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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO E SUAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS
AUTORA
PRICCYLA MARA FERREIRA NEVES
ORIENTADOR
PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO
RIO DE JANEIRO 2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
O ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO E SUAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS
Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – AVM Faculdade Integrada, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito e Processo do Trabalho. Por: Priccyla Mara Ferreira Neves
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AGRADECIMENTOS
Nossa trajetória de vida é esculpida pelos acontecimentos que
norteiam nossas vidas e, principalmente pelas pessoas que nos cercam. Desta maneira, boas
companhias, bons ambientes e uma excelente base familiar transformam nossa jornada, que
muitas vezes é árdua em uma marcha prazerosa e passível de sucesso.
Com o fim de mais uma etapa de minha vida, gostaria de agradecer
a algumas pessoas que foram essenciais para que meu sonho tornasse realidade, de modo a
me incentivar a persistir na carreira que tanto almejei.
Agradeço primeiramente a Deus pelas oportunidades que me foram
dadas ao longo de minha vida, barreiras as quais por sua ajuda consegui superá-las e,
crescer com cada uma que derrubava, além de ter vivido fases difíceis, que foram matérias
primas de aprendizado que só me proporcionaram experiências em minha vida.
Não posso deixar de agradecer aos maiores responsáveis depois de
Deus pelo meu sucesso, aos meus pais Marco Antônio Pereira Neves e Kátia da Silva
Ferreira Neves, que juntos forneceram condições para que eu me tornasse a profissional e
mulher que sou e assim permitiram que mais um sonho se transformasse em realidade.
A minha amiga Helena Brasil e ao meu amigo Diogo Aquino, que
no decorrer da Pós-Graduação estiveram presentes nos momentos alegres e tristes da minha
vida, me incentivando e passando energias positivas.
Ao meu orientador que com seus textos disponibilizados via
Internet se manteve mais presente do que muito professor de aula presencial, sempre
esclarecendo minhas dúvidas na elaboração desta monografia.
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RESUMO
O Dano Moral é um dos fenômenos que mais vem ganhando repercussão no cotidiano dos trabalhadores, pois vem se tornando uma prática rotineira nos ambientes laborais, ocasionando um aumento considerável entre os pedidos nas reclamações trabalhistas no Brasil, uma vez que o assediador utilizando-se de seu cargo superior dentro da empresa gera medo ao assediado, onde muitas vezes possui medo de perder seu emprego, haja vista figurar no lado hipossuficiente da relação. Assim, saber identificar a ocorrência do Assédio Moral nas relações de trabalho é essencial para a punição deste fato de maneira correta e nas proporções adequadas. O Assédio Moral se caracteriza como sendo toda tentativa repetitiva através de atos que constranjam a vítima, tendo como sujeito ativo do fato o empregador ou seus colegas de trabalho, de forma direta ou indireta, sob o plano vertical ou horizontal de modo a ferir a dignidade da pessoa humana, causando assim conseqüências físicas e psicológicas para o trabalhador, além de prejuízos para a empresa. Por outro lado, a caracterização do Assédio Moral não é tão simples, pois o problema que se apresenta diante dela é a prova, uma vez que existe uma dificuldade na comprovação do fato em comento.
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METODOLOGIA
O presente trabalho constitui-se em uma descrição detalhada das
características jurídicas do fenômeno em estudo, que vem ganhando notoriedade em nossa
sociedade, tendo em vista sua prática rotineira nos ambientes laborais, além de tratar sobre
sua interpretação pela doutrina, tudo sob o ponto de vista específico do direito positivo
brasileiro.
Para tanto, o estudo ora apresentado foi realizado utilizando à
pesquisa bibliográfica, feita através da coleta e análise de doutrinas pátrias, acessos a
conteúdo da Internet, ordenamento jurídico sobre o tema em questão, publicações e artigos
elaborados, além de decisões jurisprudenciais.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................7
CAPÍTULO I - ASSÉDIO MORAL
1.1 – Evolução Histórica do Direito do Trabalho .....................................................................10
1.2 - Definição de Relação de Emprego e Contrato e Trabalho ...............................................13
1.3 - Conceito de Assédio Moral ..............................................................................................15
1.4 - Classificação do Assédio Moral .......................................................................................24
CAPÍTULO II – CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL E SUA
IDENTIFICAÇÃO
2.1 - A figura do Assediador .....................................................................................................26
2.2 – A figura do Assediado .....................................................................................................28
2.3 – Conseqüências do Assédio Moral na vida profissional e pessoal do
trabalhador.................................................................................................................................30
2.4 – O trabalhador que mais sofre com o Assédio Moral ........................................................33
2.5 – Distinção entre Assédio Moral e Assédio Sexual ............................................................36
CAPÍTULO III - PREVISÃO LEGAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO
BRASILEIRO E O ÔNUS DA PROVA NO ASSÉDIO MORAL
3.1 – O Ônus da Prova no Assédio Moral ................................................................................37
3.2 – Sanções para a prática do Assédio Moral ........................................................................41
3.3 – Sanções na Esfera Civil ...................................................................................................44
3.4 - Sanções na Esfera Trabalhista .........................................................................................46
3.5 – Sanções na Esfera Criminal .............................................................................................48
3.6 – Políticas de Prevenção e Programas de Ajuda .................................................................49
CONCLUSÃO .........................................................................................................................55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................58
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INTRODUÇÃO
O conceito de Trabalho é muito amplo, podendo ser encontrado o
presente verbete em nosso Dicionário Aurélio, possuindo inclusive vinte acepções diversas.
Antes de adentrarmos no tema escolhido para esta monografia, faz-se necessário traçar a
origem desta palavra, para que se possa então abordar o tema de forma mais ampla.
A expressão trabalho é originária do vocábulo latino TRIPALIU,
que representava um instrumento de tortura formado por três (tri) paus (paliu). É sabido que
em épocas passadas os torturados, ou seja, os que estavam sujeitos ao “tripaliu” eram os
escravos e aquelas pessoas que não possuíam bens que viessem a proporcioná-las destaque
naquela sociedade. Assim, somente aqueles que eram destituídos de posses ou bens é que
trabalhavam naquela sociedade.
Com o passar dos anos, o vocábulo trabalho veio ganhando outros
significados diferentes daqueles que eram sempre associados a valores negativos, tais como
a tortura, sofrimento, pobreza, entre outros que se tornaram comuns na Idade Antiga.
A partir da Revolução Industrial, ocorrida em meados do século
XVIII, foram trazidos ao mundo uma série de mudanças não só tecnológicas, mas também
em níveis econômicos e sociais. Tais mudanças espalharam-se por todo o mundo, e
ajudaram a chegarmos ao conceito da palavra trabalho que hoje conhecemos, ou seja, o
aproveitamento das forças e faculdades humanas despendidas em prol de um determinado
fim. Segundo Horcaio “Trabalho é a locação de serviço de uma pessoa a outrem mediante
remuneração”.1
Com a especialização das atividades desenvolvidas ao longo dos
séculos, oriundas inclusive da Revolução Industrial, o trabalho que antes era uma atividade
1 HORCAIO, Ivan. Dicionário Jurídico Referenciado. São Paulo: Primeira Impressão, 2006, p. 1039.
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que somente era feita por escravos e pessoas tidas como pobres, passou a ser também
desempenhada por pessoas de classes elevadas que almejavam aumentar seus patrimônios.
Com a popularização do trabalho, começaram a surgir outros
problemas. Portanto, em pleno século XXI, o foco mudou e agora tende a observar além
das relações de trabalho os outros acontecimentos que ocorrem nesses ambientes,
merecendo destaque o fenômeno que recebe o nome de Assédio Moral.
O Assédio Moral nas relações de trabalho é um tema que vem
ganhando grande destaque na sociedade em virtude de estar se tornando um acontecimento
rotineiro em nossa sociedade.
As relações de trabalho tiveram, ao longo do tempo, diferentes
enfoques de proteção. Primeiramente, o que se visava preservar era a própria vida do
trabalhador frente às máquinas extremamente agressivas e o meio ambiente físico que a
ceifavam. Com o início da 1ª Guerra Mundial, a reivindicação passou a ser por proteção
voltada para a manutenção da qualidade de vida no trabalho. Os organismos internacionais,
os Estados, os movimentos representantes dos trabalhadores, as empresas e, finalmente, o
Direito começaram a esboçar uma luta contra os agentes nocivos não somente à saúde física
dos trabalhadores, mas também à sua saúde mental e ao seu aspecto psíquico-emocional.
O assédio é o termo utilizado para designar toda conduta que cause
constrangimento psicológico ou físico à pessoa. Dentre suas espécies, verifica-se a
existência de pelo menos dois tipos de assédio que se distinguem pela natureza: o assédio
sexual e o assédio moral.
Segundo Hirigoyen “o assédio moral existe em toda a parte”2, e
apesar de não ser um assunto novo é uma questão delicada e pouco discutida.
Este trabalho visa tratar do Assédio Moral, que caracteriza-se por
ser uma conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade psíquica,
2 HIRIGOYEN, Marie-France. Mal estar no trabalho - redefinindo o assédio moral. 10ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002, p. 76.
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de forma repetitiva e prolongada, e que expõe o trabalhador a situações humilhantes e
constrangedoras, capazes de causar ofensa à personalidade, à dignidade ou à integridade
psíquica, e que tenha por efeito excluir a posição do empregado no emprego ou deteriorar o
ambiente de trabalho no exercício de suas funções.
Assim, o assédio moral possui natureza psicológica e será aqui
estudado apenas no âmbito das relações de trabalho, restringindo-se quanto ao local dos
fatos que ocorreram, seu momento e sua subjetividade.
Diante disso, este trabalho que vem sendo elaborado tem como
finalidade contribuir com um material teórico, possibilitando desta forma que novos
acadêmicos tenham acesso a informações adicionais para o estudo do tema supracitado e
também sua prevenção de modo a evitar a prática reeinterada desse crime.
Em suma, faz-se necessário o estudo desse tema, tratando-se
inclusive de legislação vigente que venha a coibir tal prática, visando descobrir possíveis
causas do assédio moral sofrido por alguns empregados, para assim criar mecanismos para
evitar que esse delito venha a continuar sendo praticado.
Portanto, é importante entender como o Assedio Moral se
caracteriza, como pode ser diagnosticado pelas empresas e por seus funcionários e quais as
soluções que podem ser aplicadas a possíveis casos que venham a ocorrer dentro do
ambiente organizacional.
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CAPÍTULO I
ASSÉDIO MORAL
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO
É imprescindível, para entendimento do tema estudado que seja
realizada uma abordagem histórica sobre o aparecimento do Direito do Trabalho na
sociedade.
Como é sabido, o trabalho é tão antigo quanto o homem. Na
antiguidade, o trabalho desenvolvido pelo homem na maioria das vezes era feito por ele de
forma isolada, visando seu próprio sustento e de sua família.
A partir de um dado momento, quando o homem começou a
observar que poderia utilizar sua força física e intelectual em benefício de outra pessoa,
ganhando uma remuneração, surgiu o trabalho que hoje em dia conhecemos. Desde então,
surgirão várias formas de trabalho, como por exemplo, a escravidão, onde o escravo era
tido como coisa, não podendo pleitear qualquer tipo de direito trabalhista.
Devido à Revolução Francesa, o trabalho finalmente começou a se
aproximar de nosso conceito atual, fato este justificado pelas idéias que eram difundidas
pelo Liberalismo, principalmente o Princípio da Autonomia das vontades.
Conforme assevera ALEXANDRINO, Vicente Paulo “O
trabalhador, enfim, assume o status de pessoa”3.
Neste momento, o trabalho realizado por uma determinada pessoa,
em prol de outra, começou a decorrer de uma vinculação contratual e não de uma relação
de subordinação pessoal, como era característica da escravidão.
3 ALEXANDRINO, Vicente Paulo. Manual de Direito de Trabalho. 12ª ed. São Paulo: Impetus, 2007, p. 2.
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De acordo com a posição majoritária, a Revolução Industrial foi a
principal responsável pelo surgimento ao Direito do Trabalho.
Conforme assevera, ALEXANDRINO, Vicente Paulo:
A Revolução Industrial causou a vinculação entre o trabalhador e a pessoa beneficiária do seu trabalho, passando a consubstanciar a relação que viria a ser conhecida como regime de emprego, dando origem também, ao salário.4
Assim, verifica-se que todas as manifestações e revoluções
ocorridas durante a evolução dos séculos, contribuirão para que o trabalhador pudesse obter
melhores condições de trabalho, além de direitos que antes não existiam.
Em tempos da Revolução Industrial, as condições de trabalho eram
desumanas, pois possuíam jornadas excessivas de trabalho, mão de obra barata, ocorrência
de trabalho infantil, ausência de proteção aos trabalhadores, entre outros acontecimentos.
Com o passar do tempo, os trabalhadores começaram a organizar-
se para tentarem melhorarem aquela situação caótica, pleiteando desta maneira condições
dignas de trabalho além de uma remuneração justa e plausível pelas funções
desempenhadas.
Para que se pudesse dar uma maior proteção aos trabalhadores,
surgiu a necessidade de criar ordenamentos jurídicos que os amparasse, foi quando na
Inglaterra, surgiu a primeira legislação que tratava da idade mínima para se trabalhar em
fábricas, além da carga horária de trabalho.
