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1 4º Comité Técnico Especializado de Finanças, Assuntos Monetários, Planificação Económica e Integração Reunião de Peritos 9 - 11 de Março de 2020 Acra, Gana Eco/STC/MAEPI(IV)/EXP/11 APOIO DO MAAP AOS ESTADOS-MEMBROS NO DOMÍNIO DAS AGÊNCIAS DE NOTAÇÃO DE RISCOS DE CRÉDITO INTERNACIONAIS AFRICAN UNION UNION AFRICAINE UNIÃO AFRICANA

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4º Comité Técnico Especializado de Finanças, Assuntos Monetários, Planificação Económica e Integração Reunião de Peritos 9 - 11 de Março de 2020 Acra, Gana

Eco/STC/MAEPI(IV)/EXP/11

APOIO DO MAAP AOS ESTADOS-MEMBROS NO DOMÍNIO DAS AGÊNCIAS DE NOTAÇÃO DE RISCOS DE CRÉDITO INTERNACIONAIS

AFRICAN UNION

UNION AFRICAINE

UNIÃO AFRICANA

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Apoio do MAAP aos Estados-Membros no Domínio das

Agências de Notação de Riscos de Crédito Internacionais

Documentos Técnicos para a 4.ª Reunião do Comité Técnico Especializado (CTE) de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração

Acra (Gana)

9 – 14 de Março de 2020

Data de Submissão: Janeiro de 2020

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LISTA DE DOCUMENTOS 1. Resolução da 3.ª Reunião do CTE sobre o Apoio aos Estados-Membros no Domínio das ICRA 2. Nota Conceptual e Roteiro 3. Política-Quadro sobre o Apoio aos Estados-Membros da UA no Domínio das ICRA 4. Termos de Referência para o Estudo de Viabilidade da Criação de uma Agência de Notação de

Riscos de Crédito Africana 5. Declaração sobre a Proposta do MAAP de Lema da Conferência da UA para 2021

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PREÂMBULO O Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares (MAAP) participou na 3.ª Reunião do Comité Técnico Especializado (CTE) de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração e apresentou a Iniciativa da União Africana (UA) relativa ao apoio do MAAP aos Estados-Membros no domínio das Agências de Notação de Riscos de Crédito Internacionais (ICRA). A apresentação foi feita em conformidade com a decisão da Conferência com a Ref.ª Assembly/AU/Dec.631 (XXVIII), adoptada na sua 28.ª Sessão Ordinária realizada em Janeiro de 2017, em Adis Abeba, orientando o MAAP no sentido de apoiar os Estados-Membros no domínio das agências de notação. A 3.ª Reunião do CTE aprovou as seguintes resoluções:

i. solicitar o MAAP e a CUA no sentido de formularem uma proposta concreta sobre o apoio a prestar aos Estados-Membros no domínio das agências de notação de riscos de crédito internacionais (ICRA) e realizarem um estudo de viabilidade sobre a criação de uma agência de notação de riscos de crédito africana, a ser apresentada à Quarta Reunião do CTE de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração; e

ii. solicitar igualmente a CUA para apresentar a proposta de Lema da Cimeira da UA de 2021 ao Comité Ministerial sobre a Agenda 2063, entidade mandatada para apreciar os lemas anuais.

É neste contexto que o MAAP submete os documentos técnicos para a 4.ª Reunião do CTE agendada para ter lugar de 9 a 14 de Março de 2020, em Acra, no Gana.

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NOTA CONCEPTUAL

1. Introdução

Nos últimos dez anos, testemunhámos um aumento significativo do número de governos africanos a solicitar avaliações dos riscos de crédito soberano junto das três agências de notação de riscos de crédito internacionais (ICRA) para poderem ter acesso aos mercados de capitais mundiais. Os objectivos principais são fortalecer os mercados de capital locais, mobilizar capital para o financiamento de projectos de infra-estruturas públicas, atrair mais investimento directo estrangeiro e apoiar o sector privado em termos de acesso ao mercado de capitais mundial. O valor dos títulos denominados em moeda estrangeira emitidos por ano pelos governos africanos subiu de US$ 2 mil milhões, em 2009, para cerca de US$ 27,1 mil milhões em 2018. Até ao presente, dez países africanos com o maior volume em termos de valor de empréstimos contraídos em moeda estrangeira mediante a emissão de títulos de dívida pública devem, no total, US$ 113,5 mil milhões em “euro-obrigações” vencidas. Até 31 de Dezembro de 2018, 21 países africanos tinham emitido "euro-obrigações" para apoiar os orçamentos estatais e financiar o investimento em infra-estruturas. O relatório da African Capital Market Watch, de 2018, aponta que cerca de 38% do fluxo de capital para os mercados africanos ocorre através de instrumentos de dívida soberana. Actualmente, 32 países africanos têm notações soberanas atribuídas por, pelo menos, uma das três (ou todas as) agências de notação internacionais. Porém, além do Botswana, Egipto, Líbia, Marrocos, Maurícias, Namíbia, África do Sul e Tunísia, a todos os restantes países africanos foi atribuída uma primeira notação soberana de nível de sub-investimento, ou seja, nível de insignificância (“junk status”). Dos oito países que receberam uma notação soberana inicial de investimento, apenas quatro, nomeadamente Botswana, Marrocos, Maurícias e África do Sul (apenas com a Moody's), conseguiram mantê-la até ao presente. Os dados históricos mostram que nenhum país africano conseguiu quebrar a barreira para sair da situação de junk status e passar para o grau de investimento. De um modo geral, as perspectivas de notação têm sido 'negativas' para a maioria dos países africanos, indicando que as suas notações de risco de crédito são susceptíveis de serem diminuídas. Na totalidade, registaram-se 52 actividades de rebaixamento em comparação com apenas 25 subidas na notação e 123 mudanças negativas nas perspectivas comparativamente a apenas 23 mudanças positivas nas perspectivas.

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2. Desafios Enfrentados pelos Estados-Membros da UA com as ICRA

Estudos feitos por Olabisi and Stein (2015)1 and Pretorius and Botha (2017)2 apresentaram evidência

que questiona a coerência e a aplicação de forma justa dos indicadores de risco tanto qualitativos como quantitativos na determinação da notação de crédito soberano dos países africanos. Os modelos de notação de crédito têm coeficientes altos nas variáveis fiscais e institucionais qualitativas tais como eficácia na governação, primazia da lei, controlo da corrupção, credibilidade das políticas, risco político, risco de vulnerabilidade externa e eficácia das políticas. Este critério de avaliação desvaloriza o poderio económico e o potencial de crescimento incorporados nas economias africanas porquanto está inclinado para o pressuposto de que os governos africanos são politicamente vulneráveis, ineficazes e ineficientes na gestão das dívidas soberanas. A crítica dos analistas aponta que a análise feita para a notação de crédito soberano faz pouca ou nenhuma distinção entre os desafios administrativos e políticos dos países africanos e a capacidade dos respectivos governos de pagar as suas dívidas soberanas. Estes factores qualitativos são julgados exclusivamente com base na inclinação ideológica do principal analista do crédito, de quem todo o processo depende, o que põe em causa a sua exactidão e objectividade. Ademais, as ICRA têm sido criticadas por demonstrarem subjectividade e parcialidade ao atribuir notações soberanas bastante distintas a países com indicadores macroeconómicos relativamente semelhantes. Por exemplo, as agências atribuíram uma melhor notação soberana a países afectadas por situações de crise na Europa (Grécia, Portugal e Itália), mesmo durante períodos de crise, mas apresentam justificações para as suas reservas em subir a notação dos países africanos com taxas de crescimento mais rápidas, cujas economias estão a registar um bom desempenho (Etiópia, Cote d'lvoire, Ruanda e Senegal). Até ao presente, nenhum país africano viu a sua notação subir da situação de insignificância ('junk status') para o grau de investimento, apesar dos seus níveis de crescimento económico serem relativamente elevados e das suas potencialidades económicas a longo prazo, que as ICRA consideram níveis de crescimento frágeis. Em comparação com a situação política e socioeconómica prevalecente em outros países com características semelhantes noutros continentes, o indicador de fragilidade do Estado aplicado no contexto africano é contestável. Além da elevada taxa de crescimento económico, da melhoria do ambiente social, do fortalecimento financeiro e da industrialização que se registaram ao longo da última década, a notação de 'junk status'

1 Olabisi, M. and Stein, H., 2015. Sovereign bond issues: Do African countries pay more to borrow?. Journal of African Trade, 2(1-2), pp.87-109. 2 Pretorius, M. and Botha, I., 2017. The Determinants of Sovereign Credit Ratings in Africa: A Regional Perspective. In Advances in Applied Economic Research (pp. 549-563).

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atribuída aos países africanos é contestável pelas seguintes razões. Em primeiro lugar, há um grande volume de empréstimos bonificados concedidos aos países africanos que não são sujeitos à notação de risco de crédito e os credores estão dispostos a comprometer o seu capital por períodos alargados de entre 20 e 30 anos. Em segundo lugar, os "junk bonds" são classificados como de alto risco e especulativos, sendo, por isso, difíceis de vender. Mas, quase todos os títulos soberanos emitidos a longo prazo por países africanos registam, muitas vezes, uma procura excessiva. Finalmente, os gestores de fundos internacionais estão constantemente a desenhar gráficos com curvas de alto rendimento para os governos africanos emitirem obrigações de dívida soberana com períodos de maturidade e acordos diferenciados. Estes compromissos e interesses são prova de que a fiabilidade creditícia da maioria dos Estados africanos pode não ser tão altamente especulativa como é retratada pelas ICRA. Vários governos africanos têm emitido, em ocasiões diferentes, declarações manifestando a sua insatisfação com o desvio das agências de notação de crédito dos seus processos de notação científicos. Em Fevereiro de 2014, o governo nigeriano recorreu contra a decisão da Standard and Poor de colocar a Nigéria no chamado "credit watch" com a intenção de baixar o nível de notação do país, desconsiderando a evolução macroeconómica positiva alcançada desde a última notação atribuída ao país. Em Setembro de 2015, o governo da Zâmbia fez uma declaração a contestar a correcção do rebaixamento não solicitado da notação do país atribuída pela Moody's sem que o Governo da Zâmbia fosse consultado. O acto de notação também não reflectia a taxa de crescimento económico de 5% registada no terceiro trimestre. Em Agosto de 2017, o Governo da Namíbia emitiu uma declaração contestando a correcção da decisão da Moody's de baixar a notação de crédito do país, do grau de investimento para “junk status”, sem qualquer consulta com representantes do Estado. O Governo da Namíbia acreditava firmemente que a mudança significativa da notação era prematura e especulativa e que devia ter sido precedida de uma avaliação e consultas profundas com as suas autoridades, no lugar de depender da “avaliação bibliográfica” feita pela agência de notação. Em Março de 2018, o Governo da Tanzânia publicou um comunicado criticando a decisão da Moody's de impor uma visão negativa sobre o país na primeira notação de crédito internacional feita sem consultas com representantes do governo para discutir quaisquer questões que ela poderia ter tido durante a avaliação.

