cte conforto

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG ESCOLA DE ENGENHARIA Conforto Térmico em edificações Professor Cláudio Olinto Conforto Humano A busca pela sensação de conforto é, talvez, a primeira condição procurada pelo ser humano. Contudo, descrever uma condição confortável, os limites ou as características desta sensação não é tarefa fácil. Entretanto, ao rompimento deste estado, é possível descrever que se trata de um ruído, um excesso ou falta de calor, um excesso ou ausência de luz que que está causando a sensação de desconforto. Depreende-se daí que conforto é uma sensação global, porém indefinível e associada a ela várias fontes independentes (mas capazes de se somarem) de desconforto. Assim, o que nos preocupa na realidade não é o conforto, mas sim, o desconforto. É este que devemos conhecer bem, para melhor determinarmos suas causas e projetar mecanismos para evitar ou minorar suas conseqüências. As variáveis mais comuns associadas ao conforto são: CONDIÇÕES DO AR AMBIENTE: TEMPERATURA UMIDADE VELOCIDADE (CONFORTO TÉRMICO ou HIGROTÉRMICO). PUREZA PRESSÃO ODORES. NÍVEL DE RUÍDO. ESPAÇO, ILUMINAÇÃO, CORES, ETC. O condicionamento de ar, quando voltado para o conforto humano, estabelece as condições de conforto térmico e possibilita a eliminação ou controle de odores, nível de ruído e sensação de confinamento (espaço).

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Elementos para o conforto humano

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    Conforto Trmico em edificaes

    Professor Cludio Olinto

    Conforto Humano

    A busca pela sensao de conforto , talvez, a primeira condio procurada pelo ser

    humano. Contudo, descrever uma condio confortvel, os limites ou as caractersticas

    desta sensao no tarefa fcil. Entretanto, ao rompimento deste estado, possvel

    descrever que se trata de um rudo, um excesso ou falta de calor, um excesso ou ausncia

    de luz que que est causando a sensao de desconforto.

    Depreende-se da que conforto uma sensao global, porm indefinvel e associada a ela

    vrias fontes independentes (mas capazes de se somarem) de desconforto. Assim, o que

    nos preocupa na realidade no o conforto, mas sim, o desconforto. este que devemos

    conhecer bem, para melhor determinarmos suas causas e projetar mecanismos para evitar

    ou minorar suas conseqncias.

    As variveis mais comuns associadas ao conforto so:

    CONDIES DO AR AMBIENTE:

    TEMPERATURA

    UMIDADE

    VELOCIDADE (CONFORTO TRMICO ou HIGROTRMICO).

    PUREZA

    PRESSO

    ODORES.

    NVEL DE RUDO.

    ESPAO, ILUMINAO, CORES, ETC.

    O condicionamento de ar, quando voltado para o conforto humano, estabelece as condies

    de conforto trmico e possibilita a eliminao ou controle de odores, nvel de rudo e

    sensao de confinamento (espao).

  • Conforto Trmico (higrotrmico)

    Segundo padres da ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-

    Conditioning Engineers, Inc) conforto trmico significa:

    "ESTADO MENTAL QUE EXPRESSA SATISFAO COM O AMBIENTE TRMICO QUE

    ENVOLVE A PESSOA".

    Uma outra definio tambm corrente:

    "SENSAO DE BEM-ESTAR REVELADA POR UMA PESSOA OU UM GRUPO DE

    PESSOAS, COM RELAO S CONDIES DO AMBIENTE TRMICO".

    A no satisfao pode ser causada pela sensao de desconforto pelo calor ou pelo frio,

    quando o balano trmico no estvel, ou seja, quando h diferenas entre o calor

    produzido pelo corpo e o calor perdido para o ambiente.

    Como pode se observar, trata-se de um conceito estatstico, no sendo possvel

    estabelecer-se um valor padro.

    A norma internacional para averiguar o conforto trmico em ambientes a ISO 7730 (1994).

    Vantagens da existncia de

    conforto trmico

    Entre outras podemos citar:

    Maior rendimento do trabalho.

    Menor ndice de acidentes.

