tarefas.

23

Mediante as altas taxas de acidentes e doenças registradas pelas

estatísticas realizadas pela Previdência Social, os elevados custos e

prejuízos humanos, sociais e econômicos custam muito para o país,

considerando apenas os dados do trabalho formal (BRASIL, 2005).

Conforme ressalta o manual de prevenção de acidentes e doenças

do trabalho (SESI/SEBRAE 2005) os acidentes e doenças decorrentes

do trabalho apresentam fatores extremamente negativos para a

empresa, ocasionando perdas, muitas delas irreparáveis.

Esses fatores são avaliados, conforme descrito a seguir, levando

em consideração os danos causados ao trabalhador, os prejuízos para a

empresa e os demais custos resultantes para a sociedade e para o

governo.

2.2.1 Danos causados ao trabalhador

As estatísticas da Previdência Social, que registram os acidentes

e doenças decorrentes do trabalho, revelam uma enorme quantidade de

pessoas prematuramente mortas ou incapacitadas para o trabalho.

Os trabalhadores que sobrevivem aos acidentes de trabalho são

atingidos por danos que se materializam em sofrimento físico e mental,

cirurgias e remédios, próteses e assistência médica, fisioterapia e

assistência psicológica, dependência de terceiros para acompanhamento

e locomoção, diminuição do poder aquisitivo, desamparo à família,

desemprego, marginalização, depressão e traumas.

24

2.2.2 Prejuízos para a empresa

O custo total de um acidente é dado pela soma de duas parcelas:

uma refere-se ao custo direto (ou custo segurado), a exemplo do

recolhimento mensal feito à Previdência Social, para pagamento do

seguro contra acidentes de trabalho, visando garantir uma das

modalidades de benefícios estabelecidos na legislação previdenciária. A

outra parcela refere-se ao custo indireto (custo não segurado).

Estudos informam que a relação entre os custos segurados e os

não segurados é de um para quatro, ou seja, para cada real gasto com

os custos segurados, são gastos quatro com os custos não segurados.

As empresas são fortemente atingidas pelas conseqüências dos

acidentes e doenças, apesar de nem sempre os seus dirigentes

perceberem este fato, perdendo grandes somas e credibilidade social

com os acidentes.

A empresa que possui alta taxa de acidentes de trabalho tem

custos de indenizações, além de enfrentar a insatisfação de empregados

e da sociedade, correndo o risco de ser rotulada como desorganizada e

mal administrada.

Perder um trabalhador gera inúmeros problemas, entre eles

podem ser citados: a necessidade de treinar outra pessoa para ocupar a

função do acidentado, a reparação das máquinas e equipamentos

danificados na ocorrência, custos judiciais, sociais e o abalo na imagem

da instituição.

Além destes prejuízos, a empresa poderá ser obrigada a fazer a

reinserção do acidentado pelo período de estabilidade de 12 meses,

25

multas administrativas, ter perdas negociais (multas contratuais por

atraso de produção, rescisão de contratos), perda de certificados de

gestão de qualidade, de gestão ambiental, etc.

A empresa que se preocupa em adotar um programa eficaz de

segurança no trabalho tem como retorno a redução de afastamentos por

acidentes do trabalho, evitando a queda no ritmo de produção, gerando

assim, a elevação do nível de satisfação dos empregados e o aumento

da confiabilidade da capacidade produtiva, assegurando a proteção do

patrimônio e dos recursos humanos (CARDELA, 2007).

2.2.3 Custos resultantes para a sociedade

De acordo com dados da Previdência Social, os acidentes atingem

principalmente, pessoas na faixa etária dos 20 aos 30 anos, justamente

quando estão em plena condição física (BRASIL, 2005).

Muitas vezes, esses jovens trabalhadores, que sustentam suas

famílias com seu trabalho, desfalcam a empresa e oneram a sociedade,

pois passam a necessitar de socorro e medicação de urgência,

intervenções cirúrgicas, mais leitos nos hospitais, maior apoio da família

e da comunidade e benefícios previdenciários.