3. Resolução dos Desafios Enfrentados ao Lidar com as ICRA

Depois de notar o número de governos africanos que enfrentam desafios em lidar com as agências de notação, a 28.ª Sessão Ordinária da Conferência dos Chefes de Estado da União Africana, realizada em

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Janeiro de 2017, em Adis Abeba, na Etiópia, adoptou a Decisão Assembly/AU/Dec.631 (XXVIII), que orienta o Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares (MAAP) para prestar apoio aos seus Estados-Membros no domínio das ICRA. Na execução da decisão da Conferência da UA, o MAAP pretende realizar uma série de reuniões e consultas com peritos, onde várias opções, recomendações e propostas serão consideradas, incluindo o seguinte: a) Formulação de uma política-quadro para servir de linha de orientação na prestação de apoio aos

países africanos no domínio das ICRA. b) Criação de um gabinete de estudos e consultoria para prestar apoio aos países africanos no domínio

das ICRA. c) Estabelecimento de pontos de referência de indicadores de notação de crédito. d) Estabelecimento de um quadro regulador que sirva para supervisionar as actividades das ICRA no

continente. e) Criação de uma agência de notação pan-africana. Pretende-se que, através de consultas com organismos continentais e internacionais, o MAAP conceba mecanismos práticos para ajudar os países africanos a fazer face aos desafios que enfrentam no seu relacionamento com as ICRA.

4. Roteiro de Implementação A seguir se apresenta a proposta de roteiro para a implementação da Decisão acima referida, em colaboração com os seguintes parceiros e partes interessadas: a) Associação dos Bancos Centrais Africanos; b) Comité dos Pontos Focais do MAAP; c) Órgãos de decisão sobre políticas da UA; Conselho Executivo e CRP; d) Bancos de Fomento Internacionais; e) Comité Técnico Especializado de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração; f) Intervenientes no Sector de Notação de Crédito.

CALENDÁRIO

N.º ACTIVIDADE PROCESSO SITUAÇÃO/ DATAS PROVÁVEIS RESPONSABILIDADE

1. Reunião do Comité Ad-hoc Interino, em Joanesburgo, África do Sul (1)

Interpretação da Decisão e Definição do Roteiro

Concluído (2-3 de Dezembro de

2018) MAAP

2. Reunião do Comité Ad-hoc Interino, em Pretória, África do Sul (2)

Formulação de TdR e Apreciação do Projecto de

Política-Quadro Concluído

(1 de Março de 2019) MAAP

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3. 3.ª Reunião do Comité Técnico Especializado da União Africana, em Yaoundé, Camarões

Apreciação e Recomendação do Roteiro

Concluído (4 - 8 de Março de

2019) MAAP e CTE

4. Primeira Reunião do Comité Ad-hoc, em Joanesburgo, África do Sul

Adopção dos Termos de Referência e da Política-

Quadro

Concluído (7 - 8 de Junho de

2019) MAAP

5. Consultas com a Associação dos Bancos Centrais Africanos (AACB), em Kigali, Ruanda

Consultas e Validação da Proposta de Política-

Quadro Concluído

(11 de Julho de 2019) MAAP

6. Apresentação da Política-Quadro na Reunião dos Pontos Focais

Apresentação da Política-Quadro, para Tomar Nota

Concluído (11 de Agosto de

2019) MAAP

7. Consultas Internacionais em África, Europa e Rússia

Consultas com as Partes Interessadas a Nível Nacional, Regional e

Internacional

Em Curso (Março de 2020) MAAP

8. Reunião Conjunta de Consulta entre o Comité Ad-hoc e os Estados-Membros, em Adis Abeba, Etiópia

Validação da Proposta de Política-Quadro Abril de 2020

MAAP: Departamento de Assuntos

Económicos da CUA

9.

Apresentação do Projecto de Política-Quadro à 4.ª Reunião do Comité Técnico Especializado de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração, em Acra, Gana

Recomendação Março de 2020 MAAP, CTE

10. Apresentação do Projecto de Política-Quadro Revisto ao Painel do MAAP

Apreciação e Recomendação Abril de 2020 MAAP, Painel do

MAAP

11. Apresentação do Projecto de Política-Quadro Revisto aos Pontos Focais Apreciação e Orientação Maio de 2020 MAAP, Comité dos

Pontos Focais

12. Apresentação da Política-Quadro ao Comité de Representantes Permanentes (CRP), em Adis Abeba, Etiópia

Aprovação e Recomendação Junho de 2020

MAAP, CRP, Departamento de

Assuntos Económicos da CUA

13. Apresentação da Política-Quadro à 34.ª Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da UA, para Decisão, em Adis Abeba, Etiópia

Decisão Fevereiro de 2021 MAAP, CRP,

Departamento de Assuntos Económicos

da CUA

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APOIO DO MECANISMO AFRICANO DE AVALIAÇÃO PELOS PARES AOS ESTADOS-

MEMBROS DA UNIÃO AFRICANA EM MATÉRIA DE AGÊNCIAS DE NOTAÇÃO DE CRÉDITO

PROJECTO DE POLÍTICA-QUADRO

2019

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ÍNDICE

I. LISTA DE ACRÓNIMOS………………………………………………………………………………………….11 II. CONTEXTO ................................................................................................................................ 13

III FINALIDADE E OBJECTIVOS ..................................................................................................... 15

IV. PRINCÍPIOS QUE ALICERÇAM O QUADRO ................................................................................ 16

V. MECANISMOS OPERACIONAIS E DE SUPERVISÃO ................................................................... 18

VI. RECURSOS E FINANCIAMENTO ................................................................................................ 24

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LISTA DE ACRÓNIMOS

BCA Banco Central Africano

ACBF Fundação Africana de Reforço de Capacidades

BAD Banco Africano de Desenvolvimento

BAI Banco Africano de Investimento

FMA Fundo Monetário Africano

AAP Avaliação Africana pelos Pares

MAAP Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares

ARC Capacidade Africana de Risco

UA União Africana

CRA Agência de Notação de Riscos de Crédito

ESMA Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados

ICRA Agência de Notação de Crédito Internacional

IOSCO Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários

OSAA Gabinete do Conselheiro Especial sobre África

CRP Comité de Representantes Permanentes

CER Comunidade Económica Regional

CVM Comissão de Valores Mobiliários

CTE Comité Técnico Especializado

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

UNECA Comissão Económica das Nações Unidas para África

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I. CONTEXTO

1. A Política-Quadro (doravante designada "o Quadro") define o âmbito e os mecanismos para a prestação de apoio aos Estados-Membros (“soberanos”) da União Africana ("UA") na sua interacção com as Agências de Notação de Crédito ("CRA") internacionais. O Quadro serve de guião para apoiar os Estados-Membros da UA: (i) a prepararem-se para a sua avaliação para a notação de crédito; (ii) a assegurar a realização de um trabalho de avaliação criterioso e sistemático para a notação de crédito; e (iii) a gerir o processo de recurso depois da notação e a implementar as recomendações. Os mecanismos de apoio visam assegurar que sejam aplicados consistentemente métodos científicos de avaliação de riscos na classificação dos Estados-Membros da UA. Por conseguinte, o mecanismo fornece ferramentas para avaliar e gerir as práticas das CRA relativamente aos aspectos institucionais, fiscais, económicos e políticos dos Estados-Membros da UA.

2. A 4.ª Assembleia Geral do Fórum de Antigos de Estado e de Governo Africanos - Fórum África, realizada em 2 e 3 de Abril de 2016, em Adis Abeba, na Etiópia, propôs que o MAAP explorasse a possibilidade de desempenhar um papel fundamental na busca de resolução do desafio enfrentado na actuação das Agências de Notação de Crédito Internacionais ("ICRA") em África. O Fórum reuniu para discutir a agenda de desenvolvimento de África, sob o lema "Fortalecimento da governação dos recursos minerais e do combate à saída ilegal de recursos do continente para a implementação efectiva da Agenda 2063, o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e a prossecução da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável".

3. O MAAP foi estabelecido pela União Africana em 2003, no âmbito da implementação da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), e é uma entidade autónoma da UA, sendo um instrumento mutuamente acordado, ao qual os Estados-Membros da UA aderem voluntariamente como mecanismo de auto-monitorização da boa governação. O MAAP tem o mandato de garantir que as políticas e as práticas dos Estados participantes se conformem com os valores, os códigos e as normas de governação política, económica e corporativa acordados e alcancem os objectivos de desenvolvimento socioeconómico acordados mutuamente contidos na Declaração sobre Democracia e Governação Política, Económica e Corporativa.

4. O apoio do MAAP aos Estados-Membros no domínio das agências de notação foi discutido mais profundamente e aprovado pelo 25.º Fórum dos Chefes de Estado e de Governo do Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares ("Fórum"), realizado em Agosto de 2016, em Nairóbi, na República do Quénia. Posteriormente, foi incorporado no Plano Estratégico do MAAP (2016-2020), que também foi adoptado pelo 25.º Fórum do MAAP.

5. Através da Decisão Assembly/AU/Dec. 631 (XXVII), adoptada na sua 28.ª Sessão Ordinária realizada em Janeiro de 2017, em Adis Abeba, a Conferência dos Chefes de Estado da UA orienta o

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“MAAP [para] prestar apoio3 aos Estados-Membros4 no domínio das Agências de Notação5”.

6. O Conselho Executivo da UA aprovou a recomendação do Comité de Representantes Permanentes ("CRP") e do Subcomité de Orçamento, Finanças e Administração de dotar uma verba orçamental para o MAAP operacionalizar a Decisão Assembly/AU/Dec. 631 (XXVII) sobre o apoio do MAAP aos Estados-Membros no domínio das agências de notação.

7. Invocando a Decisão da Conferência com a Ref.ª Assembly/AU/Dec. 631 (XXVII), o Secretariado do MAAP apresentou a sua proposta de mecanismos para apoiar os Estados-Membros no domínio das agências de notação à 3.ª Reunião do Comité Técnico Especializado ("CTE") de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração realizada a 7 e 8 de Março de 2019, em Yaoundé, nos Camarões. O CTE Ministerial adoptou a Declaração resultante da apreciação das propostas do MAAP e outros pontos da ordem do dia. A Declaração Ministerial solicitava o MAAP e a Comissão da União Africana (“CUA”) no sentido de formularem uma proposta concreta6 sobre o apoio a prestar aos Estados-Membros no domínio das agências de notação de riscos de crédito internacionais (ICRA) e realizarem um estudo de viabilidade7 sobre a criação de uma agência de notação africana e apresentar os resultados à 4.ª Reunião do CTE de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração”.

8. Por conseguinte, o Quadro está em conformidade com os objectivos consagrados no artigo 3.º do Acto Constitutivo da UA, que estatui que “são objectivos da União (i) criar as condições necessárias que permitam ao Continente desempenhar o papel que lhe compete na economia mundial e nas negociações internacionais; (ii) promover o desenvolvimento duradoiro nos planos económico, social e cultural, assim como a integração das economias africanas; e (iii) coordenar e harmonizar as políticas entre as Comunidades Económicas Regionais existentes e futuras [as "CER”] para a realização gradual dos objectivos da União".

3 No presente documento, o termo "apoio do MAAP" refere-se a qualquer programa executado a curto, médio e longo prazo destinado a satisfazer as necessidades dos Estados-Membros no domínio do acesso a capital, ao investimento e a aconselhamento em matéria de política económica, para assegurar que as notações sejam o reflexo verdadeiro e justo da situação prevalecente nos Estados-Membro avaliados. Nos termos definidos nos mecanismos operativos e de fiscalização do Quadro, este apoio deve incluir: (i) prestar assessoria técnica e em matéria de políticas, a pedido de um Estado-Membro, na fase preparatória do processo de avaliação, na altura da avaliação e na fase posterior à notação; (ii) realizar estudos temáticos e operacionais para fundamentarem as políticas; e (iii) facilitar a interacção dos Estados-Membros com várias plataformas internacionais sobre a matéria. 4 No presente Quadro, "Estados-Membros" significa os Estados soberanos que ratificaram ou aderiram ao Acto Constitutivo da União Africana a tornaram-se Estados-Membros da União Africana.