    Menor ndice de doenas (fadiga, exausto, desidratao).

    Melhor entrosamento funcional x social.

    Maiores lucros.

  • Fatores influentes no conforto

    trmico

    So os fatores que o ar condicionado objetiva controlar visando o conforto humano.

    Podemos citar:

    Temperatura do ar.

    Umidade relativa do ar.

    Velocidade do ar.

    Temperatura radiante mdia.

    Produo interna de calor - metabolismo gerado pela atividade fsica

    Resistncia trmica pela vestimenta.

    Alm disso, variveis como sexo, idade, raa, hbitos alimentares, peso, altura etc podem

    exercer influncia nas condies de conforto de cada pessoa e devem ser consideradas.

    O homem como mquina trmica

    Pela termodinmica sabe-se que um motor trmico para produzir trabalho segundo um ciclo,

    necessita trocar calor entre duas fontes a temperaturas diferentes, TH e TC.

    O homem comporta-se como um motor trmico no meio em que vive, recebendo um calor

    QH, proveniente da queima dos alimentos em suas clulas e liberando continuamente um

    calor QC para o meio, bem como trabalho e resduos.

    FONTE QUENTE - TH

    MQUINA TRMICA CORPO HUMANO

    FONTE FRIA - TC

    METABOLISMO TRABALHO EXTERNO

    QH

    QC

  • ENERGIA E VIDA: Atravs da fotossntese os vegetais transformam a energia proveniente

    do sol em energia qumica latente, a qual passa a ser assimilada por todos os organismos

    animais. Esta energia liberada sob a forma mecnica, calorfica ou mesmo eltrica e

    luminosa.

    METABOLISMO HUMANO: Ao conjunto de transformaes de matria e energia

    relacionadas com os processos vitais, d-se o nome de metabolismo.

    Metabolismo o processo de produo de energia interna a partir de elementos

    combustveis orgnicos. Porm, de toda energia produzida pelo organismo humano, atravs

    do metabolismo, apenas 20% transformada em potencialidade de trabalho. Os 80%

    restantes so transformados em calor, que deve ser dissipado para que a temperatura

    interna do organismo seja mantida em equilbrio. Isto acontece porque a temperatura interna

    do organismo humano deve ser mantida praticamente constante em 37C (variando entre

    36,1 e 37,2C). Os limites para sobrevivncia esto entre 32 e 42C.

    Como a temperatura interna do organismo deve ser mantida constante, quando o meio

    apresenta condies trmicas inadequadas, o sistema termo-regulador do homem ativado,

    reduzindo ou aumentando as perdas de calor pelo organismo atravs de alguns

    mecanismos de controle, como reao ao frio e ao calor.

    Pode-se dizer ento que o organismo humano experimenta sensao de conforto

    trmico quando perde para o ambiente, sem recorrer a nenhum mecanismo de

    termorregulao, o calor produzido pelo metabolismo compatvel com sua atividade.

    FATORES INFLUENTES NO METABOLISMO So diversos:

    IDADE: O metabolismo do homem at os 5 (cinco) anos mais ou menos o dobro daquele

    entre os 20 - 40 anos (que permanece mais ou menos constante nesta faixa).

    DIGESTO: Torna-se mais elevado para protenas e menos elevado para acar e gordura.

    SUBNUTRIO: Diminui o metabolismo.

    ESTADOS PATOLGICOS: Aumenta em geral.

    AMBIENTE ADVERSO: Tambm aumenta.

    ATIVIDADE: significativa sua influncia no processo metablico.

  • METABOLISMO BSICO: Tambm chamado de basal ou mnimo, determina a dissipao

    de energia trmica por um indivduo, por metro quadrado de superfcie de corpo, nas

    seguintes condies:

    Aps 12 horas de jejum.

    Deitado.

    Em repouso absoluto.

    Normalmente vestido.

    Em condies ambientais de conforto.

