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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROCESSO CIVIL NO DIREITO ELEITORAL – RECURSOS ELEITORAIS COM ÊNFASE EM RECURSO CONTRA DIPLOMAÇÃO AUTOR EDUARDO LUIZ LOPES GILA ORIENTADOR PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROCESSO CIVIL NO DIREITO ELEITORAL – RECURSOS ELEITORAIS COM ÊNFASE EM RECURSO CONTRA DIPLOMAÇÃO

AUTOR

EDUARDO LUIZ LOPES GILA

ORIENTADOR

PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO

RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROCESSO CIVIL NO DIREITO ELEITORAL – RECURSOS ELEITORAIS COM ÊNFASE EM RECURSO CONTRA

DIPLOMAÇÃO Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – Instituto a Vez do Mestre, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito Processual Civil. Por: Eduardo Luiz Lopes Gila.

3

Dedico este trabalho aquela pessoa que me ensinou tudo o que foi de mais importante para que eu me tornasse um homem honrado e cumpridor de meus deveres. Meu querido pai.

4

RESUMO

Ramo do direito público, o Direito Eleitoral pode ser entendido como um conjunto de normas destinadas a regular os deveres do cidadão em suas relações com o Estado. É um sistema de normas que regulam, primordialmente, a participação do cidadão na formação do governo. Por suas normas escritas, o Direito Eleitoral regula secundariamente, os direitos políticos consequentes ao adimplemento do dever eleitoral, tanto em relação ao eleito, como aos que elegeram, tais como a candidatura, a eleição, a apuração, promulgação dos resultados, diplomação dos eleitos, etc. Diversas são as instâncias e os recursos admitidos em nossa legislação eleitoral, sendo que a Carta Magna disciplina os recursos em matéria eleitoral no art. 121, §§ 3.º e 4.º. Os recursos eleitorais são tratados no Título III, Capítulos I, II, III e IV, arts. 257 a 282 da Lei n.º 4.737, de 15 de julho de 1965. O recurso contra diplomação, que ocorre no momento em que se finaliza a disputa de um Pleito, é talvez um tema de controvérsia onde a doutrina busca tratar a matéria no que tange a sua aplicabilidade no direito material, questionando sua espécie, sua natureza jurídica e seu rito processual. Os principais aspectos, princípios e institutos da Teoria Geral dos Recursos Eleitorais aplicados ao processo civil e consequente mitigação pela jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral.

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METODOLOGIA

A doutrina brasileira possui uma grande escassez no estudo dos

recursos eleitorais, principalmente no que tange ao recurso contra diplomação, o

que levou a elaboração deste trabalho, utilizando-se a metodologia positivista

jurídica, identificando as diversas formas de recursos eleitorais existentes na

realidade brasileira e o tratamento conferido pelo ordenamento jurídico nacional,

sob o ponto de vista específico do direito positivo brasileiro e com fundamento

exclusivo na dogmática desenvolvida pelos estudiosos que já se debruçaram

sobre o tema anteriormente, com a coleta e leitura dos poucos materiais

bibliográficos, inclusive os que falam dos recursos em geral, bem como o Código

de Processo Civil, o Código Eleitoral e algumas decisões de nossos tribunais,

como materiais bibliográficos da biblioteca do Tribunal Regional Eleitoral do Rio

de Janeiro e da Universidade Cândido Mendes.

Tratou-se, ainda, de uma pesquisa aplicada, porque visou produzir

conhecimento para aplicação prática, mas também qualitativa, porque procurou

entender a realidade a partir da interpretação e qualificação dos fenômenos

estudados; e exploratória, porque buscou proporcionar maior conhecimento sobre

a questão proposta, além de descritiva, porque visou à obtenção de um resultado

puramente descritivo, sem a pretensão de uma análise crítica do tema.

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9

CAPÍTULO I

RECURSOS EM GERAL...................................................................................... 11

1.1 – Impugnação e recurso................................................................................11

1.2 – Contagem dos prazos.................................................................................13

CAPÍTULO II

RECURSOS ELEITORAIS....................................................................................16

2.1 – Das decisões dos juízes eleitorais........................................................... 18

2.2 – Os recursos contra decisões das Juntas Eleitorais............................... 20

2.3 – Recursos contra as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais....... 20

2.4 – Recursos contra as decisões do Tribunal Superior Eleitoral................ 22

2.5 – Duplo grau de jurisdição........................................................................... 23

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2.6 – Prazos recursais........................................................................................ 25

CAPÍTULO III

ESPÉCIES DE RECURSOS ELEITORAIS...........................................................28

3.1 – Reclamações.............................................................................................. 28

3.2 – Recurso ordinário...................................................................................... 29

3.3 – Embargos de declaração........................................................................... 32

3.4 – Recurso Especial....................................................................................... 34

3.5 – Agravo de Instrumento.............................................................................. 38

CAPÍTULO IV

RECURSO CONTRA DIPLOMAÇÃO.................................................................. 40

4.1 – Natureza do Recurso................................................................................. 41

4.2 – Cabimento................................................................................................... 43

4.3 – Prazo para interposição............................................................................ 44

8

4.4 – Qualidade para recorrer............................................................................ 44

4.5 – Hipóteses de cabimento do recurso........................................................ 48

CONCLUSÃO...................................................................................................... 61

BIBLIOGRAFIA................................................................................................... 64

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é um estudo sobre recurso contra diplomação no

instituto do direito eleitoral. Nesse contexto, o tratamento dispensado pela Lei

4.737, de 15 de julho de 1965, que institui o Código Eleitoral, é, na verdade, de

um recurso, conforme reza o art. 262 da citada Lei.

A posição bem fundamentada da doutrina, no sentido de que a

natureza do recurso contra diplomação é, no fundo, de uma verdadeira ação

eleitoral de cunho impugnativo, está a merecer acolhida.

Trata-se de uma ação, porque não há coisa julgada formal ou material,

não existe lide ou conflito resistido e tampouco não existe contraditório ou ampla

defesa, mas apenas uma impugnação contra os abusos do poder econômico e/ou

político, fraudes, corrupção, etc., ocorridos durante a disputa das eleições.

Aplicando-se ao processo eleitoral, de forma subsidiária, o Código de

Processo Civil, percebe-se que o ato da diplomação não se insere dentre os atos

judiciais sujeitos ao recurso, conforme classificados nos arts. 162 e 163 do CPC.

Cabe salientar que, a natureza de tratamento atribuída pelo Código

Eleitoral, em seu art. 262, ao recurso contra diplomação, deve ser enfatizada no

que tange ao juízo de admissibilidade, legitimação ativa e passiva, rito processual,

cabimento, efeitos, dentre outras.

Adicionalmente, o presente estudo apresenta os procedimentos que

devem ser adotados tanto para a constatação das espécies de recursos eleitorais,

quanto para o entendimento do que seja o instituto do recurso contra diplomação,

sua natureza jurídica e o rito processual que deve ser seguido durante seu

procedimento.

O estudo do tema e das questões analisadas em torno do mesmo

justifica-se pelo fato de que este trabalho tem como objetivo buscar respostas

dentro da doutrina no âmbito dos recursos eleitorais insculpidos na Lei 4.737/65,

procurando descobrir, identificar, analisar, compreender o instituto do recurso

contra diplomação, justificando seu estudo, no sentido de proporcionar ao mundo

jurídico as diferentes teorias e entendimentos que possam vir a ter as diversas

correntes doutrinárias referentes ao tema, contribuindo assim para possíveis

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discussões sobre problemas propostos, ampliando as formulações teóricas a esse

respeito desenvolvendo conhecimentos de ampla relevância social.

Visando um trabalho objetivo, cujo objeto de estudo seja bem

delineado e especificado, a presente monografia dedica-se, especificamente,

sobre a compreensão atualizada dos recursos eleitorais, mais precisamente sobre

o recurso contra a diplomação, que ocorre no momento em que se finaliza a

disputa de um Pleito, comparando-se com outras espécies de recurso, no que

tange a sua aplicabilidade no direito material e consequente mitigação pela

jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral.

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CAPÍTULO I

RECURSOS EM GERAL

Diversas são as instâncias e diversos são os recursos admitidos em

nossa legislação eleitoral. Quanto às instâncias, podem ser interpostos: 1.

Perante as juntas e juízos eleitorais; 2. Perante Tribunais Regionais; 3. Perante o

Tribunal Superior Eleitoral, órgão máximo dessa justiça especializada.

Quanto às espécies, podem ser: parciais, especiais e ordinários.

Admite, ainda, a lei eleitoral, os recursos de embargos de declaração, agravo

regimental e agravo de instrumento. Em casos especialíssimos, o recurso

extraordinário.

O mandado de segurança e o habeas corpus, além do habeas data e

do mandado de injunção, são admitidos em matéria eleitoral. Embora não sejam

especificamente recursos, mas remédios especiais.

1.1 – Impugnação e recurso

Convém fixar, de início, a distinção existente entre impugnação e

recurso, coisas diversas, que não devem ser confundidas.

Impugnação é ato de oposição, de contradição, de refutação, comum

no âmbito do Direito Eleitoral e nas mais diversas fases do processo eleitoral.

Pode ser manifestada antes ou depois de ser tomada uma decisão, ou praticado

um ato. Por exemplo: o fiscal de partido impugna, no ato da votação, a identidade

de um eleitor que ainda vai votar; ou, no ato da apuração, a validade e a

contagem de um voto; ou, mesmo antes da apuração, sob a alegação de fato ou

circunstância que possa comprometer a votação. Em qualquer caso, esse tipo de

impugnação, que pode ser verbal ou escrita, deve ficar registrada na ata dos

respectivos trabalhos, como medida preparatória que é e que busca produzir

efeitos mediatos ou imediatos. Os efeitos mediatos aparecerão no caso, por

exemplo, de recurso posterior contra apuração de votos, hipótese em que

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somente será admitido o recurso se tiver havido impugnação, perante a Junta, no

ato da apuração, contra as nulidades arguidas.1

A impugnação tem estreito liame com a preclusão, pois que, na

ausência daquela, poderá ocorrer esta. A impugnação, em geral, é pressuposto

para evitar-se a preclusão.

Impugna-se também o pedido de registro de candidatos a cargos

eletivos, sob a alegação de inelegibilidade, com fundamento na Lei Complementar

n.º 64, de 18.05.1990. Em qualquer dessas hipóteses, a impugnação manifesta

oposição, contradição e deve ser expressa nos prazos e pelos meios apontados

na lei, a fim de produzir o resultado almejado.

Existem, em nossa legislação eleitoral, formas e oportunidades várias

de impugnação. Mas esta não se confunde com recurso. Do julgamento da

impugnação cabe recurso quanto ao seu resultado.

Recurso é medida de que se vale o interessado depois de praticado um

ato ou tomada uma decisão. Pode também ser manifestado oralmente, como a

impugnação, mas para ter seguimento deve ser confirmado, dentro dos prazos

legais, por petição escrita e fundamentada.

Ambos os remédios, impugnação e recurso, podem ser utilizados sem

que um faça perder a oportunidade de ser usado o outro. Apresentada a

impugnação no momento adequado, isto é, antes de ser praticado o ato ou no

instante mesmo em que ele for praticado, nenhum impedimento existe para que

se recorra da decisão que desprezou a impugnação oferecida.

O que deve merecer a maior atenção dos delegados e fiscais de

partidos é que a impugnação, oral ou escrita, por si só, não vai além da sua

manifestação, deixando de existir, uma vez praticado o ato ou mantida a

deliberação que a tenha ensejado. Para que a deliberação impugnada seja

apreciada pela instância superior, será indispensável usar-se o outro remédio

processual, o recurso, do qual a impugnação foi um ato preparatório, um

pressuposto indispensável.

O Código Eleitoral faz clara distinção entre as duas figuras, ao dispor,

p. ex., que, à medida que os votos forem sendo apurados, poderão os fiscais e

delegados de partido, assim como os candidatos, apresentar impugnações que

1 CE, art. 171.

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serão decididas de plano pela Junta. Da decisão da Junta cabe recurso imediato,

interposto verbalmente ou por escrito.2

As juntas decidem as impugnações por maioria de votos. Dos atos,

resoluções ou despachos das juntas cabe recurso ao Tribunal Regional.3

Interposto um recurso de decisão ou despacho da Junta, deverá ele ser instruído

de ofício, com certidão da decisão ou do despacho recorrido. Se o recurso for

interposto verbalmente, constará também da certidão o trecho correspondente do

boletim.

Importante atentar para o fato de não se admitir recurso contra a

apuração, se não tiver havido impugnação perante a Junta, no ato da apuração,

contra as nulidades arguidas. É o que se chama preclusão.

Em sentido mais amplo, recurso é a manifestação de inconformismo da

parte vencida no pleito judicial que, por intermédio dele, postula o reexame da

decisão que lhe tenha sido desfavorável. Em nosso ordenamento jurídico-

eleitoral, utiliza-se o recurso tanto nos processos de natureza civil, como nos de

caráter criminal, pois o nosso Código Eleitoral reserva todo um título para os

recursos, assim como um dedicado às disposições penais que tratam dos crimes

eleitorais, do processo das infrações penais eleitorais e, consequentemente, dos

recursos adequados. Quanto a estes, o Código Eleitoral nos remete ao Código de

Processo Penal, que tem aplicação subsidiária e supletiva, tanto no que diz

respeito ao julgamento, quanto aos recursos e à execução da sentença no

processo penal eleitoral.

Relativamente aos processos de natureza civil, no âmbito do Direito

Eleitoral, aplicam-se princípios gerais de direito e, subsidiariamente, regras que se

encontram no Código de Processo Civil, tanto no referente às partes e sua

legitimação, quanto no que respeita ao interesse de agir, à capacidade

processual, aos deveres das partes, etc.

1.2 – Contagem dos prazos

A regra geral no direito eleitoral, relativamente a prazo, é a seguinte:

quando a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto em três dias

2 CE, art. 169. 3 CE, art. 265.

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contados da data da publicação do acórdão, da sentença, do ato, da resolução ou

do despacho que se deseja reformar.

A publicação a que se refere a lei, a partir de cuja data se conta o prazo para recurso, pode ocorrer na própria sessão do Tribunal onde seja proferida a decisão que se vai impugnar. Diversas resoluções do TSE, entre elas a de n.º 7.869, de 21.06.1966, e a de n.º 9.610, de 20.06.1974, costumam dispor sobre início de contagem de prazo para recurso: começa a fluir da data da sessão do Tribunal em que seja feita a leitura e publicação do acórdão. Nesse mesmo momento, o Presidente do TRE expedirá telegrama urgente ao Juiz Eleitoral comunicando a decisão, para todos os efeitos legais (TSE-BE 180/542). No mesmo sentido, Resolução 11.270/82 (TSE-BE 375/555). A LC 64/1990, em seu art. 11, §2.º, reitera essa regra segundo a qual o prazo de três dias para oferecimento de recurso para o TSE, em processo de registro de candidatos, começa a correr da data da sessão do TRE em que se deu o julgamento do pedido e de sua impugnação. Nessa mesma sessão é feita a leitura e publicação do acórdão, passando a fluir, dessa data e desse instante, o prazo recursal. Esse preceito legal vem repetido em diversas e sucessivas resoluções do TSE sobre a matéria, as quais apenas reiteram o comando da lei, que sobre elas se situa, para todos os efeitos.

Na contagem do prazo para recursos eleitorais devem ser obedecidos

as disposições do Código de Processo Civil, sobretudo a do seu art. 184 que diz

respeito ao seu início e vencimento. Quando a intimação ocorrer numa sexta-feira

ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá

início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que

começará a fluir no primeiro dia útil que se seguir.4

Na justiça eleitoral têm sido admitidos recursos manifestados aos

sábados, domingos ou feriados. Se nesses dias se praticam atos dos mais

importantes em matéria eleitoral, como as próprias eleições, com razão maior

poder-se-á acolher a interposição de recurso, segundo entendimento do TRE-SP,

no acórdão 25.297, de 11.02.1953.