5 “Agência de Notação” significa qualquer instituição cuja actividade inclui a atribuição de notações de crédito e a emissão de pareceres sobre a fiabilidade creditícia de (i) um Estado-Membro soberano, (ii) a segurança financeira, valores mobiliários ou instrumento financeiro, utilizando um sistema de classificação de categorias de notação estabelecido e definido. 6 Na Declaração da 3.ª Reunião do CTE de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração, o termo “proposta concreta” refere-se à solicitação feita para o MAAP apresentar um projecto de política-quadro sobre o apoio do MAAP aos Estados-Membros no domínio das CRA à 4.ª Reunião do CTE, cujas componentes estão definidas no presente documento. 7 O termo "estudo de viabilidade" refere-se a uma avaliação realizada pelo MAAP para examinar e determinar o mérito e demérito do estabelecimento pela UA de uma Agência de Notação de Riscos de Crédito Africana.

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9. Fundamentalmente, o Quadro contribui para a realização bem-sucedida da 1.ª Aspiração da Agenda 2063: "uma África próspera baseada no crescimento inclusivo e [no] desenvolvimento sustentável"; da 4.ª Meta: "economias transformada através de um crescimento económico sustentável e inclusivo, diversificação e resiliência económica"; da 2.ª Aspiração: "um continente integrado, politicamente unido, baseado nos ideais do Pan-africanismo e na visão do Renascimento Africano"; da 9.ª Meta: "instituições financeiras e monetárias criadas e funcionais".

10. O Quadro também está alinhado à 7.ª Aspiração da Agenda 2063: "uma África como um actor e parceiro global forte, unido, resiliente e influente"; a Meta de 20: "África assume a responsabilidade total pelo financiamento do seu desenvolvimento", através do mercado de capitais africano, das receitas do sistema fiscal e do sector público, e da ajuda ao desenvolvimento. O Quadro constitui um passo importante para acelerar a integração e o desenvolvimento socioeconómico continental, através da mobilização de recursos e da gestão do sector financeiro em prol da melhoria do acesso aos mercados financeiros internacionais.

11. O Quadro é coerente com outros programas da UA e as futuras instituições financeiras especializadas da União Africana, nomeadamente Banco Africano de Investimento ("BAI"), Fundo Monetário Africano ("FMA") e Banco Central Africano ("BCA"), que fazem uma grande referência às notações de crédito, para facilitar o comércio e criar capacidade nos Estados-Membros para terem acesso a capital, e integrar o continente com os mercados financeiros mundiais. Além disso, o Quadro está alinhado com o Tratado de 1991, que estabelece a Comunidade Económica Africana ("AEC"), e o Acordo de 2012 sobre o estabelecimento da Agência de Capacidade Africana de Risco ("ARC"), para melhorar a capacidade dos Estados-Membros para um melhor planeamento.

12. O Quadro complementa outros órgãos reguladores de CRA continentais e internacionais como a Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários ("IOSCO"), que estabeleceu colégios de supervisores das ICRA para servirem de mecanismos de colaboração entre várias instituições de supervisão para promover a partilha de informação, a consulta e a cooperação, a fim de fortalecer a capacidade de avaliação de riscos das CRA activas a nível internacional e apoiar a supervisão eficaz dessas CRA.

II. FINALIDADE E OBJECTIVOS

13. A finalidade do Quadro é fornecer orientação política sobre mecanismos estratégicos e operacionais para assegurar a aplicação consistente de métodos científicos de avaliação de riscos na caracterização da fiabilidade creditícia dos Estados-Membros. Os mecanismos fornecem ferramentas para apoiar os Estados-Membros na fase preparatória que antecede a notação, facilitar a realização de uma avaliação sistemática para a atribuição da notação de crédito, gerir os processos de recurso depois da atribuição da notação de crédito e facilitar a implementação das recomendações admissíveis para promover a convergência da política continental.

14. Para o alcance deste fim, são objectivos desta Política-Quadro: a) sensibilizar vários sectores sobre o impacto e as implicações das notações de crédito soberano sobre

as instituições e os instrumentos internos classificados;

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b) apoiar os Estados-Membros na realização de análises de impacto periódicos nos domínios financeiro, político, económico e social;

c) preparar uma equipa de ligação para os Estados-Membros disponibilizarem dados confiáveis para serem usados pelas CRA para evitar que façam estimativas que prejudicam as avaliações dos riscos de crédito dos Estados-Membros;

d) apoiar os Estados-Membros nos processos de análise e avaliação das notações atribuídas pelas CRA e do seu impacto, através da produção de pareceres independentes;

e) facilitar a articulação e o estabelecimento da arquitectura para a gestão e a regulação das CRA, através das instituições existentes;

f) estabelecer uma rede de peritos e profissionais para melhorar a partilha das melhores práticas em matéria de notações internacionais de crédito soberano;

g) criar um ambiente operacional que promova a concorrência, a eficiência, a correcção e a transparência;

h) harmonizar a regulação do sector de notação de risco de crédito no continente; i) prestar apoio técnico e operacional aos governos na implementação de recomendações admissíveis; j) prestar apoio técnico aos Estados-Membros no estabelecimento de um ambiente regulador para o

licenciamento e fiscalização de CRA que operam na jurisdição do Estado-Membro.

III. PRINCÍPIOS QUE ALICERÇAM O QUADRO

15. A singularidade do continente africano é demonstrada pela sua diversidade nos domínios político, económico, cultural e social. Assim, a estrutura política, macroeconómica e socioeconómica dos Estado-Membros difere de um país para o outro. Por isso, é importante que as agências de notação adoptem uma abordagem baseada no contexto na classificação das obrigações financeiras soberanas africanas, pelo que o Quadro fornece uma plataforma para garantir que as avaliações dos Estados-Membros sejam o reflexo verdadeiro e justo da situação prevalecente na sua jurisdição.

16. Sem pôr em causa a objectividade para efeitos de comparabilidade, há um imperativo correspondente de definir características fundamentais que sirvam de alicerce para a responsabilização e o controlo das CRA em África. Estas constituem as normas e os padrões mínimos fundamentais que fundamentam as intervenções em todas as actividades e programas do Quadro. Existem cinco princípios que sustentam o Quadro: garantir a liderança africana, promover uma ampla apropriação nacional e local, abrangência, assegurar a uniformidade e a coerência dos esforços, e transparência e credibilidade na consolidação da expansão económica. Cada componente está imbuída em cada aspecto do Quadro.

17. Liderança africana: este princípio tem os seguintes pilares: a) a implementação das actividades preconizadas no Quadro deve ser guiada pelas definições dadas

e percepções dos africanos sobre as suas próprias necessidades e aspirações. Por conseguinte, como entidade autónoma da UA, com mandato para prestar apoio aos Estados-Membros no domínio das agências de notação de risco, o MAAP deve proporcionar liderança e assegurar a fiscalização estratégica da implementação do Quadro, incluindo a definição dos termos de interacção de todos os actores envolvidos no continente;

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b) a implementação das actividades previstas no Quadro também deve dar primazia à consulta com, e a utilização de, agências especializadas e organismos regionais africanos, assim como a capacidade técnica africana existente aos níveis local, nacional, regional e continental;

c) o Quadro deve ser tomado e usado como um instrumento para reforçar a capacidade financeira dos Estados-Membros mutuários em todo o continente africano.

18. Ampla apropriação nacional e local: este princípio tem os seguintes pilares: a) o Quadro deve atrair o interesse central em todos os níveis porquanto é uma forma de reforçar a

capacidade e acesso a recursos financeiros. Para que tenha êxito na sua implementação, o MAAP deve promover a apropriação local de todos os aspectos de execução, aferição, acompanhamento e avaliação;

b) as instituições financeiras nacionais e privadas devem trabalhar em conjunto no apoio em prol da prossecução das prioridades definidas no processo do Quadro e prossegui-las de modo a contribuir para o êxito das políticas estatais;

c) cada Estado-Membro é beneficiário das actividades previstas no Quadro e deve assumir a propriedade dos programas e participar activamente na sua concepção e na concretização do apoio que precisa.

19. Abrangência: este princípio tem os seguintes pilares: a) deve haver uma ligação orgânica entre todas as partes envolvidas na implementação dos

mecanismos contemplados no Quadro, o MAAP e outros órgãos e agências da UA relevantes, para evitar a exclusão, que é uma potencial causa da falta de eficiência, empenho e eficácia de novos programas;

b) todas as actividades contempladas no Quadro devem ter como base os princípios da equidade e da troca justa, que são elementos fundamentais para garantir o sucesso da sua implementação;

c) as actividades e os processos previstos no Quadro devem ser livres de quaisquer disparidades preferenciais e devem incorporar e reflectir o tratamento equitativo de todas as partes interessadas;

d) devem ser feitos esforços especiais para promover a igualdade entre homens e mulheres e a participação das mulheres em todos os processos de implementação.

20. Uniformidade e coerência dos esforços: os pilares deste princípio são: a) todas as actividades previstas no Quadro devem ser precedidas de uma definição clara do papel e

das responsabilidades dos actores envolvidos para assegurar a responsabilização e a eficácia; b) assegurar a coordenação dos actores e das actividades, para assegurar a aplicação ideal dos

recursos, aumentar a eficiência e melhorar a oportunidade das respostas; c) aumentar a confiança entre os diferentes actores locais, nacionais e internacionais envolvidos,

através da promoção da transparência, das consultas e da troca de informação; d) coerência com quadros de outras instituições financeiras da AU estipuladas no artigo 19.º do Acto

Constitutivo da União Africana.

21. Transparência e credibilidade: os pilares deste princípio são: a) dado que todos os esforços contemplados no Quadro devem ter como objectivo "a atribuição de uma

notação correcta e justa" aos Estados-Membros, as actividades nele preconizadas devem procurar edificar e fortalecer a capacidade nacional e local em matéria de processo de avaliação para

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assegurar a caracterização correcta do risco de crédito dos Estados-Membros, a fim de reduzir o custo do crédito e melhorar o desenvolvimento económico continental;

b) todas as actividades previstas no Quadro devem destinar-se ao reforço da capacidade das entidades africanas emitentes de obrigações financeiras soberanas para apoiar o desenvolvimento nacional;

c) as actividades preconizadas no Quadro devem ser levadas a cabo por técnicos locais, mas onde a capacidade técnica local é inadequada, pode-se recorrer à capacidade africana existente a nível regional e continental, assim como na diáspora.

IV. MECANISMOS OPERACIONAIS E DE SUPERVISÃO

22. O Quadro prevê seis áreas principais de apoio do MAAP aos Estados-Membros, nomeadamente: preparação para o exercício de avaliação para efeitos de notação de risco de crédito; facilitação da realização de uma avaliação sistemática para a atribuição da notação de crédito; gestão dos processos de recurso depois da atribuição da notação de crédito; alinhamento da política nacional às recomendações feitas na notação de crédito; realização de análises de impacto; avaliação da correcção da notação de crédito; e regulação das actividades das CRA. Prevê-se ainda que os mecanismos de apoio se debrucem sobre outros desafios enfrentados pelos Estados-Membros em relação às CRA tais como as recomendações prescritivas sobre políticas, ênfase dos factores de risco soberano orientados para as políticas, agressão selectiva, ignorância das potencialidades económicas, inclinação metodológica e falta de responsabilização.

23. Os mecanismos de apoio previstos no Quadro visam fornecer aos Estados-Membros as perspectivas, os conselhos e as ferramentas necessários para servirem de suporte na interacção com sucesso com as CRA nas seguintes áreas temáticas e da actualidade: gestão e sustentabilidade da dívida soberana, estabilidade do sistema financeiro, governação económica e outras áreas de gestão macroeconómica.