Os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais,

conseqüentemente, prejudicam o desenvolvimento do país, provocando

a redução da população economicamente ativa, o aumento da taxação

securitária e o aumento de impostos e taxas.

26

2.2.4 Prejuízos resultantes para o governo

Os custos sociais da Previdência Social são altíssimos,

considerando os gastos com benefícios: aposentadorias antecipadas

(especiais e por invalidez), auxílios-doença, pensão por morte, auxílio-

acidente, reabilitação e readaptação do segurado-acidentado, gastos

com saúde.

É importante a conscientização entre as pessoas envolvidas neste

processo, pois investir em prevenção tem efeito quase imediato na

relação custo-benefício.

27

CAPÍTULO III

CONSCIENTIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES E DOS

FUNCIONÁRIOS

Segundo Zamith (2007, p. 27), a segurança no trabalho é hoje

uma área de grande relevância no contexto organizacional.

Mesmo a segurança não sendo a principal área da organização,

contribui em fatores como proteção, clima organizacional, produtividade,

ambiente de trabalho, motivação e prazer.

Os programas de prevenção de acidentes nas empresas, embora

em alguns casos tenham sido inaugurados por imposição legal, surtiu

bons resultados econômicos.

A aquisição de equipamentos de proteção individual para os

operários, os programas de reciclagem e de treinamento pessoal,

significam um valioso e bastante rendoso investimento na área de

produção, além de uma demonstração de respeito à vida (OLIVEIRA,

2003).

Antes de introduzir um ou mais projetos de segurança, é

necessário à conscientização de todos, desde a diretoria da empresa, os

funcionários e serviços de terceiros. Assim, é importante um amplo

processo de divulgação da necessidade de segurança no trabalho, e de

sua representação legal, a CIPA.

Por mais elaborado que seja um programa de segurança e saúde

no trabalho e por melhores que sejam as ferramentas por ele

disponibilizadas para a solução dos riscos no trabalho, se não houver

participação compromissada de todos os envolvidos em suas ações,

28

especialmente do corpo gerencial da empresa, os resultados por ele

produzidos serão desfavoráveis, tanto do ponto de vista quantitativo,

quanto qualitativo (OLIVEIRA, 2003, p. 4).

Mesmo em função da cultura SST ainda predominante na maioria

das empresas brasileiras, inclusive em empresas de grande porte, a

questão da segurança e saúde no trabalho não é implementada como

deveria ser, tanto por parte da empresa, como por parte dos

trabalhadores. Um dos principais problemas ainda existentes na maioria

das empresas que dificultam e, em certas circunstâncias até mesmo

inviabilizam a implementação dos programas de SST, segundo o que se

pode levantar, é o fraco envolvimento da alta direção.

No Brasil, o envolvimento direto da alta direção das empresas com

as questões da segurança e saúde no trabalho, é fraco. Exceto quando

da ocorrência de acidentes graves, que, além de danos materiais,

provocam aspectos negativos para imagem da empresa atingindo-a de

forma direta. É certo que essa postura vem declinando principalmente

nas grandes empresas, mas não a ponto de já ter amadurecido uma

nova experiência em que as questões da segurança e saúde no trabalho

sejam consideradas como parte integrante do sistema produtivo,

recebendo dos gestores das empresas o mesmo valor conferido aos

itens de produção.

Certamente poucos assuntos na área da prevenção de acidentes

são mais antigos e geram mais conflitos do que a recusa do uso de

Equipamento de Proteção (Revista Mensal de Saúde e Segurança do

Trabalho, 2007, p. 64).

Sabemos que o grande número de acidentes do trabalho ocorridos

no Brasil ou em qualquer parte do mundo, origina-se no comportamento

das vítimas.