    O valor do metabolismo basal de 40 kcal/h.m2 (46 W/m2)

    Abaixo citam-se suas propores de aumento do metabolismo com relao a atividades:

    REPOUSO ABSOLUTO......................... 100%

    TRABALHO LEVE ................................. 130%

    TRABALHO ESCRITRIO ................... 140%

    TRABALHO BALCO ........................... 160%

    DANANDO MODERADO.................... 260%

    TRABALHO MODERADO..................... 300%

    TRABALHO PESADO ........................... 450%

    A Tabela 1 apresenta dados relativos ao calor dissipado pelo corpo em funo da atividade

    do indivduo. O metabolismo pode ser expresso em W/m2 de pele ou em Met, unidade do

    metabolismo cujo valor unitrio corresponde a uma pessoa relaxada. Assim,

    1 Met = 58,15W/m2 de rea de superfcie corporal.

    Tabela 1. Taxa metablica para diferentes atividades segundo ISO 7730 (1994).

    Atividade Metabolismo(W/m2)

    Reclinado 46

    Sentado, relaxado 58

    Atividade sedentria (escritrio, escola etc.) 70

    Fazer compras, atividades laboratoriais 93

    Trabalhos domsticos 116

    Caminhando em local plano a 2 km/h 110

    Caminhando em local plano a 3 km/h 140

    Caminhando em local plano a 4 km/h 165

    Caminhando em local plano a 5 km/h 200

  • A Figura 1 apresenta algumas atividades expressas em Met.

    Figura 1. Algumas atividades humanas medidas em Met.

    Regulao trmica

    Uma vez que no s as atividades dos organismos animais, como tambm as condies

    climticas, so altamente variveis, necessitam estes organismos lanar mo de um

    mecanismo de adaptao trmica para propiciar sua sobrevivncia (e conforto) este

    mecanismo a regulao trmica. A regulao trmica se verifica praticamente atravs de

    trocas trmicas, em forma de calor sensvel (Qs) e calor latente (QL).

  • Quanto temperatura que mantm em seus corpos, os animais podem ser classificados em:

    POIKILOTERMOS: Aqueles que possuem temperatura do corpo varivel em funo do

    meio, impropriamente chamados de "animais de sangue frio". Ex.: peixes.

    HOMEOTERMOS: Impropriamente chamados de "animais de sangue quente", possuem

    temperatura do corpo constante, como o caso do homem, cuja temperatura oscila ao redor

    de 37C.

    MECANISMOS DE TERMO-REGULAO

    REAO AO CALOR

    Em ambientes quentes as trocas de calor que o organismo necessita realizar para manter

    sua temperatura interna constante so reduzidas, assim, o organismo reage por meio de

    mecanismos automticos, proporcionando condies de troca de calor mais intensa entre o

    organismo e o ambiente e reduzindo as combustes internas.

    O incremento das perdas de calor para o ambiente ocorre por meio da vasodilatao e da

    transpirao.

    A reduo das combustes internas termlise se faz atravs do sistema glandular

    endcrino.

    REAO AO FRIO

    Em ambientes frios as condies ambientais proporcionam perdas de calor do corpo alm

    das necessrias para a manuteno de sua temperatura interna constante. Nesse caso, o

    organismo reage por meio de seus mecanismos automticos buscando reduzir as perdas e

    aumentar as combustes internas.

    A reduo de trocas trmicas entre o indivduo e o ambiente se faz atravs do aumento da

    resistncia trmica da pele por meio da vasoconstrio, do arrepio, do tiritar (tremer e bater

    os dentes).

    O aumento das combustes internas termognese se d atravs do sistema glandular

    endcrino.

    A PELE

    atravs da pele que se realizam as trocas de calor, ou seja, a pele o principal rgo

    termo-regulador do organismo humano. A temperatura da pele regulada pelo fluxo

    sangneo que a percorre, ou seja, quanto mais intenso o fluxo, mais elevada sua

    temperatura.

    Ao sentir desconforto trmico, o primeiro mecanismo fisiolgico a ser ativado a regulagem

    vasomotora do fluxo sangneo da camada perifrica do corpo, a camada subcutnea,

  • atravs da vasodilatao ou vasoconstrio, reduzindo ou aumentando a resistncia trmica

    dessa camada subcutnea.