O TSE, ao editar os calendários para eleições, costuma determinar que

tanto cartórios eleitorais como as secretarias dos Tribunais Eleitorais

permaneçam abertos sábados, domingos e feriados, a partir de noventa dias

antes da data das eleições. Essa providência visa a facilitar a todos os

interessados que buscam a proteção jurisdicional da justiça eleitoral,

4 Súmula 310 do STF, compatível com o atual CPC – RTJ 77/329. Sobre dies a quo, ver TSE-BE 376/646.

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principalmente tendo-se em conta o disposto no art. 16 da Lei de Inelegibilidades,

segundo o qual os prazos referentes a processos de impugnação de registro de

candidatos são peremptórios e contínuos, e correm em Secretaria ou Cartório,

não se suspendendo aos sábados, domingos e feriados. Ainda uma vez, aqui, a

preocupação do legislador com a necessidade da rapidez do andamento dos

processos em geral e, especialmente, daqueles que cuidem de registro de

candidatos e de eventuais impugnações.

Além do prazo geral de três dias, para recursos, a que se refere o art.

258 do CE, diversos outros prazos, sempre exíguos, constam das nossas leis

eleitorais e que se contam em horas ou dias, conforme o caso. No silêncio da lei

eleitoral, ou até mesmo na dúvida quanto à sua interpretação, se houver conflito

na fixação de prazos, há que se recorrer à legislação comum, ou seja, ao CPC ou

ao CPP, consoante a hipótese.

16

CAPÍTULO II

RECURSOS ELEITORAIS

A Carta Magna disciplina os recursos em matéria eleitoral no art. 121,

§§ 3.º e 4.º. Destacam-se, para o tema, as exceções recursais das decisões do

Tribunal Superior Eleitoral, que, em regra geral, são irrecorríveis. A doutrina

caracteriza o dispositivo legal, como princípio da irrecorribilidade. Na prática, o

princípio sofre mitigações.

Os recursos eleitorais são tratados no Título III, Capítulos I, II, III e IV,

arts. 257 a 282 do Código Eleitoral. O Capítulo I trata das “Disposições

preliminares” atinentes aos recursos; o Capítulo II disciplina os recursos perante

as juntas e os juízos eleitorais; o Capítulo III, os recursos nos Tribunais Regionais;

e o Capítulo IV, os recursos no Tribunal Superior.

Os dispositivos legais não esgotam o tema recursal, porque nada

impede que as leis disciplinadoras das eleições criem outros mecanismos

recursais específicos, em razão do poder normativo do Tribunal Superior Eleitoral,

desde que não haja alteração das regras do próprio Código Eleitoral.

Impende observar ainda que doutrina e jurisprudência sejam unânimes

em admitir a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil e Código de

Processo Penal, para os recursos eleitorais.

Algumas regras básicas incidem sobre o disciplinamento dos recursos

eleitorais: a) o prazo comum dos recursos é de três dias (interposição com

razões), como determina o art. 258 do Código Eleitoral, sendo que, no período

eleitoral, estipulado na Lei das Eleições e na resolução do Tribunal Superior

Eleitoral, os prazos correm aos sábados, domingos e feriados (art. 16 da Lei

Complementar n.º 64/1990); b) outrossim, os recursos eleitorais não possuem

efeito suspensivo, o que significa dizer que as decisões são aplicáveis desde já,

tendo ampla executoriedade, até porque o parágrafo único do art. 257 reza que:

“A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente (...)”.

O efeito suspensivo só ocorre na hipótese do art. 216 do Código

Eleitoral, in verbis: “Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso interposto

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contra a expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a

sua plenitude”. A regra é complementada pelo art. 15 da Lei Complementar n.º

64/90 (Lei das Inelegibilidades).

Desta forma, enquanto transitar em julgado o Recurso Contra a

Diplomação ou a Ação de Impugnação ao Mandato Eletivo, o diplomado exerce,

em absoluta plenitude, o mandato eletivo. Trata-se de regra superprotetiva do

mandato eletivo e que merece urgente reforma, viabilizando a facultatividade do

efeito suspensivo, em razão do caso concreto.

Outra regra de fundamental importância, atinente aos recursos em

matéria eleitoral, é o disposto no art. 259:

São preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se discutir matéria constitucional.

Parágrafo único. O recurso em que se discutir matéria constitucional não poderá ser interposto fora do prazo. Perdido o prazo numa fase própria, só em outra que se apresentar poderá ser interposto.

Em síntese: não preclui uma questão constitucional, por exemplo,

filiação partidária. No entanto, se não for arguida na ação de impugnação ao

pedido de registro, só poderá ser arguida na ação de impugnação ao mandato

eletivo, observando os prazos de 15 dias da Ação de Impugnação de Mandato

Eletivo (AIME) e de três dias do Recurso contra Diplomação (RCD).

Igualmente, o Verbete Sumular n.º 11 do Tribunal Superior Eleitoral

aduz que: “No processo de registro de candidatos, o partido que não o impugnou

não tem legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se cuidar

de matéria constitucional.”.

Vê-se que, sendo a matéria constitucional, qualquer partido pode

recorrer da sentença que deferiu o registro maculado pelo vício da nulidade, não

se operando o instituto da preclusão.

Sucintamente, pode-se concluir, ainda, que a vedação restringe-se

apenas à interposição de recurso ou propositura de ação fora do prazo legal,

contendo ou não a causa de pedir matéria de natureza constitucional. Nesse

sentido, cumpre enfatizar a regra do art. 368 do Código Eleitoral: “Os atos

requeridos ou propostos em tempo oportuno, mesmo que não sejam apreciados

no prazo legal, não prejudicarão aos interessados.”.

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Em matéria eleitoral, a regra do art. 260 é observada, tanto nos

Tribunais Regionais Eleitorais como no Tribunal Superior Eleitoral, pois a

distribuição do primeiro recurso gera a prevenção do relator para os demais

recursos, sendo que, especificamente, no TSE, existe previsão legal,

disciplinando as divisões por relator, em razão da divisão por circunscrições

judiciárias eleitorais. Assim, o Estado do Rio de Janeiro e do Espírito Santo

pertencem a uma mesma divisão para fins de prevenção do relator.

O art. 263 do Código Eleitoral trata da hipótese dos prejulgados. Foi

declarada a inconstitucionalidade do dispositivo legal, mas a questão deverá ser

alvo de reexame diante do novo parâmetro legal enfocado, com efeito vinculante

das decisões.

2.1 – Das decisões dos juízes eleitorais

Em matéria criminal, cabe o recurso tratado no art. 362 do Código

Eleitoral. A doutrina denomina esse recurso Apelação Criminal. O prazo de

ajuizamento e oferecimento das razões é simultâneo, sendo de dez dias. A regra

é similar ao dos Juizados Especiais Criminais, pois o prazo é comum. O prazo

para apresentação de contra-razões também é de dez dias.

Esse recurso possui efeito suspensivo. Significa dizer que enquanto o

Tribunal não julgar a apelação, o réu poderá pleitear o registro de sua candidatura

e não se poderá ingressar com a Ação de Impugnação de Registro de

Candidatura (AIRC), Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) ou Recurso

Contra Diplomação (RCD), pois é inaplicável o art. 15, III, da Carta Magna

(suspensão dos direitos políticos, em razão de sentença criminal condenatória e,

tampouco, o disposto no art. 1º, I, letra e, da Lei das Inelegibilidades).

O Código Eleitoral não prevê o recurso em sentido estrito ou restrito,

mas seu cabimento é admitido pela doutrina e jurisprudência de forma pacífica,

aplicando-se subsidiariamente o Código de Processo Penal, como, por exemplo,

a hipótese em que o juiz eleitoral rejeita a denúncia oferecida pelo promotor

eleitoral. O promotor eleitoral poderá recorrer em sentido estrito da decisão, no

prazo de cinco dias, na forma do disposto nos arts. 586 do Código de processo

Penal e 364 do Código Eleitoral.

19

O art. 364 do Código Eleitoral ressalta regra de fundamental

importância:

No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos, assim como nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei subsidiária ou supletiva o Código de Processo Penal.

Portanto, a defesa também disporá do prazo de cinco dias para contra-

razões, havendo possibilidade de retratação na forma do art. 589 do Código de

Processo Penal.

Não se pode perder de vista o cabimento da ação de revisão criminal,

aplicando-se o art. 364 do Código Eleitoral. A simples propositura de ação de

revisão criminal não assegura ao seu autor o deferimento do pedido de registro de

sua candidatura, com afastamento da causa de suspensão dos direitos políticos,

porque milita na hipótese a intangibilidade da coisa julgada.

O recurso inominado está previsto no art. 265 do Código Eleitoral: “Dos

atos, resoluções ou despachos dos juízes ou juntas eleitorais caberá recurso para

o Tribunal Regional.”.

Esse recurso é cabível, quando a matéria não for penal, porque, para

as questões penais, as previsões recursais encontram-se na apelação, recurso

em sentido estrito, habeas corpus e mandado de segurança criminal.

O Ministério Público sempre terá vista dos autos, possuindo o prazo de

48 horas para parecer ou promoção.

Nas lições da doutrina, especialmente de Joel José Candido, e da

jurisprudência, o cabimento do recurso inominado dá-se nas seguintes matérias:

Decisões que julgam inelegibilidades, tais como ações de impugnação ao pedido de registro, investigação judicial eleitoral e impugnação ao mandato eletivo; decisão que julgar impugnação à designação de escrutinadores e auxiliares (art. 39 do CE); decisão que julgar pedido de inscrição eleitoral processado pela Lei n.º 6.996, de 07.06.1982 (art. 7.º, § 1.º); decisão que julgar pedido de transferência de domicílio eleitoral (CE, art. 57, § 2.º); decisão que julgar impugnação à indicação de preparador (CE, art. 62, § 4.º); decisão que julgar pedido de cancelamento de inscrição e/ou exclusão do eleitor (CE, art. 80); decisão que julgar ligação de impedimento de mesário para o serviço eleitoral (CE, art. 120, § 4.º); decisão que julgar reclamação à designação de mesário (art. 121, § 1.º, do CE); e decisão que julgar reclamação à designação das seções eleitorais (CE, art. 135, § 8.º), dentre outras.

20

2.2 – Os recursos contra decisões das Juntas Eleitorais

As decisões das juntas eleitorais também desafiam recursos. As juntas

são órgãos colegiados, compostos por juízes de fato e um juiz eleitoral, que é o

presidente da Junta Eleitoral.

As competências das juntas eleitorais estão tratadas no art. 40, I a IV,

do Código Eleitoral.

Cabe interposição imediata do recurso do § 3.º do art. 165 e do art. 169

do Código Eleitoral, sob pena de preclusão instantânea.

É admissível, ainda, o recurso parcial com base no art. 261, e

parágrafos, do Código Eleitoral.

Registre-se, ainda, o recurso contra a diplomação, com base no art.

262 do Código Eleitoral, interposto e arrazoado no prazo de três dias.

2.3 – Recursos contra as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais

No Estado do Rio de Janeiro, o Regimento Interno do Tribunal

Regional Eleitoral disciplina os recursos em matéria eleitoral, in expressi verbis:

REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO DE JANEIRO.

RESOLUÇÃO N.º 561, de 28 de abril de 2003, DOS PROCESSOS CRIMINAIS DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO TRIBUNAL.

Art. 104. Nos processos criminais de competência originária do Tribunal, serão observadas as disposições do art. 1.º ao art. 12 da Lei n.º 8.038/90, na forma do disposto pela Lei n.º 8.658, de 26.5.1993. Capítulo VIII – DA AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DO MANDATO ELETIVO.

Art. 105. A ação de impugnação de mandato eletivo, prevista na Constituição da República, terá seu trâmite realizado em segredo de justiça, mas seu julgamento será público.

Capítulo IX – DAS REPRESENTAÇÕES, DAS INSTRUÇÕES, DAS CONSULTAS E DOS REQUERIMENTOS.

Art. 106. As consultas, representações, assim como outros expedientes sobre os quais, a juízo de qualquer dos membros, deva pronunciar-se o Tribunal, serão distribuídos a um relator.

Art. 107. O Tribunal somente conhecerá de consultas feitas em tese, sobre matéria de sua competência, por autoridade pública ou diretório regional de partido político, quando protocolada antes de iniciado o processo eleitoral.

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Art. 108. Tratando-se de instruções a expedir, a secretaria providenciará, antes da discussão do assunto e deliberação do Tribunal, sobre a entrega de uma cópia das mesmas a cada um dos membros.

Art. 109. Os requerimentos que não mereçam, por sua forma e natureza ser levados à apreciação do plenário serão decididos pelo presidente, independentemente de distribuição.

Capítulo X – DA REPRESENTAÇÃO POR EXCESSO DE PRAZO E DA RECLAMAÇÃO CONTRA MEMBRO DO TRIBUNAL.

Art. 110. A representação por excesso injustificado de prazo legal ou regimental contra membro do Tribunal poderá ser formulada por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo presidente do Tribunal, nos termos dos arts. 198 e 199 do Código de Processo Civil.

Capítulo XI – DO AGRAVO REGIMENTAL. Art. 111. A parte que, em processo judicial ou

administrativo, considerar-se agravada, por decisão do presidente, do vice-presidente ou do relator, e não caiba outro recurso, poderá, no prazo de 5 (cinco) dias, contados de sua intimação por publicação no órgão oficial, requerer a apresentação do feito em mesa, a fim de que o plenário conheça da decisão, confirmando-a ou reformando-a. Parágrafo único. Relatará o recurso regimental o prolator da decisão agravada, com voto, dispensada a lavratura de acórdão quando o órgão julgador não conhecer do recurso ou não lhe der provimento, casos em que ficarão consignados na ata os motivos ou os fundamentos básicos e se certificará nos autos o que foi decidido; provido o recurso, a redação do acórdão caberá ao membro que primeiro houver votado no sentido vencedor.

Art. 112. O agravo regimental será apresentado por petição fundamentada ao prolator da decisão agravada que, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, poderá reconsiderá-la ou submetê-la à apreciação do plenário na primeira sessão seguinte à data de sua interposição.

Art. 113. O agravo regimental não tem efeito suspensivo. (...) Art. 131. Aplicam-se, quanto aos prazos previstos neste Regimento, as regras do Código de Processo Civil. a) Recurso Parcial: art. 261, § 1º, do Código Eleitoral. b) Recurso contra Diplomação: No caso, a diplomação de

senadores, suplentes, governador, vice-governador, deputados e suplentes (arts. 89, 215 e 262 do Código Eleitoral).

c) Recurso Inominado: art. 264 do Código Eleitoral. Os regimentos internos disciplinam o julgamento desses recursos.

d) Embargos de Declaração: art. 275 do Código Eleitoral. Somente matéria civil eleitoral. Se a matéria for criminal, incidem os arts. 619 e 620 do Código de Processo Penal c/c art. 364 do Código Eleitoral. Nesse sentido, ver as lições de Joel José Cândido. Assim, o prazo em matéria criminal é de 2 (dois) dias. Assiste total razão ao emitente doutrinador. E, em matéria civil eleitoral, é de 3 (três) dias.

22

e) Recurso Especial: art. 121, § 4º, da Constituição Federal, que produziu alteração no art. 276, I, alínea a, do Código Eleitoral. O prazo é de 3 (três) dias ao Tribunal Superior Eleitoral.