Com o decorrer dos anos, cada país começou a criar suas próprias
leis espelhando-se na Inglaterra, de modo que o Estado antes neutro, neste momento
começou a intervir nas questões trabalhistas.
Ainda que divulgassem a idéia de que tais intervenções eram com o
intuito de ajudar os trabalhadores, tais influências estavam ligadas meramente a questões
4 ALEXANDRINO, Vicente Paulo. Manual de Direito de Trabalho. 12ª ed. São Paulo: Impetus, 2007, p. 3.
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políticas. Diante disso, chegou-se à conclusão que o Direito do trabalho surgiu como forma
de proteger o empregado frente ao empregador, pois este representava o lado mais forte da
relação.
A respeito disso, ALEXANDRINO, Vicente Paulo diz:
O Direito do Trabalho surgiu como uma proteção jurídica àquele que era mais fraco economicamente, visando compensar essa desigualdade econômica por meio de um correspondente e inversamente proporcional desigualamento jurídico.5
A partir da intervenção Estatal no Direito do Trabalho, os países
começaram a inserir em suas respectivas constituições capítulos e artigos destinados aos
direitos dos trabalhadores. Tem-se notícia que o primeiro país a fazer essa inserção foi o
México, em sua Constituição de 1917.
No Brasil, somente em 1934, pudemos ter assegurado pela
constituição pátria alguns direitos trabalhistas, tais como a garantia a jornada de trabalho de
oito horas e o salário mínimo.
Em 1937, Getúlio Vergas outorgou a Constituição tida como uma
das mais rígidas da história, com uma forte presença do Estado vedando inclusive o direito
a greve, assegurado por nossa Carta Magna de 1988. Tal constituição marcou aquela época,
onde estiveram presentes diversas reivindicações trabalhistas, que em sua maioria eram
repreendidas de forma brutal.
Em 1943, surgiu nossa Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
com o objetivo de sistematizar as diversas leis trabalhistas existentes em nosso
ordenamento jurídico pátrio, de modo a reunir em um só corpo a legislação vigente, a fim
de consolidá-la.
Em nossa Magna Carta, os direitos trabalhistas são amplamente
assegurados, sendo encontrados basicamente do art. 7° ao 11°.
5 ALEXANDRINO, Vicente Paulo. Manual de Direito de Trabalho. 12ª ed. São Paulo: Impetus, 2007, p. 5.
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1.2 DEFINIÇÃO DE RELAÇÃO DE EMPREGO E CONTRATO DE TRABALHO
Como se vê, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em seu
texto não foi precisa quanto a denominação dada ao vínculo jurídico. Nela encontramos a
expressão contrato de trabalho como também relação de emprego.
A relação de emprego é o contrato de trabalho ou de prestação de
serviço que se caracteriza como uma relação formal de trabalho e que determina as
obrigações que o empregado deve assumir perante seu empregador. Esse contrato é
bilateral, de modo que ambas as partes expressam suas vontades, enquanto o vínculo
empregatício determina a prestação dos serviços em troca de uma remuneração ao
trabalhador. Essa relação é necessariamente de trabalho subordinado, não eventual e
pessoal.
A CLT determina como partes do vínculo empregatício o
empregado e o empregador, trazendo em seu corpo as suas respectivas definições.
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa individual ou coletiva, que assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços.
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para fins exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
§ 2º- Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinada.
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único – Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.6
6 LEX: Coletânea de legislação. Vade Mecum. 9ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010, p. 875.
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Fato é que o contrato de trabalho tem natureza contratual, adotando
assim a Teoria Contratualista. Para que este vigore e produza seus respectivos valores ele
deverá ser bilateral, pois necessita que seus efeitos atinjam o empregador e empregado;
oneroso, pois a remuneração deve ser paga face a contraprestação realizada; comutativo,
pois as prestações de ambas as partes apresentam relativa equivalência; consensual, pois há
uma concordância mútua, deverá ser um contrato de Adesão, pois um parte se condicionam
a aceitar a regra imposta para que assim possa ser contratado, pessoal, pois somente aquele
que celebra o contrato deverá prestar o serviço perante o empregador, não podendo se fazer
substituir por outra pessoa, o que caracteriza o intuiui personae, continuado, pois a regra no
Direito do Trabalho é que o contrato vigore por prazo indeterminado, prolongando-se no
tempo e subordinado, pois o empregado esta sujeito as ordens do empregador devendo
obedecê-las desde que plausíveis e de acordo com o que foi estipulado no contrato de
trabalho.
1.3 CONCEITO DE ASSÉDIO MORAL
O presente trabalho acadêmico verificou que o estudo do Assédio
Moral iniciou-se a partir de pesquisas realizadas por uma psicanalista e vitimóloga francesa
chamada Marie-France Hirigoyen.
De acordo com as pesquisas realizadas, observou-se que esse
fenômeno tido como novo, na verdade é um acontecimento que vem acompanhando o
desenvolvimento da sociedade no decorrer dos anos, não tendo somente como local de
ocorrência os locais de trabalho, como inicialmente se acreditava, mas também escolas,
atmosfera familiar, ou seja, os ambientes mais variáveis possíveis.
O fenômeno em comento vai de encontro com um dos princípios
basilares esculpidos no art. 5º de nossa Carta Magna, o Princípio da Dignidade Humana,
haja vista que tal acontecimento gera danos ao ser humano afetando aspectos físicos e
psíquicos do trabalhador.
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Oportuno registrar que, a dignidade humana é uma questão de
difícil elucidação, pois varia de acordo com a valoração que cada indivíduo faz ao seu
respeito. Porém, dar valor à dignidade humana é uma questão muito importante, pois se
protege a verdadeira identidade do ser humano.
Para o esclarecimento da temática aqui focalizada, é necessário
primeiramente definir o conceito fundamental de Assédio Moral, também conhecido como
Psicoterrorismo, Bossing, Mobbing (Estados Unidos e Suécia), Bullying (Inglaterra),
Harcèlement (França), Manipulação Perversa, Terrorismo Psicológico, entre outros.
O Assédio Moral se caracteriza como sendo toda tentativa
repetitiva através de atos que constranjam a vítima, tendo como sujeito ativo do fato o
empregador ou seus colegas de trabalho, de forma direta ou indireta, sob o plano vertical ou
horizontal de modo a ferir a dignidade da pessoa humana, causando assim conseqüências
físicas e psicológicas para o trabalhador, além de prejuízos para a empresa.
Corroborando esse entendimento, TEIXEIRA, João Luis:
O Assédio Moral no trabalho é a exposição contínua do trabalhador a situações vexatórias, humilhantes e que geram profundo stress como a cobrança exagerada do trabalho, exigência de metas inalcançáveis e sonegação de informações, fazendo-o duvidar de si e de sua competência, implicando em dano ao ambiente de trabalho, à evolução da carreira profissional ou à estabilidade do vínculo empregatício do funcionário. 7
A respeito disso, o Assédio Moral no ambiente de trabalho é
comumente provocado por superiores hierárquicos que expõe seus subordinados a situações
vexatórias, contribuindo para a instalação do clima de competitividade dentro da empresa.
Tais práticas ocorrem de maneira reiterada pelo empregador.
Nessa mesma linha de pensamento, HIRIGOYEN, Marie France
“A agressão, no caso, é clara: é um superior hierárquico que esmaga seus subordinados com
7 TEIXEIRA, João Luis Vieira. O Assédio Moral no Trabalho. São Paulo: LTR, 2009, p. 18.
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seu poder. Na maior parte das vezes, é este o meio de um chefe valorizar-se, para
compensar sua fragilidade”.8
Contudo, cumpre ressaltar que embora seja uma minoria, não
podemos esquecer de mencionar que existem registros de ocorrência do assédio moral do
subordinado contra o seu superior hierárquico.
Fato é que o assédio moral muitas vezes é tolerado pelas vítimas
face o empregado representar o lado hipossuficiente da relação, sujeitando a tais ofensas
por medo de perder seu emprego.
Quando o assédio moral ocorre no ambiente de trabalho, a
convivência entre os funcionários torna-se extremamente desagradável, o que não poderia
ocorrer, tendo em vista que os empregados passam metade do seu tempo nesses locais.
O assédio moral pode ser verificado a partir de indícios fáceis, tais
como a transferência de poderes a outro funcionário como forma de castigo, o isolamento
no trabalho, de modo que o empregado não tenha contato com outras pessoas trabalhando
de maneira contínua para alcançar metas que são tidas como impossíveis, premiações feitas
de modo a incentivar disputas entre os trabalhadores, diminuição de salário, utilização de
palavras que venham a humilhar o empregado, entre outras formas.
Todas essas atitudes mencionadas anteriormente afetam diretamente
a saúde física e mental do trabalhador desde de que praticadas de forma periódica. Nestes
casos específicos, observa-se que o empregador abusa do seu poder de direção e impõem
metas abusivas.
Cumpre ressaltar que, muitas vezes o assédio moral é confundido
com o estresse profissional, por apresentarem sintomas semelhantes, contudo estes se
diferenciam, pois o estresse causa ao empregado um desgaste físico, enquanto o assédio
8 HIRIGOYEN, Marie France. Assédio Moral – A violência perversa no cotidiano. 10ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008, p. 82.
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moral afeta diretamente o psicológico do empregado, além de ser praticado com requinte de
maldade e de forma reiterada.
Conforme assevera HIRIGOYEN, Marie France “o estresse só se
torna destruidor pelo excesso, mas o assédio é destruidor por si só”.9
Nota-se que o exercício desses atos geram aos empregados
sentimentos que colocam em dúvida suas capacidades profissionais, colocando em cheque
inclusive sua competência, atingindo bruscamente sua honra subjetiva.
Registra-se ainda que, é muito comum que trabalhadores que
sofrem com esse tipo de problema peçam demissão, procurem tratamentos psicológicos ou
até mesmo busquem as drogas como forma de isolamento, pois acreditam fielmente serem
os causadores dos problemas da empresa e que são os únicos culpados por essa situação.
Neste aspecto, destaca-se a seguinte ementa:
Assédio moral – Caracterização. O termo "assédio moral" foi utilizado pela primeira vez pelos psicólogos e não faz muito tempo que entrou para o mundo jurídico. O que se denomina assédio moral, também conhecido como mobbing (Itália, Alemanha e Escandinávia), harcèlement moral (França), acoso moral (Espanha), terror psicológico ou assédio moral entre nós, além de outras denominações, são, a rigor, atentados contra a dignidade humana. De início, os doutrinadores o definiam como "a situação em que uma pessoa ou um grupo de pessoas exercem uma violência psicológica extrema, de forma sistemática e freqüente (em média uma vez por semana) e durante um tempo prolongado (em torno de uns 6 meses) sobre outra pessoa, a respeito da qual mantém uma relação assimétrica de poder no local de trabalho, com o objetivo de destruir as redes de comunicação da vítima, destruir sua reputação, perturbar o exercício de seus trabalhos e conseguir, finalmente, que essa pessoa acabe deixando o emprego" (cf. Heinz Leymann, médico alemão e pesquisador na área de psicologia do trabalho, na Suécia, falecido em 1999, mas cujos textos foram compilados na obra de Noa Davenport e outras, intitulada Mobbing: Emotional "Abuse in The American Work Place"). O conceito é criticado por ser muito rigoroso. Esse comportamento ocorre não só entre chefes e subordinados, mas também na via contrária, e entre colegas de trabalho com vários objetivos, entre eles o de forçar a demissão da vítima, o seu pedido
9 HIRIGOYEN, Marie-France. Mal estar no trabalho - redefinindo o assédio moral. 10ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002, p.20.
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de aposentadoria precoce, uma licença para tratamento de saúde, uma remoção ou transferência. Não se confunde com outros conflitos que são esporádicos ou mesmo com más condições de trabalho, pois o assédio moral pressupõe o comportamento (ação ou omissão), por um período prolongado, premeditado, que desestabiliza psicologicamente a vítima. Se a hipótese dos autos revela violência psicológica intensa sobre o empregado, prolongada no tempo, que acabou por ocasionar, intencionalmente, dano psíquico (depressão e síndrome do pânico), marginalizando-o no ambiente de trabalho, procede a indenização por dano moral advindo do assédio em questão. (TRT 3ª R – 2ª T – RO nº 1292/2003.057.03.00-3 – Relª. Alice M. de Barros – DJMG 11.08.04 – p. 13)(RDT nº 9 Setembro de 2004)10
Cabe enfatizar que a ausência de reconhecimento nas funções
desempenhadas pelos empregados tem sido uma das causas atribuídas à origem do assédio
moral, isso se justifica, pois o empregado ao ver seu trabalho reconhecido perante a
empresa acaba trabalhando com mais gosto, e quando isso não ocorre, acaba gerando a ele
uma frustração, de modo que o empregado adquira inclusive uma depressão.