    Outro mecanismo de termo-regulao da pele a transpirao, que tem incio quando as

    perdas por conveco e radiao so inferiores s perdas necessrias termo-regulao.

    TROCAS TRMICAS ENTRE CORPO E AMBIENTE

    A quantidade de calor liberado pelo organismo funo da atividade desenvolvida. Este

    calor ser dissipado atravs de mecanismos de trocas trmicas entre o corpo e o ambiente

    envolvendo:

    1) trocas secas: O calor perdido para o ambiente atravs das trocas secas denominado

    calor sensvel (Qs) e funo das diferenas de temperatura entre o corpo e o ambiente.

    Ocorre atravs de:

    - conduo;

    - conveco;

    - radiao;

    2) trocas midas: O calor perdido atravs das trocas midas denominado calor latente

    (QL) e envolve mudanas de fase o suor (lquido) passa para o estado gasoso atravs da

    evaporao.

    A VESTIMENTA

    A vestimenta equivale a uma resistncia trmica interposta entre o corpo e o meio, ou seja,

    ela representa uma barreira para as trocas de calor por conveco. A vestimenta funciona

    como isolante trmico, pois mantm junto ao corpo uma camada de ar mais aquecido ou

    menos aquecido, conforme seja mais ou menos isolante, conforme seu ajuste ao corpo e a

    poro do corpo que cobre.

    Em climas secos (desertos), onde se atinge elevadas temperaturas, poder-se-ia pensar que

    a ausncia de roupas poderia garantir condies mais confortveis para os habitantes

    destas regies. No entanto, em climas secos, vestimentas adequadas podem manter a

    umidade advinda do organismo pela transpirao e evitar a desidratao. A vestimenta

    reduz o ganho de calor relativo radiao solar direta, as perdas em condies de baixo

    teor de umidade e o efeito refrigerador do suor.

    A vestimenta reduz tambm a sensibilidade do corpo s variaes de temperatura e de

    velocidade do ar. Sua resistncia trmica depende do tipo de tecido, da fibra, do ajuste ao

    corpo, e deve ser medida atravs das trocas secas relativas a quem usa. Sua unidade o

    clo, originada de clothes.

  • Assim:

    1 clo = 0,155 m2.C/W equivale a 1 terno completo.

    A Tabela 2 apresenta o ndice de resistncia trmica (Icl) para as principais peas de roupa,

    sendo que o ndice de resistncia trmica (I) para a vestimenta de uma pessoa ser,

    segundo a ISO 7730 (1994), o somatrio de Icl (Figura 2), ou seja:

    I = Icl

    Tabela 2. ndice de resistncia trmica para vestimentas segundo ISO 7730 (1994).

    Vestimenta ndice de resistncia trmica Icl (clo)

    Meia cala 0,10

    Meia fina 0,03

    Meia grossa 0,05

    Calcinha e suti 0,03

    Cueca 0,03

    Cueco longo 0,10

    Camiseta de baixo 0,09

    Camisa de baixo mangas compridas 0,12

    Camisa manga curta 0,15

    Camisa fina mangas comprida 0,20

    Camisa manga comprida 0,25

    Camisa flanela manga comprida 0,30

    Blusa com mangas compridas 0,15

    Saia grossa 0,25

    Vestido leve 0,15

    Vestido grosso manga comprida 0,40

    Jaqueta 0,35

    Cala fina 0,20

    Cala mdia 0,25

    Cala flanela 0,28

    Sapatos 0,04

  • Figura 2. Somatrio de peas de roupa que produzem ndice de resistncia trmica final

    Clculo do Metabolismo

    SUPERFCIE DO CORPO HUMANO

    possvel de ser calculada atravs da frmula de DUBOIS:

    S(m2) = 0,203 kgf

    0,4266 X H

    0,7246

    EXEMPLO:

    Para um homem de 1,8m de altura e 75kg de peso teramos:

    S = 1,98 m2

    Sendo o metabolismo basal de 40 kcal/h.m2 (46,52 w/m2)

    MBasal = 79 kcal/h (92,22 W), isto

    1 kcal/h.Kgf (1,23 W/kg)