Cabimento: a) Modificar decisão que verse sobre inelegibilidade; e b) Decisões administrativas dos TREs. f) Recurso Ordinário: art. 276, II, alíneas a e b, do Código

Eleitoral. Cabimento: a) Julgarem ações de impugnação de pedido de registro de

candidatos; b) Julgarem investigações judiciais eleitorais; c) Julgarem impugnações de mandatos eletivos; d) Denegarem habeas corpus e mandado de segurança; e) Habeas data ou mandado de injunção. Prazo: 3 (três) dias. Procedimento: art. 277 do Código Eleitoral. g) Agravo de Instrumento (art. 279 e parágrafos do Código

Eleitoral). Prazo: 3 (três) dias. Cabimento: só no TRE, quando as decisões denegarem o recurso especial. Mesmo que interposto fora do prazo legal, a lei obriga ao presidente do TRE a dar-lhe seguimento, conforme disciplina o § 5º do art. 279 do Código Eleitoral. h) Revisão criminal nos moldes do Código de Processo Penal.

2.4 – Recursos contra as decisões do Tribunal Superior Eleitoral

Cabem os embargos de declaração, art. 281 do Código Eleitoral, a

revisão criminal (que não é recurso), o agravo de instrumento, quando for

denegado o recurso extraordinário ou negado seguimento ao recurso ordinário,

nos termos do art. 282 do Código Eleitoral e, ainda: 1) recurso extraordinário, cujo

cabimento dá-se tanto em matéria civil como nas questões penais, desde que a

pena cominada seja de reclusão (art. 325, inciso II, do Regimento Interno do

Supremo Tribunal Federal). Base legal, arts. 121, § 3º c/c 102, III, alíneas a, b e c,

da Constituição Federal e Lei n.º 6.055/74. Prazo de três dias, aplicando-se nos

processos criminais a regra dos arts. 637 e 638 do Código de Processo Penal.

É cabível, ainda, o recurso ordinário, art. 281 do Código Eleitoral. Prazo

de três dias. Cabimento: decisão do TSE que denegar habeas corpus ou

mandado de segurança. Sendo negado seguimento, cabe agravo de instrumento,

art. 282 do Código Eleitoral, proposto nos moldes do art. 279 e seus parágrafos.

23

2.5 – Duplo grau de jurisdição

É importante frisar que os recursos efetivam a garantia do duplo grau

de jurisdição e, portanto, asseguram o binômio: justiça – segurança, pois devem

evitar a perpetuação da lide e resolver o conflito de interesses nos moldes da

Justiça Constitucional.

O eminente Nelson Nery Junior em seu livro: Teoria Geral dos

Recursos nos ensina que o duplo grau de jurisdição é princípio constitucional, em

razão do disposto no art. 102, II, da CRFB. Todavia, com acerto conclui: “Ocorre

que a Constituição Federal limita o âmbito de abrangência desse princípio, como,

por exemplo, ao enumerar casos em que cabe o recurso ordinário ou

extraordinário, ao dizer que as decisões do Tribunal Superior Eleitoral são

irrecorríveis, salvo quando contrariarem a CF (CF, 121, §3º), entre outras

hipóteses” (6ª Ed., RPC, Editora Revista dos Tribunais, p. 41).

Outrossim, o art. 281 do Código Eleitoral também disciplina o princípio

da irrecorribilidade das decisões do Tribunal Superior Eleitoral, com ressalva dos

recursos extraordinário e ordinário ao Supremo Tribunal Federal.5

Cabe ressaltar que, diante da incidência do princípio do duplo grau de

jurisdição, não pode o Egrégio Tribunal Superior Eleitoral realizar cognição sobre

os fatos que não foram submetidos ao exame do Tribunal Regional, nem sobre

fatos a respeito dos quais não houve pronunciamento judicial. No entanto, os arts.

222 e 270 do Código Eleitoral permitem, por exemplo, no recurso contra a

expedição do diploma que verse sobre abuso do poder econômico e/ou político, a

produção de prova complementar indicada pelas partes, desde que na avaliação

judicial sejam as mesmas pertinentes na busca da verdade material da lisura das

eleições.

Insta esclarecer que cabe ao interessado, na hipótese excepcional de

inércia quanto ao cumprimento do prazo razoável de julgamento pelo juiz eleitoral,

dirigir a ação de representação prevista no art. 96 da Lei n.º 9.504/97, diretamente

5 TSE. “Agravo regimental. Representação. Duplo grau de jurisdição plenamente observado pela Res.-TSE n.º 20.951. O fato de o mesmo juiz auxiliar, que decidiu monocraticamente a representação, levar a Plenário o agravo como relator não contraria o dispositivo constitucional. Nesse entendimento, o Tribunal negou provimento ao agravo regimental. Unânime. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n.º 3.675/SP, Relª. Minª. Ellen Gracie, em 10.10.2002”.

24

ao Tribunal Regional Eleitoral do respectivo Estado. Nestes casos, admite-se uma

exceção ao princípio do duplo grau de jurisdição.

O problema da dilação da prova em grau de recurso contra a

diplomação deve ser evitado, pois, caso contrário, haverá violação ao duplo grau

de jurisdição e ao devido processo legal com a supressão de instância. Na

verdade, a admissão singela destas provas só pode ser feita, quando guardarem

pertinência probatória com o princípio de resguardo do Estado Democrático, bem

como da lisura e intangibilidade das eleições, caso contrário abrir-se-ia nova

dialética em grau recursal. A admissão é subjetiva, mas é limitada ao uso de

renovação da prova. No fundo devem os Tribunais admitir apenas provas

complementares ou supervenientes.

A Lei n.º 9.504/97, no art. 69, permite excepcional supressão de

instância, quando a impugnação sobre os votos não for recebida pela Junta

Eleitoral, autorizando ao Tribunal Regional Eleitoral decidir sobre a impugnação.

Trata-se de hipótese excepcional, cuja solução atende ao primado da celeridade e

economia processual.

Há, ainda, o aspecto criado pelo § 3º do art. 96 da Lei n.º 9.504/97, que

trata da designação pelos Tribunais Regionais Eleitorais de juízes auxiliares que

apreciam as reclamações e representações. Nestes casos, a jurisprudência

pacífica do TSE firmou-se no sentido da não violação do duplo grau de jurisdição,

pois os juízes auxiliares exercem competência cuja delegação está inserida por

força de lei aos Tribunais. Neste sentido, TSE, Acórdão n.º 12.374, Rel. Min.

Torquato Jardim, em 10.11.1994; Acórdão n.º 12.523, Rel. Min. Eduardo Alckmin,

em 25.03.1997; Acórdão n.º 15.325, Rel. Min. Costa Porto, em 31.08.1998 e

Acórdão n.º 15.840, Rel. Min. Edson Vidigal, em 17.06.1999.

Tema relevante destaca-se na incidência do art. 515, § 3º, do Código

de Processo Civil, de forma subsidiária aos recursos eleitorais, ou seja, nos casos

de extinção do processo sem julgamento do mérito, a Lei n.º 10.352/01, que

incluiu o § 3º, permite ao Tribunal julgar “desde logo a lide, se a causa versar

questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato

julgamento”. Vê-se a admissão pela doutrina e jurisprudência no processo civil, no

sentido de consagra o exame da causa madura.

Em virtude do princípio da causa madura, especialmente na disciplina

eleitoral, deve o Tribunal julgar desde logo a lide, pois estará em consonância

25

com os princípios da celeridade e economia processual, sem descuidar de

suprimir grau de jurisdição, com a análise de prova nova sem debate entre as

partes na dialética natural do contraditório (oitiva das testemunhas, perícias etc).

Aliás, o juiz de primeiro grau pode decidir a lide antecipadamente, nos moldes do

art. 273 do Código de Processo Civil, desde que respeitados os requisitos legais.

Por fim, a regra do art. 475 do Código de Processo Civil tem aplicação

no âmbito das decisões eleitorais (duplo grau necessário ou obrigatório de

jurisdição), como no caso de mandados de segurança concedidos em face de

autoridades como o Exmº procurador-geral de Justiça ou do município.

2.6 – Prazos recursais

Os prazos recursais são peremptórios e decorrem do princípio da

celeridade.

O art. 97 da Lei n.º 9.504/97 prevê a representação em face do órgão

jurisdicional que descumprir prazos processuais, e o art. 94 da mesma lei, estipula

uma prioridade de participação dos juízes e membros do Ministério Público para

fins de processamento dos feitos eleitorais.

O TSE decidiu que o prazo exíguo de 24 horas, previsto no art. 96 da

Lei n.º 9.504/97 justifica-se pela solução imediata da lide (Ac. n.º 3.055, de

05.02.2002, Rel. Min. Fernando Neves).

O Ministério Público deve ser intimado pessoalmente, inclusive nos

casos que julgam ações atinentes às multas eleitorais sobre propaganda eleitoral

e o prazo só passa a fluir de sua efetiva intimação. Neste sentido, Acórdão TSE

15.750/99, Rel. Min. Edson Vidigal e no mesmo sentido, Acórdão TSE 16.412/01,

de 15.05.2001, Rel. Min. Costa Porto.

Em matéria de prazos recursais, ainda podemos destacar: É de três

dias, na forma do art. 276, § 1º, do CE, o prazo do recurso especial contra a

representação que julga o descumprimento da Lei n.º 9.504/97, segundo TSE,

Acórdão 1.386, de 27.04.1999, Rel. Min. Eduardo Alckmin; no mesmo sentido os

Acórdãos n.º 2.022, de 21.10.1999 e 1.619, de 13.04.1999, Rel. Nelson Jobim.

O art. 258 do Código Eleitoral fixa o prazo de três dias como regra

genérica para os recursos eleitorais. As exceções defluem de outras normas

expressas, para o recurso da decisão nas ações de reclamação em face da

26

propaganda política eleitoral irregular (decisões sobre multas eleitorais). Neste

sentido:

“Representação. Propaganda eleitoral antecipada. Recurso eleitoral. Prazo. Art. 96, § 8º, da Lei n.º 9.504/97. Observância. As representações por descumprimento da Lei n.º 9.504/97 regulam-se pelo procedimento estabelecido no art. 96 dessa lei. É de 24 horas o prazo para recurso contra sentença proferida em sede de representação eleitoral, nos termos do art. 96, § 8º, da Lei das Eleições, não sendo aplicável o tríduo previsto no art. 258 do Código Eleitoral. Nesse entendimento, o Tribunal manteve a decisão agravada e negou provimento ao agravo regimental. Unânime. Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral n.º 24.600/RS, Rel. Min. Caputo Bastos, em 10.02.2005.”

Com efeito, impende frisar sobre a questão relativa à preclusão

temporal de determinadas matérias eleitorais, cujo tratamento se positiva nas

normas infraconstitucionais. O art. 259 do Código Eleitoral, assim disciplina: “São

preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se discutir

matéria constitucional”.

A preclusão defluiu do princípio da celeridade dos processos eleitorais.

Na verdade, o Código Eleitoral adotou o princípio da consumação em relação ao

ato judicial.

O art. 16 da Lei Complementar n.º 64/90 expressamente estabelece

que os prazos relativos aos processos de registro de candidatura são

peremptórios e contínuos e correm em secretaria ou cartório, não se

suspendendo, durante o período eleitoral, aos sábados, domingos e feriados. No

entanto, o Tribunal Superior Eleitoral possui precedente de que “Não se aplicam

ao recurso contra expedição de diploma os prazos peremptórios e contínuos do

art. 16 da Lei Complementar n.º 64/90 (Acórdão n.º 648, DE 18.11.2004. Recurso

Contra Expedição de Diploma n.º 648/SP Relator: Ministro Caputo Bastos)”.

De sorte a parte recorrente não pode ficar exercitando o direito de

recorrer, quando o momento certo já transcorreu. Sobre o assunto, consultar os

arts. 169 e 171 do Código Eleitoral, como exemplos de consumação ou preclusão.

Todavia, o Código Eleitoral admite os embargos de declaração (art. 275), e neste

ponto, a decisão dos embargos poderá integrar, modificar ou elucidar algum ponto

do caso concreto de forma a complementar a decisão embargada. Quando este

fato ocorrer deve-se admitir outra exceção ao princípio da preclusão, mesmo não

sendo a matéria de natureza constitucional, pois haverá total possibilidade da

27

parte recorrente aditar o recurso: complementá-lo. Se uma das partes tiver sua

situação processual piorada com o acolhimento dos embargos de declaração, é

possível o recurso da decisão complementada nos embargos.

Quanto aos efeitos dos recursos eleitorais, o art. 257 do Código

Eleitoral trata da regra genérica, ou seja, os recursos não têm efeito suspensivo.

Cumpre ressaltar o disposto no art. 15 da Lei Complementar n.º 64, de

18 de maio de 1990. A regra aplicável ao registro de candidatos implica o

cancelamento do mesmo, ou do diploma, quando houver trânsito em julgado da

decisão impugnativa do aludido registro. Assim, o recurso da parte (candidato),

enquanto pender decisão definitiva permite a participação dele nas eleições,

inclusive sua diplomação e posse. Trata-se de uma exceção ao efeito devolutivo,

pois na verdade o recurso passa a ter, neste caso, o efeito suspensivo.

O art. 362 do Código Eleitoral prevê o recurso de apelação criminal

eleitoral, sendo pacífico na doutrina e jurisprudência que o seu efeito é

suspensivo, pois no silêncio da lei eleitoral aplica-se de forma subsidiária o art.

594 do Código Processo Penal.

Por fim, o art. 216 do Código Eleitoral abriga o efeito suspensivo da

decisão do juiz ou Tribunal, quando for interposto o recurso contra a expedição do

diploma nos moldes do art. 262 do mesmo diploma legal.

28

CAPÍTULO III

ESPÉCIES DE RECURSOS ELEITORAIS

3.1 – Reclamações

A reclamação (correição parcial) ou representação como sucedâneo de

recurso pode ser utilizada para enfrentar as seguintes questões: i) violação de

regras de competência, ou melhor, usurpação; ii) restabelecer o controle de

prazos; iii) avocar recursos não encaminhados à instância superior; iv) cassar

decisão exorbitante de juiz eleitoral em face de decisão de Tribunal Superior; v)

determinar a preservação da jurisdição do Tribunal; e vi) corrigir a inversão

tumultuária do processo.

Na verdade, a reclamação anda junta com o direito de petição, visando

coibir abusos. Todavia, a reclamação não é extensível ao cidadão na condição de

legitimado, pois as regras regimentais dos Tribunais não outorgam esta

legitimidade.

O direito de petição é o que autoriza qualquer indivíduo a dirigir aos

órgãos públicos ou agentes do poder público um escrito no qual exponha

opiniões, pedidos ou queixas. É uma consequência da liberdade individual, em

geral, e de opinião, em particular. Cada um tem o direito de expor o que pensa a

respeito dos negócios públicos e o de não ser vítima silenciosa e resignada de

atos arbitrários de agentes de autoridade.

A base constitucional do direito de petição está no art. 5º, XXXIV,

alínea a, da Carta Magna. Sobre o assunto ver, ainda, a Lei n.º 4.898/65, art. 1º.

O direito de petição, presente em todas as Constituições brasileiras, qualifica-se como importante prerrogativa de caráter democrático. Trata-se de instrumento jurídico-constitucional posto à disposição de qualquer interessado – mesmo aqueles destituídos de personalidade jurídica – com a explícita finalidade de viabilizar a defesa, perante as instituições estatais, de direitos ou valores revestidos tanto de natureza penal quanto de significação coletiva (STF. Min. Celso Mello, 1995, ADIN 1.247-PA, Medida Cautelar).

29

Como se nota, por intermédio da reclamação, cujas previsões legais se

encontram em termos regimentais, a parte lesada com a decisão poderá

restabelecer a rota processual e a intangibilidade de seus direitos.

No rol dos legitimados para reclamar se encontram: o procurador-geral

eleitoral e os procuradores regionais eleitorais, candidatos, partidos políticos,

coligações e o promotor eleitoral.

A reclamação deve ser instruída como os documentos e será

distribuída a um relator que requisitará informações à autoridade reclamada. A

resposta é fixada em prazo regimental. Em geral em cinco dias.