De acordo com Sônia Nascimento “Existe a necessidade da prática
desses atos durante um prazo de três anos para a caracterização do assédio moral.Contudo,
é possível que tal lesão possa ocorrer em um lapso temporal menor”.11
Devido à diversidade de posicionamentos encontrados a cerca do
assédio moral, tornou-se difícil chegar a um conceito jurídico que atenda a todas as
vertentes. Entretanto, é pacífico o entendimento que existem elementos essenciais para a
caracterização do assédio moral no ambiente de trabalho, são eles, a saber:
a) a amplitude que a violência é praticada, devendo a mesma ser
causar algum tipo de dano ao agredido;
b) o convertimento do assédio moral em patologia, gerando a
necessidade de laudos médicos que comprovem a doença e,
c) a prática do delito de forma reiterada.
10 Acesso ao site http://www.trt3.jus.br, Acesso em 03/02/2012 às 21h38min. 11 NASCIMENTO, Sônia Mascaro. Assédio Moral. São Paulo: Saraiva, 2004.
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Sedimentando esta afirmação, faz-se necessário destacar o acórdão
proferido no TRT da 17ª Região:
a humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do assediado de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves dano à saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invis ível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.12
No mesmo diapasão, destacam-se algumas jurisprudências
trabalhistas que punem o empregador que atue com atitudes que causem qualquer tipo de
problema a seus funcionários:
EMENTA: EXPRESSÕES PEJORATIVAS E PRECONCEITUOSAS – Trabalhador que, por repetidas vezes, é tratado em público por superior hierárquico de forma pejorativa e preconceituosa, procedimento que beira a discriminação racial, tem assegurado o direito de perceber indenização por dano moral. (TRT 12ª R – Proc. RO-V 00357-2003-024-12-00-3 – Ac. 08591/04 – 2ª T – Rel. Juiz C. A. Godoy Ilha – DJSC 10.08.2004).13 EMENTA: ASSÉDIO MORAL – PROCEDIMENTO VEXATÓRIO – ABUSO DE DIREITO – DEVER DE BOA-FÉ E DE SOLIDARIEDADE – DANO E INDENIZAÇÃO – A exigência de que o empregado percorra diversos setores da empresa, para verificação de pendências e devolução de material não pode ser aceita sob a justificativa de agilização do processo de dispensa. Ao contrário, configura atitude perversa que, deliberadamente, coloca o trabalhador, já desgastado pela perda do emprego, em situação constrangedora. Trata-se do dever de boa-fé que deve permear o contrato de trabalho e não se encerra na rescisão. Há que se incentivar atitudes de solidariedade, na dispensa, que, além de reduzir os efeitos estressantes do processo demissional, impedirão que o demitido transmita informações negativas sobre a empresa. Há que se observar, ainda, que a defesa do patrimônio, pelo empregador, é lícita, desde que não transborde os limites necessários e atinja o patrimônio moral do trabalhador. Configurado o dano moral, a indenização se impõe, também como medida preventiva da reincidência. Recurso provido, no particular, para condenar o réu ao pagamento de indenização por dano moral. (TRT 9ª R. – Proc. 06689-2001-652-09-00-4 – (10113-2004) – Relª Juíza Marlene T. Fuverki Suguimatsu – DJPR 28.05.2004).14 EMENTA: ASSÉDIO MORAL – HUMILHAÇÃO POR SUPERIOR HIERÁRQUICO – CARACTERIZAÇÃO – DANO
12 Acesso ao site http://www.trt17.gov.br/portal, em Acesso em 04/02/2012 às 22h47min. 13 Acesso ao site http://www.trt12.jus.br/portal, em 04/02/2012 às 13h37min. 14 Acesso ao site http://www.trt9.jus.br, em 03/02/2012 às 21h42min.
20
MORAL – INDENIZAÇÃO – "A humilhação constante do empregado perante seus colegas, consubstanciada por adjetivação insultosa e jocosa perpetrada por seu superior hierárquico caracteriza assédio moral, ensejando a reparação do dano correspondente pelo empregador." (TRT 14ª R. – RO 00295.2003.401.14.00-8 – Prol. Juiz Vulmar de Araújo Coêlho Junior – DOJT 05.03.2004).15 EMENTA: ASSÉDIO MORAL – REPERCUSSÕES SOCIAIS – A questão da ofensa à moral conflagra um subjetivismo oriundo da própria condição de cada indivíduo. Não se sente menos constrangido o trabalhador que escolhe adotar uma postura conciliadora, preferindo não detonar uma crise no ambiente de trabalho que fatalmente o prejudicará, pois a questão aqui transcende a figura do ofendido, projetando as conseqüências pela supressão do seu posto de trabalho a quem dele eventualmente dependa economicamente. O fantasma do desemprego assusta, pois ao contrário da figura indefinida e evanescente que povoa o imaginário popular, este pesadelo é real. É o receio de perder o emprego que alimenta a tirania de alguns maus empregadores, deixando marcas profundas e às vezes indeléveis nos trabalhadores que sofrem o assédio moral. Exposta a desumanidade da conduta do empregador, que de forma aética, criou para o trabalhador situações vexatórias e constrangedoras de forma continuada através das agressões verbais sofridas, incutindo na psique do recorrente pensamentos derrotistas originados de uma suposta incapacidade profissional. O isolamento decretado pelo empregador, acaba se expandindo para níveis hierárquicos inferiores, atingindo os próprios colegas de trabalho. Estes, também por medo de perderem o emprego e cientes da competitividade própria da função, passam a hostilizar o trabalhador, associando-se ao detrator na constância da crueldade imposta. A busca desenfreada por índices de produção elevados, alimentada pela competição sistemática incentivada pela empresa, relega à preterição a higidez mental do trabalhador que se vê vitimado por comportamentos agressivos aliado à indiferença ao seu sofrimento. A adoção de uma visão sistêmica sobre o assunto, faz ver que o processo de globalização da economia cria para a sociedade um regime perverso, eivado de deslealdade e exploração, iniqüidades que não repercutem apenas no ambiente de trabalho, gerando grave desnível social. Daí a corretíssima afirmação do ilustre Aguiar Dias de que o ´prejuízo imposto ao particular afeta o equilíbrio social.´ ao trabalhador assediado pelo constrangimento moral, sobra a depressão, a angústia e outros males psíquicos, causando sérios danos a sua qualidade de vida. Nesse sentido, configurada a violação do direito e o prejuízo moral derivante. (TRT 2ª R. – RO 01117 – (20040071124) – 6ª T. – Rel. Juiz Valdir Florindo – DOESP 12.03.2004).16
15 Acesso ao site HTTP://www.trt14.jus.br, em 04/02/2012 às 21h22min. 16 Acesso ao site http://www.trt2.gov.br, em 03/02/2012 às 13h47min.
21
É de suma importância frisar que o empregador nem sempre
observa que a empresa também é atingida de maneira negativa quando em seu ambiente
ocorre o assédio moral. E esta percepção é de suma importância para que a empresa possa
de maneira rápida e eficaz tomar as medidas cabíveis para punir o agressor.
Caso ocorra a situação fática em questão, as conseqüências visíveis
à empresa são notoriamente a perda de qualidade, baixo índice de criatividade, queda de
produtividade, imagem negativa da empresa perante consumidores e mercado de trabalho,
doenças profissionais e acidentes de trabalho com freqüência, aumento do turn-over e
aumento de reclamações trabalhistas, inclusive com pedidos de reparação por dano moral.
A patologia oriunda desse fenômeno poderá ser permanente ou
transitório, dependendo exclusivamente da intensidade que foi provocada e os efeitos
gerados no agredido. Tais perturbações podem ser verificadas através de patologias como
por exemplo, a depressão.
Cumpre ressaltar, que todos os sintomas percebidos pelo
empregado devem estar diretamente ligados ao assédio sofrido no ambiente de trabalho, de
modo que esteja configurado o nexo causal com o fato gerador do dano.
Versa o Art. 2° da Resolução 1488/98 do Conselho Federal de
Medicina (CFM), que para o estabelecimento do nexo causal é necessário que:
entre os transtornos de saúde e as atividades do trabalhador, além do exame clínico (físico e mental) e os exames complementares, quando necessários, deve o médico considerar:
I - a história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnóstico e/ou investigação de nexo causal;
II - o estudo do local de trabalho;
III - o estudo da organização do trabalho;
IV - os dados epidemiológicos;
V - a literatura atualizada;
22
VI - a ocorrência de quadro clínico ou subclínico em trabalhador exposto a condições agressivas;
VII - a identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos, estressantes e outros;
VIII - o depoimento e a experiência dos trabalhadores;
IX - os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais, sejam ou não da área da saúde.17
De acordo com o posicionamento majoritário nas decisões da
Justiça do Trabalho, o assédio moral é aceito de acordo com o resultado que venha a
provocar na vitima, alguns com mais intensidade do que os outros.
Para que seja verificado que tal assédio veio a causar algum dano
ao trabalhador, o magistrado por não possuir capacidade técnica para verificar a ocorrência
deste fenômeno nomeia um expert, para que este através de uma perícia informe a
existência do dano e seu nexo causal.
Face a doutrina utilizada no transcorrer desta monografia,
verificou-se que o assédio moral tem como principais causas de ocorrência instruções
confusas e imprecisas 65%, bloqueio ao trabalho e a atribuição de erros imaginários 61%,
ignorar a presença de funcionário na frente de outros 55%, solicitar a realização de
trabalhos urgentes sem que haja efetiva necessidade 49%, a realização de tarefas abaixo da
capacidade profissional do funcionário, comentários pejorativos feitos em público 41%,
entre outros motivos.
Há de se destacar que desavenças ocorridas no ambiente de
trabalho, não caracterizam necessariamente o assédio moral, para que este ocorra é
necessário que haja o dano efetivo, o dolo e o nexo causal.
A Justiça do Trabalho no âmbito nacional ainda não possui
nenhuma regulamentação específica para tratar do referido tema. Entretanto, já é possível
17 Acesso ao site http://www.assediomoral.org/spip.php?article88, em 03/04/2012 às 20:42.
23
encontrarmos leis municipais e estaduais que dão especificidade ao tratamento legal para
este tipo de agressão.
Nesse sentindo, HIRIGOYEN, Marie France:
Não há, no arsenal jurídico, lei alguma que reprima o assédio moral. Por isso é muito difícil acusar penalmente perante um Tribunal, aquele que o utiliza. De qualquer forma, essa iniciativa é sempre longa e penosa.18
A reparação do dano causado por assédio moral segue os mesmos
critérios da reparação do dano moral.
Conforme o artigo 8º, parágrafo único da CLT, na falta de
disposições legais no Direito do Trabalho, é admissível a aplicação analógica do direito
comum como uma fonte subsidiária do direito, in verbis::
As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse coletivo.19
Cabe ao empregador tomar medidas preventivas, de modo a evitar a
ocorrência do assédio moral, tais como: a Conscientização dos chefes e subordinados sobre
o tema e suas conseqüências, a promoção do diálogo na organização a fim de que se detecte
possíveis brechas no ambiente de trabalho que podem levar a tais atitudes, a criação de uma
ouvidoria como um espaço na empresa para receber as possíveis queixas.
Corroborando com esse entendimento, BARRETO, Marco
AGUIAR:
18 HIRIGOYEN, Marie France. Assédio Moral – A violência perversa no cotidiano. 10ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008, p. 197. 19 LEX: Coletânea de legislação. Vade Mecum. 9ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010, p. 875.
24
O assédio se instala quando o diálogo é impossível e a palavra daquele que é agredido não consegue-se fazer ouvir. Prevenir é, portanto, reintroduzir o diálogo e uma comunicação verdadeira..20
Em suma, o assédio moral apesar de ser pouco discutido, este se
encontra cada vez mais presente no ambiente de trabalho, de modo que assunto merece
mais destaque dentro das empresas e uma maior coerção da legislação brasileira.
1.4 CLASSIFICAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL
Como se sabe, o Assédio Moral pode ser encontrado em diversos
ambientes da sociedade, contudo este trabalho acadêmico tratou de direcionar a pesquisa
para o assédio que ocorre dentro dos ambientes laborais.
Levando em consideração o conceito trazido anteriormente,
segundo a doutrina majoritária, chega-se as três modalidades existentes referentes a prática
do Assédio Moral, a saber: - o assédio moral vertical, - o assédio moral horizontal e, o –
assédio moral misto.
O assédio moral tido como vertical é aquele em as pessoas
envolvidas na prática deste ato se encontram em níveis hierárquicos diferentes, de modo
que a agressão parte do superior hierárquico, no caso o chefe para o seu empregado. Esse
tipo de modalidade de assédio embora possa ocorrer em diversos seguimentos da sociedade
é mais comum no ambiente laboral pela própria relação empregador versus empregado.
Dentro da modalidade de Assédio Moral vertical, é possível
encontrar duas sub-espécies deste fenômeno, a descendente e ascendente. A descendente é
aquela que é praticada por uma pessoa que tem uma posição superior sobre a assediada.
Este tipo de espécie na maioria das vezes é praticado por empregadores que impõe a seus
funcionários um ritmo de trabalho tido como anormal, incentivando assim a competição
desleal.
20 BARRETO, Marco e AGUIAR, Aurélio. Assédio Moral no Trabalho - Responsabilidade do Empregador. 2ª ed. São Paulo: LTR, 2009, p. 200.
25
Caso ocorra a situação mencionada, não se poderá excluir a
responsabilidade do empregador pelos danos causados ao empregado, haja vista que o
mesmo possuí uma responsabilidade objetiva perante o empregado.