  • Equao do metabolismo

    O homem, como Homeotermo, para manter sua temperatura constante, efetua trocas

    trmicas com o ambiente. As trocas trmicas com o meio podem ser expressas atravs da

    chamada Equao do metabolismo:

    Q1 = (M) = Qo Qs Qr + QL (kcal/h)

    Onde:

    Qo calor sensvel para variar a temperatura do corpo

    Qs calor sensvel trocado com o meio

    Qr calor radiante trocado com o meio

    QL calor latente liberado para o meio

    Sendo:

    Qo = m.Cp.Tc (kcal/h)

    Expressa o calor necessrio para variar de tc a temperatura tc do corpo e onde:

    m = Massa do corpo

    Cp = Calor especfico do corpo

    Tc = Variao em torno da temperatura tc do corpo

    Para Tc = cte, Tc e Qo = O

    Qs = A.S.(Tc - Ta) (kcal/h)

    Expressa as trocas trmicas em forma de calor sensvel, sendo:

    TROCAS EXTERNAS: por conveco, radiao, conduo.

    TROCAS INTERNAS: atravs de alimentos, bebidas, inspirao.

    A = U (1 + 0,13.V.(m/s)), para temperatura de 18 a 30C e

    sendo U = 2 a 3, para indivduos de pele branca e normalmente vestidos.

    S = Superfcie do corpo.

    Tc = temperatura do corpo.

    Ta = Temperatura do ambiente.

  • Qr = S.Hr.(Ts-Tp) (kcal/h)

    Parcela de calor radiante trocada com o meio ou com outro homem.

    S = Superfcie do corpo (m2)

    Hr = Coeficiente de pelcula

    Fr x 0,2 x (Tsc/100)3 (kcal/h m2 C)

    Tsc = Temperatura mdia das superfcies circundantes (K)

    Fr = Coeficiente radiao

    Ts = Temperatura mdia da pele

    Tp = Temperatura mdia das paredes

    QL = B.r.E.S (Ps - Pv) (kcal/h)

    Parcela de calor latente liberado para o meio em forma de:

    EXALAO: Vapor expirado plos pulmes.

    EXSUDAO: Evaporao do suor, e onde:

    B = 0 a 1, coeficiente de utilizao da possibilidade de evaporao com relao ao meio.

    PARA B = 1, temos a mxima possibilidade que o meio admite.

    PARA B = 0,13, o homem se encontra confortvel (zona de conforto).

    r = 0,6 kcal/g (calor latente de vaporizao da gua)

    E = Coeficiente Evaporao = 22,9+17,4 Vm/s.

    S = Superfcie do corpo (m2)

    Ps = Presso de saturao d'gua na temperatura do corpo (p/37C - 47mmHg).

    Pv = Presso parcial do vapor d'gua no ar.

    A norma ABNT NBR 16401 Instalaes de ar condicionado Sistemas centrais e unitrios

    Parte 1: Projetos das instalaes indica valores de calores sensvel e latente liberados em

    funo do local e temperaturas ambientais que podem ser utilizados para projeto.

  • Exemplo de possibilidades de

    trocas trmicas HOMEM x MEIO AMBIENTE

    Atividade Moderada

    S = 1,8m2 Sup. do corpo

    B = O a 1 Coeficiente de utilizao da possibilidade de evaporao.

    Calcular os calores trocados para as seguintes situaes:

    T

    70 10%

    26,5 48

    26 54

    25,5 60

    25 66

    37 100%

    Soluo 1:

    INDIVDUO: S =1,8m2 Ts=37C Ps=47mmHg

    MEIO: Ta=70C = 10% Pv=30mmHg

    PARA: ar em repouso (V = Om/s)

    A=U(1+0,13m/s) - Pessoa normalmente vestida.

    Qs mx. = AS (Ts - Ta) kcal/h

    3 X 1,8 (37-70) = () 178,2 kcal/h

    QL mx. = BrES (Ps - Pv) kcal/h

    1 x 0,6 x 22,9 x 1,8 (47 - 30) = 422 kcal/h

    PORTANTO:

    Calor a ser liberado em forma latente. 166 kcal/h () 178,2 kcal/h = 344 kcal/h Calor latente

    mximo onde o meio permite liberar:

    422 kcal/h. O homem ainda sobrevive termicamente nestas condies.