Outrossim, é possível ao relator suspender o trâmite processual

quando examinada a certeza do ato alvo da reclamação.

É possível aos candidatos, partidos políticos, coligações e ao Ministério

Público impugnar ou contra-arrazoar o pedido do reclamante, sendo que o

processo receberá ainda parecer do procurador-geral eleitoral (caso seja no TSE),

ou do respectivo procurador regional eleitoral (competência do TRE).

A decisão nos autos da reclamação poderá ser: i) avocativa nos casos

de usurpação de competência, por exemplo, juiz eleitoral processando e julgando

prefeito por prática de crime eleitoral; ii) saneatória, v.g., a ordenação da remessa

de autos de recurso interposto; e iii) anulatória da decisão por ser a mesma

frontalmente contrária a julgado da instância superior.

Com efeito, a decisão deverá ser efetivada de forma imediata na forma

do disposto no parágrafo único do art. 257 do Código Eleitoral.

Por fim, as reclamações formuladas contra juízes eleitorais em razão

de violação de regras disciplinares devem ser encaminhadas ao corregedor

regional eleitoral. Quanto aos promotores eleitorais, a reclamação deve ser ao

corregedor-geral do Ministério Público Estadual, pois cumpre ao órgão estadual o

poder de impor sanções disciplinatórias, decorrentes de regras expressas na Lei

n.º 8.625/93 e na legislação estadual específica.

3.2 – Recurso ordinário

O cabimento do recurso ordinário se dá quando as decisões versarem

sobre inelegibilidade ou expedições de diplomas nas eleições federais ou

estaduais; denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou

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mandado de injunção; e anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos

eletivos federais ou estaduais.

A base legal do recurso ordinário é arrimada nos arts. 276, II, letras a e

b, do Código Eleitoral e 121, § 4º, III, IV e V, da Constituição da República

Federativa do Brasil.

Os incisos III, IV e V, do § 4º do art. 121 da Carta Magna modificaram

as alíneas a e b. As hipóteses de cabimento devem ser vistas à luz do texto

constitucional. Desta forma, o novo texto constitucional recepcionou e ampliou o

rol de cabimento.

O art. 276 faz expressa menção às decisões dos Tribunais Regionais

Eleitorais. Nesta linha, o objeto de juízo de admissibilidade intrínseco atinente ao

cabimento deste recurso, diz respeito a uma decisão de natureza não

monocrática,6 mas sim do colegiado.

Com efeito, o Egrégio Tribunal Superior Eleitoral possui precedente

sobre o assunto, in expressi verbis:

Recurso em Mandado de Segurança n.º 307/RJ. Relator: Ministro Carlos Velloso. Decisão: Vistos. Trata-se de recurso ordinário, fundado no art. 276, II, b, do Código Eleitoral, e art. 5º, LXIX, da Constituição Federal, contra decisão monocrática proferida pelo juiz Paulo Espírito Santo, do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, que negou seguimento a mandado de segurança impetrado contra ato de juiz eleitoral que indeferiu o pedido de registro da candidatura de (...), sobre o fundamento de analfabetismo (fls. 36-37). Alega o recorrente, divergência jurisprudencial e requer seja o presente recurso recebido no efeito suspensivo (fls. 43-51). Parecer da Procuradoria-Geral Eleitoral pelo não-conhecimento do recurso. Decido. O recurso ordinário não tem condições de admissibilidade, porquanto não se inclui na competência do Tribunal Superior Eleitoral apreciar decisões monocráticas de juízes dos tribunais regionais eleitorais, ainda que de seus presidentes ou corregedores, a teor dos arts. 22 e 276 do Código Eleitoral. Nesse sentido as decisões proferidas nas medidas cautelares nº 1.346, de 07.05.2004 e n.º 1.312, de 12.12.2003, ambas da relatoria do Min. Carlos Madeira. Isto posto, nego seguimento ao recurso ordinário (RITSE, art. 36, § 6º). Publique-se em sessão. Brasília, 27 de setembro de 2004. Publicado na sessão de 27.9.2004.

6 Acórdão n.º 286, de 09.12.2004. Agravo regimental no recurso em Mandado de Segurança n.º 286/RR. Rel. Min. Carlos Velloso. Ementa: Mandado de segurança. Recurso ordinário. Acórdão n.º 323, de 23.11.2004. Recurso em Mandado de Segurança n.º 323/RJ. Rel. Min. Francisco Peçanha Martins. Ementa: Recurso em mandado de segurança. Intempestividade. Decisão de relator. Não-cabimento do recurso ordinário. É intempestivo o recurso interposto quando já ultrapassado o tríduo legal. Demais disso, contra decisão monocrática de relator, em mandado de segurança impetrado no TRE, incabível recurso ordinário para o TSE. DJ de 04.02.2005.

31

A interposição do recurso ordinário em face da decisão do Tribunal

enseja a apresentação das contra-razões em igual prazo com a adoção da regra

do art. 277 do Código Eleitoral.

O prazo é de três dias (razões e contra-razões) contados da publicação

do acórdão, mas havendo intimação pessoal flui desta data. Nas hipóteses de

declaração de inelegibilidade e nos casos de registro de candidatos, o prazo para

recurso começará a correr da publicação da decisão em sessão, conforme

precedentes legais e regimentais. Ver a regra do art. 276, § 1º do Código Eleitoral.

E ainda, no caso de recurso contra diplomação, o prazo conta-se a partir da

sessão solene de diplomação.

Com a juntada das razões do recorrido, os autos são encaminhados ao

Egrégio Tribunal Superior Eleitoral, na forma do art. 277, parágrafo único, do

Código Eleitoral. Mesmo sem a apresentação das contra-razões, os autos serão

encaminhados ao TSE.

A letra a do art. 276 trata da decisão que versar sobre inelegibilidade,

conforme nova redação do art. 121, § 4º, III, da Constituição Federal.

A inelegibilidade referida na alínea a não é defluente de eleições

municipais, pois o Egrégio Tribunal Superior Eleitoral firmou precedentes no

sentido de fazer uma distinção. Assim, quando as eleições forem referentes aos

mandatos de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, o recurso cabível será o

especial. O recurso ordinário destina-se para as eleições de governadores, vice-

governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais.

A lei limita o cabimento do recurso ordinário aos mandatos

processados e julgados pelos Tribunais Regionais Eleitorais (art. 2º da Lei

Complementar n.º 64, de 18 de maio de 1990). Em relação aos mandatos

municipais, o recurso será o especial. Todavia, na prática forense eleitoral se

perscruta diversos erros de interposição do recurso ordinário, quando seria o caso

do especial.

Em relação à admissibilidade do recurso ordinário como especial, o

Egrégio Tribunal Superior Eleitoral nem sempre segue o princípio da fungibilidade.

Neste sentido:

“(...) II – Inaplicável o princípio da fungibilidade quando das razões do apelo não se pode aferir alegação de violação a norma nem dissídio jurisprudencial” (Acórdão n.º 814, Recurso

32

Ordinário n.º 814, rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, de 31.08.2004).

E ainda, diz a jurisprudência da Egrégia Corte Eleitoral (TSE):

(...) III – A não-demonstração de violação a preceito legal impede o conhecimento do recurso especial fundado no art. 276, a, CE. IV – A divergência, para se configurar, requer a realização de confronto analítico entre as teses do acórdão impugnado e dos paradigmas. (...) II – A divergência, para se configurar, requer a demonstração da similitude fática entre os paradigmas e a tese albergada pelo acórdão recorrido. III – Não se presta o recurso especial para promover reexame de matéria fática, a teor das súmulas números 279/STF e 7/STJ. Neste sentido TSE. Processo n.º Ag 4.242/MG, rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 17.10.2003. 2 TSE. Processo n.º Ag 4.375/MG, rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 21.11.2003.

De fato, um dos requisitos para a incidência do princípio da

fungibilidade é o da dúvida objetiva. Esta surge por conflitos de pensamentos da

jurisprudência e doutrina, ou ainda, sobre a natureza de pronunciamentos

judiciais. O outro requisito é o do erro grosseiro, cujas limitações já são evidentes

na processualística moderna.

A investigação sobre a interposição de um recurso impróprio ocorre em

função de sua tempestividade. Outrossim, em matéria eleitoral, o princípio da

instrumentalidade das formas (art. 250 do Código de Processo Civil) somado ao

da indisponibilidade dos interesses democráticos (lisura e legitimidade das

eleições), art. 14, § 9º, da CRFB, impõem a admissibilidade do recurso ordinário

como se fosse o especial, observando-se o prazo legal, mas se o recorrente não

usa dos fundamentos legais do recurso especial (art. 276, I, a ou b, do Código

Eleitoral), tampouco os refere nas razões, ou ainda procura apenas obter uma

reforma por análise factual, não deve o Tribunal admitir este recurso, sob pena de

afronta ao princípio da unirrecorribilidade ou singularidade recursal, pois parte não

pode pretender a revisão do ato judicial por outra via, exceto a prevista pela lei,

ressalvando-se uma decisão objetivamente complexa.

3.3 – Embargos de declaração

O art. 275 do Código Eleitoral assim versa:

Art. 275 – São admissíveis embargos de declaração: I – quando há no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição; II – quando for omitido ponto sobre que devia pronunciar-se o

33

Tribunal. § 1º - Os embargos serão opostos dentro em 3 (três) dias da data da publicação do acórdão, em petição dirigida ao relator, na qual será indicado o ponto obscuro, duvidoso, contraditório ou omisso. § 2º - O relator porá os embargos em mesa para julgamento, na primeira sessão seguinte proferindo o seu voto. § 3º - Vencido o relator, outro será designado para lavrar o acórdão. § 4º - Os embargos de declaração suspendem o prazo para a interposição de outros recursos, salvo se manifestadamente protelatórios e assim declarados na decisão que os rejeitar.

O inciso I do art. 275 faz menção ao “acórdão”. A referência ao

“acórdão” tem conduzido ao cabimento dos embargos de declaração a uma

interpretação literal. Nesse sentido, para parte da doutrina, não seria possível a

interposição de embargos em face de sentenças.

Admite-se o cabimento de embargos de declaração das decisões dos

juízes eleitorais, Tribunais Regionais Eleitorais e do Tribunal Superior Eleitoral,

pois não há razão de limitações, especialmente pela aplicação subsidiária do

Código de Processo Civil e em homenagem aos princípios da ampla defesa e da

busca da verdade material eleitoral.

Outrossim, o Tribunal Superior Eleitoral não tem admitido embargos de

declaração contra decisão monocrática. Nesse sentido:

Acórdão 3.721, de 10.08.2003. Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento 3.721/PB. Relator: Ministro Francisco Peçanha Martins. Ementa: Embargos de declaração opostos contra decisão monocrática. Recebidos como agravo regimental. Pesquisa eleitoral. Requisitos não atendidos. Fato superveniente. Recurso especial. Prova. Exame. Impossibilidade. Negado provimento. I. Na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não são cabíveis embargos de declaração contra decisão monocrática, devendo eles ser recebidos como agravo regimental. II. Não se presta o recurso especial para promover reexame de provas (súmulas 279/STF e 7/STJ).

Por fim, os embargos de declaração não devem ser utilizados para

rejulgamento da causa. Nesse sentido, destaca-se:

Acórdão 20.779, de 19.08.2003. Embargos de Declaração no Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral 20.779/SP. Relator: Ministro Luiz Carlos Madeira. Ementa: Embargos de declaração. Agravo regimental. Recurso especial. Propaganda irregular. Intempestividade. Aplicação do art. 19 da Res.-TSE 20.951/01. Embargos infringentes. Excepcionalidade. Não-ocorrência. Não tendo o embargante apontado omissão, contradição ou obscuridade a ser sanada, impõe-se a rejeição dos declaratórios, que não se prestam ao rejulgamento da causa. Embargos rejeitados.

34

O prazo dos embargos de declaração é de 3 (três) dias.

Se a questão é de natureza penal, o trâmite dos embargos de

declaração deve seguir os arts. 364 do Código Eleitoral.

Entende-se que o recurso de embargos de declaração que trata de

matéria penal ou não penal eleitoral deve seguir o prazo e rito do Código Eleitoral,

porque a regra de aplicação subsidiária do Código de Processo Penal, referida no

art. 364 do Código Eleitoral, só tem cabimento na ausência de norma expressa

em contrário. Ora, se em matéria eleitoral existem os embargos de declaração

com rito específico e mais amplo quanto ao prazo de defesa, não há razão para a

adoção de norma subsidiária, especialmente em razão das peculiaridades do

processo eleitoral.

Os embargos de declaração suspendem o prazo. Não é caso de

interrupção. Não se aplica neste aspecto subsidiariamente o Código de Processo

Civil.

3.4 – Recurso Especial

O art. 276 do Código Eleitoral assim disciplina:

“As decisões dos Tribunais Regionais são terminativas, salvo os casos seguintes em que cabe recurso para o Tribunal Superior: I. especial: a) quando forem proferidas contra expressa disposição de lei; b) quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre 2 (dois) ou mais Tribunais Eleitorais.”

O art. 276, I, a, foi alterado pelo art. 121, § 4º, I, da Constituição

federal, in verbis: “forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição

ou da lei”. O inciso II, do art. 121, § 4º, é idêntico ao disposto na alínea b, do

inciso I, do art. 276 em comento.

É importante frisar que o processo e julgamento dos recursos eleitorais,

inclusive do recurso especial, devem obedecer à legislação eleitoral que engloba

as resoluções do Tribunal Superior Eleitoral e o regimento interno. As resoluções

eleitorais têm força de lei ordinária e desafiam recurso especial quando forem

violadas em decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais.

O prazo de interposição e razões é de 3 (três) dias. Idêntico prazo é o

das contra-razões, com a preservação dos princípios da igualdade e ampla

defesa. Nesse sentido é a regra do art. 278, § 2º, do Código Eleitoral. Destaca-se:

35

Acórdão 4.046, de 04.09.2003. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 4.046/PA. Relator: Ministro Carlos Velloso. Ementa: Eleitoral. Agravo regimental em agravo de instrumento. Intempestividade do recurso especial. 1. O prazo recursal começa a fluir do julgamento quando o acórdão é publicado em sessão e, para efeito de contagem, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento, prorrogando-se para o primeiro dia útil subsequente quando findo em dia feriado. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.

O processamento segue o disposto no art. 278 do Código Eleitoral.

O Tribunal Superior Eleitoral admite o cabimento de recurso especial

concernente à matéria que não seja estritamente administrativa.

Servidor público da Justiça Eleitoral. Recurso contra resolução de TRE. Filiação partidária. Impossibilidade. Pedido indeferido. O apelo não pode ser apreciado por este Tribunal, uma vez não ser cabível o recurso interposto, fundado no art. 107 da Lei n.º 8.112/90, contra resolução regional que trata da matéria administrativa. Contra resolução regional, em matéria que não seja estritamente administrativa, cabe recurso especial (respe. 11.310/MG. Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 06.10.1995, e Ag. 8.723/PB, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 11.03.1994). Entretanto, esta Corte já assentou sobre o tema na Resolução 20.921/DF, Rel. Min. Fernando Neves, DJ de 22.02.2002. Nesse entendimento, o Tribunal indeferiu o pedido. Unânime. Processo Administrativo 19.089/MA, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, em 25.11.2003.

A divergência referida na alínea b exige, segundo precedente do TSE,

a demonstração da semelhança dos fatos:

Acórdão 4.375, de 28.10.2003. Agravo de Instrumento 4.375/MG. Relator: Ministro Francisco Peçanha Martins. Ementa: Agravo de instrumento. Eleição 2000. Art. 73, I, CE. Fundamentos não infirmados. Dissídio não caracterizado. Prova. Reexame. Impossibilidade. Não-provimento. I. Não comporta provimento o agravo que deixa de infirmar os fundamentos da decisão impugnada. II. A divergência, para se configurar, requerer a demonstração da similitude fática entre os paradigmas e a tese albergada pelo acórdão recorrido. III. Não se presta o recurso especial para promover reexame de matéria fática, a teor das Súmulas 279/STF e 7/STJ.