29

O número de acidentes relacionados ao cometimento de erros no

trabalho não é pequeno no universo dos acidentes registrados e

estudados. Milhares de trabalhadores morrem ou mutilam-se todos os

anos no Brasil e em outras partes do mundo, em decorrência de

acidentes do trabalho cujas causas vão desde a precariedade das

condições do ambiente onde o trabalho é realizado, comportamentos

inadequados dos trabalhadores, traduzidos em erros comprometedores

na execução de suas tarefas, assim como o não uso dos equipamentos

de proteção disponibilizado pela empresa (OLIVEIRA, 2003, p. 5).

A inclusão do comportamento dos trabalhadores no conjunto dos

fatores causais de acidentes do trabalho, quando cabível, de forma

alguma significa culpá-los pelos acidentes e, conseqüentemente pelos

danos deles decorrentes, ou seja, a morte e a invalidez.

Na arte de prevenir acidentes, o comportamento do trabalhador,

como foi expresso na ação do acidente, ainda que tenha sido a principal

causa, é de importância secundária. O que deve ser extremamente

considerado, valorizados e cuidadosamente estudados - são os

determinantes do comportamento, ou seja, o que o motivou, o que havia

de errado no ambiente, nas relações de trabalho e ainda na vida do

trabalhador que interferiam, direta ou indiretamente, no relacionamento

dele com o todo de seu trabalho, definindo posturas em atitudes

equivocadas.

O erro na execução do trabalho, embora indesejável, é passível de

ocorrer, e todos, estão sujeitos a este acontecimento. O que devemos

fazer é nos conscientizar dos motivos que levam ao erro e procurar

evitá-los através dos métodos de prevenção disponibilizados pela

empresa. O Comportamento do trabalhador e sua relação com a

organização do trabalho são influenciados, em função das condições de

30

trabalho, e principalmente pela consciência da realidade na qual ele está

inserido. Daí não é correto supor que o comportamento do trabalhador

decorrente ou não das circunstâncias já mencionadas, não contribui para

a ocorrência dos acidentes no trabalho, entendendo que o que se

pretende com a investigação não é culpar o trabalhador pelo acidente,

mas, pura e simplesmente estabelecer sentido entre o acidente e seus

determinantes causais (OLIVEIRA, 2003, p 5).

Daí surge à necessidade de reforçar práticas de treinamentos em

prevenção de acidentes, para que haja capacitação do trabalhador na

prevenção destes, o que nem sempre é o suficiente, pois também se faz

necessário à melhoria do ambiente de trabalho.

Treinar trabalhadores para o cumprimento de normas em

ambientes agressivos, desfavoráveis à vida, sem oferecer as condições

necessárias e abertura para discutir, e propor medidas de melhorias,

tanto no ambiente quanto na organização do trabalho, é contribuir para o

estado de medo e incertezas, que caracterizam a exposição consciente

a riscos capazes de gerar danos à saúde. A empresa deve oferecer

condições para que o trabalhador coloque em práticas as lições

aprendidas no programa de segurança da sua empresa.

É muito importante que haja conscientização de ambos os lados,

empresas e funcionários, sobre riscos e conseqüências, para que assim

os cuidados passem a se tornar uma atitude natural. Todos devem ser

responsáveis pelas atividades que executam, segurança é um

investimento, então o funcionário tem que ter responsabilidade,

conhecimento do que é executado, opinar e transmitir informações

relevantes para trabalhar com o máximo de segurança possível.

31

3.1 BENEFÍCIOS GERADOS POR UM PROGRAMA DE

SEGURANÇA EFICAZ

Qualquer acidente de trabalho acarreta prejuízos econômicos para

o acidentado, para a empresa e para o país. Então quando é implantado

um programa de segurança eficaz um dos benefícios gerados é a

redução de custo, o qual todos têm como objetivo.