24. Na implementação a Decisão Assembly/AU/Dec. 631 (XXVII), sobre o apoio aos Estados-Membros no domínio das agências de notação, o MAAP deve criar e utilizar os seguintes mecanismos de apoio aos Estados-Membros:

25. Missões de Apoio Técnico: o MAAP deve realizar missões de apoio técnico aos Estados-Membros para apoiar e preparar os governos para vários processos de avaliação do MAAP. Outrossim, estas missões também servir para preparar os Estados-Membros para os serviços de notação e elaborar planos e acordos sobre o apoio a prestar aos países na realização de avaliações direccionadas em determinadas áreas de notação do risco de crédito. Assim, o âmbito das missões de apoio deve ser ampliado para incluir missões especiais específicas para sensibilizar e mobilizar as várias partes interessadas que lidam com as agências de notação de risco e interagir com instituições públicas e privadas directamente responsáveis pela realização do exercício de avaliação.

26. As reuniões de consulta sobre a notação de risco de crédito são cruciais para ajudar as negociações com as CRA e para a sua decisão final sobre o grau de notação soberana a atribuir a um Estado-Membro. As missões devem compilar todos os principais factores de risco essenciais que

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capacitem um Estado-Membro em matéria de negociação para melhorar a sua notação actual ou evitar actividades de avaliação negativas. Juntamente com os representantes do governo do Estado-Membro, as missões de apoio do MAAP devem colaborar activamente com as agências de notação, em nome e em conjunto com o governo, apresentando propostas de notação de crédito positivas para reforçar a capacidade de diálogo e cooperação do governo com as agências de notação.

27. Estudos Nacionais e Continentais: o MAAP deve realizar avaliações sobre a governação, fazendo o acompanhamento das actividades e dos estudos feitos em áreas temáticas previstas encomendados pela UA e pelos Estados-Membros e nos termos determinados pelo Secretariado. O MAAP deve efectuar estudos aos níveis nacional e continental, em colaboração com instituições de pesquisa técnica, grupos de reflexão e parceiros estratégicos. De igual modo, o MAAP deve coordenar a realização de estudos operacionais e temáticos sobre a notação de crédito. O MAAP deve avaliar a correcção e a justeza das notações atribuídas aos países africanos gerando perfis nacionais a partir da análise dos dados recolhidos, para apoiar as equipas de ligação das agências de notação dos Estados-Membros em termos de garantir que as notações emitidas sejam o reflexo verdadeiro do perfil de crédito dos países classificados.

28. A coerência das políticas e dos sistemas continua a ser um resultado-chave do apoio a prestar aos Estados-Membros. No domínio das CRA, o MAAP deve, por isso, realizar estudos para apoiar os processos de alinhamento das políticas depois da notação. O Quadro também deve orientar o processo de concepção e realização dos estudos estipulados nas suas áreas temáticas, encomendados pela UA e pelos Estados-Membros e conforme determinado pelo Secretariado, sobre a viabilidade da criação de instituições continentais pan-africanas sob a forma de autoridade reguladora, mecanismo de apoio técnico, gabinete de estudos e assessoria, agência pan-africana de notação de crédito ou qualquer outro tipo de instituição considerado apropriado. O MAAP deve coordenar esses estudos, através de um mecanismo alargado de consulta com os seus parceiros estratégicos, agências multilaterais e instituições financeiras continentais e internacionais, bem como com instituições relevantes de outras regiões.

29. Um dos principais resultados do mecanismo de realização de estudos nacionais e continentais será a produção de um relatório anual do desempenho na interacção com as CRA em África. Os relatórios anuais devem visar a optimização das notações de crédito, a classificação do desempenho das notações de risco de crédito nos Estados-Membros, a qualidade das recomendações sobre políticas, a definição de indicadores de referência dos perfis-padrão de risco de crédito dos Estados-Membros na escala de notação das economias emergentes, a validação do grau de correcção da notação conforme determinado pela comparação cruzada entre regiões, as recomendações sobre a forma como os Estados-Membros podem melhorar a subida ou evitar a descida na sua actual notação de risco de crédito.

30. O Relatório Anual de Desempenho no Domínio das ICRA em África também deve apresentar recomendações aos Estados soberanos sobre a melhor combinação de notação de crédito, indicando a necessidade de envolver certas agências de notação de crédito e a respectiva fundamentação.

31. Consórcio de Instituições Técnicas Especializadas Independentes ("ISTI"): o MAAP reconhece o imperativo da credibilidade nos mercados de capitais mundiais, a existência no continente de várias instituições técnicas especializadas idóneas e de capacidade humana qualificada em matéria

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de ICRA. Por conseguinte, o MAAP deverá coordenar um mecanismo centralizado destinado a juntar, mediante contrato, as principais instituições especializadas idóneas para efectuarem análises e produzirem pareceres independentes específicos dentro dos parâmetros estabelecidos no Quadro. As ISTI devem ser instituições bem estabelecidas, com credibilidade e um histórico respeitável de operação na respectiva área de competência para o MAAP alavancar a transferência do conhecimento enquanto edifica a sua capacidade interna.

32. O MAAP e outras agências da UA devem assegurar a fiscalização das actividades do consórcio, definindo as balizas dentro das quais deve operar. O consórcio deve compreender instituições técnicas independentes especializadas nas seguintes áreas: abordagens metodológicas abrangentes das CRA, escala de notação, índices do mercado de endividamento, qualidade das notações de crédito, risco de incumprimento no reembolso do crédito, formação para a capacitação dos Estados-Membros, negociação e comunicação, implementação de políticas, supervisão e regulação. O consórcio deve ser composto por oito membros escolhidos com base nos serviços técnicos em que são especializados, designadamente, empresa de análise de dados, organismo regulador de entidades associativas e colectivas, empresa de consultoria financeira, empresa de análise e implementação de políticas, empresa de investigação e consultoria, entidade fornecedora de índices de economias emergentes, instituto de resolução de conflitos e instituição de formação técnica.

33. Avaliações Direccionadas: o MAAP também deve realizar, a pedido dos Estados-Membros, avaliações técnicas especializadas sobre determinadas questões de governação e desenvolvimento socioeconómico. Assim, o MAAP deve efectuar avaliações direccionadas como parte do apoio estratégico prestado aos Estados-Membros que são objecto de avaliações para efeitos de notação soberana, seja mediante pedido ou não, a fim de dotar os Estados-Membros e as suas equipas de ligação com as agências de notação da informação necessária para a negociação de uma melhor notação de crédito ou uma notação de crédito mais justa.

34. As avaliações direccionadas também devem ser usadas como ferramenta para a partilha cruzada de experiências entre países, a identificação de lacunas e a oferta da capacitação necessária para promover políticas, normas e práticas que se traduzem em melhores notações de risco de crédito. Um dos principais resultados das avaliações direccionadas deve ser a produção de um relatório abrangente sobre o potencial impacto da subida ou descida no grau da notação, os objectivos estratégicos do governo, as suas notações de crédito desejadas e o grau de implementação das recomendações das notações anteriores.

35. À medida que os Estados-Membros participantes no MAAP realizam processos de avaliação de base sobre a sua governação, o processo deve integrar, essencialmente, elementos e parâmetros de fiabilidade creditícia como pano de fundo para potenciais avaliações direccionadas. Por isso, deve ser elaborado um questionário de avaliação com essa finalidade. Uma secção específica do relatório de avaliação deve apresentar conclusões de diferentes departamentos governamentais sobre os desafios enfrentados pelos Estados-Membros em matéria de notação de risco de crédito. A equipa nacional de avaliação da notação de crédito também deve elaborar um relatório especial descrevendo as questões relacionadas com o crédito que devem atrair o foco das atenções durante a avaliação efectuada pelas CRA.

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36. Colaboração em Matéria de Avaliação Comparativa e Normas Regulamentares: o MAAP desencadeia processos, juntamente com organismos regionais, continentais e internacionais, para desenvolver normas e códigos para vários domínios em matéria de política e legislação. O MAAP deve facilitar a colaboração entre os Estados-Membros e organizações internacionais de regulação de agências de notação de crédito como os colégios de supervisores das agências de notação de crédito da IOSCO e a ESMA. Os mecanismos de colaboração devem promover a partilha de informação, a consulta e a cooperação, a fim de reforçar as abordagens e as metodologias, os processos de avaliação de riscos; e apoiar a supervisão efectiva das CRA, suprir as lacunas normativas e reforçar a responsabilização das CRA.

37. Estes esforços devem incluir a avaliação comparativa dos principais indicadores de risco. A este respeito, o MAAP deve implementar um programa envolvendo diversas partes interessadas para o estabelecimento do diálogo com as CRA sobre as possibilidades de revisão das metodologias tradicionais de notação de crédito, o processo e os indicadores usados para a notação, em particular os que conferem um peso insignificante ao desempenho não-político, do sector informal e económico dos Estados-Membros. O MAAP deve convocar várias reuniões de consulta para se estudar a possibilidade de inclusão de uma escala de notação especificamente adaptada ao mercado financeiro africano como parte dos requisitos de registo nos pedidos de autorização para a notação das obrigações financeiras soberanas dos Estados-Membros.

38. Comité Ad-hoc de Peritos: um Comité Ad-hoc de Peritos criado e dirigido pelo Director Executivo do MAAP deve funcionar como plataforma de consulta e grupo de referência dos diversos mecanismos de prestação de apoio previstos no Quadro e servir de quadro de consulta sobre as conclusões e recomendações resultantes dos estudos especiais feitos pelo MAAP em apoio aos Estados-Membros no domínio das CRA. O Comité Ad-hoc deve visar alavancar e fazer uso do conhecimento existente a nível continental detido por entidades especializadas africanas como órgãos reguladores, académicos, agências de notação africanas e outros profissionais da área financeira, a fim de incentivar o intercâmbio de experiências sobre matérias no domínio das CRA. O Comité Ad-hoc também deve prestar assessoria em matéria de políticas.

39. Compete ainda ao Comité Ad-hoc de Peritos: a) validar as recomendações feitas por pesquisadores e descrever as implicações de natureza técnica

e sobre as políticas para os Estados-Membros; b) examinar e racionalizar as propostas resultantes das actividades de consulta com os Estados-

Membros e interpretar as implicações sobre as políticas dos Estados-Membros; c) fazer a avaliação dos relatórios periódicos nacionais sobre a notação de crédito soberano, analisando

o processo de avaliação para efeitos de notação e o respectivo impacto.

40. Quadro Institucional do Mecanismo: a implementação deste Quadro depende de uma gama de intervenientes e actores estatais e não-estatais que operam a nível nacional, regional, continental e internacional. Para garantir o melhor desempenho destes intervenientes no âmbito deste Quadro, são necessários mecanismos e processos de coordenação desta multiplicidade de actores e actividades, em todas as fases do Quadro, desde a avaliação das necessidades até à avaliação do impacto.

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41. Principais intervenientes nacionais: este Quadro está centrado, essencialmente, no Estado e, por conseguinte, a sua implementação com sucesso compete à liderança política e depende da capacidade dos principais actores nacionais. Os principais intervenientes nacionais devem tomar a liderança no planeamento, execução e acompanhamento de todas as actividades previstas no Quadro e estes são incentivados a:

a) formular e adoptar políticas, estratégias, mecanismos, estruturas e processos que sejam abrangentes, integrados e coerentes com os programas preconizados no Quadro;

b) promulgar legislação favorável, simplificar processos administrativos e eliminar obstáculos para permitir a implementação das actividades contempladas no Quadro;

c) apoiar a coordenação e o acompanhamento de todas as actividades contempladas no Quadro; d) assegurar a liderança no processo de determinar uma visão nacional abrangente e no esclarecimento

da divisão do trabalho, das funções e das responsabilidades dos actores envolvidos na implementação do Quadro;

e) solicitar, sempre que necessário, apoio sub-regional e regional destinado a desenvolver a capacidade de implementação do Quadro.