Tal modalidade, nos dizeres de Márcia Novaes Guedes, diz que:
O fenômeno se instala de modo quase imperceptível. Inicialmente a vítima descuida, encarando o fato como uma simples brincadeira; todavia, é na repetição dos vexames, das humilhações, que a violência vai se mostrando demolidora e, se ninguém de fora intervier energicamente, evolui numa escalada destrutiva.21
No mesmo diapasão, o ascendente será aquele cometido pelo
subordinado com o objetivo de assediar o seu superior. Vale ressaltar que essa conduta
poderá ser provocada de maneira individual ou coletiva. Embora a presente modalidade não
seja comum nas organizações, não significa que ela não exista, por isso faz-se necessário
comentá-la mesmo que ela não seja freqüente.
Embora não seja um tipo de assédio muito comum nas empresas,
não se pode ignorá-lo, pois ele vem crescendo dentro das organizações. Tal crescimento em
sua maioria é justificado em razão das reorganizações provocadas dentro das empresas, de
modo que as empresas acabam contratando outros empregados que tem a função de reduzir
gastos e trazerem melhores resultados.
No que tange ao Assédio horizontal, podemos dizer ele é aquele
praticado por empregados do mesmo nível, sem que haja entre eles qualquer tipo de
subordinação, ou seja, tanto o agressor como o agredido ocupa o mesmo nível hierárquico
dentro da empresa.
A vista do exposto, pode-se dizer que são inúmeros os sentimentos
que levam o agressor a assediar a vítima, fatores esses ligados principalmente ao
sentimento de inveja, na maioria das vezes incentivado no próprio local de trabalho devido
a rivalidade criada entre colegas de trabalho, entre outros aspectos.
21 GUEDES, Márcia Novaes. Terror Psicológico no Trabalho. 1ª ed. São Paulo: LTR, 2003, p. 153.
26
E por último, cabe tratarmos sobre o assédio moral misto. Nesta
modalidade exige-se a presença do assediador vertical, do horizontal e a vítima. Neste tipo
de assédio, a vítima sofre ofensas de todos os lados, ou seja, de um superior hierárquico e
de seus colegas de trabalho.
CAPÍTULO II
CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL E SUA IDENTIFICAÇÃO
2.1 A FIGURA DO ASSEDIADOR
Com o passar do tempo, a sociedade vem evoluindo, e por isso o
fenômeno estudado vem ganhando cada vez mais uma maior dimensão, justificando assim
o aumento nas pesquisas realizadas por todo o mundo. Estudiosos renomados vêm
buscando entender os motivos que geram ao agressor a prática de ofensas contra as vítimas,
além de tentarem diagnosticar as possíveis conseqüências da prática reiterada desses abusos
contra o trabalhador.
A sociedade vem evoluindo de forma rápida e gradativa, e tal
evolução vem trazendo mudanças que afetam constantemente o mercado de trabalho. Tais
mudanças, como a flexibilização, as exigências feitas com relação à produtividade são
transformações que colocam o trabalhador a mercê de diversas dúvidas a respeito do seu
potencial e de sua capacidade profissional.
O mercado de trabalho está cada vez mais concorrido, não
bastando somente o candidato possuir nível superior, exigindo-se cada vez mais
qualificações profissionais.
Todas as exigências solicitadas pelo empregador são oriundas da
evolução da sociedade, porém tais “progressos” acabam refletindo diretamente nos
ambientes de trabalho, pois muitas vezes servem de fonte para a prática de ofensas e
27
discriminações no ambiente organizacional, que vem a ser conhecida como o fenômeno do
Assédio Moral.
No que diz respeito à figura do assediador, foi observado que o
mesmo sempre o mesmo perfil, ele tenta assediar a vítima como forma de mostrar o seu
poderio, muitas vezes criticando determinadas atitudes e comportamentos da vítima que
não admite em si próprio.
O assediador busca praticar o assédio moral como forma de
massacrar uma pessoa mais fraca, pois sabe que esta irá reagir, pois necessita daquele
emprego, gerando desta forma a obediência temida, e neste momento o assediador tem sua
glória, pois cada vez mais torna a vítima sua dependente.
Com isso, por mais que colegas da empresa presenciem os fatos
vexatórios, estes permanecem calados e não manifestam qualquer reação, temendo que o
foco mude para eles ou que sofram represálias, e por isso as ofensas e humilhações
persistem e acabam tomando grandes proporções que só vem a causar danos a vida
profissional e pessoal do empregado, além de prejuízos para a empresa.
Cabe aqui ressaltar a enumeração de alguns perfis do assediador
encontradas no site da internet “http://www.assediomoral.org”, a saber:
1 – Profeta – Considera que sua missão é demitir indiscriminadamente os trabalhadores para tornar a máquina a mais enxuta possível. Para ele demitir é uma “grande realização”. Gosta de humilhar com cautela, reserva e elegância. 2 – Pit-bull – Humilha os subordinados por prazer, é agressivo, violento e até perverso no que fala e em suas ações. 3 –Troglodita – É aquele que sempre tem razão. As normas são implantadas sem que ninguém seja consultado, pois acha que os subordinados devem obedecer sem reclamar. É uma pessoa brusca. 4 –Tigrão – Quer ser temido para esconder sua incapacidade. Tem atitudes grosseiras e necessita de público para recebê-las, sentindo-se assim respeitado (através do temor que tenta incutir nos outros). 5 – Mala – babão – È um “capataz moderno”. Bajula o patrão e controla cada um dos subordinados com “mão de ferro”. Também gosta de perseguir os que comandam. 6 – Grande Irmão – Finge que é sensível e amigo dos trabalhadores não só no trabalho, mas fora dele. Quer saber dos problemas particulares de cada um para depois manipular o trabalhador na
28
“primeira oportunidade” que surgir, usando o que sabe para recebê-lo. 7 – Garganta – Vive contando vantagens (apesar de não conhecer bem o seu trabalho) e não admite que seus subordinados saibam mais que ele. 8 – Tasea (“tá se achando”) – É aquele que não sabe como agir em relação às demandas de seus superiores; é confuso e inseguro. Não tem clareza de seus objetivos, dá ordens contraditórias. Se algum projeto ganha os elogios dos superiores ele apresenta-se para recebê-los, mas em situação inversa responsabiliza os subordinados pela “incompetência”.22
2.2 A FIGURA DO ASSEDIADO
No que tange a figura do assediado, algumas considerações devem
ser feitas. A vítima sofre de forma rotineira inúmeras perseguições injustificadas do
assediado. Embora a vítima saiba que nunca deu causa aquelas agressões, a mesma se
submete a ouvi-las e aceitá-las sem manifestar qualquer reação, pois teme a desaprovação
do assediador e de seus colegas de instituição, fato este justificado porque a vítima tem a
tendência de se culpar mesmo sem ter dado causa a tais fatos.
Na maioria das vezes, o assediado é uma pessoa que busca sempre
ser gentil e atender a todos, mesmo quando não esta disponível para ajudar acaba se
comprometendo com seus colegas e gerentes para que assim não seja mal visto perante eles
e possa desta maneira agradar a todos.
Reafirmando essa idéia, Guedes:
A vítima do terror psicológico no trabalho não é o empregado desidioso, negligente. Ao contrário, os pesquisadores encontraram como vítimas justamente os empregados com um senso de responsabilidade quase patológico, são ingênuas no sentido de que acreditam nos outros e naquilo que fazem, são geralmente pessoas bem educadas e possuidoras de valiosas qualidades profissionais e morais. De um modo geral, a vítima é escolhida justamente por ter algo mais. E é esse algo mais que o perverso busca roubar. As manobras perversas reduzem a auto-estima, confundem e levam a
22 Acesso ao site http://www.assediomoral.org, em 19 de Janeiro de 2012, as 13:48.
29
vítima a desacreditar de si mesma e a se culpar. Fragilizada emocionalmente, acaba por adotar comportamentos induzidos pelo agressor. Seduzido e fascinado pelo perverso o grupo não crê na inocência da vítima e acredita que ela haja consentido e, consciente ou inconscientemente, se já cúmplice da própria agressão.23
Assim, pode-se concluir que a vítima do assédio em sua maioria
não é uma pessoa irresponsável ou displicente com o trabalho, porque essas pessoas não
ameaçam de qualquer forma o agressor. As pessoas que realmente o ameaçam são aquelas
bem educadas, comprometidas com o trabalho que estão realizando, inteligentes, ou seja,
são as que possuem algo mais a oferecer, fazendo com que o assediador tema pela perda de
seu cargo para essa pessoa.
Com isso, a vítima mais propícia a ser alvo do assédio é aquela que
leva ao agressor a sensação de sentir-se ameaçado. A vítima, via de regra, é possuidora de
qualidades tidas como acima da média, com um nível de conhecimento superior aos
demais, fazendo-se destacar perante o grupo.
De acordo com a bibliografia utilizada se pode observar como
principais características das vítimas do Assédio Moral as pessoas mais idosas, pois de
certa forma possuem uma vida profissional longa que passa credibilidade, os profissionais
que possuem remunerações altas dentro da organização, os honestos, os que tendem sempre
a ajudar os outros e acabam tendo um certo destaque perante o grupo, os perfeccionistas, os
dedicados pois mesmo encontrando-se em situações adversas tende a ir trabalhar sempre
buscando a melhoria e o crescimento da empresa de forma a incomodar o agressor, pois
este sabe que aquele funcionário pode vir a ocupar o seu cargo, os que possuem crença ou
raça diferente do agressor, entre outras características.
No que diz respeito ao assédio moral relacionado ao sexo, merece
destaque o estudo realizado por Hirigoyen que destaca em sua pesquisa que 70% das
mulheres sofrem esse fenômeno dentro das empresas contra 30% dos homens.24
23 GUEDES, Márcia Novaes. Terror Psicológico no Trabalho. 1ª ed. São Paulo: LTR, 2003, p. 63. 24 HIRIGOYEN, Marie-France. Mal estar no trabalho - redefinindo o assédio moral. 10ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002, pags. 95, 99, 123 e 124.
30
Outro ponto que merece destaque, é que o assediado raramente no
seu dia-a-dia consegue enxergar que aquelas doenças que vem adquirindo ao longo do
tempo são decorrentes dos constantes abusos e ameaças que sofre dentro da empresa.
Quando o assediado consegue observar algo de errado e procura o
médico, na maioria das vezes a auto-culpa é reforçada pelos médicos, pois os mesmos
encontram-se despreparados para lidar com este fenômeno, e acabam de certa forma
contribuindo para que o empregado se sinta mais culpado e peça demissão.
2.3 CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL NA VIDA PROFISSIONAL E
PESSOAL DO TRABALHADOR
Conforme já foi dito anteriormente, o mundo vive em constantes
mudanças, de modo que os seres humanos devem se adequar a determinadas situações
impostas pelo próprio sistema, pois caso contrário estarão fora do mercado de trabalho.
O nível de desemprego no Brasil vem reduzindo, muito embora
isso não signifique que o mercado de trabalho esteja fácil, pelo contrário, ele se encontra
cada vez mais concorrido o que gera nesses ambientes uma concorrência tida como desleal
e que só contribuem para que este fenômeno esteja cada vez mais presente.
Cabe tratar sobre as conseqüências trazidas por esse fenômeno na
vida profissional e pessoal do trabalho, conseqüências essas gigantescas e na maioria das
vezes sem volta.
Submetidos a tratamentos que lhe exponham a situações
vexatórias, as vítimas do assédio moral preferem na sua maioria continuar se sujeitando a
essas ocorrências, pois temem o desemprego, além de recearem pelo sustento de sua
família, que na maioria das vezes dependem da vítima.
31
O Assédio Moral vem causando danos na vida profissional e
pessoal do empregado como também na própria empresa, pois quando este fenômeno
encontra-se presente no ambiente laboral, o clima entre os funcionários é sempre de
apreensão e de competição, o que reflete diretamente na produtividade da empresa uma vez
que os funcionários não trabalham com liberdade, mas sim sob ameaças a todo momento.
As conseqüências decorrentes do assédio moral podem ser
observadas tanto na vida profissional do trabalhador como também pessoal.
De acordo com cada empregado, as reações podem ser diferentes,
dependendo muito do perfil psicológico e da postura adotada por este, causando desta
forma danos físicos, mentais e psicossomáticos. Alguns tiram certas brincadeiras “de letra”
levando na esportiva e nunca para o lado pessoal, contudo isso não é o que ocorre na
maioria dos casos, pois o assediado de uma maneira geral leva aquelas ofensas para o outro
lado, e acabam tornando-se improdutivo, introspectivo, constantemente encontram-se
doentes, porém por receio de serem dispensados permanecem naquele local submetendo-se
a constantes ameaças.
Existem casos em que os assediados optam por pedirem demissão
da empresa, mas essa minoria sai com a falsa sensação de que não foram bons profissionais
e que deixaram de alguma forma a desejar na realização de suas funções, impressão errada
e causada única e exclusivamente pelas agressões sofridas diariamente e que acabam
condicionando o assediado a ter esse tipo de pensamento.
De acordo com algumas pesquisas verifica-se que somente 10%
dos trabalhadores pedem demissão nessas situações, de modo que 90% dos trabalhadores
embora sofram humilhações continuam se submetendo a essas condições, pois acreditam
não existir outra saída para solucionar o problema.