Não se conhece do recurso pela divergência, quando a decisão

recorrida estiver em sintonia com a jurisprudência do TSE. Aplicação das súmulas

n.º 286 do STF e n.º 83 do STJ.

Impede notar que o TSE não conheceu de recurso especial em razão

de despacho do juiz referente à comunicação protocolar à Câmara Municipal.

Nesse sentido:

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Acórdão 21.328, de 04.11.2003. Recurso Especial Eleitoral 21.328/MG. Relator: Ministro Fernando Neves. Ementa: Recurso especial. Ato de juiz eleitoral. Comunicação de suspensão de direitos políticos à Câmara Municipal. Recurso. Art. 265 do Código Eleitoral. Não cabimento. Mero despacho. Conteúdo decisório. Ausência. Prejuízo. Inexistência. 1. Os despachos a que se refere o art. 265 do Código Eleitoral são aqueles que têm algum conteúdo decisório e que podem ensejar eventual prejuízo à parte e possibilitar a interposição de recurso. 2. O ato de juiz eleitoral que determina a comunicação da suspensão de direitos políticos de vereador ao Poder Legislativo Municipal constitui mero despacho, sem reflexos diretos sobre o mandato desse parlamentar. Recurso conhecido, mas improvido.

Outrossim, o TSE admite o recebimento de recurso especial como

ordinário quando o caso concreto resultar na perda do mandato eletivo. Destaca-

se:

Pedido de reconsideração recebido como agravo regimental. Agravo regimental provido para, em razão de estar o agravo de instrumento suficientemente instruído, sendo plausível o que nele alegado, passar ao julgamento do especial que, a sua vez, recebe-se como ordinário, na linha de precedentes do TSE. Mérito. Inexistência de prova inconcussa, cabal, de que os representados tenham incorrido nas vedações constantes do art. 73, I a III, da Lei n.º 9.504/97. Provê-se o agravo regimental, e por estar o agravo de instrumento suficientemente instruído, além de ser plausível o que ali sustentado, passa-se ao julgamento do recurso especial que, a sua vez, é recebido como ordinário, na linha de precedentes do TSE (RO 696/TO e Ag 4.029/AP), tendo em vista a possibilidade de a ação resultar na perda do mandato do recorrido. No mérito, não merece acolhida o recurso, por não existir, in casu, prova inconcussa, cabal, de que os representados tenham incorrido nas vedações constantes do art. 73, I a III, da Lei 9.504/97. Agravo regimental acolhido para, provendo-se o agravo de instrumento, conhecer do especial como ordinário, a este negando-se provimento. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 4.000/PA, Rel. Min. Barros Monteiro, em 30.10.2003.

O recurso especial não é a via adequada para o reexame de questões

fáticas e probatórias. Nesse sentido:

Acórdão 1.921, de 02.10.2003. Agravo Regimental na Medida Cautelar 1.291/CE. Relator: Ministro Barros Monteiro. Ementa: Agravo regimental. Medida cautelar. Reiteração das razões anteriormente alegadas pela ora agravante. Alegação de pretensão à correta qualificação jurídica das provas. Aresto regional que tem como consistentes as provas relativas ao aliciamento de eleitores, com a captação de sufrágios devidamente comprovada. Hipótese a demandar, efetivamente, ampla reapreciação do material fático-probatório coligido aos autos. Agravo desprovido. A despeito de as razões do regimental consistirem em mera reiteração daquelas anteriormente alegadas

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pela agravante, tendo em vista que o aresto regional teve como consistentes as provas relativas ao aliciamento de eleitores, com a compra de votos devidamente comprovada, ausente a alegada plausibilidade jurídica do recurso especial, por demandar este, para o seu julgamento, ampla reapreciação do material fático-probatório coligido aos autos. Agravo regimental ao qual se nega provimento.

E ainda:

Acórdão 3.271, de 10.08.2003. Embargos de Declaração no Agravo de Instrumento 3.721/PB. Relator: Ministro Francisco Peçanha Martins. Ementa: Embargos de declaração opostos contra decisão monocrática. Recebidos como agravo regimental. Pesquisa eleitoral. Requisitos não atendidos. Fato superveniente. Recurso especial. Prova. Exame. Impossibilidade. Negado provimento. I. Na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não são cabíveis embargos de declaração contra decisão monocrática, devendo eles ser recebidos como agravo regimental. II. Não se presta o recurso especial para promover reexame de provas (Súmulas 279/STF e 7/STJ).

O recurso especial exige o prequestionamento. Destaca-se:

Acórdão 21.340, de 11.09.2003. Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral 21.340/SP. Relator: Ministro Barros Monteiro. Ementa: Agravo regimental. Recurso especial. Arts. 30, da Lei n.º 9.504/97, e 29, da Res.-TSE 20.987/02, não prequestionados. Movimento financeiro da campanha eleitoral que não fora registrado, na conta bancária específica, na sua totalidade. Alegação de ofensa ao princípio da inafastabilidade da jurisdição. Improcedência. Agravo regimental desprovido. Não tendo sido discutidos, pelo aresto regional, os arts. 30, da Lei n.º 9.504/97, e 29, da Res. TSE 20.987/02, inviável o recurso quanto à alegação de ofensa a esses dispositivos à falta do indispensável prequestionamento. Com a revogação da Súmula-TSE 16, prevaleceu o disposto no art. 8º, caput, da Res.-TSE 20.987/02, no qual se exige, em síntese, ao candidato e ao comitê financeiro a abertura de conta bancária específica para registrar todo o movimento de campanha. É improcedente a sustentada ofensa ao princípio da inafastabilidade da jurisdição, em razão de todas as questões aventadas no especial terem sido apreciadas no decisório agravado. Agravo regimental a que se nega provimento.

Recurso Especial. Divergência. Confronto analítico. Precedente do

TSE:

Acórdão 4.242, de 10.08.2003. Agravo de Instrumento 4.242/MG. Relator: Ministro Francisco Peçanha Martins. Ementa: Agravo de instrumento. Eleição 2000. Representação. Litispendência. Ausência. Ofensa a texto legal e dissídio não demonstrado. Fundamentos da decisão impugnada não infirmados. Negado provimento. I. O reconhecimento da litispendência impõe, além da identidade de partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. II. Não prospera o agravo que

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deixa de infirmar especificamente os fundamentos da decisão impugnada. III. A não-demonstração de violação a preceito legal impede o conhecimento do recurso especial fundado no art. 276, “a”, CE. IV. A divergência, para se configurar, requer a realização de confronto analítico entre as teses do acórdão impugnado e dos paradigmas.

Recurso Especial. Valoração das provas. Reexame dos fatos:

Acórdão 19.697, de 07.08.2003. Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral 19.697/MG. Relator: Ministro Carlos Velloso. Ementa: Eleitoral. Propaganda irregular. Pichação de passeio público. Prévio conhecimento. Multa aplicada individualmente a cada responsável. Reexame de provas. Precedentes. 1. Possibilidade de aplicação de multa, por propaganda irregular, quando as evidências levam à conclusão de que houve o prévio conhecimento. 2. A pena de multa, pela propaganda em bem público, deve ser aplicada a cada um dos responsáveis. 3. Não se confunde reexame de fatos com valoração de provas. Agravo regimental improvido.

3.5 – Agravo de Instrumento

O agravo de instrumento está previsto nos arts. 279 e 282 do Código

Eleitoral, sendo interposto no prazo de 3 (três) dias. Todavia, mesmo que esteja

fora do prazo, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral não lhe pode negar o

seguimento. Cabe ao recorrente formar o instrumento do agravo (certidão da

intimação, traslado da decisão recorrida e outros documentos indispensáveis ao

exame da questão). Aplica-se, subsidiariamente, o Código de Processo Civil.

O Regimento Interno do Tribunal Superior Eleitoral disciplina o recurso

de agravo de instrumento nos §§ 2º a 10 do art. 36.

É indispensável à formação das peças. Os autos são conclusos ao

presidente do TSE, que determina a subida se mantiver o despacho recorrido e,

se o Tribunal Superior der provimento ao agravo de instrumento, poderá, desde

já, julgar o mérito do recurso denegado. O agravo de instrumento não suspende o

processo principal. Desta forma, se o TSE der provimento ao agravo, passa ao

exame do recurso. O procurador regional eleitoral deve se manifestar por parecer

antes da decisão, sob pena de nulidade do feito.

Impede observar que da decisão do relator caberá agravo regimental

no prazo de 3 (três) dias, sendo processado nos próprios autos. O agravo

regimental é submetido ao relator que poderá exercer o juízo de retratação ou

39

submeter ao julgamento do TSE. Nesta última hipótese, independe de inclusão

em pauta.

Formação de agravo. Peças:

Acórdão 3.185, de 25.09.2003. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 3.185/SP. Relator: Ministro Carlos Velloso. Ementa: Eleitoral. Agravo regimental em agravo de instrumento. Ausência de peças. 1. Incumbe ao agravante a correta formação do agravo, solicitando o traslado de peças indispensáveis à perfeita compreensão da controvérsia, devendo estar, entre elas, necessariamente, o acórdão recorrido e a petição do recurso especial (art. 2º da Res.-TSE 21.477, DJ de 05.09.2003, Rel. Min. Fernando Neves). 2. Agravo regimental a que se nega provimento.

Agravo de instrumento interposto para julgamento do recurso especial.

Finalidade:

Acórdão 4.399, de 30.09.2003. Agravo de Instrumento 4.399/GO. Relator: Ministro Luiz Carlos Madeira. Ementa: Agravo de instrumento e recurso especial eleitoral providos. Agravo regimental em mandado de segurança. Liminar. Preliminar de falta de condições da ação pela ausência de procuração. Rejeitada. Não faz diferença a procuração outorgada pela Câmara Municipal representada por seu presidente da que o presidente, nessa qualidade, outorga para o mesmo fim. Homenagem ao formalismo incompatível com o processo eleitoral. Dá-se provimento a agravo de instrumento para julgar recurso especial eleitoral contra decisão que, em agravo regimental, confirma indeferimento de liminar em mandado de segurança. Configurada a violação legal em tese e o dissídio jurisprudencial. Recurso especial provido para que o Tribunal Regional julgue o mandado de segurança, mantendo-se sustados os efeitos de diplomação de candidato classificado em segundo lugar.

A nova Lei n.º 11.187, de 19 de outubro de 2005, alterou a Lei n.º

5.869/73 (Código de Processo Civil), conferindo nova disciplina ao recurso de

agravo de instrumento, revogando o § 4º do art. 523 do CPC.

No processo eleitoral, o cabimento do agravo de instrumento é restrito

às hipóteses denegatórias de recurso especial e, assim, entendemos que a nova

lei não alterou a disciplina específica deste recurso no âmbito do processo

eleitoral.

40

CAPÍTULO IV

RECURSO CONTRA DIPLOMAÇÃO

Terminada a eleição e concluídos todos os atos referentes à apuração

dos votos, bem como decididos os recursos apresentados, segue-se a

diplomação dos eleitos. Recebem estes um diploma, passado, no âmbito

municipal, pelo juiz eleitoral; tratando-se de eleições estaduais, assim como para

deputados federais e senadores, subscrito pelo Presidente do Tribunal Regional

Eleitoral respectivo. E, em se referindo a eleição para Presidente e Vice-

presidente da República, o diploma é expedido pelo Presidente do TSE.

Antes da diplomação, a justiça eleitoral pratica ainda um ato

consistente na proclamação dos eleitos. Trata-se de ato formal a cargo das

autoridades referidas no Código Eleitoral, conforme o nível em que se tenha dado

a eleição: CE, art. 186 (eleições municipais e distritais); CE, art. 202, § 1.º

(eleições para governador, vice, deputados estaduais, federais e senadores, bem

como os respectivos suplentes); CE, art. 211 (eleições para presidente e vice-

presidente da República).

A proclamação é um ato que complementa todo o processo eleitoral,

mas não comporta qualquer tipo de recurso.7 Eventuais reclamações contra esse

ato só poderão ser apresentadas, sob a forma do recurso adequado, ao ensejo da

diplomação.

O recurso contra expedição de diploma, ou seja, contra a diplomação,

pois a expedição subentende sua outorga e entrega ao eleito, caberá nos casos

referidos no art. 262 do CE. Esclareça-se que não pode haver recurso antes da

diplomação, pois é evidente que somente a prática desse ato pode possibilitar

manifestações de inconformismo. Alguns casos esporádicos de recurso anterior à

diplomação têm sido repelidos pela justiça eleitoral que dele não conhece.8 Não é

demais repetir: realizada a proclamação dos eleitos, os inconformados devem

aguardar a diplomação para o oferecimento de eventual recurso contra ela. A

7 TRE-SP, Acórdãos 41.436 e 49.341, DOE 12.11.1959 8 TRE-SP, Acórdão 42.114/1955.

41

solenidade da proclamação não tem finalidade constitutiva, mas meramente

declaratória.

Não se confunda este recurso com a figura nova da Constituição de

1988, a ação de impugnação de mandato eletivo, a ser proposta dentro de quinze

dias contados do ato de diplomação dos eleitos (art. 14, §§ 10 e 11). São

institutos diversos, com pressupostos também diversos, embora com finalidade

semelhante, que podem ser usados conjunta ou isoladamente: o recurso e/ou a

ação. Os prazos e a tramitação de ambos diferem entre si, mas o objetivo é um

só: afastar o eleito, perseguindo a invalidação de seu diploma, por via judicial.

Assinale-se que o recurso contra a expedição de diploma não impede a posse do

eleito e o exercício regular do mandato, enquanto esteja tramitando.

4.1 – Natureza do Recurso

Quanto à sua natureza, o recurso contra diplomação situa-se dentro do

gênero recurso ordinário que, pelo menos, quando oferecido perante juiz eleitoral

(relativamente à diplomação de eleitos na área municipal), não deve ser

confundido com o recurso ordinário cabível contra decisões dos TREs, nos casos

do art. 276, II, a, do CE. A regra geral determinante, que dos atos, resoluções ou

despachos dos juízes ou juntas eleitorais caberá recurso para o TRE respectivo,

autoriza o oferecimento do apelo contra diplomação municipal a ser apresentado

perante o juiz eleitoral para encaminhamento à apreciação da corte regional.9 Se

esse recurso for desprovido pelo TRE, de sua decisão caberá o recurso especial

do art. 276, I, do nosso estatuto eleitoral, a ser apreciado pelo TSE, dentro das

premissas legais.10 Enquanto o TSE não decidir sobre recurso interposto contra

diplomação, o diplomado poderá exercer o mandato, na qual estiver amparado,

em toda sua plenitude. Essa regra, contida no art. 216 do CE, é como que uma

exceção ao princípio segundo o qual os recursos eleitorais não têm efeito

suspensivo.

Tratando-se de expedição de diploma da alçada do TRE, quando se

cuide de eleições para governador e vice, assim como para deputados estaduais,

federais e senadores, o apelo contra a diplomação haverá de ser dirigido contra

9 CE, art. 265. 10 Letras a e b do inciso I do art. 276 – cf. Ac. 7.659 do TSE, DJU 26.10.1983.

42

esse ato do Tribunal Regional e, nesse caso, será o ordinário, dirigido ao TSE,

com suporte no art. 276, II, a, do CE (eleições federais e estaduais).

Se se tratar de expedição de diploma de Presidente e Vice-Presidente

da República, ato da competência do Presidente do TSE parecerá, à primeira

vista, não haver recurso cabível. E não há, mesmo, previsão legal nesse tocante.