42. Para a execução destas responsabilidades a nível nacional, recomenda-se a tomada das seguintes medidas: a) nomeação de um ponto focal nacional do Quadro para coordenar as actividades dos intervenientes

e acompanhar a sua implementação, em consonância com as estratégias nacionais; b) criação de uma comissão interdepartamental/ministerial para implementar os programas e

actividades sectoriais previstos no Quadro; c) estabelecimento de mecanismos para assegurar a participação de todos os sectores económicos,

nomeadamente sectores privado e público, organizações da sociedade civil e outros actores nacionais e locais.

43. Principais intervenientes regionais: a implementação bem-sucedida do Quadro requer a participação activa de grupos regionais e suas instituições, a fim de se tirar partido dos recursos, mecanismos, processos e sinergias já existentes. Os principais actores a nível regional incluem as Comunidades Económicas Regionais (CER)8 e outros organismos regionais. 44. Os actores e processos regionais devem permitir a adopção de abordagens regionais para a implementação do Quadro e fornecer relatórios contínuos sobre o grau de implementação de todas as suas actividades dentro das respectivas regiões. Também devem assegurar a harmonização, a coordenação e a troca de informação sobre o Quadro com outras CER, para se estabelecer uma articulação entre os níveis nacional e continental. Devem assegurar a harmonização das políticas e da

8 União do Magrebe Árabe (UMA); Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA); Comunidade dos Estados do Sahel e Saara (CEN-SAD); Comunidade da África Oriental (EAC); Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO); Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD); e Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

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legislação relativa ao Quadro, e orientar a implementação de programas regionais e transfronteiriços concebidos no âmbito do Quadro. 45. Como forma de mecanismo regional, devem ser adoptados alguns instrumentos e directrizes regionais para a implementação do Quadro, para que sejam criados processos de coordenação específicos em apoio aos processos nacionais.

46. Principais intervenientes continentais: a AU e as suas instituições especializadas como o PRC, a Comissão da UA para os Assuntos Económicos, o CTE e outras instituições pan-africanas como o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), proporcionarão a liderança política estratégica global na implementação do Quadro. Ao fazê-lo, a UA deve agir como garante dos processos do Quadro ao nível continental e deve:

a) providenciar o quadro normativo; b) avaliar o progresso feito na implementação do Quadro nos Estados-Membros; c) mobilizar recursos e apoiar a implementação do Quadro; d) criar e gerir um banco de dados de peritos africanos especializados em vários aspectos

contemplados no Quadro; e) encorajar as CER e os Estados-Membros a apoiar a implementação do Quadro.

47. Como uma forma de mecanismo de fiscalização continental, as actividades de todos os intervenientes envolvidos na implementação da política de apoio aos Estados-Membros serão fiscalizadas por um Comité Permanente de Supervisão do Quadro. Este Comité orientará o trabalho feito no âmbito do Quadro e terá a responsabilidade final de decidir sobre uma ampla gama de actividades, incluindo a adopção de normas técnicas, pareceres, orientações e a emissão de conselhos aos Estados-Membros. O Comité Permanente de Supervisão será apoiado por diversos subcomités e grupos de trabalho com competência para lidar com questões técnicas. O MAAP e a CUA garantirão a coordenação eficaz das actividades previstas no Quadro.

48. Parceria internacional: a colaboração e a cooperação com organizações internacionais são essenciais para o sucesso da implementação do Quadro, pois garantem que os processos e os resultados sejam coerentes com as normas e as melhores práticas internacionais. Por conseguinte, as organizações internacionais serão consultadas e contactadas regularmente para colher a sua capacidade técnica, a sua experiência e os seus recursos. Esta colaboração deve ser consubstanciada na liderança e apropriação africana da agenda.

49. As principais organizações parceiras internacionais na implementação do Quadro incluirão a Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados ("ESMA"), a Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários ("IOSCO"), a Comissão de Valores Mobiliários ("CVM"), a Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA), o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional ("FMI"), o Banco Africano de Desenvolvimento (“BAD”), a Associação dos Bancos Centrais Africanos (AACB), o Banco de Compensações Internacionais (BIS) e outras instituições afins. Sempre que necessário, na implementação do Quadro serão envolvidos parceiros bilaterais e multilaterais da União Africana. Devem ser usadas diversas plataformas de diálogo, incluindo reuniões e assembleias anuais.

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50. Actores não estatais: a política também deve envolver o sector financeiro privado composto por instituições financeiras, de modo a participarem activamente nos processos e actividades contemplados no Quadro em todos os níveis, para complementar a capacidade dos actores estatais.

V. RECURSOS E FINANCIAMENTO

51. O Conselho Executivo da UA aprovou a recomendação do Comité de Representantes Permanentes (o "CRP") e do Subcomité de Orçamento, Finanças e Administração de dotar uma verba orçamental para o MAAP implementar a Decisão Assembly/AU/Dec. 631 (XXVII) sobre o apoio do MAAP aos Estados-Membros no domínio das agências de notação. 52. Garantir apoio financeiro adequado e sustentável é uma condição fundamental para a realização dos objectivos do Quadro. Para o alcance efectivo desde desiderato, recomenda-se que, sempre que necessário, o MAAP mobilize fundos adicionais para a execução das actividades previstas no Quadro.

53. O Quadro também procura desenvolver uma forte colaboração e parcerias com organismos financiadores semelhantes para angariar tanto recursos técnicos como financeiros. Deve ser mobilizado apoio especial através da celebração de acordos entre o MAAP e as suas instituições parceiras, incluindo a Fundação Africana de Reforço de Capacidades (ACBF), o BAD, a Fundação Mo Ibrahim e a UNECA.

54. O MAAP deve contratar ISTI para prestarem apoio em propostas específicas de valor, dentro dos parâmetros do Quadro. O MAAP deve atrair profissionais e capacidade técnica em matéria de notação de crédito, mediante a contratação de um consórcio de ISTI. Os profissionais e especialistas técnicos incluem, mas não se limitam a, analistas financeiros, economistas, corretores de valores mobiliários, técnicos de estatística, peritos em governação, peritos em matéria de regulação e conformidade, juristas e técnicos de tecnologias de informação. O Quadro prevê que qualquer pequena lacuna em competências do consórcio de especialistas identificada deve ser suprida mediante actividades de formação e programas de intercâmbio profissional com outros organismos internacionais semelhantes.

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Termos de Referência para a Contratação de Serviços

Denominação do Programa: Apoio aos Estados Membros da União Africana no Domínio das Agências de Notação de Crédito

Título do Contrato Estudo de Viabilidade sobre a Criação de uma Agência de Notação de Riscos de Crédito Africana (ACRA) pela União Africana.

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1. Informação Contextual Geral

Este estudo faz parte de um programa concebido e executado pelo Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares (“MAAP”), na sequência de uma solicitação feita pela União Africana (“UA”) no sentido de desenvolver uma intervenção para apoiar os Estados-Membros da União Africana no domínio das agências de notação de crédito. O objectivo do estudo é realizar uma avaliação da viabilidade económica, financeira, jurídica, política e institucional da criação de uma agência de notação de crédito africana. Neste contexto, o estudo visa determinar a legitimidade da necessidade da referida agência, a sua finalidade singular, estrutura, quadro jurídico, estratégia de marketing e capitalização, e fazer uma análise técnica completa das principais limitações e factores de sucesso. O estudo deve apresentar conclusões pertinentes para se determinar a viabilidade da criação de uma Agência de Notação de Riscos de Crédito Africana (“ACRA”).

A solicitação do estudo foi concebida pela 3.ª Reunião do Comité Técnico Especializado de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração, em Março de 2019, como parte do processo de desenvolvimento de uma política-quadro de apoio aos Estados-Membros no domínio das Agências de Notação de Crédito Internacionais ("ICRA"), em cumprimento da Decisão da Conferência da UA Assembly/AU/Dec. 631 (XXVII) e nos termos do Plano Estratégico do MAAP para 2016 - 2020 ("APRMSP"), sobre o apoio do MAAP aos Estados-Membros no domínio das agências de notação de risco.

A política-quadro é um guião para o estabelecimento e a implementação de mecanismos de apoio coordenado pelo MAAP aos Estados-membros da UA ("UA") e destina-se a garantir que os métodos aplicados na avaliação da fiabilidade creditícia dos países africanos sejam-no de forma consistente e com integridade científica. O quadro destina-se ainda a reforçar a capacidade dos Estados-Membros e responder às recomendações das agências de notação de crédito internacionais. Neste sentido, o quadro deverá, através de um programa coordenado pelo MAAP, servir para apoiar os Estados-Membros a (i) prepararem-se para a avaliação para a notação de crédito; (ii) facilitar a realização de um trabalho de avaliação sistemático para a notação de crédito; e (iii) gerir o processo de recurso depois da notação e a implementação de recomendações.

Especifica e resumidamente, são objectivos do programa:

i. sensibilizar vários sectores dos Estados-Membros sobre as implicações das notações de crédito soberano sobre as instituições e os instrumentos internos classificados;

ii. apoiar os Estados-Membros na realização de análises de impacto periódicos nos domínios financeiro, político, económico e social;

iii. preparar uma equipa de ligação para os Estados-Membros disponibilizarem dados confiáveis para serem usados pelas CRA para evitar que façam estimativas baseadas em presunções, que prejudicam as avaliações dos Estados-Membros;

iv. apoiar os Estados-Membros nos processos de análise e avaliação das notações atribuídas pelas CRA e do seu impacto, através da produção de pareceres independentes;

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v. facilitar a articulação e o estabelecimento da arquitectura para a gestão e a regulação das CRA, através das instituições existentes;

vi. estabelecer uma rede de peritos e profissionais para melhorar a partilha das melhores práticas em matéria de notações internacionais de crédito soberano;

vii. harmonizar a regulação do sector de notação de risco de crédito no continente; viii. prestar apoio técnico aos governos africanos na implementação de recomendações admissíveis da

notação; ix. prestar apoio técnico aos Estados-Membros no estabelecimento de um ambiente regulador para o

licenciamento e fiscalização de CRA que operam dentro da jurisdição do Estado-Membro.

2. Contextualização Relevante do Projecto

2.1 Análise da tendência histórica de três CRA internacionais dominantes

As Notações de Crédito Soberano ("SCR") são úteis para a previsão das situações de dificuldade económica enfrentadas por um país e informar os mercados financeiros para que possam atribuir correctamente o risco de crédito soberano. Por conseguinte, as notações de crédito soberano são uma medida do poderio económico de um país e desempenham um papel importante na promoção de uma maior transparência financeira do sector público enquanto os países soberanos procuram melhorar a sua notação de risco de crédito para reduzir os custos de empréstimos obtidos e, em última análise, da dívida externa. Globalmente, o sector de SCR é dominado por apenas três CRA, nomeadamente Standard & Poor's (“S&P") e Moody's, ambas sedeadas nos Estados Unidos, e Fitch, que tem sedes em Londres e em Nova Iorque. De acordo com o relatório de 2016 da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) dos Estados Unidos ("EUA"), até 2016, as três CRA dominantes detinham uma quota de mercado colectiva de 95%, dividida entre a S&P e a Moody's, com 40% cada, e a Fitch, com 15%.