  • T Qs mx.

    QL mx.

    METABOLISMO ATIV. MODERADA

    Qt

    B

    PV

    70

    10% 178

    422

    344

    (166+178)

    0,82

    30

    26,5

    48 56,7

    841

    166

    (56,7+109,3)

    0,13

    14

    26

    54 59,4

    816

    166

    (59,4+106,6)

    0,13

    13

    25,5

    60 62,1

    791

    166

    (62,1 +103,9)

    0,13

    15

    25

    66 64,8

    766,7

    166

    (648+101,2)

    0,13

    16

    37

    100% 0

    0

    166

    (0+0)

    0

    47

    Nas condies de conforto (zona de conforto) o indivduo libera a quantidade de calor

    correspondente atividade moderada (166 kcal/h), em forma de calor sensvel e latente em

    diferentes propores, sendo que o valor do calor latente sempre complementa o sensvel,

    que determinado por fatores independentes do mecanismo de regulao trmica.

    (Temperatura ambiente, temperatura do corpo, etc.).

    Desta forma, se por exemplo, o meio (nas condies 70C e 10%) imputa calor sensvel ao

    homem, este, atravs de seu mecanismo de regulao trmica, dever na forma de calor

    latente, transmitir no s a parcela assimilada do meio, como a poro de calor

    correspondente ao metabolismo em atividade moderada, ou seja, 166 Kcal/h. Enquanto este

    valor resultante no ultrapassar a possibilidade mxima de evaporao (B = 1), QL mx., o

    indivduo tem possibilidade trmica de sobrevivncia. Subtraindo-se do calor total que o

    indivduo necessita liberar para o meio num determinado grau da atividade (ex.: 166 kcal/h),

    a quantidade de calor trocada de forma sensvel (ex = 59,4 kcal/h), obtm-se o valor a ser

    trocado de forma latente (ex = 106,6 kcal/h). Este valor comparado com a possibilidade

    mxima de evaporao que o meio permite, nos fornece o valor B, coeficiente de utilizao

    da possibilidade de evaporao. (Ex = 166 - 59,4) kcal/h - 816 kcal/h =0,131= B.

    Ainda pode se observar que num meio com t = 37C e 0 = 100%, o indivduo no possui

    condies de trocas trmicas, sendo portanto, imprprio para sobrevivncia.

  • Carta de conforto (ASHRAE) Em 1923 surgiu a primeira carta ou tabela relacionada com determinao de zona de

    conforto trmico, estabelecida de forma estatstica, combinando de diversas formas umidade

    e temperatura, e para uma movimentao de ar de 0,08 m/s a 0,13 m/s. As LINHAS DE

    IGUAL SENSAO TRMICA, podem ser comparadas com as curvas de distribuio da

    aceitao por grupos de pessoas em termos de maior ou menor conforto trmico, tanto no

    inverno como no vero. A carta original da ASHRAE no sofreu alteraes praticamente at

    esta data. Em 1960, surgem (ASHRAE JOURNAL - ABRIL) quatro linhas, para inseridas na

    carta, definirem de forma mais prtica pontos de conforto, expressos em termos de:

    LIGEIRAMENTE FRIO, CONFORTVEL , LIGEIRAMENTE QUENTE , QUENTE.

    Diversas combinaes de diferentes temperaturas, umidade relativa e movimentaes do ar,

    delimitam "ZONAS" de conforto trmico.

  • ndices de conforto trmico

    Esses ndices so parmetros indicadores da sensao de bem-estar e podem ser

    classificados em:

    DIRETOS: temperatura de termmetro seco, mido e de orvalho, umidade relativa e

    velocidade do ar

    DERIVADOS:

    Temperatura Radiante Mdia: temperatura uniforme da superfcie de um ambiente

    imaginrio no qual uma pessoa trocaria a mesma quantidade de calor por radiao que no

    recinto real no uniforme.