Embora se tenha a falsa impressão que o Assédio Moral não esta
presente no ambiente de trabalho de forma constante, as pesquisas realizadas demonstram o
contrário, uma vez que observa-se que este fenômeno esta mais constante no ambiente de
trabalho do que se imagina.
32
Nesse mesmo sentido, merece destaque o crescente número de
empregados que vem fazendo uso de medicamentos antidepressivos ou calmantes, face às
doenças que vêm adquirindo no ambiente laboral por motivos ligados a condições
exaustivas e de constantes humilhações que vem sendo submetidos.
Nos casos acima mencionados, o trabalhador acaba transferindo a
culpa para si, o que acaba sendo um agravante para a doença que o mesmo veio adquirir
face às humilhações sofridas. Neste mesmo momento, ele tenta solucionar o problema
sozinho se isolando, pois acredita que se contar para alguém este não vai compreendê-lo.
No mesmo vértice, Barreto, "a vida perde o sentido transformando
a vivência em sofrimento, num contexto de doenças, desemprego, procuras, desamparo,
medo, desespero, tristeza, depressão e tentativas de suicídio”.25
O mesmo renomado jurista assevera em seu trabalho as diferentes
reações de acordo com o sexo do assediado. De acordo com essa pesquisa, as mulheres e os
homens reagem de forma diferente à violência moral. As mulheres reagem constantemente
através de choros compulsivos, angústia, isolamento, sonhos de forma reiterada com o
agressor, ansiedade, entre outras reações. Em contrapartida, os homens vítimas do assédio
moral ficam envergonhados e por isso se isolam do restante do mundo, predominando o
sentimento de fracasso, começam a tornar-se dependentes de produtos químicos, iniciam o
alcoolismo, entre outras reações.
Diante do exposto, embora se observe reações diferenciadas entre o
homem e a mulher, o fenômeno do Assédio Moral causa grandes conseqüências na vida dos
seres humanos, de modo que se não forem diagnosticadas e tratadas rapidamente podem
causam danos irreparáveis.
2.4 O TRABALHADOR QUE MAIS SOFRE COM O ASSÉDIO MORAL 25 BARRETO, Marco e AGUIAR, Aurélio. Assédio Moral no Trabalho - Responsabilidade do Empregador. 2ª ed. São Paulo: LTR, 2009, p. 148.
33
As conseqüências trazidas para o trabalhador independem do sexo
dos mesmos, uns tem sua vida profissional mais afetada, enquanto outros possuem sua vida
pessoal devastada, mais tanto uma forma como a outra trazem graves problemas na vida do
trabalhador.
As conseqüências deste fenômeno são devastadores, pois se
iniciam com um simples stress e chegam ao ponto de causarem fortes depressões de modo
que as vítimas se tornam dependentes de remédios e porque não de drogas, como forma de
amenizar os maus sofridos pelos agressores.
De acordo com a bibliografia utilizada, pode-se chegar à conclusão
que a principal vítima do Assédio Moral é a mulher, pois pela sua própria natureza, elas
tendem a ser mais fracas e sofrerem as piores conseqüências, também porque são as que
aturam as piores ofensas e humilhações, fato este justificado pela dominação do ambiente
laboral pelos homens.
No mesmo diapasão, outras vítimas que sofrem constantemente
com as agressões no ambiente de trabalho, são trabalhadores que venham a se diferenciar
da maioria por sua preferência sexual, raça ou por serem portadores de deficiência, de
modo que o assediador consiga desvalorizar a atividade exercida por essa pessoa em
relação ao grupo.
Em decorrência desse tipo de situação, a Justiça do Trabalho vem
se fortalecendo no sentido de julgados que envolvem casos de Assédio Moral nas relações
de trabalho, uma vez que nossa Carta Magna em seu art. 114 deu ampla competência para a
mesma. Porém, faz-se necessário lembrar que tais ofensas devem ocorrer única e
exclusivamente no ambiente de trabalho.
Corroborano com essa tese destaca-se algumas jurisprudências que
punem o empregador pela prática do assédio moral, in verbis:
EMENTA: EXPRESSÕES PEJORATIVAS E PRECONCEITUOSAS – Trabalhador que, por repetidas vezes, é tratado em público por superior hierárquico de forma pejorativa e
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preconceituosa, procedimento que beira a discriminação racial, tem assegurado o direito de perceber indenização por dano moral. (TRT 12ª R – Proc. RO-V 00357-2003-024-12-00-3 – Ac. 08591/04 – 2ª T – Rel. Juiz C. A. Godoy Ilha – DJSC 10.08.2004).26 EMENTA: ASSÉDIO MORAL – PROCEDIMENTO VEXATÓRIO – ABUSO DE DIREITO – DEVER DE BOA-FÉ E DE SOLIDARIEDADE – DANO E INDENIZAÇÃO – A exigência de que o empregado percorra diversos setores da empresa, para verificação de pendências e devolução de material não pode ser aceita sob a justificativa de agilização do processo de dispensa. Ao contrário, configura atitude perversa que, deliberadamente, coloca o trabalhador, já desgastado pela perda do emprego, em situação constrangedora. Trata-se do dever de boa-fé que deve permear o contrato de trabalho e não se encerra na rescisão. Há que se incentivar atitudes de solidariedade, na dispensa, que, além de reduzir os efeitos estressantes do processo demissional, impedirão que o demitido transmita informações negativas sobre a empresa. Há que se observar, ainda, que a defesa do patrimônio, pelo empregador, é lícita, desde que não transborde os limites necessários e atinja o patrimônio moral do trabalhador. Configurado o dano moral, a indenização se impõe, também como medida preventiva da reincidência. Recurso provido, no particular, para condenar o réu ao pagamento de indenização por dano moral. (TRT 9ª R. – Proc. 06689-2001-652-09-00-4 – (10113-2004) – Relª Juíza Marlene T. Fuverki Suguimatsu – DJPR 28.05.2004).27 EMENTA: ASSÉDIO MORAL – HUMILHAÇÃO POR SUPERIOR HIERÁRQUICO – CARACTERIZAÇÃO – DANO MORAL – INDENIZAÇÃO – "A humilhação constante do empregado perante seus colegas, consubstanciada por adjetivação insultosa e jocosa perpetrada por seu superior hierárquico caracteriza assédio moral, ensejando a reparação do dano correspondente pelo empregador." (TRT 14ª R. – RO 00295.2003.401.14.00-8 – Prol. Juiz Vulmar de Araújo Coêlho Junior – DOJT 05.03.2004).28 EMENTA: ASSÉDIO MORAL – REPERCUSSÕES SOCIAIS – A questão da ofensa à moral conflagra um subjetivismo oriundo da própria condição de cada indivíduo. Não se sente menos constrangido o trabalhador que escolhe adotar uma postura conciliadora, preferindo não detonar uma crise no ambiente de trabalho que fatalmente o prejudicará, pois a questão aqui transcende a figura do ofendido, projetando as conseqüências pela supressão do seu posto de trabalho a quem dele eventualmente dependa economicamente. O fantasma do desemprego assusta, pois ao contrário da figura indefinida e evanescente que povoa o imaginário popular, este pesadelo é real. É o receio de perder o emprego que alimenta a tirania de alguns maus empregadores,
26 Acesso ao site HTTP://trt12.jus.br, em 03/02/2012 às 13h47min. 27 Acesso ao site HTTP://trt9.jus.br, em 03/02/2012 às 21h42min. 28 Acesso ao site HTTP://www.trt14.jus.br, em 04/02/2012 às 21h22min.
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deixando marcas profundas e às vezes indeléveis nos trabalhadores que sofrem o assédio moral. Exposta a desumanidade da conduta do empregador, que de forma aética, criou para o trabalhador situações vexatórias e constrangedoras de forma continuada através das agressões verbais sofridas, incutindo na psique do recorrente pensamentos derrotistas originados de uma suposta incapacidade profissional. O isolamento decretado pelo empregador, acaba se expandindo para níveis hierárquicos inferiores, atingindo os próprios colegas de trabalho. Estes, também por medo de perderem o emprego e cientes da competitividade própria da função, passam a hostilizar o trabalhador, associando-se ao detrator na constância da crueldade imposta. A busca desenfreada por índices de produção elevados, alimentada pela competição sistemática incentivada pela empresa, relega à preterição a higidez mental do trabalhador que se vê vitimado por comportamentos agressivos aliado à indiferença ao seu sofrimento. A adoção de uma visão sistêmica sobre o assunto, faz ver que o processo de globalização da economia cria para a sociedade um regime perverso, eivado de deslealdade e exploração, iniqüidades que não repercutem apenas no ambiente de trabalho, gerando grave desnível social. Daí a corretíssima afirmação do ilustre Aguiar Dias de que o ´prejuízo imposto ao particular afeta o equilíbrio social.´ ao trabalhador assediado pelo constrangimento moral, sobra a depressão, a angústia e outros males psíquicos, causando sérios danos a sua qualidade de vida. Nesse sentido, configurada a violação do direito e o prejuízo moral derivante. (TRT 2ª R. – RO 01117 – (20040071124) – 6ª T. – Rel. Juiz Valdir Florindo – DOESP 12.03.2004).29
Portanto, independente quem seja a vítima das situações vexatórias,
seja homem ou mulher, ambos tem suas vidas transformadas em um inferno face as
condições que ficam sujeitos no ambiente laboral, devendo não se calarem diante dessas
situações e buscarem ajuda de imediato, para que assim consigam resolver tais situações e
possam trabalhar de maneira que traga frutos positivos tanta na sua carreira profissional
quanto pessoal.
2.5 DISTINÇÃO ENTRE ASSÉDIO MORAL E ASSÉDIO SEXUAL
Outro ponto que merece destaque nessa pesquisa é a distinção entre
dois institutos que se assemelham, porém não se confundem face a individualidade e
particularidade de cada um.
29 Acesso ao site HTTP://www.trt2.jus.br, em 03/02/2012 às 13h47min.
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Ambos os institutos supramencionados vêm a afrontar e ferir os
dispositivos trazidos em nossa Carta Magna no que diz respeito à dignidade humana
referente aos trabalhadores de forma globalizada.
Os fenômenos tratados podem ser provocados de diversas formas,
ou seja, através de palavras, gestos, entre outras formas desde que realizados no ambiente
de trabalho para que assim sejam punidas por esta justiça, pois se praticados fora do local
mencionado, será competente neste caso a Justiça comum para julgar esses casos.
Tais condutas alteram a vida profissional e pessoal do trabalhador,
pois estes realizam suas funções sob forte pressão o que provoca uma mudança em seu
comportamento, causando inclusive doenças ou até mesmo agravam as já existentes.
Desta forma, o ponto principal que diferencia esses dois institutos é
o nexo de causalidade, tendo em vista que no Assédio Sexual, as condutas são realizadas
com uma finalidade sexual, enquanto no Assédio Moral as condutas são realizadas pelo
simples fato de mostrar superioridade face ao subordinado ou colega de trabalhado, de
modo a expô-lo a situações vexatórias que venham a lhe causar constrangimentos.
Portanto, chega-se a conclusão que o constrangimento que a vítima
no assédio sexual sofre está ligada única e exclusivamente à obtenção de vantagem ou
favorecimento sexual face a condição de superioridade que o assediador tem em relação ao
assediado.
CAPÍTULO III
PREVISÃO LEGAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E O ÔNUS
DA PROVA NO ASSÉDIO MORAL
3.1 O ÔNUS DA PROVA NO ASSÉDIO MORAL
No que concerne à esfera jurídica, tudo que se alega tanto na
acusação quanto na defesa no desenrolar do processo, por qualquer das partes deverá ser
provada sob o risco de não ter seu pedido ou direito deferido.
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Existem casos em que a lei de forma expressa inverte o ônus da
prova, que é o que ocorre do Código de Defesa do Consumidor, contudo não significa que o
juiz deverá deferir tudo que o autor pleiteou, pois o mesmo deverá demonstrar a veracidade
dos fatos por ele alegados.
Primeiramente faz-se necessário registrar que o assédio moral não
se presume nas relações trabalhistas, uma vez que o princípio da boa-fé objetiva determina
que o ambiente de trabalho deverá ser o mais sadio possível, prevalecendo um ambiente
laboral com excelente relações pessoais.
No que diz respeito ao referido tema, existe a necessidade de serem
feitas algumas considerações no que abarca o ônus da prova no processo do trabalho.
Como se sabe, na esfera trabalhista, de acordo com o art. 818 da
CLT, a prova das alegações incumbe à parte que as fizer. Contudo a doutrina majoritária
entende que o referido dispositivo deve ser aplicado em conjunto com art. 333 do CPC,
pois este deverá apor-se de forma subsidiária, devendo o autor demonstrar os fatos que
entende constituir seus direitos, enquanto a parte contrária demonstrará os fatos
impeditivos, modificativos e extintivos do direito do autor.
Há de se destacado, que tal aplicação do art. 818 da CLT c/c com o
art. 333 do CPC, é matéria de grande discussão no nosso ordenamento jurídico, haja vista
que alguns defensores desta corrente entendem que o dispositivo da CLT não é suficiente
para tratar de todas as questões referentes ao ônus da prova na seara do assédio moral.