A S&P é a mais antiga das três CRA, tendo iniciado as suas operações em 1860, quando Henry Varnum Poor publicou o seu livro intitulado History of Railroads and Canals in the United States (História das Ferrovias e Canais nos Estados Unidos), no qual ele introduziu uma abordagem estatística de medir a probabilidade de uma determinada empresa pagar as suas dívidas. Entretanto, uma outra empresa, a Standard Statistics Bureau, também foi criada em 1906 e publicou notações de risco de crédito para a dívida soberana, obrigações financeiras empresariais e obrigações financeiras municipais. Em 1941, a Standard Statistics foi fundida com a Henry Varnum Poor para formar a Standard and Poor's Corporation, que foi posteriormente adquirida, em 1966, pelo Grupo McGraw-Hill de governos, bancos centrais, autoridades nacionais de promoção de investimento e órgãos reguladores relevantes. A Standard and Poor's alargou a sua carteira de negócios para a criação de índices como S&P 500, um índice do mercado de valores bastante conhecido e utilizado para a análise de investimentos ou indicadores económicos e, actualmente, é seguido pela maioria dos analistas (Ahern & Painter 2016).

A Moody's foi fundada em 1909, por John Moody, que produziu um manual de notação com análise estatística básica e informações gerais sobre obrigações financeiras e acções de várias indústrias. Em 1914, a Moody's foi transformada em Moody's Investors Service, que também expandiu os seus negócios

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para a emissão de notações de risco de crédito para quase todos os mercados de títulos do governo dos EUA na época. Até 1970, a Moody's Investors Service se tinha transformado numa agência de notação plena que já atribuía notações às obrigações do tesouro, instrumentos comerciais e depósitos bancários do Governo dos Estados Unidos. Em 1975, a Moody's foi reconhecida pela CVM como Organização de Notação Estatística Reconhecida a Nível Nacional (“NRSRO"), juntamente com a S&P e a Fitch. A Fitch foi criada em 2013, por John Knowles Fitch, como empresa de publicação de estatísticas que fornecia estatísticas financeiras destinadas a ser usadas na área de investimento sob a forma de dois livros, designadamente The Fitch Stock and Bond Manual e The Fitch Bond Book. Em 1924, a Fitch introduziu uma escala de notação de crédito de AAA a D, cujo sistema de notação passou a ser a base das notações feitas em todo o sector. Em 1990, a Fitch foi fundida com uma agência de notação de crédito de Londres, a IBCA Ltd, uma subsidiária da Fimalac, uma sociedade holding francesa que controlava o negócio de notação de crédito na França. Entre 2004 e 2010, a Fitch também adquiriu os seus pequenos concorrentes, nomeadamente Thomson Financial Bank Watch, Duff & Phelps Company e Algorithmics, no quadro da sua estratégia de crescimento e expansão.

2.2 Serviços de notação de crédito em África

Em todo o mundo, a notação de crédito soberano (SCR) tornou-se um dos temas mais actuais entre líderes políticos, economistas, investidores e cidadãos comuns (Hanusch & Vaaler, 2013). O pressuposto subjacente para os participantes no mercado financeiro reside em que a mudança de uma SCR do país tem um impacto directo sobre a economia em geral e o bem-estar de todos os seus cidadãos. Em África, África do Sul foi o primeiro país africano a receber, em 1994, uma notação soberana de nível BB da Fitch e da S&P, seguido da Tunísia, em 1995, com o grau Baa3 atribuído pela Moody's, Maurícias e Egipto, em 1996, a quem foram atribuídos os graus Baa1 e Ba2 pela Moody's, respectivamente. Marrocos (BBB-) e Senegal (B+) solicitaram notações soberanas em 1999 e 2000 respectivamente, seguidos pelo Botswana (A), em 2001, Gâmbia (B-) e Lesoto (B+) em 2002. Até ao final de 2003, catorze países africanos, incluindo Gana, Camarões, Cabo Verde, Malawi e Moçambique, tinham recebido uma notação de crédito soberano com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (“PNUD”) (Nações Unidas, 2015). Até Setembro de 2019, 32 Estados soberanos de África tinham recebido uma notação de crédito de uma das (ou todas as) CRA.

3. Escopo de Actividades do Estudo de Viabilidade

As actividades e prestações cobertas pelos termos de referência oferecem aos órgãos de tomada de decisões da União Africana uma base para a avaliação do seguinte:

i. opções em matéria de políticas para a criação da agência; ii. investimentos necessários para o estabelecimento da agência e oferecer o serviço; iii. distribuição de funções dos vários governos e das instituições públicas e privadas no

estabelecimento, regulação e utilização dos serviços da agência; iv. legitimidade da necessidade do mercado de criação de uma instituição do género; v. finalidade singular que a agência irá prosseguir;

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vi. apropriação e estrutura de gestão para assegurar a realização de um estudo técnico completo das principais limitações e factores de sucesso;

vii. quadros jurídicos e considerações regulatórias para garantir a coerência com os instrumentos da União Africana;

viii. proposta de um modelo de negócio distinto e abrangente; e

ix. opções de capitalização e viabilidade financeira do modelo de negócios da agência.

O estudo e as avaliações realizadas no âmbito do contrato serão sintetizados sob a forma de principais conclusões e recomendações que (i) facilitarão a tomada de decisões sobre políticas e investimento relativos ao melhor mecanismo e formulação do apoio a prestar aos Estados-Membros no domínio da notação de risco de crédito; e que (ii) serão incorporados num roteiro a seguir no desenvolvimento de uma política-quadro de apoio aos Estados-Membros no domínio das agências de notação de crédito. O roteiro é um dos principais produtos do Quadro do MAAP para a prestação de apoio aos Estados-Membros em cujo âmbito esta consultoria está contemplada.

4. Escopo dos Serviços Contratuais

4.1 Descrição do Trabalho

O contrato compreenderá os seguintes três aspectos principais.

1.º Resultado: uma avaliação abrangente das necessidades operacionais dos Estados africanos na área de notação de crédito

O estudo avaliará as necessidades dos Estados-Membros em termos de serviços alternativos de notação de risco de crédito, considerando a dimensão dos mercados financeiros, o fluxo de investimento e a infra-estrutura de apoio nas suas economias nacionais. Esta avaliação das necessidades é essencial para a realização do estudo de viabilidade/pré-viabilidade a fim de servir de fundamento para a formulação da proposta de uma potencial agência e para determinar os elementos-chave do ambiente no qual essa agência operaria. A amostra do estudo deve consistir de governos, bancos centrais, autoridades nacionais de promoção de investimento, fundos de pensões, principais entidades de investimento e órgãos reguladores relevantes que poderiam ser potenciais clientes da CRA. O estudo deve considerar uma amostra de 10 governos, 5 bancos centrais, 5 autoridades nacionais de promoção de investimento e 5 órgãos reguladores nacionais, igualmente representativa de todas as cinco regiões da União Africana. A amostra de governos, bancos centrais, autoridades nacionais de promoção de investimento e órgãos reguladores relevantes abrangidos pelo estudo deve atender aos seguintes requisitos mínimos:

i. ser membro da União Africana; ii. manifestar interesse em explorar a possibilidade de estabelecer uma ACRA; iii. ser um país (ou provir de um país) que recebeu uma notação da ICRA nos últimos 5 a 10 anos.

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Antes da realização do estudo, os consultores devem começar com a especificação e detalhamento preliminar da amostra, que será validada pelo MAAP antes da realização efectiva do estudo. Os consultores devem realizar o estudo utilizando os métodos de análise documental, entrevistas de campo e preenchimento de um questionário, que também será validado pelo MAAP. O questionário deve ser traduzido em todas as quatro línguas oficiais da União Africana (Inglês, Francês, Árabe e Português). As despesas dos consultores e de tradução serão validadas antes da realização do estudo e suportadas pelo MAAP.

Prestação 1.1: relatórios analíticos sobre a avaliação das necessidades dos Estados-Membros em matéria de serviços de notação de crédito.

Os resultados devem ser contidos num relatório analítico que apresente as conclusões resultantes da análise documental e do trabalho de campo efectuado nos Estados-Membros seleccionados. Os resultados do estudo devem ser compilados num relatório cujo capítulo final deverá, entre outros aspectos, analisar as semelhanças e as diferenças entre os mercados de serviços de notação de crédito de África, América Latina, Europa e Ásia. Os relatórios serão validados pelo MAAP.

2.º Resultado: um estudo de viabilidade abrangendo os seguintes aspectos

i. Pontos Fortes, Pontos Fracos, Oportunidades e Ameaças (“SWOT)", discriminando os principais riscos e factores de sucesso. Uma análise da pertinência e eficácia da Agência de Notação de Riscos de Crédito Africana que se propõe, nos contextos da economia política nacional, regional e internacional;

ii. uma análise das tendências dos mercados financeiros e dos padrões de investimento nos países africanos, comparativamente a outras regiões e a nível internacional;

iii. uma avaliação dos instrumentos jurídicos e da infra-estrutura institucional de apoio já disponíveis, assim como quaisquer outros requisitos essenciais para o estabelecimento da potencial CRA Africana, nos Estados-Membros e a nível regional e continental;

iv. opções de modelo institucional para a potencial CRA Africana, com uma descrição clara do papel de todos os potenciais intervenientes, instituições ou partes que possam constituir o quadro institucional, o que pode incluir uma única instituição ou um consórcio;

v. uma análise da capitalização e de outro tipo de investimento necessário para o estabelecimento da potencial CRA Africana, apresentando as opções para beneficiar de financiamento público/privado e uma proposta de estrutura accionária viável. Estas opções devem ser fundamentadas numa estratégia e justificativa concretas centradas na garantia da tão necessária credibilidade e integridade dos serviços de notação de crédito que serão fornecidos pela instituição que se propõe;

vi. um modelo de negócios distinto e uma análise dos preços dos serviços de notação, da viabilidade financeira da agência, uma análise de cenários e da sensibilidade da agência no que respeita a

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financiamento público e comercial, financiamento da UA ou qualquer outra proposta de modelo de financiamento;

vii. na avaliação, deve ter-se em mente a necessidade de evitar reproduzir entidades existentes e, no seu lugar, fazer face aos desafios enfrentados pelos países africanos no domínio da notação de crédito. A análise deve fornecer uma estratégia para a superação de problemas ligados a conflitos de interesse, reputação, notações falsas e dependência excessiva em relação às ICRA.

Os seis subcomponentes descritos acima devem constituir peças-chave do estudo de viabilidade consolidado, ao mesmo tempo que constituem resultados distintos no decurso da execução do trabalho de consultoria. Os detalhes e o faseamento das prestações são apresentados em secções posteriores destes termos de referência. Todas as prestações serão apreciadas e finalizadas depois da sua aprovação pelo MAAP.

Do ponto de vista técnico, o potencial consultor deve descrever detalhadamente as metodologias que aplicará para a realização do trabalho, podendo o MAAP sugerir ou fornecer uma metodologia pré-concebida como parte da documentação de suporte da sua licitação neste concurso. Estas metodologias carecerão da aprovação do MAAP antes do arranque do trabalho.

Prestação 2.1: uma análise dos principais riscos e factores de sucesso de um agência de notação de risco de crédito africana:

O resultado esperado nesta componente deve ser o estabelecimento de uma perspectiva mais ampla das possibilidades de sucesso e uma avaliação do potencial geral de uma CRA Africana garantir o acesso das economias africanas ao mercado financeiro. No quadro deste resultado esperado, será efectuada uma análise SWOT abrangente ao nível da agência, considerando a concorrência nacional, regional e internacional. A análise deve fundamentar-se no estudo bibliográfico, no trabalho de campo e na interacção com uma variedade de intervenientes nacionais, regionais e internacionais, incluindo representantes dos Estados-Membros.