Mas isso é inadmissível, mesmo em face do preceito legal que estabelece a

irrecorribilidade das decisões do TSE,11 com suporte em mandamento da Lei

Maior.12

É claro que o ato de diplomação emanado do Presidente do TSE não é

uma decisão em sentido verdadeiramente processual, revestindo-se mais de

natureza administrativa. Mesmo assim, como ato de consequências jurídicas e

políticas evidentes, não se pode admitir que não comporte revisão por outra

instância judiciária que, no caso, é o STF. Assenta-se em princípio constitucional

referente à inafastabilidade do controle jurisdicional, a garantia do cidadão, do

candidato, do partido político, à tutela decorrente desse controle.

Resta saber, na hipótese, qual o tipo de medida de que se há de lançar

mão para investir contra aquele ato de diplomação, praticado pelo Presidente da

nossa mais alta corte de justiça eleitoral. O mandado de segurança é,

indiscutivelmente, medida adequada a esse tipo de tutela que se busca obter,

dada a amplitude de sua abrangência, como garantia constitucional destinada à

proteção de direito subjetivo, líquido e certo.

No caso, e à míngua de remédio processual específico, ajusta-se o

mandado de segurança, até mesmo com fundamento na Súmula 267 do STF,

aqui aplicável contrario sensu.

Diz a Súmula 267: “não cabe mandado de segurança contra ato judicial

passível de recurso ou correição”.

Embora a diplomação não se configure um ato judicial propriamente

dito, revestindo-se mais de feições de um ato administrativo, ele é o ponto

culminante de todo um sucessivo complexo de atos administrativo-judiciais

relativos ao procedimento eleitoral como um todo, que vai desde a escolha dos

candidatos em convenção partidária, até sua eleição, proclamação e diplomação.

11 CE, art. 281. 12 CF, art. 121, § 3.º.

43

A jurisprudência tem admitido mandados de segurança contra atos do

TSE, quando contrários à Constituição.13

Se a impugnação à diplomação tiver por fundamento ato ou fato

contrário à Constituição, indiscutível o cabimento do mandamus. O fato concreto,

no entanto, é que determinará o posicionamento da parte interessada na busca

da prestação jurisdicional a que tiver direito.

Seria forçar o entendimento quanto à adequação do recurso

extraordinário como medida de que pudesse socorrer-se o interessado, em se

tratando de eventual inconformismo contra ato de diplomação emanado do

Presidente do TSE. No entanto, não nos parece de todo incabível esse recurso,

no caso, e in extremis, muito embora o ato que poderá ensejá-lo não seja

considerado propriamente uma causa decidida em única instância pelo TSE.14

4.2 – Cabimento

São as seguintes as hipóteses de seu cabimento: I – inelegibilidade ou

incompatibilidade de candidato; II – errônea interpretação da lei quanto à

aplicação do sistema de representação proporcional; III – erro de direito ou de fato

na apuração final quanto à determinação do quociente eleitoral ou partidário,

contagem de votos e classificação de candidato, ou a sua contemplação sob

determinada legenda; IV – concessão ou denegação do diploma, em manifesta

contradição com a prova dos autos, na hipótese do art. 222 do Código Eleitoral

(votação anulável, quando viciada de falsidade, fraude, coação ou emprego de

processo de propaganda ou captação de sufrágios vedados por lei). Ou, ainda,

uso de meios referidos no art. 237 do CE, que diz respeito à interferência do

poder econômico e ao desvio ou abuso do poder de autoridade, em desfavor da

liberdade do voto.

Ao ser realizada a diplomação dos candidatos, e se ainda houver

recurso pendente de decisão em outra instância, o juiz deverá consignar, na ata

respectiva, que os resultados poderão sofrer alterações decorrentes desse

julgamento.

13 RJT 37/669; apud Roberto Rosas, Direito processual constitucional, p. 90 (n. 8.6.13). 14 CF, art. 102, III.

44

Realizada a diplomação, e decorrido o prazo para recurso, deverá o

juiz ou o Presidente do Tribunal Regional comunicar à instância superior se ele

foi, ou não, interposto.

Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso interposto contra a

expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua

plenitude. E, em caso de eleições suplementares, apuradas estas, o juiz ou

tribunal deverá rever a apuração anterior, confirmando ou invalidando os diplomas

que haja expedido.15

Observe-se que de acordo com a regra geral que não confere efeito

suspensivo aos recursos eleitorais, em havendo recurso pendentes, p. ex., quanto

à apuração das eleições, tal fato não impedirá que se efetive a diplomação,

independentemente da solução final do respectivo recurso.16

4.3 – Prazo para interposição

É de três dias o prazo para interposição de recurso contra a expedição

de diploma a candidato ou candidatos. A diplomação se faz em sessão especial,

marcada previamente pelo juiz ou pelo presidente do tribunal respectivo, e é da

data dessa sessão que se conta o prazo de três dias para oferecimento do apelo,

nos casos previsto na lei e enumerados acima, sob o n.º 4.2.

É preciso não confundir a sessão especial para a entrega do diploma

ao eleito com a proclamação dos resultados do pleito, que são momentos

diversos do procedimento eleitoral. E é por ocasião daquela (diplomação) que

surge o instante apropriado para o recurso que vise a impugnar a expedição do

diploma ao candidato.

Não será demais insistir que inexiste recurso contra a proclamação,

pois essa se constitui em ato à parte, anterior à diplomação, e que poderia ser

considerado preparatório daquela, embora com ela não se confunda.

4.4 – Qualidade para recorrer

15 CE, arts. 216, 217 e 261, § 5.º. 16 TRE-SP, Acórdão 41.730.

45

Podem recorrer do ato de diplomação de candidato: a) os partidos

políticos; b) os candidatos devidamente registrados para o pleito cujo resultado

esteja em foco; c) o Ministério Público (Constituição Federal, art. 127).

Já decidiu o TSE que o recurso de diplomação pode ser interposto

tanto pelo partido vencido, para ultrapassar em sufrágios o vencedor, como por

parte deste, com o escopo de melhorar e consolidar a posição de seus

candidatos.17

O simples eleitor, não sendo candidato registrado, não é parte legítima

para recorrer contra a diplomação, segundo entendimento do TSE- BE 289/376;

285/165.18

Os partidos, como parte legítima para recorrer, devem fazê-lo por meio

de seus presidentes, e respectivos delegados, devidamente credenciados, nas

suas áreas de atuação. Assim sendo, os diretórios municipais, por seus

presidentes, poderão recorrer ordinariamente para o TSE, nos termos do art. 276,

II, a, do CE. Todavia, existe entendimento jurisprudencial, no sentido de não

admitir legitimação dos diretórios municipais para oferecimento de recurso

especial perante o TSE que, por outro lado, permite recurso dessa natureza

contra decisão do TRE relativa à expedição de diploma em eleição municipal.19

O TSE, em julgamento proferido em 14.09.1992, alterou

fundamentalmente sua posição anterior de não admitir recurso especial em casos

de inelegibilidade, em recursos de diplomação de candidato, formulado por

diretório municipal de partido político. Assim o fez, recentemente, por maioria

absoluta de votos, revendo sua jurisprudência anterior. Em acórdão de que foi

relator o Ministro Sepúlveda Pertence, a Corte admitiu a regularidade da

representação de partido político, por seu diretório municipal, na interposição de

recurso especial perante a mesma. Essa revisão da jurisprudência anterior do

mesmo TSE se deu ao argumento de ser desnecessário, para tanto, o voto de

17 TSE-BE 25/9, apud Jorge Alberto Vinhaes, Código Eleitoral anotado cit., p. 407. 18 O então Procurador-geral Eleitoral, Prof. Cândido de Oliveira Neto, em parecer que exarou em processo perante o TSE, defendeu a legitimação, para esse recurso, de qualquer cidadão. Diz ele: “Não há possibilidade de se pensar que qualquer cidadão brasileiro não tenha legitimidade de interpor recurso de diplomação”, aludindo a que não existe texto de lei a excluir esse direito de todos os cidadãos (Rec. 214, Classe U, TSE-BE 153/311). Esse ponto de vista, conquanto louvavelmente democrático, não vinha, até há pouco, encontrando apoio no entendimento jurisprudencial do TSE. 19 TSE, Ac. 7.659, DJU 26.10.1983; TSE-BE 220/202. Quanto a recursos de Diretórios Municipais inadmissíveis pelo TSE, cf. BE 255/222, 258/516, 268/1.323, 338/241.

46

maioria qualificada de dois terços, porque incompatível o art. 263 do CE com as

Constituições posteriores, especialmente a Carta de 1988. Fica, assim, aberto o

caminho para que diretórios municipais de partidos políticos, devidamente

representados por advogado, em processos de recurso contra a diplomação, em

razão de impugnação de registro de candidatos, por alegada inelegibilidade,

possam chegar ao TSE com recurso especial, atendidos os pressupostos

necessários e indispensáveis para tanto. Esse novo posicionamento do TSE

frente ao problema, além de democrático porque não mantém antiga

discriminação, assenta-se rigorosamente à letra da Constituição que assegura

igualdade para todos na busca da proteção jurisdicional em defesa de direitos ou

ameaça a direitos, sejam quais forem.20

Os candidatos, seja qual for o pleito em disputa, são reconhecidos

como parte legítima para recorrer contra a diplomação, desde que regularmente

registrados na justiça eleitoral. Para tanto, poderão postular, independentemente

do delegado de seu partido político.

A legitimação para recorrer, em se tratando de recurso de diplomação

de candidato, tem suas restrições. Não é qualquer pessoa que pode oferecer

esse recurso contra qualquer diplomado. O TRE-SP, julgando caso de recurso

interposto por candidato a vereador (derrotado) de um partido contra a

diplomação de prefeita (eleita) de outro partido, entendeu ser parte ilegítima o

candidato a vereador por faltar-lhe interesse direto no resultado. Pelo Acórdão

127.958, j. 09.09.1997, v.u., rel. Juiz Souza José, o apelo foi denegado e a

decisão, mantida pelo TSE, mesmo porque esse entendimento vem sendo,

reiteradamente, adotado por essa corte superior. O Código Eleitoral, diz o aresto,

“não traz regramento específico a respeito da legitimação ativa para interposição

de recursos, em geral, nem mesmo quando cuida do recurso contra a diplomação,

que versa especial modalidade de irresignação, endereçada que é contra a

conclusão da junta eleitoral em deliberar pela expedição de diploma em favor dos

proclamados eleitos no pleito. Vai, então, que se aplica ao processo eleitoral a

disciplina estampada na lei adjetiva civil. Da mesma forma como a legitimação

para agir é imposta como requisito indispensável à propositura ou à constestação

20 Ac. 12.501, j. 14.09.1992, rel Min. Sepúlveda Pertence, DJU 11.03.1993, p. 3.478. Esta decisão imprime rumo novo à questão de admissibilidade de recurso especial apresentada por Diretório Municipal de partido político.

47

da ação, consoante previsto no art. 3.º do CPC, a legitimação e o interesse são

condições indeclináveis para o exercício de se pleitear que a instância superior

promova a revisão da decisão. Aquele que pretende seja essa decisão submetida

à apreciação do Tribunal há de demonstrar a existência, o nexo de

interdependência entre a relação que tutela o bem jurídico do qual se diz titular e

a relação que tutela o bem jurídico objeto da pretensão deduzida em juízo. E do

exercício do esquadrinhamento dos elementos que compõem a respectiva relação

jurídica há que aflorar, extreme de dúvidas, a possibilidade de ocorrência de

efetivo prejuízo em desfavor daquele que recorre, acaso reste mantida a decisão

por ele arrostada. Em outras palavras, para recorrer, o interessado tem que

evidenciar o gravame, o prejuízo que a manutenção da situação causa ou irá

causar na esfera de seu direito”. Passa o acórdão do TRE-SP a examinar

concretamente a espécie para concluir que eventual provimento do recurso, com

a cassação do diploma da prefeita recorrida, não acarretaria qualquer

interferência na esfera jurídica do recorrente (o candidato a vereador), que

continuaria absolutamente indiferente à alteração que viesse a ser processada em

decorrência do acolhimento da sua irresignação. Pois – diz ainda o acórdão -, “se

eventual cassação do diploma da recorrida não tem o condão de, por qualquer

forma, interferir no patrimônio jurídico do recorrente, vem ele falto de interesse e

legitimação para o recurso interposto”. A decisão da corte paulista aponta

julgados do TSE em idêntico sentido: Recurso contra a expedição de diploma

421, classe 5.ª, Ac. 11.940, onde se afirma que, “indemonstrado o proveito direto

do recorrente no cancelamento dos diplomas expedidos aos recorridos, inadmite-

se a sua legitimidade para figurar como impugnante (Lei 64/1990, art. 3.º). Não

conhecimento. Na linha do que permite a Lei das Inelegibilidades com relação ao

processo de registro das candidaturas, deve-se reconhecer a qualquer candidato,

partido político, coligação ou Ministério Público legitimidade para recorrer da

diplomação. O recurso manifestado pelo candidato, contudo, há de estar

condicionado a que este revele interesse direto na desconstituição do diploma: ou

seja, o cancelamento do diploma de seu adversário deve propiciar a sua própria

diplomação. Como, no caso vertente, o recorrente não demonstre proveito direto

com o cancelamento dos diplomas expedidos aos recorridos, é patente sua

ilegitimidade para o recurso”. Em idêntico sentido os julgados: Ac. 423-C, rel. Min.

48

Fláquer Scartezzini; Ac. 531, rel. Min. Pádua Ribeiro; Ac. 11.811, rel. Min. Ilmar

Galvão.

Não se admite o assistente litisconsorcial em recurso de diplomação. O

TRE de São Paulo, em acórdão de que foi relator o Juiz Celso Neves, deixou

firmado que o Código Eleitoral “não contempla a figura do assistente que,

ademais, conceitualmente, há de ser terceiro, com interesse jurídico em decisão

favorável a uma das partes”. No caso concreto enfrentado por essa Corte, ficou

ressaltado que “o requerente, como candidato a vice-prefeito, foi parte no

processo eleitoral em que o presente recurso se interpôs e estava, nessa

condição, sujeito ao ônus da oportuna impugnação, se pretendesse o reexame de

segundo grau da decisão recorrida. Logo, admissível que fosse a assistência, no

âmbito eleitoral, faltar-lhe-ia aquele pressuposto que o colocaria fora do alcance

da decisão recorrida.

Acresce que, a admitir-se a pretendida assistência, abrir-se-ia brecha

na regra do art. 268 do Código Eleitoral – “No Tribunal Regional nenhuma

alegação escrita ou nenhum documento poderá ser oferecido por qualquer das

partes, salvo o disposto no art. 270 – e na própria regra do seu art. 258, que

estabelece o tríduo preclusivo para interposição de recursos. Em suma: pelo meu

voto, indefere-se o pedido de assistência: a) porque inadmissível no processo

eleitoral; b) porque, quando aí fosse admissível, o requerente, como parte, não

poderia assumir a posição de assistente, que só terceiro pode ter”.21

4.5 – Hipóteses de cabimento do recurso

4.5.1 – Inelegibilidade ou incompatibilidade do candidato

A regra geral é a da elegibilidade. Qualquer cidadão, em princípio,

desde que esteja no pleno exercício de seus direitos políticos, é elegível para

qualquer cargo público, atendidas as exigências ou restrições legais. As exceções

a essa regra geral é que constituem as inelegibilidades mencionadas na

Constituição,22 assim como na lei de inelegibilidades.

21 TRE-SP, Acórdão 72.894, DOE 09.03.77. 22 CF, art. 14.

49

Na Lei Maior estão os indicativos básicos nos quais se assentam as

inelegibilidades, cuidando as leis complementares de especificá-las, dizendo ao

mesmo tempo sobre a forma de sua invocação, nos casos concretos.

Inelegibilidade é uma restrição oposta por lei à eletividade do cidadão.

A eletividade é a regra; a inelegibilidade, a exceção.

Podem as inelegibilidades ser gerais ou especiais. Gerais são as que

impedem candidaturas a quaisquer cargos eletivos, enquanto as especiais

referem-se a vedações dirigidas a pessoas ou cargos especificamente

considerados.