Nesse sentindo, são devidos os ensinamentos de José Antônio
Ribeiro de Oliveira Silva:
Pensamos, todavia, que a orientação legal do citado art. 818 é insuficiente para a solução de todas as controvérsias, mesmo porque se trata apenas de um princípio da prova, conhecido desde o Direito Romano, segundo o qual o ônus da prova incumbe a quem
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alega o fato. Faz-se necessária, por isso, a aplicação subsidiária do art. 333 do CPC.30
Tecidas algumas considerações iniciais, adentremos no ônus da
prova no caso específico do assédio moral nas relações de trabalho.
O fenômeno do Assédio Moral, embora esteja cada vez mais
presente no ambiente de trabalho e em nosso cotidiano, traz consigo uma grande
dificuldade no que abarca sua comprovação perante a Justiça do Trabalho.
A dificuldade de comprovação da ocorrência deste feito pode ser
atribuída principalmente aos locais que tais agressões ocorrem, como por exemplo, sala de
reuniões, ambientes fechados, ausência de testemunhas, insuficiência de provas, o que
acaba trazendo grandes problemas para a vítima, pois estas ficam de mãos atadas perante o
agressor, que muitas vezes fica impune.
Conforme foi dito anteriormente, tal fato é de difícil notoriedade
perante a empresa, o que não signifique sua impossível comprovação perante os tribunais.
O juiz a partir dos elementos trazidos na exordial pelo assediado,
baseando-se em presunções, nas provas indiretas, pelas oitivas de testemunhas e
principalmente na palavra da vítima atinge seu convencimento proferindo assim uma
sentença favorável.
Segundo nos ensina Fernando da Costa Tourinho filho:
Em certos casos, porém, é relevantíssima a palavra da vítima do crime. Assim, naqueles delitos clandestinos qui clam comittit solent – que se comentem longe dos olhares de testemunhas -, palavra da vítima é de valor extraordinário. Nos crimes contra os costumes, e.G., a palavra da ofendida constitui o vértice de todas as provas. Na verdade, se assim não fosse, dificilmente alguém seria condenado como sedutor, corruptor, estuprador, etc., uma vez que a natureza mesma dessas infrações à vista de outrem.31
30 SILVA, José Antônio Ribeiro de Oliveira. A Saúde do Trabalhador como um Direito Humano. 1ª ed. São Paulo: LTR, 2004, p. 685. 31 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal, Volume III. 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 1995, pág.370.
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No mesmo diapasão faz-se necessário destacar algumas ementas:
Tratando-se de delito de natureza clandestina, ou de sedução, praticada às ocultas, a palavra da mulher que se diz deflorada e ponta o autor de sua desonra merece mais crédito que a do indigitado autor, se nada existe contra sua procedente honestidade (RT, 220/94). Nos atentados contra a honra da mulher, a palavra da vítima é, em regra, precioso elemento de convicção, bastando para tanto que não haja prova contrária à sua presente honestidade (RT, 220/92).
Portanto, para que o magistrado possa se convencer dos fatos
trazidos na peça inicial, se faz necessário que a vítima traga elementos comprobatórios que
possibilitem a configuração da presunção de veracidade dos fatos por ela alegados.
Sendo assim, alguns julgados merecem destaque no que concerne à
caracterização do assédio moral e a sua comprovação:
ASSÉDIO MORAL – ÔNUS DA PROVA – Indevida indenização por danos morais quando não restou evidenciado o alegado assédio moral, ônus que incumbiaao reclamante (artigo 818 da CLT c/c artigo 333, inciso I, do CPC). Não se vislumbram nos autos quaisquer indícios de que tenha o autor tenha sofrido constrangimento em razão de receber salário inferior aos paradigmas indicados. Sentença que se mantém. (TRT 09ª R. – RO 1558/2008-094-09-00.0 – 4ª T. – Rel. Sérgio Murilo Rodrigues Lemos – DJe 14.05.2010 – p. 243)32 ASSÉDIO MORAL. CARACTERIZAÇÃO. O assédio moral se caracteriza por ser uma conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade psíquica, de forma repetitiva e prolongada e que expõe o trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, capazes de causar ofensa à personalidade, à dignidade ou à integridade psíquica, que tenha por efeito a ameaça do seu emprego e deteriorando o ambiente de trabalho. Para fazer jus à indenização por assédio moral o autor deve fazer prova nos autos da sua existência. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. A indenização por danos morais, embora seja arbitrada pelo juiz, deve levar em consideração alguns critérios, tais como: a posição social do ofendido, a situação econômica do ofensor, a culpa do ofensor na ocorrência do evento, iniciativas do ofensor em minimizar os efeitos do dano. Em suma, deve servir para punir o infrator e compensar a vítima. Deve ser um valor alto e suficiente para garantir a punição do infrator, com o fito de inibi-lo a praticar atos da mesma natureza, cujo caráter é
32 Acesso ao site HTTP://www.trt9.jus.br, em 03/02/2012 às 21h42min.
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educativo, mas não a tal ponto capaz de justificar enriquecimento sem causa do ofendido. (TRT 23ª Região – RO 00448.2005.022.23.00-8 – Relator Desembargador Osmair Couto – DJ/MT nº 7281 – Publicação 19.12.2005 – Circulação 20.12.2005 (3ª f), p. 17)33
Deste modo, para que o magistrado entenda que realmente houve a
prática do Assédio Moral dentro do ambiente laboral, será necessário a demonstração de
forma inequívoca que o assediador quis de alguma forma atingir a vítima, devendo o
assediado no desenrolar da conduta agressiva guardar todas as provas que entenda
necessárias, tais como bilhetes, cartas, anotações, e-mails, gravações de conversas, vídeos
entre outros para a demonstração da situação alegada.
Cumpre ressaltar ainda que, as gravações feitas pela vítima, que
venham a demonstrar as agressões e ofensas sofridas por esta, não configuram a ilicitude da
prova, não podendo a mesma ser considerada desonesta.
Assim sendo, cabe a vítima do assédio moral a tarefa mais árdua, ou
seja, a comprovação dos fatos alegados por ela em sua inicial. Não bastando apenas ela ter
sido vítima, fazendo-se necessário que a mesma traga um conjunto probatório que
demonstre a autoria e materialidade do fato alegado, mesmo sabendo que tal comprovação
na maioria das vezes é muito complicada face o local que ocorrem.
3.2 SANÇÕES PARA A PRÁTICA DO ASSÉDIO MORAL
No que abarca as sanções a serem aplicadas com a ocorrência do
Assédio Moral, algumas considerações merecem serem feitas.
Primeiramente devemos mencionar a precursora a regulamentar tal
matéria, no caso a Noruega, haja vista que em 1977 a mesma proibiu a prática do assédio
moral através de seu ordenamento jurídico pátrio, de uma forma bem evoluída para época.
33 Acesso ao site http://www.trt23.jus.br/index2.asp, em 03/04/2012 às 14h03min.
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Com o passar dos anos, tal assunto veio crescendo paulatinamente,
de modo que em 2002 foi a vez da França tratar de uma maneira mais específica o tema
abordado, só que dessa vez o referido país modificou seu código adequando-o as situações
novas no ambiente de trabalho com intuito de proteger o trabalhador.
No que diz respeito as mudanças trazidas pela França, há de se
destacar que a mesma além de punir a prática do assédio moral na esfera trabalhista,
também castigou o assediador no campo criminal, condenando o agressor a um ano de
prisão e multa de quinze euros.
De outro giro, embora o assédio moral esteja constantemente
presente nos ambientes de trabalho, no Brasil a prática de tal fato ainda não possui uma
legislação solidificada conforme demonstra a bibliografia utilizada, o que contudo não
signifique dizer que os Tribunais estejam despreparados para entregar a prestação
jurisdicional as partes envolvidas, fato este justificado, pois os referidos Conselhos
utilizam-se de normas estaduais e municipais de forma subsidiária para dirimir os conflitos.
Como é de notório conhecimento, o artigo 8° da CLT, permite aos
operadores do direito, na ausência de legislação específica, a utilização de forma subsidiária
de uma das fontes do direito, no caso em tela a analogia, com o objetivo de ver o contenda
solucionada.
Art. 8º: As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse coletivo.34
Face ao exposto, o fato da legislação esta em construção não
significa que o Poder Judiciário não esteja solucionando tais conflitos, pelo contrário, o
34 LEX: Coletânea de legislação. Vade Mecum. 9ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010, p. 875.
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mesmo tem conseguido de forma satisfatória entregar a prestação jurisdicional quando
solicitado. xxvii.
Analisemos algumas jurisprudências sobre o referido tema:
Data de Publicação: 01-02-2010 Órgão Julgador: Quarta Turma Tema: ASSÉDIO MORAL - INDENIZAÇÃO Relator: Júlio Bernardo do Carmo Revisor: Antônio Álvares da Silva RO 0186300-77.2008.5.03.0100 EMENTA: ASSÉDIO MORAL - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. O direito à indenização por danos morais requer a configuração do efetivo dano, da conduta antijurídica do agente, do nexo causal entre o dano e o ato ilícito e da culpa do agente. Tratando-se de pedido de indenização por danos morais fundamentado na alegação da prática de assédio moral por parte do empregador, importante ressaltar algumas observações sobre o que pode ser considerado como assédio moral. A jurisprudência tem entendido que o assédio moral é a reiterada perseguição a alguém, devendo haver por parte do empregador o ânimo de depreciar a imagem e o conceito do empregado perante si próprio e seus pares, fazendo diminuir a auto-estima do mesmo. Trata-se, em verdade, de uma conduta do empregador direcionada a um indivíduo. A doutrina conceitua o assédio moral nos seguintes termos: "(...) Juridicamente, pode ser considerado como um abuso emocional no local de trabalho, de forma maliciosa, não-sexual e não-racial, com o fim de afastar o empregado das relações profissionais, através de boatos, intimidações, humilhações, descrédito e isolamento. Mais sinteticamente, o ...”35 Data de Publicação: 25-03-2006 Órgão Julgador: Terceira Turma Tema: ASSÉDIO MORAL - CARACTERIZAÇÃO Relator: Lucilde D'Ajuda Lyra de Almeida Revisor: Convocado Antônio Gomes de Vasconcelos RO 01021.2005.104.03.00-2 EMENTA: ASSÉDIO MORAL. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. Segundo a psicanalista francesa, Marie-France Hirigoyen, no seu livro "Assédio Moral", publicado pela editora Bertrand, o assédio dessa natureza "define-se como toda conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando o seu emprego ou degradando o clima de trabalho". E quanto aos meios empregados, esclarece a Juíza Martha Halfeld Furtado de Mendonça Schimidt, no seu artigo "O Assédio Moral no Direito do Trabalho", que "o empregado que sofre assédio é objeto de condutas abusivas, manifestadas por comportamentos, palavras, atos, gestos ou escritos repetidos, os quais podem agredir sua personalidade, sua dignidade ou sua integridade física ou moral, degradando o clima
35 Acesso ao site HTTP://www.trt3.jus.br, acesso em 03/02/2012 às 21h38min.
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social..." (Revista da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica, n. 2, Novembro de 2003, págs. 115/116). No caso dos autos, é indubitável que o reclamante foi vítima de assédio moral, caracterizado pela submissão, no ambiente de traba..”.36
A proteção assegurada ao trabalhador pode ser verificada em vários
segmentos da legislação pátria, partindo de nossa Carta Magna, da Consolidação das Leis
do Trabalho, Leis estaduais e municipais, entre outras fontes.
Conforme observa o excelente advogado trabalhista Luiz Salvador,
o art. 483 da CLT, permite ao trabalhador postular perante a justiça do trabalho
indenizações correspondentes aos danos por ele experimentado no decorrer da sua
prestação de serviço para a empresa.
Vale dizer que, a reparação por danos morais visa amenizar a dor e
o sofrimento conhecido pela vítima, não podendo se mensurar um valor específico a ser
pago ao assediado, pois cada pessoa reage de uma forma diferente na ocorrência deste fato.
Diante da dificuldade encontrada para comprovar as agressões
sofridas no ambiente de trabalho, tendo em vista a clandestinidade e obscuridade que
ocorrem, muitos assediados permanecem calados ante a dificuldade de comprovação dos
fatos alegados, o que acaba contribuindo para o cenário de impunidades dentro do ambiente
organizacional.
Nessa mesma linha de pensamento, o assediador poderá ser punido
sob três searas diferentes, a saber: a sanção civil patrimonial, a sanção trabalhista e por
último a responsabilidade criminal. Analisemos cada sanção aplicada de forma particular.
36 Acesso ao site HTTP://www.trt3.jus.br, acesso em 03/02/2012 às 21h38min.
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3.3 – SANÇÕES NA ESFERA CIVIL
Como é sabido, o constrangimento a qual as vitimas foram
submetidas são de difícil reparação para elas, dada a gravidade das ofensas e mal gerados
em sua vida profissional e pessoal, porém isso não significa sua impossibilidade. Tal
problema esta relacionado a dificuldade de se mensurar a dor e o sofrimento suportado por
ela.
Mostra-se indiscutível o cabimento da indenização em razão de
danos morais, dado as ofensas e constrangimentos experimentados pelas vítimas no caso
vertente.