Medidas que neutralizam ou eliminam os riscos associados às

atividades de trabalho geram um ambiente de trabalho seguro, que é

capaz de possibilitar o aumento da produtividade, pois não há

interrupção do trabalho por conta da ocorrência de acidentes; de

promover o bem estar dos trabalhadores e melhorar a imagem da

empresa perante os seus acionistas e sociedade, condição de valor num

mercado competitivo que tem procurado parceiros que mostrem

qualidade e eficiência na gestão da Segurança e Saúde no Trabalho.

Atualmente uma empresa para sobreviver precisa tornar-se

competitiva e para isso é necessário proporcionar boas condições de

trabalho aos seus funcionários, pois influencia diretamente a

produtividade e qualidade do produto ou serviço que a empresa oferece

a seus clientes. E os resultados de um programa de segurança eficaz

agem diretamente neste ponto, fazendo com que a empresa seja mais

competitiva.

Segundo Sandroni (1998, p. 67) produtividade é:

“Resultado da divisão da produção física obtida numa unidade de tempo (hora, dia, ano) por um dos fatores empregados na produção (trabalho, terra, capital) (...) Comumente o termo produtividade se refere à produtividade resultante do trabalho humano com a ajuda de determinados meios de produção (máquinas, ferramentas e equipamentos). Esta produtividade do trabalho é o quociente da produção pelo tempo do trabalho em que foi obtida”.

32

Para Pinheiro (2001) estamos experimentando um período ímpar

em segurança e medicina do trabalho, seja pela globalização, que obriga

as empresas a se adequarem às políticas de qualidade do Primeiro

Mundo, seja pelas alterações da legislação.

Até bem pouco tempo, era discreto o número de processos por

acidente de trabalho, levando a fama de "pedra no sapato do

empregador" os processos por insalubridade e periculosidade. No

entanto, estes representam fração diminuta do valor daqueles, e hoje se

inverteram as posições, passando os processos por acidente de trabalho

para o ranking dos problemas do empresário, que pode diminuir

bastante com um programa de segurança eficaz.

A própria imagem institucional da empresa acaba afetada quando

esta não demonstra uma preocupação real com a saúde de seus

trabalhadores, fazendo com que haja possibilidade de ser acionada na

esfera jurídica visando o pagamento de indenizações, como forma de

compensar a vítima pelos danos que as atividades realizadas no

cotidiano da organização provocaram, o que gera muitos custos para a

empresa (TOLEDO, 2005).

Os funcionários de uma empresa também são beneficiados pelo

programa de segurança no trabalho, pois trabalham com menos

conflitos, maior integração, maior desenvolvimento individual em cada

tarefa gerando uma melhoria no desempenho geral, menos acidentes de

trabalho, maiores condições de acompanhar e controlar processos,

maior produtividade, gerando possibilidades de recompensas, e recebem

vários treinamentos com o objetivo de diminuir os acidentes de trabalho

(CARDELLA, 2007).

33

A segurança no trabalho constitui-se em um importante referencial

para que o trabalhador possa desempenhar suas funções de forma

plena, não sendo afetado em decorrência de atuar em um local que seja

inadequado para o exercício profissional.

Dutra (2004, p. 127), em relação ao ambiente de trabalho, destaca

que:

“O trabalho faz parte da vida. É um meio de crescermos, de nos sentirmos produtivos através de uma construção benéfica. Mas quanta frustração ocorre nos ambientes de trabalho. As exigências estruturais das linhas de montagem, o autoritarismo e seus abusos, a disseminação do medo de represálias, da perda de benefícios ou mesmo do emprego, compelem as pessoas a se sentirem subjugadas, sem liberdade para falar o que pensam e o que sentem, mesmo quando se trata de flagrantes injustiças. O ambiente de trabalho deve ser dotado de condições mínimas de qualidade, para que o profissional consiga desempenhar suas funções de forma plena sentindo-se motivado a isso, como uma forma de obter um desempenho melhor, colaborando para que a própria empresa consiga atingir plenamente seus objetivos”.