Diferente da inelegibilidade é a incompatibilidade (ou impedimento),

que se traduz em restrições, mais de interesse administrativo, opostas ao

exercício de mandato eletivo.

Não se deve confundir inelegibilidade com incompatibilidade. Enquanto

aquela impede alguém de ser candidato, esta permite a candidatura, mas impõe a

escolha entre o mandato eletivo e a função ou profissão tida por incompatível. E

obriga ainda, o afastamento do cargo ou da função ao candidato, a partir do

registro, nos casos expressamente previstos em lei.

Outra distinção importante a registrar-se é a que diz com condições de

elegibilidade. São restrições de natureza constitucional ou legal relativas a

requisitos exigidos dos candidatos, p. ex., no que tange à idade dos mesmos para

cargos determinados (a idade mínima para senador ou presidente da república).

Um cidadão pode ser elegível, em sentido amplo; pode não estar

sujeito a nenhum impedimento ou incompatibilidade para ser candidato ou exercer

o mandato postulado, mas poderá ter em seu desfavor a ausência de uma

condição de elegibilidade que acabe por impedir seu registro.

Assim, é importante ter presente a diferença que existe entre

inelegibilidade, incompatibilidade e condição de elegibilidade.

Inelegibilidade é matéria de ordem pública e, por isso, a lei

complementar que dela trata autoriza ao Ministério Público argui-la, conferindo-lhe

legitimação para tanto, no mesmo nível do candidato e do partido político. E a lei

ainda adverte que a impugnação, por parte do candidato ou do partido, não

impede a ação do representante do Ministério Público, no mesmo sentido.

A arguição de inelegibilidade deve ser feita ao ensejo do pedido de

registro do candidato. Esse, o momento adequado à sua invocação, sob pena de

50

a matéria tornar-se preclusa e não poder mais ser levantada em outra

oportunidade. Preclusão, consiste na perda de uma faculdade processual que não

tenha sido manifestada no instante adequado. O processo eleitoral brasileiro

rege-se pelo princípio da preclusão, daí a inexorabilidade de sua incidência,

tornando impossível qualquer arguição quando se tenha ela verificado.

A inelegibilidade, para apoiar o recurso contra diplomação, deve ser a

superveniente ao registro, e não a notória, anterior ao mesmo, ou a ele

contemporânea. Assim, se a inelegibilidade anterior, já conhecida, não for

apresentada como causa de impugnação ao registro do candidato, uma vez

deferido este, com a sentença transitada em julgado, não mais poderá ser

levantada em qualquer outra fase, nem mesmo quando da diplomação do

candidato eleito.

O TSE tem-se manifestado, com reiteração e de maneira pacífica, no

sentido de, em não havendo recurso da decisão concessiva de registro a

candidato, e não se tratando de inelegibilidade que tenha surgido após o registro

(fato superveniente), a matéria se torna preclusa e não pode ser arguida em

recurso de diplomação. Igualmente, se invocada a inelegibilidade por ocasião do

registro, mas não acolhida, com o desprovimento do apelo respectivo, com

trânsito em julgado, não será mais possível apreciar a matéria, em recurso de

diplomação.

Mas, se o motivo superveniente ocorrer depois de concluído todo o

processo eleitoral, sem qualquer espécie de recurso, ou mediante a desacolhida

dos apelos interpostos, esse motivo não interessará à justiça eleitoral, sob o

aspecto da elegibilidade, pois o pleito já estará exaurido, com a realização de

todas as suas fases. Qualquer reflexo do motivo superveniente (como p. ex., uma

denúncia ou uma condenação criminal do candidato agora eleito) em relação ao

mandato, será questão para deslinde pela justiça comum.23

O que sempre interessa à justiça eleitoral, porque imprescritível, é a

inelegibilidade de cunho constitucional. E essa pode ser invocada

supervenientemente à eleição, no momento da diplomação.24 O Ministro Oscar

Saraiva, quando no Tribunal Superior, em voto que proferiu a respeito do assunto,

considerou preclusa a apreciação de matéria pertinente à inelegibilidade que deva

23 Cf. Acórdãos 65.612, DOE 13.01.1973, e 73.462, DOE 25.08.1977, ambos do TRE-SP. 24 TSE-BE 258/515.

51

ser arguida quando do registro, ou que, tendo sido oferecida, haja sido repelida, e

não tenha sido objeto de recurso. O pronunciamento da Corte, nesse caso, se

deu por via do Acórdão n.º 3.762.25 No entanto, em se tratando de matéria

constitucional, o TSE admite a invocação de inelegibilidade, na diplomação,

mesmo que seja anterior a ela. “Em regra” – diz o Acórdão 2.199 do TSE –,

“segundo a lei eleitoral, a falta de impugnação ou interposição do recurso gera a

preclusão. Em se tratando de matéria constitucional, essa preclusão não se

verifica. Mas a exceção não significa que, para a arguição de matéria

constitucional, continuem abertos todos os prazos de recursos previstos na lei

eleitoral. Não. A arguição poderá ser levantada depois, em qualquer tempo, mas

sempre condicionada aos pressupostos processuais (TSE-BE 70/571; 185/317).

Não é cabível o recurso, todavia, sob a alegação de não ser brasileiro o candidato

diplomado. Enquanto subsistir o registro civil de nascimento, deve ser mantida a

inscrição eleitoral. Igualmente, não se admite o recurso contra expedição de

diploma sob o pretexto de não haver o candidato votado, injustificadamente. Por

essa falta ele ficava sujeito apenas às consequências previstas para os eleitores

em geral, sem interferência na sua diplomação”.26

É preciso, pois, que os interessados estejam atentos ao pedido de

registro dos candidatos cuja inelegibilidade pretenda arguir. Se se tratar de fatos

preexistentes, ou contemporâneos à fase de registro, é nessa ocasião que

deverão ser invocados como motivo de impugnação. A alegação há que ser

devidamente comprovada e o ônus da prova incumbe a quem alega; sua

produção, juntamente com a impugnação, ou no curso da instrução, possibilitará

que seja apreciada e julgada na oportunidade processual do pedido de registro,

com audiência do Ministério Público.

O exame de provas só não é feito pelo TSE, com o recurso apropriado

para as hipóteses de arguição de inelegibilidade, mesmo na fase da diplomação.

Se esse exame pudesse ser feito pelo Tribunal Superior, teríamos aquela

situação apontada pelo Ministro Antônio Vilas Boas, segundo o qual, o TSE,

25 TSE-BE 152/272 e ss. 26 Ac. 34.681 do TRE-SP, publicado em seu BE 122/2.267. Ver também, do mesmo Tribunal, AC. 40.986, TRE-BE 122/2.271.

52

baseado, p. ex., em informações policiais, passaria literalmente a “cassar

mandatos, a intervir na vida de outros Poderes”.27

Arguição de inelegibilidade – Consoante dispõe a Lei Complementar

64, de 18.05.1990 (chamada de Lei de Inelegibilidade), compete à justiça eleitoral

conhecer e decidir as arguições nesse sentido. A postulação será feita perante: I

– o TSE, se se tratar de candidato à presidência ou vice-presidência da república;

II – os TRE, se se tratar de candidato a senador, deputado federal, governador e

vice-governador de estado e deputado estadual; III – os juízes eleitorais,

relativamente aos candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador.

Quem tem legitimação para invocar inelegibilidade em relação a

candidato, por ocasião do seu pedido de registro? A lei de inelegibilidade

preceitua que caberá, tão-só, a qualquer candidato, a partidos políticos, ou ao

Ministério Público, a impugnação ao registro, no prazo de cinco dias. Esse prazo

conta-se da publicação do pedido de registro para conhecimento de terceiros

interessados.

O processo de impugnação está regulado pela Lei Complementar

64/1990 (art. 3.º e ss.), com fixação de prazos para o oferecimento da

impugnação, da contestação, indicação de provas, inclusive testemunhal (no

máximo seis), instrução probatória, alegações finais e julgamento. Cuida essa lei

ainda, dos recursos perante os TRE e diante do TSE.

Estamos cuidando de impugnação ao registro de candidato, já que o

tema inelegibilidade representa uma das hipóteses de cabimento de recurso

contra a diplomação. Há que distinguir, pois, as duas fases, o cabimento e as

consequências da invocação feita. O TSE tem entendido p. ex., que a legitimação

para impugnar o registro não será a mesma para o recurso contra a diplomação.

E a lei de inelegibilidades regula o processo de impugnação ao registro, não o

fazendo quanto ao procedimento contra a diplomação. E a lei de inelegibilidades

regula o processo de impugnação ao registro, não o fazendo quanto ao

procedimento contra diplomação.28 Em caso concreto, que bem esclarece o

entendimento do Tribunal Superior a respeito dessa matéria, interessante a

manifestação do Ministro Barros Barreto sobre a possibilidade de um candidato

impugnar registro de outro, mesmo que da própria agremiação política, e da

27 TSE-BE 153/310. 28 TSE-BE 307/111.

53

impossibilidade de recorrer da diplomação, com base em inelegibilidade, de

candidato do mesmo partido. Parecerá contraditório, mas não é tendo-se em

conta as consequências de um e de outro fato, em relação ao resultado final da

eleição. Vejamos o que diz o ilustre Ministro do TSE: “Haverá sempre, é mesmo

axiomático, interesse legítimo do candidato em fiscalizar o registro daqueles que,

como ele, no mesmo ou em outro partido, postulam candidatar-se. Por isso a lei

complementar explicitou ter ação qualquer candidato. Entretanto, o fato de a lei

permitir ao candidato impugnar registro de outro, mesmo que da própria

agremiação, não pode significar que seja ele parte legítima para recorrer de

diplomação, com base em inelegibilidade de candidato do próprio partido. Aí já lhe

falece qualquer interesse, na medida mesma em que, provido eventualmente seu

recurso, nada ele ganharia e perderia o partido, por decorrência da imperativa

norma de nulidade de votos. Afinal, é o interesse tutelável que informa a

legitimidade ad causam. Note-se que a própria jurisprudência relembrada já tem

mesmo perquirido sobre o interesse, afastando-o, e a legitimidade, em alguns

casos. Em suma, recurso contra diplomação terá o candidato da mesma

agremiação do diplomado, se titular de interesse legítimo. Esse interesse será

patente quando, como na maior parte dos permissivos do art. 262 do Código

Eleitoral, o recurso contra diplomação, se provido, levar ao restabelecimento de

direito do recorrente, caso que não agrava seu partido”.29

Em casos de recurso contra diplomação, em que os votos atribuídos ao

recorrido interessam diretamente ao partido pelo qual concorreu, por força do

sistema proporcional vigente no Brasil, ocorre o litisconsórcio necessário. Em

razão disso, o partido deve ser chamado a integrar a lide, sob pena de, não o

sendo, restar nula a decisão que venha a ser proferida sem a cautela desse

chamamento.30

Ainda sobre o processo de impugnação de registro, sob invocação de

inelegibilidade, é importante lembrar que o simples eleitor, não sendo candidato,

não é considerado parte legítima para fazê-la. Essa conclusão repousa, não só,

na clareza do texto legal, como na reiterada manifestação de nossos julgados.31

29 Ministro Barros Barreto, do TSE, em erudito voto que proferiu no Recurso de Diplomação 324, de Alagoas, Acórdão 5.698, TSE-BE 307/114. 30 TSE-BE 307/114; idem, no Acórdão 5.700 do TSE, DJU 23.02.1977, p. 915. 31 Cf. TSE-BE 285/165, 289/376, 290/418.

54

Não podemos deixar de mencionar, pela sua singularidade, o preceito

legal sobre inelegibilidade referente aos que, “ostensiva ou veladamente, façam

parte ou sejam adeptos de partido político cujo registro tenha sido cassado por

decisão judicial, transitada em julgado.32 Trata-se, a toda evidência, de

mandamento com endereço certo ao Partido Comunista, cujo registro fora

cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, pela histórica Res. 1.841, de 07.05.1947,

proferida por maioria de votos.

Resolução – TSE n.º 1.841, de 07.05.1947: “O Tribunal Superior Eleitoral, por maioria de votos, resolve determinar o cancelamento do registro do Partido Comunista do Brasil. Assim decide, atendendo aos motivos expostos nos três votos vencedores que ficam fazendo parte integrante desta decisão. Registre-se, publique-se e comunique-se. Sala das sessões do Tribunal Superior Eleitoral. Rio de Janeiro, 07.05.1947. Antonio Carlos Lafayette de Andrada, presidente – J. A. Nogueira, relator – Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa, vencido nos termos da declaração de voto anexa – Cândido Lobo – Rocha Lagoa – F. Sá Filho, vencido nos termos do voto junto – Alceu Barbedo, Procurador ad hoc”. Essa Resolução está publicada, na íntegra, no Boletim Eleitoral do TSE 233/365 (dez. 1970). É curioso que tenha sido publicada vinte e três anos depois de editada. Talvez, mesmo, como curiosidade para história política brasileira.

Com o advento da Emenda Constitucional n.º 25, de 15.05.1985,

alterou-se a redação do art. 152 da Constituição de 1969, para permitir-se a livre

criação de partidos políticos, assegurando-se ao cidadão o direito de associar-se

livremente a partido político. Com essa abertura, extinguiram-se as restrições

direcionadas contra a existência e o funcionamento dos partidos comunistas, bem

como quaisquer outros, socialistas, fascistas, etc.

A Constituição de 1988 assegura a livre criação, fusão, incorporação e

extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime

democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana. A

ampla liberdade dos partidos políticos só registra uma restrição, no texto

constitucional: veda-se-lhes a utilização de organização paramilitar.33

O recurso contra a diplomação, sob invocação de inelegibilidade ou

incompatibilidade de candidato, tem sido frequente no foro eleitoral.

32 LC 5/1970, art. 1.º, I, d. Esse estranho preceito foi abolido da LC 64, de 18.05.1990, que veio substituir a antiga LC 5/1970, produzida ao tempo do regime de exceção, oriundo do movimento militar de 1964. 33 CF, art. 17 e § 4.º.

55

No que respeita à incompatibilidade, trata-se de um impedimento legal

decorrente de restrições de ordem administrativa que se opõem ao exercício do

mandato eletivo. Se a incompatibilidade puder ser detectada em tempo hábil a

permitir o recurso contra diplomação, deverá ser invocada e comprovada, pois

tanto o juiz eleitoral quanto os Tribunais Regionais examinam prova em recurso

dessa natureza. Somente o TSE não o faz, em sede de recurso, como tem sido

proclamado em mais de um julgado daquela Corte Superior.34

4.5.2 – Interpretação do sistema de representação proporcional

No regime presidencialista brasileiro, inserido em nossa organização

federativa, a escolha dos chefes de executivos federal (presidente da república),

estaduais (governadores) e municipais (prefeitos) é feita por meio de voto

majoritário. Assim, também, para a composição do Senado, onde a representação

é igualitária, ou seja, o mesmo número de representantes para cada Estado-

membro, sendo a escolha de seus componentes feita pelo voto majoritário.

A representação proporcional refere-se aos componentes dos

legislativos (com exceção do Senado), a saber: Câmara Federal dos Deputados,

Assembléias Legislativas dos Estados, e Câmaras de Vereadores, nos

municípios. A representação proporcional afirma-se como a forma lógica do

sufrágio universal, como uma consequência natural das idéias de democracia e

de governo representativo. A democracia encontrou sua realização no regime

representativo.

Não resta dúvida quanto ao fato de que a representação proporcional

(da Câmara Federal, das Assembléias Estaduais e das Câmaras Municipais)

corresponde a uma idéia elementar de justiça eleitoral, permitindo aos eleitores

dos partidos minoritários colocarem nos parlamentos (tomado aqui o termo em

sentido genérico, a abranger os escalões federal, estadual e municipal)

representantes seus.