O dano moral visa amenizar os sofrimentos gerados aos assediados,
de modo que a sua finalidade não é a simples indenização de sentimentos ou sofrimentos,
mas sim a criação de um meio para que as vítimas se recuperem. Se o dinheiro não pode
pagar diretamente a dor, pode indiretamente contribuir para amenizá-la. Em outros termos, a
reparação por Dano Moral visa colocar à disposição do ofendido, através da indenização,
um meio de satisfação obtida no fato de saber que tal soma pode amenizar a amargura da
ofensa e de qualquer maneira o desejo de vingança.
Porém, o fundamento da reparação não deve ser atrelado
exclusivamente à idéia de compensação, ou seja, substituir a tristeza pela alegria, mas
também punir o infrator desestimulando-o a agir sem observar o dever de cuidado
necessário.
Quanto à prova do Dano Moral, esta não pode ser feita através dos
mesmos meios utilizados para a comprovação do dano material, posto que seria impossível
exigir que a vítima comprovasse sua dor, tristeza ou humilhação por meio de depoimentos,
documentos ou perícias. Assim, tal dano estaria implícito na própria ofensa, ou seja,
decorreria da própria gravidade do ilícito.
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Vale ressaltar, ainda, que a insignificância de uma indenização
ínfima nenhum efeito pode ocasionar aos agressores, tornando inócuo o real espírito da
sanção civil, que é fazer com que o causador do dano moral sinta financeiramente as
conseqüências da sua conduta culposa.
No mesmo diapasão, o dano causado a vitima além de ser reparado
pelo agressor, também deverá ser reparado pela empresa, pois de acordo com o
ordenamento jurídico pátrio, a companhia possui responsabilidade civil objetiva pelos atos
praticados por seus empregados.
Todavia, após o empregador ser condenado e efetivar o pagamento
devido a vítima, poderá este ajuizar uma ação regressiva contra o funcionário causador das
ofensas, de modo a ter seus valores pagos ressarcidos. Nesse sentido cabe destacar o
disposto no art. 462 da CLT e art. 934 do CC de 2002, in verbis:
Art. 462. Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. (GRIFO NOSSO)
§ 1º. Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado."37
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.38
Embora muito se discuta sobre a responsabilidade do empregador
pela prática de agressões e ofensas por seus empregados, tal assunto já foi pacificado e
concluiu-se que a responsabilidade do empregador nesses casos e objetiva, diferentemente
do que antes era entendido pela súmula 341 do Supremo Tribunal Federal.39
Nesse sentindo:
37 LEX: Coletânea de legislação. Vade Mecum. 9ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010, p. 911. 38 LEX: Coletânea de legislação. Vade Mecum. 9ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010, p. 213. 39 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 341 do STF: “É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”.
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Data de Publicação: 28-05-2009 Órgão Julgador: Quarta Turma Tema: ASSÉDIO MORAL - RESPONSABILIDADE Relator: Luiz Otávio Linhares Renault Revisor: Júlio Bernardo do Carmo EMENTA: ASSÉDIO MORAL - RESPONSABILIDADE DA EMPRESA - INDENIZAÇÃO JUSTRABALHISTA - RESPEITO À DIGNIDADE, À HONRA, À MORAL E À SAÚDE DO TRABALHADOR - A identificação do assédio moral nas relações de trabalho constitui tarefa extremamente delicada, revestida que é a sua tipificação de ingredientes de natureza jurídica e de ordem psicológica. De qualquer maneira, necessário se torna que a dignidade do trabalhador seja violada por condutas abusivas desenvolvidas dentro do ambiente profissional, durante a jornada de trabalho e no exercício das funções. Conceitualmente, o assédio moral caracteriza-se, via de regra, quando um empregado sofre perseguição no ambiente de trabalho, provocando-lhe uma espécie de psico-terror, desestruturando-o emocionalmente. Obviamente que o assédio moral pode se configurar de várias formas dentro do ambiente de trabalho, inclusive entre colegas do mesmo nível. Todavia, o terrorismo psicológico mais frequente é aquele denominado de assédio descendente ou vertical, pautado pelo abuso do poder empregatício, diretamente ou pelo superior hierárquico. Por se tratar de um instituto novo, com sua tipificação ainda em aberto, i... ’’40
3.4 – SANÇÕES NA ESFERA TRABALHISTA
No que tange as sanções trabalhistas, as conseqüências geradas pela
prática do assédio moral é curta e direta, ou seja, dá procedência ao término do contrato de
trabalho por justa causa, de modo que o empregado sai da empresa somente com algumas
verbas rescisórias que faz jus, sem, contudo ter direito a outros benefícios, tais como o
auxílio desemprego, o saque do FGTS, entre outros.
Ainda no campo trabalhista, faz-se necessário destacar o disposto
no art. 483 da CLT, in verbis:
Artigo 483, CLT - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;
40 Acesso ao site HTTP://www.trt3.jus.br, acesso em 03/02/2012 às 21h38min.
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c) correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g) o empregador reduzir seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a continuação do serviço. 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho. 3º - Nas hipóteses das letras d e g, poderá o empregado pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até o final da decisão do processo.41
O referido dispositivo não deixa de ser uma forma de repressão
legal ao assédio moral, uma vez que o empregado vítima desse delito no ambiente
organizacional poderá face a conduta faltosa do empregador requerer a despedida indireta,
que nada mais é que a justa causa dada pelo empregado ao empregador.
Diferentemente do art. 483 da CLT, o art. 482, alínea “j” do
referido diploma legal permite ao assediado requerer a extinção do contrato de trabalho por
justa causa do assediador quando este for seu colega de trabalho, ou seja, não existe
hierarquia entre eles.
3.5 – SANÇÕES NA ESFERA CRIMINAL
Além das conseqüências geradas nas duas esferas jurídicas
anteriormente citadas, podemos também observar uma responsabilização criminal, desde
que as ofensas praticadas pelo assediador estejam enquadradas na previsão legal tipificada
no art. 136-A do Código Penal, in verbis:
Art. 136-A. Depreciar, de qualquer forma e reiteradamente a imagem ou o desempenho de servidor público ou empregado, em razão de subordinação hierárquica funcional ou laboral, sem justa
41 LEX: Coletânea de legislação. Vade Mecum. 9ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010, p. 914.
48
causa, ou tratá - lo com rigor excessivo, colo cando em risco ou afetando sua saúde física ou psíquica.Pena - detenção de um a dois anos.42
Além do caso mencionado, devemos destacar também outros
artigos do Código Penal Brasileiro que dependendo do caso concreto podem ser utilizados
durante a instrução processual, são eles:
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Pena – reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997).43 Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa. Aumento de pena § 1º As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. § 2º Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. § 3º Não se compreendem na disposição deste artigo: I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; II – a coação exercida para impedir suicídio.44 Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.45
Diante disso, pode-se chegar a conclusão que em regra, nos crimes
contra a honra a Ação é penal privada, porém existem quatro exceções, sendo elas: crime
de ação penal púbica condicionada requisição do ministro da justiça contra o Presidente ou
Chefe do governo estrangeiro; Ação penal pública incondicionada se a injúria for real e
42 LEX: Coletânea de legislação. Vade Mecum. 9ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010, p. 556. 43 LEX: Coletânea de legislação. Vade Mecum. 9ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010, p. 557. 44 LEX: Coletânea de legislação. Vade Mecum. 9ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010, p.557. 45 LEX: Coletânea de legislação. Vade Mecum. 9ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2010, p. 557.
49
causar lesão corporal; Ação penal pública condicionada à representação se o crime for
praticado contra funcionário público, e nos termos do verbete sumular 714 do STF, pode
ser também Ação penal privada, pois neste caso a legitimidade é concorrente com o
Ministério Público; e se for injúria racial será Ação penal pública condicionada à
representação.
3.6 POLÍTICAS DE PREVENÇÃO E PROGRAMAS DE AJUDA
Conforme já foi amplamente discutido neste trabalho monográfico,
a prática do assédio moral no ambiente de trabalho influencia diretamente o ambiente
organizacional trazendo conseqüência não só na vida profissional e pessoal da vítima, como
também para a própria empresa, haja vista que tal fenômeno traz consigo efeitos negativos.
Assim, diante dessa situação cada vez mais rotineira nos ambientes
laborais, faz-se necessário que as empresas, no caso as maiores interessadas, pois a
ocorrência desse delito geram prejuízos diversos para a atividade produtiva, tomar medidas
preventivas que visem prevenir a prática desse fenômeno em sua organização, contudo cabe
destacar que somente 0,2% das empresas possuem política contra o assédio moral.
Caso ocorra a situação fática citada, podemos elencar como
medidas preventivas: vasta e constante divulgação do tema, de modo que seja através de
divulgações e reuniões que se possa alertar para a conseqüência gerada pelo assédio moral,
lembrando sempre que a prática desse crime pode acarretar reparações civis, trabalhistas e
criminais; a criação de ouvidoria dentro da empresa a fim de que os empregados possam
relatar as condições que estão sendo submetidos no trabalho, suas insatisfações e propostas
para contribuir com a melhoria do ambiente organizacional; a criação de um código de ética
para que todos os funcionários saibam que determinados atos não são aceitos no ambiente
laboral, inclusive impondo sanções pela prática deste; constantes incentivos para que o
assediado denuncie os abusos sofridos, para que assim a empresa possa tomar
conhecimento das ocorrências e possa ajudá-lo; instalação de órgãos capazes de averiguar
50
criteriosamente as denúncias recebidas pela ouvidoria; fornecer o custeio dos tratamentos
necessários para que a vítima do assédio possam se incluir novamente no ambiente de
trabalho, entre outras medidas.
Ainda no que diz respeito aas medidas de prevenção, as mesmas são
vistas de um ponto econômico muito lucrativo, pois os gastos com as precauções e coerções
são fixas, em contrapartida o valor dos prejuízos decorrentes deste ato são imensuráveis,
pois cada indivíduo poderá pleitear na justiça o que achar conveniente face aos danos
sofridos.
No mesmo sentido, cumpre destacar a pesquisa realizada pela
estudiosa Marie-France, que por meio de seus estudos observou que somente 35% das
vítimas procuraram um advogado e que apenas 18% dos casos são solucionados; dos 32%
que procuraram a fiscalização do trabalho, 10% dos casos são resolvidos; dos 65% que
procuraram um médico, 42% dos casos foram resolvidos; e 52% que procuraram um
psiquiatra, 42% foram resolvidos.46
Quanto ao sujeito passivo do crime, já foi demonstrado que alguns
perfis chamam mais atenção do assediador, porém independentemente do perfil da vítima
estas deverão resistir não permitindo que tais situações degradantes continuem sendo
realizadas.
Oportuno lembrar que o medo e o silêncio são conseqüências desse
crime e, só contribuem para sua permanência nos ambientes organizacionais, por isso faz-se
necessário que as empresas desenvolvam programas de ajuda e contribuam de forma
constante na punição dos agressores, sejam através de demissões ou denúncias feitas aos
órgãos competentes.
46 HIRIGOYEN, Marie-France. Mal-Estar no Trabalho: Redefinindo o Assédio Moral. 1ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005, p. 320.
51
Face a prática reiterada desse crime nas organizações, a
necessidade da divulgação se fez necessário, e cada dia mais se tem notícias sobre casos
espalhados por todos os cantos do Brasil.
Corroborando com essa tese, algumas matérias merecem destaque,
a saber:
JORNAL DA GLOBO - edição do dia 03/04/2009. Trabalhador sofre assédio moral no interior de São Paulo
O Ministério Público do Trabalho confirmou no interior de São Paulo um caso de assédio moral, envolvendo humilhações impostas a um trabalhador.
As imagens são do Ministério Público. O Ferramenteiro, José Nascimento Souza está sentado sobre um latão de lixo. "Me tiraram o banco, não me dão uniforme, não me dão nada", diz José Nascimento. O funcionário que trabalha em uma fábrica de materiais elétricos, no interior de São Paulo, conta que os constrangimentos começaram há oito meses, quando um dos chefes se desligou da empresa. José acredita que o novo responsável pela firma não confiava nele e passou a humilhá-lo. "Meu chefe queria que eu pedisse demissão e abrisse mão dos meus direitos." Como Jose é integrante da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes tem direito a estabilidade no emprego por dois anos. O funcionário passava até nove horas em pé, e para o descanso resolveu improvisar. "Você ficar o dia inteiro sentado em cima de uma lata e seus companheiros passando e vendo você naquela humilhação é complicado", conta.
A versão da empresa é outra. "Existe assento, mas se ele prefere sentar dessa forma é questão dele", afirma Moacir Macedo, advogado da empresa. "O funcionário que não cumpre a meta é colocado às vezes em situação vexatória ou é preterido. Isso existe e é verificado mais na indústria", explica a procuradora do trabalho, Alvamari Tebet.