Prestação 2.2: uma análise do mercado

Esta análise deve focalizar a exploração do mercado de notação de crédito no continente e as tendências e dinâmica do mercado nos próximos 10 a 20 anos que possam viabilizar ou impedir o crescimento da ACRA e torná-la irrelevante. A análise do mercado será efectuada através de um estudo do mercado alicerçado no resultado precedente, examinando em profundidade as perspectivas existentes para os países. Este estudo deve compreender, especificamente, a dimensão e a profundidade actuais dos mercados financeiros, incluindo os subsectores, o número indicado de entidades públicas/privadas/mistas governamentais, bancos centrais, autoridades nacionais de promoção de investimento e órgãos reguladores relevantes, e deve consubstanciar-se em análises anteriores realizadas sobre o assunto. A prestação deve ser sob a forma de uma análise da vantagem competitiva da agência a nível nacional e continental para fazer face à concorrência de outras CRA estabelecidas a nível mundial.

Prestação 2.3: uma avaliação dos principais quadros jurídico-legais e reguladores

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Para esta prestação, devem ser avaliados os quadros jurídico-legais, reguladores e de políticas, bem como outras infra-estruturas existentes nos países africanos, e determinar os requisitos para o estabelecimento da Agência, para permitir que a União Africana - MAAP e os governos, os bancos centrais, as autoridades nacionais de promoção de investimento e os órgãos reguladores relevantes determinem a sua relevância e complementaridade. Além disso, deve ser realizado um estudo do ponto de vista de uma CRA regional, formal e informal, com base nos termos de referência específicos, o que permitirá estabelecerá um marco de referência para a disponibilidade e ajudar na definição do quadro legal e na determinação da vantagem competitiva

Prestação 2.4: um modelo institucional para a prestação e gestão dos serviços da agência, tanto a nível nacional como continental

Os consultores devem recorrer ao seu próprio conhecimento das melhores práticas internacionais, das realidades institucionais e jurídico-legais e das práticas correntes nos países da União Africana, assim como nas constatações sobre agências de notação europeias, americanas, asiáticas e russas quando recomendar o modelo institucional. O modelo deve ser dinâmico e capaz de responder às necessidades dos potenciais clientes: governos, bancos centrais, autoridades nacionais de promoção de investimento, fundos de pensões e órgãos reguladores relevantes. Neste resultado devem ser elaboradas com detalhe as possibilidades a favor e as limitações existentes dentro do sistema da AU e nos Estados-Membros.

Prestação 2.5: uma análise dos investimentos necessários para o estabelecimento da agência

Com base na prestação contratual 2.3, deve ser feita uma avaliação dos custos dos técnicos ou dos serviços de consultoria e outros factores de custo pertinentes, incluindo a infra-estrutura física; nesta prestação devem ser apresentadas as diferentes opções de investimento para o estabelecimento da instituição que estão disponíveis para a União Africana e os governos. Cada opção deve apresentar os custos inerentes nas rubricas de factores de custos correspondentes dos serviços de notação de crédito e do sector de mercado de capitais. Dado o contexto político e económico dos mercados de capitais em África, os consultores podem considerar a adopção de um programa faseado para o estabelecimento da agência, devendo especificar essas fases, os países e/ou as instituições envolvidos em cada fase e os investimentos associados necessários.

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Prestação 2.6: uma avaliação das necessidades institucionais da União Africana para o estabelecimento, desenvolvimento e promoção de uma CRA africana.

Com base nas constatações dos consultores e em consonância com as outras prestações do projecto, nesta prestação devem ser avaliadas e produzidas recomendações sobre a capacitação ainda necessária no sistema da União Africana e ao nível dos Estados-Membros para o estabelecimento, desenvolvimento dos planos de negócios e promoção da ACRA.

Prestação 2.7: um estudo de viabilidade consolidado da criação da ACRA

Os consultores devem realizar um estudo consolidado da viabilidade da potencial ACRA contemplando todos os resultados esperados acima identificados.

A seguir se apresenta o cronograma estimado das actividades:

Actividades Calendário Provisório

Tradução e validação do questionário pelo MAAP 1.ª Semana de Fevereiro de 2020

Definição da amostra 1.ª Semana de Março de 2020 Conclusão do estudo e apresentação do projecto inicial ao MAAP 3.ª Semana de Abril de 2020 Reacção do MAAP 4.ª Semana de Junho de 2020 Finalização do estudo 1.ª Semana de Junho de 2020 Sintetização do relatório do estudo num breve boletim informativo sobre a política 2.ª Semana de Junho de 2020

3.0 Critérios de Viabilidade

Os critérios de viabilidade e os resultados subsequentes do estudo visam fornecer informação económica, política e cientificamente credível, mas também passível de verificação qualitativa e quantitativa, sobre possíveis limitações, riscos e oportunidades para o estabelecimento da ACRA. A informação deve incluir, mas não se limitar (i) às limitações e oportunidades institucionais e operacionais internas da União Africana em áreas como capacidade técnica, capacidade tecnológica, necessidades orçamentais/financeiras, comunicação, estratégia de marketing e capacidade de promoção;

ii) os resultados também devem apresentar informação sobre os constrangimentos e oportunidades externos no ambiente político e económico ao nível dos regimes jurídico e regulador nacional e internacional. Os seguintes critérios de viabilidade devem determinar claramente a posição a tomar ou o caminho que a UA deve seguir em face da evidência e fundamentação das conclusões feitas sobre o que é impossível ou possível.

i. Viabilidade do Mercado: Este aspecto dos Termos de Referência requer os serviços de um analista de mercados profissional para efectuar a análise da viabilidade do mercado (estudo do mercado) do provedor de serviços de

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notação de crédito que se propõe conceber e criar no mercado africano. O analista deve oferecer uma perspectiva e um relato ‘desinteressados’ do ponto de vista uma entidade terceira relativamente ao estabelecimento de uma ACRA, tendo como base a posição competitiva da União Africana no mercado africano, devendo também determinar o nível de procura dos potenciais serviços de notação de crédito no mercado africano.

ii. Viabilidade Técnica: Neste domínio, a avaliação deve centrar-se nos requisitos técnicos em face dos recursos disponíveis à União Africana, para ajudar os órgãos de decisão em matéria de políticas da UA a decidir se os recursos técnicos correspondem à capacidade. Este critério deve indicar especificamente as características e qualificações dos especialistas técnicos ou instituições que devem transformar ideias e propostas em sistemas operacionais da instituição que se propõe. A avaliação da viabilidade técnica também deve contemplar uma avaliação do hardware e do software específicos necessários e outras necessidades técnicas da potencial agência.

iii. Viabilidade Económica e Financeira: De um modo geral, esta avaliação deve envolver a análise da relação custo/ benefícios e risco/retorno da criação da agência, para permitir que a União Africana determine a viabilidade, os custos, os benefícios, os riscos e o retorno associados à proposta apresentada, antes de alocar os recursos financeiros necessários. As conclusões e as recomendações devem assumir a forma de avaliação sumativa de uma posição definida se a UA deve avançar ou não com a realização do projecto de criação da agência. A posição definida de forma conclusiva deve servir como resultado da avaliação independente do projecto de abandonar a proposta ou a aumentar a sua credibilidade para ajudar os órgãos da União Africana a determinar os benefícios económicos positivos para os Estados-Membros que a potencial agência pode trazer.

iv. Viabilidade Jurídica: Nesta avaliação deve-se investigar se qualquer aspecto do projecto proposto está em conflito com os requisitos legais, como leis nacionais, órgãos reguladores, instrumentos regulamentares, legislação sobre o acesso a dados e documentos, normas e melhores práticas estabelecidas. Deve ser apresentada informação abrangente de todas as leis e decretos relevantes que devem ser considerados na realização deste projecto.

v. Viabilidade da Localização:

Caso a UA decida criar uma entidade e optar pela construção de um edifício de escritórios num local específico, o estudo de viabilidade deve indicar a localização ideal da agência na UA. Esta avaliação deve apresentar um modo claro de determinar onde a ACRA pode ser localizada, identificando os factores-chave subjacentes à adequação do local.

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4. Metodologia Como parte da documentação técnica de suporte das propostas apresentadas no quadro deste concurso, os potenciais consultores devem indicar os métodos que usarão para realizar as actividades acima enumeradas e alcançar/apresentar os resultados/prestações esperados, a menos que esteja claramente indicado em contrário nas secções anteriores deste documento. Estas metodologias carecerão da aprovação do MAAP antes do arranque do estudo. Uma vez que qualquer estudo de pré-viabilidade estaria relacionado de forma estreita com outros trabalhos sobre CRA realizados por parceiros de desenvolvimento internacionais na União Africana, para este fim, os consultores podem utilizar a informação produzida em estudos anteriores e em estudos já realizados no quadro deste projecto ou realizados no país nos domínios relevantes. Estas fontes devem ser compartilhadas com o MAAP, para aprovação, na reunião inicial de execução do contrato.

Os estudos de pré-viabilidade e de viabilidade devem ser baseados em três elementos: (i) estudo bibliográfico da literatura disponível e relevante para o alcance dos resultados; (ii) visitas de campo para a recolha de dados respeitantes à análise técnica; (iii) dados qualitativos e quantitativos recolhidos nas visitas de campo e a partir da literatura existente, para fundamentar os modelos de apoio institucional e de negócios que podem ser adoptados no estabelecimento da ACRA. Este trabalho exigirá um alto grau de interacção com os Estados-Membros e as ICRA. Além disso, os consultores devem prestar atenção, sempre que se mostrar relevante, a potenciais concorrentes estabelecidos a nível regional.

Cada resultado/prestação acima enumerada e definida deve ser apresentada em relatórios subsidiários que serão analisados e aprovados pelo MAAP.

5. Sobre os Consultores Individuais ou Empresa de Consultoria

Os consultores devem ter experiência demonstrada e serem dotados de personalidade jurídica para operar nos Estados da União Africana. A proposta dos consultores deve especificar a natureza da associação e a articulação existente entre todas as partes envolvidas e/ou que formam a sociedade estabelecida para realizar o trabalho.

A este respeito, todos os peritos serão avaliados e confirmados pelo MAAP na sua capacidade individual para executar as actividades especificadas no caderno de encargos.

Os consultores devem ser cidadãos de um país membro da União Africana ou da diáspora africana ou serem membros associados de uma empresa com escritórios registados num país membro da União Africana.

Competências Exigidas dos Consultores

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5.1 Os consultores devem possuir o Grau de Doutoramento na área da Banca e Finanças, com foco na gestão da dívida soberana e finanças públicas, ou qualificações avançadas relevantes, com vasta experiência relevante conforme a seguir se enumera.

5.2 Os consultores devem ter profunda experiência e entendimento dos sistemas da UA, dos mercados de capitais mundiais e dos sistemas de gestão da dívida soberana.

5.3 Os consultores devem ter profunda experiência em criação de organismos públicos e empresas financeiras.

5.4 Os consultores devem ter um entendimento profundo das metodologias de notação de crédito soberano usadas pelas principais agências de notação de crédito soberano.

5.5 Os consultores devem possuir experiência suficiente na realização de estudos de viabilidade semelhantes, envolvendo governos e agências;

5.6 Os consultores devem possuir experiência em análise jurídica, política, económica e financeira de instituições financeiras.

5.7 Os consultores devem possuir conhecimentos sólidos sobre a estrutura e o funcionamento de organizações internacionais, particularmente da União Africana ou de qualquer outro organismo regional.

6. Orientações para a Preparação dos Requisitos de Elegibilidade A Declaração de Elegibilidade dos Consultores ou Empresa de Consultoria interessados em ser considerados para a prestação dos serviços contemplados devem remeter à Comissão de Gestão de Aquisições do MAAP a seguinte informação:

6.1 Nome da pessoa singular ou da empresa, ano de criação ou de realização do primeiro trabalho, país de registo, se forem estrangeiros, e tipo de organização, isto é, se é uma pessoa singular, empresa proprietária, sociedade, entidade colectiva ou outro.