Para alcançar-se o resultado final das eleições proporcionais, serão

necessários cálculos matemáticos, com o manejo de fórmulas previamente

prescritas em lei. Quando houver erro no resultado final da aplicação dessas

34 TSE-BE 153/310.

56

fórmulas e, principalmente, na interpretação dos dispositivos legais que as

disciplinam, haverá ensejo para recurso contra a diplomação.

A fórmula geral está inscrita no art. 106 do Código Eleitoral, assim

expressa: “Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos

válidos apurados pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral

desprezada a fração se igual ou inferior a meio, equivalente a um se superior”. O

parágrafo único do art. 106 foi revogado pela Lei 9504/1997.

A lei fala em “quociente eleitoral” e “quociente partidário”, que são

coisas distintas. Uma vez conhecido o quociente eleitoral, pela maneira

estabelecida no art. 106 do Código Eleitoral, determinar-se-á o quociente

partidário dividindo-se por aquele o número de votos válidos obtidos pela mesma

legenda, desprezada a fração. Como resultado dessa operação, considerar-se-ão

eleitos tantos candidatos registrados por um mesmo partido quantos o respectivo

quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha

recebido. O art. 109 do Código Eleitoral preceitua as regras para o preenchimento

dos lugares ainda vagos, pelo aproveitamento das “sobras”.

Os itens 4.5.2 e 4.5.3 guardam estreita semelhança entre si, pois

ambos dizem respeito às apurações de votos para a determinação dos quocientes

eleitorais e partidários. E desde que haja erro de fato ou de direito, nessa

contagem e nas classificações dela decorrentes, induzindo a errônea

interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de representação proporcional,

será cabível recurso contra diplomação.

Mesmo em se tratando de eleição municipal, haverá possibilidade de

recurso contra a diplomação, quando houver erro de interpretação da lei quanto à

aplicação do sistema de representação proporcional. Em sentido contrário, vejam-

se as manifestações do TSE nos BE 263/928 e 266/1.177. Na análise do item

seguinte, aborda-se o aspecto referente aos erros na apuração.

4.5.3 – Erro de fato ou de direito na apuração final

A alegação, e consequente comprovação, de que houve erro de direito

ou de fato na apuração final, quanto à determinação do quociente eleitoral ou

partidário, contagem de votos e classificação do candidato, ou, ainda, a sua

57

contemplação sob determinada legenda, ensejará o recurso contra a expedição

de diploma.

A matéria deste item 4.5.3 assemelha-se à do item 4.5.2, chegando

mesmo quase a com ela confundir-se. São, todavia, casos distintos de cabimento

de recurso. É preciso, entanto, que tenha havido protesto perante as juntas, por

ocasião das apurações, para que isso sirva de suporte ao posterior recurso, ao

ensejo da diplomação. O erro de direito ou de fato deve referir-se à apuração

final, ou seja, aquela que resulta em definitivo do cômputo dos diversos resultados

de cada seção.35

É sempre cabível, em tese, o recurso contra diplomação, nos termos

desse permissivo legal, quando haja erro de fato ou de direito na contagem dos

votos e na classificação dos candidatos.

É importante, quando da apuração e contagem dos votos, ficar-se

atento aos boletins que vão sendo expedidos à medida que se faz a contagem.

Para efeito de recurso, o TSE só o tem admitido sob a invocação de erro material

quando seja apontado e invocado ao ensejo da apresentação dos boletins.

Passada essa oportunidade sem impugnação, protesto ou outra qualquer

manifestação de discordância, entende o TSE que, mesmo havendo “erro

material”, não se pode oferecer recurso de diplomação com base nele.36

De outro lado, a invocação de fraude, quer seja no alistamento, quer na

votação, só ensejará recurso contra a diplomação se feita na época oportuna. Sua

tardia alegação – ainda que tenha sido comprovadamente feita – não legitimará o

recurso. É sempre a preclusão, regulando de modo inexorável, todo o processo

eleitoral.37 Mesmo possíveis ilícitos eleitorais, ocorridos durante o período de

alistamento, podem ser atingidos pela preclusão, se não forem impugnados na

devida oportunidade. E assim não ocorrendo, não poderão embasar eventual

recurso de diplomação.38

Esse recurso específico, no entanto, não oferece oportunidade para

arguição sobre cédulas eleitorais, sua validade, rasuras, ou o que quer que seja

com elas relacionado.39 O TSE não tem conhecido do recurso de diplomação

35 TSE-BE 12/11. 36 TSE – Acórdão 7.665, DJU 04.11.1983. 37 TSE-BE 263/922. 38 TSE-BE 238/660. 39 TSE-BE 48/604.

58

quando se alega erro na apuração sem que tenha havido protesto ou impugnação

perante a junta respectiva, ensejando a preclusão.40

4.5.4 – Contradição com a prova dos autos

Ressalvada a hipótese do item 4.5.2, expressamente relativo ao

sistema de representação proporcional, os demais itens permissivos do recurso

contra a diplomação referem-se tanto às eleições proporcionais, quanto às

majoritárias.

Neste item, o recurso só será possível se tiver havido, antes, processo,

ou recurso, ou qualquer medida tendente a apontar vícios no processamento da

eleição e da votação, nos casos especificamente mencionados na lei: anulação

de votação que seja viciada de falsidade, fraude ou coação; emprego de processo

de propaganda ou captação de sufrágio vedado por lei; interferência do poder

econômico; desvio ou abuso do poder de autoridade, em prejuízo da liberdade do

voto.

Tudo isso tende à preservação da limpidez dos pleitos eleitorais, sendo

louvável o intento da lei, nesse sentido. Difícil, todavia, será a caracterização de

determinadas fraudes, ou abusos. Desde, porém, que seja configurado o abuso,

ou a fraude, em processo adequado, a expedição de diploma, ou denegação dele,

em contradição com o apurado, dará ensejo ao recurso contra essa expedição.

Mas, a nulidade geral do pleito, numa determinada região, só poderá

ser obtida através da impugnação de cada seção eleitoral individualmente

considerada. O recurso contra expedição de diploma não é meio idôneo para

obter-se a nulidade geral de eleições numa circunscrição, sob alegação

generalizada de irregularidades.41

Atente-se para a circunstância de que este recurso só é possível

baseado no pressuposto da existência de processo anterior, no qual se tenha

discutido matéria referente à eleição. A contradição a ser apontada, para estribar

o recurso, deverá referir-se à prova colhida nesse procedimento anterior. Não

existindo este, não há falar-se em recurso contra diplomação, com esteio no

inciso IV, do art. 262 do CE.

40 TSE-BE 142/414. 41 TSE-BE 23/409.

59

O Código Eleitoral considera anulável uma eleição quando viciada de

falsidade, fraude, coação, abuso do poder econômico, desvio ou abuso do poder

de autoridade, em desfavor da liberdade do voto, bem como emprego de

processo de propaganda ou captação de sufrágio vedado por lei. Nesses casos,

exige a lei que a apuração seja feita em separado, por via de procedimento

especial, que irá, na oportunidade devida, instruir o recurso de diplomação

calcado no inciso IV do art. 262. De seu lado, a LC 64/1990, lei de

inelegibilidades, prevê caso especial de representação perante a justiça eleitoral,

a ser feita, necessariamente, antes da eleição, relatando fatos e indicando provas,

indícios e circunstâncias para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder

econômico ou do poder de autoridade, assim como utilização indevida de veículos

ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político.

Decretada a procedência dessa representação, a consequência será a

inelegibilidade do candidato, que poderá ser arguida por via de recurso contra a

diplomação, ou, ainda, por meio de ação de impugnação de mandato eletivo. Isso

em tese, tendo-se em conta a necessidade de celeridade nessa apuração, sob

pena de não haver tempo suficiente para sua invocação, como suporte do recurso

ou da ação. Neste particular é importante a atuação do Ministério Público,

expressamente prevista na LC 64/1990, art. 22, parágrafo único. Importante

destacar aqui que constitui crime eleitoral a arguição de inelegibilidade, ou a

impugnação de registro de candidato feito por interferência do poder econômico,

desvio ou abuso do poder de autoridade, deduzida de forma temerária ou de

manifesta má-fé (LC 64/1990, art. 25).

4.5.5 – Efeitos do recurso

O recurso contra diplomação de candidato eleito, como já aqui referido,

não impede sua posse e o exercício regular do mandato. Seguindo seu curso

normal, e enquanto o Tribunal Superior Eleitoral não julgar o recurso apresentado,

o diplomado exercerá o mandato em toda sua plenitude, tal como determina o art.

216 do Código Eleitoral. Trata-se de uma exceção à regra geral da lei eleitoral

sobre a não suspensividade dos recursos. Assim também o preceituado no art. 15

da LC 64/1990 que fala da nulidade do diploma expedido e objeto de recurso, a

60

ser reconhecida somente após o trânsito em julgado da decisão que declarar a

inelegibilidade do candidato.

61

CONCLUSÃO

A presente monografia demonstra que a diplomação é vista pela

doutrina como um ato certificatório e simplesmente declaratório. Não há

julgamento nem, tampouco, coisa julgada formal ou material. É importante

salientar que a diplomação não transita em julgado, mas apenas atesta a

conclusão da última etapa do processo eleitoral. A diplomação é comparada à

nomeação de um servidor público. No âmbito dos mandatos eletivos, não se fala

em nomeação do deputado ou senador, mas em diplomação, assim como se

outorga o diploma ao formando da faculdade de Direito. A diplomação é um

marco fundamental na análise das imunidades e incompatibilidades

constitucionais, além de representar a etapa final do processo eleitoral.

O art. 5º, LV, da Lei Maior, assim reza: “aos litigantes, em processo

judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o

contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Assim, o

recurso, em sua essência, é uma forma pela qual o Estado defere aos

jurisdicionados o controle dos atos judiciais com a finalidade de melhor assegurar

a eficiência da prestação jurisdicional. O recorrente pleiteia uma melhor

oportunidade de tratamento jurígeno, e, em contrapartida, o Estado cumpre o seu

dever de fornecer a jurisdição. O perfil do ato da diplomação certamente não está

vinculado ao ato judicial ensejador da interposição de um recurso.

O juízo de admissibilidade positivo ou negativo de cunho declaratório

será variável de acordo com a natureza do mandato eletivo. Sobre as hipóteses

em que se pode arguir a nulidade da solenidade de diplomação, a saber: a)

quando realizadas por autoridade incompetente; b) quando o diplomado, por

qualquer razão, não deveria receber o diploma (parcial); c) quando o diploma não

se originar da eleição válida (parcial); ou d) quando o diploma for expedido em

manifesta desconformidade com os resultados da apuração (parcial).

No que tange a legitimidade ativa, compete aos partidos políticos,

coligações, candidatos registrados especificamente para a eleição e o Ministério

62

Público (guardião do regime democrático e dos interesses difusos eleitorais).

Nada impede que o eleitor noticie argumentos favoráveis à interposição do

Recurso Contra Diplomação. A legitimação passiva recai sobre os candidatos

diplomados, partidos políticos ou coligações.

Quanto ao cabimento, este estudo concluiu que as inelegibilidades

podem decorrer de abusos do poder econômico, praticados durante a campanha

eleitoral, onde incide o teor da Súmula n.º 19 do Tribunal Superior Eleitoral, ou

seja, o candidato fica inelegível por três anos, contados da data da eleição. Em

relação à incompatibilidade, a lei refere-se à falta de desincompatibilização nos

prazos fixados pela Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n.º 64, de 18 de

maio de 1990). Os prazos variam de três, quatro e seis meses. O afastamento ou

desincompatibilização manifesta-se pela licença, exoneração ou renúncia,

dependendo dos cargos públicos, mandatos eletivos ocupados ou funções

especiais.

A pesquisa analisou que, quanto à aplicação do sistema de

representação proporcional, o cabimento somente ocorre para as eleições de

deputados federais, distritais, estaduais e vereadores. O sistema proporcional no

Brasil é o de lista aberta e está tratado nos arts. 106 e 107 do Código Eleitoral. A

determinação do quociente eleitoral dá-se junto com o cálculo do quociente

partidário. O art. 186 do Código Eleitoral estipula a fase certa dentro do calendário

eleitoral, ou seja, os cálculos antecedem à proclamação dos eleitos.

Erro de direito ou de fato na apuração final, quanto à determinação do

quociente eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de candidato,

ou a sua contemplação para determinada legenda, nestas hipóteses é de

ocorrência de erros dolosos (fraudes) ou culposos na contagem dos boletins de

urna e na transferência do resultado das urnas eletrônicas para os Tribunais

Superiores.

Em matéria de efeito do Recurso Contra Diplomação, o art. 216 do

Código Eleitoral garante o diploma, posse e exercício do mandato eletivo,

enquanto não for provido o RCD. Significa que o infrator poderá permanecer

durante razoável período de tempo exercendo o mandato eletivo. A norma obriga

a adoção de um efeito suspensivo, ou seja, o diplomado fica até o trânsito em

julgado do recurso contra a sua diplomação. O RCD só é recebido no efeito

63

devolutivo. O art. 257 do Código Eleitoral, que é a regra geral, disciplina que os

recursos eleitorais não terão efeito suspensivo.

Cumpre destacar ao analisar o art. 15 da Lei das Inelegibilidades, que

diz: “Transitada em julgado a decisão que declarar a inelegibilidade do candidato,

ser-lhe-á negado o registro, ou cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo

o diploma, se já expedido.” Na prática, é correlacionado aos efeitos do RCD, in

expressi verbis: “Talvez não se trate de nulidade do diploma, mas sim de sua

inexistência”.

64

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que estabelece, de acordo com o § 9º do art. 14 da Constituição Federal, casos

de inelegibilidades, prazos de cessação e determina outras providências, para

incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a probidade

administrativa e a moralidade no exercício do mandato.

65

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THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 37. ed. Rio

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67

ÍNDICE

RESUMO............................................................................................................... 4

METODOLOGIA.................................................................................................... 5

SUMÁRIO.............................................................................................................. 6

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 9

CAPÍTULO I

RECURSOS EM GERAL...................................................................................... 11

1.1 – Impugnação e recurso................................................................................11

1.2 – Contagem dos prazos.................................................................................13

CAPÍTULO II

RECURSOS ELEITORAIS................................................................................... 16

2.1 – Das decisões dos juízes eleitorais........................................................... 18

2.2 – Os recursos contra decisões das Juntas Eleitorais............................... 20

2.3 – Recursos contra as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais....... 20

2.4 – Recursos contra as decisões do Tribunal Superior Eleitoral................ 22

2.5 – Duplo grau de jurisdição........................................................................... 23

2.6 – Prazos......................................................................................................... 25

CAPÍTULO III

ESPÉCIES DE RECURSOS ELEITORAIS...........................................................28

3.1 – Reclamações.............................................................................................. 28

3.2 – Recurso ordinário...................................................................................... 29

3.3 – Embargos de declaração........................................................................... 32

3.4 – Recurso Especial....................................................................................... 34

3.5 – Agravo de Instrumento.............................................................................. 38

CAPÍTULO IV

RECURSO CONTRA DIPLOMAÇÃO.................................................................. 40

4.1 – Natureza do Recurso................................................................................. 41

4.2 – Cabimento................................................................................................... 43

4.3 – Prazo para interposição............................................................................ 44

4.4 – Qualidade para recorrer............................................................................ 44

4.5 – Hipóteses de cabimento do recurso........................................................ 48

4.5.1 – Inelegibilidade ou incompatibilidade do candidato............................. 48

68

4.5.2 – Interpretação do sistema de representação proporcional.................. 55

4.5.3 – Erro de fato ou de direito na apuração final......................................... 56

4.5.4 – Contradição com a prova dos autos..................................................... 58

4.5.5 – Efeitos do recurso................................................................................... 59

CONCLUSÃO....................................................................................................... 61

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................... 64