José vai ficar afastado do trabalho, com direito a salário e todos os benefícios, até a conclusão do processo. "Estou simplesmente sendo humilhado aqui". 47
12/02/2009 Assédio moral - Debatido no Encontro do Cone Sul
Assédio moral é debatido no Encontro do Cone Sul durante o Fórum Social Mundial
47 Acesso ao site http://associacao.reagir.zip.net/, em 21/01/2012, às 17:23.
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Trabalhadores da Argentina e Uruguai disseram que a prática também é comum em seus países. Para especialista, a causa está na organização do trabalho baseada em relações hierárquicas e não democráticas
O assédio moral foi um dos temas debatidos no Encontro dos Trabalhadores do Judiciário do Cone Sul, que ocorreu durante o Fórum Social Mundial, em Belém – PA, na quarta-feira, dia 28. O debate contou com a participação de Terezinha dos Santos Souza, professora da Universidade do Recôncavo da Bahia e Doutora em Psicologia Social. A mesa também teve a participação do coordenador da Fenajufe Cláudio Klein e de trabalhadores do Judiciário do Uruguai e da Argentina: Sergio Nuñez, representante da Associação dos Funcionários do Judiciário do Uruguai – AFJU, e Rafael Rubio, da Federação Judicial Argentina - FJA. Terezinha explicou por que esse tipo de violência ocorre, já os servidores relataram como os casos de assédio estão presentes no dia-a-dia dos trabalhadores do Judiciário.
O encontro aconteceu no TRE do Pará, e contou com a participação de servidores de vários estados do país. Os representantes das diferentes regiões e países revelaram que a prática de assédio moral ocorre de forma similar em todos os lugares. Para Terezinha, é preocupante que, mesmo crescente, as pessoas se acostumem com esse tipo de violência e evitem debatê-la. "O trabalho é o que nos mantêm vivos enquanto espécie humana, não podemos aceitar naturalmente que o assédio moral continue deixando pessoas doentes". A prática, segundo ela, vem aterrorizando os trabalhadores. Na iniciativa privada, o trabalhador é demitido, no serviço público, ele muitas vezes convive com o problema por anos ou é transferido para lugares distantes. Com a crise econômica atual, ela acredita que os casos de assédio moral no trabalho tendem a crescer.
Segundo Terezinha, o assédio moral nos locais de trabalho está relacionado com o poder: "O assédio nasce na concepção de que alguém detém o poder sobre o trabalho do outro". Por isso, ela sugeriu que a forma de distribuição do poder não deveria ser discricionária. Alguns servidores apontaram que os critérios utilizados para a distribuição das Funções Comissionadas e falta de um plano de carreira estimulam o assédio nos locais de trabalho.
A saída para o trabalhador, de acordo com Terezinha, é a organização e a solidariedade. "Em cada lugar o poder tem uma cara", disse. Para ela, a prática só acabará quando as relações de trabalho entre os seres humanos não forem baseadas na exploração.
Resposta coletiva
Os trabalhadores que compunham a mesa destacaram que tanto as causas do assédio, como as conseqüências para a vítima são comuns nos três países. "A problemática é praticamente igual, por isso temos que trocar nossas experiências concretas", afirmou Rafael. Ele acredita que o combate ao assédio moral nos locais de
53
trabalho é tão importante quanto lutar por melhores salários e condições de trabalho.
A busca por produtividade crescente, na opinião de Sergio, "leva o trabalhador a deixar de exercer a função social que ele deveria cumprir". Para ele, a relação de subordinação em si já é violenta e, somada ao critério da produtividade, provoca conseqüências terríveis para o trabalhador. Klein lembrou ainda que o assédio está relacionado ao autoritarismo presente na instituição, onde não há espaço para debate.
Klein destacou que os casos de assédio não podem ser encarados como questões individuais. "Quando há um colega passando por uma situação de assédio, o problema não é só dele". Ele acredita que o assédio só diminuirá se todos se solidarizarem e compara o combate às campanhas antitabagismo. "Hoje não fumamos mais em lugares públicos. Mas isso só foi possível porque as pessoas que se incomodavam cobraram isso".48
Empresa é condenada por assédio moral a trabalhador
A 7° Turma do TRT3 reformou sentença que condenava o superior direto de um trabalhador por assédio moral devido ao que o TRT3 caracterizou como conduta abusiva, de natureza psicológica, exercida por representante da empregadora. A Turma determinou o pagamento de R$ 7,5 mil pelos danos causados.
No caso, o reclamante sofreu um acidente provocado pela aplicação de medicação endovenosa, tendo ficado com um pedaço da agulha retido na veia, o que desencadeou na vítima um processo de trombose venosa profunda.
Segundo os autos, após o retorno do trabalhador, o supervisor passou a fazer constantes mudanças de função com o intuito de desestabilizar o reclamante para que pedisse demissão, sempre delegando-lhe tarefas que exigiam muito esforço físico, o que chegou a provocar a abertura da cirurgia no braço atingido. Quando o reclamante indagou seu supervisor a finalidade das constantes mudanças de função, incompatíveis com a sua condição física, este respondeu que o reclamante era um inútil e que não prestava mais serventia para a empresa.
O relator do recurso, desembargador Paulo Roberto de Castro ressaltou ainda que o perito garantiu que o conjunto de fatores vivenciados no trabalho desencadeou o quadro depressivo do reclamante, razão pela qual a Turma decidiu que ele faz jus à reparação pelo dano moral sofrido.
48 Acesso ao site http://associacao.reagir.zip.net/, em 21/01/2012, as 17:23.
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A indenização por danos morais não tem a pretensão de substituir o sofrimento, o constrangimento e a dor moral, posto que impagáveis, concluiu o magistrado.49
Diante das repercussões trazidas pelo exercício reiterado do delito
em tela, algumas vítimas se organizaram e oferecerão programas de ajuda em sites e, nestes
locais contam as experiências vivenciadas e as maneiras encontradas para se libertarem
dessa situação.
É o caso do Grupo Reagir – Cerest Amparo - São Paulo, que
através de reuniões periódicas, tratam do problema em questão de maneira aberta,
incentivando as vítimas a tomarem uma atitude perante a situação apresentada.
Outro grupo que também contribuí de forma fantástica para o
combate e prevenção do Assédio Moral nas empresas é o Grupo de Apoio às Vítimas de
Assédio Moral – GAVAM do Distrito Federal.
Ao mesmo tempo, merece destaque também a Associação de
Apoio aos trabalhadores Vítimas de Assédio Moral no Estado do Ceará – REAGIR, que foi
fundado a partir de 12 funcionários que sofreram esse tipo de agressão dentro da empresa
que trabalhavam, e que a parir disso se organizaram e criaram um grupo de ajuda as
vítimas.
Portanto, independente do local em que você se encontre o correto
a se fazer no caso da incidência deste fato dentro da empresa, é procurar de imediato uma
ouvidoria para que você possa expor suas insatisfações perante a empresa, de modo que a
empresa possa punir o agressor ou fazer denúncias diretamente aos órgãos competentes,
devendo sempre ser lembrado, que caso seja necessário e de acordo com a gravidade do
fato, a vítima poderá inclusive pleitear seus direitos perante a Justiça do Trabalho, além de
punir o agressor na esfera criminal.
49 Acesso ao site http://associacao.reagir.zip.net/, em 21/01/2012, as 17:23.
55
CONCLUSÃO
Somente a partir da uma abordagem histórica sobre a origem do
Direito do Trabalho, foi possível compreender o surgimento do Assédio Moral nas relações
laborais.
O Assédio Moral pode ser entendido como toda tentativa periódica
feita pelo empregador ou por seus funcionários direta ou indiretamente, sob o plano vertical
ou horizontal, que venha a agredir a dignidade da pessoa humana através de humilhações e
constrangimentos, ferindo a integridade física e psíquica deste, além de gerar prejuízos para
a empresa.
Através das pesquisas realizadas observou-se que esse fenômeno
tido como jovem, na verdade trata-se de um fato que tende a acompanhar o
desenvolvimento da sociedade no decorrer dos anos. Porém, somente no século passado
ganhou mais evidência, tendo em vista os constantes estudos realizados.
Frisa-se que na relação de trabalho, o assédio moral na maioria das
vezes é suportado pelo empregado devido sua hipossuficiência na relação e sua apreensão
em perder seu emprego.
Cumpre destacar que o presente fenômeno pode se apresentar
através de três modalidades, sendo elas o assédio moral vertical, que é o praticado por
pessoas de níveis hierárquicos diferentes; o assédio moral horizontal que é aquele
perpetrado por funcionários do mesmo nível, sem que haja o uma subordinação entre eles e,
por derradeiro o assédio moral misto, caracterizado pela vítima sofrer ofensas de todos os
lados, ou seja, tanto do superior hierárquico quanto do seu colega de profissão.
No que tange à figura do sujeito ativo do crime, estes em sua
maioria são figuras tiranas, de modo a ostentarem o cargo que ocupam e gostarem de
exibir-se diante de outros funcionários. Em contrapartida, o assediado é uma pessoa que
busca sempre ser gentil e atender a todos, sendo a vítima em potencial aquela que leva ao
agressor a sensação de sentir-se ameaçado.
56
Posto isto, as conseqüências trazidas pelo assédio moral são as
piores possíveis, haja vista que gera efeitos na vida profissional do trabalhador, pois este
acredita ser incapaz de realizar determinadas tarefas, transportando para si a culpa das
humilhações sofridas. Na vida pessoal, o trabalhador adquire doenças sujeitando-os a
tratamentos médicos, além de ocasionar prejuízos a empresa, pois acabam refletindo
diretamente em sua produtividade.
De acordo com a bibliografia utilizada, conclui-se que as vítimas
são as mais variadas possíveis, merecendo destaque à mulher, pois são as que sofrem as
piores humilhações, além de destacarmos os trabalhadores que se diferenciam da maioria,
por sua preferência sexual, raça ou por serem portadores de deficiência.
Outro ponto que fez jus a ser tratado nesta pesquisa acadêmica diz
respeito a diferenciaçãoentre o Assédio Moral e o Assédio Sexual, pois embora se
assemelhem, não se confundem face a individualidade e particularidade de cada um.
No que diz respeito ao ônus da prova, para que o assediado tenha
seu pedido de indenização reconhecido pela Justiça do Trabalho, faz-se necessário que este
através de elementos comprobatórios demonstre à ocorrência do fato, devendo ser
observada a regra contida no art. 818 da CLT c/c 333 do CPC.
No que abarca as sanções aplicadas ao assediador, este poderá ser
punido sob três searas diferentes, no caso a sanção civil, pois é indiscutível o cabimento da
indenização em razão de danos morais, dado as ofensas e constrangimentos experimentados
pela vítima no caso vertente, visando amenizar os sofrimentos gerados aos assediados; a
sanção trabalhista que gera o término do contrato de trabalho por justa causa e, por último a
sanção criminal que ocasiona uma responsabilidade criminal, desde que as ofensas
praticadas pelo assediador estejam tipificadas no art. 136-A do Código Penal.
Assim, diante dessa situação cada vez mais rotineira nos ambientes
laborais, faz-se necessário que as empresas adotem medidas preventivas que visem prevenir
a prática desse fenômeno em sua organização, seja através de palestras ou reuniões, para
que assim possam evitar futuros problemas no ambiente organizacional.
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Diante do exposto, cabe aos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, uma maior preocupação e fiscalização com a matéria tratada, de modo que se
crie uma legislação que coíba a prática desse crime, desmotivando aqueles que insistem em
praticá-los, punindo-os com sanções adequadas e eficientes.
Portanto, embora o mundo esteja em constante evolução e esse
fenômeno esteja cada vez mais presente, faz-se necessário que seja instituído em todos os
lugares que envolvam uma sociedade de pessoas, programas que informem sobre a ilicitude
de determinados atos perante outras pessoas, pois somente através da educação será
possível proteger e alertar os indivíduos sobre esse crime tão antigo e silencioso.
58
BIBLIOGRAFIA
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59
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Acesso ao site http://www.trt17.gov.br/portal, Acesso em 04/02/2012 às 22h47min.
61
ÍNDICE
RESUMO ...................................................................................................................................4
METODOLOGIA .....................................................................................................................5
SUMÁRIO .................................................................................................................................6
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................7
CAPÍTULO I
ASSÉDIO MORAL
1.1 – Evolução Histórica do Direito do Trabalho .....................................................................10
1.2 - Definição de Relação de Emprego e Contrato e Trabalho ...............................................13
1.3 - Conceito de Assédio Moral ..............................................................................................15
1.4 - Classificação do Assédio Moral .......................................................................................24
CAPÍTULO II
CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL E SUA IDENTIFICAÇÃO
2.1 - A figura do Assediador .....................................................................................................26
2.2 – A figura do Assediado .....................................................................................................28
2.3 – Conseqüências do Assédio Moral na vida profissional e pessoal do
trabalhador.................................................................................................................................30
2.4 – O trabalhador que mais sofre com o Assédio Moral ........................................................33
2.5 – Distinção entre Assédio Moral e Assédio Sexual ............................................................36
CAPÍTULO III
PREVISÃO LEGAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO E O ÔNUS DA
PROVA NO ASSÉDIO MORAL
3.1 – O Ônus da Prova no Assédio Moral ................................................................................37
3.2 – Sanções para a prática do Assédio Moral ........................................................................41
3.3 – Sanções na Esfera Civil ...................................................................................................44
3.4 - Sanções na Esfera Trabalhista .........................................................................................46
62
3.5 – Sanções na Esfera Criminal .............................................................................................48
3.6 – Políticas de Prevenção e Programas de Ajuda .................................................................49
CONCLUSÃO .........................................................................................................................55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................58