Comenta Dutra (2004) que os trabalhadores que atuam em um

ambiente que privilegie a segurança no trabalho sentem-se motivados,

passando a ter um desempenho acima da média, reduzindo custo,

apresentando melhores soluções aos clientes e gerando como resultado

maior à própria melhoria da qualidade das atividades realizadas no

âmbito da organização.

As condições físicas e ambientais em um determinado espaço de

trabalho resultam de uma forma ou de outra, em impactos na saúde e

bem-estar do trabalhador, implicando conseqüências para as próprias

relações sociais estabelecidas no local de trabalho, que podem ter

impactos positivos ou negativos na efetivação de ações que propiciem

atender tanto aos objetivos da empresa como dos próprios funcionários

(CARDELLA, 2007).

34

O governo também é beneficiado quando as empresas investem

em programa de segurança, pois os prejuízos com os acidentes também

são significativos e os gastos da Previdência Social são elevados.

De acordo com o Ministério da Previdência e Assistência Social

(MPAS), o que se recolhe de prêmios é um pouco menos do que se

gasta com benefícios, e do que se deixa recolher da contribuição quando

da ocorrência do infortúnio, gerando desequilíbrio nas contas.

É fato o destaque dado ao Brasil no que concerne à incidência de

doenças ocupacionais e ao número de acidentes de trabalho. As

estatísticas comprovam essa condição desagradável que nos coloca,

sistematicamente, entre os países que mais registram acidentes de

trabalho no mundo, posição que poderia ser ainda pior se todos os

acidentes ocorridos fossem notificados e se o universo de trabalhadores

abrangidos pelas estatísticas não estivesse aquém da força de trabalho

realmente existente no país. Ressalte-se que as estatísticas de

acidentes de trabalho brasileiro são feitas sobre a massa de

trabalhadores contribuintes da Previdência Social (PINHEIRO, 2001).

35

CAPÍTULO IV

A LEGISLAÇÃO E SEUS PROGRAMAS DE APOIO À

PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Por lei toda empresa deve montar uma equipe que controle a

relação entre os processos do trabalho e a integridade física e mental

dos seus trabalhadores, que é o início de tudo.

Como princípio constitucional, as obrigações do empregador em

função dos acidentes de trabalho recaem primeiramente na prevenção,

mantendo obrigatoriamente o SESMT (conforme NR 4), promover a

Semana Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT), sendo observada a

formação e a manutenção da Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes (CIPA - conforme NR 5) e o fornecimento sem ônus para os

trabalhadores dos EPI´s (conforme NR 6).

A Legislação Brasileira, através da Lei Federal nº 8.213 de

24/07/1991, alterada pelo Decreto nº 611 de 21/07/1992, nos artigos 19

ao 23, presentes no anexo A, ressalta que a empresa é responsável pelo

uso de medidas de saúde, proteção, segurança do trabalhador.

A Legislação que rege a segurança no trabalho no Brasil é

composta por três decretos, portarias desde 1978, mais de trinta Normas

Regulamentadoras (NRs) e Normas Regulamentadoras Rurais (NRRs),

leis complementares e também das reuniões da OIT.

Dentro da Constituição Federal e da Consolidação das Leis

Trabalhistas (CLT) há vários pontos que são dedicados à segurança no

trabalho.

36

Por meio da Portaria nº 3.214 de 08/06/1978, o Ministério do

Trabalho (MT) aprovou as Normas Regulamentadoras (NRs), e

estabeleu que qualquer modificação só pode ser feita com a autorização

da Secretaria de Segurança do Trabalho, que é um órgão do Ministério

do Trabalho e Emprego (MTE).

4.1 Portaria 3.214/78

A Portaria MT 3.214 de 08/06/1978, aprovou as Normas

Regulamentadoras relativas à segurança e à medicina do trabalho. Com

essas normas criou-se, conforme análise dos riscos e número de

empregados existentes nas empresas, a obrigação de serviços e

programas responsáveis pelas questões relativas à saúde, segurança no

ambiente de trabalho e danos ao Meio Ambiente. O propósito era tornar

mais humana a relação entre o trabalho, Meio Ambiente e produtividade,

sem contudo, atrapalhar e prejudicar as metas estabelecidas para o

crescimento do País.