    Temperatra operativa: temperatura uniforme de um ambiente imaginrio, no qual uma

    pessoa trocaria a mesma quantidade de calor por radiao e conveco que no ambiente

    no uniforme.

    Temperatura Efetiva: temperatura de um recinto que comparada com um outro contendo ar

    praticamente em repouso (velocidades compreendidas entre 0,1 e 0,15 m/s) e

    completamente saturado de umidade (100% de umidade relativa), proporciona a mesma

    sensao de frio ou calor.

    Essa temperatura pode ser determinada atravs de pessoas colocadas no referido recinto,

    onde a temperatura lida no termmetro seco ser a temperatura efetiva de qualquer outro

    ambiente que apresente a mesma sensao trmica que este.

    importante definir-se praticamente esse ndice:

    - Se a sensao de calor do ambiente A igual do ambiente B, diz-se que ambos

    possuem a mesma temperatura efetiva.

    - Temperatura efetiva aquela que expressa uma constante sensao de conforto para

    diferentes combinaes de umidade, temperatura e velocidade do ar, num determinado

    ambiente.

    A Figura abaixo, determinado experimentalmente com auxlio de grande nmero de

    pessoas, fornece as temperaturas efetivas correspondentes a diversas condies

    ambientes, caracterizadas pela temperatura TBS e TBU e deslocamento de ar, para

    pessoas normalmente vestidas e em repouso.

  • Figura . Grfico para determinao de Temperatura Efetiva (ASHRAE)

    O voto mdio predito

    Este mtodo foi desenvolvido por Fanger (FANGER, 1972) e considerado o mais completo

    dos ndices de conforto pois analisa a sensao de conforto em funo das 6 variveis

    envolvidas (atividade fsica, vestimenta, temperatura mdia radiante, temperatura do ar,

    velociadade do ar e umidade relativa do ar).

    Fanger derivou uma equao geral de conforto para calcular a combinao das variveis.

    Atravs de trabalho experimental, avaliou pessoas de diferentes nacionalidades, idades e

    sexos, obtendo o voto mdio predito (PMV - predicted mean vote) para determinadas

    condies ambientais. O voto mdio predito consiste em um valor numrico que traduz a

    sensibilidade humana ao frio e ao calor. O PMV para conforto trmico zero, para o frio

    negativo e para o calor positivo. A partir da, foi implementado o conceito de porcentagem

    de pessoas insatisfeitas (PPD predicted percentage of dissatisfied).

    A norma ISO 7730 de 1984 adotou as pesquisas de Fanger, recomendando que, para

    espaos de ocupao humana termicamente serem considerados termicamente aceitveis,

  • o PPD deve ser menor do que 10%, o que corresponde a uma faixa de PMV de -0,5 a +0.5.

    Devido as diferenas individuais difcil especificar um ambiente trmico que satisfaa a

    todos, sempre haver uma percentagem de insatisfeitos. A Figura mostra a curva a que

    Fanger chegou ao relacionar o PMV e o PPD.

    O mtodo prev o voto de um grande grupo de pessoas atravs da escala mostrada na

    Tabela 3.

    Tabela 3. Escala trmica de Fanger.

    Escala Sensao

    +3 muito quente

    +2 quente

    +1 levemente quente

    0 neutro

    -1 levemente frio

    -2 frio

    -3 muito frio

  • NBR 16401-2008 A ABNT NBR 16401-2008 estabelece parmetros ambientais suscetveis de produzir

    senso aceitvel de conforto trmico em 80% ou mais das pessoas:

    VERO (roupa tpica 0,5 clo)

    Temperatura operativa e umidade relativa dentro da zona delimitada por:

    - 22,5C a 25,5C e umidade relativa de 65%

    - 23,0C a 26,0C e umidade relativa de 35%

    INVERNO (roupa tpica 0,9 clo)

    Temperatura operativa e umidade relativa dentro da zona delimitada por:

    - 21,0C a 23,5C e umidade relativa de 60%

    - 21,5C a 24,0C e umidade relativa de 30%