6.2 Nome dos consultores associados ou da empresa, ano do seu estabelecimento, países de origem e tipo de organização.

6.3 Endereço completo do escritório no país de origem, da sede da empresa, número de telefone e endereço do terminal via cabo. Para os consultores ou empresas de consultoria registados no estrangeiro, indicar se existe qualquer sucursal na África do Sul e onde se situa.

6.4 Se a actual empresa for sucessora ou fruto de uma ou mais empresas predecessoras, indicar os nomes das entidades anteriores e os anos da sua criação inicial.

6.5 Apresentar uma breve descrição do perfil do consultor ou da empresa.

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6.6 Indicar de forma clara e precisa os nomes dos especialistas (consultores) líderes ou principais da empresa de consultoria e o pessoal-chave. Esta informação pode ser acompanhada dos curriculum vitae indicando a experiência, a afiliação em organismos profissionais e os conhecimentos linguísticos do pessoal-chave enumerado.

6.7 Indicar os nomes de duas (2) pessoas no máximo que podem ser contactados pelo MAAP. As pessoas indicadas devem ser autorizadas a assumir compromissos em nome da equipa de consultores ou da empresa sobre questões de política e contratuais.

6.8 Indicar o número de peritos propostos para a realização do trabalho, por área. Conquanto alguns especialistas podem ser qualificados em vários domínios, cada pessoa deve ser listada apenas uma vez, de acordo com as suas funções primárias. Neste item, indicar o valor dos honorários de consultoria, por especialista, e indicar as referências bancárias e o endereço do banco.

6.9 Indicar o tipo de serviços e as áreas de especialização que os consultores ou empresa de consultoria estão técnica e financeiramente qualificados para realizar.

6.10 Apresentar a lista de projectos de consultoria em que a empresa esteve envolvida nos últimos 10 anos.

7. Requisitos Linguísticos Os consultores devem ter o domínio de uma ou mais línguas oficiais da União Africana.

Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares Secretariado Continental

230 15th Road Ranjespark Midrand, Johannesburg1687, South Africa

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Declaração sobre a Proposta de Lema da Conferência da União Africana (UA) em 2021 Apresentada ao Comité Ministerial sobre a

Agenda 2063 Preâmbulo Durante a 3.ª Reunião do Comité Técnico Especializado (CTE) de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração, realizada de 4 a 8 de Março de 2019, em Yaoundé, nos Camarões, o Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares (MAAP) requereu a este CTE uma decisão a adoptar uma proposta do MAAP de recomendar que a Conferência da UA aprove o Lema da Cimeira Anual da UA de 2021, designadamente, "melhoria do acesso ao capital mundial para acelerar o crescimento económico transformador". Por seu turno, a 3.ª Reunião do CTE de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração solicitou ao MAAP no sentido de, juntamente com a Comissão da União Africana (CUA), apresentar uma proposta sobre o Lema da Cimeira da UA de 2021 ao Comité Ministerial sobre a Agenda 2063, na qualidade de órgão mandatado para apreciar os lemas anuais. Com base nesta decisão da 3.ª Reunião do CTE de Finanças, Assuntos Monetários, Planeamento Económico e Integração, o MAAP submete a seguinte Nota Conceptual contendo a proposta de Lema da Conferência da UA de 2021, para a consideração do Comité Ministerial sobre a Agenda 2063. Mecanismo Africano de Avaliação pelos Pares Secretariado Continental 230 15th Road Ranjespark Midrand, Johanesburg, 1687 South Africa

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Proposta de Lema da Conferência da União Africana (UA) de 2021

Apresentada pelo MAAP

Melhoria do acesso ao capital mundial para acelerar o desenvolvimento económico transformador

Comité Ministerial sobre a Agenda 2063

Nota Conceptual

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1. Introdução Historicamente, a maioria dos países africanos tem sido bastante dependente do investimento directo estrangeiro (IDE), de donativos e de empréstimos bonificados para financiar as despesas de capital e os défices públicos. A capacidade de alavancar e desenvolver mercados financeiros locais e aceder aos mercados de capital mundiais tem sido limitada. Porém, como os parceiros de desenvolvimento e os doadores continuam a reduzir os seus fundos de ajuda, há necessidade de os governos e o sector privado africanos procurarem fontes de financiamento alternativas para financiar os seus projectos de desenvolvimento e empreendimentos empresariais. De acordo com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), existem vários projectos em carteira que carecem de financiamento e não serão

concluídos sem o apoio em financiamento mundial. Estimativas feitas pelo BAD9 indicam que as

necessidades em infra-estrutura do continente atingem entre 130 e 170 mil milhões de USD por ano, deixando uma lacuna de financiamento na faixa de 68-108 mil milhões de USD. Como parte da solução, alguns países africanos têm vindo a fazer esforços para aumentar a sua capacidade de aceder aos mercados internacionais de capital ou desenvolver os seus mercados de dívida internos. O BAD estima ainda que a poupança interna10 na maioria dos países africanos é inferior a 30% do PIB,

o que é muito menos do que a taxa de investimento (cerca de 50% do PIB). Esta situação indica que a diferença entre a poupança interna e a taxa de investimento é coberta pela capacidade do continente de alavancar a poupança externa para suprir o défice de financiamento para o investimento. Embora o crédito e as subvenções oficiais representem, pelo menos, 30% do PIB por ano para a maioria dos países, o grande défice de financiamento para o investimento é a principal razão por que os países estão a fazer esforços para aceder aos mercados mundiais e alavancar a poupança externa para complementar o baixo nível de poupança do sistema interno. O valor dos títulos denominados em moeda estrangeira emitidos por ano pelos governos africanos subiu de 2 mil milhões de USD, em 2009, para cerca de 27,1 mil milhões de USD em 2018. Até ao presente, dez países africanos com o maior valor de empréstimos contraídos em moeda estrangeira mediante a emissão de títulos de dívida pública devem, no total, 113,5 mil milhões de USD em euro-obrigações vencidas. Até 31 de Dezembro de 2018, 21 países africanos tinham emitido "euro-obrigações" para apoiar os orçamentos estatais e financiar o investimento em infra-estruturas. O relatório da African

9https://www.afdb.org/fileadmin/uploads/afdb/Documents/Publications/2018AEO/African_Economic_Outlook_2018_-_EN_Chapter3.pdf 10https://www.afdb.org/fileadmin/uploads/afdb/Documents/Publications/African_Economic_Outlook_2018_-_EN.pdf

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Capital Market Watch de 201811 aponta que cerca de 38% do fluxo de capital para os mercados africanos

ocorre através de instrumentos de dívida soberana. Os objectivos principais são fortalecer os mercados de capital locais, mobilizar capital para o financiamento de projectos de infra-estruturas públicas, atrair mais investimento directo estrangeiro e apoiar o sector privado em termos de acesso ao mercado de capitais mundial. 2. Lemas subsidiários O lema será considerado no quadro dos seguintes seis (6) lemas subsidiários:

i. Alargamento do acesso aos mercados de capital mundiais para o financiamento da industrialização e do desenvolvimento de infra-estruturas: os especialistas em matéria de desenvolvimento concordam que se torna necessário empreender mais esforços para garantir que África consiga industrializar e criar empregos para a sua população jovem12. A oferta de infra-

estrutura de qualidade é um factor determinante no aumento da atractividade de África ao investimento directo estrangeiro. Para atender às necessidades em infra-estrutura, os mercados de capitais internacionais estão a oferecer oportunidades de financiamento ao desenvolvimento a preços e períodos de vencimento flexíveis. Com uma ampla base de investidores, o mercado de capital mundial está aberto para financiar actividades de desenvolvimento anteriormente consideradas mais arriscadas e que não eram servidas por métodos tradicionais de financiamento do sector bancário e, ao fazê-lo, contribui significativamente para a inovação nas economias africanas.

ii. Promoção da boa governação económica para o crescimento económico inclusivo: a boa governação económica é fundamental para o crescimento inclusivo, a criação de uma economia mais forte e o bom funcionamento tanto do sector público como do sector privado. Aumenta a confiança dos investidores e promove o crescimento económico e a estabilidade financeira, que são a base de uma economia mais forte, do investimento, da criação de empregos e da redução da pobreza. A existência de políticas económicas, financeiras e fiscais devidamente funcionais pode contribuir para o crescimento económico e o desenvolvimento sustentável. Os investidores estão cada vez mais a valorizar a responsabilização e a transparência na alocação dos recursos públicos, especialmente dos fundos angariados através dos mercados de capitais. Somente instituições

11 https://www.pwc.co.za/en/assets/pdf/africa-capital-markets-watch-2018.pdf 12 2017 UNECA and ECOSOC Special Meeting on Innovations for Infrastructure Development and Promoting Sustainable Industrialization: Technical Issues Paper | Março de 2017

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fortes, bem administradas e transparentes podem oferecer os seus serviços à sociedade com eficácia.

iii. Sustentabilidade da dívida pública dos países africanos para o aproveitamento das oportunidades de crescimento: o interesse acrescido em aceder aos mercados de capitais internacionais tem colocado a sustentabilidade da dívida pública no topo da agenda política no continente. Porém, na maior parte dos países, a principal força motriz da sustentabilidade tem sido o diferencial da taxa de juros-crescimento (IRGD), ressaltando a importância de manter e até acelerar o crescimento, bem como o uso do espaço de contracção de empréstimos para fazer a despesa em intervenções que promovam o crescimento. Para manter a dívida pública dentro dos limiares de sustentabilidade, o alto custo de endividamento, que está a subir para se tornar a despesa mais elevada nos orçamentos fiscais de cerca de metade dos países africanos, deve ser controlado.

iv. Gestão da crescente influência internacional das agências de notação de crédito internacionais: o número de governos africanos que receberam uma notação de crédito soberano (SCR) de agências de notação internacionais aumentou para 32, a partir de apenas 1 em 1994. A notação é fundamental para um país aceder aos mercados de capitais mundiais e atingir uma base mais alargada de potenciais investidores. Olabisi and Stein (2015)13 apresentaram evidência que

questiona a coerência e a justeza na aplicação de indicadores de risco qualitativos e qualitativos na determinação da notação de crédito soberano dos países africanos. Os analistas também criticam o facto de as metodologias de notação subestimarem o poderio económico e o potencial de crescimento das economias africanas, o que põe em causa a sua exactidão e objectividade. Apesar destes desafios, o papel das agências de notação de risco continua a aumentar à medida que mais países africanos procuram mobilizar mais capital através dos mercados mundiais.

v. Aproveitamento do potencial investimento para o desenvolvimento de mercados modernos e competitivos: o estado de subdesenvolvimento dos mercados, que permanecem reduzidos e sem liquidez, limita o acesso a financiamento a longo prazo e prejudica a capacidade dos países de mobilizar o financiamento. O bom funcionamento do mercado financeiro requer a existência de instituições fortes, um quadro jurídico sólido, a protecção dos investidores e a boa governação.

13 Olabisi, M. and Stein, H., 2015. Sovereign bond issues: Do African countries pay more to borrow? Journal of African Trade, 2(1-2), pp.87-109.

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Estes são elementos-chave para alargar a profundidade dos mercados e criar um ambiente de negócios favorável.

vi. Abordagens inovadoras ao financiamento e mobilização de recursos internos: são necessários instrumentos financeiros inovadores, nomeadamente instrumentos voltados para as pequenas e médias empresas (PME), que constituem a maioria dos empreendimentos empresariais no continente. As pequenas empresas continuam confinadas ao sector informal devido à inadequação dos serviços financeiros. Dada a importância dos mercados financeiros na economia e a realidade prevalecente de que as PME não só têm menos probabilidade de aceder ao financiamento como também pagam mais para o obter, é essencial que os órgãos de decisão sobre políticas e as instituições financeiras em África criem produtos financeiros voltados para os produtos e serviços das pequenas e médias empresas.