Algumas NRs foram alteradas depois de 1978, mas continuam

fazendo parte da mesma Portaria (nº 3.214, do Ministério do Trabalho).

4.2 Normas Regulamentadoras (NRs)

Normas Regulamentadoras são os critérios com os quais a

legislação ordena e orienta quais os procedimentos obrigatórios que

estão relacionados à medicina e segurança no trabalho no Brasil. Há

em vigor no Brasil 31 Normas Regulamentadoras Urbanas.

37

De acordo com a RN 1, as NRs são obrigatórias para todas as

empresas, sejam privadas ou públicas e pelos órgãos públicos da

administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes

Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela CLT.

Devido o seu teor imperativo, o empregador que não obedecer às

disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do

trabalho será punido com a aplicação das penalidades previstas em

legislação própria.

As demais NRs estão distribuídas de formas a atender às diversas

áreas específicas, prevendo medidas de segurança, higiene e prevenção

de acidentes.

4.3 Lei Orgânica de Saúde 8.080

Em 1990 o Brasil promulgou a Lei Orgânica de Saúde 8.080, que

dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da

saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e

dá outras providências.

O Art. 1º desta lei, diz que:

“Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado”.

38

A Lei 8.080 considera decisivamente a questão saúde do

trabalhador em seu Art. 6º definido-a como:

"...um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho".

E enumera as ações:

a) assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou

portador de doença profissional e do trabalho;

b) participação, no âmbito de competência do Serviço Único de

Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos

riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de

trabalho;

c) participação, no âmbito de competência do SUS, da normatização,

fiscalização e controle das condições de produção, extração,

armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de

substâncias, de produtos, de máquinas e equipamentos que

apresentem riscos à saúde do trabalhador;

d) avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

e) informação ao trabalhador, à sua respectiva entidade sindical e às

empresas sobre os riscos de acidente do trabalho, doença

profissional e do trabalho, bem como os resultados de

fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de

admissão e de demissão, respeitados os preceitos da ética

profissional;

39

f) participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços

de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e

privadas;

g) revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no

processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração de

entidades sindicais;

h) garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão

competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de

todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco

iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.

4.4 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

A CIPA consta na CLT e é regulamentada pela NR 5, que

estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e privadas

organizarem e manterem em funcionamento, por estabelecimento, uma

comissão constituída exclusivamente por empregados com o objetivo de

prevenir infortúnios laborais.

Foi criada oficialmente pelo Decreto-Lei nº 7.036, de 10/11/1994,

sem título definido. A obrigação para instalação das comissões nas

fábricas só entrou em vigor em 19 de junho de 1945, por instrução da

Portaria nº 229 do então Departamento Nacional do Trabalho (TOLEDO,

2005, p. 58).

A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá

embasamento jurídico à existência desta NR, são os artigos 163 a 165

da CLT.

40

Desde os primórdios, a CIPA propõe-se a executar tarefas,

através de representantes dos trabalhadores e do empregador, tendo

como objetivos: observar e relatar as condições de riscos nos ambientes

de trabalho, solicitar medidas para reduzir e/ou eliminar os riscos

existentes, discutir os acidentes ocorridos, encaminhando ao Serviço

Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho

- SESMT (se houver) e ao empregador o resultado da discussão e

solicitar medidas preventivas, orientar os demais trabalhadores quanto à

prevenção de acidentes, investigar as causas de circunstâncias dos

acidentes e doenças ocupacionais, promover anualmente a SIPAT

(Seminários Internos de Prevenção de Acidentes do Trabalho) e realizar

inspeções de segurança.

A CIPA para atender seus objetivos, depende da contribuição de

toda a empresa. Para Toledo (2005), entende-se que é fundamental que

ela tenha um bom relacionamento com todos os setores e

departamentos.

A CIPA determina a participação dos trabalhadores no processo

de prevenção que, através de suas sugestões, têm a possibilidade de

alterar sistemas e processos, sentindo-se parte integrante das decisões

da empresa.

Uma CIPA bem administrada reveste-se de ações positivas e

lucrativas, eliminando conflitos que possam ter sido gerados por

problemas de riscos no ambiente de trabalho. Por isso, de acordo com

Toledo (2005) é fundamental respeitar alguns critérios para que a CIPA

desenvolva suas atividades e consiga atingir o resultado almejado, tais

como: organização da CIPA, formação e treinamento de seus membros e

direção efetiva que tenha como proposta a resolução das anomalias

identificadas na empresa.

41

Os membros da CIPA deverão estar constantemente recebendo

instruções através de palestras e cursos, para que possam executar um

trabalho com eficiência e eficácia. Para Toledo (2005), infelizmente,

poucas empresas entendem essa importância e já no momento de sua

organização incorrem no erro de indicarem como representantes

pessoas que não tem características para desenvolver um trabalho

eficiente em prol das melhorias das condições de trabalho.

Empresas que não demonstram o mínimo de interesse com a CIPA

são prejudicadas, pois a representação dos empregados será composta

por pessoas que não se comprometem com as atividades da comissão,

que a utilizam como garantia de emprego, dentre outros motivos, o que

irá gerar o fracasso, a insatisfação, a comissão nula e ineficiente,

montada por um período de 12 meses.

4.5 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

(PCMSO)

É regulamentado pela NR 7, que estabelece a obrigatoriedade de

elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e

instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa

de Controle Médico de Saúde Ocupacional, com o objetivo de promoção

e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores.

A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá

embasamento jurídico à existência desta NR, são os artigos 168 e 169

da CLT. O objetivo principal do PCMSO é a promoção e preservação da

saúde dos trabalhadores.

42

4.6 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)

É regulamentado pela NR 9, que estabelece a obrigatoriedade de

elaboração e implementação do Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais, por parte de todos os empregadores e instituições que

admitam trabalhadores como empregados, visando à preservação da

saúde e da integridade física dos trabalhadores, através da antecipação,

reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de

riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de

trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos

recursos naturais.

A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá

embasamento jurídico à existência desta NR, são os artigos 175 a 178

da CLT.

O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas

da empresa no campo da preservação da saúde e da integridade dos

trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais

NRs, em especial com o Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional, previsto na NR 7.

O objetivo principal do PPRA é a preservação da saúde e da

integridade dos trabalhadores, considerando a proteção do meio

ambiente e dos recursos naturais.

43

4.7 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança

e em Medicina do Trabalho (SESMT)

Especialistas em Segurança e Medicina do Trabalho, são os

profissionais qualificados e habilitados para identificar riscos nos

ambientes de trabalho, estabelecer técnicas para sua eliminação e, de

uma forma geral, sugerir ações que possam prevenir acidentes e

doenças do trabalho (TOLEDO, 2005, p.42).

O SESMT é responsável tecnicamente pela orientação quanto ao

cumprimento das disposições contidas nas NRs, aplicáveis às atividades

realizadas na empresa e, também, pela promoção de atividade que

visem à conscientização, educação e orientação dos trabalhadores

quanto às ações de prevenção de acidentes e doenças do trabalho.

Conforme a CIPA, a implementação do SESMT respeita os

critérios da NR 4, com base na classificação do risco, e pelo número de

seus empregados na organização.

A composição do SESMT é: engenheiro de segurança do trabalho,

técnico de segurança do trabalho, médico do trabalho, enfermeiro do

trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho.

A ênfase no SESMT, é pela necessidade do apoio técnico que

esse serviço poderá prestar-lhes, atuando ora como consultores, ora

como assessores, ora como instrutores e, na maioria das vezes, como

parceiros, desenvolvendo trabalhos conjuntos, mutuamente

responsáveis pelas atribuições que lhes competir.

44

CONCLUSÃO

A Segurança no Trabalho é uma necessidade básica e essencial

para o trabalhador e de responsabilidade não só da empresa e do

Estado, como também, do próprio trabalhador.

As empresas estão mudando seus conceitos, pois antes eram

ligadas apenas às idéias de manterem programas de segurança no

trabalho para cumprirem as fiscalizações do governo e evitar

advertências e multas. Porém, esta visão vem se desenvolvendo de

forma gradativa, pois atualmente as empresas estão vendo a segurança

não como custo, e sim, como investimento.

Nos últimos anos, o empregador, passou a preocupar-se mais com

a segurança no trabalho, devido aos custos diretos e indiretos que um

acidente pode representar para sua empresa e sabem da importância e

dos benefícios que estes programas trazem para sua imagem e

produtividade, influenciando positivamente em sua atividade econômica.

Mas, apesar dessa conscientização por parte das empresas, das

leis, decretos, normas e procedimentos relacionados à saúde e

segurança do trabalhador, ainda não foi possível reduzir o número de

acidentes e doenças relacionadas ao trabalho de forma mais eficiente.

Face ao exposto, conclui-se também que um programa eficaz de

segurança no trabalho sempre trará ótimos benefícios e resultados

positivos não só para a empresa, como também, para o governo,

sociedade e para o trabalhador.

Conclui-se ainda, que para todo esse sucesso e esforço em evitar

acidentes deve-se sempre fazer investimentos, onde a empresa utilizará

45

ferramentas, como: sistemas de controle de prevenção de acidentes, e

também, estimular a cultura de segurança na empresa, como: a

aplicação de treinamentos para conscientizar os funcionários quanto ao

cumprimento de NRs, uso de EPI’s e a evitar atos inseguros.

Pesquisas futuras poderão realizar estudos que auxiliem na

investigação do número ainda alarmante dos acidentes de trabalho,

identificando possíveis razões para ainda haver tantos acidentes de

trabalho, mesmo com toda preocupação que há por parte do Governo e

das empresas.

46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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49

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

02

RESUMO

03

METODOLOGIA

04

SUMÁRIO

06

INTRODUÇÃO

07

CAPÍTULO I - ACIDENTE DE TRABALHO: O CONCEITO

10 1.1 Doenças profissionais e doenças do trabalho 11 1.1.1 Doenças Profissionais 11 1.1.2 Doenças do Trabalho 13 1.2 Riscos e falhas existentes no ambiente de trabalho

14

CAPÍTULO II - SEGURANÇA DO TRABALHO: O CONCEITO

17 2.1 Origem da segurança no trabalho 18 2.1.1 Uma nova visão nas organizações 20 2.2 Importância da prevenção de acidentes 22 2.2.1 Danos causados ao trabalhador 23 2.2.2 Prejuízos para a empresa 24 2.2.3 Custos resultantes para a sociedade 25 2.2.4 Prejuízos resultantes para o governo

26

CAPÍTULO III - CONSCIENTIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES E DOS FUNCIONÁRIOS

27

3.1 Benefícios gerados por um programa de segurança eficaz

31

CAPÍTULO IV - A LEGISLAÇÃO E SEUS PROGRAMAS DE APOIO À PREVENÇÃO DE ACIDENTES

35

4.1 Portaria 3.214/78 36 4.2 Normas Regulamentadoras (NRs) 4.3 Lei Orgânica de Saúde 8.080

36 37

4.4 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) 39 4.5 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) 41 4.6 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) 42 4.7 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)

43

CONCLUSÃO

44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

46

ÍNDICE

49

50

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes - IAVM

Título da Monografia: SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR: acidente

de trabalho

Autor: Elaine Alves da Costa

Data da entrega: 04 de agosto de 2009

Avaliado por: Conceito: